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 Parte II  Direito Orçamental 1- Introdução A actividade do Estado concretiza-se em despesas e receitas, adquirindo as primeiras e transformando as nas segundas. Este processo obedece a um complexo de relações de diversa índole entre particulares e agentes do Estado e estes entre si tutelados pelo direito Direito Financeiro   normas que disciplinam a obtenção, gestão e dispêndio de meios financeiros públicos: - Direito das despesas púbicas; - Direito das receitas públicas; Receitas Públicas: - Voluntárias; - Coactivas: - Expressão mais relevante; - Adquiriram autonomia científica: direito tributário - taxas/impostos, sendo que os impostos têm mais relevo que as taxas, constituindo receitas do Estado em contra partida dos serviços que presta estes últimos; Direito Fiscal: incide sobre os impostos, receitas do Estado sem a entrega de qualquer contra prestação; DIREITO FINANCEIRO: tem ganho autonomia o estudo das normas que dizem respeito à previsão das receitas e despesas que o Estado se propõe a realizar em cada ano financeiro;  Direito Orçamental   tem por objectivo o estudo das normas que regulam a elaboração, aprovação, execução e controlo dos orçamentos elaborados pelos entes públicos - O orçamento Geral do Estado ocupa um lugar cimeiro na hierarquia das matérias orçamentais; - É o documento pelo meio do qual o Estado planifica e executa o seu plano financeiro para um ano: - Prevê as receitas (mera previsão); - Prevê as despesas (limite que não deverá ser ultrapassado);

Finanças I - Parte II Direito Orçamental

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  • Parte II Direito Oramental

    1- Introduo A actividade do Estado concretiza-se em despesas e receitas, adquirindo as primeiras e

    transformando as nas segundas. Este processo obedece a um complexo de relaes de diversa

    ndole entre particulares e agentes do Estado e estes entre si tutelados pelo direito

    Direito Financeiro normas que disciplinam

    a obteno, gesto e dispndio de meios financeiros

    pblicos:

    - Direito das despesas pbicas;

    - Direito das receitas pblicas;

    Receitas Pblicas:

    - Voluntrias;

    - Coactivas:

    - Expresso mais relevante;

    - Adquiriram autonomia cientfica: direito tributrio

    - taxas/impostos, sendo que os impostos tm mais relevo que as taxas, constituindo receitas do

    Estado em contra partida dos servios que presta estes ltimos;

    Direito Fiscal: incide sobre os impostos, receitas do Estado sem a entrega de qualquer contra

    prestao;

    DIREITO FINANCEIRO: tem ganho autonomia o estudo das normas que dizem respeito previso

    das receitas e despesas que o Estado se prope a realizar em cada ano financeiro;

    Direito Oramental tem por objectivo o estudo das normas que regulam a elaborao,

    aprovao, execuo e controlo dos oramentos elaborados pelos entes pblicos

    - O oramento Geral do Estado ocupa um lugar cimeiro na hierarquia das matrias

    oramentais;

    - o documento pelo meio do qual o Estado planifica e executa o seu plano financeiro para

    um ano:

    - Prev as receitas (mera previso);

    - Prev as despesas (limite que no dever ser ultrapassado);

  • ORAMENTO:

    A) Do ponto e Vista Politico

    - Reflexo do princpio da separao de poderes:

    - rgo do poder executivo (Governo), elabora e executa;

    - rgo do poder legislativo (AR), aprova;

    - Crescente importncia global a par do progressivo aumento da despesa pblica (Estados

    desenvolvidos nunca tm um valor inferior a 35% do PIB);

    - Resultado de uma evoluo histrica longa:

    - As suas origens remontam poca medieval, quando o rei face insuficincia do

    tesouro real, para fazer face a despesas importantes, solicitava s cortes reais que votassem e

    aprovassem contribuies extraordinrias.

    Desenvolveu-se um princpio da auto imposio (so os prprios cidados que auto

    impem as cargas tributrias atravs dos seus representantes no Parlamento);

    - 1689, Inglaterra, Bill of Rights estabeleceu-se definitivamente que os impostos tm que

    ser consentidos pelos representantes das classes que ho-de pagar;

    - Sculo XIX, emergncia do constitucionalismo oramental como corolrio do princpio da

    diviso de poderes, autorizao do legislativo ao executivo para arrecadar receitas e realizar

    despesas;

    - Foi com a Revoluo francesa (1784) que foram consolidados os princpios de autorizao

    dos impostos e despesas pelo poder legislativo. Em Portugal, a Constituio de 1822 atribuiu s

    Cortes competncia para fixar anualmente os impostos e despesas pblicas;

    o Estado que converte o oramento num instrumento de actuao central do Estado, no s

    porque o oramento supe uma autorizao ao governo mas tambm, porque torna o oramento

    num meio de controlo politico.

    Durante o sc. XIX, os impostos assumem importncia central como meio de financiamento da

    despesa pblica;

    -No se pode entender, contudo, que a existncia de sistemas tributrios criados pela lei

    converta a previso de receitas, numa mera previso contabilstica, sem outros efeitos jurdicos,

    sendo que a previso de despesas seria uma autorizao para gastar.

    -Nos finais do sc. XX, os oramentos dos pases que integravam a EU foram sujeitos a uma

    maior controlo em matria de despesa publica:

    -Unio Econmica e Monetria

    -Crise Econmica e Financeira

    B) Do Ponto de Vista Econmico

    -documento que apresenta o plano financeiro anual da actividade do estado;

    C) Do Ponto de Vista Juridico

    -oramento a norma que regula a actividade financeira do Estado

  • 2 A Actividade Financeira

    2.1 Necessidades Colectivas

    Finanas meios/instrumentos financeiros (dinheiro/crditos) que tm que se adquirir e servem

    para se utilizar na compra de produtos e servios ou como reserva de valor;

    Objecto estudo da aquisio e utilizao de meios financeiros pelas colectividades

    pblicas para executar em maior ou menor graus de poder de imprio:

    - O Estado, a ttulo ordinrio;

    - Autarquias e entidades paraestaduais a titulo derivado;

    Sobressai o Estado, pois tem as suas finanas para executar despesas e a produo de bens, coisas

    teis consideradas aptas para a satisfao de necessidades, ou seja, o Estado detm finanas para

    satisfazer necessidades:

    - No so necessidades do Estado, pois o Estado no um indivduo, mas uma colectividade

    de indivduos;

    - Hoje, em economias capitalistas a maior parte da satisfao de necessidades no cabe ao

    Estado;

    - Actualmente, trata-se de uma actividade entregue maioritariamente aos particulares,

    atravs da actividade econmica privada;

    Mas, h bens cujo custo de produo tem que ser coberto pelo Estado, satisfazem necessidades

    colectivas Defesa do Territrio

    2.1.1 Classificao das Necessidades

    Necessidades de Satisfao Activa exigem uma certa actividade do consumidor;

    Necessidades de Satisfao Passiva satisfazem pela mera existncia do Bem;

    Se a necessidade de satisfao activa o produto dos bens pode exigir um preo pela sua utilizao

    Principio da Excluso: o preo exclui os que no querem ou no podem pagar o Bem

    Se a necessidade a de satisfao Passiva, o produtor no poder exigir por ele qualquer preo.

    Desde que o servio exista, passa a ser utilizado por todos sem o pagamento de preo.

    Quem cobre as despesas de produo destes bens?

    A) Generalidade dos Casos: os que utilizam passivamente os bens s coagidos contribuem para as

    suas despesas de produo. Coagir apenas acessvel a entes dotados de ius imperium Estado e

    restantes entidades pblicas que o detm.

    B) Algumas vezes, esses bens s podem ser produzidos pelo Estado, pois s o Estado dispe dos

    elementos de produo, exemplo: redistribuio do rendimento.

    C) A maior parte das vezes, os particulares dispem dos elementos requeridos para a produo de

    bens que satisfazem necessidades de satisfao passvel Produo Partilhada

  • 2.1.2 Bens de Satisfao Passiva

    Utilizveis por todos independentemente da procura

    Passividade no Consumo

    Traduz se na impossibilidade de excluso inexclusibilidade haver, portanto tambm

    indivisibilidade no consumo e, portanto, irrivalidade.

    Se o consumo de um bem inexigvel, no pode dividir-se pelos utentes o consumo que cada um

    faz e sendo este indivisvel ele igualmente no rival, no sentido de que a utilizao do bem por A

    no implique/prejudique a sua utilizao por B.

    H bens cujo consumo irrival, sendo no

    entanto excluvel.

    exemplo: bilhete de cinema

    Assim:

    Necessidades de Satisfao Passiva bem inexcluivel e irrival

    Necessidade de Satisfao Activa excluvel, podendo ou no ser rival

    s primeiras chamamos colectivas e s segundas individuais.

    2.1.3 Bens de Satisfao Passiva e Activa (colectiva e individuais)

    Bens que para serem produzidos nas condies julgadas convenientes, tambm o Estado tem que

    cobrir o seu custo (total ou parcialmente)

    Satisfazem simultaneamente necessidades colectivas e individuais

    Exemplo: servio de instruo/educao

    O Estado no cobra um preo inferior ao custo aos que individualmente consomem os bens. O

    excesso de despesas tem que ser coberto com outros recursos, quase sempre coactivamente

    obtidos.

    O Estado pode ser ele prprio a produzir estes bens ou encarregar a sua produo a uma empresa

    privada, geralmente a ele prprio.

    2.1.4 Bens que Satisfazem Necessidades Colectivas e Individuais

    Diferem da categoria anterior, porque praticam um preo superior ou igual ao custo, mas inferior

    ao que no mercado se estabeleceria caso a oferta pertencesse s empresas privadas.

    Exemplo: servios postais;

    INEXCLUSIBILIDADE IRRIVALIDADE

    MAS

    Irrivalidade no conduz Inexclusibilidade

  • 2.1.5 Concluso

    Os bens que o Estado produz usando a satisfao de necessidades colectivas so sempre bens

    pblicos.

    Podem dividir-se:

    - Bens Pblicos Propriamente Ditos satisfazem necessidades colectivas

    - Bens Semi Publicos alm de necessidades colectivas, satisfazem necessidades individuais

    Quem decide sobre a existncia de necessidades colectivas o Estado e os seus rgos, as

    associaes representativas e o Governo decises de carcter eminentemente politico;

    2.2 Meios de Funcionamento do Estado O caso das Receitas Cobradas na

    Produo de Bens Pblicos

    A) Preos

    O Estado possui geralmente um patrimnio de direito privado que administra como qualquer

    particular, da resultam rendimentos lquidos (lucros e juros) que podem ser destinados cobertura

    das despesas como a satisfao das necessidades colectivas.

    O Estado produz bens semi-pblicos e cobra preos pela sua utilizao individual.

