Flor de Fogo - Visionvox€¦ · da Amazon. Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência

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❝Flor De Fogo❞

Janaina Barroso

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Brasil

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Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ousituações da vida real terá sido mera coincidência.

Ficção Brasileira/ Romance/ Chicklit

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✐ ✎ ✏✐ ✎ ✏✐ ✎ ✏ ✐ ✎ ✏ SumárioPrólogoCapítulo 1- Boa NoiteCapítulo 2- Bela ManhãCapítulo 3- MaravilhaCapítulo 4- Rainhas da NoiteCapítulo 5- Copo de LeiteCapítulo 6- CamomilaCapítulo 7- MoreiasCapítulo 8- Onze HorasCapítulo 9- LavandaCapítulo 10- JacintoCapítulo 11- OrquídeasCapítulo 12- CoralCapítulo 13- EscorpiãoCapítulo 14- Tulipas

Capítulo 15- Planta ovoCapítulo 16- VioletaCapítulo 17- Gotas de OrvalhoCapítulo 18- Flor do DiaCapítulo 19- Cenoura BravaCapítulo 20- RosasCapítulo 21- O CravoCapítulo 22- FloxCapítulo 23- HortênsiaCapítulo 24- Rabo de GatoCapítulo 25- Laço EspanholCapítulo 26- Cacto BolaCapítulo 27- Le FleurCapítulo 28- Erva-mateCapítulo 29- CerejeiraCapítulo 30- Flor de LisCapítulo 31- MargaridasCapítulo 32- HibiscosCapítulo 33- JasmimCapítulo 34- Lírio do CampoCapítulo 35- Flor de FogoCapítulo 36- GérberaCapítulo 37- MaracujáCapítulo 38- FúcsiaCapítulo 39- Dentes de leãoCapítulo 40- CrisântemosCapítulo 41- GirassolCapítulo 42- Sete LéguasCapítulo 43- BálsamoCapítulo 44- Flores de CetimCapítulo 45- Coroa ImperialCapítulo 46- Chapéu de NapoleãoCapítulo 47- Lágrimas de Cristo

Capítulo 48- AçucenaCapítulo 49- Bouquet de NoivaCapítulo 50- Beijos PintadosEpílogoAgradecimentos“É tipo internet?”Créditos das Citações

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À minha filha Marina,que semprelê tudo que

escrevo e nuncame deixa desistir,

e por isso ,continuo tentando...

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O amor é uma flor delicada,

mas é preciso ter coragem de ircolhê-la à beira de um precipício.

'Sthendal'

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Prólogo

27 de Março

♈♉♊♋♌♍♎♏♐♑♒♓ "Provavelmente com 23 anos, estarei casada com um homem lindo e queamarei muito. Talvez com um bebê, com aquele cheirinho de sabonete que só os bebês tem,igual ao que a Cibely tinha quando nasceu. Serei bem sucedida, escrevendo um Best Seller por ano, pois o que mais poderiafazer a não ser escrever? Terei dado um jeito nos meus cabelos rebeldes, e talvez mudado a cor, odeiotodos da minha idade me chamando de ferrugem e sardinha. Mas cabelo de fogo também? Não podia ser Fogo só no signo de Áries? Tenho que ser no corpo inteiro? Não vejo a hora de crescer e nunca mais ser tratada como boba. E esse é meudesejo de aniversário."

♈♉♊♋♌♍♎♏♐♑♒♓ Jibely Flores, então com 13 anos recém completos, embrulhou o pedaço de papelde caderno escolar e jogou dentro da privada, de olhos fechados mentalizando seu

desejo. A revista +13Teen dizia que precisava jogar o pedido em água corrente, mas quena falta de um rio/ riacho/ lago no quintal de casa, a descarga serviria. Infelizmente Jibely não comprou mais aquela revista adolescente para maiores de13 anos, pois estava ocupada demais mudando suas atitudes, e não viu na ediçãoposterior, na seção de "Erros da Revista" , onde diziam que cada Signo e seuElemento tinham um procedimento diferente pra realização dos pedidos. Quem fosse dos signos de Fogo como ela, deveria queimar o pedido na chama deuma vela. Quem fosse de Água, jogar em água corrente. De Ar, jogar o pedido aovento e de Terra, obviamente, deveria enterrar o papelzinho. Cansada da perseguição na escola, depois desse dia, ela nunca mais foi a mesma.Se isolou das pessoas e se tornou uma menina sozinha. Sempre esperando que seussonhos se realizassem. Esperando que um príncipe a salvasse.

♈♉♊♋♌♍♎♏♐♑♒♓

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Recordação

Agora, o cheiro áspero das floresleva-me os olhos por dentro de suas pétalas.

Eram assim teus cabelos;tuas pestanas eram assim, finas e curvas.

As pedras limosas, por onde a tarde ia aderindo,tinham a mesma exaltação de água secreta,

de talos molhados, de pólen,de sepulcro e de ressurreição.

E as borboletas sem vozdançavam assim veludosamente.

Restitui-te na minha memória, por dentro das flores!Deixa virem teus olhos, como besouros de ónix,

tua boca de malmequer orvalhado,e aquelas tuas mãos dos inconsoláveis mistérios,

com suas estrelas e cruzes,e muitas coisas tão estranhamente escritas

nas suas nervuras nítidas de folha,- e incompreensíveis, incompreensíveis.

Cecília Meireles

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Capítulo 1- Boa Noite

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Um ano antes

Faltando apenas 2 dias para o nosso casamento, Ryan me chamou pra jantar fora.Estava lindo como sempre, bem arrumado, seus cabelos claros caiam lisos sobre atesta que ele ajeitava com muita elegância. Mas tinha algo errado, ele não me olhavamais nos olhos. Pensei que pudesse ser a correria do casamento, mal nos vimos no último mês, euenlouquecida com os preparativos e ele dizendo que tinha muito trabalho naempresa. Antes que eu pudesse provar o prato principal ele vomitou estas palavras emcima de mim: -Conheci outra pessoa. -Seus olhos brilharam quando ele disse isso, depois tomoumais uma taça de vinho numa golada só. -Não estou entendendo, é brincadeira né! - Levantei e procurei por alto, algumamigo que poderia estar filmando a pegadinha para postar na internet. -Jibely! Senta, é sério. Resolvi contar em um lugar público justamente pra vocênão fazer cena. - Em vez de dizer olhando nos meus olhos, ele olhava minha aliança,que eu alisava com a ponta do dedo indicador. -Quem é ela?- Meus olhos ardiam, minha alma tentava ficar em paz até que eleterminasse, mas estava difícil segurar. -Não importa quem ela é, mas estou oficialmente, terminando nosso noivado equero a...- Ainda olhava minha aliança quando completei a frase automaticamente: -Aliança! Ahh! Quer a aliança baby? Pra dar pra nova namoradinha? Então vempegar! -Peguei minha bolsa que estava embaixo da cadeira e corri em direção acozinha do restaurante. Ryan vinha logo atrás furioso, mas quem deveria estar com raiva era eu..bom e eu

estava,e com muita naquele momento. Um fato sobre mim: Quando estou nervosa meu sangue sobe pra cabeça, meusolhos ardem e dão aquela piscadela de um lado só, que somente os psicopatas emfilmes dão, antes sair matando todo mundo. Se o Ryan me conhecesse bem, terianotado a minha piscadela 1 minuto antes de eu abaixar e pegar minha bolsa. Chegando na cozinha, fui barrada por um garçom que estava saindo e que(infelizmente) teve de levar um chute em suas fraquezas de homem. Ryan chegava perto quando entrei na cozinha fechando a porta atrás de mim. Procurei a maior panela que tinha ali e joguei a coisinha dourada. Uma pena queninguém viu, o Chef da cozinha estava hipnotizado enquanto provava um prato,fazia uma cara de satisfação... e os outros garçons corriam de um lado para o outroempilhando pratos nas mãos e braços, se preparando para a entrega dos pedidos. Dei uma risadinha e virei rápido batendo bruscamente em algo. -Jibely, o que você fez? Eu sabia que era doida mas não tanto! - Seus olhos nãome olhavam, olhavam agora sem brilho algum, uma imensa panela de algo que pareciaser molho de carne. -Claro! O seu ego de homem ficaria mais feliz se eu ficasse choramingando namesa de jantar enquanto comia a sobremesa regada a lágrimas. MasNunca...NUNCA! -Virei as costas pra ir pedir desculpas ao garçom atingido pelosmeus joelhos. -Sabe que posso pagar pela panela inteira e pegar minha aliança de volta não é? -Ryan deu aquele sorriso soberbo que vinha dando ultimamente, desde que foipromovido na empresa de seu pai. -Mas eu não tenho dúvida disso, e depois de pegar seu "precioso" aí, faz o favorde explicar à nossa família e aos convidados que não vai haver mais casamento. Elesnão tem culpa da sua estupidez. -Por dentro eu queria chorar, mas por fora euapenas sorria ironicamente. -Farei com o maior prazer. -Me deu uma piscadinha e foi conversar com o Chef. Pensei em quanto a aliança devia valer, pra ele a colocar por cima de meussentimentos. Talvez ele nunca tenha me amado de verdade. Que homem termina comalguém nas vésperas do casamento? E por uma outra mulher? Ok! Ingenuidade minha, milhões devem fazer isso todo ano, mas nunca pensamosque nós seremos as próximas a entrar nessa estatística.

Me desculpei com o garçom, que estava sentando num canto do restaurantechoramingando e perguntei se ele ficaria bem: -Sim, estou acostumado a levar joelhada de uma mulher furiosa e linda da tribo dascabelos de fogo. Isso acontece todo dia, não se sinta especial. -Rimos ao mesmotempo. Pelo menos ele tinha humor. Expliquei tudo o que houve e ele entendeu o meu ato de fúria , fui embora com seunúmero de telefone, prometendo me redimir com ele de alguma forma. Não me lembro como cheguei em casa, devo ter ido no modo automático. Masinfelizmente eu tive que ver o Ryan mais uma vez naquela noite infeliz quando eledescobriu que joguei uma moedinha de 10 centavos dourada na panela. Acabara de chegar em casa e ainda estava fervendo de raiva. Ele entrou sem avisarpois tinha a chave: -Sabia que tive que pagar uma fortuna daquela maldita panelada de molho, praencontrar míseros 10 centavos lá dentro? -Sentou no sofá da sala e jogando a moedaem cima de mim. Eu ri. Jamais demonstraria minha tristeza pra ele. Não conversamos muito, ele sóqueria pegar a aliança e ir embora. Sim eu devolvi a aliança. Mas infelizmentee pudesse me impedir, corri e a enfiei na caixinha de areia domeu gato, bem no meio de um cocozinho sinistro do Veludo. Ryan enfiou a mão lá dentro e foi embora furioso dizendo que nunca mais falariacomigo e que acabar o casamento antes do casamento de fato, era a melhor coisa queele estava fazendo na vida. Mas não era eu que devia estar brava? Quando meu sangue esfriou e tropecei numa caixa de presente de casamento queestava na sala, junto com outros presentes que eu teria de devolver, o choro foiinevitável. O que eu diria pro meu pai e pra minha mãe? Abracei Veludo que ronronava bem baixinho em meio as minhas lágrimas. O leveipara o quarto, deitamos na cama e enquanto ele afofava o cobertor eu dissedesconsolada: -Agora somos só você e eu! Boa Noite querido.

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Capítulo 2- Bela Manhã

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Atualmente Enquanto leio as atualizações de viagem dos meus pais, seguidas de fotosmaravilhosas que postam em tempo real na rede social, sinto uma vontade de olhar apágina do Ryan que me faz fechar o laptop bruscamente. -Sai de mim encosto! -Falo pra mim mesma em voz alta, fazendo um sinal dacruz. Não quero vê-lo feliz. Faz exatamente 1 ano que ele terminou o noivado e depoisdaquele dia horrível, soube que a “outra pessoa” que fez o Ryan terminar comigo,era a Júlia, minha até então melhor amiga e madrinha do nosso casamento. -Falar sozinha não é bom sinal Jibs! -Minha irmã Cibely aparece na minha frenteassoprando uma enorme xícara de café com leite. -Que susto Cibs! Parece um fantasma. -Rio sem graça deixando o laptop namesinha de centro da sala. -E aí, eles estão bem? -Me entrega a xícara, em meio a um bocejo. -Não estava espiando o Ryan e a Jú, que isso!- Fico ofendida com a pergunta. -Dã! Estou falando dos nossos pais, esquentadinha.-Cibely corre e pega o laptopsentando no sofá xadrez, que fica de frente ao que eu estou. Cibely veio morar comigo para meus pais não se sentirem culpados por deixar apobre donzela indefesa sozinha em casa. Ganharam de presente de Bodas de Pérola, um cruzeiro pelo mundo. Até entãoeles só tinham feito cruzeiros pelo Brasil, desde que se aposentaram resolveramcorrer atrás do tempo perdido, e estavam certos. Uma vida inteira dedicada a cuidarbem de nós duas merecia uma gratificação.

-Jibs, eles estão mais que bem, olha o beijão que papai deu na mãe! Eca! Eca! Eca!-Cibs faz uma careta enquanto fecha o laptop. -Parecem dois recém-casados. Como conseguem depois de 30 anos? -Tomo umagolada de café com leite que está divino. -É o amooooooor! -Ela fala cantarolando e pegando a xícara da minha mão. -Ei, não terminei de tomar!- Saio correndo atrás dela que segue para a cozinha. -Eu ia pegar mais pra você, quer torradas? -Cibs adora perturbar minha vida. -Quero sim, o dia vai ser longo. Já já o Martin vem me arrastar pra trabalhar. -Falo enquanto mordisco a torrada. -Agradeça que ele seja assim, depois que o contratou como gerente a Máscara deCetim cresceu muito, os contatos dele são sempre quentes. -Minha irmã parece umaempresária falando, de onde vem tanta maturidade? Mas é verdade, Martin salvou meu último ano que tinha de tudo pra ser trágico.Ryan parecia gostar mais da minha loja que de mim, tanto que pra me provocarcomprou uma loja pra sua namoradinha Júlia, e sua irmã Juliana bem em frente aminha. O ridículo ainda deu a sugestão do nome “DasJu”, nome que tenho que ver todosos dias quando estou trabalhando. Até hoje não entendo porque a Júlia não mecontou que estava tendo um caso com ele. Afasto os pensamentos imediatamente,não quero me aborrecer. Mas Cibely tem razão, o Martin Rosa deu vida a loja, que era somente uma lojade venda e aluguel de fantasias, obviamente tendo mais movimento nos Carnavais,Festas Juninas e Halloweens. Assim que o contratei, há uma ano, ele fechou contrato para aluguel das Fantasiascom um grupo de Teatro que era composto de amigos dele mesmo. Depois estegrupo deu nossas referências para uma produtora de moda que garimpava este tipode peça para produções de filmes e TV. E uma coisa levou a outra. -É verdade, e é por isso que ele vai ganhar “aquele” presente hoje. Faz exatamente1 ano que nos conhecemos e vamos comemorar. -Digo animada me levantando pracolocar a ração do Veludo que já está arrastando seu corpo fofo nas minhas pernas. -Ele vai ficar muito feliz. -Cibs dá pulinhos de alegria feito criança. -Vai sim, passe na Máscara de Cetim às 20hs. Se você não aparecer ele vai

desconfiar. -Cibs adora conversar com Martin, talvez seja ele que esteja ensinando aela tanto sobre Negócios. Sempre que sai da faculdade dá uma passadinha lá pra me ver e no final é só praconversar com ele. Não demora muito e Martin chega enquanto eu corro resmungando pela casaprocurando o celular, quando ele começa a tocar o encontro, atendo e é o meugerente, que ri junto com Cibs logo atrás de mim. -Agora podemos ir Flor? A pontualidade é a alma do negócio.- Está impecávelcomo sempre, me olhando de cima com seus enormes olhos azuis. -Pensei que fosse a propaganda! - Digo provocando meu melhor amigo. -Propaganda já temos amor, agora vamos? Beijinho Cibely Flores! -E já está meapressando em direção a rua enquanto dá uma piscadinha pra minha irmã. Paro antes de entrar no carro dele. Respiro fundo e olho tudo a minha volta, o diaestá lindo, um ventinho gostoso balança meus cachos em todas as direções. Sorriosozinha, alheia ao mundo. Um momento de felicidade pura. -O que foi Jibely? Tudo bem? -Com expressão preocupada Martin abre a porta. -Tudo, é que está uma Bela Manhã, não acha? É fim de Maio, em pleno Outono o dia não poderia estar mais lindo e daqui há 2dias estaria completando 1 ano de casamento. Mas a comemoração hoje será outra. -No que está pensando minha lady? -Martin não se vira pra perguntar enquantodirige atento pelas ruas esburacadas de São Paulo . -Em como nos conhecemos, faz 1 ano hoje lembra? -Olho forçando um sorrisoamigável. -Como poderia esquecer? Fiquei uma semana inteira com dor nos 'países baixos'! -Fala torcendo o nariz, dando uma olhada pra mim. -E no dia seguinte te liguei pra me desculpar mais e te oferecer um emprego semao menos te conhecer direito.- Balanço os ombros cheia de orgulho. -O melhor emprego da minha vida, estava cansado de ser garçom só pra pagar meucurso de moda, pfff, e você nem sabia disso. -Ele sorri mostrando seus dentesbrancos. -Como diria a Cibely, foi um toque de sorte! -Olho com ternura agora, agradecidapor tê-lo em minha vida. -Cibely é um caso pra NASA analisar, desde quando ela tem tanta sorte assim?-

Ele indaga curioso. -Desde que tinha uns 10 anos, quando participou de um bingo na igreja, tiveramque pedir pra ela parar de comprar cartelas pois estava levando tudo: jogo de panosde prato, talheres, almofadas e até um liquidificador. Minha irmã deve ser umabruxa.- Faço uma careta fingindo atacá-lo. Meia hora depois chegamos a minha loja. Faço de tudo pra não olhar as irmãsDasJu. Martin abre a porta do carro velho pra mim, a porta sempre emperra do ladodo carona, e desde que o conheci é assim, nunca parei pra pensar se ele a abre porisso ou se por puro cavalheirismo. -Vamos amor? Vamos aproveitar essa Bela Manhã pra trabalhar! -Faz um gestoestranho me oferecendo seus braços pra apoiar os meus, como um belo casalentrando na igreja.É nossa piada interna pra provocar as irmãs metralha que sempre saem curiosas pranos espiar. Graças ao Martin que acompanhou todos os meus dias ruins depois do “Não-Casamento”, elas nunca puderam sentir o sabor da vitória, pois ele nunca deixou. E por isso além de gerente, se tornou meu melhor amigo. E por isso receberá um presente meu hoje a noite por puro merecimento.

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Capítulo 3- Maravilha

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Máscara de Cetim A loja de Fantasias fica num bairro muito conhecido, onde lojas e mais lojas deNoivas e Noivos, Trajes a Rigor e etc, desfilam por toda a rua, e a minha Máscarade Cetim é a ovelha negra da família das lojas de Noivas e afins.

Rebelde, vende de fantasias a trajes de festas, de grinaldas a perucas de mortícia,de vestidos de princesa a de noivas que querem sair do famoso branquinho-champanhe-básico. Quando conheci Martin, fazia pouco mais que 6 meses que tinha comprado a lojae ainda estava conquistando os clientes. Apesar de Ryan querer que euvendesse só os clássicos vestidos de noiva, eu disse que estava pra nascer homemque mandaria em mim. Antes da loja, trabalhava com máscaras e acessórios pra festas, só que vendia pelainternet as peças que eu mesma fazia. E pra complementar a renda trabalhava desecretária e telefonista por meio período. Devido a meu humor-que-não-leva-desaforo-pra-casa não ficava muito tempo nosempregos. Aprendi tudo sozinha, começando como um hobbie, depois como terapia.Eu precisei de terapia aos 17 anos. E unir o útil ao rentável foi questão de tempo. Mas conforme os pedidos foramaumentando, comecei a comprar peças de outras pessoas e revender por um preçojusto. Depois de 5 anos juntando uma grana, comprei a tão sonhada loja. Mas foiMartin com seu sorriso largo e paciência infinita que deu alma ao lugar. E quando eume exaltava com algum cliente, ele me levava gentilmente ao escritório e mandavacontar até 10 e que só saísse dali quando ele chamasse. Não sei porque mas ele tem um poder incrível sobre mim. -Vou arrumar uma papelada ali no escritório. Quer que eu faça um café?- Digosoltando minhas mãos dos braços dele. -Quero sim, já já as meninas chegam e eu preciso estar alerta. -Martin amarra ocabelo que já chega aos ombros, num elegante rabo de cavalo. Ele é muito atraente. Como a loja crescera no último ano, somente nós dois não conseguimos atender atodos com qualidade então tivemos que contratar 3 vendedoras no fim de ano, assimMartin conseguia dar atenção a todos. E elas acabaram sendo efetivadas.Cuido da parte burocrática, encomendas, pesquisas, vendas OnLine entre outrascoisas. Não tive motivação de criar mais nada depois de Ryan terminar comigo. Mas o que ele adora mesmo é quando alguém não entrega alguma peça alugada, eeu tenho que fazer a cobrança pelo telefone. Segundo ele, pressionar as pessoas é

meu dom. Deixo a máquina fazendo o café sozinha lá na copa. No escritório tiro a echarpecolorida do pescoço, a dobro e amarro nos cabelos como uma faixa. Me sento emfrente ao computador. Cibely já havia deixado algumas mensagens no meu email, talvez por medo dedeixar mensagem via celular e Martin acabar lendo. -OQUE? AI MEU DEUS! Esse era seu presente misterioso? O Martin vai ter umfilho de alegria se você conseguir organizar tudo isso a tempo. -Eu tento não gritarno celular. “Vou pegar hoje, mas se levar para o jantar, ele vai fazer perguntas, então émelhor deixar para o Ricardo trazer depois que já estivermos dentro dorestaurante.” -Ok. Ele vai amar, que sorte dele ter me conhecido bem no dia do aniversário.-Falo com nariz empinado imitando a nojenta da Júlia. “Um toque de sorte do destino. E o Ricardo comprou o presente dele ontem, atéesqueci de te contar mais cedo. Fui com ele depois da Faculdade, é coisa de cair oqueixo.” Cibs adora me deixar curiosa. -E o que é? E ele chamou todo mundo pra festa surpresa?- Pergunto quaseassoprando para o Martin não aparecer e estragar tudo. “Surpresa! Não conto. Bom, ele chamou os amigos do curso de moda, os dorestaurante, e alguns do teatro.” Cibely é a melhor amiga de Ricardo. Juntos já trouxeram muitos clientes àprocura de roupas de qualidade para as festas à fantasia da faculdade ou deaniversário de algum amigo. -Qualquer coisa manda email ou liga, e veja se tem ração e água pro Veludo. -Lembro minha irmã, das responsabilidades com meu filho de 4 patas. “Pode deixar. Veludo é meu reizinho, foi eu que o achei e te dei, já esqueceu? “

Cibs sempre me lembra disso. Levo o café para Martin que já está em reunião com as vendedoras, todossentados em volta do balcão,antes que cheguem os clientes. Ofereço a elas também junto com algumas rosquinhas de nata onde me olhamassustadas, geralmente são elas que fazem o café ou chá para aguentarem firme o diaagitado, oferecer aos clientes, puxarem o saco do Martin. -Hoje é aniversário dele meninas! Vamos mimá-lo bastante, está bem?- Dou umsorriso proposital para parecer o de um psicopata planejando algo maligno. -Parabéns Martin!-As três felicitam num coro único. Parecem trigêmeas. -Parabéns meu lord! O jantar está de pé né?- Digo abraçando meu amigo. -Está sim, como poderia deixar de comemorar esta data duplamente importante. -Debocha revirando os olhos. Assim que elas começam a trabalhar, ele me olha de canto e fala entredentes: -Vai assustar as meninas até quando Jibely? -Permaneceu sentando decidindo sequeria mais café. -Eu não resisto. Elas me olham como se eu fosse a Chefe daquela moça, daquelefilme, como era mesmo o nome? -Procuro na memória o nome. -Miranda Priestly, do livro que virou filme “O diabo veste Prada” -Dessa vez meolhando procurando a semelhança. -Esse! Mas só você sabe que eu não mordo, deixa elas pensarem. Demoro umtempo a me acostumar com as pessoas. -Tomo mais um gole de café, -Não demorou a se acostumar comigo mocinha. -Ele levanta e me abraça por trás,entrelaçando suas mãos no meu colo. -Você é meu anjo da guarda, não conta. -Sorrio agradecida passando minhas mãosem seu braço, dando um tapinha acolhedor. -A Miranda não ficaria bem com este cabelo vermelho, humhum.. -Martin veio aomundo pra me fazer rir, só pode. -Engraçadinho, agora vamos trabalhar, já que me arrastou até aqui hoje.- Falofazendo beiço de coitadinha. -Você é a chefe, deveria madrugar aqui. Já se passou um ano, é hora de seguir emfrente. -Ele estufa o peito e segura uma caneta como se fosse um microfone econtinua -Passou da hora de conhecer outras pessoas.

-Você é um péssimo palestrante. Tenho que dizer. Aliás, eu odeio os homens,esqueceu? Quero todos bem longe de mim.- Tiro os farelinhos da roupa e mepreparo pra voltar ao trabalho. -Eu sou homem e você me adora. -Falou pelas minhas costas indo pra frente daloja. -Você não conta baby!- Dou uma piscadinha de longe e sigo rumo ao escritório. As horas voam enquanto estou enfurnada lendo documentos. Ouço batidas naporta e mando entrar. É uma das vendedoras, Clarice.Faço sinal que entre: -Dona Jibely...é que...eu queria dizer...é...vai ter uma festa de casamento de umaamiga...e eu queria saber....-Clarice olha pra baixo me deixando mais nervosa. -Você quer um vestido emprestado?- Desembucho pra ela. -Como sabia? É sim, bem, seriam três...-Ela parece engasgar. -Pra você, Glória e Stefany?- Fácil de adivinhar, elas já eram amigas quandovieram entregar os currículos, todas no mesmo dia e hora. -Sim, a gente promete que vai tomar cuidado com eles.- Ela já parece se sentirmais a vontade comigo. -Eu não duvido disso, podem escolher depois do almoço. Mais alguma coisa? -Tiro a echarpe do cabelo e vou tomar um ar na janela próxima a mesa. -Era só isso! Vou contar pras meninas, obrigada mesmo! -Ela sorriu timidamentesumindo porta a fora. Devido a minha casca grossa, posso parecer chata e vilã aos olhos delas. Será queme acham uma chefe ruim? Martin se dá tão bem com elas, até quando tem de brigar,ele faz do jeito mais leve possível. Pra não espantá-las, pedi que ele resolvesse tudosempre com elas até que eu me curasse. Me sinto doente, mas não fisicamente. Mas Ryan e todos os outros antes dele deixaram uma mágoa marcada a fogo nomeu coração que não sara nunca. E Júlia, minha melhor amiga desde o ensino médio,me fez perder a confiança em amigas e contato amigável com outras mulheres.Somente Cibs e minha mãe ocupavam este espaço agora. Mas hoje, me senti tão feliz quando deixei o vento de Outono brincar com meuscabelos, pude ver pela primeira vez em 1 ano como os dias podem ser lindos.Como estar viva pode ser uma uma Maravilha!

Na volta para a loja, depois do almoço, dentro do carro de Martin noto que a Júliame dá uma olhada feia enquanto atravessa a rua, vindo em nossa direção. Mal saiodo carro e ela já despeja: -Jibely, que história é essa de ficar roubando as MINHAS NOIVAS? -Ela cruzaos braços e espera minha resposta. -Não preciso roubar nada, ao contrário de você que costuma roubar NOIVOS. -Dou uma risadinha enquanto Martin segura de leve a minha mão. -Isso não vem ao caso. Vi três das minhas noivas entrarem aqui essa semana, elogo depois elas cancelaram as provas dos vestidos. -Apesar de ser baixinha ela meolha de cima. Como isso é possível? -Aí não é culpa minha Jú-li-a. Quem manda vocês cobrarem tão caro por umvestido que a pessoa só usa uma vez na vida? -Dou as costas pra ela puxandoMartin comigo. -Agora chega Júlia, cada semana você aparece com uma reclamação. -Martin falasem alterar uma nota de sua voz macia. -Isso não vai ficar assim, ouviu Jibely?- Fala Júlia indo em direção a rua. -Ei, Júlia? Sabe que dia é hoje?- Dou a volta indo em direção a ela. -Não faço idéia. Dia de tomar vergonha na sua cara? -Ela estufa o peito sesentindo metros mais alta. -Não. Dia das Vadias que roubam os homens das outras e seu nome está lá notopo da lista. - Digo fazendo um coque com meus próprios cabelos. -Amor! Não se rebaixe a esta aí não. Ela vive de discórdia. -Martin já perto demim tentando me tirar dali. -Eu sabia que você ainda gostava dele Jibely, mas ele nunca será seu ouviu? - Elarecua conforme me aproximo. -Sua...me solta Martin! -Quando vou dar um tapa nela, Martin me puxa pelacintura e me carrega rumo a Máscara de Cetim. -Isso não vai ficar assim Júlia, suaidiota! Júlia toda semana vem com algo novo. Reclamar de clientes, do carro do Martinque já está velho e suja a "imagem" da rua de alto padrão. Já reclamou que ficoligando pra ela e desligando, sendo que nem tenho mais o número dela, nem doRyan. Reclamou da vidraça quebrada da porta da DasJu. Nada disso era coisaminha, (estive anestesiada no último ano e não queria nem olhar pra ela) mas hoje ela

teria motivo pra reclamar. -Jibs, conheço essa risadinha maligna. Vai aprontar alguma coisa? -Martin meservia um chá na copa. -Não querido, só estou pensando. Vou ficar bem. -Se eu contasse ele seria meucúmplice. -Não deixe isso estragar seu bom humor, está bem? -Ele me beija no rosto e vaitrabalhar. O resto do dia corre bem. Cibely já ligou umas três vezes, contando sobre quem iria, quem não poderia ir, eque eu fosse boazinha com todos. Termino de arrumar a papelada no fim da tarde . Martin libera as meninas às 18hs, que saem felizes com os vestidos escolhidospara o casamento de alguma amiga. Cibely chega às 19hs e Martin pergunta por que o Ricardo não veio junto. Eladisfarça dizendo que ele ficou fazendo um trabalho extra na faculdade mas queencontraria com a gente lá no restaurante. Nos arrumamos lá mesmo, faço um rabo de cavalo estilizado e uso a echarpe paracobrir meus ombros agora. Coloco um par de brincos que trouxe na bolsa junto comum colar combinando. Martin solta os cabelos e coloca uma tiara fininha. Desabotoa um pouco a camisapúrpura e dobra as mangas até o antebraço dando um ar descontraído. Cibely carrega na maquiagem e solta seus cabelos lisos e negros. Minha irmã estámuito linda.

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Capítulo 4- Rainhas da Noite

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King & Queen Restaurant Martin deixa seu carro estacionado em frente a loja a pedido meu e seguimostodos no carro de Cibely. Ela comprou recentemente assim que tirou a carta de

motorista. Morro de medo de dirigir e vivo a base de ônibus ou caronas. -Não entendi direito por que tive que deixar meu carro em frente a loja Jibely, aJúlia odeia meu carro velho. Ahhh...-Martin nem precisa perguntar mais e esquece oassunto. Eu digo que é pra provocá-la e é também, mas a minha vingança chegará no diaseguinte. Chegamos. Uma fila imensa pra estacionar nos atrasa. Mesmo assim chegamos aoKing & Queen Restaurant às 20:45hs. Tudo dentro dos planos. As mesas já estãodevidamente reservadas. Quando Martin entra pela porta principal já encontra seus antigos amigos daépoca de garçom que ainda trabalham lá. Recebe também um abraço do ChefArmand. -Eu lembro de você, é a menina que roubou um dos melhores garçons depois dejogar 10 centavos no meu prato de molho secreto... -Brinca o Chef me dando unstapinhas no ombro. -Minha culpa! -Digo levantando a mão esquerda como uma aluna que tenta falarcom o professor. -Bom, é a vida. Preciso voltar a cozinha e você ruivinha, fique bem longe de lá. -Fala num tom mais sério me fazendo corar. Os amigos garçons se despedem e prometem voltar à mesa quando o movimentodiminuir. Minutos depois Ricardo chega todo elegante e não está só. Com ele entram cinco amigos do curso de Moda de Martin (já concluído no fimdo ano passado) e sete do teatro que não faço a menor idéia de como se conheceram. Todos beijam e abraçam meu amigo e alguns trouxeram presentes também. Osgarçons juntam as mesas para ficarmos todos juntos. Dezesseis pessoas mais algunsgarçons que ficavam revezando na mesa. Ricardo foi o último a abraçá-lo desejando muitas felicidades. -Vamos pedir pois estou morrendo de fome. -Cibely diz batendo na barriga. -Geralmente as mulheres só comem alface pra fazer à linha.- Uma atriz supersorridente diz virando pra olhar minha irmã. -Eu não sou assim, estou sempre com fome e a comida daqui é divina! - Ela beijaos dedos fechados juntos jogando-os para o alto, exatamente como os chefs fazem. -Tem que ser assim, é muito chato sair com uma mulher que não come com a

gente. -Entra na conversa outro ator.Logo todos na mesa falam sobre as diferenças entre homens e mulheres na hora decomer. Meus pensamentos estão vagos durante o jantar, mas o dia é de Martin e ficofeliz por ele ser tão amado. Antes de pedir a sobremesa, todos dão uma pausa paratirar fotos e postar nas redes sociais. Hoje é tudo tão automático que quem não pode estar conosco fisicamente, pelomenos consegue ver as fotos em tempo real...enquanto eu brinco com umguardanapo. Cibely faz sinal pra que eu execute minha parte do plano. Bato numa taça comuma colher pra chamar a atenção de todos (sempre tive vontade de fazer isso desdequando vi uma vez em um filme) -Então, além de aniversário do nosso amado amigo, é uma data especial pra mimtambém. Martin sempre diz que eu que dei o emprego dos sonhos pra ele, mas naverdade eu que ganhei o melhor presente do mundo, tendo essa pessoa maravilhosana minha vida. -As lágrimas começam a escorrer. Martin manda um beijo de longe sorrindo. Continuo: -Por onde quer que passe ele deixa sua marca, e por isso todos estamos aqui hoje.Infelizmente o conheci de uma maneira trágica, e quero apagar essa lembrança hojejunto com vocês. Martin, isso não é um pedido, é minha última ordem como suachefe! - Faço sinal pra que ele venha até o meu lado da mesa. -Não estou entendendo minha lady, está me demitindo? -Ele fala nos meu ouvidobem baixinho. -Eu não sou mais sua chefe Sr. Martin Rosa, a partir de agora! -Digo alto entrelágrimas. Cibely faz sinal para o garçom ao lado dela ir buscar o meu presente sem queMartin perceba. E antes mesmo que ele pergunte se eu estou brincando, o garçom traz um imensobolo . Todos começam a cantar "Parabéns pra você". Mas é Martin que desaba no choro agora, depois de ler as palavras escritas comglacê rosa, iluminadas pela vela soltando faíscas:

"FELIZ ANIVERSÁRIO AO NOVO SÓCIO DA'MÁSCARA DE CETIM' MARTIN ROSA"

-Jibely? Eu não sei o que dizer... -Meu amigo tropeça nas palavras. -Só diga que aceita, os documentos estão aqui, precisa assinar alguns e precisamosir juntos ao cartório, mas o primeiro passo é dizer "Sim minha lady". -Digoabraçando e dando um beijo no rosto dele. -SIM MINHA LADY! -Grita de felicidade agora recebendo abraços de todos. Antes de cortar o bolo, Cibely pede que todos se sentem. Fico desta vez, ao ladodireito do aniversariante e Ricardo fica com o outro lado. Cibely tira uma caixinha da bolsa e joga para Martin, que abre curioso. Ele levantao pequeno objeto pela argolinha e balança entre os dedos. -Florzinha, que lindo. É um chaveiro da miniatura do carro dos meus sonhosgente. -Ele fica feliz com o mimo de verdade. -Que bom, agora pegue esse.- Cibely joga uma caixinha bem menor agora. Meu amigo abre sem entender direito, Cibely sempre engana a todos quandobrinca. -Uma chave? - Ele a segura em uma mão e o chaveiro em outra. -Bem, já tem o chaveiro e a chave, quem sabe tenha um carro ali na garagem teesperando... -Ela diz em meio a um sorriso. -Você não fez isso Cibs? Estou ficando velho e não aguento tanta emoção... -Elediz suando e passando a mão no peito. -Vamos lá conferir, me dê sua mão. - Minha irmã anda pulando enquanto o puxapra fora. Todos vamos atrás. Ricardo o estacionou na garagem do restaurante, depois quechegamos ao restaurante, por isso a desculpa que estava fazendo um trabalho extra... -Ele é todo seu. Felicidades meu amigo. -Ela abraça um atônito aniversariante. -Dois sonhos meus no mesmo dia, será que eu mereço? -Ele engasga abrindo aporta. -Merece muito mais.- Cibely diz e eu concordo com ela. -Vocês são minhas Rainhas da Noite! Parece tudo um sonho. -Ele dá um tapinhaem sua face. -É de verdade sim. Deixa eu te beliscar! - Ricardo brinca.

Todos os outros amigos começam a felicitar Martin. Depois de minutos voltamospara comer o bolo e alongar a noite. -Eu conheci duas irmãs malucas. Meus Deus não consigo acreditar. -Martin aindaestá em choque. Enquanto comemos o bolo de morangos que está uma delícia, noto a ansiedadeestampada no rosto de Ricardo. Me pergunto qual o presente dele. Olho para Cibs eolho para ele e volto a olhar pra ela que faz sinal dizendo que está quase na hora. Cibely olha para Ricardo que faz sinal de positivo. Minha irmã se levanta e diz que precisa ir ao banheiro. Quando volta, exatamente dez garçons a seguem com uma placa nas mãos. Ela fazsinal pra Martin ficar quietinho e calado. Ela vai para trás deles e desvira umaplaquinha. É um sinal de interrogação (?), e Martin se levanta quando todosdesviram as plaquinhas ao mesmo tempo formando uma pergunta.

C-A-S-A- C-O-M-I-G-O ?

Ricardo está de pé. Tira uma caixinha de veludo verde e entrega a Martin que aabre rapidamente visualizando duas grossas alianças? Bem que a Cibs disse que opresente dele era incrível. -Então meu amor, quer casar comigo? -Ricardo chega mais perto do até entãonamorado. -Sim! Sim! Sim! Eu quero! -Martin dá um selinho em Ricardo e o abraça forte. Todos da mesa e do restaurante aplaudem a cena romântica. Me emociono. Estoumuito feliz por eles. Afinal eles se amam. Este foi um jantar de fortes emoções. E ainda é sexta à noite. Cibely que é incansável já convida a todos para amanhã à noite nos encontrarmosna Boate FireWorks para comemorar o noivado. Todos concordam. E assim vão aospoucos se despedindo. Armand vem mais uma vez em nossa loja para felicitar os pombinhos e desejarque sejam muito felizes. Ricardo vai pra casa com Martin, de carro novo, mas Martin bebeu demais, e vaino banco do carona. Cibs e eu vamos logo atrás no carro dela. Assim que passamos pela rua da loja, digo a Cibely que esqueci uma coisa lá e

peço para fazermos uma parada. Cibs fica no carro enquanto eu procuro o spray decabelo azul que Martin comprou para uma festa de Carnaval e acabou nem usando. Encontro. Está na gaveta de peças de reparos. Coloco o aerozol na minha bolsa esigo para o carro velho e lindamente branco, de Martin, estacionado em frente a loja. Na lateral do carro que está de frente para a Dasju escrevo em letras gigantes:

"TEM DUAS INVEJOSASME OLHANDO.

SORRY, BITCHES" Cibely me olha sem acreditar. Faz a cara da mamãe quando quer brigar e diz: -Boa! Elas vão surtar. -Isso é só o começo, a velha Jibely está de volta. -Digo entrando no carro. -Bem vinda de volta Jibs. O que te fez mudar? -Ela já coloca o cinto. -Me senti feliz hoje, apenas por sentir um ventinho nos cabelos. -Digo bocejando. -Legal! -Ela diz enquanto seguimos pra casa. Uns vinte minutos depois ela cutuca: -Sabe que o carro que você vandalizou vai ficar com o Ricardo né? -Ela nem meolha. -A milionária da família é você, manda pintar de azul... -Gargalho. -Mas você é a mais velha. - Ela rebate. -Ai, essa doeu! -Brinco. -Ainda odeia todos os homens do mundo? -Me olha dessa vez. -Quero todos bem longe de mim.-Faço sinal da cruz Finalmente chegamos em casa.

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Capítulo 5- Copo de Leite

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Casa das Flores É Sábado. Acordo tarde. Lembro apenas de chegar em casa e desmoronar na cama.Exausta. Veludo ronrona nos meus pés. Levanto e já sinto uma dor de cabeça chegando. Sigo para o banheiro aindatentando abrir os olhos. Encaro o espelho. Cabelo blackpower (confere). Maquiagem borrada (confere).Olheiras de panda (confere). Cara de quem comeu e não gostou (confere). Tiro os brincos, o colar e toda a roupa. Jogo no cesto de roupa suja e ligo a águabem quente quase esfolando a pele no chuveiro. Sempre me sinto bem em contatocom o calor. Penso que preciso de férias. Descansar um pouco a cabeça que por um ano sósoube trabalhar e sofrer pelo Ryan. Não admito para ninguém, embora todos saibamque foi muito doloroso além de perder o noivo ter que vê-lo sempre na loja da atualnamorada. Você se entrega para as pessoas e burramente espera que elas façam o mesmo por

você. Seja uma amiga ou namorado. Mas a verdade é que nem sempre na vida vocêvai receber na mesma medida. Como uma piada cósmica, acabei sendo a causadora do amor entre Ryan e Júlia.Sem mim eles nunca se conheceriam. E eu estaria bem melhor sem ter conhecidoestes dois. Me enrolo na toalha e coloco outra nos meus cabelos devidamente lavados. Adoro minha casa. É pequena, mas aconchegante. Ganhei de presente da vovóquando ela resolveu se mudar pra Minas Gerais depois da morte do vovô, e com otempo, a deixei com minha cara sem que eu precisasse me desfazer das coisas queficaram da minha avó. Ryan odiava está casa, queria morar de aluguel, e a besta aqui iria se afundar emdividas junto com ele, para manter "o nível". Mas Veludo adora morar aqui, e vejoque talvez tudo tenha mesmo um motivo para acontecer. Sei lá. Em meu quarto escolho um conjunto de moletom e meias para esquentar meu péconstantemente frios. Seco os cabelos com um secador e parecem ficar bem pioresdo que estavam antes, quando acordei. Faço um coque e coloco uma touca de crochê branca e está tudo certo para passara tarde em casa. Chamo Veludo para a cozinha. Cibely já está lá. Fazendo o café da manhã (datarde). Toda arrumada, maquiada e no salto!!! -Cibely, de onde vem tanta energia? Eu estou moída. -Falo mostrando minha carapra ela. -Deve ser a idade chegando...- Ela brinca. -Pior que deve ser, me sinto tão velha, cansada.- Sento na mesa...literalmente. -Não é isso, você só precisa de férias. Tem dado duro há mais de 5 anos e nuncadescansou. -Ela me entrega um sanduíche recém tirado do grill. -Sabe que eu pensei nisso agora pouco? - Mordo o pão que está crocante quasequeimando a boca. -Um cruzeiro te faria bem. Olha nossos pais... -Me oferece agora um pouco decafé. -Cruzeiro é para família ou casais, me sentiria pior que estou. -Lamento com ela. -Engano seu, tem cruzeiro para todos, solteiros, casados, gays, todos devem sedivertir. -Ela já sentada e comendo seu sanduíche.

-Como você sabe tanta coisa? É tão nova! -Olho indignada para ela. -Não sei, mas existe uma coisinha chamada internet, esqueceu? -Ela ri. -Então devo pesquisar mais...-Digo sem expressão alguma. Depois do café da manhã (da tarde), coloco a ração do Veludo e troco a água. Estátão frio que definitivamente não quero sair de casa, para nada. Cibely pelo contrário, sai o mais rápido possível e pergunta se quero algo doShopping. Ela me convidou ontem para ir ao cinema com ela e uns amigos mas eusabia que ia acordar péssima. Não tenho mais 18 anos. Cibely é uma boa companhia em casa, só discordamos em uma coisa: Ela acha quepreciso contratar alguém pra limpar a casa nem que seja uma vez por semana. Eumesma posso fazer isso. Não preciso pagar alguém pra fazer coisas tão simplescomo limpar a casa. Fora isso nos damos bem, ela diz que não é mais minha casa, é a Casa das Floresagora. E ela tem razão. Além do nosso sobrenome ser "Flores", no quintal, vovódeixou um pequeno jardim com um pouquinho de cada flor que ela encontrava pelarua ou floricultura ao longo de sua vida lá. No centro do jardim, que fica nos fundos da casa, tem uma rede, onde ela passavahoras lendo com o vovô. Confesso que fui poucas vezes lá no último ano, mas comoeles foram felizes aqui. Lendo com o cheiro das flores invadindo o olfato. Eu não tenho dom algum com o jardim. Mamãe é que costuma vir aqui quandonão está viajando e dá um jeito nas flores. A única exigência dela comigo é que regueas flores e plantas pelo menos uma vez por dia. Se chover, não precisa. Em meio a esses pensamentos, lembro até a minha flor preferida quando eracriança. Copo de Leite. O telefone toca. Sento no sofá xadrez da sala e atendo. É Martin Rosa: “Florzinha, o Ricardo acabou de buscar o carro lá na loja...” Ele faladevagar. -Martin, eu mando pintar, prometo, esqueci de avisar... -Me lembro da noiteanterior. “Não é isso! Amor? Vocês me deram tudo que eu sempre desejei ontem, acha quevou brigar pelo carro velho?”Ele continua com a voz séria. -Eu sei que Ricardo vai ficar com ele. -Digo mordendo os lábios ficando

preocupada. “Jibely! Ouça, ele disse que quando chegou lá, as irmãs DasJu estavaminconformadas com o seu "bilhetinho" e falaram pra ele que não eram invejosas,que você era criança, ele não deu muita corda e voltou pra casa. Vi que era a minhatinta de cabelo e passando sabão ela saiu.” -Que bom, se elas leram é o que importa. -Dou risada caminhando em direção aojardim. “Amor? Tem mais...agora a pouco recebi uma ligação da polícia.” Ele continua sério. -Elas chamaram a polícia por essa coisa boba? Mas o carro é seu, você que deveriase chatear não elas... -Sento agora na rede gigante. “Pior! Você não vai acreditar. A polícia ligou pra avisar que prenderam duaspessoas por pegá-las apedrejando a Máscara de Cetim.”Ele riu dessa vez. -Como é que é? -Tento assimilar repetindo as palavras na minha cabeça. “Elas estão detidas esperando o advogado do Ryan soltá-las.”Ouço Ricardo gargalhar ao fundo. -Mas Martin, isso não leva ninguém pra cadeia. -Falo ainda em choque. “Flagrante é coisa séria. E ainda por cima elas desacataram o policial, o quepesa ainda mais.” -Ele diz satisfeito. -Elas devem ter jogado tijolos então. -Concluo. “Bom, elas contaram a história do seu bilhete e mostraram a foto do carro masos policias me disseram que não constava o nome delas e nem o carro era delas, amensagem seria uma carapuça. Iria servir em quem a colocasse. Eu disse quepodia ser coisa das duas até, pois uma delas a traiu com o seu próprio noivo nasvésperas do casamento e agora ficavam inventando histórias pra te irritar. Opolicial disse que a minha versão fazia mais sentido.” -Bom, não vou ter que ir na delegacia né? Estou exausta! -Digo já sentindo umventinho soprar meu nariz. “Não. Pelo que o policial disse, elas vão ter que pagar pelo prejuízo da loja edependendo do humor do delegado elas podem sair na Segunda... se o advogado

for bom.”Ele me acalma. - Mas a Júlia que começou, você viu ontem. -Eu tento fazer meu ato parecer algonobre;“Por isso te entendo amor. Mas cuidado com elas, elas vão voltar 'viradas nogiraya'”Ricardo gargalha ao fundo mais uma vez. -Tá bem. Ahh, e será que vocês se importam se eu não for a boate hoje? Nãoestou me sentindo bem hoje... -Falo massageando a testa com a outra mão. “Jibely! Tudo bem, de qualquer jeito ninguém consegue conversar com aquelamúsica toda. Mas a After será na sua casa ok?” Ele não pede, ele ordena. -Sim senhor! Acho justo! - Me levanto da rede e corro pra sala. “Mas mudando de assunto, obrigado pelo presente, obrigado pela confiançaJibely, eu vou dar tudo de mim pela loja. E sua irmã? Ela é maluquinha! Falei umavez só com ela que eu sonhava com aquele carro azul metálico e ela quase me fazenfartar assim?” Ele fala embargando um choro. -Você mereceu e merece muito mais. E ainda ficou noivo do seu bofe! Já pensaramquando vão juntar os trapinhos de luxo? -Pergunto. “Seria bom ser logo. Ele praticamente mora aqui e já estamos há uns 3 anosjuntos.” Ele diz suspirando. Engraçado é como minha irmã conheceu o Ricardo. Quando contratei o Martin,minha irmã disse logo de cara: "Peraí, você não é o namorado do Ricardo?" eMartin respondeu: "Fala sério que você é a famosa Cibely?". Ela explicou que quando tinha uns 16 anos começou a namorar o Paulo. E Paulo aapresentou à sua família, dentre eles, Ricardo então com 26 anos que já cursava

Veterinária. Como seria o curso que Cibely queria fazer quando prestasse vestibular,passou a grudar no Ricardo e se tornaram bons amigos. O namoro com Paulo durou meses, mas a amizade com Ricardo se mantém firme eforte até hoje. Nesse tempo ela viu muitas fotos do Martin Rosa que Ricardomostrava, mas nunca o conheceu pois ele estudava Moda e trabalhava direto norestaurante. Muitos desencontros impediram de se conhecerem. Parece que algumas coisas acontecem mesmo contra nossa vontade. Se não fosse onamoro com Paulo, Cibs não conheceria Ricardo. Se Ryan não terminasse o noivadoeu nunca teria "atropelado" o Martin com meu joelho. Começo a acreditar no "Efeito Borboleta" ele acontece todo o tempo. Talvez eutinha que conhecer o Ryan e a Júlia mesmo. Sem eles sabe-se lá quando euconheceria Martin. Assim como Cibely que nunca o conheceu até então. -Não perco esse casamento por nada! -Falo sentando novamente no sofá. Conversamos mais uns minutos sobre outros assuntos até que ele desliga. Nemquero ter a curiosidade de ir ver o estrago que as DasJu fizeram nos vidros daMáscara de Cetim. Elas que começaram. E estou me sentindo mal do estômagohoje. Desvio o pensamento delas e procuro um vasinho solitário de mesa nos armários.Acho um da vovó cor de creme. Corro até o quintal e corto uma flor Copo de Leite.Já na cozinha encho o vaso com água e coloco a flor. “Preciso enfeitar essa casacom flores mais vezes” digo em voz alta pra mim mesma. Sinto uma queimação no estômago e aproveito pra encher um copo com leite bemgelado. Dou risada da cena e digo tin-tin pro vaso a minha frente. Agora chega de novidades. Deito no sofá e tento dormir um pouco agarrada aoVeludo que ajuda a me esquecer.

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Capítulo 6- Camomila

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Uma visita ácida Acordo com Cibely entrando em casa. Ela diz alguma coisa rápido demais que nãoentendo. Ligo a TV e coloco mais uma almofada nas costas. Veludo levanta em meucolo só pra mudar de posição também. A TV diz que são 20hs. Definitivamenteapaguei. Meu estômago ainda queima um pouco, mas sei que não foi culpa de nenhumacoisa que comi. É tudo emocional. Coloco veludo no sofá e me arrasto pra cozinhaem busca de saquinhos de chá. Cibely aparece de banho tomado dentro do seu roupão rosa de bolinhas. -Alguém pra fazer um chá agora não seria nada mal.- Admito olhando pra ela. -Quem é você e o que fez com a minha irmã?. -Ela brinca fazendo cara de susto. -Hahá! Voltei a ser a velha-Jibely-de-guerra ontem mas me sinto exausta por isso.Parece que até agora eu só estava bloqueando meus sentimentos com a raiva. -Digoabrindo a torneira. -Eles só estão aflorando, deixa eles virem, depois jogue tudo fora. Quer que eufique com você? Posso ligar para o Martin e explicar... -Ela se preocupa. -Não, pode ir. Vou ficar bem. Um chá de Camomila é tudo que preciso. -Já colocoo bule no fogo. -Tem comida na geladeira, é só esquentar. Se quiser posso pedir comida chinesa,pizza...-Ela enumera uma enorme lista de fast food. -Estou bem, e eu que devo cuidar de você, não você de mim. Não sou a maisvelha?- Resmungo. -Isso está ultrapassado e ontem eu estava brincando. Cuida quem estiver commais energia. Até vovó deve estar com mais energia que você. -Ela dá aquelarisadinha esquisita. -Cibs!! Pára de ser terrível! Aliás, estava pensando uma coisa...O Ricardo é amigoseu há mais tempo que o Martin, ele não ficou com ciúmes por você ter dado umcarro para o noivo dele? Digo, sei que ele fica feliz pelo Martin, mas lá no fundo...-Coloco a água quente numa xícara junto com o saquinho. -Ahh, eu conversei isso com Ricardo, quando falei que iria dar um carro para os

dois, ele disse que não precisava pois Martin ganhando o que desejava, ele ficarianuma boa com o carro velho. -Ela diz enchendo uma xícara pra ela também. -Isso que é amor. Mas mês que vem é aniversário dele e no outro ele se forma. Jápensaram em trabalhar juntos no futuro? Numa clínica veterinária? -Falo sorrindoenquanto assopro minha xícara. -Já! Ele já está terminando e eu ainda tenho vários semestres pela frente, mastrabalhar com meu amigo seria maravilhoso. Ele diz que vai trabalhar num HospitalVeterinário até juntar dinheiro e montar uma clínica. - Cibely diz como se realmentepensasse muito nisso. -E se é isso mesmo que você quer, que tal investir um pouco dos seus milhões emalgo que lhe traga retorno no futuro?- Digo de uma vez preocupada com seu futuro. Só de beber o chá já sinto meu estômago se acalmar. -E já pensei nisso também, bobinha, já reparou que na nossa rua não tem nenhumaclínica veterinária há alguns anos? E que a Clínica Odontológica está a venda? -Elame olha vencedora. -Não sabia. Hum, somando um mais um acho que são dois! -Faço careta revirandoos olhos. -Papai já viu tudo isso pra mim antes de viajar, e talvez em 6 meses teremos umaClínica novinha pra cuidar do Veludo e de seus gatos, cachorros e papagaios amigos-vizinhos. -Ela faz gesto de tiro com os dedos em minha direção. -Ok, você venceu. O que mais perdi nesse último ano? Parece que não participeimuito do mundo ao meu redor.- Afundo minha cabeça na mesa da cozinha. -Pouca coisa. Mas não foi culpa sua. -Ela me dá uns tapinhas e depois um beijo. Conto tudo sobre a ligação do Martin mais cedo, sobre a prisão das irmãs DasJu eCibely se diverte imaginando a cena. Dizendo que elas vão querer meu sanguequando voltarem. Eu concordo com isso. Cibs vai para o quarto se arrumar e eu fico estirada na sala mudando de canal comuma mão e uma xícara de chá de camomila na outra. Paro em um canal de fofoca quefala sobre um ator que Cibely adora. Eu odeio sem mesmo conhecer nenhum trabalho dele. Não gosto de novelas. Ealguns atores que fazem de tudo pra aparecer me dão ânsia. Este parece ser umdeles.

George Flox. O mais novo galã queridinho das mulheres. Antes mesmo que eu mude de canal, Cibely já aparece como um fantasma paraassistir. Dizem que com o fim da novela Corações Sangrentos, o ator lançará um concursoentre as fãs e quem ganhar vai poder passar 7 dias inteiros com George Flox, ondequer que a pessoa vá, ele irá também. Olho pra Cibs e olho pra TV e nesse momento ela olha pra mim e diz: -Sim, eu vou participar! Imagina 7 dias com esse gato? -Ela pula enquanto anota onome do site que disponibilizará as inscrições. -Droga! Tudo que você participa acaba ganhando Cibely!! -Digo já imaginandoesse ator pela casa. -Não é bem assim! Tem vários que não ganhei. -Ela nem me olha. -Mas ganhou os que davam os melhores prêmios. -Tomo mais chá agora praacalmar minha mente. Ela termina de se arrumar e sai para a boate FireWorks. Não demora muito acampainha toca. Atendo e é o entregador da padaria 24h que tem aqui perto de casa. -Sua irmã encomendou isso pra você. Estão quentinhos. -Ele diz me entregando opacote. Agradeço. Já dentro de casa abro o pacote e o cheiro invade a casa. Pães de queijoquentinhos que vão adorar conhecer meu chá de camomila. Até Veludo acorda com ocheirinho de Minas Gerais da vovó. Ela sempre fazia pão de queijo quando íamos visitá-la aqui mesmo nesta casaquando éramos crianças. A campainha toca de novo e imagino ser o entregar com mais pães. Abro o portão com a boca cheia de um pão de queijo e quase engasgo quando vejoquem é. Ryan está parado em pé no meu portão com cara de quem chupou limão. -Que desprazer! -Digo com a boca cheia. -Falando de boca cheia! Que deselegante. -Ele alfineta. -O que você quer? -Digo abrindo a boca pra ele ver todo meu pão de queijo sendomastigado. -Vejo que você amadureceu tanto quanto uma criança de 4 anos. -Ele vira o rosto. -Diz logo o que quer Ryan, tá frio aqui fora. -Digo esfregando as mãos.

-Eu jurei que nunca mais voltaria aqui, mas o caso é urgente. -Ele tenta entrar ecoloco a mão na frente. -Você nunca cumpriu suas promessas mesmo. -Debocho. -Deixa eu entrar, não vou demorar. Prometo. -Ele sorri. -Nem pensar! Se for sobre o ataque de vandalismo de sua namorada e cunhada emminha loja, prefiro que fale com o meu advogado. -Falo ajeitando minha touca comuma mão enquanto a outra o impede. -Não vamos colocar advogados no meio disso. Vim a pedido delas. -Ele entraquando retiro a minha mão, o frio esta a favor dele. Vejo que meu sábado vai acabar mal. Estava indo tão bem. Ele entra como sefosse dono da casa e senta no sofá. Começa a acariciar o pelo negro e macio deVeludo. Ele sempre foi bom com o meu gato. Menos comigo. Foca Jibely. Penso comigo mesma. Foco. Sento no sofá oposto ao que ele está e pego mais um pão de queijo. -Não vai me oferecer um pão de queijo? -Ele olha para o saco cheio deles. -Nem pensar! Aliás, toma este aqui. -Lambo o pãozinho lentamente com a línguapra fora e ofereço. -Você nunca me negou pão de queijo Jibely, os da sua avó eram... -Ele começa ojogo de chantagem. -Você nunca tinha me traído antes Ryan, vai começar? -Já aumento um tom. Ele engole em seco. Raspa a garganta e pega o Veludo no colo. -Senti saudades desse amigão aqui.- Ele passa a mão na barriga do meu gato. -Problema é seu! -Esnobo. Ele me olha respirando fundo. Eu pego mais um pão de queijo, estão deliciosos. -Que seja. Como já deve saber, devido a sua infantilidade de deixar recadinhos praminha namorada, ela teve um ataque de nervos e apedrejou sua loja junto com minhacunhada Juliana. -Ele aguarda alguma reação minha. -Já estou sabendo. Prossiga. -Olho com indiferença pra ele. -Então, elas estão detidas e só conseguimos liberá-las Segunda-feira a tarde. Masnão quero que minha namorada passe dois dias na cadeia. -Ele parece sem graça. -Nem é cadeia Ryan. É delegacia. -Digo rindo. -Mas tem uma maneira de soltá-las hoje ainda. Você só precisa ir lá comigo e dizer

que perdoa o ato delas, nem quer prestar queixa e que foram amigas, que vãoresolver o problema de maneira amigável. -Ele despeja tudo em cima de mim. -Não vou mesmo, sair da minha casa, do meu sábado, do meu pão de queijo pra irnuma delegacia...com você!!! -Levanto indignada. -Você deve isso a elas. Você as chamou de invejosas, conheço sua letra Jibely.-Ele ameaça. -Mas a Júlia te contou que foi me perturbar ontem no meu trabalho dizendo queestou roubando clientes delas e que ainda gosto de você? -Aumento mais um tom daminha voz. -Ela não me contou isso. -Ele parece sincero. -Então vamos pra cozinha tomar um chá de camomila que te conto tudo. -Façosinal que me siga. Na cozinha sirvo um chá pra ele, mas digo pra não se acostumar pois ainda oodeio muito. Ele pega um pão de queijo enquanto presta atenção quando conto tudoque Júlia vem fazendo pra tentar me irritar. Ele fica indignado e apesar delas contarem o oposto,ele conhece bem quando estoufalando a verdade. -Eu não sabia disso Jibely. Também nunca quis trazer esse transtorno todo prasua vida. -Ele lamenta olhando o líquido dentro da xícara. -Até hoje não entendo por que largou tudo pra ficar com ela. -Falo pra mimmesma sem esperar respostas. -Não larguei tudo, só larguei de você. -Ele diz depois de um suspiro.

