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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM RIO BRANCO-AC MARCELA SARKIS SOPCHAKI Rio Branco - AC 2014

Formação de preços do açaí

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Page 1: Formação de preços do açaí

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM

RIO BRANCO-AC

MARCELA SARKIS SOPCHAKI

Rio Branco - AC

2014

Page 2: Formação de preços do açaí

MARCELA SARKIS SOPCHAKI

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM

RIO BRANCO-AC

Monografia apresentada como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas na Universidade Federal

do Acre.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes

Maciel

Rio Branco – AC

2014

Page 3: Formação de preços do açaí

FOLHA DE APROVAÇÃO

MARCELA SARKIS SOPCHAKI

ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PREÇOS DO AÇAÍ EM RIO BRANCO-AC

Monografia apresentada como requisito parcial

para obtenção do título de Bacharel em

Ciências Econômicas na Universidade Federal

do Acre, submetida à aprovação da banca

examinadora composta pelos seguintes

membros:

_____________________________________________

Prof. Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel – Orientador

Universidade Federal do Acre

_____________________________________________

Prof. Dra. Sheila Maria Palza Silva – Membro

Universidade Federal do Acre

_____________________________________________

Prof. Msc. Francisco Bezerra de Lima Junior – Membro

Instituto Federal do Acre

Rio Branco-AC, 12 de agosto de 2014.

Page 4: Formação de preços do açaí

À minha mãe, pelo amor e pela paciência.

Page 5: Formação de preços do açaí

AGRADECIMENTOS

Esta pesquisa realmente fez justiça ao nome trabalho e eu não poderia terminar sem

agradecer a quem acho importante. Porém, sou péssima com essas coisas e também acho que

vou acabar não conseguindo citar todo mundo a quem eu gostaria de agradecer.

Agradeço primeiro a Deus, sem Ele considero nada ser possível.

À minha avó Áurea (in memoriam), que sempre confiou em mim, que sempre me

incentivou e torceu por minhas vitórias.

À minha mãe Marilin, que tem uma paciência gigante, assim como é gigante seu amor

e seus esforços em me ajudar e apoiar.

Ao meu pai Tarcísio, pela sementinha e, claro, pelo amor e pelo carinho.

Ao meu padrinho e tio Zé, que sempre me apoiou e me incentivou, tanto no meio

acadêmico, quanto militar.

Ao meu padrasto Dudu, que me apoiou muito e me ensinou muito com sua

simplicidade.

Ao meu orientador, professor Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel, por confiar em

minha capacidade e por saber incentivar, cobrar e orientar na dosagem correta para a

realização do trabalho.

Ao amigo e professor Msc. Junior, por ter me ajudado muito com materiais

bibliográficos e conselhos de imensa importância.

Aos amigos Pedro, Débora, Geso, Valdenir Junior, Samara e tantos outros do Curso de

Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Federal do Acre que me ajudaram

bastante.

A todos os entrevistados que contribuíram com seu tempo e suas informações

preciosas utilizadas para a realização deste trabalho.

A todos os meus amigos e familiares que contribuíram de alguma forma. Obrigada.

Page 6: Formação de preços do açaí

"Tu te tornas eternamente responsável por

aquilo que cativas."

Antoine de Saint-Exupéry, 1943.

Page 7: Formação de preços do açaí

RESUMO

Este trabalho tem a finalidade de estudar a formação de preços do açaí e de seus derivados na

cidade de Rio Branco. Busca-se, especificamente, identificar os agentes mercantis envolvidos

na cadeia de comercialização do açaí e analisar os preços de compra e venda deste setor.

Procura-se ainda avaliar o desempenho da comercialização do açaí e seus derivados. A

hipótese deste trabalho considera que o mercado do açaí está sendo influenciado diretamente

pela quantidade elevada de agentes mercantis envolvidos em sua cadeia de comercialização.

A metodologia adotada baseia-se no levantamento de informações para identificar e descrever

a estrutura e agentes mercantis das cadeias de comercialização, assim como determinar quais

são as margens e mark-ups de comercialização dos produtos derivados do açaí, que serão

elementos essenciais para a formação do preço de venda do açaí. Os resultados demonstraram

que a cadeia de comercialização do açaí é muito complexa e possui muitos agentes mercantis

envolvidos. Percebeu-se que, além de todos os agentes mercantis envolvidos terem uma

grande margem de comercialização sobre os produtos, o agente mercantil que faz a ligação

entre o produtor e a indústria causa um aumento significativo no preço de venda do produto

sem agregar nenhum valor ao mesmo. Neste trabalho foi possível determinar também os

custos dos principais produtos do açaí e descobriu-se ainda que o preço e a oferta de açaí

podem expandir-se ainda mais devido a grande aceitação do consumidor local.

Palavras-chave: Formação de preços. Açaí. Agroindústria. Acre. Amazônia.

Page 8: Formação de preços do açaí

ABSTRACT

This study has the purpose to study the pricing of açaí berry in Rio Branco city. Specifically,

it searches to identify marketing channels and to analyze its prices. It intends to further

evaluate the performance of the marketing of açaí berry and its derivatives. The hypothesis of

this study considers that the market for açaí berry is being directly influenced by the high

amount of mercantile agents involved in its marketing channels. The methodology is based on

survey information to identify and to describe both structure and mercantile agents of the

marketing chains and wants to determine what are the margins and mark-ups for the

marketing of products derived from açaí berry, which are essential for the formation of açaí

berry’s selling price. The results showed that the marketing channels of açaí berry is very

complex and it has many mercantile agents involved. It was noticed that, in addition to all

market actors involved have a large marketing margin on the product, the commercial agent

that makes the link between the producer and the industry causes a large increase in the

selling price of the product without adding any value to the same. By this work, it was also

possible to determine the cost of the main products of açaí berry and it found either that the

price and the supply of açaí berry can be expanded further by the wide acceptance of the local

consumer.

Keywords: Price Formation. Açaí berry. Agrobusiness. Acre. Amazon Region.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação de um sistema de comercialização simplificado.......................... 27

Figura 2: Método tradicional de coleta de frutos de açaí.................................................... 32

Figura 3: Método com utilização de kit de segurança para a coleta de frutos de açaí........ 32

Figura 4: Processo básico de extração do suco de açaí....................................................... 33

Figura 5: Cadeia de comercialização da polpa do açaí e seus............................................. 34

Figura 6: Circuitos da cadeia de comercialização do açaí................................................... 40

Page 10: Formação de preços do açaí

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Periodicidade de compra do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014............ 35

Gráfico 2: Margem de comercialização por produto (R$)....................................................... 39

Gráfico 3: Margem de comercialização por produto (%)........................................................ 39

Gráfico 4: Disposição em comprar mais açaí em Rio Branco – 2014..................................... 42

Gráfico 5: Disposição a pagar mais pelo açaí em Rio Branco – 2014..................................... 42

Gráfico 6: Nota de qualidade e aceitação do açaí em Rio Branco – 2014............................... 43

Page 11: Formação de preços do açaí

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Preços médios de compra do açaí e derivados na cidade de Rio Branco – 2014.... 36

Tabela 2: Preços médios de venda do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014.............. 36

Tabela 3: Custo de produção de 1595 ml de açaí cremoso completo com cereais.................. 37

Tabela 4: Preços de custo do açaí cremoso.............................................................................. 37

