FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DA ARTE NO DISTRITO DE PORTALEGRE - CONCELHO DE FRONTEIRA

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  • 8/6/2019 FONTES PARA O ESTUDO DA HISTRIA DA ARTE NO DISTRITO DE PORTALEGRE - CONCELHO DE FRONTEIRA

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    FONTES PARA O ESTUDO DA HISTRIA DA ARTE NO

    DISTRITO DE PORTALEGRE

    SEC. XVIII

    CONCELHO DE FRONTEIRA

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    Introduo

    Consultando a informao sobre os monumentos religiosos classificados do distrito de

    Portalegre disponibilizada no maior repositrio da especialidade, a base de dados doInstituto da Habitao e da Reabilitao Urbana, e notria a assimetria existente entre os

    diversos parmetros descritivos dos imveis, outro tanto se podendo afirmar

    relativamente a obras maiores de referncia ou a publicaes de mbito mais restrito

    onde, quase sistematicamente, escasseiam os elementos relativos a datas, arquitectos,

    construtores e artistas envolvidos, facto a que no ser alheio o escasso conhecimento

    da informao contida em acervos documentais ate ao presente insuficientemente

    explorados, lacuna ainda mais notria no tocante aos monumentos no classificados.

    Continuam, assim, a ttulo de exemplo, a ignorar-se as identidades de arquitectos,

    mestres, artfices e patrocinadores bem como os materiais empregados, suas

    provenincias ou ainda os custos envolvidos.

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    Merecedores de particular ateno, quer pela sua abrangncia espacial e cronolgica,

    quer, principalmente, pela natureza dos actos neles exarados, mormente os contratos

    relativos execuo de obras de arquitectura religiosa e de encomendas de arte sacra, os

    fundos dos cartrios tabelinicos, continuam a revelar-se filo riqussimo, ainda que

    insuficientemente explorado. De igual modo, se bem que menos explorados, os fundos

    das antigas provedorias das comarcas, dos juzos eclesisticos e orfanolgicos e dos

    cartrios monsticos, integrando um nmero significativo de testamentos e de

    instituies de morgados e capelas, conservam um importante conjunto de informaes

    mais ou menos relevantes mas, sem dvida, de importncia para a compreenso das

    produes arquitectnicas e artsticas de inspirao religiosa, ao longo de 1700.

    O presente trabalho , fundamentalmente, e a mais no aspira uma tarefa depublicao de fontes, decorrente da actividade profissional do autor, no Arquivo

    Distrital de Portalegre, frequentemente confrontado com as dificuldades que aos

    investigadores se oferecem, quer pela extenso dos acervos a consultar quer,

    frequentemente, por uma falta de esclarecimento sobre a documentao eventualmente

    pertinente para o prossecuo dos seus estudos, obstculos a que haver que somar as

    no despiciendas questes de ordem mais material a que a obteno de graus

    acadmicos obriga em termos de tempo, deslocaes e estadia.

    No sendo o resultado de uma pesquisa sistemtica mas, antes, uma soma de achados

    no decurso de pesquisas de ordem varia, optou-se por impor documentao que agora

    se oferece um critrio mnimo de organizao, de ordem geogrfica, em funo da

    actual diviso administrativa do distrito. Pela mesma razo, consideram-se inevitveis

    futuras actualizaes, medida que outra documentao de interesse v sendo

    localizada.

    Fernando Correia Pina

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    Escritura de concesso e licena que o juiz e mais irmos

    do Espirito Santo desta vila concedem aos irmos

    terceiros de So Francisco da mesma para poderem abrir

    na dita igreja onde estava o altar de S. Tiago um arco para

    uma capela que os mesmos terceiros mandavam fazer e

    outras mais concesses e faculdades com vrias condiese declaraes

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    Em nome de Deus amen saibam quantos este pblico instrumento de escritura de

    concesso e licena ou como em Direito melhor se possa chamar virem que no ano do

    nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e trinta e quatro anos aos

    quinze dias do ms de Setembro do dito ano em esta vila de Cabeo da Vide em o

    consistrio da santa e pontifcia Casa do Esprito Santo desta vila onde eu tabelio ao

    diante nomeado vim e sendo a em mesa Antnio de Simas Cardoso Golaio juiz da dita

    confraria e os mais irmos abaixo assinados de uma parte e da outra Francisco

    Fernandes de Pina ministro da venervel Ordem Terceira da Penitncia e os definidores

