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12 Temas de Redação índices sejam mais baixos que o restante dos países mais desenvolvidos. Entretanto, existe um detalhe nessa história. Os Estados Unidos começaram a ser colonizados um pouco antes do Brasil, mas têm um índice de leitura bem maior. Como se explica? […] Fonte: https://papodehomem.com.br/por-que-o-brasileiro-nao-le/ Com base nos textos motivadores e no seu conhecimento, produza um texto dissertativo-argumentativo tendo como tema: Por que somos um país de não-leitores e como podemos mudar isso? AULA 8 1) UCS 2014/1 Tema 1 Falsamente polêmico (foco social - problemas brasileiros: violência) Redução da Maioridade Penal Questão que sazonalmente aparece nos meios de comunicação e é matéria de discussão acalorada na so- ciedade civil diz respeito à redução da idade de imputabilidade penal (maioridade penal). A discussão, por sua importância, deve ser tratada com o devido grau de cientificidade que a sociedade merece, evitando-se a disseminação de argumentos de senso comum que, não raro, conduzem a incompreensões e, em nada, colaboram para um amadurecimento democrático sobre o assunto. Você é favorável à redução da maioridade penal? Por quê? Tema 2 UFRGS 2012 Observe a figura abaixo.

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Temas de Redação

índices sejam mais baixos que o restante dos países mais desenvolvidos.Entretanto, existe um detalhe nessa história. Os Estados Unidos começaram a ser colonizados um pouco antes do Brasil, mas têm um índice de leitura bem maior. Como se explica? […]Fonte: https://papodehomem.com.br/por-que-o-brasileiro-nao-le/

Com base nos textos motivadores e no seu conhecimento, produza um texto dissertativo-argumentativo tendo como tema: Por que somos um país de não-leitores e como podemos mudar isso?

AULA 8

1) UCS 2014/1

Tema 1 Falsamente polêmico (foco social - problemas brasileiros: violência)

Redução da Maioridade PenalQuestão que sazonalmente aparece nos meios de comunicação e é matéria de discussão acalorada na so-ciedade civil diz respeito à redução da idade de imputabilidade penal (maioridade penal). A discussão, por sua importância, deve ser tratada com o devido grau de cientificidade que a sociedade merece, evitando-se a disseminação de argumentos de senso comum que, não raro, conduzem a incompreensões e, em nada, colaboram para um amadurecimento democrático sobre o assunto.Você é favorável à redução da maioridade penal? Por quê?

Tema 2

UFRGS 2012Observe a figura abaixo.

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Temas de Redação

A Língua Portuguesa é [ ... ] objecto das nossas preocupações; começo por citar a frase de um escritor mo-çambicano - Mia Couto - que usa a língua portuguesa como o veículo transmissor da sua cultura e da sua criatividade. A frase é simples, mas de um grande alcance universal - “o mar foi ontem o que o idioma pode ser hoje, falta vencer alguns Adamastores”. Parafraseava o autor uma forte e bela imagem literária, criada por Luís de Camões, querendo significar as grandes dificuldades que as naus portuguesas enfrentaram na des-coberta desse mar que “naufrágios e perdições de toda a sorte” causavam a quem se aventurava na sua con-quista. A figura do Adamastor chegou até aos nossos dias como o símbolo mítico e utópico dos obstáculos que é preciso vencer quando desejamos algo de muito importante. [ ... ]A expansão, a adaptação e o enriquecimento que a Língua Portuguesa foi sofrendo ao longo do tempo valorizaram-na e tornaram-na veiculadora de múltiplas culturas. Sendo, além disso, língua comum de uma grande comunidade de países dispersos pelos quatro continentes, a língua portuguesa poderá re-forçar a cooperação entre os povos e assumir um papel preponderante no diálogo entre as nações. Isso implica um conjunto de desafios que é tarefa de todos nós assumirmos através de adopção e execução de políticas, estratégias e acções verdadeiramente mobilizadoras. Adaptado de: BOAL, Maria Eduarda. Os Adamastores da Língua Portuguesa Disponível em: <http://observatorio-Ip.sapo.pt/pt/f/questoes-de-Iingua>. Acesso em: 21 novo 2011

Os dados da figura mostram que a língua portuguesa no mundo está em evidência; assim, as comunidades dos países lusófonos, em especial o Brasil, vêm se destacando no cenário econômico mundial, como se ob-serva na linha ascendente do gráfico na figura. À medida que aumenta o número de pessoas que falam a língua portuguesa no mundo, especialistas em língua e literatura portuguesas lançam instigantes reflexões acerca do nosso idioma em fóruns de discussão. Com base nessa informação, leia o texto a seguir.