    Quando forem superiores ao custo ficam cobertas as despesas com a produo dos

    bens e a satisfao das necessidades, resta um excedente que pode ser canalizado

    para outras

    Quando forem iguais ou inferiores ao custo a totalidade ou parte das despesas

    que ficam cobertas Recurso Mnimos

    B) Emprstimos

    No so um meio de financiamento, pois tero que ser reembolsados;

    Consequncias:

    - pocas de Pleno Emprego reduo do investimento privado/inflao;

    - pocas de Desemprego reduo do investimento privado

    C) Impostos

    Principal meio de financiamento;

    Meio definitivo;

    O estado dotado de Ius Imperium constrange os cidados a contribuir;

    H ainda:

    - Receitas Voluntrias;

    - Receitas Coactivas;

    Distines que atende aos critrios de obrigaes resultantes - os primeiros associam-se a

    declaraes de vontades e os segundos ocorrncia de factos.

  • H ainda outro critrio para esta distino que atende ao processo: fixado pela via negocial (receita

    voluntria) ou pela via da autoridade (receita coactiva)

    2.1.1 Classificaes de Meios de Financiamento do Estado

    1 Preos Negocialmente Estabelecidos Estado recebe pela venda dos produtos do seu domnio

    privado e pela prestao de alguns servios ou bens semi-pblicos Receitas Patrimoniais

    2 - Preos Autoritariamente Estabelecidos O Estado recebe pela prestao de outros servios ou

    bens semi-pblicos. Normalmente inferiores ou iguais ao custo Taxas

    3 Importncias que o Estado cobre sem dar nada directamente nada em troca Impostos

    4 Somos que provem de crditos Emprstimos

    3 Finanas Pblicas e Finanas Privadas

    3.1 O Estado dispe de impostos

    Empresa Privada produz, faz despesas, financia estas. Sendo o meio de financiamento destas os

    preos recebidos em troca dos bens que produz;

    Estado cobra a maior parte das suas despesas com recurso a impostos, que j no resultam de

    relaes de troca, pois no nasce para o Estado a obrigao de dar nada ao contribuinte;

    3.2 No so as receitas que determinam as despesas do Estado

    Empresa Privada pauta as suas despesas consoante a receita que obtenha;

    Estado as despesas que determinam as receitas. Ele cobra receitas na medida das despesas que

    se prope a realizar;

    - Os impostos no tm uma elasticidade infinita. medida que aumentam tambm a

    resistncia dos contribuintes aumenta;

    3.3 O Estado propem-se satisfazer necessidades

    Empresa Privada mximo lucro, mnimo custo;

    Estado no usa o lucro, mas a satisfao das necessidades que se julguem oportunas;

    4 Oramento

    O Estado s pode fazer despesas se tiver receitas bastantes. A impossibilidade lgica de fazer

    despesa sem que haja receita do mesmo montante obriga o Estado a prever as despesas para saber

    as receitas de que precisa e a prever as receitas para saber se so suficientes as despesas.

    Previso que obedece a regras jurdicas prprias e encontra.se formalizada no Oramento de

    Estado

    Documento onde se encontram previstas as receitas e

    despesas anuais devidamente autorizadas

  • Dos elementos comuns a qualquer oramento, pblico ou privado: previso e limitao no tempo.

    Ainda um terceiro elemento prprio do Oramento de Estado: a autorizao.

    - Falamos assim de um mapa de previso de receitas e despesas futuras e no de despesas

    actuais ou passadas. Devido a esta incerteza futura necessrio o limitar da previso a

    determinado tempo Regra da Anualidade (1 Janeiro 31 Dezembro)

    - O oramento tem ainda que ser aprovado pelas Associaes Representativas -autorizao;

    - Documento onde se preveem as receitas e despesas pblicas autorizadas para o perodo

    financeiro.

    4.1 Oramento de Gerncia e Oramento de Exerccio

    Em contabilidade:

    Gerncia o conjunto de cobranas e pagamentos num determinado perodo;

    Exerccio o conjunto de cobranas e de pagamentos resultantes de crditos e dividas

    nascidos num determinado perodo;

    Receitas e Despesas referem-se:

    -Perodo de Cobrana e Pagamento (sistema de gerncia);

    -Periodo de Nascimento dos Crditos e das Dividas (sistema de exerccio);

    Oramento:

    De Gerncia Documento que se preveem as receitas que o Estado ir cobrar e as despesas que o

    Estado ir fazer durante o perodo financeiro previso de receitas e despesas na sua fase inicial da

    cobrana e pagamentos;

    De Exerccio Quando se preveem as receitas que o Estado ir cobrar e as despesas que ir pagar

    durante o perodo financeiro em virtude dos crditos e dividas que iro surgir em seu nome ou

    contra si previso de despesas e receitas na sua fase terminal de cobrana e pagamentos;

    Por exemplo: Previso de crdito de 100 milhes, mas alguns contribuintes no pagaro, havendo

    uma falha de 5 milhes:

    - Oramento de Gerncia conta 95M (total que recebeu)

    - Oramento de Exerccio conta 100M (total que nasceu)

    Exemplo: Previso de pagamento de 100 milhes, partidos em 2 anos, 50 milhes por ano:

    - Oramento de Gerncia conta 50M (total que gasta no ano)

    - Oramento de Exerccio conta 100M (total da divida que contraiu)

    Dever-se- pensar as receitas e despesas que se iro cobrar e pagar no respectivo perodo ou as

    que surgiram na totalidade?

    O problema tem interesse, sobretudo, pelo lado da despesa uma vez que no so muito

    significativos em regra, os desvios entre cobrana e exerccios.

  • Quanto s despesas, porm, existe uma srie de despesas plurianuais, isto , que a sua efectivao

    se pronuncia por mais de um ano. Estas ou dividem o pagamento em cada um dos anos em que se

    realiza, a obra, ou so totalmente satisfeitas no ano em que termina. A divida, porm, nasce

    quando o Estado contrata a obra.

    Vantagem do Oramento de Exerccio permitir o confronto entre o montante de dvidas e dos

    crditos que iro surgir contra e a favor do Estado durante o perodo financeiro, sabe-se com ele se

    as importncias de que o Estado vai ser credor cobriro aquelas em que ele ser devedor

    elucidao sobre a situao financeira do Estado (mas nem todas os crditos vm a ser cobrados,

    nem todas as dvidas a ser pagas, no nos proporcionado a situao de caixa do Estado, situao de

    Tesouro Pblico;

    Vantagem do Oramento de Gerncia permite ao Governo regular o _____de Tesouraria, de

    modo a que no falte dinheiro, na poca em que os pagamentos excedem as cobranas, nem o

    dinheiro sobre em demasia, nas pocas em que as cobranas excedem os pagamentos.

    Assim, o Oramento de Exerccio exige a organizao de uma conta do exerccio, muito mais

    trabalhosa do que a conta de gerncia.

    Por sua vez, o Oramento de Gerncia tem o inconveniente de no permitir de forma adequada a

    responsabilizao de cada Governo pela elaborao e execuo dos oramentos.

    - Reforma da Contabilidade Pblica de 1930 (Lei N18381, de 24 de Maio) pronunciou.se pelo

    sistema de gerncia. Sistema mantido pela Lei N8/90 de 20 Fevereiro (Lei de Bases da

    Contabilidade Pblica) artigos 14/1 e 2 e artigo 15.

    - Administrao Central e Institutos Pblicos (servios personalizados e fundo pblico) tm como

    regime financeiro e autonomia administrativa nos actos de gesto corrente. O regime de

    autonomia administrativa financeira s existir a ttulo excepcional:

    A) Quando resulte de um imperativo constitucional artigo 60/3 Lei N8/90 de 20 de

    Fevereiro;

    B) Quando se justifique para a sua adequada gesto e cumulativamente se atingiu um

    mnimo de 2/3 de receitas prprias

    C) Outras razes pela lei ou DL estabelecidos;

    - Autonomia Administrativa de Gesto: artigos 1 e 2 da Lei N8/90 de 20 Fevereiro

    - Competncia para autorizar a realizao de despesas;

    - Competncia para praticar actos administrativos definitivos/executrios;

    PROBLEMA as despesas plurianuais ho-de ser previstas no oramento do ano em

    que se coloca o contrato ou no oramento do ou dos anos em que se vai pagar?

  • 4.2 Distino entre Oramento, Conta e Balano

    Oramento Conta

    Preciso Quanto se gastar? Diz respeito ao futuro

    Efectivao Quanto se gastou?

    Diz respeito ao passado

    Conta Balano

    Registo das receitas arrecadadas e das despesas pagas

    Quadro de uma situao patrimonial existente, o confronto entre o activo e passivo de um patrimnio em determinado momento

    Oramento Balano

    Faz previso e insere do lado activo as receitas e do lado passivo as despesas

    No faz previso. Nele se inscrevem, regra geral, do lado activo os valores dos bens do domnio

    privado e pblico, o dinheiro em cofre ou passivo, o capital dos emprstimos contrados, os fundos de amortizao dos bens duradouros e as

    dvidas da compra de bens e servios

    4.3 Funo do Oramento

    A) Relacionamento das receitas com as despesas:

    - O Estado tem de orar as suas despesas e as suas receitas a fim de assegurar que estas

    bastam para cobrir aquelas;

    - Artigo 108/4 CRP;

    B) Fixao de despesas:

    - Se as receitas tem que cobrir as despesas, ento torna-se necessrio fixar o montante

    destas, s depois de sabermos o montante da despesa que se pretende efectuar que se pode

    prever as receitas para as cobrir.

    Oramento de Receitas simples clculo/estimativa incerteza dependente de condies futuras;

    Oramentos de Despesas as suas verbas correspondem s importncias que os servios possam

    gastar nunca os servios podero fazer despesas de montante superior ao dos crditos

    oramentais (artigo 13/1 e 42/5 LEO).

    Se temos oramentos de exerccio, os crditos oramentais traduzem-se autorizaes de contrair

    dividas durante o perodo financeiro e de fazer pagamentos durante ele e nos perodos seguintes;

    Total de Despesas Soma das despesas de todos os servios do Estado, fixadas as

    despesas de cada um dos servios estar fixado o total de despesas:

    - A cada um dos servios so atribudos verbas de despesa, autorizaes de gastar

    (crditos)

    - Oramento das despesas soma dos crditos dos servios

    Total de Despesas = Soma dos crditos oramentais.

  • Se temos oramentos de gerncia, os crditos oramentais traduzem autorizaes de fazer

    pagamentos duranta o perodo e no excedente sobre os pagamentos resultantes de dvidas

    contradas em perodos anteriores e que nestes deveriam ter sido pagas, tambm autorizaes de

    contrair dividas a pagar no prprio perodo.

    Discrepncia entre a regra da anualidade e as despesas plurianuais somente no Oramento

    de Gerncia;

    Assim, sendo no oramento de gerncia as despesas plurianuais devero ser autorizadas por lei

    especial, que as mande prever nos oramentos dos anos em havero de ser pagas, o que implicar

    a violao da regra da anualidade artigo 31 e 32 LEO

    C) Exposio do Plano Financeiro anual do Estado:

    - Caracterizao do plano da Administrao, qual o desenvolvimento que vai dar aos

    servios ou s restries que lhes vai impor, bem como a importncia de recursos que vai ser

    transferida do sector privado para o pblico;

    5 Regras da Organizao do Oramento

    Funes = Fins para serem atingidos h que organizar o oramento com determinadas regras:

    anualidade, unidade, especificao, no compensao, universalidade e no consignao.

