Filosofia - Socrates e Platao

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/22/2019 Filosofia - Socrates e Platao

    1/3

    Scrates: a filosofia como conhecimento de si mesmo.

    Por Michel Aires de Souza

    Scrates viveu em Atenas no sculo V a.C. considerado o pai do racionalismo ocidental.Nada escreveu em vida. Tudo que sabemosdele foi graas a seu discpulo Plato. Aocontrrio dos primeiros filsofos gregos, quese preocupavam com os problemas danatureza, Scrates rendeu homenagem aosproblemas morais. Apesar disso, suas ideiasforam assimiladas pelas cincias do mundoocidental. Foi com ele que a civilizaoocidental aprendeu que a cincia (epistme)s tem sentido se fundamentada emverdades universais. A verdade deve tervalidade em qualquer lugar, em qualquertempo e para qualquer indivduo. Graas a eleque a civilizao ocidental comeou a valorizara razo, a verdade e o conceito.

    Scrates era filho de uma parteira eensinava filosofia em praa pblica. Ele usavauma tnica, costumava caminhar descalo eno tinha o hbito de tomar banho. Ficava asvezes horas parado, imvel, filosofando sobrealgum problema. Dizia que filosofava a serviode Deus e do cuidado da alma. A filosofia erapara ele uma forma de espiritualismo. Ao

    questionar valores, modos de ser e pensar Scrates encontrou muitos inimigos. Por isso foi

    condenado morte. Foi acusado de corromper os jovens de Atenas e de questionar os deuses dacidade. A histria de sua condenao foi contada por seu discpulo Plato no famoso livro Aapologia de Scrates. Este livro descreve a defesa de Scrates diante do tribunal de Atenas.

    Por meio de perguntas Scrates interpelava os trausentes em praa pblica e ali discutia osmais diversos assuntos: O que o bem? O que a justia? O que a virtude? Toda sua filosofiaestava a servio do conhecimento do homem e de sua vida moral. Seu espiritualismo afirmava-seno conhea-te a ti mesmo. Essa mensagem estava escrita no templo de Apolo. O conhecimentode si mesmo implicava o conhecimento de nossas aes, de nossos desejos e de nossa vidamoral. Para ele, a sabedoria consistia em vencer a si mesmo e a ignorncia em ser vencido por simesmo. Sua indagao principal era sobre a justa vida e o viver bem. Uma vez lheperguntaram qual lhe parecia a melhor tarefa para o homem. Ele sem rodeios respondeu: viverbem. Mas viver bem para Scrates no era viver dos prazeres e da ociosidade, mas viver dacontemplao do conhecimento e do cuidado de si. Por toda parte Scrates ia persuadindo a

    todos, jovens e velhos, a no se preocuparem exclusivamente, e nem to ardentemente, com ocorpo, a beleza e a riqueza. Dizia que devemos nos preocupar mais com a alma para que ela sejaquanto possvel melhor. Ele identificava a virtude com o conhecimento. Afirma que ningum faz omal porque quer, mas por ignorncia. Ningum erra voluntariamente. Somente o ignorante no virtuoso. Todo homem que conhece o bem virtuoso. Ser virtuoso para Scrates conhecer ascausas e o fim das aes permitindo uma vida moral e virtuosa em direo a ideia de bem. Porisso, ele defendia a ideia de que a melhor forma de se viver era cultivando o prpriodesenvolvimento ao invs de buscar os prazeres e os bens materiais. necessrio se conhecermelhor para ser feliz. Conhea-te a ti mesmo, essa frase emblemtica o fundamento de todafelicidade aqui na terra. Scrates aconselhava seus discpulos a se autoconhecerem, poissomente assim as pessoas sairiam da caverna, das trevas de seus espritos para alcanarem aluz, a verdade e a felicidade. Quando nos conhecemos dificilmente agimos por impulso,dificilmente somos dominados por nossas paixes, mais resolvidos e determinados somos em

    nossos objetivos. Conhecer a si mesmo significava que devemos nos ocupar menos com ascoisas desse mundo, como riquezas, fama e poder, e nos preocuparmos mais com o cultivo de si,cultivando o conhecimento para contemplar o bem, o belo e a verdade. Somente assim seremosfelizes.

    http://filosofonet.files.wordpress.com/2011/07/socrates.jpg
  • 7/22/2019 Filosofia - Socrates e Platao

    2/3

    SCRATESAcredita-se que Scrates foi o maior filsofo da histria, pois com seus ensinamentos passadosdesde a poca de sua existncia, existem muitos estudos sobre seus pensamentos at os dias dehoje.

