Filosofia Gnu Linux

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sobre Gnu/Linux

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Curso de Filosofia GNU - Parte1

A Filosofia GNU e o conceito de Software Livre esto muito difundidos hoje em dia, porm em qual contexto histrico ele ocorreu e quais acontecimentos levaram a sua concepo? A primeira parte deste curso cobre estes assuntos.Ol pessoa! H muito tempo eu descobri o Projeto CDTC (Centro de Difuso de Tecnologia e Conhecimento), onde fiz alguns cursos na rea de tecnologia utilizando softwares livres. O Projeto CDTC visa a promoo e o desenvolvimento de aes que incentivem a disseminao de solues que utilizem padres abertos e no proprietrios de tecnologia, em proveito do desenvolvimento social, cultural, poltico, tecnolgico e econmico da sociedadebrasileira.

GNU

Alguns dos cursos disponibilizados por eles me chamaram muito a ateno pelo simples fato de no ter visto antes um agregado de informaes to bem elaborado sobre certos assunto, um destes assuntos o curso de Filosofia GNU. Uma vez que o contedo do curso disponibilizado sobre os termos da FDL (GNU Free Documentation License) eu tenho o direito de reproduzi-lo aqui (mantendo oscrditos).1. ProcessoHistrico1.1 Como era o mundo nos anos70?Em geral, quando falamos em software livre, as pessoas tendem automaticamente a pensarem que se existe algo que livre, ento, comparativamente, tem uma outra "coisa" que "presa", "amarrada", "acorrentada", sendo isso uma compreenso verdadeira. No decorrer deste curso voc vai poder observar que estas correntes que prendem o software esto diretamente ligadas a conceitos de Propriedade Intelectual ou se preferir, aslicenas.Nossa histria comea nos anos 70, quando era muito comum para um programador trocar suas experincias de programao com outros parceiros. Quando algum desenvolvia uma rotina para calcular um intervalo de datas (por exemplo) e um outro programador tinha conhecimento que aquela rotina j estava produzida por algum, ele tomava a iniciativa de pedi-la ou obt-la junto ao criador do programa, aproveitando o cdigo e inserindo noutrosprogramas.Logo, podemos afirmar que no incio do mundo da programao os programas de computadores j eram livres, e que os tcnicos da rea j compartilhavam entre si as solues tecnolgicas, aproveitando o trabalho individual e transformando-o em uma soluocoletiva. importante observar que durante este mesmo perodo dos anos 70, as escolas de uma forma geral tinham objetivos mais nobres, voltados ao ensino participativo, como por exemplo: se ao chegar a hora do lanche, uma criana no tinha levado sua merenda, a professora pedia a outra criana que compartilhasse, que dividisse o lanche com o coleguinha. Essa iniciativa da professora gerava nas crianas um aprendizado sobre relacionamento humano com a prtica do compartilhamento, do apoio queles que tinham necessidade, e muitas outras questes que serviam para o desenvolvimento dasociedade.1.2 O que mudou nos anos80?Nos idos dos anos 80 surgiram licenciamentos de software que at ento no eram utilizados, impedindo a cooperao dos programadores. Fatos como limites de usurios por produtos, limitao no nmero de processadores utilizados, e inmeras outras alternativas se propagavam nas licenas desoftware.At os anos 70 ainda era comum adquirir-se os sistemas computacionais junto com os cdigos fonte. Na dcada posterior, os fontes j no faziam mais parte das negociaes, os sistemas eram apenas vendidos com uma concesso de uso, as limitaes quanto a utilizao dos programas eram restritas e diferiam de toda e qualquer relao anteriormente exercida no mercadoconsumidor.Nunca em toda historia da humanidade houve uma restrio to grande. Comparando a outros produtos, imagine comprar uma televiso que poderia apenas ser vista por um limitado nmero de pessoas, e quando sua famlia crescesse, seria necessrio adquirir mais uma licena, pagando um adicional. Alm disso, tome ainda como exemplo que a cada dois anos voc teria de adquirir um novo televisor para poder assistir a programaes mais atuais, pois a TV no teria a capacidade de "entender" a nova grade de programao, que s seria entendida pela verso maisnova. notvel ainda que nos anos 80 (especificamente nos Estados Unidos) as escolas passam a impedir os alunos de distriburem programas de computador atravs de CDs ou Disquetes, ensinando s crianas uma obedincia e respeito aos conceitos de propriedade intelectual, como se isto fosse natural a todos, diferenciando o anterior ensino cidado dos anos 70, por uma educao a conceitos no naturais a nossasociedade.Richard Stallman (tambm designado como RMS) era uma das pessoas que trabalhavam no MIT e que havia vivido a fase da liberdade entre os programadores. RMS tinha um sentimento muito forte com relao liberdade e comunidade solidria que ele faziaparte.

Richard StallmanRichard MatthewStallman

A histria do software livre comea com uma impressora laser que o MIT havia ganho, e que substituiria uma impressora matricial que era utilizada h vrios anos pelostcnicos.Como a impressora antiga fazia parte da histria em que a liberdade era comum no uso da tecnologia, o driver utilizado na matricial j continha inseres no cdigo produzidas pelos tcnicos do MIT, que permitia informaes tais como o momento em que iniciava ou terminava um trabalho de impresso, erros no processo, entre outros. No entanto, a impressora laser no continha essas facilidades, o que causava um grandetranstorno.RMS toma a iniciativa e procura o representante da impressora para tentar negociar com ele a insero das mesmas facilidades da impressora matricial. A resposta que ele ouviu foi a mesma que qualquer pessoa ouviria ao tentar negociar uma alterao com uma empresa de software proprietrio, que seria algo mais ou menos como: ns somos os donos do software e se voc quiser alguma alterao, pea-nos, que ns vamos avaliar e implementar se acharmosadequado.RMS ainda tentou convencer o representante, que ao final de um longo debate ofertou um contrato para que os programadores assinassem, basicamente constitudo por clusulas de no revelao, ou seja, Nondisclosure agreement, uma maneira de conceder acesso a um cdigo, impedindo a divulgao do que fosse visto,conhecido.Os contratos de no revelao j eram comuns desde a poca dos PDPs (Programmable Data Processor, uma linha de computadores que foi produzida pela Digital Equipment Corporation DEC entre 1960 e 1972, indo do modelo PDP-1 ao PDP-16. O modelo mais popular foi o PDP-11 de 1970), e tinha dois objetivosbsicos:O mundo da informtica (tanto do ponto de vista do software quanto de hardware) era uma novidade, e as empresas de tecnologia da poca tentavam estabelecer mecanismos que garantissem omercado;

A guerra fria era um motivo forte, e havia o receio dos americanos de que os seus adversrios pudessem utilizar os computadores para fazerem clculos vetoriais, e com isso, lanassem uma bomba atmica sobre osEUA.

Finalmente, a proposta do representante da impressora foi considerada por RMS como uma agresso a liberdade. Afinal, como seria possvel assinar um acordo antecipado em que voc se negaria a ajudar qualquer pessoa, seja ela quem fosse. Alm disso, o trabalho do MIT seria incorporado a um produto que continuaria em poder do fabricante, e outras pessoas no teriam oportunidade de aproveitar-se das facilidades que seriam incorporadas pelostcnicos.Foi a partir dai que Richard Stallman se deu conta que no havia sentido trabalhar em algo proprietrio, e que aquele era um momento importante onde as pessoas deviam ter direito ao livre acesso da tecnologia, e para tanto, deu meia volta e comeou ainda em 1983 o movimento Free Software, tendo em 1984 fundado a Free Software Foundation.Inicialmente Richard Stallman criou o GCC, que o compilador livre para a linguagem C, o editor de textos EMACS, permitindo assim que vrios programadores ao redor do mundo comeassem a contribuir na construo de um sistema operacional e de um kernellivre.O primeiro email enviado por Richard Stallman (traduzido aqui) foi disponibilizado para as listas net.unix-wizards e net.usoft, contendo as ideias bsicas do que ele pretendia fazer, isto aconteceu em27/09/1983.CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.Curso de Filosofia GNU - Parte2

O que Software Proprietrio? O que Software Livre e Open Source? Quem luta pela nossa liberdade e pela Filosofia GNU?Dando continuidade ao Curso de Filosofia GNU, hoje veremos um pouco porqu o software proprietrio considerado anti tico e anti social. Como podemos ser controlados pela obsolescncia programada e como as empresas pblicas e privadas gastam bilhes para garantir que suas prprias informaes continuaro disponveis e acessveis para elesprprios.Vida de Programador #55Tirinha #55 "Software Prorietrio" do site Vida deProgramadorLembrando que este um contedo livre obtido no CDTC.2 PrincipaisDiferenas2.1 O que SoftwareProprietrio?O software proprietrio anti-social e no tico, pois divide o pblico e mantm os usurios desamparados e dependentes.A frase acima o melhor resumo do que um software proprietrio. Para entender melhor, vamos separar partes do texto e explicit-lo com exemplos, fazendo assim com que a compreenso seja maissimples. anti-social e no tico - Diz-se que o software proprietrio anti-social pelo fato da obrigao de recompra de licenas a cada dois anos. Imagine uma empresa como o Datasus, que possui cerca de 120 mil computadores espalhados por todo Brasil. Para que cada computador destes funcione, necessrio que o mesmo contenha um sistema operacional e pelo menos uma suite de escritrio, j que a grande maioria das pessoas utiliza o computador para escrever textos ou executarplanilhas.Se considerarmos que um sistema operacional proprietrio como o Windows XP Professional custa cerca de R$ 741,00 (setecentos e quarenta e um reais), e que uma suite de escritrio como o Office Professional 2003 custa em torno de R$ 1.446,00 (mil quatrocentos e quarenta e seis reais), podemos ento fazer uma conta simples: 741,00 + 1446,00 = 2.187,00 x 120.000 = R$ 262.440.000,00 (duzentos e sessenta e dois milhes quatrocentos e quarenta reais). Observe no entanto que este valor ter de ser novamente pago a medida que sai uma nova verso. Para entender melhor,imagine:Voc tem um amigo que mora nos Estados Unidos, e tanto voc quanto seu amigo utilizam o mesmo editor de textos, chamado PALAVRA 98. Toda semana voc monta um texto em um formato especial e envia para o seu amigo que mora em Boston, que ao receber seu texto por email, abre-o no editor PALAVRA 98, insere uma ou outra informao e publica o texto. Logo em seguida, ele envia de volta para voc o material j com os textos acertados e o complemento que ele adicionou ao texto original. Voc recebe o texto, imprime o material e guarda um backup para consultafuturas.Um belo dia, o seu amigo americano, que tem mais condies financeiras que voc, adquire uma nova verso do editor, chamada PALAVRA 2003 XisPa. Um negcio fabuloso de novo, mas que basicamente o mesmo editor anterior s que com algumas implementaes novas. Para lhe fazer uma surpresa, ele decide mexer no ltimo texto que voc enviou para ele e insere vrias alteraes e formatos diferentes, e decide salvar tudo isso no novo arquivo e envi-lo novamente para voc que est no Brasil com seu velhoeditor.Ao chegar a noite, como voc faz todos os dias, logo aps a conexo da internet voc baixa seus email e encontra o novo texto enviado por seu amigo. Ao tentar abri-lo, o seu editor amigo reclama, d erro, voc v uma pgina toda truncada, e por avai.Este tipo de problema to comum entre as verses dos softwares uma das maneiras com que o mercado da informtica obriga os seus clientes a comprarem novas verses dos seus produtos. Eles implementam alteraes que s podero ser acessadas, lidas, verificadas, a partir da aquisio de uma nova verso do produto. Isto significa que voc ter de adquirir novamente uma nova verso, seno voc no poder continuar trabalhando com as outras pessoas que dividem com voc as tarefas habituais na sua empresa ou na suaescola.Observe que quando isso se trata apenas de uma pessoa, voc ter um gasto a cada dois anos com uma nova verso do produto, no entanto, no nosso exemplo consideramos o Datasus com 120.000 micros, e com um gasto de R$ 262.440.000,00 (duzentos e sessenta e dois milhes quatrocentos e quarenta mil reais) para cada vez que atualizar seu parque de softwares bsicos. Isto significa que a cada dez anos o Datasus ter gasto cinco vezes o valor de compra, chegando ao final da dcada com gastos superiores a 2.6 Bilhes de reais apenas em atualizaes desoftware.Este tipo de gasto bi anual anti-social, pois faz com que o governo tenha que fazer investimentos caros em atualizaes de programas de computador, quando poderia estar efetivamente gastando em programas sociais. Alm disso, a forma com que a indstria do software trata seus usurios, obrigando-os a adquirir novas verses de seus programas considerado no tico, pois alm de ser um produto no escasso, o software tambm considerado um bem intangvel, ou seja, ele no um bem que a medida que as pessoas o obtenham no mercado atravs de uma cpia ele se esgote em um determinado momento, como por exemplo uma mesa, uma cadeira ou um automvel, que so compostos por materiais escassos, que num dado momento podemacabar.Esta diferenciao faz com que o produto software seja um produto no rival em comparao a outras mercadorias, muito pelo contrario, nas palavras do Prof. Srgio Amadeu, o software um produto que quanto mais se distribui, quanto mais se utilizado pelas pessoas, maior o seu valoragregado.

