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resumo fisio cardiovascular
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Fisiologia Cardiovascular Turma: Fonoaudiologia 2011.1 Professora: Mara Santos
BASES MORFOLÓGICAS DA FUNÇÃO CIRCULATÓRIA
Em mamíferos adultos, o sistema circulatório é composto por dois circuitos
completamente separados de sangue (rico em O2 e pobre em O2) e serve para
transportar e distribuir substâncias essenciais aos tecidos, bem como para remover
os produtos do metabolismo.
Este sistema tem, basicamente, a função de transportar:
CO2, O2, nutrientes e metabólitos;
Água e eletrólitos para a manutenção da homeostase;
Ácidos e bases para a regulação do pH;
Calor para a superfície corporal, participando da regulação térmica;
Hormônios, favorecendo a comunicação entre as células;
Componentes do sistema de defesa celular e humoral.
Observando o esquema ao lado, podemos perceber que o sangue rico em O2 (representado em vermelho)
chega ao coração, no átrio esquerdo, passa ao ventrículo esquerdo através da valva mitral, de onde é ejetado
através da valva aórtica, chegando assim à principal e mais calibrosa artéria do sistema, a aorta. O sistema arterial
(em vermelho) segue se subdividindo em artérias menores, arteríolas, até que chega aos capilares, onde
efetivamente ocorre a troca gasosa (hematose) em todos os tecidos do organismo.
Após a troca gasosa, o sangue, agora pobre em O2 prossegue pelas vênulas, atingindo as pequenas
veias, até chegar às veias mais calibrosas do sistema, que são as veias cava. O sangue que flui pelas veias cava
chega ao átrio direito, passa pela valva tricúspide para atingir o ventrículo direito, de onde é ejetado através da
valva pulmonar, chegando assim à artéria pulmonar e conseqüentemente aos pulmões, onde sofrerá nova
oxigenação, para então, iniciar um novo ciclo.
Faz-se necessário ressaltar que a quantidade de sangue que chega aos tecidos é variável, e depende da
demanda de um ou de outro sistema. Por exemplo, em situações de exercício intenso, os músculos esqueléticos
necessitam de um maior aporte de O2 e por isso, outros órgãos e sistemas tem seu fluxo sanguíneo redistribuído.
Anatomia macroscópica
Com relação à anatomia macroscópica, o coração é um órgão oco, que se localiza na caixa torácica, entre
os dois pulmões, e se apóia sobre o diafragma, tendo à sua frente o osso esterno. O coração geralmente tem o
seu ápice voltado para o lado esquerdo do corpo, entretanto existem casos nos quais há uma inversão deste ou
de todos os órgãos.
Fisiologia Cardiovascular Turma: Fonoaudiologia 2011.1 Professora: Mara Santos
O coração é envolto em uma dupla membrana fibro-serosa, o pericárdio, que tem como principal função
reduzir o atrito do órgão com as estruturas adjacentes durante o batimento, conseqüentemente reduzindo o
trabalho cardíaco.
Como já foi dito, o coração é composto de 4 cavidades: átrio direito (AD), ventrículo direito (VD), átrio
esquerdo (AE) e ventrículo esquerdo (VE). Em situações fisiológicas não deve haver comunicação entre os lados
direito e esquerdo do coração, dessa forma, o septo atrial separa os dois átrios e o septo ventricular separa os
dois ventrículos.
Entre os átrios e os ventrículos, e entre os ventrículos e as artérias (aorta e pulmonar) existem estruturas
que funcionam como comportas, permitindo ou impedindo a passagem do sangue, dependendo da fase do ciclo.
As valvas são divididas em:
Semilunares: aórtica (separa o VE da artéria aorta) e pulmonar (separa o VD da artéria pulmonar).
Átrio-ventriculares: mitral (separa o AE do VE) e tricúspide (separa o AD do VD)
A parede do VE é mais espessa do que a parede do VD porque esta cavidade necessita desenvolver uma
maior pressão, para assim irrigar todo o corpo.
Adjacente aos folhetos que compõem a artéria aorta, existem duas cavidades, denominadas óstios das
artérias coronárias, de onde sai a circulação coronariana, levando sangue oxigenado ao miocárdio (músculo
cardíaco).
A circulação coronariana é composta de artérias e veias. As artérias levam sangue oxigenado ao músculo
cardíaco e as veias carreiam sangue desoxigenado do músculo cardíaco de volta ao átrio direito, para que em
ultima estância chegue aos pulmões para serem novamente oxigenados.
Existe a artéria coronária direita, que leva o sangue oxigenado ao ventrículo direito (1),
a artéria coronária esquerda, que se bifurca em dois ramos: artéria circunflexa (3), que leva
sangue oxigenado à parede posterior do ventrículo esquerdo; artéria descendente anterior
esquerda (2) que leva sangue oxigenado à parede anterior do ventrículo esquerdo.
Este sistema é bastante ramificado, conseguindo nutrir todo o músculo cardíaco.
Óstios das artérias coronárias
Fisiologia Cardiovascular Turma: Fonoaudiologia 2011.1 Professora: Mara Santos
Anatomia microscópica
O músculo cardíaco é composto por células (cardiomiócitos) ramificadas, uninucleadas, que apresentam
uma aparência estriada quando vistas ao microscópio.