    da dita ordem abaixo assinados todos pessoas bem conhecidas de mim tabelioe das

    testemunhas que presentes estavam no fim desta nota escritas e assinadas que dou f

    serem todas as mesmas aqui contidas e declaradas e logo pelo dito juiz e mais irmos da

    dita santa e pontificia Casa do Esprito Santo foi dito em presena das mesmas

    testemunhas que em mesa de nove de Novembro de mil setecentose vinte e sete anos se

    fizera um termo de licena que deram o juiz e irmos da dita santa casa que no tal ano

    serviam ao ministro e Irmandade de S. Francisco desta vila para erigirem de novo uma

    capela para a sua ordem com obrigao de mandarem fazer escritura dele e darem o

    treslado dela dita santa casa e por se no fazer a dita escritura at ao presente

    mandaram ler o livro das eleies da dita santa casa e nele a folhas setenta e uma est o

    dito termo que aqui tresladei de verbum ad verbum o seguinte: e logo no mesmo dia

    ms e ano acima dito perante esta mesa foi presente por requerimento que se havia feito

    por parte do ministro e mais irmos terceiros de So Francisco desta vila em o qual

    requeriam e nos pediam faculdade para poderem de novo fazer uma capela com sua

    sacristia arrumada a esta igreja abrindo arco para ela na parede em que esto as espaldas

    do altar de S. Tiago obrigando-se por sua conta mudar o dito altar a todo salvo para o

    lugar onde at ao presente tem tido o de S. Francisco que com faculdade desta mesa

    antigamente havia levantado a dita ordem e conservando-a assim com a perfeio

    necessria e outrossim prometendo quando no no presente sim no tempo futuro pr

    grade no mesmo arco com sua porta e chave e capaz que consentiam e queriam

    estivesse na mo do reverendo padre capelo como guarda e tesoureiro dos bens da

    igreja e isto com a faculdade tambm de terem seu quintal junto dita sacristia e nesta

    porta para a rua para por ela entrarem para a sacristia e daquela para sua capela e assim

    poderem a toda a hora exercitar os autos penitentes de sua regra e ordem sem que

    pudessem servir de motivo que em tempo algum de serem chamados causas de algumfurto ou dano que se fizer na igreja e outrossim pediam que suposto a dita capela ficar

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    incorporada em esta igreia fossem servidos com jazida prpria de todos seus irmos que

    na capela se quiserem enterrar sem que por isto sejam obrigados pagar fbrica desta

    santa casa coisa alguma visto o dito incorporamento que outrossim pediam faculdade

    para poderem usar dos sinos para convocar ao toque deles seus irmos as funes da

    ordem e que lhe permitissem por especial favor que deixem fazer suas mesas para mais

    decncia e devido segredo delas no consistrio desta santa casa enquanto o no tinham

    prprio e assim usar dos ornamentos para se celebrar [] capela incorporada em esta

    igreja que sendo parte fica sendo no todo e assim gozando dos privilgios da mesma

    igreja o que visto pelo juiz e mais mordomos da dita digo mordomos desta santa casa

    acharam por bem concederem-lhe tudo o pedido no requerimento atrs com declarao

    porm que tudo o que se danificar com o uso e serventia da ordem e por sua omisso ou

    dos ministros dela ficar a mesma ordem e seus bens presentes e futuros obrigados

    reformao de tal dano e com mais declarao que para suas funes no podero tocar

    o sino maior excepto quando for necessrio tocarem-se ambos e declararam mais por

    evitarem dvidas que a todo o tempo que algum dos sinos ou guarida se quebrasse seria

    obrigada a ordem por seus bens concorrer para a reforma com ajuda digo com aquilo

    que parecer razovel segundo seu uso e junta que para isto se far sendo chama[dos] a

    esta mesa ministros e definidores da ordem cujo chamado sero obrigados a virem para

    que melhor se conformem na esmola que se deve dar que logo a dar o ministro

    livrana para que seu sndico entregue a esmola em que concordarem com o que fica

    tirada a dvida ou dvidas que pode haver se se quebraram ou no os ditos sinos ou

    guarida por culpa da ordem ou seus oficiais e que desta licena e faculdade concedida a

    seu pedido determinou a mesa para maior realidade se fizesse pblica escritura que

    neste consistrio se veria assinar em que se contivesse todo o pedido e concedido neste

    presente termo e declarado tudo por conta da ordem e que da dita escritura se desse

    treslado no livro das escrituras desta casa para que a todo tempo constasse e de tudo

    mandaram fazer o presente termo que assinaram o juiz e mais mordomos []1

    1Arquivo Distrital de Portalegre. Cartrio Notarial de Fronteira. PT/ADPTG/NOT/CNFTR01/001/0010, f. 17