Tabela 5: Custo de 2500 ml de suco de açaí com leite............................................................ 38

Tabela 6: Margens de comercialização do açaí e derivados.................................................... 38

Tabela 7: Demandas satisfeita e insatisfeita de açaí em Rio Branco....................................... 41

Page 12: Formação de preços do açaí

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PAP - Plano Agrícola e Pecuário

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

UFAC - Universidade Federal do Acre

Page 13: Formação de preços do açaí

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 15

1.1. Formação de preços em seu contexto teórico .................................................... 15

1.2. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas .......................................... 17

1.3. Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar na Amazônia .......................... 20

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA .............................................................................. 25

2.1. Caracterização do Objeto de Estudo .................................................................. 25

2.2. Coleta de Dados ................................................................................................. 26

2.3. Análise dos dados .............................................................................................. 26

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 31

3.1. Caracterização e história da produção de açaí ................................................... 31

3.2. Análise dos dados referentes ao objeto de estudo.............................................. 33

3.2.1 Demanda atual e demanda potencial do mercado do açaí ...................... 411

CONCLUSÕES .......................................................................................................... 444

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (EM ORDEM ALFABÉTICA) .................... 466

ANEXOS .................................................................................................................... 500

Page 14: Formação de preços do açaí

14

INTRODUÇÃO

O açaí é um alimento rico em nutrientes altamente energético (SILVA et al., 2005),

além de ser popular entre os acreanos de uma forma tradicional, é muito consumido por

frequentadores de academias e adeptos de um estilo de vida saudável e natural. Além dos

antigos costumes de consumir o vinho do açaí com farinha, popularizou-se o consumo de

sorvete, picolé, açaí cremoso e outros derivados (NOGUEIRA et al., 1995). Ademais, o açaí

também ficou popular no resto do mundo, aumentando consideravelmente a demanda pelo

produto tanto pelo mercado local como pelo externo, elevando assim o preço de venda do açaí

e de seus derivados.

Por outro lado, a oferta do produto não teve um crescimento tão significativo quanto

seu preço e sua demanda, e foi observado ainda que apesar do preço do produto estar tão

elevado, o produtor/coletor de açaí continua ganhando muito pouco, com média acreana de

0,86 centavos por quilo de fruta vendido (MACIEL, 2014).

Dentro desta proposta, surgiu como problema de pesquisa: O que determina a

formação de preços do açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco?

Tendo em vista estes fenômenos econômicos observados na comercialização do açaí e

derivados, o objetivo geral deste trabalho é realizar uma análise da formação de preços dos

produtos derivados do açaí em Rio Branco.

Este trabalho tem como objetivos específicos identificar os agentes mercantis

envolvidos na cadeia de comercialização do açaí e de seus derivados, analisar os preços de

compra e venda dos agentes mercantis envolvidos neste setor e avaliar o desempenho da

comercialização do açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco. Além disso, este estudo

busca também compreender o motivo da oferta não estar acompanhando o aumento acentuado

da demanda.

Tem-se como hipótese de pesquisa que o preço do açaí e de seus derivados é

determinado pela quantidade de agentes mercantis envolvidos em sua cadeia de

comercialização.

No primeiro capítulo da monografia é realizado estudo sobre agricultura familiar,

desenvolvimento rural e formação de preços agrícolas. No segundo capítulo é feita uma

abordagem da metodologia utilizada e, por fim, no terceiro capítulo são abordados os

resultados e discussões da pesquisa.

Page 15: Formação de preços do açaí

15

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo é realizada uma revisão teórica dividida em três subseções para que

haja maior entendimento sobre a formação de preços dos produtos agrícolas.

A primeira subseção aborda a formação de preços de acordo com as principais teorias

econômicas, citando a teoria clássica do valor, teoria neoclássica e teoria do custo total. A

segunda subseção trata da comercialização e mercado de produtos agrícolas, e a terceira,

sobre o desenvolvimento rural e a agricultura familiar na Amazônia.

1.1. Formação de preços em seu contexto teórico

A formação de preços dos bens e serviços tem sido estudada e analisada de forma

distinta no decorrer dos anos, apresentando várias abordagens de diferentes escolas

econômicas. Os Clássicos, por exemplo, defendiam que os preços deveriam ser determinados

por resultado do trabalho humano, sendo assim, o valor aparece na troca como um conteúdo

originado pelo trabalho humano, no qual torna possível estabelecer a relação de troca entre

duas mercadorias (POSSAS, 1987).

A abordagem neoclássica sobre a formação de preços estabelece que os preços sejam

resultantes da razão de permuta que configuram um sistema de equilíbrio. (POSSAS, 1987)

Para Jevons, a formação do preço de um bem estava ligada à utilidade daquele item para o

consumidor. Menger defendia que os preços eram determinados de acordo com a oferta e a

demanda, ou seja, quando havia equilíbrio, o preço de mercado era o mesmo de produção,

porém, ele não considerava expropriação de excedentes. Para ele, preços e quantidades estão

inversamente relacionados. Por sua vez, Walras acreditava que o que determina o valor de

troca e a formação de preços é a raridade dos bens (DIAS, 1994, p. 129).

Ainda na visão neoclássica, é aceito que para determinar um preço é necessário visar:

o retorno do investimento, a maximização do lucro e a minimização dos custos. Os preços

devem se basear nos custos (MACHADO, FIORENTIN e SCARPIN, 2010; VARIAN, 2006).

Visando superar a deficiência teórica e operacional oriunda da análise estática de

Walras, surgem então as teorias de equilíbrio parcial, introduzidas por Alfred Marshall. Ele

buscou inserir, na medida do possível, porções de realismo e de seu conhecimento empírico

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16

na indústria britânica. A partir da análise marshalliana, foi possível observar vantagens

analíticas e didáticas, como facilitar a identificação das variáveis relevantes, a abertura de um

campo para a análise mais simples e operacional, maior proximidade com o conhecimento

empírico de indústria (POSSAS, 1987).

Em 1926, o economista italiano Piero Sraffa publicou o artigo “The Laws of Returns

under Competitive Conditions” (As Leis dos Rendimentos sob Condições de Concorrência),

no qual ele critica a teoria marginalista por trabalhar apenas casos limites – concorrência

perfeita e monopólio – e não consideram situações intermediárias mais observadas na

economia. Ele afirma, ainda, que as teorias neoclássicas não se adequam à realidade, pois elas

não são simplesmente tomadoras de preços e nem operam com custos crescentes, e sim com

custos decrescentes ou constantes. Em relação à teoria ortodoxa dos preços, o principal

progresso foi mostrar a possibilidade de um equilíbrio competitivo em longo prazo, ou seja,

com livre entrada e lucros “normais”, quando os produtos da “indústria” não são homogêneos

(POSSAS, 1987).

Pode-se também destacar a abordagem do princípio do custo total, realizada por Hall e

Hitch, na qual eles verificaram por meio de pesquisa empírica, realizada na Inglaterra, que os

produtores entrevistados “[...] tentam aplicar uma regra prática, que denominaremos de

‘custo-total’, e que os lucros máximos que se resultam da aplicação dessa regra serão um

subproduto acidental [...]” (HALL e HITCH, 1986, p. 386).

