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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

NCLEO DE PS-GRADUAO EM FSICA

DISSERTAO DE MESTRADO

IMPLANTAO DE UM PROGRAMA DE GARANTIA DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRFICA EM HOSPITAIS DA REDE PBLICA DE ARACAJU - SE

por

CSSIO COSTA FERREIRA

Universidade Federal de Sergipe Cidade Universitria Prof. Jos Alosio de Campos So Cristvo Sergipe Brasil

IMPLANTAO DE UM PROGRAMA DE GARANTIA DA QUALIDADE DA IMAGEM RADIOGRFICA EM HOSPITAIS DA REDE PBLICA DE ARACAJU - SE

Cssio Costa Ferreira

Dissertao de Mestrado apresentada ao Ncleo de Ps-Graduao em Fsica da Universidade Federal de Sergipe, para a obteno do ttulo de Mestre em Fsica.

Orientadora: Dra. Susana Oliveira de Souza

So Cristovo 2007

Dedico este trabalho a Jesus Cristo, meu nico Senhor e

Salvador.

"Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus." Romanos 8:28

II

AGRADECIMENTOSAgradeo principalmente a Jesus Cristo por me Garantir em tudo que fao. Ele minha rocha e minha sustentao, sem Ele nada disso seria possvel. Agradeo a minha orientadora Prof. Dra Susana Oliveira de Souza pela amizade e pela realizao deste trabalho. Aos professores do Ncleo de Ps-Graduao em Fsica pelas discusses proveitosas. Andr Neves, Adilmo (cara plida), Fabiane e Marclio pelas intensas lutas travadas contra as disciplinas, principalmente eletrodinmica. Aos novos colegas de mestrado. Cinthia, Francilene e Joanes, pois sempre foram verdadeiros amigos, e hoje, distantes da UFS, deixam muitas saudades. s secretrias Gigi e Claudinha pelo apoio, dedicao, competncia e responsabilidade nas suas atividades desenvolvidas. Miguel, Igor e Marlon pelas brincadeiras e companheirismo nas horas que mais precisava. Mrcio (baixinho) por sempre me enrolar. Ao Instituto de Fsica Mdica LTDa (Valmiro, Katicia, Lus Eduardo e Gilson) pelos equipamentos e bibliografia emprestada. Sem isso eu no teria realizado esse trabalho. Agradeo especialmente a Gilson pela sua luta incessante em prol da fsica mdica. A minha famlia pelo incentivo ao desenvolvimento desse trabalho, em especial minha esposa Helena por estar comigo todos os dias nessa luta crist.

NDICERESUMO.............................................................................................................................................. ii ABSTRACT......................................................................................................................................... iii LISTA DE TABELAS...........................................................................................................................iv LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................v LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................v 1. Introduo ..........................................................................................................................................1 2. Reviso da Literatura ..........................................................................................................................3 2.1 Princpios da Formao da Imagem radiogrfica ...........................................................................3 2.1.1 Histrico dos Filmes Radiogrficos .......................................................................................3 2.1.2 Composio e Caractersticas dos Filmes Radiogrficos ........................................................7 2.1.3 Formao da Imagem Latente .............................................................................................10 2.1.4 Processo de Formao da Imagem Latente ..........................................................................12 2.1.5 Processamento da Imagem Latente......................................................................................13 2.2 Processadora ..............................................................................................................................18 2.2.1 Breve Histrico...................................................................................................................18 2.2.2 Principais Componentes de uma Processadora Automtica ..................................................19 2.3 Propriedades Sensitomtricas .....................................................................................................24 2.4 Programa de Garantia da Qualidade da Imagem Radiogrfica......................................................31 2.4.1 Histrico.............................................................................................................................31 2.4.2 PGQ em Processadoras e Cmara Escura.............................................................................33 2.4.3 CQ em Processadoras e Cmara Escura...............................................................................36 3. Materiais e Mtodos .........................................................................................................................42 3.1 Hospitais Pblicos e Programa de Avaliao da Imagem Radiogrfica ........................................42 3.2 Limpeza e higiene das cmaras escuras e das processadoras ........................................................45 3.3 Segurana dos trabalhadores e do meio ambiente ........................................................................45 3.4 Qualidade do processamento ......................................................................................................45 3.4.1 Mtodo Sensitomtrico .......................................................................................................46 3.4.2 Monitorao da temperatura................................................................................................51 3.4.3 Monitorao do pH .............................................................................................................51 3.4.4 Teste do tempo seco-a-seco.................................................................................................52 3.4.5 Condies de armazenamento dos filmes.............................................................................53 3.4.6 Fog da cmara escura..........................................................................................................54 3.4.7 ndice de rejeio de filmes e consumo de produtos qumicos ..............................................54 4. Resultados e Discusso .....................................................................................................................56 4.1 Condies iniciais (antes da implantao de um PGQ em cmara escura e processadora).............56 4.1.1 Programa de avaliao da imagem radiogrfica ...................................................................56 4.1.2 Limpeza e higiene das cmaras escuras e processadoras.......................................................58 4.1.3 Segurana dos trabalhadores e do meio ambiente.................................................................64 4.1.4 Qualidade do Processamento...............................................................................................66 4.2 Aps a implantao de um PGQ em cmara escura e processadora..............................................91 4.2.1 Programa de avaliao da imagem radiogrfica ...................................................................91 4.2.2 Limpeza e higiene das cmaras escuras e processadoras.......................................................92 4.2.3 Segurana dos trabalhadores e do meio ambiente.................................................................93 4.2.4 Estudo das propriedades sensitomtricas de dois filmes diferentes .......................................94 4.2.5 Qualidade do processamento ...............................................................................................96 5. Concluso....................................................................................................................................... 105 6. Prximos Passos .............................................................................................................................107 7. Bibliografia ....................................................................................................................................108 APNDICE........................................................................................................................................ 111

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RESUMO

As condies iniciais da cmara escura e processamento de filmes de raios X de dois hospitais pblicos da cidade de Aracaju-SE, denominados hospital A e hospital B, foram avaliadas para definir as aes de um programa de garantia da qualidade (PGQ) que resultaria em melhoria na qualidade das imagens radiogrficas e em reduo de custos para ambos os hospitais. No hospital B no foi possvel implantar o PGQ, pois ele no atendeu, em tempo adequado, aos requisitos feitos. Entretanto, foram feitas vrias sugestes de melhoria que, se implementadas, devero contribuir para uma grande reduo do ndice de rejeio dos filmes e da quantidade de artefatos existentes na imagem radiogrfica desse hospital. Porm, no hospital A, as aes que definem um PGQ foram implantadas com excelentes resultados. Houve reduo de cerca de 50% dos gastos associados ao consumo de produtos qumicos e melhoria na qualidade da imagem radiogrfica. Os resultados tambm comprovam que a presena de um fsico mdico capacitado para acompanhar um PGQ imprescindvel, pois sem ele as aes do PGQ comeam a ser negligenciadas. Uma nova ferramenta ou novo mtodo foi primeiramente desenvolvida neste trabalho, atravs do uso do software ORIGIN, com a qual foi possvel obter precisamente os valores referentes ao contraste dos filmes dos hospitais A e B, e que poder ser aplicada em outros trabalhos.

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ABSTRACT

The initial conditions of the darkroom and X rays films processing of two public hospitals, called A hospital and B hospital, in Aracaju-SE city had been evaluated to define the actions for an Assurance Quality Program (AQP) that would result in the quality improvement of the radiographic images obtained and in costs reduction for both hospitals. In B hospital was not possible to implant the AQP, because the requirements were not performed on time to this work. However, one expects to get a great reduction of the films rejection index and in its radiographic image artifacts after the AQP deeds be accomplished. Nevertheless, in the A hospital, the actions that define an AQP had been established with excellent results. It was obtained a reduction of about 50% of the expenses associates to the chemical products consumption and improvement in the radiographic image quality. The results also proved that the presence of a medical physicist enabled to follow an AQP is essential, since without it the actions of the AQP will be neglected. A new tool or a new method to obtain film contrast was developed in this work with the support of the ORIGIN software. With this technique was possible to accurate get the referring values to the films contrast of the A and B hospitals with a linear adjustment, and that could be applied in another hospital.

iii

LISTA DE TABELASTabela 2.1. Nveis mximos de impurezas da gua e a faixa de pH 1. .......................... 39 Tabela 3.1. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital A sem a Implantao do PGQ. Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms...... 47 Tabela 3.2. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital A com a Implantao do PGQ.Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms....... 47 Tabela 3.3. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital B sem a Implantao do PGQ.Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms....... 48 Tabela 4.1. Contraste Radiogrfico e contraste do filme referente a cada temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora............................................................. 57 Tabela 4.2. Resultados obtidos atravs do teste do fog da cmara escura descrito pelo protocolo ARCAL XLIX 22........................................................................................ 80 Tabela 4.3. Resultados obtidos atravs do teste do fog da cmara escura descrito pelo protocolo ARCAL XLIX 22........................................................................................ 81 Tabela 4.4. Lista dos valores dos parmetros sensitomtricos do filme fabricado pela IBF e do filme fabricado pela Fujifilm. ....................................................................... 94