Capítulo 7- Moréias

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Idéia diabólica Ele tem razão. Não largou tudo pra ficar com Júlia. Só bastou largar a mim. Nuncapensei sob o ponto de vista dele. Homem é sempre tão racional em tudo que atéfaz sentido se EU não fosse a traída. Não sou perfeita. Sou humana. Ele me olha enquanto come o meu pão de queijo. Se for com ele soltar as irmãs

metralha, eles passarão o resto da noite juntos e rindo de mim. Além de me traíremainda tenho que fazer boa ação? Eu acho que...Nãooooo!!!! -Eu sei que elas não foram justas com você ultimamente... -Ele volta a atacar. -Nem você um ano antes Ryan! Vamos ser realistas. -Ataco de volta. -Certo, nenhum de nós foi justo com você. Mas não acha que deve ser superior efazer uma boa ação? -Ele apela. -Faço caridade com crianças e animais abandonados, e não com pedras no meusapato. -Devolvo. -Eu assumo que vou arcar com todas as despesas do prejuízo. Nem precisamanter a loja fechada. -Ele suborna. -Parece um empresário preocupado com o novo e velho patrimônio.. -Eu humilho. -Tá certo que eu queria te ajudar a ser bem sucedida e agora quero isso pra minhanamorada, é crime? - Ele sorri se achando o vencedor. -Só acho que deveria estar diante de mim um namorado apaixonado preocupadocom a namorada adorada... -Eu mosto meu largo sorriso. Já me sinto bem melhor, mas confesso que a presença dele mexeu comigoprofundamente. Por que ele tinha que aparecer logo hoje? Por que fui provocá-laschamando de invejosas? Agora estou dividida entre o ódio e a mágoa. Ele é tão charmoso. Do tipo que domina as pessoas somente com o olhar. Foiassim quando nos conhecemos. Começo a lembrar cada detalhe de como foi. E Júliaestava lá. Fui contratada para customizar máscaras variadas que ficariam na entrada doBaile de aniversário da cliente que era a mãe do Ryan, organizando uma festasurpresa. Como ela gostou muito do meu trabalho, recebi um convite para a festapodendo levar um acompanhante. Seu filho se formara em Administração e cuidaria da empresa do pai que pensavaem se aposentar. Não. Não era o Ryan, era seu irmão mais novo Renan. Como precisava deindicações para futuras encomendas, resolvi ir. Como acompanhante levei Júlia,minha melhor amiga desde o ensino médio. Juliana ficou com ciúmes, queria ir, mas eu só tinha 2 convites e ela nem era minhaamiga tanto assim. Teve de conformar e engolir o veneno. As luzes, os sons, as máscaras, deixava tudo tão misterioso e encantador que

resolvi aproveitar o momento pra paquerar. Gostei de Ryan logo de cara e depois de contar isso pra Júlia ela dizia ter gostadode Renan. Enquanto todos, incluindo Júlia cantavam parabéns para Renan. Ryan eeu estávamos do lado de fora da festa, conversando no quintal gigante, debaixo deuma árvore, quando demos nosso primeiro beijo. O namoro vingou e Júlia nem conseguiu chegar perto de Renan naquele dia. Elaparecia competir comigo nos namoros, mas naquela época era só uma impressão,hoje eu tenho certeza disso. Ela copiava meus cortes de cabelo, roupas e queria estar sempre a minha frenteem tudo. -Eu me importo muito com a Júlia. Só quero ir devagar pra não errar...-Ele exita. -Pra não errar como errou me pedindo em casamento? -O ajudo. -Não foi um erro, eu queria me casar, mas Júlia apareceu quando você só pensavana festa e no seu trabalho. -Ele confessa. -E foram estas palavras que ela usou pra te seduzir? Eu sabia que ela queria secasar antes de mim. Maldita competição! -Eu começo a juntar as peças. -Ei, sou grandinho pra ser seduzido, eu te traí porque quis. Eu a quis. -Ele nãoparece tão certo no que diz. -Ryan, só mulheres usariam este argumento de trair porque o parceiro não temtempo para o casal. Homem quando quer trair não inventa desculpas pra isso. Vai,trai e continua a vida como se fosse tudo por puro instinto. -Digo enquanto comomais um pão de queijo. -Você tá maluca! Que história é essa de competição? -Ele se lembra do que eudisse. -Júlia sempre competiu comigo em tudo, eu pedia pra ela parar de fazer isso e eladizia que era coisa da minha cabeça..mas sabia que quando nos conhecemos ela seinteressou pelo seu irmão? - Revelo. -Não, você nunca me contou. Quando começamos a namorar eu mal via Júlia evocê disse que era porque ela estava trabalhando e fazendo estágio, depois só voltoua aparecer quando você a convidou para ser nossa madrinha. -Ele completa. -Na verdade nos afastamos porque brigamos um dia depois da festa, quandocomeçamos a namorar. Ela queria que eu te pedisse o telefone do Renan e nessaaltura você havia me contado que ele tinha namorada mas ela estava viajando.

Então contei a Júlia que não iria pedir nada, pois não queria ser a causadora do fimde namoro de ninguém. -Engulo o choro que vem sem ser chamado. -Jibely...me desculpe! Nunca parei pra pensar em tudo que você deve ter sofrido.Júlia ocupou minha mente e vida todo este tempo, ligando, vigiando, controlando,dizia que você estava namorando o garçom e até tinha o chamado pra trabalhar comvocê...-Ele não me olha. -Namorando meu amigo gay? Ryan, se for se casar com Júlia não chame seu irmãopra ser padrinho. Tenho certeza que você é a escada que a levará até ele. -Alfineto. -Ele foi estudar em Londres depois que assumi os negócios. Disse que estava livrepra fazer tudo que sempre quis. Você sabe... -Ele fala devagar. -Eu sei, mas sei também que ele está solteiro agora e quer apostar que Júlia vaiescolher Londres pra passar a Lua de Mel? -Digo por conhecer bem a Júlia. -Ela nunca me falou nada disso, deve ter o esquecido. -Ele se engana. -É, deve ter esquecido. Em vez de querer roubar tudo que é meu ela deve ter seapaixonado inocentemente por você. Tão charmoso e prestes a ser meu marido. -Levanto e fico de costas pra ele fingindo mexer na louça suja. -Coisas assim acontecem. -Ele retruca. Me viro e cruzo meus braços. Constato que ele não vai embora nunca se não forcom ele, e nada do que eu disse parece o ter abalado muito. Ele a ama? Ela o ama?Durante meu namoro com Ryan, estávamos brigadas, mas ela sempre dava um jeitode tentar voltar a amizade com um pedido de ajuda pra ficar com Renan no final e aíbrigávamos tudo de novo. Nunca contei pra não aborrecer o Ryan que tinha um pouco de ciúmes do irmãomais bem sucedido na empresa que ele. Somente quando íamos nos casar que seu paio promoveu como ele sempre desejou. Depois me jogou fora. -Vou me arrumar e ajudo a soltar a sua princesa na torre. -Digo visivelmentechateada com ele. Dizem que todos temos dois lados dentro de nós, um bom e um mal. Vence o ladoque alimentamos mais. Por ser sempre pavio curto tem coisas que só vejo direito, meses depois queacontecem Nesse caso levei 1 ano inteiro pra juntar as peças e entender quem eraJúlia de verdade. E meu impulso inicial é de ajudá-la. Pra depois acabar com aquele ar de superioridade dela.

Pra fazê-la pagar todo o ano que perdi sofrendo por perder um noivo e uma amiga,que nunca se importaram comigo. Tenho uma idéia imediatamente. Altamente diabólica. Apesar do frio, escolho um vestido preto super curto que me valoriza. Colocouma meia-calça pra aguentar o frio e calço o par de sapatos de salto mais alto quetenho. Solto meus cabelos que estão quase lisos pelo coque informal que fiz maiscedo. A touca de crochê ajudou muito. Não gosto de maquiagem há muitos anos, desde que me aceitei como era, comsardinhas e tudo, mas a ocasião merece. Passo um pouco de pó e blush, marco meusolhos em uma sombra escura quase preta. Nos lábios, um gloss já que minha boca énaturalmente vermelha. Passo um perfume que não uso desde ano passado. Um que Ryan me dera depresente de aniversário. Um aroma que ele adora que cheira a rosas. Escolho umabolsa pequena que cabe minhas chaves, documentos e celular. Pronto. Força Jibelyque vai dar certo. -Não...precisava...se arrumar...assim. -Ele fala pausadamente. -Não é por você, nem pela delegacia, já que tenho que sair contra a minha vontade,vou a festa de uma pessoa depois de soltar sua princesa. -Digo cheia de confiança. -Não me lembrava que você era tão linda...pra um dragão que cospe fogo. -Eletenta pisar no meu ego. -Ahá! Brinca mais que volto agora para o meu quarto e bye bye princesinha. -Ordeno, colocando a bolsa no ombro. -Já parei. Tchau Veludo, foi bom te ver de novo. -Ele se despede do meu gato. Em seu carro, o ignoro completamente. Pego meu celular e confiro se tem bateriasuficiente. Noto que ele me olha algumas vezes e tenta se concentrar na estrada.Estou melhor e com todo o plano traçado na minha cabeça. Aquelas Moréias vão versó. -Nunca poderemos ser amigos de novo Jibely? -Ele diz enquanto liga o aquecedor. -Nunca fomos amigos Ryan, Martin sim é meu melhor amigo. -Falo com poucointeresse. -É verdade. Você é uma boa amiga quando não está cuspindo fogo. -Ele provoca. -Martin adora quando cuspo fogo, ele me aceita como eu sou. -Pisco pra ele.

-Mas nunca poderá se casar com ele...já que é gay. -Ryan se acha muito. -Nem com você né queridinho, traídor! -Brigo sem encenar. -Então você queria? - Ele sorri. -Queria...ano passado. Este ano quero você e todos os homens longe de mim. -Viro para não olhar pra ele. O trajeto segue em silêncio, ele parece preocupado mas não diz nada. Chegamos.A delegacia esta quase vazia, penso que a maioria dos policiais estão dandoassistência as intercorrências dos sábados à noite. Ambiente perfeito. Deixo ele andando na frente e espero ele se virar pra meesperar. Quando ele olha, tropeço. Ele corre pra me ajudar. -Você está bem? -Ryan me segura pelos braços. -Acho que torci o pé. -Eu faço cara de dor. -Vamos, apóia em mim e dou uma olhada no seu pé ali na escada. -Ele toma arédea. -Ok. Ai dói muito. Ainda bem que não quebrou o salto. -Digo olhando pra elequase chorando. Sento na escada e ele ajoelha de frente pra mim pra tirar o sapato. Ele mexesuavemente meu pé, o dobra, massageia e diz que não parece ter sido nada grave.Coloca meu sapato com cuidado e me ajuda a levantar. Nesse momento seguro em sua cintura com as duas mãos o abraçando, encostomeu rosto em seu ombro e sinto ele cheirar meu pescoço. Ele dá um leve beijo esinto suas mãos nos meus cabelos. Levanto o rosto e nossos olhos se encontram. Seguro a bolsa em suas costas. Elese aproxima e eu fico em silêncio, esperando. Ele pára e parece esperar também. Meaproximo mais um pouco e paro. Estamos muitos próximos e ele encosta levementeseus lábios nos meus e me beija ardentemente.Retribuo. Ele é atraente e foi meu noivo. Lógico que sinto algo forte por ele ainda.

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[click] -O que é isso? -Ele diz abrindo os olhos e procurando o som. -Sorria! -Digo mostrando meu celular que já enfio na bolsa, enquanto andonormalmente em direção a delegacia. Definitivamente, sinto algo forte por ele ainda. E é raiva.

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Capítulo 8- Onze Horas

➊ ➊Na Delegacia

Ando depressa rebolando. Ele me alcança e agarra meu braço forte. Estou decabeça quente e extremamente derretida pelos seus beijos. -Jibely, o que você vai fazer com estas fotos? -Ele gagueja.

-Vou mostrar pra Júlia...se ela falar um "A" a mais comigo tanto hoje quanto emqualquer outro dia.- Falo com segurança . -Quer dar o troco nela depois de 1 ano, é isso? -Ele fala até fino. -Nos dois. Você quase me convenceu com a encenação de bom moço, mas quemvai me garantir que não vão rir da minha cara depois que eu soltar a pessoa queroubou meu noivo? -Sinto meu rosto queimar igual quando como pimenta. -Eu garanto. -Ele me olha dentro dos olhos e chego a acreditar. -Mas não garante por elas, nem sabia que elas ficam me provocando sempre...-Euraciocino. -Por esse lado não, mas..mas eu vou conversar com ela, eu já ia conversar sobretudo isso. -Ele usa um tom carinhoso. Não posso fraquejar. Não vou. Ele é do mal. Pisou nos meus sentimentos. Euquero o sangue dele. Não literalmente que isso é nojento, mas metaforicamente, euquero esmagar seu coração com as minhas mãos. -Um "A" Ryan e eu posto as fotos na minha página marcadas com seu nome. -Aponto o dedo pra ele enquanto junto minhas sobrancelhas fechando uma carranca. -Espera Jibely, vamos conversar! -Ele corre atrás de mim, mas já estou dentro daDelegacia. Não tem mais volta. Olho o relógio na parede e já são 11hs da noite. O Delegado Trovisco é simpático,converso com ele e explico toda a história mas não revelo que fui a autora damensagem que as irritou.Conto que na hora certa voltaremos a ser amigas e isso tudo vai ser passado. Ryan simula um espirro, que sai com a palavra "MenTCHiraaa". -Cresce Ryan! Estou falando sério aqui com o Delegado.- Digo o fuzilando comos olhos, mas ele tem razão, é mentira mesmo!! -Se eu sentir que vocês estão mentindo sobre algo...- Fala o delegado quepressiona aos mãos entre as têmporas parecendo sentir dor já se irritando com nósdois. -Desculpe, sabemos que aqui é lugar sério e ético. O senhor nunca mais vai nosver- Ryan fala se ajeitando na cadeira. Depois de tudo esclarecido eu faço questão de ir onde elas estão pra que elasvejam que Ryan precisou me procurar pra elas não dormirem na "cadeia" até

Segunda-feira. Quando elas me olham, fazem uma cara feia. Mas a cena é hilária, com as duasencolhidinhas no meio de outras mulheres. Sorrio. -Que diabos ela tá fazendo aqui Ryan? -É Juliana que pergunta. -É por causa dela que passamos o dia inteiro aqui. -Resmunga Júlia. -Eu sei, mas calma, só consegui tirar vocês daqui com a presença de Jibely... -Elefala engolindo seco. -É Júlia, eu disse para o delegado Trovisco que foi tudo um imenso engano e quevoltaremos a ser amigas...-Digo mostrando meus dentes num sorriso enigmático. -Sério? Vai esquecer tudo? -Juliana que não é muito inteligente pergunta uma coisadessas. -Vai sonhando! -Digo bem baixinho no ouvido dela. Depois de todas as recomendações, somos liberados e seguimos pra entrada doD.P. Júlia está calada demais. Mal abriu a boca lá em cima. Ryan está tenso e começa asuar apesar do frio. Juliana é quem quebra o gelo: -Ryan, já são pouco mais que 11hs, quero ir embora, cadê seu carro?- Ela tremecom o frio. -Logo ali, mas é melhor vocês ligarem para o seu pai e pedir pra virem buscá-las. -Ryan desentala. -COMO É QUE É? -Júlia grita. “Aleluia ela está viva”, penso comigo. -Jibely precisa ir a uma festa e tenho que levá-la. -Ryan aumenta o tom. -NEM PENSAR! Meu namorado vai me levar pra casa pois não fico nem umminuto a mais aqui. -Júlia estufa o peito. -Se quiser posso garantir que você durma na cela até Segunda, Júlia. É sócontinuar gritando. -Digo enquanto sinto uma tremida no meu olho. -Vai deixar ela falar assim comigo Ryan? -Júlia começa a fazer chantagem. -Custa agradecer Júlia? Ela te ajudou apesar de tudo... -Ele pára. -Apesar de termos ficado juntos enquanto ela fazia planos para o casamento!Lembra Ryan, o amasso que demos na floricultura enquanto ela escolhia entre Rosasou Lírios? - Júlia o abraça e ri como uma louca. -CHEGA Júlia!! E Juliana, liga para seu pai e pede pra ele buscá-las agora. -Ele

dá o celular pra ela se soltando de Júlia, que entra em choque. -Eu me lembro desse dia, você fizeram questão de irem comigo.... -Eu falo masnão tenho certeza se me ouviram pois pulo em direção aos cabelos dela. Antes que eu chegue, Ryan já me pegou pela cintura. Me leva em direção ao seucarro, enquanto ouço Júlia berrar ao fundo com Juliana a segurando. Estou furiosa, me lembro daquele dia, eu feliz escolhendo as flores que enfeitariamnossa festa e eles de canto se pegando. Ryan abre o carro e praticamente me joga lá dentro e sai dali o mais rápidopossível. Começo a chorar e viro meu rosto em direção a janela. -Jibely, pra onde quer ir? - Ele está tremendo de nervoso. -Pra bem longe de vocês. -Choramingo. -Eu sinto muito pela Júlia. -Ele tenta virar meu rosto e dou um tapa na mão dele. -E por você Ryan? Quem vai sentir muito por você? -Não estou raciocinandodireito. -Eu errei. Isso nem eu posso mudar Jibely...-Ele pára o carro esperando eu dizerpra onde quero ir. -Pra FireWorks. -Digo fungando. Chegando lá engulo o choro e desço do carro. Ele diz que precisamos conversardepois sobre as fotos. Eu aceno com a cabeça. -Pode ir embora, corra pra Júlia, corra! -Digo acenando com as mãos agora. Ele desce do carro. Ajeita seus cabelos. Por que ele não vai logo? Mas Júlia que seprepare pois o dela está guardado. Tento ficar firme, mas está difícil. Quantasvezes eles devem ter rido de mim pelas costas. Que ódio. Nunca imaginamos que essas coisas acontecerão conosco até que acontecem.Amizade, traição, amor, ódio. Se eles me contassem eu entenderia? Pessoascomprometidas se apaixonam por outras a todo momento. Eu entendo. Mas a fidelidade não está em, a verdade ser dita assim que o amor acontece? Nãoàs vésperas do casamento. Júlia definitivamente nunca foi minha amiga. Nunca medei bem com amigas e isso já deveria ser um sinal pra ficar longe da Júlia no ensinomédio. -Jibely, vou ficar até te levar pra casa de onde te tirei. -Ele me alcança. -Não precisa, Cibely me leva embora. -Digo enquanto paro e olho pra ele.

-Eu insisto. Muito mal já foi feito até agora. Eu fui um egoísta. -Ele olha nos meusolhos. -O lugar é público, não posso te impedir de entrar. Mas fica bem longe de mim. -Digo enquanto pego o celular. Peço pra Jibely vir me encontrar na frente da FireWorks. Ela não demora eaparece junto com Martin e Ricardo que ficam de queixo caído quando deparam comRyan atrás de mim. -O que aconteceu amor?- Martin pergunta enquanto me abraça. -Longa história Mar! Vou deixar Ryan contando tudo pra vocês enquanto Cibsme acompanha ao banheiro. -Olho pra Ryan que assente com a cabeça.

➊ ➊

Capítulo 9- Lavanda

✺ ✹ ✺ ✹ ✺ ✹FireWorks

No banheiro, enquanto lavo meu rosto borrado pelas lágrimas na maquiagem,explico um resumo pra Cibs que se diverte. Faço um coque no alto da cabeça e passo um pouco da sua maquiagem. Não mesinto bem, mas já que estou na chuva... -Cibely, vou te passar umas fotos agora pelo celular, acho que é por isso queRyan não quer ir embora. Ele vai tentar apagar do meu celular, então quero meprevenir.- Ela recebe. -Ai meu Deus! Vocês se beijaram?! -Ela me olha através do espelho. -Shhhh, só fiz pelas fotos. Não posso deixar Júlia me humilhar mais. -Falo baixoquando entram mais mulheres no banheiro. -Nossa, eu estou vendo sua cara de sacrifício aqui... -Ela fala com sarcasmo. -Não foi ruim, mas ele é do mal lembra? -Digo fazendo cruz com as mãos emdireção ao celular dela.

-Todos erram Jibs, e se descobrir que ele ainda te ama? -Ela usa um tom curioso. -A pergunta certa é, se eu ainda o amo. -Digo colocando a bolsa atravessada nocorpo. -Isso não é uma pergunta. Você sofreu por ele até ontem... -Ela diz guardando ocelular. A FireWorks está lotada. Pra quem quer conhecer pessoas novas é o lugar certo.Mas a última coisa que queria ver era homens tão perto de mim. Cibely pede que eu relaxe um pouco no bar, enquanto procura os rapazes. Peço um "Ano Novo" , criação da casa. Bebo rápido demais quando noto que ébasicamente álcool puro disfarçado de bebida colorida com estes guarda-chuvinhasfofos que até hoje não entendi pra que servem. Será que são pra impedirem abebida de molhar? Penso com ironia. Vejo Ryan se aproximando e peço mais um. Ele pede o mesmo que o meu. Jápassa dá meia-noite e é oficialmente Domingo. -Preciso relaxar, a noite não começou fácil. -Ele senta ao meu lado. -E nem vai terminar, suponho. Quando voltar pra sua Juju. -Digo segurando oguarda-chuvinha. -Ela já teve ter tomado um banho e tomado alguma coisa pra dormir. -Ele fala seminteresse. -É, que perigo teria, já que está com a rejeitada pelos dois, pff! -Falo mostrando amim mesma. -Pelo contrário. Ela nunca quis que eu me aproximasse de você. Você é o perigo. -Ele bebe o "Ano Novo" e pede mais um. A bebida sobe rápido demais. Me sinto mais relaxada quando Martin aparece comJibs e Ricardo. Abraço meu amigo forte e desejo felicidades para os dois. Jibs segura a mão deRicardo. Ryan observa tudo calado. -Jibely, o Ryan explicou tudo. Foi muito atencioso e eu sinto muito que tenhapassado por isso. Por que não nos chamou? -Ele diz em tom severo. -Porque é o dia de vocês dois e Cibely estuda tanto a semana inteira que merece sedivertir. -Digo sorrindo com esforço pra ele. -Você não está sozinha nessa Jibely! Nós sabemos como deve ter sido difícilpassar tanto tempo ao lado dele...-Ricardo diz olhando Ryan.

-Mas eu não mordo gente. Cuidei direitinho dela. -Ryan sorri sem graça. -Mas ex cunhadinho...você engatou um namoro em outro e ocupou sua mente,mas não deve ter parado pra pensar que a Jibely é quem ficou sozinha e teve queaguentar os comentários maldosos das pessoas. -Cibs senta ao lado dele. Martin e Ricardo me levam pra dançar. Ryan fica conversando com Cibely. Queroouvir mas eles me arrastam dali. A música é alta aqui na pista. As luzes ficam piscando rápido demais. Meu corpo

está ali mas minha cabeça está no espaço. Flutuando. Flutuando. Flutuando. Sinto uma tontura e digo para os meus amigos que vou ao banheiro. No caminhovejo Cibely dançando com um rapaz. Digo que vou ao banheiro pra ela também.Quando todos se distraem dou a volta e saio da boate, preciso de ar. Planejo esperar Cibely aqui fora mesmo. Ryan deve ter desistido de pegar asfotos e foi embora. A rua está vazia pra um Sábado a noite, digo, Domingo demanhã? Mas está tudo tão escuro ainda e se não dormi deve ser Sábado. -Já quer ir embora? -Ryan aparece como um fantasma atrás de mim. -Quero, estou esperando a Cibs, quando ela resolver ir embora vou com ela. -Continuo de costas pra ele. -Eu te levo! Bebi o “Ano Novo”, mas já coloquei tudo pra fora ali na esquina.Aquilo é uma bomba. -Ele fica de frente pra mim agora. -Que nojo...-Digo segurando a boca. Mas é tarde demais. Vomito ali mesmo em cima dele. Me sinto fraca. Tento sairdali mas estou fraca demais. -Eu te levo embora, vem cá. -Ele me pega no colo depois de jogar a camisa fora. -Me solta Ryan. -Falo mole batendo nele. -Te busquei em casa e vou e deixar em casa. -Ele me coloca no carro com calmadessa vez. -O que eu fiz pra merecer isso? -Falo comigo. Com a barriga vazia pego no sono rapidamente. Tenho sonhos desconexos, Ryan,está lá. Sinto seu calor, seu abraço. Ele me abandona pela Júlia e começo a chorar.Não sei se chorei de verdade ou se foi somente no sonho. Mas a dor era real. Acordo em seu peito nu, me carregando. Abraço forte e sinto seu cheiro mais uma

vez. Suave. Marcante. Sinto cheiro de Lavanda. Ele me deita no sofá. Atormentada penso que pra ele ter abrido a porta precisoumexer na minha bolsa. Cadê a minha bolsa? Olho em volta e ela não está. Entristeço.Foi tudo como imaginei. Ele esperou o momento certo de apagar as provas de seu crime. Ele volta comroupas limpas. Depois diz que vai ao banheiro tomar um banho. Mexe nas minhas coisas e usa meu banheiro? Mas estou fraca. Nem em sonho teria forças pra me vestir sozinha. Meus olhospesam e durmo ali mesmo. Me sinto carregada mais uma vez. O cheiro de lavanda acusa que Ryan ainda estácomigo. Abro os olhos com dificuldade.Ele está usando meu roupão? -Ryan tem roupa sua ali.- Aponto para o Baú. -Jura? Achei que tinha queimado tudo. -Ele brinca. -Guardei junto com coisas do enxoval. -Digo com sono. Ele veste uma camiseta e uma bermuda. Peço ajuda pra ir ao banheiro. Ele me levaapoiada em seus braços. Fica do lado de fora enquanto escovo meus dentes e lavo orosto. Me sinto suja. Tiro a roupa e entro no chuveiro. Péssima idéia. Lá vem a tontura de novo. Tudo girando. Tudo apagando. Acordo com Ryan batendo no meu rosto. Banheiro. Estou enrolada numa toalha.Ai meu Deus estou pelada! Quando digo o que houve, ele diz que devo terdesmaiado. Me carrega para a cama mais uma vez. -Jibely, você comeu só pão de queijo hoje?- Ele grita. -Acho que sim, não lembro. Estou me sentindo mal desde ontem. -Confesso. -Se vista que vou fazer chá. Quando eu voltar quero conversar com você. -Eleordena. Me levanto com dificuldade. Minha cabeça dói onde bati quando cai no banheiro.Coloco uma roupa de dormir e deito na cama de novo. Tudo que eu queria era teraproveitado mais meu sábado. Agora estou aqui exausta justo com Ryan? Que pesadelo. E ele ainda me viupelada. Que vergonha. Quantos micos eu devo pagar nessa vida? Assim adormeço mais uma vez. Ryan me acorda e diz que não posso dormir

ainda, batida na cabeça é coisa séria. -Então me dá um café forte? Esse chá vai me derrubar. -Digo sem ânimo.

Capítulo 10- Jacinto

✼ ✻ ✼ ✻ ✼ ✻

Mágoas -O chá é melhor, é só não dormir. -Ryan me entrega uma xícara. -Então vamos conversar. Você não queria isso? -Me ajeito na cama -Claro. Posso me sentar? -Ele olha pra cama sem jeito. -Já dormiu tantas vezes nela, tanto faz. -Entrego um travesseiro. É muito difícil estabelecer intimidade com alguém. Mas depois, mesmo após ofim, é mais difícil perdê-la. Vê-lo ali era como voltar no tempo, como seestivéssemos felizes e namorando. Onde passávamos horas conversando, fazendo planos. Pior que perdê-lo foi nunca entender onde que eu errei. E um ano depois a vida ocoloca frente a frente comigo para resolvermos estas "pendências"? Será? Estou comsono e no meu caso é a mesma coisa que estar bêbada. -Hoje faríamos 1 ano de casamento. -Tomo uma golada do chá. -Eu sei. Eu sinto muito Jibs. Espero que me perdoe um dia. -Ele se afunda noslençóis, parece cansado também. -É difícil perdoar se eu não sei onde errei. -Largo a xícara e me deito virada pra ele. -Você não errou. Mas é complicado. Talvez um dia entenda tudo que aconteceu. -Ele olha dentro da minha alma. -Eu entendo hoje. Fui chifrada. Traída. Desprezada e Humilhada por vocês. -Digofechando os olhos. -Eu achei que você fosse mais forte e me esqueceria logo. Nada te derruba Jibely.-Ele passa a mão em meu rosto com carinho. -Uma coisa não tem nada a ver com a outra. -Ainda continuo de olhos fechados. -Indo ao ponto. Se você mostrar as fotos pra Júlia, minha vida está acabada Jibs.

A coisa é bem pior do que você imagina. -Ele se aproxima mais pra ter certeza seestou ouvindo. Sinto um arrepio no corpo que não sei definir se é medo ou atração por ele. E elepreocupado com seu namoro. Como a Júlia causou este efeito nele? Acabar com avida dele? Ele terminou comigo e estou aqui ainda...arrasada. Talvez eu o entenda. -Daí você apagou elas do celular certo? -Abro os olhos com dificuldade, ele estátão pero. -Apaguei. É melhor assim. -Ele vira e fica de barriga pra cima olhando para o nada. -Eu sabia que faria isso. Que pena. -Digo virando pra cima também. Não faço idéia de que horas sejam. E me lembro de Cibely, Martin...eles devemestar me procurando? -Ryan, tenho que avisar pra Cibs que estou em casa. -Digo virando para o ladodele e encostando em seu ombro. -Já fiz isso assim que chegamos, quando você estava meio morta-viva. Mandeimensagem pelo seu celular dizendo que chegamos bem em sua casa. -Ele viranovamente para o meu lado, alinhando nossas cabeças. -Então eles só voltam de manhã. Obrigada. -Agradeço pescando de sono. -Eles são muito legais, se preocupam com você como nunca vi ninguémpreocupar. - Ryan engole seco e encosta mais ainda seu rosto no meu. -Como você nunca se preocupou. -Respiro fundo. -Isso. Como nunca me preocupei. -Ele concorda. -Eles salvaram meu ultimo ano e tudo que eu fizer ainda é pouco pra recompensá-los. -Sou sincera. -Imagino que sim. Jibely, me perdoa... Ele me beija devagar. Retribuo e diferente de mais cedo na delegacia, este beijo nãofoi eu que provoquei. Mas é bom e inocente. Nossos lábios se tocando. E ambossem forças de conversar e brigar mais. Adormecemos assim. Abraçados. Não sou modelo de nada. Muito menos perfeita. Mas jamais imaginaria que semquerer estaria fazendo com Júlia o que ela fez comigo. Estar com ele é bom. Seriaperfeito se o eu conseguisse apagar o último ano. Mas não dá. Acordo assustada e chorando. Olho o pequeno relógio no criado mudo e ainda são4 da manhã. Tive um sonho. Ryan e Júlia indo embora rindo e eu sozinha no chão.

Infeliz. É um pesadelo que também é real. -Você está bem? -Ele acorda. -Estou. Acordo assim todo dia pra lavar os olhos.- Resmungo. -Algumas coisas nunca mudam.-Ele ri. -Fale por você. -Digo enquanto seco as lágrimas. Ele me abraça e começa a me beijar com mais força. Eu não penso. Apenas sintoaquela dor passar. Sinto calor, paixão e deixo o fogo dentro de mim me comandar. Écomo estaríamos comemorando se tivéssemos nos casado. Acordo com Cibely entrando no quarto. Ele está deitado de costas pra ela que meolha segurando o riso. Sério. Tudo pra Cibely é festa e alegria. Quando o assuntosou eu. Faço cara de arrependida e ela diz baixinho que “viver um pouco não faz mala ninguém.” Ela sai e eu aproveito mais um pouco o silêncio da sua respiração. Se tirar aambição desmedida e a traição, Ryan seria o homem da minha vida. Mas quem queroenganar? Ele cumpriu a missão, apagou as fotos e vai voltar para os braços da Júlia. Todas as mágoas voltam. É difícil perdoar. Esquecer. Não significo nada pra eleesta é a verdade. Mas não vou dar este gostinho a ele. Nunca mais. Mas uma últimavez o abraço e sinto deu cheirinho de lavanda. Quando ele acorda, finjo que durmo. Ele se levanta e sai. Vou atrás e vejo o carrosaindo apressado. Procuro Cibely , mas ela está dormindo. Veludo está com elaronronando. Depois darei atenção ao meu filhote. Pego o celular da Cibs e passo as fotos para o laptop. Abro minha página e postosem pensar as fotos do beijo. Coloco o nome no álbum: "Chifre trocado será quedói?" Fiz bem em não ter excluído os dois do meu perfil, marco os nomes de Ryan, omeu e coloco o nome da Júlia no alto da minha cabeça Faz um bom tempo que não lia nada ali. Muitas mensagens que lerei depois.Agora era só esperar. Ouço o carro de Ryan chegando. Ele aparece na sala com uma imensa cesta de caféda manhã. Sorrindo. Até olhar pra mim com o laptop no colo. Ele diz que imaginouque eu teria fome e não tinha nada pra comer em casa. Desconfiado pega o laptop tremendo: -O que você fez? -Ele fez a mesma cara da época em que joguei a moeda/aliança na

panela. -Eu achei que você ia voltar correndo pra Júlia. Já que conseguiu apagar as fotos. -Eu não apaguei. Menti. Sabia que você daria um jeito de mandar uma cópia poremail ou pra alguém. -Ele está desapontado. -Eu vou apagar as fotos. É cedo, talvez ninguém tenha visto. -Digo tentandoacreditar. -É tarde demais. A gente estava indo tão bem Jibely, preciso ir resolver umascoisas agora. -Ele sai correndo, desapontado. Fico um tempo ali olhando o laptop e a cesta. Senti a raiva dele mais uma vezsaindo porta a fora da minha casa. Ele iria passar o dia comigo? Mas e Júlia? Seráque ele terminaria com ela? O que estou pensando? Sinto um vazio imenso voltando. Sinto minha alma gritar.Lembro de vovó, que dizia:

"Não seja Jacinto queJacinto é tristeza profunda."

Eu não entendia tão bem essa frase como entendo hoje. Era sobre a flor, a dor e oamor. É assim que estou me sentindo.

Jacinto uma tristeza profunda.

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Capítulo 11- Orquídeas

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Almoço de Domingo

Não sei quanto tempo fico ali. Parada. Sem nem saber o que pensar direito. Comoeu poderia saber que ele ia voltar? Júlia fez muito pior que isso. Ryan também. Não podia se fazer de ofendido. A não ser que...não quer perder Júlia. Mas o queele quis dizer com:“Se você mostrar as fotos pra Júlia, minha vida está acabada Jibs. A coisa é bempior do que você imagina.” ? Sinto um arrepio. Não sei o que é mas tem coisa errada na história desses dois.Como eu posso descobrir? Juliana não é muito esperta, talvez eu consiga arrancaralguma coisa dela. -Que cesta linda! -Cibely esfrega os olhos. -Ryan deixou aí e foi embora. - Digo já abrindo a boca pra chorar. -O que aconteceu Jibs? Brigaram? Achei que estavam se entendendo. -Cibelypergunta preocupada. Explico tudo. Tudo mesmo. Aos prantos. Ela pega o laptop e olha. Diz que sótem umas 100 curtidas e apoios de pessoas que ela nem conhece direito. -Como é? -Digo chocada. -As pessoas adoram uma vingança de namorada traída. -Ela ri sem jeito. -E da Júlia? Não tem nada? -Pergunto curiosa. -Tem uma curtida dela. Acho que ela não vai querer pagar o mico de ter que ler,que quem começou tudo foi ela. -Cibs raciocina. -Caso ela dê chilique na minha página...é verdade! -Constato. -Mas se ela tiver que falar vai ser diretamente com você ou Ryan. Pessoalmente.-Minha irmã diz enquanto abre a cesta. -Cibely, tem algo errado aí, por que a vida dele estaria acabada se ela visse a foto?-Levanto atrás dela que segue pra cozinha carregando a cesta. -Jibely, óbvio que ele está com ela sem querer. Ela deve estar chantageando elecom alguma coisa. -Ela começa a fazer café. -É isso! Você é um gênio, sabia? -Bato na mesa. -Eu sei que sou! -Ela esnoba. -O que vocês conversaram ontem quando fui dançar com Martin? Ele deu pista dealgo assim? -Pergunto curiosa mais uma vez.

-Falamos bobagens. Mas pensando bem, sabendo o que sei agora ele falou algoestranho..-Ela olha pra cima tentando lembrar. -Conta caramba! - Fico nervosa. -Ele disse que tudo que fez com você teve um motivo que você nunca entenderia.-Ela lembra. -Mas depois de tudo que te contei, por que acha essa parte importante? -Digosem entender . -Porque ontem achei que fosse um traidor dando uma velha desculpa, mas agoratenho certeza que Júlia está chantageando o Ryan. -Ela serve o café e espalha ascoisas da cesta na mesa. -Eu vou descobrir Cibs! Não sei como mas vou. -Minha fome aparece e tomamoso café juntas. -Quanto ao resto não se preocupe, você deu uma lição nos dois, mas tenta ficarlonge das irmãs malucas por um tempo. Ou você será a próxima apedrejada! -Elafala sério. -É o momento perfeito pra tirar Férias então. O que sugere? -Digo de boca cheia. -Além de bons modos a mesa, sugiro que vá pra onde sempre quis ir...-Ela brinca. Sempre quis ir em lugares místicos, mas isso foi quando eu era esotérica e lia meusigno todo dia. Mas não tinha dinheiro pra ir. Depois quis ir a Las Vegas pois era oque Ryan queria.Sempre íamos a praia com nossos pais, mas era porque eles queriam. Visitei vovóem Minas Gerais algumas vezes. E fui em outros estados a trabalho, mas nunca eraonde eu queria estar. Sempre pensei que um bom lugar, era qualquer lugar, em que estivéssemos comquem amamos. Mas pra descansar, vai servir qualquer lugar que seja bem longe daqui. Longe doRyan, Júlia e meu passado. Sentirei falta do Veludo, da Cibs e Martin.Mas com internet só fica ausente quem não se importa. Pois a lembrança não deixade ser uma presença de alma. E alma é tudo que esperamos das outras pessoas. De que adianta a presença física, em corpo, se a cabeça da pessoa está bem longede você? -Vou fazer como você e pesquisar na internet depois. Quem sabe um cruzeiro nãome faça bem...-Digo me levantando e guardando as sobras na cesta.

-Faça isso. Eu vou dar um pulo em Londres amanhã. -Ela diz se levantandotambém. -Oi? Londres? -Ela me pega desprevenida. -Uhum, sabe, não é lá que o Renan está estudando? Quem sabe ele saiba dealguma coisa. -Ela sorri. -Cibely é só procurar a página dele e mandar um email, telefonar.. -Tento serracional. -Eu sei, é que sempre quis ir a Londres, e você vive dizendo que tenho a vida todapra estudar o que eu quiser, é meu sonho ser Veterinária mas acho que não é a horacerta agora. -Ela gesticula enquanto fala. -Seria a hora certa se você fosse programar sua carreira, trabalhar e ser alguém navida. Mas com esse dinheiro todo...deve aproveitar a vida sim. Mas lembrando queuma hora ele acaba se não investir. -Pareço o papai falando. -Então, quero ir a Londres estudar inglês e depois vejo o que faço. -Ela fazolhinho pidão. -Não sou sua mãe Cibs. Faça o que quiser, já é de maior. Mas avisar nossos paisnão vai te matar. -Digo olhando desconsolada pra cesta. -Você também ganhou um bom dinheiro em Las Vegas. E não usou nada ainda...-Ela me acusa. -Não apareceu nada que eu quisesse. Gosto da minha vida simples assim. -Façocareta. -Mas uma cozinheira não faria mal. Ou que tal aprender a cozinhar? -Ela dápulinhos. -Vou colocar este item na minha lista. -Faço mistério. A cidade de São Paulo anda tão violenta, que é até uma boa idéia Cibs ir praLondres. Ela se arrisca muito saindo das baladas sozinha a noite, ou com algunsamigos que também não é garantia de nada. Só Ricardo que vai se ressentir um pouco. Mas vou ajudar com a montagem daClínica Veterinária. Veludo está envelhecendo e vai ser bom ter um amigo por perto.E além do mais Ricardo vai se casar com Martin logo e não ficará sozinho. E sobre a Máscara de Cetim, deixou de ser divertida pra mim desde que a DasJuse instalou na minha frente. Não é mais divertido fazer desenhos novos,confeccionar máscaras, organizar festas à fantasia...tudo começou a perder o brilho

há muito tempo pra mim. Com Martin de sócio, posso me concentrar em outra coisa, e cumprir meioperíodo lá. Ele se vira muito bem sem mim. E eu ficaria bem longe de Ryan e Júlia. -Vou participar daquele concurso, imagina se tornar amiga do George Flox? Quegato! - Ela pega o laptop e se ajeita no sofá. -Tava torcendo pra você ter esquecido isso. -Resmungo. -Jamais! Na novela Corações Sangrentos ele estava divino, ganhou até prêmiocomo ator revelação. -Ela e suas novelas. -Uau! -Digo ironicamente. Começo a arrumar a casa pra me distrair, lavo a louça, roupas, tiro pó. Veludo mesegue todo o tempo. Brinco com ele. E esqueço de tudo que aconteceu. Vou com Cibely almoçar num restaurante perto de casa. Como é Domingo está tudo lotado. -Disfarça Jibs, olha quem está ali! -Ela cochicha me apontando a direção. -Eita, estão discutindo! Olha a cara que ela faz! -Digo abaixando. Júlia está almoçando com Ryan que ouve tudo calado. Cibely pede um casal pratrocar de lugar com a gente, lógico, oferecendo um vinho a escolha deles de presente.Assim podemos ver os dois sem que eles nos vejam. -Como vamos ouvir Cibs? Tá muito barulhento aqui! -Eu não paro de olhar. -Já sei ! -Ela pega seu MP4 na bolsa e procura um garçom. Minutos depois o vejo se aproximar da mesa com um vaso escuro de Orquídeas etroca com um de Margaridas que havia na mesa. Cibely volta logo. -Não entendi Cibs. O que tem no vaso. -Indago minha irmã. -O MP4 oras, as pessoas vivem esquecendo que essas coisas pequeninas gravamvoz que é uma beleza. -Ela ri triunfante. -É verdade! E como conseguiu que o Garçom fizesse isso. -Eu e minhacuriosidade. -Fácil, eu venho aqui mais que você e ele já me conhece, disse que as minhasgorjetas aumentariam 100% se ele desse um jeito de implantar o gravador ligado semque levantasse suspeitas. Ele disse que as Margaridas estavam murchando e o lindocasal merecia algo à altura. -Ela é muito esperta. -Parece coisa de filme policial. -Brinco.

-Agora é só esperar, que o Garçom vai trazer pra gente assim que eles foremembora. Vamos pedir? Estou com fome! -Ela chama o mesmo garçom.

Desta vez pra escolher o almoço de Domingo. 　♨ ♨ ♨ ♨

Capítulo 12- Coral

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Revelações

Enquanto almoçamos, observamos o casal. Ryan gesticula muito e Júlia aponta odedo várias vezes pra ele, acusando-o. Ela consegue comer mas ele nem toca noprato. Cibely come silenciosamente enquanto dá várias piscadinhas para o nossogarçom que sorri. Confesso que ver Ryan perto de Júlia não me fez bem. Até poucas horasestávamos juntos e agora é como se eu nunca tivesse existido pra ele. De novo.Seguro as lágrimas que teimam em querer rolar. Não posso. Demorei tanto a meerguer e essa recaída não deve atrapalhar minha vida. Mas nunca nada é como queremos. O coração diz sim a cabeça diz não. O que aJibely inteira quer? Eu não sei. Sou o todo de meus pedaços unidos? Ryan tãoesperto e sagaz sendo domado pela Júlia não deixa essa equação ter lógica alguma. -Cibely? Tava pensando aqui..Ele comprou a DasJu a pedido da Júlia ou foi umpresente? -Pergunto a minha irmã que bebe seu suco de abacaxi com hortelã. -Não sei muito sobre isso, mas a resposta pode dar mais uma pista pra gente. -Elase anima. Vejo Júlia se levantar e sair andando. Ryan fica branco feito um fantasma e correatrás dela. -Abaixa Jibs, eles vão ver a gente. -Cibs diz entrando debaixo da mesa.

-Será que nos viram? -Pergunto pra ela me espremendo debaixo da mesa com água. Coisa de minutos o garçom abaixa e diz que já foram embora, nos entregandodiscretamente o MP4. Cibely dá uma boa gorjeta a ele depois de pagar a conta evoltamos pra casa. Apesar da curiosidade ser grande, deixamos pra ouvir tudo emcasa. Veludo está nos esperando cheio de carência. Cibely pega meu filhote no colo e oenche de carinho. Conecto o gravador no aparelho de som pra que nós duaspossamos ouvir a conversa. >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

[Inicio da conversa]

-Só vou trocar esse vaso de margaridas que já estão murchas por um vaso á alturadesse jovem casal. -Tá vendo Ryan, isso que é gentileza! Vê se aprende.

[Júlia repete mil vezes as mesmas coisas]

-Júlia, é sério, não conta pra ele. Você sabe como ele é certinho. -Eu não ia contar Ryan, mas você me prometeu que ficaria longe da Jibely, e naprimeira chance corre para os braços dela? -Não mandei você ser presa Júlia. Se não fosse isso nunca teria me aproximadodela. Eu terminei meu noivado não foi. Quer mais prova que não vou te deixar? -Na verdade quero Ryan, quero me casar, quero a aliança da sua avó que Jibely iausar. -Te dei a loja igual a dela a seu pedido... -É pouco perto do que você fez. Olha se não quiser se casar diz logo que eu saiodaqui e já conto pra ele.

[Ela fala tudo de novo]

-Não por favor. Eu juro que ela me beijou e tirou a foto de propósito pra te irritar.

Sabe como ela é. -Sei Ryan, vivi anos perto dela, que arrependimento. -Eram tão amigas, porque brigaram mesmo? -Eu queria você... já disse, e ela sabendo disso te roubou de mim. Mas conseguirecuperar e hoje vejo que você não é tudo isso! -Então não tem problema se ela quiser tudo isso? -Nem se atreva, ela nunca vai me superar em nada...NADA!

[Silêncio sem fim] -E se você quisesse o Renan...seria tudo mais simples... -Que absurdo, eu querer O Renan? Pra mim já chega, aguente as consequências. -Espera Júlia.

[Fim da conversa] <<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<

Cibs e eu nos olhamos o tempo todo. A cada revelação ela me deu um tapinha. Euresmungo um: "Desgraçada" pra Júlia de vez em quando. Não acredito que é tudoinveja daquela louca. Pensando bem Renan se livrou de uma verdadeira Cobra Coral. Agora o que será que Ryan fez? E quem é o "ele" que não pode saber de tudo, o"certinho"? Porque aquela louca não contou tudo. Facilitaria minha vida. Cibely fezbem em pensar rápido. Mas talvez não seja uma má idéia Cibs procurar Renan e vero que ele sabe. -Cibs, acho que vai ser uma boa procurar Renan e sondá-lo sobre Ryan, ver o queele sabe. Mas pra isso tem que fingir um encontro casual com ele, senão aí é que elenão vai falar nada se souber de algo. -Digo a ela. -Pode deixar. Digo que estou procurando bons lugares onde ensinem inglês, quepretendo morar lá uns tempos, o que não é mentira né... -Ela explica. -Ótimo, mas volta logo pois tem mil coisas pra organizar antes de ir de vez, fecharmatrícula, conversar com Ricardo, esperar mamãe e papai voltarem, estas coisasbobas. -Brinco.

-Vou olhar já, onde ele estuda, deve ter no perfil dele, qual é o sobrenome dele,nunca lembro o do Ryan. -Ela começa a teclar sentada no sofá. -É Tagetes. Ryan Tagetes. Renan Tagetes. O pai deles é Robert Tagetes...-Digopra Cibs. -Não me lembro muito do Renan. Estava sempre trabalhando e foi embora quandoo Ryan assumiu a Empresa... -Cibely diz uma verdade. -É ISSO!! -Grito. -Que susto Jibs! Achei o perfil dele...ui que gato! É isso o que? - Ela tenta seconcentrar me mostrando o Renan. -Cibely, o Renan foi embora porque o Ryan foi promovido, ou o Ryan foipromovido porque o Renan foi embora?-Explico. -E faz diferença? -Ela nem me olha babando no Renan. -Toda. O Renan amava seu trabalho, quando o conheci a festa era pra ele, queestava se formando. O orgulho da família. Ryan era só mais um funcionário dopróprio pai. Mas Renan era quem mandava em tudo. Por que ele larga tudo e vaiembora? -Falo mais pra mim mesma que pra Cibs. -Faz sentido. Está ficando cada vez melhor maninha. Uau, não lembrava como eleera lindo. -Ela me mostra mais uma vez a foto de Renan. -Você estava na fase aborrescente e só via estes menininhos metidos a homemtipo o Paulo...-Gargalho. -Xiiii nem me lembra. Passado passou. Olha aqui ele estuda na University ofLondon. Nossa! -Ela anota no celular. -O pai deles nasceu no Reino Unido, fez questão de ensinar as duas línguas paraos filhos, e isso ajudou o Renan né? Acho até que ele nasceu lá também...Mas nãovai ser difícil achá-lo? -Me preocupo. -Hoje em dia é mais fácil se achar do que se perder, internet ajuda em tudo. Eu meviro. -Ela salva a foto dele em seu celular. Foram dias intensos, a última sexta, ontem e hoje. Preciso de descanso. Do últimoano estes foram os dias mais emocionantes. Ganhei um sócio. Meu Sócio Ganhouum carro e um noivo. As DasJu foram presas. Ryan pediu ajuda. Bebemos epassamos mal. Dormimos juntos. Ele saiu pela minha porta. Correu pra Júlia que oameaça com algo. E isso é só começo.

Pego uma bolinha de lã e brinco com veludo. Cibely foi para seu quarto investigara vida de Renan. Deixo a TV ligada enquanto corro pela sala com a linha que deixaVeludo maluco. Evito os pensamentos do dia anterior, mas eles não me evitam. Foi bom ter dormido com Ryan, parecia um Ryan diferente do que conheci, maismaduro. Antes ele era tão obcecado em subir na vida, ser alguém. Talvez ele tenhaescondido essa parte ruim de mim. Odeio os homens. Concluo. Se Martin não fosse gay e comprometido, eu é que o pediria em casamento. Ohomem perfeito pra mim é meu melhor amigo. Ryan nunca foi meu amigo mas até atraição nos dávamos bem, fazíamos planos, ele amava Veludo. Não entendo tantas coisas. O fim do Domingo é tranquilo, o frio invade a casa e saio fechando as portas ejanelas. Logo começa a chover. Digo pra Cibely que vou tentar fazer uma sopa. Elame deseja boa sorte. Ainda continua no computador. -E mamãe e papai, como estão? -Pergunto. -Estão bem. Seu álbum já tem 357 curtidas e nada da Júlia. As páginas dela e doRyan estão como estavam antes. Seja o que ela for fazer com você será no Ao Vivo eem cores. - Ela ri.-Bate na madeira! Ela é maluca. Capaz de jogar um tijolo em mim. -Digo arrepiando. Certo. Vi em um filme se não me engano que dá pra fazer sopa com qualquercoisa. Procuro tudo pela cozinha que possa enriquecer minha sopa. Batatas, macarrão, cenoura, cebola, temperos, tablete de carne...acho que já dáalguma coisa. Quando está tudo junto na panela, um cheiro bom invade a casa. A chuva aumentae a campainha toca. Vou até o portão e não pode ser! Ryan está lá e todo molhado. Mas não está sozinho...

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Capítulo 13- Escorpião

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Máfia "Flores Rosas" Júlia está com ele. -Jibely, temos assuntos a tratar. -Ele diz sem jeito olhando pra Júlia. -Pode dizer. -Digo abrindo o portão. Eles se abrigam na entrada. Júlia me olha por um momento. -É verdade que você o beijou à força e tirou a foto Jibely? -Ela fica na frente deRyan, que me olha com piedade. -Foi pra te irritar Júlia, mas ele ficou super ofendido. -Minto. -Ah é? Por isso você postou na sua página? -Ela não parece acreditar. -Foi. Pra você sentir o gostinho da traição. -Sou sincera nessa parte. -Acho que vocês duas deveriam se entender, somos adultos...-Ryan tenta. -Nem pensar Ryan! -Ela diz e eu repito.

Ele se afasta fazendo sinal de que não vai falar mais nada. -Olha Jibely, as pessoas se apaixonam até quando estão casadas, e se separam,Ryan te fez um favor em terminar tudo antes. -Ela esnoba. -Hoje vejo que sim Júlia. Mas por que não me contou nada? Talvez eu entenderiamelhor se soubesse por você. -Digo olhando pra ela. -Isso não vem ao caso. Gostaríamos de dar uma notícia em primeira mão. Vamosnos casar! -Ela diz quase esfregando o anel na minha cara. O anel que eu iria usar. Da avó de Ryan. -Então minhas fotos foram a pimentinha que faltavam na relação de vocês doisahm? -Digo fingindo me divertir. -Ele me ama Jibely, e figurinha repetida não completa álbum. -Ela diz saindo emdireção ao carro. Olho pra Ryan, que me olha com lágrimas nos olhos. -Parabéns Ryan. Seja muito infeliz com ela. -Digo empurrando ele pra fora. -Eu adoraria explicar mas não posso. É complicado demais. Se não deu certo coma gente da primeira vez não daria na segunda não é? -Ele diz e sai correndo. Para osbraços de Júlia. Volto correndo, me lembro da sopa no fogo. Felizmente Cibely apagou o fogo ejá come com satisfação. -O que eles queriam? Ouvi a voz de Ryan e Júlia. -Ela queria esfregar na minha cara a aliança que ganhou.- Encho um prato comsopa e me sento com ela à mesa. -Jibs, a gente sabe que ela conseguiu isso com chantagem, ele nem deve gostardela. E a sopa está uma delícia. -Ela enche mais um vez seu prato. -Eu sei. Quando ela perguntou sobre as fotos eu disse que foi contra a vontadedele o beijo. Ainda estou ajudando aquele imbecil. -Digo com desgosto. -Ajuda por que você nunca gostou de injustiças...-Ela constata. -Pode ser. Fiquei curiosa com essa história toda. Ryan sempre se achou tãoesperto. Foi cair nas garras justo de Júlia? -Digo a minha irmã. -Pois é. Amanhã ainda não dá pra viajar, mas esta semana é certeza. Tenho umaamiga que mora lá desde o ano passado e ela vai me ajudar a encontrar oRenan...casualmente. -Ela ri. -Tudo bem, mas toma cuidado. Procura seu curso e depois vemos o que faremos.

Hum, não é que esta sopa está 'comível' mesmo...-Repito o prato. -Acho que você leva jeito com cozinha, tem mil receitas na internet e você deviatestar, dizem que é terapia cozinhar. -Ela fala com razão.

*Acordo com Martin sentado na minha cama preocupado. Cibely contou tudo queaconteceu. Ele me abraça e deita minha cabeça em seu colo. -Jibely, meu anjo, você gosta do Ryan ainda? No último ano só ouvi o seu ódiopor ele e tentei te fazer sentir melhor sendo seu amigo...-Ele faz cafuné nos meuscabelos. -Eu odeio ele, mas sinto a falta dele. -Meus olhos estão fechados. -Talvez sinta falta de alguém, um namorado, não necessariamente dele... -Seu tomé calmo. -Pode ser, mas agora quero descobrir se ele terminou comigo porque quis ou porchantagem de Júlia. -Digo levantando e olhando Martin. -Eu te ajudo no que quiser minha flor, mas antes quero que tenha cuidado com aJúlia, ela é maluca. -Ele diz segurando minha mão. -Posso ser mais que ela, não tenho medo Mar. Mas quero descansar uns dias, há 5anos não descanso direito. Acha que se vira bem na Máscara de Cetim sem mim... -Pisco os olhos em sinal de piedade. -Me viro mas morrerei de saudades de você perturbando as meninas. Os clientes...-Ele ri. -Só por isso é? Mas sério, vou te acompanhar essa semana por meio períodoainda e depois vejo onde quero ir descansar. Vou deixar toda minha parte adiantada.-Abraço forte o jogando na cama. -Uau, essa cama tá mais movimentada que ponto de taxi! -Cibs aparece se jogandoem cima da gente. -Cibely! Me respeita! -Pulo em cima dela. Martin me conforta tanto. É muito raro encontrarmos almas boas e afins com anossa. Se ele não fosse gay provavelmente eu me apaixonaria por ele. Ele édefinitivamente minha alma gêmea. Eu o amo muito. Um amor além de todas asdefinições de amor.

* Tomo banho e me arrumo. Martin fica na sala conversando com Cibely e Veludo.

Combinamos de tomar café da manhã fora. Escolho uma echarpe turquesa, tenhovárias. Adoro montar diferentes looks durante o dia. E meu cabelo rebelde agradece. Há muito desisti de pintá-lo, o que me matava de vergonha na adolescência hojecarrego como troféu. Abandonei a maquiagem forte aos 20 anos e hoje acho umcharme as sardinhas em meu rosto. Culpa dos idiotas que conviveram comigo na escola e que me faziam sentir umaaberração. Assim como perturbavam as gordinhas, magrinhas, altas, baixas, deóculos, de aparelho... Idiotas. Espero que estejam mudados hoje. Júlia era tão legal comigo nessa época, me animava, passava as tardes lá em casaquando eu não queria ir mais à escola, nunca poderia imaginar que ela queria minhavida inteira pra ela. Que coisa. Sua família era problemática, mas a de quem não éolhando de perto? Ela sempre fugia da Juliana e hoje está mais unida a ela que nunca. Bom pra elas,ruim pra humanidade. Ou será que é só comigo e com Ryan o problema dela? Equem é esse ser misterioso que o Ryan teme? -Prontinho. Já deram comida pro meu filhote? -Pego Veludo no colo e o encho debeijos. -Já sim amor, Cibely já deixou tudo pronto para o Veludo aproveitar a casa e daruma festa! - Martin se levanta . -Então vamos. Cadê minha bolsa...-Pergunto e Cibely já levanta ela em minhadireção -Não sei como vivia aqui sozinha sem mim Jibs. -Cibely sorri e para. -Também não sei. E agora você vai embora...-Faço cara de choro. -Ai ai, vou mais volto maninha. É só por uns tempos. -Ela tenta parecer forte. -Como assim vai embora? Seus pais voltaram? -Martin pergunta. -Achei que tinha explicado esta parte pra ele Cibs. -Coloco a bolsa no ombro esaímos.