Divide o pblico e mantm seus usurios desamparados e dependentes - preciso observar um pouco a histria do ponto de vista de um produto como os sistemas operacionais para que se possa entender o que ocorre no mercado de trabalho dentro da rea da tecnologia dainformao.Inicialmente as empresas de informtica como a IBM, UNISYS, MICROSOFT, dentre outras, possuam equipamentos e sistemas operacionais que no eram conhecidos pela maioria dos tcnicos, isto era um problema, pois o mercado profissional no tinham pessoas com conhecimento suficiente sobre o produto das empresas, o que causava uma tremenda dificuldade para a massificao dos computadores e dos sistemas operacionais. Empresas como a IBM e a UNISYS optaram por distribuir gratuitamente nas universidades os seus computadores e sistemas operacionais, criando assim um grande nmero de futuros profissionais que teriam conhecimento sobre os seus produtos, isto significaria que em pouco espao de tempo, a medida que estes profissionais se formassem e fossem para o mercado de trabalho, levariam consigo as experincias adquiridas em computadores e sistemas operacionais que haviam praticado, fazendo com que, quando perguntados sobre "que computador voc conhece?", ou "que sistema operacional voc tem experincia" a resposta era sempre relativa ao conhecimento adquirido na universidade, fazendo com que estes profissionais se tornassem "garotos propaganda" de uma determinada empresa ou de um determinado produto chamado "sistemaoperacional".Com a Microsoft a histria era diferente, primeiro por que o mercado da empresa eram os computadores pessoais, e segundo, o mercado que a empresa desejava era muito maior. Isto fez com que fosse trilhado um outro caminho, muito parecido com as duas gigantes IBM e UNISYS, mas de uma forma diferente. Apesar de na poca j existirem no mercado diversas alternativas para inibir a cpia dos produtos "softwares", a empresa permitiu que a cpia dos seus sistemas operacionais fossem feitas sem problemas, fazendo com que os usurios de PCs domsticos tivessem facilmente acesso ao seu produto, massificando-o rapidamente. Diferente de outras empresas como a APPLE, que ligavam o software diretamente ao hardware que era vendido apenas por eles no mercado, a Microsoft seguiu o caminho iniciado pela IBM, que desenhara um modelo de computador para ser acessvel por todos, utilizando o conceito que hoje entendemos como Hardware Livre, ou seja, um modelo de computador que poderia ser industrializado por qualquer empresa de componentes eletrnicos. O que a Microsoft fez foi disponibilizar um sistema operacional que seria facilmente copiado para uso nestes computadores, no impedindo a cpia ou a "pirataria", como chamadahoje.Com o passar dos anos, e a massificao do seu produto, a empresa passou a ter o monoplio no mercado dos computadores pessoais, a grande maioria das empresas podia contratar pessoas no mercado de trabalho j com conhecimento do sistema operacional Windows, reduzindo assim os investimentos das empresas com a formao de pessoal. Vale a pena ressaltar que quando isso comeou a ocorrer, a Microsoft criou os elementos que permitiria a ela cobrar incisivamente das empresas o custo dos seus produtos, utilizando para isso as legislaes locais de cada pas, tendo no Brasil a ABES (Associao Brasileira de Empresas de Software) o papel de descobrir, processar e cobrar judicialmente das empresas o devido valor de cada produto proprietrio multiplicado por at 3000 (trs mil) vezes, e at quatro anos de priso para os responsveis pela pirataria. Ou seja, o que serviu a Microsoft para fazer a propaganda do seu produto, hoje tambm serve para ser uma renda adicional empresa, pela cobrana de multasabsurdas.Com tudo isso, podemos afirmar que hoje o mundo do software proprietrio divide os usurios entre aqueles que tem poder aquisitivo para comprar um produto, e os demais que vivem a margem da lei, de forma irregular, como criminosos, que utilizam os produtos de formailegal.Alm deste aspecto, tambm existem os programas de computador que prendem os usurios por longos perodos, como o caso de bancos de dados que possuem linguagens prprias, que so patenteadas e que no podem ser "disponibilizadas" para outros bancos de dados. Isto significa que se sua empresa optou por utilizar um banco de dados destes, e utilizou a linguagem proprietria, ter extrema dificuldade de migrar seus dados para outro banco, sem que seja necessrio grandes investimentos para converses. Por isso que afirmamos que o software proprietrio divide o pblico e mantm seus usuriosdependentes.

2.2 O que SoftwareLivre?Ajudar outras pessoas a base da nossa sociedadeDesde o incio da histria, nos mais remotos tempos, o ser humano vem convivendo socialmente com os seus pares. Desde cedo o homem aprendeu que era muito mais fcil sobreviver junto com outros seres humanos do que sobreviver sozinho, alm disso, ele tambm necessitava de uma outra caracterstica, que era a adaptao. Com esses dois elementos, viver socialmente e adaptar-se, fez com que o ser humano sobrevivesse at os dias dehoje.Um exemplo simples para entender como era necessrio ao homem viver em conjunto: imagine que num dado momento da histria de nossos ancestrais, o homem saa para caar diariamente logo ao amanhecer, e num dado momento do dia ele retornava com um coelho ou um pequeno animal que era simples para um nico homem capturar. Num dado momento, o homem percebeu que quando ele se juntava a outros homens e saam para caar juntos, eles retornavam aldeia com um bfalo ou outro animal maior, permitindo assim que vrias famlias se alimentassem sem problemas por vrios dias, dando-lhes tempo livre para outras tarefas naaldeia.Essa ao coletiva de compartilhar o alimento caado por todos, ou de fazer algo junto a outros da mesma espcie, to natural para ns humanos quanto falar, respirar, etc. Faz parte do nosso dia a dia o convvio com outros da nossa espcie. Alm do que, no existe um nico ser humano em todo nosso planeta que no tenha sido ajudado ou ajudou algum. natural para todos ns vivermos juntos, produzirmos juntos, ser colaborativo, compartilhar, ajudar, dar uma fora, enfim, ser solidrio parte do nossocotidiano.GutembergAssim foi o caminho da humanidade. Tudo que nossos ancestrais aprendiam era repassado para os filhos, dos filhos para os netos, e assim sucessivamente. O conhecimento sempre foi encarado por ns humanos como um instrumento de educao, um fato muito importante para a nossa sobrevivncia. A musica, a escrita, a matemtica e tantas outras informaes foram criadas e disponibilizadas livremente para todos. Mas isso, at um determinado momento da nossa histria foi assim, quando por volta do sculo 16, com o advento da mquina de imprimir produzida por GUTEMBERG, o Estado criou uma legislao para defender os inventores, os criadores, expressos nos termos da PropriedadeIntelectual.Wener2.3 O que OpenSource?Em traduo literal significa "Fonte Aberta". De uma forma geral, as pessoas que se referem ao movimento do Software Livre como Open Source na verdade esto mais preocupadas em passar as qualidades mais tcnicas, tais como: o fato de um programa ser aberto permite o estudo, os testes, a verificao das tarefas que ele executa, isso d garantias melhores sobre as funcionalidades, garantindo a segurana,etcNo geral, as pessoas que fazem parte deste movimento dito Open Source esto mais preocupadas com as questes tcnicas, e no vem no software livre uma alternativa de mudanas nas relaeshumanas.Fazem parte deste grupo uma boa parte dos desenvolvedores do Kernel, o prprio Linus Torvalds, e um dos expoentes mais velhos, Eric S. Raymond, que escreveu "A Catedral e o Bazar".2.4 O que FreeSoftware?Na traduo literal quer dizer "Programas de ComputadorLivres".Quem se refere a "Software Livre" est trabalhando na perspectiva de dizer o mesmo que o mundo "Open Source" do ponto de vista tcnica, mas tambm afirma que necessrio construirmos um mundo melhor, uma sociedade livre e solidria, uma nova sociedade baseada noutros princpios ticos, sendo, portanto, os entusiastas do movimento do software livre atores polticos, que vem na tecnologia uma maneira de apoiarmos as mudanas no mundo paramelhor.A pessoa mais representativa deste grupo o Richard Stallman, bem como a Distribuio Debian a que melhor representa os preceitos do mundo livre, tendo uma referencia inquestionvel na FilosofiaGNU.CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.Curso de Filosofia GNU - Parte3

Todo e qualquer software livre te concede 4 liberdades, voc as conhece? E o conceito de Copyleft? Voc conhece as licenas que lhe garante a sua liberdade?Na terceira parte do Curso de Filosofia GNU lhe sero apresentadas as 4 liberdades bsicas que um software livre te garante e voc ir entender porque a FSF (Free Software Foundation) luta para garantir estaliberdade.Free Sfotware Word CloudLembrando que este um contedo livre obtido no CDTC.3 ReconhecendoLiberdades3.1 As liberdadesconcedidasPara que um software seja considerado livre, necessrio que a licena do software conceda ao usurio 4 liberdades bsicas, asaber:A liberdade de executar um programa, independente dopropsito;

A liberdade de estudar um programa e adapt-lo s suasnecessidades;

A liberdade de distribuir cpias, tanto gratuitas quantovendidas;

A liberdade de distribuir verses modificadas, de tal forma que a comunidade se beneficie da sua produointelectual.