Os cardiomiócitos são aderidos uns aos outros por uma estrutura denominada disco intercalar, onde
também existem as junções GAP, que são formadas por dois hemicanais que se unem. Cada um desses
hemicanais, compostos por 6 moléculas de conexina, está na membrana de uma célula. A união entre dois
hemicanais de duas células adjacentes permitem que haja uma comunicação entre estes cardiomiócitos, o que faz
com que o miocárdio comporte-se como um sincício funcional. As junções GAP permitem a passagem de íons e
pequenas moléculas de uma forma bidirecional e podem se fechar em situações de injúria celular, prevenindo
assim que esta injúria se propague por todas as células.
Estruturas contráteis
A função do coração é bombear o sangue. Para que ele funcione como uma bomba é necessário que haja
contração de suas paredes. Esta contração só é possível porque o cardiomiócito possui estruturas contráteis: os
sarcômeros.
Os sarcômeros são a unidade funcional do cardiomiócito, tendo em vista que estas estruturas, ao se
encurtarem levam a um encurtamento do músculo.
Os sarcômeros são formados por filamentos finos e grossos (chamados de miofilamentos ou miofibrilas),
cujas principais moléculas são a Actina e a Miosina, que ao se ligarem, levam ao deslizamento dos filamentos
finos sobre os filamentos grossos, levando ao encurtamento do sarcômero e conseqüentemente, à contração
muscular.
Estruturas contráteis
Fisiologia Cardiovascular Turma: Fonoaudiologia 2011.1 Professora: Mara Santos
O SISTEMA ELÉTRICO DO CORAÇÃO / ELETROCARDIOGRAMA
Uma das características mais importantes do coração é o automatismo,
ou seja, o coração pode por si só, gerar o impulso elétrico que fará com que
aconteça o seu batimento.
O sistema elétrico do coração é composto por:
Nodo sinusal (NSA ou nodo sinoatrial) – Marca-passo fisiológico do
coração, onde em situações fisiológicas o impulso elétrico é gerado;
Nodo átrio-ventricular (NAV) – um conjunto de células especializadas,
que também possuem característica de automatismo, localizada entre os átrios e os ventrículos. Nesta
estrutura o impulso sofre um retardo, permitindo um maior enchimento ventricular durante a diástole.
Feixe de His – tecido de condução que se bifurca em dois ramos (direito e esquerdo) e percorre o septo
ventricular em direção ao ápice
Fibras de purkinje – parte final do sistema de condução, que chega até os miócitos ventriculares.
A chegada do impulso elétrico aos miócitos ventriculares leva à contração dos ventrículos (sístole
ventricular), levando assim à ejeção do sangue dos ventrículos para todos os tecidos do corpo.
Todas as estruturas relacionadas acima possuem característica de automatismo, entretanto, o NSA é
considerado o marca-passo fisiológico do coração devido à sua frequência de disparo ser mais elevada do que as
outras estruturas do sistema, o que faz com que estas recebam o estímulo gerado no NSA antes de gerarem seu
próprio estímulo elétrico.
Dessa forma, é importante lembrar que a seqüência de ativação elétrica do coração respeita a seguinte
ordem:
Sequência da ativação Velocidade de
condução (m/s)
Frequência intríseca de disparo
(impulsos/min)
1. Nó Sinoatrial < 0,01 60-100
2. Miocárdio atrial 1,0 – 1,2 -
3. Nó atrioventricular 0,02 – 0,05 40 - 60
4. Feixe de His 1,2 -2,0 30 - 40
5. Fibras de Purkinje 2,0 – 4,0 30 - 40
6. Miocárdio ventricular 0,3 – 1,0 -
Ativação elétrica do coração
Sabemos que a membrana celular é formada por uma bicamada lipídica que é seletiva à passagem de
substâncias, e que algumas destas são importantes para o bom funcionamento celular.
Vimos que a membrana celular possui proteínas integrais e periféricas que funcionam como formadoras
de canais ou transportadores transmembrana, respectivamente.
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O transporte através da membrana plasmática pode ser feito por
bombas (transporte ativo), com gasto de ATP; através de canais iônicos,
que são formados por proteínas integrais; por transportadores, que ao se
ligarem ao substrato sofrem uma mudança conformacional expondo o
substrato no outro lado da membrana.
O transporte através da membrana pode ser do tipo uniporte,
quando somente um substrato é transportado a cada vez; simporte,
quando dois substratos são transportados no mesmo sentido,
simultaneamente; ou antiporte, quando dois substratos são transportados simultaneamente, mas em sentidos
opostos.
Os canais iônicos podem ser dependentes de voltagem, ativados por ligantes intracelular, ativados por
ligantes extracelular ou ativados mecanicamente.
No coração, os principais tipos de canais iônicos são do tipo dependentes de voltagem. Estes canais são
compostos de subunidades alfa e beta, sendo as subunidades alfa as formadoras do canal e as subunidades beta
as moduladoras destes canais.
Este tipo de canal se abre quando há uma mudança na voltagem da membrana celular.
No exemplo abaixo, vemos esquematicamente a subunidade alfa de alguns canais dependentes de
voltagem.
Em A, vemos a subunidade alfa dos canais de Na (sódio) e Ca++
(cálcio). Note que são formadas por 4
domínios, compostos cada um de 6 segmentos transmembrana. Observe que o segmento S4 de cada um dos 4
domínios é carregado positivamente. Esta característica faz com que este segmento seja o “sensor de voltagem”
Partícula de inativação
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que percebe a variação de voltagem na membrana e com isso se desloca para o lado da membrana carregado
negativamente, mudando a conformação do canal e permitindo sua abertura.
