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Um documento do Fluxo de Trabalho em Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos (BESWS) da UNEP FI Outubro de 2010 CEO briefing  À medida que o setor financeiro global se recupera e se aproxima da era pós-crise financeira, uma noção se cristaliza perante nossos olhos de uma forma nunca antes tão clara: precisamos entender os riscos sistêmicos de uma maneira muito mais holística. Este CEO briefing examina o capital natural crítico que sustenta a nossa atividade econômica e o capital financeiro. Richard Burrett Sócio da Earth Capital Partners Co-Presidente da UNEP FI Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro a materialidade Desmistificando

Finance Initiative - Desmistificando a materialidade · 2012-05-16 · 2 UNEP FI CEO Briefing • Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos

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Um documento do Fluxo de Trabalho em Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos

(BESWS) da UNEP FI

Outubro de 2010

CEObriefing “  À medida que o setor financeiro global se

recupera e se aproxima da era pós-crise financeira,

uma noção se cristaliza perante nossos olhos de uma

forma nunca antes tão clara: precisamos entender

os riscos sistêmicos de uma maneira muito mais

holística. Este CEO briefing examina o capital natural

crítico que sustenta a nossa atividade econômica e o

capital financeiro. ”Richard BurrettSócio da Earth Capital Partners

Co-Presidente da UNEP FI

Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos

no setor financeiro

a materialidadeDesmistificando

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2 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

A correlação entre serviços financeiros, riscos, biodiversidade e serviços ecossistêmicos (BSE)

foi até hoje fraca. Entretanto, a escassez de recursos, a perda da biodiversidade e a degradação dos serviços ecossistêmicos, tais como a disponibilidade de água doce, começaram a apresentar riscos financeiros materiais e oportunidades para banqueiros, investidores e seguradores. Este é particularmente o caso das instituições financeiras que têm uma grande exposição ou base de clientes em indústrias que dependem diretamente da BSE (indústrias da pesca, agricultura e turismo) e indústrias com grandes impactos na BSE, tal como o setor extrativista.

Empresas líderes estão tomando medidas para entender melhor e gerenciar seus impactos e dependência em relação a BSE. Altos executivos de instituições financeiras devem reconhecer que a biodiversidade não deve ser tratada como uma questão periférica ou meramente como filantropia. A inserção da BSE no centro dos modelos de negócios e nas suas estratégias é crucial para o crescimento e o sucesso no longo prazo. Isto pode ser alcançado incluindo a avaliação e gestão de riscos e oportunidades referentes a BSE diretamente nos produtos e serviços financeiros.

Este documento destina-se às instituições financeiras mais avançadas para que operacionalizem as questões da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (BSE) no setor financeiro. Baseia-se em trabalhos anteriores da Iniciativa Financeira do PNUMA (do inglês, UNEP FI), no relatório “Bloom and Bust”3 e nos relatórios sobre “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade” (TEEB), combinados com nossas próprias análises. Este documento oferece aos executivos:

1 Compreensão sobre a materialidade da BSE para um setor financeiro diversificado,

destacando os resultados de uma nova pesquisa da UNEP FI;

2 Exemplos de como as instituições financeiras atualmente incorporam BSE em

estratégias de empréstimos, investimentos e seguros para aprimorar a gestão de riscos, o desempenho financeiro, a estabilidade e o crescimento futuro;

3 Caminhos para que uma instituição financeira se posicione de maneira competitiva

para acessar mercados ambientais em expansão;

4 Recomendações sobre como BSE podem ser ainda mais integrados no setor

financeiro e uma visão sobre como as instituições financeiras poderão contabilizar a BSE em 2020.

Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiroEm 2010, várias empresas de alimentos

e bebidas de grande porte, incluindo

Unilever, Nestlé, Burger King e Kraft Food se

desconectaram do grupo indonésio Sinar Mas

e de suas subsidiárias1 devido a alegações de

desmatamento ilegal por parte da empresa.

Nos Estados Unidos, um número cada vez

maior de bancos, tais como Credit Suisse,

Morgan Stanley, JPMorgan Chase, Bank of

America e Citibank, aumentaram a rigidez do

processo de empréstimos para empresas

envolvidas em práticas de mineração

com remoção de cumes de montanhas ou

simplesmente deixaram de conceder-lhes

empréstimo2. O derramamento de óleo no

Golfo México por parte da BP foi outro caso

recente que mostrou um crescente grau de

materialidade nas questões que envolvem os

serviços de biodiversidade e ecossistêmicos

(BSE) para empresas e instituições financeiras

que oferecerem serviços de empréstimos,

ações e seguros.

“ Conforme o planeta aumenta a sua consciência da importância da

natureza para a sociedade, as empresas estão procurando operar de uma forma

sustentável para proteger o meio ambiente e o futuro da humanidade. Nós apoiamos

integralmente todas as iniciativas que oferecem orientações a empresas no processo de aprendizagem porque a biodiversidade

é importante e como os negócios podem contribuir para a sua preservação. Conhecer e compreender é

fundamental para começarmos a agir.

”Eduardo VillarPresidente do Comitê Diretor, BCSC Bank

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 3

1 A evolução da materialidade ambiental no setor financeiro

A crise financeira de 2007-2008 presenciou a queda dos ativos financeiros globais em 16

trilhões de dólares, chegando a 178 trilhões de dólares em 2008, em comparação a um pico de 194 trilhões de dólares em 20074. Incentivos desalinhados, conflitos de interesse, a predominância de uma visão de curto prazo, falhas de imputabilidade e responsabilidade e, em alguns casos, um sentido inapropriado de dever fiduciário ocorreram em vários pontos diferentes da cadeia de investimentos e ao longo dos processos de intermediação financeira5. De certa forma, os riscos financeiros ultrapassaram a habilidade do mundo de entendê-los e gerenciá-los.

Considera-se que o crescimento de títulos mobiliários, a desconstrução e a (re)distribuição de riscos de crédito por meio da titularização e o crescimento do poder do computador e da modelagem da gestão de riscos resultaram em uma crença insensata da compreensão avançada dos riscos6. No entanto, ironicamente, podem ter resultado também num entendimento reduzido dos riscos sistêmicos de empréstimo e de produtos de investimento e da volatilidade resultante de uma maior habilidade de negociação. Há uma similaridade entre os fatores subjacentes que contribuíram para a crise financeira e os riscos ambientais envolvidos. Fenômenos ambientais em transformação, tais como ameaças que podem levar à perda dos serviços de biodiversidade e ecossistêmicos (BSE), a mudança climática e a escassez da água, e a forma como estes são traduzidos em riscos financeiros tangíveis, também são pouco compreendidos em termos de materialidade financeira.

A estabilidade financeira pode já ter sido afetada por fenômenos ambientais que se manifestam por meio de “falhas lentas e riscos graduais” no contexto da perda e degradação do ecossistema. Estão emergindo fatores que aumentam a complexidade desses riscos:

A biodiversidade é definida como a “variabilidade entre os organismos vivos, que inclui a diversidade em termos de ecossistemas, espécies e genética”, conforme o estabelecido no Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica. Os serviços ecossistêmicos são os bens e serviços fornecidos pela biodiversidade. No contexto deste artigo e para que ele seja operacional para o setor financeiro, esses termos foram combinados sob a sigla BSE: Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos.

“ Cada vez mais os

profissionais de finanças

estão se dando conta da

importância de proteger os

recursos da biodiversidade

global. Como uma empresa que se especializa na gestão sustentável e responsável de investimentos, a Calvert inclui

termos de biodiversidade nas nossas diretrizes de votação por procuração. Incentivamos outras empresas de investimento a

implementar medidas concretas similares nas suas operações e processos de tomada de decisões.” ”Barbara J. Krumsiek

Presidente & CEO, Calvert Group, Ltd

Co-Presidente, UNEP FI

n Regimes regulamentares e obrigações legais mais rígidas impostos pelos governos que visam proteger os seus ecossistemas, por exemplo, a Diretriz de Habitats da UE.

n Maiores interrupções nas cadeias produtivas que dependem de ecossistemas em bom funcionamento, tais como os setores florestal, pesqueiro e agrícola.

n Maior atenção da imprensa, p o d e r f o r t a l e c i d o d a s populações locais, ativismo d e o r g a n i z a ç õ e s n ã o -governamentais (ONGs) e aumento da sensibilidade dos consumidores internacionais em relação a preocupações ambientais, sociais e de governança.

As instituições financeiras que não entendem como esses fenômenos podem influenciar os seus investimentos, empréstimos e carteiras de seguros podem não levar

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4 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

em conta esses novos riscos de forma suficiente7. Os bancos, investidores e seguradoras com visão prospectiva podem adotar uma posição à frente do desenvolvimento convencional por meio da integração de BSE nos seus produtos e serviços, estabelecendo a confiança com clientes corporativos, governos e outras partes envolvidas. Além disso, aqueles que se posicionarem primeiro nos mercados ambientais emergentes poderão tirar vantagens do seu maior conhecimento sobre os modelos de negócios em transformação.

Apesar de os BSE estarem começando a aparecer nas telas dos radares das corporações, ainda ficam abaixo na lista de prioridades em termos de materialidade, em comparação com outras questões ambientais, sociais e econômicas. A questão é se há um desalinhamento entre a percepção da exposição e o entendimento dos riscos por parte das empresas e o grau de materialidade dos BSE na prática. Os mercados de capitais e a economia consideram devidamente os riscos associados a mudanças imprevisíveis nos ecossistemas? Pode haver uma lacuna considerável entre uma reflexão clara desses riscos e a integração, principalmente em relação ao preço dos riscos, na operação interna do nosso sistema financeiro5. Isto é especialmente relevante para as instituições financeiras que lidam com setores que são altamente dependentes dos BSE e que sofrem mais os seus impactos. Da mesma forma, é preciso entender melhor as oportunidades em termos da inserção nos mercados ambientais emergentes, da capacitação das equipes de gestão de riscos e a melhoria da reputação empresarial.

