FLG 1254-Pedologia Aula 01

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FLG 1254 - PedologiaAULA 01Apresentao do curso Pequena histria da Pedologia

O que solo? Pontos de vista diversos: Engenheiro de minas solo o detrito que cobre rochas ou minerais a serem explorados. Engenheiro rodovirio o material onde vai ser locado o leito da estrada. Fazendeiro ambiente para as plantas (Indispensvel).

O solo um corpo tridimensional da paisagem, resultante da ao combinada de vrios processos pedogenticos (adio, perdas, transformaes...) e depende da intensidade de manifestao dos fatores de formao -clima, relevo e organismos- sobre o material de origem durante certo perodo de tempo. As inmeras combinaes de intensidades de manifestao desses fatores condicionam a formao de uma imensidade de tipos de solos, composio e comportamentos diferenciados. OLIVEIRA, 2005

Pedlogos informam a distribuio espacial dos solos na paisagem levantamentos de solos e boletins descritivos documentos importantes do ponto de vista agrcola ou no engenharias civil, sanitria ou do meio ambiente etc. Os solos so denominados de acordo com os sistemas de classificao existentes, estruturados com base em atributos e horizontes diagnsticos.

Edafologia comparada Pedologia Pedologia (da palavra grega pedon, que significa solo ou terra) considera o solo como um corpo natural, um produto sintetizado da natureza e submetido a intemperismos.

Edafologia (da palavra grega edaphos, que tambm significa solo ou terra) o estudo do solo do ponto de vista dos vegetais superiores. Considera as diversas propriedades do solo na medida em que se relacionam com a produo vegetal.

Evoluo da Pedologia Qumica um dos primeiros investigadores Francis Bacon (1622) considerava a gua como principal nutriente para as plantas e para o qual cada vegetal absorvia um suco especial da terra, diferente para cada espcie. Microbiologia meados do sculo XIX hmus consistia em alimento para as plantas. Fsica Schbler (1833) tcnicas para investigao de propriedades do solo, como capacidade de reteno de gua, secagem, contrao, capacidade calorfica etc.

Classificao DOKUCHAIEV (1846-1903) Rssia foi o primeiro a reconhecer o solo como um corpo natural e formado pela ao de um grupo de agentes e estabeleceu a primeira classificao baseada nas propriedades do solo e nos fatores de formao. Em 1877, Dokuchaiev descobriu camadas isoladas horizontais nos solos associadas a clima, vegetao e material de solo subjacente. A mesma seqncia de camadas era encontrada em reas geogrficas muito distantes, contanto que houvesse similaridade de clima e vegetao.

At 1914 barreiras lingsticas impediram a propagao dos conceitos russos aos cientistas da Europa Ocidental, sia e Amrica. No Brasil provavelmente, os primeiros trabalhos cientficos sobre solos foram realizados no IAC. Nos relatrios de 1888 a 1893 existem artigos sobre o esgotamento das terras e maneiras de corrigi-lo. F.W. Dafert e A.B.U. Cavalcanti apresentaram As terras do Estado de So Paulo, com anlises qumicas e fsicas, numa tentativa de metodizao das denominaes vulgares dos solos.

Primeira publicao sobre solos: DUTRA, G. Elementos de agrologia. Fascculo I. Santo Amaro, Typographia Orient, 1897, 99p. Outras instituies alm do IAC: Instituto de Qumica do Rio de Janeiro e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba.

O incio dos estudos no Brasil 1935 Seo de Agrogeologia (atualmente Seo de Pedologia) do IAC (Instituto Agronmico de Campinas) Prof. Paul Vageler da Escola Superior de Agricultura de Berlim; 1941 Jos Setzer publica a 1 classificao de solos do Brasil, reconhecendo 6 grupos de solos: solos do complexo cristalino, do glacial, do Corumbata, as terras roxas, as de Bauru e os alvios litologia predominante. Publica mais 22 grupos solos do Grupo I, solos do Grupo II etc.

Descries de perfis apenas do horizonte superficial, dando pouca importncia ao significado dos horizontes subsuperficiais. 1947 criao da Comisso de Solos do Centro Nacional de Pesquisas Agronmicas, pertencente ao Ministrio da Agricultura. Surgiu a classificao pedolgica de solos do Brasil. Contratao de pedlogos estrangeiros: Dr. Luiz Bramo (FAO) e Dr. Jacob Bennema (Universidade de Wageningen- Holanda).

Problemas enfrentados Extenso continental do pas; Escassez de pessoal tcnico; Ausncia de pesquisa pedolgica de apoio ao levantamento; Inacessibilidade a grande parte do territrio nacional; Deficincia de mapas bsicos ; Condies econmicas do pas e elevado custo da execuo do levantamento e publicao de mapas e boletins.

Publicaes 1958 Comisso de Solos publica Levantamento de Reconhecimento de Solos do Rio de Janeiro e Distrito Federal, na escala 1:500.000. Pela 1 vez foi produzido no Brasil um levantamento apresentando os solos classificados segundo a taxonomia pedolgica e apresentando perfis descritos com uma terminologia apropriada e os horizontes identificados mediante simbologia especfica: Podzlicos Vermelho-Amarelos, Latossolos etc.

A cor dos horizontes A e B dos solos considerada critrio distintivo para discriminao de algumas classes de Latossolos e (Argissolos) Podzlicos: Latossolos Preto-Amarelos, Latossolos Amarelos, Latossolos Alaranjados, Podzlicos Vermelho-Amarelos, Podzlicos Vermelho-Pardos etc.

