19
Física III Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III Potencial Elétrico 1 1 O Potencial Elétrico: Energia Potencial Suponha que desejamos deslocar uma carga elétrica Q de uma distância dL em um campo elétrico E. A força em Q devido a este campo elétrico é: E Q F E onde o índice nos lembra que a força é devida ao campo. A componente desta força na direção dL que desejamos vencer é: L L EL a E Q a F F ˆ ˆ Aqui, o vetor L a ˆ é um vetor unitário na direção de dL. A força que deve ser aplicada é igual e contrária à força originada pelo campo: L apl a E Q F ˆ O gasto de energia é o produto da força pela distância. Assim, o trabalho realizado por um agente externo deslocando a carga Q na região de um campo elétrico E será dado por: L d E Q dL a E Q dW L ˆ fin a l in icia l L d E Q W Observe os exemplos ilustrativos (Sears&Zemansky). Figura 1 Uma carga de teste q0 que se move do ponto a até o ponto b sofre ação de uma força de módulo q0E. O trabalho realizado pela força é dado por Wab e não depende da trajetória da partícula. Figura 2 (a) Quando uma carga positiva se move na mesma direção e no mesmo sentido de um campo elétrico, o campo realiza trabalho positivo e a energia potencial diminui. (b) Quando uma carga positiva se move no sentido contrário ao de um campo elétrico, o campo realiza um trabalho negativo e a energia potencial aumenta. Figura 3 (a) Quando uma carga negativa se move na mesma direção e no mesmo sentido de um campo elétrico, o campo realiza trabalho negativo e a energia potencial aumenta. (b) Quando uma carga negativa se move no sentido contrário ao de um campo elétrico, o campo realiza um trabalho positivo e a energia potencial diminui. Figura 4 - A carga q0 se move radialmente. A medida que se desloca de a até b sua distância varia de ra até rb. Figura 5 O trabalho realizado pelo campo elétrico sobre a carga q0 depende somente das distâncias ra e rb. Definimos o potencial elétrico V como sendo a energia potencial U por unidade de carga elétrica q :

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 1

1

O Potencial Elétrico:

Energia Potencial

Suponha que desejamos deslocar uma carga elétrica Q

de uma distância dL em um campo elétrico E. A força em Q

devido a este campo elétrico é:

EQFE

onde o índice nos lembra que a força é devida ao

campo. A componente desta força na direção dL que

desejamos vencer é:

LLEL aEQaFF ˆˆ

Aqui, o vetor La é um vetor unitário na direção de dL.

A força que deve ser aplicada é igual e contrária à força

originada pelo campo:

Lapl aEQF ˆ

O gasto de energia é o produto da força pela distância.

Assim, o trabalho realizado por um agente externo

deslocando a carga Q na região de um campo elétrico E será

dado por:

LdEQdLaEQdW L

ˆ

fin a l

in icia l

LdEQW

Observe os exemplos ilustrativos (Sears&Zemansky). Figura 1 – Uma carga de teste q0 que se move do ponto a até o

ponto b sofre ação de uma força de módulo q0E. O trabalho realizado pela força é dado por Wab e não depende da trajetória da partícula.

Figura 2 –(a) Quando uma carga positiva se move na mesma

direção e no mesmo sentido de um campo elétrico, o campo realiza

trabalho positivo e a energia potencial diminui. (b) Quando uma carga positiva se move no sentido contrário ao

de um campo elétrico, o campo realiza um trabalho negativo e a energia

potencial aumenta.

Figura 3 –(a) Quando uma carga negativa se move na

mesma direção e no mesmo sentido de um campo elétrico, o campo realiza trabalho negativo e a energia potencial aumenta.

(b) Quando uma carga negativa se move no sentido

contrário ao de um campo elétrico, o campo realiza um trabalho positivo e a energia potencial diminui.

Figura 4 - A carga q0 se move radialmente. A medida que

se desloca de a até b sua distância varia de ra até rb.

Figura 5 – O trabalho realizado pelo campo elétrico sobre a carga q0 depende somente das distâncias ra e rb.

Definimos o potencial elétrico V como sendo a

energia potencial U por unidade de carga elétrica q :

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 2

2

V Uq

0

A diferença de potencial entre dois pontos em um

campo elétrico (ddp) é igual a diferença de energia

potencial entre esses pontos por unidade de carga: Ou seja,

o trabalho por unidade de carga realizado por um agente

externo para deslocar uma carga de um ponto a outro em

um campo elétrico.

QW

Q

W

Q

W

ififVVV

fina l

in icia l

LdEV

Coordenadas dL dr

(Elemento diferencial de

deslocamento)

Cartesianas ˆ ˆ ˆx y zdr dxa dya dza

Cilíndricas ˆ ˆ ˆzdr d a d a dza

Esféricas ˆ ˆ ˆrdr dra rd a rsen d a

Se imaginarmos que trazemos uma carga que do

infinito até um ponto P (O ponto f é o infinito e o ponto i

corresponde a P) e definindo como zero o potencial no

infinito, teremos:

VW

qP

Aqui, W P é o trabalho feito pelo campo elétrico

sobre a carga teste, quando a carga teste se movimenta do

infinito até o ponto P. Vemos que o potencial V em um

ponto numa região onde há campo elétrico de uma carga

positiva é positivo. Para ver isso, imagine que uma carga

teste positiva vem do infinito até um ponto próximo de uma

carga positiva isolada. A força eletrostática atuando na

carga elétrica possui sentido contrário em relação ao

deslocamento da carga positiva. Então, o trabalho que

devemos fazer sobre a carga teste é positivo, e o trabalho

feito pelo campo elétrico na carga é negativo. Com o sinal

menos na equação, teremos um resultado positivo.