■n De acordo com uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, tanto a “gravidade das perdas econômicas” quanto a “probabilidade de a biodiversidade ter um impacto nos negócios” aumentaram rapidamente entre 2009 e 2010 (Figura 1), embora o grau de materialidade ainda seja visto como mais baixo do que muito outros fora das influências ambientais e não-ambientais8. Várias questões que foram classificadas como sendo mais preocupantes, tais como enchentes costeiras e escassez da água, são fundamentalmente afetadas pela degradação dos serviços de biodiversidade e ecossistêmicos.

■n A PricewaterhouseCoopers (PwC) concluiu que 27% dos 1.200 CEOs consultados estavam “extremamente” ou “um pouco” preocupados com a perda de biodiversidade como uma ameaça às perspectivas de crescimento dos negócios, que varia dependendo do local. Mais executivos na América Latina parecem estar preocupados (53%) do que na América do Norte (14%) ou no Leste Europeu (11%). Ver Figura 29.

■n A pesquisa da McKinsey10 com mais de 1.500 executivos revelou que 37% considera a biodiversidade “relativamente importante” e 27% “muito ou extremamente importante”.

Figura 1 Panorama dos Riscos Globais 2010

Figura 2 Percepção dos CEOs em relação à perda de biodiversidade como uma ameaça às perspectivas de crescimento dos negócios

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Aumentos vertiginosos do preço do petróleo

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Recessão na economia chinesa (<6%)

Enchentes costeiras

Secas e deserti�cação

Escassez da água

Perda de biodiversidade 2010

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Terrorismo internacional

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Colapso no preço de ativos

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 5

LA perda de biodiversidade e a degradação dos serviços ecossistêmicos não se manifestam como riscos sistêmicos, pois não ameaçam a natureza do sistema financeiro. No entanto, cada vez mais, estão se

tornando financeiramente materiais para bancos, investidores e seguradoras, entre uma miríade de outros riscos e oportunidades. Os métodos para precificar o valor financeiro dos BSE como parte de uma oportunidade de negócios perdida ou impacto financeiro ainda estão dando os primeiros passos. Contudo, um número cada vez maior de instituições financeiras, empresas, governos e ONGS concordam que é necessário estabelecer conceitos e instrumentos mais sofisticados para avaliar (e não simplesmente precificar) como as empresas obtêm valor dos BSE ou perdem rendimentos. Esta seção fornece uma síntese sobre as formas como um setor financeiro diversificado está exposto aos vários riscos relacionados aos BSE.

Riscos de reputação e princípios empresariais voluntários emergentes

Os Princípios do Equador foram originalmente desenvolvidos em 2003 após vários bancos, incluindo o ABN Amro, Barclays, Citigroup e WestLB, passarem por uma investigação pública pelo seu envolvimento em projetos que danificavam o ecossistema11. Em junho de 2010, 80 bancos representando 85% do mercado global de financiamento de projetos concordaram em restabelecer esses dez princípios, o que significa que um ambiente de negócios equilibrado começou a emergir nesse segmento particular do sistema financeiro. No entanto, o financiamento de projetos é responsável por apenas 4% dos empréstimos globais em geral; portanto, a adoção desses princípios deve ir além dos serviços de financiamento e consultoria de projetos. Atualmente, a Corporação Financeira Internacional (CFI) e alguns bancos estão avaliando se e quando os Princípios do Equador poderão ser ampliados para além do financiamento de projetos12. Esses casos mostram como os riscos de reputação relacionados aos BSE

e outras questões ambientais, sociais e de governança já transformaram a due dilligence ambiental e social nos negócios de financiamento de projetos e potencialmente em outros produtos e serviços financeiros também.

Riscos operacionais e de crédito para credores, investidores e seguradoras

Os BSE também se tornaram materiais para os bancos corporativos e de investimento no que diz respeito aos riscos operacionais e de crédito. Um estudo do World Resources Institute (WRI) avaliou as implicações financeiras de um possível acesso restrito para 16 empresas de petróleo e gás a reservas que possuem ou arrendam em áreas importantes e protegidas13. O WRI calculou que o acesso restrito às reservas devido ao apoio global pela conservação e/ou oposição local ao desenvolvimento de petróleo e gás poderia resultar em impactos negativos de até 5% no valor acionário dessas empresas. É questionável se modelos de risco convencionais que são normalmente usados no ambiente de mercado consideram ou ajustam os preços das ações em relação a esses tipos de riscos. O derramamento de óleo no Golfo do México forneceu um exemplo claro, embora extremo, de como riscos referentes aos BSE mal interpretados podem levar a consequências financeiras graves tanto para uma empresa extrativa quanto para os seus investidores.

2 Entendendo a exposição das instituições financeiras à perda de biodiversidade

“ A perda de capital

natural (incluindo

ecossistemas,

biodiversidade e recursos

naturais) tem um impacto

negativo direto e abrangente

no desempenho financeiro. A mudança climática e a crise financeira sugerem que riscos sistêmicos

consideráveis exigem uma intervenção de políticas coordenada. Os mercados financeiros ainda não entendem que muitas

empresas enfrentam riscos específicos relativos a problemas nos ecossistemas ao longo de suas cadeias produtivas e que

precisam planejar perante o impacto de novas regulamentações. Isto oferece uma oportunidade de investimento e envolvimento para fundos de pensões e outros investidores a longo prazo que podem incentivar as empresas em direção a um entendimento

melhor e uma gestão mais eficaz dos riscos e oportunidades referentes à proteção dos ecossistemas naturais”.”Colin Melvin

CEO, Hermes Equity Ownership Services Ltd

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6 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

Estão as questões ESG resultando em riscos de mercado e riscos sistêmicos para investidores institucionais que possuem carteiras de investimentos de grande porte e diversificadas?

Há um segmento do setor financeiro em particular onde estão emergindo riscos de mercado relacionados a questões ESG e, possivelmente, riscos sistêmicos. Investidores institucionais, como os fundos de pensão, são investidores de longo prazo que participam significativamente do mercado de capitais. Investidores que se beneficiam de empresas que externalizam custos pode ter seus retornos reduzidos, pois externalidades podem afetar negativamente outros investimentos da carteira e o mercado, devido a aumento de impostos, prêmio de seguros, inflação e do custo físico de desastres17.

A UNEP FI e o PRI, uma iniciativa com mais de 800 signatários que se comprometeram com seis princípios que focam em questões ESG, contrataram a Trucost para analisar e dimensionar a magnitude das externalidades ambientais globais18.

O estudo estimou que o custo global do uso humano de bens e serviços ecossistêmicos em 2008 foi de US$ 6,6 trilhões19, que equivale a 11% da economia global. Se os negócios continuarem normalmente, esse número pode aumentar para US$ 28,5 trilhões em 2050. O relatório “Custos da Inação Política” (Cost of Policy Inaction – COPI)20 usa outra abordagem e estima que este valor pode chegar a US$50 bilhões, levando a uma perda cumulativa de 7% do consumo anual até 205021.

As 3.000 maiores empresas da base de dados da Trucost, representam uma parte importante do mercado de ações global, e foram responsáveis por US$ 2,15 trilhões em custos ambientais em 2008. Isto equivale a cerca de 7% da sua receita agregada e um terço dos seus lucros. Investidores institucionais que investem US$ 100 milhões em um fundo de ações típico, de grande porte e diversificado, podem ‘possuir’ US$ 5,6 milhões em externalidades causadas por empresas de sua carteira de investimentos22.

Esclarecendo os riscos de responsabilidade legal referentes a questões ESG para investidores e outras instituições financeiras

Além dos riscos de mercado e operacionais, as obrigações legais, tanto para investidores institucionais quanto para os seus agentes, são questões de importância crescente. O relatório “Freshfields Report”23 , da UNEP FI, trata das complexas relações entre leis fiduciárias, questões ESG e investimentos institucionais, cobrindo nove das mais importantes jurisdições do mercado de capitais. O relatório concluiu que “a integração de questões ESG na análise de investimento para prever desempenhos de forma mais confiável é claramente aceitável e pode-se argumentar que é necessária em todas as jurisdições”. O relatório “Fiduciary II”, de 2009, concluiu que para alcançar a visão do relatório original, na qual os agentes fiduciários integram questões ESG no seu processo de tomada de decisão, é necessário integrar as questões ESG nos contratos firmados entre os investidores e os gestores dos ativos, sendo que a implementação dessa medida deve ser governada pelos agentes fiduciários por meio de relatórios destinados aos clientes. Da mesma forma, o relatório incluiu comentários jurídicos sobre o dever dos gestores de ativos e consultores de investimentos de pró ativamente apontar as questões ESG aos seus

O derramamento de óleo no Golfo do México pela BP em 2010 resultou em uma perda estimada de 90 bilhões de dólares em capitalização de mercado14 referente aos gastos com a liquidação de ações, limpeza e indenizações. Uma importante agência de classificação de crédito diminuiu a classificação de crédito da BP de AA para BBB em junho de 201015. As seguradoras estão cobrando 50% a mais das apólices que cobrem plataformas de petróleo em águas profundas e 25% a mais em águas rasas, em comparação aos preços anteriores ao derramamento da BP16. O preço das ações da BP caiu de 60 dólares por ação em 20 de abril para 27 dólares em 25 de junho, aumentando para 39 dólares em 5 de agosto, quando o derramamento foi contido. Isso corresponde a uma queda de 35% no preço das ações entre o início e o final do derramamento (Figura 3).