iv

LISTA DE FIGURASFigura 2.1. Aparato experimental de Joseph Nicephore Niepce utilizado para registrar a primeira fotografia permanente. .................................................................................... 3 Figura 2.2. Espectro de emisso da tela intensificadora contendo oxisulfito de Gadolnio, trbio ativado; e curva de absoro de um tipo de filme sensvel luz verde 1. ..................................................................................................................................... 6 Figura 2.3. Dois chassis modernos abertos. No chassi de baixo, os dois componentes brancos colocados na parte interna so os crans. .......................................................... 7 Figura 2.4. Tipos de gros de haletos de prata presentes na emulso. Acima esto os gros tri-dimensionais e abaixo os gros tabulares......................................................... 9 Figura 2.5. Rede cristalina de um microcristal de haletos de prata. .............................. 11 Figura 2.6. Formao de um centro de imagem latente. ............................................... 13 Figura 2.7. (A) Reao da hidroquinona com 2 ons de prata. (B) Reao da fenidona com 2 ons de prata. .................................................................................................... 14 Figura 2.8. Primeiro prottipo de uma processadora automtica de filmes. .................. 19 Figura 2.9. Principais componentes de uma processadora automtica. ......................... 20 Figura 2.10. Rack........................................................................................................ 22 Figura 2.11. Ocupao dos racks nos respectivos tanques de uma processadora automtica. ................................................................................................................. 23 Figura 2.12. Tira sensitomtrica obtida a partir de um sensitmetro............................. 25 Figura 2.13. Curva caracterstica e suas regies........................................................... 26 Figura 2.14. Curvas caractersticas de dois filmes. O filme A apresenta maior sensibilidade do que o filme B. ................................................................................... 28 Figura 2.15. Curvas caractersticas de dois filmes com diferentes latitudes.................. 30 Figura 2.16. EPIs (aventais, galochas, luvas e mscaras) que devem ser usados no ato da mistura dos produtos qumicos. .............................................................................. 35 Figura 2.17. Dois tipos de sistema de tratamento interno para solues qumicas utilizadas..................................................................................................................... 36 Figura 3.1. esquerda, processadora automtica do hospital A. direita, processadora automtica do hospital B. ............................................................................................ 42 Figura 3.2. Placa de acrlico com reentrncias preenchidas com massa Durapox . ..... 43 Figura 3.3. Esquema da regio da placa de acrlico definida para obter os valores referentes ao contraste radiogrfico. ............................................................................ 44 Figura 3.4. Sensitmetro e densitmetro utilizados...................................................... 48 Figura 3.5. Termmetro, cronmetro e pHmetro digitais utilizados............................ 53 Figura 3.6. Higrmetro utilizado. ................................................................................ 54 Figura 4.1. Cmara escura do hospital A. A primeira foto mostra a entrada da processadora e a segunda apresenta um tanque existente na sala e a porta com vedao para luz externa........................................................................................................... 59 Figura 4.2. Rolos da processadora do hospital A. ........................................................ 59 Figura 4.3. Em A, diversas bobonas de acondicionamento de solues fixadora utilizadas. Em B, diversos baldes e vasilhames que no faziam parte de nenhuma etapa do processamento dos filmes. Em C, papis recortados e pedaos de madeira. Em D, caixas de papelo, inclusive caixa de filmes vazias...................................................... 60 Figura 4.4. Rolos da processadora do hospital B com diversas manchas. ..................... 62 Figura 4.5. Tanque de lavagem da processadora do hospital B. Nesta fotografia podem ser observados resduos no fundo do tanque de lavagem. ............................................ 62

v

Figura 4.6. Localizao do exaustor na cmara escura do hospital A. .......................... 64 Figura 4.7. Canos de despejo das solues qumicas utilizadas no hospital B. ............. 65 Figura 4.8. Monitorao diria da temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital A. Aps o 10 dia a temperatura ficou abaixo do limite mnimo..................................................................................... 68 Figura 4.9. Monitorao diria da temperatura da soluo fixadora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital B. H um a grande variao da temperatura, que apresentou alguns picos, no 3 e no 21 dias de monitoramento, acima do limite mximo de temperatura estabelecido. ........................................................... 69 Figura 4.10. Monitorao diria da temperatura da gua de lavagem sem a implantao do PGQ no hospital B. H uma grande variao da temperatura, que apresentou alguns picos, no 3 e no 21 dias de monitoramento, acima do limite mximo de temperatura estabelecido. ............................................................................................................... 70 Figura 4.11. Monitorao diria da temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital B. No incio da monitorao h um superaquecimento no tanque de revelao, que corrigido aps o 15 dia. .................. 71 Figura 4.12. Monitorao diria do pH da soluo reveladora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital A.................................................................... 72 Figura 4.13. Monitorao diria do pH da soluo fixadora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital A.................................................................... 73 Figura 4.14. Monitorao diria do pH da gua de lavagem no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital A.................................................................... 73 Figura 4.15. Monitorao diria do pH da soluo reveladora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital B.................................................................... 75 Figura 4.16. Monitorao diria do pH da soluo fixadora no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital B.................................................................... 75 Figura 4.17. Monitorao diria do pH da gua de lavagem no tanque da processadora sem a implantao do PGQ no hospital B.................................................................... 76 Figura 4.18. Tiras obtidas atravs do teste do fog da cmara escura sem implantao do PGQ no hospital A. ..................................................................................................... 79 Figura 4.19. Tiras obtidas atravs do teste do fog da cmara escura sem implantao do PGQ no hospital B. ..................................................................................................... 80 Figura 4.20. Monitorao diria da densidade ptica da base + fog sem a implantao do PGQ no hospital A. ................................................................................................ 83 Figura 4.21. Monitorao diria do ndice de sensibilidade sem a implantao do PGQ no hospital A............................................................................................................... 84 Figura 4.22. Monitorao diria do ndice de contraste sem a implantao do PGQ no hospital A. .................................................................................................................. 85 Figura 4.23. Monitorao diria do contraste obtido a partir do protocolo ARCAL XLIX sem a implantao do PGQ no hospital A.................................................................... 85 Figura 4.24. Monitorao diria do contraste obtido a partir do software ORIGIN sem a implantao do PGQ no hospital A........................................................................... 86 Figura 4.25. Grfico da monitorao diria da densidade ptica da base + fog antes da implantao do PGQ no hospital B.............................................................................. 87 Figura 4.26. Monitorao diria do ndice de sensibilidade sem a implantao do PGQ no hospital B............................................................................................................... 88 Figura 4.27. Monitorao diria do ndice de contraste sem a implantao do PGQ no hospital B.................................................................................................................... 88 Figura 4.28. Monitorao diria do contraste obtido a partir do protocolo ARCAL XLIX sem a implantao do PGQ no hospital B.................................................................... 89

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Figura 4.29. Grfico da monitorao diria do contraste obtido a partir do software ORIGIN sem a implantao do PGQ no hospital B. .................................................. 89 Figura 4.30. Curvas caractersticas da IBF e da Fujifilm.............................................. 94 Figura 4.31. Monitorao diria da temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora aps a implantao do PGQ no hospital A.............................................. 96 Figura 4.32. Monitorao diria do pH da soluo reveladora no tanque da processadora aps a implantao do PGQ no hospital A................................................................... 97 Figura 4.33. Monitorao diria do pH da soluo fixadora no tanque da processadora aps a implantao do PGQ no hospital A................................................................... 98 Figura 4.34. Monitorao diria do pH da gua de lavagem no tanque da processadora aps a implantao do PGQ no hospital A................................................................... 98 Figura 4.35. Monitorao diria da densidade da base + fog aps a implantao do PGQ no hospital A............................................................................................................. 101 Figura 4.36. Monitorao diria do ndice de sensibilidade aps a implantao do PGQ no hospital A............................................................................................................. 102 Figura 4.37. Monitorao diria do ndice de contraste aps a implantao do PGQ no hospital A. ................................................................................................................ 102 Figura 4.38. Monitorao diria do contraste obtido por meio do protocolo ARCAL XLIX aps a implantao do PGQ no hospital A....................................................... 103 Figura 4.39. Monitorao diria do contraste obtido por meio do software ORIGIN aps a implantao do PGQ no hospital A................................................................. 103

vii

1. IntroduoA partir de 1914, a busca por filmes com maior sensibilidade, maior contraste e maior facilidade de manuseio tornaram-se o principal objetivo dos fabricantes de filmes de raios X1, 2

. Fabricantes de produtos qumicos e de

processadoras automticas engajaram-se nesse estudo para propiciar aos filmes o ambiente de processamento que mantivesse adequados os parmetros

sensitomtricos dos filmes. Pesquisadores realizaram estudos para averiguar a combinao entre filmes e produtos qumicos que propiciassem os melhores parmetros sensitomtricos 3, 4, 5. Para garantir as melhores caractersticas da imagem radiogrfica foram propostas aes que constituram o denominado Programa de Garantia da Qualidade (PGQ) da imagem6, 7, 8, 9

. Este programa envolve o controle das aes

referentes limpeza da cmara escura e da processadora, condies de estocagem de filmes virgens e condies do processamento de filmes. O objetivo principal do PGQ garantir a manuteno dos parmetros sensitomtricos e as caractersticas da imagem radiogrfica. Alguns programas j implantados demonstraram a importncia do PGQ, como foi o caso de um estudo realizado na Grcia, em que um PGQ foi implantado em 80 processadoras automticas de hospitais e clnicas 10. No Brasil, um PGQ implantado em cmaras escuras e processadoras automticas de um hospital universitrio do Rio de Janeiro mostrou reduo de custos e melhoria na qualidade das imagens radiogrficas do hospital 7. Em Sergipe, no havia sido implantado o PGQ em cmara escura e processadora de filmes de raios X em nenhum hospital pblico. Sendo assim, para melhorar a qualidade da imagem radiogrfica obtida e diminuir seus custos na

1

revelao dos filmes, dois hospitais pblicos de Aracaju

SE tiveram suas

condies inicias da cmara escura e do processamento de filmes avaliadas com o objetivo de se definir um conjunto de aes especficas, de forma a garantir que os parmetros sensitomtricos e a qualidade da imagem radiogrfica fossem controlados em cada hospital, com conseqente implantao de um PGQ em ambos. A monitorao dos parmetros sensitomtricos seguiram as metodologias descritas por Haus and Jakulski1

e pelo protocolo ARCAL XLIX

11

. Foi,

primeiramente, desenvolvida uma nova ferramenta que calcula o coeficiente angular da poro linear da curva caracterstica com recursos do software ORIGIN.

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2. Reviso da Literatura

2.1 Princpios da Formao da Imagem radiogrfica2.1.1 Histrico dos Filmes Radiogrficos Os filmes radiogrficos surgiram com a descoberta dos raios X, e estiveram interligados com o desenvolvimento das imagens fotogrficas. Em 1826, o francs Joseph Nicephore Niepce fez a primeira imagem fotogrfica permanente. Atravs da exposio de um material sensvel luz colocado dentro de uma grande cmera escura equipada com lentes e espelho, Niepce traou a imagem refletida pelo material sensvel, fazendo assim, a primeira imagem fotogrfica permanente 1. A Figura 2.1 demonstra o aparato utilizado pelo cientista.

Figura 2.1. Aparato experimental de Joseph Nicephore Niepce utilizado para registrar a primeira fotografia permanente 1.