* Martin abre a porta do carro novo pra nós duas. Que fofo, ele não fazia issoantes pelo carro velho. Sempre foi por puro cavalheirismo. Ele entra e dirigesatisfeito. Cibely explica a parte sobre Londres e que quer fazer cursos e viajar antesde se dedicar inteiramente a veterinária. Ver se é isso mesmo que ela quer também.Martin apóia e diz que vai cuidar direitinho de Ricardo quando ele sentir muita

saudade dela. Conta que querem casar logo e querem uma festa à fantasia. Cibely seoferece pra organizar tudo. Ele aceita. Ela sempre dá ótimas festas. Martin agradece muitas vezes o carro e a sociedade comigo. Fico feliz porpodermos realizar alguns sonhos dos amigos. Há tanta falsa amizade e egoismonesse mundo. Muita gente sabe que tem condições de ajudar o próximo mas preferefechar os olhos. Não fomos criadas assim. Chegamos. É uma lanchonete que também serve café da manhã. Para nossoespanto Ricardo está lá guardando nossa mesa. Ele se levanta e espera todos sesentarem. Conversamos amenidades, Cibely conta a história comigo para Ricardoque fica eufórico querendo ajudar na investigação. -Somos uma máfia agora? -Brinco. -E porque não? Adoro um mistério! -Ricardo comenta. -Precisamos de um nome. Um código. Pra não levantar suspeitas.- Martin brinca. -Vamos escolher um. O negócio é cada um cumprir seu papel sem abrir a boca praninguém. -Cibely ordena. Todos concordam. O café se tornou tão divertido, que a hora voou. Cibely ficoucom Londres. Martin com as DasJu. Ricardo com Ryan, pois trabalham perto. E eucom os pais do Ryan. Os pais do Ryan me adoram. Soube que eles não se dão bem com Júlia. Ricardotrabalha numa empresa próxima a do Ryan, até se formar e poder trabalhar comoveterinário. Se esbarram de vez em quando mas Ricardo nunca deu maiores detalhes,nunca chegaram a conversar até serem apresentados na FireWorks. Martin obviamente vê as irmãs Júlia e Juliana com frequencia em frente àMáscara de Cetim. E Cibely vai arrancar tudo que puder caso encontre Renan emLondres. A missão está definida. Escolhemos um nome pra nossa máfia.

"Flores Rosas"

Em homenagem aos nossos sobrenomes.

Antes de nos despedirmos de Ricardo, Martin conta que Cibely quer organizar ocasamento e a festa de máscaras. Ele adora e aproveita o assunto. -Vocês duas aceitam ser nossas madrinhas de casamento? -Ricardo sorri. -Claro! -Grito e Cibs concorda dando pulos na calçada. -E chega de presentes, vocês já nos deram tudo. -Martin adverte. -Tudo bem.- Cibely diz a minha frente cruzando os dedos atrás das costas. Eu sabia que ela faria isso. Ainda tem o presente do Ricardo. Fofocamos mais um pouco e Ricardo vai trabalhar. Martin deixa Cibely em casa eseguimos pra nossa Loja. O estrago das irmãs metralhas está lá. Vidros pra todo lado. Felizmente gradesprotegem a loja. A loja DasJu ainda não abriu. Estranhamos pois elas madrugamaqui. -Jibely, será que elas vão pagar pra arrumar isso aqui? -Ele olha com tristeza. -Não sei, o trato era esse. Mas vou contratar alguém pra tirar estes vidros daqui.Pode machucar alguém. -Digo abrindo a loja. Lá dentro também está cheio de vidros e pedras pesadas. Talvez não tenha sidouma boa idéia ter tirado elas antes da hora de lá. Mereciam sofrer um pouquinho.Mas ok. Eu que comecei depois de Júlia me provocar.E assim como Júlia eu também estava sendo o escorpião da história. (*)

(*)Conta-se que um escorpião queria atravessar um rio de águas turbulentas.Precisava chegar do outro lado e pediu ajuda a um sapo, que se recusou dizendo queo escorpião iria ferroá-lo. O escorpião disse que não faria isso com quem o ajudasse,só precisava subir nas costas do sapo pra que este o ajudasse a atravessar o rio. Osapo ajuda e no meio do caminho o escorpião crava o ferrão em suas costas. O sapodecepcionado pergunta para o outro por que fez aquilo já que estava ajudando e oescorpião diz: “Fiz porque é a minha natureza.” E os dois morrem afogados nacorrenteza.

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Capítulo 14- Tulipas

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Planos Desfeitos As vendedoras chegam e Martin explica tudo que aconteceu, e pergunta se algumadelas conhece alguém que possa limpar a loja e a calçada. As 3 se oferecem ecombinam de dividir o dinheiro entre si. Elas devolvem os vestidos impecavelmente limpos. Digo que se sempredevolverem assim podem pegar outros quando houver alguma festa. Elas sorriem,agradecem e vão limpar a loja. Felizmente nenhum cliente chegou a ver o estrago. A maioria das encomendas éMartin que entrega pessoalmente. Passo a manhã comprando mais peças pelainternet. Hora do almoço. Martin volta feliz por ter entregado tudo rapidamente. Elas játerminaram tudo também. Martin faz o pagamento extra e dá o resto do dia de folgapra elas.

Fechamos para o almoço. Martin pede o almoço por telefone que logo chega. Almoçamos na copa enquanto lemos os documentos pra efetivar nossa sociedade. -Quanta burocracia, Meu Deus! -Digo já vesga de tanto ler. -É assim mesmo, papelada pra nascer, pra viver, pra trabalhar e até pra morrer. -Ele segura minhas mãos afetuosamente. -E...não tive tempo de olhar a DasJu, elas apareceram? -Pergunto ao meu amigo. -Já sim, Ryan trouxe as duas e foi trabalhar. Vi quando estava conversando com aClarice. -Ele deixa os papéis de lado e se concentra no almoço. -Hum...bom, está uma delicia este grelhado. -Digo disfarçando meudesapontamento. -Ah sim amor, um grelhado e uma saladinha, abusamos muito no fim de semana. -Ele bate numa barriga inexistente. -Sei, você deve estar bem mais pesado com isso aqui...-Pego sua mão mostrando aaliança que ganhou do Ricardo. -Menina, eu olho pra ela e não acredito. Estou chocado até agora com o que vocêsfizeram comigo. -Ele abana o rosto. -Nós três te amamos querido. Você merece muito mais. -Digo sorrindo pra elesinceramente. -Eu sei e amo vocês mais que tudo. -Ele embarga um choro. A tarde segue lenta enquanto fico no escritório. Martin cuida das vendas e dotelefone. Tenho que adiantar tudo que puder durante a semana pra Martin nãopassar aperto com a Máscara de Cetim. Cibely liga algumas vezes, mas nada sobre Ryan ou Renan. Ela está animada coma viagem. Martin me chama pra tomar um café no fim da tarde. Pego os biscoitos de nataque sobraram e ficamos no balcão que tem vista privilegiada pra DasJu. Elas estão na porta conversando e fumando. Ryan sempre odiou cigarros e me trai com uma fumante. O que me faz pensar sepassamos por cima de nossos convicções em nome do amor. Ou se em nome dostatus, vaidade... -Jibely minha vida! Ricardo ligou e disse que encontrou Ryan na hora do almoço.-Ele diz e toma o café.

-E aí? Descobriu alguma coisa?- Fico nervosa. -Ele disse que Ryan que foi conversar com ele, já que conversaram muito naFireWorks. E Rick achou o momento certo de se aproximar como amigo. Entãoforam almoçar juntos num restaurante onde a maioria dos funcionários das empresasdo bairro almoçam. -Ele explica. -Sim, Ricardo falou que sempre via ele por lá, mas não se aproximava por falta deintimidade.- Mordisco um biscoito. -Uhum, ele disse que não perguntou nada assim logo de cara, pra preparar oterreno, mas que Ryan sentiu-se super a vontade pra desabafar sobre Júlia. Mas nãomencionou nada de chantagem. -Ele me olha . -Ninguém nunca fala que é chantageado Martin. O que ele falou da Júlia? -Chegomais perto. -Falou que ela é histérica, possessiva, que o sufoca, liga toda hora e...o faz lembrarque você existe todos os dias. Isso está acabando com ele. -Meu amigo ri. -Isso é ótimo. É o que ele merece mesmo por ter me trocado por ela. -Digoolhando pra DasJu a minha frente. Elas entraram faz um tempo. Mas tenho a impressão que elas também olham praMáscara de Cetim lá de dentro. Talvez seja paranóia. Talvez seja um fato. -Mas ele disse que vai continuar investigando. Adorou a idéia da Máfia FloresRosas. É uma terapia pra ele que trabalha e estuda tanto. -Martin suspira. -Falta pouco, logo ele se forma e vai se dedicar ao que ama. -Digo o abraçando. -É verdade. Enfim, ele está super animado e se o conheço bem ele vai fazergrandes progressos com Ryan. -Ele me beija no rosto. -Já falei que te amo, meu amigo? -Digo aconchegada em seus braços. -Hoje não. -Ele brinca. Não demora muito e Cibely chega. Toma um café e reclama que não deixamosbolachas pra ela. Diz a Martin que viu Ricardo antes de sair e ele iria direto pra casajá que agora está motorizado.Ela conta que foi instruída a terminar o semestre antes de trancar a faculdade. Assimnão teria maiores problemas depois. Ela concordou e decidiu viajar no fim de semanapra encontrar Renan e conhecer alguns cursos. Eu fico feliz. Mais tempo com a espoleta da minha irmã. Também terei que ficar

na Máscara de Cetim a semana inteira adiantando trabalho e talvez eu mude as fériaspra Julho se a Júlia me der paz. Martin que adora esta idéia. Julho Rick se forma. É férias pra quase todos. Medou conta que ele também precisa de férias, trabalha direto comigo a mais de um ano. Mas um de nós tem que ficar cuidando da loja. Acho que é mais justo eu tirarférias em Junho e volto em Julho pra Martin tirar a dele junto com Ricardo. Que confusão. A vida adulta não é fácil como pensamos que seria quando temos 15 anos ainda.Tudo é mais complicado. Temos de abrir mão de tantas coisas. Só não sinto saudadealguma da escola. Martin vai embora em seu novo carro e eu sigo pra casa com Cibely. Chego emcasa morrendo de saudades de Veludo que dorme no sofá. Agarro meu filhote eencho de carinho. Cibs tem tarefa de casa e usa a mesa da cozinha. Tomo um banho enquanto isso.Lembro de Ryan, de seu abraço, de seus beijos. No ultimo ano só lembrei dosmomentos ruins com ele, agora só da última noite que passamos juntos. De conjunto de moletom que adoro pra ficar em casa, sigo pra sala onde está olaptop. Me ajeito nas almofadas e coloco ele no meu colo. Pesquiso lugares praviajar mas nenhum me interessa. Culpa do Ryan. Fico tentada a olhar sua página na internet, mas a regra número 1de toda mulher adulta é NUNCA olhar as redes sociais do EX. Seja qual for. Faz malpra alma. Dou um tapa leve no meu rosto e procuro a página dos meus pais. Um cruzeiro não é má idéia. Olho o álbum que postei pra Júlia e parece que já esqueceram. Júlia é mais espertado que imaginei. Já me excluiu também. Mas não Ryan. Penso nele e resolvo ficardisponível no bate-papo. Como por intuição ele está Online. Não demora muito ele manda uma mensagempra mim. Meu coração dispara. Mas sou corajosa e abro. Aparece uma imagem de Tulipas. E um sorriso. Depois fica OFF. Não entendo nada. Conto pra Cibely e mostro a imagem. Ela diz que deve ser alguma coisa que elequer dizer mas não pode. Tento lembrar de algo relacionado com Tulipas.

E não lembro de nada. Olho a imagem mais uma vez e vou para o quintal. Me deito na rede com Veludo efico balançando sentindo o ventinho frio em meu rosto. Tento me lembrar de tudoque vivemos, mas é tão doloroso. E quando Veludo afofa a rede e olha pra mim, me lembro de tudo. Estávamos no começo do namoro e brigamos. Sempre extrema fui embora pracasa. Ele não foi atrás de mim. Não ligou. Achei que tudo tinha acabado. Mas no diaseguinte pela manhã recebi um buquê de tulipas. No cartão havia os dizeres: “Minha flor é tão especial que rosas seriam simples demais. Tulipas tem cara deJibely. Flor vermelha que marca presença por onde passa. Te amo.” Ass Ryan Foi a primeira vez que ele disse “Te Amo” Foi a primeira vez que alguém disse que me amava.

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Capítulo 15- Planta ovo

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Um amor de amizade Explico minha lembrança pra Cibely. Com raiva, por ele estar brincando comigo.Se me amasse de verdade chantagem alguma impediria nosso casamento. Ela pede calma e diz que uma boa noite de sono resolve qualquer inquietação. Sigo

seu conselho e tento dormir sentindo um misto de raiva de saudade. A semana segue rápida, sem maiores novidades, sem sinal de vida de Ryan, meconcentro no trabalho e deixo a visita aos pais dele para o Sábado. Domingo tenhoalmoço na casa de Martin e antes, na Sexta à noite vamos com Cibely até oaeroporto. E depois finalmente: Férias pra Jibely-que-só-se-matou-de-trabalhar-durante-5-anos. O fim de semana em Las Vegas nem contou como férias, Cibely e eu nãodescansamos nada, foi uma agitação total. No último dia minha irmã faturou umprêmio milionário. Mas a Máfia Flores Rosas ainda está apenas começando e não é uma semana fracaque vai nos desanimar. Olho Cibely toda animada arrumando as malas. Martin ajuda escolhendo as roupas certas pra se usar em Londres. A cada 10 queCibely coloca lá, ele tira de volta 7. É muito engraçado. -Cibs é só pra uma semana, não um ano. -Digo secando meus cabelos com umatoalha. -Ela é teimosa Jibely, não faço idéia de quem ela puxou isso. -Ele dizsarcasticamente olhando pra mim com seus braços cruzados. -Acontece muita coisa em UMA semana gente! Quero ter opções pra usar. -Elacoloca mais 5 que Martin desaprova. -Não, não, essa sim, não, não, essa passa. -Meu amigo muda tudo. -Desisto, pode montar Martin, senão vamos nos atrasar.- Ela senta na camaemburrada. -Que drama, ainda é cedo e você só vai a tarde pra só viajar no começo da noite. -Digo penteando meus cachos. -Se não encontrar Renan tudo bem Cibely, saia e se divirta com sua amiga eprocure se informar dos bons cursos. -Ele diz com carinho. -E qualquer coisa manda email, mensagem, telefona que vou nadando se precisar. -Digo sorrindo. -Xiiiii... tão parecendo mamãe e papai. -Ela ri. -Por falar nisso já falou com eles? -Martin quer saber. -Já, eles estão pra voltar e em Julho viajam de novo. -Ela conta tentando fechar amala.

-Eles merecem.- Digo agarrando Martin. Combinamos de ficar na loja até o almoço e fecharmos mais cedo. Depois ficamoscom Cibs. Ela adora a idéia e pede pra Ricardo faltar a faculdade pelo menos, já quetrabalha pela manhã, e ir se despedir dela. Tomamos o café em casa mesmo e depois seguimos para a Máscara de Cetim. Asmeninas estão de folga a pedido de Martin. As DasJu estão na porta espiandodepois de todos estes dias em silêncio. Na Quarta, somente, um homem veio colocar vidros novos na entrada, a pedidode Ryan. Fez seu trabalho eficiente e foi embora. Mas Ryan nem deu as caras por lá. Quando Martin abre a porta do carro pra mim, tenho o desprazer de ver Julianavindo em nossa direção. -O que é Juliana? -Digo tirando minha echarpe verde e amarrando meus cabeloscom ela. -Calma, não quero brigar. Só vim dar um recado. -Ela olha pra Júlia do outro ladoda rua que acena. -Ai vai começar tudo de novo...-Martin resmunga. -Ela disse que viu as Tulipas que Ryan te mandou por mensagem. E bravaperguntou pra ele o que era. Ele disse que eram flores que você preferia quecolocassem em seu caixão quando morresse...-Ela parece com dificuldade por terdecorado algo tão difícil. -Ele disse? Jura? -Digo com ironia. -E a Júlia quer saber se é verdade. Se não ela vai se entender com ele. -Ela sorri eolha pra Júlia ao longe mais uma vez. -Juliana, todos sabem que é verdade, Jibely sempre fala isso. -Martin defendeRyan. Martin pensou rápido. Se queremos colocar a Máfia Flores Rosas pra trabalhar émelhor que ele não se encrenque com Júlia...apesar de merecer. -É amor. Eu sempre digo isso pra você não é? -Falo abraçando Martin. -Vocês dois namoram? -Juliana pergunta finalmente. -Por que acha isso?- Martin pergunta rindo. -Porque vocês sempre estão abraçados e se agarrando, sempre entram parecendoque estão se casando...- Juliana fica vermelha por assumir que nos espiona. -Então, sim! Namoramos e vamos nos casar um dia. Não sei porque Júlia acha que

meu amor aqui ainda gosta do Ryan? -Ele fala sério. -Ela não tinha certeza...você parecia tão...-Ela pára. -Tão gay? -Eu pergunto dessa vez segurando o riso. -É, mas não é da minha conta...-Ela faz charme. -Hoje em dia Juliana, os homens não tem obrigação de ser machões, eles nãodevem nada a ninguém, e ser vaidoso está na moda... -Martin explica. Nesse momento Júlia aparece e nos damos conta que nem percebemos quando elaatravessou a rua. -Não acredito que vocês sejam namorados. Essa ceninha sempre foi pra nosirritar. -Júlia já chega soltando seu ácido veneno. -Seja o que for não é da sua conta Júlia. -Digo mostrando os dentes como um cãoraivoso. -Que seja...espero que o recado esteja dado. E pode deixar que se você morrer eucompro uma coroa de Tulipas pra você... -Júlia me olha de cima. Olho pra Júlia e sinto meu olho piscar. A raiva esquenta meu sangue e fico cega.Pulo em cima de Júlia e a encho de tapas. Ela puxa minha echarpe achando ser meuscabelos. Martin segura Juliana que quer pular no meio de nós, meu amigo sabe que nãoseria justo e como quero voar em cima dessa traidora há um ano. Ela me arranha osbraços e eu continuo dando tapas com vontade em cima dela. Ela corre e diz que vai chamar a polícia. Martin solta Juliana que vai amparar airmã. -Chame Júlia! O delegado disse que se aparecermos mais uma vez na frente delenão vai ter dinheiro que pague a fiança. Pode chamar! -Minto fazendo um coque epegando a echarpe rasgada. -Vou mesmo, isso não vai ficar assim.- Ela grita. -Queridinha, chantagem também é crime. Beijo-me-Liga!! -Digo sorrindo apesarde estar dolorida. -Não sei do que você está falando.-Ela volta em minha direção. -Estou de olho em você Júlia. No momento que você ferrar o Ryan eu ferro vocêjuntinho com ele. -Ameaço. Júlia sai bufando puxando Juliana pelos braços. Elas ficam na porta discutindo.Martin me abraça forte.

-Quer ir ao médico amor? -Ele passa a mão nos arranhões.-Não, só preciso desinfetar meus braços com água oxigenada 10 vol. Vai que a idiotatem raiva! -Digo segurando um choro. -O que faço com você Jibely? Tem que aprender a se controlar. -Ele toca meurosto com as costas de sua mão. -Você me ama assim com meus defeitos...-Lamento com ele. -Eu amo. Mas não quero que se machuque. -Ele beija meu rosto. Nesse momento não sei porque faço isso, mas beijo a boca do meu amigo. E eleretribui com carinho, me abraçando forte. O beijo é suave. Sem pressa. Carinhoso. Quando me dou conta do que está acontecendo, me afasto. Júlia está ainda naporta da DasJu furiosa. Olho sem graça pra Martin que me puxa pra dentro danossa loja. -Me desculpa Martin. Eu... -Tento explicar. -Tudo bem Jibely, fez pra irritar a Júlia, não foi? Por isso retribuí. -Ele encerra oassunto. -Foi, foi por isso. -Digo entrando no escritório. Digo pra mim mesma em pensamento, que Martin é noivo, gay e bem resolvido.Não posso gostar do beijo dele. Mas gostei. Ele tem um poder sobre mim. Mas émeu amigo. Só estou confusa por culpa de Ryan e de todos os homens em geral que nunca sederam bem comigo. Penso em como encarar Martin de novo. Será que ele percebeuque fiz por instinto e não pra irritar a Júlia? Definitivamente preciso de férias. Estou pirando com essa história toda. Assino os documentos finais pra Martin poder resolver todos os problemas daMáscara de Cetim sem mim por perto. Depois acesso o perfil do Ryan e mando uma imagem que sei que a Júlia vai ler.Um monte de ovos no chão com a frase:“Planta ovo pra ver se nasce Galinha e me esquece." Na hora do almoço Martin me chama pra irmos logo. Procuro minha bolsa e nãoencontro. -Amor, você veio sem bolsa! -Ele diz me abraçando por trás. -Estou ficando maluca? -Olho pra ele com piedade.

-Já te conheci assim, não tenho nada pra comparar!- Ele sorri e vamos pra casa. Não vejo Júlia do lado de fora quando entro no carro. Fico muda o caminho devolta inteiro. Quando chego corro para o banheiro pra lavar meus braços e desinfetá-los. -Calma Jibely! Ela mereceu! -Digo baixinho. Quando chego na sala de casa vejo Veludo pulando de alegria do sofá. Devo terentrado tão rápido que nem meu filhote viu!. Vou pra cozinha calada e troco a águadele. -Jibs! Está tudo bem? -Cibely aparece sem Martin. -Cadê o Martin?- Pergunto. -Está no quintal. Ligando para o Ricardo pra saber se ele vem pra almoçarmosjuntos, -Ele não contou nada? -Tento saber até onde Cibs sabe. -Não, ele ficou quieto, lendo uma revista e depois foi ligar lá fora. -Ela meatualiza. -A gente se beijou! -Digo baixinho. -VOCÊS O QUE? -Ela grita sem pensar.

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Capítulo 16- Violeta

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Ao som de Elvis

-Nos beijamos Cibely, pra provocar a Júlia! -Martin aparece atrás de nós. Ele me olha sério e continua: -Mas se puder não contar para o Ricardo Cibely, eu me sentiria melhor. Eumesmo quero contar quando for a hora certa. -Que isso Martin, só estranhei o jeito que Jibs falou...-Minha irmã ainda continuasurpresa. -Eu entendo. Não é todo dia que uma mulher recebe o toque dos meus beijos! -Eleforça um sorriso. -É. Vamos esquecer isso. -Digo enfiando minha cara na geladeira. Os dois seguem para o quarto da Cibely e eu respiro aliviada. Ainda estou emchoque por ter beijado Martin. Foi tão bom... Será que ele gostou? Beijou com tantocarinho. Ainda bem que estou saindo de férias senão onde enfiaria minha cabeça nospróximos dias. Não posso nem pensar em nada disso. Foi exatamente o que Júlia eRyan fizeram comigo. Sou a madrinha da vez e Martin é o noivo. Ricardo é um amor de pessoa e nãoentenderá que fiz isso.. será que fiz pra irritar Júlia mesmo? Minha cabeça dói só detentar achar explicações. Ricardo chega um tempo depois com nosso almoço. Arrumo a mesa enquantoconverso com ele. Ele é alto como Martin, mas muito forte apesar de não ter muitotempo de frequentar a academia. -Nada do Ryan? -Pergunto distribuindo os talheres. -Não o vi em lugar algum durante a semana, mas hoje ele apareceu. -Ele colocacada alimento em uma travessa. -E aí? Falou algo? -Paro tudo e me sento pra ouvir. -Perguntei por que ele sumiu, se estava tudo bem. Ele disse que trabalhou muitoestes dias e nem teve tempo de almoçar. Se enfiou no trabalho pra não ter que ficarmuito perto de Júlia. -Ricardo diz sentando também. -Então deve ter arranjado mais trabalho pra fugir de Júlia você quis dizer...-Digobufando. -Exato. Um tempo depois ele confessou isso, que fez a mesma coisa quando

queria se afastar de você. Ele não quer ficar mais com ela, isso é fato. E você temrazão tem algo muito estranho nessa história. -Ricardo conta se levantando quandoavista Martin e Cibely chegando cheios de fome. -Olha, comida de verdade! Adoro! -Cibely diz já se servindo. -Ei, eu fiz sopa pra você...um dia desses. -Brinco. -Obrigado amor, arrasou! -Martin beija Ricardo agradecendo. Um frio passa por minha espinha e olho pra Cibely que alheia ao mundo só quercomer mesmo. Nem parece que vai viajar. Me sirvo e quando todos estamoscomendo continuo meu assunto com Rick. -Mas ele não disse nada de estar sendo chantageado pela Júlia? -Quero saber. -Nada. Só está profundamente insatisfeito. E me mandou te entregar um bilhete. -Ele ri. Dou um tapinha nele nervosa por não ter dito antes. Ele ri e Martin está calado.Cibely está tão satisfeita que só escuta o assunto. -Não é bem um bilhete, parece uma carta.-Ele tira do bolso e me entrega. -O que diz? -Pergunto. -Eu não li, é pessoal Jibs! -Ele é muito ético. Abro nervosa e leio rapidamente. Engulo em seco e depois leio para os 3 pares deolhos que me olham sem piscar. “Jibely...Este nosso encontro inesperado depois de tudo que te fiz ano passado, mexeu muitocomigo. Fui egoísta por só pensar em mim e quando me dei conta estava “preso”nas teias da Júlia e pensei que te fazendo me odiar, faria você sofrer menos. Não foio que aconteceu. Pude ver e sentir no tempo em que passamos juntos como foi tudosofrido pra você. Que eu sempre julguei muito forte. Pelas fotos que você postouachei que minha vida estaria acabada, e por isso tive que pedir a mão da Júlia emcasamento contra minha vontade. No dia que choveu, eu queria te explicar tudo masnão deu. Quando te enviei a foto das tulipas, foi pra você saber que não esqueci aprimeira vez que eu disse te amar. Mas Júlia viu e tive que inventar uma mentiraque espero que você confirme caso ela pergunte. Mas não consigo ficar perto delanem mais um dia e como por motivo de força maior não posso me separar dela,terei que sempre inventar desculpas e problemas até eu resolver meus problemas.

Mas quero que saiba que não consigo tirar você da cabeça e por isso precisamosconversar. Beijos. Ryan Tagetes.” -Ai Meu Deus! Que babado. -Cibely quebra o gelo. -Uau! -Ricardo exclama. -Florzinha, com o que Júlia pode prender ele? -Martin pergunta. -Não sei. Mas eu sabia que tinha chantagem aí, viram! -Digo vitoriosa. -Eu disse antes de você...Por isso preciso falar com Renan pessoalmente. -Cibelydiz animadamente. -Mas vamos ter cuidado, olha o que a louca da Júlia fez com você! -Martinentrega minha briga. Levanto as mangas do moletom e Ricardo e Cibs veem finalmente meus arranhões. -Jibely, você brigou com a Júlia quando? Hoje? -Ricardo questiona. -Foi e Martin segurou a Juliana pra luta ser justa. -Digo. -Seus malucos, e elas chamassem a policia? -Cibely pergunta. -Bom...eu deixei ela entender que sei de tudo...-Digo sem jeito. -Caramba! E ela? -Ricardo se interessa mais. -Ela ficou furiosa mas se calou, fez de desentendida. -Explico. O resto do almoço é de conversas sobre como a Máfia Flores Rosas deve agiragora que vou tirar férias e Cibely vai estar fora. Todos devem trocar emails sempreque não puderem se encontrar. Assim todos ficam a par dos caminhos desse mistério. Com esta 'carta/bilhete' acabo esquecendo um pouco do beijo em Martin e já mesenti mais a vontade com eles. As horas começam a passar mais rapidamente. Cibely toma um banho e fecha a mala pela ultima vez. Seguimos todos nomesmo carro, o de Martin, para o Aeroporto a fim de evitar o trânsito na hora doRush. Chegamos e ficamos conversando com Cibely e dando recomendações sobre tudo.Ela se irrita mas diz que vai fazer tudo direito. Tiramos fotos, rimos, e a hora teimaem não passar. Finalmente 2 horas depois anunciam o embarque e Cibely vai cheia de coragem. Sevira e tira uma foto de nós três, que estamos abraçados chorando.

-Somos 3 manteigas derretidas mesmo...-Digo olhando meus amigos. Eles me deixam em casa. Dizem que qualquer coisa que eu precisar é só chamar.Martin me leva até dentro de casa enquanto Ricardo espera no carro. Ele me abraça forte. Beija meu rosto. Meu coração dispara. -Vai ficar tudo bem amor. Você está carente e querendo ou não sou homem. Eu tebeijei porque quis. -Ele sorri. -Me desculpa. Não quero estragar nossa amizade. Não vai né? -Quero saber. -Jamais. Eu te amo Jibely. Do meu jeito.-Ele olho dentro dos meus olhos. -Não conta para o Ricardo então. Ele vai me odiar. -Faço beiço. -Tudo bem. Eu não conto. -Ele me acalma. Depois se despede e me dá um selinho. E vai embora. Coloco as mãos no peito emeu coração parece querer parar de tanto bater. Tão confuso quanto eu. Chamo Veludo que vem todo dengoso querendo colo. Sento no chão, em meutapete Violeta fofo e fico brincando com ele. Sinto vontade de algo pra relaxar e vouaté a cozinha e pego uma garrafa de vodca. Não me dou com bebidas mas minhateimosia é essa mesma. A primeira golada é pura, desce queimando. Depois pego um pouco derefrigerante e misturo no copo. Volto pra sala e ligo o som. É disso que preciso.Música. Já anoiteceu faz um tempo mas o relógio ainda marca 20:30hs. Ouço as músicasalegres enquanto bebo. Danço na sala, pulo, grito. Me sinto feliz. Veludo se deita nosofá com cara de quem não tem mais idade pra isso. Quando começa a tocar a minha música com Ryan: “Can't Help Falling In Love”do Elvis Presley aumento o volume e começo a cantar alto. E como os micos naminha vida nunca acabam, quando começo a chorar a campainha toca. Olho da janelada sala e olha quem está lá.... Ryan. -Valeu pela piada Universo! -Brindo aos céus.

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Capítulo17- Gotas de Orvalho

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Surpresas Enxugo as lágrimas. Não atendo esperando ele ir embora. Mas ele fica gritando láfora que sabe que estou em casa. Pauso a música e vou cambaleando atender. -O que é? -Tento ser indiferente. -Recebeu minha carta? Deixa eu entrar? -Ele pergunta aflito. -Não, vai embora! -Digo sem pensar. -Ricardo disse que entregaria... -Ele fala confuso. -Recebi a carta anta, o meu 'Não' foi que Não pode entrar. -Digo virando ascostas. Ele sai correndo. Entro e antes que eu pense no que fazer ouço alguém bater naporta que dá para o quintal. É ele. Abro contrariada. -Como entrou? -Quero saber. -Pulei o muro. -Ele simplifica. -Gênio tem vidro naquele muro. -Olho pra suas mãos intactas. -Eu sou bom com saltos. Já esqueceu? -Ele brinca enquanto entra. -Se não aparecesse eu nem lembraria que você existe. -Minto. Ele senta ao lado de Veludo. Desinibida pela bebida deito no tapete e coloco aspernas na mesinha. Tudo começa a rodar. Que pesadelo. Primeiro brigo com Júlia,depois beijo Martin e claro...Ryan tem que fechar a noite com chave de ouro. -Precisamos conversar! -Ele olha em minha direção. -Vai falar com o que Júlia te chantageia? -Digo rudemente. -Não posso. Mas acho que você merece alguma explicação. -Ele levanta e sentaperto de mim no chão. -Fala então. Mas seja o que for que esconde eu vou descobrir Ryan. -Digo

cobrindo os olhos com as mãos. -Vai se decepcionar, já vou avisando. -Ele abaixa a cabeça. -Pior do que abandonar uma noiva nas vésperas do casamento? -Perguntoconfusa. -Bem pior que isso Jibely. -Ele vira olhando pra mim.Ok. Criamos a Máfia Flores Rosas pra descobrir o que Ryan esconde com Júlia.Então ouvi-lo não vai me matar. Me concentro , tento prestar atenção. Mas é difícildepois da bebida. É isso! Se ele beber quem sabe fale além da conta. Posso tentar. -Cadê a Cibely? -Ele sente falta de minha irmã. -Foi viajar. Visitar uma amiga que mora fora. -Tento encobrir a verdade. -Onde? As aulas nem acabaram ainda. -Ele desconfia. -Na Europa. Sabe como ela é...faz o que dá na telha!-Tento agir naturalmente. -Sei...bom, Jibely...Tava escutando nossa música? -Ele quer saber. -Não temos mais música Ryan. Estava só tentando relaxar um pouco. -Digolevantando as mangas e mostrando os arranhões. -Quem fez isso..não vai me dizer que..-Ele parece adivinhar. -Sim, briguei com a Júlia pela manhã. Mas ela deve estar pior com a cara inchada.-Digo vitoriosa. -Não acredito nisso...Parecem duas crianças. -Ele se zanga. -Crianças brigam e fazem as pazes, eu corro da Júlia e ela não me larga. -Levantopra ajeitar as costas. -O que ela fez pra receber sua fúria...dessa vez? -Ele passa a mão na testa praconter um suor. -Ela veio falar : “E pode deixar que se você morrer eu compro uma coroa deTulipas pra você” e quando dei por mim estávamos rolando no chão. Seu recadochegou horas depois.-Digo abaixando as mangas. -Vocês duas vão acabar me matando...-Ele suspira. -Se contasse a verdade...TALVEZ...eu pudesse de ajudar ou te ferrar de vez. -Enfatizo o talvez. Vou até a cozinha e preparo uma bebida pra ele, meu copo encho só derefrigerante. Preciso estar atenta se ele falar demais. Entrego a bebida e ele sai dochão pra se sentar no sofá. Bebe pensativo, o observo calada. Ele se levanta e tira o som da pausa, coloca a

música pra recomeçar enquanto senta novamente de frente pra mim. Não sei quantotempo se passa. -Lembra quando ouvimos essa música pela primeira vez? -Ele me olha. -Claro. No dia em que nos conhecemos na festa de Renan. Ouvíamos Elvis aofundo quando nos beijamos. -Como eu esqueceria? Depois planejamos que se um dia nos casássemos a lua de mel seria em LasVegas, e nos casaríamos de novo lá com um sósia do Elvis cantando nossa música aofundo. Que romântico! E que brega! -Seus pais disseram para os meus que você foi pra lá com a sua irmã. -Ele puxaassunto. -Fomos, um fim de semana mágico! As pessoas achavam que éramos um casal,devido as nossas diferenças físicas. -Explico. -Ela é branca de cabelos negros feito a Branca de Neve e você é Ruiva com estescabelos vermelhos e cacheados...-Ele tenta me explicar o óbvio. -Puxei papai e ela a mamãe...oras -Estresso. -Eu perguntei pra Júlia onde gostaria de passar a Lua de Mel, lembrei do que vocêdisse aquele dia...-Ele me olha com expressão preocupada. -E ela disse Londres não foi? -Digo chegando mais perto pra ouvir a resposta queaguardo. -Foi. Na hora só pensei em tudo que você me disse sobre ela, sobre o Renan...Mesinto um otário! -Ele vira o rosto. -Eu sabia! -Digo nem um pouco preocupada com ele. -Mas não te traí por ela ter me seduzido. Traí porque fui um canalha com você.Ela estava sempre tão disposta a ajudar e você sempre tão grossa com todos...-Elelevanta e segue em busca de mais vodca e refrigerante. -Grossa! Você me conheceu assim...é meu jeito...-Engasgo de nervoso indo atrásdele. -Seu jeito Fogo de ser...eu sei. Mas na época eu queria aliviar a tensão e jamaisterminaria com você...-Ele desvia o olhar. -Terminou por pressão da Júlia sobre “algo” que não posso saber...-Sigo oraciocínio dele.

-Isso. Ela é um demônio ardiloso. -Ele reclama. -Bem feito por ser carente demais, sempre fui fiel a você.- Acuso apontando odedo na cara dele. -Deveria ser mesmo. Fui o primeiro a dizer te amar. Não acha que sempre afastaas pessoas da sua vida Jibely? -Ele me acusa. Ele me acusa? Por que homem adora fazer burrada e acusar a mulher que está ao seu lado?Assumir a culpa faz bem sempre. Que idiotas todos eles que fazem de nós merosobjetos de satisfação e não arcam com as consequências. -Idiota! Não vou ter uma gota de pena de você Ryan! -Saio da cozinha e corropara o quintal. Algumas flores só abrem a noite, e exalam um perfume que quando misturados aoutros perfumes deixam o ar inebriante. Olho para o céu e as estrelas piscam comose estivessem me vendo. A lua está crescente e parece um sorriso absurdo no meioda noite. E mais absurdo ainda é ter que aguentar Ryan me insultando na minha própriacasa. São coisas que só acontecem comigo mesmo. O universo me tirou pra otária.Não consigo ficar sozinha nem pra planejar minhas férias. Sento na velha rede que fica debaixo de uma inteligente cobertura exatamente nocentro do quintal com flores em volta, assim se chover, não necessariamente serásinal que a pessoa deve sair correndo dali. Apesar de toda esta beleza, aproveitamos muito mais este quintal quando eramoscrianças. Depois que vovô se foi, ficou difícil pra vovó passar muito tempo ali, edando a casa pra mim ficou difícil que eu passasse muito tempo ali também. Já Veludo adora o quintal. Onde explora o mágico mundo das flores, ondeencontra sua caixinha de areia e até onde faz suas corridas atrás de algum inseto.Olho para o meu filhote que já está atrás de mim. Não posso deixá-lo sozinho. Esperar meus pais voltarem e ficarem muito em casaé pedir demais. Estão no ápice da empolgação. Vou de qualquer forma esperarCibely voltar e ficar com ele pra mim. -Jibely, que foi? -Ryan aparece atrás de mim. -Só pensando no amor da minha vida...-Digo sem me virar. -Em mim? -Ele se acha mesmo.

-Não palhaço, no meu gato, o Veludo. Ele é o amor da minha vida! -Agora sim meviro pra ele. -Ai, aquelas coisinha ali no chão é o meu orgulho? Acho que acabaram de cair...-Ele brinca. -Não. Deve ser uma formiga carnívora.-Digo irônica. Quando volto pra sala desligo a música. Ligo a TV e Ryan vem atrás de mim, ficonervosa com essa perseguição toda, esse chove não molha. Espero ele se sentar e ointimo -Já são quase 23hs o que quer Ryan? Fala logo! -Paciência não é meu forte. -Eu não consigo tirar você da minha cabeça. Quero que a gente volte...-Seus olhosbrilham. -Hum, vai terminar com a Júlia? -Sou direta. -Não posso. Não ainda. -Ele fica nervoso. -Quer que eu seja a amante? Como ela fez comigo? -Já começo a surtar. -Não é nada diferente do que fizemos ali naquele quarto.-Ele faz piada numapéssima hora. -Uma vez ela mereceu. Agora ser amante? Não acha que eu mereço um poucomais de atenção? -Nem sei do que estou falando. -Jibely, eu te amo..ainda! -Ele tenta me abraçar. -Me solta! Tenho nojo de você. Vai embora daqui agora. -Abro a porta e esperoele sair. -Jibely é a porta do quintal. -Ele diz sem entender. -Foi por onde você entrou. Vai e me deixa em paz. -Noto que ele continua paradoao meu lado. -Eu sei que você gosta de mim ainda...eu sei. -Ele tenta sair vitorioso. -Pode ser, mas não sei se ainda te amo. -Digo empurrando a porta e trancando elepra fora. Deito no sofá e fico mudando de canais a esmo. Está pra começar um filme e euchamo Veludo pra assistir comigo. Adoro ver filmes, e vai me ajudar a esquecertudo que está acontecendo na minha vida. Acordo com as costas doendo e a TV ligada. Tento enxergar as horas e vejo quesão 6 da manhã. Posso dormir mais um pouco no meu quarto. Veludo começa a

arranhar a porta do quintal insistentemente. Abro a porta coçando os olhos e o dia já está tão claro e frio. Há gotas de orvalhonas flores. Veludo corre e indo atrás noto que está em cima do idiota do Ryan quepelo jeito nem foi embora. Afofa a barriga de Ryan que acorda assustado. Busco meu gato. -Não foi embora por que? -Pergunto sem maiores expressões. -Não terminamos. Quero conversar. Saber de você. Estas coisas. -Ele sorriesticando a coluna. -Sua 'namorada/noiva' deve estar te procurando feito doida. -Acaricio a cabeçafofa do meu gato. -Não. Eu disse que precisava viajar a trabalho até Domingo. -Ele beija meu rosto eentra em casa. -Hein? -Vou atrás dele. -Sou todo seu até lá amor! -E fecha a porta do banheiro. Não acredito. Ele deve estar brincando. Justo no meu primeiro dia de férias?Como vou visitar os pais dele com ele aqui? Não foi uma boa idéia ter mostrado obaú com roupas dele. Agora quer morar aqui? Bato de leve no meu rosto pra ver se é um sonho. Veludo finca as unhas em mime vejo que é tudo real. Ele sempre faz isso quando está feliz no meu colo. O colocona bancada e pego seu sachê de carne, ele adora. Vou para o quarto de Cibely e tranco a porta. Durmo ali mesmo de cansaço e dornas costas. Quando acordar vejo o que faço com Ryan. Veludo arranha a porta praentrar. Abro e puxo ele. -Jibely, não precisa fazer isso. -Ele ainda em casa... -Pode dormir no meu quarto, eu não ligo. Me deixa em paz. -resmungo. -Já são 6:30hs não durmo mais que isso. -Ele explica. -Mas é meu primeiro dia de férias e adoraria dormir mais. -Digo enfiando otravesseiro no rosto. -Eu não sabia...descansa, depois conversamos. -Ele grita. -Que se dane. -Paro de dar atenção a ele que sai em seguida.

Acordo 9:30hs. Veludo abre os olhos e volta a dormir. Me levanto e corro para obanheiro. Depois da higiene matinal, sigo pra cozinha. Um café agora seria tudo debom. Mas só penso, pois Ryan preparou um mega café da manhã com café, pão dequeijo, leite e nossa tem até um bolo de cenoura com chocolate que adoro. -Como arrumou tudo isso? -Digo sentando à mesa. -Comprei pronto e fiz o café. Vendem de tudo na padaria sabia? Até leite. -Eleesnoba. -Eu sei, tenho que ir ao mercado urgentemente, mas me falta coragem de ter quever aqueles casais fazendo compras juntos, com o filho do lado ou na cadeirinha. Mesinto um ET. -Desabafo. -A gente ia bastante juntos. -Ele se lembra. -É. desde então fujo desse tipo de compra. -Corto um pedaço do bolo. -Se eu pudesse voltar no tempo...faria tudo diferente. -Ele me serve o café. -Obrigada. Digo pelo café da manhã. Não por querer mudar. -Falo com sinceridadee uma boca cheia. -Tem uma coisinha aqui. -Ele beija o canto da minha boca que tem um pouco dechocolate. Não sei se devo odiar ou ter pena. Ryan às vezes é tão legal e em outras tãoestúpido. Eu odeio o estúpido. Amo o gentil. Mas quem não ama o gentil? Quepensamento bobo. Tomo uma golada de café. A campainha toca. Uma. Duas. Três. Vou atender. Pode ser Martin. Corro até oportão e me dá vontade de sair correndo.Mas jamais vou correr dessa pessoa. Jamais.

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Capítulo 18- Flor do Dia

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Férias Ela me olha com arrogância e eu só consigo achar graça de seu rostoimpecavelmente maquiado pra esconder as marcas de nossa briga. Abro o portão e aolho de baixo em cima zombando do jeito que ela me olhou ontem. -O que é Júlia? -Digo sem empolgação. -Precisamos conversar. -Ela diz passando por baixo da minha mão e entrandoportão a dentro. -Não te convidei pra entrar. -Digo correndo atrás dela que entra em casa. -Não vou brigar, eu prometo. -Ela fala alto enquanto entra.Meu Deus! Ryan está lá dentro! O pânico percorre meu corpo e só consigo pensarem assassinato. A louca vai matar o Ryan ou a mim. Mas é tarde ela entra sem pedirlicença. Vou logo atrás dela procurando Ryan com os olhos. Nada. Escuto o chuveiroligado. Só pode ser ele. Júlia olha a sala, passa pela cozinha e eu atrás esperando eladizer o que quer. -Não dei o direito de entrar Júlia, é a minha casa. -Faço uma carranca. -Me deu direito quando disse ontem que sabia sobre a chantagem, depois de fazerISSO COM MEU ROSTO. -Ela grita tentando ficar mais alta que eu. -Você que provocou.-Digo tentando parecer natural. -Hum, que linda mesa de café da manhã. Martin está no chuveiro? -Ela quer saber. -Não. É Cibely tomando banho. -Minto torcendo que ela não saiba da viagem daminha irmã. -Que beijo aquele que você e Martin deram ontem hein? Achei que ele fosse gay,foi o que o Ryan me disse... -Ela olha a mesa sem se importar com a falta deeducação. -Ele é Bi.(*) -Digo cruzando os braços. -Oh! Isso explica muita coisa. Então...o que você sabe? -Ela se senta no sofá. -Sei o suficiente pra você parar de me encher o saco. -Continuo em pé -Como descobriu? -Ela cruza as pernas.

-Não é da sua conta. Olha Júlia. Não acha baixo demais ficar com alguém que nãote ama a força? -Vou direto ao ponto. -Acho sim. Ryan já estava comigo antes da chantagem. Ele te traiu porque elequis. Depois, quando queria me deixar pois se casaria é que usei a minha carta desorte. -Ela se gaba. -Não dá na mesma? -Preciso de forças pra ficar séria e não voar nela. SeguraJibely, segura... -Não. Ele queria casar com você pois os pais dele te adoravam, mas queria ficarcom nós duas ao mesmo tempo, isso que é baixo. Eu só o ajudei a se livrar de vocêjunto com os probleminhas que você já sabe. -Ela diz muito a vontade. -Sei. -Respondo automaticamente sem saber do que se trata. -E eu gostaria que você não tocasse nesse assunto mais, nem comigo, nem comJuliana, ela não sabia e ficou me perturbando o dia inteiro.- Ela olha pra cima comoprocurando se lembrar de algo. -Claro, se você não me provocar mais eu concordo. Quero descansar Júlia, achoque é hora de pararmos de brigar. -Digo fingindo alguma sinceridade. -Por mim tudo bem. Já que está namorando o Martin eu não preciso ter maisciúmes do Ryan não é? -Ela desconfia... -Não. Amo Martin mil vezes mais que Ryan. -Digo a verdade. É mesmo.. -Perfeito então. Quem sabe um dia esquecemos tudo isso e voltamos a ser amigas?-Ela sorri animada.-É quem sabe...-Sorrio sem graça. Não posso irritá-la ou nosso plano vai por água abaixo. -Não é a Cibely que está aí não é? Li ontem na página social dela que ia viajar praLondres! -Ela fala aumentando o tom. -Me pegou! É o Martin. A gente dormiu junto...-Fico sem graça de verdade. -Eu sabia! -Não precisam esconder, o amor é lindo e livre, não devemos julgarnada. -Pois é. É que algumas pessoas estranham...-Tento convencer. -Sabe e sobre as fotos que você postou..se puder tirá-las eu ficaria agradecido e aísim eu juro que não te perturbamos mais. -Ela parece usar ironia comigo.. -Posso fazer isso Júlia, sem problemas. Desculpe a pegadinha. Odiei beijar oRyan!! -Agora eu sou cínica com ela.

-Também não me arrependo nada de ter traído você, nada pessoal viu! -Ela selevanta e pendura a bolsa no ombro. -Tudo bem, você me fez um favor, sem isso jamais teria conhecido o Martin. -Esnobo abafando as faces fingindo calor. -Pois é, tem males que vem para o bem. -Ela segue para a porta. Vou atrás. A acompanho até o portão. Lá ela pede mais uma vez pra eu mantersegredo sobre a 'chantagem' e não abre a boca pra falar o que é. Isso me irrita mastenho de fingir que sei o que diabo é que ela está falando. -Se você me deixar em paz, eu te deixo em paz. -Digo enquanto ela sai procurandoalgo na rua. Corro pra casa. Ryan já saiu do banheiro. Está seco e suponho que só abriu ochuveiro enquanto ouvia nossa conversa....PQP! Ele ouviu? Será que ouviu ela falando alto que beijei Martin, na boca? Ele está sério quando senta à mesa me convidando pra terminar o café. Não devoteme-lo. Ele que provocou tudo isso e graças a minha curiosidade estou convivendocom alguém que eu deveria odiar. -Sua noiva...não muda nada né? -Digo mordendo um pão de queijo. -Não pude deixar de ouvi-las. Você machucou o rosto dela? -Ele diz preocupado. -Enquanto ela fazia isso não se esqueça. -Mostro meus braços arranhados. -E que história foi essa de namorar Martin, beijar Martin? -Ele parece enciumado. -Longa história que não é da sua conta. -Digo me servindo de mais café. -Mas ele é gay, não é? -Ele quase fala fino. -É, e daí? -Tento agir normalmente mas me sinto corar. -Não acredito que você beijou o Martin e gostou...-Ele começa a rir. -Idiota! Hum que delícia de café da manhã, faz assim sempre pra noivinha? -Provoco. -Na verdade não, ela está sempre de dieta. -Ele corta um pedaço de bolo. -Hum...que seja! -Digo concentrada nos adoráveis pães de queijo. -Jibely...-Ele raspa a garganta. -Oi...-Olho nos olhos dele. -Você sabe mesmo sobre a chantagem? Só isso pararia Júlia... -Ele sente umaponta de esperança. -Não. Mas saberia se você me contasse. -Falo esperando que ele me conte.

-Não posso te colocar nessa história...é ...deixa pra lá. -Ele desiste. -Nada pára Júlia, ela não acreditou em quase nada que eu disse. E não me admirose ela estiver lá fora procurando seu carro. -Tomo mais café. -Não vai achar, o deixei em casa. Disse que um cara da empresa me levaria até oaeroporto. -Esperto...se enganou a mim tanto tempo não é nada enganar a Júlia. -Alfineto. -Por que sempre estraga os momentos assim Jibely? -Ele se levanta irritado. -Você estragou nossos melhores momentos Ryan... esqueceu? -Digo sem memover da mesa. Ele fica nervoso, vai até a sala, volta, anda pra lá e pra cá até que se senta de novo.Não posso me abalar quando ele e Júlia me provocaram tanto abalo emocional.Tenho que ser forte e serei, até Cibs voltar quem sabe com este mistério revelado. -Me desculpa. Eu tenho que deixar de ser egoísta assim..-Ele lamenta. -Tudo bem. Só não conte para o Ricardo que beijei o noivo dele. Não estraguemais um casamento Ryan...-Aponto o dedo pra ele. -Nesse caso não seria eu que estragaria um casamento. -Ele é sincero. -Eu sei. E não vou estragar. Só me ajude. -Imploro com os olhos. -Bico calado. Não quero estragar mais nada que te faz feliz. -Ele sela a boca comas mãos. -Obrigada. Não vai me contar o que fez pra Júlia te prender? -Tento mais vez. -Não posso. -Ele ele tranca a boba e joga a chave fora. -Ok. Obrigada pelo café da manhã. -Seguro sua mão sorrindo. Me arrumo. Digo que vou sair rapidamente e ele pode me esperar se quiser. Elepergunta onde vou e minto que vou a casa de uma amiga. Ele não acredita muito masnão parece querer sair. -Pode falar a verdade, não vou te seguir. -Ele joga as palavras em mim quandopasso pela porta. -Ok. Vou visitar meus ex-sogros queridos. -Sorrio largamente. -O que vai fazer lá? -Ele muda a expressão. -Sempre os visito quando posso, ele não terminaram comigo Ryan, foi só você! -Devolvo o jogo de palavras que ele usou comigo um dia. -Vai como? Você não dirige e eles moram longe daqui.-Ele insiste. -Vou de ônibus. Não vou parar minha vida porque você está aqui Ryan... -Perco a

paciência. -Eu te levo. Posso te levar com o carro da Cibely. De vidros fechados ninguém vaime ver. -Ele continua insistindo. -Não precisa. -Ando depressa. -Vou adorar ver meus pais. Por favor! -Ele finge um sorriso . -Está bem. Vamos. Vou buscar as chaves e os documentos. -Digo bufando. -E trás meu casaco, minha carteira está lá flor do dia! -Ele provoca. (*) Bissexual.

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Capítulo 19- Cenoura Brava

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Em Vinhedo

-Uau! Que carro é esse? Nem faz barulho... -Ryan se diverte fuçando no carro deCibs. -Um que tem 4 portas , 4 rodas e nossa...ele anda! -Digo impaciente. -Se dirigisse entenderia de carros e esse aqui é “o carro”. -Ele se empolga. -Tá, tá, que seja. -Mexo na bolsa procurando um gloss. -Como Cibely comprou um carro desses? Ela nem trabalha... -Ele é detetiveagora? -Ela ganhou um pouco de dinheiro em Las Vegas, podia ser você ahm? -Olhocomo se fosse soltar lasers pelos meus olhos e queimá-lo. -Pode ser...-Ele abaixa a bola. Saí com pressa de casa sem me arrumar direito pra me livrar de Ryan e ele pareceum carrapato grudado em mim. Mas se eu fosse mais firme ninguém me faria deboba assim. Ryan me trai e depois invade minha vida. Júlia e eu brigramos pra depois elaentrar na minha casa com tanta intimidade..que burrice a minha. Mas até que ele sermeu motorista pode ser útil, não estava muito a fim de ir de ônibus mesmo. -Jibely, por que ainda visita meus pais? -Ele corta meu silêncio. -Porque eu gosto deles, sua mãe foi uma das melhores clientes que já tive também,fomos amigas antes de ser nora e sogra e voltamos a ser amigas. -Explico. -Eu só achei que...-Ele tenta falar algo mas interrompo. -Você não acha nada Ryan, o mundo não gira em volta do seu umbigo! -Grito comele. -Calma...já entendei Cenoura Brava!- Ele diz se concentrando na estrada. -Cenoura brava é sua avó! Odeio estes apelidos Ryan! Cresce! -Emburro. Os pais de Ryan moram há uma hora do centro de São Paulo em Vinhedo. Cidadede interior onde conheci Ryan, Renan, sua mãe Magnólia e seu pai Robert Tagetes.

Ryan já morava no centro de São Paulo-Capital com Renan mesmo antes daformatura e o Robert passou a viajar menos para o Centro do Caos depois queRenan se formou. Magnólia sempre gostou de dar festas pra obrigar seus filhos a visitarem-na commais frequência. Continuei a visitá-la vez ou outra sempre perguntando se não haviavisitas que indesejadas pra mim, para não magoá-la sempre deixei a entender que avisita indesejada era Júlia. -Desculpa Jibely, não precisa se calar a viagem inteira. -Ele interrompe meupensamento. -Tudo bem Ryan você só estava sendo...VOCÊ! -Jogo meu veneno. -Oh, ela voltou, aleluia senhor! -Ele brinca. -Chato... -Finjo um bocejo. -Jibely...ouvi Júlia dizendo que a Cibely foi pra Londres. -Ele afirma. -Foi e daí... -Olho sem expressão pra ele. -É que é onde Renan mora...ah deixa pra lá. Bobagem minha. -Ele desconversa. -Nossa você falar bobagem, que novidade. -Tento não falar nesse assunto. Devido ao trânsito chegamos uma hora e meia depois. Até o ar da cidade édiferente, tranquila, passaria minha velhice aqui numa boa. Ryan toca a campainha eo caseiro que atende. Diz que os Senhores Tagetes viajaram. E meus olhos queimam quando ele olhapra Ryan confirmando que ele foi avisado disso. -Você sabia que seus pais estavam viajando? -Grito com ele. -Não é que me esqueci? -Ele sorri cinicamente. -Vou te matar Ryan! Vamos embora agora! -Volto para o carro. -Pode ir, toma as chaves. Eu vou descansar da viajem um pouco lá dentro. Ahé..Você Não Sabe Dirigir! -Ele provoca. -Espera aí! -Disparo correndo atrás dele. Corro cega de fúria. O caseiro fica nos olhando sem entender nada. Ele pára emfrente a porta principal e levanta as mãos. Eu dou um soco em seu braço que dóimais em mim que nele. O caseiro João nos alcança e abre as portas e janelas. Volto pra buscar minhabolsa no carro e a carteira dele. Num momento de pura curiosidade a abro porimpulso. Cartões, dinheiro, documentos, abro cada canto enquanto olho em volta.

Então que acho um cartão de visita de um advogado. Pra que Ryan precisaria deum advogado. Será que tem algo a ver com o 'certinho' que não pode saber de nada?Anoto o nome e o telefone dele no meu celular. Aster Yuca. Depois me informo mais sobre ele. Pego tudo e fecho o carro. Voltocom a bolsa no ombro e a carteira dele nas mãos com o seu casaco na outra. Ele estána sala de estar com uma imensa jarra de suco nas mãos enchendo um copo. -Toma é de Melancia. -Ele me entrega. -Delícia. Geladinho. -Digo depois de beber tudo numa golada só. -Já que está de férias, curte um pouco a viagem Jibs. -Ele enche mais o copo. -Tudo bem. Fazer o que...só preciso ligar para o Martin, não lembro se deixeiração e água suficiente para o Veludo. E graças a você nem me despedi direito dele. -Acuso fechando a cara. -Não precisa ligar, eu troquei todas as águas dele e enchi todos os potes de raçãoenquanto você dormia. -Ele explica. -Tava pensando em viajar antes de eu falar? -Não entendo. -Na verdade sim, mas queria te levar pra praia. -Ele sorri. -Odeio praia Ryan! -Sento no sofá de seus pais indignada. -Por isso mesmo. -Ele gargalha. -Não faz sentido. Você tem problemas sabia... -Coloco a mão na testa quandouma dor forte invade minha cabeça. -Pra falar a verdade eu só tentaria sair com você Jibely. Tudo bem? -Ele olha praminha cabeça. -Deite-se um pouco, você está estressada, quer alguma coisa? Ele coloca umaalmofada nas minhas costas. -Um analgésico se tiver, esta dor está me matando. -Fecho os olhos pra ver se dóimenos. Logo ele chega com uma aspirina e um copo de água. Tomo e adormeço ali.Acordo com frio mas felizmente sem dor alguma. Talvez ele tivesse razão, estouestressada e já que estamos aqui, não há mal algum em aproveitar. Sigo um cheiro delicioso que vem da cozinha e Joana uma cozinheira antiga deMagnólia está lá. Ela me abraça e sem vergonha alguma pergunta se estamos juntosde novo. Digo que não e ela se entristece. Ela informa que Ryan está em seu antigo quarto

tomando banho e que eu poderia tomar um também no quarto de hóspedes. Achouma ótima idéia e quando ela me deixa lá, noto um belo vestido em cima da cama.Me lembro desse vestido.

