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Ementa
Introdução ao estudo da Filologia Românica. A formação das
línguas românicas: sua história interna e externa.
Significado do componente curricular para formação profissional
O componente curricular Filologia Românica I permite ao estudante de
Letras conhecer o processo de formação histórica das línguas românicas,
especialmente, da língua portuguesa. Os conteúdos abordados dimensionam
os campos de atuação do filólogo e a relação da Filologia com outras
ciências, que utilizam o texto como objeto de estudo. Estes conhecimentos
são de grande relevância para a formação do professor, pois subsidiarão a
sua atuação nas áreas de língua e literatura.
PROGRAMA DO COMPONENTE CURRICULARHISTÓRIA EXTERNA1 Filologia e Filologia Românica1.1 Contextualização histórica; Conceitos, Métodos e Objeto 1.2 O Método Histórico-Comparativo e a expansão da Filologia Românica 1.3 Os desafios da Filologia na Contemporaneidade 2 A România2.1 Povos pré-romanos2.2 Conquistas romanas: formação do Império Romano2.3 Romanização/Latinização: assimilação linguística e cultural dos povos pré-romanos2.4 A divisão do Império Romano: România Oriental e România Ocidental2.5 A queda do Império Romano3 O Latim Vulgar3.1 Conceito, características e fontes de estudo3.2 As causas da fragmentação do latim4 Elementos formadores das Línguas Românicas4.1 Substratos, Adstrato e Superstratos: conceitos e contribuições
PROGRAMA DO COMPONENTE CURRICULARHISTÓRIA INTERNA5. Classificação das Línguas Românicas 5.1 Critérios para a classificação das Línguas Românicas5.2 As principais classificações: Dante Alighieri, F. Diez, W. Meyer-Lübke, Walter von Wartburg, Carlo Tagliavini, Ângelo Monteverdi6. Fonologia das Línguas Românicas6.1 Vocalismo Românico6.2 Consonantismo Românico7. As Línguas Românicas
COMPETÊNCIAS Compreender o processo de formação histórica das línguas românicas,especialmente do português.
HABILIDADESSer capaz de situar os estudos filológicos no contexto da pesquisa na área deLetras.
OBJETIVO GERAL
Precisar os campos de atuação da Filologia.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Discutir e analisar os conceitos e métodos da Filologia; Apresentar a importância da Crítica Textual dentro dos estudos filológicos, comênfase nos tipos de edição;Identificar o processo de formação das línguas românicas, reconhecendo oselementos formadores dessas línguas;Analisar as teses de classificação das línguas românicas;Conhecer os processos fonológicos que culminaram nas diferenças entre osistema vocálico da língua latina e os das línguas românicas;Conhecer os processos fonológicos que culminaram nas diferenças entre osistema consonântico da língua latina e os das línguas românicas.
METODOLOGIA
AVALIAÇÃO
CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
SITES PARA CONSULTA
A Filologia...
A palavra Filologia provém de dois radicais gregos:
philos ‘amigo, amante’; lógos ‘estudo, ciência’
Na língua portuguesa:
Lat. philologus -‘amigo das letras’
(sig. etimológico é ‘amor da ciência’, ‘culto da erudição’).
A Filologia é o conjunto das atividades que se ocupam metòdicamente da
linguagem do Homem e das obras de arte escritas nessa linguagem. Como se
trata de uma ciência muito antiga, e como é possível ocupar-se da linguagem
de muitas e diferentes maneiras, o termo FILOLOGIA tem um significado
amplo e abrange diversas atividades, pois se trata de uma ciência que se
ocupa da linguagem de muitas e diferentes maneiras (AUERBACH, 1972, p. 11).
Para Saussure (2006 [1916], p. 7) “A língua não é o
único objeto da filologia, que quer, antes de tudo, fixar,
interpretar e comentar os textos; este primeiro estudo a
leva a se ocupar também da história literária, dos
costumes, das instituições, etc.; em toda parte ela usa
seu método próprio, que é a crítica.”
Cinco definições de Filologia no Dicionário Houaiss (2001):
Filologia é (1) o “estudo das sociedades e civilizações antigas através de
documentos e textos legados por elas, privilegiando a língua escrita e
literária como fonte de estudos”. Século XVI;
(2) o “estudo rigoroso dos documentos escritos antigos e de sua transmissão,
para estabelecer, interpretar e editar esses textos”. Século XIX;
(3) o “estudo científico do desenvolvimento de uma língua ou de famílias de
línguas, em especial a pesquisa de sua história morfológica e fonológica
baseada em documentos escritos e na crítica dos textos redigidos nessas
línguas (p.ex., filologia latina, filologia germânica etc.); gramática histórica”.
Século XX;
Cinco definições de Filologia no Dicionário Houaiss (2001):
(4) o “estudo científico de textos (não obrigatoriamente antigos) eestabelecimento de sua autenticidade através da comparação de manuscritose edições, utilizando-se de técnicas auxiliares (paleografia, estatística paradatação, história literária, econômica etc.), especialmente para a edição detextos”.