Os 4 domínios dos canais de Na e de Ca++
se organizam para formar um poro.
Na alça intracelular entre os domínio III e IV existe uma partícula de inativação rápida, que funciona
ocluindo o poro pelo lado de dentro da membrana, fazendo com que este tipo de canal possua três conformações
distintas: fechado, aberto ou inativado.
Em B, vemos a subunidade alfa dos canais de Potássio sensíveis à voltagem, que equivale a um domínio
dos canais de Na e de Ca++
; em C a subnidade alfa dos canais de vazamento de potássio e em D, a subunidade
alfa dos canais de potássio retificadores de influxo.
Distribuição iônica através da membrana
Os principais íons que permeiam a membrana do cardiomiócito são o sódio, o potássio e o cálcio.
Entretanto, não se deve esquecer que outros íons também permeiam a membrana destas células.
A distribuição da concentração iônica através da membrana está representada na figura abaixo.
Na imagem abaixo, podemos ver que os íons se difundem através da membrana pelo gradiente de
concentração ou pelo gradiente elétrico.
Pelo gradiente de concentração, o íon tende a fluir do lado mais concentrado para o lado menos
concentrado, conforme demonstrado em A. Entretanto, devemos lembrar que há uma diferença de voltagem entre
os dois lados da membrana e que os opostos se atraem. Assim, no caso demonstrado em B, os íons tendem a
fluir pelo seu gradiente elétrico, mesmo em concentrações idênticas dos dois lados da membrana.
Então, podemos dizer que existem duas forças atuando em sentidos opostos e que o resultado dessas
forças (gradiente eletroquímico) é que vai determinar a direção do fluxo iônico.
Distribuição iônica através da membrana
K+K+
4,5 mM
140 mM
Ca++2,5 mM
Ca++
0,001 mM
Na+145 mM
Na+
10 mM
Miócito
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+
+-
+
+
+
+
++
+
+
+
+
+
+
Difusão iônica através da membrana
Concentração VoltagemA B
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Em uma situação na qual somente um íon permeasse a membrana, haveria uma voltagem na qual o fluxo
cessaria, pois as forças dos dois gradientes se anulariam. Este valor é o potencial de equilíbrio deste íon, que
pode ser calculado utilizando a equação de Nernst.
Que para a maioria das condições experimentais em biologia pode resumida em:
Entretanto, não existe somente um íon permeando a membrana celular. Dessa forma, quando a voltagem
favorece o equilíbrio de um determinado íon, outro íon estará permeando a membrana, pois estará no auge de sua
condutância. Assim, o equilíbrio iônico não chegará a acontecer.
Potencial de repouso
O potencial de repouso da membrana é quando, a uma determinada voltagem, mesmo existindo várias
correntes iônicas atuando o fluxo efetivo de cargas é nulo, ou seja, a quantidade de carga que entra na célula é a
mesma quantidade de carga que sai da célula.
Nos cardiomiócitos, o potencial de repouso fica em torno de – 90 mV.
Potencial de Ação
O potencial de ação é uma rápida variação do potencial de membrana, que vai do repouso (valor negativo)
a valores positivos, retornando em seguida ao seu potencial de repouso.
Hiperpolarização e despolarização
Chamamos despolarização qualquer variação do potecial de repouso para valores mais positivos e de
hiperpolarização as variações do potencial de repouso para valores mais negativos.
Estímulos limiares e sublimiares
Quando uma célula recebe um estímulo elétrico, este tem que possuir intensidade suficiente para gerar
um potencial de ação. Porém, quando o estímulo não é suficiente, ocorre uma despolarização na membrana que
não consegue desencadear um potencial de ação (levar o potencial de membrana para valores positivos).
Há uma voltagem, a qual chamamos de potencial limiar, que ao ser atingida leva ao potencial de ação.
O potencial de ação cardíaco
Os potenciais de ação das células excitáveis (tais como neurônios e
miócitos) não tem as mesmas características entre si. Observe, na figura
abaixo, que o potencial de ação cardíaco difere do potencial de ação de
célula nervosa pela presença de uma fase denominada platô, que faz com
que o potencial de ação cardíaco tenha uma maior duração.
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No coração, temos dois tipos de potenciais de ação.
1) Potencial de ação do tipo rápido
Primeiro, vamos descrever os eventos que ocorrem no potencial de ação do tipo rápido, que acontece nos
miócitos atriais e ventriculares, e também do feixe de His e das fibras de Purkinje:
Um estímulo gerado no NSA chega ao miócito, levando a uma despolarização da membrana. Esta
despolarização de membrana atinge o potencial limiar para a abertura dos canais de Na o que leva a um rápido e
intenso influxo de Na, tornando o meio intracelular mais positivo, o que leva a abertura de mais canais de Na, o
que leva à fase 0 do potencial de ação (despolarização rápida).
Em seguida, o potencial de membrana atinge valores favoráveis para a abertura de Ito (canal de potássio
transiente de efluxo). Com a abertura deste canal, ocorre um efluxo de cargas, rápido e transitório, que leva o
potencial de membrana a valores próximos ao zero. A esta fase chamamos de repolarização rápida, ou fase 1 do
potencial de ação.