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Desde ento, vrios estudos foram realizados para estabelecer qual o melhor material para registrar as imagens fotogrficas (emulso), alm do melhor suporte ou base para esse material. O brometo de prata foi largamente utilizado como emulso e chapas de vidro, gelatinas e papis foram usados como suporte ou base. Em 1896, o Dr. Carl Schleussner fabricou a primeira chapa para registrar imagens de raios X a pedido de Roentgen. A chapa continha uma nica camada de emulso mais espessa do que a chapa fotogrfica, pois a emulso era pouco sensvel aos raios X 1, 12. A partir de 1914, com a Primeira Guerra Mundial, os filmes de raios X tornaram-se cada vez mais populares. O vidro que era utilizado na fabricao das chapas vinha da Blgica. Porm com o envolvimento deste pas com a Guerra, o suprimento de vidro para o mundo acabou sendo cortado. Devido a essa falta de fornecimento de vidro, o estudo dos filmes na radiologia obteve grande avano 1, 2. Atualmente, os filmes de raios X mdico so, basicamente, constitudos por uma base de polister tingida de azul, coberta em um ou ambos os lados por uma emulso gelatinosa contendo diversos gros de haletos de prata sensveis luz verde.

2.1.1.1 Aspectos Gerais sobre as telas intensificadoras As telas intensificadoras fluorescentes, ou crans, so acessrios usados em conjunto com os filmes radiogrficos como um artifcio para melhorar o nvel de sensibilizao do filme. Para a realizao dos exames, os filmes so protegidos contra a ao da luz por um invlucro denominado chassi, o qual, tambm, abriga os crans 2.

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Como os filmes radiogrficos apresentavam pouca sensibilidade aos raios X e, ao contrrio, grande sensibilidade radiao luminosa telas fluorescentes intensificadoras foram desenvolvidas para converter um nico fton de raio X em cerca de 10 a 100 ftons de luz, diminuindo o tempo necessrio de exposio radiao X. Nesse processo, os raios X interagem com as telas intensificadoras, constitudas por fsforos de terras raras ou sulfato de brio, convertendo a radiao X em radiao luminosa. Em 1886, Thomas A. Edison e seus scios testaram aproximadamente 8500 diferentes materiais para construir uma nova lmpada incandescente. Destas substncias, o tungstato de clcio apresentou fluorescncia seis vezes mais intensa do que o platinocianureto de brio, substncia utilizada por Roentgen na descoberta dos raios X 1, 12. Alm de inventor, Edison que tambm era empresrio, desenvolveu em 1896, com seus conhecimentos adquiridos sobre fluorescncia, o fluoroscpio, o aparelho que permite obter imagens de raios X sobre uma tela fluorescente, ao invs de uma chapa fotogrfica. O inventor dedicava-se ao desenvolvimento de uma lmpada que funcionaria por meio da produo de raios X dentro de um tubo de vidro recoberto por material luminescente, que passaria a brilhar quando atingido pela radiao. Foi de Edison um dos primeiros relatos sobre danos fsicos causados por raios X. Clarence Dally, seu assistente, que j havia auxiliado na produo do fluoroscpio e trabalhava no novo projeto, segundo Edison, foi afetado venenosamente, de tal forma que seu cabelo caiu e sua carne comeou a ulcerar . Dally faleceu de cncer em 1904 com 39 anos de idade, tendo antes submetido-se a vrias cirurgias, incluindo amputaes dos membros superiores 13.

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Em 1930, a maioria dos exames de radiografia convencional foi feita com um par de telas intensificadoras de tungstato de clcio com filmes de duplaemulso. Esse tipo de combinao foi utilizado pelos 25 anos posteriores 1. Em 1970, pesquisadores sugeriram o uso das telas fluorescentes constitudas por oxissulfito de gadolnio, trbio ativado, emissor de luz verde, acopladas aos filmes ortocromticos, principalmente sensveis luz verde, para as radiografias mdicas. Essas telas predominam no mercado at os dias de hoje 1. Por isso no Brasil o uso de filmes sensveis luz azul proibido, devido a essa combinao de tela e filme apresentar o menor grau de enegrecimento do filme para menores exposies aos raios X14

. A Figura 2.2 demonstra a intensidade relativa do

espectro de emisso das telas de fsforo trbio ativado de oxissulfito de gadolnio e a intensidade relativa da absoro de filmes sensveis luz verde.

Figura 2.2. Espectro de emisso da tela intensificadora contendo oxisulfito de gadolnio, trbio ativado; e curva de absoro de um tipo de filme sensvel luz verde 1.

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Abaixo, a Figura 2.3 demonstra dois chassis abertos.

Figura 2.3. Dois chassis modernos abertos. No chassi de baixo, os dois componentes brancos colocados na parte interna so os crans 2.

2.1.2 Composio e Caractersticas dos Filmes Radiogrficos

Base A base ou suporte do filme um componente que d sustentao a emulso gelatinosa. Possui cerca de 180 m de espessura, alm de uma boa estabilidade dimensional e grau apropriado de flexibilidade para manuseio 1. A base deve ser constituda de um material transparente que absorva pouca luz visvel.

Gelatina A gelatina um componente usado para manter fixos e bem dispersos os microcristais ou gros de haletos de prata. A gelatina, tambm, deve permitir a fcil penetrao das solues de fixador e revelador 1.

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Emulso A emulso o componente receptor da imagem em filmes radiogrficos. Constituda por gros de haletos (principalmente brometo e iodeto) de prata sensveis luz, a emulso pode cobrir um ou ambos os lados da base. Possui de 3 a 5 m de espessura. Os sistemas de dupla-emulso com dupla-tela so mais rpidos que os sistemas de nica-emulso com nica-tela. Contudo, esses sistemas aumentam o borramento da imagem. Com isso, em exames de mamografia, onde o borramento da imagem deve ser mnimo, os sistemas de nica-emulso com nica-tela so frequentemente usados 1.

Tipos de Gros Os gros de haletos de prata so divididos quanto sua geometria espacial. Eles podem ser tri-dimensionais, tabulares ou cbicos. Os gros tri-dimensionais so assimtricos e mal distribudos. Os gros tabulares e cbicos possuem uma rea superficial maior, uma boa distribuio e uma boa simetria podem ser visualizados atravs da Figura 2.4.1, 2

. Esses gros

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Figura 2.4. Tipos de gros de haletos de prata presentes na emulso. Acima esto os gros tridimensionais e abaixo os gros tabulares 2 .

Devido a sua grande rea superficial, os gros tabulares so mais sensveis, possibilitando menor tempo de exposio e processamento mais rpido dos filmes. Contudo, eles possuem baixo contraste na poro reta da curva caracterstica e, por isso, os gros tabulares so mais utilizados em filmes para exames de radiologia convencional 1. J os gros cbicos, devido ao alto contraste apresentado na poro reta da curva caracterstica, so utilizados em filmes para exames de mamografia 1.

Substrato o elemento de ligao entre a base e a emulso gelatinosa 2.

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Capa de Proteo A capa de proteo uma pelcula fina que cobre a gelatina com a finalidade de proteg-la da abraso, ou seja, do atrito causado pelo manuseamento, alm de evitar que os filmes fiquem grudados 2. Ela contm compostos para melhorar o transporte atravs dos rolos da processadora 1.

Corante anti-halo O corante anti-halo o composto colocado na base de um filme com duplaemulso para diminuir a passagem da radiao luminosa atravs da base. Com isso, evita-se que um mesmo fton de radiao luminosa interaja com as duas camadas de emulso.

2.1.3 Formao da Imagem Latente

Quando os microcristais ou gros interagem com os ftons de raios X ou de luz, uma mudana fsica ocorre de modo a formar uma imagem latente. Essa imagem, assim designada, uma imagem invisvel ao olho humano e definida pela quantidade de microcristais que absorvem energia desses ftons. Essa imagem, para se tornar visvel, necessita passar por um processo chamado de reduo, onde os microcristais sensibilizados so degradados e tm seus ons de prata convertidos em prata neutra ou prata metlica. A quantidade de prata metlica nas vrias regies do filme definir os diversos tons de cinza presentes na imagem revelada.

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2.1.3.1 Microcristais de Haletos de Prata Em filmes radiogrficos, os microcristais so compostos, basicamente, por cerca de 1 a 10% de molculas de iodeto de prata (AgI) e cerca de 90 a 99% de molculas de brometo de prata (AgBr). Cada microcristal contm uma mdia de 106 a 107 ons de prata 15. A Figura 2.5 ilustra a estrutura cristalina do microcristal de iodobrometo de prata.

Figura 2.5. Rede cristalina de um microcristal de haletos de prata 2.

Para que o microcristal de haletos de prata seja sensibilizado necessrio que exista um defeito na rede cristalina. Um tipo de defeito ocorre quando um on de prata se desloca da sua posio original e ocupa um espao entre dois stios da rede cristalina. Esse defeito chamado de defeito intersticial. Durante a fabricao dos filmes radiogrficos, impurezas, como molculas de sulfeto de prata, so produzidas. Essas molculas localizam-se na superfcie do microcristal e so chamadas de sensitivity speck (mancha sensibilizadora) 1, 15.

11

2.1.4 Processo de Formao da Imagem Latente Como os microcristais so mais sensveis aos ftons de luz visvel do que aos ftons de raios X, neste tpico ser denotada, somente, a interao dos ftons de luz visvel com os microcristais. A energia dos ftons absorvida principalmente pelos eltrons dos ons de bromo atravs do efeito fotoeltrico ou do efeito Compton. A equao 2.1 descreve a reao. Br- + fton de luz Br + eltron Eq. 2.1

Em seguida, vrios eltrons, provenientes da reao descrita acima, so aprisionados temporariamente nos sensibilizadores ( sensitivity specks )

existentes nos microcristais. Os ons de prata, principalmente aqueles dos defeitos intersticiais, deslocam-se, pela atrao eltrica causada pelos eltrons, at estes sensibilizadores qumicos. Ali, os ons de prata so neutralizados formando a prata metlica ou prata enegrecida15

. Pela teoria de Gurney-Mott, a primeira prata

metlica formada no sensitivity speck atua como uma armadilha eletrnica para o segundo eltron16

. Esses pontos, onde ocorrem as transformaes de ons de

prata em tomos de prata, so denominados de centros de imagem latente. Um nico microcristal pode ter um ou muitos desses centros demonstra a formao de um centro de imagem latente.15

. A Figura 2.6

12

Figura 2.6. Formao de um centro de imagem latente 15.