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    Escritura de contrato e obrigao que faz Bernardo

    Gonalves alvanu da vila de Sousel com o provedor e

    mais irmos da Santa Casa da Misericrdia desta vila

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    Saibam quantos este pblico instrumento de escritura de contrato que fazem o provedor

    e mais irmos da Santa Casa da Misericrdia desta vila sobre a obra da igreja da dita

    santa casa com Bernardo Gonalves alvanu morador na vila de Sousel ou como em

    Direito melhor dizer se possa virem que sendo no ano do nascimento de nosso Senhor

    Jesus Cristo de mil e setecentos cinquenta e dois anos aos vinte e um dias do ms de

    Setembro do dito ano em esta vila de Fronteira e casas e consistrio da Santa Casa da

    Misericrdia desta vila onde eu tabelio no fim desta nomeado fui a chamado do

    provedor e mais irmos actuais da dita santa casa e sendo eles todos juntos em mesa

    pessoas reconhecidas de mim tabelio logo por todos juntos me foi dito perante as

    testemunhas que presentes estavam tambm aqui no fim desta escritas nomeadas e

    assinadas que eles haviam contratado com Bernardo Gonalves oficial de alvanu

    morador na vila de Sousel para ele fazer umas obras de alvenaria na dita igreja as quais

    obras so as que se declaram no apontamento que pelos ditos irmos actuais me foi

    mostrado que me requeriam lhe tresladasse nesta nota para a todo o tempo constar o

    qual eu tabelio o tomei para aqui o tresladar o que o seguinte - Apontamentos da obra

    da Igreja da Misericrdia da vila de Fronteira = primeiramente = derrubar-se- a parede

    da porta travessa e os seus cunhais sem que fique nada de velho e sero para alicerce

    mais largo um palmo que ficar de sapata na altura da calada e continuando a parede

    com os seus cunhais e a mesma grossura, acompanharo esta quatro pilares de cantaria

    que tero quatro palmos em quadro e a mesma sapata guarnecendo os trs lados que

    ho-de mostrar cada um destes pilares e tanto estes como a parede sero fundados em

    bom firme emaciando e travando tudo muito bem obrado e se far tudo de cal e areia

    traada a dois de areia e um de cal nos cunhais alm das mesmas pedras velhas deles se

    metero outras travando as paredes frontaria e a do arco da capela a cada cinco palmos

    em toda a sua altura que ser tambm a mesma e a mesma simalha vestir parede e

    pilares estes ho-de ser repartidos pelo comprimento da igreja ficando entre cada um

    deles vinte palmos; e trs corpos iguais em que se faro firmas para a abbada de

    lionetas e se fixaro quatro arcos que estribaro nos quatro pelas ditas sobre represos

    com seus capitis muito bem feitos e proporcionados isto por dentro e no corpo do

    meio - e bem no meio - se sentar o plpito que tem a igreja no outro lado em altura

    competente e se por um portado de pedra e se far a escada da mesma para serventia e

    do outro lado se por outro em correspondncia que quando no sirva para entrada do

    consistrio servir para confessionrio o madeiramento desta igreja ser o mesmo quetem deitando fora alguns paus que poder ter incapazes e pondo-se outros novos como

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    tambm em lugar de tabique se lhe por ripa de castanho grossa e quatro ripas a telha

    bem pregadas e o telhado ser encalado de boca e ilharga canais desimpedidos em

    direitura sem quebrada na sua corrente, toda a obra nova ser guarnecida e caiada por

    dentro e por fora e a porta travessa se por no mesmo lado com as mesmas pedras a

    ruina da casa ser reedificada e tudo muito bem feito e acabada e vista no fim feita ou

    no na forma deste apontamento segundo que assim se continha e declarava em o dito

    apontamento da obra que aqui tresladei bem e na verdade do prprio que foi

    apresentado pelos irmos da Santa Casa da Misericrdia o qual entreguei ao dito

    alvanu Bernardo Gonalves []2

    2Arquivo Distrital de Portalegre. Cartrio Notarial de Fronteira. PT/ADPTG/NOT/CNFTR04/001/0006, f. 126v.