Similarmente o potencial em um ponto próximo de uma

carga elétrica negativa é negativo.

A unidade SI para o potencial elétrico é o volt (V),

em homenagem a Alessandro Volta, cientista italiano que

inventou a primeira pilha elétrica.

1 11

V JC

(Joule/ Coulomb)

Observamos que:

11

111

1N

CNC

JN m

Vm

V C

J ( )(

.)( )

.

Uma energia muito utilizada nas escalas atômicas é

o elétron-volt (eV), que definimos como o trabalho

requerido para movimentar uma carga elétrica elementar e,

podendo ser um próton ou elétron, através de uma diferença

de potencial de 1 volt.

1 1 1 6 10 1 1 6 1019 19eV e V C J C J .( ) ( , . )( / ) , .

Potencial elétrico para distribuições de carga:

Sendo:

r

: vetor que localiza o ponto P que desejamos calcular

o potencial.

r

: vetor que localiza um ponto da região

correspondente à distribuição de carga.

Densidade linear de carga L:

L

L

rr

LdrrV

04

)()(

Densidade superficial de carga s:

S

S

rr

SdrrV

04

)()(

Densidade volumétrica de carga v:

V

v

rr

VdrrV

04

)()(

Superfícies Equipotenciais

Um conjunto de pontos no espaço todos a um

mesmo potencial é chamado de superfície

equipotencial. Uma família de superfícies

equipotenciais, cada superfície correspondendo a um

valor de potencial diferente, pode ser usada para

representar o campo elétrico de uma determinada

região. As superfícies equipotenciais para uma carga

elétrica puntiforme são famílias de esferas

concêntricas.

Figura 6 – Superfícies equipotenciais planas (a), esféricas

(b) e superfícies num dipolo elétrico (c).

Podemos calcular o potencial elétrico a partir

do campo elétrico da seguinte maneira:

f

i

if LdEVV

.

O potencial de uma carga puntiforme pode ser

calculado mediante a equação dada:

V dr VkQ

r

kQ

r 2

Para um sistema de cargas puntiformes

q1,q2,...,qn, o potencial elétrico em um ponto P será a

soma do potencial elétrico devido às diversas cargas em

P; se r1, r2, ... , rn, for a distância da carga qi ao ponto

P, então o potencial em P será dado por:

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 3

3

V V V V VnkQ

r

kQ

r

kQ

rP P

n

nP

1 21

1

2

2

... ...

O potencial de uma distribuição contínua de carga

é dado por:

V dVdq

r 1

4 0

A integral nessa expressão é tomada sobre toda a

distribuição de carga.

Exemplo 9) Duas cargas q1 e q2 distantes de r

estão fixas em suas posições. Encontre a energia potencial

elétrica da configuração.

U q V qkq

r

kq q

r 1 2 1

2 1 2

Figura 7 – A energia potencial associada à carga de teste q0 no

ponto a depende das cargas q1, q2 e q3 bem como suas distâncias r1, r2 e r3.

Pode-se mostrar que para um sistema de cargas

puntiformes q1, q2, ...qN a energia potencial será dada por:

15141312121 VVVVQWE

25242321221 VVVVQ

35343231321 VVVVQ

45434241421 VVVVQ

54535251521 VVVVQ

A energia armazenada no campo eletrostático é

calculada por:

dVEWV

E 20

2

Condutor Isolado: Uma vez o equilíbrio de cargas é estabelecido, e

um excesso de cargas é colocado em um condutor isolado,

esta se distribuirá ao longo de sua superfície. Isto sempre

ocorrerá quando o condutor tiver uma cavidade interna

vazia.

Superfícies eqüipotenciais e Campo

elétrico:

Figura 8 – Superfícies equipotenciais. O campo elétrico é

normal às superfícies.

O vetor campo elétrico sempre é perpendicular

às superfícies eqüipotenciais e apontam da maior para

os menores valores de potencial elétrico. Figura 9 – Caminho descrito por uma carga.

A figura anterior ilustra a trajetória descrita

por uma carga elétrica positiva deslocando-se entre

linhas de força. Observe que ela caminha da região de

maior potencial para a de menor potencial elétrico.

Figura 10 – Em (a) temos uma carga puntiforme positiva

e em (b) uma carga puntiforme negativa. Em ambos os casos, movendo-se no sentido de E, o potencial elétrico V diminui e

movendo-se no sentido oposto de E o potencial elétrico V aumenta.

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 4

4

Linhas elétricas de força: As linhas elétricas de força indicam a direção na

qual uma carga positive de teste se moveria na presença

de um campo elétrico. O diagrama acima mostra as

linhas de força para duas cargas positivas que se repelem.

Uma carga teste positiva seria repelida de ambas as

cargas O diagrama a direita mostra a linha de força de

duas cargas que se atraem. Uma carga teste positiva seria

atraída para a carga negativa.

Potencial Elétrico de um Dipolo Elétrico:

Quando temos duas cargas de mesma magnitude porém

sinais opostos, há um dipolo elétrico, com as cargas +Q e –

Q localizadas em (0,0,+d/2) e (0,0,-d/2), respectivamente.

Figura 7 – Representação de dipolo elétrico.

Gradiente do potencial

Podemos obter o potencial de duas maneiras: uma

diretamente a partir da intensidade do campo elétrico,

fazendo a integral de linha, e outra através da distribuição

de cargas em si, fazendo a integral apropriada, conforme a

distribuição de cargas. Porém, nem sempre é conhecida a

intensidade do campo elétrico ou a distribuição de carga.

Informações sobre as superfícies equipotenciais são muito

úteis.