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Capítulo 20- Rosas

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Deusa das Rosas Era meu aniversário de 25 anos este ano. Acordei com um telefonema de mamãedesejando felicidades. Cibely já morava comigo e insistiu em me levar ao salão debeleza, fazer as unhas, escovar os cabelos e caprichar na maquiagem. Nessemomento eu soube que ela estava tramando alguma festa. Não estava em clima de festas. Mas fala isso pra Cibely? Ela ama festas. Depois

me levou a Máscara de Cetim e mandou que eu escolhesse uma fantasia. E usasse.Nesse momento eu tive certeza que ganharia uma festa a fantasia...surpresa? Escolhi um vestido rodado de rosas. Era vermelho e branco estilo anos 60 e cheiode rosas vermelhas estampadas nele. Junto vinha uma tiara de rosas vermelhas. Sechamava 'Deusa das Rosas'. Cibely escolheu o 'Deusa Grega”, um vestido brancoesvoaçante com uma coroa de louros e um cinto de dracmas(*). Cibs me entregou uma máscara vermelha de olhos e escolheu uma branca comglitter e pedrinhas brilhantes. Depois me levou ao Salão de Festas Gloriosa ondemeus pais, Martin e Ricardo e a galera estavam reunidos à caráter. Muitos eramfacilmente reconhecidos e outros só conversando pra saber. O ar estava enevoado pelo gelo seco e as luzes coloridas piscavam num bailemulticolor que deixava tudo mágico. Depois do Parabéns, de muita bebida e fotosalguém fantasiado de pirata, passou por mim dançando com uma anjinha e seugancho prendeu no meu vestido rasgando-o na lateral. Não me importei muito mas tive de jogá-lo fora com pesar por ser peça única eexclusiva. Prometi que mandaria fazer outro igual e acabei esquecendo. Ele era muitoconfortável e adicionou mais um mico a minha lista de vergonhas públicas. Todomundo viu eu quase ficar pelada ali no meio da festa no meu aniversário.E até disso acabei me esquecendo até...vê-lo ali estendido em cima da cama? Comoera possível? Vou até Joana e quero saber de quem é o vestido. Ela diz não saber de quem, masviu que saiu do quarto de Ryan. Apesar da curiosidade resolvo tomar o banho. Visto o vestido e vejo que ele não pode ser o meu pois o meu foi para o lixo eestava rasgado, este apesar de ser exatamente meu número estava novo e inteiro.Procuro por Ryan que me aguarda em frente a cozinha. Desta vez de cabelos molhados, rosto limpo, unhas descascando e sem tiara emáscara sigo-o até a mesa de jantar e decido esperar o momento certo para tirarminha grande dúvida. Já começa a anoitecer e a brisa fria dá lugar ao imenso calor demais cedo. O jantar de Joana é delicioso, como sempre, Ryan serve vinho à vontade.Permaneço calada e por incrível que pareça ele não me irritou, não falou gracinhasnem me magoou.

-Ryan, de quem é este vestido? -O encaro com a taça na mão. -É seu! -Ele sorri fazendo gesto de saúde com a taça.-Como? Não entendo? -Realmente não entendo nada. -Mandei fazer, há alguns meses, minha mãe deveria te entregar quando vocêviesse... -Ele confessa. -Você sabia que eu viria? Sempre se faz de desentendido sobre mim... -Digoboquiaberta. -Sou homem lembra...mas veio a calhar de eu mesmo dá-lo a você. -Ele bebe mais. -Estranho...usei um igualzinho no meu aniversário, este ano. Mas um pirata orasgou. -Digo notando que as palavras não saíram bem. -Eu vi Jibely, entrei de penetra e disfarçado. Eu era o Leão Covarde de Oz -Elediz calmamente. -Como soube da festa? -Pergunto indignada. -Seus amigos me enviaram convite pelas redes sociais. Alguns nem ligaram seestávamos juntos ou não ou nem queriam saber. Maldita modernidade ahm? -Elepisca um olho pra mim. -Maldita....-Falo comigo mesma. -Aí vi sua cara chateada pelo vestido e mandei a Angélica, fazer um igual com suasmedidas. Sabe...dei uma foto pra ela copiar. O difícil foi encontrar a estampa igual. -Ele explica. -Que danada essa sua tia. -Digo mais relaxada agora pelo vinho que faz efeito. -Pelo jeito ficou bom mesmo, está lindo em você exatamente como estava na suafesta... -Ryan se levanta e estende as mãos pra mim. -Eu me lembro do Leão de Oz...achei que fosse um dos amigos do teatro deMartin. -Me levanto segurando sua mão. Ele me leva até a varanda. Onde sempre íamos depois de jantar quandonamorávamos ainda. O ar está gelado, um vento sopra fraquinho balançando meuscabelos. Passo as mãos na saia do vestido que teima em voar. Me sento numa cadeira de madeira e Ryan em outra ao lado. Cruzo minhas pernase noto que ele fica calado de novo. Ele tira algo do bolso e coloca na boca. Umcigarro. -Está fumando agora? Você odiava isso! -Aponto para o cigarro já aceso. -Só quando fico sozinho e nervoso. Achei que sabia...-Ele nem me olha.

-Como eu saberia...você sempre odiou quem fumava. -Acuso arregalando meusolhos chocada. -Culpa da Júlia que sempre soprava a fumaça em mim, acabei fumando por tabelae me acostumando com o cheiro...sei lá. -Ele filosofa...Só que Não. -E por que está nervoso agora? -Arrisco já imaginando o que seja. -Queria que tudo que aconteceu no último ano nunca tivesse acontecido, queria terme dedicado mais a nós dois. Mais a você... -Ele me olha enquanto sopra a fumaçaque some com o vento. -Impossível. Só se voltar no tempo mas as máquinas do tempo ainda não estão avenda Ryan. -Sorrio. -É disso que sinto falta, do seu humor, da sua falta de paciência...com humor.! -Ele vira o rosto. -Eu sou uma chata Ryan, nem eu me aguento às vezes...-Olho pra ele e noto umalágrima. Nunca vi Ryan chorar, nem de dor. O quer que seja o problema, trouxe marcasprofundas a ele. Será isso uma forma de 'justiça natural' da vida? Ou será tudo culpade Júlia, culpa minha? Me levanto e pego o cigarro de suas mãos, jogo no chão e piso em cima. Ajoelhoem frente a ele. Enxugo sua tímida lágrima e o abraço. Bem forte. Ficamos ummomento infinito assim e a emoção toma conta. Ele sai rapidamente e volta com uma camisa branca de manga compridaentregando pra mim. Visto-a automaticamente quando percebo que esfriou maisainda e uma chuva fina começa a tocar a solo de Vinhedo. Ele senta na cadeira e noto que ainda estou lá ajoelhada. Ele me levantadelicadamente e me senta em seu colo. Olho pra Ryan aquecida o corpo com meucoração gelando feito neve. “Quando você dizia me amar eu acreditava...Como a criança que ainda acreditaem contos de fadas...Quando você foi, eu tive que ser forte, mas isso não quer dizerque não chorei todas as noites por você. Eu chorei. E infelizmente ainda choro,apesar de você não merecer...Apesar de não merecer nenhuma lágrima minha.” Digo enquanto as lágrimas descem quentes de meus olhos. Saio dali e sigo para o quarto. Ryan permanece sentado. Melhor assim. Quandome deito, choro ainda mais, soluço e esmurro o travesseiro. Nada disso fazia parte

dos meus planos.

(*)Moedas Gregas Antigas

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Capítulo 21- O Cravo

ஜ ๑ ஜ ๑ ஜ ๑

Briga com a Rosa -Jibely! -Ryan bate na porta já entrando. -Não estou pronta pra você Ryan...-Digo entre as lágrimas . -Eu sei...-Ele diz acariciando meus cabelos. -Você ama a Júlia? -Quero saber. -Não mais, se é a amei algum dia Jibely. -Ele tenta me confortar. -Isso tudo é culpa sua...-Digo começando a voltar ao meu normal. -Eu sei..mas agora descanse. -Ele afaga meus cabelos enquanto cantarola a nossamúsica do Elvis.

* Acordo sozinha na cama ainda com a sua camisa branca. A tiro e coloco no criadomudo. Tento procurar algo que me diga que horas são. Acho minha bolsa e pelocelular vejo que já são 6 da manhã. Começo a me arrumar, arranco uma folha depapel da minha agenda e deixo um recado pra Ryan. “Ryan, obrigada pela intenção mas é melhor ficarmos afastados até você resolverseus problemas e até eu resolver os meus problemas com você. João vai me levaraté a Rodoviária e de lá volto sozinha de ônibus mesmo pra casa.”

Sem tomar um café sequer seguimos pra rodoviária, minhas roupas numa sacola edecido ir corajosamente com o vestido de rosas. O dia indica que vai ser quente. Medespeço do caseiro e compro uma passagem. Enquanto espero o ônibus compro umcafé espresso. E assim chego em casa ainda pela manhã. Veludo me recebe na porta de casa. Confiro sua alimentação e Ryan o deixou bem.O levo comigo para o banheiro e o deito em cima do vestido que jogo no chão. Tomoo banho afastando os pensamentos de Ryan e prefiro pensar que tudo não passa deum plano dele para me magoar de novo. Coloco uma legging preta com uma camiseta estampada de onça. Faço um coquealto e prendo com elástico. Me dou conta que já é Domingo. E logo mais tenho umalmoço pra ir. Na casa de Martin. Faço um café e como algumas sobras do café damanhã de ontem. Chamo Veludo pra me acompanhar até a sala. Sento no tapete violeta e abro olaptop na mesa de centro. Cibely mandou email. Disse que chegou bem e já estavana casa da amiga dela. E que só procuraria Renan na Segunda. Domingo iria passear econhecer a noite Londrina. Mamãe mandou mensagem dizendo que já tinha falado com Cibely e ela está bem.Voltariam pra casa em breve mas não sabia dizer o dia. Todos estão vivendoplenamente suas vidas. Fui a primeira a falhar na Máfia Flores Rosas. Os pais deRyan não estavam lá e a burra aqui deveria ter ligado antes. Ryan não conta o segredo e Júlia mais ameaça que abre o bico. Se merecem?Talvez... Não posso ficar presa a estes dois assim. Minha casa parece a casa da mãeJoana e só vejo uma solução pra isso tudo viajando pra bem longe. Respirar novosares, conhecer outras pessoas quem sabe outras culturas. Quando estou colocando roupas na máquina de lavar ouço uma buzina. Areconheço, é do carro de Cibs. Ryan chegou. Abro o portão e ele entra com o carro.Sai calado e entra em casa. Tranco o portão e entro também. Sua testa estáenrugando e ele não parece nada bem. -Podia ter me esperado sabia? Acordei cedo pra comprar pão de queijo pra você ecadê você? Já estava a quilômetros de distância. Porque você faz isso Jibely? -Elequase grita.

-Precisava me afastar de você, das lembranças...-Sussurro.-E tudo que encontro é um bilhete...eu sei que as coisas estão estranhas entre nós,mas estou tão perdido quanto você. -Ele gesticula enquanto fala preocupado. -Se você NOTA ISSO Ryan por favor me deixa pensar pelo menos. Você some daminha vida por 1 ano depois aparece rompendo todas as minhas armaduras, someuma semana e aparece de novo, já pensou que isso está acabando comigo? -Sentonos braços do sofá. -Eu sempre estive por perto, você que não olhou direito. Olha o caso do vestidoeu estava lá.-Ele se zanga de novo. -Acha que isso é tudo que eu mereço? Você ficar ao redor enquanto carrego natesta a dor de um chifre? -Passo o dedo na testa mostrando um chifre imaginário. -NUNCA VAI ESQUECER ISSO NÃO? -Ele grita pulando em cima de mim meabraçando. -NÃO!!! Não vou. -Berro abaixando o tom conforme ele se aproxima. Ele me beija e fraca em seus braços sentindo seu cheiro de lavanda amoleço eretribuo. É cheio de raiva e emoção. É tentador. Ele me solta e vai embora peloquintal. Sem dizer nada. Fico ali parada um momento. Veludo em pé na mesa meolha sem entender nada. Perto do meio-dia Ricardo vem me buscar. Martin ficou em casa arrumando nossoalmoço. Sorrio para o carro velho que já sabia o caminho de minha casa de olhosfechados. Se carro tivesse olhos. Martin mora perto mas de carro. A pé eu levaria mais de 40 minutos pra chegar.Mas às vezes fazemos meia hora fácil quando tem trânsito. Coisas de São Paulo.Ame-a ou deixe-a. Somente quando chegamos é que um frio na barriga me invade. Lembro do beijoem Martin e será que ele contou para o Ricardo? Olho Ricardo que não esboçanenhuma preocupação. Martin nos recebe na porta sorrindo. Quando Ricardo se afasta pergunto baixinhose ele contou aquilo...e meu amigo diz que nadinha foi contado. Fico tranquila e meanimo mais. Martin fez macarronada ao molho com queijo, salada mista com frutas e verduras,carne grelhada e pudim de sobremesa. Tudo muito simples e sofisticado pelas mãos

do Martin. Ele consegue transformar arroz, feijão e ovo em algo único e inesquecível graças aseu toque mágico. Ele diz que pode me ensinar tudo um dia...quando eu voltar a meanimar com a culinária. Ricardo fez os sucos de abacaxi com hortelã pra digestão e de maracujá com leitepra quem quiser passar dormindo o resto do dia. Fizeram com carinho pra mim. Aminha despedida do trabalho e boas vindas as férias. Conversamos sobre casamentos, amigos, sobre trabalho, sobre moda e deixei oSábado com Ryan para o final. Contei tudo e eles ficaram surpresos. Martin selembrou do meu aniversário. -Foi mesmo...lembro do Leão de Oz, achei que fosse um conhecido meu do teatro.-Ele olha pra mim que concordo. -Também achei, pelo tema ser um clichê do teatro até...mas leão covarde cabecertinho no Ryan. -Falo com raiva. -Bom, não sendo advogado do diabo, eu gostei dele Jibely, está perdido nachantagem e pela traição mas todos cometemos erros não é? -Ele levanta umasobrancelha quando diz isso. -Sim, todos erramos. Mas é difícil esquecer sem entender. -Quase gaguejo. Martin logo muda de assunto, comemos a sobremesa e tomamos um café na salade estar. Quando vejo que eles começam a bocejar demais digo que vou embora praeles descansarem um pouco. Martin não deixa e me leva pra casa. O trajeto de volta é em silencioso. Quandochegamos perto de casa, meu amigo ainda no carro quer saber como eu estou mesentindo. Digo que bem e ele me olha profundamente. -Bem? Acontece tudo isso e você se sente bem? -Ele cutuca. -Ta bom, estou confusa, você não estaria?- Rebato. -Eu estou confuso, beijei minha amiga, sócia e ex chefe que é hétero e não consigoparar de pensar nisso. -Ele confessa. -Então acha normal tudo que Ryan fez comigo? -Digo sem desviar meus olhosdele. -Não acho, mas acharia pior se ele casasse com você e continuasse te traindo. -Elediz olhando a sua frente para o nada. -Martin...preciso testar uma coisa. -Me aproximo dele.

-O que? -Ele pergunta enquanto sinto sua respiração. -É só uma coisa....-Digo antes de beijá-lo. Mais uma vez ele retribui e não tem ninguém olhando agora. Mas desta vez nãosinto nada. Só consigo pensar em Ryan. O beijo no rosto e saio correndo pra casadepois de dizer “Obrigada” pra Martin que vai embora sem entender nada. Não demora muito o maracujá com leite faz efeito e adormeço no sofá assistindoum musical sobre “O Cravo e a Rosa”.

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Can't Help Falling In Love

Wise men say only fools rush inBut I can't help falling in love with you

Shall I stay would it be a sin

If I can't help falling in love with youLike a river flows surely to the sea

Darling so it goes some things are meant to beTake my hand take my whole life too

For I can't help falling in love with youLike a river flows surely to the sea

Darling so it goes some things are meant to beTake my hand take my whole life too

For I can't help falling in love with youFor I can't help falling in love with you

Elvis Presley

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Capítulo 22- Flox

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Acordo no meio da noite e vou para o meu quarto. Veludo me segue fielmente edeita ao meu lado. Não demoro a dormir.

Segunda-feira

A campainha toca insistentemente. Olho o relógio de cabeceira que marcam

6:30hs da manhã. Corro pra atender exatamente como estou. Descabelada, amassadae com bafinho. Quando abro o portão uma luz forte se projeta em meus olhos me fazendo cegarinstantaneamente. Como gesto de proteção coloco as mãos em cima da lente dacâmera gigante. Uma jovem moça de cabelos coloridos levanta um crachá. -Olá, meu nome é Verônica Strapazzon, sou agente do George Flox e precisamosfilmar sua reação. -Ela levanta o óculos gigante azul que teima em escorregar de suapequena cabeça. -Acabei de acordar e nunca que vão me filmar assim...o que acontece? -Digofechando o portão e deixando somente ela entrar. -Olha você não é Jibely Flores? -Ela ergue um documento conferindo o nome. -Sou, mas quem é fã desse George Flox é minha irmã. -Tento raciocinar. -Querida, olha é seu nome aqui, você ganhou o concurso e vai passar 1 semanacom meu ator. -Ela mostra o papel. -Não pode ser, minha irmã que participou, eu vi ela se inscrevendo... -Pronuncioas palavras sem acreditar que isso está acontecendo. -Sua irmã está? Podemos resolver com ela então... -Ela usa os óculos para prendera imensa franja. -Não, ela está viajando e só volta pra Sábado talvez Domingo. Vocês podemvoltar na semana que vem e resolver pessoalmente com ela. -Falo impaciente. -Infelizmente não posso. George quer isso pra ontem. -Ele começa a se abanarcom o papel. -Que chato. Escolham outra pessoa então, deve estar cheia de fãs morrendo poreste Jorge Flex aí...-Digo trocando o nome dele pra irritá-la. -É George Flox. Verei se temos tempo pra escolher outra fã. Mas não podetentar? Ele é um gato, é famoso...-Ela começa a vender o peixe...digo, ator. -Odeio novelas e especialmente este ator. Acho ele muito chato. Não quero gastarminhas férias com ele. -Digo bocejando. -Todo mundo adora o G.F. Que estranho. -Ela se encaminha para a saída. -Vai ver não sou todo mundo. -Sorrio pra ela enquanto tranco o portão. Eu mato a Cibely! Por que ela usou meu nome justo nesse concurso? Ela sabe quenão gosto desse ator. Abro o computador e mando um recado pra Cibs, mas duvidoque ela confira isso agora com tanta novidade pra ver.

Tudo que menos quero é passar 1 semana com um homem metido. Já basta Ryanque quero distância. Tomo banho e me arrumo. Prendo meus cabelos com uma echarpe azul comcaveiras pretas e combino com uma calça jeans e camisete branca. Escolho um colargrande cuja cruz vai até a altura do meu umbigo. Pego um sachê de comida pra gato emisturo com a ração de Veludo. Troco sua água e separo seus brinquedinhos pelasala. Troco minha bolsa de trabalho por uma de crochê que atravessa o corpo, essassão minhas favoritas. Coloco celular, documentos, cartão e dinheiro. Gloss, câmerafotográfica e agenda. E depois de fechar os portões, as chaves.Noto que fiquei mal acostumada com Cibs, Ricardo e Martin que me levavam aondeeu queria de carro. E antes deles Ryan, mamãe e papai. Se eu conseguisse dirigir seriatudo mais fácil. Entrei em pânico todas as vezes que tentaram me ensinar, tanto em casa quantona auto-escola. Sempre usei ônibus pra emergências mas sinceramente não estou afim de sair por aí de ônibus em plena segunda-feira. Vou de taxi então, tem umponto a três ruas da minha, mas antes passo na padaria pra tomar um café e comeruns pãezinhos de queijo. Peço em copo descartável e assim tomo o café rumo aoponto de taxi. Jogo o copo no lixinho do taxi e como um pão de queijo ali mesmo. Chego ao Shopping Black Roses e resolvo dar uma de Cibely e olhar vitrines atoa.Quando olho a terceira loja o celular toca. Atendo rápido e é Verônica, a agente. -Como acharam meu número? -Sento num banco vazio. -Seu número está na inscrição assim como seu rg, cpf e o mais importante querida,sua aceitação com um X nos termos do regulamento. -Ela diz como se triunfasse. -Se eu recusar eu vou...-Digo e espero a resposta. -Vai responder legalmente com o descumprimento...-Ela enumera minhaspossibilidades criminais. -Entendi. Não acharam outra fã? -Pergunto. -Temos várias mas o George faz questão que seja você. -Ela muda o tom. -Não entendo, pra quê ele vai querer passar 1 semana com alguém que nem gostadele? -Pergunto a Verônica. -Também perguntei isso a ele, e ele disse que está bem cansado de fãs histéricasgritando toda vez que chegam perto dele e como em Julho ele já começa a ensaiar

uma peça, talvez ele possa descansar ao lado de alguém normal em Junho. -Ela dizcomo se lesse uma nota. -Oh pobrezinho do menino rico, tá cansadinho é? O último lugar que ele teria pazseria ao meu lado. -Perco a compostura. -Jibely, estou no viva-voz, ele ouviu tudo. -Ela fala quase gritando. Desligo o celular com raiva. Ele toca novamente e demoro a atender. Minutosdepois ele toca de novo e atendo. Não é o número da agente. Uma voz macia dizmeu nome. -Jibely? Sou o George Flox. -Ele diz confiante. -Oi. -Respondo secamente. -Minha agente tentou me fazer mudar de idéia mas eu faço questão de te mostrarque não sou um pobre menino rico. Não pode me odiar sem me conhecer. -Eleparece sorrir. -Mude. Por favor, isso tudo foi coisa da minha irmã, ela te adora, mas não sei porque ela usou meus dados.-Sou sincera com ele. -Talvez ela queria o mesmo que eu. Te mostrar que não sou o que você pré-concebeu ao meu respeito. -Ele diz com razão? -Pode ser, mas eu quero aproveitar minhas férias sozinha. Escolha outra fã. Porfavor! -Suplico. -Não posso, não quero que te processem por quebra de contrato. E é só umasemana. -Ele insiste. -Vou pensar e se eu pensar ao seu favor não quero agente, nem câmera giganteatrás de mim. Tem que ser somente eu e você. -Digo isso tentando afastá-lo de mim. -Acho que não será possível assim, precisamos das imagens. Um programa de TVquer montar como se fosse um reality divido em 7 partes. -Ele lamenta. -Ahhh que pena..então podem me processar e arrume um fã hein. Beijo. -Desligoo celular. Não tenho medo de processos mas sem eles a vida segue mais tranquila. Vouacabar com a Cibely quando ela voltar. Ela que vai pagar o advogado também. Depois de travar um batalha em minha mente decido não estragar meu dia econtinuo meu passeio. Compro três echarpes, leggins coloridas e camisetas neutras.Variar no estilo de vez em quando faz bem. Sigo para a praça de alimentação cheia de sacolas e peço um almoço simples com

suco. Anoto na agenda que preciso fazer as compras de mês no mercado. Depois do almoço sigo para a livraria DáliaBooks. Faz muito tempo que nãovenho a uma sozinha. Me sinto feliz sem ninguém me apressando. Caminho entre asseções, folheio alguns escondida das vendedoras, escolho um romance bem grosso eum auto-ajuda. -Oi seu nome é Jibely? -Um vendedor me pergunta. -Sou, Jibely Flores, e você é...-Aperto os olhos tentando lembrar. -Sou o Antúrio Codesso, estudamos juntos no Hortênsia. -Ele refresca minhamemória. -Nossa, como se lembra de mim tanto tempo depois? -A memória dele meimpressiona. -Impossível esquecer este cabelo vermelho e estas sardas. -Ele fala sem pensar -Só por isso? -Fico chateada com ele. -Jamais esquecemos de quem marca presença por onde passa Jibely. -Ele tentaconcertar. -Sei, mas não lembrei de você...quer dizer que não marcou minha vida né? -Devolvo a gentileza e vou embora sem olhar pra trás. São Paulo é tão enorme e populosa e mesmo assim até as pedras se encontram.Tento me lembrar de Antúrio...Mas antes terei de voltar a um passado que tenteiesquecer por tantos anos.

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Capítulo 23- Hortênsia

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Lembranças do Colégio Antes que eu alcance o portão de saída, Antúrio surge atrás de mim. Aperto o passofingindo não o ver mas ele é mais rápido e aparece na minha frente me fazendo parar. -Jibely...vamos tomar um café? Faltava uns minutos para o meu horário dealmoço e a gerente deixou que eu saísse atrás de você. -Ele diz faltando o ar por tercorrido tanto. -Nossa que boazinha. -Digo ironicamente. -Só um café, por favor! -Ele praticamente implora. -Está bem, só um Antúrio, estou cheia de sacolas aqui e quero ir pra casa. -Naverdade não pesam nada mas tenho que fazer o papel de chata. Vamos em direção a um Café perto da livraria e nos sentamos numa mesa. Elepede dois cafés. Me lembro vagamente dele, a pergunta é por que eu escolhiesquecê-lo. -Sabe, foi tudo culpa da falsa da Érica. Ela disse que você tinha roubado onamorado dela pra escola inteira e como éramos amigos juntei minha turma pra teperturbar daquela maneira. -Tuts? Você era o Tuts? Agora me lembro. Você e sua turma me proporcionarampéssimas lembranças do Colégio Hortênsia no ensino médio. -Arregalo os olhos comas memórias chegando. -Não escuto este apelido há anos. Sim sou eu. Quando te vi na livraria senti umaculpa enorme por tudo que te fiz passar. -Ele se emociona me fazendo pensar quetem algo errado com ele. -Felizmente já passou. Não é? -Pergunto esfriando o café. -Na verdade não. Eu me casei sabe...minha namorada engravidou, eu tinha quase20 anos e nos casamos por isso. Hoje minha menina tem quase 6 anos. -Ele para defalar para beber o café. -Que bom, então sua vida está as mil maravilhas... -Digo sem muita emoção. -Mais ou menos...ela entrou na escola este ano e aí que começou os ataques de

bullying das outras crianças com ela. Eu me lembrei de você todas as vezes que elavoltava chorando. Ela teve uma queimadura por acidente quando era menor e ficoucom algumas cicatrizes nos bracinhos. -Ele confessa atordoado. -E aí você usou seu cérebro finalmente e pensou quantas vezes eu devo terchegado chorando em casa pelas suas acusações preconceituosas tanto sobre minhaaparência quanto sobre nós? -Tento entender o Tuts. -Isso. Eu me culpo todos os dias, deixei uma panela com óleo quente com o cabovirado para fora do fogão depois de fritar umas batatas e fui assistir o jogo do meutime, minha mulher tinha ido ao salão de beleza e só pediu que eu olhasse a Lis, e elasó tinha 3 aninhos. -Ele começa a chorar. -Vocês homens sempre pensando em seus umbigos e barrigas...filho é coisa séria.A boa notícia pra você é que crianças tem boa reconstrução de pele e quando elacrescer as cicatrizes estarão quase imperceptíveis. -Digo recordando de umdocumentário que assisti. -Os médicos disseram isso, mas o processo é lento e ela precisa lidar com oscoleguinhas agora. -Ele funga quando lhe passo um guardanapo. -Ela vai ter que superar isso e ser forte. Senão os alunos vão atacá-la direto nassuas fraquezas. -Digo devagar. -Como você fez não é? Jibely não sei se é castigo ou destino, mas me dói verminha filha passando justamente o que fazíamos com você, pelas suas sardas, seucabelo vermelho...minhas mentiras...eu quero me desculpar. -Ele me olha nos olhos. -Acho que é um pouco tarde pra isso. Pode se desculpar com a vida, ensinando asua filha que ela é linda do jeito que ela é. Mas eu tive uma idéia agora, tem fotosdela aí. -Termino o café enquanto ele abre a carteira e me passa uma foto. -Ela é linda, e sua esposa, eu a conheço? -Fico curiosa . -Conhece, mas é ex- esposa agora, ela abandonou a minha filha e a mim depois deuns dois anos do acidente. Ela não conseguiu conviver com uma filha não-perfeitacomo ela. É a Narcisa, lembra dela? Melhor amiga da Érica. -Ele diz com ódio. -Narcisa...a garota mais egoísta do mundo juntamente com a Érica. Comoconseguia ser amigo delas? -Digo não me importando se vou magoá-lo. -Eu achava que o certo era namorar e ser amigo das populares, que me dar bem eratudo que fazia um garoto ser legal. -Ele esfrega os olhos parecendo sentir vergonhaagora.

-Pois é, e pela Érica sismar comigo vocês tentaram destruir minha vidaadolescente. Mas sabe, eu sofri com gente como vocês desde que entrei na escola,justamente com a idade da sua filha. -Meus olhos enchem de água. -Eu não sabia Jibely. Eu fui muito burro. Lamento ter feito você se apaixonar pormim e depois te desmoralizar pela escola dizendo que dormimos juntos e você eraruim de cama. -Ele não me olha agora. -Pois é, aquilo quase me fez desistir de tudo. Eu quase desisti de tudo. -Pronto,cota de lembranças cheia. -Eu sinto muito. Eu já paguei meu preço. -Tuts faz uma cara triste. -Não quero falar disso com você, não agora, mas eu sei o que vai animar sua filhaLis. Me passa seu endereço que entrego pessoalmente a ela assim que puder. -Digoprocurando minha agenda e uma caneta. -Não precisa dar nada, não posso aceitar. -E tenta ser orgulhoso. -Não é por você Antúrio, e pela Lis. Me dá o endereço logo! -Digo severamente. Ele me passa o endereço e os horários que ela está em casa, e diz que moram coma avó, mãe de Antúrio, Dona Elis que passou a fazer o papel de mãe da meninaenquanto a mãe verdadeira vive de beleza por aí. Ele tem de voltar ao trabalho e eu sigo para a saída do shopping. Já dentro do taxideixo a rigidez que tomou conta de mim ir embora um pouco. Primeiro o tal doGeorge Flox depois o Tuts?

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Capítulo 24- Rabo de Gato

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Veludo e Sonhos Antigos Deixo as sacolas em cima do sofá e Veludo logo vem brincar com elas de esconde-esconde. A tarde está preguiçosa com cheirinho de chuva e vento. Penso em preparar uma vitamina mas me lembro que preciso ir ao mercado. Estátudo quase vazio na despensa. Cibely disse uma vez que dava pra comprar pelainternet, era só verificar se algum Super Mercado próximo a casa tinha esse tipo deserviço. Abro o laptop e procuro algum próximo ao meu bairro. Encontro vários e escolhoum que costumávamos ir com mamãe. Cadastro feito e forma de pagamentoescolhida, pronta pra rechear o carrinho virtual. Escolho várias comidas prontas para forno/microondas como lasanha, macarrão,nhoque, empanados etc, café solúvel e achocolatado, leite e iogurtes, macarrãoinstantâneo e molhos prontos, frutas e legumes, enlatados e frios, pães de forma eum bolo de cenoura, sorvete e doce de leite, goiabada e queijo Minas, cereaismatinais e sopas rápidas, arroz e feijão, sal e azeite, produtos de limpeza e banho,bolachas e geléias e mais miudezas. Fecho o pedido e prometem entregar amanhã cedo. Vejo se Cibely respondeu meuemail e nada ainda. Nenhum sinal de Ryan nas redes sociais também. Deixo ocomputador na mesinha e levanto pra esticar as costas. Veludo acabou dormindo enquanto brincava com as sacolas, em cima das minhasroupas. Consigo puxar uma echarpe preta, coloco-a no pescoço, depois nos cabelose imagino com quais roupas esta vai ficar bem. Não deixo de pensar na menina Lis. Tive uma idéia que pode ajudá-la muito, sópreciso passar na Máscara de Cetim depois e embrulhar os presentes. Não adianta dizer pra alguém que sofre preconceito para não se importar amaioria se importa e por isso um desvio do foco foi a melhor maneira que me ajudoua sobreviver ao fim da escola. Antúrio foi um babaca no passado e um idiota adulto trocando sua filhinha por

um jogo de futebol. Narcisa outra cabeça de vento que tal qual como na escola só sepreocupa com sua beleza. E quem sempre sofre são as coitadas das crianças destes seres. E Érica? Antúrionão me falou muito dela. Também melhor nem saber, ela era a vilã-mor do ColégioHortênsia, o que esperar dela? Toco uma cicatriz no pulso e lembro que quase tirei minha vida pelas atitudesdele, não consegui encarar uma faculdade por não mais suportar nada que parecesseo ambiente escolar. Foi nessa época aos 17 anos, dois meses depois do corte no pulso eprofundamente deprimida que Cibely apareceu com um gatinho sujinho e molhado.Ela o colocou em meu colo e disse: -Tá olhando isso aqui, ele quer viver quando o mundo insiste em matá-lo sóporque é sem raça e precisa de cuidados, e você quis se matar enquanto tem tudo etodos nós te amamos aqui. Acha que a vida é justa? Ela tinha apenas 10 anos. Achou o gatinho preto enquanto voltava da escola,alguém o amarrou num saco preto e jogou vivo no lixo. Minha irmã ouvindo o choroabriu o saco e o trouxe pra casa. Eu me lembro da chuva que caíra a semana toda, não queria voltar à escola epassava os dias na cama chorando por vergonha de tudo que fizeram comigo. Cibely entrou molhada com uma coisinha que parecia veludo nas mãos, quandoela o colocou no meu colo e disse tudo aquilo, ele logo se aninhou na minha barrigaprocurando se aquecer, eu comecei a pensar como uma menina de 10 anos podiaensinar tanto a uma que deveria estar ensinando a irmã mais nova e não o contrário. -Tem razão Cibely, eu fui egoísta e juro que nunca mais farei uma bobagemdessas. Vocês todos aqui me amam e é isso que importa. E até esse pedaço develudo aqui gostou de mim. -Segurei a mão da Cibs a puxando para um abraço. -Promete que vai cuidar dele apesar do mundo a sua volta estar desabando? -Elaolhou pra mim e aguardou a resposta. -Eu juro! Ele sempre será minha prioridade. Obrigada irmãzinha. -Disselevantando com o gatinho em direção ao banheiro. -Qual vai ser o nome dele? -Ela me seguiu. -Não sei, é macho ou fêmea? -Perguntei enquanto jogava uma água quentinha em

cima dele que nem reclamava. -Acho que é macho, mas não sou especialista em gatos. Apesar de achar rabo degato algo bem engraçado. -Ela disse jogando um shampoo dela em suas costasenquanto ele balançava o rabinho. -Se for macho mesmo...ele tem cara de Veludo, não acha? -O enrolei numa toalha. -Veludo está perfeito. Agora vamos esquentar um leite que ele deve estarmorrendo de fome. Meus pais adoraram ver minha disposição em cuidar do gato e nem reclamaramapesar de nunca terem deixado a gente ter um bichinho antes. Em poucos dias Veludo era o xodó da casa, depois deste banho seus pelosapareceram e ele tinha muitos pelos e eram tão macios que ninguém conseguia ficarmuito tempo sem passar as mãos nele. Depois desse dia em diante, me tornei muito amiga de Cibely pois antes eu aindaa via como uma criança que só quer fazer coisas de crianças e não havia notado quepessoa extraordinária ela era. Em pouco tempo me senti capaz de voltar à escola e simplesmente ignorei todosde lá menos Júlia que não me visitou um dia enquanto estive mal em casa. Quandomelhorei ela voltou a me visitar e inocente, imaginei que era normal assim. Apesar dotrauma ainda estar lá, eu consegui terminar o último ano escolar lançando uma novamosa entre as meninas...a de echarpes. E 8 anos depois meu gato lindão é a alegria da minha vida e de todos que oconhecem. Sou grata a Cibs e ao Veludo por ter seguido em frente apesar de não tersuperado alguns poucos medos. E olhando agora nada tenho a agradecer a Júlia. Me ajoelho no tapete violeta e encosto a cabeça na barriga do Veludo que roncanum sono profundo. Ele é grande para um gato normal e ninguém acredita quandoconto sua história e mostro as fotos do tamanho que tinha quando o ganhei. Me emociono um momento com as lembranças que chegam toda hora. Antúriotrouxe consigo memórias que há muito eu deixei pra trás por serem dolorosasdemais. O celular toca me assustando e sem olhar quem é, atendo. -Jibely, conversei com todos aqui e o George Flox conseguiu que o programa deTV estendesse as gravações dos "7 dias com seu fã" para outro mês. Escolheramoutra fã e você pode ficar tranquila. -Verônica diz numa tacada só. -Que bom, estou livre então? -Digo sem acreditar.

-Aparentemente sim, mas o George quer muito te conhecer. E como eu sou muitoamiga do dono da revista +13Teen perguntei se ele toparia publicar uma crônicasobre o George Flox. Como ele é o queridinho da revista atualmente o dono topou nahora. -Ela tenta explicar. -Ainda não entendi onde eu me encaixo. -Digo pra Verônica. -Você entra como uma não-fã que é o que você é. Ele escreverá uma crônica:"Como conquistar uma fã em 7 dias" conseguindo ou não ele contará tudo narevista e o único pedido do dono foi uma foto de cada dia. -Ela diz com a maiorcalma do mundo. -Sem filmagens e vocês atrás dele? -Digo desconfiada. -Somente ele que é adulto e vacinado. -Ela diz com segurança. -Eu adorava esta revista quando era mais nova...-Digo sem pensar. -Então, tem a chance de ler algo sobre você nela agora. -Verônica tenta meconvencer. -Posso fazer propaganda da minha loja? Trabalho com Máscaras e Roupas parafestas. -Tento vender meu peixe. -Sério? Não sabia disso. Sempre estamos atrás de lojas de fantasias assim paraprodução. Quem sabe a contratamos para aluguel? Já pensou? -Ela se anima. -Sempre é bom alugar, quando quiser é só visitá-la, vou te passar o endereço. -Digo o endereço pelo celular. -E então, aceita nossa proposta? -Ela quer saber. -Ainda não, tenho uma sugestão. Sempre quis ser escritora mas a vida me levoupara outros caminhos. Que tal perguntar ao seu amigo dono da +13Teen o que eleacha de ao lado da crônica do George Flox ter uma contando o meu lado da história?Acho que ficaria mais justo. -Explico. -Posso perguntar a ele, qual seria o nome da sua crônica? -Verônica pergunta.- "Como tratar um ator famoso como gente normal em 7 dias" -Digo querendo rirpela minha brincadeira. -Ok. Vou falar com ele e já já retorno. Beijo. -Ela desliga. Ele nunca vai aceitar, nem sabe se escrevo bem. Mas apesar da brincadeira seriadivertido assinar uma crônica nesta revista adolescente. Sempre quis ser escritora. Falei pra Verônica de um sonho que eu realmente tinha aos 13 anos. Que estranho.

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Capítulo 25- Laço Espanhol

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Cheiro de Chuva

Verônica não retorna obviamente porque o dono da revista não gostou da minhabrincadeira. Logo anoitece e fico assistindo TV com Veludo depois de conferir o meuemail. Nada de Cibely ainda.

Começa a chover e tenho de levantar pra fechar as janelas e a porta do quintal,senão molha tudo dentro de casa. Tomo um banho pra relaxar e me preparar pradormir. Tudo me deixa cansada ultimamente. Como algumas sobras da geladeira com chá bem quente de camomila com hortelã.Mando uma mensagem pra Martin perguntando como estão as coisas. Se a MáfiaFlores Rosas ainda está de pé. Meu amigo responde dizendo que está a caminho. Parece que brigou com Ricardo.Não deixo de pensar se tem algo a ver comigo e minha maneira estabanada de ser.Tudo tem sido estranho nos últimos dias. Junho entrou sem ser anunciado. Passou desapercebido por mim. Mas até a chuvatinha um cheiro diferente de frio. Sim o frio tem cheiros dos mais diversos e juntocom a chuva fazem explodir aromas em meu nariz. Com chá ainda na mão me recordo dos livros que comprei, um romance e umauto-ajuda. Começo a juntar as roupas amassadas com o peso do Veludo nas sacolase encontro os livros no meio delas. Deixo as sacolas abertas para o meu filhote brincar no chão e guardo as peças devestuário. Na mesa de centro da sala deixo apenas o laptop, a xícara de chá e oslivros. Veludo dorme no sofá onde assistíamos a pouco. Martin chega e como tem as chaves, entra sem chamar como sempre. Dá apenasuma batidinha na porta enquanto corre pra me abraçar. Parece que não nos víamoshá meses mas não fazem mais que um dia. -Que foi Martin? Porque brigaram? -Pergunto preocupada. -A louca da Júlia, só pode ser ela. Ricardo recebeu uma carta anônima com fotosnossas juntos e 2 delas nós estamos nos beijando. -Ele puxa meu braço pra que mesente com ele. -Vaca! Ela me paga...e Ricardo? -Meu coração parece que vai sair pela boca. -Ele ficou com ciúmes. Tentei explicar tudo mas ele pediu um tempo pra digerirtudo isso pois estava cansado e havia saído pra beber com o Ryan, faltou afaculdade...-Ele me olha preocupado mas não está desesperado como eu. -Eu sinto muito...peraí...saiu com o Ryan pra beber? -Não consigo acreditar naspalavras que saem de mim. -Chegou um pouco embriagado. Mostrou as fotos e pediu uma explicação. Masantes que eu pudesse explicar ele foi embora pra casa dele pedindo um tempo.

Fiquei preocupado se ele viesse pra cá Amor, e quando eu ia te ligar você enviou amensagem. -Ele desaba as costas no sofá. -Aqui não veio Mar...eu falo com ele amanhã cedo. Explico tudo pra você. Nãoquero estragar um casamento como a Júlia fez comigo. -Quero chorar mas engulo ochoro. -Não vai estragar nada Meu Amor. Que mania de se culpar por tudo...se ele meamar ele volta, se não voltar é que nunca foi meu, não é o que dizem? -Ele força umsorriso. -É o que dizem... -Concordo mesmo achando que isso é algo que inventaram paraas pessoas não se sentirem abandonadas. -E a vida é assim mesmo, as vezes nítida e às vezes confusa. Eu amo muito oRicardo mas eu também te amo Jibely. Um amor mais confuso depois daquele beijo,mas ainda assim amor. -Ele me olha nos olhos emocionado. -Vamos superar isso um dia? -Digo o abraçando forte. -Já superamos meu bem...mas eu adoraria dormir aqui hoje. Ricardo me deixoumal acostumado sempre dormindo comigo lá em casa. -Ele faz cara de cachorropedindo osso e me faz sorrir. -Claro que pode meu amor. Tem roupa do Ryan no baú, pode usar pra dormiraqui comigo. -Me levanto pra mostrá-las a ele. -Guardou tudo isso por quê? -Martin disse enquanto fuçava o baú. -Porque eu o amava. Ou o amo, não sei mais...-Tento explicar. -Sempre esperou ele voltar não é? Lamento não ter conhecido vocês antes daseparação... -Disse escolhendo uma camiseta e uma calça de moletom do Ryan. -Lamentaria nunca ter conhecido você meu bem. Apesar que alguma hora noscruzaríamos por aí já que Ricardo é amigo de Cibely há bons anos. - Digo mevirando enquanto ele se troca. -Que coisa estranha não é? Cibely namorar o irmão dele, o Paulo. -Ele diz secolocando a minha frente mostrando já estar vestido. -Coisas do Universo...conspira o tempo todo. E por onde anda o Paulo mesmo? -Começamos a arrumar a cama. -Trabalha com um tio parece, não fala muito com a gente como antes. Os pais deleainda não aceitam bem o fato dele ser gay mas mesmo assim precisamos falar comeles sobre o casamento. Se tiver casamento...-Ele fala sério, o meu amigo.

-Vão sim, ele te ama. E não me chamo Jibely Flores se isso não acontecer. -Brinco. -Não duvido. Você consegue tudo que quer. Apesar da sortuda da família ser aCibs. Ela mandou notícias? -Martin diz e se deita na cama comigo onde ficamosconversando. -Nenhuma ainda, mas ela não vai sossegar até encontrar o Renan, sorte ela tem. -Rimos juntos. -Sobre as fotos...é coisa da Júlia não acha? Se vingando do que você fez com ela.Precisamos abaixar a crista dessa galinha. -Martin me olha e dá uma piscadinha. -O dela vai chegar Mar...deixa só eu descobrir que chantagem ela está fazendo como Ryan. -Deito nos braços do meu amigo me aconchegando. Conto sobre o meu dia, sobre a visita de Verônica, a ligação do Jorge Flex...opsGeorge Flox, do encontro com Antúrio e todas as lembranças...conto coisas que nempra Martin que é meu melhor amigo eu havia contado antes. Ele me olha sem acreditar, leva um tempo calado e continuo desabafando tudo, atéque o choro é inevitável. Ele me deixa chorar, fazendo cafuné nos meus cabelosrebeldes e me passa toda a segurança do mundo. -Caramba amor, suas férias vão ser agitadas. -Ele brinca. -Nem me fale. Mas sobre a Lis, filha do Antúrio, pode me ajudar separandoalgumas numa caixa? Quero de todas as cores para presenteá-la. -Falo com carinho. -Separo e entrego se você quiser. Sem problemas. -Ele concorda. -Não necessita entregar, eu quero conhecê-la e vou pessoalmente. -Digo decidida. -Tá bem, mas se precisar de mim é só chamar. Não é porque está de férias quedeve ficar sozinha o tempo todo...-Ele começa a falar sério. -Eu sei, só não quero te causar mais problemas. -Faço cara de tristeza. -Sabe amor...você é meu vestido laço espanhol(*). -Ele sorri . -Sou o seu vestido de noiva favorito? -Faço cócegas nele. -Amor não há vestidos mais belos que os espanhóis, as flores são complexas comovocê porém lindas, quando for se casar faço questão de que use um assim. -Xi, então vai demorar, os homens não querem casar comigo... -Faço biquinho. -Tudo tem sua hora certa. Agora vamos dormir...-Ele boceja chamando Veludo prasubir. -Boa Noite querido. -Digo nos cobrindo enquanto ao fundo ainda ouço a chuva

derramar seu cheiro de Junho sobre minha casa. *Nota: Pesquise Spanish Lace na internet.

Capítulo 26- Cacto Bola

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Terça-feira Chuvosa O relógio digital marca 8hs da manhã. Martin saiu há algumas horas para tomarum banho em casa e se trocar para o trabalho. Perguntou se eu gostaria de tomar ocafé na padaria mas preferi dormir mais um pouco. Não quero sair. E logo entregariam minhas compras e eu poderia comer em casamesmo. Olho meu filhote que dorme como um anjinho. Veludo ronrona como ummantra que traz paz interior. Está muito frio e a chuva cai insistente lá fora, quase posso ouvir o barulho dostrovões. São Paulo é assim, foi-se o tempo da terra da garoa, agora temos extremos,verões invernais, outonos primaveris e as quatro estações em um dia. Coloco um conjunto de moletom lilás que a Cibs odeia. Não pela cor mas por sermoletom e por combinar, eu adoro usá-lo pelo conforto e quando ela está em casaadoro usar pra irritá-la. Coloco meias listradas com um tênis confortável. Amarro meus cabelos em umrabo de cavalo alto depois de voltar do banheiro. Não arrumo a cama pra não acordaro Veludo. Deixo a água fervendo para preparar o café e me pergunto por que nãocomprei uma cafeteira como a da Máscara de Cetim ainda... Trago o laptop para a cozinha e o ligo em cima da mesa. Cibele deu sinal de vida

finalmente, clico na mensagem: “Maninha as noites de Londres são sensacionais, tem tribos para todos osgostos, mas depois te conto mais sobre isso. Logo mais passo na Universidadepara provocar um encontro “casual” com Renan. Sobre o George Flox...bom...euquis testar o universo e usei seus dados para saber se só eu que estou com sorte...eachei que faria bem pra você conhecer uma celebridade. Não me mata por favor!!!E aí como andam as coisas? Beijos.” Fico feliz por ela estar bem e se divertindo. Mas não sei por onde começar acontar como as coisas andam por aqui. Acho melhor não contar nada ainda sobre abriga de Ricardo com Martin. “Cibs até que enfim, tente escrever todo dia para eu saber que está bem. Escrevapara mamãe se não ela vai me encher o saco depois. Testar o universo? Sua sorte?Eu tinha certeza que você iria ganhar mas era pra ser seu nome lá e não o meu,você que é fã dele. Mas acho que consegui me livrar dele , acredita que ele meligou? Um chato. Veludo manda lambidas. Briguei com Ryan mas qual a novidade?Saudades apesar de que vou te matar quando voltar. Brincadeira! Beijos e se cuida.Bjosss”

[Enviado]

Café pronto e adoçado. Quando vou pegar uma xícara a campainha toca.“Entregado mercado” ele diz. Abro o portão e o rapaz carrega tudo até minha cozinhadepois de algumas viagens. Ainda chove mas bem pouco. Depois que ele vai embora começo a organizar ascoisas em cima da mesa e a guardá-las. Quando termino pego pão de forma, presuntoe queijo e faço um misto quente no grill. Sirvo o café e acrescento leite. Veludo acordou sentindo o cheiro e ficaresmungando pra eu mostrar o que estou comendo. Ele pula em cima da mesa e sópára de insistir quando lhe dou um pedaço do misto. Mais alerta com o café reforçado, pego o celular e ando pela casa criando coragem

pra falar com o Ricardo. Ele não atende minha ligação. Mando mensagem marcandocom ele aqui em casa um almoço depois do trabalho e antes da faculdade. Não demora muito e ele responde com um:“Ok. Bj” Fico mais tranquila. Por hora.Tenho que explicar tudo a ele. Mas como explicar tudo a ele? Vou começar pelocomeço. Ligo pra Martin separar o meu presente pra pequena Lis e aviso que vou almoçarcom o Ricardo. Ele fica feliz e vai aguardar notícias depois de me dizer que Júlia nãofoi trabalhar hoje, somente Juliana apareceu. O que será que está acontecendo? Ryan bebe com Ricardo que briga com Martin,depois de receber uma carta anônima? Passa um vento estranho em minha nuca mefazendo arrepiar nesse momento. Tento afastar estes pensamentos enquanto ajeito a casa e separo algumas roupaspra lavar. Pego outras que esqueci no varal e molharam a noite inteira. As coloco pralavar de novo fazendo cara feia. Tiro o agasalho e começo a preparar o almoço fervendo o nhoque semi-pronto epreparando um molho grosso com creme de leite e molho de tomate. Minutosdepois escorro o nhoque e transfiro para uma travessa transparente jogando o molhopor cima. Separo uma garrafa de vinho e duas taças. Pouco mais de meio-dia Ricardo chega.Abro o portão tentando agir naturalmente e ele entra sem dizer uma palavra sequer. -Que bom que veio Rick, precisamos conversar sobre essa carta. -Digo de umavez. -Eu não queria brigar com ele, é que estava cansado e recebi essa carta de manhã.Depois Ryan me chamou pra conversar e bebemos muito...-Ele fala calmamente. -Eu sinto muito. Não devia ter envolvido vocês dois nessa loucura. Medesculpa...-Digo servindo um prato com nhoque a ele. -Não se culpe por tudo Jibely, temos de nos envolver, somos seus amigos. Euvou me desculpar com Martin mais tarde. O amo muito. -Ele diz servindo o vinhopara nós. -Mas e as fotos, não ficou nervoso por elas? Isso é tão embaraçoso... -Digosentindo meu rosto queimar de vergonha. -Foi, mas eu sou humano Jibs. Tenho ciúmes até de minha sombra. Você é linda,moderna e tem esse gênio forte que o Martin sempre elogia. Óbvio que fiquei com

ciúmes de você. -Ele bebe o vinho antes de provar o nhoque. -É justo. Mas eu jamais faria algo pra estragar um casamento assim como a Júliafez comigo. Eu beijei pra irritar a Júlia que sempre quer saber se eu namoro oMartin. -Bebo da minha taça depois de queimar a boca com um nhoque fumegante. -Mas você gostou? Sentiu algo? -Ele me olha nos olhos. -Gostei. Estava carente, confusa e com Ryan de volta a minha vida, mas mesmose me apaixonasse pelo Martin...eu jamais o roubaria de você. E ele gosta de você,ama você Rick. -Esfrio o nhoque do garfo como uma criança. -Eu também o amo muito. Estou com um peso nas costas por ter brigado com ele.-Ele franze a testa preocupado. -Casais sempre brigam. Mas quero saber se você me perdoa. Não quero abalarnossa amizade...-Respiro fundo. -Eu perdoo, adoro você. Se eu não existisse tenho certeza que você seria a moçacerta pro Martin. Eu sei que ele já teve algumas namoradas apesar de ser gay.Martin é uma alma livre de preconceitos. -Ele diz orgulhoso -O mundo sempre faz sentido quando ele está por perto não é? -Digo tambémorgulhosa do meu amigo. -Faz. Tudo fica melhor com ele por perto. Por isso me sinto mal pela briga. -Eleenxuga uma lágrima teimosa. -Ele vai entender. Mas se quiser me contar algo sobre o Ryan o momento éesse....-Falo brincando pra descontrair um pouco a tensão. -Hummm, este nhoque está delicioso. -Ele ri fingindo mudar de assunto. -Ahhh não, não faz isso comigo Rick. -Digo rindo. -Está bem...ele está muito mal Jibely. Bebeu muito mais que eu. Mas nem assimconsegui arrancar muito dele sobre a chantagem da Júlia. -Ele fica sério. -Mas arrancou algo não foi? Tá na sua cara que sim. Pode me contar. -Digoansiosa. -Ele contou tudo que você contou Domingo pra gente, mas do jeito dele. Ele disseque te ama, mas não podia terminar com a Júlia antes de resolver seus problemas,muito menos agora... -Ele pausa. -Muito menos agora? -Pergunto sem entender. -A Júlia está grávida. Ela contou pra ele no Domingo. -Rick me olha preocupado. -Grávida? Não pode ser. Ela nunca quis ter filhos, sempre odiou crianças. -Digo

lembrando os defeitos da minha ex amiga. -As pessoas mudam e acidentes acontecem todo dia. Ela mostrou até o teste defarmácia pra ele, iria hoje fazer exames no hospital. -Ele fala devagar. -Ricardo...eu briguei com ela quando beijei o Martin, estava toda machucada emachuquei a cara dela dando tapas também...-Digo me sentindo um monstro. -Você não sabia, era só ela dizer e você pararia não é? -Ele termina seu prato epega mais um pouco de nhoque. -Pararia, o bebê não tem culpa de ter a mãe que tem... -Digo desconsolada. -Então não se culpa. Vai ver ela nem sabia que estava também. Faz sentido assimnão é? -Ele serve mais vinho em minha taça. -Faz. Mas sempre tem um mas Rick e eu vou descobrir cedo ou tarde. -Digobebendo tudo de uma vez. -Vai com calma Jibs, come mais um pouco senão vai dar dor de cabeça depois. -Ele serve mais nhoque no meu prato. -Perdi a fome Rick. Um bebê? Ela vai ter um bebê...Ryan sempre quis ser pai.Deve estar feliz. -Tento imaginar a cena. -Pode ser que ele fique depois, mas eu vi um homem preocupado ontem...achoque ele te ama mesmo, pareceu sincero. Come um pouco vai. -Rick tenta me acalmar. -Vou ficar bem Rick. Gostou do meu almoço? -Pergunto oferecendo mais nhoque. -Estou satisfeito. Estava uma delícia. Fez tudo sozinha? -Ele se levanta pra levaro prato e a taça a pia. -Não, comprei semi pronto, mas esquentei tudo. -Digo tentando parecer bem porfora. -Mesmo assim, estava delicioso. Se importa se eu for? Preciso ver Martin antesde ir estudar. -Ele diz lavando a louça. -Vai sim, vai tranquilo, ele vai adorar ver você. Pede pra ele passar aqui a noite etrazer uma encomenda que fiz? -Falo lembrando da menina Lis. -Digo sim. E Jibely...a Máfia Flores Rosas nunca esteve tão viva, está bem? -Eleme abraça sorrindo. -Obrigada querido. Por tudo. -Digo sinceramente o abraçando também. Depois da despedida me jogo no sofá atordoada. Sinto meu rosto queimar deraiva. Nada me tira da cabeça que Júlia sempre gostou de Renan, então por que elaengravida de Ryan?

Não faz sentido. Veludo pula no meu colo me fazendo voltar a realidade. Acaricio meu filhote esinto uma agonia repentina invadir meu corpo e mente. Lembro de vovó Margaretaqui mesmo nessa sala me entregando chá quando eu tinha algum problema naescola. Pego o celular e ligo pra ela. Digo que estou com saudades, se ela está bem, comovão as coisas e se eu posso ir visitá-la nas minhas férias. Ela fica feliz do outro ladodo telefone, diz que está tudo bem apesar da saudade e que vai adorar me receber nasférias. Digo que vou esperar meus pais voltarem ou a Cibely pra cuidarem do Veludo e aívou tranquila pra Minas Gerais. Ela diz que aguardará ansiosa e que também talvezvenha passar o fim de ano conosco. Assim que desligo vejo que me sinto melhor. Vovó tem esse poder. Vejo quetentaram me ligar enquanto estava falando com ela. Um número desconhecido. Doude ombros e decido começar minha leitura de férias. Antes que eu abra a página a campainha toca. Vou me arrastando enquanto notoque a chuva parou faz tempo. Mas o vento gelado continua. Junho será frio comcerteza. -Você? -Digo olhando um homem alto segurando um vaso de cacto-bola cheio deflores. -Sim, sou eu e você é a Jibely Flores? -Ele sorri mostrando dentesimpecavelmente brancos. -Sou eu. Infelizmente. O que faz aqui? -Não estou a fim de ser educada. -Trouxe flores para uma flor. -Ele ergue o vasinho. -Que meigo. Nunca ouvi essa antes... -Debocho. -O cacto floresce pra provar que até em meio aos espinhos é possível encontrarbeleza. Assim como a rosa. Mas rosa seria óbvio demais pra você. -Ele me entrega ovasinho. -Tá me chamando de espinhosa? Não entendi... -Digo não querendo entender naverdade. -Entendeu sim, você é muito esperta Jibely, posso entrar? -George Flox falasuavemente. -Tem mais gente com você? Pois se tiver, prefiro que não entre. -Deixo claro pra

ele. -Vim com a Verônica que está ali no carro, mas ela vai embora assim queconversarmos. -Ele aponta pra um carro. -Você trouxe mala? Isso é uma pegadinha? Cadê as câmeras? -Procuro algodiferente na rua deserta. -Eu sempre cumpro meus compromissos...sou muito profissional. -Ele se gaba. -Que chato pra você... desiste vai! Eu aceito ser processada por vocês, vai lá. -Mando ele ir embora. -Jibely Flores, eu só vou embora depois de você ler um contrato que vai teinteressar, mas está aqui dentro da minha mala, deixa eu pegar pra você... -Ele logome entrega os papéis. -Pode resumir...estou com dor de cabeça. -Falo franzindo a testa. -O dono da revista +13Teen aceitou sua proposta e até achou polêmica, tudo oque uma revista precisa hoje pra vender. Eu faço minha parte depois de uma semanae você a sua. Ele só mudou o nome da sua crônica para....-Ele tenta se lembrar- achoque é “Como não me apaixonar por ele em 7 dias” -Aham...mas você se acha mesmo...parece alguém que conheço. -Respiro fundo. -Ele adorou sua idéia. Será “Como trazer um astro à vida real em 7 dias”. Temosum desafio nas mãos Jibely. Um de nós vai perder não é? Mas as crônicas tem deser escritas mesmo assim. -Ele diz feliz como se o mundo fosse cor de rosa. -Então entra. Preciso ler tudo isso. Chame a sua agente. -Faço sinal pra ela quenos olha curiosa.

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Capítulo 27- Le Fleur

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Dia 1

Verônica é uma pessoa legal, você pode dizer algo absurdo que ela vai transformarem algo enriquecedor. Talvez seja todo o mérito dela o 'Jorge Flex' ser tão famoso. O contrato parece bem simples: *Convivermos juntos por 7 dias contados à partir do momento que Verônica forembora. *Cada um pode convidar o outro UMA VEZ por dia para fazer qualquer coisanão podendo haver nenhuma recusa da outra parte. *Fotos deverão ser tiradas e postadas no site da Revista +13Teen toda noite paragerar a curiosidade das fãs do George Flox. *Cada um ganhará um caderninho de anotações que será usado como diário debordo e rascunhos para as crônicas de ambas as partes. *As crônicas serão publicadas juntas e entrarão em votação pelo site. A que maisagradar os fãs ou não fãs no caso, o dono da respectiva será convidado a escreveruma coluna mensal remunerada. *Havendo desistência, ambas as partes serão notificadas judicialmente por quebrade contrato com pagamento de multa. *E devemos acima de tudo nos divertir mantendo a educação e respeitando asdiferenças um do outro. O resto eu li bla bla bla e assinamos embaixo. Verônica disse que aproveitaria a folga para viajar ao litoral. Foi embora com oscontratos e deixou o galãzinho na minha casa. Confesso que minha primeira reaçãofoi de sair correndo dali. George ficou calado durante nossa pequena reunião com Verônica. Masconcordava com a cabeça cada reclamação que eu fazia. Depois que sua agente foiembora ficamos em silêncio. Os caderninhos ficaram na minha mesa de centro, e um tempo depois de umsilêncio constrangedor ele resolveu quebrar o duro gelo que havia se formado entrenós. -Onde eu deixo essa mala Jibely? Tem algum quarto de hóspedes? -Ele olha aminha pequena casa por alto. -Não, você vai ficar no quarto da minha doce irmã que me jogou nessa história. Elanão vai se importar, é sua fã. -Digo desviando meus olhos dele.