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    Escritura de obrigao que faz Alexandre Rodrigues

    Guerra oficial de alvanu desta vila Santa e Real Casa da

    Misericrdia

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    Em nome de Deus amem Saibam quantos este pblico instrumento de escritura de

    obrigao que faz Alexandre Rodrigues Guerra oficial de alvanu desta vila Santa e

    Real Casa da Misericrdia desta mesma ou como em Direito melhor lugar haja e dizer

    se possa virem que sendo no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil

    setecentos e setenta e um anos aos dois dias do ms de Fevereiro do dito ano nesta vila

    de Fronteira em o consistrio da Santa e Real Casa da Misericrdia desta dita vila onde

    eu escrivo do geral e notas adiante nomeado fui de seu alis fui sendo a todos em

    mesa o provedor Antnio de Carvalho de Aguiar Correia e escrivo e mais irmos e

    adjuntos de mesa e Alexandre Rodrigues Guerra oficial de alvanu desta vila morador

    todos pessoas bem conhecidas e reconhecidas de mim tabelio e das testemunhas que

    presentes estavam feitura desta que no fim iro nomeadas escritas e assinadas que dou

    minha f serem todas as prprias aqui contidas escritas expressas e declaradas logo pelo

    dito Alexandre Rodrigues Guerra oficial de alvanu foi dito a mim tabelio perante as

    ditas testemunhas que presentes estavam que ele se obrigava na forma do termo de

    arrematao que tem feito fazer pela quantia de setecentos mil reis o novo hospital junto

    da mesma capela da Santa e Real Casa da Misericrdia na forma do risco e apontamento

    que se declarar nesta escritura e se obrigava a fazer a dita obra pondo os materiais

    todos que necessrios forem e mos sua prpria custa na forma do dito apontamento a

    saber: sero as trs paredes mestras feitas a fundamento do comprimento e altura que

    der a planta e tero os alicerces at chegar superfcie da terra quatro palmos de grosso

    e da para cima tero trs palmos de grosso em toda a altura que d a planta levar em

    cima do portado principal que o que est porta travessa da igreja que se d para esta

    obra uma janela de sacada de cantaria parda em que se observe perfeitamente o preceito

    da planta e levar mais duas janelas de assentos nos lados em perfeita correspondncia

    cada uma em sua enfermaria conforme o preceito da planta com cantaria parda em que

    se observe com perfeio o preceito da planta ser a simalha que corra desde o cunhal

    da igreja at o ltimo cunhal que mostra a dita planta com sua empena no meio sobre o

    que se assentar o telhado ter outras duas janelas em baixo uma para clareza do celeiro

    do trigo e a outra para clareza da casa dos pobres que fiquem em direitura das de cima

    tambm da mesma cantaria parda lisa com sua grade de ferro ter de largo quatro

    palmos e seis de alto far-se-o trs salas na forma da planta duas para enfermarias e uma

    vaga no meio na qual estar a escada com seus degraus de pedra parda e um corrimo

    com sua cartela no fim tambm de pedra parda estucada por cima com seu arco naentrada e outro em cima sestes sero de alvenaria haver em cima no patim da mesma

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    escada quatro portados para serventia um da sala e os dois dos lados para as enfermarias

    e outro para a cozinha todos de alvenaria com suas grades e alisares e na mesma cozinha

    haver dois portados como mostra a planta para serventia das duas enfermarias e na dos

    homens haver outros dois portados um para serventia do coro e outro para o quarto que

    fica ao lado na mesma forma j dita com altura de nove palmos e quatro e meio de largo

    todas as trs casas sero estucadas por cima de armao com suas meias canas

    dividindo-a com paineis em cada uma das enfermarias havera cmodo para quatro

    camas duas de cada lado que ho-de ter oito palmos e meio de comprido no seu arco no

    grosso da parede o que puder ser o madeiramento dos telhados das trs salas ser de

    casco com suas asnas que ficar tamanho ou nvel como a perna da asna e por cima um

    contrafeito sem aljares para dar corrente a todas as guas o telhado ser guarnecido de