Este texto revela que a “última flor do Lácio” criou raízes e gerou frutos; ao cruzar mares atravessar fronteiras, acabou por constituir uma comunidade que compartilha a mesma herança linguística, mas não a mesma identidade. Cada uma dessas comunidades construiu suas memórias com base na história que edificou. Ademais, em alguns desses territórios, a língua portuguesa também acabo por se renovar, por apresentar uma feição singular, pois objeto de criação dos falantes de cada comunidade lusófona. Nessa perspectiva, o nosso idioma é, antes de tudo, uma entidade social que como tal, se movimenta através do tempo e adquire novas configurações, edificando sua história. Assim é certo que os países lusófonos, em alguma medida, revelam determinada identidade no cenário econômico mundial, mas, ao mesmo tempo, é da manifestação particular dessa língua em cada pai lusófono que a noção de pertencimento a uma Nação se constrói tanto em territórios da Europa, quanto da África, da Ásia e da América.

Considerando

- que é por intermédio do nosso idioma que nossa identidade enquanto Nação se configura,

- que essa identidade se revela na percepção da língua portuguesa como herança, como memória ecomo criação e - que cada um desses aspectos pode ser observado não só dentro de nós próprios como no âmbil coletivo,

nacional e global, – escolha um ou mais desses três aspectos que você julgue importantes acerca da língua portuguesa;

– determine como e por que eles representam, para essa língua, algum tipo de “Adamastor”; e

– redija uma redação, de caráter dissertativo, justificando sua escolha e defendendo seu ponto de vista.

Instruções: 1. Crie um título para seu texto e escreva-o na linha destinada a este fim. 2. Redija uma redação com extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não

será avaliado -, e máxima de 50 linhas, considerando-se letra de tamanho regular. 3. As redações que apresentarem segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco

terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas. 4. Lápis poderá ser usado apenas no rascunho; ao passar sua redação para a folha definitiva, faça com letra

legível e utilize caneta.

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Aula 8 2020

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Aula 8 2020Redução da maioridade penal: argumentos contra e a favor

Você provavelmente já ouviu alguém falando sobre a redução da maioridade penal, certo?! Em 2015, a PEC 171/93 –que diminui a idade mínima com que uma pessoa pode ir para a prisão em caso de crimes hediondos – chegou a ser aprovada pela Câmara e hoje ainda aguarda apreciação pelo Senado Federal.Além disso, a redução da maioridade penal para 16 anos foi defendida pelo presidente eleito em 2018, Jair Bolsonaro. Em seu plano de governo, a medida é mencionada na página de conclusão (pág. 32).Como você pode ver, esssa é uma discussão que tem se desenrolado ao longo de muitos anos e que envolve convicções muito enraizadas sobre responsabilidade individual e sobre a implementação de políticas públicas no país. Afinal, o que é melhor para o Brasil: manter a maioridade penal em 18 anos ou reduzi-la para 16 anos de idade?Para você poder formar uma opinião bem embasada, o Politize! vai te deixar por dentro desse debate, expondo argumentos de quem é contra e a favor da redução da maioridade penal.Maioridade penal e responsabilidade penal não são sinônimosAntes de trazermos argumentos contra e a favor da redução da maioridade penal, vale um lembrete – já mencionado em outro texto do Politize!, que fala somente sobre maioridade penal: existe uma confusão sobre maioridade penal e responsabilidade penal, como se os dois termos tivessem o mesmo sentido.Acontece que eles possuem diferentes significados e que precisam ser compreendidos antes de se começar qualquer discussão acerca do tema. Então, vamos lá!A maioridade penal é a idade em que o indivíduo irá responder criminalmente como adulto (no caso, responder ao Código Penal). Já a responsabilidade penal trata sobre o dever de responder sobre qualquer delito. E essa responsabilidade pode recair sobre alguém com idade inferior à da maioridade penal, mesmo que sofra um pena diferenciada.No Brasil, a confusão entre os termos acontece porque a Constituição de 1988 não diferencia responsabilidade penal de maioridade penal. De acordo com ela, menores de 18 anos são inimputáveis (não são responsáveis penalmente por seus atos).