Surge, então, da aplicação do princípio do custo total, o método de mark-up, que

permite tanto a recuperação do “custo total” quanto uma margem de lucro compatível com as

variáveis estruturais presentes na indústria (PASCHOAL, 2003).

A teoria de determinação de preço por meio do mark-up (em oligopólio) foi elaborada

por Hall e Hitch, em 1939, por meio de uma pesquisa empírica realizada com 38 empresas

oligopólicas inglesas. Eles chegaram a resultados que mostravam que na concorrência pura as

empresas não são meras tomadoras de preços, na verdade, elas têm que estar constantemente

atentas às reações dos concorrentes, fixando o preço de seus produtos. Perceberam, também,

que elas não tentam maximizar seus lucros em curto prazo através da igualação da receita

marginal com o custo marginal, já que fixam seus preços utilizando o método do custo total.

Esse método pode variar (PASCHOAL, 2003). No entanto,

Pode generalizar, devidamente, da seguinte maneira: toma-se por base o

custo primeiro (ou direto), agrega-se urna porcentagem para cobrir os gastos

genéricos (ou indiretos) e urna soma convencional adicional (amiúde 10%)

por conceito de utilidades. Os gastos gerais quase sempre incluem os custos

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17

de venda e, poucas vezes, os interesses sobre o capital; quando não são

incluídos, aparecem na margem que se agrega no conceito de utilidades.

(HALL e HITCH, 1939, p. 19 apud PASCHOAL, 2003)

O processo de formação de preços pode ser diferenciado de acordo com dois tipos de

mercado: preço fixo (fix-price) e preço flexível (flex-price). Para Hicks, um mercado flex-

price é aquele cujo o equilíbrio ocorre pela igualação da oferta e demanda, com o auxílio do

jogo de mercado. Diferentemente, mercados fix-price são organizados e administrados. No

flex-price não há preocupação com estoques, até porque o comportamento dos estoques é um

indicador de manifestação do desequilíbrio, ao contrário do que ocorre no fix-price (COSTA,

DEOS e BRITO, 2001).

Muitos autores concordam que na agricultura existe um processo de formação de

preços distinto do que ocorre em setores industriais e/ou oligopolizados (NEDER, 1994).

Kalecki destaca ainda:

Uma dicotomia entre os mercados ao classificar os preços de produtos

acabados como ‘determinados pela demanda’. De acordo com essa visão, as

modificações a curto prazo nos preços dos produtos primários refletem

principalmente as alterações na demanda e, desta forma, os preços desses

produtos caem com a contração da atividade econômica e sobem com a

expansão cíclica [...] (KALECKI, 1983 apud NEDER, 1994, p. 23)

Portanto, os preços na agricultura exerceriam uma função de “variáveis de ajuste”

entre as quantidades ofertadas em cada safra e as quantidades demandadas ao longo do ano

agrícola (NEDER, 1994, p. 23).

Para melhor compreender a formação de preços no setor agrícola, faz-se necessário

estudar a comercialização e o mercado destes produtos de forma mais atenta, de forma a

compreender o comportamento e a dinâmica deste setor.

1.2. Comercialização e Mercado de Produtos Agrícolas

De acordo com Padilha Junior (2006, p. 4), comercialização pode ser definida pelo

“desempenho de todas as atividades necessárias ao atendimento [...] dos mercados, planejando

a disponibilidade da produção, efetuando transferência de propriedade de produtos, provendo

Page 18: Formação de preços do açaí

18

meios para a sua distribuição física e facilitando a operação de todo o processo de mercado.”

A comercialização abrange a troca de bens e serviços por ativos monetários (GOMES, 2007).

A comercialização agrícola é caracterizada como um processo contínuo e organizado

de direcionamento da produção agrícola por um canal ou sistema de comercialização, no qual

o produto sofre transformações, diferenciações e agregações de valor. As mudanças que os

produtos agrícolas sofrem são de posse, forma, tempo e lugar, adequando-os à preferência dos

consumidores finais. (PADILHA JUNIOR, 2006)

Entre as várias situações que levam à geração e a implementação de um

sistema de comercialização agrícola estão os desajustes entre o crescimento

da demanda (consumo) e o da produção (oferta), bem como o desequilíbrio

entre a produção para o mercado interno e o externo. Esta falta de resposta

da produção ante uma demanda crescente pode ser devido a um conjunto de

fatores tais como: a falta de incentivos econômicos, a escassez de recursos,

as características estruturais (desajuste na estrutura de propriedade da terra),

a estabilidade monetária e os sistemas de comercialização ineficientes.

(PADILHA JUNIOR, 2006, p. 1)

A comercialização é um processo social no qual agentes econômicos interagem por

meio de instituições apropriadas, como o mercado, que pode ser definido como o “local” onde

ocorre transferência de mercadorias mediante vendedores e compradores – forças da oferta e

demanda (BARROS, 1987).

O mercado pode referir-se a um local específico (mercado atacadista de São Paulo) ou

a um produto (mercado do milho), sendo que a integração de mercados de diferentes locais

depende ainda dos custos de transporte, pois estes às vezes fazem com que não compense

levar seu produto a outro local (BARROS, 1987).

As mercadorias, em geral, possuem diversos níveis de mercados, mas no caso dos

produtos agropecuários, geralmente, são separados por mercado produtor, mercado atacadista

e mercado varejista (BARROS, 1987).

A partir desta organização, entra-se no conceito de cadeia produtiva. A cadeia

produtiva pode ser definida como “o conjunto de componentes interativos, incluindo os

sistemas produtivos, fornecedores [...], industriais de processamento e transformação, agentes

de distribuição e comercialização, além de consumidores finais” (GOMES, 2007, p. 11).

Neste:

Canal de comercialização ou de distribuição, ou, ainda, de marketing, é, por

sua vez, a sequência de etapas por onde passa o produto agrícola até chegar

ao consumidor final, configurando a organização dos intermediários, cada

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19

qual desempenhando uma ou mais funções de comercialização, e o arranjo

institucional que viabiliza as relações de mercado nas cadeias produtivas

agroindustriais. (WAQUIL, MIELE e SCHULTZ, 2010, p. 57)

Em geral, os economistas costumam analisar a comercialização de três formas

diferentes:

Análise estrutural

A estrutura de mercado refere-se as características de organização de um

mercado que parecem influenciar estrategicamente a natureza da competição

e do preço dentro do mercado.

[...]

Análise funcional

Nesta análise, o processo de comercialização é desdobrado nas funções

executadas, que são, então, objeto de estudo mais aprofundado.

[...]

Análise por Produto Específico

Este método consiste nas análises estrutural e funcional aplicadas ao estudo

de um produto específico. Condições e origem de oferta e demanda e canais

de distribuição são os aspectos normalmente considerados. (BARROS, 1987,

p.9-13)

Em economia, produção é qualquer atividade que resulte em um bem ou serviço e,

para que isto ocorra, providências devem ser tomadas – operações planejadas e realizadas –

para que os insumos sejam combinados de forma adequada para tal objetivo. “A unidade de

organização que faz isso é chamada firma. Isto é, firma é qualquer organização econômica

que tenha por finalidade a produção de bens ou serviços econômicos” (BARROS, 1987, p.22-

23).