2.1.5 Processamento da Imagem Latente Nos centros de imagem latente ocorre o processo de reduo 15. Ali inicia-se a amplificao da quantidade de tomos de prata, de modo a tornar a imagem latente em imagem visvel, e cerca de 108 ons de prata so convertidos em tomos de prata num nico microcristal15

. No processo, agentes redutores fornecem

eltrons aos ons de prata dos microcristais que contm centros de imagem latente. Esses agentes redutores fazem parte da soluo reveladora. Os microcristais que no possuem centros de imagem latente so retirados do filme pelos agentes fixadores.

13

2.1.5.1 Revelador Os componentes do revelador so adicionados gua para formar a soluo reveladora. A mistura dos componentes na gua deve ser feita da maneira recomendada pelo fabricante do revelador para alcanar um melhor desempenho qumico dos componentes 1, 2. Os principais componentes do revelador so: Agentes Redutores (hidroquinona e fenidona)

A hidroquinona e a fenidona reduzem os ons de prata existentes nos microcristais para formar os tomos de prata ou prata metlica. A reao pode ser visualizada atravs da Figura 2.7.

Figura 2.7. (A) Reao da hidroquinona com 2 ons de prata. (B) Reao da fenidona com 2 ons de prata 15.

14

Quando os agentes redutores so oxidados, dois eltrons so liberados para se combinarem com dois ons de prata. A taxa de revelao dos microcristais no expostos (sem centros de imagem latente) muito menor que a taxa de revelao dos microcristais expostos (com centros de imagem latente). Assim, o tempo um dos fatores fundamentais no processo de revelao. O processo de reduo causa a liberao de ons de hidrognio na soluo reveladora, alm da inativao dos prprios agentes redutores. Esse fenmeno causa o retardamento do processo, pois a reduo acelerada em meio alcalino (meio bsico) 1, 15.

Agentes Ativadores (carbonatos de sdio, carbonatos de potssio)

Como a reao de reduo deve ocorrer em meio alcalino, os agentes ativadores ajustam a concentrao dos ons de hidrognio da soluo reveladora. Carbonatos de sdio, carbonatos de potssio, alm de hidrxido de potssio so designados a manter o pH (potencial hidrogeninico) alcalino.

Preservativos (sulfito de sdio, sulfito de potssio)

Alm da manuteno do pH alcalino, necessrio evitar a oxidao dos agentes redutores atravs de fatores externos, como oxignio vindo do ar ambiente. Esse tipo de oxidao diminui a quantidade de agentes redutores ativos, colaborando para diminuir a velocidade da revelao. O sulfito de sdio e o sulfito de potssio removem o oxignio dissolvido na soluo, ou na superfcie da soluo, antes dele ter tempo de oxidar os agentes redutores 15.

15

Agentes antifog (Brometos de potssio, dietileno glicol)

Para diminuir a taxa dos microcristais no expostos que sofrem a ao dos agentes redutores, a soluo reveladora contm sais de brometos e compostos orgnicos denominados agentes antifog. O fog um enegrecimento adicional do filme causado pela revelao de microcristais no expostos aos raios X e luz visvel (microcristais sem centros de imagem latente). Contudo, o fog pode ainda ser aumentado pela interao com a entrada de luz branca, influncia de luzes vermelhas (luzes de segurana) ou entrada de raios X na cmara escura ou no local onde so armazenadas as caixas de filmes.

Endurecedores (glutaraldedo)

Os endurecedores controlam o amolecimento da gelatina, evitando o seu rompimento mecnico durante o tracionamento entre os rolos da processadora. Eles tambm auxiliam na manuteno da qualidade da imagem durante o arquivamento 17.

2.1.5.2 Fixador Da mesma forma que no revelador, os componentes do fixador so misturados gua de forma a produzirem uma soluo fixadora. Uma mistura inadequada pode resultar no aparecimento de listras branco-amareladas no filme processado, resultado de uma soluo com pouca concentrao de agentes fixadores 1. A principal funo do fixador retirar os microcristais no revelados da emulso do filme e neutralizar a ao dos agentes redutores. Seus principais componentes so:

16

Agente Fixador (Tiossulfato de amnio)

Reage com os ons de prata, produzindo um complexo capaz de ser dissolvido na emulso. A literatura indica que em uma concentrao de tiossulfato de amnio abaixo de 150 gramas por litro, a soluo fixadora exibir uma taxa de fixao dependente da concentrao de tiossulfato de amnio 1. Concentraes muito elevadas podem causar reteno do tiossulfato na emulso do filme, aparecendo sob a forma de manchas branco-amareladas.

Agente Neutralizador (cido actico)

O cido actico neutraliza a ao dos agentes redutores presentes na emulso do filme.

Preservativo (Sulfito de sdio)

Preserva o tiossulfato da ao de oxidao.

Agente Endurecedor (Sulfato de alumnio)

Controla o amolecimento da gelatina, evitando os danos mecnicos quando o filme passa atravs dos rolos da processadora.

Agente Ativador (Acetato, sulfito de sdio)

Ajuda a manter o meio cido, controlando o pH.

17

2.2 Processadora2.2.1 Breve Histrico At o incio de 1900, o processamento das antigas chapas radiogrficas era feito manualmente atravs de bandejas com tamanhos distintos, preenchidas com solues qumicas. Esse tipo de processamento era trabalhoso, porque as chapas radiogrficas precisavam ser constantemente agitadas e levava cerca de 10 a 25 minutos para serem completamente reveladas. Em 1929, um filme passou a levar 6 minutos para ser revelado a uma temperatura de 20oC da soluo reveladora. Contudo, levava cerca de 1 hora para se obter um filme completamente seco e pronto para ser laudado 1. Esse tempo relativamente curto para a revelao do filme era conseguido nessa poca atravs do aumento da exposio do paciente e do uso de tanques para o processamento. Em 1942, foi lanado o primeiro prottipo de processadora automtica de filmes de raios X, at ento o processamento era todo manual. Os filmes eram processados em 40 minutos. Ao fim de 1956, processadoras com rolos transportadores substituram as processadoras que utilizavam cabides metlicos para segurar os filmes. As processadoras eram muito grandes e pesadas, chegando a ter 3 metros de comprimento e 800 quilogramas de massa 1.

18

Figura 2.8. Primeiro prottipo de uma processadora automtica de filmes 2.

Em 1965, o processamento automtico j era feito em 90 segundos, o que provocou um grande aumento na produtividade dos hospitais e clnicas. Esses modelos permanecem at os dias de hoje. claro que, inovaes tm sido feitas no sentido de aumentar cada vez mais a produtividade dos hospitais e clnicas. Novas caractersticas incluem processadoras controladas por

microprocessadores 1.

2.2.2 Principais Componentes de uma Processadora Automtica Uma processadora composta por quatro sistemas: tanque de revelao, tanque de fixao, tanque de lavagem e sistema de secagem. Os tanques de revelao e fixao so constitudos por componentes semelhantes, que atendem as necessidades da soluo reveladora e fixadora. Esses componentes so: bomba de reposio, bomba de recirculao, sensor de controle da temperatura e

19

cano de escoamento ou dreno. A figura 2.9 mostra os principais componentes de uma processadora automtica. Para transportar os filmes ao longo dos tanques e do sistema de secagem, a processadora constituda por um sistema de transporte.

Figura 2.9. Principais componentes de uma processadora automtica.

2.2.2.1 Tanque de Revelao e Tanque de Fixao no tanque de revelao que ocorre o processo de revelao do filme. Quando um filme passa pelo tanque de revelao, alguns ingredientes qumicos so consumidos e outros so produzidos (principalmente ons de brometo), diminuindo a atividade da soluo reveladora. Para reduzir a perda de atividade da soluo reveladora, a bomba de reposio move uma soluo nova do tanque de reposio de revelador, ou do auto-misturador (equipamento utilizado para misturar os componentes do revelador e fixador com gua), para o tanque de revelao. A essa atividade d-se o nome de reposio. A taxa de reposio pode ser definida em termos da quantidade e dos tipos de filmes processados em um dia de oito horas de trabalho 1.

20

A bomba de recirculao mistura a soluo fresca, vinda do tanque de reposio do revelador, com a soluo temperada do tanque de revelao (o termo temperada refere-se s mudanas ocorridas na soluo reveladora devido ao consumo e deposio de ingredientes qumicos decorrentes do processo de revelao). A circulao necessria para homogeneizar a concentrao dos ingredientes qumicos em todo volume do tanque de revelao. O tanque de revelao possui um filtro com porosidade de 75 m para diminuir a agregao de partculas formadas no tanque de revelao1

. A bomba de recirculao,

juntamente com o sensor de controle da temperatura (termostato ou termistor), tambm deve manter o controle da temperatura do tanque de revelao. O tanque de revelao possui um aquecedor e um cano de esfriamento conectado ao tanque de lavagem para controlar a temperatura. O cano de escoamento elimina o excesso de volume de soluo reveladora criado quando soluo fresca deslocada do tanque de reposio do revelador para o tanque de revelao. Os componentes existentes no tanque de fixao so similares aos componentes existentes no tanque de revelao. Contudo, a temperatura do tanque de fixao no to crtica quanto do tanque de revelao e, por isso, alguns fabricantes de processadoras excluem o sensor de temperatura, o aquecedor e o cano de esfriamento do tanque de fixao. Tambm no necessria a utilizao de um filtro como no tanque de revelao 1.

2.2.2.2 Tanque de Lavagem e Sistema de Secagem O tanque de lavagem elimina os produtos qumicos remanescentes do tanque de fixao, garantindo o prolongamento da informao radiogrfica. A gua

21

utilizada para a lavagem fornecida pelo prprio servio de abastecimento e deve ser filtrada para diminuir a quantidade de impurezas presentes na gua vinda da rede urbana. O filtro deve ser trocado no mximo a cada trs meses. Esse tanque possui uma entrada de gua filtrada para que o acmulo de ingredientes qumicos no filme vindo do tanque de fixao possa ser diminudo. O excesso de gua eliminado pelo dreno do tanque de lavagem (conforme figura 2.9). O sistema de secagem responsvel por deixar o filme seco e pronto para ser laudado. A temperatura do sistema de secagem deve ser definida to baixa quanto possvel, pois temperaturas altas podem causar artefatos de imagem que so visveis quando a luz atravessa o filme 1.

