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T RIBUNAL DE C ONTAS DO DISTRITO F EDERAL GABINETE DO C ONSELHEIRO J ORGE ULISSES J ACOBY FERNANDES S:\E xercicio_2004\Secret aria\processo1611_99\19. Vot o do Rel ator.18.11. 04. doc (2) Fls.: 852 Proc.: 1611/99 ______ ____ _ Rubrica Processo n.º (c): 1611/99 Apenso: 095.000.600/99 - GDF Origem: Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília - TCB Assunto: Tomada de Contas Especial Montante em exame 1 : R$ 78.611,55 Pauta nº : 78/2004, DODF de 12.11.04 Ementa: TCE. Instauração para apurar responsabilidades e quantificar débito decorrente de fraudes em roletas de ônibus pela TCB. Citação. Análise das razões de justificativas. Divergência entre as proposições da Inspetoria e Ministério Público. Despacho Singular nº 260/04 – GCJF. Reinstrução. Novos elementos carreados aos autos. Impossibilidade de apontar, de forma irrefutável, os responsáveis pelas fraudes. Inspetoria e Ministério Público sugerem encerramento da TCE. Ressalva de posicionamento. Voto divergente. Contas irregulares. Condenação em débito. RELATÓRIO Trata-se de Tomada de Contas Especial – TCE instaurada pela Instrução de Serviço nº 089/99-PRES/TCB com o objetivo de apurar a ocorrência de prejuízo em face de adulteração em catracas de 37 ônibus da TCB. MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO INSTRUTIVO Passo a relatar a instrução do Órgão Técnico. O Tribunal, após analisada a TCE, bem como as justificativas dos servidores responsabilizados, na Decisão nº 3950/2002, de 03 de outubro de 2002, assim decidiu 2 : a) tomar conhecimento dos documentos juntados a partir das fls. 58; b) dar por cumprida a diligência determinada a TCB; c) considerar satisfatórias as defesas apresentadas pelos citados, nominados no § 4º de fls. 330, exceto com relação ao servidor referido no item III, do parecer visto às fls. 351 cujo exame da resposta deve ser sobrestado; d) determinar nova audiência do dirigente da TCB para que informe, no prazo de 10 dias, nos termos da Lei, as providências adotadas com relação às propostas da Comissão de Tomada de Contas Especial, vistas às fls. 260 do apenso, alíneas "g" – comunicação ao Ministério Público do Distrito Federal, – e "h", participação das apurações à Delegacia de Polícia e, ainda, se o 1 Valor calculado com base na Portaria-TCDF nº 236/02. 2 Vide fl.. 366.

Fls.: 852 TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL Proc ... · profissiográfica do cargo de cada profissional11. Considera, pois, que o referido agente adotou as providências

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TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERALGABINETE DO CONSELHEIRO JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES

S:\Exercicio_2004\Secretaria\processo1611_99\19. Voto do Rel ator.18.11.04.doc (2)

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Proc.: 1611/99

___________Rubrica

Processo n.º (c): 1611/99Apenso: 095.000.600/99 - GDFOrigem: Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília - TCBAssunto: Tomada de Contas EspecialMontante em exame1: R$ 78.611,55Pauta nº: 78/2004, DODF de 12.11.04Ementa: TCE. Instauração para apurar responsabilidades e

quantificar débito decorrente de fraudes em roletas deônibus pela TCB. Citação. Análise das razões dejustificativas. Divergência entre as proposições daInspetoria e Ministério Público. Despacho Singular nº260/04 – GCJF. Reinstrução. Novos elementos carreadosaos autos. Impossibilidade de apontar, de formairrefutável, os responsáveis pelas fraudes. Inspetoria eMinistério Público sugerem encerramento da TCE.Ressalva de posicionamento. Voto divergente. Contasirregulares. Condenação em débito.

RELATÓRIO

Trata-se de Tomada de Contas Especial – TCE instaurada pelaInstrução de Serviço nº 089/99-PRES/TCB com o objetivo de apurar a ocorrência deprejuízo em face de adulteração em catracas de 37 ônibus da TCB.

MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO INSTRUTIVO

Passo a relatar a instrução do Órgão Técnico.

O Tribunal, após analisada a TCE, bem como as justificativas dosservidores responsabilizados, na Decisão nº 3950/2002, de 03 de outubro de 2002,assim decidiu2:

a) tomar conhecimento dos documentos juntados a partir das fls. 58; b) dar porcumprida a diligência determinada a TCB; c) considerar satisfatórias as defesasapresentadas pelos citados, nominados no § 4º de fls. 330, exceto com relação aoservidor referido no item III, do parecer visto às fls. 351 cujo exame da respostadeve ser sobrestado; d) determinar nova audiência do dirigente da TCB paraque informe, no prazo de 10 dias, nos termos da Lei, as providências adotadascom relação às propostas da Comissão de Tomada de Contas Especial, vistas àsfls. 260 do apenso, alíneas "g" – comunicação ao Ministério Público do DistritoFederal, – e "h", participação das apurações à Delegacia de Polícia e, ainda, se o

1 Valor calculado com base na Portaria-TCDF nº 236/02.2 Vide fl.. 366.

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débito foi ressarcido e quais providências foram adotadas com esse objetivo; e)autorizar, desde logo, à douta 1ª ICE, a determinar a citação dos servidoresnominados às fls. 257 a 259, alíneas "a", "b", "c", "e", caso no exame da respostaao item precedente entenda insuficientes as providências adotadas com vistas àrepetição do indébito; f) observe, ainda, à 1a ICE, que a citação do servidorfalecido, referido na alínea "e" de fls. 258, só deve ser ordenada se constar doregistro civil herdeiros e legação de bens, pois o dever de ressarcir não pode sersuperior aos limites da força da herança, nos limites consagrados como direitofundamental no art. 5º, inc. XLV, da Constituição Federal; g) atendidas asprovidências ora determinadas, retornem os autos ao Relator.

1) DA REINSTRUÇÃO DESTE PROCESSO

A reinstrução decorreu do Despacho Singular nº 275/2004 – GCJF3,porquanto na Informação precedente de nº 019/20044, em que foram analisadas asdeterminações da sobredita deliberação, houve discordância do Ministério Público –Parecer nº 260/04 - CF5 em relação à responsabilização de Juaci Macedo Correa, àimputação de débito aos servidores mencionados e à citação dos herdeiros deRoberto Trindade.

2) DO SURGIMENTO DE FATO NOVO COM REFLEXOS NAS SUGESTÕESANTERIORES DA 3ª INSPETORIA

Registra que, enquanto os autos eram reinstruídos, conformeMemorando nº 81/2004 da 1ª Inspetoria6-1ª ICE, foram encaminhados à 3ª ICE asrazões de defesa de Jason Pereira Braga, Diomar Moreira de Souza, DinarteMarcílio da S. Castro e Vanderlino de Souza Cunha7, citados conforme item “e” daDecisão nº 3950/20028.

A retenção dos documentos na 1ª Inspetoria “deveu-se por umafalha na sistemática dos procedimentos relativos aos processos que aguardamdefesa”9.

Em razão disso, consigna que está desconsiderando a sugestãoconstante à folha 490, de julgamento à revelia dos envolvidos citados, bem como aproposição de julgamento irregular de suas contas.

Quanto aos demais pontos de discordância do Ministério Público,ratifica as sugestões transcritas na Informação nº 019/2004, em razão dosargumentos expressos e outros que mencionará, inclusive, no tocante à imputaçãode débito aos responsabilizados.

3 Vide fl. 500.4 Vide fl. 479/491.5 Vide fls. 492/499.6 Vide fl. 501.7 Vide fls. 502/816.8 Vide fl. 366.9 Vide fl. 824.

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3) RESPONSABILIZAÇÃO DE JUACI MACEDO CORREA – DIVERGÊNCIA ENTREINSTRUÇÃO E PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO

No parecer nº 260/04 – CF10, o MPjTCDF opinou pela rejeição dasrazões apresentadas pelo agente, sugerindo aplicação de multa, assimargumentando:

Na verdade, a justificativa apresentada pelo Sr. Juaci, nesta fase, nada trouxe quedemonstrassem ações no sentido de "verificar constantemente as condiçõestécnicas de uso das roletas dos veículos". Não constam elementoscomprobatórios, por exemplo, de que o referido senhor tenha orientadoSupervisores e Fiscais de Tráfego para que cumprissem as atribuições deles,apesar do registrado no item 4, fl. 381. Não se questiona aqui a sofisticação dafraude, os problemas administrativos da empresa, mas a ausência de elementosinformativos de modo a indicar ações preventivas, mesmo restrita a determinadaslinhas. Assim sendo, o Tribunal pode rejeitar as razões apresentadas e deliberarpela aplicação de multa.

A Inspetoria reafirma sua convicção pela isenção deresponsabilidade do referido agente, basicamente, porquanto há impossibilidade realde que verificasse pessoalmente as condições das roletas de todos os carros equanto à apresentação de elementos que comprovem que orientou os supervisorese fiscais de tráfego para que cumprissem as suas atribuições, reafirma não sernecessária em razão de as responsabilidades já estarem descritas na fichaprofissiográfica do cargo de cada profissional11.

Considera, pois, que o referido agente adotou as providênciasnecessárias assim que se descobriu a fraude, culminando com a demissão dosenvolvidos e a remessa do processo ao Ministério Público.