Por meio deste conceito, é possível perceber que o processo produtivo de produtos

agrícolas pode estar ligado a uma ou a várias firmas, devido aos estágios de produção

existentes para que cada produto chegue ao consumidor. Como explica Barros (1987, p.23),

[...] uma única firma ou diferentes firmas poderão estar envolvidas na

produção de pão, através das seguintes operações:

1. preparar a terra, semear, cultivar e colher o trigo;

2. armazenar o grão, transportar e beneficiar para obter farinha;

3. transportar a farinha até a padaria e combiná-la com outros

ingredientes para fazer o pão;

4. transportar e vender os pães.

Outro fator de grande influência na comercialização é a questão da eficiência do

sistema de comercialização, que se reflete diretamente no preço do produto final para o

consumidor e nos lucros obtidos pelas diversas firmas envolvidas no processo produtivo. Esta

Page 20: Formação de preços do açaí

20

eficiência pode ocorrer devido modernização e/ou abreviação da quantidade de firmas

inseridas no processo de produção (BARROS, 1987).

Neste sentido, torna-se necessário estudar também o desenvolvimento rural e a

agricultura familiar, tendo em vista ser esta última a que se destaca na produção de

alimentação para a população brasileira.

1.3. Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar na Amazônia

O desenvolvimento rural apresenta amplo conceito que varia de acordo com o cenário

em que se aplica. Entre os autores que propõem que haja uma abordagem nova para países em

desenvolvimento, pode-se destacar Ellis (2001; 2000; 1998) apud Schneider (2003, p. 5), que

privilegia em sua abordagem o que ele chama de “estratégia de sobrevivência familiar e a

diversificação dos modos de vida rurais”, mostrando como melhorar as condições de vida

dessas populações.

Ploeg (2000) apud Schneider (2003, p. 5) reconhece que “os esforços em definir

conceitualmente o desenvolvimento rural fracassaram, podendo-se, no entanto, afirmar que a

noção de desenvolvimento rural emerge dos debates e disputas sociais e políticas...”,

destacando ainda uma necessidade de reconhecer o desenvolvimento rural como um processo

de múltiplos níveis (históricos) para uma definição baseada nas práticas e ações empíricas.

Estes múltiplos níveis da nova abordagem do desenvolvimento rural

estariam apoiados em seis mudanças gerais, todas elas relacionadas aos

limites e problemas decorrentes do modelo agrícola produtivista (assentado

nos princípios da ‘revolução verde’), que estaria em fase de superação.

Primeiro, o crescente inter-relacionamento da agricultura com a sociedade,

fazendo com que esta perceba que o rural pode fornecer muito mais do [que]

alimentos e matérias-primas. Segundo, uma necessidade urgente em definir

um novo modelo agrícola, que seja capaz de valorizar as sinergias e a coesão

no meio rural, entre atividades agrícolas e não-agrícolas, entre ecossistemas

locais e regionais, permitindo a convivência de iniciativas e atividades

diversificadas. Terceiro, um desenvolvimento rural capaz redefinir as

relações entre indivíduos, famílias e suas identidades atribuindo-se um novo

papel aos centros urbanos e à combinação de atividades multi-ocupacionais,

com claro estímulo à pluriatividade. Quarto, um modelo que redefina o

sentido da comunidade rural e as relações entre os atores locais, sejam eles

os agricultores ou os novos usuários (proprietários de sítios de lazer,

moradias secundárias, empresas, condomínios, etc). Quinto, um

desenvolvimento rural que leve em conta a necessidade de novas ações de

políticas públicas e o papel das instituições, que não podem ser mais

Page 21: Formação de preços do açaí

21

exclusivamente direcionados à agricultura. Sexto, e último, levar em

consideração as múltiplas facetas ambientais, buscando garantir o uso

sustentável e o manejo adequado dos recursos. (PLOEG et al., 2000 apud

SCHNEIDER, 2003, p. 6, grifo do autor).

No Brasil, entre grande parte da população há uma crença de que o rural é “atrasado”,

sendo visto como apenas um apoio para os demais setores. No entanto, nos últimos anos

houve um aumento no interesse do poder público pelo agronegócio e pela agricultura familiar,

o que foi demonstrado pela quantidade de políticas públicas direcionadas para este setor,

possibilitando, assim, o desenvolvimento rural.

Hurtienne (2005, p. 16) afirma que a “distinção entre camponeses e agricultores

familiares é normalmente usada para distinguir a agricultura do Norte, com poucos insumos

externos, da agricultura do Sul do Brasil, mais capitalizada.” Entretanto, podemos encontrar

estes dois exemplos na Amazônia. Entretanto, geralmente não há essa distinção “no debate

atual sobre a agricultura do Norte, já que a pequena produção é identificada com a agricultura

familiar ou com a produção familiar, sem que sejam especificados os critérios para essa

denominação”.

Essa confusão que acontece na hora de definir os conceitos demonstra uma dificuldade

em compreender a estrutura e dinâmica diferente de uma agricultura que se utiliza de técnicas

tradicionais de corte e queima para preparo do solo, o que diverge do tipo de agricultura

permanente predominante no Sul do país (HURTIENNE, 2005, p. 16).

É importante destacar que o termo agricultura familiar provém de correntes teóricas

distintas, dentre as quais convém mencionar uma que afirma que a moderna agricultura

familiar é fruto das relações e transformações causadas pelo capitalismo e outra que defende a

ligação do termo agricultura familiar às suas raízes históricas (JESUS, OLIVEIRA e SILVA,

2011, p. 74).

O conceito de agricultura familiar mais adequado para ser adotado neste trabalho

considera que para o cenário nacional, o agricultor familiar, ainda que atualizado e inserido ao

mercado,

[...] guarda ainda muitos de seus traços camponeses, tanto porque ainda tem

que enfrentar os velhos problemas, nunca resolvidos, como porque,

fragilizado, nas condições da modernização brasileira, continua a contar, na

maioria dos casos, com suas próprias forças (WANDERLEY, 1996, p. 15).

Page 22: Formação de preços do açaí

22

Na Amazônia, a agricultura familiar também vem exercendo um papel importante na

sociedade. Assim como as demais regiões do país, a Amazônia está incluída em programas de

crédito e incentivo ao desenvolvimento rural.

Moraes e Lima (2005, p. 6) destacam que:

O Governo Federal tem direcionado algumas políticas públicas para

financiamentos que favorecem o desenvolvimento integrado da agricultura

familiar, mas que não têm sido suficientes para que haja uma mudança neste

segmento no Brasil. Percebe-se que, enquanto não forem diagnosticados os

verdadeiros gargalos do processo de integração da produção familiar nas

cadeias produtivas do país, a tendência será a continuação das distorções no

campo que retiram a possibilidade de se viabilizar economicamente a

agricultura familiar.

Com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da agricultura familiar, em 1996, o

Governo Federal criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –

PRONAF - que proporciona financiamentos destinados aos investimentos e manutenção das

propriedades rurais. Estes recursos são utilizados principalmente para aquisição de insumos,

matrizes leiteiras, equipamentos e demais investimentos. A principal finalidade desse

programa é gerar renda para o agricultor familiar, que é essencial para comprar equipamentos

e cobrir custos (Moraes e Lima, 2005, p. 6).

O Plano Safra (ou Plano Agrícola e Pecuário – PAP) da Agricultura Familiar coloca

recursos à disposição dos produtores deste segmento, atendendo às linhas de crédito do

PRONAF.