2.2.2.3 Sistema de Transporte O sistema de transporte move o filme atravs dos tanques de revelao, fixao e lavagem e do sistema de secagem. O sistema de transporte composto por quatro conjuntos de rolos chamados racks 2. A figura 2.10 mostra um rack de uma determinada processadora. A ocupao dos racks nos respectivos tanques em uma processadora automtica apresentada na figura 2.11.

Figura 2.10. Rack.

22

Figura 2.11. Ocupao dos racks nos respectivos tanques de uma processadora automtica.

Para que os rolos possam mover os filmes atravs dos tanques e sistema de secagem necessrio que um motor gire as engrenagens dos racks. Alguns modelos de processadoras permitem ao usurio escolher a velocidade de giro das engrenagens. Essas opes de velocidade de giro das engrenagens definem o tempo ou os tipos de ciclos de processamento. Cada ciclo deve ser relacionado com a temperatura da soluo reveladora para alcanar os resultados desejados do processamento 1, 3, 7, 18.

23

2.3 Propriedades SensitomtricasAs propriedades sensitomtricas so caractersticas definidas a partir do estudo das medidas de variao da resposta do filme variao de exposio. Nesse trabalho, o termo exposio refere-se quantidade de energia de radiao (produto da intensidade da radiao eletromagntica pelo tempo de interao, em funo da energia) que atinge uma determinada rea do filme1, 2

. As principais

caractersticas de um filme radiogrfico so: densidade da base + fog, sensibilidade ou velocidade, contraste e latitude. A resposta do filme exposio chamada de densidade ptica. A densidade ptica a medida quantitativa do enegrecimento do filme. Quanto mais enegrecido o filme, menor ser a sua transparncia luz e vice-e-versa. O enegrecimento em uma determinada regio do filme revela a quantidade de prata metlica ali presente. A densidade ptica de uma regio do filme calculada a partir da equao 2.2: D = log [I0 / It] Onde: I0 = Intensidade luminosa incidente It = Intensidade luminosa transmitida D = Densidade ptica O densitmetro um instrumento que mede a quantidade de luz que atravessa determinada regio do filme e, a partir da quantidade luminosa incidente conhecida, fornece a densidade ptica. Para analisar as caractersticas de um filme necessrio fazer um grfico de uma curva chamada curva caracterstica, ou curva sensitomtrica, ou ainda curva H&D. Esse ltimo nome devido aos pesquisadores Hunter e Drunsfield Eq. 2.2

24

que primeiro estudaram a relao entre exposio e densidade ptica do filme em 1890 1, 2, 15, 19, 20. Curva Caracterstica A curva caracterstica um grfico obtido a partir de uma srie de exposies conhecidas, aplicadas a diferentes reas de um filme, e das densidades pticas correspondentes aps o processamento. A imagem formada a partir desse conjunto de exposies conhecidas denomina-se fita sensitomtrica. O sensitmetro um instrumento que expe o filme com quantidades de luz conhecidas atravs de um modulador de luz com 21 passos. Cada passo emite 41,4% a mais de quantidade de luz em relao ao passo anterior21, 22

. A figura

2.12 mostra uma fita sensitomtrica obtida a partir de um sensitmetro.

Figura 2.12. Tira sensitomtrica obtida a partir de um sensitmetro.

Ento, cada densidade ptica medida relacionada ao respectivo logartimo da exposio relativa ao primeiro passo, de forma que: Logaritmo da exposio do passo 1 relativa ao passo 1 = 0,0 Logaritmo da exposio do passo 2 relativa ao passo 1 = 0,15 Logaritmo da exposio do passo 3 relativa ao passo 1 = 0,30

25

E assim sucessivamente.

A figura 2.13 mostra uma curva caracterstica e suas regies.

Figura 2.13. Curva caracterstica e suas regies.

O uso da escala logartmica permite que uma faixa muito grande de exposies seja usada. Quando dobramos a exposio, a distncia na escala logartmica permanece a mesma para qualquer valor numrico dobrado. As regies definidas como p e ombro da curva sofrem pouca variao na densidade ptica em decorrncia de uma grande variao no logaritmo da exposio relativa (veja figura 2.13) 2, 17. Na poro linear da curva, a densidade ptica aproximadamente proporcional ao logaritmo da exposio relativa. Ela chamada de regio diagnstica por que nela so obtidas as imagens radiogrficas 15, 17. Por exemplo, na rotina clnica, se uma radiografia de abdmen que utiliza os fatores radiogrficos de 70 kVp (tenso de acelerao de pico do tubo de raios X) e 75 mAs (produto da corrente do tubo de raios X pelo tempo de exposio) precisa ser repetida devido ocorrncia de baixo enegrecimento, ento, deve-se aumentar o

26

mAs para 150 (o dobro da exposio) e manter os outros fatores radiogrficos constantes para obter o resultado desejado. A partir da curva caracterstica de um filme particular, pode-se obter informaes sobre a densidade da base + fog, sensibilidade ou velocidade, contraste e latitude.

Densidade da base + fog Todo filme apresenta uma densidade intrnseca ou natural devido base e ao fog (base + fog), j definida anteriormente. Filmes virgens, conservados em condies ideais apresentam densidade da base + fog igual a 0,1215

. Contudo,

essa densidade pode sofrer um aumento devido exposio no desejada da radiao luminosa e/ou raios X na caixa de filmes e ao tempo e/ou temperatura de revelao. Esse aumento na densidade da base + fog pode ser, ainda, definido como vu ou velamento2

. Numa rotina clnica, normalmente os filmes

apresentam densidade da base + fog em torno de 0,21 1, 15, 23.

Sensibilidade ou velocidade A sensibilidade ou velocidade de um filme uma propriedade relacionada com a exposio do filme. A sensibilidade inversamente proporcional exposio requerida. Ela pode ser definida como o inverso da exposio necessria para produzir uma densidade ptica igual a 1,00 acima da densidade da base + fog 1, 15, 19. A equao 2.3 explicita o que fora previamente dito. Sensibilidade = 1 / exposio Onde: exposio dada em rentgens. Eq. 2.3

27

Ou seja, quanto maior a sensibilidade de um filme, menor a exposio requerida para produzir a mesma densidade ptica que seria produzida em outro filme menos sensvel. A figura 2.14 ilustra duas curvas caractersticas referentes a dois filmes com sensibilidades diferentes.

Figura 2.14. Curvas caractersticas de dois filmes. O filme A apresenta maior sensibilidade do que o filme B.

Pela figura, percebe-se que o filme A mais sensvel que o filme B. O efeito visual que pode ser observado na curva caracterstica do filme A um deslocamento para esquerda, sem alterao da forma da curva (contraste do filme).

Contraste O contraste radiogrfico descreve a diferena na densidade ptica entre as regies de interesse numa radiografia. Ele possui duas componentes: contraste do sujeito e contraste do filme. O contraste do objeto (paciente ou objeto submetido ao feixe de raios X) definido como a taxa de fluncia de raios X que emerge de duas regies adjacentes do objeto 1. Pode, tambm, ser entendido como as diferentes atenuaes do feixe

28

de raios X causadas por diferentes regies. O contraste do objeto depende de fatores que afetam a absoro de raios X pelo objeto (espectro do feixe de raios X e a natureza do objeto) e da radiao espalhada 1. O contraste do filme uma medida atribuda ao comportamento do filme em relao a essas diferentes fluncias de raios X ou de radiao luminosa (no caso do uso de sensitmetro) emergentes do paciente ou do sensitmetro respectivamente. O contraste do filme afetado, entre outros fatores, pelo tipo de filme e pelas condies de armazenamento e processamento 1. O contraste do filme a inclinao da regio diagnstica da curva caracterstica, e pode ser chamado tambm de gradiente mdio 1, 2, 15. Nesse trabalho o contraste do filme ser denotado apenas como contraste, pois somente esse tipo de contraste ser estudado.

Latitude a capacidade de um filme registrar uma imagem com uma faixa grande de tons de cinzas. Quanto menor a inclinao da curva (o contraste), maior a latitude do filme. A figura 2.15 mostra duas curvas caractersticas de dois filmes com latitudes diferentes. Conforme a figura 2.15, o filme A possui maior latitude do que o filme B.

29

Figura 2.15. Curvas caractersticas de dois filmes com diferentes latitudes.

30

2.4 Programa de Garantia da Qualidade da Imagem RadiogrficaDesde muito tempo, as exposies radiogrficas e a qualidade da imagem tm sido objetos da17, 24, 25

preocupao

de

rgos

nacionais

e

internacionais 1, 7, 8, 9, 14,

. Altas doses e altos custos associados com a

repetio de exames, alm da perda de contraste, so alguns fatores que esto associados ao processamento de filmes. Para controlar esses fatores necessrio implantar um Programa de Garantia de Qualidade (PGQ) de imagem. Um PGQ da imagem radiogrfica representa um plano de aes que visa garantir, ou padronizar, as caractersticas da imagem radiogrfica 6, 7, 8, 9. Um PGQ justificado em qualquer parte da realizao do exame radiogrfico 9, 14. Para monitorar e avaliar as condies da cmara escura, da estocagem dos filmes, do processamento dos filmes e as caractersticas dos filmes, tm sido criados vrios manuais que descrevem a metodologia para os testes de controle de qualidade (CQ).

2.4.1 Histrico Em 1947, o sistema de reposio da soluo reveladora da processadora de filmes foi desenvolvido para manter a atividade da soluo reveladora pela adio de soluo fresca a uma determinada taxa 1. A taxa de reposio minimiza os efeitos da oxidao que diminuem a quantidade de agentes ativadores (sulfitos). Uma vez controlado o ambiente de processamento e as propriedades sensitomtricas do filme, possvel reduzir sistematicamente as taxas de reposio, e assim, reduzir os gastos associados ao uso de produtos qumicos.

31

Em 1968, foi detectado que problemas na bomba de reposio do revelador, na mistura das solues qumicas e na temperatura do revelador afetam o controle da densidade ptica dos filmes 26. Em 1974, o aumento do fog devido entrada de luzes inseguras (luz branca) e seguras (luz de segurana) foi qualitativamente avaliado em cmaras escuras 27. A partir de 1975, estudos foram desenvolvidos para medir o aumento do fog devido presena de luz segura e luzes inseguras na cmara escura 23, 28. A partir de 1987, diversos estudos tm sido feitos para averiguar a melhor combinao entre filmes e produtos qumicos. A densidade ptica da base + fog, a sensibilidade e a velocidade de vrias combinaes tm sido estudadas3, 4, 5

.