Aqui, nesta liberdade, vale a pena ressaltarmos que no existe uma dicotomia entre o software livre e o software pago. Os programadores de computador, assim como qualquer outro profissional, necessita sobreviver, pagar suas contas pessoais, o aluguel, a escola dos filhos, compras de supermercado,etc.O fato de um software ser livre no deve ser confundido com software gratuito, vulgarmente conhecido como "freeware". Um software gratuito concede apenas a voc o direito de utiliz-lo sem o pagamento de taxas ou licenas, j o software livre permite a voc direitos muito alm do valor daslicenas.Imagine que voc vai at uma banca de jornais, compra uma revista por R$ 9,90 (nove reais e noventa centavos) que traz junto um encarte contendo um CD com uma distribuio de software livre, a Debian por exemplo. Ao chegar em casa, voc faz cem cpias do CD, leva para a sua escola, e vende por R$ 5,00 (cinco reais) cada cpia. Isto legal. Voc tambm poderia distribuir gratuitamente para os seus amigos, para a empresa onde seus colegas trabalham, isso tudo seria muito legal, tanto do ponto de vista de uma ao solidria quanto do ponto de vistacomercial.Voc tambm pode entrar numa loja de informtica em um grande shopping, e l comprar uma caixa produzida por uma das empresas que distribuem nacionalmente software livre, como a Conectiva por exemplo. Esta caixinha deve lhe custar algo em torno de R$ 200,00 (duzentos reais), mas em vez de ser apenas um CD com algumas pginas de revista falando do como instalar, a caixinha traz junto um manual de 300 pginas, um vaucher para atendimento de suporte por dois meses, um bottom de um pinguinzinho, uma camiseta e um adesivo para colocar no seucarro.Note que em ambos os casos, o CD da revista e o CD que vem na caixinha da distribuio possuem software livre, a diferena est nos nveis de servio ofertados ou nas coisinhas que acompanham a distribuio. Voc tanto poder copiar o CD da revista quanto o CD que vem junto a caixinha com os manuais e tudo mais, pois voc estar, independente do dinheiro gasto, obtendo direitos que seroinalienveis.Ressalto ainda a importncia da questo dos valores. Voc sempre poder adquirir um software livre de graa, ou atravs de uma revista, e at mesmo pagando um preo bem superior para ter acesso a um produto, mas seja l o que voc pague, se o produto for livre, voc poder fazer dele o que quiser, exceto uma nica coisa: voc no poder, de forma alguma, transformar o que comprou em produto proprietrio, transform-lo em algo seu,exclusivamente.Note que voc pode comprar o CD do Debian numa banca de jornal, chegar em casa, escolher um dos programas de computador que est contido na distribuio, alter-lo do jeito que voc achar interessante (adapt-lo para as cores da sua empresa ou da sua escola, por exemplo), e redistribuir a verso modificada para os seus amigos e vizinhos, e at mesmo vender as suas alteraes. Mas no esquea: seja l o que voc faa, voc nunca poder transformar o programa em produto proprietrio, em algo apenas seu, independente do tamanho das alteraes que voc tenhainserido.3.2 DiferentesLicenasExistem basicamente dois tipos de licenas que tratam do resultado das criaes intelectuais. O Copyright ("direito de cpia") e o Copyleft ("esquerdo decpia").O Copyright, como visto antes, a licena que trata o mundo de forma proprietria, divide a sociedade, no tico, impede a solidariedade, considera o conhecimento como um bemprivado.O Copyleft reconhece a autoria, permitindo a interveno de terceiros, mantendo este direito qualquer pessoa que venha a interferir noprograma.Basicamente, como se voc, aps ter criado o programa, disponibiliza-o para o mundo dizendo: Concedo todos os direitos que tenho sobre este produto a terceiros, desde que estes direitos sejam mantidos aosdemais.Copyleft uma concesso dedireitos3.3 LicenasLivresExistem vrias licenas que so utilizadas no mundo do software livre, algumas 100% livres, como a GPL (General Public License) e a FDL (Free Documentation License), que so licenas publicadas pela Free Software Foundation.Na pgina da FSF voc encontrar uma lista com todas as licenas, definindo o que cada uma representa do ponto de vista da liberdade. imprescindvel o conhecimento sobre cada uma delas, evitando assim que voc incorra no erro de utilizar um produto nolivre.CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.Curso de Filosofia GNU - Parte4

Linux, Hurd e FreeBSD. A combinao dessa sopa de letrinhas com o termo GNU gera muita discusso dentro do mundo do Software Livre. Muitos dizem que purismo dos adeptos da FSF, outros acham justo.Essa uma parte delicada na Filosofia GNU, muitas pessoas no entendem porqu Richard Stallman implica tanto com a nomenclatura de sistemas operacionais. Muitas pessoas dizem que Stallman comeou da forma errada, escrevendo as ferramentas antes do kernel. Mas se analisarmos o contexto histrico (a "decadncia" do Unix), fazia sentido escrever primeiro as ferramentas para substituir aos poucos as ferramentas no livres, para posteriormente escrever um novokernel.I Want GNU!Lembrando que o Curso de Filosofia GNU um contedo livre obtido no CDTC.4 Sistema Operacional eKernel4.1 O SistemaGNUGNU o nome do sistema operacional criado por Richard Stallman no ano de 1984. Era muito comum na poca os programadores darem nomes aos seus programas utilizando-se de acrnimos recursivos (acrnimo - sm., conjunto de letras, pronunciado como uma palavra normal, formado a partir das letras iniciais ou de slabas de palavras sucessivas que constituem uma denominao), assim o Stallman a partir da afirmao "GNU Not Unix", criou o nome do sistema operacional,GNU.4.2 OKernelNo centro de um sistema operacional est o kernel. Ele composto por vrios programas que intermediam os aplicativos que voc usa no seu sistema operacional e a mquina, ohardware.Quando voc manda o seu programa de edio de textos gravar um arquivo, ele faz uma chamada ao kernel e "diz para ele": grave estes dados!. O kernel ento verifica se existe espao no disco, qual a primeira trilha livre para gravar, faz a gravao do seu arquivo, grava a tabela de ndice do disco, retorna ao seu editor de textos e "diz para ele": gravei o arquivo!, ao que, para voc, simplesmente a tela que voc utilizou para mandar gravar o arquivo vai fechar (se tudo correu bem), se houver um erro na gravao, ou a falta de espao em disco por exemplo, o seu aplicativo vai jogar outra tela no vdeo informando o "Erro naGravao".O Linux um kernel, um projeto iniciado em 25 de agosto de 1991 pelo finlands Linus Torvalds, e foi apoiado por milhares de programadores ao redor domundo.O Hurd um outro projeto, que vem sendo produzido pela Free Software Foundation, que utiliza um outro conceito, baseado em micro kernel, implementando caractersticasdiferentes.O FreeBSD um outro kernel, produzido pelo projeto BSD, e j existe projeto de implement-lo junto a distribuioDebian.Logo, GNU/Linux o nome correto para o conjunto do Sistema Operacional GNU acrescido do kernel de Linux Torvalds. Se o Sistema Operacional GNU for acrescido do kernel FreeBSD, ento o correto chamar o conjunto deGNU/FreeBSD.Note, o projeto de criao do kernel de Linux Torvalds de 1991, portanto, 7 anos aps o projeto da Free Software Foundation ter iniciado. A GPL, o compilador GCC e o editor Emacs j estavam prontos e disponveis juntamente com uma infinidade de programas que compunham o sistemaoperacional.CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.Curso de Filosofia GNU - Parte5

O defensores do Software Livre tm um sonho, um objetivo: Promover a igualdade tecnolgica e erradicar o analfabetismo tecnolgico. Estes objetivos podem ser atingidos aplicando a economia feita pelos estados em licenas de softwares proprietrios.Nesta quinta parte do Curso de Filosofia GNU, Djalma Valois Filho discorre sobre a nossa realidade no Brasil em que setores do pas o Software Livre deve ser aplicado, o objetivo de erradicar o analfabetismo tecnolgico, o desenvolvimento de valores (solidariedade, cooperao e apoio mtuo) e o como/onde aplicar o retorno deste investimento bem como suas prpriasexpectativas.Open Source Lembrando que este um contedo livre obtido no CDTC.5 O Brasil e o SoftwareLivre5.1 NossaRealidadeVivemos em um Estado sem recursos, temos dependncia tecnolgica (principalmente em sistemas operacionais) e a nossa populao carente de educao emtecnologia.A proposta que vem sendo trabalhada por vrias pessoas no movimento do software livre a eliminao do analfabetismo tecnolgico no Brasil, o Estado deve ter condies para incentivar e prover a sociedade com software livre, e incentivarmos a nossa sociedade a solidificar princpios como a Solidariedade, Cooperao e Apoio Mtuo.5.2 ComoFazer?Paralisao imediata da aquisio de software proprietrio, (principalmente) pelo Estado e por entidades comprometidas com asociedade.Exigncia de Software Livre, conforme as regras da GPL, tanto na produo interna das empresas, quanto nas aquisies de software nomercado.Aplicabilidade DosResultadoA economia feita pelo Estado poder ser investida em outros setores pblicos como Educao, Segurana, Moradia,etc..Brasil poder retomar a produo de Software Nacional alm dos meros aplicativos, tendo uma distribuio do Sistema Operacional com caractersticasprprias.Empresas tero mais capital para investir em formao de pessoal, modernizao dos parques computacionais,etcOs recursos gastos em Software permanecem no nosso pas, reduzindo a evaso de divisas para oexterior.5.3ExpectativaO Software Livre uma proposta de soluo para os anseios sociais de uma tecnologia aberta, de uma sociedade justa e solidria, que viabilizar todos os segmentos sociais a ingressarem no terceiro milnio em condies de igualdade no conhecimento dainformtica.CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.