Programas como o PRONAF estão inseridos num quadro de estruturação das

atividades da agricultura familiar onde a ampla participação do Estado tem

que ser baseada em créditos, como os descritos acima, e de políticas de

capacitação. É imprescindível a implantação de políticas agrícolas que visem

a acompanhar os agricultores assentados, de forma a oferecer-lhes suporte

para produção e comercialização e, assim, o agricultor familiar encontre

condições de sobrevivência no campo. (MORAES e LIMA, 2005, p. 6)

Dentre as políticas públicas destinadas à agricultura familiar, é importante citar

também a previdência rural brasileira.

No Brasil, a inclusão dos trabalhadores rurais no sistema previdenciário foi

tardia em relação às outras categorias profissionais e a inclusão das mulheres

rurais trabalhadoras ocorreu ainda muito mais tarde, principalmente pelo fato

do benefício somente ser restituído após o reconhecimento enquanto

trabalhadoras rurais. Esse reconhecimento, por sua vez, era e ainda é de

Page 23: Formação de preços do açaí

23

difícil comprovação, tendo em vista que grande parte do trabalho feito por

elas ser considerado invisível, sendo geralmente declarado como ‘ajuda’ às

tarefas executadas pelos homens e, com frequência, restrito às atividades

domésticas, mesmo que essas incluam atividades vinculadas à produção.

(ZIMMERMANN, 2005)

A Constituição de 1988, que determinava como direito social a previdência social, e as

Leis 8.212 (Plano de Custeio) e 8.213 (Planos de Benefícios), ambas de 1991, que definiram a

organização da seguridade social e o plano de benefícios previdenciários, trouxeram

mudanças positivas e, com isso, as desigualdades do sistema previdenciário começaram a ser

eliminadas.

A produção familiar rural na Amazônia vem ganhando força nas últimas décadas.

Segundo Rego, Costa Filho e Braga (2003), a maior porcentagem de produção, emprego e

renda na Amazônia é gerada na pequena produção familiar rural do que na grande

propriedade agrícola.

O Censo Agropecuário de 2006 demonstra o papel importante da agricultura familiar

nas principais culturas produzidas no Brasil, tendo participação de 87% na cultura da

mandioca, 70% na cultura de feijão, 46% na cultura de milho, dentre outros (IBGE, 2009).

No entanto, as questões ambientais também vêm ganhando grande destaque, o que tem

levado a discussão daquilo que se convencionou chamar de desenvolvimento sustentável.

Assis (2006, p. 81) considera que

O desenvolvimento sustentável tem como eixo central a melhoria da

qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos

ecossistemas e, na sua consecução, as pessoas, ao mesmo tempo que são

beneficiários, são instrumentos do processo, sendo seu envolvimento

fundamental para o alcance do sucesso desejado. Isto se verifica

especialmente no que se refere à questão ambiental, na medida em que as

populações mais pobres, ao mesmo tempo que são as mais atingidas pela

degradação ambiental, em razão do desprovimento de recursos e da falta de

informação, são também agentes da degradação.

No campo social, essa discussão do desenvolvimento no setor rural também tornou-se

bem complexa, já que ao longo da história houve desequilíbrios sociais de diversas naturezas,

pois

[...] na Amazônia e em particular no Acre, o reflexo socioeconômico destas

propostas de desenvolvimento regional se traduziu na expulsão das famílias

pelos grandes fazendeiros partir da década de 1970, gerando a necessidade

de uma política de reforma agrária que suprisse a demanda por terra, ao

mesmo tempo em que a mão-de-obra familiar disponível fosse aproveitada,

Page 24: Formação de preços do açaí

24

de forma que essas famílias pudessem voltar às práticas produtivas a que

estavam acostumadas. (MACIEL, 2003; BATISTA, 2004; SOUZA, 2008

apud MACIEL, CAMPOS e SOUZA, 2010, p. 6)

Percebe-se que ao incentivar a agricultura familiar, incentiva-se também o

desenvolvimento rural, não só de forma econômica, mas também o desenvolvimento da

qualidade de vida e qualidade dos produtos disponíveis no mercado. Ao estudar a formação

dos preços agrícolas, tenta-se demonstrar e estimular o desenvolvimento e o potencial destes

setores.

Page 25: Formação de preços do açaí

25

CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA

Este trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a comercialização do açaí e

seus derivados na cidade de Rio Branco. Para isto, nesse capítulo será abordada uma

caracterização dos produtos derivados do açaí e metodologia para coleta e análise de dados.

2.1. Caracterização do Objeto de Estudo

O açaizeiro (Euteroe oleracea) é uma palmeira típica da Amazônia e os açaizais

nativos são comuns em terrenos de várzea, igapós (terrenos inundados) e terra firme; da polpa

dos frutos é extraído o vinho do açaí, que pode ser consumido nesta forma natural, ou pode

dar origem a sorvetes, sucos, cremes, picolés, entre outros (NOGUEIRA et al., 1995).

O açaizeiro é uma espécie tipicamente tropical, que se desenvolve bem em

condições de clima quente e úmido e não suporta secas prolongadas. Nas

regiões onde é nativo, as chuvas são abundantes (2.000 a 2.700 mm anuais) e

bem distribuídas durante o ano, e a umidade relativa do ar comumente

ultrapassa 80%. A temperatura média gira em torno de 28ºC. O açaizeiro

pode desenvolver-se bem em regiões que apresentem temperaturas médias

mensais acima de 18ºC. Temperaturas inferiores a esse limite podem causar

atrasos no desenvolvimento das plantas.

[...] Desde que não falte água no solo, a radiação solar representa um dos

fatores mais importantes na produção de frutos.

O açaizeiro desenvolve-se bem em uma gama variada de solos, desde o tipo

bastante argiloso das várzeas altas do estuário do rio Amazonas até o areno-

argiloso das áreas de terra firme. [...] O crescimento da planta é favorecido

pela existência de altos teores de matéria orgânica. As áreas arenosas, com

baixa capacidade de retenção de água, devem ser evitadas. (NOGUEIRA et

al., 1995, p.12-14).

Além de o açaí ser muito consumido na cidade de Rio Branco por questões culturais e

por ser abundante na região, o produto teve um grande destaque nos últimos anos por ser

considerado um energético natural e ainda possui um sabor que agrada consumidores de mais

distintas características.

Page 26: Formação de preços do açaí

26

2.2. Coleta de Dados

Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos por meio de pesquisa

(amostragem) em que foi entrevistada grande parte dos agentes mercantis que comercializam

açaí e seus derivados na cidade de Rio Branco – somando um total de 83 estabelecimentos

(indústrias, supermercados, sorveterias, lanchonetes, etc.).

Nas entrevistas foi utilizado um questionário dividido em cinco seções:

1. Dados sobre os agentes mercantis;

2. Dados referentes à compra de mercadorias;

3. Dados referentes à venda de mercadorias;

4. Informações de infraestrutura e empregados;

5. Informações sobre a satisfação em relação à comercialização do produto.

As entrevistas foram realizadas no período de janeiro a fevereiro de 2014 em Rio

Branco.

2.3. Análise dos Dados

Para tratamento dos dados obtidos utilizou-se software Microsoft Office Excel 2010®.

Para realizar a avaliação dos resultados da pesquisa, levando-se em conta a cadeia de

comercialização do açaí e seus derivados, a formação de preços será abordada com enfoque

nos custos, margens e mark-up de comercialização.