Durante a fase 2 (platô) acontece fluxo de sódio, potássio e de cálcio (cálcio pelo canal ICaL), mas o fluxo
efetivo de cargas é quase nulo o que deixa o potencial de membrana estável em torno de 0 mV.
Com a inativação dos canais de Na e de Cálcio, as correntes IKr e IKs (correntes de potássio) levam o
potencial de membrana em direção ao potencial de repouso, estabelecendo a fase 3 do potencial de ação, que é
a fase de repolarização lenta.
No final da fase 3, ocorre a abertura do canal de potássio IK1 que levará o potencial de volta aos valores
de repouso, sendo esta corrente a principal determinante do potencial de repouso cardíaco (fase 4).
2) Potencial de ação do tipo lento
O potencial de ação do tipo lento ocorre somente nos nodos (NSA e NAV). Este tipo de potencial de ação
difere do anteriormente descrito, já que não tem um potencial de repouso estável (fase 4) e não tem a atuação d
corrente de Na na gênese do potencial de ação.
Na fase 4 (despolarização diastólica), a principal corrente é If, que é uma corrente ativada por
hiperpolarização, e que carreia tanto sódio quanto potássio. Porém, como este canal é mais permeável ao sódio
do que ao potássio, ocorre um influxo de cargas que leva o potencial de repouso gradualmente a valores mais
positivos.
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Ao ser atingido o potencial limiar, ocorre a abertura dos canais de cálcio do tipo L (ICaL) e um influxo de
cálcio leva a valores de potencial de membrana positivos (fase 0).
Com a inativação dos canais de Cálcio, os canais de potássio (IKr e IKs) levam o potencial de membrana
de volta a valores mais negativos durante a repolarização (fase 3).
O que vai determinar a frequência de disparo das células marca-passo é o tempo gasto para a membrana
despolarizar do ponto de menor voltagem (potencial diastólico máximo – PDM) até o potencial limiar. Este tempo é
função da diferença de voltagem do PDM e o potencial limiar e também da inclinação da fase 4.
Períodos refratários
Os períodos refratários são determinados pela inativação dos canais de Na.
PRA (Período refratário absoluto) - Já que os canais de Na são os responsáveis pela gênese do potencial de ação
do tipo rápido, se estes canais estiverem inativados mesmo um estímulo intenso não será capaz de gerar um
potencial de ação. Dessa forma, durante o PRA não haverá geração de novos poteciais de ação.
PRR (Período refratário relativo) – Neste período alguns canais de Na já voltaram à sua conformação “fechado” e
assim, um estímulo supra-limiar poderá gerar um novo potecial de ação, porém este será de menor amplitude e
duração.
Principais canais iônicos associados ao
potencial de ação cardíaco do tipo rápido
Fase 0 INa (Corrente de Na+)
Fase 1 Ito1 (Corrente transiente de efluxo de K+)
Fase 2 ICaL (Corrente de Ca2+ do tipo L)
Fase 3 IKr e IKs (Correntes de retificação retardada)
Fase 4 IK1 (Corrente retificadora de Influxo)
Principais canais iônicos associados ao
potencial de ação cardíaco do tipo lento
Fase 0 ICaL (Corrente de Ca2+ do tipo L)
Fase 3 IKr e IKs (Correntes de retificação retardada)
Fase 4 If (Corrente ativada por hiperpolarização)
ICaT (Corrente de Ca2+ do tipo T)
Desativação de IKs e IKr
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PRE (Período refratário efetivo) – É o tempo mínimo requerido para que um outro potencial de ação, de
características normais, possa ser gerado.
É importante ressaltar que os potenciais de ação cardíacos diferem de região para região do coração e
isso é importante para seu funcionamento normal.
O curso temporal da ativação das diversas regiões do coração, pode ser relacionado ao registro
eletrocardiográfico, conforme demonstrado na figura abaixo.
O eletrocardiograma (ECG) é o registro das variações elétricas extracelulares do coração, obtido através
de eletrodos fixados na superfície corporal.
O ECG nada mais é do que um registro da diferença de potencial entre dois campos de um dipolo, onde
um eletrodo positivo (explorador) se colocado em um campo positivo inscreverá uma curva positiva, ou então, em
caso oposto, inscreverá uma curva negativa.
Dessa forma, podemos dizer que o ECG registra os eventos elétricos que são “enxergados” pelos
eletrodos colocados na superfície corporal, de acordo com os vetores de despolarização ou repolarização
(ativação ou inativação).
Existem vários pontos pré-estabelecidos para a colocação dos eletrodos, para que cada um “veja” o
evento elétrico de um ângulo diferente. São as chamadas derivações, que no plano frontal são:
Bipolares – DI, DII e DIII
Unipolares – aVR, aVL e aVF
Já no plano horizontal, as derivações são V1, V2, V3, V4, V5 e V6.
Importante!! Não se pode esquecer que cada derivação “enxerga” um mesmo evento de ângulos diferentes.
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As ondas do registro eletrocardiográfico padrão representam eventos específicos.
Onda P – Despolarização atrial
Complexo QRS – Despolarização ventricular
Onda T – Repolarização ventricular
A CONTRAÇÃO DO MUSCULO CARDÍACO
A células musculares (tanto as cardíacas quanto as esqueléticas) possuem estrias que podem ser vistas
ao microscópio, mas a estrutura do cardiomiócito é bastante distinta.