Curso de Filosofia GNU - Parte6

Neste artigo Richard Stallman conta todo a historia da criao do sistema GNU (kernel e programas), do movimento do software livre, da criao das licenas GPL e LGPL, do conceito de copyleft, da FSF e muito mais.Este texto foi extrado do site gnu.org, nele Richard Stallman o criador do Software Livre discorre sobre o projeto GNU e como surgiu o movimento software livre no MIT, tendo como objetivo inicial a criao do sistema GNU. Neste texto ele passa pelo desmoronamento da comunidade hacker at chegar nosGNU/Linux.GNU/Linux StarbucksLembrando que este um contedo livre obtido no Projeto CDTC. Veja o restante deste contedo aqui.6. O Projeto GNU - RichardStallmanA primeira comunidade a compartilharsoftwareQuando eu comecei a trabalhar no Laboratrio de Inteligncia Artificial do MIT em 1971, tornei-me parte de uma comunidade que compartilhava software, j existente a vrios anos. O ato de compartilhar software no estava limitado a nossa comunidade em particular; to antigo quanto os computadores, da mesma forma que compartilhar receitas to antigo como cozinhar. Mas ns fazamos isto mais do que amaioria.O Laboratrio de IA usava um sistema operacional de timesharing denominado ITS (Incompatible Timesharing System Sistema incompatvel de tempo compartilhado) que os hackers [1] da equipe do laboratrio tinham projetado e escrito em linguagem Assembler para o PDP-10 da Digital, um dos maiores computadores da poca. Como membro desta comunidade, um hacker de sistema na equipe do laboratrio de IA, meu trabalho era melhorar estesistema.Ns no chamvamos nosso software de "software livre" porque este termo ainda no existia; mas isso o que era. Quando algum de outra universidade ou companhia queria portar e usar o programa, ns permitamos isto com prazer. Se voc visse algum usando um programa interessante e pouco conhecido, sempre poderia pedir para ver o cdigo-fonte, de forma que poderia l-lo, mud-lo, ou canibalizar certas partes do mesmo para fazer um novoprograma.O desmoronamento dacomunidadeA situao mudou drasticamente durante o incio dos anos 80 quando a Digital descontinuou a srie PDP-10. Sua arquitetura, elegante e poderosa nos anos 60, no escalou naturalmente conforme grandes espaos de endereamento se tornaram necessrios nos anos 80. Isto significou que praticamente todos os programas que compuseram o ITS tornaram-seobsoletos.A comunidade de hackers do laboratrio de IA j tinha se desmoronado, algum tempo antes. Em 1981, a companhia subsidiria Symbolics tinha contratado quase todos os hackers do laboratrio de IA, e a despovoada comunidade j no era mais capaz de se manter (o livro "Hackers", de Steve Levy, descreve estes eventos, e mostra um panorama claro desta comunidade em seus primrdios). Quando o laboratrio de IA adquiriu um novo PDP-10 em 1982, seus administradores decidiram utilizar o sistema de timesharing no livre da Digital em vez doITS.Os computadores modernos daquele tempo, como o VAX ou o 68020, tinham seus prprios sistemas operacionais, mas nenhum deles era software livre: voc tinha que assinar um "nondisclosure agreement" ("concordo em no revelar") at mesmo para obter uma cpiaexecutvel.Isto significava que o primeiro passo para usar um computador era prometer que no ajudaria seu vizinho. Proibiu-se a existncia de uma comunidade cooperativa. A regra feita pelos donos de software proprietrio era: "se voc compartilhar com seu vizinho, voc um pirata. Se quiser alguma mudana, pea-nos de forma que ns afaamos".A ideia de que o sistema social do software proprietrio sistema que diz que voc no tem permisso de compartilhar ou mudar o software anti-social, que no tico, que est simplesmente errado, pode ser uma surpresa para alguns leitores. Mas o que mais poderamos dizer de um sistema que est baseado em dividir o pblico e manter os usurios desamparados? Esses leitores que acham a ideia surpreendente podem ter levado o sistema social proprietrio como determinado, ou julgam isto em funo das condies sugeridas pelas companhias que fazem o software proprietrio. "Software publishers" (editores de software) trabalharam muito tempo e duro para convencer as pessoas que h somente um modo de ver estetpico.Quando os editores de software falam em "fazer valer" seus "direitos" ou em "parar a pirataria", isso que de fato dizem secundrio. A real mensagem destas declaraes est nas suposies que eles do por concedidas; presumido que o pblico aceite sem crtica. Ento vamosexamin-las.Uma das suposies que as companhias de software tm um direito natural inquestionvel de serem donas do software e ento terem poder sobre todos os seus usurios. (Se este fosse um direito natural, ento no importa quanto dano causa ao pblico, ns no poderamos contestar.) De modo muito interessante, a Constituio dos Estados Unidos de Amrica e a tradio legal rejeitam esta viso; direito autoral no um direito natural, mas um artifcio que o governo imps que limita o direito natural cpia pelosusurios.Outra suposio no declarada que a nica coisa importante sobre o software qual tarefa ele permite voc fazer que ns usurios de computadores no deveramos nos preocupar com que tipo de sociedade nos permitidoter.Uma terceira suposio que ns no teramos nenhum software utilizvel (ou, nunca se teria um programa para fazer este ou aquele trabalho em particular) se ns no oferecssemos a uma companhia poder sobre os usurios deste programa. Esta suposio pode ter soado plausvel, antes do movimento para o software livre demonstrar que ns podemos fazer software bastante til sem p-los emcorrentes.Se nos recusarmos a aceitar estas suposies, e julgarmos estes tpicos na base moral que nos d o senso comum colocando o usurio em primeiro lugar, ns chegaremos a concluses muito diferentes. Os usurios de computadores devem ter liberdade para modificar programas, para os ajustar s suas necessidades, e liberdade para compartilhar software, porque ajudar outras pessoas a base dasociedade.No h lugar aqui para nos estender no raciocnio que h atrs desta concluso, e por esse motivo eu peo ao leitor que v a pgina da web Por que o software no deve ter donos.Uma escolha moralseveraAo desaparecer minha comunidade, continuar como antes era impossvel. Em vez disto, eu enfrentei uma escolha moralsevera.A escolha fcil era unir-me ao mundo do software proprietrio, assinar os "acordos de no revelar" e prometer que no ajudaria meu companheiro hacker. Provavelmente eu tambm desenvolveria software que seria lanado debaixo de "acordos de no revelar" e desse modo tambm aumentado as presses em outras pessoas de forma que eles trassem seuscompanheiros.Eu poderia ter feito dinheiro deste modo, e talvez me divertido escrevendo cdigos. Mas eu sabia que ao trmino da minha carreira, ao olhar para atrs, anos construindo paredes para dividir as pessoas, sentiria que eu havia passado minha vida fazendo do mundo um lugarpior.J tinha experimentado ser o recebedor de um "acordo de no revelar", quando algum recusou dar, a mim e ao Laboratrio de IA do MIT, o cdigo fonte para o controle de nossa impressora (A ausncia de certas caractersticas neste programa faziam com que o uso da impressora fosse extremamente frustrante). Assim, eu no podia dizer a mim mesmo que os "acordos de no revelar" eram inocentes. Enfureceu-me muito quando ele recusou-se a compartilhar conosco; eu no pude dar a volta e fazer a mesma coisa a outrapessoa.Outra escolha, direta mas desagradvel, era abandonar o campo da informtica. Desse modo minhas habilidades no seriam mal usadas, mas elas ainda seriam desperdiadas. Eu no seria culpado de dividir e restringir os usurios de computadores, mas isto aconteceriaigualmente.Assim eu procurei o modo no qual um programador poderia fazer algo para o bem. Eu me perguntei: haveria algum programa ou programas que eu pudesse escrever, para tornar a comunidade possvel mais umavez?A resposta era clara: a primeira coisa necessria era um sistema operacional. Este o software crucial para comear a usar um computador. Com um sistema operacional voc pode fazer muitas coisas; sem um, no consegue nem fazer funcionar o computador. Com um sistema operacional livre, ns poderamos ter uma comunidade de hackers cooperando novamente e convidar qualquer um para unir-se a ns. E qualquer um poderia usar um computador sem comear por conspirar para privar seusamigos.Como um desenvolvedor de sistema operacional, eu tinha as habilidades apropriadas para esta tarefa. Assim, embora eu no tivesse garantias de sucesso, eu percebi que tinha sido escolhido para fazer esse trabalho. Eu decidi fazer com que o sistema fosse compatvel com Unix porque deste modo seria porttil, e assim aqueles usurios de Unix poderiam migrar para ele com facilidade. O nome GNU foi escolhido seguindo uma tradio hacker, como acrnimo recursivo para "Gnu is Not Unix" (Gnu no Unix).Um sistema operacional no s um kernel (ncleo), executando basicamente outros programas. Nos anos setenta, todo sistema operacional merecedor de ser chamado assim incluam processadores de comandos, montadores, compiladores, interpretadores, depuradores, editores de texto, programas de correio, e muitos mais. ITS os teve, Multics os teve, VMS os teve e Unix os teve. O Sistema Operacional GNU tambm osteria.Mais tarde eu escutei estas palavras, atribudas a Hillel [2]:Se eu no for por mim, quem ser pormim?Se eu s for por mim, o que eusou?Se no agora,quando?A deciso de comear o projeto GNU estava baseado em um espritosemelhante.Free comoliberdadeO termo "free software" (em ingls free = livre ou grtis) s vezes mal interpretado no tem nada a ver com o preo, e sim com liberdade. Aqui, ento, a definio de software livre : um programa software livre, para voc, um usurio em particular,se:Voc tem liberdade para executar o programa, com qualquerpropsito;

Voc tem a liberdade para modificar o programa e adapt-lo s suas necessidades (para fazer esta liberdade ser efetiva na prtica, voc deve ter acesso ao cdigo fonte, porque modificar um programa sem ter a fonte de cdigo excessivamentedifcil);

Voc tem liberdade para redistribuir cpias, tanto grtis como comtaxa;

Voc tem a liberdade para distribuir verses modificadas do programa, de tal modo que a comunidade possa beneficiar-se com as suasmelhorias.