Segundo Barros (1987, p. 38), margem e custo de comercialização são conceitos inter-

relacionados e por isso são confundidos entre si.

A execução das funções de comercialização corresponde um custo incorrido pelos

comerciantes na forma de salários, aluguéis, insumos diversos, depreciações, juros, impostos,

etc. A determinação do custo de comercialização envolve o levantamento desses vários itens,

o que é, sem dúvida, mais difícil do que o levantamento dos preços dos produtos nos diversos

níveis de mercado. A partir desses preços é que se determina a margem de comercialização.

A margem (M) de comercialização, segundo Padilha Junior (2006, p. 54),

“corresponde às despesas cobradas dos consumidores pela execução de alguma função de

comercialização por parte dos intermediários do sistema de comercialização.” Para ele, a

Page 27: Formação de preços do açaí

27

margem de comercialização também se refere à diferença entre os preços nos diferentes níveis

do sistema de comercialização, ajustando-se para os níveis seguintes e sempre sendo cobrados

do consumidor final. Enfim, a margem deve refletir os custos de comercialização e a

produção referente ao lucro ou prejuízo dos agentes intermediários.

M ≡ C + L (1)

Onde M é a margem, C é o custo e L o lucro ou prejuízo dos intermediários.

De acordo com Junqueira e Canto (1971) apud Barros (1987), a margem é dada pela

diferença entre o preço da unidade do produto vendida pelo intermediário e o preço que ele

pagou pela quantidade equivalente que precisa comprar para vender esta unidade.

Padilha Junior (2006, p. 54) afirma que “a análise das margens brutas não considera as

perdas e quebras de produtos agropecuários ao longo do sistema de comercialização, apenas

as variações dos preços de forma absoluta ou relativa.” Para ilustrar, uma representação de um

sistema de comercialização simplificado pode ser observada na Figura 1.

Figura 1: Representação de um sistema de comercialização simplificado.

Fonte: PADILHA JUNIOR (2006)

Onde Pp é preço recebido pelo produtor, Pa é o preço de venda do atacadista e Pv é o preço

pago pelo consumidor.

A presença de intermediários afeta diretamente os resultados do cálculo da margem de

comercialização.

A margem total (MT) representa o que o consumidor paga das despesas do sistema de

comercialização e o seu cálculo é realizado através da diferença entre o preço de varejo (Pv)

de um produto e o pagamento recebido pelo produtor (Pp).

MT = Pv – Pp (2)

A margem total relativa é expressa como proporção do preço no varejo, ou seja:

MT’ = [(Pv – Pp)/Pv].100 (3)

De acordo com Padilha Junior (2006), o mark-up (Mk) é a diferença entre o preço de

venda e o preço de compra (ou de custo), ou seja, ela mostra o quanto cada intermediário

Page 28: Formação de preços do açaí

28

acrescentou no valor do produto em cada nível do sistema de comercialização. Em termos

absolutos, mark-up é igual à margem.

Em termos relativos, mark-up mostra o percentual de aumento entre os preços de

venda (Pv) e de compra relativamente ao preço de compra (Pc), ou, entre o preço de venda e o

custo de produção relativamente ao custo de produção.

Mk = [(Pv – Pc)/Pc].100 (4)

Onde Mk é mark-up, Pv é preço de venda no mercado e Pc é o preço de compra no mercado.

Para a determinação da formação de preços dos derivados do fruto do açaí, será

necessário fazer o levantamento dos custos de produção, para que seja possível definir os

preços de venda e potencial nos produtos estudados.

Lima Junior (2012, p. 59) cita que a literatura econômica destaca a importância do

conhecimento dos custos de uma unidade de produção para uma boa gestão de firma e dentre

os principais tipos de custos, destacam-se a presença do custo unitário, custo total de

produção e custos fixos e variáveis. De acordo com Buarque (1984) apud Lima Junior (2012,

p. 60), o custo unitário consiste no resultado da razão entre os custos totais de produção e a

quantidade produzida de um determinado produto. Sendo demonstrado pela seguinte

expressão:

Cup = CT / q (5)

Onde Cup é o custo unitário de produção, CT é o custo total da produção e q é a quantidade

produzida.

Já os custos totais de produção (CT) são determinados através da soma dos custos

fixos e variáveis:

CT = CF + CV (6)

Onde CT é o custo total, CF é o custo fixo e CV é o custo variável.

Os custos fixos de produção (CF) são aqueles que os valores não oscilam com o

aumento ou diminuição da quantidade produzida, ou seja, são valores já fixados. Alguns

exemplos de custos fixos são os custos com aluguel, limpeza e conservação, salários da

administração, etc.

Page 29: Formação de preços do açaí

29

Os custos variáveis de produção (CV), por sua vez, são aqueles que variam de acordo

com a quantidade produzida. Eles variam proporcionalmente ao volume de produto ou serviço

produzido. Exemplos desse tipo de custo são as comissões de vendas, matéria-prima, etc.

De acordo com Cogan (1999) apud Lima Junior (2012, p. 61), mark-up é um índice

aplicado sobre o custo de um produto (bem ou serviço) para a formação do preço de venda.

Esse índice cobre os impostos e taxas aplicadas sobre vendas fixas, custos indiretos fixos de

fabricação e o lucro.

O mark-up pode ser encontrado de diversas maneiras, mas dentro da literatura

econômica destacam-se duas categorias: o cálculo através do mark-up divisor e do mark-up

multiplicador.

Mark-up divisor:

MKp = 100% – [100% – (ITV%+Mc%)] (7)

Onde MKp é o mark-up de produção, ITV% são os impostos e taxas de vendas (ICMS, PIS,

Cofins, Comissões de vendas, etc.) e Mc% é a margem de contribuição [custos/despesas fixas

mais lucro (nível aceitável de lucro aceitável pelo mercado)].

Com o mark-up divisor é possível determinar o preço de venda para os derivados do

fruto do açaí, dividindo os custos variáveis de produção pelo mark-up divisor:

PV = CV / MKp (8)

Onde PV é o preço de venda, CV são os custos variáveis e MKp é o mark-up de produção.

Mark-up multiplicador:

MKp = 100% / [100% – (ITV% + Mc%)] (9)

Onde MKp é o mark-up de produção, ITV% são os impostos e taxas de vendas e Mc% é a

taxa de contribuição.

Após a determinação do mark-up multiplicador é possível determinar o preço de venda

para os derivados do fruto do açaí mediante o produto entre os custos variáveis de produção e

o mark-up multiplicador:

PV = CV . MKp (10)

Onde PV é o preço de venda, CV são os custos variáveis e MKp é o mark-up de produção.

Page 30: Formação de preços do açaí

30

O preço potencial, que são aqueles que os agentes do mercado estão dispostos a pagar,

por sua vez, será determinado mediante pesquisa de mercado realizada por meio de

questionários, conforme anexo.

Page 31: Formação de preços do açaí

31

CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1. Caracterização e história da produção de açaí

O açaizeiro é uma planta que ocorre espontaneamente na floresta tropical, fazendo

parte da vegetação das matas de terra firme, várzea e igapó. Existem duas espécies na

Amazônia: o açaí-de-touceira (Euterpe oleraceae Mart.) e o açaí solteiro (Euterpe precatoria

Mart.) (FRANKE et al., 2001).

