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Filosofia Da Linguagem -- Aula 10 -- Implicaturas Conversacionais
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Filosofia da Linguagem aula 10
Implicaturas conversacionais
H. P. Grice (1967), Lgica e conversao
Linguagens naturais e linguagens formais
ambiguidadesvacuidade referencial
e frases sem valor de verdade
implicaes metafsicas
variaes retricas, poticas, emotivas
univocidadevalores determinados
livres de implicaes metafsicas
voltada para o conhecimento
Operadores lgicos e linguagem natural
p q p v q
Implicaturas conversacionais
Pedro e Joo conversam sobre Paulo, que est atualmente trabalhando num banco:
Como est Paulo?
Oh, muito bem, eu acho; ele gosta de seus colegas e ainda no foi preso.
... gosta de seus colegas e ainda no foi preso
Implicaturas:
Paulo o tipo de pessoa que tende a sucumbir s tentaes provocadas por sua ocupao.
Os colegas de Paulo so, na verdade, pessoas muito desagradveis e desleais.
etc.
Princpio da Cooperao
Faa sua contribuio conversacional tal como
requerida, no momento em que ocorre, pelo propsito ou direo do intercmbio
conversacional em que voc est engajado.
Princpio da cooperao: quantidade
1. Faa com que sua contribuio seja to informativa quanto requerido (para opropsito corrente da conversao).
2. No faa sua contribuio mais informativa do que requerido.
Princpio da cooperao: qualidade
1. No diga o que voc acredita ser falso.
2. No diga seno aquilo para que voc possa fornecer evidncia adequada.
Princpio da cooperao: relao
Seja relevante!
Princpio da cooperao: modo
Seja claro!
1. Evite obscuridade de expresso.
2. Evite ambiguidades.
3. Seja breve (evite prolixidade desnecessria).
Outras mximas de coopero
Seja polido.
No seja indiscreto.
No interrompa os outros enquanto falam.
etc.
Cooperao no lingustica1. Quantidade. Se voc est me ajudando a consertar um carro, espero que
sua contribuio seja nem mais nem menos do que o exigido; se, por exemplo, num estgio particular eu precisar de quatro parafusos, espero que
voc me alcance quatro e no dois ou seis parafusos.
2. Qualidade. Espero que sua contribuio seja genuna e no espria. Senecessito acar como um ingrediente para o bolo que voc est me
ajudando a fazer, espero que voc no me alcance o sal; se preciso de uma colher, espero que voc no me passe uma colher de borracha usada por
prestidigitadores.
3. Relao. Espero que a contribuio seja apropriada s necessidadesimediatas de cada estgio da transao; se estou mexendo os ingredientes
de um bolo, no espero que me seja alcanado um bom livro ou mesmo uma forma (embora esta possa ser uma contribuio apropriada num
estgio posterior) .
4. Modo. Espero que quem estiver me ajudando deixe clara qual a contribuio que est fazendo e que a execute com razovel rapidez.
Fato emprico
Em geral, as pessoas obedecem s regras de cooperao. (Em geral mais fcil dizer a
verdade do que mentir.)
Violaes1. Ele pode, calma e no ostensivamente, violar uma mxima. Se isto ocorre, em alguns casos ele estar sujeito a provocar mal-entendidos.
2. Ele pode colocar-se fora da esfera de atuao tanto das mximas quanto do Princpio de Cooperao; ele pode dizer, indicar ou permitir que se compreenda que ele no quer cooperar na forma exigida pelas mximas. Poder dizer, por exemplo, Eu no posso mais falar; meus
lbios esto selados.
3. Ele pode estar enfrentando um conflito: ele pode, por exemplo, ser incapaz de cumprir a primeira mxima da Quantidade (Seja to
informativo quanto exigido) sem violar a segunda mxima de Qualidade (Tenha evidncia adequada para o que diz).
4. Ele pode abandonar uma mxima, isto , pode espaIhafatosamente deixar de cumpri-la.
Implicatura conversacional
Se uma pessoa, ao (por, quando) dizer (ou fazer como se tivesse dito) que p, implicitou que q, pode-se dizer que ela implicitou conversacionalmente q desde que (1) pode-se
presumir que ela esteja obedecendo s mximas conversacionais ou pelo menos ao Princpio de
Cooperao; (2) a suposio de que ela esteja consciente de que (ou pense que) q necessria para tornar o seu dizer p ou fazer como se dissesse p (ou faz-lo naqueles
termos) consistente com a presuno acima; e (3) o falante pensa (e espera que o ouvinte pense que ele pensa) que
faz parte da competncia do ouvinte deduzir, ou compreender intuitivamente, que a suposio mencionada
em (2) necessria.