Como "free" (livre) refere-se a "freedom" (liberdade) e no a preo, no existe contradio entre a venda de cpias e o software livre. De fato, a liberdade para vender cpias crucial: as colees de software livre que so vendidos em CD-ROM so importantes para a comunidade e a venda, dos mesmos um modo importante para obter fundos para o desenvolvimento de software livre. Ento, se as pessoas no puderem incluir um programa nestas colees, este no um softwarelivre.Por causa da ambiguidade de "free", as pessoas a muito tm procurado alternativa, mas ningum achou uma alternativa apropriada. O idioma ingls tem mais palavras e nuances que qualquer outro, mas falta uma palavra simples, no ambgua, palavra que signifique "free" (livre), como em "freedom" (liberdade) "unfettered" (sem correntes) a palavra que mais entra no ntimo significando. Outras alternativas como "liberated" (liberado), "freedom" (liberdade) e "open" (aberto) tm o significado errado ou alguma outradesvantagem.O software GNU e o sistemaGNUO desenvolvimento de um sistema inteiro um projeto muito grande. Para traz-lo ao alcance, eu decidi adaptar e usar os pedaos existentes de softwares livres sempre que era possvel. Por exemplo, eu decidi bem no inicio usar TeX como formatador de texto principal; poucos anos depois, decidi usar o Sistema X Window, em vez de escrever outro sistema de janelas para oGNU.Por causa desta deciso, o sistema GNU no o mesmo que a coleo de todos os softwares GNU. O sistema GNU inclui programas que no so nenhum software GNU, programas que foram desenvolvidos por outras pessoas e projetos para os seus prprios propsitos, o qual ns podemos usar porque eles so softwarelivre.Comeando oprojetoEm janeiro de 1984 eu deixei meu trabalho no MIT e comecei a escrever o software GNU. Deixar o MIT era necessrio para que o MIT no quisesse interferir com a distribuio de GNU como software livre. Se eu tivesse continuado como parte da equipe, o MIT, poderia ter reivindicado propriedade no trabalho, e poderia ter imposto as prprias condies de distribuio, ou at mesmo poderia transformar o trabalho em um pacote de software proprietrio. Eu no tinha a inteno de fazer um trabalho enorme somente para v-lo tornar-se intil a seu almejado propsito: criar uma nova comunidade de softwarecompartilhado.Porm, o Professor Winston, ento a cabea do Laboratrio de IA do MIT, gentilmente convidou-me a continuar usando a estrutura dolaboratrio.Os primeirospassosPouco antes de comear no projeto GNU, eu escutei sobre o "Free University Compiler Kit" (Compilador da Universidade Livre), tambm conhecido como VUCK (A palavra alem para "free" comea com um V). Era um compilador projetado para controlar mltiplas linguagens, inclusive C e Pascal, e para suportar mquinas de mltiplos propsitos. Eu escrevi ao autor perguntando se o GNU poderiaus-lo.Ele me respondeu ironicamente, declarando que indubitavelmente a universidade era livre, mas o compilador no. Ento, eu decidi que meu primeiro programa para o projeto GNU seria um compilador multilngue emultiplataforma.Com a esperana de evitar ter que escrever o compilador inteiro eu mesmo, obtive o cdigo fonte do compilador Pastel, o qual era um compilador multiplataforma desenvolvido na "Lawrence Livermore Lab". Suportava e foi escrito em uma verso estendida de Pascal, projetado para ser usado como linguagem de programao em nvel de sistemas. Eu acrescentei um "front end" em C, e comecei portando-o para o computador Motorola 68000. Mas eu tive que abandonar a ideia ao descobrir que o compilador precisava de muitos megabytes de espao na pilha, e o sistema Unix para 68000 somente permitia 64KB.Eu percebi ento que o compilador "Pastel" trabalhou analisando gramaticalmente o arquivo de entrada inteiro em uma rvore de sintaxe, convertendo essa rvore em uma cadeia de "instrues", e ento gerando o arquivo de sada inteiro, sem liberar em qualquer momento o espao ocupado. Neste momento, eu conclu que tinha que escrever um compilador novo partindo de zero. Esse novo compilador agora conhecido como GCC; no h qualquer coisa do compilador "Pastel" nele, mas eu consegui adapt-lo e usar o "front end" em C que tinha escrito. Mas isso aconteceu alguns anos depois; primeiro, eu trabalhei no GNUEmacs.GNUEMACSEu comecei a trabalhar no GNU Emacs em setembro de 1984, e no comeo de 1985 comeou a ser usvel. Isto me permitiu usar sistemas Unix para fazer a edio; no tendo nenhum interesse em aprender a usar o VI ou ED, eu tinha feito minha edio em outros tipos de mquinas at aquelemomento.A essas alturas, pessoas comearam a querer usar GNU Emacs o que levantou a pergunta de como distribu-lo. Claro que, eu pus isto no servidor de FTP annimo no computador do MIT que eu usava (este computador, prep.ai.mit.edu, transformado, se tornou assim o principal local de distribuio por FTP de GNU; quando foi confiscado depois de alguns anos, ns transferimos o nome para nosso novo servidor de FTP). Mas naquele tempo, muitas pessoas interessadas no estavam na Internet e no puderam obter uma cpia atravs de FTP. Assim a pergunta era: o que eu digo aeles?Eu poderia ter dito, "ache um amigo que est na rede e que far uma cpia para voc". Ou poderiam ter feito o que eu fiz com o Emacs para PDP-10 original: lhes falei "me envie uma fita e um envelope com o endereo e os selos de correio necessrios, e eu lhe devolverei a fita com o Emacs dentro". Mas eu estava sem trabalho e estava procurando uma maneira de fazer dinheiro com o software livre. Ento eu anunciei que enviaria uma fita para quem quisesse, por uma taxa de $150. Deste modo, eu comecei um negcio de distribuio de software livre, o precursor das companhias que atualmente distribuem sistemas completos GNU baseado emLinux.O programa livre para qualquerusurio?Se um programa software livre quando deixa as mos de seu autor, isto no significa que ser software livre para qualquer um que tenha uma cpia dele. Por exemplo, o software de domnio pblico (software que no est sujeito ao direito autorais de qualquer pessoa) software livre; mas qualquer um pode fazer uma verso modificada proprietria dele. Igualmente, so registrados muitos programas livres mas distribudos por meio de licenas simples que permitem verses modificadasproprietrias.O exemplo paradigmtico deste problema o sistema X Window. Desenvolvido no MIT, e liberado como software livre com um licena permissiva, foi logo adotado atravs de vrias companhias de computador. Eles acrescentaram X a seus sistemas proprietrios Unix, somente no formato binrio, e coberto pelo mesmo "acordo de no revelar". Estas cpias de X no eram mais software livre do que o era oUnix.Os desenvolvedores do sistema X Window no consideraram este um problema eles esperavam e pretendiam que isto acontecesse. Sua meta no era liberdade, s o "sucesso", definido como "tendo muitos usurios". No os preocupou se esses usurios teriam liberdade, s que eles deveriam sernumerosos.Isto nos leva a uma situao paradoxal na qual dois modos diferentes de medir a liberdade deram respostas diferente pergunta " este um programa livre?". Se voc julgasse baseado na liberdade provida pelas condies de distribuio do MIT, voc diria que X software livre. Mas se voc medisse a liberdade do usurio comum de X, diria que X software proprietrio. A maioria dos usurios de X estava executando verses proprietrias que vieram dos sistemas Unix, no a versolivre.Copyleft e o GNUGPLA meta de GNU era dar liberdade aos usurios, no s ser popular. Ento, ns deveramos usar condies de distribuio que preveniriam que o software GNU se tornasse proprietrio. O mtodo que ns usamos foi denominado "copyleft" [3].O copyleft usa a lei protegida por direitos autorais, mas d a volta para servir ao oposto de seu propsito habitual: em vez de ser um meio de privatizar o software, se torna um meio de manter livre osoftware.A ideia central do copyleft que ns damos a qualquer um a permisso para executar o programa, copiar o programa, modificar o programa e redistribuir verses modificadas mas ns no lhe damos permisso para somar restries de sua propriedade. Deste modo, as liberdades cruciais que definem o "software livre" so garantidos a qualquer um que tenha uma cpia; eles tornam-se direitosinalienveis.Para um copyleft efetivo, as verses modificadas tambm devem ser livres. Isto assegura que todo o trabalho baseado no nosso fica disponvel para nossa comunidade se publicado. Quando os desenvolvedores que trabalham como programadores voluntrios para melhorar o software GNU, o copyleft que impede que os empregadores digam: "no pode compartilhar essas mudanas, porque ns queremos us-las para fazer nossa verso proprietria doprograma".A exigncia de que as mudanas devem ser livres essencial se ns quisermos assegurar a liberdade para cada usurio do programa. As companhias que privatizaram o sistema X Window em geral fizeram algumas mudanas para portar isto aos sistemas e ao hardware. Estas mudanas eram pequenas comparadas com o grande tamanho do X, mas elas no eram triviais. Se fazer mudanas fosse uma desculpa para negar liberdade aos usurios, seria fcil qualquer um tirar proveito dadesculpa.Um tpico relacionado trata a combinao de um programa livre com um de cdigo no livre. Tal combinao ser inevitavelmente no livre; qualquer liberdade que perdeu a parte no livre, tambm perder o todo. Permitir tais combinaes abriria um buraco grande o suficiente para afundar um navio. Para isto, uma exigncia crucial ao copyleft tapar este buraco: qualquer coisa somada ou combinada com um programa de copyleft deve ser de tal forma que a verso total combinada tambm seja livre e copyleft.A implementao especfica de copyleft que ns usamos para a maioria do software GNU o "GNU General Public License" (GNU Licena de Pblico Geral) ou GNU GPL para abreviar. Ns temos outros tipos de copyleft que so usados em circunstncias especficas. Manuais de GNU tambm so copyleft, mas usa um copyleft muito mais simples, porque a complexidade do GNU GPL no necessrio paramanuais.A Free Software Foundation(FSF)Como o interesse no uso do Emacs foi crescendo, outras pessoas foram envolvidas no projeto GNU, e decidimos que estava na hora de procurar fundos novamente. Assim em 1985 criamos a "Free Software Foundation" (Fundao Software Livre), uma organizao isenta de impostos para o desenvolvimento do software livre. A FSF tambm assumiu o negcio de distribuio em fita do Emacs; mais tarde estendeu isto ao acrescentar outros produtos de software livre (tanto GNU como no-GNU) para a fita, e com a venda de manuais livrestambm.O FSF aceita doaes, mas a maioria de suas rendas sempre veio das vendas de cpias de software livre, e outros servios relacionados. Hoje vende CD-ROMs de cdigo fonte, CD-ROMs com binrios, manuais impressos (tudo com liberdade para redistribuir e modificar), e distribuies de luxo (onde ns incorporamos uma coleo inteira de software para a plataforma de suaescolha).Os empregados da Fundao Software Livre escreveram e mantm uma quantidade de pacotes de software GNU. Dois casos notveis so a biblioteca de C (glib) e o Shell. A biblioteca GNU C a usada por todo programa executado em um sistema GNU/Linux para comunicar-se com o Linux. Foi desenvolvido por um membro da equipe da Fundao, Roland McGrath. O Shell que usado na maioria dos sistemas GNU/Linux o bash, o Bourne Again Shell [4], que foi desenvolvido por Brian Fox, empregado doFSF.Ns provemos os fundos para o desenvolvimento desses programas porque o projeto GNU no era s sobre ferramentas ou um ambiente de desenvolvimento. Nossa meta era um sistema operacional completo, e esses programas eram necessrios para essameta.Suporte ao SoftwareLivreA filosofia do software livre rejeita uma prtica de negcio especfica amplamente difundida, mas no est contra os negcios. Quando estes respeitam a liberdade dos usurios, ns lhes desejamossucesso.A venda de cpias de Emacs mostrou um tipo de negcio com software livre. Quando a FSF o assumiu, precisei de outro modo de ganhar a vida. Eu o encontrei na venda de servios relacionada com o software livre que tinha desenvolvido. Isto incluiu ensino, assuntos de como programar GNU Emacs, e como personalizar GCC, e o desenvolvimento de software, na maioria portando, GCC para novasplataformas.Hoje cada um desses tipos de negcio com software livre praticado por vrias corporaes. Alguns distribuem colees de software livre em CD-ROM; outros vendem suporte em nveis que variam desde respostas as questes do usurios, conserto de "bugs", at o agregado de novas caractersticas. Ns estamos at comeando a ver companhias de software livre baseadas no lanamento de novos produtos de softwarelivre.Entretanto, tenha cuidado