    boca e lado tudo madeira de castanho forrado de tabique pr castanho por cima na

    cozinha haver uma chamin de dez palmos de comprido e altura a que der o ponto do

    madeiramento com sua verga de cantaria parda e se far tambm uma janela na cozinha

    de sete palmos e sinco de largo e ser de cantaria parda e um portado para a serventia da

    merenda ao lado da cozinha se far uma casa para despensa com um portado para a

    mesma cozinha e uma janela de trs palmos de largo e quatro e meio de alto de cantaria

    parda toda a sobredita cantaria ser escodada e fina com a maior perfeio e execuo

    da planta todas estas casas embarrotadas e ladrilhadas de ladrilho fino com vigas de

    castanho que forem precisas e necessrias para durao e segurana da obra o que

    tambm se entender com o embarrotado e haver uma varanda que correr todo o

    quarto digo que correr desde a janela da casa dos loucos at ao fim da obra com seis

    palmos de vo com sua rede de tijolo por diante esta ser firmada em arcos de abbada

    de canudo e nesta haver uma escada para o quintal e uma comua debaixo da mesma

    varanda fechada coberto se far um corredor para serventia da cavalaria que ficar

    debaixo da cozinha com as manjedouras que der o vo da casa com seu repartimento

    para palheiro e porta deste para a cavalaria ser calada e o corredor da casa dos pobres

    ficar debaixo da enfermaria das mulheres com sua chamin do mesmo comprimento

    que a da cozinha e altura que der o ponto ficando no grosso da parede com sua verga de

    pedra arreneira ou parda com seus poiais roda de toda a casa e juntamente dentro deste

    [uma] porta para a loja de alvenaria da mesma altura e forma que fica dito das outras do

    outro lado ficar o celeiro com todo o comprimento que correr por toda a enfermaria e

    casa dos loucos com um seu arco de tijolo por baixo para se formar a parede tijoladatoda de novo em cal toda a obra ser guarnecida por dentro e por fora com cal de joeira

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    na ltima perfeio com seus cunhais fingidos de alvenaria a simalha da frontaria pelo

    feitio que mostra a planta todas as paredes desta obra sero de pedra e cal [] conta

    desta obra todo o material do hospital menos as portas e caixilhos dos portados ficando

    as paredes de [] para tapume e a terra para a santa casa e fechar a porta travessa a

    todo o grosso alis travessa a todo o grosso guarnecida por dentro e por fora e fechar a

    janela do consistrio e porta do quintal abrindo ambas no lugar que se lhe determinar e a

    janela ser de cantaria lisa de pedra parda e pagar a planta ser mais obrigado fazer

    uma cisterna firmada com quatro arcos por baixo e a boca quadrada de cantaria gateados

    de ferro com declarao mais que a loja e a casa dos pobres ser ladrilhada em cal e as

    janelas para trs sero de alvenaria fingidos de pedra o que se obriga fazer no

    peremptrio e tempo de dois anos que principiaro no princpio da data desta por diante

    recebendo logo no princpio da dita obra duzentos mil reis e da em diante para

    cumprimento da dita quantia lhe faz a dita irmandade combinao de quatro moios de

    trigo que mesma santa casa paga a Herdade da Misericrdia pelo preo de Maio de

    cada um respectivo com a condio de que no dando feita e acabada a dita obra

    passados seis meses dos ditos dois anos se completar e acabar sua custa e depois de

    feita se fazer vistoria por um alvanu ou por dois e julgando-se no estar conforme o

    dito risco e apontamento perder ele dito alvanu Alexandre Rodrigues Guerra cento e

    cinquenta mil reis para a Santa Casa da Misericrdia e assim sendo tudo bem visto e

    ouvido por ele dito alvanu Alexandre Rodrigues Guerra por ele mais me foi dito a mim

    tabelio que ele se obrigava a fazer pela dita quantia de setecentos mil reis na forma do

    risco que em seu poder fica que a todo o tempo se obriga a dar conta dele como tambm

    no apontamento declarado nesta com todas as clusulas e condies acima declaradas e

    pena cominada sendo ele ouvido para a dita vistoria e assim se dava por entregue dos

    ditos duzentos mil reis para a entrada da dita obra e fazia aceitao da dita combinao

    dos quatro moios de trigo pelos respectivos preos de Maio de cada um ano at de se

    acabar de satisfazer a dita quantia de setecentos mil reis no obstante ser finda e