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Contudo, essa inimputabilidade existe apenas do ponto de vista do Código Penal. Isso porque, a partir dos 12 anos de idade, um adolescente que cometer uma infração será responsabilizado por seus atos. Porém, sua punição será mais leve e de outra natureza do que a punição de um adulto.Dito isto, vamos para os argumentos!Para quem é a favor da redução da maioridade penalAdolescentes de 16 e 17 anos já têm discernimento o suficiente para responder por seus atosEsse argumento pode aparecer de formas diferentes. Algumas apontam, por exemplo, que jovens de 16 anos já podem votar, então por que não poderiam responder criminalmente, como qualquer adulto? No geral, o argumento se pauta na crença de que adolescentes já possuem a mesma responsabilidade pelos seus próprios atos que os adultos.A maior parte da população é a favorO Datafolha divulgou uma pesquisa em que 87% dos entrevistados afirmaram ser a favor da redução da maioridade penal. Apesar de que a visão da maioria não é necessariamente a visão correta, é sempre importante considerar a opinião popular em temas que afetam o cotidiano.Com a consciência de que não podem ser presos, adolescentes sentem maior liberdade para cometer crimesEm uma matéria divulgada pelo portal R7, em 2014, um garoto que, na véspera de seu aniversário de 18 anos, matou sua namorada, filmou e exibiu o vídeo para seus amigos. Prender jovens de 16 e 17 anos evitaria muitos crimes.Muitos países desenvolvidos adotam maioridade penal abaixo de 18 anosNos Estados Unidos, a maioria dos estados submetem jovens a processos criminais como adultos a partir dos 12 anos de idade. Outros exemplos: na Nova Zelândia, a maioridade começa aos 17 anos; na Escócia aos 16; na Suíça, aos 15. Veja aqui uma tabela comparativa da maioridade penal ao redor do mundo.As medidas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) são insuficientesO ECA prevê punição máxima de três anos de internação para todos os menores infratores, mesmo aqueles que tenham cometido crimes hediondos. A falta de uma punição mais severa para esses casos causa indignação em parte da população.

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Menores infratores chegam aos 18 anos sem ser considerados reincidentesComo não podem ser condenados como os adultos, os menores infratores ficam com a ficha limpa quando atingem a maioridade, o que é visto como uma falha do sistema.A redução da maioridade penal diminuiria o aliciamento de menores para o tráfico de drogasHoje em dia, como são inimputáveis, os menores são atraídos para o mundo do tráfico para fazer serviços e cometer delitos a partir do comando de criminosos. Sem a maioridade penal, o aliciamento de menores perde o sentido. Saiba tudo sobre a Política de Drogas aqui.Para quem é contra a redução da maioridade penalÉ mais eficiente educar do que punirEducação de qualidade é uma ferramenta muito mais eficiente para resolver o problema da criminalidade entre os jovens do que o investimento em mais prisões para esses mesmos jovens. O problema de criminalidade entre menores só irá ser resolvido de forma efetiva quando o problema da educação for superado.O sistema prisional brasileiro não contribui para a reinserção dos jovens na sociedadeO índice de reincidência nas prisões brasileiras é relativamente alto. Não há estrutura para recuperar os presidiários. Por isso, é provável que os jovens saiam de lá mais perigosos do que quando entraram (teste seus conhecimentos neste quiz sobre o sistema prisional brasileiro).Prender menores agravaria ainda mais a crise do sistema prisionalCom mais de 600 mil presos ocupando algo como 350 mil vagas, a superlotação dos presídios aumentaria ainda mais com redução da maioridade penal para 16 anos (entenda a crise do sistema prisional brasileiro nesse texto).Crianças e adolescentes estão em um patamar de desenvolvimento psicológico diferente dos adultosDiversas entidades de Psicologia posicionaram-se contra a redução, por entender que a adolescência é uma fase de transição e maturação do indivíduo e que, por isso, indivíduos nessa fase da vida devem ser protegidos por meio de políticas de promoção de saúde, educação e lazer.