4) QUANTO À CITAÇÃO DOS HERDEIROS DE ROBERTO TRINDADE

Diverge do Ministério Público e reafirma a desnecessidade decitação do espólio, porquanto o referido responsável foi responsabilizadosolidariamente, por culpa in vigilando; assim, o ressarcimento do débito por qualqueragente tem caráter satisfativo, possibilitando evitar tentativa de citação de espólio,em regra, demorada e de elevado custo operacional, assim argumentando:

Apesar de constar da certidão de óbito a existência de bens a inventariar, isto nãoquer dizer que o patrimônio deixado seja capaz de promover o ressarcimento.Realmente, para esclarecer esse ponto, seria necessário proceder à diligência.Entretanto, considerando a solidariedade passiva adotada pela Corte, segundo aqual o débito pode ser exigido de qualquer um dos responsáveis, entendemos quea efetivação da dil igência mostra-se inoportuna, em razão de causar delongas aoandamento e aumentar o custo processual, sendo que, possivelmente, poucoagregará ao já apurado. Além disso, há de se destacar a inconsistência nacondução das apurações, fato que buscaremos explicitar ainda nesta instrução.12

10 Vide fl. 495.11 Vide fl. 316.12 Vide fl. 826.

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5) ANÁLISE DAS RAZÕES DE DEFESA DE JASON PEREIRA BRAGA

Consigna que o referido agente, por ser motorista, foiresponsabilizado, consoante item “c” do Relatório da Comissão de Tomada deContas Especial13, posto que foi considerado conivente com o cobrador RaimundoNonato da Silva na fraude das catracas.

A Inspetoria conclui pela ausência de nexo de causalidade entre suaconduta e os danos verificados na TCB, assim como das atribuições de seu cargo,não consta a fiscalização da atividade dos cobradores.

Por fim, destaca que não há nos autos provas idôneas pararesponsabilizar o agente, assim analisando:

Jason Pereira Braga (fls. 502/507)2. Lembramos que, de acordo com o item “c” do relatório da Comissão deTomada de Contas Especial (fl. 258-ap.), o sr. Jason, motorista da TCB, teria sidoconivente com o cobrador Raimundo Nonato da Silva, e por isso foiresponsabilizado solidariamente pelo prejuízo.3. O envolvido iniciou as suas alegações afirmando que, no processo da TCE,nada ficou provado contra ele e que também não houve conclusão definitiva sobrea autoria e materialidade do delito em análise (fl. 503).4. Continuando, o sr. Jason citou excertos, os quais diz constar do relatório daauditoria e da manifestação do Ministério Público, que falam da ausência deelementos que demonstrem o nexo de causalidade entre a ocorrência e a ação ouomissão dos agentes, da forma frágil do levantamento do débito e da ausência deelo entre a queda de arrecadação e a improbidade (fls. 503/504).5. Analisando os autos, verificamos que os trechos mencionados no § 21 retronão se referem ao relatório de auditoria ou à manifestação do Ministério Público, esim aos pontos de vista do Corpo Técnico, transcritos nos §§ 16 (fl. 28) e 33 (fl.32) da Informação nº 112/2000 (fls. 24/34).6. Entretanto, apesar do equívoco em citar o autor dos excertos, concordamoscom o seu conteúdo. Conforme consignamos na Informação nº 019/2004 (fls.479/491), entendemos que, no presente processo, não ficou comprovada aparticipação dos agentes indicados na ocorrência em análise. Nessa mesma linhamanifestou-se o ilustre Conselheiro Jacoby Fernandes, ao analisar o caso emquestão (fl. 363):“(...)Por fim, deve-se dar ênfase, seguindo o que consta dos autos, a que:a) houve fraude;b) não se conseguiu, porém, estabelecer o nexo de causalidadeentre o prejuízo sofrido pela empresa e o comportamento dosagentes chamados em audiência.(...).”7. O sr. Jason disse ainda que, como motorista, somente poderia serresponsabilizado por omissão em não denunciar o cobrador que estariacometendo a irregularidade. Afirmou que, entretanto, a função de fiscalizar não éalçada do motorista (fl. 504).8. Concordamos com o defendente em relação a esse ponto. No desempenhode suas funções não teria a obrigação de vistoriar os cobradores, que

13 Vide fl. 258-ap.

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efetivamente manuseavam os valores. É óbvio que, em razão da proximidade,recai automaticamente sobre os motoristas a suspeita de serem coniventes com oilícito. Entretanto, a CTCE não conseguiu provas irrefutáveis para sustentar aacusação.9. Prosseguindo as suas alegações, o defendente afirmou que foi servidor daTCB por mais de 15 anos, sem nunca ter sofrido qualquer penalidade ouadvertência. Refutou a suspeita de ligação com fiscais e cobradores, e disse queos contatos mantidos com o fiscal Vanderlino se limitavam a assuntosprofissionais. Negou que tenha regularizado as suas finanças, pois tem dívidas embanco. Declarou que, caso tivesse conhecimento de adulteração nas roletas, teriadenunciado o fato (fls. 504/505).10. O sr. Jason justificou que adiantava as suas viagens com a finalidade dechegar mais cedo ao terminal, em razão de sua esposa trabalhar naquele local.Disse que não agia de má-fé, e que o carro posterior arrecadava a diferença dospassageiros porventura não transportados por ele. Afirmou que em nenhummomento foi advertido, em razão dessa conduta, pelos fiscais ou pela TCB (fl.505).11. O defendente negou que tenha tentado intimidar funcionários da TCB paraque retirassem as denúncias formalizadas contra ele. Afirmou que, mesmo queesse fato acontecesse, não provaria o seu envolvimento no caso. Declarou aindaque não existem elementos contundentes que provem a sua participação nasfraudes das roletas (fl. 505).12. Continuando as alegações, o sr. Jason salientou as atribuições inerentes aoscargos de motorista, cobrador e fiscal, e afirmou que a tentativa de colocá-lo comopartícipe do ato ilícito seria desprovida de fundamento, mesmo porque não existequalquer vínculo entre ele e o responsável pela arrecadação de valores (fl. 506).13. Finalizando, o sr. Jason solicitou que seja isento de qualquerresponsabilidade pelas ocorrências apontadas neste processo, em razão da faltade provas capazes de demonstrar o nexo de causalidade entre sua conduta e oato ilícito em questão, e também pelo fato de que, como motorista de coletivo, nãopodia sofrer as conseqüências de algo que não era de sua competência (fl. 506).14. Quanto às atribuições do motorista, reiteramos o consignado no § 25 retro.Realmente, não consta das atribuições do referido cargo a fiscalização dasatividades dos cobradores. Entendemos que caberia à Comissão de Tomada deContas, ao indicar o sr. Jason como responsável, evidenciar a sua participaçãonas fraudes.15. Entretanto, não foram apresentadas provas capazes de demonstrar o nexo decausalidade entre a ação e o agente responsabilizado. Dessa forma,consideramos como procedentes as alegações apresentadas pelo sr. JasonPereira Braga.14

6) ANÁLISE DAS RAZÕES DE DEFESA DE VANDERLINO DE SOUZA CUNHA

O citado agente, empregado da área de fiscalização, foiresponsabilizado solidariamente, por culpa in vigilando, no item “e”15 do relatório finalda Comissão de Tomada de Contas Especial, com outros dois cobradores, postoque desempenhava as funções de supervisor.

O Corpo Técnico conclui pela impossibilidade de ser materializadasua culpa, visto que seria inexequível a fiscalização do interior de cada veículo porum supervisor, muito embora teria responsabilidade pelos atos de seus

14 Vide fls. 826/828.15 Vide fl. 258-ap.

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subordinados, ainda mais considerando que a violação nas catracas somente foramdescobertas com vistorias técnicas apuradas, imperceptíveis ao olho nu.

Assim discorre a Inspetoria:

Vanderlino de Souza Cunha (fls. 508/512)

33. Destacamos que a CTCE atribuiu ao sr. Vanderlino, empregado da área defiscalização, responsabilidade solidária com os cobradores Raimundo NonatoSilva e Diomar Moreira de Souza, por culpa “in vigilando” (item “e” da conclusãodo relatório final – fl. 258-ap.).34. O sr. Vanderlino iniciou as suas razões afirmando que no processoadministrativo ficou demonstrado que não houve a sua participação, direta ouindireta, nas fraudes das roletas dos ônibus. Disse que, em nenhum momento,ficou evidenciada a sua responsabilidade nos fatos, mesmo por culpa “in vigilando”(fls. 508/509).35. Segundo o sr. Vanderlino, ele passou a ser investigado depois de umadenúncia “IRRESPONSÁVEL e LEVIANA”, feita pelo sr. Francisco AntônioEvangelista de Paulo, de que estaria dando proteção ao sr. Jason. Falou que amenção de seu nome como envolvido nas fraudes se resume às declarações dosr. Francisco, não sendo confirmada por nenhum outro depoente. Para corroborarsua afirmação, citou o depoimento do sr. Zochen Elias dos Santos, que diz não terconhecimento da ligação do sr. Vanderlino aos fatos em questão (fls. 509/510).36. Iniciando a nossa análise, verificamos que, conforme os depoimentosconstantes do Processo Apenso nº 095.000.600/99, o nome do sr. Vanderlinosomente foi mencionado nas declarações do sr. Francisco Antônio Evangelista dePaulo (fls. 51/54 – ap.). Realmente, o sr. Zochen, em seu depoimento (fls. 122/124– ap.), afirmou que não tinha conhecimento do envolvimento do defendente comos suspeitos pela fraude.37. Continuando sua defesa, o envolvido refutou a acusação de que teria sidoomisso, pois, segundo laudo técnico produzido pelo gerente de manutenção daTCB, somente após uma análise minuciosa é que a fraude nas roletas pôde serdescoberta. Afirmou que a violação era de difícil percepção em vistoria superficial,impossibilitando aos fiscais de tráfego e aos supervisores a constatação dairregularidade (fl. 510).38. Concordamos com o sr. Vanderlino. Lembramos que à época eledesempenhava as funções de supervisor e não de fiscal de tráfego, a quem cabiadiretamente a verificação nas roletas. É certo que, como superior hieráquico, teriaa responsabilidade solidária pelo trabalho a ser executado pelos seussubordinados.39. Entretanto, devemos considerar que seria inexeqüível a fiscalização dointerior de cada veículo pelo supervisor de área. Salientamos também que asfraudes somente foram descobertas depois das denúncias e com vistoriastécnicas apuradas, em razão da forma profissional como foram executadas.40. Para corroborar nossa opinião, citamos o relatório técnico sobre a violação efraude das roletas (fls. 2/3 – ap.) que é claro ao afirmar que as irregularidades nãopoderiam ser descobertas a olho nú.41. Continuando, o sr. Vanderlino ressaltou que em veículos da Rodoviária e deSão Sebastião também foram encontrados furos que permitiam a adulteração nasroletas. Entretanto, nenhum supervisor de outro ponto foi acusado. Afirmou que aComissão de Tomada de Contas Especial deveria ter apurado a responsabilidadede todos os demais supervisores (fl. 511).42. Também nesse ponto, estamos de acordo com o defendente. Se foramencontrados outros carros com as roletas adulteradas, a Comissão de Tomada deContas Especial deveria ter ouvido todos os que trabalharam, direta ouindiretamente, com os veículos.