    5.1 Regra da Anualidade - Artigo 106/1 CRP;

    - Dupla exigncia: votao anual do oramento pelo Parlamento e execuo anual deste

    pelo Governo e Administrao Pblica;

    5.2 Regra da Unidade - Receitas e despesas devem ser inscritas num nico oramento;

    - Em primeiro, porque se fica a saber logo qual o montante total de despesas, e se o

    montante total das receitas suficiente para as cobrir

    - Em segundo, porque o oramento expe o plano financeiro do Governo. Aprende-se

    melhor o plano financeiro quando ele consta de um nico documento do que quando ele se

    dispensa por vrios (artigo 105/3 CRP e artigo 5 LEO)

    Objectivos:

    - Pretende evitar a existncia de receitas e despesas que escapam autorizao

    parlamentar e ao controlo oramental;

    - Permite que possa haver uma viso em conjunto, de regra e disciplina na tesouraria do

    Estado e autorizao coerente e eficaz dos instrumentos de poltica econmica e financeira;

    - Regies Autnomas e autarquias locais tm um oramento muito prprio e independente

    do Estado (principio da autonomia do poder regional e local), mas nada obstem que no devam

    apresentar ao abrigo do artigo 32 LEO, o total de responsabilidades financeiras resultantes de

    compromissos plurianuais, cuja natureza impea a contabilizao directa do respectivo montante

    total no ano em que os compromissos so assumidos.

  • -Permite apurar quais os encargos que o poder central e as regies autnomas e autarquias

    locais assumiram em exerccios futuros;

    5.3 Regra da Especificao - Impe que as receitas e despesas devam ser inseridas especificamente e no em globo;

    Historicamente:

    - Sofrem contestao por parte dos executivos, ciosos dos seus poderes e do carcter

    secreto das suas aces;

    - Defendida por Benjamin Constant;

    - Aclamou-se uma especificao legal, de execuo razovel e possvel;

    - Sem ela no haveria ordem nas finanas nem conhecimento do emprego dos dinheiros

    pblicos ou das despesas criadas;

    Artigo 105/1 a) CRP Oramento de Estado deve conter a discriminao das receitas e despesas do

    Estado, incluindo fundos e servios autnomos.

    Assim, pode-se fazer:

    A) Uma previso das despesas de cada servio ou de cada grupo de servios e uma previso

    do total de cada gnero ou categoria de receitas;

    B) Uma previso de cada uma das espcies de receitas e de cada uma das vrias espcies de

    despesas;

    Se as receitas e as despesas fossem previstas em globo e no discriminadamente, o

    oramento no nos indicaria as diversas fontes de onde o Estado vai tirar os seus

    recursos nem os diversos gastos que cada servio ir realizar;

    No teramos uma verdadeira exposio do plano financeiro;

    Contudo, a especificao no pode ser levada at s ltimas consequncias. Pois, se no oramento

    fossem discriminadamente previstas, as mnimas despesas, os servios perderiam toda a iniciativa,

    toda a capacidade de adaptao s circunstncias. Convm, por isso, que as verbas no sejam

    minuciosamente discriminadas.

    Especificao Classificao das receitas e despesas

    5.3.1 Classificao das Receitas e Despesas

    - Correntes;

    - De capital;

    Receitas Correntes:

    A) Impostos Directos;

    B) Impostos Indirectos;

    C) Contribuies para a S.S., caixa geral de aposentaes e ADSE;

    D) Taxas, multas e outras penalidades;

    E) Rendimentos da propriedade;

    F) Transferncias Correntes;

    Classificao Econmica

    (constitudas por captulos,

    grupos e artigos)

  • G) Venda de bens e servios correntes;

    H) Outras receitas correntes;

    Receitas de Capital:

    A) Venda de bens de investimento;

    B) Transferncia de capital;

    C) Activos financeiros

    D) Passivos financeiros;

    E) Outras receitas de capital;

    F) Recursos prprios comunitrios;

    G) Reposies no abatidas nos pagamentos;

    H) Saldos da gerncia anterior;

    I) Operaes extra-oramentais;

    5.3.2 Classificao das Despesas

    A) Orgnica distribuem-se de acordo com a entidade que as realiza, isto , pelos departamentos

    da administrao financeira:

    constitudos por captulos, divises, subdivises, artigos e alneas;

    mapa II da proposta do oramento de Estado para 2014 constituem: os encargos

    gerais do Estado, Presidncia do Conselho de Ministros, Finanas, Negcios Estrageiros, Defesa,

    Administrao Interna, Justia, Economia, Ambiente, Arquitectura, Sade e Educao.

    B) Econmica

    - Correntes previstas em remunerao do pessoal, em bens consumveis , em bens

    duradouros no classificados como de investimento, me transferncias aparentes (no contam as

    quotas de amonizao de bens duradouros;

    - De Capital previstas em bem duradouros de investimento, em activos financeiros e

    passivos financeiros, em transferncia de capital;

    C) Classificao Funcional (de acordo com a natureza das funes exercidas pelo Estado)

    Assim:

    Apresenta diversas vantagens:

    - Forma mais clara a exposio do plano financeiro, pois o que nos d as despesas

    previstas com o desempenho de cada uma das funes;

    Despesa em Funes Gerais de Soberania Servios Gerais da Administrao

    Pblica, Defesa Nacional, Segurana e Ordem Pblica;

    Despesa em Funes Sociais Educao, Sade, Segurana, Aces Sociais,

    Habitaes e Servios Colectivos, Servios Culturais, Recreativos e Religiosos;

    Despesa em Funes Econmicas Agricultura, Pesca, Pecuria, Caa, Industria

    e Energia, Transportes e Comunicaes

    Despesa em Outras Funes Operaes da Dvida Pblica, Transferncias

    entre Administraes

  • - Combinada com a classificao das despesas correntes e de capital, permite determinar o

    custo de cada uma das funes pblicas, bastando somar as despesas correntes s quotas de

    amortizao dos respectivos bens duradouros;

    - Permite comparar as percentagens das despesas totais exigidas ao longo dos anos para o

    desempenho das vrias funes e saber quais as funes a que o Estado atribuiu primazia;

    - Determina o rumo da poltica das despesas;

    Artigo 105/3 CRP:

    - Oramento deve especificar as despesas segundo uma perspectiva orgnica e funcional;

    - Permite que as despesas sejam estruturadas por programas (DL N131/2003 de 28 de Jun)

    A realizao de cada objectivo importa custos e traz benefcios. Custo que no so apenas despesas

    oramentais, pois h que adicionar-lhes os prejuzos imateriais eventualmente sofridos pelos

    cidados.

    Custos e Benefcios Sociais:

    - S quando os benefcios sobreelevarem os custos valer a pena executar p programa;

    - H que individualizar todos os custos e benefcios e quantificar monetariamente cada um

    deles, optando pelo projecto mais vantajoso;

    - Por vezes impossvel esta anlise, pois h benefcios insuscetveis de qualificao,

    procedendo-se anlise custos-eficcia - apenas ter em conta os custos, optando-se pelo mais

    barato;

    - Outras, a anlise possvel, mas sujeita a numerosas lacunas e erros;

    5.4 Regra da No compensao do Oramento Bruto e da Regra da

    Universalidade

    As receitas e despesas devem ser inseridas no oramento sem qualquer compensao ou desconto

    regra do oramento bruto artigo 5/1 LEO;

    Sendo assim as receitas e despesas devem ser todas oradas - regra da universalidade artigo 5/1

    LEO;

    As receitas e despesas mesmo estando inseridas num mesmo documento e de forma discriminada,

    podem ser oramentadas pela sua importncia e ainda pelo seu montante bruto. que a cobrana

    de receitas implica sempre despesas e a realizao das despesas proporciona, por vezes receitas

    acessrias;

    Se o oramento for de receitas e despesas brutas Oramento Bruto

    Se o oramento for de receitas e despesas lquidas Oramento Liquido

    - No permite a fixao das despesas pblicas. Se as receitas forem compensadas pelas

    despesas e as despesas forem compensadas pelas receitas no se estabelecer o montante das

    despesas.

    - Conjunto de verbas que se destinam realizao de determinado objectivo que podem

    caracterizar um ou vrios projectos de empreendimentos;

    - Permite conhecer os gastos oramentais com a realizao de cada objectivo;

  • - Oramento Bruto permite uma maior racionalidade e possibilidade de um controlo

    efectivo, da execuo oramental.

    As receitas tm que se destinar indistinta e indiscriminadamente cobertura de todas as despesas.

    5.5 Regra da No Consignao

    As receitas devem ser indiscriminadamente destinadas cobertura de despesas e no qualquer

    receitas afectadas cobertura de despesas em especial.

    Pretende-se evitar a existncia de uma administrao Pblica fragmentria desprovida de uma

    gesto financeira de conjunto. Como consequncia existe o Tesouro, que tem a seu cargo de modo

    centralizado a cobrana de receitas e realizao de despesas.

    6 Violao das Regras

    6.1 A Consignao de Receitas a autonomia financeira

    Viola a regra do oramento que obriga a que as receitas devam ser indiscriminadamente destinadas

    cobertura das despesas, e no quaisquer receitas afectadas cobertura de despesas em especial.

    Quando que h verdadeiramente consignao de receitas para efeitos de contabilidade pblica?

    No consignao, porque as receitas daquele imposto podero destinar-se indiferentemente

    cobertura de quaisquer despesas, estejam ou no cobertas as despesas do mesmo servio pblico e

    porque deste servio podero realizar-se na medida em que foram previstas, e no apenas at

    concorrncia das receitas que vier a produzir o tributo.

    Mas, se o Estado alm de criar o imposto, estabelece que as suas receitas ficam afectadas

    cobertura do novo servio ento j haver consignao, visto que:

    - Por um lado as receitas do imposto no podero destinar-se a quaisquer despesas antes

    de estar assegurada a cobertura dos crditos a que foram afectadas;

    - Esses crditos s podero utilizar-se na medida do produto imposto que o Estado lhes

    destinar;

    Por exemplo: Preveem-se 500.000 com o novo servio

    Imposto rende 500.000 ou mais servio realiza-se totalmente;

    Imposto rende 45.000 servio no poder gastar mais do que isso;

    Duplo Cabimento: haver consignao de receitas, as despesas tero de cobrir no s os crditos

    oramentais - primeiro cabimento - mas tambm ainda no produto das receitas que lhes foram

    afectadas segundo cabimento.

    Assim, a consignao pode traduzir-se numa situao de favor, ou numa situao de desfavor para

    as respectivas despesas.