    A forma com que Scrates falava sobre o que justo ou injusto faz com que os estudantes pareme pensem melhor sobre a tese dele, pois o modo como se entende que o direito nem sempre o

    justo, pois no somente a escritura do ordenamento jurdico que faz com que aja justia. Peloensinamento de Scrates a justia muitas vezes injusta, dessa forma havia um embate muitogrande com os sofistas que faziam as pessoas acreditarem no que eles argumentavam, e eraessa a discusso de Scrates perante o pensamento sofista. Ele recusava-se aceitar queargumentos retricos usados pelos sofistas pudessem ser entendidos como justia. Os sofistaseram polticos homens do povo que com a retrica apurada convenciam as pessoas sobrequestes que no eram verdadeiras, somente com o poder de persuaso.

    Quando Scrates fala a frase s sei que nada sei, deixa claro que no existe uma verdadedefinitiva, mas sim deve haver dilogos principalmente sobre questes de justia, no se cria umaverdade seno houver uma discusso sobre um determinado assunto, o que os sofistas faziamexatamente ao contrrio,e era esse o motivo pelo qual Scrates questionava seus argumentos, eainda cobravam do povo para ensinar a retrica. Scrates preferiu morreu inocente pensando em

    seu dever moral. Chega-se a pensar que Scrates tinha um pensamento positivista, por teraceitado a morte da forma como aceitou, mas, foi a forma que encontrou para provar que a justiamuitas vezes injusta, mesmo tendo que pagar com a prpria vida.

    A teoria da alma em Plato

    Por Michel Aires de Souza

    Plato (428-348 a.C.) foi discpulo de Scrates e escreveu trinta dilogos considerados autnticos.Hoje conhecemos a figura de Scrates graas aos seus dilogos, que faziam dele seupersonagem principal. Plato fundou a primeira escola conhecida no mundo ocidental na cidadede Atenas em 387 a.C, chamada Academia, em homenagem ao seu amigo Academus. Seuverdadeiro nome era Aristocles, mas foi apelidado de Plato devido aos seus ombros largos. Eraum homem rico e fazia parte da aristocracia que governava a Grcia. Seu pai, Aristo, tinha o reiCodros como seu antepassado e sua me, Perictione, foi parente de Slon.

    O pensamento de Plato foi muito influenciado pelas filosofias de Herclito e Parmnides.Ele procurou reconciliar ambas as posies. Foi da controvrsia dessas duas filosofias que surgiua teoria das ideias, ncleo central de sua filosofia. O problema que Plato prope a resolver oconflito irreconcilivel entre a teoria da mudana em Herclito e Parmnides. Para Herclito nouniverso no h nada acabado, fixo e estvel, tudo est em permanente mudana. Sua metafsica

    identifica o Ser com o No-Ser. Se o mundo devir, vir-a-ser, no existe um Ser fixo, estvel, eleest sempre se transformando, sempre impermanente. J para Parmnides as coisas queexistem tem mltiplas caractersticas, so pequenas, grandes, coloridas, pesadas, leves, sodiferentes, como homem, animal, gua, fogo, etc. Se usarmos a intuio e o raciocnio, ou Nos(pensamento) como ele chamava, perceberemos que h uma propriedade fixa em todas as coisas:elas so. Para Parmnides, o ser uma propriedade de todas as coisas. Tudo que existe temSer. O Ser fixo, eterno, imutvel, infinito. Dessa forma, as mudanas e transformaes queocorrem na natureza so uma iluso de nossa percepo, pois algo que no pode deixar de ser,e algo que no no pode vir-a-ser, portanto, no h mudana.

    Para reconciliar ambas as teorias, Plato mostrou-nos que todos ns estamos sempre emcontato com duas realidades: uma inteligvel e outra sensvel. A primeira permanente, universal,nunca se modifica, o mundo das ideias. A segunda o mundo que percebemos por nossossentidos, mutvel e contingente, o mundo sensvel. Plato demonstra que o mundo tem uma

    forma apriori, uma estrutura inteligvel. Atravs dos dilogos, Plato vai caracterizando essascausas inteligveis dos objetos fsicos que ele chama de ideias ou formas. Elas seriam incorprease invisveis o que significa dizer justamente que no est na matria a razo de suainteligibilidade. Seriam reais, eternas e sempre idnticas a si mesmo, escapando a corroso dotempo, que torna perecveis os objetos fsicos. Merecem por isso mesmo, o qualificativo dedivinas (). Perfeitas e imutveis, as ideias constituiriam os modelos ou paradigmas dos quais as

  • 7/22/2019 Filosofia - Socrates e Platao

    3/3

    coisas materiais seriam apenas cpias imperfeitas e transitrias. Seriam, pois, tipos ideais, atranscender o plano mutvel dos objetos fsicos. (Pessanha, 1987, XVI-II).

