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1 lcligacomunista.blogspot.com - [email protected] - Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil Jornal da Liga Comunista - ano IV - n o 18 - set/2013 - R$ 3 - contribuição solidária R$ 5 Folha do Trabalhador BANCÁRIOS: Por uma greve forte e unificada com todas as categorias em luta! Um passo adiante na construção da Liga Comunista na classe operária TRABALHADORES DA SAÚDE Bienvenidos camaradas médicos cubanos! D efendemos a vinda de médicos cu- banos para o Brasil. As conquistas da revolução cubana, dentre elas, o sistema de saúde são uma referência mundial (como demonstra o filme SICKO – SOS Saude de Michael Moore) para todos aqueles que desejam um sistema de saúde público, gratuito, baseado na saúde preventiva e livre do parasitismo capitalista. PÁG 8 73 ANOS SEM TROTSKY, 3 ANOS DA LC E O PROLETARIADO Conquistar os trabalhadores, condição essencial para a reconstrução da IV Internacional! MEMÓRIA OPERÁRIA Entrevista – Greve dos operários da GM de SJC de 1985 S e em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no ‘chiqueirinho’, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM ‘enchi- queirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demis- são de centenas de pais de família” PÁG. 5 O 11º Congresso foi realizado nos dias 23, 24 e 25 de agos- to, em Louveira, com quase 500 trabalhadores de mais de 70 fá- bricas. A tese Vanguarda Metalúrgi- ca (VM) participou do 11° Congres- so com uma pequena bancada de 5 delegados, reunindo lutadores da Agritech, Bosch, CAF, e Mabe. Além da tese da corrente dirigente do Sindicato, a Alternativa Sindical Socialista (ASS) (ASS/Intersindi- cal), a tese da VM é a única tese inscrita no Congresso do terceiro maior sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, com 60 mil operários na base. Nossa tese teve como objeti- vo armar a categoria para reagir aos ataques do capital agravados com a crise econômica mundial. Esta ofen- siva é sentida na pele pelos meta- lúrgicos de Campinas e região e em particular pelas demissões recentes ocorridas na Mabe, CAF e Bosch, que se combinam com a intensifi- cação do ritmo de trabalho para os que ficam. PÁGs. 3 e 4 SÍRIA - DECLARAÇÃO DO CLQI Pela vitória militar da Síria contra qualquer ataque imperialista! N os opomos incondicionalmente ao ataque imperialista contra a Síria e lutamos por sua derrota. A tarefa fundamental deste momento para todos os verdadeiros socialistas e anti-imperialistas é defender a sobera- nia nacional da Síria contra este ataque imperialista. Ofensiva que é lançada com apoio de Israel e de outros aliados dos EUA na guerra contra Damasco, como o “Exército Livre Sírio” (FSA) e os vários grupos “rebeldes”, Al Qaeda, Frente Al-Nusra, etc. Não há socialis- tas revolucionários e anti-imperialistas combatendo Assad na Síria hoje. Falar disso é fantasiar sobre um suposto exército re- volucionário fantasma diante da óbvia realidade do que está em jogo nessa guerra... Tem sido sempre assim, a espiral da barbárie imperialista eclipsa um crime cometendo outro maior. O ataque do terror imperialista usando armas quí- micas contra centenas de crianças e adultos na Síria ocorreu imediatamen- te na sequência de um evidente Golpe de Estado no Egito, seguido por um sangrento massacre de centenas de oposicionistas egípcios pelo governo militar golpista pró-imperialista. Agora, cinicamente, o imperialismo segue sua escalada terrorista ameaçando punir a Síria “para que não volte a usar armas químicas”, quando sabemos que desde meados da década passada os próprios EUA vem fornecendo armas e outras formas de ajuda para os mercenários terroristas na Síria. O governo dos EUA tem alistado aliados no Ocidente e no Oriente Médio e já começou a mover sua enormes máquinas mortífera aérea e naval para cometer um novo genocí- dio contra os povos árabes. Eles usa- ram mentiras e manipulação da mídia para alcançar este objetivo, como em operações anteriores, no Kosovo, Afe- ganistão, Iraque, e, mais recentemente, na Líbia. PÁG. 6 11 O CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO

Folha do Trabalhador # 18

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Jornal da Liga Comunista

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Page 1: Folha do Trabalhador # 18

O Bolchevique No18 - setembro de 2013 1

lcligacomunista.blogspot.com - [email protected] - Caixa Postal 09, CEP 01031-970, São Paulo, Brasil

J o r n a l d a L i g a C o m u n i s t a - a n o I V - n o1 8 - s e t / 2 0 1 3 - R $ 3 - c o n t r i b u i ç ã o s o l i d á r i a R $ 5

Folha do TrabalhadorBANCÁRIOS: Por uma greve forte e unificada com todas as categorias em luta!

Um passo adiante na construção da Liga Comunista na classe operária

TRABALHADORESDA SAÚDEBienvenidos camaradas médicos cubanos!

Defendemos a vinda de médicos cu-banos para o Brasil. As conquistas da revolução cubana, dentre elas,

o sistema de saúde são uma referência mundial (como demonstra o filme SICKO – SOS Saude de Michael Moore) para todos aqueles que desejam um sistema de saúde público, gratuito, baseado na saúde preventiva e livre do parasitismo capitalista.

PÁG 8

73 ANOS SEM TROTSKY, 3 ANOS DA LC E O PROLETARIADO

Conquistar os trabalhadores, condição essencial para a reconstrução da IV Internacional!

MEMÓRIA OPERÁRIAEntrevista – Greve dos operários da GM de SJC de 1985

“Se em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no ‘chiqueirinho’, em 2013, com a

colaboração da Conlutas, a GM ‘enchi-queirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demis-são de centenas de pais de família”

PÁG. 5

O 11º Congresso foi realizado nos dias 23, 24 e 25 de agos-to, em Louveira, com quase

500 trabalhadores de mais de 70 fá-bricas. A tese Vanguarda Metalúrgi-ca (VM) participou do 11° Congres-so com uma pequena bancada de 5 delegados, reunindo lutadores da Agritech, Bosch, CAF, e Mabe.Além da tese da corrente dirigente

do Sindicato, a Alternativa Sindical Socialista (ASS) (ASS/Intersindi-cal), a tese da VM é a única tese inscrita no Congresso do terceiro maior sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, com 60 mil operários na base. Nossa tese teve como objeti-vo armar a categoria para reagir aos ataques do capital agravados com a crise econômica mundial. Esta ofen-

siva é sentida na pele pelos meta-lúrgicos de Campinas e região e em particular pelas demissões recentes ocorridas na Mabe, CAF e Bosch, que se combinam com a intensifi-cação do ritmo de trabalho para os que ficam.

PÁGs. 3 e 4

SÍRIA - DECLARAÇÃO DO CLQI

Pela vitória militar da Síria contra qualquer ataque imperialista!Nos opomos incondicionalmente

ao ataque imperialista contra a Síria e lutamos por sua derrota.

A tarefa fundamental deste momento para todos os verdadeiros socialistas e anti-imperialistas é defender a sobera-nia nacional da Síria contra este ataque imperialista. Ofensiva que é lançada com apoio de Israel e de outros aliados dos EUA na guerra contra Damasco, como o “Exército Livre Sírio” (FSA) e os vários grupos “rebeldes”, Al Qaeda, Frente Al-Nusra, etc. Não há socialis-tas revolucionários e anti-imperialistas

combatendo Assad na Síria hoje.

Falar disso é

fantasiar sobre um suposto exército re-volucionário fantasma diante da óbvia realidade do que está em jogo nessa guerra...

Tem sido sempre assim, a espiral da barbárie imperialista eclipsa um crime cometendo outro maior. O ataque do terror imperialista usando armas quí-micas contra centenas de crianças e adultos na Síria ocorreu imediatamen-te na sequência de um evidente Golpe de Estado no Egito, seguido por um sangrento massacre de centenas de oposicionistas egípcios pelo governo militar golpista pró-imperialista. Agora, cinicamente, o imperialismo segue sua escalada terrorista ameaçando punir a

Síria “para que não volte a usar armas químicas”, quando sabemos que desde meados da década passada os próprios EUA vem fornecendo armas e outras formas de ajuda para os mercenários terroristas na Síria. O governo dos EUA tem alistado aliados no Ocidente e no Oriente Médio e já começou a mover sua enormes máquinas mortífera aérea e naval para cometer um novo genocí-dio contra os povos árabes. Eles usa-ram mentiras e manipulação da mídia para alcançar este objetivo, como em operações anteriores, no Kosovo, Afe-ganistão, Iraque, e, mais recentemente, na Líbia.

PÁG. 6

11O CONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO

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2 O Bolchevique No18 - setembro de 2013

EDITORIAL

73 ANOS SEM TROTSKY, 3 ANOS DA LC E O PROLETARIADO

Conquistar os trabalhadores, condição essencial para a reconstrução da IV Internacional!

“Queridos amigos, não somos um partido igual aos outros. Não ambicionamos somente ter mais filiados, mais jornais, mais dinheiro, mais deputados. Tudo isso faz falta, mas não é mais que um meio. Nosso objetivo é a total libertação, material e espiritual, dos trabalhadores e dos explorados por meio da revolução socialista. Se nós não a fizermos, ninguém a preparará nem a dirigirá. As velhas internacionais estão completamente podres.” (...) “Sim, nosso partido nos toma por inteiro. Mas, em compensação, nos dá a maior das felicidades, a consciência de participar na construção de um futuro melhor, de levar sobre nossos ombros uma partícula do destino da humanidade e de não viver em vão.””

Discurso Gravado para Conferência de Fundação da IV Internacional, Leon Trotsky, 1938

1) Estamos há 73 anos do assassinato do fundador de nossa vertente do marxismo, Leon Trotsky, que com sua elaboração deu continuidade teórica e metodoló-gica ao marxismo no século XX, na era imperialista e

após a degeneração da primeira experiência de Estado operá-rio da história. Trotsky foi assassinado por agentes stalinistas, que encarnavam a negação revisionista do marxismo e haviam realizado uma contra-revolução política, orgânica, por dentro do partido bolchevique, expropriando politicamente a direção da URSS, a qual o próprio Trotsky, ao lado de Lenin e do par-tido bolchevique haviam fundado quando conduziram a luta de classes a tomada revolucionária do poder pelas massas na Rússia e repúblicas vizinhas.