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A redução da maioridade penal afetaria principalmente jovens em condições sociais vulneráveisA tendência é que jovens negros, pobres e moradores das periferias das grandes cidades brasileiras sejam afetados pela redução. Esse já é o perfil predominante dos presos no Brasil. Nesse texto, te explicamos quanto custa um preso no Brasil.Tendência mundial é de maioridade penal aos 18 anosApesar de que muitos países adotam idades menores para que jovens respondam criminalmente, estes são minoria: estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados revela que, de um total 57 países analisados, 61% deles estabelecem a maioridade penal aos 18 anos.A Constituição preferiu proteger os menores de 18 anos da prisão – e isso não poderia ser mudadoO artigo 228 da Constituição de 1988 diz que os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ou seja, não podem ser condenados a prisão como os adultos. Existe um debate se esse dispositivo seria ou não cláusula pétrea – trecho da Constituição que não pode ser mexido.

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1° Porque já responsabilizamos adolescentes em ato infracionalA partir dos 12 anos, qualquer adolescente é responsabilizado pelo ato cometido contra a lei. Essa responsabilização,executada por meio de medidas socioeducativas previstas no ECA, têm o objetivo de ajudá-lo a recomeçar e a prepará-lopara uma vida adulta de acordo com o socialmente estabelecido. É parte do seu processo de aprendizagem que ele nãovolte a repetir o ato infracional.Por isso, não devemos confundir impunidade com imputabilidade. A imputabilidade, segundo o Código Penal, é acapacidade da pessoa entender que o fato é ilícito e agir de acordo com esse entendimento, fundamentando em suamaturidade psíquica.

2° Porque a lei já existe. Resta ser cumprida!O ECA prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade,liberdade assistida, semiliberdade e internação. Recomenda que a medida seja aplicada de acordo com a capacidade decumpri-la, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração.Muitos adolescentes, que são privados de sua liberdade, não ficam em instituições preparadas para sua reeducação,reproduzindo o ambiente de uma prisão comum. E mais: o adolescente pode ficar até 9 anos em medidas socioeducativas,sendo três anos interno, três em semiliberdade e três em liberdade assistida, com o Estado acompanhando e ajudando a sereinserir na sociedade.

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Não adianta só endurecer as leis se o próprio Estado não as cumpre!

3° Porque o índice de reincidência nas prisões é de 70%Não há dados que comprovem que o rebaixamento da idade penal reduz os índices de criminalidade juvenil. Ao contrário, oingresso antecipado no falido sistema penal brasileiro expõe as(os) adolescentes a mecanismos/comportamentosreprodutores da violência, como o aumento das chances de reincidência, uma vez que as taxas nas penitenciárias são de 70%enquanto no sistema socioeducativo estão abaixo de 20%.A violência não será solucionada com a culpabilização e punição, mas pela ação da sociedade e governos nas instânciaspsíquicas, sociais, políticas e econômicas que as reproduzem. Agir punindo e sem se preocupar em discutir quais os reaismotivos que reproduzem e mantém a violência, só gera mais violência.

4° Porque o sistema prisional brasileiro não suporta mais pessoasO Brasil tem a 4° maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado com 500 mil presos. Só fica atrásem número de presos para os Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,6 milhões) e Rússia (740 mil).O sistema penitenciário brasileiro NÃO tem cumprido sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes daviolência. Ao contrário, tem demonstrado ser uma “escola do crime”.Portanto, nenhum tipo de experiência na cadeia pode contribuir com o processo de reeducação e reintegração dos jovens nasociedade.

5° Porque reduzir a maioridade penal não reduz a violênciaMuitos estudos no campo da criminologia e das ciências sociais têm demonstrado que NÃO HÁ RELAÇÃO direta decausalidade entre a adoção de soluções punitivas e repressivas e a diminuição dos índices de violência.No sentido contrário, no entanto, se observa que são as políticas e ações de natureza social que desempenham um papel

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importante na redução das taxas de criminalidade.Dados do Unicef revelam a experiência mal sucedida dos EUA. O país, que assinou a Convenção Internacional sobre osDireitos da Criança, aplicou em seus adolescentes, penas previstas para os adultos. Os jovens que cumpriram pena empenitenciárias voltaram a delinquir e de forma mais violenta. O resultado concreto para a sociedade foi o agravamento daviolência.

