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Fim de vida – debate atual em Portugal Prof. Dr. André Gonçalo Dias Pereira Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra Centro de Direito Biomédico Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida [email protected] BRASÍLIA, AGOSTO de 2017

Fim de vida –debate atual em Portugal - docs.ndsr.org · Deontologia médica •Regulamento n.º 707/2016 ‐Regulamento de Deontologia Médica –CAPÍTULO II ‐Fim da vida •Artigo

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Fim de vida – debate atual em Portugal

• Prof. Dr. André Gonçalo Dias Pereira• Faculdade de Direito da Universidade de 

Coimbra• Centro de Direito Biomédico

• Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida

[email protected]ÍLIA, AGOSTO de 2017

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Mudanças demográficas...• “Terramoto Geracional”(Paul Wallace) 

– grande diminuição da natalidade junta‐se o extraordinário aumento da esperança de vida. 

• O Século Biotech (Jeremy Rifkin):– grandes avanços no conhecimento da nossa genética e melhorias extraordinárias na qualidade 

de vida e longevidade. – Em cada duas meninas chegará aos 100 anos de idade.

• Se a humanidade e a medicina vão alcançando estas vitórias, tanto acarreta um Final de Vida muitas vezes bastante prolongado e sofrido. Assiste‐se a um certo esbatimento das fronteiras entre a vida e a morte e à desapropriação pelo moribundo da sua própria morte.

• Na verdade 70% das pessoas em França e 80% nos EUA morrem nos Hospitais; por outro lado, os próprios rituais da morte, como o luto, começam a desvanecer‐se: a morte é um tabu!

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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A representação da Morte

– “Para os devotos do hinduísmo a boa morte é aquela a que o indivíduo se sujeita voluntariamente. O ideal é a pessoa gravemente doente ser levada para a cidade sagrada de Benares (Vanarasi) para aí morrer. 

– Tendo previamente dado a conhecer a data em que deixaria a vida, renuncia a todos os alimentos e reúne os filhos à sua volta. Depois, por meio de concentração, abandona a vida.”

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Dinka ‐ Sul do Sudão

• A morte ideal de um mestre idoso (o líder religioso da tribo) consiste em ele próprio, ainda vivo, presidir aos seus próprios serviços fúnebres – este procedimento rouba à morte o seu poder arbitrário e aumenta a fertilidade e prosperidade da comunidade.

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Mundo ocidental...

• em Paris, Marie de Hennezel, escreve:– “Escondemos a morte como se ela fosse vergonhosa e suja. Vemos nela apenas horror, absurdo, sofrimento inútil e penoso, escândalo insuportável, conquanto ela seja o momento culminante da nossa vida, o seu coroamento, o que lhe confere sentido e valor.”

–Marie de Hennezel, Diálogo com a Morte, Editorial Notícias.

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Nova cultura…?

• A letter from Belgium…

• “Dear colleagues,

• I have the sad duty to inform you about the passingaway of professor R… XX… (emeritus professor KU …, Belgium). Professor XX…. suffered from healthproblems since quite a while and he ultimately had togive up the struggle. He died in the hospital in Leuvenon 11 October 2016. He would have become 84 yearsold within a couple of weeks.

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Consciência da morte – homo sapiens

• Martin Heidegger, em Ser e Tempo:

– “Precisamente porque sabe antecipadamente da sua morte, o homem ouve o apelo a uma existência na dignidade, e é na configuração ética da vida que sabe que não morre como gado. Pela consciência antecipada da morte, o Homem é arrancado à inautenticidade e convocado para a existência autêntica.”

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Edgar Morin• analisando a relação do homem com a morte desde a 

pré‐história: – “[o] cadáver humano (…) suscita emoções que se socializam em práticas fúnebres e a conservação do cadáver implica um prolongamento da vida. O não abandono dos mortos implica a sua sobrevivência”. 

– “A morte é, portanto, à primeira vista, uma espécie de vida, que prolonga, de uma forma ou de outra, a vida individual.” 

• “A sociedade funciona não apenas apesar da morte e contra a morte, mas também só existe enquanto organização pela morte, com a morte e na morte.” 

• O Homem e a Morte

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Morrer – uma reflexão humana = homo sapiens

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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Questões?

• Onde está a família?

• Morrer em casa?

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Problemas

• Direito de visita hospitalar?

• Direito de recusar tratamentos?– Não ser abandonado

• Deveres do cônjuge e dos descendentes?– Alimentos– Coabitação?