Da relação conhecida: LdEV

Podemos imaginar um elemento pequeno ΔL ao

longo do qual E é essencialmente constante, dando a uma

diferença de potencial:

LdEV

cosLdEV

Considerando a situação limite, teremos:

cosEdL

dV

O valor máximo dessa expressão pode ser

dada por:

EdL

dV

max

Obtemos as características de E e V em

qualquer ponto:

A magnitude da intensidade do campo elétrico

é dada pelo máximo valor da taxa de variação do

potencial com a distância.

O máximo valor é obtido quando a direção

do comprimento incremental é oposta a E ou, em

outras palavras, a direção de E é oposta à direção à

qual o potencial está aumentando mais rapidamente.

Assim:

NadL

dVE ˆ

max

Onde Na é um vetor unitário normal à

superfície equipotencial e apontando na direção

dos maiores potenciais.

Como

maxdL

dVocorre quando ΔL na direção

de Na , dN

dV

dL

dV

max

e:

NadN

dVE ˆ

Mas, podemos encontrar a derivada direcional

de V:

Nzyx aaz

Va

y

Va

x

V

dN

dVˆˆˆˆ

NaVdN

dVˆ

Comparando, chega-se a: VE

Ou seja, podemos obter o campo elétrico

fazendo menos o gradiente do potencial V.

O gradiente é obtido:

Em coordenadas cartesianas:

zyx az

Va

y

Va

x

VV ˆˆˆ

Em coordenadas cilíndricas:

zaz

Va

Va

VV ˆˆ

Em coordenadas esféricas:

aV

rsena

V

ra

r

VV r

ˆ1

ˆ1

ˆ

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 5

5

Considere agora o dipolo elétrico:

Er

dr ˆra dl

E

P

rd E

1R

r

2R

O Potencial em P devido às cargas +Q e –Q é dado

por:

0 1 0 2

1 1

4 4

Q QV

R R

2 1

0 2 14

R RQV

R R

Observe da figura que podemos aproximar:

2 1 cosR R d

2

2 1R R r

2

0

cos

4

QdV

r

2

0

cos

4

pV

r

2

0

ˆ

4

rp aV

r

Como: ˆr

r ra

r r

Sendo os vetores:

r

: localiza o ponto P.

r

: localiza o centro do dipolo.

dQp

: momento de dipolo.

O potencial elétrico num ponto P localizado pelo vetor r

é dado por (Observe da figura):

rr

rrp

rrV

2

04

1

Campo elétrico de um dipolo elétrico:

1 1ˆ ˆ ˆ

r

V V VE V a a a

r r rsen

2

0

cos

4

QdV

r

2 2 2

0 0 0

cos 1 cos 1 cosˆ ˆ ˆ

4 4 4r

Qd Qd QdE a a a

r r r r rsen r

2 2

0 0

cos 1 1ˆ ˆ ˆcos 0

4 4r

Qd QdE a a a

r r r r

2 2

0 0

cos 1 1ˆ ˆcos

4 4r

Qd QdE a a

r r r r

3 3

0 0

cos 2ˆ ˆ

4 4r

Qd QdE a sen a

r r

3

0

ˆ ˆ2cos4

r

QdE a sen a

r

Para visualizar as superfícies equipotenciais

do dipolo, podemos fazer:

r

E rd

E dr

Por outro lado, como:

3 3

0 0

2 cos;

4 4r

Qd QdsenE E

r r

3

0

3

0

4

2 cos

4r

Qdsen

E r dr

QdE dr

r

2cos

sen dr

dr

cos2

drd

r sen

2dr

cotg dr

2dr

cotg dr

ln 2lnr sen C

2ln lnr sen C 2r Asen

Esta equação determina a família de linhas de

força para um dipolo elétrico.

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 6

6

Representação da superfície 2r sen e campo vetorial

representando o campo elétrico:

Aplicação: trajetória do elétron em um tubo de

raios catódicos.

Exemplo 1 – (a) Um elétron deve ser acelerado de

3,0.106 m/s até 8,0.10

6 m/s. Para atingir esta velocidade,

através de qual ddp ele deve passar?

(b) Através de qual ddp ele deve passar para que

ele seja freado de 8,0.106 m/s até ficar momentaneamente

em repouso?

(c) Encontre a relação entre y e x.

Figura 10 – (a) Representação de um tubo de raios catódicos.

(b) Estudo da trajetória do elétron.

(a) (b)

(c)

y0

(a)

)(2

1)(

2

1 2222

ivif vvq

mVvvmVq

VsmxsmxCx

kgxV 157/1000.3/1000.8

106.1

1011.9

2

1 2626

19

31

(b)

VsmxsmCx

kgxV 182/1000.8/0

106.1

1011.9

2

1 262

19

31

(c)

Desprezando o peso:

2

2

1t

mE

qy

tvx x

Isolando o tempo:

2

202

1

x

x

v

x

m

qEy

tvx

2

202

1

2 x

x

v

L

m

qEdy

tvL

Lmd

qEv

mv

qELd x

x

2

2

Tempo que o elétron permanece entre as

placas:

tvLx x

xv

Lt

Componente da velocidade vy com que o

elétron sai da região entre as placas:

x

yymv

qELvt

m

qEv

m

qEdv

Lmd

qEm

qELv yy

Módulo da velocidade:

22

222222

x

xyxvm

LEqvvvv

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 7

7

Ao sair da região entre as placas, o elétron

possui as componentes das velocidades constantes (MU), se

desprezarmos a gravidade:

Então, chamando de Δt o tempo que levará para

o elétron percorrer do ponto que sai da região entre as

placas até atingir a tela:

tvD

tvyy

x

y0

Dv

vyy

x

y 0

D

Lmd

qE

m

qEd

yy 0

DL

dyy 0

Exemplo 2 – Encontre o potencial de um condutor

esférico oco de raio R nos pontos em seu interior e

exterior.

