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HISTÓRIA|vestenem Este conteúdo é parte integrante do curso VestEnem do Aulalivre.net e não pode ser vendido separadamente. 1 FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS O Estado Absolutista Com a crise do sistema feudal, as guerras dinásticas se intensificaram na Europa Ocidental. Os camponeses revoltavam-se em diferentes regiões docontinente. A nobreza sentia o seu poder ameaçado. Contudo, a burguesia estava em processo de ascensão,obtendo lucros com a crise produtiva do século XIV. Possuir um Estado disposto a apoiar seus empreendimentos comerciais parecia uma grande ideia. Foi assim que a burguesia apoiou-se no poder dos reis para submeter à nobreza feudal em crise. Ela começou a se fortalecer e formar exércitos, melhorar estradas e quando precisou do rei para todas as suas necessidades, ofereceram sua ajuda para haver um poder absoluto. A burguesia podia oferecer recursos humanos e capital para a formação do aparato burocrático, das forças armadas e da economia. Desta forma, por uma série de guerras dinásticas, diferentes estados, os Estados Nacionais Modernos, surgiram naEuropa: pela Revolução de Avis (1383-5), Portugal; pela Guerra de Reconquista (1492), a Espanha; pela Guerra dos Cem Anos (1337-1453), a França; e pela Guerra das Duas Rosas (1455-85), a Inglaterra. O Clero e a Nobreza, inicialmente opostos ao Estado Centralizado, logo veriam que seriam beneficiados por ele. Pois, na prática, o Estado Absolutista, concentrava os poderes na mão do rei, mas representava os interesses do Clero e da Nobreza, recolocando-os no poder, de certa forma, visto que, se dependesse dos rumos da Baixa Idade Média, poderiam tersido despojados do poder. A burguesia financiava o Estado a partir dos lucros obtidos com a Expansão Marítima e o Mercantilismo, e os camponeses seguiam submetidos aos seus senhores. Política e juridicamente, o Estado Absolutista era dividido em três estados: I Estado era o Clero (Alto e Baixo Clero); II Estado, a nobreza (Cortesã ou de Espada e a Togada ou noblesse de robe);

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FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS

NACIONAIS

O Estado Absolutista

Com a crise do sistema feudal, as

guerras dinásticas se intensificaram na

Europa Ocidental. Os camponeses

revoltavam-se em diferentes regiões

docontinente. A nobreza sentia o seu poder

ameaçado.

Contudo, a burguesia estava em

processo de ascensão,obtendo lucros com

a crise produtiva do século XIV. Possuir um

Estado disposto a apoiar seus

empreendimentos comerciais parecia uma

grande ideia. Foi assim que a burguesia

apoiou-se no poder dos reis para submeter

à nobreza feudal em crise. Ela começou a

se fortalecer e formar exércitos, melhorar

estradas e quando precisou do rei para

todas as suas necessidades, ofereceram

sua ajuda para haver um poder absoluto.

A burguesia podia oferecer

recursos humanos e capital para a

formação do aparato burocrático, das

forças armadas e da economia.

Desta forma, por uma série de

guerras dinásticas, diferentes estados, os

Estados Nacionais Modernos, surgiram

naEuropa: pela Revolução de Avis (1383-5),

Portugal; pela Guerra de Reconquista

(1492), a Espanha; pela Guerra dos Cem

Anos (1337-1453), a França; e pela Guerra

das Duas Rosas (1455-85), a Inglaterra.

O Clero e a Nobreza, inicialmente

opostos ao Estado Centralizado, logo

veriam que seriam beneficiados por ele.

Pois, na prática, o Estado Absolutista,

concentrava os poderes na mão do rei, mas

representava os interesses do Clero e da

Nobreza, recolocando-os no poder, de certa

forma, visto que, se dependesse dos rumos

da Baixa Idade Média, poderiam tersido

despojados do poder.