Exemplo inicial
(1) Joo aparentemente violou a mxima Seja relevante; e assim pode-se considerar que tenha
abandonado uma das mximas que exigem clareza, mas no tenho motivos para supor que ele esteja colocando-se fora do Princpio de Cooperao; (2)
dadas as circunstncias, posso encarar sua irrelevncia como apenas aparente se, e somente se,
suponho que ele acha que Paulo potencialmente desonesto; (3) Joo sabe que sou capaz de deduzir
(2). Logo, Joo implicitou que Paulo potencialmente desonesto.
Exemplos em que nenhuma mxima violadaA est parado, obviamente em funo de
um problema no carro, e dele seaproxima B; a seguinte conversao
ocorre:A - Estou sem gasolina.
B - H um posto na prxima esquina.
Implicatura: o posto est aberto.
A - Smith parece estar sem namorada ultimamente.
B - Ele tem ido muito a Nova lorque.
Implicatura: Smith tem, ou pode ter, uma namorada em Nova lorque.
Exemplos com violaes de mximas (conflitantes)
A est planejando com B um itinerrio de frias na Frana. Ambos sabem que A deseja ver seu amigo C, desde que para tanto no seja necessrio alterar muito
o trajeto:
A - Onde C mora?
B - Em algum lugar da sul da Frana.
Implicatura: o lugar onde C mora fora do trajeto. (Isso explica a resposta pouco informativa.)
Exemplos de violaes com figuras de linguagem
Afirmaes pouco informativas:
A est escrevendo uma recomendao a propsito de um aluno que candidato a um emprego de professor de filosofia,
e em sua carta se l: Prezado senhor, o conhecimento de ingls do senhor X excelente, ele tem participado
regularmente das nossas aulas. Sem mais, etc.
Implicatura: o senhor X no um bom filsofo.
Outro exemplo: mulheres so mulheres, guerra guerra
Loquacidade:
A deseja saber se p, e B voluntariamente no s fornece a informao de que p, mas tambm informa que certo que
p, e que a justificao para isto tal e tal.
Ironia:
X, a quem A sempre confiou seus segredos, revelou um segredo de A a um concorrente seu. Tanto A quanto seus
ouvintes sabem disso. A diz: X um excelente amigo
Metfora: Voc o acar do meu caf.
Eufemismo: Ele estava um pouco intoxicado. (Sobre algum que quebrou todos os mveis da
sua casa.)
Hiprbole: Rios te correro dos olhos se chorares, estou morrendo de fome, voc me
faz morrer de rir
Numa recepo social, A diz: A senhora X uma chata.H um momento de silncio constrangedor, e B ento diz:
O tempo tem estado timo neste vero, no ?
Ambiguidade
Exemplos em que uma interpretao notoriamente menos diretamente acessvel do que a outra. Tomemos o
exemplo do general britnico que capturou a cidade deSind (Pecado) e mandou ao quartel-general a mensagem Peccavi. A ambigidade envolvida (I have Sind / I have
sinned Eu tenho Pecado / Eu tenho pecado') fonmica, no morfmica; e a expresso usada no
ambgua, mas uma vez que expressa numa lngua estranha para falante e ouvinte, preciso traduzi-la e a
ambiguidade reside na traduo standard em ingls coloquial.
Falha em ser breve ou sucinto
(a) A senhora X cantou Home sweet home.
(b) A senhora X produziu uma srie de sons que correspondem exatamente partitura de Home sweet home.
Implicatura de (b): a senhora X canta mal.
Implicatura conversacional generalizada
X est se encontrando com uma mulher esta noite.
Implicatura: essa mulher no sua me, irm, sogra ou amiga platnica.
X foi a uma casa ontem e encontrou uma tartaruga em frente porta.
Implicatura: no se trata da casa do prprio X.
Exerccio
O que est sendo implicado na afirmao abaixo:
Pedro, que professor de filosofia, recebe alguns amigos em casa para um jantar que ele
prprio preparou. Depois do jantar, algum comenta: Como cozinheiro, Pedro um
excelente filsofo.