Figura 11 – (a) Representação do campo e do

potencial em um condutor esférico oco.

r

ldEVrV

Pela lei de Gauss, o campo é dado por:

0

qSdE

S

Rr

Rrr

aq

rEr

se 0

se ˆ

4 2

0

O elemento de deslocamento em coordenadas

esféricas é dado por:

adrsenardadrld rˆˆˆ

r

drr

qVrV

2

04

Fazendo V = 0

r

r

qrV

1

40

0

r

qrV

04

Exemplo 3 – Encontre a diferença de potencial

entre duas placas carregadas com densidades de

carga superficiais +s e -s.

Observando a disposição da figura, o campo

elétrico na região entre as placas é dado por:

)ˆ(2

)ˆ(2 00

ys

ys aaE

ys aE ˆ0

b

a

ab ldEVV

zyx adzadyadxld ˆˆˆ

b

a

sab dyVV

0

abVV sab

0

Exemplo 4 – Encontre o potencial de uma

distribuição linear de carga L, sabendo que:

O potencial é dado por:

L

L

rr

LdrrV

04

)()(

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 8

8

z P(x,y,z)

L/2

r

r’

y

x

-L/2

Temos:

zazr ˆ

zyx azayaxr ˆˆˆ

222 zzyxrr

L

L

zzyx

zdrrV

222

04

)()(

2

2

222

04)(

L

L zzyx

zdrV L

2

2

22204

)(

L

L zzyx

zdrV L

2

2

222

0

ln4

)(

L

L

z

z

L zzyxzzrV

2

2

22

2

2

2

22

2

0

ln4

)(LL

LL

L

zyxz

zyxzrV

Exemplo 5 – Encontre o potencial de uma

distribuição de carga s sobre um disco de raio R:

Agora o potencial será dado por:

S

S

rr

SdrrV

04

)()(

Usando coordenadas cilíndricas:

z P(x, y, z)

s y

r’ x

ar ˆ

zazar ˆˆ

22zrr

S

S

z

ddrV

22

04)(

2

0 022

04)(

R

S

z

ddrV

22

0

ln4

2)(

zrV S

R

z

0

22

22

22

0

ln2

)(

z

RzRrV S

2222

02

zRzS

Veja que para um ponto sobre o eixo z:

= 0

Então:

)(rV zRzS 22

02

Se tomarmos o gradiente do potencial e

multiplicarmos por -1, teremos o campo elétrico:

zaz

VVE ˆ

Logo:

z

S

az

zRz

E ˆ2

22

0

zS a

Rz

zE ˆ1

2 220

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 9

9

zS a

Rz

zE ˆ1

2 220

Compare com a expressão do campo de

um disco carregado uniformemente deduzida na pág. 24.

É a mesma...!!!

Exemplo 6 – Encontre o potencial de uma

distribuição de carga L sobre um anel de carga Q

circular de raio a

L

L

rr

LdrrV

04

)()(

aar ˆ

z P(x, y, z)

s y

r’ x

zazar ˆˆ

22zarr

adLd

L

L

za

adrrV

22

04

)()(

2

022

04)( d

za

arV L

22

02)(

za

arV L

Ou:

22

04)(

za

QrV

Sobre o eixo Oz: =0.

22

02)(

za

azV L

22

04)(

az

QzV

Exemplo 7– Encontre a diferença de potencial

entre dois pontos devido a um fio infinito com densidade

de carga L.

Campo devido a um fio infinito:

aE L ˆ

2 0

Potencial:

f

i

if LdEVV

.

Adotando potencial zero no infinito e

lembrando que em coordenadas cilíndricas:

zadzadadld ˆˆˆ

00

02

dVV L

00

0 ln2

LVV

Exemplo 8– Encontre o potencial devido a um

fio carregado com carga Q de comprimento 2L com

densidade de carga uniforme L.

Podemos calcular o potencial diretamente por:

L

L

rr

LdrrV

04

)()(

zyx azayaxr ˆˆˆ

Colocando sobre o fio sobre o eixo z:

zazr ˆ

L

L

zzyx

zdrV

22204

)(

L

L

L

zzyx

zdrV

22204

)(

Lz

Lz

L zzzzyxrV222

0

ln4

)(

LzLzyx

LzLzyxV L

222

222

0 )(

)(ln

4

Ou:

)()(

)()(ln

42 222

222

0 LzLzyx

LzLzyx

L

QV

Exemplo 9– Encontre o potencial devido a

uma distribuição uniforme de carga v cilíndrica de

raio R infinita.

Relação entre a densidade de carga:

dV

dQ

LR

Qv

2

Campo da distribuição de carga será dado pela

lei de Gauss:

0

QSdE

s

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 10

10

R

L

RLR

SdEv

v

s

se

se

0

20

2

RL

RLR

LEv

v

se

se

2

0

20

2

R

RR

Ev

v

se 2

se 2

0

0

2

Ra

RaR

Ev

v

se ˆ2

se ˆ2

0

0

2

Sendo

zadzadadld ˆˆˆ

Sejam ,0 < R:

00

02

dVV v

2

0

2

0

04

vVV

22

0

0

04

vVV

Sejam ,0 > R:

00

2

02

dR

VV v

0

1

2 0

2

0 dR

VV v

00

2

0 ln2

RVV v

Exemplo 10 - Encontre o potencial devido a uma

distribuição uniforme de carga v esférica de raio R.