vrias companhias que se associam com o termo "Open Source" na realidade baseiam seus negcios em software no livre que trabalha com software livre. Elas no so companhias de software livre, mas companhias de software proprietrio cujos produtos tentam os usurios a abandonar a liberdade. Usam a denominao "valor agregado" o que reflete os valores que eles gostariam que ns adotssemos: convenincia sobre liberdade. Se ns valorizssemos mais a liberdade, ns deveramos denominar esses produtos de "liberdadesubtrada".MetastcnicasA principal meta de GNU era ser software livre. At mesmo se GNU no tivesse nenhuma vantagem tcnica em cima do Unix, teria uma vantagem social, ao permitir cooperar com os usurios, e uma vantagem tica, respeitando a liberdade dosusurios.Mas era natural aplicar os padres conhecidos a boa prtica do trabalho por exemplo, alocando estruturas de dados dinamicamente para evitar limites arbitrrios de tamanho fixo, e controlar todos os possveis cdigos de 8 bits onde quer que isso fizessesentido.Alm disso, ns rejeitamos o foco do Unix em tamanhos de memria pequenos, decidindo por no dar suporte a mquinas de 16 bits (estava claro que as mquinas de 32 bits seriam a norma para quando o sistema GNU fosse acabado), e no fazer qualquer esforo para reduzir o uso de memria, a menos que excedesse o megabyte. Nos programas em que no era crucial a manipulao de arquivos muito grandes, ns incentivamos os programadores a ler o arquivo de entrada em memria, e ento explorar o seu contedo, sem ter que preocupar-se com oE/S.Estas decises permitiram que muitos programas GNU ultrapassassem s compensaes do UNIX em confiabilidade evelocidade.ComputadoresdoadosComo a reputao do projeto GNU cresceu, as pessoas comearam a oferecer doaes de mquinas que executassem UNIX para o projeto. Estas eram muito teis, porque o modo mais fcil de desenvolver componentes GNU era fazer isto em um sistema UNIX, e ento substituir os componentes daquele sistema um a um. Mas eles trouxeram uma pergunta tica: se estava correto para ns ter uma cpia de todo oUNIX.UNIX era (e ) um software proprietrio, e a filosofia do projeto GNU diz que ns no deveramos usar software proprietrio. Mas, aplicando o mesmo raciocnio a estes objetivos conclumos que a violncia em defesa justificada, eu conclui que era legtimo usar um pacote proprietrio quando isso era crucial para desenvolver uma substituio livre que ajudaria outros a deixar de usar o pacoteproprietrio.Mas, mesmo se este fosse um mal justificvel, ainda seria um mal. Hoje ns j no temos qualquer cpia de Unix, porque ns os temos substitudo com sistemas operacionais livres. Se ns no pudssemos substituir o sistema operacional de uma mquina por um livre, substituiramos amquina.A lista de tarefasGNUComo o projeto GNU prosseguiu, e um nmero crescente de componentes de sistema ou foram encontrados ou desenvolvidos, eventualmente se tornou necessrio fazer uma lista das lacunas restantes. Ns usamos isto para recrutar desenvolvedores para escrever os pedao que faltavam. Esta lista comeou a ser conhecida como a lista de tarefas GNU (GNU Task List). Alm dos componentes Unix que faltavam, ns acrescentamos lista vrios outros softwares teis e projetos de documentao que, ns pensvamos, deveria ter um sistema verdadeiramentecompleto.Hoje [5], dificilmente algum componente Unix est na lista de tarefas GNU esses trabalhos j foram acabados, fora alguns no essncias. Mas a lista est cheia de projetos que alguns poderiam chamar "aplicaes". Qualquer programa que atraia mais de uma classe estreita de usurios seria uma coisa til para acrescentar a um sistemaoperacional.At mesmo jogos so includos na lista de tarefas e estiveram desde o princpio. Unix incluiu jogos assim, naturalmente, GNU tambm os incluiu. Mas a compatibilidade no era um assunto para os jogos, assim ns no seguimos a lista que teve o Unix. Ao invs disto, ns listamos uma gama de diferentes classes de jogos que os usurios pudessemgostar.A Biblioteca GNUGPLA biblioteca GNU C usa uma classe especial de copyleft denominado "GNU Library General Public License" [6] (Licena Pblica Geral para Bibliotecas GNU) isso d permisso para conectar o software proprietrio com a biblioteca. Porque fazer estaexceo?No uma questo de princpios; nem h nenhum princpio que diga que produtos de software proprietrio devam incluir nosso cdigo (Porque contribuir com um projeto que se recusa a compartilhar conosco?). O uso de LGPL para bibliotecas C, ou para qualquer outra biblioteca, um assunto deestratgia.A biblioteca C faz um trabalho genrico; todo o sistema proprietrio ou compilador vem com uma biblioteca de C. Ento, fazer nossa biblioteca s estar disponvel para o software livre, no teria dado vantagem alguma s teria desencorajado o uso da nossabiblioteca.H um sistema que uma exceo a isto: no sistema GNU (e isto inclui os sistemas GNU/Linux), a biblioteca GNU C a nica biblioteca C. Assim as condies de distribuio da biblioteca GNU C determinam se possvel compilar um programa proprietrio para um sistema GNU. No h nenhuma razo tica para permitir aplicaes proprietrias no sistema GNU, mas estrategicamente parece que desaprovando, far desencorajar mais o uso do sistema GNU que encorajar o desenvolvimento de aplicaeslivres.Isso por que o uso da LGPL uma boa estratgia para a biblioteca C. Para outras bibliotecas, a deciso estratgica precisa ser considerada caso a caso. Quando uma biblioteca faz um trabalho especial que pode ajudar a escrever certos tipos de programas, ento liberando-os sobre a GPL, limitando-a s a programas livres, um modo de ajudar a outros desenvolvedores de software livre, ao prov-los de uma vantagem contra o softwareproprietrio.Considere o GNU Readline, uma biblioteca desenvolvida para prover edio na linha de comando para bash. Readline liberado sobre a GNU GPL ordinrio, e no sobre a LGPL. Isto provavelmente diminui a quantidade de uso da Readline, mas isso no significa perda para ns. Enquanto isso, pelo menos uma aplicao til foi feita especificamente para software livre assim pode-se usar a Readline, e isso um ganho real para nossacomunidade.Os desenvolvedores de software proprietrio tm as vantagens que o dinheiro prov; os desenvolvedores de software livre precisam criar vantagens um para o outro. Eu tenho a esperana de que algum dia ns tenhamos uma grande coleo de bibliotecas cobertas por GPL que no tenha paralelo disponvel entre o software proprietrio, provendo mdulos teis para servir como blocos construtivos em novos softwares livres, e acrescentando uma maior vantagem para adiantar o desenvolvimento de softwarelivre."Quebrando umgalho"?Eric Raymond diz que "Todo o bom trabalho em software comea com um desenvolvedor quebrando um galho". Talvez isso acontea s vezes, mas muitas das partes essenciais do software GNU foram desenvolvidas para ter um sistema operacional livre completo. Eles vieram de uma viso e um plano, no de umimpulso.Por exemplo, ns desenvolvemos a biblioteca GNU C porque um sistema do estilo Unix precisava de uma biblioteca C; o Bourne-Again Shell (bash) porque um sistema do estilo Unix precisava de um shell, e o GNU tar porque um sistema do estilo Unix precisava de um compactador tar. O mesmo aplicado a meus prprios programas o compilador GNU C, GNU Emacs, GDB e GNUMake.Alguns programas GNU foram desenvolvidos para tratar ameaas especficas a nossa liberdade. Assim, ns desenvolvemos o gzip para substituir o programa de compresso, que estava perdido para nossa comunidade por causa das patentes da LZW. Ns achamos pessoas para desenvolver o LessTif, e mais recentemente comear o GNOME e o Harmony, para desviar os problemas causados por uma certa biblioteca proprietria (veja abaixo). Ns estamos desenvolvendo o GNU Privacy Guard (Guarda de Privacidade GNU) para substituir um popular software de criptografia no livre, porque usurios no devem ter que escolher entre privacidade eliberdade.Claro que, as pessoas que escrevem estes programas tornaram-se interessadas no trabalho, e vrias pessoas somaram muitas caractersticas a eles para satisfazer as suas prprias necessidades e interesses. Mas isso no a razo para a qual os programasexistem.DesenvolvimentosinesperadosNo comeo do projeto GNU, imaginei que ns desenvolveramos o sistema GNU inteiro, e ento liber-lo por completo. Isso no foi o queaconteceu.Considerando que cada componente de um sistema GNU foi implementado em um sistema Unix, todo componente poderia rodar em sistemas Unix, muito antes que existisse um sistema GNU completo. Alguns desses programas ficaram populares e os usurios comearam a os estender e os portar para as vrias verses incompatveis de Unix, e s vezes para outros sistemastambm.O processo fez este programa muito mais poderoso, e atraiu fundos e contribuintes para o projeto GNU. Mas isso provavelmente tambm atrasou a concluso de um sistema de funcionamento mnimo por muitos anos, como o tempo dos desenvolvedores GNU foi empregado em manter essa portabilidade e acrescentar caractersticas aos componentes existentes, em lugar de avanar em escrever um componenterestantes.O GNUHurdEm 1990, o sistema GNU estava quase completo; o nico componente restante importante era o kernel. Ns decidimos implementar nosso kernel como uma coleo de processos servidores que rodam em Mach. Mach um micro kernel desenvolvido na Carnegie Mellon University e depois na University of Utah; o GNU HURD uma coleo de servidores (ou "rebanho de gnus") que rodam em Mach, e fazem as vrias tarefas do kernel do Unix. O incio do desenvolvimento foi atrasado enquanto ns espervamos a liberao do Mach como software livre, como havia sidoprometido.Uma razo para isto era evitar o que parecia ser a parte mais dura do trabalho: depurar um kernel sem um depurador de cdigo fonte para faz-lo. Esta parte do trabalho j havia sido feita em Mach, e ns esperamos depurar os servidores HURD como programas de usurio, com GDB. Mas levou muito tempo para fazer isto possvel, e os servidores multi-threaded que enviavam mensagens entre si mostraram-se muito difceis de depurar. Fazendo o HURD trabalhar solidamente se estendeu por muitosanos.AlixO kernel GNU no foi originalmente chamado HURD. O seu nome original era Alix nomeado assim por causa da mulher que era minha amada naquele tempo. Ela, uma administradora de sistema Unix, havia mostrado como o seu nome se ajustaria aos padro de nomenclatura comuns s verses de sistema Unix; por brincadeira, ela falou para seus amigos, "Algum deveria dar o meu nome a um kernel". Eu no disse nada, mas decidi surpreend-la com um kernel chamadoAlix.No permaneceu desta maneira. Michael Bushnell (agora Thomas), o principal desenvolvedor do kernel, preferiu o nome HURD, e redefiniu Alix para se referir a uma certa parte do kernel a parte que captura as chamadas do sistema e os negocia enviando mensagens para os servidoresHURD.No final da contas, Alix e eu nos separamos, e ela mudou seu nome; independentemente, o design de HURD foi mudado de forma que o biblioteca C enviaria mensagens diretamente aos servidores, e isto fez com que o componente Alix desaparecesse dodesign.Mas antes de estas coisas aconteceram, um amigo dela deparou-se com o nome Alix no cdigo fonte do HURD, e mencionou o nome a ela. Assim o nome cumpriu seuobjetivo.Linux eGNU/LinuxO GNU HURD no est pronto para o uso em produo. Felizmente, outro kernel est disponvel. Em 1991, Linus Torvalds desenvolveu um kernel compatvel com Unix e o chamou de Linux. Por volta de 1992, combinando Linux com o no completo sistema GNU, resultou num sistema operacional livre completo (claro que combin-los foi um trabalho significativo). devido ao Linux que atualmente ns podemos, de fato, rodar uma verso do sistemaGNU.Ns denominamos esta verso de GNU/Linux, para expressar a combinao do sistema de programas GNU com o kernel Linux. Por favor, evite a prtica de chamar todo o sistema de "Linux", uma vez que isto implica atribuir nossos esforos a outra pessoa. Por favor mencione-nos igualmente.Desafios em nossofuturoNs provamos nossa capacidade para desenvolver um largo espectro de software livre. Isto no significa que ns somos invencveis e impossveis de deter. Muitos desafios fazem o futuro do software livre incerto; enfrent-los requerer esforos firmes e resistncia, s vezes durante anos. Exigir o tipo de determinao que as pessoas exibem quando valorizam sua liberdade e no permitiro que ningum atire.As prximas quatro sees discutem estesdesafios.HardwaresecretoOs fabricantes de hardware crescentemente tentam manter segredo de suas especificaes. Isto dificulta escrever drivers livres, para que Linux e XFree86 possam suportar assim, novos hardwares. Ns