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Ao longo do ano de 2013, a Divisão de AIDS dos Institutos Nacionais de Saúde do governo norte-americano, a DAIDS, realizou um novo processo de seleção para a Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV - HIV Vaccine Trials Network, a HVTN. Neste processo, inicialmente foi escolhida a liderança da rede de pesquisas e, posteriormente, os centros de pesquisa que integrarão essa rede nos próximos sete anos. A liderança continuará a mesma, mas apesar da nossa Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV ter tido uma ótima avaliação, decidiu-se por não mantê-la na rede. Esta decisão teve como base vários fatores: ao longo dos últimos anos houve reduções significativas no orçamento dessa rede; atualmente há poucos produtos vacinais em estudo e a HVTN tem grande interesse em investir em pesquisas na África. Então, a partir de 2014, a Unidade de Pesquisa de Vacinas não fará mais parte da Rede HVTN e esta é nossa última edição do boletim informativo Repórter Vacinas. Esta é uma notícia muito triste para todos nós, pois não teremos no Brasil nenhum centro de pesquisa dedicado às vacinas preventivas contra o HIV nos próximos anos. Neste momento, queremos manifestar nossa imensa gratidão a todas as pessoas e instituições que colaboraram conosco desde 2001, quando a Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV iniciou suas atividades. Não teria sido possível realizar pesquisas de vacinas contra o HIV sem a ajuda de tantos e tantos colaboradores. O nosso muito obrigado para: • As 130 pessoas que colaboraram de maneira especialmente nobre como voluntários em um dos seis protocolos de pesquisa de vacina anti-HIV que realizamos nesta Unidade de Pesquisa: os protocolos HVTN 050 (2003-2010), HVTN 055 (2005-2007), HVTN 204 (2006- 2010), HVTN 063 (2006-2008), HVTN 502 (2006-2009) e HVTN 084 (2010-Atual); • As mais de 1000 pessoas cadastradas em nossos bancos de dados interessadas em participar de um estudo de vacina anti-HIV; • Os mais de 600 assinantes do Boletim Repórter Vacinas; • A equipe atual do Comitê de Acompanhamento Comunitário – o CAC e a todos que passaram por este comitê e, não importando o tempo que permaneceram, com certeza contribuíram muito; • A todos os profissionais e a direção do CRT-DST/Aids e da FMUSP que contribuíram com as atividades da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV; • E a todos os médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, técnicos de laboratório, recepcionistas e secretárias que por aqui passaram integrando nossa equipe. Pelo compromisso, dedicação e qualidade do trabalho, enfim por terem acreditado nos objetivos e na missão desta Unidade de Pesquisa. FINALIZANDO AS ATIVIDADES DA UNIDADE DE PESQUISA DE VACINAS ANTI-HIV ESTÁ NA PAUTA 19 Dezembro 2013 A todos que compuseram a história da Unidade de Pesquisa, nossos desejos de boas festas e um lindo 2014 com muita saúde, alegrias e paz. # Boa Sorte a todas (e às novas) Unidades de Pesquisas anti-HIV espalhadas pelo mundo. A vida e a busca por uma vacina anti-HIV continuam! REPÓRTER VACINAS é uma publicação da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV, uma parceria entre CRT-DST/Aids-SP e FMUSP, que integra a Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV (HIV Vaccine Trials Network - HVTN). Rua Santa Cruz, 81 – Vila Mariana, São Paulo – SP. CEP 04121-000. Tel.: (0xx11) 5087-9838. Email: [email protected] . Conselho Editorial: Gabriela Calazans, Deni Gomes, Ana Paula Amaral, Artur Kalichman. Diagramação: Denis Delfran Pereira.

FINALIZANDO AS ATIVIDADES DA UNIDADE DE Pesquisa, nossos …vacinas.crt.saude.sp.gov.br/arquivos/pdfs/reporter/... · 2013-12-19 · A todos que compuseram a história da Unidade

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Ao longo do ano de 2013, a Divisão de AIDS dos Institutos Nacionais de Saúde do governo norte-americano, a DAIDS, realizou um novo processo de seleção para a Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV - HIV Vaccine Trials Network, a HVTN. Neste processo, inicialmente foi escolhida a liderança da rede de pesquisas e, posteriormente, os centros de pesquisa que integrarão essa rede nos próximos sete anos. A liderança continuará a mesma, mas apesar da nossa Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV ter tido uma ótima avaliação, decidiu-se por não mantê-la na rede. Esta decisão teve como base vários fatores: ao longo dos últimos anos houve reduções signifi cativas no orçamento dessa rede; atualmente há poucos produtos vacinais em estudo e a HVTN tem grande interesse em investir em pesquisas na África. Então, a partir de 2014, a Unidade de Pesquisa de Vacinas não fará mais parte da Rede HVTN e esta é nossa última edição do boletim informativo Repórter Vacinas.

Esta é uma notícia muito triste para todos nós, pois não teremos no Brasil nenhum centro de pesquisa dedicado às vacinas preventivas contra o HIV nos próximos anos.