Sem dúvida, o incidente irá re-centralizar a discussão sobre as considerações dos riscos ambientais e sociais para ambas as empresas e para aqueles que lhes oferecem serviços financeiros. Desde o final da década de 1970, o Golfo do México presenciou um aumento vertiginoso das operações de petróleo. Em 2010, mais de 3.800 plataformas de petróleo estavam ativas.

Figura 3 Desenvolvimento do preço das ações da BP entre 20 de abril de 2010 e 5 de agosto de 2010

$60

$50

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$30

Maio de 2010 Junho de 2010 Julho de 2010

Mudança-55%

Mudança-35%

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 7

clientes, e que falhas nesse processo representam “um risco real de serem processados por negligência com base no não cumprimento do seu dever profissional de proteger o cliente”24. O relatório TEEB para responsáveis pela elaboração de políticas traz uma mensagem semelhante, pois estabelece que os governos podem responsabilizar as empresas pelos seus impactos à BSE, por meio do princípio do “poluidor pagador” 25.

Em agosto de 2011, a UNEP FI fez uma pesquisa com os seus membros para entender se os profissionais do setor financeiro acreditam que a materialidade da BSE está crescendo. Os signatários do PRI também foram convidados a responder. A intenção foi entender onde as IFs percebem exposição aos riscos referentes a BSE que emergem em um setor financeiro diversificado. A Tabela 1 oferece uma visão geral dos resultados. A pesquisa foi baseada nas respostas de 48 IFs e estão identificadas pelas cores vermelha (“material”), laranja (“começando a se tornar material”) e branca (“imaterial”). Muitas IFs já percebem a BSE como uma questão material, principalmente no setor bancário, de seguros e em partes do setor de investimento. A materialidade surge na forma de desafios relativos à reputação, seguidos dos riscos de regulação, operacional, de crédito e obrigações legais. Riscos de mercado, sistêmicos e os passivos, em geral, não são percebidos como materiais, exceto no setor de seguros. Riscos sistêmicos relacionados a BSE também são considerados importantes para investidores institucionais, como os fundos de pensão.

Tabela 1 Exposição a riscos referentes aos BSE para um setor financeiro diversificado com base em 48 respostas de profissionais do setor financeiro

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Bancos

Financiamento de projetos

Outros financiamentos estruturados

Financiamento corporativo

Investimento

Gestão de riqueza privada

Fundos de pensões

Fundos de seguros

Fundos mútuos

Fundos de riqueza soberana

Fundos hedge

Ativos privados

Seguros

Seguros

Resseguros

Imateriais Começando a se tornar materiais Materiais

Os participantes tiveram que preencher a tabela tendo em mente clientes dos seguintes setores: agricultura/alimentos e bebidas, silvicultura, pesca, turismo, petróleo e gás, mineração e metais, construção/materiais de construção e serviços públicos (térmicas e hidroelétricas).

Os participantes classificaram cada célula: 0 = imateriais; 1 = começando a ser tornar materiais; 2 = materiais. Os resultados foram baseados na soma de cada célula dividida pelo número de participantes. A média dos resultados menor do que 0,67 foi considerada como “imateriais” (branco). A média dos resultados entre 0,67 e 1,33 foi considerada como “começando a se tornar materiais” (laranja). E a média maior do que 1,33 foi considerada “materiais” (vermelho).

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8 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

3 Evidência da materialidade de serviços de biodiversidade e ecossistêmicos

Esta seção visa montar um modelo de negócios de BSE destacando as evidências que já existem. Serão enfatizadas apenas as questões que foram consideradas como materiais na Tabela 1 acima, particularmente

os riscos de reputação, operacionais e de responsabilidade legal. A questão da relevância econômica dos BSE está centrada na sua suposta “intangibilidade”. Para deixar este conceito para trás, esta seção revela as formas como os BSE estão se tornando sistematicamente materiais para uma parte considerável da base de clientes de bancos, investidores e seguradoras.

1. Riscos de reputação

Uma pesquisa da McKinsey com executivos enfatizou a questão de porque a biodiversidade é importante para os negócios. A pesquisa concluiu que os desafios em termos de reputação foram os mais associados à biodiversidade, seguido das exigências regulamentares (Figura 4a). Outro estudo que examinou especificamente o setor financeiro chegou a conclusões parecidas (Figura 4b)26.

2. Riscos operacionais

Conforme mencionado anteriormente, esta é especialmente uma preocupação para as indústrias dependentes dos BSE e para aquelas com grandes pegadas em termos de BSE. Aqui enfatizamos os desafios nas seguintes indústrias: petróleo e gás, mineração, energia hídrica, pesca, silvicultura e agronegócios.

n Petróleo e gás. Segundo pesquisa da Goldman Sachs, o valor dos 230 maiores projetos de petróleo e gás do mundo é de US$ 11,3 bilhões. Empresas de petróleo e gás devem operar em locais cada vez mais sensíveis e desafiadores para suprir a demanda de energia. Riscos não técnicos, incluindo a sensibilidade ecossistêmica, podem ser responsáveis por até 75% das falhas em termos de custos e prazos27.

Nos últimos dez anos, o setor de petróleo e gás se voltou para perfurações de petróleo offshore cada vez mais profundas, o que resultou em possíveis repercussões graves nos ecossistemas marinhos e costeiros. Os financiadores podem exigir que os clientes desse setor usem as melhores práticas de gestão para reduzir falhas da maneira mais eficaz possível, bem como podem decidir não financiar operações de petróleo e gás em ecossistemas marinhos que são considerados frágeis demais e nos quais os padrões de segurança ambiental e de biodiversidade não podem ser atingidos.

Os negócios de petróleo e gás também operam cada vez mais em áreas biologicamente diversas, como a Amazônia. Hoje em dia há aproximadamente 180 blocos de petróleo e gás cobrindo cerca de 688.000 km2 de florestas na Amazônia ocidental, considerada uma das áreas mais biologicamente diversas do planeta. O desenvolvimento de petróleo e gás causa grandes impactos ambientais e sociais na Amazônia. Devido ao alcance e magnitude cada vez maiores das atividades planejadas com hidrocarbonetos, é provável que esses problemas se intensifiquem sem uma melhoria correspondente nas políticas28. Um número cada vez maior de instituições financeiras não participam de atividades de financiamento em locais que são Patrimônios da Humanidade e em “áreas com um alto valor de preservação”. Além disso, a exploração conforme normas aceitas internacionalmente pode ser alcançada contanto que os clientes de petróleo e gás cumpram o seguinte:29 :

■n Extração sem estradas, algo que reduz significativamente os impactos ambientais e sociais;

■n Atenção correta aos direitos das populações nativas e a proteção total das terras das populações que vivem em isolação voluntária, que podem não ser capazes de dar um consentimento esclarecido.

Pe

tró

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Mantém ou melhora a reputação

Exigência regulamentar

Fortalecimento da posição perante a concorrência

Melhoria da eficiência operacional/redução de custos

53%

48%

34%

30%

Figura 4a De que forma a biodiversidade é importante para o seu negócio?(Revisão de 1.043 executivos)

Baixa Média Alta

Baixa Média Alta

Reduzir riscos de reputação

Reduzir riscos de crédito

Pressão de ONGs

Cumprimento legal

Acionistas

Figura 4b Motivação para que as instituições financeiras considerem os BSE

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 9

Regiões sensíveis incluem, por exemplo, plataformas de perfuração em águas profundas e em florestas tropicais.

n Mineração. A água é um desafio crescente para as operações de mineração nas regiões já prejudicadas pela escassez de água, ou que o serão em breve. Riscos operacionais se manifestam de duas formas30. Interrupção de energia devido à falta de água, especialmente em operações alimentadas por energia hidroelétrica. Além disso, a indisponibilidade de água criará desafios para as empresas manterem sua produção, dada a forte demanda de água no processo produtivo.

n Energia hídrica. Os ecossistemas florestais e montanhosos proporcionam água para 2/3 da população mundial. A maioria dos negócios depende de fontes confiáveis de água para as suas operações. Muitas atividades impactam a qualidade da água devido a seus efluentes. Em geral, investimentos na geração de energia são de longo prazo e o fornecimento futuro de água incerto, portanto, credores e investidores estão apostando numa disponibilidade futura de água adequada e na viabilidade financeira dos seus empréstimos e investimentos34. Um relatório do WRI, mostrou que 79% da capacidade planejada de 60GW será construída em áreas que já sofrem com a escassez de água ou que operam no seu limite.

n Indústria pesqueira. A pesca se direciona cada vez mais para águas profundas. Estima-se que a população de peixes diminuiu 90% em comparação à pesca pré-industrial, resultando na perda de benefícios econômicos da ordem de US$ 50 bilhões ao ano. Estima-se que no período 1974-2007, a perda global real de benefícios líquidos devido a práticas globais de pesca ineficientes foi de US$ 2,2 trilhões 36. O relatório “TEEB for Business”, aponta que o setor de pesca enfrenta o risco de perder de US$ 80 a 100 bilhões de dólares em receitas e 27 milhões de empregos39.n Silvicultura. Este setor é totalmente dependente de recursos naturais, nativos ou cultivados. Na China, o desmatamento crescente compromete os serviços ecossistêmicos, tais como a proteção de vertentes e a conservação do solo, levando a secas ou enchentes severas em várias bacias. Os danos foram estimados em US$ 30 bilhões e milhares de vidas foram perdidas. A perda de serviços ecossistêmicos devido ao desmatamento pelos setores de construção e de materiais na China foi estimada em US$ 12,2 bilhões por ano37.n Agronegócio. Práticas agropecuárias intensivas e uso exagerado de substâncias químicas e água, causaram a degradação do solo e das terras aráveis e intensificaram a desertificação, resultando na perda de terras produtivas e da produção, sem contar o aumento da escassez e poluição da água38. O relatório “TEEB for Business” (2010) menciona que, em geral, cerca de 85% das terras agrícolas são consideradas degradadas devido à erosão, salinização, compressão do solo, esgotamento de nutrientes, degradação biológica ou poluição, enquanto que, a cada ano, 12 milhões de hectares são perdidos devido à desertificação3