A burguesia financiava o Estado a

partir dos lucros obtidos com a Expansão

Marítima e o Mercantilismo, e os

camponeses seguiam submetidos aos seus

senhores. Política e juridicamente, o Estado

Absolutista era dividido em três estados:

I Estado era o Clero (Alto e Baixo Clero);

II Estado, a nobreza (Cortesã ou de Espada

e a Togada ou noblesse de robe);

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III Estado era composto pelo restante da

população.

Para organizá-lo, os reis formaram

um exército nacional, criaram um sistema

judiciário e impostos “reais”, compuseram

um extensoaparato burocrático, unificaram

a língua da nação e estabeleceram o

sistema de pesos e medidas; tudo com o

objetivo de centralização política nas mãos

do rei.

ABSOLUTISMO E

MERCANTILISMO

Os teóricos do Absolutismo

A Idade moderna estava

conhecendo um processo singular: a

formação do Estado. O período adquire

assim um estatuto grandioso na medida

em que representa o momento de

consolidação da estrutura político

administrativa do estado, e, exatamente por

isto, alguns autores vão pensar que

processo é esse. É o nascimento da ciência

política. Onde os pensadores se

perguntarão: donde vem o poder? Até onde

vai o poder do soberano? Como se

conquista o poder? Qual a relação entre

ética e política? O que é legitimo aos

cidadãos? Quem é cidadão? Cada autor

dará suas diferentes respostas de acordo

com o quadro político que está inserido.

Itália

Nicolau Maquiavel – O Príncipe

Na Itália do Renascimento impera a

descentralização política. Enquanto em

outras plagas da Europa, desde a crise do

sistema feudal, diferentes dinastias

assumem a dianteira em suas regiões e

assumem o poder, na península, após o

esplendor comercial e político da Baixa

Idade Média, a fragmentação política é

evidente. Veneza, Ferrara, Módena, Mântua,

Savóia, Milão, Siena, Córsega, Nápoles,

Piombino, Sardenha, Ístria e Florença estão

todas dispersas entre si, sendo, cada uma,

administrada por diferentes governos e

sistemas políticos.

Diante de tal situação, sucessivas

guerras são travadas – desde conflitos com

regiões vizinhas até invasões estrangeiras,

sobretudo da França e da Espanha -,

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desestabilizando a região, assustando

governos e povos e exigindo a ação militar

dos condottieri. Foi o tempo que Maquiavel

viveu e que se refletiria claramente em

suas ideias.

Maquiavel, em seu livro O príncipe,

tem dois pontos centrais: a) uma filosofia

da História, no caso, uma concepção de que

os fatos podem se repetir e que, por isso,

os acontecimentos do passado podem

servir-nos de lição para a atuação no

presente; e b) uma psicologia, na medida

em que propõe uma concepção do homem

como alguém egoísta e ambicioso,

temeroso somente do castigo possível da

lei ou da força. Sendo assim, governar os

homens torna-se tarefa extremamente

delicada exigindo do governante absoluta

habilidade, não interessando se, na busca

da execução de suas atribuições – qual

seja, a manutenção do poder e de sua

centralização -, meios condenáveis

moralmente forem efetuados. No entanto, a

grande habilidade do governante reside no

usufruto de sua habilidade (virtú), na

situação (occasione) adequada em busca

de superar os infortúnios da fortuna (a

sorte, no sentido daquilo que pode dar

certo ou errado).

Maquiavel efetua na sua obra,

caracterizada como um manual de

governo, um grande ponto de inflexão na

história do pensamento político, porque,

anteriormente ao autor, pensava-se como

os governos deveriam ser – ou seja,

privilegiando-se a questão moral da política

-, enquanto, a partir de O príncipe, a

questão é a separação entre o ser e o dever

ser.

Isto significa que Maquiavel está

interessado em investigar e explanar sobre

como a política realmente acontece e não

como ela deveria funcionar. Desta feita, o

autor inclui-se perfeitamente no espírito do

Renascimento, preocupado com a

experiência e não com a mera atividade

especulativa, de forma que os exemplos

históricos surgem proeminentemente

como as estratégias de apresentação das

idéias: “Caminham os homens, em geral,

por estradas já trilhadas” (Cap. VI).