Relação entre a densidade de carga:

dV

dQ

R

Qv

3

34

Campo da distribuição de carga será dado pela lei

de Gauss:

0

QSdE

s

R

r

RrR

SdEv

v

s

se

3

4

se 3

4

0

30

3

Rrr

RrR

rEv

v

se 3

4

se 3

4

4

0

30

3

2

Rrr

Rrr

R

Ev

v

se 3

se 3

0

2

0

3

Rrar

Rrr

aR

Erv

rv

se 3

ˆ

se 3

ˆ

0

2

0

3

Sendo

adrsenardadrld rˆˆˆ

Sejam r,r0 < R:

r

r

v rdrrVrV

00

03

22

0

0

06

rrrVrV v

Sejam r,r0 > R:

r

r

v drr

RrVrV

0

2

0

3

03

rr

rr

v

r

RrVrV

00

3

03

00

3

0

11

3 rr

RrVrV v

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 11

11

Exemplos – Tipler

Exemplo 24.1 – Um campo elétrico aponta na

direção do eixo x e tem magnitude de 10 N/C = 10 V/m.

Encontre o potencial em função de x, assumindo

que V = 0 em x = 0.

Solução:

dV E dl

ˆˆ ˆ ˆ10 ( )dV i dxi dyj dzk

10dV dx

010 10V dV dx x V

0 0( ) 10 ( 0) 0V x x V V x V

( ) 10V

V x xm

Exercício: Repita o problema para

ˆ( ) 10 ( )E x xi N C

Solução:

dV E dl

ˆˆ ˆ ˆ10 ( )dV xi dxi dyj dzk

10dV xdx

2

010 5V dV xdx x V

2

0 0( ) 5 ( 0) 0V x x V V x V

2( ) 5V

V x xm

Exemplo 24.2 – (a) Qual o potencial a uma

distância r = 0.529.10-10

m de um próton?

(b) Qual é a energia potencial elétrica do elétron e do

próton nessa separação?

Solução:

(a)

9 19

11

9 10 1.6 10

0.529 10

k q k eV V

r r

27.2V V

(b) 27.2eU q V eV

Exercício: Qual a energia potencial do elétron e do

próton no sistema SI de unidades?

Solução: 1927.2 1.6 10U

184.3510U J

Exemplo 24.3 – No processo de fissão nuclear,

um átomo de U-235 captura um nêutron e divide-se em dois

núcleos mais leves. Algumas vezes, a fissão desses dois

produtos produz um núcleo de bário (de carga 56e) e de

kryptônio (36e). Assuma que os núcleos são cargas

puntiformes separadas por 14.5.10-15

m. Calcule a energia

potencial desse sistema de duas cargas em elétron-volts.

Solução:

1 2

12

k q qU

r

12

56 36k e eU

r

9

15

9 10 56 36

14.6 10

eU e

199U MeV

Exemplo 24.4 – Duas cargas iguais e

positivas estão sobre o eixo x. Encontre o potencial

elétrico (a) no ponto P1 sobre o eixo x em x = 8cm e (b)

no ponto P2 no eixo y em y = 6 cm.

Solução:

(a)

21 2

1 1 2

i

i i

k q k q k qV

r r r

9 9 9 99 10 5 10 9 10 5 10

0.04 0.04V

2250V V

(b)

21 2

1 1 2

i

i i

k q k q k qV

r r r

9 9 9 99 10 5 10 9 10 5 10

0.06 0.1V

1200V V

Exemplo 24.5 – Na figura, a carga pontual

q1 está na origem e uma segunda carga pontual q2 está

sobre o eixo x em x = a. Encontre o potencial em

qualquer ponto sobre o eixo x.

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 12

12

Solução: 2

1 2

1 1 2

i

i i

k q k q k qV

r r r

1 2k q k qV

x x a

1 2

1 2

1 2

se 0

se 0

se

k q k qx

x a x

k q k qV x a

x a x

k q k qx a

x x a

Exemplo 24.6 – Um dipolo elétrico consiste

em uma carga positiva +q sobre o eixo x em x = +a e uma

carga negativa –q sobre o eixo x em x = -a. Encontre o

potencial sobre o eixo x supondo x >> a em termos do

momento de dipolo p = 2qa.

Solução:

k qk qV

x a x a

k q k qV

x a x a

( ) ( )

k q x a k q x aV

x a x a

2 2

2 k q aV

x a

2

k px a V

x

Exemplo 24.7 – Encontre o campo elétrico para

uma função potencial dada por:

100( ) 25( )V V V m x

Solução:

ˆ ˆ25 ( )dV

E i E i N Cdx

Exemplo 24.8 – Um Anael de raio 4 cm

está no plano yz com seu centro na origem. O anel tem

uma carga total de 8nC. Uma pequena partícula de

massa 6mg = 6.10-6

kg e carga q0 = 5nC é colocada em

x = 3cm. Encontre a velocidade da partícula a uma

grande distância do anel.

Solução:

0U q V

02 2

k QU q

x a

67.19 10U J

f f i iU K U K

210 0

2m v U

2 Uv

m

6

6

2 7.19 10

6 10v

1.55m

vs

Exemplo 24.9 – Encontre o potencial

elétrico sobre um ponto de do eixo de um disco de raio

R uniformemente carregado com carga Q.

Solução:

2 2

k dqdV

x a

2dq da dq a da

2 2

2k a dadV

x a

1

22 2

0

( ) 2

R

V k x a a da

2 2 1

1 2

nn u

u du u x a nn

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 13

13

1

2 2 2

0

( )

2

a R

a

x aV k

2 22V k x R x

Exemplo 24.10 – Calcule o campo elétrico:

(a) sobre o eixo de um anel uniformemente carregado.

(b) sobre o eixo de um disco uniformemente carregado.