    acabada a dita obra a que tudo obriga sua pessoa e bens e em especial toda a sua fazenda

    de raiz e bens mveis havidos e por haver geralmente onde quer que forem achados

    tudo debaixo das clusulas e condies de fiel depositrio e pede juzo e no quer ser

    ouvido a esta escritura sem dvidas algumas em juzo ou fora dele sem ser da cadeia e

    pagar dois tostes por dia ao procurador da Santa Casa da Misericrdia desde o

    primeiro dia que a dvida se mover at final e ltima determinao da causa e queoutrossim se desafora do juzo do seu foro que ora tem e ao diante possa vir a ter e se

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    submete a todas as clusulas e condies desta escritura j ditas e declaradas e se obriga

    a responder no juzo do geral desta dita vila no caso de vir com alguma dvida que esta

    no quer lhe seja admitida em juzo como dito tem nem fora dele nem gozar de

    privilgio algum que bem lhe possa ser a sua [pessoa?] e logo pelo provedor o capito-

    mor Antnio de Carvalho de Aguiar Correia e mais irmos da mesa a saber o padre

    Toms Toscano de Albuquerque, Jos Fernandes Valbom Luis Antnio Parente Manuel

    Correia de Carvalho Paulo Rodrigues da Costa Jos Martins Falcato Joo Martins Lopes

    Francisco Jos Malanho Manuel Martins Beilho Francisco Antnio de Oliveira Jos

    Rodrigues Pereira todos adjuntos da mesa da Santa Casa da Misericrdia por eles todos

    foi dito a mim tabelio perante as ditas testemunhas que presentes estavam que eles se

    obrigavam de em tempo algum nunca se arrependerem nem faltarem ao dito ajuste que

    haviam feito e tudo quanto nesta escritura vai muito s suas vontades e o aceitam []

    e que tendo por dvidas algumas ao cumprimento desta escritura assim da mesma no

    ser de nenhum efeito no querem destas serem ouvidos em juizo nem fora dele e se

    desaforam tambm do juzo de seu foro submetendo-se todos a todas as clusulas

    condies e desaforamentos que submetido se tem o dito alvanu Alexandre Rodrigues

    Guerra e logo por uns e outros todos juntos e por cada um de per si in solidum e pelo

    dito alvanu foi dito a mim tabelio perante as ditas testemunhas que se nesta escritura

    de ajuste faltasse alguma clusula ou clusulas ponto ou pontos palavras ou palavra das

    em Direito necessrias que para maior validade e firmeza desta escritura aqui

    houvessem de ser postas expressas e declaradas disseram todos as haviam aqui por

    postas expressas e declaradas como se de cada uma delas se fizesse larga expressa e

    distinta meno e declarao com f e testemunho de verdade assim a outorgaram

    ouviram e assinaram e pediram a mim tabelio que em esta minha nota e livro dela lhe

    fizesse este pblico instrumento de escritura de compra e venda a qual eu tabelio fiz

    por me ser distribuda e me pertencer e que dela desse os treslados necessrios sem que

    para esse efeito fosse necessrio autoridade judicial a qual fiz e por eles foi escutado

    outorgado e assinado e por mim tabelio como pessoa pblica estipulante e aceitante

    que os estipulei e aceitei em nome da pessoa e pessoas presentes e ausentes tanto quanto

    como em direito o devo e posso fazer por solene estipulao e lhe pus aqui todas estas

    clusulas por me serem mandadas pelo provedor e mais adjuntos da mesa da mesa da

    Santa e Real Casa da Misericrdia desta vila e pelo dito Alexandre Rodrigues Guerra

    oficial de alvanu que todos presentes estavam feitura desta escritura a qual toda lhe lina presena das ditas testemunhas e bem lha declarei tudo em forma que eles bem

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    entenderam e disseram estar muito sua vontade sendo a tudo por testemunhas

    presentes que como dito tenho tudo presenciaram Luis Pereira andante da Santa Casa da

    Misericrdia e Manuel Esteves oficial de barbeiro desta vila filho de Miguel Esteves

    que todos aqui assinaram com os outorgantes e eu Jos Antnio Barradas pblico

    tabelio do judicial e notas que a escrevi.3

    3Arquivo Distrital de Portalegre. Cartrio Notarial de Fronteira. PT/ADPTG/NOT/CNFTR04/001