A demanda de água em regiões áridas e semi-áridas do Chile pode resultar na paralisação dos trabalhos ou no fechamento de minas, se os recursos de água se tornam indisponíveis. A indústria chilena de cobre é particularmente afetada por questões referentes à escassez de água. Um relatório da indústria de cobre publicado em 2009 projetou que o consumo de água pela indústria mineradora iria aumentar 45% até 202031. A demanda de água no país, no qual a mineração é o maior componente industrial, é seis vezes maior dos que os recursos hídricos renováveis32. No norte árido do Chile, a mineração ameaça esgotar os recursos híbridos subterrâneos, que poderia resultar no colapso final da produção de cobre, um dos principais produtos de exportação do Chile33

O HSBC e o WRI chegaram à conclusão de que a escassez de água reduz a produção de energia na Índia. Cada 5% de queda no fator de abastecimento da usina resultará em uma queda de quase 75 pontos-base na taxa interna de retorno de um projeto35. Ver figura 5 (direita)

■n O fornecimento restrito de certos bens agrícolas pode resultar no aumento de preços, o que por sua vez, pode pressionar as empresas de alimentos e bebidas localizadas na base da cadeia de fornecimento. Os custos adicionais relativos à escassez possivelmente precisam ser parcialmente absorvidos pelas empresas, levando a margens reduzidas40. Estima-se também que a demanda de alimentos irá dobrar até 2050 e como 70% das fontes de água doce são direcionadas à irrigação, a probabilidade de grandes obstáculos e riscos para os setores de agronegócios e de alimentos e bebidas permanece alta.

■n O valor dos polinizadores (abelhas e outros insetos polinizadores nativos) para o ecossistema global é de aproximadamente 190 bilhões de dólares por ano41, por meio da provisão de maiores produções e outros benefícios. Nos Estados Unidos, calcula-se que o colapso das colônias de abelhas custou aos produtores americanos 15 bilhões de dólares. Em 2009, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) estimou que o impacto econômico global de espécies invasivas é de 1,4 trilhões de dólares, ou seja, 5% do PIB42.

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Taxa interna de retorno das ações

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10 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

3. Legislação e responsabilidade

O relatório “TEEB for Business” (2010) e outras publicações recentes, como as do WEF e da PwC (2010) trazem um número crescente de casos onde as empresas são responsabilizadas financeiramente por impactos nos BSE. Por exemplo, em 2003 as populações nativas do Equador processaram a Chevron Texaco nos tribunais do país por despejar águas residuais contaminadas com óleo tóxico em 350 fossas a céu aberto, assim como nas áreas pantanosas e rios da Bacia Amazônica das quais as tribos dependem para beber, banhar-se e pescar. Atualmente (em 2010) a empresa está envolvida numa batalha jurídica de 27 bilhões de dólares referente às alegações de contaminação tóxica das florestas tropicais e rios locais43. As instituições financeiras ficam expostas se esses casos de litígio afetarem o preço das ações da empresa investida. No caso da Diretiva de Responsabilidade Ambiental da UE, as instituições financeiras devem avaliar se e como isso aumenta a exposição dos clientes em relação à responsabilidade relativa aos BSE.

A Diretiva de Responsabilidade Ambiental da UE torna as empresas diretamente responsáveis, não apenas em relação a responsabilidades pessoais, mas também pelos impactos nos recursos hídricos, fauna, flora e habitats naturais. Os operadores de atividades arriscadas ou potencialmente arriscadas podem ser responsabilizados pelos custos de prevenção ou remediação de danos ambientais (UE 2004)44. Sob os termos da diretiva, os danos ambientais são definidos como:

n Danos diretos ou indiretos ao ambiente aquático cobertos pela legislação de gestão da água da Comunidade

n Danos diretos ou indiretos a espécies ou habitats naturais protegidos na Comunidade pela “Diretiva dos Pássaros” ou pela “Diretiva de Habitats” de 1992

n Contaminação direta ou indireta de terras que acarreta um risco considerável à saúde humana

A nova Diretiva de Responsabilidade Ambiental está expandindo a esfera de responsabilização pelas operações com potencial de impactos negativos nos recursos hídricos e biodiversidade. Certos estados membros escolheram implementar medidas mais rigorosas, por exemplo, restringindo a aplicação de defesas baseadas em “licenças” ou no argumento da “melhor tecnologia disponível”, expandindo a lista de espécies e habitats naturais protegidos ou responsabilizando estritamente os operadores por danos ambientais. Na maioria dos países da Comunidade Europeia as empresas de seguro não são obrigadas a oferecer cobertura para esse novo tipo de responsabilidade pela “biodiversidade”, com exceção da Hungria, Eslovênia e Suécia, onde a cobertura das empresas de seguro é obrigatória45.

“ Nós, a raça humana, nos consideramos a espécie

predominante no planeta. Do ponto de vista da natureza,

somos apenas uma entre muitas e a mais antagonista. No YES BANK, nós respeitamos o ecossistema e o nosso papel nele. A nossa abordagem de banco responsável é sensível aos impactos

ambientais e sociais como parte de um financiamento sustentável. Apoiamos ativamente a UNEP FI pela sua visão por um mundo mais ecológico e fomos o primeiro banco na Índia a fazer parte do grupo de signatários.

Rana KapoorFundador/Sócio-Diretor & CEO, YES BANK

“ De todas as espécies que existiram na Terra, 99% estão

atualmente extintas. Vamos tentar fazer mais do que o possível

para praticar e promover a sustentabilidade em todos os setores no

combate contra a extinção das espécies,

para salvar o 1% que resta. ”Orhan BeskokVice-Presidente Executivo, TSKB

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 11

Os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos (BSE) estão começando a ser reconhecidos como uma questão material, embora muitas empresas ainda estejam dando os primeiros passos na consideração

dessa questão46. O diagrama abaixo mostra como os BSE podem ser integrados nas instituições financeiras, em empréstimos, investimentos e seguros.

Uma pesquisa realizada pela UNEP FI perguntou aos seus membros como os BSE são atualmente incorporados nos produtos e serviços financeiros e no nível organizacional. Os participantes foram representantes de 48 bancos, gerentes de ativos, donos de ativos e seguradoras. A figura 6a mostra como os BSE são considerados no nível organizacional, enquanto a figura 6b detalha como os bancos, investidores e seguradoras lidam com eles nos seus produtos, serviços e estratégias.

Figura 6a Como os BSE são incorporados no nível organizacional pelas 48 instituições financeiras

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5%

50

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BancosGerentes de ativos Donos de ativosSeguradoras

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A organização possui uma política de biodiversidade

Os BSE são oficialmente integrados na gestão ambiental

Relatórios sobre o cumprimento de metas de biodiversidade (por exemplo, Iniciativa do Relato Global (GRI), due dilligence por EPs)

Com os responsáveis pela definição de políticas

Com clientes corporativos

Com ONGs

Organização

•Políticade biodiversidade

•Sistemadegestão e/ou governança

•Políticade envolvimento em BSE

•Monitoriaerelatórios de BSE

•Treinamentoem BSE

Empréstimos Investimento (gerentes)

Investimentos (donos)

Seguros

•Análisedosriscos ambientais e sociais (por exemplo, baseando-se no modelo da Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial)

•Políticasdecréditopara indústrias sensíveis aos BSE

•Due dilligence

•Envolvimento

•Análisedeinvestimentos (pesquisa e desenvolvimento)

•Melhordaclasse

•Exclusãodecertosimpactos de BSE inaceitáveis

•Votação(porprocuração durante a Assembleia Geral Anual)

•Envolvimento

•InclusãodosBSEnas políticas de investimento

•Exigirqueosgerentes de ativos incluam e relatem as questões de BSE nos contratos de gestão de investimentos

•Avaliaramater-ialidade dos BSE em todas as linhas de seguros, produtos e serviços

•Considerarsistematicamente os BSE na sub-scrição de gestão de riscos, no desenvolvimento de produtos e na gestão de reivindicações

•Trabalharcomclientes e parceiros para reduzir os riscos referentes aos BSE

4 Tornando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos operacionais para o setor financeiro

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12 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

Os resultados revelam que os BSE estão começando a ser incorporados no nível organizacional pelos membros da UNEP FI e pelos signatários dos Princípios para o Investimento Responsável, especialmente por bancos e gerentes de ativos. No entanto, a maioria dos membros ainda não tomou medidas concretas para incorporar os BSE na suas organizações. Um panorama diferente emerge quando examinamos como os BSE são integrados nos produtos, serviços e estratégias de financiamento. Um número significativo de bancos, gerentes e donos de ativos e seguradoras afirmam que integram os BSE nos seus produtos e serviços financeiros. A seção a seguir mostra como uma série de instituições financeiras com uma visão prospectiva de fato incorporam os BSE nas suas operações.