temos sistemas livres completos hoje, mas no os teremos amanh se no pudermos suportar os computadores deamanh.Existem dois modos de lutar com este problema. Os programadores podem fazer engenharia reversa para entender como suportar o hardware. O resto de ns pode escolher o hardware que admite software livre; conforme nosso nmero aumente, o segredo das especificaes se tornar uma polticaderrotada.A engenharia reversa um grande trabalho; ns teremos programadores com suficiente determinao para empreender isto? Sim se construirmos um sentimento forte de que o software livre uma questo de princpio, e que os drivers no livres so intolerveis. E um grande nmero de ns estar disposta a gastar dinheiro extra, ou at mesmo um pequeno tempo extra, para que possamos usar drivers livres? Sim, se a determinao de liberdade fordifundida.Bibliotecas nolivresUma biblioteca no livre que roda em um sistema operacional livre atua como uma armadilha para os desenvolvedores de software livre. As caractersticas atraentes da biblioteca so a isca; se voc usar a biblioteca, voc cai na armadilha, porque seu programa no pode ser til sendo parte de um sistema operacional livre (no sentido exato, ns podemos incluir seu programa, mas no trabalhar sem o restante da biblioteca). Pior ainda, se um programa que usa a biblioteca proprietria tornar-se popular, ela pode atrair outros programadores descuidados para aarmadilha.O primeiro exemplo deste problema era o equipamento de Motif Toolkit, l nos anos oitenta. Embora no houvesse ainda nenhum sistema operacional livre, estava claro o problema que Motif lhes causaria mais tarde. O projeto GNU respondeu de dois modos: solicitando a projetos individuais de software livre para suportar o Free X Toolkit Widgets to bem quanto o Motif, e pedindo para algum escrever uma substituio livre para o Motif. O trabalho levou vrios anos; LessTif, desenvolvido pelos Hungry Programmers (os Programadores Famintos) ficou poderoso o bastante para suportar a maioria das aplicaes Motif somente em1997.Entre 1996 e 1998, outra biblioteca de ferramentas GUI no livre, denominado Qt, era usado em uma coleo significativa de software livre: o desktopKDE.Os sistemas livres GNU/Linux no puderam usar KDE, porque ns no podamos usar a biblioteca. Porm, alguns distribuidores comerciais de sistemas GNU/Linux que no era to rgido ao aderir ao software livre, acrescentaram o KDE aos seus sistemas produzindo um sistema com mais capacidades, mas menos liberdade. O KDE Group estava encorajando ativamente a mais programadores a usar Qt, e milhes de novos "usurios Linux" nunca tinham sido expostos ideia de que havia um problema nisto. A situao pareciasevera.A comunidade do software livre respondeu a este problema de dois modos: GNOME eHarmony.GNOME, o GNU Network Object Model Environment [Ambiente de Modelagem de Objetos de Rede GNU], o projeto GNUs desktop. Iniciado em 1997 por Miguel de Icaza, e desenvolvido com o suporte da Red Hat Software, GNOME teve a inteno de prover facilidades similares de desktop, mas usando exclusivamente software livre. Tem vantagens tcnicas, tais como suportar uma variedade de linguagens, no s C++. Mas o seu principal propsito era a liberdade: no requerer o uso de qualquer software nolivre.Harmony uma biblioteca de substituio compatvel, projetada para tornar possvel rodar o software KDE sem usarQt.Em novembro de 1998, os desenvolvedores de Qt anunciaram uma mudana de licena que quando levada a cabo, far com que Qt seja software livre. No h modo de estar seguro, mas eu penso que isto aconteceu em parte devido resposta firme da comunidade frente ao problema que Qt apresentou quando no era livre (a licena nova inconveniente e injusta, assim permanece desejvel evitar o uso deQt).Como ns responderemos prxima tentativa de biblioteca no livre? Ir toda a comunidade entender a necessidade de ficar fora da armadilha? Ou algum de ns desistir da liberdade por convenincia, e gerar um problema maior? Nosso futuro depende de nossafilosofia.Patente desoftwareA pior ameaa que ns enfrentamos so as patentes de software que podem colocar algoritmos e caractersticas fora dos limites do software livre por mais de vinte anos. A patente do algoritmo de compresso LZW foi pedido em 1983, e at agora o software livre no pode produzir GIFs comprimidos. Em 1998, um programa livre para produzir MP3 comprimido foi removido da distribuio sob a ameaa de uma termo depatente.H modos para lutar contra as patentes: ns podemos procurar evidncia de que uma patente invlida, e podemos procurar caminhos alternativos para fazer o trabalho. Mas cada um destes mtodos s funciona algumas vezes; quando ambos falham, a patente pode forar todo software livre a faltar com algumas caractersticas que os usurios querem. O que ns faremos quando istoacontecer?Aqueles de ns que valorizam o software livre para a causa da liberdade ficar com o software livre de qualquer maneira. Ns nos prepararemos para ter nosso trabalho levado a cabo sem as caractersticas patenteadas. Mas esses que valorizam um software livre porque esperam que seja tecnicamente superior, possvel cham-lo de falha quando uma patente o forar a ficar atrs. Assim, embora seja til falar sobre a efetividade prtica do modelo "catedral" de desenvolvimento, e da confiana e poder de certo software livre, no deveramos parar por a. Temos que falar sobre liberdade eprincpio.DocumentaolivreA maior deficincia em nosso sistema operacional livre no est no software a falta de bons manuais livres que ns possamos incluir em nossos sistemas. A documentao uma parte essencial de qualquer pacote de software; quando um pacote importante de software livre no vem com um bom manual livre, fica uma grande lacuna. Ns temos atualmente muitas dessaslacunas.A documentao livre, como o software, uma questo de liberdade, no de preo. O critrio para um manual livre semelhante ao do software livre: uma questo de conceder para os usurios certas liberdades. A redistribuio (at mesmo a venda comercial) deveria ser permitida, on-line e em papel, de tal modo que o manual possa acompanhar a toda cpia doprograma.A permisso para modificao tambm crucial. Como regra geral, no acredito que essencial que as pessoas tenham permisso para modificar todos os tipos de artigos e livros. Por exemplo, eu no defendo que lhe ou me obriguem a dar permisso para modificar artigos como este que descreve nossas aes e nossaviso.Mas uma razo particular existe por que a liberdade para modificar a documentao crucial para o software livre. Quando as pessoas exercitam o seus direitos de modificar o software, e acrescentam ou mudam suas caracterstica, se eles forem conscientes mudaro tambm o manual eles proporcionaro deste modo a documentao precisa e til ao programa modificado. Um manual que no permite os programadores serem conscienciosos e terminarem o trabalho, no preenche as necessidades de nossacomunidade.A existncia de alguns tipos de limites sobre como as modificaes so feitas no possui problemas. Por exemplo, a exigncia de preservar a advertncia dos direitos autorais do autor original, os termos de distribuio, ou a lista de autores, esto O.K. Tambm no nenhum problema requerer que a verso modificada inclua uma advertncia de que foi modificado, e at mesmo ter sees inteiras que no podem ser apagadas ou modificadas contanto que estas sees tratem de tpicos no tcnicos. Estes tipos de restries no so um problema porque eles no impedem ao programador consciencioso de adaptar o manual para ajustar ao programa modificado. Em outras palavras, eles no impedem comunidade do software livre o completo uso domanual.Porm, deveria ser possvel modificar todo o contedo tcnico do manual, e ento distribuir o resultado em todas as mdias usuais, por todos os canais habituais; caso contrrio, as restries obstruem a comunidade, o manual no livre, e ns precisaremos de outromanual.Ir o desenvolvedor de software livre ter a conscincia e a determinao para produzir uma gama completa de manuais livres? Uma vez mais, nosso futuro depende de nossafilosofia.Ns temos que falar sobre aliberdadeEstima-se hoje que haja aproximadamente dez milhes de usurios de sistemas GNU/Linux, como o Debian e Red Hat Linux. O software livre desenvolveu certas vantagens prticas que fazem os usurios estarem reunindo-se a ele por razes puramenteprticas.As consequncias boas disto so evidentes: maior interesse no desenvolvimento de software livre, mais clientes para negcios de software livre, e mais habilidades para encorajar s companhias a desenvolver produtos de software livre, ao invs de produtos de softwareproprietrio.Mas o interesse pelo software cresce mais rpido que a conscincia sobre a filosofia no qual baseado, e isto conduz a problemas. Nossa capacidade para enfrentar os desafios e ameaas descritas acima depende da vontade de ficar firme pela liberdade. Para ter certeza de que nossa comunidade tenha essa vontade, ns precisamos difundir a ideia entre os usurios novos quando eles entram nacomunidade.Mas ns estamos falhando nisto: os esforos para atrair os usurios novos a nossa comunidade ultrapassam os esforos dedicados ao ensino cvico sobre a comunidade. Ns precisamos fazer ambos, manter os dois esforosequilibrados.Open Source (FonteAberta)O ensino sobre a liberdade para os usurios novos ficou mais difcil em 1998, quando uma parte da comunidade decidiu deixar de usar o termo "software livre" e usar "software de fonte aberto" (Open Source Software) no lugardele.Alguns favoreceram este termo, visando evitar a confuso de "livre" com "grtis" uma meta vlida. Porm, outros apontaram para fixar o esprito do princpio que motivou o movimento para o software livre e o projeto GNU, e ser deste modo atrativo aos executivos e usurios comerciais, muitos dos quais sustentam uma ideologia que coloca o lucro acima da liberdade, da comunidade, e dos princpios. Assim, a retrica de "fonte aberto" focado no potencial de realizao de software potente de alta qualidade, mas evita as ideias de liberdade, comunidade eprincpio."As revistas de Linux" so um exemplo claro disto elas esto cheias com anncios sobre software proprietrio que trabalha em GNU/Linux. Quando o prximo Motif ou Qt aparecer, estas revistas vo incentivar os programadores para ficar longe deles, ou colocaro propagandas domesmo?O apoio aos negcios pode contribuir comunidade de vrios modos; sendo tudo igual, isto til. Mas se ganhando o seu apoio mediante o recurso de falar menos sobre liberdade e princpio, pode ser desastroso; faz com que piore o desnvel prvio entre o alcance e a educaocvica."Software livre" e "fonte aberto" descrevem a mesma categoria de software, mais ou menos, mas dizem coisas diferente do software, e sobre seus valores. O projeto GNU continua usando o termo "software livre" para expressar a ideia de que a liberdade, no s a tecnologia, a coisaimportante.Tente!A filosofia de Yoda ("Do or do not. There is no try" Faa ou no faa. No h tentativa) soa bonito, mas no funciona comigo. Eu fiz a maioria de meu trabalho ansioso por no saber se conseguiria realiz-lo, e inseguro sobre se seria o bastante para alcanar a meta. Mas eu tentei igualmente, porque no havia outro entre o inimigo e minha cidade. Para minha prpria surpresa, s vezes tivesucesso.Eu s vezes falhei; algumas de minhas cidades caram. Ento eu achei outro que ameaou a cidade, e me preparei para outra batalha. Ao longo do tempo, aprendi como procurar as ameaas e me colocar entre eles e a minha cidade, chamando outros hackers a vir e unirem-se amim.Hoje em dia, frequentemente eu no sou o nico. um alvio e um prazer quando eu vejo um regimento de hackers cavando trincheiras para manter a posio, e percebo que esta cidade pode sobreviver por enquanto. Mas os perigos so maiores a cada ano, e agora a Microsoft tem a nossa comunidade como um alvo explcito. Ns no podemos ceder para garantir o futuro da liberdade. No d isso por certo! Se voc quiser manter sua liberdade, deve estar preparado paradefend-la.SobreEste texto foi originalmente publicado por Richard Stallman no livro Open Sources, posteriormente publicado na Internet em The GNU Operating System e traduzido e publicado pelo CIPSGA (em Junho de2000).Direito autorais (C) 1998 RichardStallman.Por favor envie sua perguntas FSF & GNU (em ingls) [email protected] e comentrios sobre este artigo para [email protected], envie outras perguntas para [email protected] (em ingls). Tambm h outros modos para contatar oFSF. permitido a cpia textual e a distribuio deste artigo na sua totalidade por qualquer meios, contanto que esta nota sejapreservada.Reviso eTraduoRevisado e Atualizado: Magnun Leno (Mind BendingBlog)