Trotsky fundou a IV Internacional em 1938, uma organi-zação bolchevique internacionalista que lutava para adquirir uma influência real no movimento operário, e que chegou a di-rigir importantes lutas políticas da classe em sua maior seção, o SWP estadunidense, na década de 1930, como a luta dos caminhoneiros de Minneapolis. Todavia, Trotsky sabia do risco de que tanto o SWP e sobretudo as seções menores pudes-sem ser hegemonizadas pela pequena burguesia.O maior combate realizado por ele em seus últimos anos de vida foi contra a tendência pequeno burguesa instalada dentro da IV Internacional. A fração minoritária do SWP era dirigida por Max Shachtman, um intelectual centrista que renunciou à defesa da URSS na II Guerra mundial, à dialética materialista e por fim ao marxismo. Nesta trajetória reacionária, Shachtman acabou por defender a invasão da Baía dos Porcos pelos gusa-nos mercenários contra Cuba e a intervenção dos EUA contra o Vietnã. Os epígonos do trotskismo hoje, como a LIT, IMT, L5I, UIT, FT, FLT, RCIT e outras “internacionais” que se auto-pro-clamam trotskistas, defenderam objetivamente a intervenção de mercenários agentes do imperialismo na Líbia e agora na Síria contra governos burgueses semi-coloniais, embelezando esta tática imperialista como sendo uma “revolução”. A dege-neração se repete porque, como alertava o velho bolchevique:

“aqui não está só representado o defeito pessoal de Shachtman, como também o destino de toda uma geração revolucioná-ria que, devido a uma conjuntura especial de condições históricas, cresceu à mar-gem do movimento operário. Tive ocasião mais do que uma vez, de falar e escrever, no passado,sobre o perigo de que estes va-liosos elementos se degenerem, apesar da sua dedicação à revolução. O que nos seus dias foi uma inevitável característica da ado-lescência, transformou-se em debilidade. A debilidade convida à doença. Se há um des-cuido, a doença pode ser fatal. Para escapar a este perigo é necessário abrir consciente-mente um novo capítulo no desenvolvimen-to do partido. Os propagandistas e jornalis-tas da Quarta Internacional devem iniciar um novo capítulo em sua própria consciência. É necessário rearmar-se. É necessário fazer uma rotação sobre o próprio eixo: voltar as

costas aos intelectuais pequeno-burgueses e olhar para os operários.” (Trotsky, Leon. In De um arranhão ao perigo de uma gangrena, Em defesa do Marxismo, 1940).

A doença foi fatal, destruiu a IV Internacional. Mas agora vive-mos o pior, a quase totalidade dos que se dizem trotskistas, quando não unem diretamente a bandeira da IV Internacional às da recolonização imperialista, na melhor das hipóteses ele-gem um terceiro campo ideal para não defender a vitória da nação oprimida na guerra, criando confusão e aversão pelo trotskismo por parte de todo trabalhador antiimperialista. O pro-pagandismo estéril e pequeno-burguês, típico de Schachtman, tomou conta da IV Internacional. O que era uma tendência mi-noritária no SWP no tempo de Trotsky, tornou-se hegemônica na Internacional após sua morte por uma simples questão de que a classe social dominante entre os propagandistas e jorna-listas da IV Internacional foi a pequena burguesia.Ainda que em um primeiro momento a ala anti-pablista, o Co-mitê Internacional (CI), tenha representado o setor progressis-ta frente ao liquidacionismo revisionista de Pablo e Mandel, dirigentes do Secretariado Internacional (SI), hoje, todas as alas são completamente imprestáveis para a reconstrução do partido mundial da revolução proletária. Apenas as rupturas principistas com o pseudo-trotskismo que pivotearem para o movimento operário, poderão talvez se regenerar, como tam-bém já alertara Trotsky:

“Os propagandistas e jornalistas da Quarta Internacional devem iniciar um novo capítu-lo em sua própria consciência. É necessário rearmar-se. É necessário fazer uma rotação sobre o próprio eixo: voltar as costas aos in-telectuais pequeno-burgueses e olhar para os operários.” (idem).

Folha do Trabalhador Jornal da Liga ComunistaAno IV - NO18 - setembro de 2013

COMITÊ DE REDAÇÃO: Ismael Costa, Erwin Wolf, Marcelo Calasans, Davi Lapa. Jornalista Responsável: Humberto Rodrigues. As opiniões expressas nos artigos assinados ou nas corres-pondências não expressam necessariamente o ponto de vista da redação. CONTATOS: lcliga-comunista.blogspot.com - [email protected] - Caixa Postal 09 CEP 01031-970 São Paulo/SP - Brasil. A Liga Comunista é membro do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) juntamente com o Socialist Fight (Grã Bretanha) e a Tendencia Militante Bolchevique (Argentina).

2) A segunda situação importante para a LC reside no fato de que neste mo-mento nossa organização completa três anos de existência. Nascemos de uma

ruptura com o conservadorismo propagandista estéril da confraria dos intelectuais pequeno-burgueses para abrir um novo capítulo em nossa consciência, para nos construirmos prioritariamente no movimento operário fabril e entre os trabalhadores assalariados em geral, a partir do principal conglomerado urbano de concentração proletária da América Latina, a grande São Paulo e cinturões industriais de ci-dades vizinhas. Simultaneamente, expandimos nossa militância para importantes categorias de trabalhadores como os professores da rede es-tadual, cujo sindicato, a APEOESP, é o maior do continente; e para os bancários, trabalhadores da saúde, etc.A I Conferência da Liga Comunista, realizada em julho, aprofundou este curso, consciente de que a chave da crise que liquidou as organi-zações trotskistas como instrumento de eman-cipação do proletariado se encontra no conser-vadorismo dos elementos pequeno-burgueses:

“Seria difícil conceber um erro mais perigoso para o partido do que con-siderar como causa da sua crise atual o conservadorismo do seu setor operário, a procura de uma so-lução para a crise através do triunfo do bloco pequeno-burguês. Na reali-dade, a chave da atual crise consiste no conservadorismo dos elementos

pequeno-burgueses que passaram por uma escola puramente propa-gandística, e não encontraram ainda uma trilha em direção ao caminho da luta de classes. A crise atual é a luta final destes elementos pela sua autoconservação. Como indivíduo, todo oposicionista pode encontrar, se assim desejar, firmemente, um lugar para si dentro do movimento revolucionário. Como fração, estão condenados a morrer.” (idem).Enquanto isso, à nossa volta, ve-mos que sob a pressão das crises econômicas e das guerras, o centris-mo de todas as colorações transita em direção ao oportunismo porque seus vícios dão um salto de quali-dade neste momento: “Como sem-pre, nestes casos, seus traços for-tes passaram para segundo plano, enquanto que, por outro lado, seus traços débeis assumiram uma ex-pressão particularmente acabada... Shachtman esqueceu um detalhe: a sua posição de classe. Daí os seus extraordinários ziguezigues, seus saltos e improvisos. Substitui a análise de classe por anedotas his-tóricas desconexas, com o único propósito de ocultar a sua própria mudança, de camuflar a contradição entre o seu passado e o seu pre-sente. Assim procede Shachtman a respeito da história do marxismo, da história do seu próprio partido e da história da Oposição russa. Ao fazê-lo, acumula erros sobre erros. Como veremos, todas as analogias históri-cas a que recorre falam contra ele. É bem mais difícil corrigir os erros do que cometê-los.” (idem)

Nossa opção pela “trilha em direção ao caminho da luta de classes” foi realizada sem desprezar-mos a construção orgânica internacional do par-tido, também desprezada pelos pseudos. Cria-mos, em conjunto com camaradas trotskistas da Argentina (Tendência Militante Bolchevique) e da Inglaterra (Socialist Fight), uma proto-inter-nacional trotskista nucleada em três países, o Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI).Todas estas múltiplas tarefas não são apenas necessárias para todo agrupamento que reivin-dica a continuidade do legado do velho Leon, são complementares e nos consomem hoje por completo.

3) A terceira situação é consequência da evolução progressiva da luta pela inserção da LC no movimento operário fabril: a nossa participação, com uma

delegação de camaradas através da corren-te Vanguarda Metalúrgica, do Congresso do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, o terceiro maior sindicato desta categoria fabril em São Paulo.Para os que se reivindicam trotskistas e acre-ditam que o movimento operário é apenas um dos setores da classe trabalhadora sobre o qual pode-se mas não necessariamente deve-se militar, para os que nunca deram a atenção e interesse à construção orgânica do partido no operariado fabril, para os que no máxi-mo realizaram esta tarefa de modo a ter um amuleto operário no partido, ou para os que realizam uma política não bolchevique, trade-unionista, oportunista ou obreirista dentro do movimento operário Trotsky é categórico:

“Em 3 de outubro de 1937, es-crevi, para Nova Iorque:‘Assinalei centenas de vezes que o operário que permanece despercebido nas condições 'normais' da vida partidária, re-vela notáveis qualidades numa mudança de situação, quando já

não bastam as fórmulas gerais e trabalhos teóricos fluentes, quando é necessário conhecer a vida dos operários e suas ca-pacidades práticas. Nessas con-dições, um operário bem dotado revela segurança em si próprio e revela também a sua capacidade política geral.‘O predomínio dos intelectuais na organização é inevitável no primeiro período do desenvolvi-mento da organização. Ao mes-mo tempo, é um grande obstá-culo para a educação política dos operários mais dotados... É absolutamente necessário que no próximo Congresso se intro-duzam tantos operários quanto seja possível nos comitês cen-tral e locais. Para um operário, a atividade nos corpos dirigentes do partido é ao mesmo tempo uma alta escola política...‘A dificuldade é que em toda a organização há membros tradi-cionais de comitês, e aquelas diferentes considerações secun-dárias, fracionais e pessoais, desempenham 'um papel dema-

siado grande na composição da lista de candidatos’.Nunca mereci a atenção e o in-teresse do camarada Shachtman em questões desta índole.O partido só tem uma minoria de verdadeiros operários fabris... Os elementos não-proletários re-presentam uma levedura neces-sária, e creio que podemos estar orgulhosos da boa qualidade destes elementos... mas... o nos-so partido pode se ver inundado por elementos não-proletários e pode até perder o seu caráter revolucionário. A tarefa não con-siste, naturalmente, em impedir a afluência de intelectuais me-diante métodos artificiais... mas sim orientar praticamente todas as organizações para as fábri-cas, as greves, os sindicatos...'Um exemplo concreto: não po-demos dedicar forças iguais ou suficientes a todas as fábricas. As nossas organizações locais podem escolher para a sua ativi-dade no próximo período, uma, duas ou três fábricas dentro de sua área e concentrar todas as

suas forças sobre essas fábricas. Se numa delas temos dois ou três operários, podemos criar uma comissão especial de apoio de cinco não-operários com o propó-

sito de ampliar nossa influência nessas fábricas.'O mesmo pode se fazer nos sin-dicatos. Não podemos introduzir militantes não-operários nos sindicatos operários. Mas pode-mos formar, com êxito, comis-sões de apoio para a ação oral e literária, relacionadas aos nos-sos camaradas do sindicato. As condições invioláveis deveriam ser: não mandar nos operários, mas sim apenas ajudá-los, dar-lhes sugestões: armá-los com os fatos, ideias, jornais de fábri-ca, boletins especiais, etc.'Semelhante colaboração teria uma enorme importância educa-tiva, de um lado, para os cama-radas operários, e, de outro lado para os não-operários que preci-sam de uma sólida reeducação.'Por exemplo, vocês possuem em suas fileiras um importante número de elementos judeus não-operários. Eles podem ser uma levedura muito valiosa se o partido conseguir retirá-los de um meio fechado e ligá-los atra-vés da atividade quotidiana aos operários fabris. Creio que esta orientação asseguraria também uma atmosfera mais saudável no interior do partido...'Podemos estabelecer de ime-diato uma regra geral: um mem-bro do partido que não consiga ganhar um novo operário para o partido em 3 ou 6 meses não é um bom membro do partido.'Se estabelecemos, seriamen-te, esta orientação geral, e se

verificamos a cada semana os resultados práticos, evitaremos um grande perigo; a saber, que os intelectuais e os assalaria-dos de outros setores afoguem a minoria operária, silenciando-a e transformem o partido num clube de discussão muito inteli-gente, mas absolutamente inabi-tável para os operários.'As mesmas regras devem ser elaboradas da mesma forma para o trabalho e recrutamento da organização de juventude; do contrário, corremos o perigo de formar bons elementos jovens como diletantes revolucioná-rios, e não como combatentes revolucionários'.Creio que esta carta deixa cla-ro que não mencionei o perigo de um desvio pequeno-burguês no dia seguinte ao pacto Hit-ler—Stalin ou no dia seguinte ao desmembramento da Polô-nia, mas sim que adiantava essa possibilidade, com persistência, já há dois anos ou mais. Além disso, como assinalei então, levando-se em conta sobretudo a fração 'inexistente' de Abern, para poder purificar a atmosfera do partido, era absolutamente indispensável que os elementos judeus pequeno-burgueses da seção de Nova Iorque fossem retirados do seu ambiente con-servador habitual e distribuídos no verdadeiro movimento operá-rio.” http://www.marxists.org/portugues/trotsky/1940/01/24.htm

“O nosso partido pode se ver inundado por elementos não-proletários e pode até perder o seu caráter revolucionário... a tarefa consiste em orientar praticamente todas as

organizações para as fábricas, as greves, os sindicatos...”

Um câncer pequeno-burguês, shachtmanista, destruiu a IV Internacional

A LC voltou às costas aos intelectuais e focou sua estratégia no movimento operário

Page 3: Folha do Trabalhador # 18

O Bolchevique No18 - setembro de 2013 3

Um passo adiante na construçãoda Liga Comunista na classe operária

O 11º Congresso foi realizado nos dias 23, 24 e 25 de agos-to, em Louveira, com quase 500 trabalhadores de mais de

70 fábricas. A tese Vanguarda Metalúr-gica (VM) participou do 11° Congresso com uma pequena bancada de cinco de-legados, reunindo lutadores da Agritech, Bosch, CAF, e Mabe.

Além da tese da corrente dirigente do Sindicato, a Alternativa Sindical Socia-lista (ASS) (ASS/Intersindical), a tese da VM foi a única tese inscrita no Con-gresso do terceiro maior sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, com 60 mil operários na base, e quarto do Brasil. Nossa tese teve como objetivo armar a categoria para reagir aos ataques do ca-pital agravados com a crise capitalista mundial. Esta ofensiva é sentida na pele pelos metalúrgicos de Campinas e região e em particular pelas demissões recentes ocorridas na Mabe, CAF e Bosch, que se combinam com a intensificação do ritmo de trabalho para os que ficam.

NOSSAS DIFERENÇAS COM A TESE DA ASS:

1) Na avaliação da crise mundial. Na tese da ASS “a crise iniciada em 2007/2008, que buscou e alcançou sua saída até 2010, acabou”. Para nós, a crise não foi superada. Mesmo sendo muito otimistas, a economia dos EUA, UE e Japão pati-nam – a falência da cidade de Detroit, cinco anos após a falência do Banco Le-hman Brothers – demonstra a farsa da recuperação dos EUA que compromete a própria recuperação europeia [1]. Acen-tuando esta análise, a própria prepa-ração da guerra contra a Síria, impulsio-nada por estas economias é um modo de acumulação de capitais necessários para dinamizar o capital imperialista por meio de investimentos Estatais em forças des-trutivas. Esta ameaça que pode detonar uma guerra regional ou até a III Guerra Mundial está aí para demonstrar que o imperialismo sente necessidade material de provocar uma nova guerra para supe-rar a crise, como Bush o fez contra Afe-ganistão e Iraque pós crise de 2001.

O Brasil, o 10o maior parque industrial do mundo, se beneficiou inicialmente da crise desatada em 2007/2008 nos EUA, mas a taxa de lucros aqui atingiu seu teto em 2010 e a partir daí declinou, pa-vimentando o terreno para a chegada de efeitos retardatários da crise mundial no país em 2012, provocando o aumento do custo de vida e a maior reação grevista da classe trabalhadora desde 1996. Fo-ram quase 900 greves e, como segundo capítulo desta reação vimos em 2013 as fortes greves dos professores paulistas em maio, seguidas pela luta da juventude em várias capitais contra o aumento das passagens dos transportes coletivos e as manifestações de massas heterogêneas e sem a presença da classe trabalhadora organizada em junho. No Brasil, ainda se espera a chegada do pior da crise com o estouro da bolha imobiliária.

2) na desindustrialização histórica do Brasil. A ASS desconsidera a desindus-trialização dos últimos 30 anos e apenas avalia micro-recuperações pontuais e momentâneas de alguns setores da in-dústria e não do conjunto do parque in-dustrial nacional que hoje corresponde

a apenas 14,8% do PIB. Para a ASS, a desindustrialização, uma tendência pre-dominante desde meados da década de 1980 é mera choradeira chatangista do empresariado sobre o governo para obter mais isenções fiscais e incentivos. Ao contrário do que parece, no imedia-to, esta avaliação debilita a luta contra o desemprego e contra a precarização trabalhista e engrossa o discurso petis-ta oficial de apenas passamos por uma “marolinha”. E no mediato, esta posição é míope para a política de dependência economica, retrocesso produtivo e colo-nial alavancados na década neoliberal de 1990 e aprofundados pelos governos do PT que privilegia as montadoras e a agro-indústria em detrimento do desen-volvimento do departamento I da econo-mia. Em outras palavras, o capitalismo brasileiro não apenas não caminha para alcançar o sonho do Brasil potência como os problemas históricos e estruturais são agravados como a concentração de te-rras e a dependência tecnológica. Como afirmamos em nossa tese: ““nem ceder a chantagem patronal e pelega em nome da crise, nem negar a desindustriali-zação, ficando desarmados politicamente para combater os ataques dos patrões... nem juros altos para os banqueiros, nem juros baixos para os industriais! naciona-lização dos bancos e da indústria sob o controle dos trabalhadores!”;

3) Em nossa tese também reivindicamos trabalho de formação política para os metalúrgicos, inclusive para os dirigentes sindicais de base e cipeiros para evitar que ocorra como recentemente na Hon-da onde a patronal comprou “as pencas” os mandados dos cipeiros da ASS.

4) Por fim, apesar de buscarmos politizar o debate no Congresso e aprimorar suas resoluções no sentido de armar a classe contra o capital e contra o imperialismo, a diretoria da ASS ora rechaçava propos-tas elementares como esta “Anulação das dívidas imobiliárias para os trabal-hadores que moram nos imóveis pelos quais se endividaram e congelamento dos aluguéis;”[2] ora privilegiava apoiar resoluções ambíguas sobre o Golpe de Estado no Egito e a ameaça de bombar-deio na Síria contra propostas como es-tas que tentamos até negociar com vos-sos camaradas:

“MOÇÃO CONTRA A INTERVENÇÃO IMPERIALISTA NA SÍRIA

O 11º Congresso dos Metalúrgicos de Campinas se opõe firmemente à iminen-te intervenção imperialista contra o povo da Síria, articulada neste momento por Obama que justifica a intervenção depois de um ataque que matou centenas de pessoas e inclusive muitas crianças com armas químicas (gás mostarda e sarin, as mesmas usadas pelos EUA no Vietnã) atentados que a mídia imperialista busca atribuir ao governo sírio, mas nós temos razões de sobra para suspeitar ter sido mais uma obra dos mercenários do impe-rialismo na região.

Nos opomos à intervenção imperialista pela intervenção militar estrangeira direta ou pelos mercenários armados pela CIA, como já vem ocorrendo, ou pela combi-nação da intervenção direta ou indireta, a exemplo do que já ocorreu na Líbia.

O congresso dos metalúrgicos defende o combate internacionalista a todos os go-vernos patronais e defende o direito a au-todeterminação dos povos e a luta pela revolução dos trabalhadores também na Síria, mas o inimigo principal de todos os povos e que aponta para a Síria agora é a intervenção imperialista que se vito-riosa aumentará a exploração de classe e a opressão dos trabalhadores como já ocorre no Haiti, Afeganistão, Iraque e na Líbia.”

“MOÇÃO CONTRA O GOLPE MILITAR NO EGITO

O 11º Congresso dos Sindicato dos Me-talurgicos de Campinas e Região conde-na o Golpe de Estado no Egito, que mas-sacrou centenas de pessoas e realizou mais de mil prisões.

Não concordamos com a política burgue-sa e reacionária da Irmandade Muçulma-na, mas muito mais reacionária e a opo-sição das organizações brasileiras que se reivindicam dos trabalhadores e que apresentam o golpe como “revolução”. A ditadura militar brasileira também cha-mou de “revolução” o golpe que torturou e matou centenas e prendeu milhares de trabalhadores no Brasil.”

PELA DEMOCRACIA OPERÁRIAE ORGANIZAÇÃO POR LOCAL DE TRABALHO

Além disso, debatemos um tema delica-do para a ASS (corrente anarco-sindical que tem boas relações com o petismo sindical de Campinas) que é a relação dos grupos de fábrica, delegado sindical e as comissões de fábrica.

A ASS não apoia grupos de fábrica que ela não dirija diretamente, e esse é o de-bate que fazemos com os companheiros.

Acreditamos na democracia operária (e não na democracia burguesa), somos os maiores intensificadores da luta por gru-pos de fábrica que possam colocar o de-bate político da relação capital trabalho dentro das fábricas, o grande problema é que se isso for feito, os diretores do sindi-cal serão engolidos pelos trabalhadores porque os trabalhadores querem partici-par de comissões de fábrica e decidir os rumos da luta em seu local de trabalho, já a ASS vê isso como um ataque a sua “di-reção” dentro da categoria, eles acham que com isso, eles vão “perder a direção da categoria”.

Em todo o congresso ficou latente que a

categoria quer lutar e para lutar é preciso ter formação política. A ASS foi derrotada em uma votação que instituía encontros de formação para os cipeiros. A direção foi derrotada por sua própria base, isso acontece porque a ASS na prática, não quer ter o trabalho de organizar espaços de debate político permanente e de for-mação para a sua base, e sim espaço em que os trabalhadores são apenas chama-dos para levantar o braço (se concorda ou descorda da direção), colocando sem-pre o debate do nós (ASS) contra eles (de outros agrupamentos, como o coleti-vo Vanguarda Metalúrgica). Esta política se reflete, por exemplo, no fato do 11º Congresso contar com a representação menor, cerca de dez fábricas a menos do que há três anos atrás, no 10º Congres-so “No último final de semana de agosto, com trabalhadores e trabalhadoras de 83 empresas, mais convidados e observa-dores de outros sindicatos e oposições da região e de outros estados, totalizan-do 500 companheiros e companheiras, foi concluído o nosso 10º Congresso.” [3]

Tivemos uma vitória importante nesse congresso, pelo simples fato de mostrar ao conjunto da categoria que existe um pequeno agrupamento revolucionário, operário e metalúrgico que pode fazer frente ao anarco-sindicalismo e sua re-lação de convivência pacífica com o pe-tismo sindical do extinto fórum socialista (corrente interna e regional do PT de Campinas).

Notas

[1] A 18ª cidade mais populosa dos Estados Unidos. A principal fonte de renda de Detroit é a indústria automobilística, abrigando a sede mundial da General Motors, Ford Mo-tor Company e da Chrysler, tendo as duas últimas nas cidades de Dearborn (parte de sua região metropolitana) e Auburn Hills, lo-calizada próxima a sua região metropolitana. “A quebra financeira da cidade americana de Detroit tem uma inesperada ligação com o problemático sistema bancário europeu, o que agrava a situação tanto da capital da in-dústria automobilística dos EUA como a de seus credores na Europa.”http://www.gestaosindical.com.br/quebra-de-troit-vai-dar-prejuizo-bancos-europeus.aspx[2] http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2013/09/metalurgicos-44.html [3] http://www.metalcampinas.com.br/index.php/2010/setembro-2010/item/1025-.

SUPLEMENTO ESPECIALCONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO

Antonio Junior, o Carioca, metalúrgico e cipeiro da CAF do Brasil

Camarada da CAF, defendendo a tese da VM, discursa ao plenário

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4 O Bolchevique No18 - setembro de 2013

A tese Vanguarda Metalúrgica defende que a clas-se trabalhadora deve ter suas ferramentas de luta, tanto na luta política (O Partido), quanto sua econômica (O Sindicato, a Federação e a

Central Sindical).Nós defendemos isso no congresso, mas infelizmen-

te tanto o setor anarco-sindicalista quanto o petista exis-tentes na ASS não querem tratar do tema, limitando-se a citá-lo como “uma saudação a bandeira” em sua tese.

Defendemos a ruptura da classe com o PT e apontamos na perspectiva de construir um

partido operário para conduzir a nossa luta à conquista do poder pelos trabalhadores.

A ASS se opôs a aprovar a seguinte emenda aditiva de nossa tese a

tese guia:

“52. NENHUMA ILUSÃO EM DILMA, ROMPER COM O PT EM DEFESA DA INDEPENDÊNCIA POLÍTICA DA CLASSE TRABALHADORA EM RELAÇÃO AOS PARTI-DOS E GOVERNOS PA-

TRONAIS!

53. Toda essa ofensiva an-tioperária é fruto do acordo

dos governos federais do PT com os patrões. Se nós trabal-

hadores não reagirmos, pagare-mos caro por isso. Diante desta realida-de todos os trabalhadores têm o direito questionar se deve continuar apoiando um partido que ataca os direitos dos

trabalhadores. A primeira medida para reagirmos contra toda esta catástrofe é ter claro que o PT não representa os trabalhadores, porque atende aos inte-resses dos patrões e do imperialismo. Por isso, defendemos a ruptura dos ativistas combativos e classistas com toda a burocracia petista em defesa da independência política dos operários em relação aos patrões, seus partidos, seus políticos e seus governos.

“54. Em meio à luta pelo imediato, deve-mos construir um partido que oriente es-trategicamente a conquista do poder pe-los trabalhadores contra os capitalistas. Sem uma direção revolucionária, como mostra a recente experiência na Grécia, nem muitas greves gerais serão capazes de derrotar os ataques, frear a direita e menos ainda libertarmos da exploração patronal. Por tudo isso é preciso cons-truir um partido revolucionário e interna-cionalista dos trabalhadores.”

A tese Vanguarda Metalúrgica seguirá lutando para construir dentro da classe operária, um partido operário revolucionário, mesmo que a direção da ASS seja con-tra, fazemos um chamado para os militantes da ASS, que rompam com essa direção e venham construir um movimento pelo um Partido Operário Revolucionário.

O papel vergonhoso da CSP-CONLUTAS/PSTU no Congresso

Diferente do 10º Congres-so quando foi a 2ª força política no Congresso, com 12 delegados [1],

em 2013 a CSP só contava com um delegado no Congresso. Obviamen-te este fato em si em um balanço do 11º Congresso, todavia, o que este delegado fez no Congresso, auxilia-do por uma delegação de meia dúzia de burocratas profissionais do PSTU/CSP como o Mancha é o que é dig-no de destaque. Mesmo não tendo mais peso algum mais na categoria em Campinas, o PSTU “jogou peso” neste Congresso fundamentalmente para retirar da tese guia da ASS as críticas (que assim como na tese da VM possuía duras críticas aos acor-dos escravocratas entre a Conlutas/PSTU e a GM), diga-se de passagem acertadas, contra a política praticada pelo PSTU/Conlutas no último perío-do no Sindicato dos Metalúrgicos de SJC” como por exemplo, no texto:

“‘O Sindicato dos Me-talúrgicos de São José dos Campos e a General Motors chegaram a uma proposta de acordo que coloca a cidade como candidata a receber um investimento de R$ 2,5 bilhões em uma nova fábrica a partir de 2017.’ Assim começa o informe do Sindicato sobre a pro-posta aceita que dimi-nui salários para novos trabalhadores que não poderão ser transferi-

dos para a atual f á b r i c a da GM, m e d i -da essa que a direção do sin-d i c a t o defende, c o m o forma de ‘impedir’ que os t r a b a l -hadores com sa-l á r i o s maiores s e j a m d e m i t i -dos. No acordo não há nenhuma garantia de emprego, somente o que já existe nos acordos do ABC ‘a manutenção do nível de emprego’. A direção do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos que faz parte do bloco que constituímos em 97, em nenhum momento discu-tiu, buscou ou chamou o nosso Sindicato, ou os companheiros de Limei-ra e Santos para discutir a estratégia de enfrenta-mento contra a GM. Na forma, negam o conteúdo do que fizeram: ‘acordo

com o Sindicato garantiu os investimentos em São José’, o conteúdo: ago-ra também em São José a GM conseguiu dimi-nuir o preço da força de trabalho com acordo le-gitimado pela represen-tação dos trabalhadores. Assim a GM continuará a demitir, arrochar sa-lários, terá toda a infra-estrutura garantida pelo Estado, para investir os R$2,5 bilhões nessa nova reestruturação do processo de produção que ampliará seus lucros na exata medida que au-mentará a exploração.”

Notas

[1] “95% dos delegados aprovam tese da ASS – No início dos trabalhos fo-ram apresentadas e defendidas qua-tro teses: a da Alternativa Sindical Socialista (ASS); da Alerta; da APS e Independentes; e do Coletivo Me-talúrgico da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas). Na votação para a definição de qual serviria como guia, a tese da Alerta só obteve dois votos; da APS apenas quatro votos e a da Conlutas, 12 votos. A tese da ASS conquistou 320 votos.”http://www.metalcampinas.com.br/index.php/2010/setembro-2010/item/1025

Construir o Partido Operária e Revolucionário

SUPLEMENTO ESPECIALCONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO

SUPLEMENTO ESPECIALCONGRESSO DOS METALÚRGICOS DE CAMPINAS E REGIÃO

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O Bolchevique No18 - setembro de 2013 5

“Se em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no ‘chiqueirinho’, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM

‘enchiqueirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demissão de

centenas de pais de família”

Para contribuir com a reorganização comba-tiva do operariado hoje a partir do resgate do

passado de lutas fabris o Jornal O Bolchevique da Liga Comu-nista entrevistou o advogado do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SJC) na época da greve de ocupação da fábrica da General Motors (GM) em 1985, o Dr. João Neto. O ca-marada foi contratado um mês após a greve para reforçar o jurídico do Sindicato nas ações de reintegração no emprego dos líderes grevistas (reclamações trabalhistas), ocasião em que também foram contratados outros advogados para fazer a defesa criminal dos trabalhado-res (Luis Eduardo Greenhalhg e Dra. Mary), nas ações pro-movidas pelo Ministério Público Estadual. Ao fazer este resgate histórico não podemos deixar de comparar a vitória de 1985 com a derrota de 2013, pelas mãos da Conlutas/PSTU, denunciando o recente Acordo Escravocrata assinado pela Diretoria do Sin-dicato dos Metalúrgicos de SJC com a multinacional dos EUA, que está na contramão desta perspectiva.

JOB – Dr. João Neto, qual foi o motivo da greve ?

JN. – A greve foi deflagrada pela redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salário. Este foi o principal motivo. A jornada semanal do trabalho do operário horista pas-sava de 60 horas.

JOB – Você falou que o prin-cipal motivo da greve foi a luta pela redução da jornada para 40 horas, sem redução de salário. Houve outros motivos?

JN. – Sim. Os trabalhadores sempre reclamaram da violên-cia da GM. Os operários sempre eram importunados pelos segu-ranças da empresa, os quais os obrigavam a passar por revista (tinham os bolsos e os embrul-hos revistados) na saída, onde havia até detector de metais. Os encarregados espionavam os metalúrgicos até nos banheiros.

Além disso, havia sempre a ameaça de demissão. A rotati-

vidade de mão-de-obra. A GM tinha uma “tradição” de no início e no final do ano demitir trabal-hadores. Não pagava adicional de insalubridade, nem cumpria a norma de salário igual para trabalho igual. Não fornecia Equipamento de Proteção Indivi-dual – EPI, no caso o sapato de segurança. O trabalhador horis-ta, apesar de trabalhar pesado, comia refeição inferior, servida em bandejão, sendo que quan-do repetia, somente podia pegar arroz e feijão, ainda assim, mui-tas vezes era censurado. Havia discriminação, por parte da em-presa, entre horista e mensalis-ta, sendo que estes tinham tudo do bom e do melhor (restaurante com refeição à la carte, hotel de luxo dentro da própria empre-sa, viagens pagas para o exte-rior, etc.). Tal discriminação era uma forma de tentar dividir os trabalhadores, motivo pelo qual a GM impedia aos mensalistas de participarem da Comissão de Fábrica, alegando que tinham um canal direto para reivindicar. O sistema de funcionamento da GM, segundo os metalúrgicos, parecia o de um quartel.

JOB – Quem dirigiu e organi-zou a greve de 1985?

JN. – A greve foi dirigida pela diretoria do Sindicato, formada por militantes do Partido dos Tra-balhadores (da direção majoritá-ria – posteriormente chamada de Articulação e hoje CNB – e da Convergência Socialista), a Co-missão de Fábrica, os cipeiros e militantes combativos do Sindi-cato que formavam o comando da greve.

O comando de greve era muito organizado, determinado e combativo. Havia a “TV Vaca Brava – Canal 40 horas no ar: greve também é cultura.” Por outro lado, a mídia na época, como o “O Estado de S. Paulo”, falava que havia uma suposta “milícia metalúgica.”

JOB – Como foi a greve ?JN. – A greve foi pacífica por

parte dos trabalhadores, mas houve truculência da empresa e da repressão da Polícia Militar, as quais montaram uma verda-deira operação de guerra contra

os metalúrgicos, desde o início da greve no dia 11 de abril até o seu término no dia 8 de maio de 1985. Importante frisar que, no dia 25 de abril, a fábrica da GM foi ocupada por decisão da Assembleia dos trabalhadores.

A ação mais radicalizada da greve ocorreu quando o con-junto dos trabalhadores, todos os trabalhadores colocaram os prepostos da GM (chefes, su-pervisores, seguranças, etc.) num local da empresa, perto do Hotel de Luxo que havia dentro da fábrica, local esse que ficou conhecido como “chiqueirinho”. Os prepostos da empresa che-garam a dormir ao relento.

Em 27 de abril foi formado o Fundo de Greve dos Metalúrgi-cos de São José do Campos e Região, para dar condições ma-teriais ao desenvolvimento da luta.

JOB – Qual foi a posição da patronal?

JN. – A GM recusou-se a ne-gociar com os trabalhadores. Inicialmente demitiu 93 meta-lúrgicos (diretores de sindicato, membros da comissão de fábri-ca, cipeiros e militantes combati-vos), sendo que ao final demitiu 403 trabalhadores.

JOB – E os governantes da época?

JN. – O governador da época, Franco Montoro, mandou abrir inquérito para apurar “quem eram os criminosos da greve.”

JOB – Qual o balanço da gre-ve de ocupação de 1985 ?

JN. – A greve conquistou a histórica jornada de 44h quan-do a maioria da categoria tra-balhava muito mais do que isto, como dissemos, chegava a 60h enquanto a jornada legal na épo-ca era de 48h30 min. e somen-te com a Constituição Federal de 1988 é que passou a ser 44 horas. A avaliação que faço é a de que a greve foi importante para o desenvolvimento da luta de todos os trabalhadores pela redução da jornada e em par-ticular para a luta do Sindicato contras os patrões, preservando empregos e o fortalecimento da categoria, colocando a questão de quem é o verdadeiro dono da fábrica com a ocupação ocorrida na greve de 1985.

Logo em seguida houve a adaptação do Sindicato dos Me-talúrgicos do ABC e da CUT com uma política de conciliação de classes. Assim, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos tornou-se a vanguarda da Categoria, numa região es-tratégica onde havia, na época, indústria aeronáutica e de arma-mentos.

JOB – E o acordo atual do Sindicato com a GM ?

JN. – Primeiramente é preciso destacar que não houve por ini-ciativa do sindicato nada pareci-do com a greve histórica que tra-tamos aqui. O centro de atuação do PSTU (herdeiro da antiga CS) e da Conlutas não foram os métodos da classe e muito me-nos as ações radicalizados que derrotaram a GM em 1985. O PSTU optou por fazer admoes-tação aos governos patronais de Dilma, Alckmin e Cury. Com mé-todos estranhos aos da classe o resultado só poderia realmente ser um Acordo escravocrata, que aumenta a jornada, reduz o piso salarial e permite a demissão de

centenas de metalúrgicos.A diretoria justifica que qual-

quer acordo nos marcos do ca-pitalismo é nocivo, querendo dizer, como na música de Chico Buarque e Ruy Guerra, que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”. Mas na verdade há acordos e acordos. Acordo trai-dor é injustificável. Se pequenas concessões levam a grandes derrotas, imagine uma traição dessas. Isso tudo demonstra o grau de burocratização e dege-neração da diretoria atual, que deve ser substituída pela catego-ria. Se em 1985 a peãzada pôs os capitães do mato da GM no chiqueirinho e arrancou a históri-ca redução da jornada, em 2013, com a colaboração da Conlutas, a GM ‘enchiqueirou’ os operários sob a chantagem das demissões e impôs o aumento da jornada, a redução do salário e a demissão de centenas de pais de família.

JOB – O Sr. deseja falar mais alguma coisa ?

JN. – Eu só quero agradecer a vocês e desejar que a categoria supere a atual direção do Sindi-cato, sem permitir que setores da oposição de direita do movi-mento, tradicionalmente ligados ao PT e PCdoB, mais ainda li-gados a patronal, tomem conta do mesmo. A atual direção se tornou imprestável para o des-envolvimento da luta devido a sua degeneração política, sendo certo que Partido Socialista dos Trabalhadores Unicado (PSTU), ao qual pertence a diretoria do Sindicato, com esse Acordo Es-cravocrata, com a posição pró-imperialista na Líbia e na Síria, atravessou o rubicão, tornando-se inimigo da classe operária, o que coloca aos seus militantes honestos e revolucionários que rompam com sua direção, visan-do construir uma partido operá-rio comunista marxista e revolu-cionário.

ENTREVISTA – GREVE DOS OPERÁRIOS DA GM DE SJC DE 1985

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6 O Bolchevique No18 - setembro de 2013

Pela vitória militar da Síriacontra qualquer ataque imperialista!

Declaração do Comitê de Ligação pela IV Internacional (CLQI) em defesa incondicional da Síria contra o imperialismo: Tirem as mãos da Síria!O CLQI é composto pela Liga Comunista (Brasil), pelo Socialist Fight (Inglaterra) e pela Tendencia Militante Bolchevique (Argentina)

DECLARAÇÃO DO CLQI SOBRE SÍRIA 28/08/2013

Nos opomos incondicionalmente ao ataque imperialista contra a Síria e lutamos por sua derrota. A tarefa fundamental deste mo-

mento para todos os verdadeiros socialis-tas e anti-imperialistas é defender a sobe-rania nacional da Síria contra este ataque imperialista. Ofensiva que é lançada com apoio de Israel e de outros aliados dos EUA na guerra contra Damasco, como o “Exército Livre Sírio” (FSA) e os vários grupos “rebeldes”, Al Qaeda, Frente Al-Nusra, etc. Não há socialistas revolucio-nários e anti-imperialistas combatendo Assad na Síria hoje. Falar disso é fanta-siar sobre um suposto exército revolucio-nário fantasma diante da óbvia realidade do que está em jogo nessa guerra.

Temos todas as razões para suspeitar que o ataque químico com gases sarin e mostarda (os mesmos utilizado pelos EUA contra o Vietnã), que mataram cen-tenas de pessoas nos subúrbios de Da-masco foi mais um trabalho do terrorismo imperialista na região. Todavia, os meios de comunicação imperialistas e Obama tentam atribuir ao governo sírio o ataque com armas químicas para justificar o bom-bardeio contra a Síria. Do mesmo modo como as forças pró-imperialistas do KLA fabricaram a farsa do Massacre de Ra-cak no Kosovo em 1999 (todos os mortos eram combatentes do ELK) [1] para jus-tificar o bombardeio da Iugoslávia, exa-tamente como eles provavelmente estão fazendo agora, para acusar o regime sírio de ultrapassar a “linha vermelha” e reco-rrer a Armas de Destruição em Massa. Mentiras como estas foram usadas para justificar a invasão do Iraque em 2003 e fabricar o incidente no Golfo de Tonkin usado para justificar a Guerra no Vietnã. [2] É também uma reminiscência do inci-dente Gleiwitz um ataque encenado por forças nazistas que se apresentam como poloneses em 31/08/1939, contra a es-tação de rádio alemã Sender Gleiwitz em Gleiwitz, Alta Silésia, Alemanha (a partir de 1945: Gliwice, Polônia), na véspera da II Guerra Mundial na Europa. Isto foi usado para justificar a invasão da Polônia em 1939. [3]

Tem sido sempre assim, a espiral da barbárie imperialista eclipsa um crime co-metendo outro maior. O ataque do terror imperialista usando armas químicas con-tra centenas de crianças e adultos na Sí-ria ocorreu imediatamente na sequência de um evidente Golpe de Estado no Egito, seguido por um sangrento massacre de centenas de oposicionistas egípcios pelo governo militar golpista pró-imperialista. Agora, cinicamente, o imperialismo segue sua escalada terrorista ameaçando punir a Síria “para que não volte a usar armas químicas”, quando sabemos que desde meados da década passada os próprios EUA vem fornecendo armas e outras for-mas de ajuda para os mercenários terro-ristas na Síria. O governo dos EUA tem alistado aliados no Ocidente e no Oriente Médio e já começou a mover sua enor-mes máquinas mortífera aérea e naval para cometer um novo genocídio contra os povos árabes. Eles usaram mentiras e manipulação da mídia para alcançar este objetivo, como em operações anteriores, no Kosovo, Afeganistão, Iraque, e, mais recentemente, na Líbia.

Nós reivindicamos a posição marxista ortodoxa de apoio incondiciona à Síria nesta agressão e na guerra contra os “rebeldes” patrocinados pelo imperialis-mo. Devemos seguir a tática de Lenin e Trotsky diante da ameaça de Kornilov na Rússia em 1917. Defendemos o esma-gamento dos mercenários da FSA e da Frente Al-Nusra. Somos a favor de uma Frente Única Antiimperialista (FUA) com

Assad. Exigimos que Assad arme a clas-se trabalhadora e faça uma convocação para o alistamento de toda a população no exército contra os mercenários e o imperialismo. Mas nós não apoiamos o governo Assad. Esta é uma questão de princípio. Os leninistas-trotskistas não apoiaram, não apoiam, nem apoiarão qualquer governo capitalista. Como Lenin disse:

“Nem mesmo agora devemos apoiar o governo de Kerensky. Isto seria uma falta de princípios. Vamos lutar juntos contra Korni-lov? Claro que vamos! Mas não é a mesma coisa [lutar contra o golpe de Kornilov e apoiar Kerensky], há aqui uma linha divisória, que al-guns bolcheviques passaram por cima dela desviando-se para uma posição conciliadora e deixando-se levar pelo curso dos aconte-cimentos. Vamos lutar e estamos lutando contra Kornilov, assim como as tropas de Kerensky o fa-zem, mas não apoiamos Kerensky. Pelo contrário, nós denunciamos a sua fraqueza. Existe uma dife-rença. É uma diferença muito su-til, mas é uma diferença essencial que não deve ser esquecida.” [4]

Rejeitamos a noção abjeta de que o imperialismo está patrocinando qualquer tipo de “revolução” na Síria, o que ele faz é repetir o que fez pela derrubada de Gaddafi na Líbia, assim como disfarça-damente apoia o Golpe militar no Egito. Aqueles que justificam seu apoio aos “rebeldes mercenários” na Líbia pelo as-sassinato do embaixador americano na Líbia há um ano ou justificam seu apoio ao Golpe de Estado egípcio pelo apoio dos EUA a Irmandade Muçulmana e a Morsi quando ele estava no governo, esquecem que o imperialismo não tem amigos ou inimigos permanentes, apenas interesses econômicos e geo-políticos. Os fundamentalistas foram apoiados no Afeganistão nos anos 1980 e 90, mas o imperialismo lutou mais tarde contra eles no Iraque e no Afeganistão. Aqueles que o imperialismo armou na Líbia voltaram-se contra ele no Mali. Aqueles que ago-ra o imperialismo está patrocinando na Síria, através dos seus governos títeres no Golfo, Qatar, Arábia Saudita e os Emi-rados Árabes Unidos, mais tarde irão combatê-los em uma nova arena. Mas se os EUA derrubarem Assad e derrotarem o Hezbollah, terão alcançado simulta-neamente seu mais importante objetivo geo-político estratégico na região: ele vai remover a ameaça a Israel representada pelo Hezbollah, a mais importante força de combate guerrilheira em toda a região. Os EUA limparão o terreno para o próxi-mo ataque contra o Irã. O fato de ter que facilitar a ascensão de regimes bárbaros que podem futuramente vir a enfrentar Israel é uma questão secundária para o imperialismo. A CIA comemorou a queda de Cabul para o Taleban e o linchamento do ex-presidente Mohammad Najibullah no Afeganistão em Setembro de 1996.

A ONU é, efetivamente, uma loja de brinquedos onde os imperialistas per-mitem que as demais nações do mundo brinquem com os brinquedos da diploma-cia em questões secundárias, enquanto ele segue usando-a para defender seu negócio, independentemente do que elas pensam. O imperialismo ocidental bom-bardeou a Iugoslávia em 1999, apesar do Conselho de Segurança da ONU não aprovar. O Imperialismo dos EUA consi-dera a ONU como um instrumento dele, pois é o seu principal financiador e país sede da Organização. A ONU é assim apenas um escritório de retaguarda do Pentágono. A divisão no Conselho de Se-

gurança da ONU é inevitável e não pode mais ser conciliada já que o imperialis-mo exerce um papel permanentemente predatório global - econômica, política e militarmente. Isto deve significar gue-rra contra a Rússia e a China a médio prazo. As consequências sociais sobre todos os continentes são nada mais que danos colaterais para esse “antro de la-drões!” como Lenin descreveu a Liga das Nações, em 1920.

Rejeitamos qualquer caracterização deste ataque ou de que a guerra na Síria desde 2011 seriam um conflito “por pro-curação” inter-imperialista liderada impe-rialismo ocidental contra o “imperialismo oriental russo-chinês”. Os EUA e seus aliados no Reino Unido, França, Ale-manha e Japão controlam a esmagadora maioria dos recursos econômicos e mili-tares do planeta e são ainda mais belico-sos agora do que as potências imperialis-tas eram antes Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial. Eles estão patrocinando a guerra por causa da que-da da taxa de lucro do capitalismo, pois esta é a única maneira de impulsionar uma taxa de lucro para suas corporações transnacionais e os centros financeiros em Wall Street, na City de Londres, Paris, Hamburgo e Tóquio.

O simples anúncio do ataque à Síria já turbinou os preços do petróleo, merca-doria hegemonizada pelas “Sete Irmãs” controladas pelos os EUA e Grã-Bretanha (Exxon, Mobil, Gulf, Socal, Texaco, Shell, BP) , cujos principais parceiros no Orien-te Médio, não por acaso, são Arábia Sau-dita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, justamente os principais financiadores diretos dos mercenários sírios. “Em Nova Iorque, o preço do barril de petróleo cru-de [antes de ser refinado] para entrega em outubro aumentou 3,23 dólares para 112,24 dólares o barril, o máximo desde 03/05/2011. Já em Londres, o preço do barril de Brent, para entrega em outubro, alcançou o máximo de seis meses, ao su-bir 26% para 117,34 dólares o barril. Os Estados Unidos, França e Reino Unido estão próximos de uma intervenção mili-tar na Síria, após a alegada utilização de armas químicas no país.” (RTP, “Preço do petróleo sobe com receios sobre im-pacto de intervenção militar na Síria, 28/08/2013) [5]

Essa guerra pode muito bem detonar a Terceira Guerra Mundial. É essencial-mente uma guerra global por mercados entre o bloco da OTAN e o núcleo bur-guês da Rússia e China. As burguesias chinesas e russas não tem sido fortes o suficiente para assegurar suas áreas de influência. Vemos isso nos sucessivos recuos forçados da China na África, pri-meiro na Líbia, em seguida, no Mali e, mais recentemente, na República Cen-tro- Africano. Mas, se comparados ao do imperialismo, os recursos da Rússia e da China combinados são, de fato, in-significantes. Portanto, esta é uma guerra imperialista, patrocinada pelo Ocidente, uma contra-revolução que também reali-za uma limpeza étnica dos curdos no nor-

te da Síria, a fim de declarar um estado islâmico baseado na lei Sharia com todas as consequências terríveis para mulheres e todas as minorias sexuais que não pro-fessam a fé muçulmana sunita.

O patrocínio do terrorismo muçulmano sunita tem sido a principal orientação es-tratégica dos EUA, através da CIA, desde a queda de Saddam, que escolheu no xiita Irã o principal adversário objetivo na região. A Divisão de Atividades Especiais da CIA realizou muitas ações secretas e “atividades especiais”, como bombar-deios de civis iraquianos xiitas em mer-cados para promover a “violência sectá-ria” em seu favor. Essa é a óbvia razão pela crescente popularidade do governo Assad, não só entre as comunidades de minorias étnicas, mas também entre os muçulmanos sunitas urbanos que que-rem defender, no mínimo, o nível dos direitos e liberdades seculares que têm sob Assad. Por isso, rechaçamos abso-lutamente a caracterização que este seja um conflito sectário entre sunitas/xiitas, assim como o conflito na Irlanda do Norte não é uma mera disputa sectária religio-sa entre católico/protestantes. A religião é sempre um manto ideológico sob o qual as pessoas são levadas a lutar como aparência superficial sobre interesses econômicos, sociais e políticos materiais reais. As linhas divisórias em ambos os conflitos, como em todo o mundo semi-colonial, estão entre as forças do impe-rialismo e as forças anti-imperialistas. Os revolucionários estão sempre inequivoca-mente no campo anti-imperialista.

Aqueles que não lutam pela derrota de seus próprios imperialismos na guerra e, neste ataque, fracassaram no primeiro obstáculo. Não tem nenhuma utilidade para a classe trabalhadora. Sua principal motivação em defender a falsa “revolução síria” é ganhar a aceitação da burocracia sindical, sua camada social-imperialista, que é o principal pilar do capitalismo nas fileiras da classe operária.

Saudamos o heroísmo dos bravos soldados do Exército Nacional Sírio que sofreram terríveis baixas na defesa do direito à autodeterminação do seu país contra a agressão patrocinada pelo im-perialismo. Eles têm todo o direito de ob-ter armas e ajuda do Irã ou da Rússia. As “Forças Especiais” imperialistas têm estado no terreno na Síria desde 2011. Das fileiras desses lutadores anti-impe-rialistas da classe trabalhadora podem vir as forças para o futuro partido socialista revolucionário que, por sua vez, acerta-rá contas com Assad e seu nacionalismo burguês reacionário cuja política econô-mica é quase tão anti-operária e neo-libe-ral como a de qualquer país imperialista. Estamos confiantes de que os rebeldes pró-imperialistas e seus apoiadores serão jogados na lata de lixo da história por es-sas forças antiimperialistas.

Como socialistas revolucionários e antiimperialistas não defendemos as po-sições nem a prática de governos nacio-nalistas burgueses reacionários como as do “Líder supremo “ do Irã, Ali Khamenei,

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Saddam Hussein, Muammar Gaddafi ou de Bashar al-Assad. Estes foram e são tiranos brutais e pró–imperialistas. Nós nunca podemos esquecer o favor que Assad pai, Hafez al-Assad, fez para os sionistas e para o imperialismo ocidental permitindo o terrível massacre dos palestinos no campo de refugiados de Tel al-Zaatar, durante a Guerra Civil Libanesa em 12/08/1976. E eles têm brutalmente oprimidos sua própria classe trabalhadora, proibindo greves e exe-cutando e prendendo dirigentes sindicais e impondo sindicatos estatais corporativos para oprimir os tra-balhadores. Mas há países oprimidos e opressores; nações imperialistas e as nações semi-coloniais. Esta é a essência do imperialismo como dizia Lenin. Os hu-manitários social-patriotas liberais que apontam para a terrível ação dos tiranos semi-coloniais ou equipa-ram os seus crimes com os do próprio imperialismo, merecem desprezo universal. Eles seguem a tradição de escolher um “terceiro campo”, seguem a tradição terceirocampista, como Max Shachtman, ao proclamar “nem o imperialismo, nem Assad, defendemos a clas-se trabalhadora”. Esta tendência agora contamina a grande maioria dos grupos auto-proclamados trotskis-tas internacionalmente. Todavia quase ninguém mais consegue ver os rebeldes reacionários como genuínos revolucionários ou ver uma potencial revolução den-tro da manipulação imperialista. Nós não podemos lutar pelo socialismo em nosso país aceitando a ma-nutenção do espólio do império extraído da opressão brutal de trabalhadores semi-coloniais e camponeses.

Nós estamos inequivocamente com Lenin sobre esta questão:

“Um ponto central no programa social-de-mocrata deve ser precisamente a divisão das nações entre opressoras e oprimidas, o que constitui a essência do imperialismo, o que é mentirosamente ocultado pelos sociais-chauvinistas e por Kautsky. Esta divisão é desprezada pelos pacifistas burgueses e pe-los utopistas pequeno-burgueses que acredi-tam na concorrência pacífica entre as nações independentes no capitalismo, mas é uma di-visão essencial do ponto de vista da luta re-volucionária contra o imperialismo” [6]

Se os governos burgueses da Rússia, China e Irã não capitularem novamente e o imperialismo for con-sequente com seus próprios interesses teremos uma Terceira Guerra Mundial. Nesse conflito, os revolucio-nários não elegem um terceiro campo ideal confortável, não podem ser confundidos como meros pacifistas, nem também nutrem ilusões nas burguesias russa, chinesa, iraniana ou síria. A saída para a humanidade diante da barbárie que nos ameaça está na luta pela derrota dos EUA e seus aliados, na vitória das nações oprimidas e na reconstrução da IV Internacional, o par-tido mundial da revolução socialista.

Abaixo o ataque imperialista contra a Síria!Defender o direito à autodeterminação da Sí-ria!Derrotar os rebeldes patrocinados pelo im-perialismo do Exército Sírio Livre e a Frente Al- Nusra!Armar toda a classe trabalhadora e os pobres das cidades para combater o imperialismo e seu exército rebelde mercenário!Formar comitês de trabalhadores nas cida-des e no exército para conseguir a vitória nessa guerra!Destruir o Estado sionista de Israel, para for-mar um Estado operário palestino multi-étni-co!Avançar para um governo de trabalhadores como parte de uma Federação Socialista do Oriente Médio!

Notas:

[1] Guerra ilegal da OTAN contra a Sérvia/As mentiras do Massacre Ra-cak No Kosovo, http://www.youtube.com/watch?v=Z-muEj_E0PY[2] Em 2005, um estudo interno da Agência de Segurança Nacional (NSA) concluiu que o Maddox havia se envolvido em um conflito com a Marinha norte vietnamita no dia 2 de agosto, mas não haviam navios de guerra norte-vietnamitas presentes durante o incidente de 4 de agosto. A pesquisa afirma que no dia 02/08: No 1505G, o capitão Herrick ordenou para abrir fogo se os barcos inimigos se aproximassem até dez metros. O 1505G Maddox disparou três rodadas para avisar aos barcos comunis-tas. Essa ação inicial nunca foi relatado pela administração Johnson, que insistiu em que os barcos vietnamitas atirou primeiro. No dia 04/08: Não se trata da existência de versões diferentes sobre o que aconteceu, é que nenhum conflito aconteceu naquela noite. [...] Na verdade, a Marinha da Hanoi não estava envolvida em qualquer operação ou ação de con-fronto naquela noite, apenas no resgate de dois dos barcos danificados em 2 de agosto. O incidente do Golfo de Tonkin, onde navios de guerra dos EUA foram supostamente atacadas por norte-vietnamitas PT Boats, citado pelo presidente Lyndon B. Johnson como uma legítima provo-cação que obrigou a realização da escalada belicista dos EUA no Vietnã, foi uma farsa encenada que nunca aconteceu. Isto é uma repetição exata do que Bill Clinton fez em 1999 e que Bush e Blair fizeram para atacar o Afeganistão e o Iraque em 2001 e 2003 e podemos ter certeza de que é o que Obama está fazendo agora na Síria. http://en.wikipedia.org/wiki/Gulf_of_Tonkin_Incident[3] Gleiwitz incidente, http://en.wikipedia.org/wiki/Gleiwitz_incident[4] VI Lênin, Carta ao Comitê Central do POSDR http://www.marxists.org/archive/lenin/works/1917/aug/30.htm[5] Preço do Petróleo sobe com receios sobre Impacto de Intervenção militar na Síria http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=676575&tm=6&layout=121&visual=49[6] Lenin , V.I., “O proletariado revolucionário e o direito das nações à autodeterminação”, 16/10/1915

Por uma greve forte e unificada com todas as categorias em luta!

No dia 12 de setembro, seguindo o script previamente traçado pe-los pelegos da CONTRAF/CUT, foram realizadas assembleias

em diversas bases sindicais do país. Em 85 delas, a proposta feita pelos banquei-ros, a esmola de 6,1%, foi rejeitada, sendo também aprovada a deflagração da greve por tempo indeterminado a partir do dia 19. Em contraposição à migalha oferecida pelos banqueiros, a CONTRAF/CUT apre-senta o vergonhoso índice de 11,93%, sendo que as perdas nos bancos priva-dos ultrapassam os 20% e nos estatais, os 80%.

Esse índice totalmente insuficiente de 11,93% e defendido pela direção do maior sindicato bancário do país e vinculado à CONTRAF, o Sindicato dos Bancários de São Paulo (Articulação - CUT/PT; Intersin-dical/PSOL e CTB/PC do B) se dá numa conjuntura em que os banqueiros, tanto privados, como estatais, estão obtendo lucros estratosféricos. O Banco do Brasil, por exemplo, obteve neste primeiro se-mestre, um lucro de mais de R$ 10 bilhões, o maior da história dos bancos brasileiros nos seis primeiros meses do ano, enquan-to a Caixa Econômica Federal lucrou R$ 3,1 bilhões no mesmo período, 10,3% a mais do que no ano passado. Itáu e Bra-desco também aumentaram seus lucros em relação ao primeiro semestre do ano passado.

Toda essa lucratividade do capital fi-

nanceiro tem sido resultado principalmen-te da política de expansão do crédito, ou seja, do parasitismo dos banqueiros prati-cado contra a classe trabalhadora e os pe-quenos produtores e comerciantes e tam-bém através da superexploração de seus funcionários, incluindo os terceirizados (faxineiras, copeiras, vigilantes, telefonis-tas, estagiários, etc.), e os trabalhadores precarizados dos correspondentes ban-cários (Lotéricas, principalmente). Além do arrocho salarial, esta situação faz com que os bancários estejam trabalhando em ritmos de trabalho cada vez mais eleva-dos, com quadros de funcionários cada vez menores ( em 2012 cerca de 11.000 bancários foram demitidos) e sob cons-tante e sistemático assédio moral, o que tem provocado o aumento das doenças do trabalho, como as DORT/LER, bem como das doenças psiquiátricas e outros proble-mas de saúde.

Mas não são somente os banqueiros - privados e estatais - que teremos que combater ferrenhamente nesta greve. Nossa luta também tem que se dar contra os agentes da classe patronal no movi-mento sindical, a burocracia que dirige a CONTRAF/CUT e o arquipelego Sindicato de S.Paulo, que são atrelados ao governo e aos patrões e que tem traído todas as nossas últimas greves, assinando acordos contrários aos interesses da nossa cate-goria.

Para que construamos uma forte gre-

ve que derrote os banqueiros, nós da LC propomos:

Unificação imediata com os trabalha-dores grevistas dos Correios, através da formação de piquetes conjuntos e a reali-zação de atos unificados!

Formação de piquetes de greve a partir da organização pela base nas agências e departamentos! Por um comando de gre-ve eleito em assembleia!

Pela inclusão dos terceirizados e dos trabalhadores precarizados dos corres-pondentes bancários nas nossas ações durante a greve! A LC defende a incorpo-ração dos terceirizados dos bancos esta-tais, SEM concurso público! Pelos direito de todos os bancários falarem e fazerem propostas nas assembleias! Não à pre-sença dos “seguranças” (bate-paus) do sindicato! Não à divisão das assembleias! Assembleias unificadas e começando às 15hs até o final da greve! Contra a pre-sença de fura-greves, que atuam como la-caios da direção da empresa, sabotando a luta dos grevistas! Nenhuma punição aos trabalhadores grevistas! Não ao descon-to ou compensação das horas da greve! Uma greve vitoriosa fortalecerá não só os trabalhadores bancários, mas todo o conjunto do proletariado, na luta pela es-tatização do sistema financeiro sob o con-trole dos trabalhadores e a criação de um banco estatal único.

TRABALHADORES BANCÁRIOS

Ismael Costa

Após três semanas de parali-sação, podemos traçar um quadro geral do movimento. Trata-se de uma forte greve – a maior dos últi-mos 20 anos, segundo a burocracia – com grande número de agências e departamentos fechados.

Apesar desta adesão, observa-mos que cresceu em relação aos anos anteriores, a ausência dos tra-balhadores de base nos piquetes. Ainda predomina a chamada “greve de pijama”, que neste ano, para um contingente significativo de bancá-rios, tem se convertido em verdadei-ras “férias”, um período de descanso para se recompor da exaustão pro-vocada pelos ritmos alucinantes de trabalho. Nota-se também que há inúmeras agências fechadas, mas com importante número de trabal-hadores em seu interior, furando a greve e cumprindo as metas estabe-lecidas pelos banqueiros.

Em contraposição a este panora-ma, temos alguns elementos novos na campanha atual, resultado das grandes mobilizações estudantis do 1º semestre, as chamadas “jor-nadas de junho. Para se precaver de surpresas e “mostrar serviço”, a burocracia da CUT/PT, que dirige a categoria bancária, tem promovido ações mais fortes nesta greve, em grandes concentrações, como oco-rreu na Cidade de Deus, em Osas-co, no segundo dia da paralisação. Na maioria das agências, são os funcionários do sindicato que “ga-rantem” o fechamento.

Outro elemento importante é a organização por setores da opo-sição (“Avante, bancários!”), com total independência da burocracia do Sindicato de S.Paulo, de fortes piquetes em concentrações impor-tantes, como os prédios da Sé, do Brás e da Rerop Osasco, além de se solidarizar em atos públicos, com os professores em luta no Rio de janeiro. A atuação deste setor da vanguarda fez com que o MNOB/CSP-Conlutas, grupo majoritário de oposição, também participasse des-sas ações, ainda que não com todas as suas forças.

Até este momento podemos con-cluir que, mesmo sendo importantes nesta greve os “trancaços” promo-vidos por esta nova frente de opo-sição, esses piquetes foram organi-zados por um setor de vanguarda, se constituindo em ações em certa medida superestruturais. A base da categoria bancária, assim como de outras categorias importantes, algu-mas fechando acordos rebaixados sem ir à greve, parece não ter sido “contaminada” pelas “jornadas de junho”. Ao contrário do que acontece neste momento com os professores do Rio, os setores mais importantes da classe trabalhadora, principal-mente o proletariado fabril, ainda estão na defensiva, contrariando as análises impressionistas que culmi-nam em caracterizações equivoca-das como as de que “em junho o Brasil mudou” ou que “abriu-se uma nova etapa na luta de classes”.

Uma forte greveBanqueiros e Burocracia

sindical: unidos contra os

trabalhadores bancários

Apesar de toda a disposição de luta de um setor da vanguarda clas-sista, independente da direção do sindicato e que também demarcou terreno em relação à oposição tra-dicional – o MNOB/CSP-Conlutas – o mesmo golpe que vem sendo desferido contra os bancários nas últimas campanhas vai ser utiliza-do nas assembleias deste dia 11 de outubro.

Com o apoio dos bancos, que convocam gestores, gerentes e de-mais fura-greves, que atuam como verdadeiros feitores, praticando sistematicamente o assedio moral contra os trabalhadores, a direção do Sindicato de SP deve convocar assembleias separadas (Bancos privados, BB e CEF) para tentar aprovar a migalha de 8% de re-ajuste com compensação dos dias da greve.

Convocamos os bancários de S.Paulo e de todo o país para que compareçam às assembleias nes-ta sexta-feira e rejeitem esta pro-posta miserável, como fizeram os trabalhadores do BRB em Brasília na assembleia de ontem. É hora de fortalecer a greve! Não podemos aceitar nenhum acordo com com-pensação de horas!

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Defendemos a vinda de médicos cuba-nos para o Brasil. As conquistas da revo-lução cubana, dentre elas, o sistema de saúde são uma referência mundial (como demonstra o filme SICKO – SOS Saude de Michael Moore) para todos aqueles que desejam um sistema de saúde públi-co, gratuito, baseado na saúde preventiva e livre do parasitismo capitalista. Por isso, apesar de nossas diferenças com a buro-cracia castrista dirigente em Cuba, consi-deramos mais progressiva a vinda de mé-dicos cubanos do que de dequalquer outro país.

O sistema de saúde no Brasil está doen-te. Doente porque é submetido aos inte-resses do capital que drena os recursos da saúde para os bolsos da indústria farma-cêutica, dos hospitais privados, das máfias dos planos de saúde. Como denunciou o médico sanitarista Nelson Rodrigues dos Santos, da Unicamp, só os “planos e segu-radoras de saúde, empresas particulares, levam 30% do orçamento do Ministério da Saúde, deixando o Sistema Único de Saú-de (SUS) subfinanciado e em condições precárias para médicos e pacientes”.

Esta enfermidade é a mesma que faz com que a grande parte da elitizada casta dos médicos brasileiros se neguem a aten-der a população miserável de seu próprio país e ainda se oponham a que profissio-nais de outros países atendam nossos doentes mais pobres. Estes mercenários de branco agem assim porque querem manter o país carente de médicos para que os serviços que prestam permaneçam escassos e caros enquanto a população morre a míngua. Trata-se de uma política mercantilista desumana que eufemistica-mente vem sendo chamada de “promoção de reserva de mercado” para os médicos brasileiros.

Nós da Corrente de Trabalhadores da

Saúde e da Liga Comu-nista nos posicionamos claramente favoráveis a vinda dos médicos cu-banos, somo s contra o Revalida e neste restrito sentido apoiamos cri-ticamente o Programa Mais Médicos entenden-do que ele é um mero “band-aid” criado pelo governo Dilma preocu-pado com as eleições do próximo ano.

Diga-se de passa-gem, A proposta não é nova. Serra já a defen-deu em janeiro de 2000, quando era minis-tro da saúde do governo FHC. Inclusive, a proposta de Serra era trazer especifica-mente médicos cubanos. Agora, depois de lançar todo seu arsenal midiático con-tra os médicos cubanos, a direita, e par-ticularmente o PSDB, através do governo Alckmin, resolveu jogar peso no marketing eleitoral pró-saúde, prometendo abrir con-curso para contratação de médicos para uma jornada de 40h com salários entre 16 mil a 20 mil reais, outro programa que mesmos sendo executado não passará de outro “band-aid” em meio ao fato de que no Estado mais rico do país há dezenas de pessoas morrendo por falta de leito, de vaga na UTI, equipamentos e também de médicos.

Apoiamos criticamente o programa mais médicos para ampliar a ajuda emergencial de saúde às cidades e bairros proletários que são carentes da mesma, exigindo a estatização sem indenização de todo o sistema de saúde (hospitais, universida-des, planos, indústria farmacêutica) sobre o controle do conjunto dos trabalhadores da saúde.

Bienvenidos camaradas médicos cubanos! Corrente de Trabalhadores da Saúde

TRABALHADORES DA SAÚDE

Algumas organizações que se reivindicam marxis-tas revolucionárias como o PSTU no afã de criticarem o governo burguês do PT e capitalizarem com o des-contentamento da classe média e da casta médica viraram as costas para as necessidades elementares da classe trabalhadora, e acabam fazendo coro com a reação:

“O PSTU é contra a importação de médicos, inclusive cubanos, por-que compreende que este projeto de governo é um ataque aos direitos trabal-histas, é altamente precário e porque não representa uma medida estrutural para construção do SUS.” (site do PSTU, 03/06/2013).

Logo de cara, o PSTU que defendeu a vinda para o Brasil da blogueira pa-trocinada pela CIA e pela grande mídia contra-revolu-cionária se colocou aberta-

mente contra a importação de médicos cubanos por-que este partido renega a defesa do Estado operário considerando a Ilha uma “ditadura capitalista”; por-que defende agentes pa-trocinados pela CIA e pela burguesia mundial como a “blogueira” Yoani Sanchez contra Cuba e porque im-portantes dirigentes do PSTU fazem parte da casta médica e nutrindo interes-ses materiais comuns com a mesma. De-pois, de flagra-do se alinhando a b e r t a m e n t e com setores como a Veja, a Globo e a elite desse país, o PSTU disfa-rçou, declarou o oposto do que tinha dito antes:

“ D e f e n d e -mos sim o di-reito dos tra-

balhadores cubanos ou de qualquer outra nacionalida-de de trabalharem no Bra-sil” sem fazer qualquer au-tocrítica mas, o que é mais importante, seguiu na mes-ma linha dos Conselhos corporativistas condicio-nando o “direito ao trabalho dos trabalhadores cubanos no Brasil”a realização do Revalida, “Defendemos a realização do Revalida” (site do PSTU, 27/08/2013).

Os Conselhos de medi-cina que se negam a con-ceder registro temporário aos médicos estrangeiros e os Sindicatos médicos que fazem vista grossa a criminosa escravidão da terceirização que toma conta dos hospitais, ago-ra, hipocritamente, justi-ficam sua oposição à vin-da de médicos cubanos por se dizerem contra a “escravidão” dos mes-mos. O que não dizem é que graças a revolução o Estado operário cuba-no garante a todos seus trabalhadores habitação, educação e saúde. Sem os sanguessugas da saú-de para lhe prejudicar, a medicina cubana avançou imensamente e os médi-cos cubanos são muito qualificados, enquanto segundo um novo estudo divulgado pelo Journal of Patient Safety, dos EUA, no país mais rico do ca-pitalismo mundial, a cada ano entre 210 mil e 440 mil 440 mil pacientes in-ternados em hospitais a cada ano em os EUA para cuidados médicos sofrem algum tipo de dano evi-tável contribuindo para a sua morte.

Primeiro a máfia do ja-leco hostilizou a chegada dos médicos, em seguida, alguns se inscreveram no

programa mais médicos apenas para sabotá-lo. Depois, as instituições da máfia tratam de negar o registro provisório, e ameaçam chamar a po-lícia contra os médicos estrangeiros que não re-ceberam registro que a máfia se nega a entregar denunciando os estran-geiros por prática ilegal da medicina. “Em tom de ameaça, representan-tes regionais da classe médica rotularam ontem de ‘ilegal’ a atuação de profissionais cubanos no Brasil por meio do progra-ma Mais Médicos e pro-meteram acionar a polícia quando eles começarem a trabalhar no país. Presi-dentes de CRMs (Conse-lhos Regionais de Medici-na) também chamaram o programa de “afronta” e disseram que eventuais erros cometidos por cuba-nos não serão corrigidos por brasileiros.” Imagine-se o doutor de Cuba, sub-metido a tensão e a pre-cariedade do sistema de saúde brasileiro em uma cidade de interior, tentan-do curar um paciente que não fala sua língua de ori-gem e chegar um PM para prendê-lo por prática ile-gal. A Associação Médica Brasileira e os Conselhos de medicina querem lhes

impedir de aten-der a população brasileira impon-do-os um vesti-bular elitista, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas (Re-valida). A função deste exame não é selecionar médicos, mas preservar a saú-de nas mãos de uma elite de “fil-

hinhos de papai” que não precisam trabalhar para viver e podem viver para estudar durante quase 10 anos sem se preocu-par com o próprio sus-tento. Todavia, mesmo depois de pressionados pela Advocacia Geral da União (AGU) a conceder os registros provisórios, os Conselhos da máfia de branco criam novos obstáculos: “Nesta sexta-feira (20) o Conselho Fe-deral de Medicina (CFM) orientou os conselhos regionais a autorizarem os registros provisórios dos médicos estrangeiros do programa. De acordo com o CFM, o registro será feito desde que os médicos apresentem a documentação ‘completa’ e ‘sem inconsistências’.” Por isso, defendemos as ações do MST no Ceará e Pernambuco - cujos assentamentos também necessitam de médicos - de bloquear e ocupar as sedes dos Conselhos exigindo a liberação dos registros provisório de trabalho.

Nesta briga, vergon-hosamente diante dos camaradas cubanos, vi-mos nossa elite dirigida pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) manifestar todo seu pre-conceito de classe contra as empregadas domésti-cas, racismo, xenofobia e anticomunismo. Todavia, foi entre a reacionária elite médica do Ceará, composta de doutores coxinha recém formados dirigidos pelo ex-vereador do PT e presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes que a reação fascistóide atingiu o nível de histeria.

Burguesia brasileira e máfia do jaleco ficam histéricas temendo o contágio do sistema de saúde

burguês sanguessuga nacional pelos médicos do Estado Operário Cubano

A luta continua, os médicos cubanos chegaram, mas ainda continuam sendo ameaçados pela máfia do jaleco. Ocupar os CRMS que se negarem a conceder o registro de todos os

médicos estrangeiros! Não ao revalida! Que a própria população trabalhadora através de comitês populares seja fiscal do conjunto

do sistema de saúde!

PSTU defende a vinda da blogueira Yoani Sanches para fazer propaganda anti-comunista no Brasil mas defende embargo a vinda de médicos cubanos para atender a população trabalhadora brasileira. Flagrado e desmascarado,

muda de posição, mas continuam defendendo o revalida, famigerado obstáculo corporativista contra que os médicos cubanos possam exercer seu ofício