Solução:

(a) sobre o eixo de um anel uniformemente carregado.

2 2

k qV

x a

1

2 2 2V k q x a

1

12 2 2

12

2x x

dVE E k q x a x

dx

3

2 2 2

x

k q xE

x a

(b) sobre o eixo de um disco uniformemente carregado.

2 22V k x R x

1

2 2 22V k x R x

x

dVE

dx

1

12 2 2

12 2 1

2xE k x R x

1

2 2 22 1xE k x R x

2 22 1x

xE k

x R

2 22 1x

xE k

x R

Exemplo 24.11 – Um plano infinito de

densidade de carga + está sobre o plano yz e uma carga

pontual q está sobre o eixo x em x = a. Encontre o potencial

em um ponto P a uma distância qualquer r da carga, para x

positivo, x > 0.

Solução:

Potencial elétrico devido ao plano carregado:

01

02pV V x

V01: constante;

Potencial elétrico devido à carga puntiforme:

02 02

0

1

4q q

k q qV V V V

r r

Potencial elétrico total:

p qV V V

01 02

0 0

1

2 4

qV V x V

r

( 0) 0 ( )V x V r a

01 02

0 0

1( 0) 0 0

2 4

qV x V V

a

01 02

0

1

4

qV V

a

0 0

1 1

2 4

qV x

r a

Exemplo 24.12 – Um modelo propões o

próton com sua carga distribuída num volume esférico

de raior Re carga Q. O campo elétrico nesse volume é

dado por:

3r

QE k r

R

Encontre o potencial elétrico.

Solução:

3r

dV dV QE k r

dr dr R

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 14

14

2

03 3 2

Q Q rV k rdr V k V

R R

2

03( )

2

Q R k QV r R k V

R R

0 0

3

2 2

k Q k Q k QV V

R R R

2

23

2

k Q rV

R R

Exemplo 24.13 – Um condutor esférico

descarregado, oco, tem o raio interno a e o externo b. Uma

carga puntiforme positiva +q está na cavidade, no centro da

esfera. Determinar o potencial V(r) em qualquer ponto,

admitindo V = 0 em r = .

Solução: No exterior do condutor esférico, o potencial

V(r) é idêntico ao de uma carga puntiforme:

,r

k qV r b

r

Dentro do condutor o potencial é constante.

,r

k qV a r b

b

Dentro da cavidade o potencial coincide com o

de uma carga puntiforme na origem, com uma constante a

determinar:

0,r

k qV V r a

r

Impondo o potencial contínuo em r = a:

0( )k q k q

V r a Va b

0

k q k qV

b a

,r

k q k q k qV r a

r b a

Exemplo 24.14 – O raio de um condutor

esférico é 2 m.

(a) Qual a carga máxima que pode ser colocada

nesse condutor sem que ocorra a ruptura dielétrica do

ar ?

(b) Qual o potencial máximo da esfera?

Solução: (a) Densidade superficial de carga no

condutor e o campo elétrico na face externa do

condutor são dadas por:

0

E

6max maxmax

0 0

3 10V

Em

2

max max4Q R 2

max max 04Q R E

2 6 12

max 4 2 3 10 8.85 10Q 3

max 1.33 10Q C

(b)

maxmax

k QV

R

9 3

max

9 10 1.33 10

2V

6

max 5.98 10V V

Exemplo 24.15 – Dois condutores esféricos

de raios R1 = 6 cm e R2 = 2 cm estão separados por uma

distância muito maior que 6 cm e ligados por um fio

condutor. Em uma das esferas é colocada a carga Q =

+80 nC.

(a) Qual o campo elétrico nas vizinhanças da

superfície de cada esfera?

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 15

15

(b) Qual o potencial elétrico em cada esfera? (Admitir

que a carga no fio condutor seja desprezível.)

Solução: (a) A carga total se distribuirá com q1 na esfera 1 e

q2 na esfera 2, de tal modo que as duas ficam no mesmo

potencial. O potencial de cada uma é:

r

k qV

r

pois as esferas estão muito separadas. O campo

elétrico em cada esfera é dado por:

1 21 22 2

1 2

k q k qE E

R R

Aplicando a conservação da carga:

1 2 80q q Q nC

A igualdade do potencial nas esferas obriga a:

1 2 11 2

1 2 2

k q k q Rq q

R R R

1 2 1 2

63

2q q q q

2 2 2 13 80 20 60q q nC q nC q nC

9 9

11 12 2

1

9 10 60 10150

0.06kNC

k qE E

R

9 9

22 22 2

2

9 10 20 10450

0.02kNC

k qE E

R

(b) 9 9

11 1

1

9 10 60 108.99

0.06

k qV V kV

R

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16

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Microsoft Corporation. All rights reserved. © Funk & Wagnalls

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Leitura suplementar:

Bioeletricidade

A eletricidade animal

Contribuição de Galvani e de Volta.

A geração de eletricidade por certos peixes já era

conhecida quando LUIGI GALVANI descreveu sua célebre

observação sobre a contração da pata de rã. Galvani

ensinava anatomia em Bolonha (Itália) e PUELLES (1956)

conta que, certo dia, quando trabalhava com rãs decapitadas

e penduradas numa haste de cobre e observou que, quando a

pata do animal tocava o ferro de um balcão próximo, os

músculos se contraíam. Conta também uma outra versão.

Nesta, Galvani, em 1760, colocou algumas rãs mortas sobre

um prato metálico e um dos seus assistentes, usando a

máquina eletrostática de Ramsden, aplicou um choque

elétrico sobre uma delas, produzindo contração muscular. O

fenômeno foi prontamente reconhecido por Galvani como

algo especial e a partir daquele momento passou a dedicar-

se ao estudo da eletricidade animal.