-Nunca passei mais que 1 dia na casa de estranhos, e nem eram estranhos deverdade, mas sim conhecidos e imagino que 7 dias não será fácil. -Ele ergue a malame seguindo. -Se quiser desistir...podemos rachar a multa, dinheiro não deve ser problema pravocê. -Digo abrindo a porta do quarto rosa da Cibs. -Poderíamos, sim eu poderia pagar a multa, mas eu não gosto de perder nadaJibely, e um desafio assim é tentador não acha? -Ele sorri daquele jeito doce demaisque já me irrita. -Não. Na verdade eu queria sumir do mapa por 7 dias, não queria passar essetempo com homem nenhum mas eu quero muito escrever e ser publicada na+13Teen, devo isso a meus sonhos de infância. -Confesso pela segunda vez sobremeus sonhos perdidos.

-Já é algo. Você faz pelo seu sonho e eu pelo desafio. Fechou? -Ele ergue sua mãoesperando eu fazer o mesmo, mas o deixo no “vácuo” e mostro o quarto. Tiro as roupas da Cibs da cômoda e jogo no armário. Digo que ele pode usar paraorganizar suas coisas. Depois que ele deixa a mala em cima da cama faço um Tourpela casa mostrando todos os cômodos e deixo o quintal por último. -Aqui é sensacional, quantas flores, e aquela rede...nem sei qual foi a última vezque me sentei em uma. -Ele parece se divertir. -Não é pra sentar, é pra deitar, tirar uma soneca, ler um livro... -Falo sem muitohumor. -Tanto faz, posso? -Ele dá a entender que quer ir até lá. -É tudo seu por 7 dias. -Esnobo mordendo o lábio. Ele anda devagar apreciando cada flor e planta até chegar a imensa rede no centrodo jardim que eu estupidamente trato como quintal. Veludo passa pelas minhaspernas e vai vacilante até onde George está. -Ahh você tem gato...eu adoro gatos. -Ele chama meu filhote como se chamasseum cachorro. -Nota-se, não quer um ossinho pra jogar pra ele? Quem sabe ele te atende comocachorro. -Digo irritada. -Eu disse que adoro, não que sou expert em felinos. -Ele parece corar. -O gato vai quando quer, mas você pode tentar fazendo assim (faço o som com oslábios que sai como um assovio fraco) se ele quiser vir ele virá, senão vai ficar teolhando com cara de tédio. -Explico revirando os olhos. -Que legal, não sabia disso. Nunca tive gatos mas sempre os adorei. -Ele parecenão se importar com meu humor ácido. Ele fica um tempo tentando chamar Veludo que só quer deitar na rede e dormir umpouco. Depois de desistir ele vem até mim parecendo desapontado pela indiferençafelina. -Não liga, é bom não ter todo mundo a seus pés toda hora. Vai sobreviver. -Douas costas e entro em casa. -É isso que pensa de mim? Um pobre ator mimado e que não sabe ser ignoradopelas pessoas? -Ele diz se colocando em minha frente depois de correr até mim. -Acho. Não sou uma pessoa preconceituosa...mas eu nunca gostei de ver você naTV, nas revistas, comerciais...parece tudo tão falso. -Conto olhando em seus olhos.

-Mas nem me conhece... não deveria julgar. -Ele se ofende. -As pessoas não me conheciam e mesmo assim sempre infernizaram minha vida.Por que devo ser legal com você George Flex. -Cruzo os braços e aperto os olhos. -É Flox. É que milhares de mulheres pagariam se pudessem pra passar meia horacomigo e confesso que você é a primeira que nem liga pra minha existência. -Eleengasga. -Aposto que muitas ficam eufóricas só de tocar em você por um segundo. Masnão sou assim. Não sei ser assim e nem quero ser assim. -Ando depressa para acozinha pegar um café. -Este é meu desafio e o seu ao mesmo tempo. -Ele diz sorrindo (um sorriso semgraça por sinal). -Olha...alguém descobriu o óbvio!! -Digo sarcasticamente. Ele se cala e diz que vai tomar um banho. O celular toca e é aquele númerodesconhecido de novo. Atendo sem paciência. É Ryan. Depois da surpresa ele dizque precisa me contar uma coisa. -Pode contar. -Digo imaginando ser sobre o bebê. -Não. Precisa ser pessoalmente. Vou aí. -Ele conta com uma voz triste. -Acho melhor não vir Ryan, conta agora. É sobre a gravidez? -Desabafo. Ele desliga o telefone na minha cara. Cada dia odeio mais estes homens queadoram pisar nas mulheres e se fazem de ofendidos depois. Haja EGO para estesegoístas. -Vamos sair pra jantar? Hoje é o Dia 1 e quero que conheça um lugar fabuloso. -George aparece como um fantasma atrás de mim todo bem vestido e cheiroso. -Não posso recusar não é? Está no contrato. -Informo fazendo caretas. -Não pode. Mas acho que vai gostar. Se não se importar com as minhas fãsquerendo autógrafos e tirando fotos. -Ele dá aquele sorriso provocador. -Com isso me importo. Detesto tietagens. -Digo com as mãos na cintura. -Estou brincando, este lugar é super reservado. Vai se trocar que estou morrendode fome. -Ele pareceu ordenar? Tá maluco? -Vou assim mesmo de moletom, já que ninguém vai se importar. -Devolvosecamente. -Você que sabe, mas o lugar pede algo mais refinado, só vão pessoas da altaclasse... -Ele provoca.

-Jura? Então é uma roupa que define o caráter de alguém? -Sinto um calor subirpela minha garganta. -Não é isso. É o que a sociedade diz que é certo. Custa se trocar? -Ele pirraça. Nesse momento tenho uma idéia maravilhosa. Digo que troco sim por algo maissocial e sigo para o quarto. E se ele pensa que vai mandar em mim por 7 dias estámuito enganado. Vou mostrar a ele como uma roupa define caráter é lá no lugar que ele quer melevar. Ele vai ver quem é Jibely Flores. Respiro fundo pra me acalmar e manter oplano. Solto meus cabelos e faço um rabo de cavalo baixo. Coloco uma calça social comcamisa listrada e um casaquinho. Sapatos pretos e de salto bem finos. Uso aecharpe preta que comprei no Shopping e escolho uma bolsa de mão que caiba ocelular, caderninho e documentos. Faço uma maquiagem leve com um batom vermelho gritante. Coloco meu melhorperfume e não deixo de pensar no Ryan. Mando mensagem pra Martin deixar opresente da Lis em casa e conto sobre o galã. São mais de 8hs da noite e sair era tudo que eu não queria hoje. Mas trato é trato.Apareço confiante na sala onde ele me espera sorridente. Sorrio falsamente e tentomostrar animação. -Está linda Jibely. Viu, não doeu...-Ele me alfineta. -Nem um pouco. (Vai doer é em você idiota)- penso comigo mesma. O alinhamento para sair me faz compará-lo com Ryan. Muito elegante, cabelopenteado pra trás com gel, roupa formal demais para meu gosto. Por que eu gosteide Ryan mesmo hein? Sempre fomos tão diferentes. -Vamos de taxi? Assim podemos beber um pouco. -Ele tenta ser genial. Tenta. -Vamos. (Não sei dirigir mesmo imbecil)-Grito em meus pensamentos. Ele coloca o celular, o caderninho e os documentos nos bolsos. Deixo ração para oVeludo e água fresca. Não demora muito o taxi chega na porta de casa, ele diz terchamado enquanto eu me arrumava. -Que gentil! (Só Que Não)-Digo e penso ao mesmo tempo. -Obrigado. Entre senhorita. -Ele abre a porta pra mim como quem quer agradar. -Onde jantaremos Senhor G.F. -Falo olhando-o sem parar. -No Bistrô 'Le Petit Amour' conhece? -Ele sorri para o motorista.

-Nunca ouvi falar, não sou muito fã de comida francesa. -Emburro com a notícia. -Você não é fã de muita coisa não é? -Ele debocha. -Engraçadinho... -Digo assoprando o ar no vidro fechado. A viagem segue silenciosa até meu celular tocar. É uma mensagem de Martin: “Já deixei a caixa embrulhada pra presente na sua casa. O Ryan, o Geoge Flox...Eu acho que quem está de férias são suas férias Jibely. Me conta tudo depois oumanda fotos desse momento ímpar, sabe que esse ator é um gato não é? Aproveita.Ricardo e eu já fizemos as pazes, muito obrigado amor. Te Amo” Sorrio e guardo o celular. George me olha surpreso. -É o primeiro sorriso sincero que vejo vindo de você desde que nos conhecemos.Isso aí foi de seu namorado? -Ele aponta pra bolsa onde guardei o celular. -É do meu melhor amigo. -Digo ainda sorrindo. -Hum...melhor amigo. Sempre começa assim...-Ele se assusta com o própriocomentário e se vira. -Meu melhor amigo gay que está noivo com o melhor amigo da minha irmã ondeseremos madrinhas do casamento em breve. -Aponto o dedo em sua direção. -Ahh. Ok. -Ele finge não se interessar mais. -E você tem alguém que suporta esse tanto de fãs loucas por você? -Digo semanestesia. -Não tenho tempo pra namorar agora. -Ele pigarreia. -É o que todos dizem quando querem galinhar. Eu entendo. -Digo ironicamente. -Chegamos Senhor Flox, Senhorita Flores...-O motorista anuncia estacionando oTaxi nos fundos do Bistrot. -Jibely... -George abre a porta e me ajuda a sair do carro como se eu estivessedoente. Martin nunca fez assim, e concluo que esse Jorge Flex está querendo meconquistar. Mas pode tirar seu poneizinho de raça da chuva que não vai me aliciarcomo fã nem aqui nem em Hollywood. -Que legal, entrar pelos fundos. Quis ser famoso pra fugir das pessoas depois?Que achado... -Meu mau humor vai e vem numa dança bipolar. -Não me importo de entrar pela frente, nem todo mundo gosta de mim sabia... -

Ele é irônico agora. -Sei, só está querendo me polpar a fadiga. -Digo entredentes. -Exatamente. -Ele faz um gesto de acerto como se eu tivesse ganhado um milhãonum programa de TV. Somos recebidos pelo Maitre Acace que nos encaminha para uma mesa redonda járeservada. Diz que após a refeição a Cheff Fleur nos visitará pessoalmente parasaber se agradou o famoso ator. Noto que está cheio de clientes mas o silêncio é assustador. Estou acostumadacom lugares sempre cheios e barulhentos com pessoas felizes e vivendo a vida, masaqui parecem todos figurantes esperando a estrela principal chegar. Algumas pessoas o olham mas ficam em seus devido lugares para manter “aclasse”. Suponho que seja isso. Ele tenta parecer uma pessoa normal mas até o seumodo de se sentar totalmente alinhado e esticado me faz pensar que ele está fazendoposes para alguma câmera de celular ou máquina sem flash imaginária. Esquisitoooooo. Me afundo na cadeira querendo mesmo me esconder debaixo dapequena mesa. Esse não é meu mundo. Coragem Jibely, você consegue. Digo pramim mesma toda hora. Um garçom nos traz o Menu que apesar de francês soa como grego pra mim.__________________________________________________

Bistrot Le Petit Amour*Entrées

*Poissons*Viandes*Desserts

__________________________________________________ -Quer que eu peça pra nós Jibely Flores? -Ele sorri enquanto olha atentamente aoMenu. -Pode, você me convidou mas se vier coisa nojenta eu te mato. -Digo imaginandoos temidos caracóis franceses que são lesmas pra mim. -De forma alguma, tudo aqui é saboroso. Vou pedir. -Ele faz um gesto para umgarçom que nos aguardava atento. -Vamos querer de Entrée:Les escargots, de Viandes...hum... um Magret de canard

e Crème brullé de Desserts e um Chardonnay acompanhando. -Ele falou gregodefinitivamente. -Só entendi escargô e não vou comer isso. -Faço cara feia. -Nem provar? Só podemos falar que odiamos algo depois de provar e não gostar. -Ele sorri. -Nem...não vou comer isso. Pede outra coisa 'comível'. -Digo sentindo meuestômago embrulhar. -Um Fois gras de canard então. -Ele faz sinal para o coitado do garçom que jáhavia levado o pedido e informa sobre a troca. -O nome parece bom...-Digo de modo seco. Logo chegam os pratos, o vinho que George prova daquele jeito engraçado com ataça pra ver se está de seu gosto. Quando ele assente que sim, o garçom serve paranós. Fico protelando para comer meu “Fois sei lá o que” parece um prato meigomas vindo de comida francesa nunca se sabe. Pego meu celular e entro na página de busca. Pergunto a ele o nome do meu pratosem que ele veja meu celular. Digito: Fois gras de canard. Olho por cima e vejo queé Patê de Fígado de Pato. Adoro patês. Mas antes que eu feche a página de busca clico em mais um link que diz “Não aoFois gras de canard” .Parece que o pato sofre bastante antes de virar patê...olho opatê delicadamente servido no pão torrado num prato todo enfeitado para abrir oapetite. -Não vou comer isso. Sabia que é proibido em alguns países? O pobre do pato éforçado a comer sem parar nos seus últimos 15 dias de vida e muitos morrem noprocesso entalados por comida. -Ergo o celular mostrando a matéria. -Fala baixo Jibely, é uma ofensa recusar um prato feito. O pato já morreu, sefosse ressuscitá-lo eu diria pra não comer. -Ele olha em volta. -Come você então a lesma com fígado de pato. -Provoco. -Olha, você não come outros patês? Já pensou que bichos morrem toda hora pravocê comer seu patê ou sua carne? -Ele me olha nos olhos agora. Paro e penso. Ele tem razão. Estou sendo hipócrita. Animal morto é animal mortoe precisamos comê-los. Mas não vou admitir isso a ele. Na verdade esse foi umgancho perfeito para o plano que tive em casa.

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Capítulo 28- Erva-mate

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Kung Fu

Apesar dele parecer ser mais maduro do que eu imaginava, como esquecer dadesfeita que ele fez com o meu conjunto de moletom lilás? Isso é imperdoável. Elepoderia implicar até com meus cabelos rebeldes, mas não com o meu moletom. Bebo um pouco do vinho. Maravilhoso. George come devagar enrolando aquelacoisa molenga num garfo e come com uma cara estranha. Ele bebe o vinho como sefosse pra tirar o gosto da boca. Ele me olha curioso quando começo a raspar o patê da torrada deixando a pastarosada num canto do prato. Mordisco o pão. Começo a rir com um pensamentobobo. -Do que está rindo? -George olha em volta procurando o motivo. -Não é estranho num restaurante francês não ter pão francês? -Digo rindo maisalto. -Jibely, primeiro não é restaurante é Bistrô, depois você raspa o patê e agora fazpiada sobre o pão? -Ele se chateia. -Achei engraçado, qual o problema? É ERRADO RIR DE ALGO AQUI? -Digobem alto fazendo todos os olhos em volta focarem em nossa mesa. -Já sei o que você quer fazer e sabe...isso não vai me irritar. -Ele diz enroscando oescargô no garfo. -Bom pra você. -Dou um sorriso falso. -Jibely, eu pago toda a multa e desapareço de sua vida agora, se você comer umagarfada desse maravilhoso escargô. -Ele ergue pra mim o garfo.

-Tá bom eu como. -Digo incerta. -Mas quero ver você mastigando umas 20 vezes antes de engolir. Pra sentir osabor. -Ele sorri largamente empurrando o gafo. Pego o garfo e coloco na boca sentindo uma coisa molenga na minha língua, meuestômago embrulha e antes que eu dê uma mordida, inconscientemente eu cuspo altoaquela meleca que vai parar na cabeça de uma senhora que está atrás de George emoutra mesa. Todos em volta dão uma risadinha tímida quando George corre com umguardanapo pra limpar o cabelo da senhora idosa. Ela nem sentiu a bomba querecebeu na cabeça, que coisa estranha. Ele se desculpa com ela dizendo que engasguei. Quando ele volta a mesa começo arir. Nada como julgar as pessoas pela sua maneira de vestir. Quem diria que alguémtão arrumada como eu faria uma coisa dessas. O garçom aparece do nada preocupado e troca a entrada pelo Viandes seja lá o quefor. A aparência é bonita. Dessa vez ele explica pra mim: -Magret de canard é peito de pato cortado em finas lâminas com um pouco degordura nos lados normalmente servido ao ponto para mal passado. -Pato de novo? Tá brincando comigo? -Digo segurando um riso. -Prova um pouco, olha, nem está mal passado. -Ele prova mais satisfeito agora doque quando provava a lesma. -Ok. Hum...hum...tem gosto de carne crua sim. -Faço careta cuspindo noguardanapo. -Pelo menos provou, estamos progredindo. Nem tive que me desculpar comninguém agora... -Ele ironiza sorrindo. -Não seja por isso... A MEU DEUS, COITADO DO PATO? COMO PODEMLER A HISTÓRIA DO PATINHO FEIO PARA SEUS FILHOS DEPOIS DECOMER ISSO? -Grito em pé chamando atenção. Algumas pessoas vaiaram, outras bateram palmas pelo meu show particular. Osgarçons ficaram sem jeito. Acho que só não nos mandaram ir embora pelo fato doator ser famoso e trazer prestígio ao lugar. -Senta Jibely! Achei que você fosse mais sofisticada. Todas que eu trouxe aquiadoraram a comida, a companhia...-O ator diz ofendido e vermelho de vergonha. -Se comer coisas que não são da minha cultura for ser sofisticada, eu não sou

mesmo. Esperava mais de você além dessa futilidade... -Falo duramente com ele. O silêncio é nosso companheiro até que novamente o garçom traz finalmente oDesserts, que por eliminação deve ser a sobremesa. Noto que uma mulher na mesa anossa direita ergue toda hora o celular fotografando o galã. Apesar de manter distância para manter a aparência classuda, a tietagem a meu veré a mesma. Penso como deve ser chato sempre ter que comer sabendo que estão tevigiando, ter que manter um sorriso no rosto mesmo que esteja com dor de barriga. E se demonstrar que não está bem, corre o risco de ser interpretado comoarrogante....mas isso eu já acho dele mesmo sendo simpático. Não posso ter peninhadele agora. Ele é como Ryan, é como todos os homens. -Delicioso...desse eu gostei. -Digo comendo o creme amarelinho com essacasquinha dura de caramelo. -É Crème Brullé. Como não comeu quase nada, vou pedir mais sobremesas pravocê. -Ele está sério mas mantém o tom calmo. -Não precisa. Quanto mais rápido terminarmos, mais rápido vamos embora. -Digopegando o celular de novo para tirar foto da sobremesa. -Por mim tudo bem, não foi nada como eu esperava mesmo. -Ele pega ocaderninho e uma caneta. -Temos que registrar o momento, diga xixi!! -Quando ele me olha tiro uma foto esem verificar se está boa guardo o celular de novo. -Eu pisquei! Não quero uma foto feia. -Ele pega seu celular e tira uma de mimfazendo careta. Quando A Cheff Fleur se aproxima e pergunta se gostamos de suas obras de artes,noto que muitos garçons aguardam ansiosos minha reação. George engole em seco eeu continuo sendo eu mesma. -Maravilhosa, eu adorei tudo. Só peço perdão pelo mal estar com o escargô e como pato...é que eu tinha um patinho quando era criança e ele não ficaria feliz se eucomesse seus parentes. E ele adorava comer lesmas...tudo me trouxe tantaslembranças esta noite.... -Digo cinicamente fazendo cara de choro. -Estava divino Fleur, não liga pra essa moça aqui, ela não está acostumada comcomidas refinadas. -Ele me entrega. -Tudo bem, faz parte do trabalho. Bom preciso visitar outras mesas. Au revoir! -Le Fleur sai ofendida.

George Flox paga a conta e seguimos para os fundos do Bistrô que já tem um Taxinos aguardando. Dentro do carro fico mexendo no celular pesquisando sobrecomidas francesas. Descubro que os franceses achariam um absurdo saber que os Bistrôs daquicobram caro e servem comidas sofisticadas no dia a dia. A idéia seria o nome paralugares aconchegantes, simples e com comidas rápidas. Os russos durante a Segunda Guerra costumavam gritar nos restaurantesfranceses: “bystro, bystro!” que significava “rápido!”. Se alguém falar para um francês que comeu foie gras num bistrô, ele vai acharmuito estranho, pois é uma comida especial, que eles só comem em festas como oNatal, Ano Novo ou casamentos. -É como ir a um restaurante Brasileiro na França e ver Feijoada com Caipirinha nocardápio. Como se comêssemos feijoada todo dia. Faz sentido. Digo sem perceberque estou falando alto. -Não entendi Jibely...-Ele me olha surpreso. Explico e mostro o que estava lendo sobre Bistrôs. Ele fica curioso como eu e lê amatéria toda. Ele devolve o meu celular e permanece em silêncio um tempo enquantoeu envio a foto dele para Martin, dizendo: “Um fiasco” -É, foi um fiasco mesmo. -Ele diz olhando pra frente. -Está me espiando agora também? -Digo sem jeito por ser pega no flagra. -Tenho olhos de águia. -Ele debocha. -”Ela me irritou no bistrot o tempo inteiro” foi tão sútil...-Digo sobre suaanotação no caderninho. -Uau, me impressionou. -Ele sorri e se cala. Finalmente em casa. Entramos calados. Martin deixou o presente de Lis em cimada mesa. Nem preciso conferir. Confio no bom gosto do meu amigo. Coloco água praferver pra fazer um chá de Erva-Mate. Esquento o nhoque do almoço que sobrou e como enquanto George Flox se trancano quarto pra fazer suas anotações. Como com fome e depois lavo a louçaenquanto o chá esfria um pouco. Troco de roupa e coloco um pijama quentinho. Parando pra saber é algo absurdodemais um ator que dizem ser famoso estar bem na minha casa, será que não tem

câmeras escondidas? Olho cada centímetro da casa, paranóica, procurando algo diferente. Não vejonada. Me acalmo, pego o chá e sento no sofá puxando a mesinha para perto de mimpara mexer no computador com conforto. Nenhuma mensagem de Cibely. Cruzo as pernas e bebo um pouco do chá. Veludoaparece do nada pulando no meu colo e me dou conta que nem tive tempo depaparicar meu gato ainda. George aparece enquanto o acaricio e se senta ao meu lado. É visível que ele estáum pouco deslocado. Como será seus dias de glamour? Se eu tivesse acompanhadomais minha irmã saberia sobre a vida desse super astro. Pra mim é igualzinho a todos os homens. Veludo se levanta e senta no colo deleafofando suas pernas. Ele fica sem reação me olhando, esperando que eu diga algo... -Isso é normal. Ele gostou de você. -Digo enquanto volto a mexer no computadorde um modo que ele não fique espiando.Digito na busca e aparece vários links de sites de fofoca e alguns sobre seustrabalhos. Tem 28 anos, faz sucesso há um pouco mais que um ano como ator denovelas...bla bla bla...foi descoberto numa peça de teatro por um produtor. Antes de estudar Artes Cênicas há 3 anos, aos 25 era noivo. Noivo? CursavaDireito. Direito? Olho pra ele calado a minha frente que brinca distraído comVeludo. -Você cursava Direito e era noivo? -A pergunta sai de mim apressada. -Uhum. Por quê? -Ele ergue a coluna pra me olhar. -Não sei nada sobre você ao contrário de suas fãs...pesquisei aqui. -Digo sem mealterar. -Nem eu sei nada sobre você. Quer dizer...me odiar e odiar escargô com patê depato. Fora isso não sei nada. -Ele debocha. -Não odeio você...só não gosto de novelas. Acho perda de tempo, as pessoasendeusam demais os atores. -Comento. -Não vê nem filmes? Teatro? -Ele mantém a polidez. -Adoro filmes, e teatro não vou a um desde criança...-Confesso. -E acha que tem diferença de uma novela pra um filme? -George pergunta. -Acho...o filme acaba muito mais rápido e ensina mais o que uma novela em 9meses não ensina e só enrola. -Explico.

-Pode ser, mas fora do Brasil os atores de filmes por exemplo, são mil vezes maisfamosos que um mísero ator de novelas daqui. E aí? -O galã quer saber. -E aí nada! Sabe...tanto faz. A sua noiva terminou com você depois da fama? -Digo irritada me levantando e me posicionando a frente dele. -Não. Achei que tivesse lido aí nos sites de fofoca. -Ele se levanta e segue para oquintal magoado. Clico e clico procurando algo sobre a noiva. Encontro. Meus olhos se enchem delágrimas lendo a notícia. Fecho o laptop e vou atrás dele. Logo o encontro sentadona rede, secando algumas lágrimas quando me vê se aproximando. -Me desculpa George. Eu não sabia. -Arregalo meus olhos cheios de água e sentojunto com ele na grande rede. -Tudo bem. Estávamos voltando de carro de um jantar na casa dos pais dela. Elamorava sozinha e eu ainda com uns amigos da faculdade. A deixaria em casa e depoisiria para a minha como sempre fazíamos. Mas aí eu perdi a direção do volante,estava em alta velocidade....batemos num outro carro e somente eu sobrevivi. Nãotive um arranhão sequer Jibely, mas ela ficou irreconhecível. -Ele pausa embargandomais um choro. -Sinto muito. Eu juro que não sabia... -Sinto um mal estar no corpo todo. -Mas as minhas feridas na alma foram enormes. Larguei a faculdade, e nãoconsegui mais dirigir nada. Tenho pânico de direção mas isso você não vai ler por aí.A justiça me beneficiou muito, sendo a minha culpa a maior das punições. Ela eratudo pra mim. -Ele desaba de vez me abraçando. O abraço carinhosamente. Só por hora, vou esquecer a raiva que ele me fez passar hoje sobre as roupas, coma comida francesa e por ser um ator metido a famoso. Vou até a cozinha e pego um pouco do chá pra ele. -Toma, é de Erva-Doce, está esfriando de novo o tempo e um chá aquece. -Digopensando mais em acalmá-lo. -Obrigado. Me desculpa por isso. -Ele mostra uma poça de lágrimas no meuombro. -Que isso. É parte do meu plano. Vou cortar um quadrado, plastificar e vender nainternet pra suas fãs. -Brinco. -Não sou tão famoso assim. -Ele sorri.

Ficamos um tempo em silêncio, balançando os pés e olhando o céu nublado.Subitamente ele se assusta e sai correndo em direção ao muro. Vejo um vultopulando assustado e recebendo um soco bem no olho. George o imobiliza e grita pra que eu chame a polícia. Chego mais perto e debaixode um agasalho preto vejo Ryan gemendo de dor pelo golpe do ator. Primeiro querorir, depois sinto pena. -Ryan! O que você estava fazendo? -Digo fazendo gesto para o George soltá-lo. -Jibely, você o conhece? Por que ele pulou pra entrar? -O galã não entende nada. -Eu sempre entro assim imbecil. Ela tomou minha chave...-Ryan se levantamantendo distância. -Quando você me traiu com a minha melhor amiga e madrinha, faltando dois diaspara o casamento, não esquece disso... -Digo dando um tapinha no ombro dele. -Uau! Você fez isso? Que idiota! -George fica indignado. -Peraí...eu te conheço de algum lugar, olha Jibely...ele parece aquele ator que suairmã gosta. -Ryan começa a descobrir. -Uhum, são idênticos. Agora fala o que você quer Ryan? -Digo já imaginando. -Aquele assunto do telefone...mas antes preciso de gelo, olha o que ele fez commeu olho. -Ryan choraminga. -Ele vai morar comigo agora. -Irrito mais ainda o Ryan. -Não se deve entrar assim na casa de senhoritas Ryan, vai que os vizinhosentendem errado e chamam a policia? -George puxa assunto. -A conversa ainda não chegou em você rapaz! Posso te processar por agressão. -Ryan provoca. -E eu a você por invasão. O que acha? -George sorri mostrando seus lindos dentesgrandes. -Ninguém vai processar ninguém. Ryan acho melhor ir embora. -O encaminho pradentro de casa pensando em guiá-lo até a porta de saída e depois para o portão. Mas no meio do caminho ele vai até a geladeira procurar algo frio para seus olhos.George nos segue calado ao meu lado em sentido de proteção como se Ryan fossealgo perigoso. -Pega gelo que está bom demais. Depois RUA Ryan! Quero descansar. -Coloco asmãos na cintura como uma chaleira.

-Será que pode nos dar licença...como é mesmo seu nome? Preciso falar com ela. -Ryan diz colocando umas pedras de gelo no pano de prato. -Não falei meu nome ainda. Pode falar, mas eu não saio de perto dela. Quer tentarme fazer sair daqui Ryan! -George engrossa a voz exalando testosterona pela minhacasa. -Quem é ele Jibely, até sábado você estava sozinha, agora é só conhecer a pessoae já convidar ela pra morar com você? -Ryan não disfarça o ciúme. -Seja o que for não é da sua conta Ryan, agora você tem preocupações a mais nãoé? Vai paparicar sua noiva e o bebê que ela carrega! -Quero avançar nele mas Georgeme segura. -Era sobre isso que eu ia falar. Eu não sabia que ela não estava se protegendo. Nãoqueria um filho agora. Não quero! -Ele pirraça. -Seu imbecil, não devemos deixar todas essas responsabilidades nas costas damulher não, que mania desses homens machistas! -Digo falando alto. -Ela está certa Ryan, você está bem grandinho pra saber disso. -George provoca. -Cala a sua boca! Some daqui. -Ryan avança em George que o imobiliza de novo. -Calma aí, mais respeito. Agora senta no sofá, bonitinho e se ela quiser falar comvocê ela vai. Eu fico daqui da cozinha cuidando dela de longe. -George ordena setornando muito maior do que é. Vou até Ryan na sala e faço sinal para o George que está tudo bem. Ele fica nacozinha que tem vista para a sala, calado e observando. Ryan está transtornado emagoado por apanhar de outro homem. -Onde o achou Jibely? Não é perigoso colocar um estranho dentro de casa? -Ryanesfrega o gelo no olho e com o outro olha para a cozinha. -Do jeito que ele me defendeu o perigo acabou sendo você, olha isso. -Dou risadaapontando para seu olho. -Vocês estão namorando ou o quê? É algum amigo seu que eu não conheço? -Ryanpergunta intrigado. -Olha Ryan, você não me conta os seus segredos sobre a chantagem da Júlia equer que eu te conte cada passo que dou na minha vida? Cresce né! -Estufo o peitobrava com ele. -É diferente...é que... -Ele se atrapalha. -É que...sei! Então..vai ser papai? Era pra estar feliz, sempre quis um filho. -

Desdenho. -Sempre quis um filho seu. Não quero me prender mais a Júlia. -Ele desabafa seafundando no sofá. -Deixa eu te ajudar Ryan, o que ela fez com você? Nem parece o Ryan queconheci. -Minhas palavras caem duras em suas costas. -Se eu te envolver nisso...não sei o que poderá acontecer, a Júlia parece frágil masé perigosa. Esquece esse assunto Jibely. -Ele me deixa confusa. -Então veio fazer o que aqui? -Pergunto sem entender. -Queria ver você. Queria te chamar pra gente fugir e nunca mais voltar, assim Júlianão seria uma ameaça....mas não posso abandonar o bebê...ou posso? -Ele joga abatata quente pra mim. -Não pode idiota! O seu filho não tem culpa. -Perco a paciência com ele. -Estou perdido Jibely, não quero me casar com ela. Eu amo você. -Ele aumenta otom para que George ouça. -Se a ama, por que a traiu Ryan? -George aparece atrás de mim apoiando suasmãos nos meus ombros exatamente como Martin faz quando quer me acalmar. -Aconteceu...é coisa de homem. Você deveria saber, se é que é homem. -Ryancutuca com vara curta. -Se trair for coisa de homem eu sou uma mulherzinha...ui ui...mas que luta KungFu como ninguém. -O galã ameaça. -Vai pra casa Ryan, mas só me procura quando quiser contar toda a verdade. Foraisso, se case e cuide bem de seu filho. -Digo chateada. -Então é Adeus Jibely. Não me peça o impossível. Fique aí com este armário. -Ryan levanta e espera que eu abra a porta. George nos segue com os olhos até sumirmos na entrada da casa perto do portão.Ryan leva o meu pano com gelo e me olha mais uma vez durante o caminho. Abaixaa cabeça e se vai. Sinto um aperto no coração. Mas não tenho vocação pra ser amante nem fugitiva.O que ele quer de mim? George me olha quando volto pra dentro de casa. Ele me abraça bem forte. -Por que está me abraçando George? -Pergunto em meio a seus fortes braços quenão me largam. -Porque você também tem as suas feridas na alma Jibely. Não somos tão

diferentes quanto eu pensava. -Ele diz soltando o abraço e me olhando. -Vamos postar nossas fotos e fazer nossas anotações. Pela manhã vou te levarpara um lugar e assim ainda fico dentro do meu dia número 1. -Mudo de assunto.-Ok. Vamos lá. -Ele entende que não quero falar sobre meu passado.

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Capítulo 29- Cerejeira

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Fria Quarta-feira

“Porque você também tem assuas feridas na alma Jibely.Não somos tão diferentes

quanto eu pensava.”

Essas palavras não saem da minha mente. Não consigo dormir, apesar de já fazeralgumas horas que fomos dormir. Ele permaneceu quieto o resto da noite. Nãoconsegui parar de pensar em Ryan dizendo adeus. Agora não consigo parar de pensar na frase de George. Feridas na Alma. Achava aminha ferida a maior dor do mundo. Mas como comparar com a morte de alguém queainda ama você? Cibely nunca me falou sobre isso. Sobre esse drama na vida pessoal do atorfamoso. Ou será que falou quando eu apenas ouvia a minha dor? Assim como o dia que senti quando o vento brincava com meus cabelos umafelicidade pura, hoje senti com o abraço de George, uma tranquilidade como se omeu porto seguro estivesse bem ali. Passo a mão pelo ar como se assim pudesse apagar meus pensamentos. Comouma borracha que te dá a chance de reescrever uma nova história. Quando Veludovem me fazer companhia o sono vem de uma vez. Apago. Acordo às 9:30hs sobressaltada. Um pesadelo. Ryan e Renan brigando e Júliarindo ao fundo com uma boneca nos braços. Sinto novamente um arrepio. Vou aobanheiro vagarosamente arrastada por meu cérebro a mil por hora. Abro a porta e dou um grito ao ver George fazendo xixi. Bato a porta. Nem melembrava dele. Nem me recordava que ele está aqui em casa. Agora! Sinto meu rostoqueimar. Ele ao contrário de mim, está gargalhando do lado de lá. -Jibely, esqueceu de mim? -Ele diz abrindo a porta com um olhar divertido. -Totalmente. -Digo de cabeça baixa enquanto ele segue para a cozinha. Uns 15 minutos depois tomo coragem pra encará-lo de novo. Ainda de pijamas ecabelo desgrenhado. A mesa está pronta, café, leite, pão torrado, geléia e manteiga.Olho pra ele que sorri sem uma gota de vergonha. -Não sabia que se virava sozinho, olha...fez até café! - Debocho; -Morei sozinho durante a faculdade, a gente tem que se virar Jibely. Tomei aliberdade de mexer nos seus alimentos mas vamos pagar por todas as despesas... -Ele começa a ficar chato falando rápido assim. -Não se preocupe. Pode comer o que quiser. Essa geléia é divina. -Digo passandoum pouco na torrada.

-Não vai se sentar? -Ele olha sem disfarçar pra meu cabelo bagunçado. -Vou. Pronto. Sentada. Nunca viu uma mulher acordar bagunçada e amassadaantes? -Mordo mais torrada tentando parecer indiferente. -Já sim. Minha noiva. Depois só namorei mulheres que acordavam meia horaantes de mim pra se maquiar, escovar os dentes e pentear os cabelos. -Ele está muitomais a vontade que eu. -Ela era sábia então, as outras bem paranóicas hein. Imagina que vou acordar, mearrumar e fingir que durmo pra acordar linda...que canseira. -Adiciono o leite mornona xícara de café. -Não faz seu estilo mesmo...agradar nós homens. Mas achei bem legal seu cabelo,todo enroladinho, vermelho, indo pra onde bem entender... parece o Sol dando bomdia ao mundo. -Ele come sua torrada. -Meu cabelo é hippie. Não está nem aí pra moda. Sabe...nunca imaginei vocêcomendo torrada com manteiga e café com leite depois de ontem...-Falo maistranquila agora. -Achou que eu comia o quê? Croissant -Ele gargalha de novo. -Por aí...me desculpa por ontem? Estava chateada com você. -Lambo a geléia deum de meus dedos. -Comigo? Por que? -Ele me olha atento. -Primeiro você debochou do meu moletom lilás, depois no Bistrô disse queesperava mais de mim...-Confesso tentando não me abalar. -Então eu é que peço desculpas. Começamos com o pé esquerdo, mas eu tambémestava um pouco chateado...você debochou de mim no telefone na Segunda-feira. -Puts...foi mesmo. Estou passando por uma fase conturbada e você apareceu bemno olho do furacão. Sinto muito pelo...-Digo tentando explicar. -Pelo: “Oh pobrezinho do menino rico, tá cansadinho é? O último lugar que eleteria paz seria ao meu lado.” -Ele relembra minhas palavras. -Por isso...Mas mesmo assim não desistiu de tentar, você é estranho. -Concluo. -Achei tentador passar um tempo com alguém que não me conhece. Só isso. -Elediz com pouco certeza disso. -Bem, hoje vamos andar de ônibus. Vou me arrumar. -O provoco um pouco. -Não posso andar de ônibus. E minhas fãs? Não vão tumultuar tudo? -Ele parecedesesperado agora.

-É o meu dia número 1 George e não vai poder recusar. Tenho que visitar umagarotinha. -Levanto da cadeira e sigo para o meu quarto. O dia está frio apesar da chuva ter cessado. Escolho uma calça jeans e umacamiseta estampada. Escolho um par de tênis bom pra caminhar e procuro umamochila que caiba a caixa com os presentes da pequena Lis. Escolho uma echarpe estampada com flor de cerejeira. Dobro-a até que vire umafaixa e a amarro no alto da cabeça. Coloco minha bolsa dentro da mochila e vou até asala esperar George. Ele aparece impecavelmente arrumado, com os cabelos alinhadosmilimetricamente para trás com um pouco de gel. Roupa formal demais e sapatosmais brilhantes que as botas da Cibely. -Não. Assim todos vão saber que você é você. Quero te proporcionar um novoângulo da forma como você vê a sua vida. -Digo me levantando e indo em suadireção. -Uma nova perspectiva? -Ele olha bem no fundo dos meus olhos. -Sim. -Não encontro mais palavras quando pareço me perder nos olhos dele. -Seus olhos são verdes! -Dizemos ao mesmo tempo. O que nos faz recuar equebrar aquele momento. -Xi, falamos juntos. Verde. -Ele toca na faixa no meu cabelo que tem detalhesverdes.(*) -Não vejo isso desde que minha avó morava aqui. -Digo surpresa. -Falar ao mesmo tempo com alguém. -Ele quer saber. -Não. Tocar no verde. Não é coisa que se vê mais hoje em dia.-Explico. -Ah...sabe que não fazia isso há anos, mas aqui me senti a vontade. Então...queroupa devo usar? -Ele desconversa. -Uma calça jeans se tiver, camiseta comum, óculos escuros, tênis, um boné e umatoalha. -Digo cruzando os braços. Ele encontra tudo que pedi e se troca no quarto da Cibs. Só aparece com caraconfusa segurando a toalha na mão e dizendo que não sabe pra que serve. Peço queele sente, tiro o boné e começo a tirar o excesso de gel do seu cabelo preto. Ele cai ente os olhos e maçãs do rosto exatamente como eu imaginei. Tiro seurelógio do pulso, e o deixo em cima da mesinha.

-George...não há tumultos nem fãs quando se é uma pessoa comum que precisaandar de ônibus para chegar em algum lugar. As pessoas estão cansadas demais pranotar as outras. Por isso endeusam os artistas, para fugir de sua vida comum. -Eleme olha calado. Veludo acorda quando estamos saindo. O levo para sua ração e digo que voltologo. Coloco a mochila nas costas, o endereço de Antúrio no bolso da calça e acoragem em meu coração. George até que ficou bonito sem aquelas roupas de festa que ele teima em usar.Andamos um pouco até chegar no ponto de ônibus. Minutos depois vem um ônibuslotado em plena Quarta. -Jibely, é impossível entrar aí. -George resmunga. -Então essas pessoas realizam o impossível todos os dias não acha? -Digo oempurrando para a escada do coletivo. (*) Tocar no Verde: Na minha infância era comum observar tanto adultos quantocrianças que quando falavam juntos alguma palavra ou frase começavam uma corridapor algo verde que deveria ser tocado. Acreditava-se que quem tocasse algo verdeprimeiro ficava com a boa sorte. Não sei se ainda usam isso hoje em dia, nunca maisvi ninguém tocando no verde.

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Capítulo 30- Flor de Lis

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Listras

Entro logo atrás dele no ônibus lotado. Ele olha pra mim com cara de quem querfugir. Dou um empurrão nele até a catraca. Passo meu cartão duas vezes para que ocobrador não demore muito tendo que contar dinheiro. George caminha devagar sendo apalpado involuntariamente por todos os lados deseu corpo. Ninguém o nota ali. Essa é uma das minhas teorias de que se não tiverseguranças, fotógrafos ou câmeras atrás de um artista, provavelmente ele é só maisum na multidão. Faço sinal pra que ele vá até a porta de saída. Ali é o melhor lugar pra quem nãoquer perder o ponto. Ele está calado agora. Talvez preso em seus pensamentos.Talvez se dando conta que televisão não é nada mais que uma doce ilusão. Talvezlembrando de sua noiva e o arrependimento de estar comigo nessa semana maluca. Nunca saberei. Descemos do ônibus depois de uns 20 minutos de puro aperto. Lamento muitonão dirigir um carro nessas horas. Seria tudo bem simples. George me segue caladoenquanto procuro o nome da rua no pedaço de papel. -Por que tão calado Flox? Não combina com você! -Digo tocando seu ombro. -Não é nada. É que todo esse mundo de glamour me fez pensar que eu nunca maispoderia sair sozinho na rua. Não num ônibus por exemplo. -Ele coloca o boné pratrás e tira o óculos. -Mas artistas não saem por aí todo dia? São até filmados ou fotografados para asrevistas de fofocas... -Digo sabendo qual é a resposta. -Tem os lugares certos que podemos ir como boates, restaurantes e até shopping,mas geralmente temos de parar para tirar fotos, dar autógrafos, ser vigiado numapseudo liberdade. -É o preço da fama. Anda, vamos por aqui, a Rua Brilhantina fica logo ali. -Eleanda ao meu lado não querendo encerrar o assunto. -Eu nunca quis ser famoso Jibely, queria me casar e ter esposa e filhos, mas por

obra do destino, sei lá, tudo acabou acontecendo rápido demais. -Ele morde o lábioinferior irritado. -E eu queria ser uma escritora com marido e filhos e olha só onde estou... -Digoapressando o passo. Rua Brilhantina. Número 31. É uma casa. Aperto a campainha. Uma senhoraalinhada vem nos atender. Deve ser a mãe do Tuts. -Bom dia! Meu nome é Jibely Flores, conversei com seu filho dias atrás e eleconcordou que eu viesse conversar um pouco com a Lis. -Resolvi ser direta naapresentação. -Bom dia, ele falou muito de você estes dias Jibely. Vamos entrem, a Lis vaiadorar te conhecer. -Ela abre o portão para que entremos. -Este aqui é um amigo meu.... Jorge. -Digo sorrindo pra ele.-Oi Jorge, muito prazer. Meu nome é Elis. Você me lembra alguém... -Ela coloca osóculos pra vê-lo melhor. -Ele lembra aquele ator famoso...que fez aquela novela...-Resolvo brincar com asituação. -Isso Jibely, eu não perdi um capítulo da novela Corações Sangrentos. Adorava oator que fazia o Papiro. -Elis começa a se lembrar. Já dentro da casa da Dona Elis, devidamente sentados em seu confortável sofá elacontinua analisando meu clone de ator Jorge. -É quase namorar com o ator Jibely, ele poderia ser um dublê. -Ela me sorricarinhosamente. -Ele não é meu...bom, seria o dublê perfeito. Mas cadê a pequena Lis? Estou loucapra conhecê-la. -Abraço a mochila como quem segura um tesouro. -Vou chamá-la, ela está se arrumando pra escola.-Ela nos deixa ali enquanto vai aprocura da garotinha. George me olha vincando as sobrancelhas grossas. Me divirto com isso. -Jorge? Tinha que ser Jorge? -Ele sussurra nos meus ouvidos. -Está no lucro pois eu iria dizer Jorge Flex. Mas daria muito na cara que você nãoé seu dublê. -Ele estica a coluna respirando fundo. -Você é tão engraçada Jibely...-Ele interrompe.

Lis surge timidamente em frente a nós. Usa um casaquinho que cobre seus braços.É pequena mas acho que devemos esperar isso de uma menina de 6 anos. Nãoconvivo com crianças desde que Cibely era uma e não lembro muito de como devome portar. -Oi Lis. Sou a Jibely e este grandão aqui é o Jorge. Ele é piadista sabia? Depois tecontará uma piada. Seu pai falou que eu viria? -Despejo informações na menina. -Aham. Ele falou que queria me conhecer. -Ela diz abaixando os olhos. -Posso conversar com ela a sós um momento? -Peço pra Elis que carrega Jorge,digo George com ela para tomar um café na cozinha. -Seu pai me falou do seu dodói nos braços, posso ver? -Ajoelho pra que ela fiquemais a vontade. -Não. Tenho vergonha. Todo mundo ri de mim na escola...-Ela fecha o casaquinhoainda mais. -Eu também tive um dodói assim . Quer ver?- Digo mostrando meus pulsos. -Mas os meus são maiores, todo mundo vê se eu tirar a blusa. -Ela toca minhascicatrizes com seus dedinhos gelados. -Mas duvida que minha dor não foi igual a sua? -A desafio - Acho que não é otamanho da cicatriz que importa, mas a dor que ela te fez sentir ou a dor que sentiuantes dela.Ela tira o casaquinho. As marcas da sua dor estão gravadas ali em cada nervuraavermelhada em sua pele de menina. Não é nada absurdo, apenas uma cicatriz dequeimadura em cada bracinho. Mas as pessoas não perdem a mania de julgar odiferente. -Você é linda minha florzinha de Lis. É só por isso que te perseguem na escola? -Falo exagerando meus movimentos pra que ela entenda. -É. O médico disse que vai melhorar quando eu crescer, mas os alunos da minhaescola não entendem isso...-Ela faz beicinho partindo meu coração. -Não os culpe meu bem, eles não imaginam que isso é maldade. É preciso terempatia. -Me emociono. -O que é empatia Jibely? -Ela segura minha mão.-É quando a gente se coloca no lugar do outro e imagina como seria se fosse com agente. -Dou um beijo em seu rostinho. -Entendi. Mas se eles não sabem o que é maldade, como vão parar de ser assim? -

Ela fez uma pergunta crucial. -Precisaria que seus pais, amigos ou a própria escola os fizessem entender queestão errados...é complicado. -Lembro de minha infância. -Eu só queria ser bonita, como a mamãe...mas ela foi embora porque eu fiquei feia.-Lis chora e me abraça. -Não meu amor, você não é feia. É a menina mais linda que já vi. Sua mãe vaienvelhecer e entender a besteira que fez, confie em mim. -Abraço bem apertado otiquinho de gente. -Eu confio. -Ela enxuga os olhinhos. -Antes dessa cicatriz nos pulsos, eu era perturbada na escola por essas pintinhasaqui, olhe, me chamavam de sardinha, ferrugem...e para que eles parassem de meencher eu comecei a usar echarpes no calor, cachecóis no frio, e logo todas asmeninas me imitaram, virou moda usar coisas no pescoço. -Eu acho elas bonitinhas. Ela começa a contar as minhas pintinhas com seusdedinhos curiosos. -Porque você é especial. Então lembrando que minhas echarpes fizeram sucesso,eu trouxe algo que vai te ajudar a lançar sua própria moda. Toma. -Tiro a caixa damochila e entrego a ela. Ela abre rapidamente a caixinha que Martin enfeitou, dentro como eu pedi, 30pares de luvas que vão até os cotovelos. Desde para os dias frios quanto as maisfininhas sem dedos para o calor. Todas coloridas, listradas, estampadas parameninas de sua idade. -Não estou pedindo que esconda suas cicatrizes do mundo, mas não adiantamostrá-las pra quem não as entende. Você é linda e especial. E vai levar uma vidanormal. Você deve ignorar quem te maltrata meu anjo. -Escolho uma luva listradaque combina com seu uniforme escolar. -É linda. Vovó, vovó olha o que ganhei...-Lis corre para minhas costas e dou contaque Elis e George estavam por perto o tempo todo nos ouvindo. -Ficou mais linda do que já é... Obrigada Jibely. -A avó vem até mim chorando prame abraçar. -Eu só não quero que minha história se repita nela pra ensinar algo ao Tuts. -Digobaixinho para Lis não ouvir. -Ele me contou tudo. Ele se arrepende tanto... -Ela cochicha. -Tudo bem, ele só deve fazer essa menina feliz. Só o que peço. -Enxugo um pouco

as lágrimas. -Uau! Adorei essas luvas. Tem pra homem também Jibely? -George finalmentediz sua piada. Todas rimos. E o ar pesado se desfaz como a luz do Sol quando atravessa aescuridão. -Homem não pode usar Jorge. -Lis diz olhando o bração de George. -Ahh que pena, eu ficaria um gatinho com uma dessas. -Ele gargalha fazendo amenina rir mais uma vez. -Bom eu sei que precisa almoçar pra ir pra escola ainda, então já vamos embora,mas... prometo que virei te visitar mais vezes. Vem aqui. -Dou mais um abração naflorzinha pedindo que não ligue pra mais ninguém e se divirta com suas luvas. -Ele não vem mais? -Ela olha pra George. -Não sei querida, ele logo volta ao trabalho e não o verei mais. -O olho que vem seaproximando dela. -Eu vou adorar voltar com a Jibely...prometemos. -Ele a abraça. -Sabe Jibely, se meu filho tivesse dado valor a você, eu teria orgulho de ser suasogra hoje. -Elis lamenta. Nos despedimos de Elise Lis, mando lembranças ao Antúrio. E vamos embora daRua Brilhantina número 31. -Jibely...fiquei curioso com tantas coisas que ouvi...-George ouviu mais do queprecisava. -E vai continuar curioso. Vamos tomar um café ali naquela lanchonete. Estoumorrendo de dor de cabeça. -Digo mudando de assunto. Tiro minha bolsa de dentro da mochila e enrolo a mochila colocando-a dentro dabolsa. Ele ajeita o boné e coloca o óculos. Eu desfaço a faixa do cabelo e uso sobremeus ombros pra me proteger do calor do Sol do meia-dia. Ele paga um café espresso pra nós. Tomamos ali mesmo no balcão onde o cheirode uma coxinha faz meu estômago roncar. Peço duas. -Nossa faz um tempo que não como coxinha. Delícia. -Ele come ávidamente. -Não precisa ser legal o tempo todo comigo. Eu te fiz passar vergonha ontem anoite...-Resmungo.

-O quê? Você me fez gargalhar...só que por dentro. Eu que não quis demonstrarque estava divertido. Você é teatral Jibely, se daria bem no teatro. -Ele parecesincero. -Sei...disse que as mulheres adoram quando você as leva lá no Bistrô. -Digo commau humor. -Adoram, mas depois do Furacão Jibely estive pensando se elas se interessarampelo ator ou pelo Jorge com Jota. -Ele ri. -Diga xixi comendo coxinha. -Tiro uma foto. -Ah comendo coxinha de boca cheia não...-Ele finge não gostar. -E deviam comer morrendo de nojo indo vomitar tudo no banheiro. Desculpe,nada contra a comida francesa. -Digo baixinho. -A culpa foi minha. Eu não gosto também de lesmas e fígados de patos, mas eusempre peço aquele menu pra impressionar as garotas com quem saí. E quebrei acara com você...-Ele termina sua coxinha. -Nada é igual depois que o Furacão Jibely passa...dizem as más línguas. -Falo emtom irônico. -É sério Jibely, tem pratos lá que você vai amar. Se me permitir te levar lá outrahora. -Ele me olha nos olhos. -Não vão querer me ver lá nunca mais. Matei todo mundo de vergonha. -Digorindo. -Foi mesmo. Mas posso te levar pra Paris.- Ele gargalha. -É, Paris é logo ali. Vamos embora? -Termino meu café.

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Capítulo 31- Margaridas

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Dores de Cabeça

De volta ao ponto de ônibus. George fica ao meu lado como um cão protetor. Issome incomoda. Por que ele sempre se sai bem das situações embaraçosas? Preciso sermais enérgica no meu dia número 2. Chegamos em casa por volta das 3 da tarde. É oficialmente o dia número 2 deGeorge. O que será que ele vai aprontar. Não conversamos muito mais durante aviagem de volta. Também é difícil conversar com tanta gente em cima. Veludo se sentou no meu colo assim que me joguei no sofá com a cabeçaexplodindo de dor. Fecho meus olhos e tento me acalmar. -A dor de cabeça ainda? -George surge ao meu lado preocupado depois de tomarum banho. -Uhum. Pode pegar uma aspirina pra mim no banheiro? Fica no armarinho azul. -Peço massageando as têmporas. Ele a trás com um copo de água. Agradeço e peço meia hora sozinha para oremédio fazer efeito. Ele concorda. Vou para meu quarto depois de dizer pra elefazer algo que goste pra comer. Ou ver TV se quiser. Minha meia hora de sono durou 2 horas . Pelo menos acordo sem dor de cabeça.Ouço chuva caindo lá fora. Que tempo maluco. Coloco uma touca de crochê e trocoa calça jeans por uma legging. Não vejo George. Nem Veludo. Meu coração dispara enquanto procuro peloscômodos meu filhote. A porta do quintal está aberta, vou correndo olhando tudo emvolta quando me deparo com os dois deitadas na rede. George lê atento um dos livros que comprei. O de romance: Um Homem de Sorte

de Nicholas Sparks. O outro foi Maktub do Paulo Coelho. Meus autores favoritos.Mas faz anos que não lia nada deles. Por isso comprei. Veludo esta dormindo acabado na barriga de Flox, completamente a vontade.Como esse meu gato é dado. Vai com qualquer um. Torno meus passos mais lentosmas antes que eu chegue sou vista por ele que me olha sorrindo. -Como está? Sente-se melhor? -Ele feche o livro marcando onde parou. -Estou bem. Obrigada. -Pego Veludo para que ele se levante. -Este livro é bom...já leu? -Ele puxa assunto. -Ainda não tive tempo, o comprei na Segunda-feira o dia em que você me ligou. -Me recordo de dois dias atrás como se tivesse acontecido há um mês. -Oh. Me desculpa, acabei lendo antes de você. -Ele se preocupou com issomesmo? -Tudo bem, a ordem dos leitores não altera o conteúdo. -Brinco. -Não. Acho que não. Vamos...eu fiz um pré-jantar. -Ele sorri. -Hum...pré-jantar seria...-Tenho medo da resposta. -Vamos sair de novo no meu dia 2 e caso você não goste de algo que talvezcomeremos lá, achei melhor que coma algo antes pra não ficar com fome. -Georgenão zomba nenhum momento enquanto diz isso. -Ok. Vamos ver o que você fez. -Digo sem esperanças.A cozinha está limpa. Vejo que ele colheu umas Margaridas e colocou no centro damesa pra enfeitar dentro um copo. Ficou fofo. Ele abre o forno e pega uma travessa de lá. O cheiro invade a cozinha. Tem cheirode lasanha e algo mais. Ele corta um pedaço pra que eu prove e com o garfo leva atéminha boca. Lasanha de berinjela com carne moída e creme branco. Vovó sempre fazia essa lasanha pra gente. Como ele saberia disso? Antes que eupergunte vejo sob o microondas um caderno de receitas. O livro de vovó que nuncaprocurei ler e aprender suas receitas. -Está delicioso. Igualzinho o da vovó Margaret. -Digo pegando mais e colocandonum prato. -Tem receitas ótimas ali. Preciso copiá-lo e mostrar pra minha mãe. Ela adoracozinhar. -Pode copiar. Sabe que nunca tentei fazer nada desse livro? Me senti uma burraagora. -Confesso comendo a lasanha.

-Nunca é tarde pra começar. Com o tanto de comida que vi na sua cozinha dá prafazer todas as receitas deste caderno. -Ele se serve e me acompanha. -Tive de comprar, achei que passaria este mês em casa sozinha. -Coloco mais umagarfada quente na boca. -Como assim sozinha? Não entendi.- George ergue a cabeça. -Tirei férias este mês, estava sobrecarregada com a loja, com a loja que tem emfrente a minha que é da 'noiva' de Ryan, sobrecarregada com ela e com o Ryan...sabe,há 5 anos que eu não tenho férias. -Olho pra ele dessa vez. -Eu não sabia disso...Por isso ele se acha na liberdade de entrar aqui quando quer.Você está envolvida até o pescoço com a vida dele ainda. -Ele começa a entender. -Bingo! Ele comprou a DasJu de frente para a minha loja só pra eu ter que vercom quem ele estava quando terminou comigo. Mas estes dias aconteceram algumascoisas...-Por um momento me sinto a vontade com ele. -Que coisas? Eu quero entender. Ele segura minha mão e faz cara de gatinhopidão. -Não sei por onde começar...-Realmente não sei. O celular toca e me faz deixar o assunto pra depois. É Martin. Ele está agitado.Disse que Ricardo acabou de ligar pra ele. Sinto uma angústia quando ele pergunta seestou em casa com o George. Digo que sim e que ele desembuche logo. Vendo minha aflição, Flox se aproxima ecoloca a mão no meu ombro. Martin conta que não sabe de todos os detalhes, mas oRicardo disse que foi procurar o Ryan para almoçarem juntos e soube que ele sofreuum acidente. Foi até o Hospital para saber mais notícias e só teve tempo de ligar pra ele(Martin) a pouco. Pergunto o que houve. Ele disse que foi acidente de carro e Ryannão está nada bem. E ele não estava sozinho. Sinto minhas pernas enfraquecerem. George pega o celular da minha mão econtinua falando com Martin tentando entender as coisas. Sinto uma tristeza aolembrar do 'adeus' que ele me disse ontem . -Jibely, Martin disse que ele estava com um amigo. Eles foram atacados poroutro carro que provocou o acidente. -Ele segura minhas mãos preocupado. -Ele me disse adeus George, e você bateu nele. -Solto suas mãos de mim confusa

com toda a situação. -Não é hora pra me culpar, achei que fosse um ladrão. -Ele ajoelha ficando defrente pra mim. -Me desculpe. Estou nervosa. Não podemos vê-lo? -As lágrimas começam aencher meus olhos. -Podemos, Martin vai passar aqui daqui a pouco e te explicar tudo. Eles sãoparentes? -Flox mais uma vez tentando juntar as peças da minha vida. -Não, Martin é meu melhor amigo e Ricardo, o noivo dele, é o melhor amigo daminha irmã. -Informo. George vendo meu nervosismo foi fazer um chá. Fiquei na sala ansiosa sem saberem que pensar. Abro o laptop e procuro noticias de Cibely pra me distrair enquantoMartin não chega. Tem uma nova mensagem dela. Finalmente. “ Jibs, aconteceu algo inesperado ontem. Eu fui até a faculdade onde meinformaram que a turma de Renan estaria, pensei em encontrá-lo e esbarrar nele,algo assim, mas ele não estava lá. Não podia perguntar aos amigos e estregar tudo.Pensei em deixar pra tentar de novo hoje, mas minha amiga Meggy me convidoupra ir em mais uma festa à noite pra conhecer mais da cidade. Fomos a um Pub.Conversando com ela o garçom me ofereceu uma bebida dizendo que era por contade um moço que estava ali. Perguntei quem era e ele me apontou. Por Deus que euaté engasguei ao ver o deus Grego do Renan sorrindo pra mim. Ele se lembrou demim. *-* Ele estava com um amigo que acompanhou a Megg e conversamos muitoaté o Pub querer fechar. Tentando resumir, eu tenho uma pista quente sobre o queaconteceu pra ele vir morar em Londres. E não te conto....”