Como os bancos incorporam os BSE

O financiamento de projetos é o segmento mais óbvio entre as operações de empréstimo onde os BSE tornaram-se materiais. Historicamente, o principal determinante para a consideração dessa questão é o risco de reputação associado ao financiamento de projetos. Os BSE podem também causar efeitos financeiros diretos se resultarem em atrasos no projeto devido à falta de uma licença social para operar. Os Princípios do Equador estão incentivando uma maior sofisticação na consideração dos riscos ambientais e sociais no financiamento de projetos. Os BSE também são relevantes em termos de créditos para exportação e outras formas de financiamento estruturado. Muito menos clara é a noção de como os BSE afetam os empréstimos empresariais, ou seja, os empréstimos rotineiros para grandes clientes corporativos. Para certos setores com grande impacto na biodiversidade e altamente dependentes dela e nas regiões onde os serviços ecossistêmicos já estão moderada ou gravemente degradados, podem surgir riscos operacionais para os devedores. Os quadros abaixo examinam como o Rabobank e o Credit Suisse lidam com os BSE.

Figura 6b Como os BSE são incorporados aos produtos e serviços das 48 instituições financeiras

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Financiamento de projetos

Crédito para exportação

Empréstimos empresariais

Envolvimento com os responsáveis pela definição de políticas sobre as regulamentações referentes aos BSE

Riscos e oportunidades referentes aos BSE considerados nas análises de investimentos

Envolvimento com empresas de carteiras de investimentos sobre riscos e oportunidades referentes aos BSE

Envolvimento com os responsáveis pela definição de políticas sobre as regulamentações referentes aos BSE

Envolvimento com empresas de carteiras de investimentos sobre riscos e oportunidades referentes aos BSE

Riscos e oportunidades referentes aos BSE em políticas

Exigir que os Gerentes de Ativos incluam e relatem os riscos e oportunidades referentes aos BSE na sua gestão

Envolvimento com os responsáveis pela definição de políticas sobre as regulamentações referentes aos BSE

Provisão de seguros relativos aos riscos de BSE aos clientes

Política de envolvimento para guiar clientes com impactos ambientais negativos (incluindo os BSE)

Envolvimento com os responsáveis por políticas sobre as regulamentações referentes aos BSE

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Como o Rabobank integrou biodiversidade no seu negócio principal

O Rabobank é um banco internacional do setor de alimentos e agronegócios. O banco definiu cinco Princípios para o Setor de Alimentos e Agronegócios, sendo que um deles é a “gestão responsável dos recursos naturais”. Esse princípio é subdivido em várias medidas, tais como a prevenção da degradação da terra e da erosão do solo, a minimização da poluição do solo e das águas superficiais, a prevenção da pesca extensiva, a minimização dos danos aos habitats de vida marinha e a preservação de áreas com alto valor de preservação e biodiversidade em geral.

Com base nesses princípios, o Rabobank definiu políticas para a cadeia produtiva de vários setores nos quais o banco é muito ativo, especialmente nos de alimentos e agronegócios. Em cada uma dessas políticas, os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos exercem um papel fundamental e são tratados como riscos ou oportunidades nas decisões de concessão de crédito, aquisições e envolvimento com clientes. As políticas se concentram em clientes nos seguintes setores: 1) indústria pesqueira; 2) óleo de palma; 3) soja; 4) cana de açúcar; 5) cacau; 6) café; 7) biocombustíveis; 8) algodão; 9) silvicultura; 10) aquicultura; 11) petróleo e gás; 12) mineração. Outras políticas transversais tratam do bem-estar dos animais e de organismos geneticamente modificados. O banco está atualmente nos estágios finais de elaboração de uma política específica de biodiversidade.

Como o Credit Suisse incorpora considerações relativas aos serviços de biodiversidade e ecossistêmicos

O Credit Suisse trata da biodiversidade nos seus negócios através de políticas, estratégias e processos de biodiversidade de alto nível. O seu processo de gestão de risco de sustentabilidade é implementado independentemente, mas também pode ser inserido num processo mais abrangente envolvendo riscos de reputação. Através do processo de riscos de sustentabilidade, o banco identifica e lida com todos os impactos ambientais e/ou sociais significativos (trabalho, comunidade). No entanto, os impactos ecossistêmicos e/ou perdas de biodiversidade são normalmente uma preocupação chave em todas as transações, particularmente em relação à conversão do uso da terra. O processo do Credit Suisse é aplicado em todos os tipos de negócios que envolvem indústrias sensíveis (por exemplo, extrativa, pesqueira e agronegócios), não apenas em empréstimos. Coloca ênfase direta em identificar e evitar a conversão de terras com um alto valor de preservação e, nesse sentido, coloca em prática políticas e diretrizes de sustentabilidade específicas da indústria. O banco também incentiva os seus clientes, independentemente da sua indústria, a adotarem melhores práticas de gestão e exige que sejam membros de entidades da indústria tais como o Conselho de Manejo Florestal (FSC) e a Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO).

VicSuper: tornando os BSE prevalentes na propriedade de ativos

O VicSuper é um fundo de pensões australiano de grande porte que integra explicitamente considerações de sustentabilidade em todas as suas operações e investimentos com o objetivo de oferecer melhores resultados a longo prazo aos seus beneficiários. Em 30 de junho de 2010, o VicSuper possuía aproximadamente 7,2 bilhões de dólares australianos em ativos sob a sua gestão. Os BSE são uma das considerações de sustentabilidade chave que o fundo planeja integrar em todos os seus investimentos no futuro.

O VicSuper lida com os BSE de diversas formas nas suas atividades de investimento por meio de:

■n Seleção e gestão de investimentos. O VicSuper considera explicitamente os riscos e oportunidades referentes aos BSE em vários títulos listados e ativos privados selecionados devido ao seu maior desempenho em termos de sustentabilidade e um investimento inovador em terras e águas que busca alcançar retornos da agricultura sustentável e de pagamentos por serviços ecossistêmicos.

■n Iniciativas de envolvimento colaborativo. O VicSuper adotou várias iniciativas, incluindo a Publicação da Pegada Florestal, o Projeto de Publicação de Carbono(CDP) , o Projeto de Água do Projeto de Publicação de Carbono e o Grupo de Investidores sobre a Mudança Climática na Austrália/Nova Zelândia.

■n Envolvimento da empresa. O VicSuper usa serviços de terceiros para envolver-se com empresas nas quais investe em questões de sustentabilidade material, incluindo mudança climática, biodiversidade, silvicultura e água. Isto aplica-se apenas a títulos de renda variável listados, compondo cerca de metade dos ativos totais sob a gestão do fundo.

Como os investidores incorporam os BSE

Em grande parte dos negócios de investimento, os BSE não são considerados um risco ou oportunidade material. As descobertas e recomendações do relatório TEEB sugerem que essa situação irá mudar e que os investidores que estiverem cientes disso e agirem para colocar em prática processos para entender e proteger os seus investimentos contra o impacto e a dependência nos BSE estarão se posicionando para garantir uma vantagem perante os concorrentes. Dois casos são apresentados aqui para destacar como um dono de ativos e um gerente de ativos lidam com os BSE.

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Abordagem da Robeco como gerente de ativos para incorporar os BSE no setor farmacêutico

Como parte de uma nova ênfase em serviços de biodiversidade e ecossistêmicos, a Robeco envolve-se com empresas que são dependentes dos BSE nas suas operações, tais como os setores de agronegócios, de turismo e farmacêutico, entre outros.47 A dependência dos agronegócios nos BSE é muito bem documentada, enquanto que para outros setores, tais como o farmacêutico, há uma falta de entendimento no que diz respeito a até que ponto o setor realmente depende dos BSE e integra políticas e práticas de gestão de riscos nas suas operações.

A Robeco visa usar o seu envolvimento para aumentar a conscientização e incentivar um comportamento responsável no setor farmacêutico em relação à sua dependência. A lógica é avaliar a oportunidade para aumentar o desempenho da empresa por meio do uso inovador dos BSE e para destacar a conexão entre gestão de risco e dependência da biodiversidade para a comunidade de investidores. Os resultados do envolvimento podem ser comunicados aos gerentes das carteiras de investimento para ajudá-los na construção das suas carteiras e para entender a exposição de uma empresa a certos riscos referentes aos BSE que, portanto, podem ter um impacto potencial nas tomadas de decisões de investimento.

Como as seguradoras incorporam os BSE

Para as empresas seguradoras, os riscos referentes aos BSE podem causar um impacto negativo tanto no seu rendimento proveniente de subscrições (por exemplo, enchentes causadas pelo desmatamento que levam a perdas asseguradas ou não asseguradas) quanto no retorno dos seus investimentos. As empresas de seguros, além de assumirem riscos e oferecerem produtos de seguros, também são gerentes de riscos por meio dos seus serviços de prevenção e mitigação de perdas. As seguradoras com uma visão prospectiva podem e devem aproveitar as oportunidades para desenvolver novos produtos para diferenciá-las dos seus concorrentes. A HSBC Insurance no Brasil e a Tokio Marine & Nichido Fire Insurance no Japão desenvolveram novos produtos de seguro que compensam as emissões de carbono dos clientes através da preservação de florestas nativas (no caso do Brasil) e da plantação de mangues (no caso do Japão).

Com a sua maturação longa, as florestas são um ativo adequado para ser alinhado a compromissos de fundos de pensões relativos a fluxos de renda a longo prazo. Produtos como derivativos de clima e obrigações catástrofe (CAT) podem oferecer aos investidores soluções de transferência de riscos47. A indústria de seguros, compreensivelmente, é muito cautelosa no desenvolvimento de novos produtos, particularmente no que diz respeito a “riscos emergentes”, incluindo riscos ambientais, tais como os BSE. No entanto, há boas indicações de oportunidades. Por exemplo, dados de uma pesquisa global de 2009 conduzida pelo Grupo de Trabalho de Seguros da UNEP FI sobre o entendimento e a integração de fatores de BSE na subscrição de seguros e no desenvolvimento de produtos sugeriu que a perda de biodiversidade e degradação do ecossistema e gestão hídricas combinadas apresentam oportunidades nos setores agroflorestal, de causalidades, saúde, vida, aviação e transporte marinhos e propriedades48.