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43. Analisando os Boletins de Controle Operacional que foram anexadosà defesa do sr. Dinarte Marcílio da Silva Castro (fls. 575/799), verificamos quetrabalharam ou tiveram contato com os veículos fraudados aproximadamente 180empregados, entre motoristas, cobradores e fiscais. Entretanto, conforme constado Processo Apenso nº 095.000.600/99, a CTCE somente colheu o depoimento de18 envolvidos. Assim, entendemos que a Comissão não aprofundou o bastantenas investigações, de forma a embasar as suas conclusões. Voltaremos a abordaresse fato adiante, quando da análise da defesa do sr. Dinarte.44. O sr. Vanderlino ressaltou que não participou ou colaborou com qualqueratividade ilícita na TCB. Afirmou que não há nexo de causalidade entre o fatoocorrido e a sua conduta, e finalizou requerendo que seja isento das acusaçõespor entender que inexistem provas que possam responsabilizá-lo solidariamentepelas fraudes (fl. 512).45. Diante do exposto, entendemos que as alegações apresentadas pelo sr.Vanderlino de Souza Cunha procedem, devendo ser o seu nome excluído do roldos responsáveis pelas ocorrências em análise.16

7) ANÁLISE DAS RAZÕES DE DEFESA DE DIOMAR MOREIRA DE SOUZA

Conforme item “b” do relatório da Comissão de Tomada de ContasEspecial17o referido cobrador foi responsabilizado por um prejuízo no montante deR$ 15.752,00 (Quinze mil, setecentos e cinqüenta e dois reais), tendo sido sugeridasua demissão por justa causa.

A Inspetoria é categórica ao reafirmar que não há nos autoselementos capazes de comprovar o nexo entre a conduta do citado agente e o danocausado, assim analisando:

Diomar Moreira de Souza (fls. 513/528)

46. Lembramos que, conforme item “b” do relatório da CTCE (fl. 258 – ap.), ocobrador Diomar Moreira de Souza foi responsabilizado por um prejuízo de R$15.752,00 aos cofres da TCB, sendo sugerida a sua demissão por justa causa.47. O sr. Diomar iniciou as suas alegações fazendo um breve histórico dasocorrências em análise, desde a criação da Comissão de Tomada de ContasEspecial até a sua citação como um dos responsáveis pela fraude nas catracasdos ônibus (fls. 513/514).48. Continuando, o defendente comentou sobre a afirmação de que a quantidadede passageiros transportados teria caído depois de seu retorno de férias.Questionou a forma de apuração, dizendo que seu período de descanso foi de01.11.1998 a 30.11.1998, coincidindo a sua volta ao trabalho com o início dasférias escolares, além dos feriados de final de ano (fl. 515).49. O sr. Diomar falou que, na comparação de escala apresentada à folha 136 doprocesso apenso, não foi considerado o fato da existência do dia das mães nomês de maio, o que aumenta a quantidade de passageiros, justificando, assim, adiferença de arrecadação em relação ao período anterior (fl. 515).50. O defendente questionou o fato de na apuração não terem sido consideradosos meses de janeiro e fevereiro, por serem de férias, e abril, em razão de conterapenas 10 dias antes da descoberta das fraudes, enquanto não foi observado queem dezembro há mais de uma semana de feriados (fl. 515).51. Ao principiarmos o exame das alegações, lembramos da opinião sobre ametodologia usada para o levantamento do débito, expressa nos §§ 18 ao 25 da

16 Vide fls. 828/830.17 Vide fl. 258-ap.

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Informação 112/2000 (fls. 28/30), com a qual concordamos inteiramente. Ali, oCorpo Técnico considerou que os elementos utilizados para quantificar o prejuízoforam frágeis.52. Ao analisarmos os questionamentos feitos pelo sr. Diomar nos §§ 48/50 retro,entendemos que a Comissão se equivocou, principalmente ao considerardezembro como um mês de movimento normal. Afinal, é do conhecimento detodos que nesse período se iniciam as férias escolares, o que diminuisubstancialmente o número de pessoas em trânsito pela cidade.53. O sr. Diomar citou o fato de ter sido empregado da TCB por onze anos, semsofrer nenhuma reclamação quanto ao seu comportamento. Indagou porque nãofoi feita uma estatística desde o seu primeiro dia trabalho, pois seria verificadauma constância numérica (fl. 515).54. Prosseguindo, o defendente afirmou que nos onze anos como cobrador daTCB sempre cumpriu as suas obrigações profissionais. Citou excertos daInformação nº 112/2000, na qual o Corpo Técnico deste Tribunal expressou oentendimento de que as provas trazidas aos autos não revelam a autoria do feito eque a CTCE não explicitou o nexo entre a conduta dos agentes citados comoautores das fraudes e o acontecido (fl. 516).55. Quanto à existência de nexo de causalidade entre a conduta dos agentes e aimprobidade, reportamo-nos ao transcrito no § 23 retro, para concordar com odefendente. Conforme já exprimimos, entendemos que no processo em análisenão foram apresentadas evidências concretas da participação do sr. Diomar nosatos irregulares.56. Sobre as características das linhas de ônibus, com a finalidade de corroborarsuas razões, o sr. Diomar fez uma síntese da defesa apresentada pelo sr. DanielCastro Sales, à época chefe da Assessoria de Planejamento da TCB (fls.516/517):

“a demanda varia conforme o horário, o dia da semana e o mês, reduz emdias de chuvas e de frio, há a presença do transporte clandestino que se colocamà frente dos ônibus para angariar passageiros, que há períodos de combate aotransporte pirata e por isso pode ocorrer variáveis de passageiros nas linhasnormais, concorrência entre empresas primárias e secundárias, greves deservidores, períodos de FUROS DE VIAGENS, férias escolares, dias úteis eferiados, pontos facultativos, recessos, motoristas que não param nos pontos,adiantamento e atraso nas viagens.”(...)“neste curto período de tempo, a empresa encolheu mais de 50%, fruto de umaconjunção de circunstâncias que envolvem falta de renovação da frota e apassagem de linhas da empresa (seu maior patrimônio) para a iniciativa privada.(...) Em janeiro de 1998 a TCB realizou 67,1 mil viagens para dois anos depois cairpara 27,7 mil. Óbvio que refletiu na receita e na quantidade de passageirostransportados que passou, no mesmo período de 2,8 milhões para 1,3 milhões.”57. O defendente continuou as suas razões declarando que diversos fatorespoderiam contribuir para que as viagens não fossem iguais. Disse que as roletaspoderiam estar adulteradas a mais tempo e o fato não ter sido notado (fl. 517).58. Prosseguindo a nossa análise, entendemos que também cabe razão aodefendente quanto aos pontos abordados nos §§ 56/57 retro. Realmente, a CTCE,ao proceder aos cálculos estatísticos para levantamento do débito, deixou deconsiderar diversos fatores.59. O sr. Diomar falou que trabalhou na TCB por onze anos, e foi demitido emrazão das fraudes nas roletas dos ônibus. Ressaltou que, após a demissão, entrouna Justiça Trabalhista com a finalidade de reaver seus direitos. Anexou, às folhas520/528, cópia da Ata de Audiência da 13ª Junta de Conciliação e Julgamento deBrasília-DF. Depreende-se, pelas suas declarações, que obteve ganho de causaem decorrência de a TCB não ter provado a sua participação na adulteração dasroletas. O defendente concluiu afirmando que não pode responder por umproblema que já foi julgado perante um Tribunal Trabalhista (fls. 517/518).