Estudos desse tipo tambm tm sido feitos com processamento manual de filmes de raios X odontolgicos 9, 29, 30. Em 1993, foi publicado um trabalho que descreve um mtodo chamado de Sensitometric Test for the Evaluation of Processing (STEP) para avaliao da sensibilidade do processamento22

. O mtodo consiste em expor os filmes

radiogrficos a luz de um sensitmetro e monitorar as caractersticas do processamento e do filme utilizado. Em 1995, foi publicado um manual que descreve a metodologia para monitorar as caractersticas dos filmes radiogrficos, das condies de estocagem dos mesmos, do processamento automtico de filmes e das condies da cmara escura 31. Em 2000, um estudo piloto sobre a implantao de PGQ da imagem em 80 processadoras automticas foi desenvolvido na Grcia. O programa utilizou a tcnica da sensitometria ou STEP, e obteve resultados que indicavam a

32

importncia da realizao de um PGQ em cmara escura e processamento automtico de filmes 10. Em 2002, foi desenvolvido um PGQ em processadoras automticas e em cmaras escuras de um hospital universitrio do Rio de Janeiro, Brasil. Este PGQ mostrou reduo de custos e melhoria na qualidade das imagens radiogrficas do hospital 7.

2.4.2 PGQ em Processadoras e Cmara Escura Uma das partes mais importantes do PGQ refere-se ao processamento manual ou automtico de filmes de raios X, pois os resultados desejados na imagem radiogrfica, devido implantao de um PGQ nas etapas que antecedem o processamento de filmes, podem ser encobertos pela falta de PGQ no processamento. Por esse motivo, qualquer tentativa em implantar um PGQ em um setor de radiologia, sem monitorar os padres de desempenho do processamento de filmes, pode ser invlida. Antes de implantar um PGQ em processamento de filmes, deve ser feita uma avaliao inicial das condies da cmara escura e da qualidade do processamento. Um PGQ em processadora e cmara escura, entre outras coisas, engloba as seguintes aes: Avaliar o ndice de rejeio dos filmes no processamento; Fazer a mistura correta dos produtos qumicos, segundo

especificaes dos fabricantes; Estabelecer a temperatura correta do tanque de revelao, segundo

especificado pelos fabricantes dos filmes e dos produtos qumicos;

33

PGQ;

Avaliar a qualidade da imagem, antes e aps a implantao de um

Atualizar o treinamento dos tcnicos de raios X; Adequar a estrutura fsica da cmara escura; Avaliar e melhorar as condies de armazenamento dos filmes; Executar os testes de CQ descritos a partir do item 4.3; Implementar a limpeza e a higiene da cmara escura e da

processadora; ambiente; Avaliar e melhorar a segurana dos trabalhadores e do meio

2.4.2.1 Limpeza A limpeza da cmara escura e da processadora de filmes auxilia na reduo de artefatos na imagem. Um artefato uma alterao visvel na imagem radiogrfica, proveniente de outras fontes (sujeira e poeira localizadas no cran, defeito no filme, etc...) que no do paciente. Os filmes mamogrficos so mais sensveis aos artefatos causados pela sujeira e poeira localizadas entre o filme e cran, do que os filmes de raios X convencional (filmes de dupla-emulso). Isso acontece porque os filmes mamogrficos exibem maior contraste na regio diagnstica 1. A cmara escura deve ser sempre mantida limpa. Isso ajuda a evitar que a poeira e a sujeira produzidas eventualmente no ambiente se acumulem nos crans e na processadora. A limpeza da processadora deve ser realizada conforme as especificaes do fabricante. Nas processadoras automticas, existem vrios tipos de limpeza 1. Cada 34

tipo de limpeza pode ter uma freqncia diria, semanal, mensal e at semestral. Nas processadoras manuais, a limpeza se restringe somente aos tanques, pois nesse tipo de processadora no existem rolos.

2.4.2.2 Segurana dos Trabalhadores e do Meio Ambiente Os produtos qumicos, apesar de atenderem as consideraes relacionadas sade dos trabalhadores, so produtos que ao serem manuseados, respirados ou ingeridos podem provocar efeitos nocivos sade dos seres humanos. Essas informaes devem ser disponibilizadas pelos seus fabricantes ao hospital6, 13

.

Portanto, no ato da mistura dos produtos qumicos, o tcnico deve usar os equipamentos de proteo individual (EPIs), como aventais, galochas, luvas e mscaras, para evitar qualquer contato com os produtos qumicos. A figura 2.16 mostra os EPIs que devem ser utilizados no ato da mistura.

Figura 2.16. EPIs (aventais, galochas, luvas e mscaras) que devem ser usados no ato da mistura dos produtos qumicos.

Com relao ao meio ambiente, as solues qumicas utilizadas (revelador, fixador e gua de lavagem), quando despejadas diretamente na rede de esgoto

35

urbano, devem ser neutralizadas por um sistema de tratamento interno que neutraliza as solues qumicas utilizadas, conforme licena ambiental de cada Estado ou regio; ou, quando no forem despejadas diretamente na rede de esgoto urbano, devem ser acondicionadas em bobonas num local para armazenamento temporrio para posterior destinao final 6. A figura 2.17 mostra dois tipos de sistema de tratamento interno.

Figura 2.17. Dois tipos de sistema de tratamento interno para solues qumicas utilizadas.

2.4.3 CQ em Processadoras e Cmara Escura Atravs dos testes de CQ em cmara escura e processamento de filmes, a qualidade do processamento de filmes pode ser avaliada e monitorada. O protocolo ARCAL XLIX (Acuerdo Regional de Cooperacion para la Promocion de la Ciencia Y la Tecnologia Nucleares en America Latina Y el Carib) 11 e Haus and Jaskulski 1 descrevem os principais testes que devem ser. So eles: luz branca); 36 Teste de fog ou velamento da cmara escura (luzes de segurana e

Teste do tempo seco-a-seco; Monitorao da temperatura das solues qumicas (principalmente

da soluo reveladora); Monitorao do pH das solues qumicas; Monitorao da taxa de reposio de solues frescas; Sensitometria ou STEP dos filmes utilizados;

2.4.3.1 Teste de fog da Cmara Escura Esse teste pode ser dividido em dois testes: teste de entrada de luz branca e teste da influncia das luzes de segurana.

Teste de Entrada de luz branca

Esse teste avalia a quantidade de luz branca que entra na cmara escura. Pelo protocolo ARCAL XLIX, um chassi carregado com filme deve sofrer uma baixa exposio (40 kV e 2 mAs) para obter uma densidade ptica menor do que 1. Com as luzes de segurana apagadas, o filme deve ser colocado sobre a bancada de trabalho ou de manipulao, e metade do filme deve ser coberta com papelo ou material opaco luz e a outra metade descoberta. Aps 3 minutos, o filme deve ser processado. A diferena de densidade ptica entre as metades no deve ultrapassar 0,05 11.

Teste da Influncia das luzes de segurana

Esse teste avalia a entrada de luz branca na cmara escura em conjunto com a influncia das luzes de segurana ou luzes vermelhas no filme.

37

Pelo protocolo ARCAL XLIX, um chassi carregado com filme deve sofrer a mesma exposio citada acima; sob as condies de trabalho (somente com as luzes de segurana acesas na cmara escura). O filme deve ser colocado sobre a bancada de trabalho, e recoberto com papelo ou material opaco luz. Aproximadamente 3 centmetros do filme devem ficar descobertos, e sobre esta rea deve ser colocada uma moeda. A cada minuto, mais 3 centmetros devem ser descobertos e colocada outra moeda na nova rea. Esse procedimento deve ser repetido at a sexta moeda. Aps o processamento, s devem ser vistas as imagens das moedas que foram colocadas nas reas descobertas por 3 minutos ou mais. Neste teste tambm se deve observar a diferena de densidade ptica entre a franja descoberta por 2 minutos e a franja no descoberta do filme para o teste de entrada de luz branca. Essa diferena deve ser menor do que 0,05 11. Caso os padres exigidos no sejam alcanados, os filtros ou o posicionamento das luzes de segurana em relao bancada de trabalho devem ser reavaliados.

2.4.3.2 Teste do tempo seco-a-seco Esse teste avalia o intervalo de tempo em que um filme previamente processado comea a ser tracionado pelos rolos e abandona completamente o tanque de secagem da processadora. A tolerncia de 3 % do tempo indicado pelo fabricante da processadora 1, 11.

38

2.4.3.3 Monitorao da temperatura das solues qumicas As temperaturas das solues qumicas dos tanques da processadora devem ser monitoradas diariamente. A temperatura da soluo fixadora e da gua no so to crticas quanto temperatura da soluo reveladora 1. A temperatura da soluo reveladora deve ser estabelecida conforme recomendaes dos fabricantes da processadora, dos filmes e dos produtos qumicos.

2.4.3.4 Monitorao do pH das solues qumicas A monitorao do pH deve ser realizada diariamente. Os valores do pH devem estar dentro dos limites indicados pelo fabricante dos produtos qumicos. Valores incorretos do pH podem indicar que as solues foram misturadas de forma inadequada ou podem indicar que as solues esto desgastadas ou contaminadas. Entretanto, valores corretos do pH no comprovam o contrrio 1. A tabela 2.1 mostra a faixa de pH e os nveis mximos de impurezas que devem ser encontrados na gua.Tabela 2.1. Nveis mximos de impurezas da gua e a faixa de pH 1.

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2.4.3.5 Monitorao da taxa de reposio das solues qumicas Esse teste consiste em avaliar a taxa de reposio de solues frescas para os tanques da processadora. Devem-se calcular os volumes da soluo reveladora e da soluo fixadora que deixam os respectivos tanques da processadora quando um filme virgem do tipo mais usado no setor processado. A taxa definida como uma frao do volume da soluo pela rea do filme (ml/mm2). A taxa de reposio ideal deve ser definida to baixa quanto necessrio para garantir uma boa e constante atividade das solues qumicas.