    Estado

    cria

    servios

    Aumenta

    despesa

    Aumenta

    receita

    Estado

    cria

    imposto

  • Situao de Favor se o produto das receitas consignadas iguala ou excede o montante

    previsto das despesas, estas tem asseguradas a sua cobertura, seja qual for a situao financeira do

    Estado. Se a situao financeira se tornar desfavorvel, o Estado pode ter que reduzir as despesas,

    mas se o fizer, ser apenas nos servios sem receitas consignadas, pois outros gozam do principio

    das suas despesas serem cobertas pelas receitas consignadas.

    Situao de Desfavor se o produto das receitas consignadas vem a ser menor do que o

    previsto das despesas, o servio no pode realizar todas as despesas previstas, mas apenas aquelas

    que as receitas permitem.

    Razes Fundamentais da Consignao de Receitas:

    A) Pretende-se colocar permanentemente certas despesas em situao de favor. Essas

    despesas devem ter garantida a sua cobertura todos os anos, mesmo quando o Estado haja

    de sacrificar. Na falta de recursos, a realizao de quaisquer outras;

    B) Faz-se para no garantir uma situao permanente de favor s respectivas despesas, mas

    para que estas s sejam cobertas at onde o permitirem certas receitas, geralmente

    receitas cobradas aos que do causa s despesas (entradas).

    Em Portugal, s a ttulo excepcional, que os servios tm receitas consignadas. Os servios que

    tm receitas consignadas podem gozar ou no de autonomia financeira.

    Autonomia dos Servios:

    Administrativa so aqueles que permitem praticar actos definitivos e executrios, entre

    os quais autorizar despesas e pagamentos, mas com crditos inseridos no oramento de Estado

    (regime regra, segundo a Lei de Bases da Contabilidade Pblica);

    Financeira alm de autonomia administrativa, dispem de receitas prprias o que lhes

    permite autorizar com essas receitas, os pagamentos das despesas previstas em oramento seu;

    No existe, contudo uma perfeita identidade entre consignao de receitas e autonomia financeira,

    podendo ou no haver consignao de receitas no caso das receitas com autonomia administrativa,

    enora em regra no haja, mas h necessariamente consignao de receitas no caso dos servios

    com autonomia administrativa e financeira.

    6.2 Pluridade Oramental

    A) Oramentos de Servios Autnomos:

    Havendo autonomia financeira, o oramento das receitas e das despesas de respectivos

    servios ou explorao tanto pode figurar no mesmo documento em que figuram as demais

    receitas e despesas pblicas, como em documentos parte do oramento do Estado.

    Autonomia Financeira compatvel com a violao da Regra da Unidade.

    Consiste em ter receitas e Oramentos Prprio

  • No se vm que vantagem possa haver em organizar oramentos separados para os servios

    autnomos, em subtrair as suas receitas e despesas ao documento onde se encontram previstas as

    restantes receitas e despesas do Estado.

    B) Oramento Ordinrio e Oramento Extraordinrio

    A pluridade oramental tambm tem sido preconizada e aplicada em outros casos que no apenas

    o da consignao de receitas:

    - A pluridade oramental existe sempre que as receitas e as despesas do Estado no

    apaream num, nico documento, mas em vrios;

    - Unidade do oramento a unidade do documento que ele consta;

    Essa unidade pode ser quebrada com base na autarquia financeira, mas ainda o pode ser com base

    na distino entre despesas ordinrias e despesas extraordinrias.

    - Despesas Ordinrias despesas que presumivelmente se repetiro em todos os perodos

    financeiros, constituem encargos permanentes do Estado exemplo: servios pblicos;

    - Despesas Extraordinrias no natural repetirem-se em todos os perodos, despesa que

    geralmente nele se quer, pode prever-se ao ora-las quando voltaro a surgir exemplo:

    construo de edifcios;

    Tambm h receitas permanentes e receitas ocasionais/extraordinrias:

    Permanentes So aquelas que o Estado prev cobrar este ano e com toda a probabilidade

    voltar a cobrar nos anos seguintes. o caso das receitas patrimoniais, taxas e impostos

    permanentes;

    Ocasional/Extraordinrias Receitas que o Estado obtm este ano e com toda a

    probabilidade no voltar a obter nos anos seguintes ou, pelo menos, no se sabe quando voltar a

    obt-las exemplo: vendas de patrimoniais, os emprstimos e os impostos no permanentes.

    Alguns autores, tm entendido que as despesas ordinrias devem ser cobertas por despesas

    ordinrias e que as despesas extraordinrias devem ser cobertas com receitas extraordinrias.

    - Se se cobrirem despesas ordinrias com receitas extraordinrias excesso de despesas

    ordinrias sobre as receitas totais nos anos em que o Estado no disponha de receitas

    extraordinrias;

    - Se se cobrirem despesas extraordinrias com receitas ordinrias excesso de receitas

    ordinrias sobre as despesas totais nos anos em que o Estado no faa despesas extraordinrias;

    Para fugir falta de receitas no primeiro caso e ao seu excesso no segundo impem-se

    uma correspondncia entre despesas ordinrias e receitas ordinrias e, despesas

    extraordinrias e receitas extraordinrias.

  • Da a organizao de dois documentos oramentais:

    - Um em que se prevejam as despesas e receitas permanentes do Estado Oramento Ordinrio;

    - Outro em que se prevejam as despesas e receitas no permanentes do Estado Oramento

    Extraordinrio;

    Estado prev uma despesa de 500M de euros com a construo de edifcios (despesas

    extraordinrias), se um dos oramentos dos anos seguintes o Estado voltar a previr despesas de

    500M de euros com a construo de edifcios, temos na construo de edifcios naquele ano,

    despesas extraordinrias cujo montante se repetir.

    Pode haver assim, um montante ordinrio de despesas extraordinrias despesas que no se

    retornam em espcie, mas se retornam em gnero, no seu montante despesas extraordinrias

    recorrentes.

    Podem ser cobertas com receitas ordinrias, pois na verdade constituem despesas permanentes.

    Razo da Duplicidade de Oramentos: evitar-se o desequilbrio entre despesas e receitas

    ordinrias, e despesas e receitas extraordinrias e a consequente falta de receitas do Estado.

    Acontece com frequncia poder prever-se que as receitas e despesas ordinrias iro aumentar.

    Ora, dentro dos limites em que se possam prever as receitas ordinrias iro aumentar, estar

    justificado que se cubram, em determinado ano, despesas ordinrias com despesas extraordinrias.

    Dentro dos limites em que se preveja que as despesas ordinrias iro aumentar, tambm estar

    plenamente justificado que se cubram despesas extraordinrias com receitas ordinrias.

    No se demostra que, por motivos de cobertura, o Estado tenha de manter sistematicamente todos

    os anos, o equilbrio entre as despesas e as receitas permanentes e despesas e receitas ocasionais.

    Uma coisa porm a distino entre umas e outras despesas e receitas, outra a violao, com

    base na regra da unidade. Pois podem prev-se todas as despesas e receitas do Estado no mesmo

    documento, mas separando-se as despesas e receitas ordinrias das despesas e receitas

    extraordinrias.

    O Estado tanto pode organizar o seu oramento ordinrio e o seu oramento extraordinrio em

    documentos distintos, como apresent-lo a todos num nico documento (no se v razo para que

    deixe de o fazer no mesmo documento regra da unidade);

    C) Oramento Corrente e Oramento de Capital

    A regra da unidade tambm pode ser violada com base na distino entre despesas correntes e

    despesas de capital.

    Despesas Correntes so despesas que o Estado faz em bens consumveis durante o

    perodo financeiro ou que se vo traduzir na compra de bens consumveis como, por exemplo,

    despesas com vencimentos dos funcionrios e com a aquisio de bens cujo uso se esgota no

    decorrer do ano, por exemplo, subsdios s classes mais pobres, respectivamente.

    Violao da Regra da Unidade o que importa para esta

    bipartio no a espcie, mas o gnero das despesas, ou

    seja, o que importa no a repartio ou no da espcie de

    despesas, mas sim a repartio ou no do seu montante.

  • Despesas de Capital despesas que o Estado faz em bens duradouros que contribuem para

    a formao do aforro, so as despesas, por exemplo com edifcio pblicos, estradas, portos e com o

    reembolso dos emprstimos respectivamente.

    Por outro lado, h igualmente receitas correntes e receitas de Capital:

    Receitas de Correntes so as que provm do rendimento do prprio perodo (receitas,

    taxas, impostos);

    Receitas de Capital provm do aforro (emprstimos com os sujeitos concedem ao Estado

    com dinheiro prprio);

    Estas categorias de receitas e despesas (correntes e de capital) no correspondem,

    respectivamente quelas outras receitas e despesas ordinrias e extraordinrias. Assim,

    encontramos:

    Despesas Correntes Extraordinrias Guerra

    Despesas de Capital Ordinrias Reparao de bens Pblicos

    Receitas Correntes Extraordinrias Impostos extraordinrios

    Receitas de Capital Ordinrias Venda de bens de investimento

    H quem entenda que se devem organizar dois documentos oramentais: um em que se prevejam

    as despesas em bens consumveis e as receitas que provm do rendimento - oramento corrente -

    e outro em que se prevejam as despesas em bens duradouro e as receitas que provem do aforro

    oramento de capital.

    Oramento Corrente:

    Despesas os gastos com aquisio de bens consumveis, as transferncias correntes e as quotas

    de amortizao dos bens duradouros;

    - As prestaes gratuitas sem contrapartida so as transferncias (exemplo Bolsas):

    - Correntes utilizadas directamente na compra de bens de consumo;

    - De capital utilizadas na compra de bens capitais fixos;

    - Amortizaes o valor da parte dos bens duradouros que vai ser constitudo no perodo

    financeiro;

    Oramento de Capital:

    Despesas:

    - Em bens duradouros;

    - Emprstimos a conceder pelo Estado;

    - Reembolso dos emprstimos contrados;

    - Transferncias de capital a favor de entidades pblicas ou privadas;

  • Receitas:

    - Quotas de amortizao dos bens duradouros;

    - Reembolso dos emprstimos que o Estado concedeu;

    - Emprstimo a contrair com o Estado;

    - Transferncias de capital a favor do Estado;

    O Dfice do oramento de capital iguala, e tem que igualar, o superave do oramento corrente;

    As despesas so cobertas ou com receitas correntes ou com receitas de capital

    As despesas de capital que no forem cobertas com receitas de capital dfice do oramento de

    capital tem de o ser com receitas correntes que no cobram despesas correntes (superave do

    oramento corrente;

    Do mesmo modo, o dfice do oramento corrente iguala o superave do oramento de capital;

    Dois oramentos para:

    - Saber se o oramento est ou no equilibrado;

    - Permite o clculo do custo dos servios (como as quotas de amortizao dos bens

    duradouro que representam a despesa em bens duradouros imputvel ao custo de produo de

    cada servio de cada ano;

    No significa a violao da regra da unidade, pois assim como o oramento ordinrio e o oramento

    extraordinrio podem constar perfeitamente do mesmo modelo documental, tambm podem

    constar do mesmo documento o oramento corrente e de capital.