França

Luís XIV – O Rei-Sol

A França foi governada pelo maior

rei absolutista da Idade Moderna, Luís XIV,

o rei-sol. Os pensadores franceses não

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sentiram-se premidos a buscar a

legitimidade ou não do rei, mas sim

procurar explicações sobre donde vinha

tanto poder. A resposta: de Deus. A teoria

conhecida como Direito Divino dos Reis foi

defendida por dois autores, Jacques

Bossuet (Política Extraída da Sagrada

Escritura) e Jean Bodin (A República), que

defendiam que o poder do rei era dom

divino e, portanto, incontestável. O povo

devia-lhe obediência cega e o rei só devia

prestar contas a Deus.

Inglaterra

Ao longo do século XVII, a Inglaterra

passou por sucessivos distúrbios políticos:

as revoluções inglesas atravessaram o

século deixando marcas também nos

pensadores britânicos.

Thomas Hobbes - Leviatã

Thomas Hobbes, o absolutista

inglês do século XVII, assistiu aos quase

dez anos de guerra civil que passou o reino

e esta experiência lhe daria algumas ideias

sobre o que acontece quando o povo se

rebela contra o rei.

O sistema filosófico hobbesiano

parte de uma premissa que todos os

homens são iguais - cuide-se, em

capacidade – e, como derivada dela, a

consequência de que todos nos julgamos

capazes de atingirmos nossos fins. A

conclusão que Hobbes chega é que, desta

forma, a guerra entre os sujeitos instala-se

a partir do momento em que o outro se

apresenta como um rival na busca da

realização de meus desejos. O estado

natural dos homens seria então o estado de

guerra de todos contra todos, onde não há

lei. E se não há lei, não há injustiças. Há

somente o império das disposições

naturais do homem: a desconfiança de

cada homem em relação ao outro: o

homem é o lobo do homem (homo homini

lupus).

O Estado de guerra coloca à

disposição de todos os homens, como

direito, as mesmas condições de disporem

de qualquer objeto ou ate dos corpos dos

outros. O que fazer então, pergunta-se

Hobbes?

É exatamente aí que Hobbes situa a

função do estado: a causa e também o

objetivo da criação desta instituição reside

na restrição que exercemos sob nosso

direito de natureza em nome da

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conservação da vida. Este estado, com

tanto poder, é comparado por Hobbes ao

Leviatã, monstro citado no livro de Jó da

Bíblia identificado como o maior dos

animais marinhos, incapaz de ser

derrotado por qualquer humano.

O Estado Absolutista na França

Quando morreu Carlo IV, último rei

capetíngio, não havia herdeiros diretos,

somente Felipe, da família dos Valois. O rei

assumiu como Felipe VI e sua primeira

medida foi o confisco do ducado da

Aquitânia, pertencente à Inglaterra. Foi

então que o rei da Inglaterra, Eduardo III

tentou destronar o rei da França. Era 1337

e iniciava a Guerra dos Cem Anos. Os

ingleses obtiveram maciças vitórias nos

períodos iniciais da Guerra e aceitaram a

paz (Paz de Brétigny), em troca dos

territórios de Calais e outros ao sul da

França. Alguns anos mais tarde, os

franceses tentaram recuperar os territórios

perdidos, sendo novamente derrotados.

Com o agravamento da crise feudal,

o rei inglês Henrique V desembarcou em

1415 na Normandia, no norte da França e a

guerra reiniciou, com nova vitória inglesa. O

rei francês Carlos VII foi destronado e,

através de uma política de casamentos, o

rei da Inglaterra tornou-se rei da França.

Logo depois, o rei morreu e dois regentes

assumiram os tronos respectivos. Mas, no

vale do Loire, o destronado Carlos VII

liderava a resistência francesa: neste

ínterim, desponta a camponesa libertadora,

Joana D'Arc, convocando o povo francês e

seu nacionalismo. O exército de Joana

D'Arc continha 5000 mil homens e venceu

os ingleses arduamente. Apesar da vitória,

Joana D'Arc foi capturada e condenada à

morte na fogueira. Motivados pelo martírio

da líder, o povo francês derrotou

definitivamente os ingleses em 1453.