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60. Divergimos do defendente quanto a esse ponto. O fato de a Junta deConciliação e Julgamento de Brasília ter condenado a TCB a pagar indenizaçãopor não ter conseguido provar, naquela instância, a participação do sr. Diomar nasadulterações, não encerra o processo administrativo.61. Salientamos que isso somente ocorre em relação ao processo penal, cujasentença, sendo proferida com negativa de autoria, alcança o processoadministrativo.62. Continuando, o defendente disse que não tem boas condições financeiras,trabalha como motorista na Prefeitura Municipal de Valparaíso de Goiás, e possuiuma casa localizada em Pedregal, no Novo Gama. Afirmou que sempre cumpriu aobrigação de apresentar os boletins conforme requerido pela TCB, e não entendecomo as fraudes aconteceram. Comentou do tempo que levaria para usar os“furos” e encobrí-los antes de entregar o acompanhamento aos fiscais (fl. 518).63. Analisando as afirmações do § 62 retro, tornamos ao já tratado na Informaçãonº 112/2000 (fls. 24/34). Está claro o fato de que ocorreram as fraudes. Masdevemos frisar que, em nenhum momento, a Comissão apresentou elementossuficientes para apontar os autores do feito.64. O sr. Diomar disse que não se importa em colaborar para esclarecer os fatos,mas não concorda que lhe seja atribuída culpa. Declarou que, caso tivesse obtidoa quantia pela qual está sendo responsabilizado, aproximadamente R$ 15.000,00,não estaria preocupado em buscar na Justiça do Trabalho os seus direitos, tendorecebido cerca de R$ 4.900,00 (fl. 518).65. O defendente afirmou que nos autos não existem provas de que ele tenhaadulterado as roletas dos ônibus. Recorreu ao princípio jurídico que diz: “em casode dúvida, não condene”. Ressaltou que na linha e no veículo no qual trabalhavatambém outros cobradores desempenhavam a mesma função. Finalizousolicitando que seja isento de qualquer responsabilidade pelas ocorrências emanálise.

Diante dos elementos constantes dos autos e das alegações apresentadas,entendemos que o sr. Diomar Moreira de Souza deve ser isento daresponsabilidade pelos prejuízos em análise no presente processo.

8) ANÁLISE DAS RAZÕES DE DEFESA DE DINARTE MARCÍLIO DA SILVACASTRO

Foi atribuído ao defendente, empregado da área de fiscalização,conforme item “e” da conclusão do relatório final da Comissão de Tomada de ContasEspecial18, a responsabilidade solidária pelos prejuízos ocorridos com as fraudesnas roletas dos ônibus da TCB, por culpa “in vigilando”.

Suas alegações de defesa, acolhidas pela Inspetoria, centram-se emcontra-argumentar a imputação de sua responsabilidade, assim como a metodologiapara levantamenento do débito.

O Corpo Técnico assim analisa a questão:

Dinarte Marcílio da Silva Castro (fls. 529/816)

67. Ressaltamos que, conforme item “e” da conclusão do relatório final da CTCE(fl. 258 – ap.), foi atribuída ao sr. Dinarte, empregado da área de fiscalização, aresponsabilidade solidária pelos prejuízos ocorridos com as fraudes nas roletasdos ônibus da TCB, por culpa “in vigilando”.

18 Vide fl. 258-ap.

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68. O sr. Dinarte principiou a sua defesa declarando que, no decorrer da TCE,ocorreram irregularidades que influíram no resultado das apurações (fl. 529). Coma finalidade de corroborar suas razões, citou trecho constante do § 14 (fl. 27) daInformação 112/2000, na qual o Corpo Técnico deste Tribunal expressou, inverbis:

“Da análise dos autos emergem duas questões que comprometem osresultados apresentados: a) os argumentos utilizados para imputação deresponsabilidade; e b) a metodologia usada para levantamento do débito.”69. O defendente citou ainda excertos do relatório do Conselheiro Jorge Ulisses,folha 362, onde foi destacado o requinte da adulteração das roletas e aconseqüente dificuldade para que os fiscais e supervisores a descobrissem (fl.530).70. Principiamos a nossa análise, concordando com o sr. Dinarte. Aliás, jácitamos, no exame das defesas dos demais envolvidos, os excertos dasInformações nº 112/2000 (fls. 24/34) e do voto do ilustre Conselheiro JacobyFernandes (fls. 353/365), os quais corroboram o entendimento de que não existemnos autos elementos suficientes para a indicação de responsáveis pelo prejuízo àTCB.71. Continuando o apontamento de falhas no processo de TCE, o sr. Dinartefalou que houve falta de avaliação do laudo técnico. Afirmou que a Comissão, emvirtude da complexidade das fraudes, procurou setores especializados da TCB,com a finalidade de embasar melhor a sua decisão. Disse que, depois de a CTCEse dirigir à Seção de Roleta/TCB, foi consignado em ata que os funcionáriosdaquele setor desmontaram uma roleta fazendo as explicações solicitadas, e, emrazão de persistirem dúvidas, foi feita outra vistoria, para que os técnicosdemonstrassem o modo de execução da fraude (fls. 530/531).72. O defendente declarou que, se por um lado os laudos mostravam comoocorriam as adulterações, por outro ficava claro que era impossível a constataçãodo fato a olho nú. Entendeu que a Comissão teria que se posicionar sobre esseponto, coisa que não fez. Citou excertos do laudo técnico elaborado pelo sr. JoséCarlos de Medeiros Junior, que diz que as fraudes somente foram detectadasdepois de análise minuciosa, pois não eram percebidos com uma rápida análise(fls. 531/532).73. Continuando as suas razões, o sr. Dinarte considerou que ocorreu umenorme equívoco da CTCE ao não se manifestar acerca do contido no RelatórioTécnico sobre a violação e fraude nas roletas, constante às folhas 02/03 doProcesso de TCE, e citou um trecho do referido documento, in verbis:

“Para que fosse possível detectar a presença dos orifícios foram necessáriasa aplicação de removedor químico, para que fosse possível a remoção da pintura,e o “lixamento” das superfícies suspeitos. A presença dos orifícios não erapossível de ser detectada a olho nú, já que estavam devidamente tapados comalgum tipo de massa plástica e a superfície toda era cuidadosamente pintada deforma a eliminar, exteriormente, qualquer tipo de vestígio de violação (Sem grifosno original).74. Diante do contido no laudo citado no § 73 retro, o defendente considerou queseria impossível que, como fiscal, fizesse a descoberta das adulterações, pois,além de não dispor de todo o material necessário para a mencionada averiguaçãotécnica, não teria tempo disponível para a sua execução, em virtude da rotinadiária de trabalho (fls 532/533).75. Continuando o exame da defesa, registramos nossa concordância com oexpresso nos §§ 71/74 retro. Ao analisarmos as peças processuais, ficou patentea dificuldade para que as adulterações fossem desmascaradas. Pelo depoimentodo sr. Zochen (fls. 122/124 – ap.) e pelo relatório técnico (fls. 2/3 – ap.),verificamos que, mesmo depois das denúncias e, portanto, direcionados acomprovar o fato, não descobriram as fraudes facilmente.76. Portanto, entendemos não ser justa a responsabilização do fiscal por culpa “invigilando”, em face da dificuldade em evidenciar a fraude.

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77. O sr. Dinarte afirmou que a Comissão acatou os depoimentos em detrimentodo contido nas perícias. Questionou o fato de a CTCE ter considerado as provastécnicas importantes para apurar os valores do prejuízo e como as adulteraçõeseram feitas, sendo que as mesmas foram deixadas de lado quando mostraramque era impossível detectar as fraudes a olho nú. Para frisar sobre a importânciada prova técnica/pericial, citou excertos da obra de Pires dos Santos, que trata doassunto (fl. 533/534).78. Mais uma vez concordamos com o defendente. A Comissão não deu a devidaimportância aos laudos técnicos ao apontar os responsáveis pelas fraudes. Se osdocumentos periciais diziam que as adulterações não poderiam ser vistas a olhonú e sem a utilização de equipamentos especiais, não caberia a responsabilizaçãodo fiscal por culpa “in vigilando”.79. Continuando suas alegações, o defendente afirmou que a Comissão deTomada de Contas Especial limitou-se a transcrever os depoimentos na íntegra.Dessa forma, entendeu que não foi utilizada uma ferramenta importante eminvestigações, que é a acareação (fls. 534/535).80. Considerando esse fato, o sr. Dinarte fez diversas observações. Afirmou queno depoimento do sr. Vanderlino consta que o sr. Francisco Antônio Evangelistanão havia comunicado nada sobre as suas suspeitas. Falou também do excerto dadeclaração do sr. Zochen, à folha 122 do processo apenso, que diz que odenunciante “procurou o fiscal Dinarte informando que havia alguma coisa erradacom a dupla do veículo 0936-9-Raimundo/Jason”. Declarou que ficoudemonstrado que os supervisores tomaram conhecimento da delação por seuintermédio. Assim, entende que não houve omissão ou falta de vigilância de suaparte (fls. 535/538).81. Realmente, o sr. Zochen, em seu depoimento, dá a entender que soube daocorrência pelo sr. Dinarte. Esse fato não foi levantado pela CTCE. Dessa forma,a priori, não estaria caracterizada a omissão do agente.82. O sr. Dinarte falou sobre o trecho do depoimento do sr. Zochen, no qual osupervisor afirmou que “fiscalizou a roleta do veículo conferindo o número nelaassentado com o BCO, o que conferiu, em seguida, conduziu o carro até aGaragem Central e examinou a roleta e nada encontrou.” Diante dessadeclaração, o defendente fez o seguinte questionamento: se o supervisor Zochen,tendo conhecimento da denúncia e procedendo a um exame direcionado na roletae não conseguiu identificar a fraude, como ele poderia ter descoberto? (fl.538/539)83. Em relação a esse ponto, ratificamos nossa opinião transcrita nos §§ 75/76retro, frisando que, em razão do “modus operandi” dos fraudadores, não seriapossível aos fiscais a identificação da adulteração em vistorias normais dechegada e saída de carro dos terminais.84. Outro ponto levantado pelo sr. Dinarte foi que, verificando os Boletins deControle Operacional referentes ao período das suspeitas das fraudes, observouque o sr. Zochen conduziu o veículo 9369 até a Garagem Central em 18.02.99.Considerando esse fato, questiona se o supervisor levou o carro para vistoriasomente nessa ocasião. Disse que essa confirmação teria sido essencial para oesclarecimento dos fatos, pois mostraria a partir de quando ocorriam as fraudes,influenciando, inclusive, na apuração dos valores do prejuízo. Entendeu que aCTCE deveria ter procurado aclarar essa questão (fls. 539/540).85. Analisando o BCO nº 91702 (fl. 792), confirmamos a afirmação do sr Dinarte.No referido documento verificamos que, realmente, o carro nº 9369 foi levado pelosr. Zochen, matrícula DMTU nº 11720, à garagem central em 18.02.99.86. Frisamos que o sr. Zochen não desempenhava a função de motorista, e simde supervisor, e que o carro foi conduzido até a garagem central fora do horárionormal de recolhimento. Ressaltamos que, mesmo depois de ter sidoencaminhado àquele departamento, o veículo continuou transitando normalmenteaté abril, quando foram descobertas as adulterações na roleta.