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Direito a ter companhia

• Lei 15/2014 – Lei de direitos e deveres dos utentes de serviços de saúde

• Artigo 12.º Direito ao acompanhamento– 3 — É reconhecido o direito de acompanhamento familiar a crianças internadas em estabelecimento de saúde, bem como a pessoas com deficiência, a pessoas em situação de dependência e a pessoas com doença incurável em estado avançado e em estado final de vida.

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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• Artigo 20.º• Acompanhamento familiar de pessoas com 

deficiência ou em situação de dependência

• 1 — As pessoas com deficiência ou em situação de dependência, com doença incurável em estado avançado e as pessoas em estado final de vida, internadas em estabelecimento de saúde, têm direito ao acompanhamento permanente de ascendente, descendente, cônjuge ou equiparado e, na ausência ou impedimento destes ou por sua vontade, de pessoa por si designada.

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Conselho da Europa 

• Recomendação 1418 (1999) sobre a proteção dos direitos do homem e a dignidade dos doentes incuráveis e dos moribundos, que realça que (7:  v): – “a atenção e o apoio insuficiente conferidos aos familiares e aos amigos dos doentes incuráveis e moribundos que, se feito de outro modo, aligeiraria o sofrimento humano em todas as suas dimensões.” 

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Mors certa, hora incerta…?

• “O Direito à esperança!” João Lobo Antunes

• O direito a uma boa morte?

• O destino? 

• Santidade da vida?

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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Fim de Vida – Debate ‐ Consensos

• Direito a recusar tratamentos

• Direito ao tratamento da dor 

• A teoria do duplo efeito

• O direito aos cuidados paliativos

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I) Direito a recusar tratamentos

• Art. 156.º do Código Penal

• Lei n.º 15/2014, de 21 de março ‐ Lei consolidando a legislação em matéria de direitos e deveres do utente dos serviços de saúde

– Artigo 3.º ‐ Consentimento ou recusa– 1 — O consentimento ou a recusa da prestação dos cuidados de saúde

devem ser declarados de forma livre e esclarecida, salvo disposiçãoespecial da lei.

– 2 — O utente dos serviços de saúde pode, em qualquer momento da prestação dos cuidados de saúde, revogar o consentimento.

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ii) Cuidados paliativos

• A OMS Organização Mundial de Saúde define os cuidados paliativos como: – “cuidados ativos totais de doentes em que a doença não responde ao tratamento curativo. O controlo da dor, de outros sintomas, e ainda de problemas de ordem psicológica, social ou espiritual, é primordial. O objectivo dos cuidados paliativos é a consecução da melhor qualidade de vida dos doentes e das suas famílias.” 

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Conselho da Europa

• Recomendação do Conselho da Europa (Maio de 1999) que visa assegurar aos doentes incuráveis e aos moribundos o direito aos cuidados paliativos. 

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Cuidados paliativos

• Lei n.º 52/2012 de 5 de setembro – Lei de Bases dos Cuidados Paliativos 

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• Cape Town Declaration em 2002, • Korea Declaration em 2005, • Budapest Commitments em 2007 • Carta de Praga em 2013, 

– desenvolvimento e implementação de políticas de cuidados paliativos, de equidade do acesso aos mesmos sem descriminações, de disponibilidade de fármacos e desse tipo de cuidados em todos os patamares de prestação de cuidados de saúde e ainda da inclusão da formação em cuidados paliativos, nos diversos níveis de estudo dos profissionais de saúde.

PROF. DOUTOR ANDRÉ DIAS PEREIRA

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Pontos de consenso

• 5. Declarações Antecipadas de Vontade –testamento do paciente

• Lei n.º 25/2012 

– Recusa antecipada de tratamentos– Dignidade no final de vida

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Caminhos de desacordo…moderado…

• Andalucía ‐ 2010 ‐ Ley 2/2010, de 8 de abril, de Derechos y Garantías de la Dignidad de laPersona en el Proceso de la Muerte

• COMUNIDAD DE MADRID– Ley 4/2017, de 9 de marzo, de Derechos y Garantíasde las Personas en el Proceso de Morir.

– França – 2016 ‐ ++ Loi Clayes‐Leonetti – 2016 (“sédation profondeet continue”)

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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Caminhos de polémica radical…

• Direito ao suicídio assistido?

• Direito à eutanásia?

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• Sedación paliativa

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Suicídio assistido?

• Holanda, Bélgica y Luxemburgo– + Suíça

• Alemanha

– Estados Unidos• Oregon• Washington• Vermont• Califórnia ‐ 2015• Montana• Colorado• Washington D.C.

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Dereito à Eutanásia?