    Exemplo, no caso de as receitas correntes excederem as despesas correntes:

    A Oramento Corrente

    Receitas Despesas

    Receitas Patrimoniais 10 Bens consumveis 130

    Taxas 10 Transferncias 10

    Impostos 150 Quotas de amortizao 10

    Transferncias Correntes 5

    Total 175 Total 150

    Superave 25

    B Oramento de Capital

    Receitas Despesas

    Quotas de Amortizao 10 Bens consumveis duradouros 20

    Transferncia de Capital 5 Transferncia de Capital 10

    Reembolso de emp concedidos 5 Reembolso de emp concedidos 10

    Transferncias Correntes 5 Emprstimos a contrair 10

    Total 25 Total 50

    Dfice 25

  • Autonomia Financeira

    Oramento Ordinrio/Extraordinrio Compatveis com a Regra da Unidade

    Oramento Corrente e de Capital

    7 Princpios da Organizao do Oramento

    7.1 Princpio da Economia, eficincia e eficcia

    A assuno de compromissos e a realizao de despesas pelas entidades pertencentes aos

    subsectores que integram a administrao pblica esto sujeitas ao princpio da economia,

    eficincia e eficcia.

    Consistem na utilizao do mnimo de recursos que assegurem os adequados padres de qualidade

    do sector pblico:

    - Na promoo do acrscimo da productividade com menos despesa;

    - Utilizao de recursos mais adequados para atingir o resultado que se pretende

    alcanar artigo 10E LEO);

    7.2 Princpio da Equidade Internacional

    O Oramento Estado deve ser elaborado de forma a respeitar o princpio da equidade na

    distribuio de benefcios e custos entre geraes incluir necessariamente a incidncia

    oramental dos seguintes itens:

    A) Responsabilidades contratuais plurianuais dos servios integrados, dos servios e fundos

    autnomos, agrupados por ministrios;

    B) O investimento Pblico;

    C) O investimento em capacidade humana, confinado pelo Estado;

    D) Encargos com a divida Pblica;

    E) Necessidade de Financiamento do Sector empresarial do Estado;

    F) Penses de reforma ou outro tipo (artigo 10LEO)

    7.3 Princpio da Transparncia

    Obrigao de o oramento ser claro, por forma a permitir uma fiscalizao eficaz por parte dos

    rgos competentes;

    Dever de informao entre todas as entidades Pblicas;

    Dever de fornecimento de informao entidade encarregada de motorizar a execuo

    oramental, nos termos e prazos a definir no DL de execuo oramental (10C LEO);

    Obsta possibilidade da existncia de dotaes e fundos secretos, sem prejuzo dos regimes

    legalmente previstos, como por razes de segurana nacional, desde que autorizados pela AR, sob

    proposta do Governo, sendo que se ocorrerem so susceptveis de nulidade (artigo 105/3CRP e

    8/6 LEO).

  • 7.4 Princpio da Publicidade

    Assegurada pelo Governo;

    Obrigao de certificar a publicao de todos os documentos que se revelem necessrios para

    assegurarem a adequada divulgao e transparncia do OE;

    Aplicvel s regies autnomas e autarquias locais tambm;

    8 Equilbrio Oramental

    8.1 Vrios conceitos de equilbrio

    Artigo 108/4 CRP diz que o Oramento deve prever as receitas necessrias para cobrir as despesas,

    assim como o artigo 4 da Lei

    Oramento Equilibrado:

    - De facto no faria sentido que se previssem despesas sem se preverem receitas correspondentes

    - Apresenta-se com receitas iguais ou superiores;

    - Fala-se, todavia, frequentemente em dfice no oramento;

    A) Equilbrio entre despesas e receitas efectivas: despesas que diminuem e receitas que

    aumentam o patrimnio do Estado. Assim se o montante de umas e de outras for igual, o

    Estado chegar ao termo da execuo do oramento com o mesmo patrimnio que tinha

    no seu incio:

    a. Entende-se que as despesas pblicas, salvo o reembolso dos emprstimos, se

    traduziria sempre em diminuio do patrimnio do Estado;

    b. Os bens duradouros do Estado no davam rendimento e, portanto, no tinham

    valor de explorao, no produziam receita lquida;

    Para que o Estado no ficasse com o seu patrimnio diminudo era preciso que tais despesas

    (excepo do reembolso dos emprstimos) fossem cobertas por receitas que lhe aumentassem o

    patrimnio.

    Como entre as receitas efectivas (patrimoniais, taxas e impostos) s os impostos tm de facto

    relevncia, e as despesas no-efectivas nem sempre aparecem ou representam pouco, o equilbrio

    oramental era dado pela igualdade entre despesas teis e impostos.

    Concepo tradicional/clssica que significava:

    A) Cobertura das despesas totais com os impostos;

    B) Manuteno do patrimnio do Estado;

    C) Neutralidade das Finanas:

    a. Contribuintes diminuam as suas despesas na exacta medida dos impostos que

    pagavam;

    Pode existir mesmo quando as receitas so iguais/superiores s despesas, o equilbrio

    oramental no se define pelo equilbrio entre todas as despesas e receitas, mas sim pelo

    equilbrio entre certas despesas.

  • b. Se os impostos igualassem as despesas pblicas teramos um montante destas

    idntico reduo das despesas, no aumentavam nem diminuam as despesas

    totais;

    Assim, os impostos subtraiam o rendimento dos contribuintes que se destinavam a consumo e ao

    aforro:

    a) Prejuzo para a formao de capital, para o investimento o Estado surge como puto

    consumidor;

    b) Os rendimentos dos contribuintes destinados ao aforro seriam destinados ao consumo

    pblico;

    Pelo que se preconizava a reduo das despesas ao mnimo o melhor oramento seria o mais

    pequeno.

    Em caso de dfice, o Estado recorria a emprstimo. Se recorresse emisso de notas, instalar-se-ia

    uma situao de inflao, em caso de emprstimos a longo prazo, o aforro dos particulares seria

    gasto na compra de bens que o Estado iria necessariamente consumir.

    Dfice traria inflao ou reduo do investimento o equilbrio do oramento adquiriu assim um

    sentido normativo era necessrio o seu equilbrio para que as finanas no prejudicassem a

    estabilidade e progresso. Perdeu-se a ideia, ento, que o melhor oramento era o mais pequeno.

    Em consequncia, como os contribuintes resistiam ao aumento de impostos, o Estado para manter

    o equilbrio viu-se forado a renunciar ao aumento das despesas

    B) Equilbrio entre receitas e despesas ordinrias (1928 a 1976): se as receitas ordinrias

    igualarem as despesas ordinrias haver equilbrio entre despesas e receitas peridicas.

    Equilbrio entre as receitas que a gerao presente paga e as despesas que s ela beneficia.

    Assim, as despesas ordinrias esgotam a sua utilidade dentro de cada um dos perodos em que so

    realizadas. Pelo contrrio, as despesas extraordinrias oferecem uma utilidade duradoura, que se

    prolonga para alm do ano em que so feitas.

    - O pagamento, em cada ano, das despesas de utilidade passageira traduz-se na cobrana

    de receitas em que ho-de repetir-se todos os anos e sero receitas ordinrias receitas

    patrimoniais, taxas e impostos permanentes;

    - O pagamento das despesas de utilidade duradoura s pode conseguir-se atravs da

    cobertura dessas despesas com emprstimos receitas extraordinrias;

    Embora fcil de elaborar o conceito de equilbrio ordinrio tornou-se de aplicao difcil.

    Isto porque h uma vasta gama de despesas sobre as quais legtimo discutir-se a sua categoria.

    Cabendo ao governo a deciso, o oramento ordinrio pode traduzir-se no arbtrio da escolha dos

    meios de financiamento de muitas despesas.

    Haver, pois, equilbrio se a gerao existente em cada ano pagar as despesas cuja utilidade a

    cada ano se limita.

  • C) Equilbrio entre receitas e despesas correntes: se as receitas correntes igualarem as

    despesas correntes, haver equilbrio entre a reduo e o aumento do consumo resultantes

    da actividade financeira.

    a. As receitas correntes procedem do rendimento, se se admitir que os impostos so

    sempre pagos com rendimento que de outro modo se destinaria a consumo, as

    receitas correntes constituem receitas subtradas ao consumo dos particulares.

    Como as despesas correntes so despesas de consumo, se houver equilbrio entre elas e receitas

    correntes, o aumento do consumo pblico, igualar a diminuio do consumo privado.

    A Actividade financeira no afectar o rendimento/consumo e o aforro.

    O superave do oramento corrente (excesso das receitas correntes sobre as despesas de consumo)

    d-nos o aforro do Estado, liquido ou bruto, no caso de conter ou no as quotas da amortizao,

    respectivamente.

    O dfice passou a ser definido em funo dos efeitos das finanas sobre o consumo e aforro.

    Vantagens:

    A) Presta-se menos ao arbtrio do que s despesas em ordinrias e extraordinrias;

    B) Justificao para contrair emprstimos aceitveis pelo pblico;

    C) No resulta prejuzo para as empresas privadas;

    D) No resulta dfice para o Estado se ele cobrir com emprstimos os gastos em bens

    duradouros.

    8.2 Apreciao Critica

    Os financistas tm uma preferncia pelo equilbrio efectivo, porm, actualmente j no se atribui

    carcter de neutralidade ao equilbrio despesas totais impostos, visto hoje saber se que os

    impostos reduzem menos do que o montante das despesas privadas nem se atribuem efeitos

    sempre nocivos cobertura de despesa pblica com emprstimos.

    A emisso de notas s ser necessariamente inflacionista se houver pleno-emprego, o contrair de

    emprstimos por parte do Estado s prejudicar o investimento total se o produto deles se destinar

    a despesas em bens de consumo.

    A) Equilbrio despesas/receitas ordinrias

    a. No se demostra que os emprstimos pblicos transfiram de gerao em gerao;

    b. No se demostra que as despesas ordinrias, pelo facto de se repetirem em todos

    os perodos financeiros, tenham uma utilidade temporria;

    i. Exemplos das despesas de escolas e hospitais, em qualquer um dos casos,

    as despesas ordinrias tm uma utilidade duradoura;

    B) Equilbrio despesas/receitas correntes

    a. No exato que o pagamento dos impostos signifique sempre reduo do

    consumo, pois h impostos que so satisfeitos, no todo ou em parte, com aforro

    existente ou com rendimento de que outro modo se destinaria a aforro.

    certo que o grosso dos impostos implica a reduo do consumo privado, sendo assim, pode

    considera-se vlida, tal concepo de equilbrio.

  • Se se atribuir carcter normativo ao equilbrio do oramento, isto , se se entender que o

    oramento deve estar equilibrado, por qual concepo adoptar?

    Optar pelo equilbrio entre despesas/receitas correntes ou efectivas depende:

    A) De se pretender discriminar a forma de determinadas despesas. Admitir que

    determinadas despesas sejam cobertas com emprstimos sem prejuzo do equilbrio

    oramental, fazer discriminao a favor dessas mesmas despesas;

    a. muito mais fcil, o Estado aumentar as suas receitas atravs de emprstimos

    do que atravs de impostos, pois estes encontram sempre resistncia dos

    contribuintes;

    b. A concepo de equilbrio do oramento corrente redunda em facilitar as

    despesas em bens duradouros, que podero ser feitos por conta de

    emprstimos, dificultando as despesas em bens consumveis, que tero de ser

    feitas com o produto dos impostos.