[responder] “Cibely Flores! Não é hora pra brincar. Eu preciso saber o que é? Ryan estavamuito esquisito estes dias, a Júlia disse que estava grávida e ele me convidou prafugir com ele. Lógico que não iria. Seu ator famoso está aqui em casa agora (depoisexplico) e Martin está vindo pra cá agora me contar como Ryan sofreu um acidentee está no hospital com um amigo. Sabe o Caos? É a minha vida. Agora me conta

tudo que sabe ou vou até aí pra arrancar pessoalmente de Renan. Aguardonotícias.”

[enviado] George trás o chá e senta-se ao meu lado. Visito meu perfil pessoal e noto umamensagem não lida. Clico e é de Ryan. De ontem ainda. George se interessa e chegamais perto para lê-la também. “Jibely, estou no celular. Saí daí e fui beber com um amigo, estamos voltando pracasa, mas notamos que estamos sendo seguidos por um carro preto. Estou commau pressentimento e se algo acontecer comigo, procure o Aster Yuca.E fuja de Hibiscos. Fuja.” Aster Yuca? Este nome é familiar. Aster Yuca...Aster Yuca...pego meu celular eestá lá ainda. Me lembro. É o nome do advogado que encontrei na carteira de Ryanem Vinhedo. Anotei pra pesquisar depois e me esqueci completamente dele. -Jibely, eu estudei com um Aster Yuca na faculdade. Será o mesmo?- O ator cortameus pensamentos. -Tenho o número dele aqui, mas quando anotei no celular era apenas parainvestigação da Máfia Flores Rosas....-Digo esperando que ele entenda. -Máfia? Flores Rosas? Como assim? -Ele não entende nada, definitivamente. -Longa história...outra hora te conto. Preciso falar com Martin sobre isso e sobrea Cibely. -Falo mais comigo mesma que com ele. -O que tem a sua irmã? Ela está bem? -Ele se preocupa. -Está, ela descobriu algo sobre o Renan, ela foi vê-lo também...-Tento organizarmeus pensamentos. -E quem é Renan Jibely? Cada hora entendo menos. -George se levanta nervosoe vai pegar chá pra ele também. Júlia fica grávida, Ryan tenta fugir comigo, sofre um “acidente” e Cibs descobriualgo. É impossível todos estes fatos estarem desconectados. Ele já estava com ocartão do Aster Yuca quando me levou pra Vinhedo, provavelmente este advogadosabe de algo.

E de que diabos de Hibiscos eu devo fugir?

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Capítulo 32- Hibiscos

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Dia 2 George volta com uma xícara nas mãos. Não sinto que ele mereça entender tudoque está acontecendo, mas se eu estivesse no lugar dele já teria jogado uma xícara dechá em cima de alguém. -George, depois que o Martin for embora você me leva onde iria me levar e eu teconto tudo, está bem? -Digo encostando minha cabeça em seus ombros.

-Ok. Eu quero ajudar se puder...-Ele deixa a xícara em cima da mesinha e meabraça de lado. É como se Martin estivesse me abraçando. Veludo vem até nós e se ajeita emnossos espaços vazios. George encosta encosta sua cabeça na minha e por ummomento sinto ele cheirar meus cabelos e respirar fundo. Não demora muito Martin chega com Ricardo. Apesar do pouco tempo deamizade, tudo isso parece ter abalado demais o amigo de Cibs. E finalmenteconhecem o George Flox quando os recebo em casa. Provavelmente Martin deixouRicardo à par da minha vida. -George, estes são meus amigos Ricardo e Martin. Ricardo e Martin este aqui éGeorge, vocês já devem conhecê-lo...-Digo desajeitada. -Pela TV sim, não pessoalmente amor. -Martin aperta a mão de George e depoisRicardo. -Pena que seja numa hora complicada. Jibely, podemos conversar a sós? -Ricardome chama até o quintal. -Claro, George, o Martin conhece alguns atores, quem sabe tenham amigos emcomum? -Saio dali deixando uma pauta para ambos conversarem um pouco. Sentamos um de frente para o outro na rede no centro do quintal quando Ricardovacilante inicia a conversa. -Jibely, fui até o Hospital depois de saber do acidente, e Ryan estava inconscienteainda. Tentei falar com o amigo que estava junto na hora e ele bem melhor que Ryan,me disse que estavam sendo seguidos por uma Van que o fez derrapar e depoiscapotar. -Ele segura em meu ombro. -Mas o que o Ryan tem? Quebrou alguma coisa? -Sinto meu estômago revirar. -Quebrou umas costelas, fraturou o pulso, muitas escoriações mas o mais grave éque ele ainda acha que é...seu noivo. Foi o que o médico disse quando ele acordoupela tarde. Isso deixou Júlia muito mal humorada. . Sinto muito. -Ricardo lamenta. -Mas como? Como isso é possível? -Meu queixo cai não entendendo direito. -A pancada na cabeça foi forte demais. O médico pediu pra não contrariá-lo atéque se lembre ou que melhore, os 3 primeiros dias são os mais críticos. Ele...quer vervocê amanhã. -Ricardo diz sem jeito. -Só essa que me faltava, 'estar noiva' dele de novo para ganhar outro pé na bunda

depois com Júlia. -Olho para o céu desiludida. -Está claro que tentaram matá-lo e Martin e eu estamos preocupados que tentemde novo. Ele não é a melhor pessoa do mundo mas é humano e não merece sofrer. -Rick engole em seco. -Ricardo, recebi uma mensagem dele antes do acidente. Ele dizia da perseguição eque se algo acontecesse com ele eu deveria procurar um tal de Aster Yuca e fugir deHibiscos. Isso te diz algo? -Pergunto enrolando uma mecha de cabelo no dedo. -Aster Yuca não...mas ele me falou algo de Hibiscos uma vez...o que era mesmo? -Rick aperta o queixa enquanto tenta se lembrar. -Seja o que for, devemos avisar a policia. Para proteção dele. Ou enquanto ele ficaao lado dos pais nós podemos tentar falar com este Yuca. -Proponho. -Jibely, isso está ficando cada vez mais perigoso. Mas eu topo! -Ele esboça umsorriso depois de fazer cara de suspense. -Tenho o telefone dele no meu celular. Amanhã visito o Ryan..se a Júlia deixar. -Digo tensa -Ela tem que deixar. Os pais dele estão a caminho e vão te ajudar. -Ele me abraçame levando de volta a sala onde George conversa animadamente com meu amigo. Martin de pernas cruzadas conversa muito a vontade com George, mas quandoentramos eles param de falar. Entrego o meu celular com o número de Aster Yuca eRicardo volta para o quintal procurando privacidade. -Meu Deus Martin, ele ainda acha que é meu noivo...será que não estáaproveitando da situação?-Falo querendo acreditar que tudo isso pode ser algumabrincadeira de Ryan. -É difícil enganar os médicos. Mas nunca se sabe...-Meu amigo corre pra meabraçar. -Acho que não é bom pra Jibely ficar presa a essa história assim. Isso não fazbem pra ela. -George diz pra Martin. -Eu sei...mas...bom vou esperar ela te contar tudo George, se ela quiser. Masdepois que a conheci bem no dia do fim do noivado, uns dias depois, ela soubeque...-Martin me abraça mais forte. -Martin! Não conta isso pra ele, é pessoal. -Mas Martin acaba abrindo mais umaporta de lembranças que eu adoraria esquecer pra sempre.

-Desculpa minha Lady. Senti que George fosse da família. Me desculpa. -Martinvai até a cozinha pegar café. -Por um momento eu me senti da família também. -George vai atrás de Martin. Fico ali pensativa até que Ricardo volta com meu celular na mão. -E aí? Ele sabe de algo? -Mordo uma unha querendo roê-la. -Ele sabe. Mas quer dizer pessoalmente a você, tal qual Ryan pediu. Entãomarquei com ele amanhã antes da visita a Ryan...no Hospital.-Ele me entrega ocelular. -Tudo bem, a que horas devo ir? Será que Martin pode nos levar? George nãodirige também. -Digo sem jeito. -Não se preocupe com hora, Martin leva você..ou vocês. Não sei muito sobre seuacordo com George. -Ele se joga no sofá exausto. -Ele tem de ficar 24h comigo. Sei que é chato mas eu quero ter uma chance com arevista 13Teen. -Explico massageando a cabeça. -Tudo bem Jibs. É até bom que alguém fique com você neste momento. Nãosabemos quem quis matar ou assustar o Ryan, e se for a Júlia? E se ela procurarvocê? -Ele se assusta com o pensamento. -Se for ela..ela virá..ela acha que sei tudo sobre a chantagem...-Definitivamente mesinto jogada no olho do furacão. -Tome cuidado. Qualquer coisa estranha chame a policia, ou a mim e Martin, oualgum vizinho. Ainda bem que você não dirigem. -Ele se afunda de novo nasalmofadas. -Tomarei. Então vá descansar com Martin, vocês merecem. Prometo que vou mecuidar. -Digo vendo a exaustão no olhar dele. Martin traz café pra ele que bebe depressa. Aconselho meu amigo dessa vez quedescanse e amanhã nos veremos. Martin fala baixinho na minha orelha que adorou ogalã. Me dá uma piscadinha safada quando diz atrás dele sem voz (QUE GATO). Apesar da tensão no ar dou uma risadinha. Nos despedimos e corro para obanheiro tomar um banho bem quente depois de tomar outra aspirina. A cabeça dóibem mais forte agora. Talvez devesse procurar um médico. -Jibely! Não precisamos sair hoje, eu estou vendo que não está bem. -George falapor detrás da porta. -Tudo bem, eu quero sair. Preciso me distrair um pouco senão vou enlouquecer! -

Berro do banheiro. -Ok. Então vou ligar para o mesmo taxista do outro dia. Prometo que não teránada nojento hoje. -Ele fala encostado na porta. -Que bom, senão te mato. Agora sai da porta e vai ligar? -Não sou a paciência empessoa. Meia hora depois a dor começa a desaparecer com efeito do remédio. Escolho umvestido confortável florido na altura dos joelhas com meia-calça para aquecer. Vistoum casaquinho fino e solto meus cabelos cheio de cachinhos. Esqueço dos acessórios, da maquiagem e pouca me importa. Não quero agradarnem seduzir o ator. Passei muito tempo querendo impressionar os homens e no finaltodos foram sacanas comigo. Nenhum me amou de verdade como os amei. George de banho tomado também estava menos formal o que me fez ficarespantada. Cabelos soltos nos olhos sem aquele gel todo. De jeans e camiseta sem aroupa clássica? -O que você fez com o George hein Jorge? -Brinco com ele. -Hahá! Se eu trouxe é porque eu uso no dia a dia Jibely. -Ele sorri. -Sei lá...vai ver são de você ficar em casa e dormir...nunca se sabe.-Pego minhabolsa. -Engraçada....-Ele começa a guardar suas coisas numa jaqueta de couro casual. -Celular, caderninho, caneta, documentos...-Digo jogando tudo na minha bolsa. -Onde vamos? Que jaqueta linda! -Digo apalpando o tecido macio. -Segredo. Hora, hora...o que você fez com a Jibely? -Ele brinca dessa vez. Deixo as coisas de Veludo no meu quarto e me despeço do meu lindo quando otaxi buzina em frente de casa. O tempo está instável. George entrega um papel parao taxista e pede segredo até chegarmos lá. Na saída da minha rua tomo um susto quando vejo uma van parada em frente apadaria 24h. Esta é diferente por um detalhe. Ela tem uma faixa estampada na lateral.E se não me engano são Hibiscos havaianos. -Pede para o motorista ir devagar George. -Digo apontando para a Van. George manda ele ir devagar e nos esticamos para olhar direito de dentro do vidro

fumê que nos protege. -É de uma loja? Não vejo nada escrito. -Pergunto a George. -Não dá pra ver, mas a placa sim, pega seu celular e anote.-Ele sussurra como se avan fosse nos ouvir. Anoto o número que ele fala e já estamos bem longes dali. Não consigo parar depensar que foi a van que machucou Ryan...porque ela tem vários amassados nafrente. George liga para alguém e informa a placa. Depois de desligar disse que o amigo policial vai retornar quando souber quem é odono dela. Ele sorri como que se quisesse amenizar a situação ou como quemquisesse ganhar uma fã para ter uma história pra contar. Quando o carro começa a parar, procuro pistas de para onde ele me levou. Elesorri e abre a porta pra mim, segura minha mão quando vejo onde estamos. -Um karaokê? Oh meu Deus, é um karaokê! -Digo perplexa. -Então gostou? Pois eu não vou a nenhum desde...-Ele pausa. -Entendi..bom...eu adoro. Faz tempo que não vou a um também. Por isso quis virdisfarçado não é senhor Clark Kent? -Tento afastar suas lembranças como se eu eufosse capaz disso. Como seu pudesse afastar as minhas próprias lembranças. -Pois é, cansei da vida de Super Homem..vamos? -Ele me oferece seu braço. -Vamos, vamos esquecer os problemas Jorge! -Nunca que eu perco esta piada.

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Capítulo 33- Jasmim

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Karaokê Botão de Ouro

♪♪♫ ♪♪♫ ♪♪♫ ♪♪♫ ♪♪♫ ♪♪♫ ♪♪♫ Apesar de ser dia de semana, o lugar está bem movimentado. Realmente São Paulonunca dorme. Ninguém está a fim de ver quem entra e quem sai. As pessoas querembeber, conversar e cantar para amigos e desconhecidos. George propõe uma sala particular, mas sugiro que fiquemos um pouco junto aopúblico ouvindo outras pessoas cantando enquanto conversamos numa mesa aofundo do palco. -Então George...como um ator pode ter um amigo policial tão prestativo assim? -Digo abrindo a cerveja gelada. -Nunca vi ninguém beber cerveja de canudinho....bem, esqueceu que eu cursavaDireito? Antes do Direito fui policial. -Ele pega um canudo e coloca em sua cervejarepetindo meu gesto. -Não li isso na internet. Policial? Quem diria, por isso sabe lutar daquele jeito...-Sou interrompida com uma senhora que começa a cantar. -A internet não precisa saber de tudo Jibely...-Ele se ajeita ao meu lado paracochichar em me ouvido. Seu hálito frio pela cerveja me faz arrepiar da orelha à nuca de um jeitodesconcertante. A senhora de cabelos grisalhos e curtos, raspa a garganta ajeitandoseu óculos rosado, ela quer acompanhar a música pela tela, provavelmente para nãoerrar a letra. Conheço esse toque. Ela começa insegura mas quando a música a envolve, ela

esquece completamente as pessoas em volta. George a observa distraído, como selembrasse de algo exatamente igual ao que a senhora estava sentindo.

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Porque quando eu jurei meu amorEu traí a mim mesmo, hoje eu sei

Que ninguém nesse mundoÉ feliz tendo amado uma vez...

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-Trabalhei como policial e depois comecei a fazer Direito. -Ele segura meu ombropra falar no pé do meu ouvido. -De policial pra advogado eu até entendo...mas de advogado pra ator não fazmuito sentido. -Digo abaixando seus ombros pra falar perto de sua orelha. -Porque quando eu era mais novo adorava participar das peças de teatro da escolae diziam...diziam que eu levava jeito. Que eu era ator nato. -Ele sorri com aslembranças e aplaudindo a senhora que se despedia do palco. -Entendo. Mas porque trocou o sonho da atuar pelo sonho de advogar? Algoaconteceu no caminho suponho. -Espeto uma batata frita coberta de queijo emergulho no catchup. -Pelo menos está comendo algo que gosta. Aconteceram algumas coisas que mefizeram mudar de idéia, por exemplo... aos 18 prestei vestibular mas no mesmo anomeu pai ficou desempregado e eu tive que trabalhar pra ajudar em casa. Foi quandoprocurava emprego que vi um folheto do concurso para Polícia e resolvi tentar. -Elediz apontando para o próximo candidato. -Adoro batata frita com queijo e molho. Mas escolheu a Polícia só por isso? É tãoperigoso ser policial...foi lá que aprendeu aqueles golpes de Kung Fu? -Falo bebendomais cerveja. -Só por isso...mas eu já fazia Kung Fu desde pequeno, meu ego adolescente achouque seria só diversão andar por aí com arma e com o peito estufado...mas não foicomo imaginei. -Ele olha para o nada dessa vez.

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Eu procuro um amor, que ainda não encontrei

Diferente de todos que amei,Nos seus olhos quero descobrir

Uma razão para viverE as feridas dessa vida eu quero esquecer

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-Eu descobri que não é importante o que você faz pra viver, mas quem estará teesperando em casa com um sorriso quando você voltar. Por isso abandonei meusonho de ser escritora, desde que alguém estivesse me esperando em casa...-Falomais comigo mesma que com George. -Foi assim que eu pensei também. -Ele se concentra no homem triste que cantacom a mão no coração a canção do Frejat.

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Pode ser que eu a encontre numa fila de cinemaNuma esquina ou numa mesa de bar

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-Mas mesmo assim a vida foi cruel com a gente... -Me concentro no homem tristejunto com ele. Aplaudimos no final da música como todos no ambiente, quem é que liga para adesafinação vocal quando o amor quer ser cantado. Ele agradece, sai e todosimediatamente nas mesas voltam às suas conversas privadas. -Jibely, não é justo falarmos só de mim. E você...eu tenho tantas perguntas. -George me olha dessa vez bem nos olhos me fazendo o encarar também. -Minha vida é sem graça, não tem nada interessante pra contar. -Digo rindo. -Eu vi...estou com você há 2 dias e parece que vivi 2 meses nesse meio tempo. -Ele diz com sarcasmo. -Minha vida está uma bagunça agora mas se me visse no último ano me acharia

uma planta...demorei pra voltar à vida. -Agora eu aponto um homem de cabeloscompridos que sobe ao palco meio tímido. -Me paga mais uma batata se ele cantar em inglês agora? -Digo estendendo a mão. -Fechado. -Ele aperta minha mão com firmeza. Ficamos aguardando o homem se decidir. Ele escolhe na pasta e se posiciona nafrente da tela que vai aparecer a letra como legenda. Ele evita olhar a platéia que sevolta para ele quando os primeiros acordes invadem o ambiente. -Parabéns ganhou batata frita! -Dá uns tapinhas no meu ombro. -Oba...sabe inglês? Pode traduzir pra mim? -Peço por não conhecer a música. -Eu arranho um pouco, posso tentar. -Ele fica tenso e parecer me esconder algo. -O que foi? Se não quiser tudo bem, eu procuro na internet depois a tradução. -Jácomeço a me estressar. -Não é isso é que essa música...minha noiva...ela queria que essa música tocassena igreja. -Ele diz desajeitado consigo mesmo. -Então me desculpe, eu não sabia..deixa pra lá! -Viro para o cabeludo para evitaro olhar de George. Ele se encosta em mim e me abraça forte colocando sua cabeça no meu ombro quese encaixa perfeitamente nas curvas do meu osso. Segura minhas mãos nesse abraçode lado por estarmos sentados, que ficam moles quando sinto sua respiração fortepassar pela minha face...que sinto queimar. Quando o homem de cabelo grande começa a cantar, George canta a tradução emmeu ouvido, sussurrando. Fecho meus olhos cada vez que ele segura mais forteminhas mãos.

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It's late in the eveningÉ tarde da noite

She's wondering what clothes to wearEla está imaginando que roupas vestir

She'll put on her make-upEla põe a sua maquiagem

And brushes her long blond hairE escova seu cabelo longo e castanho

And then she'll ask me, "Do I look all right?"

E então ela me pergunta, "Eu pareço bem"?And I'll say yes, you look wonderful tonight

E eu digo sim, você está maravilhosa esta noiteWe'll go to a party

Nós vamos para uma festaAnd everyone turns to see

E todo o mundo se vira para verThis beautiful ladyEsta dama bonita

That's walking around with meCaminhando por toda parte comigo

And then she'll ask me, "Do you feel all right?"E então ela me pergunta, "Você se sente bem"?

And I'll say yes, I feel wonderful tonightE eu digo sim, eu me sinto maravilhoso esta noite

I feel wonderful, because I seeEu me sinto maravilhoso porque eu vejo

The love light in your eyesA luz do amor no seu olhar

And the wonder of it allE a maravilha disso tudoIs that you just don't realizeé que só você não percebe

How much I love youO quanto amo você

It's time to go home nowÉ hora de ir para casa agora

I've got an aching headE eu tenho uma dor de cabeça

So I'll give her the car keysEntão eu lhe dou as chaves do carro

She'll help me to bedE ela me ajuda ir para cama

And then I'll tell herE então eu falo para ela

As I turn out the lightEnquanto eu apago a luz

I say my darling, you were wonderful tonightEu digo minha querida, você estava maravilhosa esta noite

Oh, my darling, you were wonderful tonightOh, minha querida, você estava maravilhosa esta noite

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Quando o homem termina, todos aplaudem. Mas George continua agarrado amim, viro minha cabeça para vê-lo e noto algumas lágrimas escorrendo pelo canto deseus olhos. Ele se solta de mim e as enxuga. Não consigo dizer nada. Não consigo esboçarnada. Só consigo pensar em como ele devia amá-la. Penso em como eu me sentiria seacontecesse comigo, se Ryan morresse naquele acidente.Mas ainda o amo? A confusão maior é que George me faz sentir num porto seguro quando meabraça, é como se ele fosse o Martin. Quando ele me abraça todos os problemasparecem desaparecer...evaporam. George apesar de ser lindo e viril, me desperta outras sensações que não consigoexplicar direito. É como uma noite de chuva depois de um dia quente.Ou como sentir um perfume que te faz lembrar do que nem viveu ainda. -Vamos para a sala privada agora? -Ele se levanta me fazendo pisar no chãonovamente. -Se acharmos alguma...a casa está lotada. -Olho em volta. -Eu deixei uma paga já, conheço o dono daqui. Apesar do lugar ser simples paraum ator famoso...como você diria...foi aqui que passei meus melhores fins de semanaquando era mais novo. -Ele diz sem sorrir dessa vez. -Ok. -É tudo que eu consigo dizer quando percebo pela primeira vez que ele temcheiro de jasmim.

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Capítulo 34- Lírio do Campo

✺ ✺ ✺Ventania

Entro na área reservada com George quando somos recebidos pelo seu amigo quenos deixa bem à vontade. As paredes são neutras e frias e o piso está coberto deconfete. Seu amigo, Eduardo, diz então que há poucas horas houve uma celebração deaniversário de outro amigo e eles deixaram uma pequena bagunça no chão. Digo quepelo contrário, o efeito é muito bonito. George senta-se na cadeira com um copo de cerveja na mão. Não demora muitoum rapaz traz minha batata frita com bastante queijo e catchup e também umacerveja onde coloco outro canudinho. -As damas primeiro! -Ele diz apontando para o microfone. Escolho uma música que conheço e para esquecer os problemas, eu cantaria atéópera agora. George está bem na minha frente. Ajeito o vestido florido. E aviso queafinação fugiu de mim há muitos anos. Começo cantando Cássia Eller, ele sorri e faz sinal de joinha. Mas numa parte damúsica eu tenho crise de riso e acabo perdendo muitos pontos por isso.

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Quem sabe o príncipeVirou um chatoQue vive dando

No meu sacoQuem sabe a vida

É não sonhar

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-Todos os príncipes são uns chatos...ai chega. Sua vez! -Digo me sentando eatacando a batata frita. -Ok. Vamos ver...-Ele diz escolhendo uma canção.-Pronto essa tá legal. Ele não sente vergonha, já que é ator, tem tanta presença de palco que me faz ficarbrava. Ele sorri, depois fica sério quando toca a introdução. Ergo o copo de cervejapra ele em sinal de apoio.

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Mesmo quando tudo pedeUm pouco mais de calmaAté quando o corpo pedeUm pouco mais de alma

A vida não para...Enquanto o tempo

Acelera e pede pressaEu me recuso faço hora

Vou na valsaA vida é tão rara...

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Observo cada detalhe enquanto ele canta. Ele erra uma parte e gargalha. Eu façoum joinha pra ele e depois viro o dedão pra baixo o provocando. Ele briga com amáquina por lhe dar poucos pontos e diz que vai escolher outra. “À vontade”, digo cruzando as pernas e me lembrando que precisamos registrartodos os dias. Abro a bolsa e pego o celular. Me preparo pra fotografá-lo. Cantamos mais umas 3 músicas cada um. Quando eu cantava, ele tirava fotos dosmeus piores ângulos. Quando eu estava tirando fotos, por mais que eu quisessepegar seus ângulos ruins, não conseguia.

George é muito fotogênico. É meia-noite e decidimos ir embora. Preciso acordarcedo para ver o Yuca e depois o Ryan. Mas não quero pensar nisso antes da hora. Ele se despede de seu amigo e promete não sumir mais. Faço uma nota mentalpara anotar no caderninho depois. “Os amigos se reconhecem seja onde for. Não hároupa cara ou barata que impeça isso.” -Quase empatamos hein Jibely? Você não é tão ruim assim como acha. -Eleprovoca. -Sei...perdi de lavada para essa sua voz de locutor de rádio. Mas eu me divertimuito. Estava precisando de uma noite assim. Obrigada. -Digo acompanhando-o atéa saída. -Aleluia! É impossível adivinhar do que você gosta. E não estou te lembrando doBistrot...-Ele sorri mostrando seus caninos como um vampiro com sede. -Agora me lembrou...não sei se devo me desculpar ou xingar você. -Faço cara dedesgosto. -Nenhum dos dois. Eu fui maldoso em pedir os pratos mais exóticos e você mecolocou em meu devido lugar. Isso que eu gosto em você... -Ele acena para o taxi quenos aguardava. -Não entendi...o que gosta em mim? -Pergunto confusa me sentando com ele nobanco de trás. -Você é você, o mundo gostando ou não. Eu gosto disso. -Ele segura minha mão ese aproxima do meu rosto. Nesse momento noto que o taxista está nos olhando e por reflexo afasto meurosto dele. Pego o celular da bolsa e começo a verificar meu email enquanto sintomeu rosto queimar. Ele faz o mesmo e seguimos assim até chegar em casa. Nenhum email de Cibelyainda. Estes fusos horários complicam a nossa vida. Descemos do taxi e uma rajadade vento faz meus cabelos dançarem. Exatamente como dançaram semanas atrás quando minha dormência começou apassar e eu me senti bem com a minha própria vida. E exatamente como naquele diaeu me entreguei ao vento saboreando o momento. -Dizem que os ventos trazem para nós, mudanças. São como mensageiros quetrazem uma boa nova ansiosamente aguardada. -George diz olhando meus cabelosbalançando.

-Faz sentido! Vamos entrar...-Falo respirando fundo ao notar que a Van dosHibiscos está parada no fim da rua. -Vamos, o que foi Jibely? Ficou pálida de uma hora pra outra. -O ator segue aomeu lado sem entender. -Olha no fim da rua... -Aponto com o olhar. -A Van...ahh isso está ficando estranho. Vou até lá! -O instinto macho quer agirsem pensar.-Nãooo..entra comigo. Vamos...agora! -Empurro ele até dentro da garagem. -E se for ele? E se alguém quiser te machucar? -De frente pra mim ele segura emmeu pulso suavemente. -Ninguém vai me machucar. -Olho bem no fundo de seus olhos esverdeados quebrilham pra mim. -Vou ligar para o meu amigo policial de manhã. Quero saber quem é o dono dessaVan, por precaução. Não é de nenhum vizinho? -Ele começa a investigar. -Não..nunca vi essa Van por aqui. Precisamos falar com o amigo que estava comRyan também, ele deve se lembrar de algo. -Solto meu braço dele e entro dentro decasa. Veludo surge desfilando entre minhas pernas. Ronronando alto. Depois vai até aspernas de George que o pega e o leva até o sofá. Vou até o meu quarto me trocar.Coloco um pijama e tranço meus cabelos. Vou até a sala e vejo George abaixado atrás da porta que dá para o quintal fazendosinal para eu voltar pra trás e ficar quieta. Sinto meu coração acelerar e só consigoabaixar e pegar Veludo. Levo meu gato correndo para o meu quarto e o deixo lá dentro. Volto correndo,assustada e não vejo George. Ele abriu a porta! Engulo um grito quando ouço umgemido que vem de fora. E antes que eu recupere a respiração, George me chama para fora. Vou com medo.Vejo um homem imobilizado exatamente como ele fez com Ryan. Ele manda euchamar a polícia enquanto o homem geme em seus braços. -George olha...olha o pescoço dele.-Digo apontando para o homem que tenta sairdo golpe. -Eu vi, hibiscos. Agora liga Jibely, diz que é flagrante e o invasor está imobilizado.-George me apressa.

Ligo e dizem que estão a caminho. Estou nervosa. Vou até lá e George tentaconversar com o homem que só geme. Definitivamente preciso aumentar o muro. Acasa antiga não é mais segura. -Eles estão vindo. O que você quer de mim?-Abaixo olhando para o homemimobilizado. Mas ele não responde. George vendo minha preocupação me pede calma.Minutos depois ouço chamarem n portão e vou correndo. Os policiais são rápidos,algemam o homem e levam para a viatura. Somos chamados para ir junto e fazer um Boletim de Ocorrência. A noite vai serlonga. George me acompanha o tempo todo. Só chegando a Delegacia que eu notoque estou de pijama e anoto mais um mico a minha biografia. -Você? -O Delegado Trovisco me reconhece. -Eu. Mas não foi culpa minha. -Digo sentindo a dor de cabeça voltando. -E você...o que está fazendo aqui George?- Trovisco parece ter reconhecido oator. -Era sobre a Van desse sujeito que prenderam que eu pedi dados. Estava com aJibely quando liguei. -George diz à vontade. -Peraí...vocês se conhecem? Esse era o policial pra quem ligou? -Tento entender. -Delegado. Agora sou Delegado George. Que mania. -Ele gargalha para o amigo. -Desculpa Delegado. Bom não é só um caso de invasão, ontem o ex- noivo delasofreu uma tentativa de assassinato no trânsito e momentos antes deixou umamensagem pra ela do celular. -George o coloca a par de tudo. -O ex noivo que te acompanhou semanas atrás para libertar a namorada atual? -Trovisco tem boa memória. -Esse. -Olho pra George que me olha indignado. -Jibely você está enrolada com Ryan até o pescoço hein. Que absurdo. -Ele selevanta e me deixa sozinha com o Delegado. -Deixa ele. Como conheceu alguém tão inacessível quanto o George? Nem euconsigo chegar perto dele sem marcar datas com sua agente. -Sinto uma pontada deciúmes do Delegado comigo. -Mandei ela pastar! Não brincadeira..é uma longa história. Estou ajudando ele aviver entre os humanos...-Digo mais tranquila. -Eu tenho a noite toda. Me conte tudo....do começo. É sem formalidades por

enquanto, só uma conversa. -Ele se levanta e enche um copinho de café. Depois que conto tudo. De pijamas. Ele me encaminha para fazer o Boletim eassinar. George entra sem me olhar e pede que eu espere lá fora. Conversam umlongo tempo enquanto eu tento me esconder das pessoas. Olho o mesmo relógio que dias atrás marcava onze horas. Agora marcam 3:30 damanhã. George sai da sala mais calmo e estende a mão para que eu me levante. -Vamos embora! Trovisco vai nos levar e vai me manter informado de tudo. Jáestão interrogando o cara dos Hibiscos. Ele quer o depoimento do amigo de Ryanhoje ainda se o médico permitir vai ser no Hospital mesmo. -Sua voz é macia e calmadessa vez. -Tá bem! Minha cabeça está me matando. -Digo me levantando depressa demais. Em pé, tudo roda, sinto uma fraqueza súbita. Minha mão escapa da de George esinto meu corpo cair no chão gelado batendo minha cabeça violentamente. A últimacoisa que vejo é o vulto de George me chamando. Apago. -Ela está acordando! -Alguém diz antes que eu consiga abrir meus olhos direito. -Jibely! Consegue me entender? -Um homem de branco passa o dedo nos meusolhos para direita e para esquerda. -Sim. Onde estou? Eu morri? -Digo enxergando tudo embaçado. -Não. Está no Hospital. Teve um desmaio e segundo o Delegado que te trouxe,você bateu a cabeça também. Precisa ficar em observação. -Só ele que me trouxe? Mais ninguém? -Sinto falta do chato do George. -Ele e aquele moço ali que fez questão de ficar no quarto com você. Ele fezquestão de pagar pelo quarto particular. Dormiu há poucos minutos. -Ele apontaGeorge encolhido na poltrona. -Entendi. Que horas são? Eu tenho que visitar uma pessoa pela manhã. Esse é oHospital Lírio do Campo? -Começo a me lembrar das coisas. -Esse mesmo. Mas já são 12:00. E você tem que ficar aqui até seus examesficarem prontos. -Ele aponta o relógio pra mim. -Exames? Não é pra tanto. Eu estou bem. -Tento me levantar e sinto tudo rodar. -Não está não, ele me falou das suas dores de cabeça e o estresse pelo qual tempassado. Melhor investigarmos. E já vou pedir pra enfermeira providenciar o seualmoço. -Ele se afasta indo em direção ao George, que acorda assustado.

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35- Flor De Fogo

❁❁❁ -Jibely! Você me deu um susto... -Ele está preocupado. -Foi o estresse George, me tira daqui...-Choramingo. -Espere os exames chegarem, fiz o médico fazer todos os possíveis enquanto vocêdormia. -Ele segura minha mão. -Está bem, então este vai ser meu dia número 2. -Digo tentando ser divertida. -Por mim tudo bem! Olha seu almoço chegando! -Ele diz se afastando pra senhorada cozinha entregar a bandeja. -Nham...nham...manjar dos Deuses. -Falo sem graça. -Vou aproveitar que está comendo e vou na lanchonete comer algo mas voltojá...se precisar de algo aperta este botão que a enfermeira vem correndo. -Ele apontapara minhas costas. -Tudo bem, coma um pão de queijo por mim...-Falo dando uma garfada numlegume sem sal. -Pode deixar. -Ele sai visivelmente cansado. Não deve ter dormido muito mevigiando.

Termino de comer rapidamente e adormeço de novo com a demora de George.Cada minuto é uma eternidade.

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Na cabeça de George

Não consigo tirar da cabeça as palavras do médico. “Não quero ser pessimistamas ela pode estar com algum tumor no cérebro na pior das hipóteses...” Mandei ele fazer todos os exames e que a mantivessem sedada para não querer irembora. Ele disse que precisava da assinatura de alguém da família e eu disse que eranoivo dela. Ela vai me matar quando eu contar isso. Não quis estragar seu apetite. Efelizmente o médico não mencionou “Noivo” quando ela acordou. Ela vai surtar. -Um café forte e uma porção de pão de queijo por favor? -Peço a uma atendenteque me olha insistentemente. -O senhor se parece com o George Flox, já te falaram isso? -Ela me entrega tudona bandeja. -É o que minha noiva diz todo dia... -Brinco pensando na Jibely. -Bom apetite senhor. -Ela diz desapontada enquanto me afasto. Sento numa mesa bem longe das pessoas, estou cansado de ser o George Flox ouparecer com ele. Depois desses 3 anos de altos e baixos. Somente nesses últimosdias que me senti realmente vivo. Vivendo uma vida real. Preciso ligar para o Martin. Pela manhã com a posse da bolsa dela e celular, ligueipara ele, que ainda brigou comigo por não ter chamado antes. Avisei que não adiantaria virem aqui com ela dormindo e fazendo exames. Masassim que ela acordasse eu avisaria. Aster Yuca apareceu também pela manhã.

Liguei pra ele para conferir se era o mesmo Yuca que estudou comigo. E realmenteera. Expliquei o ocorrido com Jibely e marcamos de nos encontrar na entrada doHospital. Minutos depois ele chega dizendo que já estava a caminho. Ele só acreditou queeu era quem eu dizia ser, somente quando me viu e eu o chamei de “YucAster”exatamente quando fazíamos na faculdade. -O que está acontecendo com o Ryan? -Perguntei assim que entramos hospitaladentro. -Como conheceu meu cliente? A última vez que vi você estava sentado no sofáassistindo Corações Sangrentos...-Ele disse ressentido. -Conheci pela Jibely, ex noiva dele. Ela não acordou ainda. -Nos sentamos nosbancos de espera. -Não posso te contar tudo, pela ética profissional, mas meu cliente estáencrencado até o pescoço. -Yuca passou a mão no queixo preocupado. -Entendo. Ontem o mesmo homem que provocou o acidente de Ryan invadiu acasa de Jibely pra machucá-la mas eu vi a tempo. Felizmente estava lá. Mas nãoparo de pensar se não tivesse lá o que teria acontecido com ela. - Olhei para o meuantigo amigo mostrando minha preocupação. -Isso te envolve no caso então. Felizmente ele foi preso. Ryan já pressentindoalgo por parte do Hibiscos mas sem prova, deixou instruções para como eu deveriaproceder se algo acontecesse com ele. -Ele tirou um caderno de anotações do bolsoentregando pra mim numa página aberta: “Jibely, fuja de Hibiscos, seja de carro, seja alguém tatuado que você nãoconheça. Se chegar a ler esse bilhete é porque eu falhei em te proteger. Estou ameses tentando me livrar de Júlia com a ajuda do meu advogado Yuca, mas querosair sem fazer grandes estragos. O que você precisa saber é que Júlia me ameaçagraças a secretária do meu pai Narcisa Posenato que me viu cometer um crimegrave na empresa, ela é amiga de Érica Scalini que é amiga de Júlia desde a épocada escola. Como amiga de Júlia desde essa época você talvez as conheça. Cuidadocom elas. Érica é casada com o ex- surfista Brandon Hibiscos que esta falindo e eledescobrindo através de Júlia que o dinheiro que tiravam de mim ia acabar pois elaengravidou garantindo seus bilhões, ele resolveu se vingar. Se estiver lendo aquiobviamente não consegui fugir com você e ele me pegou. Então fuja ou use este

bilhete para acabar logo com isso com a ajuda do Yuca.” Ryan Tagetes.” -Jibely não vai aguentar isso. -Desabafo com Yuca- Ela está visivelmentesobrecarregada. -Pra todos os efeitos você não leu nada. Certo? -Ele disse fechando o caderno eguardando-o. -Ok. Mas se esse Brandon for o mesmo Hibisco tatuado que prendemos ontem,Jibely está fora de perigo não é? -Perguntei atordoado. -Aparentemente sim, mas ainda estão a solta as 3 mulheres. De qualquer formauma delas vai contar tudo para o pai dele se forem presas. -Ele me olha sério. -O que ele não pode saber? -Fiquei intrigado. -Isso eu não posso contar. É o meu caso principal. -Ele se levantou preocupado. -Só se Ryan recuperar a memória. -Disse lembrando o meu amigo do acidente. -Tem isso. Melhor não mostrar nada pra Jibely ainda. Diga a ela que na hora certaeu a procurarei. -Ele se despediu dizendo precisar ver como Ryan estava. Volto ao momento presente quando uma mulher pequena e emburrada passaesbarrando em mim. E ainda me xingou. Só me dou conta de quem é quando umaoutra parecida com ela a chama de Júlia. É a moça que traiu Jibely com Ryan. Totalmente diferente de Jibely, que apesarde se fazer de emburrada só traz luz e calor onde está. Ela É tão sensível como a flor que tem no seu nome. É tão flamejante como ofogo que ilumina e aquece a escuridão. Ela é como uma Flor de Fogo. Jibely é aminha Flor de Fogo. Nos filmes, jogos e até na literatura, a flor de fogo serve para curar. Seu suco ouela em si cura qualquer doença, qualquer mal. Trás de volta a vida qualquer pessoa. Jibely é assim. Em 3 dias me devolveu 3 anos preso a uma mentira para tentaresquecer minha culpa pela noiva falecida. Em 3 dias Jibely me mostrou que elaprecisa de mim, mas não tanto quanto eu preciso dela. Não vou deixá-la sozinhanessa confusão. Me dou conta que estou me apaixonando pela Flor de Fogo. Termino meu café e volto para o quarto. Ela dorme tranquilamente bem maiscorada dessa vez. Deixo ela descansar, logo é horário de visita e Martin virá visitá-la.

Pego o celular dela no meu bolso e mando mensagem pra Martin, afim de nãoacordá-la com minha voz. Pronto. Faço uma oração silenciosa pela minha flor. Me ajeito novamente na poltrona e começo a cochilar. Deixo o sono pesar. Vouprecisar estar descansado quando o médico trouxer os exames. Seja qual for oresultado, estarei sempre ao lado dela.

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Capítulo 36- Gérbera

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De volta a cabeça de Jibely Acordo bem descansada. George dorme como um anjo na poltrona e felizmentenão há ninguém me vigiando aqui. Se eu conseguir levantar sem fazer barulho... Amarro a camisola de hospital e descalça saio de fininho tentando não bater a

porta. Saio desviando das enfermeiras e procurando alguma pista de onde Ryanpode estar. Enquanto faço uma trança nos meus cabelos vejo Júlia lendo uma revista distraída.Deve ser por ali. Robert está por perto e penso que Magnólia deve estar dentro doquarto com Ryan. Quando o pai de Ryan se afasta resolvo tentar passar perto de Júlia. Voupassando rapidamente e olhando pelas janelas nas portas dos quartos consigo ver ode Ryan. Entro sem avisar antes que Júlia me veja. -Jibely? Você também está internada aqui querida? -Dona Magnólia ergue osolhos por sobre os óculos redondos de leitura. -Tive um mal estar depois que o mesmo homem que causou o acidente de Ryantentou invadir minha casa. -A abraço e beijo seu rosto amigável. -E ele te fez algo? Conseguiram prendê-lo? -Ela fala baixo para não acordar Ryanque dorme ruidosamente. -Não, um amigo conseguiu imobilizá-lo e chamamos a polícia, lá na delegacia quepassei mal. Não vieram interrogar Ryan ainda? -Falo olhando pra ele que respirafundo. -Não que eu saiba, estes assuntos deixo para o meu marido resolver, estoupreocupada com meu filho somente. E meu neto... -Ela desisti de continuar quandoreviro meus olhos. -Fiquei sabendo do bebê. A criança não tem culpa. -Sorrio pra ela. -Mas sabe que preferia mil vezes que fosse você a me dar um neto. Meu filho nãosabe escolher nada direito...-Nesse momento ele acorda. -Jibely? Está tudo bem? Um tal de Yuca que diz ser meu advogado me disse quevocê não viria me visitar de manhã pois estava se recuperando de um malestar...fiquei preocupado. -Ele me chama para perto. -Não se lembra de nada Ryan? -É tudo que consigo dizer. -Não muito, só que estamos noivos e vamos nos casar. -Ele parece inseguro. -E não achou estranho a Júlia minha amiga estar de plantão aqui por você e nãoeu? -Tremo a voz ao falar de Júlia. -É que... -Ele gagueja quando Magnólia exclama: -Jibely! Se continuar vou te expulsar daqui. -É que lembra da noivinha ruiva, mas também lembra da amante Júlia. A

DIFERENÇA É QUE NÃO SE LEMBRA QUE ME TROCOU POR ELA. QUENOJO!!! -Grito feito doida até que entram Júlia e Robert apavorados. -Então você sabe da Júlia? -Ele diz preocupado. -Ela sabe Ryan...você a trocou por mim. Só não se lembra disso. Queridinha,quando o médico soube da minha gravidez achou melhor não reforçarmos a mentirapara Ryan. -Ela me olha daquele jeito que eu odeio. De baixo para cima. -Chega Júlia! -Robert entra na discussão. -Esperava mais de você Ryan...sinto muito pelo acidente mas usar isso pra tentarficar comigo foi baixo...muito baixo. -Digo sendo acalmada pela Magnólia. -Não lembro mesmo Jibely. Você é minha noiva na minha cabeça. Júlia foi só praaliviar a tensão. -Ele sorri levemente. -Imbecil, e como explica minha gravidez? -Júlia se altera mais. -Foi só um caso Júlia! Eu quero minha noiva Jibely! -Ele fala calmamente. -Ah é? Então senhor sem memória aproveitando que seu pai está aqui, tenho umsegredo pra contar pra ele...um segredo seu sabe...-Júlia começa a falar bem devagar,parecendo testar Ryan. -NÃO! Júlia, eu admito, estava brincando com vocês...eu me lembro de tudo. -Ryan então se entrega. -Ryan! Que segredo é esse? E estava mentindo para todos nós que morremos depreocupação com você? -Robert fica desapontado. -Não é nada pai. Era sobre nosso presente de bodas pra vocês. Júlia sabia que euqueria manter segredo. -Ryan aparentemente mente para o pai. -Pra mim já chega. Que hospício! Ryan podemos falar a sós. -Tento uma últimavez entender tudo isso. -Podem me dar licença? -Ryan pede preocupado. -Vamos, deixem eles conversarem, venha Júlia? -Magnólia leva a todos pra fora. -Ainda não acabou Jibely! -Júlia diz antes de sumir porta a fora. -Jibely! Conseguiu estragar meu plano. Tá satisfeita? -Ele inclina a cama para ficarsentado. -Plano? Tentar morrer foi um plano? -Pergunto indignada. -Não. Recebeu minha mensagem? Enviei pelo celular antes do acidente. -Ele meolha sério. -Recebi depois do acidente. Quem é esse cara Ryan? Tentou invadir minha casa,

ele ia tentar me também? -Engulo em seco me sentando na poltrona. -Brandon Hibiscos. Ele é um ex-surfista que está sempre precisando de dinheiro ejunto com a Júlia me chantageava sempre. -Ele parece se emocionar. -Júlia contratou ele pra te ameaçar? -Não estou entendendo. -Isso. Eu tive que terminar tudo com você para ele não te matar. Te deixar foidifícil demais Jibely. Tive que fazer você me odiar. Para Júlia não mandar ele temachucar. Dei a DasJu pra ela, pagava uma pensão mensal pra ele só que ele semprequeria mais. Os dois me sugaram tudo. Mas cada vez que me aproximei de você asameaças ficavam maiores. E Júlia sempre me ameaçando de contar tudo pra ele. -Ryan para pra respirar. -Nossa! Por que não deu queixa pra polícia? Dos dois? -Meu coração palpita e sóconsigo pensar no 'cara certinho' que ouvimos no mp4 de Cibs. -Pensei nisso, mas eles sempre disseram que se forem presos tem outrosesperando para acabar com nossas vidas. Por isso queria fugir com você. -Ele meolha com piedade. -Era só me contar Ryan... -Digo arrasada. -E tudo é culpa sua, por ter me apresentado essa louca da Júlia. Agora com o carapreso poderia entregar Júlia e fugir com você mas ela tinha que estar grávida...-Ryansoca o ar sentindo dor nas costelas. -Então você nunca me traiu com ela porque quis? Sempre foi pra me proteger? -Sinto uma pontada de cupa na alma.-Sempre Jibely. Sempre te amei e nunca te trairia. Brandon só resolveu nos matardepois que me pediu 1 milhão em dinheiro e eu não pude dar. Mas daria sepudesse...por você. -Ele esfrega os olhos. -Então aquela cena aqui a pouco foi pra sossegar a Júlia? -Tudo começa a fazersentido finalmente. -Totalmente, ela não pode sonhar que você sabe de tudo agora. Vem aqui? -Ele mechama. Me aproximo devagar sentindo uma culpa sem fim. Ele se sacrificou tanto pormim. Sempre fui tão cruel com ele, como eu saberia? Júlia nunca devia ter entradoem minha vida. -Eu só posso agradecer, por ter cuidado de mim, mesmo de longe. -Dou um beijoem sua boca.

George entra nesse momento sem avisar e vê tudo. Duas enfermeiras me levamdali dando bronca. Ryan me dá um tchau sorridente e eu também fico feliz. Depois de muitas broncas tanto das enfermeiras quanto do médico por estarandando no hospital descalça, sou encaminhada a tomar um banho. George calado desde a hora do beijo diz que vai ficar do lado de fora um pouco.Algo aconteceu, ele parece triste e confuso. Será que deseja cancelar o contrato?

* Martin chega com Rick e me veem cheirosa de cabelo lavado. Martin me entregapão de queijo escondido e Rick coloca um vazo de Gérbera na área para flores dospacientes. Amo meus amigos. Ficam preocupados mas digo que não será nada grave. Elesdizem que trouxeram mais surpresas. Mas antes conto tudo que Ryan me contou epeço que guardem segredo. Eles dizem que falaremos disso outra hora, que eu deveria descansar. Martin dizque está cuidando de Veludo pra mim. E minutos depois eles abrem a porta trazendoduas pessoas que me fazem gritar de alegria. -Mãe, pai? Vocês chegaram quando? -Eles correm pra me abraçar forte. -Hoje cedo Jiji e não te encontramos em casa. -Minha mãe diz acariciando meuscabelos. -Aí ligamos para o Martin e ele nos contou tudo. Que não era nada grave a não sero fato da invasão...precisamos de mais segurança naquela casa Jibely! -Meu paiadora Martin. -Agora que vocês chegaram eu vou melhorar 1000%. Digo agarrando os doisnovamente. -Jiji, aquele ali fora é o George Flox mesmo? Martin veio nos atualizando dasnovidades e não pude acreditar. -Ela diz baixinho olhando pra George que nos olhavade longe agora pela porta aberta. -É sim, em carne em músculos. -Reviro os olhos. Ele conversa com Martin e Ricardo enquanto sou paparicada pelos meus pais.Mas consigo acompanhar a todos e George conta algo para eles que me olhampreocupados. O que será? Meus pais decidem ficar até a hora do médico chegar com os exames. George não

fala comigo desde o almoço e decide ir pra minha casa com Martin e Ricardo paradescansar. A tarde passou voando com meus pais contando TUDO sobre a viagem, aspessoas que conheceram, os lugares incríveis que viram, como pude deixar Cibelyviajar sozinha para Londres.. -Jibely Flores! Soube que seus pais vieram, assim seu noivo finalmente descansouum pouco, coitado, não te deixou um minuto desde que chegaram aqui. -O médicodiz segurando uma pilha de exames. -Noivo? Ficou noiva e não nos contou Jibely? -Meu pai diz enciumado. -O George? Tá falando do George? -Pergunto para o médico. -Sim, por quê? Tem mais de um? Bom não é da minha conta. Vamos ler osexames? -Ele dá um ponto final no assunto. George disse que era meu noivo? Tá maluco também? Quando eu vê-lo de novovou querer saber que papo é esse? Por que agora todo mundo quer ser meu noivo?

* Depois de verificar todos os exames o médico conclui que tenho enxaqueca edevido ao estresse ela ficou mais insuportável que o normal. Receitou remédios fortes e que eu desacelerasse minha vida. Meus pais aindacontam que eu não descanso há 5 anos sem saberem que já estou de férias. E contam todos os hábitos ruins que tenho...dormir tarde, comer besteiras nashoras das refeições, dormir demais, beber vinho tinto e tantas coisas mais quecausam as crises. Me senti uma criança de novo levando bronca de todos os lados. Felizmenterecebi alta na mesma hora e quando meus pais foram pagar a conta do hospitalfomos informados que já estava tudo pago. Não me despeço de Ryan para não irritar Júlia. Mas me lembro de Yuca e precisofalar com ele depois. Depois de tudo que Ryan disse fico preocupada com suasegurança e a minha também. Será certo não envolver mais o George nessa história.

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Capítulo 37- Maracujá

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Meu pai Romero Flores apesar da idade avançada ainda possui boa parte doscabelos ruivos e cacheados. Não é muito de sorrir à toa, mas quando inventa degargalhar não há pessoa que não ria com ele. Minha mãe Cecília é mais sorridente e tal qual Cibely acha que a vida é umagostosa brincadeira. Estou feliz no banco de trás do carro de papai, ele dirige tão devagar que tornaqualquer ida a esquina numa longa viajem. Compramos os remédios receitados para a enxaqueca e a dona Cecília comprouum calmante natural de maracujá pra mim. Muito tempo depois chegamos em casa, graças a Martin que pensa em Moda24hs por dia, pude sair do hospital com roupas decentes. Ele entregara para meuspais antes de entrarem no quarto na hora da visitação. Um vestido caqui com pregas elegantes e braços de renda. Muito formal para umasaída de hospital mas bem melhor que o pijama da noite anterior. Minha mãe fez uma trança embutida nos meus cabelos e me emprestou seu batomcor de cereja para dar mais vida ao meu mórbido rosto. Estou feliz pela dor de cabeça não ter sido “algo pior” e mais feliz ainda pelosmeus ausentes pais estarem comigo nesse momento. Não muito por Ryan queparece ser vítima de Júlia por minha causa. Sinto o peso da culpa fazer estragos nas minhas costas que ameaçam doer. Porque mesmo que a Júlia quis ser minha amiga? Lembro que no primeiro ano do ensino médio entrei no Hortênsia sem conhecerninguém. Ficava quieta no meu canto evitando olhares e imaginando qual seria o

primeiro piadista a me chamar de cabelo de fogo ou ferrugem. E foi um amigo de Júlia na época que inaugurou as humilhações. Ela brigou comele e começamos a conversar. Carente de amizades, contei toda minha vida pra ela, oquanto sofri no fundamental II com gente como o amigo engraçadinho dela. Ela disse que odiava estas coisas e que tinha poucas amigas lá também por serbaixinha. Me identifiquei na hora com ela. Mas ela sempre era mais amiga na minha casa, pois na escola ela estava sempreocupada, sempre precisava sair, telefonar ou ir a biblioteca. Eu ficava sempre lendo na hora do lanche e não pensava muito sobre o que Júliaestaria fazendo. Um dia, Érica que eu nunca vira na vida, veio tirar satisfaçõescomigo junto com sua sombra Narcisa . Dizia que contaram pra ela que eu haviasaído com o seu namorado que nem me lembro o nome. Neguei em vão, ela ameaçou me bater mas fui protegida por Tuts que tambémnunca tinha notado na escola. Com 15 anos e romântica até a unha do pé me apaixonei tão rápido quanto façomacarrão instantâneo. Ele parecia ter gostado de mim também. Foi com Tuts que dei meu primeiro beijo, e que um tempo depois já com 16 anos,se tornou meu primeiro namorado. Júlia continuava minha melhor amiga, e nem tanto amiga assim na escola. Tuts sóera meu namorado na escola e dizia fazer muitos cursos nos horários livres nunca melevando pra passear de fato. Ele era o oposto de Júlia pois só me conhecia na escola. Nunca tivemos nadademais, fora dar uns beijinhos e conversarmos no recreio. Quando eu estava muito apaixonada por ele, ele mudou. Começou a se afastar aténão falar mais comigo. Um dia, assim que entrei na sala de aula todos começaram arir. Comecei a me sentir mal com aquilo e perguntei do que estavam rindo e váriosdisseram que era de mim. Saí correndo dali para a sala de Júlia, minha única amiga. Mas lá todos começarama rir de mim também. Ela me levou pra fora dali e mostrou um pedaço de papel. Disse que toda a escola havia recebido o papel menos eu. Levantei a folha atremendo e pude ver um recado de Tuts para todos os alunos do Hortênsia. “Companheiros do Hortênsia, é com muita indignação que lhes escrevo para

comunicar que se tiverem juízo e higiene, devem se afastar de Jibely Flores, poisnuma noite “quente” se é que me entendem, ela além de ser ruim de cama mepassou uma DST. Quem avisa amigo é. Tuts.” Aquilo acabou comigo, e não tive coragem nem de contar aos meus pais. A escolatratou de abafar o caso mas o estrago já estava feito. Tentei tirar satisfação comTuts só que ele se afastava como se eu tivesse uma doença contagiosa de fato. Júlia continuou comigo me dando muita força em casa, onde passava todas astardes comigo.Cibely era muito pequena pra mim conversar e Júlia parecia gostar de mim. E só foi o começo, o bullying persistiu até meus 17 anos, com todos se afastandode mim, inventando histórias, sempre com as piadinhas idiotas sobre meu corpo ousobre minhas possíveis doenças. Um dia Érica confessou que pagou seu amigo Tutspara namorar comigo e quando eu estivesse bem apaixonada ele deveria pisar emmim, foi no mesmo dia que a Narcisa me chamou de aberração. Foi a gota d'água.Não quis ir mais à escola e Júlia dizia sempre que todos estavam adorando não meverem mais lá. Me vi sozinha em casa um dia que Júlia não apareceu, tentei acabar com aquelador. Peguei uma faca de cortar pão e cortei meus dois pulsos que vazaram sanguepelo banheiro todo. Júlia que chegou e me vendo caída lá chamou uma ambulância. Sempre mepareceu uma boa amiga por isso. -Olha quem chegou! -Martin nos recebe no portão da minha casa. -Oi meu amor! -Digo dando uma rodada para ele ver como o vestido ficou. -Uma Deusa! Agora vamos entrar! -Ele me leva para dentro do meu cantinho. -Hey Jibely, está viva! -Ricardo brinca me dando um beijo no rosto. -Pois é, não foi dessa vez. Estou com enxaqueca....-Faço cara de decepção. -Menos mal, menos mal. -Ele me convida pra sentar ao lado dele. Quando sento noto que George está na cozinha calado, fazendo alguma coisa.Meus pais ficam conversando com Martin e Rick e eu vou de fininho até lá falarcom ele. -George? Está tudo bem? -Seguro sua mão que espreme um laranja.

-Está. Só estou pensando em algumas coisas. Nada importante. -Ele parecementir. -Eu também queria falar com você. Acho melhor quebrar o contrato. -Digo semanestesia. -Por que? O médico pediu? -Ele finalmente esboça reação. -Não, é que depois do que aconteceu...o cara veio pra me matar Ryan! Não querote envolver mais nisso. -Digo preocupada. -Se eu não tivesse aqui você poderia estar então...de onde tirou que ele veio matá-la? -Ele muda o tom da voz. -O Ryan me contou umas coisas....ele não perdeu a memória. Estava fingindo.Mas não conta isso para o seu amigo policial ainda. -Falo baixinho fingindo ajudarem algo. -Mas é claro que estava. Até eu fingiria depois...-Ele não termina a frase. -Como é? Sabe de algo que não sei? -Aponto um garfo pra ele como se fosse furá-lo. E sabiamente ele chama a todos para beberem seu suco e comerem umas torradasque rapidamente tira do forno. Uau!

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Dia 3

Meus pais estão encantados com George, e não porque é conhecido e famoso,mas si pelo homem que demonstra ser. Como as torradas devagar. Martin fala sem parar com minha mãe sobre ocasamento, e fala comigo vez ou outra que só aceno com a cabeça sorrindo. -Jibely Terra chamando! Terra chamando! -Minha mãe brinca pra que realmente

participe da conversa. -George conta a meu pai sobre suas profissões antigas e como chegou até omundo das celebridades. Claro nessa hora todos param pra ouvi-lo. -Cara que reviravolta. Mas você gosta dessa loucura toda? -Rick pergunta semvergonha alguma. -Eu costumava gostar, depois do acidente com minha noiva, a única coisa que meajudou a superar foi o curso de teatro. E viver vidas que não fossem a minha tirava ofoco da minha própria vida. Mas depois de conhecer sua filha dessa forma singularque todos já sabem...eu comecei a sentir falta de uma vida assim...comecei a mesentir como da família. -Ele fica vermelho e afasta o rosto. -George, eu me senti assim quando te vi aqui com ela, conversando e cuidandodela...-Martin taca fogo na brasa. -Olha 'bem' que lindo! Nunca ninguém disse isso pra gente sobre nossa filha. -Minha mãe diz cutucando meu pai com um sorrisão de canto a canto. -Jibely é uma boa moça George, apesar dos problemas no passado, sabe, não foiculpa dela. Ela sempre foi muito sensível. -Meu pai fala como se eu não estivesseali. -Problemas? Com drogas? -O instinto investigador de George vai fundo. -Não né! Obrigada pai! Agora vou ter que contar a ele...-Respiro fundo. -Então vai filha, vão no jardim conversar que todos nós já sabemos, se é parte docontrato passarem 7 dias juntos, é justo que ele saiba da sua vida. -Ela fala sérioagora. -Até hoje ela não me contou nada...tudo que sei foi ouvindo outras pessoasconversando. -George ri enquanto me leva para fora. Ouço um “Own” de Martin que recebe meu raio laser imaginário saindo do meusolhos. Já sentados na rede sentindo a brisa fresca que vem no começo da noite, Georgequebra o gelo. -Jibely, não quero ir embora, estava pensando que preciso ficar aqui e te proteger.Olha seus pais, são tão legais, quer envolvê-los nessa bagunça que o Ryan arrumou?-Ele olha pra frente evitando meu olhar. -Segundo ele foi culpa minha...o que você sabe que eu não sei George? -Olho pra

frente imitando o ator. -Só conto depois de você me contar TUDO que vem adiando desde que nosconhecemos. -Dessa vez ele me olha. -Tudo bem, eu conto. Tudo começou quando meu pai conheceu a minha mãe...-Brinco olhando pra ele. -Não tantos detalhes, faz um resumo pra mim engraçadinha. -Ele sorri aquecendoa conversa.