6° Porque fixar a maioridade penal em 18 anos é tendência mundialDiferentemente do que alguns jornais, revistas ou veículos de comunicação em geral têm divulgado, a idade deresponsabilidade penal no Brasil não se encontra em desequilíbrio se comparada à maioria dos países do mundo.De uma lista de 54 países analisados, a maioria deles adota a idade de responsabilidade penal absoluta aos 18 anos de idade,como é o caso brasileiro.Essa fixação majoritária decorre das recomendações internacionais que sugerem a existência de um sistema de justiçaespecializado para julgar, processar e responsabilizar autores de delitos abaixo dos 18 anos.

7° Porque a fase de transição justifica o tratamento diferenciadoA Doutrina da Proteção Integral é o que caracteriza o tratamento jurídico dispensado pelo Direito Brasileiro às crianças eadolescentes, cujos fundamentos encontram-se no próprio texto constitucional, em documentos e tratados internacionais eno Estatuto da Criança e do Adolescente.Tal doutrina exige que os direitos humanos de crianças e adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral eintegrada, mediando e operacionalização de políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa.A definição do adolescente como a pessoa entre 12 e 18 anos incompletos implica a incidência de um sistema de justiçaespecializado para responder a infrações penais quando o autor trata-se de um adolescente.A imposição de medidas socioeducativas e não das penas criminais relaciona-se justamente com a finalidade pedagógica que

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o sistema deve alcançar, e decorre do reconhecimento da condição peculiar de desenvolvimento na qual se encontra oadolescente.

8° Porque as leis não podem se pautar na exceçãoAté junho de 2011, o Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei (CNACL), do Conselho Nacional de Justiça,registrou ocorrências de mais de 90 mil adolescentes. Desses, cerca de 30 mil cumprem medidas socioeducativas. O número,embora seja considerável, corresponde a 0,5% da população jovem do Brasil, que conta com 21 milhões de meninos e meninasentre 12 e 18 anos.Sabemos que os jovens infratores são a minoria, no entanto, é pensando neles que surgem as propostas de redução da idadepenal. Cabe lembrar que a exceção nunca pode pautar a definição da política criminal e muito menos a adoção de leis, quedevem ser universais e valer para todos.As causas da violência e da desigualdade social não se resolverão com a adoção de leis penais severas. O processo exige quesejam tomadas medidas capazes de romper com a banalização da violência e seu ciclo. Ações no campo da educação, porexemplo, demonstram-se positivas na diminuição da vulnerabilidade de centenas de adolescentes ao crime e à violência.

9° Porque reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa!A constituição brasileira assegura nos artigos 5º e 6º direitos fundamentais como educação, saúde, moradia, etc. Com muitosdesses direitos negados, a probabilidade do envolvimento com o crime aumenta, sobretudo entre os jovens.O adolescente marginalizado não surge ao acaso. Ele é fruto de um estado de injustiça social que gera e agrava a pobreza emque sobrevive grande parte da população.A marginalidade torna-se uma prática moldada pelas condições sociais e históricas em que os homens vivem. O adolescenteem conflito com a lei é considerado um ‘sintoma’ social, utilizado como uma forma de eximir a responsabilidade que asociedade tem nessa construção.

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Reduzir a maioridade é transferir o problema. Para o Estado é mais fácil prender do que educar.

10° Porque educar é melhor e mais eficiente do que punirA educação é fundamental para qualquer indivíduo se tornar um cidadão, mas é realidade que no Brasil muitos jovens pobressão excluídos deste processo. Puni-los com o encarceramento é tirar a chance de se tornarem cidadãos conscientes dedireitos e deveres, é assumir a própria incompetência do Estado em lhes assegurar esse direito básico que é a educação.As causas da violência e da desigualdade social não se resolverão com adoção de leis penais mais severas. O processo exigeque sejam tomadas medidas capazes de romper com a banalização da violência e seu ciclo. Ações no campo da educação, porexemplo, demonstram-se positivas na diminuição da vulnerabilidade de centenas de adolescentes ao crime e à violência.Precisamos valorizar o jovem, considerá-los como parceiros na caminhada para a construção de uma sociedade melhor. E nãocomo os vilões que estão colocando toda uma nação em risco.