    A teoria das ideias de Plato est diretamente ligada a sua teoria da alma. Na parte IV doseu livro Repblica Plato concebe o homem como corpo e alma. Enquanto o corpo modifica -see envelhece, a alma imutvel, eterna e divina. A alma inteligente preso ao corpo um dia foi livre econtemplou o mundo das ideias, mas as esqueceu. somente atravs da busca do conhecimento,atravs de um processo de recordao, de reminiscncia o homem pode lembrar-se das ideiasque um dia contemplou. A realidade sem forma, sem cor, impalpvel s pode ser contemplada

    pela inteligncia, que o guia da alma.

    Plato divide a alma em trs partes. O lado racionalest localizado na cabea, seu objetivo controlaros dois outros lados, com ele adquirimos a sabedoriae a prudncia. O lado irascvel est localizado nocorao, seu objetivo fazer prevalecer ossentimentos e a impetuosidade, com ele adquirimosa coragem. Por ltimo, temos o lado concupiscenteque est localizado no baixo-ventre, seu objetivo satisfazer os desejos e apetites sexuais, com eleadquirimos a moderao ou a temperana. No Mito

    do Cocheiro, no dilogo Fedro, Plato compara a alma a uma carruagem puxada por dois

    cavalos, um branco (irascvel) e um negro (concupiscvel). O corpo humano a carruagem, e ococheiro (Razo) conduz atravs das rdeas (pensamentos) os cavalos (sentimentos). Cabe aohomem atravs de seus pensamentos saber conduzir seus sentimentos, pois somente assim elepoder se guiar no caminho do bem e da verdade.

    Plato afirma que no podemos ser felizes quando somos dominados pela concupiscnciae pela clera, isso porque as paixes sempre nos conduzem por caminhos perigosos econtraditrios e fazem com que os desejos e impulsos violentos de nosso corpo tirem nosso bomsenso. J dizia Scrates que todo vicio ignorncia. No h nada mais deprimente do que umapessoa que age por impulsos e dominada pelas paixes. Ter autocontrole essencial parasermos felizes. A felicidade s pode ser alcanada se formos capazes de dominar nossossentimentos pela razo. A moderao uma virtude e ela se realiza quando somos capazes decontrolar a nossa concupiscncia. O indivduo moderado aquele que no cede as suas paixes,impulsos e prazeres. Da mesma forma o indivduo no se lanara a luta e a agresso

    indiscriminadamente, uma vez que a razo deve saber discernir o que bom e mal para nossavida, sabendo dominar a nossa alma irascvel. Dessa forma, seremos felizes se atravs da razosoubermos controlar nossa vida, pois a virtude natural da razo o conhecimento.

    PLATOPlato foi o maior seguidor dos pensamentos de Scrates, lendo em frente os seus ensinamentospara a escola. Plato usou sua inteligncia filosfica para sugerir leis para a cidade de Atenas eSiracusa, porem esse foi um motivo de perseguio e at mesmo prises, foi o insucesso pessoalna sua carreira.Os dilogos de Plato para o estudo da filosofia o mais importante, pois entende-se que a ideia de estudar assuntos e reestudar fazer com que a tese de determinado tema tenha um outro final,

    assim promover mudanas nos prprios argumentos. A partir dialtica que Plato inicia a buscapela verdade, com o mesmo pensamento de Scrates. Entende-se que Plato acreditava que averdade est no mundo das ideias antes mesmo de habitar o mundo real, acredita-se que atravsda reminiscncia de Plato, pode-se ter novas ideias e novas vises sobre a justia e direito.Plato destaca que difcil separar direito de justia, pois entende-se que lei injusta no direito,alei na forma de seu pensamento deve ter um objetivo comum, ou seja, bom para a sociedade eno para o individual. Dessa forma conclui-se que foi uma lei injusta que matou Scrates, pois eleestava com a razo e mesmo assim o direito positivo falou mais alto, e assim o condenou.no sentido vulgar e comum, o direito se esparrama pelos fatos e pelas opinies das pessoas nasociedade, com esta frase deduz-se que h muitas divergncias entre pensamentos sobre o justoou injusto, as opinies se dividem sem chegar a um denominador comum, e isso que faz com

    que a filosofia se torne to importante para o direito e busque aprofundar cada vez mais osestudos sobre a verdadeira justia dentro das leis.

    http://filosofonet.files.wordpress.com/2011/06/imagem1.jpg