Neste momento, queremos manifestar nossa imensa gratidão a todas as pessoas e instituições que colaboraram conosco desde 2001, quando a Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV iniciou suas atividades. Não teria sido possível realizar pesquisas de vacinas contra o HIV sem a ajuda de tantos e tantos colaboradores.

O nosso muito obrigado para:

• As 130 pessoas que colaboraram de maneira especialmente nobre como voluntários em um dos seis protocolos de pesquisa de vacina anti-HIV que realizamos nesta Unidade de Pesquisa: os protocolos HVTN 050 (2003-2010), HVTN 055 (2005-2007), HVTN 204 (2006-2010), HVTN 063 (2006-2008), HVTN 502 (2006-2009) e HVTN 084 (2010-Atual);

• As mais de 1000 pessoas cadastradas em nossos bancos de dados interessadas em participar de um estudo de vacina anti-HIV;

• Os mais de 600 assinantes do Boletim Repórter Vacinas;

• A equipe atual do Comitê de Acompanhamento Comunitário – o CAC e a todos que passaram por este comitê e, não importando o tempo que permaneceram, com certeza contribuíram muito;

• A todos os profi ssionais e a direção do CRT-DST/Aids e da FMUSP que contribuíram com as atividades da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV;

• E a todos os médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, técnicos de enfermagem, técnicos de laboratório, recepcionistas e secretárias que por aqui passaram integrando nossa equipe. Pelo compromisso, dedicação e qualidade do trabalho, enfi m por terem acreditado nos objetivos e na missão desta Unidade de Pesquisa.

FINALIZANDO AS ATIVIDADES DA UNIDADE DE PESQUISA DE VACINAS ANTI-HIV

ESTÁ NA PAUTA

19Dezembro2013

A todos que compuseram a história da Unidade de Pesquisa, nossos desejos de boas festas e um lindo 2014 com muita saúde, alegrias e paz.

#Boa Sorte a todas (e às novas) Unidades de Pesquisas anti-HIV espalhadas pelo mundo. A vida e a busca por uma vacina anti-HIV continuam!

REPÓRTER VACINAS é uma publicação da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV, uma parceria entre CRT-DST/Aids-SP e FMUSP, que integra a Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV (HIV Vaccine Trials Network - HVTN). Rua Santa Cruz, 81 – Vila Mariana, São Paulo – SP. CEP 04121-000. Tel.: (0xx11) 5087-9838. Email: [email protected] . Conselho Editorial: Gabriela Calazans, Deni Gomes, Ana Paula Amaral, Artur Kalichman. Diagramação: Denis Delfran Pereira.

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HVTN 910

Conforme foi publicado no nosso último Repórter Vacinas, neste ano iniciamos o estudo HVTN 910. No momento temos 11 voluntários inscritos e sendo acompanhados neste protocolo. O objetivo deste estudo é descrever por quanto tempo os anticorpos induzidos pela vacina anti-HIV persistem nos participantes que receberam produtos candidatos a vacinas anti-HIV. Esses anticorpos podem ser detectados por testes comuns de HIV, gerando um resultado falso-positivo.

FAÇA O TESTE DE HIV CERTO PARA VOCÊO QUE VOLUNTÁRIOS E EX-VOLUNTÁRIOS DE ESTUDOS

DE VACINA CONTRA O HIV PRECISAM SABER

É muito importante que voluntários ou ex-voluntários de estudos de vacina anti-HIV façam o teste de HIV certo, para evitar diagnósticos incorretos. Por isso, continuaremos a oferecer a todos o teste de HIV certo, sempre que precisarem se testar. Este teste agora será realizado no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids. Este centro de testagem fica no mesmo endereço da Unidade de Pesquisa. Faça o teste no CTA sempre que você precisar. Por favor, ligue sempre antes de vir para o telefone (11) 5087-9838 e um profissional lhe dará as informações sobre como obter o seu teste de HIV certo e verificará dia e horários disponíveis no CTA.

Notícias recentes sobre o estudo Phambilli e as vacinas que utilizam vetor de Ad5(de “PHAMBILI…MOVING FORWARD”, da Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV, HVTN)

A Conferência de Vacinas Anti-HIV, realizada em outubro em Barcelona, trouxe mais informações sobre o estudo Phambili (HVTN 503). Depois de ter estudado os participantes deste protocolo por 3,5 anos, foi possível aprender que mais participantes que receberam a vacina tornaram-se infectados pelo HIV do que aqueles que receberam placebo, uma substância inativa. Estes resultados foram surpreendentes.

Quando se estudou estes participantes, após aproximadamente 22 meses, havia um total de 66 infecções pelo HIV. Embora sempre tenha havido mais infecções no grupo dos vacinados em comparação ao grupo placebo, esta diferença não era significativa estatisticamente, significando que a diferença poderia existir por acaso.

Depois de 3,5 anos de seguimento dos participantes, foi realizada uma nova análise das infecções. Neste momento, já havia 100 infecções no total e havia uma diferença maior das infecções entre os grupos de vacina e placebo. De forma que havia menor chance de que estes resultados fossem devidos ao acaso, então se buscou explorar novas explicações. Embora a vacina não possa ter causado a infecção pelo HIV, é possível que a vacina tenha gerado uma resposta imune ao HIV que tenha tornado possível às pessoas que receberam a vacina tornarem-se mais suscetíveis à infecção pelo HIV, caso tenham sido expostas ao vírus por um contato sexual.