Como já foi dito, o cardiomiócito é uma célula pequena, uninucleada, ramificada, que se comunicam entre
si através das junções GAP, o que permite que o miocárdio se comporte como um sincício funcional.
Ultraestrutura do cardiomiócito
Túbulos T O invaginações na membrana (sarcolema).
Presença de retículo sarcoplasmático em toda a extensão da célula funciona como um reservatório de cálcio
Mitocôndrias Em grande número
Cisterna terminal do retículo sarcoplasmático ponto onde o retículo se “alarga” próximo ao túbulo T
Sarcomeros organizados em toda a extensão da célula. Estrutura contrátil do cardiomiócito.
Ultraestrutura do cardiomiócito
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O sarcômero é a unidade funcional do cardiomiócito, e é formado por filamentos grossos e finos que se
organizam de forma intercalada e que deslizam entre si, levando ao encurtamento do sarcômero e
conseqüentemente, à contração.
Os miofilamentos são formados principalmente por:
a) Filamentos finos: Actina, troponina e tropomiosina
b) Filamentos grossos: Miosina
Mas outras proteínas também compõem a estrutura do sarcômero, como podemos ver no esquema
abaixo.
A interação entre as moléculas de actina e miosina é que levam ao encurtamento do sarcomero conforme
será descrito a seguir.
O filamento fino é composto por tropomiosina, que serve de apoio para as moléculas de actina e para o
complexo de troponina (troponinas C, I e T). Já o filamento grosso é formado por miosina.
Em repouso, o filamento fino está organizado de forma que os sítios de ligação da miosina na actina estão
ocluidos pela tropomiosina. Com um aumento da concentração de Cálcio intracelular, o cálcio se liga à troponina
C e isso favorece uma mudança conformacional que expõe o sítio de ligação para a miosina.
Assim, podemos dizer que sem cálcio não há contração!
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E como acontece o tracionamento entre os miofilamentos? Observe a figura abaixo.
É importante ressaltar que antes de todos esses eventos mecânicos e bioquímicos, deve acontecer um
evento elétrico, a partir do estímulo proveniente do NSA, levando à despolarização da membrana e chegando aos
túbulos T.
Esta despolarização é percebida pelo sensor de voltagem dos canais de cálcio presentes no sarcolema
(ICaL) que se abrem, permitindo um influxo de cálcio. Com o rápido aumento do cálcio nas imediações do retículo
sarcoplasmático, um canal presente na membrana do retículo, que pode ser ativado por cálcio, (canal de
Rianodina do tipo 2 – RyR2) se abre, e uma grande quantidade de cálcio é liberada do reticulo, levando a um
aumento mais acentuado do cálcio intracelular. Isso leva a abertura de mais canais de rianodina e à liberação de
mais cálcio, num evento conhecido como “liberação de cálcio induzida por cálcio”.
O cálcio, então, se ligará na troponina C levando a todos os eventos descritos anteriormente.
Após a contração, todo o cálcio será liberado da troponina C e deverá ser recaptado para que haja o
relaxamento.
A maior parte do cálcio voltará ao retículo sarcoplasmático através de uma cálcio-ATPase presente na
membrana do retículo, denominada SERCA. O restante deixará o citoplasma através do trocador Na-Ca, da
Calcio-ATPase sarcolemal e do canal uniporter presente na membrana da mitocôndria.
Obs: as setas vermelhas representam a entrada de cálcio para a contração e as setas verdes representam a recaptação do cálcio para o relaxamento
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O fenômeno do acoplamento excitação-
contação pode ser modulado pelo sistema
nervoso simpático, que a partir da ligação da
epinefrina/norepinefrina no receptor beta1
adrenergico leva a uma cascata de sinalização
que, em ultima estância, levara à fosforilação
dos canais de cálcio do tipo L (ICaL) e dos
canais de Rianodina (RyR2) do retículo
sarcoplasmático, aumentando a concentração
de Cálcio intracelular, e conseqüentemente, a
força de contração.
A acetilcolina, liberada na via de sinalização parassimpática, promove o efeito contrário. Após a ativação
de sua via de sinalização, levará, em ultima estância, à fosforilação da fosfolambam (que em seu estado
desfosforilado inibe a ação da SERCA) permitindo a abertura da Ca++-ATPase do retículo sarcoplasmático
(SERCA), o que levara ao aumento da recaptação do cálcio. Além disso, a troponina I também será fosforilada, o
que vai facilitar a liberação do Cálcio que até então estava ligado à troponina C... Esse cálcio liberado vai para o
citoplasma e é recaptado, levando a um maior relaxamento.
Com relação à contração muscular, vale a Lei de Frank-Starling, que diz que “a força de contração é
proporcional ao estiramento prévio das fibras musculares. Isso se dá porque durante um estiramento, mais pontes
entre a actina e a miosina e, conseqüentemente, a uma maior contração. Entretanto, vale lembrar que em uma
situação de estiramento intenso, a força contrátil pode chegar a zero, quando não há nenhuma interação entre os
filamentos grossos e finos dos sarcômeros.
Assim, no coração um maior volume de sangue no ventrículo esquerdo antes da contração (pré-carga
aumentada) é o que irá levar a este estiramento de fibras e fará valer a Lei de Frank-Starling, levando a uma maior
contração.