Seguro verde da HSBC Insurance Brazil: uma forma de se diferenciar dos concorrentes

Lançado em 2007, o Seguro Verde da HSBC é um produto regular de carros e motores que, além de todos os benefícios regulares dos produtos de seguros, permite que os seus clientes compensem as emissões de carbono das suas casas e veículos. Criado em parceria com a ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS) o Seguro Verde compensa as emissões de carbono preservando uma área de floresta nativa proporcional à média estimada das emissões de carbono de um veículo ou casa. De 2007 a junho de 2010, o Seguro Verde contribuiu para a preservação de mais de 27 milhões de metros quadrados de florestas nativas, incluindo áreas ameaçadas de florestas remanescentes de araucárias. O produto está entre as melhores práticas do grupo e foi repetido em outros países da América Latina. Isso permite que a HSBC Insurance Brazil se diferencie dos seus concorrentes.

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 15

5 Tendência de baixa ou de alta? Tirando proveito dos mercados ambientais em expansão

As instituições financeiras podem aproveitar oportunidades relacionadas aos BSE de maneiras diferentes:

n Os atores na dianteira que são capazes de demonstrar a integração dos BSE podem reforçar a reputação das suas organizações e agregar valor para as práticas de marketing.

n O desenvolvimento de capacitação interna referente aos BSE pode ser benéfico em termos de serviços de consultoria para clientes empresariais.

n A consultoria a clientes sobre como integrar os BSE na gestão da cadeia produtiva pode levar à redução dos custos dos clientes.

n Os mercados ambientais estão cada vez mais se estabelecendo em um número crescente de países (Tabela 2). As instituições financeiras que entendem esses mercados podem lucrar com a oferta de serviço de corretagem, registros ou fundos especializados.

Vários países prometeram um valor combinado de 5,8 bilhões de dólares49 para que os mercados se preparem para implementar créditos de carbono referentes ao combate ao desmatamento (REDD+). Estimar o tamanho futuro do mercado REDD+ é difícil, pois isso depende de fatores como as tendências de emissão nos países, do rigor das metas em um novo acordo pós-2012 sobre mudança climática e do desempenho dos mecanismos “em competição”. Estimativas aproximadas podem ser feitas no lado do fornecimento. Um estudo conduzido pela EcoSecurities em 200750 calculou os tamanhos anuais dos mercados para os créditos REDD+ entre 3 e 30 bilhões de dólares, para taxas de redução do desmatamento entre 5% e 50% em comparação a uma linha de base de 1990-2005.

Tabela 2 Mercados ambientais que incorporam os BSE direta ou indiretamente

Classe de ativos de BSE Valor de mercado Ano Tipo de mercado

Mitigação/compensação de biodiversidade 1,8 – 2,9 bilhões de dólares

2008 Privado (limite e negociação)51

BiocarbonoMercado voluntário de carbono OTC (carbono florestal), incluindo REDD+Chicago Climate Exchange – carbono florestalCDM – reflorestamento

31,5 milhões de dólares

5,3 milhões de dólares0,3 milhões de dólares

2008

20082008

Privado (voluntário)52

Privado (voluntário)Privado (limite e negociação)

Cosméticos/cuidados pessoais/farmacêuticos: contratos de bioprospecção

30 milhões de dólares 2008 Privado (voluntário)39

Produtos agrícolas certificados, incluindo produtos florestais não de madeira (NTFPs)

40 bilhões de dólares 2008 Privado (voluntário)39

Produtos florestais certificados (Conselho de Manejo Florestal, PEFC)

5 bilhões de dólares (produtos certificados pelo Conselho de Manejo Florestal)

2008

Pagamentos para serviços ecossistêmicos hídricos (governo)

5 milhões de dólares (Costa Rica, Equador)

Pagamentos para serviços ecossistêmicos hídricos (governo)

5,2 bilhões de dólares 2008 Público39

Outros pagamentos para serviços ecossistêmicos (apoiados pelo governo)

3 bilhões de dólares 2008 Público39

Fundos privados de terras, incentivos de preservação (América do Norte, Austrália)

8 bilhões de dólares (só nos EUA)

2008 Público39

Nos últimos anos também presenciamos uma série de tentativas para estabelecer fundos de investimentos para investir em negócios e projetos que trazem retornos tanto ecológicos como financeiros, embora os tamanhos dos fundos sejam notavelmente limitados. As primeiras tentativas foram predominantemente realizadas por ONGs tais como a Conservation Internacional através do Verde Ventures e a The Nature Conservancy através do EcoEnterprise Fund. O último investiu 6,3 milhões de capital de débito em 23 empreendimentos de pequeno e médio porte. Mais recentemente, várias empresas estrearam nesse cenário com abordagens de investimento inovadoras que buscam fazer investimentos maiores. Mostramos três casos aqui: o novo Fundo de Investimento em Biodiversidade do Sumitomo Trust; a inovadora abordagem de investimento em agricultura orgânica da Agro-Ecological e o investimento da New Forests nos mercados ambientais. Esses fundos podem proporcionar alternativas interessantes para gerentes e donos de investimentos que buscam uma entrada a mercados novos e pouco desenvolvidos.

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Sumitomo Trust e Banking Co lançam um novo e singular Fundo de Investimento em Biodiversidade

Em agosto de 2010, o Sumitomo Trust lançou um fundo japonês de investimentos em ações ativamente gerido que incorpora a biodiversidade. Foi o primeiro fundo mútuo de investimentos em ações desse tipo no mundo. O fundo investe em empresas japonesas que estão ativamente envolvidas em atividades de preservação da biodiversidade usando a pesquisa de investimento do Sumitomo. Ao selecionar ações e montar carteiras de investimentos, o banco concentra-se em três critérios de escolha:

■n Se uma empresa está ativamente trabalhando na redução do impacto das suas atividades de negócios na biodiversidade (gestão de riscos);

■n Se uma empresa oferece habilidades e serviços que contribuem para a proteção da biodiversidade (oportunidade); e

■n Se uma empresa estabelece metas a longo prazo, tais como planos de ação para preservar a biodiversidade.Parmi les entreprises susceptibles d’intégrer ce fonds, figurent des sociétés utilisant des technologies pouvant réduire les impacts néfastes sur la biodiversité, des entreprises préservant la biodiversité et des entreprises dotées de programmes à moyen ou long termes pour protéger celle-ci. La banque part du principe que ce fonds commun pourra apporter une aide financière à des activités qui favorisent la biodiversité et encourage les personnes sensibles à ces problématiques à y contribuer.

Gestão agro-ecológica de investimentos – uma abordagem de investimentos nova para um setor antigo

A Agro-Ecological é uma firma especializada em gestão de ativos que se concentra em investimentos em agricultura e lavoura como uma classe de ativos gerida organicamente. A sua estratégia de investimento é baseada na aquisição de terras agrícolas convencionais para transformá-las em ativos organicamente geridos, com o intuito de melhorar a resistência, o fluxo de caixa e a apreciação do capital a longo prazo. A abordagem da Agro-Ecological tem como objetivo criar serviços de biodiversidade e ecossistêmicos (BSE) superiores e mensuráveis. Os resultados superiores em termos de biodiversidade não são meramente um resultado externo positivo, mas uma estratégia deliberada para gerar um maior desempenho produtivo e, consequentemente, um desempenho financeiro superior, ou seja, melhores resultados em termos de BSE geram melhores resultados financeiros. Este desempenho superior do investimento é alcançado sem o benefício dos mercados de biodiversidade gerando um rendimento direto.

O seu alcance geográfico vai além da ênfase inicial na Nova Zelândia, com projetos sendo desenvolvidos na África, América Latina e EUA. O investimento em lavouras de pasto na Nova Zelândia visa obter retornos na região de 10 ou 13% (apreciação e produção de caixa), enquanto a incorporação de um componente de colheita perene numa carteira de investimentos pode empurrar o retorno até os 15%. Os retornos nos investimentos são gerados a partir da venda de produtos agrícolas orgânicos (produção de caixa anual), por exemplo, leite, e finalmente, por meio da saída completa da carteira através da sua venda para instituições ou estrategistas ou de uma oferta pública inicial (IPO).

A New Forests está encontrando um nicho nos mercados em expansão para serviços e produtos ecossistêmicos

A New Forests é uma empresa de gestão de investimentos em produção florestal especializada na monetarização de produtos ecológicos, tais como carbono e biodiversidade, como um valor agregado dos investimentos em produção florestal ou como ativos independentes. A empresa gere o Fundo de Florestas da Austrália e Nova Zelândia, investindo em ativos florestais em plantações sustentáveis na Austrália e na Nova Zelândia, e o Eco Products Fund, que investe em instrumentos bancários de preservação e mitigação e carbono pré-conformidade, primariamente nos Estados Unidos. Os clientes incluem investidores institucionais e de ativos privados que buscam exposição aos retornos relativamente estáveis provenientes da madeira em mercados maduros e os retornos ajustados a maiores riscos disponíveis em novos mercados geográficos, como a Ásia, bem como classes novas de ativos, tais como os produtos ecológicos.

A New Forests gere o Malua Biodiversity Bank em Sabah, na Malásia, como um investimento comercial na preservação de 34.000 hectares de habitats intocados de orangotangos, próximos a plantações de óleo de palma que foram recentemente convertidas. A empresa também gere investimentos de carbono florestal com exposição no mercado de carbono na Califórnia e mercados internacionais emergentes com um conhecimento extensivo na Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). A empresa tem sede na Austrália e conta com várias filias espalhadas pelo mundo.