    Pode levar a despesas excessivas em bens duradouros e a despesas insuficientes em bens

    consumveis, mas a exigncia de cobertura de todas as despesas com impostos pode impedir o

    Estado de fazer as despesas requeridas ao desenvolvimento econmico.

    B) De se pretender impedir que haja absoro de aforro privado ou aumento da procura

    global;

    a. As despesas pblicas correntes so normas que se gastam no consumo e as

    receitas pblicas correntes so somas que se deixam gastar em consumo;

    b. S h dfice, a diferena tem que se ser coberta pelo recurso a receitas de

    capital, a receitas que provm do aforro privado;

    c. As despesas efectivas implicam o aumento da procura de bens pelo Estado ou,

    no caso das transferncias pelos beneficirios dessas despesas e o aumento da

    procura global. Enquanto as receitas efectivas implicam a diminuio da

    procura de bens pelos contribuintes e diminuio da procura global;

    d. Havendo dfice, o crescimento da procura, por via das despesas pblicas,

    excede a diminuio da procura pela via das receitas e a procura total aumenta.

    Se se desejar combater a inflao e aumentar o investimento qual escolher?

    Se as duas finalidades forem realizveis em tempos diferentes deve preferir-se o equilbrio

    oramental que conduzir finalidade mais duradoura

    Combate inflao Oramento Efectivo

    Incremento do Investimento Oramento Corrente

    Sendo a inflao transitria e apresentando-se cada vez mais com uma tendncia a decrescer e o

    investimento como uma finalidade duradoura e permanente a nossa lei no deve inclinar-se para o

    oramento efectivo:

    No possvel haver equilbrio do oramento efectivo se houver equilbrio do oramento

    corrente, mas possvel haver equilbrio do oramento corrente sem equilbrio efectivo.

  • - Os impostos prejudicam a criao de aforros particulares;

    - Dificulta o investimento pblico;

    A nossa lei deve preferir o oramento corrente, sendo que, no tendo um carcter imperativo,

    pode, quando a conjuntura o exigir ser atestado:

    - Lei do Enquadramento Oramental 1977;

    - LEO de 83;

    - J a LEO de 91 (a vigente optou pelo Equilbrio Primrio equilbrio entre receitas

    efectivas totais e despesas efectivas correntes. Resulta de razes politicas, permitindo aos

    governos de pases endividados apresentarem situaes artificialmente equilibradas.

    Probe-se contudo, o recurso emisso de notas ou s aberturas de crdito ao Estado pelos Bancos

    Comerciais (4/1 LEO), a fim de evitar efeitos inflacionistas.

    8.3 O Principio do Equilbrio

    Os oramentos dos organismos do sector pblico administrativo devem prescrever as receitas

    necessrias para cobrir todas as despesas; Artigo 9 LEO

    8.3.1 Princpio da Estabilidade Oramental

    Destina-se aos subsectores que constituem o sector pblico administrativos, organismos e entidade

    que os integram;

    Consiste numa situao de equilbrio ou excedente oramental, calculada de acordo com a

    definio constante do sistema europeu de contas nacionais e regionais, nas condies

    estabelecidas para cada um dos subsectores (10LEO);

    Varia consoantese trate

    ServiosIntegrados

    Esto obrigados a apresentar um saldo

    primrio positivo, salvo se a conjuntura do

    periodo que a que se refere o oramento

    justificadamente no o permitir (23 LEO)

    Servios e Fundos Autnomos

    Devero apresentar um saldo global nulo ou

    positivo. No contam as receitas provenientes de

    activos e passivos financeiros, o saldo da

    gerencia anterior, nem as despesas relativas a activos e passivos

    financeiros (25 LEO)

    SeguranaSocial

    Defer apresentar receitas efectivas pelo

    menos iguais s despesas efectivas (28 LEO)

  • Saldo Primrio aplica-se quer ao saldo nominal quer ao saldo estrutural; Consiste na diferena

    entre as receitas efectivas e despesas efectivas, deduzidas dos encargos com os juros da dvida.

    Quando maior for a divida da taxa de juro cobrada maior ser a parte da despesa que

    corresponder a despesa com juros.

    8.3.2 Princpio da Solidariedade Recproca

    Obriga todos os subsectores, atravs dos seus organismos, a contriburem proporcionalmente para

    a realizao do princpio da estabilidade oramental de modo a evitar situaes de desigualdade

    (10-B LEO).

    8.3.3 Princpio da Sustentabilidade

    Capacidade de financiar todos os compromissos assumidos ou a assumir, com respeito pela regra

    do saldo oramental estrutural e pelo limite da dvida pblica, conforme previsto na presente lei e

    na legislao europeia (10-D LEO).

    Saldo Oramental Estrutural:

    - Saldo que existiria se uma economia estivesse no seu potencial ou na sua tendncia de fundo em

    torno das quais a actividade econmica vai tendendo para mais ou para menos;

    - Artigo 12-C LEO corresponde ao saldo oramental das administraes pblicas, definido de

    acordo com o sistema europeu de contas nacionais e regionais, corrigido dos efeitos cclicos e de

    medidas extraordinrias e temporrias.

    No pode ser inferior ao objectivo anualmente fixado no programa de Estabilidade e Crescimento.

    O seu indicador pretende eliminar o efeito dos ciclos. Para o calcular necessrio estimar ou o

    produto potencial, ou a tendncia de longo prazo.

    Levanta Problemas:

    - Consoante utilizado um ou outro, o valor do SOE diferente;

    - Valores tambm podem variar dentro de cada uma das abordagens, de acordo com os

    modelos, parmetros e prazos utilizados.

    A sua utilizao tenta dar respostas a algumas debilidades:

    - Travar truques contabilsticos;

    - Utilizao de fundos de penso para melhorar o dfice;

    - Problema de no levar em conta que h pessoas de vacas gordas (melhoram o saldo) e

    vacas magras (que tm o efeito oposto);

    - H dificuldades no seu clculo pois implica saber com rigor em que ponto do ciclo

    econmico est determinada economia;

    Saldo Oramental Nominal:

    - Diferena entre receitas e despesas pblicas;

    - Pode ser expresso em termos absolutos ou em percentagens do PIB;

    - Media efectiva que melhor mostra o dever e o haver depois de o governo arrecadar toda a receita

    e registar todos os seus gastos ao logo de um ano;

    Quando o dfice negativo significa que o governo tem necessidade de financiamento;

  • Saldo Oramental Global:

    - (S) obtm-se deduzindo ao valor das receitas pblicas o valor das despesas pblicas;

    Saldo Oramental Primrio:

    - Obtm-se excluindo do valor das despesas pblicas o valor dos juros da divida pblica, permite

    obter o valor do dfice;

    Ambos so apresentados em percentagem do PIB, para permitir comparaes internacionais ao

    longo do tempo.

    O valor do Saldo Oramental em cada ano influenciado:

    a) Pelas flutuaes cclicas da actividade econmica em torno do seu valor de tendncia;

    b) Pelas mediadas deliberadas de polticas oramentais levadas a cabo pelo governo;

    Anos de Recesso:

    - Do ciclo econmico produz efeitos automticos sobre o saldo oramental, que so

    independentes da poltica oramental discricionria por parte do governo;

    - Menores quantias de impostos cobrados, maior dispndio em subsdios de desemprego,

    rendimento mnimo ou outros tipos de transferncias.

    O Saldo Oramental possui duas componentes: cclica e estrutural

    Componente Cclica reflecte os efeitos do ciclo econmico sobre o saldo oramental,

    mede o efeito sobre o saldo oramental das flutuaes cclicas da actividade econmica em torno

    do nvel de tendncias a parcela do Saldo oramental em torno do nvel de tendncia;

    Componente Estrutural indica qual deveria ser o Saldo Oramental caso a actividade

    econmica estivesse no nvel do produto potencial, qual deveria ser o saldo oramental se o

    produto se situasse ao nvel da tendncia de longo prazo a parcela do saldo oramental que

    indica alteraes estruturais, isto , deliberadas da poltica oramental;

    Verdadeiro indicador do sentido das polticas oramentais levadas a cavo pelo governo. Quando o

    Saldo oramental diminui sinal que as polticas oramentais so de carcter expansionista, e vice-

    versa.

    Politica Oramental

    Discricionria:

    A) Quando se observam alteraes deliberadas na sua implementao, no sentido

    de responder s condies econmicas;

    B) Expansionista, contra-ciclica, aumentando a despesa pblica ou as transferncias

    para as famlias, ou diminuindo os impostos;

    C) Procura ser captada pelo Saldo oramental estrutural primrio, j que o dfice

    est expurgado dos efeitos do ciclo econmico e do servio da dvida pblica;

    Influncia pela Acco dos Estabilizadores Automticos:

    A) Elementos econmicos que contrariam as fases de expanso e recesso dos

    ciclos econmicos, diminuindo a amplitude do ciclo econmico;

  • B) Exemplos de estabilizadores econmicos so o imposto sobre o rendimento,

    subsdio de desemprego e o rendimento social de insero;

    Fase de expanso aumentam as receitas do imposto sobre o rendimento e diminuem as despesas

    com subsdios;

    Fase de Recesso diminuem as receitas do imposto sobre o rendimento e aumentam as despesas

    com os subsdios;

    8.3.4 Princpio da Limitao da Divida Pblica

    Divida Pblica Representa a quantidade de dinheiro que o pas deve aos seus financiadores,

    constitui um estagno e no um fluxo;

    Artigo 10-G/1 quando a relao entre a dvida pblica e o PIB exceder o valor de 60%, o governo

    est obrigado a reduzir o montante da dvida pblica, na parte em excesso, a uma taxa de um

    vigsimo por ano, como padro de referncia;

    8.3.5 Princpio da Responsabilidade

    Vinculao ao cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal nos termos de legislao

    europeia, sendo cada um dos subsectores da administrao responsvel pelos compromissos por si

    assumidos;

    Nas situaes legalmente previstas pode uma entidade assegurar ou garantir compromissos

    assumidos por outra entidade pertencente a outro subsector;

    8.3.6 Princpio da Limitao do Endividamento das Regies Autnomas e das

    Autarquias Locais

    No podem endividar-se para alm dos valores inscritos no oramento de Estado, nos termos das

    respectivas leis de financiamento sem prejuzo do disposto no artigo 87;

    Originar uma reduo das transferncias do oramento do Estado nos anos subsequentes, de

    acordo com os critrios estabelecidos nas respectivas leis de financiamento (artigo 10-B LEO)

    9 Procedimento Oramental

    9.1 Introduo artigo 12-B/1 LEO

    Compete ao governo o processo oramental, este Inicia-se perante a elaborao da reviso anual

    do Programa de Estabilidade e Crescimento, elaborado pelo governo e efectuado de acordo com a

    regulamentao universitria;