Galvani observou que, mesmo sem a aplicação de

choque elétrico, era possível obter a contração dos músculos

das patas posteriores da rã. Para isso, eles eram colocados

em contato com o nervo lombar que, por sua vez, era

estimulado por um par bimetálico (cobre e zinco). Dos seus

experimentos, concluiu: "o músculo e o nervo constituem

uma espécie de condensador de uma própria e peculiar

eletricidade que existe em todos os animais vivos". Galvani

acreditava que "nos músculos se reúne o fluido elétrico, que

logo se difunde pelo corpo mediante a rede de nervos, os

quais são condutores naturais do fluido elétrico e que se

insinuam com suas extremidades dentro dos músculos".

Suas principais observações estão no seu livro De viribus

Electricitatis in motu muscularis (1871).

Na época de Galvani, ALEXANDRO VOLTA

ensinava Física na Universidade de Pavia. Volta, estudando

o fenômeno descrito por Galvani, concluiu que os metais

podiam produzir eletricidade e, em 1800, construiu o

primeiro gerador químico de eletricidade empilhando

alternadamente discos de cobre e zinco. Os metais

foram separados por papel ou camurça embebidos em

solução aquosa acidulada com vinagre. Concluiu

dizendo que os músculos e os nervos são apenas

condutores de eletricidade e que no par bimetálico

usado por Galvani estava a fonte geradora de

eletricidade.

Potencial transmembrana. A descoberta das correntes de injúria foi

fundamental para que se soubesse que a membrana

superficial das células vivas se encontra submetida a

uma diferença de potencial, que é chamada de

potencial transmembrana ou potencial de

membrana. As células não-excitáveis, tais como as epiteliais do

homem, apresentam um potencial de membrana

constante, cujo valor está em torno de -20mV. Nos

nervos e nos músculos, contudo, esses potenciais

chegam a -90mV. Quando a célula está quiescente, o

seu potencial de membrana apresenta valor constante e

é chamado de Upotencial de repouso U.

Não satisfeito, Galvani redarguiu relatando os

resultados de novos experimentos nos quais conseguiu

obter a contração dos músculos da pata de uma rã

quando eles eram postos em contato com o nervo

ciático de uma outra rã. Nesses experimentos não usou

o par bimetálico para estimular. Com isso, mostrou que

os elementos geradores de tensão e de corrente elétrica

estavam situados no animal.

A contenda científica entre Galvani e Volta

somente pôde ser resolvida com o desenvolvimento da

ciência. Hoje se sabe que ambos estavam certos. De

fato, as estruturas nervosas são capazes de iniciar e de

propagar estímulos elétricos e estes participam

decisivamente na promoção da resposta contrátil

muscular. Por outro lado, lâminas bimetálicas podem

produzir uma diferença de potencial elétrico suficiente

para estimular o aparecimento do impulso elétrico nos

nervos.

Registro do fenômeno elétrico no coração. Depois que Galvani chamou a atenção para a

eletricidade animal, não tardou muito para que

WALLER (1887, 1899) descobrisse que os batimentos

cardíacos ocorriam concomitantemente com o

aparecimento de correntes elétricas e que elas podiam

ser detectadas na superfície do corpo. EINTHOVEN

(1913), tendo inventado o galvanômetro de mola,

registrou pela primeira vez essas correntes, obtendo os

primeiros eletrocardiogramas e abrindo para a ciência

uma importante vertente de investigação.

A detecção dos fenômenos elétricos nos nervos

precedeu os trabalhos de EINTHOVEN.

Em 1850, HELMHOLTZ conseguiu medir a

velocidade de propagação da onda de excitação no

nervo gastrocnêmico da rã e, pouco depois,

BERNSTEIN (1868) obteve o registro da evolução

temporal do potencial de injúria do nervo lesado.

POTENCIAL DE REPOUSO Em seres humanos e animais, cerca de U20% da

taxa metabólica basal U é usada para manter o

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 17

17

Ufuncionamento elétrico das células U, usadas para controlar:

UO fluxo de íons U que se encontram em grandes

quantidades do lado externo e interno da célula e no meio

extracelular.

UOs efeitos devido às diferentes concentrações de

íons presentes no interior das células e no meio

extracelular U.

Entre o líquido no interior de uma célula e o fluido

extracelular há uma diferença de potencial elétrico

denominada potencial de membrana.

O potencial de uma membrana celular é a diferença

de potencial entre as superfícies externa e interna da

membrana celular quando elas estão eletricamente

carregadas.

Lembrando que as membranas celulares são estruturas

complexas constituída por uma bicamada de fosfolipídios

onde estão imersas moléculas de proteínas, como

esquematizado na Figura 2.7. Os fosfolipídios ocupam 70%

do volume e mais de 90% da superfície da membrana. O

empacotamento dessas moléculas impede a passagem de

íons e água através da membrana; porém como há

Uproteínas transmembranais U que formam UcanaisU através da

bicamada, como descrevemos anteriormente, é possível a

troca dos íons do meio intra para o meio extracelular e vice-

versa.

As propriedades elétricas da membrana celular são

derivadas da ionização de suas superfícies externa e

interna e principalmente de sua capacidade de deixar

passar seletivamente apenas alguns tipos de íons. Nas

células excitáveis, a membrana celular tem permeabilidade

seletiva. As membranas biológicas geralmente são:

UPermeáveis a pequenos íons inorgânicos e

monovalentes U.

UPouco permeáveis a íons multivalentes U.

UImpermeáveis a íons inorgânicos complexos (fosfatos

orgânicos) e proteínas U.