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 17

6 Uma visão para 2020

Não podemos olhar em uma bola de cristal para saber o que estará acontecendo em 2020. No entanto, é plausível que a diversidade biológica e os serviços ecossistêmicos que a sustentam continuarão em declínio.

Um setor financeiro bem-sucedido e responsável significa ser capaz de entender como fatores externos macro e micro, tais como mudança climática, degradação do ecossistema e escassez da água afetam o comportamento dos consumidores, a demanda por produtos e a competitividade do setor e das empresas em diferentes locais. Os governos podem começar a executar medidas mais rigorosas para proteger os ecossistemas com o intuito de fazer contribuições significativas para frear a perda de biodiversidade até 2020. Isto irá ampliar ainda mais a responsabilidade legal das empresas que afetam negativamente os ecossistemas. Os credores, investidores e seguradoras devem avaliar corretamente esse novo tipo de responsabilidade legal em relação à confiança no crédito dos seus clientes. Com a proximidade da Cúpula da Terra Rio+20 em 2012, esta seção visa fornecer uma visão para 2020 das implicações para bancos, investidores e seguradoras. Também oferece recomendações sobre como incorporar ainda mais os BSE nos produtos e serviços financeiros.

Para os bancosn A responsabilidade legal dos clientes empresariais em setores que causam um impacto gravemente

negativo nos BSE será ainda mais ampliada. Como resultado, os BSE serão integrados nas análises de risco e nos sistemas de gestão de rotina.

n Os consumidores compreenderão cada vez mais os elos entre financiamentos, atividades empresariais in loco e degradação do ecossistema e, portanto, exigirão dos seus bancos que certos tipos de financiamentos com impactos sociais e ambientais inaceitáveis sejam banidos.

n A má gestão dos impactos e da dependência dos BSE significará riscos de reputação cada vez maiores por associação para os bancos, especialmente no que diz respeito a financiamentos estruturados.

n Oportunidades para novos produtos e serviços estão surgindo, influenciando positivamente os BSE, e podendo oferecer retornos.

Para os investidores n Os investidores perceberão que um número cada vez maior de empresas nos setores altamente

dependentes dos BSE, tais como os setores pesqueiro, de turismo, florestal e agrícola, irão ser tornar menos competitivos devido à situação ecológica adversa dos produtos primários dos quais dependem. Da mesma forma, as empresas em um número cada vez maior de setores extrativos, industriais e comerciais irão se comportar de maneira mais progressiva, pois entendem que o valor acionário a longo prazo é aumentado tanto pela incorporação de considerações referentes aos BSE nas suas estratégias a longo prazo quanto pela divulgação completa dos seus progressos para os seus investidores. Os investidores estimulam esse processo transformando-se em donos cada vez mais ativos por meio do envolvimento e de votações.

n Os BSE serão reconhecidos como um fator financeiramente material que influencia a economia e a avaliação do preço das ações dos setores, de maneira similar ao que vemos hoje em relação à mudança climática e às pegadas de carbono.

n Os investimentos tradicionais esperarão que as empresas investidas implementem uma abordagem estratégica para lidar com os seus impactos e dependência nos serviços de biodiversidade e ecossistemas e que divulguem essa abordagem nos seus relatórios anuais.

n Os investidores buscarão ativamente os investimentos que oferecem soluções aos desafios dos BSE da mesma forma que hoje os investidores estão financiando investimentos que oferecem soluções para os desafios da mudança climática. Os investidores institucionais incluirão na sua rotina a consideração dos riscos e oportunidades dos BSE quando estiverem procurando novos gerentes de fundos de investimentos.

Para as seguradorasn Os governos serão mais rigorosos para proteger os ecossistemas com o intuito de contribuir de maneira

significativa para frear a perda de biodiversidade até 2020. Isto irá ampliar ainda mais a obrigação legal das empresas que causam um impacto severamente negativo nos ecossistemas.

n O desenvolvimento de estruturas legais cautelosas em relação aos riscos de BSE sustentarão a segurabilidade dos riscos referentes aos BSE, bem como o desenvolvimento de produtos de seguro relevantes e a gestão das reivindicações de seguro.

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18 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

Recomendações para incorporar ainda mais os BSE no setor financeiro

1. Desenvolver um conjunto de princípios que descrevam como os BSE devem ser incorporados no setor financeiro e buscar o apoio oficial de instituições financeiras para essa iniciativa. Esses princípios devem se concentrar em desenvolver e promover o uso de orientações e listas de verificação claras, simples e práticas sobre os BSE para o setor financeiro. Estas podem ser desenvolvidas de forma semelhante aos Princípios para o Investimento Responsável ou os Princípios de Seguros Sustentáveis que são atualmente desenvolvidos pela UNEP FI.

2. O resumo do relatório “TEEB for Business”39 estabelece sete pontos de ação chave para os negócios. As instituições financeiras podem acessar e avaliar como os clientes lidam com os Princípios para o Investimento Responsável usando esses pontos de ação.

3. Há uma falta de entendimento sobre como as considerações ecológicas são usadas na prática na hora de avaliar o risco dos investimentos a longo prazo. Para ajustar os modelos de riscos em relação aos riscos referentes aos BSE, as instituições financeiras, tais como as agências de classificação de crédito, devem estabelecer critérios para avaliar os riscos referentes aos BSE por país. Esses critérios podem então ser incorporados aos sistemas de classificação de risco dos países.

4. As instituições financeiras devem começar a cooperar com iniciativas como a Iniciativa do Valor Natural, a Revelação da Pegada Florestal e a Iniciativa de Relatório Global para desenvolver capacitação interna no que diz respeito aos BSE, bem como para cobrir os riscos de hedge dos BSE que estão emergindo e para envolverem-se com clientes nos setores relevantes aos BSE.

5. A UNEP FI deve liderar o desenvolvimento de um módulo de treinamento sobre os BSE para desenvolver a capacitação dos seus membros para avaliar a sua materialidade, bem como integrar a avaliação e a gestão dos BSE nos produtos, serviços e estratégias financeiras relevantes.

“ Este estudo é um passo crucial em direção ao

reconhecimento do valor de todos os organismos

vivos e ecossistemas para o nosso próprio bem-estar.

Sendo este o ano da biodiversidade, a comunidade de negócios

deve assumir publicamente a sua responsabilidade de proteger e

restaurar os serviços ecossistêmicos. O ASN Bank publicou o seu relatório sobre Biodiversidade, formulando a sua política de investimento em biodiversidade. O CEO Briefing da Iniciativa

Financeira da PNUMA continua a oferecer orientações ao ASN Bank na formulação e implementação dessa política. O ASN Bank espera que faça o mesmo para outras instituições financeiras. ”

Ewoud GoudswaardDiretor Executivo, ASN Bank

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Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro•UNEPFICEOBriefing 19

1. 1. “Unilever takes stance against deforestation”. www.unilever.com/sustainability/news/news/ december2009unilevertakesstanceagainstdeforestation.aspx. Nestle: SpeechesAndStatements/AllSpeechesAndStatements/statement_ Palm_oil.htm?wordId=D7E0005D F7D9 4AD3 85D7 AA631CBA0E8E “Burger King to stop buying oil from Sinar Mas”. http://baliholidayinfo. com/content/burger king stop buying oil sinar mas “Krafting a new story on oil palm”: http://understory.ran.org/2010/08/19/krafting a new story on palm oil/

2. New York Times, 2010. “Banks Grow Wary of Environmental Risks”. 30 de agosto de 2010. www.nytimes.com/2010/08/31/business/energy environment/31coal.html?_r=3

3. UNEP FI, 2008. “Bloom or Bust? UNEP Finance Initiative”: Genebra UNEP FI, 2007. “CEO Briefing – Bloom or Bust? UNEP Finance Initiative”: Genebra

4. McKinsey, 2009. “Global capital markets: Entering a new era”. McKinsey Global Institute

5. UNEP FI, em breve. “Lenses and clocks – Financial stability and systemic risk”. UNEP Finance Initiative: Genebra.

6. The Economist, 2010. “The Gods Strike Back. A special report about financial risk”. Fevereiro, 2010.

7. Mulder, I., 2007. “Biodiversity, the Next Challenge for Financial Institutions?” World Conservation Union (IUCN): Gland

8. Fórum Econômico Mundial, 2010. “Global Risks 2010 report”. Fórum Econômico Mundial: Genebra

9. PwC. 2010. “PricewaterhouseCoopers 13th Annual Global CEO Survey 2010”. Londres

10. McKinsey, 2010. “The next environmental issue for business: McKinsey Global Survey results”. McKinsey Quarterly.

11. Princípios do Equador, 2006. Referência para a indústria financeira para determinar, avaliar e gerenciar riscos sociais e ambientais no financiamento de projetos. www.equator principles.com Esty, B. C., Knoop, C., and Sesia, A., 2005. “The Equator Principles: An industry approach to managing environmental and social risks”. Harvard Business School, Boston

12. Facilitado pela Corporação Financeira Internacional, um pequeno grupo de instituições financeiras está examinando se e quando os Princípios do Equador podem ser expandidos para além do financiamento de projetos.

13. Austin, D., e A. Sauer, 2002. “Changing Oil: Emerging environmental risks and shareholder value in the oil and gas industry”. World Resources Institute: Washington, D.C.