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87. Diante disso, fica evidente a dúvida quanto a metodologia de cálculo doprejuízo, pois, se o veículo foi liberado para tráfego em 18.02.99, a Comissão nãopoderia ter considerado, para quantificar o dano, que o problema ocorria desdeagosto/98. Salientamos que, tanto o supervisor Zochen quanto o fiscal AntônioTeixeira, foram absolvidos no processo.88. Continuando as suas alegações, o sr. Dinarte fez uma análise dos Boletins deControle Operacional, referentes ao veículo nº 9369, que foram anexados aopresente processo. Iniciou afirmando que a Comissão de Tomada de ContasEspecial não ouviu todas as pessoas que estiveram envolvidas no caso, e queeste fato poderia ter dado mais argumentos para apontar os responsáveis. Disseque a CTCE deveria ter feito o levantamento de quantos fiscais, motoristas ecobradores trabalharam no veículo em questão, e colher o depoimento de todoscom a finalidade embasar suas conclusões (fls. 541/543).89. O defendente disse que, depois da análise dos Boletins de ControleOperacional, verificou o fato de aproximadamente 100 (cem) pessoas, entremotoristas, cobradores e fiscais que trabalharam com o veículo nº 9369 no períodode agosto/98 a março/99, sequer terem sido ouvidas pela CTCE. Considerou issouma grave falha, pois entendeu que qualquer um poderia estar envolvido no caso,e não somente aqueles que a Comissão apontou sem a devida apuração (fls.543/554).90. Consideramos o fato levantado pelo defendente nos §§ 88/89 retro comoessencial à análise do processo. Entendemos que, quanto a esse ponto, aComissão cometeu um grave equívoco nas investigações. Verificando osesclarecimentos prestados à Comissão de Tomada de Contas Especial noProcesso Apenso nº 095.000.600/99, vemos que somente 16 empregados foramchamados para depor.91. Com a ajuda de documento fornecido pela TCB (fls. 817/822), identificamos,pelos BCOs dos carros nºs 9369 e 9474 (fls. 575/799), os empregados quetrabalharam nos veículos fraudados no período de agosto/98 a abril/99.92. Confrontando os nomes daqueles empregados com os que prestaramdepoimento à CTCE, comprovamos que mais de 150 servidores, que estiveramenvolvidos com os veículos cujas roletas estavam adulteradas, não foram sequerchamados para esclarecimentos.93. Diante desse fato relevante, entendemos que a Comissão de Tomada deContas Especial se precipitou ao emitir um parecer indicando os responsáveispela fraude nas roletas, sendo que havia investigado pouco mais de 10% dosenvolvidos no caso.94. Prosseguindo a sua defesa, o sr. Dinarte fez comentários sobre o depoimentodo sr. José Diniz, à época chefe do plantão central da TCB, frisando a afirmaçãodo mesmo de que os carros somente eram liberados para o tráfego depois deminuciosa vistoria, inclusive nas roletas. Salientou o fato de o citado supervisor terliberado o veículo nº 9369 para tráfego no dia 19/03/99, portanto, apenas 20 diasantes da descoberta das adulterações. Diante disso, questionou quais eram asreais condições da roleta do mencionado veículo naquele dia, pois, caso nãotivesse burlada, conclui-se que a fraude não ocorria desde agosto/98. Lembrouque a Corte precisa de uma resposta para essa questão, já que o sr. Diniz foiabsolvido no presente processo (fls. 555/557).95. Mais uma vez, concordamos com o sr. Dinarte. Conforme Boletim de ControleOperacional nº 93961 (fl. 767), o sr. José Diniz fiscalizou o carro nº 9369 em19.03.99, l iberando o referido veículo para trafegar normalmente.96. Dessa forma, considerando que, segundo declarações do citado fiscal, asvistorias eram feitas de forma cuidadosa, e ainda o fato de o mesmo não ter sidoindicado como responsável pelas irregularidades, questionamos: a) se não haviaproblemas com o carro em 19.03.99, teria sido correta a apuração do prejuízodesde agosto/98? e b) se a roleta já estava adulterada, a CTCE poderia isentar osr. José Diniz sem aprofundar as investigações?

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97. Diante disso, entendemos que mais uma vez ficou caracterizada a fragilidadedas averiguações da Comissão de Tomada de Contas Especial, pois não foramesclarecidas questões que poderiam alterar substancialmente os valores do danoe também incluir ou excluir responsáveis pela ocorrência.98. Em relação ao veículo nº 9474, da linha 106, o defendente considerou que aComissão de Tomada de Contas Especial cometeu os mesmos equívocos citadosna análise do de nº 9369, pois deixou de colher o depoimento de 75 pessoas queestiveram trabalhando com aquele carro (fls. 557/561).99. Quanto ao mencionado veículo, reportamos ao expresso nos §§ 89/93 retro.100.Prosseguindo a sua defesa, o sr. Dinarte comentou sobre o depoimento do sr.Francisco de Paulo, que, à época da denúncia, afirmou que não trabalhava noveículo nº 9369 e sim no de nº 9334. Declarou que, entretanto, verificando osBCOs, descobriu que o sr. Francisco também trabalhou no carro nº 9369 em trêsocasiões. Diante desse fato, questionou por que essa informação foi omitida, quaiseram as condições das roletas naquele período e os motivos de a Comissão nãoter averiguado os Boletins de Controle Operacional. Levantou ainda a questão deque diversos cobradores tiveram suas contas aprovadas sem serem ouvidos pelaCTCE, apesar de terem desempenhado suas funções no carro fraudado (fls.561/565).101.Este é mais um ponto em que a CTCE deixou fatos a esclarecer. Realmente,os BCOs nºs 97242 (fl. 577), 91209 (fl. 790) e 92007 (fl. 795), comprovam que osr. Francisco, chapa nº 1628, omitiu a informação que teria trabalhado no veículonº 9369. Quanto aos cobradores que tiveram suas contas aprovadas sem seremouvidos pela Comissão, reportamos ao transcrito nos §§ 88/93 retro.102.O defendente continuou falando sobre a falta de manutenção do veículo9369. Frisou o fato de existirem diversos setores voltados para a manutençãopreventiva e corretiva dos veículos (Gerência de Manutenção, Seção deManutenção Preventiva e Seção de Manutenção Corretiva), e mesmo assim nãofoi descoberta a fraude. Afirmou que, conforme BCOs, de agosto/98 a abril/99, oreferido carro foi recolhido à Gerência de Manutenção por 26 vezes e ao DMTU,para Vistoria de Aprovação, por mais 3 vezes. Questionou se as vistorias eramfeitas ou se os departamentos responsáveis foram omissos. Perguntou tambémpor que a CTCE não buscou esclarecer esses fatos (fls. 565/569).103.Confrontando o quadro apresentado pelo sr. Dinarte (fls. 568/569) com osBCOs do carro nº 9369 (fls. 575/799), verificamos que o referido veículo foirecolhido para manutenção e vistoria por 29 vezes, o que pode ser comprovadonos documentos constantes do processo, conforme abaixo:

data BCO nº folha nº data BCO nº folha nº data BCO nº folha nº13/08/98 60128 672 15/11/98 78031 719 30/01/99 88219 60721/08/98 62123 677 19/11/98 78278 721 06/02/99 88358 78329/08/98 63422 680 20/11/98 77862 722 12/02/99 89881 78807/09/98 65041 682 06/12/98 80701 750 17/02/99 90412 79101/10/98 68775 688 09/12/98 81404 724 18/02/99 91702 79214/10/98 71981 696 28/12/98 84442 741 18/03/99 95290 76620/10/98 73477 701 03/01/99 86424 585 19/03/99 93961 76730/10/98 74607 709 08/01/99 86239 589 29/03/99 98433 77501/11/98 75159 710 27/01/99 87710 605 30/03/99 95533 77609/11/98 74962 717 28/01/99 88082 606

104.Conforme informações obtidas com o sr. Saturnino, gerente de operações daTCB, sobre os códigos internos utilizados na Empresa para identificação de localnos BCOs, os de nºs 070 e 100 são, respectivamente, da garagem central e doDMTU. Ainda segundo o referido empregado, os carros só eram encaminhados aoDMTU para vistorias especiais.105.Diante disso, entendemos que cabe mais uma vez dar razão ao defendente.Consideramos não ter justificativa o fato de o veículo ter sido recolhido paramanutenção e vistoria por tantas vezes, e não se descobrir a irregularidade, e aCTCE querer apontar o fiscal de tráfego por culpa “in vigilando”, isentando todosaqueles que participaram das inspeções no carro.106.O sr. Dinarte questionou também a metodologia empregada para calcular osvalores do prejuízo. Declarou que não ficou claro no processo a forma de

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apuração do dano. Salientou que não foi omisso em nenhum aspecto, e por isso,refutou a sua indicação como responsável por culpa “in vigilando”. Continuando,apresentou uma relação de bens que diz ser de sua propriedade (fls. 569/571).107.Finalizando, o defendente fez um breve resumo de seus argumentos, jáanalisados nos §§ 67/106, e solicitou a exclusão de seu nome do rol dosresponsáveis pelas fraudes nas roletas dos ônibus (fls. 571/574).108.Diante da defesa apresentada, entendemos que procedem as alegações dosr. Dinarte Marcílio da Silva Castro, devendo, assim, ser isento daresponsabilidade pelo prejuízo em análise no presente processo.