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Capítulo 38- Fúcsia

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Irmandade Buquê de Hortênsia

Enquanto conto TUDO pra George, ele ouve pacientemente sem questionar nada.Conto desde a época do Hortênsia com Érica, Narcisa e Tuts. A tentativa de suicídioe a chegada de Veludo. Minha amizade com Júlia até a traição. O fim do noivado atéa sorte em Las Vegas. A reaproximação de Ryan depois que as DasJu foram presas.A gravação do MP4 e Cibely indo para Londres procurar Renan até a conversa hojecom Ryan no Hospital. Absolutamente Tudo Quando termino estou aliviada, mais leve. -Não é justo tanto sofrimento assim Jibely. -Ele resolve falar. -Mas na vida familiar com meus pais, a Cibs e avós sempre fomos muito felizes.Nessa parte eu me sinto plena. Já na amorosa... -Lamento suspirando. -Os pais da Lis que te traumatizaram profundamente, mesmo assim você aindateve a grandeza de ajudar a filha deles. -Ele me olha não com piedade como euimaginei, mas com orgulho. -Ela não tem culpa. -Digo passando os dedos na cicatriz assim como a pequenaLis fez antes. -Sobre isso que seu pai disse que foi não foi culpa sua...foi uma burrice mas vocêteve uma segunda chance de viver. Minha noiva não teve a mesma chance com aminha burrice. -Ele se culpa com as lembranças. -Mas você teve a sua segunda chance de viver. E se saiu bem melhor que eu. -Eu só me enganei nos últimos anos, você mudou vidas reais Jibely...olha suairmã, seus amigos, seus pais... -Ele começa a dizer coisas sem sentido. -Como assim? Eles que tem salvado a minha dia a dia. Tá maluco George? -Meirrito com ele e começo a andar pelo quintal. -Posso explicar? -Ele chega até mim num instante. A noite está maravilhosa com a brisa suave e aquele calorzinho sútil que aindamarca a presença do fim da tarde. George está a vontade de cabelos ao vendo, barba por fazer e roupas surradas queeu duvidava que ele pudesse ter. Me sinto um pastel pardo nesse vestido caqui, mas confesso que ele é muitoconfortável. Martin manda muito bem sempre. -Jibely...pelo que entendi você se tornou a dona da Máscara de Cetim a custo demuito trabalho seu, em Las Vegas tornou sua irmã milionária graças a Ryan que

terminou tudo com você, ela pagou o Cruzeiro pelo mundo dos seus pais com estedinheiro e pode fazer tudo que quiser na vida, realizou o sonho de Martin e vairealizar o de Ricardo em breve graças as suas escolhas. Tornou o Martin sócio aindae eu vejo a gratidão nos olhos deles...-Ele segura meu braço pra que eu pare de andar. -Martin te contou muita coisa não foi? -Fico de frente pra ele que segura minhacintura delicadamente. -Contaram muitas coisas boas sobre você e sua família. E com tudo que mecontou eu só posso dizer que mesmo quando o mundo só te deu merda...você usoutudo isso como adubo para dar flores em troca. -Ele sorri gentilmente agora. -Você falou merda? Estou chocada! -Finjo espanto dando risada. -Falamos merda sempre no teatro. Há há há!Você é divertida Jibely. -Seus olhosbrilham quando ele gargalha. -Mas sério...eu nunca pensei por esse lado George. Acha mesmo que nada foi emvão? -Encosto mais perto dele instintivamente. -Tenho certeza absoluta. Você mudou vidas, e nem falei da pequena Lis ainda. -Ele me lembra de mais uma pessoa que recebeu minha ajuda. Quando ele se aproxima demais eu me afasto, quero saber o que ele sabe sobreRyan. Vamos até a rede novamente. Ele me conta que o Yuca estudou com ele, mais ironias do destino...Que iria memostrar um bilhete de Ryan caso algo trágico acontecesse com ele. -Olha Jibely, eu prometi não te contar, pois até ali achávamos que Ryan estavasem memória recente. Mas depois de tudo que me contou e de dizer que ele ainda aculpa pelo acidente...-Ele pausa. -Continua...eu preciso saber. -Encosto minha cabeça em seu ombro com frio e elegentilmente tira sua jaqueta e coloca nos meus ombros. -Jibely! Tem uma moça lá fora querendo falar com você, disse que é urgente. -Minha mãe aparece falando alto. -Me espera aqui George, não vou demorar...quero que me conte tudo está bem. -Dou um beijo em seu rosto e no trajeto fico me perguntando por que eu fiz issoenquanto visto sua jaqueta.

*

-Quem é mãe? -Pergunto pra ela que abre a porta da entrada pra mim. -Ela não disse. Quer falar a sós com você ali fora. Vou com você... -Ela começa ame acompanhar. -Não precisa mãe, vai descansar. Já já estou de volta. -Digo sentindo um ventoforte passar pelo meu rosto me fazendo arrepiar.

*

-Jibely? -A moça loira mais parece uma barbie. -Sou eu. O que há de tão urgente? -Abro o portão da garagem pra conversarmelhor. -Sou a Narcisa , não se lembra de mim? Estou ali com a Érica e precisamosconversar. -Ela sorri cinicamente. -Não vou mesmo...não tenho nada a tratar com vocês. -Me afasto pra fechar oportão quando ela usa o braço comprido para impedir. -Vai sim...olha mais de perto pra Érica, ela está com aquele gato preto no colo,mas olha, ela odeia gatos pretos. -Narcisa gargalha elegantemente. -Veludo! Ai Meu Deus! Não vi meu gato quando entrei em casa hoje, acabeiesquecendo de procurá-lo...-O remorço enche meus olhos de lágrimas. -Ele vai ficar bem, se fizer tudo que mandarmos. Ela faz sinal pra Érica seaproximar. É Veludo, a coleira Fúcsia do meu filhote que Martin mandou fazer. Érica osegura do jeito que ele não gosta, e quanto mais se aproxima mais ela vai sufocando opescoço dele em seus braços. Não posso gritar! Não posso gritar! -Solta ele Érica, eu vou com vocês. Deixa eu colocá-lo em casa? -Estico meusbraços pra ela que se vira. -Primeiro entre no carro Jibely, aí eu coloco seu gato azarado dentro de casa. -Está bem, eu vou. -Ando devagar em direção ao carro de onde Érica saiu. -Entra logo! -Narcisa diz impaciente. -Pronto ela entrou, vai gato feio! Entra mas não conta nada pra ninguém hein. -Vejo de longe Érica jogar meu gato portão a dentro. Quando me viro dentro do carro, Júlia se vira do banco do motorista e diz: -Surpresa! Não falei que não ia ficar assim... -Júlia? O que você está fazendo com aquelas duas? -Indago sem entender nadaquando elas entram no carro e mandam Júlia sair logo dali. Narcisa senta-se ao meu lado atrás e Érica fica no carona com Júlia. Meu cérebroentra em pânico. -Júlia, desde quando você é amiga delas? -Pergunto me erguendo do banco. -Fica quietinha aí...- Narcisa me empurra de volta. -Ai não é fofa? Meninas...ela nunca desconfiou de mim. Nunca reparou quesempre fomos amigas, a nerdzinha que só vivia em seu mundo cor de rosa. -Júlia

dirige rápido demais, coloco o sinto morrendo de medo. -Sempre foram amigas? Mas você sempre me defendia Júlia. Elas me odiavam... -Está tudo confuso pra mim. -Defendia porque eu te achava boa pessoa, mas quando eu contei pra Érica tudoque eu vi você fazer com o namorado dela...ela me deixou entrar para a IrmandadeBuquê de Hortênsia, toda menina sonhava em entrar e graças a sua galinhagem euconsegui não é meninas? -Ela ri histericamente. -Não foi assim, eu nunca saí com o namorado dela, eu só queria ser invisívelnaquela escola. -Tento explicar. -Mentirosa! A Júlia tem sido nossa amiga fiel desde então. Nossa, como rimos láno clube quando você tentou se matar, Júlia contava tudo com detalhes. Até daquelegato fedido que te ajudou a superar a tristeza...devia ter matado aquela bola de pelos.-Érica diz fazendo cara de louca. -Vocês tem sido amigas desde então? Por que me salvou então Júlia? Quando meencontrou caída em casa, por que não me deixou morrer ali? -Começo a chorar. -Porque você morta não poderia me ajudar como ajudou a subir na vida. -Júliaabaixa o tom. -Claro...sempre dinheiro. Como eu fui burra! -Choramingo. -Você é patética Jibely...mas tem mais...sabe o Hibiscos? O cara que você ajudoua prender? Ele é marido da Érica e ela não está nada feliz com isso. -Narcisa berra nomeu ouvido. -Marido? Ele tentou matar seu noivo Júlia! Como pôde? -Soluço tentando ver praonde elas estão me levando. -Ryan não é mais útil pra mim, tudo que preciso está aqui. -Ela aponta pra barrigadela, grávida de pouco mais que dois mês. -Se conseguiu engravidar por que aquelas cenas de ciúmes bobas comigo? -Falodevagar. -Porque eu não tinha certeza se estava grávida, só tive Domingo, e na frente dospais dele tenho de parecer apaixonada...sua burra! -Elas riem de mim como na escola. -Você mandou ele matar o Ryan e a mim? É isso? -Ajeito a jaqueta de George esinto algo duro no bolso de dentro. Um celular. Preciso dar um jeito de escondê-lo delas, mas como? E se ele tocar aqui agora?

Aproveito que elas estão falando alto e aperto o botão pra desligá-lo por dentro dobolso falso. Passo-o para as mangas da jaqueta e a fecho fingindo sentir frio. Nãoposso tentar nada daqui do carro, preciso manter a calma. -Ele quis matar vocês porque o Ryan não queria mais dar dinheiro pra ele. Comminha gravidez, eu fiquei bilionária, pois meu filho herdará tudo. Vendo isso oBrandon Hibiscos, marido da minha amiga ficou desesperado mesmo eu prometendonunca deixá-la na mão. Essa culpa eu não tenho Jibely! -Júlia debocha. Ryan disse o contrário pra mim hoje, quem está falando a verdade? Ele disse quefoi Júlia que contratou o ex-surfista tatuado pra me matar. E ele pagava aschantagens sempre para me manter viva. Só pode ser mais uma mentira da Júlia. Fico calada pensando e me desligo delas pra ver para onde estão me levando.Quando elas se distraem mais, pedindo Fast Food, levanto o vestido devagar e delado coloco o celular de George na calcinha. Acho que é o único lugar que elas nãovão mexer. Agradeço a Deus pelo Martin ter escolhido um vestido pra mim. Quando decidem parar para comer, Narcisa tira um paninho da bolsa e derramaum líquido nele, e antes mesmo que eu tente me defender, ela o coloca no meu narizonde apago instantaneamente.

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Capítulo 39- Dentes de leão

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Perdida Acordo com dor no pescoço. Me ajeito para o outro lado quando a claridade doSol invade meus olhos fazendo-os arder. Ainda estou no carro. Sozinha? Elas devem ter me deixado aqui para dormirem ou pra que eu morra dedesidratação fechada assim dentro do carro. Olho em volta procurando alguma pistade onde estou. Apenas o carro encostado num canto com grama verdinha cheia de dentes de leãopróximo de uma estrada de terra. Nem um sinal de vida por perto. Retiro o celular dacalcinha e o ligo. Tem muitas chamadas perdidas e quando tento ligar pra casa constato que estásem sinal. O ergo em todas as posições possíveis dentro do carro e nada. O calor começa a ficar mais insuportável quando o Sol está a pino. Tento abrir asjanelas e portas, mas todas estão travadas. Tento quebrar o vidro e quase quebrominha mão. A sede aumenta a cada esforço que faço tentando sair dali. Paro e penso. “Precisaser esperta Jibely, precisa manter a calma.” E eu tento manter a calma. Quando começo a me acalmar, vejo 3 vultos vindo do meio da mata peloespelho retrovisor. São elas. Volto para a mesma posição que estava e guardo ocelular de volta a calcinha. “Calma Jibely, calma” uma voz dentro de mim suplicava. De olhos fechados ouço elas se aproximando, falando alto. Júlia entra no carro eabre a porta para as outras duas.

-Veja se ela está viva ainda Narcisa! -Júlia ordena quando sinto a mão quente delatocando meu pulso e pescoço. -Está sim, Júlia, jurava que o Sol ia torrar os miolos dela. -Narcisa diz sem ânimo. -Que pena. Vamos ter que levá-la mesmo pra IBH(*). O cunhado da Érica já levouRyan pra lá. Vai ser engraçado juntar os dois pombinhos. -Júlia ri histéricamenteenquanto começa a dirigir. -Como ele conseguiu tirar o Ryan do hospital? -Narcisa pergunta. -Até esqueci de falar com vocês, ele me ligou pela noite quando já estávamos napousada descansando. Foi bem fácil. Ele disse para o Ryan acompanhá-lo ou oBrandon, irmão dele, abriria a boca para a polícia contando todos os seus podres. -Júlia sibila. -Ninguém mandou o Ryan ser ambicioso. Se se contentasse em ter uma vidacomum com a cabeça de fósforo aí, nada disso teria acontecido. -Narcisa diz tocandominha perna. -Ai meninas, e o Brandon nessa ambição está indo pelo mesmo caminho. Se aJúlia disse que nos ajudaria por que ele tinha que querer arrancar mais do Ryan? -Érica lamenta. -O que está feito está feito. Agora precisamos chegar até a praia deserta deVincas, deixar o carro lá. Esse vai ser nosso álibi, estaríamos acampando quandoencontrarem o corpo dos dois. O cunhado da Érica nos busca com um carro roubadoe nos leva até a Irmandade. -Júlia ensaia seu plano maligno. Pegaram Ryan...mas vão mantê-lo vivo até que eu chegue lá. Preciso de tempo prapensar mas só consigo rezar para este telefone não tocar até lá. O que será que Ryan fez para estas pessoas o terem nas mãos. Tudo que Júliacontou ontem é mentira mesmo. Ryan também mentiu pra mim. Pelo que entendi,Ryan fez algo e elas descobriram e começaram a chantageá-lo. O marido de Éricaquis mais e acabou irritado tentando acabar com Ryan e a mim. Mas por que eu?Júlia que é a nova herdeira. Minha cabeça começa a latejar e me seguro para não demonstrar, preciso fingirque ainda estou apagada. Ela para de vez o carro e parece pegar coisas no porta-malas. Deduzo que são ascoisas para o falso acampamento. Ela se atrapalha e chama as outras duas paraajudá-la. Narcisa que é a menos inteligente deixa a porta aberta.

“Agora Jibely, tem que ser agora” sinto vontade de correr mas quando penso emRyan sinto vontade de vê-lo. Mas nada me garante que se eu ficar eu consiga salvá-lo. “Agora Jibely” minha mente querendo preservar a minha vida manda eu sair.Mexo minhas pernas e empurro a porta devagar e saio correndo. Corro. Olho para trás e Érica já está atrás de mim, meus pés sem sapatosqueimam na areia quente da praia. Logo a frente vejo um homem correndo em minhadireção. Só pode ser o irmão do Hibiscos. Olho para os lados e tenho duas opções: A matafechada e as águas do mar. Desvio para a mata desesperada sentindo agora galhosquebrando debaixo de meus pés. Abafo um grito de dor quando um espinho entra no meu pé e continuo correndo,até que eu tenha certeza que ninguém está mais atrás de mim. Quando não aguento mais correr me escondo atrás de uns arbustos e tiro o celularpara ver se tem sinal agora. Nenhum sinal o que me leva a acreditar que estouferrada. Ouço passos ao longe e me abaixo mais ainda para que não me vejam. Logo eles seafastam e somente aí eu respiro fundo.

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Dia 4 A tarde chega silenciosa, pelo celular vejo que já são 17hs. Seria já o dia 4 deGeorge. Se ele estivesse aqui saberia o que fazer. Vejo as árvores altas e grossas a minha volta e arrisco subir em uma para que ocelular dê algum sinal. Mas quando tento me levantar vejo que o espinho ainda está em meu pé todoqueimado da areia. O puxo devagar segurando qualquer gesto de dor. Rasgo unspedaços do vestido em tiras finas e improviso duas ataduras para meus pés. Coloco o celular dentro do sutiã e vou subindo a árvore me agarrando nos galhos.Vou até a parte mais alta possível. Abraçada ao galho tiro o celular e aparecem 3risquinhos da anteninha que indica o sinal.

Mando mensagem para Martin primeiro: “Martin estou numa mata da praia deserta de Vincas e nem sei onde isso fica,Júlia me obrigou a ir com ela ou mataria Veludo. Estou bem, fugi delas, sim temmais 2. Avisa a polícia, George, meus pais. Diz que pegaram Ryan e ele está comum irmão de Hibiscos num tal de IBH , mande pressionarem o Brandon nadelegacia. Juliana também pode saber de algo. Quando anoitecer vou tentar ir prapraia, não sei se eles estão me procurando ainda. Mandem mensagens não querome arriscar e usar minha voz.”[Enviada com Sucesso] Começo a chorar quando leio que a mensagem foi enviada. Fico ali olhando tudode cima. Minutos depois recebo uma mensagem. “Jibely, é o George. Martin mostrou a mensagem. Estou indo praí agora. vaicuidar do Brandon e Juliana, mantenha o celular ligado para rastrearmos você. Eletem um dispositivo que vai mostrar o ponto exato de onde você estiver. Mas deixe-oligado.” Com a notícia de George fico mais tranquila. Mas e se Ryan não tiver essa sorte. Ese o Trovisco não conseguir arrancar de Brandon onde fica o esconderijo deles? Preciso ajudar o Ryan, mas como? Nesse momento tenho uma idéia ousada. E étudo que eu posso fazer por ele. “George, eu sei que estou na praia de Vincas, isso é certeza e vou me manterpróxima ao mar à noite e pela manhã se for seguro. Mas preciso ajudar Ryan. Vouaté o acampamento das 3 loucas ver se ainda estão me procurando e vou deixar oseu celular dentro do carro do irmão de Brandon, assim terão mais chances deencontrar Ryan. Não ouse me contestar.” Desço da árvore. Preciso chegar até eles antes que anoiteça e decidam ir embora. “Coragem Jibely, coragem”

(*) IBH - Irmandade Buquê de Hortênsia

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Capítulo 40- Crisântemos

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Sozinha

Minha cabeça dói e meu pé lateja, sinto medo de pisar em algum bicho venenoso.Vim dali, apesar de não dirigir tenho uma memória e senso de direção excelentes. Etambém posso ouvir o barulho do mar. Meu estômago rosna e nem pra ter frutas nessas árvores. Me esgueiro pelasárvores com pressa pois se anoitecer aí sim que me perco aqui dentro. Logo avisto o mar, meus pés começam a pisar na areia e eu começo a ficar

desprotegida. O silêncio é perturbador. Me mantenho na floresta e vou andandorente a praia procurando algum sinal delas. Meia hora de dolorida caminhada vejo ao longe algumas barracas em volta de umafogueira. Me escondo procurando vê-las, mas só consigo ver o mesmo homem quecorreu atrás de mim. Meu coração dispara e sinto uma fraqueza tomar conta das minhas pernas. Masnão desisto. Sigo mais a frente procurando seu carro. Elas disseram que deixaram osdela lá e usariam o do cunhado da Érica. Talvez ele já deva ter deixado elas lá e esteja esperando amanhecer pra fazer oserviço sujo. Tanto o carro delas quanto o que pode ser dele estão estacionadosjuntos, mas nenhum sinal delas. Felizmente as janelas estão abertas e consigo jogar o celular do George debaixo dobanco do passageiro. -Eu sabia que você viria...ninguém foge pra sempre sabia? -O homem jáenvelhecido pelo Sol de cabelos amarelados se aproxima devagar. Começo a correr para longe e ele anda como os psicopatas dos filmes que semprealcançam suas vítimas. Já começa a escurecer, meus pés doem e não quero entrar naquela mata de novo. -Pode correr mas não pode se esconder... -Ele diz se aproximando cada vez maisperto de mim. Já exausta só me resta o Mar, mas tenho certeza que ele o conhece melhor que eu.Dou meia volta e passo por ele no lado oposto fazendo o caminho de volta aoacampamento. Corro tentando não sentir os pés, corro tentando ganhar tempo pra pensar. Elesegue sem pressa o que me faz imaginar se ele não tem alguma ferida na perna que oimpede de correr. Chegando perto da fogueira, me jogo fingindo desmaiar. Quando ele finalmentechega e sinto suas mãos me puxarem, pego uma pedra grande que está em volta dafogueira para o fogo não espalhar e sinto o calor em brasa queimar minha mão. Batocom ela com todo o resto de minhas forças na perna dele que geme de dor caindo nochão. Com a outra mão pego outra pedra grande que faz barulho em contato comminha pele e a coloco na outra perna dele, carimbando uma bola que cheira achurrasco, que desmaia de dor.

Com as duas mãos queimadas gravemente eu corro para a beira do Mar e deixo aágua salgada aliviar brevemente a minha dor. Choro pela dor, por mim e por Ryan. Falhei com o plano de salvá-lo. Rasgo maispartes do vestido caqui de Martin e enfaixo minhas mãos. Saio rastejando dali evolto para a fogueira procurando água pra beber. Encontro dentro das barracas umamochila e um cantil. Coloco o cantil dentro da mochila e a mochila em minhas costase saio dali. Com todo o medo que alguém possa sentir entro novamente mata a dentro dessavez esfolando meus joelhos por não conseguir sequer ficar em pé. Vou pra bem longe dos carros e do acampamento, marcando o caminho comcruzes feitas de galhos. Quando encontro um arbusto seco e grande o suficiente prame esconder é que paro e abro a mochila pra beber a água. Bebo bem devagar, respirando fundo com dores em todo o corpo. Sentindo olíquido hidratar a minha garganta seca. A cabeça pulsando como um coração. Graças a força da lua cheia a escuridão ali não é total. Na mochila encontro roupasfemininas, uma mantinha fina que logo uso pra me aquecer e maquiagem. “Muito útil,vou passar gloss nas minhas feridas.” penso. Felizmente encontro analgésicofeminino para cólicas que servirão como morfina pra mim devido ao meu estado. Tomo 3 comprimidos de uma vez com a água do cantil, me enrosco na manta finae uso a mochila como travesseiro e conformo a dor vai diminuindo vou relaxando edeixo o sono me abraçar.

* Acordo assutada sem saber onde estou. Mas infelizmente todo o dia anterior érecordado. Olho minhas mãos coladas com pus na minha atadura improvisada. Estousuada, salgada, suja e fedendo. Meus cabelos estão trançados ainda desde quando saído hospital. O vestido está em trapos. Levanto a cabeça pra beber o resto da água etomar mais analgésicos. A dor é demais. Reviro a bolsa toda dessa vez, com as pontas dos dedos que não doem. Óculos,protetor solar, biquínis, cangas, a maquiagem, loção demaquilante, vestidos soltos,escova de cabelo, amostras de shampoo, perfume e condicionador, acetona,palito,esmaltes e algodões. “Quem leva esmalte pra praia? Essa mochila deve ser deNarcisa”. -Ok Jibely, hora de “virar nos 30”. -Falo sozinha só que bem baixinho.

Não consigo me levantar ainda, ali mesmo começo a tomar um banho de gato como algodão, o demaquilante e a amostrinha de shampoo. Passo o demaquilante comalgodão no meu rosto, pescoço e começo a sentir uma breve limpeza. Com oshampoo passo o algodão no resto do corpo. Tiro a atadura improvisada dos pés eos limpo com algodão e acetona. Rasgo uma camisa fina da mochila e improviso um“sapato” para meus pés cansados. Trabalhar com artesanato obrigada nossacriatividade a despertar nas horas mais inusitadas. Minhas mãos estão mais feias,puxo a faixa improvisada delas com uma dor lascinante que vai até a alma e voltaagonizando. Bolhas se formaram e estouraram e se formaram de novo. Não possopassar acetona nelas. Então apenas troco por novas ataduras feitas de saia. Tiro ovestido, a calcinha e o sutiã e troco por um biquíni limpo e seco. Encontro umvestido de crisântemos de alcinha fina e o coloco ainda sentada. Embrulho toda asujeira que fiz e coloco dentro da mochila. Solto meus cabelos e passo ocondicionador todo e passo os dedos para que desembaracem. E finalmente passo aamostra de perfume. “Se vão me matar quero estar linda e cheirosa né Narcisa?”converso com ela na minha mente debochando. Fico ali enrolada na manta mais um tempo, racionando a água. Depois de tomar oúltimo analgésico decido tentar levantar. A dor é suportável com meus sapatos degrife. Grife da camisa que rasguei. Dou risada sozinha ali no meio do mato e começoa desconfiar da minha sanidade. A fome também não ajuda. Coloco a manta dentroda mochila e começo a andar devagar por entre as árvores. Não posso fugir pra sempre, vi em um documentário que devemos sempre seguira regra do 3. *3 minutos sem respirar. *3 dias sem água *3 semanas sem alimento. Começo a sentir saudades dos meus pais, dos meus amigos, de Cibely, meufilhote Veludo e até de George. E sinto tristeza por Ryan e sua ambição. Fico espreitando o Mar por dentre as árvores, esperando algum sinal, esperandoum milagre. Meus passos são lentos e incertos assim como minha vida tem sido até hoje. “Mas nem um coqueiro com cocos? Que tipo de praia é você?” penso

emburrando junto com meu estômago. Derrepente sinto uma brisa balançar meus cabelos, um vento que se tornaventania. Olho para o céu com vastas nuvens negras que brigam entre si. E quandovejo que não tenho pra onde ir, me cubro com a manta tentando evitar a chuva quecai grossa sobre mim. É o fim. Me encolho no chão toda molhada quando ouçoalguém me chamando. -Jibely? Você está aí? -A voz está distante. Me levanto largando a mochila e a manta ali mesmo, e saio para a areia da praiatoda molhada. Meus cabelos estão ensopados e o vestido já cola ao corpo. Nãoconsigo responder. A voz não sai. Não sei quanto tempo fico ali. A chuva passageira começa a sessar e o Sol atrevido se espreguiça atrás de mimque continuo parada. Sinto seu calor como um abraço e alheia a tudo que passeiconsigo sorrir. -Jibely? -Ele surge atrás de mim me fazendo tremer.

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Capítulo 41- Girassol

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-Você está bem? Estou te procurando há horas... -George me abraça forte. Então ele começa a olhar meus pés, minhas mãos, o vestido diferente...Eu nãoconsigo esboçar nada por fora mas por dentro estou feliz. -Jibely, te machucaram? Quem foi o desgraçado que fez isso? Pelo amor de Deusfala comigo! -Ele me pega no colo e me carrega dali. Ainda estou com um sorriso deleve no rosto. -Acho que ela está em choque. Alguém diz a um bombeiro que me coloca na maca. -Eu odeio praias... -Digo sentindo uma agulhada na veia. -Ela quase morre e diz que odeia praias? -George sorri de nervoso. -Ela precisa descansar, está em choque, vai dormir com esse remédio. -Alguém dizpra George.

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Dia 5

Acordo descansada e sem dores. Olho minhas mãos que estão enfaixadas. Ao meulado, ligada a mim, uma bolsa de soro. Nham nham. Me sinto limpa. Me sinto bem. Me sinto sozinha. Tento esticar o pescoçoquando uma enfermeira aparece do nada e me pede pra ficar quieta. -Tem alguém aí me esperando? -Pergunto. -Tem sim, vou chamá-los. -Ela sorri. Minha mãe, meu pai, Martin e Ricardo e George entram afoitos querendo me ver. -Quero que me conte tudo filha, quando se sentir melhor. Quase morri quandovocê não voltou da conversa com aquela moça. -Dona Cecília lamenta. -Érica ia matar Veludo, eu tive que ir para o meu filhote viver. -Digo devagar. -E morreria por ele? -Meu pai é quem diz dessa vez. -Eu morreria por todos vocês. -Falo sorrindo.

-E como machucou os pés e mãos? Eles te machucaram? -Martin pergunta medando um beijo. -Não meu amor...eu fugi. Estava descalça e aquela areia quente dos infernosqueimou meus pés. Depois um espinho entrou no pé esquerdo e acho que inflamoupois depois nem conseguia andar direito. As mãos..foi que eu peguei duas pedraspara queimar o irmão do Brandon que queria me matar. -Comento como se estivessecomentando um filme de terror. -Como as pedras queimaram suas mãos Jibely? -Ricardo fica intrigado. -Pedras quentes de uma fogueira. O cara desmaiou na hora. Não me olhem assim,fogo é meu elemento. Ele sempre me salvará. -Tento fazer piada e acalmar a todos. -Jibely, me senti tão culpado por não ter te protegido direito. -George aparececom uma camiseta com um Girassol estampado que nunca vi. -Não foi culpa sua George. Vem cá... Senti sua falta seu chato! -Ergo meus fracosbraços pra ele. Ele me abraça com delicadeza. E finalmente me entrega o caderninho de Yuca. Oque Ryan mandou eu ler caso acontecesse algo. “Jibely, fuja de Hibiscos, seja de carro, seja alguém tatuado que você nãoconheça. Se chegar a ler esse bilhete é porque eu falhei em te proteger. Estou ameses tentando me livrar de Júlia com a ajuda do meu advogado Yuca, mas querosair sem fazer grandes estragos. O que você precisa saber é que Júlia me ameaçagraças a secretária do meu pai Narcisa Posenato que soube que cometi um crimegrave na empresa, ela é amiga de Érica Scalini que é amiga de Júlia desde a épocada escola. Como amiga de Júlia desde essa época você talvez as conheça. Cuidadocom elas. Érica é casada com o ex- surfista Brandon Hibiscos que esta falindo e eledescobrindo através de Júlia que o dinheiro que tiravam de mim ia acabar pois elaengravidou garantindo seus bilhões, ele resolveu se vingar. Se estiver lendo aquiobviamente não consegui fugir com você e ele me pegou. Então fuja ou use estebilhete para acabar logo com isso com a ajuda do Yuca.” Ryan Tagetes.” -Depois de tudo que aconteceu com você, meu amigo Yuca abandonou o caso deRyan e me deu o caderno com as provas de que ele realmente era chantageado. Poralgo grave que cometeu. -George lamenta.

Todos leem o caderninho, e então começo a juntar as peças. -Jibely, eu e Rick pressionamos a Juliana até ela confessar onde era o esconderijode Júlia. A Máfia Flores Rosas nunca teve tanto trabalho. -Ele brinca. -Nós ficamos ao lado dos pais de Ryan na delegacia, que estavam na mesmasituação que nós, enquanto Trovisco interrogava Brandon. -Meu pai diz sorrindo. -Vocês são demais. E o Brandon disse qual crime o Ryan cometeu? -Minhacuriosidade é despertada. -Não, ele só disse onde eram os encontros delas com a Irmandade. -Georgeresponde. -E este moço aqui correu na frente de todos nós procurando esta praia no mapa,foi dirigindo e solicitou um bombeiro de buscas para ajudar a te procurar e Troviscoenviou a policia local com o endereço do clube mas o celular do George mostravaoutro local. Outro grupo de policiais foi até lá então e foram recebidos com tirospelo irmão de Hibiscos que infelizmente morreu no local. -Ricardo me coloca à pardas novidades. -Foi esse coitado, o irmão do Brandon, que queimei com as pedras. Que Deus otenha. -Digo fazendo sinal da cruz. -Você foi muito corajosa. -George diz carinhosamente. -E você dirigiu? Como superou seu medo? -Pergunto. -Da mesma forma que você se arriscou pra salvar seu gato e tentar salvarRyan...por amor! -Ele diz sorrindo timidamente. -Ryan está bem? -Subitamente me lembro dele. -Está ainda machucado do acidente e profundamente abalado. Mas vaisobreviver.-George diz impaciente. -E as 3 loucas? O que aconteceu com elas?- Fico intrigada. -Conseguiram escapar antes da polícia encontrar Ryan amarrado numa cadeira.Mas 2 foram pegas rumo a praia. A outra sumiu. -Martin me responde preocupado. -Então vai querer se vingar de mim! Ou de Ryan! Quem escapou? -Tento melevantar preocupada. -Júlia. Mas não se preocupe filha...Ryan está no Hospital com a família em alerta

e nós não vamos deixar você sozinha. -Meu pai diz com segurança. -E a polícia já está em busca dela, é questão de tempo. Ela está grávida e vaiprecisar de atendimento alguma hora. -Ricardo diz abraçado a Martin. -Isso pode levar quase um ano gente...-Começo a hiperventilar. -Vamos deixar ela descansar um pouco? Foi emoção demais pra quem sofreu oque ela sofreu.-Uma enfermeira diz expulsando todos. -George? Agora o contrato foi cancelado não é? -Falo com olhos cheio de lágrimas. -Não diz no contrato que todos os dias seriam felizes Jibely...eu vou cumprir como combinado. Agora descansa. -Ele vem até mim e beija meu rosto. -Está bem. -Digo me afundando no leito duro.

*

Pela manhã George entra no quarto com uma camiseta engraçada de Girassol quenão tinha reparado ontem. Está barbado e mais parecido ainda com os pobresmortais. -Todos ficaram num hotel, eu preferi ficar por perto durante a noite. -Ele dizdevagar. -George...não precisa, quando acabar o contrato você vai embora e nunca mais vaime ver...de que adianta? -Desabafo com ele. -Eu não me imagino voltando pra antiga vida Jibely. Depois que te conheci eu mesenti clinicamente apto a voltar à vida. Eu estava morto e você me trouxe de volta. -Seus olhos brilham. -Não exagera, fui uma pentelha com você desde sempre, eu evitei me aproximar,eu não queria me envolver demais e ver você partir como todos fizeram. -O sigo comos olhos até que se senta ao meu lado. -Você é pentelha com todo mundo, e eu adoro isso em você. E eu não soutodos..sou o Jorge Flex, o piadista, esqueceu? -Ele brinca. -Gosto mais desse. Mas não quer mais ser ator? -Faço cafuné em seus cabelossoltos com as pontas dos meus dedos bons. -Até quero...de teatro, como um hobbie. Como na época de escola. Mastrabalhar... quero fazer qualquer outra coisa desde que tenha alguém que me ame, me

esperando em casa...-Ele sorri lembrando algo que eu disse a ele dias atrás. -Entendi. Somos parecidos...-Falo baixinho. -Não quero ir embora Jibely. -Ele me olha fazendo minha mão recuar. -Então não vá... -Me deito mais ainda para que meu rosto se alinhe ao dele.

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Capítulo 42- Sete Léguas

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Dia 6

Contrariando o médico do Hospital próximo a Praia de Vincas que fica no litoral,assino os papéis para voltar pra casa logo. Prometo cuidar direito dos ferimentos e fora isso me sinto bem, a desidratação foileve e não vejo a hora de ver meu filhote. Martin muito esperto me trouxe uma calça de moletom com corte de alfaiataria,muito confortável e elegante. Uma camisete preta e um casaquinho também demoletom com corte de alfaiaria, meu amigo mandou muito bem. Meus pais voltam em seu carro, George volta com Rick no carro de Cibely e eucom meu amigo Martin em seu carro novo. Fico calada boa parte do caminho e só quebro o silêncio quando me lembro deCibely. -Martin e a Cibs? Ela já sabe de tudo? -Digo me referindo aos últimos trágicosacontecimentos. -Sabe sim, mantemos contato com ela todo o tempo. Ela disse pra gente cuidarbem de você até ela voltar. -Ele sorri. -E o que ela descobriu? Ela disse que tinha descobrido algo, que Renan haviacontado..não me lembro mais. -Levanto a mão pra coçar a cabeça. -Ela não falou nadinha, Cibely é uma péssima Flor Rosa sabia? Leva tudo nabrincadeira...-Ele se diverte. -O que será que Ryan fez pra Renan largar tudo? E tudo isso tem a ver com aschantagens da Narcisa, Érica e Júlia? -A curiosidade me mata. -Vamos ouvir música amor? Falta pouco pra chegarmos em casa...depois dessaslongas horas. -Ele liga o aparelho de som do carro.

♫ 'Viajamos sete léguas por entre

abismos e florestas' ♪

-Adorava essa música do Renato Russo...-Digo olhando a estrada. -Não adora mais Jiji? -Martin imita minha mãe igualzinho. -Abismos e florestas são assustadores demais à noite Martin...-Não tiro os olhos

da estrada. -Eu não faço idéia do que passou sozinha estes dias...no que pensava? -Ele seguetranquilo pela estrada. -Em vocês, na minha família. Até em George...-Não continuo a frase. -Ele é um cara muito legal sabia? Acho que está apaixonado por você! -Meu amigovolta a sorrir. -Não quero me apaixonar Martin, todos sempre me traem ou vão embora. -Olhopra ele enquanto ajeito a almofada em meus pés. -Não pense assim, tudo dura o tempo que tem de durar...-Ele vem com o papoauto ajuda. -Martin, eu me arrumei, tomei banho de gato e usei as roupas da Narcisa pramorrer arrumada! Acha que eu sou normal? -Digo embargando a voz. -Há há há! Jura! Essa é minha Jibs. Um pouco de insanidade salva as pessoas nomeio do desespero não é? -Ele tenta ser divertido. -Pode ser...George é uma boa pessoa, acho. Mas é a Cibely que gosta dele. Eu sóquero encerrar este meu ciclo com o Ryan e recomeçar juntando meus pedaços. -Toco minha mão com a ponta dos dedos. -Você tem de dizer ao Ryan tudo que aconteceu depois do fim do noivado Jibely!Eu quase contei para o George aquele dia...-Ele fica sério de novo. -Eu te mataria se contasse. Nem o Ryan sabe que...-Não consigo tornar empalavras a minha dor. -Que você estava grávida e perdeu o bebê quando soube que ele te traía com aJúlia. -Meu amigo completa lembrando por ter passado ao meu lado toda a dor deperder um filho. -Teria 7 meses agora, meu bebê...-Passo as s enfaixadas na minha barriga. -Não fica assim...acha que se tivesse contado a ele antes ele teria continuado comvocê? E se tivesse? Teria continuado te traindo com Júlia... -Ele me olha comcarinho. -Eu ia fazer uma surpresa na Lua de Mel, estava com quase dois meses...o médicodisse que até os 3 meses todo cuidado era pouco. -Conto o que Martin já sabe decór. -E depois do dia que te conheci você decidiu ficar com o bebê só pra você...até odia que soube da Júlia que ela era a outra. -Ele reza a minha eterna ladainha.

-Por isso quando soube que a Júlia estava grávida me senti tão mal, nós brigamosfeio e eu não queria ser a causadora dessa dor a ela. Por isso já estava decidida a meafastar de Ryan pra sempre. -Já avisto minha casa no fim da rua. -Conte pra ele quando puder...ele precisa saber. Encerra sim esse ciclo e comeceoutro bem melhor amor. -Ele diz abrindo o carro pra mim onde vejo George já vindome pegar no colo. -Chegaram rápido nem vi vocês na estrada! -Falo tentando me agarrar a seupescoço. -Martin veio devagar pra você não sentir muita dor Jibely...e aí como está? -Elesorri como quem pega uma palha. -Me sinto um palito de fósforo recém aceso. -Faço careta. Todos riem e assim seguimos pra minha amada casa. Veludo vem me cheirar assimque George me coloca no sofá confortavelmente cheio de almofadas. Sinto o cheiro das flores vindo do meu quintal...digo jardim e agora sim. “Como ébom estar em casa” penso tentando esquecer tudo pelo que passei. -Jibely, tem uma surpresa pra você...- Minha mãe diz sorridente- Feche os olhosque vou buscar. Fecho os olhos curiosa, e espero. -Pode abrir agora. -Ela diz tocando minha mão enfaixada. Mas não é a mão de minha mãe Cecília que toco, é minha irmã. É Cibely! Começoa chorar tudo que não chorei estes dias todos. Mas dessa vez de felicidade. -Que saudade sua chata! -Digo a abraçando. -Estive fora uma semana Jibs! Mas morri de saudades também. E vim noDomingo como prometi. -Ela diz me soltando com cuidado. -Já é Domingo? Nossa! Me perdi no tempo...-Mamãe me entrega um lenço parasecar a cachoeira de lágrimas. -Jibely...quantas vezes te disse para não brincar com fogo. -Minha irmã sempreameniza toda situação tensa. -Há há...espera eu sarar. -Digo sorrindo. George se aproxima e coloca a mão no ombro da Cibs carinhosamente. Sorrindoele diz que já se conheceram. -Que bom, e aí Cibs o que achou do seu ídolo. -Pergunto sentindo algo estranho. -Ele é um GATO, olha pra isso. Sou muito sua fã George, tenho revistas e mais

revistas no meu quarto. -Ela diz descontraída. -Vi quando dormi lá. -Ele diz com toda intimidade com Cibs.

Martin e George logo vão pra casa e prometem voltar amanhã. Mamãe servemacarronada à noite mesmo, todos comem comigo na sala, conversamos bobagens,assistimos TV e George brilha com tudo que Cibs diz sobre ele. Eles querem que eu me distraia, todos entendem tudo pelo que passei, até Cibs,mas remoer agora não vai me fazer bem...e eles sabem disso. -Jibely, vamos pra casa agora. Cibely vai dormir com você pra te ajudar e Georgecontinua no quarto dela. Ele te salvou duas vezes querida na mesma semana, nãoescolheria pessoa melhor pra te proteger da Júlia. -Meu pai que é sempre turrão evago disse o que eu penso que ouvi? -É Jibs, vou matar a saudade desses desnaturados aqui que abandonaram a pobrefilha de 18 anos pra viajar pelo mundo a fora...outra hora. -Cibs morre de rir com acara de papai. -Você que nos deu a viajem Cibely Flores!!!- Ele se irrita. -Ela tá brincando 'bem'. Agora vamos! -Ela segura as mãos de papaicarinhosamente e se despedem de mim. -George, qualquer coisa me liga. Se tiver notícias sobre o caso me coloque à par.Cuida da minha filha...-Papai diz a George na porta. Eles vão tranquilamente e ligam assim que chegam em casa como pedi. Agora todaprecaução é pouca. Fico assistindo TV e George conversa animadamente com Cibely na cozinha, quelava alguns pratos. Acho que estou sentindo ciúmes... e afasto este pensamento assim que elessurgem. -Jibs! Hora de trocar as ataduras senão vão colar na pele. -George diz trazendouma malinha de primeiros socorros. -Uma dessa me fez tanta falta na mata...-Digo enquanto a música me vem acabeça.

♫ 'Viajamos sete léguas por entreabismos e florestas' ♪

-Não pense nisso agora. Se doer é só gritar! -Ele diz sorrindo. -Ok. E se não doer? -Brinco. -Se não doer eu ganho um beijo. -Ele diz sem me olhar. Fico vermelha com a brincadeira dele e me concentro em não olhar para as bolhas.Mas eu olho e estão cheias de pus. George começa a limpar e passar a pomada que refresca instantaneamente aqueimação. Meus pés estão melhor e a inflamação do espinho quase não existe. -Logo vai ter que ficar sem elas, pra pele secar...-Ele diz passando novas atadurasnas minhas mãos. -Eu sei, mas hoje quero ficar sem vê-las. Como não tem nojo disso? -Ficointrigada. -Vi muitos amigos feridos na polícia...-Ele pausa. -É claro, me desculpe. -Encerro o assunto. Cibely traz o antibiótico e o analgésico potente. Tomo tudo e apesar das dores,me sinto abençoada por essas duas pessoas estarem comigo agora. -Obrigada. Vocês são 1000! -Sorrio. -Não liga George, ela fica assim quando toma remédios. -Cibely perturba. -Boba...vem cá, não vai me contar de Londres? -Tento me deitar sozinha. -Vou tomar um banho rápido e fazer umas ligações. Qualquer coisa me gritem! -George diz saindo preocupado.

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Capítulo 43- Bálsamo

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Meu Anjo

-Cibs, me conta tudo! O que Renan sabia? -Vou logo ao assunto. -Calma...como eu te disse, acabou que o Renan me encontrou. -Ela enrosca seuscabelos negros e lisos num coque malfeito. -Isso eu li nas suas mensagens curtas...-Assopro o ar impaciente até que elacomeça: “Estava num Pub com a Megg, chateada por não ter encontrado o Renan. Elatentava me animar em vão, quando um garçom me trouxe uma bebida oferecida porum moço que quando o garçom apontou, ele sorriu. Era o Renan e um amigo.Conversamos os 4 até os garçons quererem ir embora...foi muito legal! QuandoMegg saiu com o amigo dele para esticar a noite ele me levou para conhecer seuslugares favoritos lá. Mas vejo que você quer que eu pule esta parte...” -Se puder...-Faço sinal que continue: “Quando estávamos a sós, num parque já pela manhã, ele disse que eu estavalinda...eu quase morri com aquele Deus grego me chamando de linda...” -Cibs!!! Foco! -Peço a ela: “Tá bem...bom...ele falou por vontade própria que saiu da empresa do pai edepois do Brasil por que viu Ryan fazendo algo horrível lá dentro. Renan tentoufalar com o irmão para contar tudo ao pai, mas Ryan achou que seu Robert nãoaguentaria, já que sofre do coração. Não aguentando saber das coisas erradas queRyan cometeu até “a coisa horrível”, Renan o pressionou mais pela verdade, nessaconversa a secretária loira ouviu tudo. Ryan desesperado ameaçou dizer que seRenan contasse ao pai, o que acontecesse depois seria culpa dele. Ou seja, se RobertTagetes morresse, a culpa seria de Renan. Por isso ele largou tudo e foi pra

Londres, pois sabia que não aguentaria mentir para o pai.” -Caramba...mas ele não disse qual 'coisa horrível' que Ryan cometeu? -Ficochateada por ficar juntando peças da vida de Ryan. -Não quis me dizer o que era...mas ele disse que sempre gostou muito de nossafamília, de você...o Ryan que sempre foi muito ambicioso. -Minha irmã sorrilembrando o seu deus grego. -Então foi uma coisa boa não ter me casado com Ryan, descobrir essa 'coisahorrível' e a traição com Júlia, com um bebê pequeno acabaria mais ainda comigo. -Digo me afundando nas almofadas. -Que bebê? Você teve um bebê Jibely? -George surge em nossa frente. -Vou deixar vocês a sós, eu que mereço um banho agora. -Cibely sai à francesa. George senta perto de mim colocando delicadamente minhas pernas em cima deseu colo e as cobrindo com uma manta que trouxe do quarto de Cibely. -Você teve um bebê Jibely? Com Ryan? -Ele me olha como se eu tivesseescondendo um segredo. -Não tive...eu perdi aos 3 meses de gestação. -Meus olhos enchem de lágrimas. -Por que não me contou esta parte? Disse que tinha contado tudo aquele dia narede... -George segura uma de minhas mãos enfaixadas. -Porque ela dói George...ela me dói muito. -Começo a chorar. -Sabe, a minha noiva, estava grávida também. Não sei se ela queria me fazeralguma surpresa. Mas eu só soube depois que fizeram a autópsia...eu sinto tantoJibely, me sinto tão culpado. -George deixa uma lágrima cair. -Você é tudo que o Ryan não foi pra mim George...e nem somos namorados. Eunão escondi nada de você, Ryan é que não sabe do bebê, nada mudaria se elesoubesse. -Digo secando meu rosto. -Ele precisa saber, todo pai merece isso. Mesmo que ele não mereça. -Seus olhoscerram quando ele fala em Ryan. -Nessa história toda, você acha que o Ryan é a vítima ou o vilão? -Tento mudarde assunto. -Acho que ele foi ambicioso com algo, machista, traídor, mentiroso, e depois foichantageado por isso até acabar como acabou. -Ele tenta me animar.

-Só tudo isso né? -Dou um sorriso triste pra ele. -Você que não merecia sofrer tudo que sofreu. Não me conformo com isso. Vocêprecisa de alguém que cuide muito de você meu anjo. -Ele faz carinho nos meuscabelos. -Martin me chama de 'meu anjo' sempre. Como se parecem...- Suspiro. -Fico feliz que me compare ao seu amigo gay Jibely. -Ele brinca se fazendo deofendido. -Seu bobo...ele é tudo pra mim. É um bálsamo que cura todas as minhas dores. -Passo a ponta de meus dedos em sua barba por fazer que pinica de uma formaengraçada. -Eu queria te dizer uma coisa Jibely...-Ele olha dentro dos meus olhos agora. -Diga...-Retorno o olhar quando minha irmã aparece perguntando se queremoschá. -Eu quero Cibs. -Digo esperando George terminar a conversa. -Atrapalhei algo? Já estou saindo...-Cibely vai até a cozinha e fica nos espiandode longe. -Depois eu digo Jibely. Depois do chá. -Ele sorri soltando minhas pernas esaindo. George diz que precisa ligar pra Trovisco, acabou esquecendo. Vai até o quarto deCibs novamente. -Maninha, já estão nessa intimidade toda? Achei que iam se pegar aqui no sofá! -Ela cochicha no meu ouvido provocando. -Vai se lascar Cibs! Ele estava sendo meu amigo. -Começo a me sentar de novo. -Eu acho que não. Ele parece caidinho por você. -Ela sorri abanando as faces. -Você que era fã dele...não me atormenta Cibely Flores. -Tento bater dela e sinto amão arder. -Bem feito. Eu sou fã, não quero me casar com ele, e quer saber...estou louquinhapelo Renan. Ele veio comigo sabia? -Minha irmã é inacreditável. -E ia me contar isso quando? -Pergunto aumentando o tom. -Esqueci, você queria o resumo...acabei esquecendo! -Ela revira os olhos. -Ele foi direto ver o Ryan? -Veludo aparece preguiçosamente querendo o meuamor. Começa a afofar minhas pernas quando Cibely continua:

-Foi, eu disse tudo que aconteceu depois do seu último email. Ele ligou para ospais e pediram que ele viesse logo. Como eu já tinha comprado às passagens prachegar hoje, ele resolveu vir comigo. -Ela diz sorrindo apaixonadamente. -E vão se ver de novo? Sabem quando? -Lembro da obsessão de Júlia por Renanquando era minha amiga. -Vamos, assim que ele saber direito como Ryan está, ele já sabe onde moramos eassim que der vem me ver. -Ela dá uns pulinhos de alegria. -Nem preciso perguntar se 'ficaram' lá em Londres. É o amor! Mas e Ryan ondeele está mesmo? -Começo a ficar agoniada. -Ficamos sim, ele é muito diferente de Ryan. Bom se entendi direito levariam oRyan para o Hospital Lírio do Campo. Que é aqui perto. -Ela diz sem entender. -Maninha, Júlia está a solta, grávida e furiosa. Ela sempre amou o Renan e tenhocerteza que ela se aproximou do Ryan para, além de querer se dar bem na vida,queria se aproximar do seu deus grego. -Digo juntando várias peças. -Você disse isso antes de eu viajar...meu deus grego não! -Cibs fica brava. -Minha preocupação não é o Renan..mas você! Não espalhe que está com eleainda. Por favor? Só até acharem ela...-Peço a minha irmã. -Está bem, vou dizer isso pra ele agora também. -Ela se levanta em busca docelular. Quando todo esse pesadelo vai acabar? Onde será que a Júlia se enfiou? E apergunta fundamental: Quem ela odeia mais nesse momento? Júlia estava decidida a me matar. A mim e ao Ryan também. Mas se descobrir queCibely está com Renan não quero nem pensar no que ela será capaz de fazer. Bebo na xícara de chá que ela deixou esfriando na mesa de centro. Olho na estanteo vasinho de cacto-bola que George me deu quando veio 'morar' comigo. Aindaflorido. -Jibely, falei com o Trovisco. -George senta-se no tapete violeta e Veludo trocarapidamente o meu colo pelo dele. -Quais as novidades? -Me enrosco na mantinha. -Quando Brandon soube que seu irmão morreu no tiroteio, ele resolveu fazer um

acordo com a polícia, vai contar tudo que sabe em troca de diminuição de pena. -Eletenta explicar na minha linguagem. -E contou? Sabe o que é? E Narcisa e Érica? -Disparo em fazer perguntas que nãoquerem calar. -Ainda não. Vai contar quando seu advogado disser que pode contar. Écomplicado. As duas mulheres ainda serão transferidas pra cá e depois serãointerrogadas. Mas a cabeça disso tudo é Júlia que vai responder por formação dequadrilha, cárcere privado e muito mais. -Ele tenta não se alongar muito. -Ryan não conta, Júlia achava que eu sabia, Narcisa sabe ou viu, Renan viu e nãocontou pra Cibs, e se o pai de Ryan souber ele pode morrer do coração. O que achaque é? -Digo pra alguém que trabalhava com estas coisas e pode realmente meajudar. -Não sei..pode ser roubo, assassinato, fraude, desvio de verba, já que ele éambicioso. A policia com certeza vai enganá-los para que abram a boca. -George dizencostando as costas no sofá. -Vai dizer que alguém já contou tudo e fazer o mesmo com todos até que alguémabra a boca e entregue o segredo. -Digo orgulhosa de mim. -Isso mesmo. Onde aprendeu isso? -Ele olha curioso. -Vejo muitos filmes baby. -E dou um sorrisinho cansado pra ele. -Já está tarde. Vou te levar para sua cama, quer dar uma parada no banheiro?Precisa descansar muito. -Ele diz deitando Veludo na minha mantinha. -Quero fazer uma parada no banheiro. Mas deixa que eu me viro lá sozinha. -Falosem jeito. -Tudo bem. Vamos então. -Ele me carrega até lá e depois até o quarto. Cibs já arrumou tudo. George me trata como uma coisa que vai quebrar a qualquerhora.Será que vou?

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Capítulo 44- Flores de Cetim

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Separação

Cibely me ajuda a trocar a roupa comprada por Martim, deste moletom elagostou. Escolho um pijama leve, de calça e camiseta com mangas. Minhas mãos começam a latejar e ela chama George pra passar mais pomada quevem mais rápido que a velocidade da luz. -Já estava deitado? Não queria te atrapalhar. -Digo constrangida por ele não terobrigação de fazer isso por mim. -Não. Estava lendo “Um Homem de Sorte”, gostei daquele livro. -Ele sorrienquanto assopra minhas mãos depois de passar a pomada.

-Esse autor manda muito bem. Li há muito tempo atrás o “O diário de Noah” quehoje chamam de “Diário de Uma Paixão”. Tem filme e tudo. -Digo me lembrandodo amor de Noah pela Allie. -Vi o filme. Gostei muito. Não sabia que era do mesmo autor. -Ele já enfaixaminhas mãos novamente. -Acha que existe amor assim? Que dura pra sempre? Mesmo que a pessoa nem selembre de você? -Pergunto ao ator que me ajuda a deitar na cama. -Eu acho que sim. Acredito no amor ainda. -Ele sorri pra mim sentado ao meulado. -Só isso? -Esperava que ele dissesse mais como nas novelas. -Por enquanto sim. Boa noite Jibely. -Me dá um beijo na testa e sai do quarto. “Só isso...Por isso detesto novelas.” Penso. Cibely volta e se desculpa por não aguentar ver minhas feridas. Diz que dá agoniae tem medo de me machucar. Tadinha. Sem dor alguma consigo dormir rapidamente.

*Segunda-Feira

Como é engraçado o tempo, como tudo pode mudar em uma única semana. Ondeeu estaria agora sem George para me salvar 2 vezes? Há uma semana só queria curtir minhas férias e planejar uma viagem. Masdescobri que não adianta planejar muito. Acordo com mamãe falando pela casa, George rindo com as gargalhadas de papai eCibs sendo melosa ao celular com Renan. A casa cheia assim me lembra da época em que vovó morava aqui com vovôFelipe. George teria adorado conhecê-lo. Ele dizia que nada nesta vida acontecia por acaso, que o nosso Destino já estavaescrito mesmo antes de nascermos. Enquanto penso no vovô me levanto devagar e vou me arrastando silenciosamentepara o banheiro. Depois da higiene, volto para o quarto e coloco um vestido indiano

e amarro meu cabelo num rabo de cavalo com uma echarpe âmbar. Vou devagar até a sala e dou um grande abraço em meu pai que fala de futebol comGeorge que me dá um 'oi como está se sentindo hoje?' bem animado. 'Melhor que ontem' digo sorrindo pra ele. Vou até minha mãe que conversa agoraseriamente com Cibs na cozinha sobre Renan. A mesa está toda recheada de torradas com geléia, café, leite, chás e bolo...conheçode longe o famoso bolo de laranja da dona Cecília. -Tava com saudades do seu bolo mãe! -Digo cortando um pedaço. -Você merece filha, depois de tudo que passou...-Ela me dá um beijo. -Já passou. Mas se quiser fazer minhas comidas favoritas eu aceito ma-mãe!!! -Pisco meus dois olhos pra ela, brincando. Veludo vem se enroscar no meu vestido longo e distraída com meu filhote as duasvoltam a conversar sobre Renan. Quando elas saem para a lavanderia George surge atrás de mim me dando umgrande abraço exatamente igual o abraço de Martin. Me dá um beijo no rosto e senta-se à mesa me fazendo companhia. Está lindo eradiante com seus cabelos livres e roupas informais. -Já tomou café? Este bolo de laranja é di-vi-no. -Digo com a boca cheia. -Já, seus pais já me fizeram provar de tudo. -Ele sorri para Veludo que tenta subirna mesa mas George o coloca em se colo. -George...teve mais notícias de Trovisco? -Digo segurando a xícara com as duasmãos, pensativa. -Ele disse que provavelmente hoje ela vai ser presa, talvez nesse momento játenham pegado ela num hotel perto daqui. Ela foi rastreada pelo cartão de créditoque não pára de usar. -Ele diz sorrindo. -Por isso está tão radiante hoje? -Fico animada com a notícia. -Sim,porque logo poderemos continuar de onde paramos...-George mostra seusdentes brancos e perfeitos. -Nos 7 dias...termina hoje George. E foi tudo um desastre. -Comento com ele. -Não quero nem saber desses 7 dias mais Jibely. Eu quero continuar de onde NósDois paramos. -Sinto seu olhar queimar meu coração -E onde nós dois paramos George? -Termino meu café e me levanto devagar. -Paramos ali no seu jardim. Lembra? -Ele me ajuda a chegar até o sofá.

