FOCA NO RESUMO_LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPACO.pdf

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    MARTINA CORREIA

    LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E NO ESPAO PROCESSO PENAL

    Nestor Tvora + Renato Brasileiro

    DIREITO INTERTEMPORAL

    PENAL PROCESSO PENAL

    PRINCPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI MAIS GRAVOSA OU DA ULTRATIVIDADE DA LEI MAIS

    BENFICA. Se for mais benfica, ser aplicada s infraes

    cometidas antes de sua vigncia. Se for malfica, no retroagir.

    Se a sentena condenatria j tiver transitado em julgado, caber ao juzo de execues a aplicao da lei

    nova mais benigna.

    PRINCPIO DA APLICAO IMEDIATA: a lei processual penal tem aplicao imediata, pouco importa se gravosa ou no

    situao do ru. Os atos anteriores continuam vlidos e, com o advento da nova lei, os atos futuros realizar-se-o pautados

    pelos seus ditames. Art. 2: A LEI PROCESSUAL PENAL APLICAR-SE- DESDE

    LOGO, SEM PREJUZO DA VALIDADE DOS ATOS REALIZADOS SOB A VIGNCIA DA LEI ANTERIOR.

    - A Lei 12.234/10 entrou em vigor em 06/05/10 e promoveu as seguintes mudanas:

    a) Art. 109, VI, CP: antes da Lei, quando o crime tinha PENA MXIMA INFERIOR A 1 ANO, a

    prescrio se dava em 2 anos. Agora, 3 ANOS, ou seja, pior para o acusado.

    b) Art. 110, 1, CP: ACABOU COM A PRESCRIO RETROATIVA ENTRE A DATA DO FATO

    DELITUOSO E A DATA DO RECEBIMENTO DA PEA ACUSATRIA.

    - Como as mudanas so gravosas para o ru, no devem retroagir (princpio da irretroatividade da

    lei mais gravosa).

    - Com a alterao do art. 117 do LEP pela Lei 12.433/11, EM HAVENDO FALTA GRAVE, O JUIZ

    PODER REVOGAR AT 1/3 DO TEMPO REMIDO. Antes da Lei, a antiga redao dizia que a perda era

    de todo o tempo remido, referendada pela SV 9. Essa mudana foi benfica, ou seja, retroage

    (princpio da ultratividade da lei mais benfica).

    - A doutrina moderna costuma fazer uma subdiviso:

    NORMA GENUINAMENTE PROCESSUAL NORMA PROCESSUAL MATERIAL OU HBRIDA

    Cuida de procedimentos, atos processuais, tcnicas do processo etc.

    Por se tratar de norma processual, aplica-se o princpio da APLICAO

    IMEDIATA (tempus regit actum).

    COMO TAMBM REGULA ASPECTOS PENAIS, APLICA-SE O PRINCPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI MAIS GRAVOSA OU DA

    ULTRATIVIDADE DA LEI MAIS BENFICA. a) Normas processuais materiais so aquelas que estabelecem condies de procedibilidade, meios de prova, liberdade condicional, espcies de priso cautelar e de liberdade provisria, enfim, todas as normas processuais que repercutem no DIREITO DE LIBERDADE DO AGENTE. Corrente para a Defensoria. b) Normas processuais materiais so aquelas que dispem sobre o contedo da pretenso punitiva, tais como aquelas relativas ao direito de queixa, representao, prescrio, decadncia, perdo e perempo. So NORMAS LIGADAS EXTINO DA PUNIBILIDADE. Corrente majoritria.

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    MARTINA CORREIA

    - 1 exemplo: o art. 90 da Lei 9.099/95 diz que as disposies da lei no se aplicam aos processos

    penais cuja instruo j estiver iniciada. A Lei dos Juizados trata de procedimentos (matria

    genuinamente processual aplicao imediata) e de institutos despenalizadores (normas

    processuais materiais benficas ultratividade da lei mais benfica). Por isso, retroage para

    beneficiar o acusado.

    - 2 exemplo: a Lei 9.271/96 deu nova redao ao caput do art. 366 do CPP. A novidade foi a

    suspenso do processo e da prescrio se o acusado citado por edital, no comparecer nem

    constituir advogado. Antes da Lei, era decretada a revelia, prosseguindo-se o feito com a nomeao

    de dativo. Como a lei prev a suspenso da prescrio (aspecto material), prevaleceu o

    entendimento de que, POR SER MAIS GRAVOSA A SUSPENSO DA PRESCRIO, NO PODERIA

    RETROAGIR.

    - 3 exemplo: a Lei 11.689/08 extinguiu o protesto por novo jri. Era um recurso cabvel quando

    algum era condenado a uma pena igual ou superior a 20 anos por um nico delito. O que acontecia:

    no caso de homicdio qualificado, dava-se a pena de 19 anos justamente para impossibilitar o

    protesto por novo jri. No caso Dorothy Stang, houve a absolvio do mandante do assassinato no

    segundo julgamento, o que despertou revolta. Se um homicdio qualificado foi cometido em

    05/06/08 (tinha direito ao protesto), o julgamento foi em 15/02/12 (protesto extinto) e o acusado foi

    condenado pena de 23 anos, ele tem direito ao protesto? 2 correntes:

    1) O art. 4 da Lei 11.689/08 exemplo de norma processual material, porquanto

    repercute no direito de liberdade do agente. Logo, se o crime foi praticado at o dia

    08/08/08, o cidado ter direito ao protesto, ainda que seu julgamento ocorra aps a

    extino do protesto posio de LFG, boa para DPU!