As conclusões apresentadas pela Divisão de Contas da 3ª Inspetoriavazam no sentido da impossibilidade de apontar os responsáveis pelas fraudes nascatracas dos ônibus da TCB, sugerindo seja encerrada a presente TCE comabsorção do prejuízo pelo erário.

MANIFESTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público, consoante Parecer nº 767/04-CF, opina nomesmo sentido da proposição da Inspetoria, ou seja, em síntese, pelo encerramentodas presentes contas.

É o Relatório.

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VOTO

O presente processo trata de tomada de contas especial instauradapara apurar responsabilidades e o valor do débito decorrente de fraudes em roletasde ônibus da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília – TCB.

O feito estava tendo encaminhamento diverso ao ora proposto pelaInspetoria e Ministério Público quando, ao reinstruí-lo, o Órgão Técnico da 3ª ICEregistrou o recebimento do Memorando nº 81/2004 da 1ª Inspetoria19 encaminhando-lhe as razões de defesa de Jason Pereira Braga, Diomar Moreira de Souza, DinarteMarcílio da S. Castro e Vanderlino de Souza Cunha20, citados conforme item “e” daDecisão nº 3950/200221.

A retenção dos documentos na 1ª Inspetoria “deveu-se por umafalha na sistemática dos procedimentos relativos aos processos que aguardamdefesa”22.

Após análise das razões de defesa apresentadas pelos supracitadosagentes, concluem, harmonicamente, o Parquet e a Inspetoria, devam serencerradas as contas especiais, com absorção do prejuízo pelo erário, nos termosda Decisão nº 2497/200223, em síntese, pelos seguintes argumentos:

- impossibilidade de apontar, de forma irrefutável, os responsáveispelas fraudes nas catracas dos ônibus da TCB;

- dificuldade de estabelecer os valores exatos do prejuízosuportado pela Empresa;

- restaram sem esclarecimentos diversos fatos tidos por essenciaispara aclarar a situação, por exemplo, a ausência deesclarecimentos por parte de quase 90% dos empregados queestiveram envolvidos com os veículos fraudados (mais de 150pessoas), sendo que não foram responsabilizados no presenteprocesso;e

19 Vide fl. 501.20 Vide fls. 502/816.21 Vide fl. 366.22 Vide fl. 824.23 [...] ; II - com vistas à uniformização da jurisprudência deste Tribunal, desde já, deliberar no sentidode que será considerada encerrada, com absorção do prejuízo pelo erário, a Tomada de ContasEspecial em que não seja possível identificar o responsável nas apurações efetivadas, dando-sequitação, quanto isto ocorrer, ao ordenador da despesa; [...]

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- não restou comprovada a data de início da fraude, “ já que o carronº 9369 passou por diversas vistorias no período de agosto/98 amarço/99 e foi liberado para tráfego.”.

Concluem, pois, que proceder a novas investigações resultaria emextremado ônus.

Sabem, meus nobres pares, que tenho envidade esforços emotivado os Analistas da Corte para dar plena efetividade à Diretriz nº 1 do PlanoEstratégico e sua Diretriz Operacional nº 4 que respectivamente dispõem:

Diretriz Estratégica nº 1: cumprir tempestivamente, de forma preventiva eorientadora, as competências institucionais[...]Diretriz Operacional nº 4. Elevação do índice de decisões conclusivas.

Arquivar seria, in casu, harmonizar os fatos com essas diretrizes.

Ocorre que, neste caso específico, analisando os autos convenci-mede que houve furto.

Parece-me evidente o dano, o nexo causal e a autoria. Doiscobradores e um motorista furtaram por artifício, com requinte, valores da TCB,assim, revendo o feito, conduzo-me por divergir das sugestões precedentes, pelosfatos e fundamentos que passo a concatenar.

A constatação de fraude nas roletas dos veículos da Sociedade deTransportes Coletivos de Brasília – TCB decorreu de denúncia formulada peloempregado Francisco Antônio Evangelista de Paulo, nos seguintes termos24:

Comunico-lhe a chefia de certos acontecimentos estranhos acontecendo coma dupla do carro 9366- Jason e Raimundo Nonato.Alguns meses atrás, quando eu vim trabalhar neste horário. A dupla pediu aomotorista do carro 9334 que andasse adiantado de qualquer maneira.Certos fatos são bastante suspeitos, sobre certas atitudes tomada por essa duplaque roda no carro 9366. Alguns meses atrás eles fecharam o carro 9334, nohorário de 17:00 h no Setor Comercial Sul, o motivo foi porque o carro 9334estava atrasado e para eles era muito ruim, porque eles não carregavampassageiros. Mas é muito suspeita esta atitude que eles tomaram. Porqueeles dão seis viagens e se quer carrega a quantidade de passageiros quenós, do carro 9334, carrega. Eu lhe pergunto: aonde estão os passageiro queeles carregaram?Sobre a fechada, ainda existe a marca no carro onde aconteceu tal fato. O 9334foi quase arrancado o suporte do quebra vento e o 9366 foi riscado ao lado daporta traseira. O frise foi amassado com alguns risco onde o suporte do carro 9334pegou.Essa dupla fazem mesmo atitudes muito suspeitas porque eles muitas vezespassam pela gente, e lotam, e depois param lá na frente e passam os passageirospara o nosso carro, dizendo algumas desculpas, e ficam parados em

24 Vide fl. 17 do procedimento de nº 095.000.600/1999.

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determinados locais na W/Norte. Muitas vezes também eles fazem na últimaviagem. Foi muita coincidência que nós ficamos sabendo deste últimoacontecimento. Isto porque faltou o motorista que fazia a rendição e o motoristaque roda comigo foi dar mais uma viagem e de novo eles passaram ospassageiros para o carro 933425.

Após recebida a denúncia, com zelo e celeridade, no âmbito daTCB, conduziu-se hierarquicamente a questão, sendo periciada a roleta do ônibus nº9366, assim como do restante da frota, constatando-se que a fraude ocorreu em 37veículos26.

Devido a relevância dos fatos, foi registrada ocorrência policial na 2ªDelegacia de Polícia, circunscrição da Asa Norte27, cujo respectivo inquérito policial,em apuração, foi autuado sob o nº 2002.01.1.037529-5 no Tribunal de Justiça doDistrito Federal e Territórios.

A Comissão de Tomada de Contas Especial foi instaurada medianteInstrução de Serviço nº 089/99 – PRES/TCB e após um denso e qualificado trabalhoconcluiu conforme segue:

IV - CONCLUSÃOA luz do exposto e apurado, é possível concluir que:

a) o cobrador RAIMUNDO NONATO DA SILVA, matrícula nº 53.774-8, causouprejuízos à arrecadação da TCB no valor de R$ 35.188,00 (trinta e cinco mil centoe oitenta e oito reais), no período de agosto de 1998 a 30 de março de 1999,portando deve ser responsabilizado pelo dano e demitido por justa causa nostermos da alínea "a" do art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT;

[....]

b) o cobrador DIOMAR MOREIRA SOUZA, matrícula nº 53.376-9, causouprejuízos à arrecadação da TCB no valor de R$15.752,00 (quinze mil, setecentose cinqüenta e dois reais), no mesmo período, devendo, também, ser demitido porjusta causa nos termos do predito diploma legal;

[...]

c)o motorista JASON PEREIRA BRAGA , detém a responsabilidade solidária como seu respectivo cobrador (Raimundo Nonato da Silva), uma vez ter estaComissão chegado à convicção que mesmo agiu em conivência com o aludidocobrador. Assim, deve ser responsabilizados solidariamente pelo prejuízodemonstrado;

[...]

d) quanto ao motorista JOSÉ ANTENÓRIO FRANCISCO DE CAMPOS, não foipossível identificar sua participação com o cobrador Diomar Moreira Souza peloprejuízo levantado e indicado na letra "b" retro. Entretanto, deve tal motorista ser

25 Grifos nossos.26 Vide fl. 03 do procedimento de nº 095.000.600/1999.27 Vide fls. 6/12 do procedimento de nº 095.000.600/1999.