    Programa de Estabilidade e Crescimento:

    A) Especifica as medidas da poltica econmica e oramental;

    B) Apresenta de forma suficiente os seus efeitos financeiros, devidamente

    justificados;

    C) Apresenta o calendrio da execuo;

  • D) A sua reviso anual inclui um projecto de actualizao do quadro plurianual de

    programao oramental (artigo 12-D LEO), para os quatro anos seguintes

    (artigo 12-B/3), que submetido a apreciao da AR (artigo 12-B/4 LEO);

    E) Reviso que enviada pelo governo ao Conselho Europeu e Comisso

    Europeia (artigo 12-B/4 LEO)

    Compete ao governo apresentar AR at 15 de Outubro de cada ano, a proposta de lei do

    Oramento de Estado para o ano econmico seguinte (artigo 12-E/1 LEO), acompanhada:

    A) Pelos desenvolvimentos das receitas e despesas dos servios integrados;

    B) Pelos oramentos dos servios e fundos autnomos e pelo oramento da segurana

    socia (artigo 35 LEO);

    C) Por um relatrio que apresente e justifique a Politica Oramental proposta (artigo

    36 LEO);

    D) Por alguns elementos informativos (artigo 37LEO);

    A obrigao de apresentar o oramento at 15 ed Outubro no se aplica nas seguintes situaes:

    A) O governo em funes se encontre demitido em 15 de Outubro;

    B) A tomada de posso do novo governo ocorre entre 15 de Julho e 14 de Outubro;

    C) O termo de legislatura ocorre entre 15 de Outubro e 31 de Dezembro;

    A proposta de oramento deve ser apresentada no prazo de 3 meses desde a tomada de posse do

    governo artigo 12-E/2 e 3 LEO;

    9.2 Preparao pelo Ministrio das Finanas

    Artigo 108/2 CRP O oramento elaborado com harmonia com as grandes opes do plano anual

    e tendo em conta as obrigaes decorrentes de Lei ou contrato;

    As opes do plano so votadas pela AR (artigo 93/1 LEO) e consubstanciam as directrizes em

    relao s quais o prprio plano organizado, a elas que o oramento deve obedecer, uma vez

    que so a expresso financeira do plano actual. Se o oramento desrespeitar as opes do plano,

    trata-se de uma ilegalidade, susceptvel de reprovao pelo TC e no de uma inconstitucionalidade;

    Votao AR

    Oramento

    Elaborao Governo obra do Ministrio das Finanas- DGCP

    9.2.2 Avaliao das Despesas

    A preparao do Oramento das despesas e receitas uma previso de umas e outras

    A diviso do oramento coordena o oramento das despesas com base nos elementos que lhe so

    fornecidos pelas delegaes de contabilidade junto dos departamentos ministeriais;

    Cada servio do Estado cobra o projecto de oramento das suas despesas consoante os gastos

    previstos para um ano e dentro dos limites das instrues que lhe foram anteriormente cedidas;

    Os projectos so remetidos respectiva delegao da entidade pblica, esta elabora o oramento

    das despesas do seu departamento ou ministrio;

  • Os projectos parciais so coordenados pela Direco do Oramento e submetidos apreciao

    superior, faz-se uma avaliao com base em dados conhecidos mas uma avaliao directa das

    despesas;

    9.2.3 Avaliao das Receitas

    A) Avaliao Directa:

    - Se a receita vai ser cobrada pela primeira vez no possvel pedir ao passado a indicao

    do seu montante provvel;

    - Se a receita vai ser cobrada em circunstncias diferentes de anos anteriores tambm o

    passado no nos pode elucidar acerca do seu montante;

    H que avaliar as receitas Directamente.

    B) Avaliao Automtica:

    Mtodo do Penltimo ano: a receita cobrou-se em 1993, durante 1994 organiza-se o

    oramento para 1995; Os ltimos resultados conhecidos so de 1993 e faz-se portante, a previso

    de acordo com a cobrana neste ano;

    Mtodo do Penltimo ano corrigido ou das correces: o mtodo do penltimo ano supe

    que as receitas se mantenham inalteradas em vrios anos, que os factores dos quais elas

    dependem estacionem no tempo; Ora, o rendimento aumente, devido desvalorizao da moeda

    ou ao incremento da produo, por exemplo. Assim, torna-se necessrio corrigir as cobranas do

    penltimo ano pelo coeficiente do aumento das receitas;

    Mtodo do Rendimento Mdio: o rendimento no aumenta continuamente, o progresso

    econmico feito de fases alternadas de prosperidade e de depresso; se se avaliarem as receitas,

    com base num ano de prosperidade obstem-se previses exageradas para o ano da depresso. Se

    se avaliarem as receitas com base num ano de depresso, obtm-se previses deficientes para um

    ano de prosperidade;

    Assim, aplicam-se os seguintes mtodos:

    - Mtodo Avaliao Directa receita fixadas pela lei ou contrato e aos impostos que, por virtude de

    alteraes do regime legal, devem produzir rendimento diverso dos anos anteriores;

    - Mtodo do Penltimo ano receita pouco varveis;

    - Mtodo das Correces receitas pouco variveis com tendncia para aumentar;

    - Mtodo do Rendimento Mdio receitas muito variveis;

    9.2.4 Perodo de elaborao do Oramento

    Duas condies:

    Deve ser curto Para que o momento da previso se aproxime o mais possvel da cobrana

    das receitas e do pagamento das despesas;

    Deve ser dilatado Para prevenir que as previses se faam o mais acuradamente possvel;

    Parecem contraditrios e por isso impem-se o ponto de equilbrio. Presentemente, os servios

    devem enviar os seus projectos at data que fixada nas instrues da DG para a elaborao do

    oramento de cada ano, a qual pode ficar aqum ou alm de 30 de Junho.

  • 9.3.3 Discusso e Votao do Oramento

    A votao da proposta de lei do OE realiza-se no prazo de 45 dias ps a data da sua admisso pela

    AR artigo 12-F/1 LEO;

    - discutida e votada na generalidade pelo plenrio da AR artigo 12-F/3 LEO;

    - Discutida na especialidade do Plenrio artigo 12-F/4 LEO;

    Com a excepo das matrias votadas na especialidade pelo plenrio (artigo 168/4 CRP), a votao

    na especialidade da proposta de lei do OE decorre na comisso parlamentar competente, em

    matria de apreciao da proposta de lei do oramento e tem por objecto o articulado e os mapas

    oramentais constantes daquela proposta de lei, salvo quanto s matrias que forem objecto de

    votao (artigo 12-F/5 e 6 LEO);

    A lei do oramento de estado entra em vigor a 1 de Janeiro e termina a sua vigncia a 31 de

    Dezembro. Esta prorrogada quando: artigo 12-H/1 LEO

    A) Rejeio da proposta de lei do Oramento de Estado;

    B) A tomada de posse do novo governo tiver ocorrido entre 1 de Julho e 30 de Setembro

    C) A caducidade da proposta de lei do OE em virtude da demisso do governo proponente

    ou do governo anterior no ter apresentado qualquer proposta;

    D) A no votao parlamentar da proposta de lei do OE;

    10 Contedo e Estrutura do Oramento de Estado

    10.1 Contedo

    Dotaes das despesas e previses relativas aos servios integrados, aos servios e fundos

    autnomos e segurana social, devidamente qualificadas, bem como as estimativas duas receitas

    cessantes em virtude dos benefcios tributrios (artigo 13LEO);

    Oramento de Estado:

    A) Desenvolvido em harmonia com as grandes opes e demais planos elaborados;

    B) Oramentos e antes dos organismos do artigo 20/1 LEO devem ser objecto de uma

    sistematizao por objectivos compatibilizados com os objectivos previstos no grande

    plano;

    C) Devem estar nele inseridas as despesas obrigatrias: artigo 16 LEO

    a. As dotaes necessrias para o cumprimento das obrigaes decorrentes de lei

    ou de contrato;

    b. As dotaes destinadas ao pagamento de encargos resultantes de sentenas de

    quaisquer tribunais;

    c. Outras dotaes determinadas por lei.

    10.2 Estrutura

    A) Articulados devem conter discriminadamente:

    a) Aprovao dos mapas oramentais;

    b) Normas necessrias para orientar a execuo oramental;

    c) Determinao do limite mximo das antecipaes a efectuar;

    d) Determinao do limite mximo de endividamento das RA;

  • e) Indicao do destino a dar aos fundos resultantes dos eventuais

    excedentes dos oramentos dos servios integrados e servios e fundos autnomos;

    B) Mapas Oramentais artigo 32 LEO

    A proposta de lei do OE tem uma estrutura e contedo formal idntico aos da lei do oramento

    (artigo 34/1 LEO); Deve ser acompanhada pelos desenvolvimentos oramentais, pelo respectivo

    relatrio e pelos elementos informativos, assim como por todos os demais elementos necessrios

    justificao das decises e das polticas oramentais e financeiras artigos 35, 36 e 37 LEO.

    11 Execuo do Oramento

    Aps a aprovao da proposta, seguem-se os demais procedimentos necessrios sua entrada em

    vigor e que culminam com a publicao em dirio da Repblica.

    Se no existirem impedimentos, oramento entra em vigor a 1 de Fevereiro do ano para o qual foi

    aprovado, justificando-se nessa data a cobrana de receitas e a autorizao de realizao das

    despesas pblicas.

    A execuo do oramento implica:

    A) Respeito pelas disposies oramentais;

    B) Respeito por obrigaes acessrias, mas essenciais para que os objectivos da politica

    financeira traados sejam cumpridos;

    A conjuntura macroeconmica aparece nesta fase como factor capaz de condicionar a actuao do

    executivo:

    - Tornando necessria a alterao do oramento e a inscrio de uma nova despesa e

    correspectiva diminuio de despesas j previstas;

    - Aumento de nova receita;

    - Aplicao de novas medidas de restrio oramentais e respectiva diminuio do

    montante global da despesa;

    Artigo 199 CRP

    - Execuo oramental levada acabo pelo governo (poder executivo), no exerccio das suas

    funes administrativas;

    - Execuo que obedece ao quadro normativo traado de forma clara na lei do

    Enquadramento Oramental e num conjunto de diplomas que regulam de forma especfica

    questes em matria oramental, como a Lei de Bases da Contabilidade Pblica (LBCP) e o Regime

    da Administrao Financeira do Estado (RAFE); Tal depende de cada Ministrio e do tipo de

    despesa;

    11.1 Execuo Regimes

    H divergncias que decorrem da diversa natureza jurdica dos vrios servios e organismos que

    compem o sector pblico administrativo:

    - Regime de Autonomia Administrativa;

    - Regime de Autonomia Administrativa e Financeira;

    - Regime Especial de Execuo do Oramento da Segurana Social;

  • A subordinao de cada servio a um regime especfico decorre das disposies legais constantes

    da LEO, mas sobretudo do RAFE e da LBCP.

    Na falta de meno especfica entende-se que o servio apenas dotado de autonomia

    administrativa.