    2) A Lei que se aplica ao recurso no aquela em vigor poca do crime, nem tampouco a

    vigente quando da interposio do recurso, mas sim A LEI EM VIGOR NO MOMENTO EM

    QUE A DECISO RECORRVEL FOI PUBLICADA, POIS NESSE MOMENTO QUE SE ADQUIRE O

    DIREITO S REGRAS RECURSAIS ENTO VIGENTES. Posio do STF (info. 732): AS PESSOAS

    CONDENADAS PELO TRIBUNAL DO JRI APS A ENTRADA EM VIGOR DA LEI 11.689/2008

    NO TM DIREITO AO RECURSO PROTESTO POR NOVO JRI, AINDA QUE O CRIME TENHA

    SIDO COMETIDO ANTES DA REFERIDA LEI REVOGADORA. A norma processual. A lei que

    deve ser aplicada aquela vigente quando surge para a parte o direito subjetivo ao recurso,

    ou seja, a partir da publicao da deciso a ser impugnada.

    - Outro exemplo: a absolvio sumria foi proferida em 08/08/08 (sexta-feira). A interposio do

    recurso se deu em 11/08/08 (segunda-feira). No dia 08, o recurso cabvel contra a absolvio sumria

    era o RESE, mas a Lei 11.698/08, que entrou em vigor dia 09, passou a prever a apelao. Se o

    recurso foi interposto dia 11, qual ser o recurso a ser interposto, RESE ou apelao? RESE! No

    interessa a poca da interposio, o que interessa a lei que estava em vigor quando a deciso foi

    proferida (dia 08).

    - NORMA PROCESSUAL HETEROTPICA no obstante prevista em diploma processual penal,

    possui contedo material (deve retroagir para beneficiar o acusado). Ex.: normas relacionadas ao

    direito ao silncio (cunho material).

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    - Posio minoritria (Paulo Queiroz e Antonio Vieira): a irretroatividade da lei penal mais gravosa

    tambm deve ser aplicada norma processual, de sorte a potencializar as garantias inerentes ao

    imputado. Essa posio coloca as duas normas (penal e processual) no mesmo patamar. O dogma

    da aplicao imediata da lei processual estaria ultrapassado, de forma que a norma processual mais

    gravosa s seria aplicada aos delitos consumados aps sua entrada em vigor. J a lei processual mais

    benfica poderia retroagir. Interpretao consentnea CF e tese boa para a DPU!

    LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAO

    - Princpio da TERRITORIALIDADE ABSOLUTA: o processo penal reger-se-, em todo territrio

    brasileiro, por este Cdigo (art. 1). A atividade jurisdicional, um dos aspectos da soberania

    nacional, no pode ser exercida alm das fronteiras do respectivo Estado.

    - DIFERENTEMENTE DA LEI PENAL, A LEI PROCESSUAL PENAL NO TEM EXTRATERRITORIALIDADE.

    Tourinho indica excees (relativizao da lex fori): territrio nullius, autorizao de um

    determinado pas (para que o ato processual a ser praticado em seu territrio o seja praticado de

    acordo com a lei brasileira) e territrio ocupado em tempo de guerra.

    - Excepcionalmente, porm, o CPP autoriza a incidncia de outros diplomas normativos:

    1) OS TRATADOS, AS CONVENES E AS REGRAS DE DIREITO INTERNACIONAL prevalncia

    ordem internacional: as infraes aqui ocorridas no sero julgadas em territrio nacional.

    - Exemplo: imunidade diplomtica. Ateno: O CNSUL S TEM IMUNIDADE DIPLOMTICA SE OS

    FATOS DELITIVOS DECORREREM DO DESEMPENHO DE SUAS FUNES (STF).

    2) AS PRERROGATIVAS DO PRESIDENTE DA REPBLICA, DOS MINISTROS DE ESTADO, NO CRIMES

    CONEXOS COM OS DO PRESIDENTE DA REPBLICA, E DOS MINISTROS DO STF, NOS CRIMES DE

    RESPONSABILIDADE;

    - Assertiva correta do CESPE: a competncia do Senado Federal para o julgamento do Presidente da

    Repblica nos crimes de responsabilidade constitui exceo ao princpio, segundo o qual devem ser

    aplicadas as normas processuais penais brasileiras aos crimes cometidos no territrio nacional.

    3) Os processos de competncia da JUSTIA MILITAR;

    4) Os processos de competncia do TRIBUNAL ESPECIAL (no existe mais).

    5) Os processos por CRIME DE IMPRENSA (a Lei no foi recepcionada e a matria passa disciplina

    do CP e CPP).

    - No esquecer que a Justia Eleitoral tem competncia para a apreciao dos crimes eleitorais e

    conexos, possuindo codificao prpria.