Outra possível explicação para esta diferença nas taxas de infecção entre quem recebeu vacina e placebo era que algumas das pessoas que receberam placebo e posteriormente se infectaram pelo HIV não tenham ido aos centros de pesquisa, o que faria com que parecesse que havia mais infecções no grupo dos vacinados. Para explorar esta possibilidade e entender melhor porque se via mais infecções nos participantes que receberam vacina ao longo do tempo, decidiu-se trazer de volta aos centros de pesquisa o maior número de participantes que fosse possível, incluindo os participantes que abandonaram o estudo.

Em junho de 2013, começou-se a convidar os participantes de volta aos centros de pesquisa para uma testagem adicional para HIV, aconselhamento e uma avaliação dos comportamentos de risco. Mais da metade dos participantes originais do estudo retornaram e de todos os dados aparece que:

PESQUISAS

• Participantes que receberam vacina apresentaram mais chance do que os que receberam placebo de adquirir HIV se eles foram expostos por meio de contato sexual;• As diferenças foram maiores entre homens do que em mulheres;• Não fez diferença se o homem era circuncidado ou não.

A segurança dos participantes é a prioridade da rede HVTN, de forma que é muito importante que os participantes retornem aos centros de pesquisa para que possam discutir estes resultados e recebam aconselhamento e testagem.

Está sendo explorado o que pode ter causado esta vulnerabilidade aumentada ao HIV. Estes resultados são muito importantes e podem ajudar a desenhar melhores estudos de vacinas no futuro. Também poderá ajudar na decisão de quais produtos vacinais não devem mais ser utilizados.

A vacina utilizada no Estudo Phambili também foi usada no Estudo STEP que teve 3000 participantes nas Américas do Norte e do Sul, no Caribe e na Austrália. Também foi visto um aumento nas infecções por HIV nos participantes do STEP que receberam vacina em comparação com os que receberam placebo, mas esta suscetibilidade aumentada parece ter desaparecido com o tempo. Os participantes do STEP tiveram seguimento por 4,2 anos (em média 3,2 anos).

O estudo STEP foi interrompido precocemente porque parecia haver mais infecções nos participantes que receberam vacina do que dentre os que receberam placebo. Por isso, o Phambili foi interrompido por precaução. O Phambili inclui 801 participantes em 2007. A maioria deles (772) não recebeu todas as doses esperadas da vacina, pois o estudo foi interrompido antes.

É importante lembrar que as vacinas contra o HIV não contém nenhum vírus HIV. Qualquer exposição ao HIV acontece pelo contato sexual, não por participar num estudo de vacina.

As vacinas utilizadas em outro estudo, o HVTN 505, eram diferentes da vacina dos estudos STEP e Phambili. Embora a vacina do HVTN 505 não tenha oferecido proteção contra a infecção pelo HIV, ela não aumentou o risco de infecção.

Encontrar uma vacina segura e efetiva é ainda a melhor esperança de longo prazo para acabar com o HIV e é somente com o apoio continuado de voluntários atenciosos e dedicados que este trabalho seguirá adiante.

ACONTECEU

Este ano, o Programa Estadual DST/Aids-SP, sediado no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids – CRT-DST/Aids - e vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, completou 30 anos. Para marcar a data foi realizado um grande evento nos dias 29, 30 e 31 de outubro, no Centro de Convenções Rebouças em São Paulo. Na ocasião, palestrantes nacionais e internacionais debateram os principais temas que envolvem a epidemia de aids no momento e as perspectivas para o futuro. Estiveram presentes aproximadamente 600 participantes, entre eles gestores e profissionais de diversas áreas que atuam no campo das DST/aids no estado de São Paulo, além de representantes da sociedade civil organizada. Em 2000, o CRT-DST/Aids aceitou convite da Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV, HVTN, e estruturou a Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV. Fruto de seu comprometimento com a prevenção e a inovação e da sua ousadia.

PREVENÇÃO

Aconteceu em Salvador, de 05 a 07 de novembro de 2011, a 9a edição da Jornada Nacional de Vacinas e Novas Tecnologias de Prevenção do HIV/AIDS, organizada pelo Grupo de Incentivo à Vida - o GIV. O evento reuniu mais de 100 ativistas do movimento social de aids de todo o país para debater inovações na prevenção do HIV e teve como temas: vacinas preventivas e terapêuticas anti-HIV; tratamento como prevenção; Profilaxia Pré Exposição (PrEP); Estratégias de Redução de Risco. Foi proposta nesta Jornada de Vacinas uma carta da sociedade civil brasileira à Rede de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV fazendo referência à importância do trabalho desenvolvido pela Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV no cenário nacional. Jorge Beloqui e toda a equipe do GIV são parceiros incansáveis na luta por uma vacina anti-HIV e novas estratégias de prevenção!