Assim, a dinastia Valois ascendeu

ao trono com Luís XI. Estava consolidado o

Estado Absolutista Francês. A primeira

medida de Luís XI foi a organização estatal:

para tal, instituiu os parlements,

instituições compostas de aristocratas

responsáveis pela administração das

unidades do reino. Após este rei, Henrique

II criou os rentiers, burocratas

responsáveis pela arrecadação de

impostos. Novas turbulências abalariam a

França à época da Reforma Religiosa.

O calvinismo ganhou corpo no

reino, e os calvinistas franceses (chamados

huguenotes) começaram a enfrentar-se

com os católicos, gerando as Guerras

Huguenóticas (1562-1598). Milhares de

massacres foram cometidos, cujo mais

famoso é o da Noite de São Bartolomeu

(1572) quando milhares de huguenotes

tiveram suas casas invadidas, queimadas e

foram assassinados. A agitação religiosa

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virou problema dinástico quando da morte

do rei Henrique II: a herdeira legítima ao

trono era sua filha a princesa Margot, que

era casada com Henrique de Navarra que

era protestante. Assim, o reino francês

católico teria um rei calvinista.

Desencadeou-se uma guerra contra a

posse de Henrique, a Guerra dos Três

Henriques (1584-9). Outros dois herdeiros,

Henrique de Guise e Henrique III tomaram

posição: o primeiro aliou-se à Espanha

para impedir a posse, e o segundo aliou-se

à provável rainha tramando planos futuros.

No entanto, Henrique III assassinou

Henrique de Guise e depois foi morto por

um fanático católico. Henrique de Navarra

assumiu como Henrique IV e

imediatamente se converteu ao

catolicismo. Ao mesmo tempo, promulgou

o Édito de Nantes (1598), concedendo

liberdade de culto para os huguenotes.

Com esta medida conciliava os problemas

dinásticos e as querelas religiosas, dando

fim à guerra no reino. Ascendia ao trono

francês, a dinastia dos Bourbons. Luís XII

(1601-43) organizou a maquina

administrativa do Estado frances, auxiliado

pelo cardeal Richelieu, oferecendo títulos

da nobreza para a burguesia ascendente

(paulette) e recentralizou o poder criando o

cargo dos intendants. Estes tinham por

função fiscalizar os parlements,

restringindo suas possibilidades de

administração. Além disto, o

rei venceu a Guerra dos Trinta Anos (1618-

48).

Quando Luís XIV assumiu, a França

era a grande potencia do continente. Luís

XIV intitulou-se o rei-sol, disse O Estado

sou Eu, criou o Palácio de Versalhes (o

maior construído até então na Europa),

onde vivia com mais cinco mil nobres

cultuando-o como rei absoluto e viveu

cercado de luxo e riqueza. Obviamente, a

nobreza revoltou-se contra sua

magnanimidade e os efeitos da

recentralização do poder efetuada por Luís

XIII: a rebelião das Frondas (1648-53)

foram duramente reprimidas pelo rei-sol.

Sua corte foi copiada em toda a Europa, a

língua francesa era falada por diferentes

nações, o luxo francês era buscado por

todas as cortes.

Auxiliado pelo cardeal Mazzarino e

pelo ministro das finanças Colbert, Luís XIV

desenvolveu as manufaturas de luxo

francesas, e comercializou seus artigos,

sobretudo para a Espanha, numa prática

mercantilista que ficou conhecida como

Colbertismo. Mas a era francesa do

absolutismo não ultrapassaria o século

XVIII.

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Não esqueça!!!

Mercantilismo

Na política econômica da Idade

média, cada Estado Absolutista tinha sua

fórmula para a nação ser rica.

Portugal dizia que para uma nação

ser rica tinha que ter colônias. Portugal

dominou os cinco continentes.