Os meios extra e intra celular apresentam geralmente

Ucaracterística salina U. As moléculas suspensas nesses meios

encontram-se ionizadas, movendo-se livremente. Por outro

lado, tanto Udentro como fora da célula U, a Uconcentração de

ânions é muito próxima da concentração de cátions U.

Quando Unão há influências externas U sobre a célula, o

potencial de uma membrana celular é denominado de

Potencial de Repouso VB0B.

As membranas apresentam alta resistência elétrica

decorrente da extensa superfície líquida, o que implica num

potencial elétrico elevado (da ordem de 100 mV) entre o

interior e o exterior da célula.

Esse potencial pode ser medido ligando-se, por meio de

microeletrodos, os pólos de um medidor de voltagem ao

interior de uma célula (ponto A), e ao líquido extracelular

(ponto B), como mostra a Figura 1. Esses eletrodos são, em

geral, capilares de vidro, com uma ponta com menos de 1

m de diâmetro, contendo uma solução condutora de KCI.

Essa solução está em contato com o medidor de voltagem

por meio de um fio metálico. A Figura mostra o resultado

de uma experiência típica para medir a diferença de

potencial elétrico entre as partes externa e interna de uma

célula.

Para isso colocam-se, inicialmente, os eletrodos A e B

no líquido extracelular. A seguir o eletrodo A é colocado no

interior da célula. O deslocamento do eletrodo A é indicado

na Figura 12 pela variação de x, coordenada na direção

perpendicular à membrana de espessura d. Quando as

pontas dos dois eletrodos estão no meio externo, a

diferença de potencial medida W é nula, indicando que

o potencial elétrico é o mesmo em qualquer ponto

desse meio. O mesmo aconteceria se os dois eletrodos

pudessem ser colocados no interior da célula, pois

ambos os meios são condutores. O potencial elétrico do

fluido extracelular, por convenção, é considerado nulo

e V é o potencial no interior da membrana. Assim, a

diferença de potencial V entre os dois meios é:

V = V - 0 = V

Quando a ponta do eletrodo A penetra na

célula, o potencial elétrico V diminui bruscamente para

aproximadamente:

-70 mV(-70.10 P

-3PV) como indica a Figura 12.

Na maioria das células, o potencial de membrana V

permanece inalterado, desde que não haja influências

externas. Quando a célula se encontra nessa condição,

dá-se ao potencial de membrana V, a designação de

potencial de repouso representado por VB0B. Numa célula

nervosa ou muscular o potencial de repouso é sempre

negativo, apresentando um valor constante e

característico. Nas Ufibras nervosas U e UmuscularesU dos

animais de sangue quente, os potenciais de repouso se

situam entre -55 mV e -100 mV. Nas fibras dos

Umúsculos lisosU, os potenciais de repouso estão

aproximadamente entre -30 mV e -55 mV.

Figura 1 – Medida do potencial de repouso de

uma célula.

Medidor

De Voltagem

Meio externo

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO III – Potencial Elétrico 18

18

Trabalho: VqW

dLaEQdW Lˆ

Energia cinética

)(2

1 22

ifc vvmE

Lei de Coulomb

122

120

2112

ˆ4

aR

QQF

12

12

12

1212

ˆrr

rr

R

Ra

2

212

0 1085,8mN

C

Campo elétrico

3

04)(

rr

rrQrE

v

v

rr

rr

rr

vdrrE

2

04

)()(

Carga elétrica

dvQV

v

Dv

Teorema da Divergência (Teorema Gauss):

dVFSdFVS

Lei de Gauss

i

S

QSdD

0i

S

QSdE

Teorema da Stokes

CS

ldHSdH

Potencial elétrico

A

B

BAAB LdEVVV

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Física III – Prof. Dr. Cláudio S. Sartori - CAPÍTULO IV - Potencial elétrico 14

14

Sistemas Cartesianas Cilíndricas Esféricas

Relações

P(x, y, z)

P(, , z)

22 yx

x

yarctg

z=z

P(r, , )

222 zyxr

x

yarctg

z

yxarctg

22

Vetor

posição zyx azayaxr ˆˆˆ

zazar ˆˆ

rarr ˆ

Incremento

rdLd

zyx adzadyadxLd ˆˆˆ

zadzadadrd ˆˆˆ

adrsenardadrrd rˆˆˆ

Versores

}ˆ,ˆ,ˆ{ zyx aaa

zz

yx

yx

aa

asenaa

senaaa

ˆˆ

cosˆˆˆ

ˆcosˆˆ

zyxr aasensenasena ˆcosˆˆcosˆ

zyx asenasenaa ˆˆcosˆcoscosˆ

yx aasena ˆcosˆˆ

Elemento de

Volume dxdydzdv dzdddv ddrdsenrdv 2

Divergente

D

z

D

y

D

x

D zyx

z

DDD z

11

D

rsensenD

rsenDr

rrr

111 2

2

Gradiente

V

zyx az

Va

y

Va

x

VV ˆˆˆ

zaz

Va

Va

VV ˆˆ

aV

rsena

V

ra

r

VV r

ˆ1

ˆ1

ˆ

Rotacional

H

z

xy

yxx

x

yz ay

H

x

Ha

z

H

z

Ha

z

H

y

Hˆˆˆ

z

zz aHH

aH

z

Ha

z

HHˆ

1ˆˆ

1

a

H

r

rH

ra

r

rHH

senra

HsenH

rsen

rrr

ˆ1

ˆ11

ˆ1

Laplaciano

V2 2

2

2

2

2

2

z

V

y

V

x

V

2

2

2

2

2

11

z

VVV

2

2

222

2

2

111

V

senr

Vsen

senrr

Vr

rr