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advertido, a critério da autoridade competente, para que passe a ter mais atençãoquanto ao comportamento dos cobradores que com ele venha a trabalhar daquipor diante.

e) os empregados da área de fiscalização, Senhores ROBERTO TRINDADE(falecido em 17/08/99), DINARTE MARCÍLIO DA S. CASTRO e VANDERLINO DESOUZA CUNHA, devem ser responsabilizados solidariamente com os cobradoresindicados na letra "a" e "b" retro, pelos prejuízos suportados pela TCB, por culpa"in vigilando";

[...]

f) o empregado da área de fiscalização, Senhor ZOCHEN ELIAS DOS SANTOS,deve ser punido com pena advertência, a critério da autoridade competente, porfalhas no cumprimento de suas atribuições; e

g) o Chefe da Seção de Venda de Passes e Controle de Receita Operacional -SECRO, à época, deve ser advertido, a critério da autoridade competente, porfalta de cumprimento de suas atribuições regimentais.

No tocante à responsabilização dos agentes vinculados àfiscalização28, ROBERTO TRINDADE e DINARTE MARCÍLIO DA S. CASTRO,assiste razão ao Corpo Técnico em afastá-la, pois, embora os boletins de ControleOperacional e de Transporte Coletivo, cujo preenchimento era de responsabilidadedos fiscais, tenha sido preenchidos pelos próprios cobradores, propiciandomanipulações, a violação nas catracas somente foi descoberta com vistoriastécnicas apuradas, imperceptíveis ao olho nu, sendo razoável pressupor ausênciade indícios que conduzissem para a constatação dessa ocorrência em situações denormalidade.

Quanto ao supervisor29, VANDERLINO DE SOUZA CUNHA, acolhoa justificativa de que lhe seria inexequível a fiscalização do interior de cada veículo,muito embora tenha responsabilidade pelos atos de seus subordinados, em razão desua culpa in vigilando, postando-se, in casu, isento de responsabilização ante aausência de razoabilidade em condená-lo, dado o modo ardiloso de proceder dosfraudadores.

As conclusões dos dois parágrafos precedentes encontram substratono registro que descreve o modus operandi dos fraudadores, de refinada astúcia,tornando-a de difícil constatação ao arquétipo de agente público enquadrável namodalidade de culpa objetiva30, conforme se verifica:

a) inicialmente foram furadas as roletas na parte frontal, logo abaixo do mostradorde números na altura da dezena e da centena;

b) na sequência os orifícios eram tampados com massa plástica, tipo durepox, epintados com spray de secagem rápida da mesma cor;

28 Nominados à fl. 258 do procedimento nº 095.000.600/99.29 Nominado à fl. 828.30 Homus medium

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c) feito isso, os cobradores registravam normalmente todos passageirostransportados e em um determinado momento, este que não pode ser identificadopela Comissão, retiravam a massa plástica do orifício e com um arame de açovoltavam a numeração da roleta da forma que lhes conviessem, em seguidatampavam novamente o orifício e o pintavam com tinta de secagem rápida,camuflando a fraude, pois a violação era de difícil percepção em uma vistoriasuperficial.31

Ao contrário do entendimento supra, sou impelido pelo sistema dolivre convencimento, balisado pelo preceito da persuasão racional, a sentenciar porcomprovada a culpabilidade dos cobradores RAIMUNDO NONATO DA SILVA eDIOMAR MOREIRA SOUZA, assim como do motorista JASON PEREIRA BRAGA.

RAIMUNDO NONATO DA SILVA

Após a denúncia formal de indícios de irregularidades em suaconduta, ao fiscalizar o veículo de que era cobrador, o encarregado responsável32,ao fazer a conferência da roleta, constatou que o Boletim de Controle Operacional –BCO, preenchido pelo referido cobrador, registrava o 23.706 e no visor da roletaconstava 23.826, demonstrando evidência de possível fraude nos registros.

Também, a análise comparativa do número de passageiros emperíodos que esteve no efetivo exercício da função de cobrador cotejado comperíodos de suas férias e/ou posteriores à descoberta das fraudes, conduz àconclusão de sua atuação comissiva no desfalque, consoante segue:

Mês atividade exercida Nº de passageirosagosto de 1998 cobrador 9.472setembro de 1998 cobrador 10.276outubro de 1998 estava em gozo de férias 16.671novembro de 1998 cobrador – retornou de férias 9.038dezembro de 1998 cobrador 8.503janeiro de 1999 desconsiderado – mês atípicofevereiro de 1999 desconsiderado – mês atípicomarço de 1999 descoberta da fraude – mês em

que ainda trabalhou10.023

Abril de 1999 após afastamento do cobrador 17.000

Vê-se no quadro suso que a quantidade de passageiros, quando nãoestava em efetivo exercício na sua função, era bastante superior; portanto, não há,ante os elementos dos autos, como afastar sua culpabilidade, devendo prevalecer aconclusão da Comissão de Tomada de Contas Especial jungida à oralidade.

DIOMAR MOREIRA SOUZA

A Comissão de Tomada de Contas Especial comparou oquantitativo de passageiros quando estava no desempenho de suas atribuições e 31 Vide fl. 253.32 Vide fl. 16 do procedimento nº 095.000.600/99.

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quando foi substituido, também, antes e depois da constatação das fraudes,resultando no seguinte quadro que laborei:

Média de passageiros da linha – 13.500Mês atividade exercida Nº de passageirossetembro de 1998 cobrador 9.143outubro de 1998 cobrador 10.436novembro de 1998 estava em gozo de férias 13.788dezembro de 1998 cobrador 9.410Janeiro de 1999 desconsiderado – mês atípicoFevereiro de 1999 desconsiderado – mês atípicoMarço de 1999 descoberta da fraude – mês em

que ainda trabalhou9.410

Vê-se que a quantidade de passageiros, quando laborou, é inferior àmédia registrada para o referido percurso, assim como, quando em afastamentodecorrente de férias, o cobrador que o substituiu, em mês considerado normal,consignou o transporte de, aproximadamente, 40% a mais de usuários.

Além disso, atuou como cobrador em quinze veículos onde foiconstatada a adulteração das roletas, conforme se verifica na fl. 135 doprocedimento nº 095.000.600/99 e, na folha seguinte a Comissão de Tomada deContas Especial juntou registro de passageiros transportados, com o seguinteresultado:

Período atividade exercida Nº de passageiros01/03/99 a 11/04/99 (35 dias) Per íodo antes da descoberta da

fraude11.709

12/04/99 a 17/05/99 (31 dias) Per íodo após da descoberta dafraude

16.891

Outra questão a ser considerada é a improcedência de seuargumento no sentido de infirmar as apurações dos quantitativos de passageiros,quando alega que retornou de férias no início das férias escolares e feriados de finalde ano, posto que o meses de janeiro e fevereiro foram desconsiderados na análisee os meses anteriores ( outubro e setembro) nada tiveram de atípico.

Também é incoerente alegar que no mês de maio33, em razão do diadas mães, restou prejudicada a análise, porquanto no quadro comparativo utilizadonão se faz referência a este período.

Assim, assiste razão à Comissão de Tomada de Contas Especial.

JASON PEREIRA BRAGA

33 Vide fl. 515.

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Quanto ao referido agente paira a necessidade de estabelecer nexocausal entre sua conduta e o prejuízo aproveitado pela TCB, em conivência com ocobrador RAIMUNDO NONATO SILVA.

A denúncia que deu origem à presente TCE, implica-o, na medidaem que há afirmação de que solicitou a motorista de outro veículo para conduzir-seadiantado de qualquer maneira34, sem justificativas, visto que o trajeto e horário sãodelimitados pela empresa sem interferência de motoristas e cobradores.

Ainda, há fatos registrados que, se ocorridos, dificilmente não teriamsua conivência, nos seguintes termos:

Certos fatos são bastante suspeitos, sobre certas atitudes tomada por essa duplaque roda no carro 9366. Alguns meses atrás eles fecharam o carro 9334, nohorário de 17:00 h no Setor Comercial Sul, o motivo foi porque o carro 9334estava atrasado e para eles era muito ruim, porque eles não carregavampassageiros. Mas é muito suspeita esta atitude que eles tomaram. Porque elesdão seis viagens e se quer carrega a quantidade de passageiros que nós, docarro 9334, carrega. Eu lhe pergunto: aonde estão os passageiro que elescarregaram?Sobre a fechada, ainda existe a marca no carro onde aconteceu tal fato. O9334 foi quase arrancado o suporte do quebra vento e o 9366 foi riscado aolado da porta traseira. O frise foi amassado com alguns risco onde o suporte docarro 9334 pegou.Essa dupla fazem mesmo atitudes muito suspeitas porque eles muitas vezespassam pela gente, e lotam, e depois param lá na frente e passam ospassageiros para o nosso carro, dizendo algumas desculpas, e ficam paradosem determinados locais na W/Norte. Muitas vezes também eles fazem na últimaviagem. Foi muita coincidência que nós ficamos sabendo deste últimoacontecimento. Isto porque faltou o motorista que fazia a rendição e o motoristaque roda comigo foi dar mais uma viagem e de novo eles passaram ospassageiros para o carro 933435.

Embora os fatos suso foram contraditados por depoimento queprestou, a sua conivência com a ação do cobrador pode ser observada quandoafirma em declaração – Termo de Declaração Expontânea de fl. 86 doprocedimento nº 095.000.600/99 – que “ ... não é possível o cobrador alterar a roletasem observância do motorista ...” e sempre adiantava suas viagens, além de admitirque o veículo, que trafegava à sua frente, durante o percurso, conduzia sempre maispassageiros que o seu, exceto, após descobertas as fraudes.