Espanha, como encontrou muito

ouro e prata na América Central, dizia que

uma nação para ser rica tem que ter muito

metal precioso, daí Metalismo ou

Bulionismo – Bulio do Inglês Metal.

Inglaterra defendia o comércio

como fonte e riqueza – “balança comercial

favorável” – “vender sempre, trocar talvez,

comprar nunca”.

França, Colbertismo, Colbert, nome

do primeiro ministro francês. Ele defendia

que uma nação para ser rica tem que

produzir produtos de luxo.

RENASCIMENTO CULTURAL

O Renascimento

Como reflexo da derrocada da Idade Média,

a mentalidade europeia passou a pensar de

forma diferenciada: os valores teológicos, o

teocentrismo e a crença cega na fé, eram

renegados em nome do antropocentrismo

e da racionalidade. Como estes valores já

haviam sido cultuados na Antiguidade

Clássica, os autores chamaram o período

de Renascimento, na medida em que há

um resgate dos valores clássicos como

fundamento para se pensar a condição

humana e sua visão de mundo. Os

renascentistas que chamarão a Idade

Média de “tempos obscuros” ou “Idade das

Trevas”.

O Renascimento, segundo a visão

mais tradicional (como a do autor Jacob

Burckhardt, no século XIX) caracteriza-se

como um movimento eminentemente

italiano, da alta intelectualidade e de

extrema ruptura com a Idade Média. No

entanto, na visão mais atual, o

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Renascimento é tomado como um

movimento coletivo e não somente da alta

intelectualidade,

majoritariamente europeu e com traços

suficientemente medievais.

Apesar das querelas teóricas, o

Renascimento caracteriza-se como uma

transformação na visão de mundo dos

europeus na transição da medievalidade

para a Idade

Moderna, que inicia na Itália e

dissemina-se pela Europa. Nesta visão de

mundo, imperava o racionalismo (a ideia

de que a razão pode explicar o mundo), o

antropocentrismo (o homem é a medida de

todas as coisas), o humanismo (a

valorização do ser humano em virtudes e

fraquezas) e o individualismo (a concepção

de que é o sujeito que faz sua história).

Estes valores estavam em oposição à

escolástica medieval, à arquitetura gótica e

à latinidade bárbara. No resgate das obras

clássicas, podemos ver na Literatura, o

Épico, a Comédia, a Ode; na língua, o

resgate do Latim e do Grego Clássico, da

Gramática e da Retórica; na Arquitetura, os

ornamentos e plantas baixas circulares; na

escultura, os bustos, a perfectibilidade, a

preocupação com o corpo; e na poesia, os

motivos clássicos.

O Renascimento ocorreu na Itália,

primeiro, por que a Itália era o berço da

cultura clássica; segundo porque muitos

sábios bizantinos refugiaram-se lá das

invasões turco-otomanas; e terceiro,

porque as cidades italianas haviam

enriquecido com as cruzadas, possuindo

uma classe de ricos que poderiam ser

mecenas da arte renascentista. Os

mecenas eram papas, bispos, nobres e

burgueses, como Lourenço de Médicis, que

financiavam os artistas pagando-lhes

vultuosas quantias em troca de obras

artísticas.

O período do Renascimento se

divide em três partes: o trecento (principio

do renascimento), o quattrocento (dos

grandes artistas italianos) e o cinquecentto

(expansão para outras regiões da Europa).

Os primeiros renascentistas foram:

Petrarca, poeta italiano do século XIV,

criador do soneto, que provocou influências

no Barroco; Bocaccio, que escreveu

Decamerão, uma coletânea de cem

novelas, com temática humana, sob um

prisma humano (e não religioso), que trata

da Peste Negra; e o grande Dante Alighieri,

d'A Divina Comédia; e Giotto, pintor d'A

Lamentação de Cristo.

Mas foi no Quattrocento que os

grandes artistas italianos apareceram,

principalmente na cidade de Florença, onde

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o mecenas Lourenço de Médicis financiou

os artistas.