2.4.3.6 Sensitometria dos filmes utilizados A sensitometria dos filmes dividida em duas partes: estabelecimento dos parmetros sensitomtricos e monitorao dos parmetros sensitomtricos. Os parmetros sensitomtricos definem a resposta da tira sensitomtrica de um filme ao de um ambiente qumico. Em outras palavras, os parmetros sensitomtricos so os resultados da interferncia do ambiente qumico nas propriedades sensitomtricas de um filme. Estabelecimento dos parmetros sensitomtricos (linha de base)

Para estabelecer os parmetros sensitomtricos de uma processadora deve-se avali-la por cinco dias consecutivos. Aps a mistura dos produtos qumicos, uma tira sensitomtrica deve ser obtida a cada dia para se fazer uma mdia dos valores das densidades pticas relativas a cada passo11

. Esse procedimento necessrio,

pois natural que os valores das densidades pticas variem por diversos motivos associados ao processamento 3, 32. As propriedades sensitomtricas so estudadas a partir dos parmetros sensitomtricos. 40

A mdia relativa ao 1 passo das tiras sensitomtricas obtidas em cinco dias determina a densidade da base + fog. A mdia com valor mais prximo do valor da densidade da base + fog + 1,00 determina o ndice ou a densidade ptica da sensibilidade e, conseqentemente, o passo para monitorao diria, referente a esse ndice. O valor do contraste obtido a partir da inclinao da poro reta (regio diagnstica) da curva caracterstica. Uma metodologia bastante usada na prtica clnica e hospitalar determina o valor do contraste. Atravs dela, necessrio definir dois passos para monitorar o valor do contraste. O primeiro passo definido a partir da mdia com valor mais prximo, mas no menor, do que a densidade da base + fog + 0,25. O segundo passo definido a partir da mdia com valor mais prximo da densidade da base + fog + 2,00. Essa densidade chamada de ndice de contraste 1, 11.

Monitorao dos parmetros sensitomtricos

Depois de estabelecidos os parmetros sensitomtricos, deve-se monitor-los diariamente, principalmente em processadoras de filmes de mamografia. A monitorao diria deve ser realizada a partir de cada passo definido no estabelecimento dos parmetros sensitomtricos. Os valores obtidos na monitorao diria no devem variar mais do que 10% do valor do parmetro estabelecido 1, 11.

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3. Materiais e Mtodos

3.1 Hospitais Pblicos e Programa de Avaliao da Imagem RadiogrficaInicialmente, foram escolhidos dois hospitais da rede pblica do Estado de Sergipe para a implantao de um PGQ em cmara escura e processadora. Ambos os hospitais possuam uma processadora automtica fabricada pela Macrotec, modelo MX II. Em um hospital, o qual foi chamado de hospital A, a

processadora pertencia ao setor de radioterapia, onde as imagens radiogrficas serviam para o planejamento de doses em pacientes. No outro hospital, denominado hospital B, a processadora pertencia ao setor de radiologia. A figura 3.1 ilustra a imagem das duas processadoras.

Figura 3.1. esquerda, processadora automtica do hospital A. direita, processadora automtica do hospital B.

Antes e aps a implantao de um PGQ, os mdicos (radiologistas e radioterapeutas) dos hospitais receberam um questionrio, intitulado Programa de avaliao da qualidade da imagem radiogrfica , que possua perguntas sobre a atual qualidade das imagens radiogrficas (ver APNDICE). Nesse questionrio

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os mdicos podiam fazer comentrios acerca dos aspectos da qualidade da imagem radiogrfica do respectivo setor e sugerir mudanas. Alm disso, foi feito um estudo qualitativo, com a imagem radiogrfica de um determinado objeto de contraste (ver figura 3.2). Esse objeto era feito de uma placa de acrlico com reentrncias cilndricas formando uma matriz sobre toda a regio superficial. Esses buracos foram preenchidos com massa a base de epxi, Durapox

(densidade ~1,727 g/cm3). Um grupo de quatro radiografias desse objeto era apresentado aos mdicos radiologistas e radioterapeutas, e ento eles deveriam escolher aquela que apresentasse o melhor contraste radiogrfico.

Figura 3.2. Placa de acrlico com reentrncias preenchidas com massa Durapox .

Todas as imagens radiogrficas do grupo, para este estudo qualitativo, foram feitas no mesmo dia, em um nico aparelho de raios X convencional, fabricado pela MedX 50F, irradiando-as com 42 kV, 10 mAs, a uma distncia foco-filme

de 0,6 m, com o processamento de todos os filmes realizado na processadora Macrotec MX-II do hospital B. Apenas a temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora foi variada. As temperaturas utilizadas foram as seguintes: 34,1; 35,0; 37,0 e 39,0C. Em cada temperatura foi aplicado simultaneamente o mtodo sensitomtrico para a comparao com o contraste do filme. Em todas as radiografias uma mesma regio do objeto de contraste foi definida para que o contraste radiogrfico pudesse ser obtido, de modo que uma regio sem reentrncia estava envolvida por quatro reentrncias preenchidas com 43

massa Durapox. A figura 3.3 mostra o esquema da regio do objeto de contraste definida para obter os valores referentes ao contraste radiogrfico em cada temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora.

Figura 3.3. Esquema da regio da placa de acrlico definida para obter os valores referentes ao contraste radiogrfico.

A mdia da densidade ptica das reentrncias preenchidas com massa Durapox obtida com o densitmetro era subtrada da densidade ptica da regio sem reentrncia, tambm obtida com o densitmetro. Dessa forma era adquirido o contraste radiogrfico do objeto. As condies iniciais de cada hospital, bem como as condies aps a implantao do PGQ, foram avaliadas. Especificamente, foram avaliados e monitorados os seguintes itens: a limpeza e a higiene das cmaras escuras e das processadoras, a segurana dos trabalhadores e do meio ambiente, a qualidade do processamento, as condies de armazenamento dos filmes, o fog da cmara escura, o ndice de rejeio de filmes e consumo de produtos qumicos.

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3.2 Limpeza e higiene das cmaras escuras e das processadorasA limpeza e a higiene da cmara escura de cada hospital foram avaliadas por meio de inspeo visual, segundo o protocolo ARCAL XLIX11

. Deve ser

verificada a existncia de objetos alheios ao processamento, como roupas e objetos de higiene pessoal, caixas de papelo, etc... A presena de manchas nos rolos e sujeira nos tanques das processadoras tambm foi avaliada.

3.3 Segurana dos trabalhadores e do meio ambientePara avaliar a segurana dos trabalhadores em cada hospital, foi verificada a existncia e o uso de EPIs, principalmente no momento da mistura dos produtos qumicos, e a presena de exaustor na cmara escura. Para avaliar a segurana do meio ambiente, foi verificada a presena de um sistema de tratamento interno ou local de armazenamento temporrio para as bobonas de acondicionamento das solues qumicas utilizadas (revelador e fixador) e da gua de lavagem utilizada.

3.4 Qualidade do processamentoA qualidade do processamento de cada hospital foi analisada por meio do mtodo sensitomtrico ou STEP22

, da monitorao da temperatura e do pH das

solues qumicas nos tanques da processadora e do tempo seco-a-seco das processadoras. Cada um desses parmetros de processamento era monitorado diariamente e em conjunto, com exceo do tempo seco-a-seco.

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Sem a implantao do PGQ em cmara escura e processadora, os parmetros foram monitorados por 18 dias no hospital A, e por 27 dias no hospital B. Com a implantao do PGQ em cmara escura e processadora, os parmetros de processamento foram reavaliados por 18 dias no hospital A. No hospital B, os parmetros de processamento no puderam ser reavaliados pois, at o final da dissertao, no haviam sido atendidas as solicitaes para implantao do PGQ (verificar item 4.2).

3.4.1 Mtodo Sensitomtrico Inicialmente, o mtodo sensitomtrico foi aplicado em cada um dos hospitais A e B para avaliar os parmetros sensitomtricos existentes sem a presena de um PGQ em cmara escura e processadora. Aps definidas as aes a serem tomadas no PGQ em cada hospital, o mtodo sensitomtrico foi aplicado para detectar e auxiliar a correo de problemas associados cmara escura e ao processamento automtico de filmes. Para avaliar e monitorar os parmetros sensitomtricos dos dois hospitais foi utilizado um sensitmetro fabricado pela X-Rite, modelo 334, com exposio em um lado do filme; um densitmetro fabricado pela X-Rite, modelo 341; e uma caixa de filmes para cada um dos hospitais. Para avaliar as condies iniciais dos parmetros sensitomtricos do hospital A, foi utilizada uma caixa de filmes fabricados pela IBF, com rea de 18 x 24 cm2, lote de nmero igual a 02860/1 e validade at agosto de 2008. Os produtos qumicos utilizados foram fornecidos pela IBF. Para proceder ao ato da mistura, uma caixa de produtos qumicos para 76 litros de soluo reveladora e 76 litros de soluo fixadora era fracionada em quatro partes. Na tabela 3.1, esto

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apresentadas as ocorrncias de novas misturas antes da implantao do PGQ no hospital A relacionadas com os dias de monitorao.Tabela 3.1. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital A sem a Implantao do PGQ. Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms.

Preparo de Fabricante do solues qumicas produto qumico 4 dia da monitorao IBF 7 dia da monitorao IBF 12 dia da monitorao IBF 18 dia da monitorao IBF

Ainda no hospital A, aps a implantao do PGQ em cmara escura e processadora, os parmetros sensitomtricos foram monitorados utilizando uma caixa de filmes fabricada pela IBF, com rea de 35 x 35 cm2, com lote de nmero igual a 98950/1 e com validade at junho de 2008. Os produtos qumicos empregados tambm foram fornecidos somente pela IBF.Tabela 3.2. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital A com a Implantao do PGQ.Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms.

Preparo de Fabricante do solues qumicas produto qumico 18 dia da monitorao IBF

Na tabela 3.2, esto apresentadas as ocorrncias de novas misturas aps a implantao do PGQ no hospital A relacionadas com os dias de monitorao. Para proceder no ato da mistura, uma caixa de produtos qumicos para 76 litros de soluo reveladora e 76 litros de soluo fixadora era fracionada em duas partes. Para avaliar as condies iniciais dos parmetros sensitomtricos do hospital B, foi utilizada uma caixa de filmes fabricados pela Fujifilm, com rea de

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35 x 35 cm2, nmero de emulso igual a 74616M e validade at outubro de 2007. Conforme aparece na tabela 3.3, pode ser verificado as ocorrncias de novas misturas antes da implantao do PGQ no hospital A relacionadas com os dias de monitorao.Tabela 3.3. Ocorrncia do preparo de novas solues qumicas e correspondente dia de monitorao com o fabricante dos produtos qumicos utilizados no Hospital B sem a Implantao do PGQ.Os dias de monitorao referem-se ao dias teis de um ms.