11° Porque reduzir a maioridade penal isenta o estado do compromisso com a juventudeO Brasil não aplicou as políticas necessárias para garantir às crianças, aos adolescentes e jovens o pleno exercício de seusdireitos e isso ajudou em muito a aumentar os índices de criminalidade da juventude.O que estamos vendo é uma mudança de um tipo de Estado que deveria garantir direitos para um tipo de Estado Penal queadministra a panela de pressão de uma sociedade tão desigual. Deve-se mencionar ainda a ineficiência do Estado paraemplacar programas de prevenção da criminalidade e de assistência social eficazes, junto às comunidades mais pobres, alémda deficiência generalizada em nosso sistema educacional.

12° Porque os adolescentes são as maiores vítimas, e não os principais autores da violênciaAté junho de 2011, cerca de 90 mil adolescentes cometeram atos infracionais. Destes, cerca de 30 mil cumprem medidassocioeducativas. O número, embora considerável, corresponde a 0,5% da população jovem do Brasil que conta com 21

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milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos.Os homicídios de crianças e adolescentes brasileiros cresceram vertiginosamente nas últimas décadas: 346% entre 1980 e2010. De 1981 a 2010, mais de 176 mil foram mortos e só em 2010, o número foi de 8.686 crianças e adolescentesassassinadas, ou seja, 24 POR DIA!A Organização Mundial de Saúde diz que o Brasil ocupa a 4° posição entre 92 países do mundo analisados em pesquisa. Aquisão 13 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes; de 50 a 150 vezes maior que países como Inglaterra, Portugal,Espanha, Irlanda, Itália, Egito cujas taxas mal chegam a 0,2 homicídios para a mesma quantidade de crianças e adolescentes.

13° Porque, na prática, a Pec 33/2012 é inviávelA Proposta de Emenda Constitucional quer alterar os artigos 129 e 228 da Constituição Federal, acrescentando um paragrafoque prevê a possibilidade de desconsiderar da inimputabilidade penal de maiores de 16 anos e menores de 18 anos.E o que isso quer dizer? Que continuarão sendo julgados nas varas Especializadas Criminais da Infância e Juventude, mas se oMinistério Publico quiser poderá pedir para ‘desconsiderar inimputabilidade’, o juiz decidirá se o adolescente tem capacidadepara responder por seus delitos. Seriam necessários laudos psicológicos e perícia psiquiátrica diante das infrações: crimeshediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo ou reincidência na pratica de lesão corporal grave e roubo qualificado. Oslaudos atrasariam os processos e congestionariam a rede pública de saúde.A PEC apenas delega ao juiz a responsabilidade de dizer se o adolescente deve ou não ser punido como um adulto.No Brasil, o gargalo da impunidade está na ineficiência da polícia investigativa e na lentidão dos julgamentos. Ao contrário dosenso comum, muito divulgado pela mídia, aumentar as penas e para um número cada vez mais abrangente de pessoas nãoajuda em nada a diminuir a criminalidade, pois, muitas vezes, elas não chegam a ser aplicadas.

14° Porque reduzir a maioridade penal não afasta crianças e adolescentes do crimeSe reduzida a idade penal, estes serão recrutados cada vez mais cedo.

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O problema da marginalidade é causado por uma série de fatores. Vivemos em um país onde há má gestão de programassociais/educacionais, escassez das ações de planejamento familiar, pouca oferta de lazer nas periferias, lentidão deurbanização de favelas, pouco policiamento comunitário, e assim por diante.A redução da maioridade penal não visa a resolver o problema da violência. Apenas fingir que há “justiça”. Um autoenganocoletivo quando, na verdade, é apenas uma forma de massacrar quem já é massacrado.Medidas como essa têm caráter de vingança, não de solução dos graves problemas do Brasil que são de fundo econômico,social, político. O debate sobre o aumento das punições a criminosos juvenis envolve um grave problema: a lei do menoresforço. Esta seduz políticos prontos para oferecer soluções fáceis e rápidas diante do clamor popular.Nesse momento, diante de um crime odioso, é mais fácil mandar quebrar o termômetro do que falar em enfrentar comseriedade a infecção que gera a febre.