O CICLO CARDÍACO
O ciclo cardíaco se divide em dois períodos, que se subdividem em fases.
Períodos do
ciclo cardíaco
SÍSTOLE
DIÁSTOLE
Fases do ciclo
cardíaco
Contração isovolumétrica
Ejeção rápida
Ejeção lenta
Relaxamento isovolumétrico
Enchimento rápido
Enchimento lento
Sístole atrial
Em cada uma dessas fases existem características de volume e pressões individuais, conforme podemos
ver na figura abaixo. Observe que cada uma das faixas verticais representam uma fase.
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FASES 1 2 3e4 5 6 7
As modificações das pressões e volume podem ser melhor observada na imagem abaixo (alça volume-
pressão), que demonstra as alterações de volume e pressão de forma simultânea.
Abertura da mitral
Fechamento da mitral
Contração AtrialEnchimento Ventricular
Co
ntra
ção
Iso
vo
lum
étric
a
Abertura da válvula aórtica
Fechamento da
válvula aórtica
Rela
xa
me
nto
iso
vo
lum
étr
ico
Ejeção ventricular
Volume Sistólico Final
Volume Diastólico Final
Alça volume-pressão
No segmento A-C ocorre um aumento de volume sem muita alteração da pressão. Isso significa que o
músculo está em diástole (relaxado) e a pequena variação da pressão neste momento se dá somente pelo fato de
mais sangue estar entrando na cavidade.
Em seguida (segmento C-D), há um grande aumento da pressão sem que haja variação de volume. Sinal
de que todas as valvas estão fechadas enquanto está acontecendo a contração.
O próximo segmento, D-E, demonstra um aumento de pressão inicial que é simultâneo a uma queda de
volume, ou seja, o músculo está contraindo e o sangue está sendo ejetado. Em um dado momento, a pressão
passa a reduzir junto com a redução do volume. Sinal que o sangue continua sendo ejetado, porém agora como a
maior parte do sangue já foi ejetado, a pressão cai, mesmo com a contração ainda ocorrendo.
Finalmente, o segmento F-A demonstra que há uma queda da pressão com um volume estável. Isso
significa que todas as valvas estão fechadas enquanto o músculo relaxa.
Na parte inferior da imagem podemos ver as bulhas, que são sinais sonoros captados na superfície
corporal. A primeira bulha representa o fechamento das valvas átrio-ventriculares (mitral e tricúspide) enquanto a
segunda bulha representa o fechamento das valvas semilunares (aórtica e pulmonar).
1. Fase de sístole atrial 2. Fase de contração ventricular isovolumétrica 3. Fase de ejeção rápida 4. Fase de ejeção lenta 5. Fase de relaxamento ventricular isovolumétrico 6. Fase de enchimento rápido 7. Fase de enchimento lento
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DÉBITO CARDÍACO
Débito cardíaco
É o volume de sangue ejetado pelo
ventrículo por unidade de tempo (em
repouso, aproximadamente 5 litros/min)
DC = FC x VS
DC = débito cardíaco (litros/min)
FC = freqüência cardíaca (batimentos por minuto)
VS = volume sistólico (ml)
O débito cardíaco depende da Frequência cardíaca (quantidade de batimentos por minuto) e do volume
sistólico (quantidade de sangue ejetada em cada batimento).
Alguns fatores influenciam o débito cardíaco, tais como o metabolismo corporal, a idade, o exercício físico
e o tamanho da superfície corporal. Entretanto, alguns fatores DETERMINAM o débito cardíaco. Estes fatores
são:
Frequência cardíaca – Quantidade de batimentos por minuto. O aumento da frequencia diminui a fase de
enchimento ventricular e, conseqüentemente, o volume disponível para ejeção.
Contratilidade – Capacidade de contração independente da carga (dada pela modulação simpática)
Pré-carga (lei de Frank-Starling) – Quantidade de sangue presente no ventrículo antes do início da
contração, que é determinada pelo retorno venoso
Pós-carga – é a carga existente depois que o ventrículo começa a contrair e que a contração tem que
vencer. Em condições fisiológicas é dada pela resistência vascular periférica. Clinicamente os valores da
pressão arterial são indicativos da pós-carga.
Chamamos de Fração de ejeção o percentual de sangue ejetado, durante a sístole, do que já havia no
ventrículo antes de começar a contração (volume diastólico final). FE = VS / VDF
O sistema nervoso simpático atua na regulação da FC e da contratilidade pela ação da noradrenalina /
adrenalina, que ao se ligarem ao seu receptor (beta 1 adrenérgico) no cardiomiócito leva ao aumento da FC e ao
aumento da contratilidade (cronotropismo positivo e inotropismo positivo, respectivamente).
Já o ramo parassimpático através da acetilcolina que se liga ao receptor muscarínico M2, leva ao efeito
inverso, oferecendo um cronotropismo negativo e um inotropismo também negativo.
Fisiologia Cardiovascular Turma: Fonoaudiologia 2011.1 Professora: Mara Santos
CIRCULAÇÃO SISTÊMICA
O sistema arterial e venoso possuem algumas diferenças entre si.
Enquanto o sistema arterial tem características elásticas e possui uma camada de músculo liso mais
espessa, sendo chamados de vasos de resistência, o sistema venoso é capaz de uma maior complacência,
podendo armazenar uma maior quantidade de sangue, sendo por isso chamados de vasos de capacitância.
