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O uso intensivo de agrotóxicos tem levado à contaminação do solo, da água, do ar e dos ali- mentos, causando profundos desequilíbrios nos ecossistemas, e pejudicando a saúde humana. Crescem a cada dia registros de intoxicações e mortes ligadas ao uso dos agrovenenos, que fre- quentemente afetam trabalhadores agrícolas e a população camponesa e urbana, que consomem alimentos com resíduos de agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), em 2008 o nosso país ultrapassou a marca dos 700 milhões de litros de de agrotóxicos legalmente comercia- lizados. Somente na safra de 2008/2009, fo- ram vendidos 7,125 bilhões de dó- lares em agrotóxicos, valor que representa a aplicação de 134 toneladas de veneno distri- buídas no campo brasileiro, que afetam diretamente o solo, o ar, a água e os alimen- tos que consumimos. O uso dos agrotóxicos no Brasil e no mundo começou a ser intensificado a parr das décadas de 60 e 70, com a chama- da revolução verde. A revolução verde foi um processo de mudança da políca agrícola no país implementado a parr da segunda guerra mundial. Com um falso discurso de mo- dernização do campo, esse processo incenvou a prá- ca de monoculvos, o uso de sementes genecamen- te modificadas, a forte me- canização do campo e o uso dos pacotes agroquímicos. Quase toda a tecnologia que surgiu na revolução verde, desde as máquinas aos agrotóxicos, foi proveniente de adaptações de pesquisas e equipamentos ulizados na guerra. As culturas que mais ulizam agrotóxicos no país são justamente aquelas produzidas no modelo do agrone- gócio, culvadas em grandes áreas de monoculvo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país, como vemos na tabela a se- guir: O uso dos agrovevenos no Brasil é tão intenso, que se fizermos uma distribuição da quandade de veneno ulizado nos úlmos dois anos por ha- bitante no país, chegariamos a conlcusão de que, nesse peíodo, cada um de nós consumiu uma mé- dia de 3.725 kg de agrotóxicos. O uso de agrotóxicos no Brasil A produção e a comercialização dos agrovenenos no Bra- sil e no mundo se concentra na mão de grandes empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta e Bayer. Além controlar a fabricação dos agrotóxicos, essas empresas tam- bém controlam a produção e comercialização de sementes, gerando um ciclo vicioso de consumo. Desse modo, o agri- cultor que passa a ulizar sementes transgênicas e venenos será sempre dependente dessas empresas. No Brasil, enquanto aumentam os índices de produ- vidade agrícola, contraditoriamente, aumentam tam- bém os índices de insegurança alimentar. Segundo dados do IBGE, 72,2 milhões de brasileiros – aproximadamente 40% da população– encontram-se em situação de insegurança alimentar. Isso acontece por que o modelo de agricultura brasileiro não está vol- tado para a produção de alimentos, e sim para o agro- negócio. Cada vez mais aumentam no Brasil os mono- culvos de cana, soja e eucalipto, mas nenhum desses produtos vai para a mesa do povo brasileiro. = Mais agrotóxicos, menos alimentos Comercialização de agortóxicos por cultura no Brasil em 2008

FOLDER AGROTÓXICOS

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O uso intensivo de agrotóxicos tem levado à contaminação do solo, da água, do ar e dos ali-mentos, causando profundos desequilíbrios nos ecossistemas, e pejudicando a saúde humana. Crescem a cada dia registros de intoxicações e mortes ligadas ao uso dos agrovenenos, que fre-quentemente afetam trabalhadores agrícolas e a população camponesa e urbana, que consomem alimentos com resíduos de agrotóxicos.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), em 2008 o nosso país ultrapassou a marca dos 700 milhões de litros de de agrotóxicos legalmente comercia-lizados.

Somente na safra de 2008/2009, fo-ram vendidos 7,125 bilhões de dó-

lares em agrotóxicos, valor que representa a aplicação de 134

toneladas de veneno distri-buídas no campo brasileiro, que afetam diretamente o

solo, o ar, a água e os alimen-tos que consumimos.

O uso dos agrotóxicos no Brasil e no mundo começou a ser intensifi cado a parti r das décadas de 60 e 70, com a chama-da revolução verde. A revolução verde foi um processo de mudança da políti ca agrícola no país implementado a parti r da segunda guerra mundial. Com um falso discurso de mo-dernização do campo, esse processo incenti vou a prá-ti ca de monoculti vos, o uso de sementes geneti camen-te modifi cadas, a forte me-canização do campo e o uso dos pacotes agroquímicos.