Em sua forma nativa, o açaí se desenvolve no meio da diversidade da floresta, sendo

estabelecido um equilíbrio natural entre os elementos. É por causa desse equilíbrio que não

existem pragas e nem doenças nos açaizeiros (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001).

Para aperfeiçoar a produção de açaí, não mais sendo somente uma prática de

extrativismo, iniciou-se um processo de cultivo de açaizais, sendo realizado na maioria dos

casos mediante manejos florestais. Para isto, começaram a combinar os açaizeiros com as

demais espécies de vegetais existentes na floresta, conseguindo, assim, uma produção maior

de frutos, palmitos, madeiras e outros produtos (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001).

No caso do açaí-de-touceira,

Um açaizal bem manejado deverá ter, em um hectare, mais ou menos:

400 touceiras (com 5 açaizeiros adultos em cada touceira);

50 palmeiras de outras espécies e

200 árvores.

Esta quantidade de plantas pode garantir alta produção de frutos e palmito,

com uma alteração mínima da biodiversidade (QUEIROZ e MOCHIUTTI,

2001, p.8).

Para manutenção do açaizeiro, devem ser realizadas limpezas periódicas das touceiras,

roçando plantas de valor desconhecido e mantendo-se os cinco açaizeiros em produção em

cada uma das touceiras. Porém, pode ser deixado broto de açaí a fim de substituir o açaizeiro

que chegar à altura de corte – a cada 3 ou 4 anos. Os açaizeiros com mais de 12 metros de

altura devem ser cortados e o palmito aproveitado para deixar os açaizeiros mais baixos e

produtivos (QUEIROZ e MOCHIUTTI, 2001).

Page 32: Formação de preços do açaí

32

A colheita dos frutos maduros do açaizeiro é feita manualmente. O coletador sobe na

planta com o auxílio de peconha (Figura 2) ou kit de segurança (Figura 3), para a retirada dos

cachos. O ponto ideal para a colheita é aquele em que os frutos apresentam a casca de cor

preta recoberta por uma camada branco-acinzentada, com aparência de pó. (NOGUEIRA et

al., 1995)

Figura 2: Método tradicional de coleta de frutos de açaí.

Fonte: Fotos: Lúcia Helena de Oliveira Wadt (BAYMA et al., 2008)

Figura 3: Método com utilização de kit de segurança para a coleta de frutos de açaí.

Fonte: Fotos: Lúcia Helena de Oliveira Wadt (BAYMA et al., 2008)

Page 33: Formação de preços do açaí

33

Nogueira et al. (1995) explica que, após a coleta dos cachos, os frutos devem ser

armazenados em embalagens ventiladas, pois eles são muito frágeis e logo podem se tornar

impróprios para o beneficiamento e consumo. Vale ressaltar que em condições naturais de

armazenamento, o tempo máximo entre a colheita e o beneficiamento dos frutos não pode

ultrapassar 24 horas, pois após este tempo o fruto pode fermentar.

O preparo do suco pode ser realizado de forma manual ou mecânica. Os frutos são

imersos em água morna, por um tempo de dez a quinze minutos e, em seguida, a extração da

casca e polpa é realizada através de atrito.

Figura 4: Processo básico de extração do suco de açaí.

Recepção do Fruto

Lavagem

Água Morna

Despolpamento

Suco

Fonte: NOGUEIRA et al. (1995)

3.2. Análise dos dados referentes ao objeto de estudo

A polpa extraída do açaí é um alimento muito consumido no Estado do Acre. Em Rio

Branco, os principais estabelecimentos comerciais onde se comercializa açaí e seus derivados

são os supermercados, distribuidoras, restaurantes, sorveterias, lanchonetes e feiras populares.

Mediante pesquisa realizada entre os meses de janeiro e fevereiro de 2014 foi encontrada e

entrevistada grande parte dos agentes que compõe a cadeia de comercialização do açaí e seus

derivados em Rio Branco.

Page 34: Formação de preços do açaí

34

Residentes não somente no Acre, a cadeia de comercialização do produto é composta

por: produtor/coletor, intermediário, indústria/processamento, indústria/beneficiamento,

supermercados, sorveterias, lanchonetes e restaurantes que compram e beneficiam, ou não, a

polpa do açaí e repassam ao consumidor final, como mostra a Figura 5.

Figura 5: Cadeia de comercialização da polpa do açaí e seus derivados em Rio Branco no ano de 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Cada agente mercantil tem as suas características:

Coletor/produtor: É o indivíduo que pratica a extração do açaí nativo ou o produz em

suas terras, seja por manejo florestal ou manejo e cultivo aliados.

Intermediário: Pessoa que compra o açaí ainda em forma de fruta do coletor/produtor

e revende para a indústria de beneficiamento.

Indústria/Processamento: Responsável pelo processo de descaroçamento do açaí.

Algumas destas empresas realizam também o beneficiamento do produto.

Indústria/Beneficiamento: Agentes que compram a polpa do açaí para produção de

sorvetes, cremes e outros produtos derivados do açaí.

Lojas de atacado e varejo: Nessa categoria estão supermercados (atacadistas e

varejistas), mercearias, mercadinhos de bairro, feiras populares, etc.

Page 35: Formação de preços do açaí

35

Restaurantes/Sorveterias: Nesta categoria estão os restaurantes, pizzarias e

sorveterias que vendem somente para o consumidor final.

Lanchonetes: Nesta categoria estão todos estes empreendimentos especializados em

refeições rápidas, como é o caso do açaí cremoso.

Sorveteria/Distribuidora: Estão listadas as sorveterias que produzem e

comercializam o produto no atacado, seja para supermercados e/ou ambulantes, e no varejo

para o consumidor final.

Em relação à periodicidade de compra, 78% dos agentes mercantis afirmam que

compram açaí de forma semanal, conforme o Gráfico 1 demonstra. Outros 8% dos agentes

compram os produtos mensalmente, 11% compram diariamente e somente 3% compram de

forma quinzenal.

Gráfico 1: Periodicidade de compra do açaí e seus derivados em Rio Branco no ano de 2014.

Fonte: Resultados de Pesquisa (2014).

A principal forma de pagamento utilizada pelos agentes mercantis na relação para a

compra e venda do açaí é por meio do pagamento à vista. No entanto, foram encontrados

somente alguns casos isolados de venda a prazo de 7 a 14 dias para uma grande rede de

supermercados da cidade de Rio Branco.

Os preços médios de compra do açaí mostram o valor que os intermediários cobram

pela lata do açaí (uma lata equivale a 12 kg) em Rio Branco e a consequência desse preço

cobrado por eles é refletida em todos os outros produtos.

Page 36: Formação de preços do açaí

36

Tabela 1: Preços médios de compra do açaí e derivados na cidade de Rio Branco – 2014.

Tipos Preços (R$)

Fruta (lata) 25,00

Polpa (1 litro) 5,52

Polpa congelada (400g) 3,26

Polpa congelada (800g) 4,30

Polpa congelada (1kg) 6,13

Cremoso Industrializado - Pote (900g) 8,33

Cremoso Industrializado - Pote (450g) 5,88

Sorvete (Balde) 36,67

Picolé 0,47

Sacolé* 0,70

* Suco armazenado em pequeno saco plástico, congelado

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Nos preços de venda é possível observar que as diferenças de preços não ocorrem

somente motivadas pela agregação de valor no produto em si, mas também pelo ambiente em

que é comercializado. Os produtos açaí cremosos de 150 ml, 360 ml e 450 ml são

comercializados em áreas consideradas “nobres” e/ou centrais da cidade de Rio Branco.