(5) a “parte da lingüística histórica que trata do estudo comparado daslínguas, não só através de sua origem e evolução, como também do confrontocom línguas modernas; gramática comparada, linguística comparada.Etimologicamente, do latim: philolog a,ae ‘amor às letras, instrução, erudição,literatura, palavrório’; do grego: philología, as ‘necessidade de falar,conversação’”.
O início da Filologia... Grécia, século III a.C. – necessidade de constituir textosautênticos e o desejo de preservá-los;
Eruditos da Biblioteca de Alexandria;
“[...] aqueles eruditos encarregaram-se de restaurar os textosliterários antigos, tornando-os inteligíveis às gerações da época(SPINA, 1994, p. 66)”.
A necessidade de constituir textos autênticos se faz sentir quando um povo
de alta civilização toma consciência dessa civilização e deseja preservar dos
estragos do tempo as obras que lhe constituem o patrimônio espiritual;
salvá-las não somente do olvido como também das alterações, mutilações e
adições que o uso popular ou o desleixo dos copistas nelas introduzem
necessariamente (AUERBACH, 1972, p. 11).
A tradição da edição de textos antigos se manteve durante
toda a Antiguidade e se mantém até os dias de hoje...
Historicamente, a Filologia precedeu a Linguística, mas hoje deve situar-semodestamente no quadro geral dos estudos linguísticos. Os estudosfilológicos têm caráter “histórico”. Partem de línguas determinadas,documentadas através de textos e, depois de percorrem um itineráriocultural, ondem entram a História, a Epigrafia, a Literatura, voltam para otexto de onde saíram (ELIA, 1974, p. 10).
Estabelecer as causas psicológicas, sociológicas ou estruturais dosfenômenos linguísticos é fazer Linguística; iluminar um texto por meio decomentários da mais variada natureza é tarefa da Filologia (ELIA, 1974, p. 10).
A Filologia será ‘românica’ se tiver como objeto específico as
línguas e os dialetos que se originaram do latim vulgar e suas
respectivas literaturas de qualquer espécie, desde a origem até
a sua situação atual (BASSETTO, 2005, p. 38).
Chamam-se línguas românicas aquelas que são diferenciações notempo e no espaço de uma língua comum primitiva, o latimvulgar (ELIA, 1979, p. 3).
Formação das línguas românicas
A formação das línguas românicas é, por um lado, resultado darelaxação dos laços exteriores e da debilitação da vitalidadecultural do Império Romano e, por outro lado, da formação denovas comunidades lingüísticas “nacionais” nascidas no temposubseqüente, comunidades estas que restabelecem e vivificam, demaneira independente, a tradição cultural antiga (LAUSBERG,1974, p. 26).
România, romano e romance Romania – Termo utilizado para denominar a unidadelinguística e cultural (Séc. V).
Romania > romanus, e este foi o termo a que naturalmenterecorreram os povos latinizados, para distinguir-se das culturasbarbáricas.
A partir de romanus formou-se o advérbio romanice, “àmaneira romana”, “segundo o costume romano”.
România, romano e romance
Romanice loqui – indicava as falas vulgares de origem latina
Barbarice loqui – indicava as línguas não românicas dosbárbaros
Latine loqui – aplicava-se ao latim culto da escola.
Do advérbio romanice, derivou o substantivo romance, que naorigem se aplicava a qualquer composição escrita em uma daslínguas vulgares (ILARI, 2001).
A România atual
Se compararmos a România atual com o Império Romano, em sua fase de
maior estabilidade, notaremos que os limites de ambos não coincidem. Boa
parte das regiões outrora dominadas pelos romanos falam hoje línguas
germânicas (como a Britânia), gregas (como a Grécia), semíticas (como a
Síria e grande parte da África do Norte) etc. Por outro lado, falam-se línguas
românicas na América Latina, que está fora dos horizontes do mundo antigo
(ILARI, 2001).
A România atuala) Romanização superficial
b) Superioridade cultural dos vencidos
c) Superposição maciça de populações não-romanas
A România atualPor outro lado, através dos movimentos colonialistas iniciadoscom as grandes navegações do século XVI ou dos movimentos depropagação do catolicismo patrocinados sobretudo por Portugale pela Espanha, as línguas românicas foram levadas para os novoscontinentes onde se superpuseram às línguas autóctones como“línguas de cultura” e como “línguas oficiais”; a recuperação daindependência pelas colônias tem feito às vezes com que asantigas línguas nacionais recuperassem seu status de línguasoficiais.
O papel do RomanistaDo ponto de vista filológico, portanto, cabe ao romanista a pesquisa e
publicação de textos, enquanto, no plano lingüístico, estuda ele os
múltiplos aspectos da história das línguas neolatinas, sua evolução a
partir do latim vulgar, as influências externas que receberam, os
contactos que mantiveram entre si, a sua fragmentação dialetal, enfim,
todos os fenômenos concernentes à fonética, morfologia, sintaxe e
léxico (MIAZZI, 1972, p. 15).