Resta, pois, para este julgador, comprovado o nexo de causalidadeentre sua respectiva conduta e o prejuízo quantificado, além de sedimentado oentendimento na certeza de que “houve fraude”36.

Quanto à impossibilidade de quantificar com exatidão o valor doprejuízo, não acolho a conclusão da Inspetoria e do Ministério Público, porque aComissão de Tomada de Contas Especial laborou com “perda de receita 34 Vide fl. 177 do procedimento de nº 095.000.600/99.35 Grifos nossos.36 Vide fl. 363.

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estimada”37, estabelecendo o valor resultante entre a média de passageirostransportados em períodos normais, sem fraudes, e o registrado pelos cobradores.

Em situação similar, por via de exemplo, se é dever daAdministração contratar a preços de mercado, qualquer despesa efetivada alémdesse limite deve ser reembolsada ao erário pelo agente responsável, cabendoasseverar que o preço de mercado é um valor representativo dentre os praticadosno âmbito da Administração, em nada obstando não seja o erário restituído.

A metodologia de cálculo empregada decorre de série histórica dedados estatísticos, acerca de números de usuários do transporte, e guardemcredibilidade, visto que, às fls. 216 e seguintes dos autos, os Demonstrativos deOperação Diária de Tráfego sinalizam para Índices de Cumprimento de Viagens –ICV38 bastante significativos.

Apesar de já terem sido demitidos39, segundo deliberado noProcesso nº 1.115/02, mediante Decisão nº 3.651/04, a título de esclarecimento,deve ser salientado que a condição de ex-empregado de modo algum se identificacom a de terceiro sem vínculo com a Administração Pública, também, porquanto omomento de aferição do vínculo é o do ato ou fato danoso, oportunidade na qualdetinham vínculo empregatício.

Por fim, há convicção, ante as evidências dos autos, de que aconduta dos responsáveis, com defesas consideradas improcedentes, contribuiramsignificativamente para o resultado ilícito – desfalque -, ou seja, causaram oresultado, havendo reprovabilidade em suas condutas.

Em face do exposto, não acolho as proposições de encaminhamentoda Inspetoria e do Ministério Público e VOTO por que o eg. Plenário:

I - tome conhecimento das instruções de fls. 447/452, 479/491 e823/841;

II – com fundamento no art. 17, III, “d”, julgue irregulares as contasdo agente citado à fl. 475, que se manteve revel, nos termos do §3º, art. 13 da Lei Complementar nº 01/94, assim como do agentecitado à fl. 455, cujas alegações de defesa, de fls. 502/507, foramconsideradas improcedentes, condenando-os, solidariamente, aodébito original de R$ 35.188,00 (trinta e cinco mil, cento e oitentae oito reais);

III - com fundamento no art. 17, III, “d”, julgue irregulares as contasdo agente citado à fl. 456, condenando-o ao débito original de R$15.752,00 (Quinze mil, setecentos e cinquenta e dois reais), cujas

37 Vide fl. 187 do procedimento de nº 095.000.600/99.38 Número que permite aferir os “furos de viagens”, ou seja, viagens programadas e não realizadas.39 Vide fl. 65/66 do procedimento nº 095.000.600/99.

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alegações de defesa, de fls. 513/519, foram consideradasimprocedentes;

IV – considere procedentes as razões de justificativas, de fls.377/382, acompanhadas dos anexos, de fls. 383/436,apresentadas pelo agente citado à fl. 376, em razão do deliberadono item III da Decisão n.º 5773/2001, de fl. 57, autorizando abaixa da responsabilidade inscrita no Certificado de Auditoria n.º052/99-DAIN/SUAUD de fl. 287-apenso;

V – considere procedentes as defesas apresentadas pelos agentescitados às fls. 457 e 458, respectivamente, acostadas às fls.529/574 e 508/512, autorizando a baixa da responsabilidadeinscrita no Certificado de Auditoria n.º 052/99-DAIN/SUAUD de fl.287-apenso;

VI - em razão do recurso da solidariedade passiva, conforme artigo275 do Código Civil, bem como diante da isenção de culpabilidadedos outros agentes que também desempenhavam atividades defiscalização, deixe de citar os herdeiros do ex-empregado citadono § 14 de fl. 825, autorizando a baixa da responsabilidadeinscrita no Certificado de Auditoria n.º 052/99-DAIN/SUAUD de fl.287-apenso;

VII – ordene sejam os envolvidos cientificados do teor dadeliberação a ser proferida, assim como a Corregedoria-Geral doDF, em face do Certificado de Auditoria n.º 052/99-DAIN/SUAUD(fl. 287-apenso), do teor da deliberação a ser proferida;

VIII - autorize o retorno dos autos à 3ª ICE para as providências desua alçada;

IX – aprove e mande expedir os acórdãos que submeto àapreciação;

X – encaminhe cópia do voto, da decisão e do acórdão aoProcurador-Geral do Ministério Público do Distrito Federal eTerritórios e ao Delegado Chefe da 2ª Delegacia de Polícia daAsa Norte, tendo em vista o Processo n.º 2002.01.1.037529-5 da1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal eTerritórios.

Sala das Sessões, em de de 2004.

JORGE ULISSES JACOBY FERNANDESConselheiro-Relator

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ACÓRDÃO Nº ............/.......

Ementa: Tomada de Contas Especial.Contas julgadas irregulares. Imputaçãode débito ao responsável.

Processo TCDF nº 1.611/99 / Apenso(s) no(: 095.000.600/99.

Nome/Função/Período: DIOMAR MOREIRA SOUZA, cobrador.

Órgão/Entidade: Lotado na Seção de Tráfego da Sociedade de Transportes Coletivos deBrasília - TCB.

Relator: Conselheiro Jorge Ulisses Jacoby Fernandes.

Unidade Técnica: 1ª Inspetoria de Controle Externo.

Síntese da impropriedade apurada: desfalque decorrente de fraude em roleta de veículoda frota operacional da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília – TCB.

Débito imputado ao responsável: R$ 15.752,00 (quinze mil, setecentos e cinqüenta edois reais) em valores de 12 de novembro de 1999, conforme Certif icado de Auditoria nº052/99-DAIN/SUAUD, de f l. 287, do procedimento administrativo nº 095.000.600/99 – GDF.

Vistos, relatados e discutidos estes autos, considerando a manifestaçãoemitida pelo Controle Interno no seu Certif icado de Auditoria e o que mais consta doprocesso, bem assim tendo em vista as conclusões da unidade técnica e do MinistérioPúblico junto a esta Corte, acordam os Conselheiros, nos termos do voto proferido pelo(a)Relator(a), com fundamento nos arts. 17, III, d e 20, da Lei Complementar do DF nº 1, de 9de maio de 1994, julgar irregulares as contas em apreço e condenar o responsável indicadoao ressarcimento do débito que lhe é imputado, como também determinar a adoção dasprovidências cabíveis, nos termos dos arts. 24, III, 26 e 29, do mesmo diploma legal.

ATA da Sessão Ordinária/Extraordinária nº ................. de .............................

Presentes os Conselheiros: ...................................................................................................

Decisão tomada: por unanimidade/maioria, vencido(s) .........................................................

Representante do MP presente:

____________________Presidente

____________________Relator

Fui presente:____________________

Representante do MP

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ACÓRDÃO Nº ............/.......

Ementa: Tomada de Contas Especial.Contas julgadas irregulares. Imputaçãode débito ao responsável.

Processo TCDF nº 1.611/99 / Apenso(s) no(: 095.000.600/99.

Nome/Função: JASON PEREIRA BRAGA, motorista, solidariamente com RAIMUNDONONATO SILVA, cobrador.

Órgão/Entidade: Lotados na Seção de Tráfego da Sociedade de Transportes Coletivos deBrasília - TCB.

Relator: Conselheiro Jorge Ulisses Jacoby Fernandes.

Unidade Técnica: 1ª Inspetoria de Controle Externo.

Síntese da impropriedade apurada: desfalque decorrente de fraude em roleta de veículoda frota operacional da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília – TCB.

Débito imputado aos responsáveis: R$ 35.188,00 (trinta e cinco mil, cento e oitenta eoito reais) em valores de 12 de novembro de 1999, conforme Certif icado de Auditoria nº052/99-DAIN/SUAUD, de f l. 287, do procedimento administrativo nº 095.000.600/99 – GDF.

Vistos, relatados e discutidos estes autos, considerando a manifestaçãoemitida pelo Controle Interno no seu Certif icado de Auditoria e o que mais consta doprocesso, bem assim tendo em vista as conclusões da unidade técnica e do MinistérioPúblico junto a esta Corte, acordam os Conselheiros, nos termos do voto proferido pelo(a)Relator(a), com fundamento nos arts. 17, III, d e 20, da Lei Complementar do DF nº 1, de 9de maio de 1994, julgar irregulares as contas em apreço e condenar, solidariamente, osresponsáveis indicados ao ressarcimento do débito que lhes é imputado, como tambémdeterminar a adoção das providências cabíveis, nos termos dos arts. 24, III, 26 e 29, domesmo diploma legal.

ATA da Sessão Ordinária/Extraordinária nº ................. de .............................

Presentes os Conselheiros: ...................................................................................................

Decisão tomada: por unanimidade/maioria, vencido(s) .........................................................

Representante do MP presente:

____________________Presidente

____________________Relator

Fui presente:____________________

Representante do MP

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