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EXTRAÇÃO DE FENOIS EM ERVA MATE (2011) 1 FIORAVANTE, Júlia Borin2; DARONCHO, Mônica2; FOGAÇA, Aline3 1 Projeto de Iniciação Científica _UNIFRA 2 Acadêmicas do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil 3 Professora Orientadora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: [email protected] ; [email protected];
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar quatro soluções extratoras de compostos
fenólicos em erva-mate, uma vez que há várias citações na literatura. A avaliação da
eficiência de extração foi realizada por meio da quantificação do teor de compostos fenólicos
totais e atividade antioxidante, pelo método de seqüestro de radicais DPPH. Em uma
amostra de erva-mate foram realizadas 4 extrações a frio, em triplicata. Os resultados
obtidos até o momento nesse estudo não são conclusivos, necessitando de mais estudos
para uma melhor definição do solvente mais adequado para extração de compostos
fenólicos na erva mate, especialmente é necessário aperfeiçoar o controle das condições de
extração. Em relação à atividade antioxidante, sugere-se um tempo maior de reação,
superior a 60 minutos.
Palavras-chave: compostos Fenólicos; atividade antioxidante, DPPH
1. INTRODUÇÃO
A erva- mate (Ilex paraguariensis St. Hil.), planta da família Aquifoliaceae, pertence ao
gênero Ilex e espécie paraguariensis. Originária da America do Sul, a erva-mate
desenvolve-se na Argentina, Paraguai, Uruguai, e no Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul) (EFING et al., 2009).
Grande parte da produção brasileira de erva-mate destina-se ao consumo na forma de
bebidas (chimarrão, composto para chimarrão, chá e tererê). No entanto, por sua
composição química complexa em razão da presença de compostos orgânicos bioativos
(cafeína, ácidos fenólicos e saponinas) e de outros extratos da planta, são promissoras as
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perspectivas de sua utilização em novas áreas como a elaboração de extratos e
concentrados ou fonte de produtos farmacêuticos para fitoterapia (EFING et al., 2009).
Investigar a atividade antioxidante de infusões de erva-mate foi objeto de estudos
publicados recentemente (BASTOS, TORRES; 2003). Nos últimos 20 anos houve um
incremento de pesquisas na busca de determinados tipos de alimentos que possuíssem
substancias biologicamente ativas e que trouxessem benefícios a saúde ou efeitos
fisiológicos desejáveis (CANTERLE, 2005). As bebidas de erva-mate são reconhecidas
como fonte de compostos fenólicos, prontamente absorvidos pelo organismo e responsáveis
por seus efeitos antioxidantes in vitro e in vivo (BASTOS, TORRES; 2003).
Filip et al. (2000) analisou a atividade antioxidante de plantas preparadas como o mate.
Observou-se que a I. paraguariensis apresentava uma maior atividade antioxidante que as
outras Ilex spp consumidas na América do Sul, e que a mesma era preservada no mate, o
que permitiu especular que o consumo regular dessa bebida poderia contribuir para
melhorar significativamente as defesas antioxidante humanas.
Dentre as diversas classes de substâncias antioxidantes de ocorrência natural, os
compostos fenólicos têm recebido muita atenção nos últimos anos, sobretudo por inibirem a
peroxidação lipídica e a lipooxigenase in vitro (SOUSA et al., 2007).
A atividade antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às suas
propriedades redutoras e estrutura química. Estas características desempenham um papel
importante na neutralização ou sequestro de radicais livres e quelação de metais de
transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na propagação do processo oxidativo.
Os intermediários formados pela ação de antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis,
devido à ressonância do anel aromático presente na estrutura destas substâncias (SOUSA
et al., 2007).
O objetivo deste trabalho foi avaliar quatro soluções extratoras de compostos fenólicos
em erva-mate, uma vez que há várias citações na literatura. A avaliação da eficiência de
extração foi realizada por meio da quantificação do teor de compostos fenólicos totais e
atividade antioxidante.
2. METODOLOGIA
A amostra de erva-mate utilizada foi adquirida no comércio de Santa Maria, sendo
produzida no Rio Grande do Sul.
Pesou-se 0,5g para cada amostra, peneirada para utilização predominante de folhas.
As amostras foram submetidas 4 extrações à frio nos seguintes solventes: etanol 80%,
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metanol 80%, acetona 80% e água destilada. Os extratos obtidos foram concentrados em
rotaevaporador a pressão reduzida obtendo-se o extrato bruto, o mesmo foi diluído para 25
ml com água destilada (SIMÕES, et al., 2005). A concentração de polifenóis totais foi
determinada pelo método colorimétrico Folin-Ciolcateau. Em tubos de ensaio, foram
colocados 200 µl de amostra diluída (1:100), 1000 µL de reagente de Folin-Ciolcateau
diluído e 800 µL de Na2CO3 a 7,5%. Apos duas horas no escura, foi realizada a leitura da
absorbância a 725 nm em espectrofotômetro (UV-1100 Pro Analise). Foi empregada uma
curva padrão de ácido gálico nas seguintes concentrações: 50, 100, 150, 250 e 500 mg.L-1.
O teor de polifenóis totais foi expresso em equivalentes de ácido gálico (mg.L-1) (Singleton e
Rossi, 1995).
A atividade antioxidante foi determinada pelo método da captação do radical DPPH
(2,2-DIFENIL 1-PICRIL HIDRAZIL), utilizando-se amostras nas concentrações finais de 2,
0,2 e 0,02 g.L em água. Decorridos os tempos estabelecidas foi realizada a leitura da
absorbância a 518 nm. A solução de DPPH (1,0 ml; 0,3 mM) mais etanol (2,5 ml) foi usada
como controle (JUNG, et al.,2005)
Todas as extrações e quantificações foram realizadas em triplicata, sendo calculada
a média dos valores de absorbância obtidos.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O teor de compostos fenólicos (tabela 1) não apresentou diferenças significativas,
apesar do extrato metanólico apresentar o teor mais elevado. Essa pequena diferença entre
os extratos pode estar relacionada com a variação encontrada entre as repetições de cada
extrato, conforme demonstrado no desvio padrão. Provavelmente essa diferença é resultado
de variações ao longo do processo de extração.
Tabela 1 – Compostos fenólicos (g% de ácido gálico) em extratos de erva mate.
Extrato compostos fenólicos
metanólico 6,8ns ± 1,71
etílico 5,9 ± 0,77
acetona 6,5 ± 0,86
aquoso 6,5 ± 2,36
* ns – diferença não significativa entre as médias, pelo Teste de Tukey (p< 0,05).
* (±) – desvio padrão
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As figuras 1, 2, 3 e 4 apresentam a atividade antioxidante dos extratos em três
tempos de leitura. De maneira geral, para todos os extratos analisados, a concentração de 2
g.L-1 foi a que apresentou a maior atividade antioxidante. O extrato metanólico apresentou
resultados estáveis ao longo de 1 hora de reação, já os demais apresentaram um aumento
na atividade antioxidante com o decorrer do tempo, especialmente na concentração mais
alta. Dessa forma, é necessário novas análises para determinar o tempo ideal de reação.
Figura 1 – Atividade antioxidante (%) do extrato metanólico de erva-mate.
Figura 2 – Atividade antioxidante (%) do extrato etílico de erva-mate.
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Figura 3 – Atividade antioxidante (%) do extrato de acetona de erva-mate.
Figura 4 – Atividade antioxidante (%) do extrato aquoso de erva-mate.
Considerando a leitura da atividade antioxidante após 60 minutos de reação (figura
5), observa-se que o extrato com acetona apresentou os maiores valores de atividade
antioxidante. Conforme já discutido acima, não houve diferença na quantidade de
compostos fenólicos extraídos com os diferentes solventes. Dessa forma, a diferença na
atividade antioxidante pode ser explicada pela diferença de polaridade dos solventes
utilizados, o que resulta na extração de compostos diferentes de acordo com cada solvente.
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Figura 5 – Comparação da atividade antioxidante (%) do diferentes extratos, no tempo de 60
minutos de reação.
5. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos até o momento nesse estudo não são conclusivos,
necessitando de mais estudos para uma melhor definição do solvente mais adequado para
extração de compostos fenólicos na erva mate, especialmente é necessário otimizar o
controle das condições de extração.
Em relação a atividade antioxidante, sugere-se um tempo maior de reação, superior
a 60 minutos.
REFERÊNCIAS
BASTOS, D.H.M.; TORRES, E.A.F.S. Bebidas a base de erva-mate (Ilex paraguariensis) e
saúde pública. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., São Paulo, SP. v.26, p. 77-89, dez.,
2003.
CANTERLE, L P. Erva-mate e atividade antioxidante. Dissertação de mestrado em Ciência e
Tecnologia dos Alimentos – Universidade Federal de Santa Maria, 2005.
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EFING, L. C. ; CALIARI, T. K. ; NAKASHIMA, T. ; FREITAS R. J. S. Caracterização química
e capacidade antioxidante da erva-mate (Ilex paraguariensis st. hil.). B.CEPPA, Curitiba, v.
27, n. 2, p. 241-246, jul./dez. 2009.
FILIP, R. et al. Antioxidant actvity of Ilex paraguariensis and related species. Nutrition
Research, v.10, n.10, p. 1437-1446, 2000.
JUNG, C. H.; SEOG, H.M.; CHOI, I. W.; CHO, H. Y. Antioxidant activities of cultivated and
wild Korean ginseng leaves. Food Chemistry, v.92, p. 535-540, 2005.
SIMÕES, M. O.; SCKENKEL, E. P.; GOSMANN, C.; MELLO, J. C. P. de.; MENTZ, L. A.;
PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5.ed. Porto
Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/UFSC, 2004.
SINGLETON, V. L.; ROSSI, J. A. Colorimetry of Total Phenolics with Phosphomolybdic-
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SOUSA, C. M. de M. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais.
Quim. Nova, Piauí, v. 30, n. 2, p. 351-355, 2007.