1960 publicao do Levantamento de Reconhecimento dos solos do Estado de So Paulo, na escala 1:500.000. Sensveis diferenas conceituais na classificao de solos em relao ao levantamento anterior. Conhecimento de novos solos, diferentes dos encontrados no Rio de Janeiro. Maior experincia e embasamento tcnico adquiridos. So introduzidos os conceitos de 2 horizontes diagnsticos: B latosslico e B textural.

Os conceitos de carter eutrfico, distrfico, lico, o tipo de horizonte A ou a classe textural (exceo dos Latossolos VermelhoAmarelos e Vermelho-Escuros) no eram ainda empregados, aparecendo denominaes como: Latossolo Roxo, Terra Roxa Estruturada, Solos de Campos do Jordo etc. 1962 Levantamento de Reconhecimento dos solos sob influncia do reservatrio de Furnas incorporado B Cmbico ou B Incipiente Cambissolos. empregada pela 1 vez a vegetao na discriminao de unidades de mapeamento.

1964 Bennema e Camargo Atributos diagnsticos para os Latossolos: atividade da frao argila, a saturao por bases do horizonte B, os teores de xidos de ferro, o tipo de horizonte A, o teor de alumnio trocvel e a colorao. Para os Podzlicos Vermelho-Amarelos (atual Argissolo): a atividade da argila, a saturao por alumnio, a presena de plintita, o tipo de horizonte A, o material de origem e a presena de material esqueltico.

Novos solos foram identificados pela expanso das reas cartografadas e necessidade de criao de novas classes: Latossolos variao Una, Latossolos Ferrferos, Latossolos Brunos, Podzlicos Amarelos, Podzlicos Acinzentados, Terras Brunas Estruturadas, Hidromrficos Cinzentos, os Cambissolos. Base em atributos e horizontes diagnsticos da FAO (1974) e da Soil Taxonomy (1975).

1978 - Marcelo Nunes Camargo Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Classificao de Solos, pelo (Servio Nacional de Levantamento e Conservao de Solos SNLCS, sucessor da antiga Comisso de Solos). O uso do sistema de classificao da Soil Taxonomy foi descartado pela inadequao s peculiaridades dos solos brasileiros. Procurou-se extrair da FAO e da Soil Taxonomy somente as informaes mais pertinentes. So resultantes deste projeto trs aproximaes: 1980, 1981, 1988.

1987 Classificao de solos usada em levantamentos pedolgicos do Brasil, por CAMARGO, KLAMT & KAUFFMAN. 1995 retomada do Projeto de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Classificao (PDCS), sem a participao de Marcelo Nunes Camargo (falecido em 1994).

Nova classificao brasileira de solos 1999 publicao pela EMBRAPA do livro Sistema Brasileiro de Classificao de Solos. Algumas mudanas so relevantes, tais como: Reviso Geral de Conceitos, Estrutura Hierrquica, Novos Atributos e Horizontes Diagnsticos, Nova Estrutura, Nveis Categricos, Chave de Classificao e Nova Nomenclatura.

A mais recente classificao brasileira 2006 2 edio do livro Sistema Brasileiro de Classificao de Solos, com pequenos ajustes. A classificao de um solo obtida a partir de dados morfolgicos, fsicos, qumicos e mineralgicos.

Histria da Anlise Estrutural da Cobertura Pedolgica Teve sua origem no conceito de catena de Milne (1934). Foi introduzida por Boulet (1978) em sua tese de Doutorado desenvolvida no Alto Volta (frica). Compreender a distribuio dos solos nas vertentes e nas paisagens.

Boulet (1978): prope o procedimento, que permite a reconstituio da distribuio espacial das organizaes pedolgicas ao longo das encostas (bidimensional) da organizao dos solos com seus horizontes, em toposseqncias, no sentido de maior declive das vertentes: em escalas que variam de 1:100 a 1:1.000. Trincheiras permitem observar as transies verticais e laterais entre horizontes. Um conjunto de anlises bidimensionais leva a uma anlise tridimensional da paisagem.

Esquema dos nveis de organizao pedolgicaCobertura pedolgica Sistema pedolgico

A

A1 3

Sucesso vertical de horizontes

1 2

2

B3

1

3

2

B

HORIZONTES: 1, 2, 3

MEGAESTRUTURAAgregado elementar (Estrutura primria)Seo

MACROESTRUTURAHorizonte de solo (Estrutura secundria)2

MICROESTRUTURA

MACROESTRUTURA

Fundo matricial (Argila)Poros Esqueleto Plasma

Cristais associados

Cristal unitrio

Fonte: Castro, 2002MICROESTRUTURA NANOESTRUTURA(Inspirado em BOCQUIER, 1981)

Dois conjuntos de frentes de estudos que resultaram em teses e dissertaes: sistemas pedolgicos: gnese e evoluo. minucioso trabalho de campo para a caracterizao macromorfolgica bi e tridimensional das coberturas pedolgicas, anlises micromorfolgicas mediante a microscopia ptica de lminas delgadas, anlises fsicas, qumicas e mineralgicas etc; funcionamento hdrico e eroso: os trabalhos envolveram medidas de porosidade, condutividade hidrulica, infiltrao bsica, marcha anual da umidade atual dos solos, dinmica das guas subterrneas etc.

BIBLIOGRAFIA BSICA MONIZ, A. C. Elementos de Pedologia, So Paulo: Polgono, 1972. OLIVEIRA, J. B. Pedologia Aplicada, Piracicaba: FEALQ, 2005. QUEIROZ NETO, J.P. Anlise estrutural da cobertura pedolgica: uma experincia de ensino e pesquisa. Revista do Departamento de Geografia, 15 (2002), 77-90.