Preparo de Fabricante do solues qumicas produto qumico 9 dia da monitorao IBF 14 dia da monitorao FotoMED 22 dia da monitorao IBF 26 dia da monitorao Brasfox

Na tabela 3.3, os dias de monitorao referem-se apenas aos dias teis. A figura 3.4 mostra os aparelhos empregados nessa dissertao.

Figura 3.4. Sensitmetro e densitmetro utilizados.

Primeiramente, os parmetros sensitomtricos foram estabelecidos. Depois de cinco dias consecutivos foi estabelecida a densidade ptica da base + fog, o

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ndice e o passo da sensibilidade e o ndice e o passo referente ao contraste de cada hospital. Isso foi feito antes e depois da implantao do PGQ. Em seguida, cada parmetro sensitomtrico foi monitorado. Nos grficos da monitorao diria de cada parmetro sensitomtrico, o primeiro ponto refere-se ao parmetro sensitomtrico estabelecido por meio da mdia dos cinco valores obtidos nos primeiros cinco dias consecutivos. Diariamente, os dois lados de um filme eram expostos luz do sensitmetro, e era feita uma mdia dos valores da densidade ptica referente a cada passo. Isso foi necessrio para minimizar os efeitos da temperatura ao longo do tanque de revelao e os efeitos da diferena de distribuio superficial dos gros em cada lado do filme 2.

3.4.1.1 Contraste O valor do contraste foi determinado pela metodologia descrita no item 2.4.3.6 e por uma nova metodologia que determina a inclinao da poro linear a partir do software ORIGIN 6.0 da Microsoft. Essa metodologia nunca havia sido feita anteriormente. A metodologia descrita pelo protocolo ARCAL XLIX designa dois pontos para a determinao do contraste: a densidade menor (densidade da base + fog + 0,25) e a densidade maior (densidade da base + fog + 2,00). A diferena entre essas duas densidades fornece o valor do contraste de filme. Porm o novo mtodo define, a partir dos dois pontos designados pelo protocolo ARCAL XLIX, uma regio linear para que possa ser realizado um ajuste linear em cima dos pontos experimentais definidos nessa regio.

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Ento, foi realizado um ajuste na poro linear das curvas caractersticas adquiridas atravs do mtodo sensitomtrico, retornando uma equao do tipo Y = A + BX, em que o coeficiente angular B reflete o grau de inclinao da poro linear de cada curva caracterstica. A poro linear da curva caracterstica foi tomada a partir da regio definida pelo passo com densidade ptica igual a 0,25 + a densidade ptica da base + fog e pelo passo com densidade ptica igual a 2,00 + a densidade ptica da base + fog (conforme descrito no item 2.4.3.6). A tolerncia imposta para a monitorao diria da inclinao da poro linear foi determinada como sendo menor ou igual a 10 % do valor estabelecido, a mesma estabelecida pelo protocolo ARCAL XLIX. Antes de obter as densidades pticas referentes a cada passo, o densitmetro era devidamente calibrado a partir da tira de calibrao fornecida pelo fabricante do equipamento (ver figura 3.4).

3.4.1.2 Estudo das propriedades sensitomtricas de dois filmes diferentes No hospital A, antes de implantar o PGQ em cmara escura e processadora, foi feito um estudo sobre as caractersticas de dois tipos de filmes com rea de 35 x 35 cm2, fabricados pela FujiFilm e pela IBF (descritos no item 3.4.1); Ambos so bastante utilizados no Estado de Sergipe. Durante o processamento foram utilizados produtos qumicos (revelador e fixador) da IBF. Este estudo realizado com o intuito de determinar qual filme, em conjunto com os produtos qumicos, oferecia as melhores propriedades sensitomtricas para implantar o PGQ. O estudo foi executado em cinco dias consecutivos. Os filmes eram processados diariamente sob as mesmas condies de temperatura e pH das

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solues qumicas nos tanques da processadora, para que essas no alterassem os resultados. Os valores mdios das propriedades sensitomtricas dos dois filmes foram calculados a partir de suas curvas caractersticas. Estas curvas foram construdas a partir dos valores mdios das densidades pticas, referentes a cada passo, obtidos em cinco dias.

3.4.2 Monitorao da temperatura A monitorao da temperatura das solues qumicas nos tanques da processadora foi efetuada com um termmetro fabricado pela Minipa Indstria e Comrcio LTDa, modelo MV-365 (ver figura 3.5). Diariamente, era esperado aproximadamente 1 minuto para que a temperatura do termmetro se estabilizasse com cada soluo18

. Procurava-se

medir a temperatura das solues sempre no mesmo local, pois a esta variava aproximadamente 0,5C ao longo de todo volume dos tanques da processadora 1. Antes de ser transferido para o prximo tanque, o termmetro era lavado com gua destilada e enxugado com um pano macio e seco. Conforme recomendao dos fabricantes dos filmes, dos produtos qumicos e da processadora, a temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora devia ser de 35C em ambos os hospitais A e B.

3.4.3 Monitorao do pH Para identificar as alteraes no pH das solues qumicas dos tanques da processadora foi utilizado um pHmetro digital fabricado pela Instrutherm,

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modelo PH

1700 (ver figura 3.5). Da mesma forma como foi feito na

monitorao da temperatura, esperava-se aproximadamente 1 minuto aps a colocao do pHmetro em cada soluo, procurando medir o pH sempre no mesmo local. O eletrodo do pHmetro, antes de ser transferido para o prximo tanque, era lavado com gua destilada e enxugado com um pano macio e seco conforme as instrues do seu fabricante. Semanalmente, o pHmetro era recalibrado atravs de solues qumicas com pH de 4,0 e 7,0. Conforme recomendao dos fabricantes dos filmes, dos produtos qumicos e da processadora, o pH da soluo reveladora no tanque da processadora deve estar entre 10 e 11, em ambos os hospitais A e B. J o pH da soluo fixadora no tanque da processadora, segundo estas recomendaes, deve ser de 4,3 nos dois hospitais.

3.4.4 Teste do tempo seco-a-seco O teste do tempo seco-a-seco foi realizado com um cronmetro digital, fabricado pela Casio (ver figura 3.5). Como ambas as processadoras automticas dos dois hospitais foram fabricadas com um nico ciclo de processamento, o teste do tempo seco-a-seco foi executado uma nica vez, pois no foi possvel alterar a velocidade de giro do motor da processadora. Nesse teste, o cronmetro registrou o tempo durante o qual um filme, previamente processado, comeava a ser tracionado e deixava, por completo, o tanque de secagem. Para as processadoras descritas no item 3.1, o tempo seco-a-seco deve ser de 120 segundos, segundo recomendaes dos fornecedores.

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Figura 3.5. Termmetro, cronmetro e pHmetro digitais utilizados.

3.4.5 Condies de armazenamento dos filmes As condies de armazenamento dos filmes virgens foram avaliadas em cada hospital. Essa condio de armazenamento deve seguir as especificaes do fabricante. Com o auxlio de um higrmetro/termmetro fabricado pela J-Prolab (ver figura 3.6) foram analisadas a umidade relativa do ar e a temperatura do local de armazenamento dos filmes. Segundo especificado pelos fabricantes dos filmes, estes devem ser armazenados sob uma temperatura ambiente de no mximo 21oC e sob uma umidade relativa do ar entre 30 e 60 %.

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Figura 3.6. Higrmetro utilizado.

3.4.6 Fog da cmara escura O fog devido cmara escura, ou seja, o aumento da densidade ptica da base + fog devido cmara escura foi determinado antes e aps implantao do PGQ, conforme descrito no item 2.4.3.1.

3.4.7 ndice de rejeio de filmes e consumo de produtos qumicos O ndice de rejeio de filmes de cada hospital foi estimado mensalmente. Um boletim sobre o consumo de filmes foi deixado para ser preenchido pelos tcnicos de cada hospital. O consumo dos produtos qumicos tambm foi determinado. Em cada hospital, a taxa de reposio foi examinada para se obter uma relao com o consumo de produtos qumicos e para garantir uma boa e constante atividade das solues qumicas nos tanques da processadora. Para avaliar a taxa de reposio,

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foi utilizada uma seringa graduada para medir a quantidade de soluo qumica que deixava determinado tanque da processadora quando um filme virgem era processado.

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4. Resultados e Discusso

4.1 Condies iniciais (antes da implantao de um PGQ em cmara escura e processadora)

4.1.1 Programa de avaliao da imagem radiogrfica Para considerar as radiografias excelentes, timas, boas, regulares e de pssima qualidade, geralmente os mdicos se baseiam nas caractersticas gerais de densidade e contraste apresentadas pelas radiografias. Essa anlise subjetiva foi executada com intuito de registrar qual o grau de aceitao das radiografias realizadas no setor, correlacionando com os conceitos emitidos pelos examinadores em virtude das alteraes de densidade e contraste ocorridas com a variao de temperatura da soluo reveladora no processamento das radiografias.

Hospital A No questionrio do Programa de avaliao da qualidade da imagem

radiogrfica do hospital A, foi constatado que os dois mdicos, que l trabalham, classificaram as imagens radiogrficas obtidas previamente a implantao do PGQ como boas e sem a presena de artefatos. Mesmo assim, ambos sugeriram a reduo do escurecimento da pelcula. Esse resultado sugeriu que a temperatura da soluo reveladora no tanque da processadora devia ser reduzida para que os mdicos pudessem dar o melhor laudo possvel com as radiografias feitas no setor, pois de acordo com Haus and

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Jakulski 1, quanto maior a temperatura menor o contraste e menor a densidade da base + fog da imagem radiogrfica. Uma melhor anlise ser feita no item 4.1.4.2.

Hospital B No hospital B foi constatado que a qualidade das radiografias produzidas normalmente no setor de radiologia foi classificada como regular e com grande presena de artefatos.

Hospital A e Hospital B Do grupo de radiografias da placa de acrlico com Durapox, foi classificada com melhor contraste radiogrfico, pelos mdicos do hospital A e do hospital B, aquela para a qual o filme foi submetido soluo reveladora com uma temperatura de 39C. A tabe