Surgimento e evolução da Filologia Românica
Século XIV (início)
Dante Alighieri, no De Vulgari Eloquentia (Sobre os falares vulgares), jámenciona a afinidade existente entre o francês, provençal, italiano eespanhol.
Século XIV (final)
Trabalho que prenuncia o filológico: a explicação da Divina Comédia porGiovanni Bocaccio.
Surgimento e evolução da Filologia Românica
Século XV
Bracciolini afirma que o latim não era simplesmente uma língua artificial,mas sim falado pelo povo, e que dela resultaram as línguas românicas.
1492 – surge a primeira gramática de uma língua românica, a Arte de laLengua Castellana, de Elio Antonio de Nebrija.
Século XVI
Primeiro dicionário francês: Dictionarium Latino-gallicum, por Stephanus eum Tretté de la grammere françoese, por Meigret.
Surgimento e evolução da Filologia Românica
Século XVII
1601 – Trattato della vera origine e del processo a nome della nostra lingua,de Ceslo Citadini, que afirma terem existido duas espécies de latim – um cultoe outro rústico, e deste último é que se originava a língua italiana.
1606 – Thresor de la langue françoyse, de Nicot.
1650 – Dictionnaire étymologique de la langue Françoise.
1669 – Origini della língua italiana, escrito por Gilles Ménage. Procura aorigem de termos latinos, o que o conduz à teoria errônea, então em voga deque o latim procedia do grego.
Surgimento e evolução da Filologia Românica
Século XVIII
Historie littéraire de la France, 12 volumes, publicada pelos beneditinos daAbadia de Saint-Maur, sob a direção de Rivet (1733-1763) e a Storia dellalitteratura italina, de Tiraboschi, em 1772.
Século XIX: Constituição da Ciência
O interesse filológico é despertado ao mesmo tempo em que o linguístico;
De um lado inicia-se a publicação de textos, de outro se ativa a pesquisados idiomas românicos e suas relações;
Ideais do romantismo, concentrava-se nos temas exóticos (como osânscrito) e, principalmente, nos medievais e populares;
Século XIX: Constituição da Ciência
As literaturas românicas passam a ser objeto de crescente investigação,especialmente na Alemanha;
Os franceses e os alemães iniciam a edição de documentos literários queevidenciam aspectos das línguas românicas.
Século XIX: Constituição da Ciência
Franz Bopp realiza estudo comparativo das línguas persa, sânscrita,grega, latina, alemã e inglesa... > família indo européia. Assim, ele cria ométodo comparativo.
Jakob Grimm realiza estudo diacrônico do alemão, criando, assim, ométodo histórico que acompanha a evolução da língua.
Raynouard dedica estudo exaustivo do provençal e contribuisignificativamente para os estudos das línguas românicas apesar de suateoria errônea de que o provençal tivesse dado origem às línguas românicas.
Século XIX: Constituição da Ciência
1836
FREDERICH DIEZ (1794-1876) Iniciou a fase científica dos estudos
românicos, aplicando-lhes o método histórico-comparativo usado porBopp e Grimm.
Diez começou estudando obras castelhanas antigas, depois passou para o
provençal, em seguida, outras línguas românicas e, entre 1836 e 1843,
publicou sua Gramática das Línguas Românicas, em três volumes; e em
1854, o Dicionário Etimológico das Línguas Românicas. Logo na primeira
página de sua gramática, Diez faz derivar diretamente do latim vulgar as seis
línguas românicas, que ele havia considerado como tais entre todas as
variedades estudadas. O ponto de partida das línguas românicas é a língua
falada pelos romanos, não a forma escrita, literária, diferentemente do que
pensaram Dante Alighieri e Raynouard. Por isso, Diez é considerado o pai da
filologia românica (BASSETTO, 2001, p. 32).
O latim e as Línguas Românicas
LATIM ESPANHOL FRANCÊS ITALIANO PORTUGUÊS
octo ocho huit otto oito
auricula / oricla oreja oreil orecchia orelha
nocte noche nuit notte noite
oculu / oclu ojo oeil occhio olho
cantare cantar chanter cantare cantar
As formas latinas no inglês Exit
Candidate
Habeas corpus
Deficit
Alibi
Modus vivendi
Persona non grata
Contribuições para o ensino e a aprendizagem de línguas
Muitos dos fenômenos que acreditamos ser atuais já aconteciam na época
dos romanos, quando estes estavam levando a língua latina para diversas
partes da Europa, África e Ásia, e que se repetem em outras épocas e outros
lugares, com outros povos.
Contribuições para o ensino e a aprendizagem de línguas
O vocabulário é constituído de termos da língua erudita, da língua popular,
das línguas dos povos dominados, das línguas dos povos que mantém
intercâmbios, ou seja, de todos envolvidos direta ou indiretamente.
Contribuições para o ensino e a aprendizagem de línguas
As línguas estão sempre em processo de intercâmbios, de empréstimos,
mesmo entre línguas de origens aparentemente distintas, pois elas evoluem,
se diferenciam, tomam empréstimos, são substituídas, dominam e são
dominadas, a exemplo da própria língua latina.