Na Arquitetura, eminentemente

Brunneleschi, que construiu a Basílica de

Santa Maria del Fiore e o Tempietto em

Roma, e Bramante, que reformou a Basílica

de São Pedro.

Basílica de São Pedro

Renascimento Artístico

Leonardo da Vinci foi um

renascentista completo: ao mesmo tempo,

pintor e anatomista, cientista e escultor,

poeta e filósofo, urbanista, arquiteto e

inventor. Suas maiores obras são a

Monalisa e a Última Ceia.

Na escultura, Michelangelo:

preocupadíssimo com a perfectibilidade e

com a técnica, o escultor da Pietá, do Davi,

de Baco e do Tumulo dos Médicis também

foi pintor: reformou o teto da Capela

Sistina, pintando A Criação de Adão.

Ainda houve Rafael Sanzio, com as

obras Madonas e Escola de Atenas; e

Donatello, com a obra Nus perfeitos (Davi),

Gattamelata (estátua equestre), os dois da

Itália. Na espanha teve Velásquez, com as

obras As Fiandeiras, As Meninas, Os

Bêbados; Nos Países Baixos havia

Brueghel, um pintos de costumes e

crenças camponesas, como na obra

Provérbios Neerlandeses; Bosch, o pintor

dos sonhos lírios medievais e sua obra As

tentações de Santo Antão; e por fim

Rembrandt, com suas obras O Bom

Samaritano e A Lição de Anatomia do Dr.

Tulp.

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Renascimento Literário

No cinquecentto, o Renascimento expandiu-

se para outros países na Europa. Torquato

Tasso e Ludovico Ariosto foram os

responsáveis por trazer para a Itália;

Erasmo de Rotterdam, com seu livro Elogio

da Loucura, foi o grande expoente filosófico

na Holanda; Tomás Mórus, na Inglaterra,

autor da Utopia, livro que criticava os atos

de cercamento e sonhava com sociedade

igualitária, conjuntamente com

Shakespeare, obviamente, o teatrólogo e

poeta de O Rei Lear, Hamlet e Romeu e

Julieta; e Montaigne, na França, o inventor

do gênero de ensaio.

Ainda houve Miguel de Cervantes,

na Espanha, com sua grande obra (e

romance mais vendido no mundo) Dom

Quixote de La Mancha. Em Portugal ainda

teve o grande escritor de Autos, Gil Vicente

e o escritor da epopeia Os Lusíadas, Luiz

Vaz de Camões.

Renascimento Científico

Na ciência houve um impacto muito

grande. O pensamento racionalista em

oposição ao misticismo medieval cresceu

fortemente e a medievalidade viu seus

alicerces abalados. Inicialmente, Nicolau

Copérnico, em A Revolução dos Corpos

Celestes, lançou a hipótese que a terra não

era o centro do universo, mas o sol, na tese

conhecida como heliocentrismo. Johannes

Kepler postulou o movimento elíptico dos

corpos celestes e Galileu, em sua obra,

Diálogo sobre os Dois sistemas máximos

de pensamento defendeu a tese

copernicana, tendo sido preso pelo tribunal

do Santo Ofício. Ainda houve Isaac Newton

e Giordano Bruno como granes nomes da

história no Renascimento.

QUESTÕES II

1- Acerca do absolutismo na Inglaterra,

NÃO é possível afirmar que:

a) fortaleceu-se com a criação da Igreja

Anglicana

b) foi iniciado por Henrique VIII, da dinastia

Tudor, e consolidado no longo reinado de

sua filha Elizabeth I;

c) a política mercantilista intervencionista

foi fundamental para a sua solidificação;

d) foi conseqüência da guerra das Duas

Rosas, que eliminou milhares de nobres e

facilitou a consolidação da monarquia

centralizada;

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e) o rei reinava, mas não governava, a

exemplo do que ocorreu durante toda a

modernidade.