Data:17/abr/2014

Traduo: Alexandre J. Thom (Brasil)

Data:12/abr/2000

Reviso Geral: Eliane M. de Azevedo (Brasil)

Data:13/abr/2000

CrditosO material foi desenvolvido por Djalma Valois Filho e o resultado de uma compilao das duvidas mais usuais que surgiram ao longo das inmeras palestras apresentadas desde o ano 2000 pelo CIPSGA - Comit de Incentivo a Produo do Software GNU e Alternativo em todoBrasil.Todo o contedo encontrado neste curso oriundo dos textos publicados pela FSF, bem como outros textos publicados pelo CIPSGA at a presente data. Crticas e sugestes construtivas so bem vindas a qualquer tempo, podendo ser enviadas para email [at] dvalois [dot] net.Referncias:

[1]o uso de "hacker" para se referir ao "violador de segurana" uma confuso que vem por parte dos meios de comunicao de massa. Ns hackers nos recusamos a reconhecer este significado, e continuamos usando a palavra para indicar "algum que ama programar e que gosta de ser hbil e engenhoso".

[2]como atesta, eu no sigo nenhum lder religioso, mas s vezes eu admiro alguma coisa que um deles disse.

[3]em 1984 ou 1985, Don Hopkins (um companheiro muito imaginativo) enviou-me uma carta. No envelope ele tinha escrito vrias declaraes divertidas, incluindo este aqui: "Copyleft-all rights reversed" (Copylefttodo os direitos invertidos). Eu usei a palavra "copyleft" para denominar o conceito de distribuio que estava desenvolvendo aquele tempo.

[4]"Bourne Again Shell" uma brincadeira com o nome "Bourne Shell" que era o shell habitual em Unix.

[5]Este texto foi escrito em 1998. Em 2009 a lista foi finalizada. A comunidade de desenvolve softwares livres to rapidamente que no conseguimos acompanhar.

[6]Esta licena aogra chamada de GNU Lesser General Public License, para evitar a ideia de que todas as bilbiotecas devem usar esta licena.

Curso de Filosofia GNU - Parte7

Neste breve conto o autor, Richard Stallman, mostra ao leitor como a ideia de controlar a leitura, acesso e emprstimo de livros e artigos acadmicos pode ser algo alarmante.Dando continuidade ao Curso de Filosofia GNU, neste outro texto (que pode ser classificado como um conto) Richard Stallman tenta nos levar a uma verso alternativa da terra (em 2096), onde o Software Livre fracassou e as empresas ditam as regras, controlando o acesso, leitura e emprstimo de textos, livros e artigos acadmicos. Este artigo foi escrito em meados dos anos 90, e na poca a ideia de e-books e leitores de livros eletrnicos ainda eraremota.GNU ReadingLembrando que este um contedo livre obtido no CDTC.7. O Direito deLer de "The Road to Tycho", uma coleo de artigos sobre os antecedentes da Revoluo Lunar, publicado em Luna City, em2096.Para Dan Halbert, o caminho para Tycho comeou na faculdade, quando Lissa Lenz pediu seu computador emprestado. O dela havia quebrado, e, a no ser que conseguisse um outro emprestado, ela no conseguiria terminar seu projeto bimestral. No havia ningum a quem ela ousasse pedir isso, excetoDan.Isso deixou Dan num dilema. Ele tinha que ajud-la, mas se emprestasse seu computador, ela poderia ler seus livros. Alm do fato de que voc pode ir para a priso por muitos anos por deixar algum ler seus livros, a prpria ideia o chocou a princpio. Como a todos mais, tinham-lhe ensinado desde o primrio que emprestar livros era algo terrvel e errado algo que s piratasfariam.E no havia muita chance de que a SPA Software Protection Authority (Autoridade de Proteo do Software) no o descobrisse. Na aula de software, Dan aprendera que cada livro tinha embutido um monitor de direitos autorais, que informava quando e onde ele era lido, e por quem, para a Central de Licenciamento (eles usavam essa informao para pegar piratas de leitura, mas tambm para vender perfis de interesses pessoais a empresas). Na prxima vez em que seu computador estivesse conectado rede, a Central de Licenciamento iria saber. Ele, como dono do computador, receberia a mais dura punio, por no ter feito os sacrifcios necessrios para evitar ocrime.Claro que Lissa no pretenderia, necessariamente, ler seus livros. Ela poderia querer o computador apenas para escrever seu projeto. Mas Dan sabia que ela vinha de uma famlia de classe mdia e mal podia arcar com as mensalidades, quanto mais com suas taxas de leitura. Ler seus livros poderia ser a nica forma de ela terminar o curso. Dan compreendia a situao, pois ele prprio precisou de emprstimo para pagar por todos os artigos acadmicos que lera (dez por cento dessas taxas iam para os pesquisadores que escreveram os artigos; como Dan pensava em seguir carreira acadmica, tinha esperanas de que seus prprios artigos de pesquisa, caso citados frequentemente, rendessem o suficiente para pagar seufinanciamento).Mais tarde, Dan aprenderia que havia um tempo em que qualquer pessoa poderia ir biblioteca e ler artigos de peridicos, e at mesmo livros, sem ter que pagar. Havia estudiosos independentes que liam milhares de pginas sem precisar obter permisses governamentais para uso de biblioteca. Mas, nos idos de 1990, editores de peridicos, tanto comerciais quanto institucionais, comearam a cobrar pelo acesso. Em 2047, bibliotecas com acesso pblico gratuito a artigos acadmicos eram uma lembranadistante.Havia formas, claro, de contornar a SPA e a Central de Licenciamento. Elas eram ilegais. Dan havia tido um colega na aula de software, Frank Martucci, que obteve uma ferramenta ilegal de depurao, e a usava para pular o cdigo monitor de direitos autorais quando lia livros. Mas ele contou a muitos amigos sobre isso, e um deles o entregou SPA por uma recompensa (estudantes afundados em dvidas eram facilmente tentados a trair). Em 2047, Frank estava preso, no por leitura pirata, mas por possuir umdepurador.Dan ainda iria aprender que havia um tempo em que qualquer pessoa podia ter ferramentas depuradoras. Existiam at mesmo ferramentas depuradoras gratuitas disponveis em CD, ou que podiam ser baixadas pela rede. Mas usurios comuns comearam a us-las para passar por cima dos monitores de direitos autorais, e, eventualmente, um juiz declarou que esse havia se tornado seu uso principal na prtica. Isso significava que elas se tornaram ilegais. Os desenvolvedores de ferramentas de depurao foram mandados para apriso.Programadores ainda precisavam de ferramentas de depurao, claro, mas vendedores de depuradores em 2047 distribuam apenas cpias numeradas, e apenas para programadores oficialmente licenciados e juramentados. O depurador que Dan usava na aula de software era mantido atrs de um firewall especial, de forma que podia ser usado somente para os exerccios daaula.Tambm era possvel passar por cima dos monitores de direitos autorais instalando um kernel modificado no sis