A característica elástica do sistema arterial converte o débito intermitente do coração em fluxo estável nos
capilares, já que se distende ao receber o sangue e armazena energia que vai levar o vaso a retornar ao diâmetro
original, impulsionando o sangue mesmo durante a diástole.
Pressão arterial
É a pressão que o sangue exerce contra as paredes das artérias, sendo a pressão sistólica a pressão
durante a sístole, e a pressão diastólica a pressão durante a diástole. É medida em mmHg, e os valores de
normalidade são 120 x 80 mmHg.
A pressão de pulso é a pressão sistólica menos a pressão diastólica.
A pressão arterial media (PAM) é calculada da seguinte maneira: PD + 1/3 PP
Os fatores que determinam a pressão arterial são:
Débito cardíaco – que é dado pela FC x VS
Resistência periférica
Volume de sangue nas artérias
Complacência (capacidade de se distender) das artérias
Entretanto, as mudanças no volume arterial e a complacência arterial determinam a pressão de pulso,
enquanto que o débito cardíaco e a resistência periférica determinam a pressão arterial média (PAM).
As pressões do sistema venoso são bem diferentes das pressões do sistema arterial (aproximadamente
2 mmHg e 102 mmHg, respectivamente). Em uma situação de parada cardíaca o sangue contido nas artérias
passa às veias devido à diferença de pressão, até que chega em um ponto no qual as pressões se igualam em
todos os pontos do sistema. A esta pressão chamamos de pressão de enchimento circulatório, que situa-se em
torno de 7 mmHg.
Importante lembrar!!
Arteríolas são os vasos de resistência
Veias são os vasos de capacitância, pois armazenam e mobilizam grandes volumes de sangue
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Retorno venoso
O retorno venoso é o sangue que volta ao coração e que chega ao átrio direito a partir do sistema venoso.
É influenciado pela volemia (quantidade de fluido dentro dos vasos), tônus venomotor (contração do musculo liso
das veias) e resistência vascular periférica (se há uma maior resistência à passagem do fluxo do sistema arterial
para o sistema venoso, menos sangue será “armazenado” no sistema venoso, e menos sangue retornará ao átrio
direito.
Não esqueça que os dois lados do sistema cardiovascular (venoso e arterial) formam um circuito e que um
acaba sempre interferindo no outro!!
Existem alguns fatores que também irão interferir no retorno venoso:
Bomba muscular: sempre que um músculo se contrai, exerce pressão sobre as veias,
ejetando o sangue em direção ao coração. Mesmo com o indivíduo parado, em pé, ocorre
contração reflexa dos músculos esqueléticos das pernas, resultando em discreta oscilação
de uma perna para a outra.
Válvulas: as veias possuem válvulas bicúspides que melhoram a eficiência da bomba
muscular, pois direcionam o fluxo de sangue no sentido do coração.
Coração venoso plantar: existe uma rede de capilares na planta do pé, que ao serem
pressionados durante uma caminhada, ejetam sangue em direção ao coração.
Bomba respiratória: durante a inspiração, a pressão no tórax torna-se negativa. Isto faz
com que o sangue contido nas grandes veias abdominais desloque-se em direção ao
coração.
Coração auxilia o retorno venoso:
Durante a sístole: sempre que ocorre uma sístole, o sangue é impulsionado para as
artérias, consequentemente o sangue que estava nas artérias é deslocado para os capilares,
por sua vez, o sangue que estava nos capilares é impulsionado para as veias e então para o
coração.
Durante a diástole: a pressão do átrio direito, próxima do zero, faz com que o sangue
contido nas veias seja deslocado em direção ao coração.
HEMODINÂMICA
Algumas definições FLUXO (Q) é a quantidade de alguma coisa que
passa em uma superfície, por unidade de tempo
ou, no caso da hemodinâmica, deslocamente de
um volume de fluido em um determinado tempo
(cm3/s)
VELOCIDADE (v) é a distância que uma partícula
percorre em um determinado tempo (cm/s)
Q=vAv=Q/A
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A relação entre velocidade e fluxo são demonstradas na imagem abaixo.
Observe que um mesmo fluxo percorre o tubo, desde a entrada até a saída. E para que este fluxo seja
mantido estável, o que se altera é a velocidade. Observe que a velocidade é inversamente proporcional à área
(raio do tubo). Assim, em um tubo de diâmetro maior a velocidade (cm/seg) diminui e quando o diâmetro é menor,
a velocidade aumenta.
A relação entre fluxo e pressão foi derivada empiricamente por Poiseuille, que após uma série de
experimentos chegou à segunte fórmula:
Q = π ΔP r4
8 η L
onde:
π/8 é a constante de proporcionalidade
P = pressão
r = raio
η = viscosidade
L = comprimento
A partir desta fórmula, podemos ver que o fluxo é proporcional à diferença de pressão entre dois pontos do
sistema, e é proporcional ao raio elevado à 4ª potência. Enquanto que é inversamente proporcional ao
comprimento do tubo e à viscosidade do fluido.
Como o raio está elevado à 4ª potência, podemos dizer que ele (o raio) é o principal determinante do fluxo
(Lembrem do Sr João!!!)