Quase toda a tecnologia que surgiu na revolução verde, desde as máquinas aos agrotóxicos, foi proveniente de adaptações de pesquisas e equipamentos uti lizados na guerra.

As culturas que mais uti lizam agrotóxicos no país são justamente aquelas produzidas no modelo do agrone-gócio, culti vadas em grandes áreas de monoculti vo e voltadas para a exportação, como é o caso da soja, que é responsável por 51% do volume total de agrotóxicos comercializados no país, como vemos na tabela a se-guir:

O uso dos agrovevenos no Brasil é tão intenso, que se fi zermos uma distribuição da quanti dade de veneno uti lizado nos últi mos dois anos por ha-bitante no país, chegariamos a conlcusão de que, nesse peíodo, cada um de nós consumiu uma mé-dia de 3.725 kg de agrotóxicos.

O uso de agrotóxicos no Brasil

ecossistemas, e pejudicando a saúde humana. ecossistemas, e pejudicando a saúde humana. Crescem a cada dia registros de intoxicações e Crescem a cada dia registros de intoxicações e mortes ligadas ao uso dos agrovenenos, que fre-mortes ligadas ao uso dos agrovenenos, que fre-quentemente afetam trabalhadores agrícolas e a quentemente afetam trabalhadores agrícolas e a população camponesa e urbana, que consomem população camponesa e urbana, que consomem alimentos com resíduos de agrotóxicos.alimentos com resíduos de agrotóxicos.

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados do Sindicato Nacional para mundo. Segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), em 2008 o Produtos de Defesa Agrícola (Sindage), em 2008 o nosso país ultrapassou a marca dos 700 milhões nosso país ultrapassou a marca dos 700 milhões de litros de de agrotóxicos legalmente comercia-de litros de de agrotóxicos legalmente comercia-lizados. lizados.

Somente na safra de 2008/2009, fo-ram vendidos 7,125 bilhões de dó-

lares em agrotóxicos, valor que representa a aplicação de 134

toneladas de veneno distri-buídas no campo brasileiro, que afetam diretamente o

guerra.

A produção e a comercialização dos agrovenenos no Bra-sil e no mundo se concentra na mão de grandes empresas transnacionais, como a Monsanto, Syngenta e Bayer. Além controlar a fabricação dos agrotóxicos, essas empresas tam-bém controlam a produção e comercialização de sementes, gerando um ciclo vicioso de consumo. Desse modo, o agri-cultor que passa a uti lizar sementes transgênicas e venenos será sempre dependente dessas empresas.

No Brasil, enquanto aumentam os índices de produti -vidade agrícola, contraditoriamente, aumentam tam-bém os índices de insegurança alimentar.

Segundo dados do IBGE, 72,2 milhões de brasileiros –aproximadamente 40% da população– encontram-se em situação de insegurança alimentar. Isso acontece por que o modelo de agricultura brasileiro não está vol-tado para a produção de alimentos, e sim para o agro-negócio. Cada vez mais aumentam no Brasil os mono-culti vos de cana, soja e eucalipto, mas nenhum desses produtos vai para a mesa do povo brasileiro.

Somente na safra de 2008/2009, fo-ram vendidos 7,125 bilhões de dó-

lares em agrotóxicos, valor que representa a aplicação de 134

toneladas de veneno distri-

=

Mais agrotóxicos, menos alimentos

Comercialização de agortóxicos por cultura no Brasil em 2008

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Lutar pelo fi m do uso dos agrotóxicos signifi ca defender a vida, a vida do meio ambiente e dos seres humanos. Essa proposta está arti -culada com a necessidade de uma nova dinâ-mica de produção para o campo brasileiro: a agricultura camponesa baseada na agroecolo-gia.

O modelo de produção agroecológico preser-va os recursos naturais, resgata as práti cas camponesas de culti vo, e está comprometi do com o bem estar de quem produz e de quem consome o alimento. Por isso, o MPA tem como proposta de vida para o povo brasileiro a aprodução de alimentos saudáveis a parti r da práti ca agroecológica.

Para acabarmos com o uso de agrotóxicos no campo precisamos arti cular a luta pelo fi m do agronegócio, do lati fúndio e dos monocul-ti vos, em defesa de um novo modelo de pro-dução agrícola para o País.

AGROECOLOGIA uma proposta de vida

Coordenação Nacional MPA Brasil

[email protected]

(61) 33014211

dução agrícola para o País.

2010

Em defesa da Vida

Em defesa da Vida