-Ahh isso! Estávamos sendo honestos um com o outro. -Olho pra ele comcarinho. -Isso...Faz dias que eu penso em te dizer uma coisa e tento e não consigo...-Eleolho para o chão preocupado. -Pode perguntar George...não tenha medo. -Viro seu rosto para o meu lado comas pontas dos meus dedos. -Você ainda ama o Ryan? Você está até a raiz dos cabelos envolvida nosproblemas dele, quase morreu com ele , eu quero saber. -Ele está sério. -Não sei se o amo, mas ainda sinto um carinho forte por ele, mesmo depois detudo que ele me fez sofrer. Não sei George...-Fico um tempo olhando para o nada. -Eu entendo. Ainda deseja escrever a crônica na Revista +13Teen? -Nãoentendo aonde ele quer chegar. -Adoraria, mas olha minhas mãos! E não temos fotos, e eu tornei sua estada aquium inferno...-Ele começa rir. -Tá brincando? Você me fez sentir o gostinho da vida real novamente, você metrouxe de volta Jibely...eu dirigi de novo! -Ele comemora enquanto reviro meusolhos. -George...você é mega famoso segundo minha irmã. Como não estava vivendo avida real? Que graça há na vida de nós meros mortais. -Debocho. -Não me faça perguntas que você já sabe a resposta Jibely...-Flox me olhacarinhosamente me fazendo arrepiar. -Ok. E sobre as fotos? E minhas mãos..acho melhor desistir e pagarmos a multa. -Resmungo. -Jamais. E não há multa sua boba. Se você tivesse lido até o final do contrato veriaem linhas pequenas que aquele papel não tem nenhuma validade legal. -Ele confessa. -Como? Me explica isso direito. -Começo a ficar brava. -Verônica minha agente me ajudou a armar tudo, eu queria te conhecer desde queouvi sua voz pela primeira vez. O convite da revista é real, conhecemos o dono, masnão há pressa nenhuma pra isso. -O ator atuou direitinho. -Detesto ser feita de boba George...é o que todos sempre fizeram minha vidatoda...deve ter a palavra 'idiota' estampada na minha testa. -Digo tremendo a voz. -Não foi assim, eu só queria dar um tempo da minha vida de puxa-sacos o tempotodo, de fãs histéricas...eu queria mesmo passar míseros 7 dias com alguém que não

me conhecesse. E serviu você que me odiava. -Ele joga na minha cara. -Não te odiava, bom eu odiava, é que...-Me atrapalho. -Você me julgou sem me conhecer Jibely, igual sempre fizeram com você. Talveztudo isso tenha acontecido porque sempre deva ter julgado a todos também. -Elecontinua acusando. -Vai embora George! Obrigada por ter me salvado, mas já que eu deva ser culpadadas minhas tragédias...deveria ter me deixado morrer. Vai embora! -Começo a gritar elogo mamãe, papai e Cibs aparecem pra saber o que acontece. -Eu não me arrependo de nada Jibely, e não vou a lugar algum até que esteja forade perigo. -Ele fica nervoso. -Vai George, ela tá nervosa. Vamos ficar com ela aqui até quando ela estivermelhor e a Júlia esteja na cadeia. -Meu pai tenta ser prático. -Eu não quero ir senhor Romero. Ela precisa de mim. -George fica triste e sai prafora com meu pai. -Jibely, que foi isso! Por que brigaram? -Cibs pergunta. -Ele disse que não existe contrato nenhum, que queria passar 7 dias com alguémque não gostasse dele, ele me fez de boba. -Choramingo. -Mas ele salvou sua vida 2 vezes querida. Não seja mal agradecida. -Minha mãetenta amenizar. -Devia ter me deixado morrer! Me acusou de tê-lo julgado igual as pessoas semprefizeram comigo na escola. -Digo me levantando devagar. -E não fez isso mesmo? -Cibs solta como uma boba concordando com Flox. -Isso foi culpa sua..você era fã dele e usou meu nome de propósito. Estou cheiadas suas brincadeiras Cibely. -Aponto pra Cibs. -Deixa ela filha, está nervosa. Deixa ela pensar no que fez. -Minha mãe sussurraatrás de mim que vou chamando Veludo pra me acompanhar até meu quarto. Tranco a porta do quarto furiosa. Veludo deita na minha cama e me deito com elechateada. Que droga. Por que todos sempre mentem pra mim? Mas é por isso mesmo que fiquei nervosa? Comecei a ficar irritada desde que elefalou em Ryan. Ryan é meu ponto fraco.

* Um tempo depois Martin bate na porta. Abro pra ele que me abraça forte, então

começo a chorar. Ele me faz carinho. -George está la fora? -Pergunto fungando. -Não amor, seu pai disse que ele foi embora pra casa da mãe que é aqui perto. Oque houve? -Meu amigo senta comigo na cama bagunçada. -Eu me irritei com ele por bobagem, depois vi que minha irritação era porRyan...não achei que ele fosse embora de verdade. -Lamento. -Quando mandamos alguém embora é porque queremos que ela vá embora...-Martin filosofa. -Ou queremos saber até onde ela se importa conosco. -Concluo. -Ele salvou sua vida meu anjo...queria mais o que? -Martin diz em tom seco. -Eu não sei...eu não sei...estou confusa, tenho pesadelos quando lembro daquelafloresta fria, das risadas de Júlia planejando minha morte e de Ryan, do caracorrendo atrás de mim até a fogueira...eu não sei o que devo sentir. -Explico a ele queouve pacientemente. -Tudo bem. Então espera Jibely, espera o tempo dizer o que você quer. Agoravamos almoçar que sua mãe mandou chamar. -Ele se levanta. -Não vou...não quero almoçar. -Faço manhã como uma garotinha assustada. -Vai sim, Rick está aqui e viemos por você. Começa a encarar seus problemas porfavor...é hora de crescer Jibely e esquecer o passado. -Ele me ergue e vamosagarrados até a cozinha. Martin nunca foi tão severo comigo assim. Permaneço calada durante o almoço erespondendo vagamente quando me perguntam algo. Papai, mamãe e Cibs não falam em George e é tudo como se George nunca tivesseexistido. Olho seu lugar à mesa vazio e sinto uma dor no coração.

* Martin e Rick saem pra trabalhar e estudar respectivamente. Prometem voltar nojantar. Mamãe e Cibs saem pra fazer compras chateadas comigo ainda e eu fico comVeludo e papai assistindo TV na sala. Papai está com uma almofada no colo alisando as pequenas flores feitas com fita. -Que fita é essa filha? É tão macia...-Ele puxa assunto. -Fita de cetim, a almofada é enfeitada com Flores de cetim. -Explico a ele. -É linda, onde comprou? -Ele se diverte amaciando as flores da almofada. -Eu que fiz pai, nunca reparou nela? -Pergunto me lembrando que há anos não

faço mais almofadas. -Não venho muito aqui desde que sua avó morava aqui. Você e Ryan ou Martin éque vão muito lá em casa quando não estamos viajando. -Ele me lembra. -É verdade, e homens não são muitos detalhistas não é? -Sorrio pra ele. -Não muito, mas sabemos apreciar uma bela flor quando vemos uma. -Ele sorriestranhamente. -Que papo de flor é esse? -Estranho meu pai. -George ficou conversando comigo enquanto eu o convencia a ir embora. Foidifícil querida, ele sente obrigação de cuidar de você. -Meu pai ajeita seus óculos. -O que ele disse? -Me interesso pela conversa. -Pra trocar suas ataduras nas horas certas como fiz antes do almoço e não tedeixar sozinha até que tudo esteja bem. -Ele se lembra. -Só isso? -Estranhamente espero por mais noticias. -Falou de flores, que você é a flor de fogo dele, tentou me explicar a lenda da florde fogo mas não entendi muito. Mas disse que você é a flor de fogo que o curou. -Papai volta a alisar a almofada. -Flor de fogo...sempre li muito sobre ela. Cura qualquer doença nas histórias.Então ele não estava brincando comigo? -Pergunto indecisa pra ele. -Lógico que não filha...Ryan brincou com você , George parece gostar muito devocê. Nós vimos como ele foi eficiente nas buscas. -Papai faz minha consciênciapesar mais ainda. -Por que mandou ele embora papai? Se acredita tanto nele? -Imploro com olhosmarejados. -Pra você sentir falta dele e acreditar nisso filha. -Ele sorri e vai até a cozinha fazermais café.

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Capítulo 45- Coroa Imperial

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Dia 7

Vou até o quarto de Cibely e não há mais nada de George lá. Se ele é tão bom porque foi embora tão rápido assim? Nem se despediu de mim. Mas também me tranquei no quarto...”Como souburra” Digo em voz alta. -Concordo. -Cibs entra feito um fantasmo no quarto. -Não ouvi vocês chegando...olha me desculpa Cibs, eu não quis te magoar. -Digoenvergonhada. -Tudo bem, como irmã mentalmente mais velha eu te perdoo. -Ela faz careta pramim. -Eu mereci essa, tudo bem. -Dou um abraço nela arrependida. -Então é assim que acaba seus 7 dias, sem o George? -Ela joga na minha cara. -Não acabaria alguma hora? Talvez seja melhor assim. Livrar ele de tudo isso. -Tento resumir. -Mas ele não queria se livrar de tudo isso. Maninha, que cara se deu tão bemassim com o papai? Nem do Ryan ele gostava. -Ela joga pesado. -Ele adora o Martin. -Esnobo indo até a porta. -Claro, o Martin tem chance de se casar com você...-Ela ironiza. -E o George tinha? Não lembro de estar namorando ele. -Emburro de novo. -Se Ryan, Júlia e seu passado deixassem...eu sempre achei ele perfeito pra você,por isso troquei meu nome, por isso sempre te chamei durante o ultimo ano praassistir a novela comigo, pra ver se você esquecia de Ryan. A vida passa rápido

irmãzinha e uma pessoa como George não se joga fora assim. -Quando ela termina jáestou de costas pra ela, indo ver minha mãe. Hoje é o dia de quê? Combinaram de me jogar no jogo da vida mesmo? Depois detudo que passei? Minha mãe mexe na cozinha inventando alguma coisa pra fazer pra gente, ofreezer está lotado e ninguém reparou que fiz compras. -Mãe...também acha que eu fui ruim com o George? -Me sento na cadeira desempre. -Um pouco querida, mas é assim que você faz quando chega perto do amor...vocêo expulsa e prefere escolher os que te ignoram. -Ela seca as mãos num pano deprato. -O amor que sempre foge de mim, não estou entendendo...-Realmente nãoentendo nada. -Você sempre se concentrou em seus defeitos filha, nos defeitos que as pessoasdiziam que você tinha. E nunca prestou muita atenção em quem gostava de você degraça. -Ela me olha sorrindo. -Pode explicar mais? Me passe a xícara de chá que estou ficando nervosa. -Peço respirando fundo. “Só descobriu que Cibely era sua irmã depois que ela te deu um gato! Ela semprefoi legal com você. Aquele amiguinho seu do Fundamental...o Otávio, nosso vizinho,ele sempre perguntava por você e você preferia ficar chorando no quarto pelos quenão gostavam de você. No ensino médio tinha o Smack...” -Slash mãe! Ele tinha o cabelo do Slash do Guns 'n Roses. “ Tanto faz, ele vivia te ligando e você sempre estava falando do Tuts, chorandopelo Tuts, enfiada no quarto com a Júlia...Depois de Veludo que você parou dechoramingar um pouco pelos seus defeitos.” -Eu não aceitava meu cabelo enrolado e rebelde como aceitaria o do Slash? -Ficochocada com este pensamento. George estava certo.

“E antes de Ryan teve o Jorge. Lembra? Ele era louco por você mas vocêterminou com ele por que ele nunca disse te amar...que diferença essa palavra fazse a Ryan a esbanjava com você sempre e fez o que fez? “ Game Over. Mamãe deu o golpe fatal. -Por que nunca me disse isso antes mãe? Eu nunca olhei pelo sua visão. -Abaixo acabeça na mesa. -Porque tem coisas que só compreendi melhor viajando filha. Lugares novos,culturas novas ajudam a gente a refletir nossa vida e até a de quem amamos. -Eleergue meu queixo com as mãos frias. -Obrigada mãe, você é a melhor mãe do mundo sabia? -Lágrimas saem sem que euas sinta. -Eu sei querida...eu sei...-Cibely definitivamente a puxou.

*

Mamãe tem razão. Sempre olhei pelo meu lado de vítima. Só enxerguei Cibsdepois dela me entregar Veludo e dizer tudo que disse. Sempre achei que o mundodeveria me amar e nunca olhei para quem me amava como eu era. Me sentindo péssima fui para o quarto chorar. E lá fico até a hora de dormir.Pensando em tudo que aconteceu nesse último dia que deveria ser ao lado deGeorge. Cibs me traz o livro do Paulo Coelho, Maktub, e quando pergunto do outro ela dizque George o levou na mala. Gosto de Maktub, é aquele tipo de livro que você não preciso ler na ordem certa.Basta escolher um lado da página e abrir ao acaso. Penso em George quando abro na seguinte citação: “Diz o mestre: A palavra é poder. As palavras transformam o mundo e ohomem. Todos nós já escutamos dizer: 'Não se deve falar das coisas boas que nosacontecem, pois a inveja alheia destruirá nossa alegria.” Nada disso: os vencedores falam com orgulho dos milagres em suas vidas. Se

você coloca energia positiva no ar, ela atrai mais energia positiva- e alegra aquelesque realmente lhe querem bem. Quanto aos invejosos, aos derrotados- estes só poderão lhe causar algum danose você lhes der este poder. Não tema. Fale das coisas boas da sua vida para quem quiser ouvir. A Alma doMundo precisa muito de sua alegria.”

Maktub - página 113

Como uma luva pra mim. Principalmente na parte “Quanto aos invejosos, aosderrotados- estes só poderão lhe causar algum dano se você lhes der este poder.” Sempre dei poder de mão beijada as pessoas que queriam me derrubar. E esquecide compartilhar a minha felicidade com quem realmente merecia. Preciso falar com George urgentemente. E com Ryan para acabar de uma vez portodas com esse laço invisível que nos une ainda.

*

A terça feira chega fria e chuvosa. Papai trocou as ataduras antes de eu dormir etrouxe leite quente para tomar com os remédios. Ele ficou com o quarto de Cibs quefoi dormir na casa da nossa mãe. Agora acordo com frio mas tenho de levantar, ir ao médico e depois passar nadelegacia para dar meu depoimento. Vai ser duro, fazer tudo isso sem George ao meu lado. Mas fico feliz por ter meupai ao meu lado. Depois do café e do banho, o Sr Romero me apressa para o médico com hora marcada. Cibs com minha mãe e Veludo em casa. O médico diz que ainda é cedo pra me livrar das ataduras devido as gravesqueimaduras, mas meus pés estão bem e sem infecção alguma. Realmente malmanquei hoje. Do médico seguimos devagar até a delegacia, com a lerdeza do meu pai ao dirigir.Quando reclamo ele manda eu dirigir pra ele. Meu pai sabe ser igual a mim quando quer... Dou o depoimento oficial a Trovisco. Que pergunta por George. Digo que nos

desentendemos e ele foi embora. Trovisco muda de assunto e conta que quasepegaram Júlia ontem. Mas ela escapou na última hora. Ninguém que está preso abriua boca, ninguém entrega o crime de Ryan. Renan chega quando estamos saindo e pede que eu o espere pois quer ver minhairmã. Ele diz a meu pai que pode ir na frente, pois ele me levará assim que terminarseu depoimento. Aproveito e digo que antes gostaria de ver Ryan, ele concorda. Meu pai jácansado de tanto esperar vai embora e pede que tomemos cuidado.

* Quando ele termina, seguimos até seu carro. Não pergunto sobre o que ele sabepois ele não entregaria o irmão mesmo, a ponto de colocar a vida do pai em risco. Renan é bem formal e educado, a frieza dos ingleses o deixaram misterioso eelegante. Do jeito que minha irmã adora. Paramos pra almoçar antes de irmos para o Hospital ver Ryan. Ele me leva para oRestaurante Coroa Imperial. Tudo a ver com seu mundo agora. O lugar é divertido, todos os pratos tem nome de reis e rainhas da históriamundial. É bem divertido ver as garçonetes e garçons com roupas clássicas masajustadas aos dias de hoje que conheço bem... Recebo uma tiara de princesa e Renan uma coroa que fica brincando fazendo posereal. -Traz a Cibs aqui que ela vai amar. Nem sabia desse restaurante, como soubedele? -Digo enquanto como o prato Rainha Elisabeth, Rena escolheu o Rei Luis XIV. -Faz tempo que não venho ao Brasil, mas tenho amigos aqui ainda, e sou sóciodeste aqui. Mas eles não sabem ainda.- Ele diz apontando para os funcionários. -Tá explicado. Adorei! Obrigada por me trazer aqui, estava mesmo com fome. -Digo devorando a Rainha Elisabeth. Depois do almoço seguimos até o Hospital tranquilamente. O frio está suportávelpelas camadas de roupas que estou usando, o cachecol de lã lilás e minha bolsa decrochê.

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Capítulo 46- Chapéu de Napoleão

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Revelações

Conforme me aproximo da hora que terei de falar com Ryan, meu estômago revirade ansiedade. Renan me disse durante a viagem que ele está melhor, mas muito machucado, foitorturado e continuaria até a hora que eu chegasse na “Irmandade” para as malucasterminarem o serviço nos matando. Constato tudo que ele disse quando entro no quarto impecavelmente branco evejo seu corpo inteiro inchado. Era pra mim estar assim, era pra nós dois estarmos enterrados agora. Sinto umarrepio subir na espinha. -Jibely, você está bem melhor que eu. -Ele brinca. -Pois é, essas são só luvas da moda, é o novo estilo hospitalar que bomba nomundo da moda. -Ironizo sorrindo pra ele. -É bom ouvir sua acidez depois do almoço, a comida sem sal não desceu direito. -Ele rebate. -Ryan, falando sério, eu vim te contar uma coisa. O assunto é sério. Encontreicom Renan na Delegacia e ele aceitou me trazer aqui em troca de poder ver a Cibsdepois. -Digo me sentando ao seu lado. -Ele me contou que a encontrou lá em Londres, mundo pequeno não? -Ele diz semacreditar muito nisso.

-Muito pequeno. Estão apaixonados, mas eu pedi pra ela guardar segredo e pedirpra vocês também guardarem pois se cair no ouvido de Júlia...-Falo pra ele franzindoa testa. -Ele me falou, mas papai antes disso já havia dito pra vários amigos em comumque temos. Não sei não se Júlia já não sabe disso. -Ele se preocupa. -Acha que ela está por perto? Ou que alguém está dando abrigo a ela? -Perguntopreocupada com minha família agora. -Acho, ontem soubemos que uma falsa enfermeira tentou entrar aqui, quando elafoi descoberta saiu correndo, todas as características apontam pra Júlia. - Ele segurade leve minha mão enfaixada. -Ela quer nos matar ainda...o que fiz pra ela Ryan? Sempre a tratei bem. -Olho praele com olhos chorosos. -Antes nada, ela te usou pra conseguir tudo que queria e me usaria pra chegar até aRenan como você disse, mas depois de você fazer ela ser presa, ela ficou muito maismaluca Jibely, somando com nossa reaproximação. -Ele se cansa e para de falar umpouco. -É verdade, eu causei isso. Descansa que vou te contar uma coisa, só ouve tá? -Digo preocupada. Ele assente que sim com a cabeça. “Quando você terminou comigo eu estava grávida de quase 3 meses já, ia tefazer a surpresa na Lua de Mel. Mas depois que você pareceu amar a aliança dasua vó desisti de contar no restaurante. Desisti de contar em casa quando viaqueles presentes todos espalhados pelo chão. Dias depois minha família meobrigou a te contar, pois você merecia saber isso, bom, foi quando soube que vocêestava com a Júlia. A minha dor foi tão enorme que perdi nosso bebê, eu perdinosso bebê. Por isso fui tão difícil com você nestes últimos dias, pois eu passei umano tentando superar estas duas perdas. “ Choro muito de soluçar e ele chora comigo sentindo o peso da culpa. Eu peçodesculpas por não ter contado antes, isso poderia ter salvado nosso filho. -Não se desculpe Jibely, a culpa foi toda minha. Meus Deus eu teria um filho comvocê agora... Eu causei tudo isso quando...-Ele pára. -Quando fez alguma coisa grave e foi pego pela Narcisa e Renan, depois por Érica,

Júlia e Brandon? -Pergunto o óbvio. -Isso. Quando eu matei um homem Jibely. -Ele diz fazendo meus ossos gelaremmais ainda. -Meu Deus! Você teve coragem disso? -Estou chocada com ele falando issocalmamente. Deve ser os remédios. “Papai despediu um funcionário por justa causa, estava usando drogas evendendo na empresa. Mas também este mesmo funcionário sabia que eu desviavadinheiro da empresa pra uma conta minha. Ele fugiu pra não ser preso mas semprerecebíamos ameaças de morte em casa, primeiro ele queria dinheiro, depoisvingança. Pra mim ele ameaçava contar tudo ao meu pai. Um dia entrou naempresa armado, a polícia veio logo e o prendeu. Anos depois ele saiu no indulto dedia das mães, e não voltou depois do feriado. As ameaças começaram de novo emeu pai estressado teve um infarto e pensei que se ele contasse do desvio, meu painão aguentaria a decepção e morreria. Então marquei um encontro com ele e comajuda de um amigo, o mesmo que sofreu o acidente comigo, o matamos do modomais irônico, demos todas as drogas que ele pediu e fizemos ele usar todas de umavez só. Overdose letal. Um dia Renan disse que a polícia avisara que o talperturbador fora encontrado morto nas margens do rio Tietê. Que nós teríamospaz. Foi quando te conheci Jibely. Ele sabia dos meus desvios mas deixava passarpor ser meu irmão. Foi quando num momento de desabafo eu contei tudo a ele. Eledisse que eu deveria contar ao nosso pai, mas eu disse que o coração dele nãoaguentaria outra emoção forte assim, ainda se recuperando do enfarto. Ele decidiuse afastar e largou tudo aqui pra ir pra Londres me deixando a vice presidência queeu tanto sonhava. O que eu não sabia era que Narcisa Posenato nossa secretáriaouviu tudo e um tempo depois, quando faltavam meses para nosso casamento,começou a me ameaçar, ela era namorada do cara que eu matei e sabia mais doque precisava saber. Ela havia largado marido e filha pra ficar com ele. E delapassou pra Érica e de Érica pra Júlia e o mais louco é que todas fizeram parte doseu passado. Eu nem imaginava.” -Isso é grave Ryan. De uma chantagem você entrou em pelo menos 3 tudo pelomaldito dinheiro?! -Me viro brava com ele.

-Eu quero contar toda a verdade Jibely, quero tirar esse peso, mas e meu pai? Seráque ele aguenta? -Ele diz transtornado. -Se aguentou tudo que nos dois passamos...ele aguenta Ryan, tudo é melhor queficar preso a chantagens a vida inteira. E Júlia assim que for presa vai contar tudo.Todos parecem estar esperando ela ser presa pra abrirem a boca. -Comento. -Mas eu seria preso por assassinato. EU perderia toda as chances de ter você denovo...-Ele chora. -Você nunca me teve Ryan, o dinheiro sempre foi sua meta principal. Você e Júliasempre deixaram claro que me traíram por que quiseram. Mesmo antes dechantagem. -Toco suas mãos feridas de cigarro. -Você é bom Ryan, no fundo é bom, conte tudo e quem sabe possa responder emliberdade. Depois de um tempo. -Tento animá-lo. -Talvez sim, já que vou morrer sentado numa cadeira de rodas. -Ele puxa oslençóis.- Não sinto nada Jibely, não sinto nada desde que levei um tiro nas costas,Júlia atirou quando a polícia chegou e fugiu. -Ninguém me contou isso, todos diziam que você estava bem...-Começo a sentirum aperto na garganta. -Eu pedi, você quase morreu naquela mata também, queimou suas mãos, pra quemerecia sofrer com mais esta desgraça. -Ele se agita tentando mexer as pernasimóveis. -Não fala assim, você está vivo. Meu Deus que pesadelo. -Digo e saio correndodali chorando. Renan corre atrás de mim e digo que preciso de ar, que fique com seu irmão. Digovolto logo.Saio feito louca porta a fora do Hospital e vomito numa lata de lixo. Tudo começa a rodar, foi emoção demais até ali, contar do bebê pra Ryan, ele meconta um assassinato e que está paralisado pra sempre? Nesse tormento todo, vejo um vulto vindo em minha direção, quando meus olhosse focam dou um grito. É Júlia. -Um já foi, só falta você Jibely. -Ela diz tirando uma arma pequena do seuagasalho. -Júlia, não faz isso. Por favor, eu sempre fui sua amiga de verdade...-Não consigopensar em nada agora.

-Tem razão, foi sempre fofinha, vitimazinha, riquinha rebelde sem causa enquantoeu que sofri em casa com meus pais sabia? -Ela aponta pra mim tremendo. -Sabia, você dizia isso lembra? Passávamos as tardes lá em casa pra você esqueceras brigas. Por favor Júlia...-Choro baixinho. -Eu vou te fazer um favor Jibely, você desejou isso quando te encontrei banhada asangue em sua casa, nem sei porque chamei a polícia. -Ela se aproxima e eu vou mefastando lentamente. -Eu sou grata por ter chamado, você é a melhor amiga que eu já tive...Júlia porfavor, eu não aguento mais, pensa no seu filho. -Aponto pra sua barriga. -Pra quê ter esse bebê se a polícia está atrás de mim graças a você? Quero que esseverme morra logo. Igual o seu vermezinho. Nunca contei ao Ryan que minhaamiguinha estava grávida. -Ela toca na minha ferida. -Tudo bem Júlia, já passou. Vamos conversar. -Ela esconde a arma quando passaum guarda. Ela me puxa até um lugar vazio e pede que eu me ajoelhe e reze. Num últimopensamento mórbido que tenho dou risada. -Do que está rindo Jibely, quer morrer feliz é? -Ela tira a arma do bolso. -Estou rindo de nervoso Júlia...-Digo me lembrando dela numa peça da escolafazendo teatro com um Chapéu de Napoleão enorme na cabeça. Hoje vejo que ela é muito mais maluca que Napoleão e sua mania de grandeza.Quando penso em pular em cima dela vejo uma sombra se formar na frente de Júlia. -Se afasta dela Júlia, se você atirar nela eu atiro em você. -George diz segurandouma arma em sua direção logo atrás de mim.

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Capítulo 47- Lágrimas de Cristo

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Adeus

-Isso é uma piada? Um ator de novela me ameaçando com uma arma? -Júliaaponta sua arma pra ele e depois pra mim novamente. -Como sabe que ele é ator Júlia? -Pergunto surpresa com as mãos pra trás comoela pediu. -Ai que tédio...Tá em todos os jornais sua anta! “Ator famoso se diverte comruiva misteriosa em Bistrot” e lá estampado essa sua cara de ferrugem Jibely! Aténisso você tem sorte, te roubo o Ryan e você consegue coisa melhor ainda...-Ela dizperdendo a razão. -Ele pode te ajudar Júlia, ele entende de leis, abaixa isso e... -Ela me interrompe. -Cala a boca Jibely! O que você viu nela? Por que ela tem tudo fácil? -Elapergunta retoricamente pra George. -Abaixa a Arma Júlia! -Ele ordena. -Não. Nem que eu a aleije como fiz com o Ryan mas ela vai ter o que mereceagora. Fecho meus olhos ajoelhada esperando o golpe final. Ouço dois disparos. Georgecai em cima de mim. Olho pra Júlia que está caída em cima de Lágrimas de Cristo que enfeitam ofundo do Hospital, o sangue misturado com o vermelho das flores. George me levanta aparentemente intacto e fico sem entender como ele foi tãorápido. Ele me abraça quando as pessoas começam a surgir. -Como caiu em cima de mim e atirou tão rápido? Meu Deus você a matou? -Pergunto atordoada. -Eu caí em cima de você quando Trovisco chegou atrás de Júlia. Desviei do tiro

dela mas pegou de raspão aqui. -Ele me mostra seu braço forte sangrando. -Mas elateve menos sorte. Júlia levou um tiro na cabeça e morreu dramaticamente ali mesmo em cima dasflores. Das lágrimas de cristo. Começo a chorar abraçada ainda a George. Um tempo depois o levam pra dentrodo Hospital por estar ferido e Trovisco fica comigo. -Você é bem durona Jibely! Mas tem um dom pra se meter em encrencas...Tiveque atirar nela para salvar vocês dois. Que Deus a tenha. -Ele faz sinal da cruz. -Obrigada. Mas ela estava grávida...-Sinto uma culpa imensa. -Não estava não, Juliana contou tudo em seu depoimento. Ela perdeu o bebê, porisso quis se vingar de você. Depois roubaria alguma criança pra arrancar dinheiro deRyan. -Ele conta tudo calmamente. -Ela não ia parar nunca não é? -Pergunto ainda fitando seu corpo sem vida a minhafrente. -Psicopatas assim nunca param.. Vem comigo. Vamos enfrentar uma bateria dedepoimentos agora, George virá logo depois que cuidarem de seu braço. -Ele abre aporta da viatura pra mim quando fotógrafos da polícia e a perícia cuidam de Júlia.

*

-Adeus Júlia! Digo conforme o carro se afasta dos curiosos. Choro compulsivamente no trajeto do hospital até a delegacia. Trovisco me dá umcalmamente e fico quieta num canto de sua sala até que George chega preocupadocomigo. -Foi de raspão mesmo George? -Examino seu braço enfaixado. -Foi, estou bem. Jibely não faz mais isso comigo...-Ele me abraça como quemabraço um tesouro. -Mas como você me encontrou? Achei que estava bem longe de mim, depoisque...-Recordo a minha desfeita com ele. -Eu jamais te deixaria sozinha. Fiquei o tempo todo do carro do meu pai, tevigiando. Não estava com bom pressentimento depois que não conseguiram pegarJúlia. -Flox diz beijando minha testa. -Me seguiu ao médico, delegacia, restaurante e hospital? Tudo hoje? -Perguntosabendo que a resposta é sim.

-Uhum, eu não posso perder mais uma vez alguém que amo. Eu não me perdoaria.-Ele sorri e fica vermelho por confessar que me ama. -Senti tanto a sua falta George. Eu fui conversar com Ryan pra fechar nosso ciclode vez, mas ele me contou o segredo dele e fiquei tão perturbada que saí correndo delá, foi quando a Júlia me pegou. -Digo chorando. -Não chore, acabou Jibely. Acabou... -Ele se levanta quando minha família entracorrendo pra me abraçar. -George ligou pra gente, viemos correndo. Não acredito que seu pai te deixousozinha. -Minha mãe fala irritada. -Ele fez bem em deixar mãe, senão Júlia teria se vingado nele também...ela nãoestava bem. -Digo engolindo em seco. -Ela está morta. -Nós sabemos, estamos sabendo de tudo. Renan e Ryan ficaram sabendo porcausa do tumulto. -Cibs me informa. -Está bem mesmo filha? Me perdoa por te deixar sozinha? -Meu pai segura umchoro. -Vem cá paizinho, estou feliz que estejam bem, vou levar um tempo pra merecuperar disso tudo mas...acabou. -Abraçamos todos juntos quando Cibs puxaGeorge também.

*

Logo a família de Júlia também apareceu e Trovisco achou melhor ficarmosseparados. Os gritos de Juliana foram os mais raivosos e juravam se vingar de mim.Foi presa por desacato e instruída para quando sair ficar bem longe de mim. Todos depomos a tarde inteira. À pedido de Ryan, Renan contou todo o segredodele pra polícia e que ele estava a disposição para responder pelo crime. Se sentiuculpado demais por todo meu sofrimento e pela morte de Júlia também. A imprensa ficou sabendo de tudo, Verônica que já voltara das férias na segunda-feira, emitiu a nota que dizia:

“George Flox salvou a vida da ruiva misteriosa levando um tiro por ela.”

George ficou chateado com ela, pois já havia dito que queria largar quase tudo eser somente ator de teatro.

Finalmente fomos liberados na madrugada.*

-Jibely, não vou mais te importunar e agora é sério, não quero ver sua cara aqui denovo. -Trovisco ri e diz baixinho que torce muito por mim e George. -Preciso de férias Trovisco, mas está convidado para o casamento dos meusamigos que será em breve. Te mando o endereço depois. -Abraço o Delegado e vouembora com minha família. George se despede e me acompanha. Saímos pelos fundos a pedido dos policiaisque dizem estar cheio de Imprensa lá fora. -Tudo culpa da Verônica. Ela sempre pensa na imagem do ator... -George diz comdentes cerrados. -Agora já foi. Quanto tempo acha que ficarão em cima de você George? -Perguntopensando na minha paz. -Até outra notícia aparecer, não sei...me desculpa por isso meu anjo. -Ele meabraça carinhosamente. -Own que fofo! Olha pai. -Jibely diz ao nosso lado no banco de trás do carro doSr Romero. -To vendo...juízo hein seu George. -Ele brinca.

* Em casa a minha ficha cai de vez. Martin e Rick me recebem com muito amor.Veludo fica agoniado de colo em colo. Conversamos muito a madrugada toda. Minha mãe fez muito chá, choramos,George sempre ao meu lado, ainda me protegendo. Contamos todos os ângulos da história várias vezes, contei a todos tudo queRyan me contou, pergunto se sabiam que ele estava paralítico e somente George eRick confirmaram saber. Depois que tomo um banho quente meu corpo relaxa mas não consigo descansara ponto de dormir. Chamo George até a rede durante a madrugada. Martin, Rick eCibs Dormem no sofá. Minha mãe e meu pai conversam na cozinha.

*

-George...eu realmente preciso descansar uns dias antes do casamento dos meusamigos. -Digo segurando suas mãos.

-Pra onde pensa em ir? -Ele diz sem demonstrar muita preocupação. -Pra Minas Gerais. Quero passar uns dias com minha avó. Organizar minhasidéias. -Digo sentindo um ventinho surgir tímido. -Eu acho uma boa idéia. As coisas vão estar agitadas nos próximos dias. -Ele dizme abraçando. -Acho que sim. Estou oficialmente cancelando o falso-acordo. Tive uma idéiamelhor. -Digo levantando minha cabeça para olhá-lo. -E o que é? O que pode ser melhor que seu sonho de ser publicada na Revista+13Teen? -Ele beija minha testa carinhosamente. -Escrever um livro George. Escrever um livro sobre tudo que passei e sobre aforça destrutiva que o Bullying e Preconceito traz a nossa sociedade. -Digoesboçando um sorriso. Mas por dentro estou dilacerada. Lembro de Júlia estirada entre as flores. Dapequena Lis sem a mãe fútil. De Juliana gritando pela delegacia. -Eu vou te dar todo o apoio. É uma boa idéia Jibely. Mas descanse primeiro. -Vouficar te esperando. -Obrigada. Viajo amanhã mesmo se puder. E...eu não sei ainda o que sinto porvocê...por Ryan. Está tudo bagunçado aqui. -Aponto pra minha cabeça. -Não quero te pressionar a nada. Vou ficar ao seu lado mesmo que seja só comoamigo. Isso já decidi desde o seu desmaio na delegacia. -George me abraça de novobem forte. Como Martin. -Você é bem diferente do que imaginava. E não digo isso só porque salvou minhavida 3 vezes. Mas obrigada por isso de novo. -Deitamos na rede olhando um para ooutro. E assim adormecemos exaustos nos corpos e machucados para sempre nas almasjá feridas.

† † †

Capítulo 48- Açucena

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10 dias depois

George disse não poder me acompanhar à Minas Gerais, pois tinha algumascoisas pra resolver com Verônica, a agente. Meus pais prometeram ficar em casa até o casamento de Martin e a formatura deRick.E para verem se Renan é tudo isso que Cibs fala, devem estar apavorados pensandose o irmão de Ryan tem algum segredo sombrio. Mas o bom é que estão cuidando de Veludo pra mim. Felizmente Robert, o pai deles aguentou bem o segredo de Ryan e perdoou ofilho. Ryan vai responder pelo crime em liberdade, até o julgamento que pode demoraraté dois anos pra sair. Cibely voltou pra faculdade para finalizar o semestre como prometera. Depois vaipara Londres com Renan. Meu pai ganhou alguns fios brancos em sua ruivisseencaracolada. Martin a pedido meu, contratou Antúrio como gerente na Máscara de Cetim.Assim posso ficar mais perto da vida de Lis. Ele soube da prisão de Narcisa. Não contou a Lis também. Pra que se preocupar com uma mãe que sópensa em si? Érica foi a primeira a contar tudo depois que soube da morte de Júlia. DepoisBrandon e Narcisa confirmaram toda a história de Ryan, Júlia e as chantagens. Soube disso tudo por Jibely. Que agora me escreve todo dia enquanto estou na

casa da vovó, já fazem 10 dias. Tenho mais 10 até o casamento de Martin e Rick.Cibely está cuidando de tudo. Renan informa a ela sobre Ryan, ela me conta tudo depois. Ele já está fez umastentativas com a cadeira de rodas e pretende voltar a trabalhar logo. Quer refazersua vida. E George aguentou a bomba da imprensa estes dias todos. Deu entrevistas e memanteve em segredo como pedi. Mas não me ligou dia algum, e em meu íntimo esperava por algo dele. Umaligação, uma carta, um email, um oi? Mas nada. Talvez tenha desistido da pobre mortal aqui e voltou a vida glamourosa a pedidode Verônica. Quem não gosta de ser mimado não é? Açucena é uma cidade simples e linda de MG. Vovó faz pão de queijo todo dia eestá me ensinando a cozinhar. Aham. Nos primeiros dias estava muito abalada com tudo ainda. Até hoje tenhopesadelos com Júlia e preciso de calmantes pra dormir. Mas vai passar, eu sei quevai. Vovó fez um jardim aqui muito maior que o da casa das flores. À noite o aroma detodas as flores é infinitamente maior que o da casa em SP. Ela também tem 5 gatos aqui que me ajudam a enfrentar a saudade de Veludo. Elessão muito fofos. As pessoas daqui são todas especiais, todo mundo se conhecenessa minúscula cidade. O mais legal é que elas se olham e falam oi, bom dia, boa tarde e boa noite a todomomento, mesmo sem me conhecerem. Sinto falta disso na cidade grande onde tudo é uma loucura. Mas sinto falta de lápor ter passado boa parte da minha vida nessa maluquice também. Rick conseguiu conversar com seus pais e felizmente vão estar presentes nocasamento de seu filho. Ainda bem. Achei irônico vovó ter nascido numa cidade com nome de flor e ter o sobrenomeflores. E as flores estarem tão presentes em nossa vida. Ela diz que o que tem de ser vai ser. Leve quanto tempo for. E hoje acredito nisso.Precisei sofrer horrores pra entender que sempre estive rodeada de pessoas que meamavam. Ryan me amou da maneira que ele aprendeu a amar assim como George. Júlia

aprendeu que o amor era posse e dinheiro. Aprendeu com as brigas dos pais queamar era assim. Érica aprendeu que amar era namorar e casar com o cara mais descolado e popular.Esqueceu que a vida real não funciona como no ensino médio. Narcisa aprendeu a amar a si mesma. Que corpo e beleza é tudo que uma mulherprecisa e esqueceu de olhar a dádiva que lhe deu na pequena Lis. Eu aprendi a amar vendo meus pais se amando, e por isso sempre esperei o caraperfeito pra me casar. Mas não há perfeição. Meus pais se amam em suas imperfeições e tentaram nos dar o melhor desseamor. E eu não sei o que vai ser daqui pra frente. Só sei que ainda tenho muitos erros e acertos pra viver. Sei que preciso escreversobre Bullying e Preconceitos, e ir na escola da Lis para dar uma palestra sobre isso.Quero ensinar aos pequenos que não está certo rotularmos as pessoas pelaaparência, classe social ou religião, que por dentro de nossa pele e ossos somostodos iguais. Que todos sangram quando se machucam. Que todos nós temos algodiferente, e isso é normal. Sei que sou uma gota de água no oceano, mas a mensagem será dada mesmo assim.Se eu puder mudar a vida dos que amo para melhor já não é um bom começo? -Jibely? Vamos tomar café? Fiz bolo de mandioca. -Minha avó me tira dos meuspensamentos. -Delícia! Já estou indo. -Digo me levantando do Jardim de Flores e indo para acozinha. -Chegou esta caixa a pouco. O carteiro entregou. De quem é? -Ela examina comigo. -Não tem nome de quem é. Vamos abrir. -Digo procurando uma faca afiada. Dentro da caixa tem outra caixa coberta de plástico bolha. Abro curiosa e vovótambém não se aguenta de curiosidade. Segunda caixa aberta e uma carta aparece com outra caixa dentro, menor com maisplástico bolha. -Abre esta vovó que vou ler a carta pra senhora. -Digo nervosa. “Jibely... Infelizmente não posso estar aí com você mas a saudade é imensa. Tentei te darum tempo durante estes dias mas é maior que eu. Resolvi boa parte dos problemas

aqui e logo espero conseguir recomeçar minha vida do zero. Pra você não meesquecer comprei este presente e espero que goste. P.S. Vou estar te esperando noJardim das Flores.” Vovó me mostra uma caixinha vazia com vento dentro. -Quem é Jibely? Não entendi. -Ela sorri estranhamente. -Nem eu vovó. A pessoa não assinou a carta. Será que roubaram o presente ou éuma piada de mal gosto? -Continuo olhando pra ela que sorri mais ainda pra mim. -A carta diz que a pessoa está te esperando no Jardim das Flores, vai lá ver! -Elaaponta pra onde acabei de sair. -Deve ser o Jardim das flores de SP vó, o que chamo de quintal. -Confesso. -Então a carta veio em casa de flor errada? Vai logo ver menina! -Ela me dá umtapinha. Sigo devagar até a porta do Jardim com a carta na mão tremendo já, e ele está lásentado no meio da flores me esperando. Corro até ele deixando a carta cair no chão e pulo em cima dele no calor daemoção. -Como veio parar aqui? Como armou isso com minha avó? Não deu nenhum sinalde vida estes dias...-O encho de perguntas. -Você pergunta demais sabia Jibelly? -George me abraça forte e me beija na testacomo sempre fez. -Qual é o presente? -Me recordo da carta. -Esse aqui. -Ele tira um colar comprido prata do bolso da camisa. E me entrega. O pingente reflete instantaneamente a luz do Sol que está se pondo iluminando orosto de George. -Uma flor de fogo? -Lembro da conversa com meu pai. -Uhum, você é minha flor de fogo. Olha aqui...-Ele puxa um colar igual de dentroda camisa. -É o presente mais lindo que já recebi. -Obrigada. -Coloco o colar no pescoçotambém. -Você é o presente mais lindo que a vida me deu. A flor de fogo queima quandotocada mas sabe curar qualquer ferimento até os da alma. E você é assim. -Ele sorri.

Nesse momento o olho nos olhos e me aproximo mais. Sinto seu doce cheiro dejasmim e o beijo ardentemente. Nossas bocas estão há tempos desejando uma a outra e não vejo lugar melhor paraas satisfazer do que em meio as flores. -Senti sua falta George...-Digo sorrindo. -Estou vendo meu anjo. -Ele recebe meus beijos ávidos enquanto nossas flores defogo se batem e se enroscam próximas aos nossos corações; agora sim...devidamenteapaixonados.

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Capítulo 49- Bouquet de Noiva

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Mais 10 dias depois...

George ficou comigo nos dez dias seguintes, vovó Margaret ficou encantada comele. Mas quem é que não fica?

Passeamos muito na pequena Açucena, descansamos, George foi cobaia dasminhas criações culinárias que nem sempre saíram como deveriam. Ele trouxe o livro que roubou de mim, sempre lia à noite concentrado ou quandoeu me aventurava na cozinha. Me pediu em namoro 3 dias depois de chegar, e contou que dispensou sua agentede vez. Ela ficou magoada mas não havia nada que o faria mudar de idéia. Deixaria sua vida profissional em segundo plano, pois finalmente teria alguémque o ama esperando em casa. Hoje vejo que os abraços carinhosos de Martin eram pistas do que eu teria pelafrente. George me abraça igual a Martin que sempre achei que fosse minha almagêmea. E finalmente estamos aqui, no casamento do meu melhor amigo no Salão deFestas Gloriosa.George me deixou em casa quando voltamos de MG e foi matar as saudades dosseus pais. Prometeu me encontrar na Cerimônia que seria no próprio salão. E aqui estou com Cibely estonteantemente linda com seus cabelos presos de umlado só e seu vestido azul colado ao corpo. Renan ao está ao seu lado morrendo deciúmes. Depois da cerimônia todos receberão acessórios e máscaras, como Cibs prometeu,a festa seria um Baile de Máscaras à Fantasia. Coisas de Cibs. Estou com um vestido soltinho na altura dos joelhos cor de vinho, e meus cabelosestão presos num estiloso rabo de cavalo trançado. Não escolhi nenhuma echarpe dessa vez, gosto de mostrar meu colar que agoraestá encurtado numa gargantilha destacando a linda flor de fogo bem em cima dasminhas sardas. Clarice, Glória e Stéfany, as vendedoras, chegam juntas em belíssimos vestidosda Máscara de Cetim, elas vem até mim que as abraço forte, elas como sempre,ficam assustadas comigo. Antúrio e Lis chegam logo depois. Ela será a daminha deles. Carregará as aliançasdos noivos até a mesa do juíz. Nenhum padre aceitou fazer a cerimônia naigreja...ainda. -Jibely, não sei como te agradecer pelo emprego, paga 2 vezes mais do que euganhava na livraria. -Ele me abraça querendo chorar.

-Tudo por essa florzinha aqui...que saudade de você meu amor! Que luvaslindas...-Brinco com Lis. -As suas também estão lindas, só são menores. Se machucou de novo? -Ela dizolhando minhas luvas cor de pele que ainda preciso usar pelas queimaduras. -Fui brincar com fogo e me queimei. -Digo sorrindo. -Mas está doendo? -Ela passa seus dedinhos nas palmas da minha mão. -Não mais meu amor. Não dói mais. Agora vai lá com seu pai que já já vocêprecisa entregar as alianças ao noivos. -Digo a abraçando. -Meu pai disse que não tem noiva, mas dois noivos...-Ela diz me olhando. -E achou isso ruim? Estranho? -Fico curiosa com ela. -Não, são só diferentes da maioria, assim como eu e meus braços. Vovó Elis dizque o importante é sempre sermos felizes como somos e não como o mundo querque sejemos. -Ela ri. -Como o mundo quer que sejAmos.- A corrijo -Você é muito esperta. E sua avósábia. Agora vai. -Obrigada Jibely mais uma vez. Soube de tudo que houve...mas outra horaconversamos, pode ser? -Antúrio olha pra Lis que não pode saber da sua mãeNarcisa. -Tudo bem Tuts. Outra hora...vai se divertir um pouco. -Digo dando um beijo emseu rosto. -Jibely...-Ouço alguém me chamar. -Ryan? Não sabia que viria...-Digo olhando pra ele na cadeira de rodas. -Rick insistiu e fora isso, eu já estou bem. -Ele aponta pras pernas imóveis. -É verdade, sempre esqueço que você é amigo de Ricardo agora. -Cruzo meusbraços. -Ele é muito legal. Perdi quase todos os meus amigos, ele é um dos únicos querestou. As pessoas costumam fugir por não saberem se portar..sei lá. -Ele desabafa. -Se concentra nos que ficaram então, vai por mim, não adianta remoer. -Falobaixinho. -Posso tentar mas é difícil. E o seu galã? Onde está? -Ele debocha. -Acabei de chegar...-George aparece atrás de nós me abraçando. -Então estão juntos mesmo...ainda tinha esperanças que me escolhesse Jibely. -Ryan diz sem se importar com George ali.

-Não fala assim Ryan...-Tento explicar. -Por que escolheria alguém no meu estado? Claro que tinha que escolher o bonitãoaí...-Ryan começa falar alto. -Chega Ryan, ninguém escolheu ninguém, a vida nos deu uma chance...e você fezsuas escolhas. -George me tira dali deixando Ryan ainda mais irritado. -Ainda não acabou Jibely, não vou desistir de você, só me sobrou você...-Elecontinua falando alto quando Renan e Cibely o tira dali. -Está tudo bem? -George me abraça forte, aí que eu começo a me acalmar. -Estou. Bem melhor agora. -Dou um beijo em seus lábios borrando de vermelhosua boca macia. -Desculpa, deixa eu limpar. -Digo pegando um lencinho da bolsa. -Tá brincando? Vermelho é a minha cor. Tem gloss aí? -Ele brinca me fazendo rir. -Seu bobo...por que demorou tanto? -Ficou só algumas horas longe. Estava me arrumando. -Ele sorri. -Por que demorou tanto pra aparacer na minha vida...-Digo fazendo careta.

*

O agarro o levando até a frente do Juiz.Seremos as testemunhas de Martin. Ryan e Cibely as de Ricardo. Lis entra devagar carregando as alianças em uma pequena cestinha. Parece umprincesa em seu vestido rosa com coroa nos cabelos cacheados e tudo mais. A Cerimônia é rápida, colocam as alianças e assinamos a papelada. Meus amigosse beijam e estão oficialmente casados. Todos assistimos de pé e Cibs deu um saquinho de pétalas de rosas pra todos osconvidados antes da Cerimônia começar, quando eles beijaram, todos jogaram aspétalas de uma vez fazendo a alegria dos fotógrafos. -O que eu faço com você Cibely?- Martin chora com a surpresa. -Só me ame Martin, só me ame..-Ela grita satisfeita.

*

Logo todos vão até as caixas com máscaras e acessórios para a festa. Georgeescolhe um óculos gigante que pisca sem parar e uma gravata safada que sobe

quando ele puxa a linha. E mesmo assim ele continua lindo em seu terno esportivo. Em mim ele coloca uma coroa de princesa que pisca em tons rosas e amarelos. Ediz que já estou enfeitada. Pego uma máscara de olhos cravejada de miçangas e umcachecol de pelúcia que amarro na cintura. Agora sim. Todos se divertem trocando as fantasias e tirando fotos toda hora. Cibely e Renantentam animar Ryan que fica de canto. George dá um bouquet de noiva pra Martin que o segura o tempo todo. Diz quevai jogar para os solteiros depois. Meus pais dançam animadamente com colares de bolinhas piscantes. Não estãonem aí para o resto do mundo. Até Veludo está festa. Num telão ele aparece roncando, Rick colocou uma webcanno laptop e deixou conectado a festa em tempo real. É um dos seus projetos quandotiver uma clinica. Deixar o dono acompanhar em tempo real seu animal internado ouno banho. Começa a tocar outra música e George me puxa para dançar. Ele me segura forte econduz como um cavalheiro. Nos olhamos apaixonadamente e nos beijamos e nunca me senti tão amada.

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And you can tell everybody this is your songIt may be quite simple but now that it's done

I hope you don't mindI hope you don't mind that I put down in wordsHow wonderful life is while you're in the world

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-Jibely, essa é a nossa música! -Ele me diz quando minha cabeça está encostadaem seus ombros. -Já temos uma música? Do que ela fala? -Sorrio pra ele. -Claro que sim...essa é perfeita pra você. Do Elton John. Quando chegarmos emcasa vou traduzi-la em seus ouvidos. -Ele sorri brincando com a gravata. -Que romântico...-Reviro os olhos. -”Como a vida é maravilhosa enquanto você está no mundo.” Meu amor. -Ele diz

me abraçando de novo.

Capítulo 50- Beijos Pintados

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Batom Vermelho

Martin está tão feliz, dança e bebe com Rick. Todos os amigos de ambos estão lá.Ryan me olha insistentemente e chego a passar a noite toda me desviando de seuolhar. No primeiro momento que George foi ao banheiro, ele se aproximou. -Jibely, está tão linda. Que colar é esse? Nunca o vi. -Ele finge uma intimidade quenão existe mais. -George me deu, é uma flor de fogo. -Respondo esperando George voltar. -Ahm. Ele já disse que te ama? Ou eu ainda sou o único...-Ele provoca jáalcoolizado. -Não precisa dizer Ryan, ele já provou isso me salvando 3 vezes. -O corto e vouaté George que se aproxima. -Ele te irritou mais? Quer que eu fale com ele? -George pergunta preocupado. -Irritou, mas deixa ele pra lá...está com o orgulho ferido. -Digo puxando Georgepara comermos alguma coisa.

* -Ryan ainda te ama... -Ele diz bebendo um suco. -Tenho dúvidas se ele me amou algum dia. -Digo comendo um doce. -Mas você o amou...não sente mais nada por ele. -Ele me testa. -Sinto. Mas é como você ainda deve amar sua noiva. Como algo que nunca maisterá. Me desculpa. -Viro o rosto envergonhada. -Entendi o que você quis dizer. O Ryan que você amou um dia, morreu quando ele

te traiu. E isso não tem mais volta. -Ele me abraça. -Isso. E nunca fui tão feliz como estou sendo com você galã. -Brinco. -Ex-galã. Abandonei minha carreira na TV. Agora só teatro. Por enquanto...-Elegargalha. -Que futuro incerto o nosso hein. Papai ficaria louco com você se não te adorassetanto. -Mostro a língua. -Seu pai é um homem de negócios, já me deu várias dicas pra fazer meu dinheirorender, quando você estava sozinha em Açucena. -Ele me informa. -Olha só...e vai me contar que dicas são essas? -Pego um salgado agora. -Na hora certa te conto. Hoje é dia de nos divertirmos. Vamos? -Ele come umdoce agora. -Vamos..já já vão cortar o bolo.

* O bolo tem dois noivinhos muito fofos, um de cabelo comprido e outromusculoso, eu não definiria melhor meus amigos. Depois das fotos e de repartirem o bolo, Martin reúne todos os solteiros parajogar o bouquet de noiva que George deu pra ele dá caixa de acessórios e fantasias. George foi se divertir como uma criança e apesar de estar no fundo, foi quempegou o buquê. Veio todo animado gritando que finalmente iria desencalhar. George de fato tem presença de palco, ilumina qualquer lugar por onde passe. Eleme entrega o bouquet do noivo que resolvo guardar de lembrança. A festa está longe de acabar, mas decidimos ir pra minha casa. Não tivemos muitotempo “a sós” ainda. Saímos sem nos despedir, e assim que chegamos em casa desligamos a webcam deVeludo. Corremos para o meu quarto e nos amamos intensamente pela primeira vez. Acordo e ele não está ao meu lado. No travesseiro um bilhete cheio de BeijosPintados. “Meu amor, siga os beijos para me encontrar.” Olho para o chão cheio de folhas de caderno beijadas com meu batom vermelho.“Não acredito que ele fez isso!!!”

Visto meu roupão e vou seguindo os beijos espalhados pelo chão. O caminhopassa pelo corredor do banheiro, faz curva na cozinha, atravessa a minha sala esegue até o meu quintal...jardim de flores e termina na rede no centro. George está sentado de bermudão e camiseta tomando uma xícara de café ao ladode Veludo. Quando me vê, faz gesto pra que eu me sente lá com ele. -Não sabia que gostava tanto assim de batom...-Brinco -Seguiu direitinho as pistas e por isso merece um presente. -Ele sorri meentregando o resto do batom. -Que lindo, nunca me deram um batom gasto antes. Obrigada amor! -Mordo oslábios. -Não é isso bobinha. Vou precisar do batom e de seus lábios para fazer umatatuagem. Quero sua boca tatuada para sempre em meu corpo. -Ele me oferece café. -E onde quer que eu beije para a tatuagem? -Digo segurando o café e o batom. -Esse é o mais legal, será onde você quiser. -George sorri pra mim quando meuscabelos começam a voar sem direção, fazendo cócegas em meu rosto. -Eu adoro isso...preciso tirar uma foto qualquer hora. -Ele observa a ventania deperto. -Foi essa ventania que me trouxe até você... -Digo sentindo um momento defelicidade pura.

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Epílogo

☯Um lugar no passado

-Vamos George, eu sempre quis que uma cigana lesse minha mão. -A namoradinhado ensino médio pediu. -Não sei não, não gosto destas coisas. -George disse desanimado. -Não vai doer, depois vamos ao cinema ver aquele filme chato que vocêqueria...prometo. -Ela fez dengo e conseguiu o que queria. -Quero que leia nossas mãos. -A adolescente sorriu para a cigana cheia de dentes

de ouro. -Leia logo, pode ler a minha primeiro. -George esnobou. -Não vejo um futuro fácil pra você rapaz, muitas perdas, depois morte, sucesso emorte. Vai ter que ser forte. -Ela o olhava no fundo dos olhos. -E no amor? Vou me casar? Ter filhos? -Ele sorriu desacreditando. -Quando encontrar uma flor vermelha, quando encontrar uma flor de fogo, vaiestar bem perto de encontrar o amor da sua vida. - A cigana voltou a si. -Credo! Então não vai ser comigo? -A moça reclamou. -Não. Você é só mais uma minha filha, até ele encontrar a certa. -A ciganacomeçou a gargalhar fazendo os dois saírem correndo. -Tem que me pagar rapaz, senão te amaldiçoo impedindo que fique com sua almagêmea. -Ela gargalhou mais fazendo George voltar e jogar uma nota de 50. -Obrigada rapaz, não esqueça...siga a flor de fogo. -E voltou a sua tenda.

☯ George então com 16 anos começou a pesquisar tudo sobre a flor de fogo, fazendodisso uma obsessão por um tempo. Quando conheceu a estudante de Direito, Gisele,achou que ela era a sua alma gêmea, pois ela tinha uma flor vermelha tatuada em suascostas. Até comprou dois colares iguais com pingente da flor, mas não teve tempode entregar à noiva pois ela morreu no acidente. Às vezes achamos que certa pessoa é a certa, e ela se torna a certa até que oDestino acontece e bagunça tudo, nos fazendo desaminar, chorar e sofrer. Mas acredite, todas as coisas estão conectadas, e o que tiver que ser seu, o queestiver escrito em seu destino acontece cedo ou tarde. Basta acreditar. George Flox acreditou.

Agradecimentos

Primeiramente agradeço à minha filha Marina que sempre lê tudo que escrevo atornando minha maior crítica. Agradeço à ela pela diagramação do e-book onde também teve a idéia de adicionar

desenhos às páginas. Agradeço ao pai da minha filha “M.” Que apesar de não estar mais entre nós,continua vivo em meu coração. E sempre viverá. Agradeço à Fernanda Rocha, minha amiga, e também dona do blog TrilhasCulturais, pela força que sempre me deu. Seus emails e conselhos sempre fizerammilagres em mim. Agradeço aos primeiros leitores de Flor de Fogo no Wattpad, mesmo quando tudoera apenas um rascunho num site de Fics, eles me deram apoio em cada comentário. Sempre tratando a história como um livro pronto, mesmo antes da história ser umlivro em si. Vocês são demais! Agradeço ao Universo por me permitir sonhar com uma ruiva que não se davabem com um ator de novelas.

Desse sonho nasceu Flor de Fogo.

☂ Janaina Barroso ☂

“É tipo internet?”

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Créditos das Citações

Poemas:

Frase do escritor Sthendal sobre o Amor, que não sei se vem de um poema.“Recordação” de Cecília Meireles

Livros:

“O diabo veste Prada” de Lauren Weisberger“Um Homem de Sorte” de Nicholas Sparks

“Maktub” de Paulo CoelhoCanções:

“Can't Help Falling In Love” de Elvis Presley“Medo da Chuva” de Raul Seixas.

“Segredos” de Frejat“Wonderful Tonight” de Eric Clapton

Malandragem de Cássia EllerPaciência de Lenine.

“Metal Contra as Núvens” de Legião Urbana

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“Your Song” de Elton John

Fábula:

Fábula do Sapo e do Escorpião de autoria desconhecida.

SumárioCopyright 2Prólogo 2Capítulo 1- Boa Noite 2Capítulo 2- Bela Manhã 2Capítulo 3- Maravilha 2Capítulo 4- Rainhas da Noite 2Capítulo 5- Copo de Leite 2Capítulo 6- Camomila 2Capítulo 7- Moréias 2Capítulo 8- Onze Horas 2Capítulo 9- Lavanda 2Capítulo 10- Jacinto 2Capítulo 11- Orquídeas 2Capítulo 12- Coral 2Capítulo 13- Escorpião 2Capítulo 14- Tulipas 2Capítulo 15- Planta ovo 2Capítulo 16- Violeta 2Capítulo17- Gotas de Orvalho 2Capítulo 18- Flor do Dia 2Capítulo 19- Cenoura Brava 2Capítulo 20- Rosas 2Capítulo 21- O Cravo 2

Capítulo 22- Flox 2Capítulo 23- Hortênsia 2Capítulo 24- Rabo de Gato 2Capítulo 25- Laço Espanhol 2Capítulo 26- Cacto Bola 2Capítulo 27- Le Fleur 2Capítulo 28- Erva-mate 2Capítulo 29- Cerejeira 2Capítulo 30- Flor de Lis 2Capítulo 31- Margaridas 2Capítulo 32- Hibiscos 2Capítulo 33- Jasmim 2Capítulo 34- Lírio do Campo 17535- Flor De Fogo 175Capítulo 36- Gérbera 175Capítulo 37- Maracujá 175Capítulo 38- Fúcsia 175Capítulo 39- Dentes de leão 175Capítulo 40- Crisântemos 175Capítulo 41- Girassol 175Capítulo 42- Sete Léguas 175Capítulo 43- Bálsamo 175Capítulo 44- Flores de Cetim 175Capítulo 45- Coroa Imperial 175Capítulo 46- Chapéu de Napoleão 175

Capítulo 47- Lágrimas de Cristo 175Capítulo 48- Açucena 175Capítulo 49- Bouquet de Noiva 175Capítulo 50- Beijos Pintados 175Epílogo 175Agradecimentos 175

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Flor de Fogo - Visionvox€¦ · da Amazon. Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência