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Folha Pomerana Express Um Informativo à disposição da Comunidade Pomerana Brasileira Folha Pomerana Express - Comunicação Eletrônica - Rua Emilio Michels, 739/401 - Venâncio Aires - RS Reg. Cartório sob número 15.876, fls. 193 frente, Livro B- 137- Venâncio Aires RS Código ISSN 2526-1762 Editor: Brasil - Ivan Seibel - Reg. Prof. MTb 14.557 - [email protected] Redakteur für Pommern im Bild - Helmut Kirsch - [email protected] Telefones: +55 51 981844828 +49 177 6978082 Agora também em: https://folhapomernanaexpress.blogspot.com/ https://www.facebook.com/ivan.seibel.9 https://www.brasilalemanha.com/novo_site/ https://www.brasilalemanha.com.br/novo_site/paginas/wir-uber-uns N° 424 - 08 de janeiro de 2022 As vendas e a sua importância sócio- econômica em São Lourenço. Airton Fernando Iepsen Einmal in die Heimat reisen, ist nicht genug Gerda Abraham Skujat AS VENDAS E SUA IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA EM SÃO LOURENÇO DO SUL Airton Fernando Iepsen [email protected] [...] escrever história será sempre uma arte e uma tarefa laboriosa, além, talvez, de um prazer. (PROST, 2008, p. 252) 1 . Dessa maneira, escrever história, deixar registrados temas e memórias do povo pomerano acima de tudo é uma forma de evitar os apagamentos das lembranças daqueles que se aventuraram a atravessar o oceano. E que apostaram em um mundo desconhecido, desenhado com cores róseas pelos agenciadores que faturavam com a vinda dos primeiros imigrantes para desbravar e povoar algumas regiões brasileiras. E outra realidade os aguardava, com as devidas bênçãos do Império Brasileiro. Pretendemos mostrar nesse trabalho as vendas de grande importância aos colonos pomeranos e alemães na região da Serra dos Tapes. Figura 1, uma típica venda do interior. Fig. 1 - Venda do Sr Walter Reissig, Picada Moinhos. Acervo: Doralice Meyer. Kaufhaus von Walter Reissig – Rio Grande do Sul. 1 PROST, Antoine. A História se escreve; In: Doze lições sobre a História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

Folha Pomerana

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Page 1: Folha Pomerana

Folha Pomerana Express Um Informativo à disposição da Comunidade Pomerana Brasileira

Folha Pomerana Express - Comunicação Eletrônica - Rua Emilio Michels, 739/401 - Venâncio Aires - RS Reg. Cartório sob número 15.876, fls. 193 frente, Livro B- 137- Venâncio Aires – RS

Código ISSN 2526-1762 Editor: Brasil - Ivan Seibel - Reg. Prof. MTb 14.557 - [email protected]

Redakteur für Pommern im Bild - Helmut Kirsch - [email protected] Telefones: +55 51 981844828 +49 177 6978082

Agora também em:

https://folhapomernanaexpress.blogspot.com/ https://www.facebook.com/ivan.seibel.9 https://www.brasilalemanha.com/novo_site/

https://www.brasilalemanha.com.br/novo_site/paginas/wir-uber-uns

N° 424 - 08 de janeiro de 2022

As vendas e a sua importância sócio-econômica em São Lourenço.

Airton Fernando Iepsen

Einmal in die Heimat reisen, ist nicht genug

Gerda Abraham Skujat

AS VENDAS E SUA IMPORTÂNCIA SÓCIO-ECONÔMICA EM SÃO

LOURENÇO DO SUL Airton Fernando Iepsen

[email protected]

[...] escrever história será sempre uma arte e uma tarefa laboriosa, além, talvez, de um prazer. (PROST, 2008, p. 252)1. Dessa maneira, escrever história, deixar registrados temas e memórias do povo pomerano acima de tudo é uma forma de evitar os apagamentos das lembranças daqueles que se aventuraram a atravessar o oceano. E que apostaram em um mundo desconhecido, desenhado com cores róseas pelos agenciadores que faturavam com a vinda dos primeiros imigrantes para desbravar e povoar algumas regiões brasileiras. E outra realidade os aguardava, com as devidas bênçãos do Império Brasileiro.

Pretendemos mostrar nesse trabalho as vendas de grande importância aos colonos pomeranos e alemães na região da Serra dos Tapes. Figura 1, uma típica venda do interior.

Fig. 1 - Venda do Sr Walter Reissig, Picada

Moinhos. Acervo: Doralice Meyer. Kaufhaus von Walter Reissig – Rio Grande do

Sul.

1 PROST, Antoine. A História se escreve; In: Doze lições sobre a História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

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As vendas, sucessoras dos bolichos e antecessoras dos modernos

supermercados existiram e ainda existem na colônia de São Lourenço do Sul. São Lourenço do Sul, situada no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Algumas mais equipadas, outras com somente os gêneros de primeira necessidade, mas sempre presentes na vida dos colonos pomeranos. Segundo Hammes2: “Embora existindo há mais de um século, as vendas do município de São Lourenço ficaram realmente grandes, quando a “modernidade” do século XX começou a proporcionar objetos práticos para facilitar a vida, trazendo mais conforto para os seus habitantes”. (2014, p. 472). Inclusive, na região ainda podem ser encontradas casas comerciais com sua característica original, tanto interna como externamente desde sua criação.

Fig. 2 - Comércio dos Westendorff. Gentileza de Gládis Maria Westendorff Steffan.

Kaufhaus der Familie Westendorff.

No interior do município, as vendas ofereciam produtos manufaturados,

alimentos, ferramentas, louças, armarinhos, além de combustíveis (antigamente sem energia elétrica a iluminação se dava por lampiões a querosene). Muitas casas comerciais possuíam salões onde se realizavam festas de casamento, reuniões de sociedades de canto, ensaios, ou da comunidade religiosa entre outras. Em algumas havia a disponibilidade de quartos para o descanso de viajantes, vendedores que percorriam o interior do município, oferecendo também alimentação. Na margem da RS-265, estrada que liga São Lourenço do Sul a Canguçu, na localidade de Quevedos, se destacava a casa comercial de Oscar e Carlos Alberto Westendorff, que mais tarde representaria a Companhia Cervejaria Brahma no município. Além

2 HAMMES, Edilberto L. A imigração alemã para São Lourenço do Sul. Da formação de sua Colônia aos primeiros anos após seu Sesquicentenário. São Leopoldo: Zeus, 2014.

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disso, ainda servia de local de compra da produção colonos da região, onde muitas vezes o negócio era feito na base da troca de produtos coloniais por artigos da venda.

As vendas sempre foram ponto de encontro, seja para jogar conversa fora, tomar um “trago” e fazer negócios, além do carteado habitual, o schafskopf3, ainda hoje muito presente em finais de semana e nos tradicionais feriados de segundo e terceiro dia de Páscoa e Natal. Importante também ressaltar que a venda normalmente era um ambiente majoritariamente masculino, com pequena presença de mulheres no local. E lembrar, que este cenário pouco mudou na atualidade. Uma constatação de quem esteve nos últimos anos trabalhando com vendas no interior: a utilização da língua pomerana nesses estabelecimentos ainda é a realidade. Em alguns, somente ela, exceto para com forasteiros. Na figura 2, uma imagem do comércio dos Westendorff, criado no ano de 1878, segundo Hammes. (2014, p. 464).

Fig. 3 - Kaufhaus der Familie Westendorff. Gentileza: Gládis Maria Westendorff Stefan.

Kaufhaus der Familie Westendorf.

O comércio da família Westendorff encerrou suas atividades na década de 1990. A senhora Gládis Maria Westendorff Stefan enumerou três prováveis fatores que podem ter contribuído para o fechamento do comércio: a regularização de linha de ônibus ligando a região até a cidade de São Lourenço do Sul; o pagamento das pensões aos aposentados nos bancos da cidade; a abertura de modernos supermercados na zona urbana.

Uma coisa chama a atenção, especialmente na região onde chegaram os pioneiros alemães e pomeranos, na Serra dos Tapes: a origem dos donos de vendas e comércios. Os luso-brasileiros donos de vendas são minoria até hoje na região.

3 Jogo de cartas muito apreciado pelos descendentes de alemães e pomeranos, jogado com 20 cartas: 4 ases, 4 reis, 4 damas, 4 valetes e 4 dez.

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Segundo Patrícia Bosenbecker4, (2020, p. 13): “Os imigrantes alemães que chegaram à Colônia São Lourenço se instalaram dentro da Serra dos Tapes, formando uma ilha cercada por estâncias”. E as estâncias eram propriedades de luso-brasileiros. Ela acrescenta, na mesma página: “A partir desse ponto, a estrutura local sofreu alterações, tanto o comércio como a agricultura crescem rapidamente, e em poucos anos a região transformou-se significativamente”. Ao se referir a “imigrantes alemães” é de importância salientar que fazem parte obviamente os pomeranos. Na figura 3, outra vista do comércio dos Westendorff.

Fig. 4 - Certificado de Registro veículo de tração animal. Acervo: Jeni Strelow Spiering.

Zulassungsschein für Pferde-Fuhrwerke.

Mas se na colônia os produtos oferecidos e as exigências da freguesia eram

de um tipo, nas vendas da cidade elas eram outras. Tomemos como exemplo a venda do senhor Albino Strelow, localizada na avenida de entrada da cidade. Segundo nos conta a senhora Jeni Strelow Spiering, sua filha, o comércio iniciou nos anos 1940, inclusive com a venda de combustível, caso da gasolina para os poucos automóveis

4 BOSENBECKER, Patrícia. Uma colônia cercada de estâncias: a inserção de imigrantes

alemães na Colônia São Lourenço/RS (1857-1877). Pelotas: Ed. UFPEL, 2020.

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que circulavam na época e também o querosene utilizado para iluminação. Mas oferecia uma série de artigos de armarinho, panelas, ferramentas agrícolas, além de produtos alimentícios normalmente comercializados a granel e até arenques em conserva, além de embutidos. Nas horas vagas, ainda sobrava tempo para fabricar facas.

A venda, localizada na entrada da cidade juntamente com outro comércio, dos Pollnow, também oferecia um local para que os colonos que vinham do interior deixassem seus cavalos em potreiros e carroças nos galpões, enquanto se dirigiam à zona central da cidade para fazer negócios e compras. Sobre carroças, um interessante documento, mostrando que nos anos 1940, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) já cobrava impostos sobre a circulação de veículos, então carroças. Figura 4.

Fig. 5 - Diário de vendas à vista. Acervo: Jeni Strelow Spiering.

Kassenbuch für den Einzelhandel.

Aliás, conforme documentos disponibilizados, podemos afirmar que a venda,

que funcionou até o ano de 2003, sempre com o senhor Albino atendendo no balcão, era muito bem organizada, com relação a um controle de devedores, aqueles que compravam no tradicional fiado, que tinha um caderno com seus registros. Registros tanto para vendas para o cliente, mas também para compra da produção agrícola trazida pelos colonos. Não somente isso, mas também um diário em um livro, com o faturamento da venda a cada dia. Tudo manuscrito, conforme podemos ver na figura

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5, em página do livro de registro de vendas à vista do ano de 1956.

Para finalizar, lembrar que algumas vendas não evoluíram no tempo e acabaram encerrando suas atividades. Outras seguiram de seu antigo modo e persistem até hoje. Tem também aquelas que se modernizaram e inclusive tornaram-se cópias dos supermercados atuais, com devidas diferenças. Mas é importante ressaltar que todas elas tiveram a sua importância no abastecimento dos colonos alemães e pomeranos em suas regiões. E de fundamental participação no desenvolvimento e progresso das regiões onde estavam localizadas.

Fig. 6 - Senhor Albino, esposa Ilma e uma neta. Gentileza: Iná Maria Spiering.

"Tante-Emma Laden" von Albino, seiner Ehefrau Ilma und Enkelin. Também lembrar que, para a execução desse trabalho utilizamos a História

Oral com os depoimentos, trabalhos de memória de: senhora Jeni Strelow Spiering com depoimento e documentos, senhora Gládis Maria Westendorff Stefan com fotografias e depoimento, além do senhor Arno Gehrke com depoimento, Iná Maria Strelow e Doralice Meyer com cedência de fotografias. Acima, como figura 6, uma imagem do interior da venda de Albino Strelow, junto de sua esposa Ilma e de uma neta.

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POMMERLAND IM BILD

Bild 7 - Flatow, Promenade am Stadtsee im Winter (Flatower Brief). Flatow, passeio no lago da cidade no inverno.

Pommersches Heimatbuch 1999

Einmal in die Heimat reisen,

ist nicht genug von Gerda Abraham Skujat

Im Bewußtsein meiner pommerschen Identität zieht es mich auch in diesem Jahr in das Land meiner Väter, in die unverwechselbare Schönheit meiner Heimat. Gut vorbereitet fahre ich von Köln über Berlin, Stettin, Plathe direkt an die Ostsee nach Kolberg. Hier auf dem Parkplatz des Hotels begrüßt mich herzlich ein Landsmann in deutscher Sprache. An der Rezeption wird ausschließlich polnisch gesprochen. Das Personal ist freundlich und distanziert. Zwei Wochen liegen vor mir. Es ist die Zeit nach den Pfingstreffen unserer Heimatverbände. Urlauber aus dem In- und Ausland treffen ein. Auch ich treffe mich mit einer Freundin.

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Bild 8 - Das Kolberger Rathaus. Die Wohnblocks im Hintergrund wurden nach Kriegsende für die

neuankommenden Polen gebaut. A Prefeitura de Kolberg. Os blocos de apartamentos ao fundo foram construídos após o fim da

guerra para os poloneses recém-chegados.

Das Hotel liegt wenige Schritte vom Strand entfernt. Im Kommunismus wurde es staatlich geführt. Heute leiten es zwei Geschäftsführer nach westlichem Vorbíld. Die Versorgung der Gäste erfolgt erstaunlich ökonomisch. Zu festgelegten Zeiten gibt es eine Art Massenspeisung in drei großen Gruppen. Mit an unserem Tisch sitzt ein polnisches Ehepaar aus Warschau. Die Verständigung ist erschwert. Sie nötigen uns aus lauter Höflichkeit, immer als erste das Essen aufzutun. Wir wollen nicht weniger höflich sein als unsere polnischen Tischnachbarn. So wettstreiten wir alle darin, uns gegenseitig die Schüsseln anzubieten und dies dreimal täglich an kleinen Tischen. Die Mahlzeiten sind so ein soziales und auch mentales Training. Serviert wird alles, was in Pommern blüht und reift.

Bild 9 - Küstenstraße Köslin – Kolberg.

Rodovia entre Köslin e Kolberg.

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Die würzige Luft von blühenden Akazien-Linden und Birkenbäumen und eine frische Meeresbrise verleiten sogleich zur Wanderung. Nur wenige Meter durch die berühmte Kolberger ‚Eichenpromenade‘ liegt uns die Ostsee zu Füßen. Der lange, weiße, sandige Strand mit dem leicht hügeligen fruchtbaren Hinterland, wo Bauersfrauen, die noch warme Milch und Erdbeeren anbieten, nehmen mich ganz gefangen. Hier wird mir das ganze Ausmaß dessen bewußt, was wir Pommern wirklich verloren haben. Ein überschaubares und heimeliges Ambiente bietet der Kolberger Stadtkern. Großzügig angelegte Parks mit altem Baumbestand laden zum Verweilen ein. In der Touristenmeile wird eifrig restauriert, gestrichen und neu gebaut. Im Schutz alter Eichen liegt der 800 Jahre alte Dom. In den anliegenden kleinen Gassen breiten Andenkenhändler auf kleinen Tischen ihre Schätze, wie z. B. alte Wehrmachtsabzeichen, aus. Die Saison hat begonnen. Wenige Schritte weiter fließt gemächlich die Persante, vorbei am Yachthafen in die Ostsee.

Bild 10 - Neustettin, Fußgängerzone. Neustettin, com sua rua de pedestres.

Mich zieht es nun in meinen Heimatkreis. Die Fahrt geht auf der schnurgeraden baumgesäumten Straße, der ‚Alten Salzstraße‘ nach Belgard. Die Bäume sind nicht dem Moloch Verkehr zum Opfer gefallen, sie haben überdauert. Die vertraute Landschaft ist in ihrer Unberührtheit einzigartig, durchzogen von Ruhe und Wärme. Störche brüten auf Telegrafenmasten. Nach etwa 50 Km geht es über eine lange, holprige Eisenbahnbrücke in Belgard, Richtung Groß Tychow. Schon liegt das Villnower Bahnhofsgebäude im Schatten der Bäume vor mir. Kaum zu glauben, wie vor 55 Jahren fährt der Zug zischend und pfeifend, mit einer alten Dampflok in den Bahnhof ein. Als Kind brachte er mich in den Schulferien nach Neustettin. Vom kleinen Wärterhäuschen wird das Signal zur Einfahrt des Zuges gegeben. Die Zeit und der Raum versetzen mich in eine unbeschwerte Kindheit. Inmitten großer Wälder um Villnow, Drenow, Groß-Krössin, Naseband, in denen wir Beeren und Pilze sammelten, gibt es auch heute noch einen reichen Wildbestand. Hobbyjäger aus dem In- und Ausland treffen sich hier, um Rehe, Hirsche und Wildschweine zu jagen.

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Bild 10 - Waldweg im Kreis Belgard.

Trilha na floresta no distrito de Belgard.

Ich suche jetzt mit einem Blumenstrauß das Grab meines Großvaters. Über grünbewachsenen Wegen und Auen finde ich im Dickicht die alte Eiche. Nicht weit davon entfernt schaut mich verwundert ein Graustorch an und stapft ohne Hast davon. Unter der Eiche ruhe ich aus. Wo könnte ich den Ruf meiner Vorfahren besser spüren als dort, wo sie lebten, mit ganzer Kraft wirkten und starben. Beim Herausheben von Farnkraut aus der Erde nehme ich einen vertrauten Geruch wahr. Etwas wie vom letzten Regen, Tannennadeln, Blättern und Pilzen duftet dazwischen. Ein leiser Wind streicht über das Land und die Blätter, die silbern im Gegenlicht schimmern. Dies alles umgibt mich und steigt mit der Wärme dieses Junitages in den blauen Himmel der Erinnerung. Wenig später treffe ich im Dorf bei dem alten, immer noch amtierenden Bürgermeister ein, der mich herzlich empfängt. In seinem bescheidenen Haus zeigt er stolz auf seine Jagdtrophäen. Nach einer kurzen Vesper begleitet er mich als Dolmetscher zum Anwesen meiner Eltern. Dann bin ich fassungslos. Vor mir liegen schwarz verkohlte Trümmer und Balken, die

Bild 11 - Belgard an der Persante hatte die Katastrophe von 1945 einigermaßen gut

überstanden. Belgard an der Persante sobreviviVEU

razoavelmente bem à catástrofe de 1945.

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die Zufahrt zum Hof versperren. Ein durch Blitzschlag verursachtes Feuer vernichtete im letzten Jahr alle Gebäude restlos bis auf das Wohnhaus, in welchem jetzt die Besitzer leben. Angesichts der Zerstörung durch Blitz und Donner spüre ich wieder das Donnergrollen der gefährlich näherrückenden Artillerie der Roten Armee. Schnell wechseln in meinem Innern Bilder und Empfindungen. Ich war mittendrin in einem Augenblick, von dem keiner sagen kann, wie kurz oder wie lange er dauert.

Bild 12 - Still ruht der Porster See. Na tranquilidade do Lago Porster.

Das Wunder, an das so viele meiner Landsleute so gerne hatten glauben wollen, geschah nicht. Es gab keine Wunderwaffe, die zum Einsatz kam Die russische Armee bewegte die ausgebreiteten Zangenarme immer schneller aufeinander zu. Bald war ganz Hinterpommern eingeschlossen, ein unerbittliches Schicksal millionenfach erlebt. Fortsetzung folgt

„Jene, die von den Traditionen der Jahrhunderte getragen werden,

haben die Gesetze von gestern und

heute nur wenig nötig“

Geroge Taylor 1716-1781

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Lichtblicke statt Schatten zeigen Historische Ausstellung eröffnet Tschechien: Die deutsche Minderheit in Tschechien hat einen weiteren Meilenstein in ihrer Geschichte gesetzt. Lange hat man sich um eine Dauerausstellung bemüht, die die historischen Facetten der Volksgruppe präsentiert. Diese ist nun da und ruft breites Interesse hervor. Welche Bedeutung das neue Projekt nicht nur für die Minderheit, sondern auch allgemein hat, zeigt beispielsweise die Tatsache, dass es sogar auf Aufmerksamkeit bundesdeutscher Medien gestoßen ist, was bei Unterfangen rund um Volksgruppen nicht immer offensichtlich ist. Der Mitteldeutsche Rundfunk berichtet über die Ausstellung, sie sei eine wichtige Maßnahme, um die man sich „lange bemühte“.

Bild 13 - Allein die Eröffnung der Ausstellung hat großes Interesse hervorgerufen Foto: Collegium

Bohemicum. A abertura da exposição despertou grande interesse.

„Unsere Deutschen“ heißt die neue Exposition. Natürlich wurden bei dem Projekt die neuesten Ausstellungsstandards genutzt. Multimedial und interaktiv heißt die Devise für die insgesamt 20 Ausstellungsräume. Jahrhunderte der Geschichte sollen für den Besucher auf Landkarten und Animationen interessant gemacht werden. Dazu gibt es

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bis zu 500 Artefakte wie zum Beispiel Briefe oder Urkunden, die sich nicht nur auf die Minderheit beziehen, sondern auf den breiten Einfluss der Deutschen auf die tschechische Kultur und Geschichte. So werden etwa Gestalten wie der Schriftsteller Franz Kafka in den Vordergrund gesetzt. Da aber die Zeitspanne vom Mittelalter bis hin zur Neuzeit gezeigt wird, finden sich auch Persönlichkeiten wieder, die nicht nur Deutschland und Tschechien, sondern ganz Europa geprägt haben, wie etwa Kaiser Karl der Vierte.

Bild 14 - Marienbad, Perle des böhmischen Bäderdreiecks.

Marienbad, a pérola dos spas do triângulo boêmio.

Eine Anspielung an die reichhaltige Geschichte der Beziehungen beider Länder ist auch der Name der Ausstellung. „Unsere Deutschen“ ist die Bezeichnung, die Staatspräsident Tomáš Garrigue Masaryk in einer Rede im Hinblick auf die Minderheit 1918 nutzte. Trotz der Ressentiments nach dem Ersten Weltkrieg war es ein Indiz dafür, dass der Staatsmann auch in schwierigen Momenten die Deutschen immer noch als wichtigen und geschätzten Partner ansah. Konzipiert und erstellt wurde die Ausstellung von der Gesellschaft Collegium Bohemicum, die sich schon seit Jahren mit der Geschichte der Deutschen in Böhmen befasst. Der Kurator Petr Koura lobt die Möglichkeit der „Zeitreise“, welche die Ausstellung gewährt.

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Bild 15 - Das Cafe Colonado in Franzensbad.

Café Colonado em Franzensbad.

Nach Meinung des Historikers kann man außer den multimedialen Aspekten auch zum Beispiel originale Innenausstattung sehen, die für die Zeit charakteristisch war, in der der deutsche Einfluss in Tschechien besonders stark war.

Bild 16 - Im Kaiserwald nahe der Grenze zu Bayern.

Em Kaiserwald perto da fronteira com a Baviera.

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Natürlich spielt in der Exposition auch der Zweite Weltkrieg und der Anschluss des Sudetenlandes und Tschechiens eine wesentliche Rolle, genauso wie die Vertreibungen, die danach kamen. Die Verantwortlichen wollten aber nicht, dass diese Zeitspanne einen Schatten auf das Projekt wirft. Viel mehr wollte man die fruchtbaren Beziehungen zeigen, die über die Jahrhunderte zwischen beiden Ländern bestanden haben. Zu sehen ist das Projekt ab sofort mit deutschen und tschechischen Führungen in der Ortschaft Aussig an der Elbe (Usti nad Labem), wo sich auch der Sitz des Collegium Bohemicum befindet.

Łukasz Biły

„Die Heimat ist das Herz der Welt

und was mit ihr im Bunde, wohl dem der ihr die Treue hält

bis zur letzten Stunde”

K. A. Findeisen

Schönes Hinterpommern

Fotos: E. Borowy, M. Weinhold, H. Kirsch

Bild 17 - Der breite Sandstarnd von Henkenhagen.

A larga faixa de areia em Henkenhagen.

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Bild 18 - Neubauten im Zentrum von Swinemünde.

Novas construções no centro de Swinemünde.

Bild 19 - Dorfstrasse in Varzin.

Rua em Varzin.

Bild 20 - Deutsche Grabkreuze an der Stadtkirche St. Marien in Rügenwalde.

Cruzes de túmulos alemães na igreja de St. Marien em Rügenwalde.

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Hundert Köstlichkeiten

aus der pommerschen Küche

Werner Gauß – Stettin und Else Hoffmann – Schlawe

Wurst aus Wildfleisch

Dieses Rezept verdanken wir einer hinterpommerschen Gutsherrin: „Beim Schlachten wurde statt des Rindfleisches gern Rotwild verwendet (Edelhirsch oder

Reh). Sehr gut für harte Wurst! Man nimmt drei Teile Wildfleisch, ein Teil feingeschnittene Speckwürfel und verfährt wie bei anderer Dauerwurst. Sehr

wohlschmeckend ist auch „falsche Spickwurst“ von ausgelösten Rücken- und festen Keulenstücken. Dann mit Speck umwickelt, gepökelt und geräuchert. Wildleberwurst

machen wir!“ Wenn auch nur im ländlichen Gutshause gekannt, wird diese Schilderung alle Pommern begeistern.

Dit schmeckt as bi Mudder!

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