Resposta E

2-O sistema de colonização objetivado pela

política mercantilista tinha em mira:

a) criar condições para a implantação do

absolutismo;

b) permitir à economia metropolitana o

máximo de auto-suficiência e situá-la

vantajosamente no comércio internacional,

pela criação de complementos à economia

nacional;

c) evitar os conflitos internos, resultantes

dos choques entre feudalismo e

capitalismo, que entravavam o

desenvolvimento dos países europeus;

d) ganhar prestígio internacional

e) obter a garantia de acessos às fontes de

matérias-primas e aos mercados

consumidores no ultra-mar.

Resposta B

3- O Renascimento foi um período de

alteração substancial no panorama da

cultura européia. Assinale a alternativa que

apresenta Leonardo da Vinci (1452-1519)

como representante exemplar desse

contexto renascentista.

a) O universo temático que marca a

obra de Leonardo da Vinci revela a sua

principal característica como intelectual: a

vocação para tornar-se especialista de uma

área em detrimento das demais.

b) Há o reconhecimento de que a qualidade

de seu trabalho se deve a sua capacidade

de distanciar-se das questões cotidianas e

refletir sobre as implicações do

conhecimento teórico puro.

c) Leonardo da Vinci possuía aversão em

relação ao traçado do corpo humano, na

medida em que este representava para ele

a imperfeição e os limites da criação divina.

d) O talentoso italiano ganhou notoriedade

ao defender a tese de que o artista deve

afastar-se da reflexão filosófica para dar

vazão a sua criatividade no campo da arte.

e) Leonardo da Vinci articulou o saber

técnico com o conhecimento científico

sobre a natureza das coisas e das artes

humanas.

Resposta E

4- Acerca do Renascimento:

I - As características do homem no

Renascimento são: racionalismo,

individualismo, naturalismo e

antropocentrismo, em oposição aos valores

medievais baseados no teocentrismo.

II - O Renascimento não foi um processo

homogêneo. Seu desenvolvimento foi muito

desigual e as manifestações mais

expressivas se deram nos campos das

artes e das ciências, sendo que no campo

artístico, a literatura e as artes plásticas

ocupavam lugar de destaque.

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III - A arte renascentista tomou-se

predominantemente religiosa, retratando a

vida de santos, de clérigos e o cotidiano

cristão da época.

IV - A Itália foi o centro do Renascimento

porque era o centro do pré-capitalísmo e

do desenvolvimento comercial e urbano,

que gerava os excedentes de capital

mercantil para o investimento em obras de

arte.

V - A ascensão do clero foi fundamental

para que se desenvolvesse nos Estados

italianos um poderoso mecenato,

plenamente identificado com as

concepções terrenas dominantes entre os

eclesiásticos.

É correto apenas o afirmado em:

a) I, II, III.

b) b) I, II, IV.

c) c) I, II, V.

d) d) I, III, V.

e) e) II, IV, V.

Resposta B

5- O Renascimento cultural teve sua

origem nas mudanças políticas,

econômicas e sociais ocorridas a partir da

Baixa Idade Média. Foram transformações

dos padrões de comportamento, das

crenças, das instituições, dos valores

espirituais e materiais transmitidos

coletivamente e que atingiram a alta

burguesia e a nobreza, excluindo os demais

segmentos da sociedade. (Myriam Mota e

Patrícia Braick, História: das cavernas ao

Terceiro Milênio)

Dentre as transformações a que as autoras

se referem, é correto mencionar

a) a afirmação dos Estados liberais,

sob controle da burguesia, a partir da

retomada do estudo do Direito Romano nas

universidades.

b) o desenvolvimento das atividades

mercantis, que fez surgir uma nova

camada social interessada em valorizar no

indivíduo e a razão.

c) o fortalecimento da autoridade dos

doutores da Igreja católica, que defendiam

a fé como meio de compreensão da

realidade material.

d) a ascensão política das camadas

populares, que questionaram a visão de

mundo centrada em Deus e incentivaram a

crítica e a experimentação.

e) a consolidação do sistema fabril,

substituindo as corporações medievais,

devido às novas exigências da economia

autossuficiente.

Resposta B