    Apesar de regimes especiais, no ficam desobrigados do cumprimento dos princpios ferais de

    execuo oramental;

    Implica que, aquando da execuo do oramento, os servios que a eles estejam sujeitos se

    subordinam a um poder de autorizao, realizao, pagamento e controlo de despesas diversas do

    regime regra.

    11.2 Princpios e Procedimentos de Execuo Oramental

    Fica condicionado pela necessidade de cumprimento de determinados princpios oramentais de

    onde se destaca o princpio da legalidade fiscal. Os demais so uma decorrncia deste e encontram

    directa ou indirectamente nele o seu fundamento;

    11.2.1 A Execuo do Oramento da Despesa:

    A) Princpio da Segregao de Funes de Autorizao de Despesa, de autorizao de

    pagamentos e pagamento: artigo 42 LEO

    - As funes de autorizao de despesa, autorizao de pagamento e pagamento

    no so em regra coincidentes no tempo;

    - No pode a despesa ser autorizada pela mesma entidade que autoriza o seu

    pagamento e que o efectua, e vice-versa;

    B) Princpio da Unidade da Tesouraria:

    - As receitas so arrecadadas e as verbas para o pagamento de despesas so

    libertadas por uma mesma entidade que concentra as cobranas e pagamentos;

    C) Princpio da Tipicidade Qualitativa e Quantitativa:

    - Princpio da Legalidade no se resume conformidade legal, mas assume que uma

    dimenso de princpio da tipicidade limitando duplamente a realizao de despesa por parte dos

    organismos pblicos.

    Tratrando-se de servios com mera autonomia administrativa a competncia dos seus dirigentes resume-se possibilidade prtica de actos de autorizao de despesas, autorizao

    de pagamentos e pagamento de despesas, assim como actos de gesto corrente;

    Ainda que cumpram este requisito, fica excluida da competncia do dirigente do servio prtica de acto de execuo oramental do lado da despesa que ultrapassa um determinado

    montante fixado oramentalmente, tambm carece de interveno por parte do orgo de tutela para serem praticados

  • Necessidade de serem observadas a quando da realizao da despesa, todas as exigncias de

    legalidade que se colocam no quadro jurdico do acto a praticar. Impe que na realizao da

    despesa seja cumprindo o limite oramental decorrente da autorizao dada pela AR aquando da

    aprovao do oramento

    A legalidade da despesa no se basta com o cumprimento das regras relativas contratao. Mas

    exige ainda que essa mesma despesa tenha sido adequadamente prevista, classificada e autorizada

    a sua realizao na Lei do Oramento. Apenas pode ser autorizada a realizao da despesa,

    autorizado o pagamento e efectuado, se o montante previsto na dotao ou crdito oramental

    disponvel ainda for suficiente.

    D) Princpio da Execuo do Oramento por Duodcimos:

    - Em regra, no se permite que seja utilizado de uma s vez a totalidade do valor

    inscrito na dotao oramental para aquela despesa. Devem ser antes feitas de forma faseada ao

    longo do ano, distribuindo-se de forma tendencialmente uniforme pelos 12 meses.

    No obriga a que cada ms seja gasto 1/12 da dotao oramenta, mas impede que em cada ms

    seja autorizada despesa que ultrapassa, em cada ms o valor correspondente ao dos duodcimos

    vencidos e ainda no gastos.

    - Em cada ms vence-se a duodcima (1/12);

    - Quando no totalmente utilizada acumula-se para os meses seguintes;

    - Em cada ms, o servio pode utilizar o valor correspondente aos duodcimos vencidos e

    no totalmente utilizados na realizao da despesa;

    DuasDimenses

    Qualitativa

    S pode ser autorizada a despesa se esta tiver sido prevista no OE e

    estiver adequadamente classificada - artigo

    42/6 a) e b) LEO

    QuantitativaS pode ser autorizada a despesa cujo montenta caiba dentro da dotao oramental respectiva -

    artigo 42/5 LEO

    A disponibilidade de verbas calcula-se dividindo o valor do crdito por 12 e multiplica-se esse valor pela ordem creditria do ms em causa, subraindo-se ao valor encontrado o

    montante e despesa jpaga ou autorizada.

    Limitao justificada pela necessidade de estar a concentrao de realizao de despesa toda nos meses iniciais do ano. A despesa distribui-se ao longo dos vrios meses do ano,

    sendo tambm possvel que se concentre na parte final do perodo financeiro;

    um regime que pode colocar entraves de difcil resoluo em determinadas situaes concretas.

    Consagrado no artigo 42/6 b) LEO ou artigo 8 do Regime da Administrao Financeira do Estado.

  • O montante inserido no oramento para a realizao de cada despesa constitui o limite mximo

    que pode ser utilizado para o pagamento daquela despesa, mas em cada ms apenas pode ser

    utilizado 1/12 da dotao oramental.

    E) Princpio da Boa Gesto Financeira:

    Princpio da Economia designa aquelas situaes em que a deciso tomada deve

    corresponder opo que, de entre as vrias possveis, se tende financeiramente

    menos dispendiosa;

    Principio da Eficincia impe que se escolha aquela opo que mxime o resultado;

    Princpio da Eficcia sugere que se escolha a alternativa que permita a realizao do

    objectivo e do resultado pretendido;

    Implica um raciocnio de adequao meios/fins, tornando-se prefervel a opo que permita uma

    maximizao do resultado com menor custo possvel Relao Custo/Beneficio;

    11.2.2 A execuo do Oramento das Receitas

    A) Princpio da Tipicidade Qualitativa:

    Apenas podem ser limitadas e cobradas as receitas que para alm de cumprirem os demais

    requisitos locais, tenham sido adequadamente previstas no oramento de Estado em vigor

    necessidade de cumprimento adequado da regra da especificao e do princpio da legalidade

    fiscal:

    - No basta que uma receita seja liquidada e cobrada estando a mesma

    regulamentada, exige-se que a cobrana daquela receita em concreto seja

    devidamente prevista;

    - Acresce que no vasta uma mera previso e classificao no OE, sendo necessria

    que se trate de uma receita legal;

    A norma do OE que prev e consigna a possibilidade de cobrana de determinada receita

    condio para a operabilidade das fases de liquidao e cobrana. A falta de autorizao para a

    cobrana abrange apenas estas duas fases, mantendo-se em vigor as demais disposies

    tributrias.

    - No oramento da receita no vale o princpio da tipicidade quantitativa. O valor inserido

    no OE no constitui um limite inultrapassvel cobrana de receitas. Valor que uma mera

    previso, podendo na realidade, exceder ou ser inferior a essa previso artigo 42/4 LEO);

    B) Princpio da Unidade da Tesouraria

    C) Princpio da Segregao das Fases de Liquidao e Cobrana:

    Fases de liquidao e cobrana da receita encontram-se distribudas por rgos diferentes

    ou por entidades diferentes;

  • 11.3 As alteraes Oramentais

    Surgem num contexto que, resulta patente ao lucro da execuo oramental, que houve uma falha

    ao nvel da previso;

    Tal falha pode ocorrer por erro manifesto, mas tambm por alteraes ao nvel da conjuntura

    macroeconmica que possam implicar uma diminuio na cobrana de receitas ou em aumento da

    despesa

    Qualquer que seja a razo, esta mo pode implicar a alterao do equilbrio formal do OE, mas sim

    e apenas a alterao no sentido material. Nesta matria, h uma distribuio de competncias

    entre AR (alteraes previstas no artigo 50-A LEO) e Governo (alteraes previstas no artigo 51/2 e

    todos aqueles que no se inserem na competncia da AR) ver artigos 49 e seguintes LEO

    Ainda na fase de execuo do Oramento existe uma limitao constitucional dos poderes

    parlamentares, em matria de aumento da despesa ou diminuio da receita, fora debate do

    oramento artigo 167/2 CRP

    Pretende-se evitar que aps a entrada em vigor do OE, certas entidades forcem a alterao do

    oramento em execuo, como deputados, grupos parlamentares ou eleitores;

    Norma que limita:

    - Capacidade de iniciativa legislativa quanto alterao da lei do oramento sempre que

    estiver em causa aumento da despesa/diminuio da receita;

    - Aquelas situaes em que no versando directamente sobre a alterao do oramento

    pudessem implicar os mesmos efeitos;

    A alterao aprovada, publicado em Dirio da Repblica e entra em vigor no dia seguinte, salvo se

    for estabelecido prazo diverso;

    12 Fiscalizao de Execuo Oramental

    Controlo Poltico compete AR, aquando da aprovao da Conta Geral do Estado e reconduz-se e

    resume-se aprovao desta;

    Controlo Administrativo levado a cabo por rgos da administrao pblica e segue um

    procedimento diverso caso se trate de servios com autonomia administrativa ou de servios com

    autonomia administrativa e financeira;

    Controlo Jurisdicional cabe ao Tribunal de Contas;

    Controlo do Oramento das Receitas limita-se a determinar se os servios cumpriram as

    incumbncias que lhes tinham sido dadas com a aprovao do Oramento, procedendo

    liquidao e cobrana das receitas nele previstas.

    Controlo do Oramento das Despesas reveste-se de extrema importncia por ser necessrio

    determinar se apenas foram realizadas as despesas previstas no oramento e se no foi

    ultrapassado o limite estabelecido na dotao oramental;

  • A fiscalizao da legalidade das despesas no se resume verificao do cumprimento do princpio

    da tipicidade quantitativa e qualitativa, sendo necessrio determinar se aquela despesa poderia ter

    sido reduzida nos termos em que foi.

    12.1 Controlo Administrativo

    Competncia da prpria entidade que executa o oramento:

    - Da entidade responsvel pela coordenao e acompanhamento da execuo oramental

    (DG do oramento do Ministrio das Finanas)

    - E das demais entidades de inspeco e controlo existentes dentro de cada ministrio;

    12.1.1 Servios com Autonomia Administrativa

    Os seus dirigentes apenas tm competncia para autorizar despesas relativas a actos de gesto

    corrente e despesas com a aquisio e locao de bens e servios previstos no artigo 17 do DL

    147/99;

    Submetidos por fora do princpio da legalidade, s demais exigncias da Lei da Contabilidade

    Pblica;

    Falta de autonomia Financeira Necessidade de requerer mensalmente a libertao de crditos

    oramentais DG do Oramento;

    - Pedido efectuado mediante requerimento que conte com a apresentao do balano de

    execuo do ms anterior e a descrio do pagamento do ms seguinte;

    - Recebido o pedido a DG do Oramento efectua um htero-controlo interno prvio da

    despesa, limitando-se a verificar a correcta insero oramental e o cabimento;

    Os servios de contabilidade do prprio servio fazem um controlo prvio da despesa auto-

    controlo interno jurdico que no deve ser confundido com a autorizao dada pelo dirigente do

    servio para a reduo da despesa

    O controlo administrativo no se resume fase anterior realizao de despesa, mas incide

    tambm sobre a concreta realizao e pagamento destes. Aps a sua realizao e pagamento, a DG

    do orament