15° Porque afronta leis brasileiras e acordos internacionaisVai contra a Constituição Federal Brasileira que reconhece prioridade e proteção especial a crianças e adolescentes. Aredução é inconstitucional.Vai contra o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) de princípios administrativos, políticos epedagógicos que orientam os programas de medidas socioeducativas.Vai contra a Doutrina da Proteção Integral do Direito Brasileiro que exige que os direitos humanos de crianças eadolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada às políticas de natureza universal, protetiva esocioeducativa.Vai contra parâmetros internacionais de leis especiais para os casos que envolvem pessoas abaixo dos dezoito anos autorasde infrações penais.Vai contra a Convenção sobre os Direitos da Criança e do Adolescente da Organização das Nações Unidas (ONU) e aDeclaração Internacional dos Direitos da Criança compromissos assinados pelo Brasil.

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16° Porque poder votar não tem a ver com ser preso com adultosO voto aos 16 anos é opcional e não obrigatório, direito adquirido pela juventude. O voto não é para a vida toda, e caso oadolescente se arrependa ou se decepcione com sua escolha, ele pode corrigir seu voto nas eleições seguintes. Ele podevotar aos 16, mas não pode ser votado.Nesta idade ele tem maturidade sim para votar, compreender e responsabilizar-se por um ato infracional.Em nosso país qualquer adolescente, a partir dos 12 anos, pode ser responsabilizado pelo cometimento de um ato contra alei.O tratamento é diferenciado não porque o adolescente não sabe o que está fazendo. Mas pela sua condição especial depessoa em desenvolvimento e, neste sentido, o objetivo da medida socioeducativa não é fazê-lo sofrer pelos erros quecometeu, e sim prepará-lo para uma vida adulta e ajuda-lo a recomeçar.

17° Porque o Brasil está dentro dos padrões internacionaisSão minoria os países que definem o adulto como pessoa menor de 18 anos. Das 57 legislações analisadas pela ONU, 17%adotam idade menor do que 18 anos como critério para a definição legal de adulto.Alemanha e Espanha elevaram recentemente para 18 a idade penal e a primeira criou ainda um sistema especial para julgaros jovens na faixa de 18 a 21 anos.Tomando 55 países de pesquisa da ONU, na média os jovens representam 11,6% do total de infratores, enquanto no Brasilestá em torno de 10%. Portanto, o país está dentro dos padrões internacionais e abaixo mesmo do que se deveria esperar. NoJapão, eles representam 42,6% e ainda assim a idade penal no país é de 20 anos.Se o Brasil chama a atenção por algum motivo é pela enorme proporção de jovens vítimas de crimes e não pela de infratores.

18° Porque importantes órgãos têm apontado que não é uma boa soluçãoO UNICEF expressa sua posição contrária à redução da idade penal, assim como à qualquer alteração desta natureza. Acredita

Page 17: Fonte: //site-carlos.s3.amazonaws.com › uploads › redacao › ... · 2020-04-07 · 12 índices sejam mais baixos que o restante dos países mais desenvolvidos. Entretanto, existe

Aula 8 2020

que ela representa um enorme retrocesso no atual estágio de defesa, promoção e garantia dos direitos da criança e doadolescente no Brasil. A Organização dos Estados Americanos (OEA) comprovou que há mais jovens vítimas da criminalidadedo que agentes dela.O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) defende o debate ampliado para que o Brasil nãoconduza mudanças em sua legislação sob o impacto dos acontecimentos e das emoções. O CRP (Conselho Regional dePsicologia) lança a campanha Dez Razões da Psicologia contra a Redução da idade penal CNBB, OAB, Fundação Abrinqlamentam publicamente a redução da maioridade penal no país.

Mais de 50 entidades brasileiras aderem ao Movimento 18 Razões para a Não redução da maioridade penal.