14. “Low carbon growth in Asia”, comentários sobre a BP no evento da UNEP FI realizada em 16 de junho de 2010 em Seul, República da Coreia, por Michael Dieschbourg, CEO, Legg Mason Global Currents

15. Bloomberg, 2010. “BP’s Credit Rating Cut by Fitch to Two Levels Above Junk”. www.bloomberg.com/news/2010 06 15/bp s credit rating cut by-fitch to bbb two levels above junk from aa.html (consultado em agosto de 2010)

16. Bloomberg, 2010. “Insurers Raise Deep Water Oil Rig Prices 50% After BP Spill, Moody’s Says”. www.bloomberg.com/news/2010 06 03/ insurers-raise deep water oil rig prices 50 after bp spill moody s says. html (consultado em agosto de 2010)

17. Seitchik, A., 2007. “CFA, Climate Change from the Investor’s Perspective”.

18. Princípios para o Investimento Responsável e UNEP FI, em breve. “Universal Ownership: Why externalities matter to institutional investors”.

19. O valor real dos fatores externos provavelmente é maior, pois a análise exclui a maior parte dos recursos naturais usados, bem como os impactos ambientais, tais como a poluição da água, devido à falta de dados globais. O Custo da Falta de Ação Política (COPI) usou uma abordagem diferente. Devido à falta de dados globais, a análise TEEB excluiu a maioria dos recursos naturais usados, bem como os impactos ambientais, tais como a poluição da água, a mudança no uso da terra, a degradação do solo, resíduos de fertilizantes e pesticidas e as emissões de substâncias prejudiciais ao ozônio. Extraído dos Princípios para o Investimento Responsável e UNEP FI, em breve em 2010. “Taking the environment into account. Universal Ownership: Why externalities matter to institutional investors”.

20. Braat, L., e P. ten Brink, 2008. “Cost of Policy Inaction (COPI): The Case of not Meeting the 2010 Biodiversity Target”. Comissão Europeia: Bruxelas

21. TEEB, 2008. “The Economics of Ecosystems and Biodiversity An interim report.” Comissão Europeia: Bruxelas

22. Com base na análise da Trucost dos fatores externos de 2.439 empresas listadas no Índice MSCI de todos os países do mundo, usado como substituto para uma carteira de investimentos em ações hipotética que reflete os pesos do setor no Índice. Extraído dos Princípios para o Investimento Responsável e UNEP FI, em breve. “Universal Ownership: Why externalities matter to institutional investors”

23. Freshfields Bruckhaus Deringer e UNEP FI, 2005. “A legal framework for the integration of environmental, social and governance issues into institutional investment”. UNEP FI: Genebra

24. UNEP FI, 2009. “Fiduciary responsibility – Legal and practical aspects of integrating environmental, social and governance issues into institutional investment”. UNEP FI: Genebra

25. TEEB, 2009. “The Economics of Ecosystems and Biodiversity for National and International Policy Makers – Summary: Responding to the Value of Nature 2009”. Comissão Europeia: Bruxelas

26. Mulder, I. e T. Koellner, em impressão. “Hardwiring Green – How Banks Account for Biodiversity Risks and Opportunities”. Journal of Sustainable Finance and Investment

27. Snashall, D., 2010. “Keeping oil and gas mega projects moving – grappling with Non Technical Risk. Environmental Risk Management” – ERM.www.erm.com/Analysis and Insight/Articles/Keeping oil and gas mega projects moving grappling with Non Technical Risk/ (consultado em agosto de 2010)

28. Finer M, Jenkins C.N, Pimm SL, Keane B, e C. Ross, 2008. “Oil and Gas Projects in the Western Amazon: Threats to Wilderness, Biodiversity, and Indigenous Peoples”. PLoS ONE 3(8): e2932. doi:10.1371/journal. pone.0002932

29. Finer M, Jenkins C.N, Pimm S.L, Keane, e B, Ross C, 2008. “Oil and Gas Projects in the Western Amazon: Threats to Wilderness, Biodiversity, and Indigenous Peoples”. PLoS ONE 3(8): e2932. doi:10.1371/journal. pone.0002932

30. Miranda, M., e A. Sauer, 2010. “Watered Down? Water Risks and Disclosure in the Mining Sector.” World Resources Institute: Washington D.C.

31. Cochilco, 2009. “Consumption of water in the Chilean mining industry: actual situation and projections.” Apresentado em 18 de novembro de 2009.

32. www.geim.org/archivos/session_d/Natural%20Water%20Resources. ppt#312,34,Slide 34

33. Global Water Intelligence. 2009. “A new dawn for desalination in Chile. Global Water Intelligence”. Vol. 10(12). Disponível em: www. globalwaterintel.com/archive/10/12/general/a new dawn for desalination in chile.html.

34. UNEP FI, 2010. “Chief Liquidity Series issue 2 – Power Sector”. UNEP FI: Genebra

35. Sauer, A., Klop, K., e M. Agrawal, 2010. “Over heating Financial Risks from Water Constraints on Power Generation in Asia”. World Resources Institute: Washington D.C.

36. Banco Mundial e FAO, 2008. “The Sunken Billions: Economic Justification for Fisheries Reform”. Banco Mundial: Washington D.C.; FAO: Roma

37. McVittie, 2010 no TEEB, 2010. “Business impacts and dependence on biodiversity and ecosystem services”, in “The Economics of Ecosystems and Biodiversity: TEEB for Business”

38. WEF, PwC, 2010. “Biodiversity and Business Risk: A Global Risks Network Briefing”. Fórum Econômico Mundial: Genebra

39. TEEB, 2010. “The Economics of Ecosystems and Biodiversity Report for Business Executive Summary”. Comissão Europeia: Bruxelas

40. F&C Management, 2004. “Is biodiversity a material risk for companies? An assessment of the exposure of FTSE sectors to biodiversity risk”. F&C Investments: Londres

41. “Operation pollinator”. www.operationpollinator.com/need.asp

42. CBD Business and Biodiversity newsletter. www.cbd.int/doc/ newsletters/news biz 2009 06 en.pdf http://www.cbd.int/doc/newsletters/ news biz 2009 06 en.pdf

43. The Sunday Times Magazine, “The Amazon’s Dirty War”, novembro de 2009

44. http://europa.eu/legislation_summaries/enterprise/interaction_ with_other_policies/l28120_en.htm

45. MMC, 2009. “New environmental liabilities for EU companies”. Marsh Ltd: Londres

46. Mulder, I. e T. Koellner, enviado. “Hardwiring Green – How Banks Account for Biodiversity Risks and Opportunities”. Journal of Sustainable Finance and Investment.

47. UNEP FI, 2007. “Insuring for sustainability Why and how the leaders are doing it”. UNEP FI, Genebra.

48. UNEP FI, 2009. “The global state of sustainable insurance – Understanding and integrating environmental, social and governance factors in insurance”. Grupo de Trabalho de Seguros da UNEP FI: Genebra

49. PNUMA, 2010. “Bringing forest carbon projects to the market”. Programa Ambiental das Nações Unidas: Nairobi

50. EcoSecurities, 2007. “REDD Policy Scenarios and Carbon Markets A policy brief”. Oxford.

51. Madsen, B., Carroll, N., Moore Brands, K., 2010. “State of Biodiversity Markets Report: Offset and Compensation Programs Worldwide”. Ecosystem Marketplace: Washington D.C.

52. Hamilton, K., Chokkalingam, U., e M. Bendana, 2009. “State of Forest Carbon Markets – Taking Root and Branching Out. Ecosystem Marketplace”: Washington D.C..

Notas e referências

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20 UNEPFICEOBriefing•Desmistificando a materialidade Incorporando os serviços de biodiversidade e ecossistêmicos no setor financeiro

Sobre a Iniciativa Financeira do PNUMA (UNEP FI)

A Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI) é uma parceria global entre o Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente e o setor financeiro privado. A UNEP FI trabalha de perto com aproximadamente 200 instituições financeiras que são signatárias das Declarações da UNEP FI e uma série de organizações parceiras para desenvolver e promover elos entre o meio ambiente, a sustentabilidade e o desempenho financeiro. Por meio de atividades regionais, um programa de trabalho abrangente, atividades de treinamento e pesquisa, a UNEP FI realiza a sua missão de identificar, promover e executar a adoção de melhores práticas ambientais e de sustentabilidade em todos os níveis das operações das instituições financeiras.

Sobre o Fluxo de Trabalho em Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos (BESWS)

O Fluxo de Trabalho em Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos (BESWS) é baseado na necessidade de envolver o setor de serviços financeiros para identificar e lidar com os desafios resultantes da perda de biodiversidade e da degradação dos serviços ecossistêmicos.

Autores principaisIvo Mulder (UNEP FI) | [email protected] | +41 22 917 86 90Paul Clements- Hunt (UNEP FI) | [email protected] | +41 22 917 81 16

ColaboradoresRichard Burrett (Earth Capital Partners)Matthias Patzelt (Bayern LB)BouweTaverne (Rabobank)Franz Knecht (Connexis)Ben Ridley (Credit Suisse)Seiji Kawazoe (Sumitomo Trust & Banking Co.)Lara Yacob (Robeco)AnnelisaGrigg (Global Balance)Danielle Welsh (VicSuper)Margot Hill (UNEP FI)Butch Bacani (UNEP FI)Geoff Burke (Agro Ecological Investment Management)

Membros do Fluxo de Trabalho em Serviços de Biodiversidade e Ecossistêmicos (BESWS) da UNEP FI

Bank of America Merrill Lynch

AgradecimentosSagarika Chatterjee (F&C Management)Olivia Watson (PRI)Amanda Sauer (WRI)Nick Bertrand (UNEP)Marisa Meizlish (New Forests)Jessica Boucher (UNEP FI)Cory Jubitz (UNEP FI)Agradeço a todos os membros da UNEP FI e signatários dos Princípios para o Investimento Responsável que preencheram o questionário.

Copyright ©2010

Iniciativa Financeira do

Programa das Nações

Unidas para o Meio

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(AFEP) Connexis Fauna and Flora International Forest TrendsGlobal Balance KMPG

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