• Holanda – 2002 (… desde os anos 70…)• Bélgica ‐ 2002• Luxemburgo ‐ 2008

• Canadá– Tribunal Supremo – Fevereiro 2015– Lei de 17 de junho de 2016

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PORTUGAL – DEBATE POLÍTICO

• Fevereiro de 2016 ‐Manifesto “Direito a morrer com dignidade” 

• Mais de 100 personalidades portuguesas (de varias tendências políticas)

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• Artigo 134.º• Homicídio a pedido da vítima

– 1 — Quem matar outra pessoa determinado por pedido sério, instante e expresso que ela lhe tenha feito é punido com pena de prisão até três anos.

– 2 — A tentativa é punível.

– Eutanásia

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• Artigo 135.º• Incitamento ou ajuda ao suicídio

• 1 — Quem incitar outra pessoa a suicidar ‐se, ou lhe prestar ajuda para esse fim, é punido com pena de prisão até três anos, se o suicídio vier efectivamente a ser tentado ou a consumar ‐se.

• 2 — Se a pessoa incitada ou a quem se presta ajuda for menor de 16 anos ou tiver, por qualquer motivo, a sua capacidade de valoração ou de determinação sensivelmente diminuída, o agente é punido com pena de prisão de um a cinco anos.

• Suicídio assistido

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Deontologia médica

• Regulamento n.º 707/2016 ‐ Regulamento de Deontologia Médica

– CAPÍTULO II ‐ Fim da vida• Artigo 65.º ‐ O fim da vida

– 1 — O médico deve respeitar a dignidade do doente no momento do fim da vida.

– 2 — Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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Projetos legislativos

• Partido PAN = Pessoas, Animais, Natureza

• Bloco de Esquerda

• O Conselho Nacional de Ética para as Ciênciasda Vida promove debates de naturezamultidisciplinar

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ANTEPROJETO DE LEI ‐ BLOCO DE ESQUERDA

• Define e regula as condições em que a antecipação da morte por decisão da própriapessoa com lesão definitiva ou doençaincurável e fatal e que se encontra emsofrimento duradouro e insuportável, não épunível.

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Ante‐projeto – Bloco de Esquerda• Artigo 2.º ‐ Do pedido de antecipação da morte• 1. O pedido de antecipação da morte deverá 

corresponder a uma vontade livre, séria e esclarecida de pessoa com lesão definitiva ou doença incurável e fatal e em sofrimento duradouro e insuportável.

• 2. O pedido referido no número anterior apenas poderá dar origem a um procedimento clínico de antecipação da morte se feito por pessoa maior, capaz de entender o sentido e o alcance do pedido e consciente no momento da sua formulação.

• 3. O pedido pode ser livremente revogado a qualquer momento

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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• Artigo 3º ‐ Pedido do doente• 1. O pedido de abertura do procedimento clínico de antecipação da morte 

é efetuado por pessoa que preenche os requisitos do artigo anterior, doravante designada por ‘doente’, em documento escrito, datado e assinado pelo próprio, a ser integrado no Boletim de Registos.

• 2. Caso o doente que pede a antecipação da morte esteja impossibilitado de escrever e assinar, pode fazer‐se substituir por pessoa da sua confiança e por si designada para esse efeito, devendo a assinatura ser efetuada na presença do médico responsável.

• 3. O pedido é dirigido ao médico escolhido pelo doente, doravante designado por ‘médico responsável’, que pode ou não ser ou ter sido o médico pessoal ou de família do doente e que pode ou não ser especialista na patologia que afete o doente.

• 4. Para os efeitos da presente lei, consideram‐se legítimos apenas os pedidos apresentados por cidadãos nacionais ou legalmente residentes no território de Portugal.

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Projetos de PAN e BE• Aspectos críticos para o debate político e jurídico

• Morte assistida

– A) Não distinguem suicídio assistido e eutanásia

– B) Inclui:• Lesão definitiva• Doença incurável e fatal

– C) Sofrimento duradouro e insuportável• Sofrimento físico• Sofrimento psíquico

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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– Controlo procedimental

– 2 médicos (+ 1 psiquiatra se houver dúvidas…)

– Adulto, capaz e com vontade expressa e repetida

–Mecanismo de avaliação e controlo a posteriori• Comité de avaliação…

ANDRÉ DIAS PEREIRA 

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Dissensos

• Eutanásia ativa…– Doentes terminais com sofrimento insuportável?

– Demência…. 

• Suicídio assistido…– mais facilmente aceitável numa sociedade liberal….

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Dúvidas..• A carga simbólica de que a vida não é um direito absoluto e um

direito indisponível….

• Direito a morrer ou dever de morrer?

• Suicídio assistido… vs. Eutanásia…?!

– Eutanásia – ¿será una quebra demasiado radical na relaçãoterapêutica?

– Sedação terminal?

ANDRÉ DIAS PEREIRA