Com relação à resistência ao fluxo podemos dizer que:
R=ΔP/Q ou 8ηL/πr4
Assim, a resistência é proporcional à diferença de pressão e inversamente proporcional ao fluxo ou ainda,
podemos dizer que a resistência é proporcional à viscosidade e ao comprimento do tubo e inversamente
proporcional ao raio (elevado à 4ª potencia).
Dessa forma, podemos perceber que pequenas reduções no raio podem aumentar muito e resistência.
Quem controla o fluxo?
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Depois de todos os cálculos demonstrados nos slides, chega-se à conclusão que as arteriolas são os
vasos que controlam o fluxo, devido à sua área de seção transversa.
É importante lembrar ainda que o fluxo sanguineo pode ocorrer de forma laminar ou turbulenta, e isso
depende do numero de Reynolds:
NR=μDv/η
Onde:
μ = densidade
D = diâmetro
v = velocidade
η = viscosidade
Então, podemos observar que a densidade, o diâmetro e a velocidade são proporcionais ao numero de
Reynolds e a viscosidade é inversamente proporcional.
Dessa forma, um aumento da densidade, do diâmetro e da velocidade levará a um aumento também no
numero de Reynolds e à turbulência.
REGULAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL
A pressão arterial deve ser mantida dentro de níveis adequados para que seja mantida a perfusão dos
tecidos.
Os principais determinantes da PAM são:
Débito cardíaco – que é a FC x VS (ou débito sistolico).
A FC pode ser modulada pelo Sistema nervoso simpático ou parassimpático.
O VS pode ser modulado pelo retorno venoso (que vai depender do volume circulatório efetivo) e
pela contratilidade
Resistência vascular periférica
Vai depender do raio do vaso. Então uma contração dos vasos do sistema arterial pode levar ao
aumento da resistência vascular periférica
Dessa forma, para que haja mudança (regulação) da PA, um ou mais dos fatores sublinhados acima
deverão ser modificados.
Os mecanismos de regulação da PA podem acontecer de duas formas: a curto prazo, pelo rearranjo do
sangue de um compartimento do sistema para outro. Esse mecanismo acontece de forma rápida, mas sofre
adaptações no decorrer do tempo; e a longo prazo, que é um mecanismo ativado horas ou dias depois e que
atuam sobre o volume de sangue circulante, não sofrendo adaptação.
A regulação a curto prazo envolve os barorreceptores que estão situados no seio carotídeo, no arco
aórtico e no aparelho justaglomerular dos rins (sistema de alta pressão). Também estão no átrio direito e grandes
vasos pulmonares (sistema de baixa pressão).
Os barorreceptores do aparelho justaglomerulares dos rins, ao perceberem o estímulo dado pelo aumento
da pressão de perfusão da arteríola aferente renal e ativa o sistema renina-angiotensina-aldosterona. Já os
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barorreceptores localizados no átrio direito, vasos pulmonares, seio carotídeo e arco aórtico percebem mudanças
de 5 a 10% da pressão arterial ou do volume circulante efetivo. Com isso, regulam a estimulação simpática e
parassimpática, e ainda, a secreção de hormônio anti-diurético (ADH).
Tambem no arco aórtico e seios carotídeos existem quimiorreceptores, que percebem a redução da
pressão de O2 no sangue, e assim, ativa o sistema nervoso autônomo. Embora atue na regulação da PA, tem
uma ação mais intensa no controle neural da respiração.
Já a regulação a longo prazo é um mecanismo complexo que envolve osmolaridade e o balanço de água
no organismo, e que é executado pelos rins, cujo principal finalidade é modificar o volume circulante efetivo.
O sistema renina-angiotensina-aldosterona
A lógica fundamental que preside o funcionamento deste sistema é responder a uma instabilidade
hemodinâmica e evitar a redução na perfusão tecidual sistêmica. Atua de modo a reverter a tendência à
hipotensão arterial através da indução de vasoconstricção arteriolar periférica e aumento na volemia por meio de
retenção renal de sódio (através da aldosterona) e água (através da liberação de ADH-vasopressina).
Portanto, o sistema renina-angiotensina-aldosterona se soma ao sistema simpático e ao ADH, compondo
o trio de sistemas neuro-hormonais de compensação cardiovascular.
E como este sistema atua?
A renina é sintetizada, armazenada e liberada pelas células do aparelho justaglomerular dos rins e pode
ser liberada nas seguintes situações:
Pressão de perfusão renal
- A arteríola aferente é um barorreceptor de alta pressão.
Atividade simpática
- Estímulo direto através de receptores β-adrenérgicos.
Aporte de NaCl à mácula densa
- Redução do aporte de NaCl aumenta a liberação de Renina
Uma vez liberada, a renina irá interagir com o Angiotensionogênio (produzido no fígado), o que levará à
produção de angiotensina I. A Angiotensina I será clivada em Angiotensina II pela Enzima conversora de
angiotensina (ECA). A Angiotensina II, ao ligar-se em seu receptor leva à vaso contrição, e
consequentemente, ao aumento da resistência vascular periférica, o que levará então ao aumento da PA.
Ao mesmo tempo, a Angiotensina II levará à produção de Aldosterona pela glândula supra-renal e à
liberação do hormônio anti-diurético, que ao atuarem nos rins levarão à redução da excreção de sódio e água,
aumentando o volume circulante e, conseqüentemente, a pressão arterial.