Tabela 2: Preços médios de venda do açaí e seus derivados em Rio Branco – 2014.

Tipos Preços (R$)

Polpa (1 litro) 7,59

Polpa congelada (400g) 4,59

Polpa congelada (800g) 8,99

Cremoso (150ml) 4,50

Cremoso (250ml) 5,50

Cremoso (300ml) 6,66

Cremoso (350ml) 7,44

Cremoso (360ml) 10,00

Cremoso (400ml) 8,00

Cremoso (430ml) 9,00

Cremoso (450ml) 10,50

Cremoso (500ml) 10,10

Cremoso (1000ml) 14,00

Cremoso Industrializado - Pote (900g) 11,50

Cremoso Industrializado - Pote (450g) 8,00

Sorvete (bola) 1,42

Sorvete 200ml 1,50

Suco (300ml) 4,17

Suco (400ml) 3,97

Suco (500ml) 5,08

Picolé 1,11

Sacolé 1,00

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 37: Formação de preços do açaí

37

Durante a pesquisa foi possível estabelecer um padrão de gastos que os comerciantes

têm para a produção de alguns produtos, como é o caso do açaí cremoso. Em Rio Branco, é

comum encontrar o produto na maioria das lanchonetes. Para produzir uma quantidade de

1.595 ml de açaí cremoso, com cereais de acompanhamento, são usados 1000 ml de polpa de

açaí, 200 ml de creme de leite, 395 ml de leite condensado, somados aos cereais e ao custo de

mão de obra, como pode ser observado na tabela a seguir:

Tabela 3: Custo de produção de 1595 ml de açaí cremoso completo com cereais

Quantidade Insumo Custo (R$) Custo (%)

1000 ml Açaí (polpa) 5,62 41%

200 ml Creme de leite 2,49 18%

395 ml Leite condensado 3,50 25%

50 g Cereais* 1,00 7%

10 minutos Mão-de-obra 1,25 9%

Total: 1595 ml 13,86 100%

* 2 colheres de sopa de cereal

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Foi apurado que os funcionários não trabalham somente com o produto do açaí e que a

maioria trabalha por uma diária média de R$ 60. Com isso foi possível calcular o custo da

mão de obra utilizada para a produção de açaí cremoso e sucos de açaí.

Por meio dos dados da Tabela 4 foi possível calcular o preço de custo do açaí cremoso

e classificar de acordo com a quantidade de cada porção.

Tabela 4: Preços de custo do açaí cremoso

Açaí Custo (R$)

Cremoso (150 ml) 1,30

Cremoso (250 ml) 2,17

Cremoso (300 ml) 2,61

Cremoso (350 ml) 3,04

Cremoso (360 ml) 3,13

Cremoso (400 ml) 3,48

Cremoso (430 ml) 3,74

Cremoso (450 ml) 3,91

Cremoso (500 ml) 4,34

Cremoso (1000 ml) 8,69

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 38: Formação de preços do açaí

38

Também foi constatado que na maioria dos estabelecimentos que comercializam suco

de açaí é calculado e levado em conta somente o suco com leite, pois é o mais pedido pelos

clientes. Então, com base nas informações coletadas durante as entrevistas foram calculados

os custos médios para a produção de suco de açaí, como mostra a Tabela 5:

Tabela 5: Custo de 2500 ml de suco de açaí com leite

Quantidade Insumo Custo (R$) Custo (%)

1500 ml Leite 4,00 38%

1000 ml Açaí (polpa) 4,25 40%

200 g Açúcar/adoçante* 1,00 10%

10 minutos Mão-de-obra 1,25 12%

2500 ml Total suco 10,50 100%

* Quantidade média de açúcar estimada pelos comerciantes entrevistados, no caso de adoçante não foi

informada a quantidade exata, somente custo (R$) estimado.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Com essas informações, foi possível calcular a margem de comercialização dos

principais produtos derivados da polpa do açaí, como é possível observar na Tabela 6:

Tabela 6: Margens de comercialização do açaí e derivados

Tipo Preço de

Compra (R$)

Preço de

Venda (R$) Margem

Fruta (1 kg)

Polpa (1 litro)

0,86

5,62

2,11

7,59

145%

35%

Polpa congelada (400g) 3,26 4,59 41%

Sacolé 0,70 1,00 43%

Sorvete 200ml 1,00 1,50 50%

Cremoso Industrializado - Pote (900g) 7,65 11,50 50%

Cremoso (1000ml) 8,69 14,00 61%

Cremoso Industrializado - Pote (450g) 4,75 8,00 68%

Picolé 0,61 1,11 81%

Polpa congelada (800g) 4,30 8,99 109%

Polpa congelada (1kg) 4,25 8,99 112%

Cremoso (400ml) 3,48 8,00 130%

Cremoso (500ml) 4,34 10,10 132%

Suco (400ml) 1,68 3,97 136%

Cremoso (430ml) 3,74 9,00 141%

Suco (500ml) 2,10 5,08 142%

Sorvete (bola) 0,58 1,42 143%

Cremoso (350ml) 3,04 7,44 145%

Cremoso (250ml) 2,17 5,50 153%

Cremoso (300ml) 2,61 6,66 155%

Cremoso (450ml) 3,91 10,50 169%

Cremoso (360ml) 3,13 10,00 220%

Suco (300ml) 1,26 4,17 231%

Cremoso (150ml) 1,30 4,50 245%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 39: Formação de preços do açaí

39

A Tabela 6 mostra os preços de custo, os preços de venda e as margens de

comercialização de cada produto. Os produtos estão ordenados da menor margem para a

maior. É possível observar que as margens de comercialização são maiores para os produtos

que são beneficiados em grandes quantidades, porém, vendidos em pequenas quantidades

(porções). Com estas informações também foi possível fazer um comparativo da margem de

comercialização em reais (Gráfico 2) e em percentual (Gráfico 3).

Gráfico 2: Margem de comercialização por produto (R$)

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Gráfico 3: Margem de comercialização por produto (%)

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 40: Formação de preços do açaí

40

Após realizada a estimação das margens de comercialização por produtos, foi possível

calcular os mark-ups dos quatro principais circuitos da cadeia de comercialização do açaí e de

seus derivados por cada etapa, como pode ser observado na figura a seguir.

Figura 6: Circuitos da Cadeia de Comercialização do Açaí e de seus derivados em Rio Branco

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014)

Page 41: Formação de preços do açaí

41

Pode-se observar na Figura 6 que o agente que possui maior mark-up de

comercialização é o “Intermediário”, chegando a ser observado o valor de 553%. Porém, em

alguns casos encontrados no setor periférico da cidade de Rio Branco, este agente pula a

cadeia comercial “convencional”, vendendo o produto (polpa líquida “beneficiada” sob

condições questionáveis de higiene) diretamente ao consumidor final, nestes casos, o mark-up

do Intermediário chega ao valor de 714% (Resultados da Pesquisa, 2014).

O menor mark-up de comercialização encontrado foi na comercialização entre

“Indústria/Beneficiamento” e “Lanchonetes”, que ficou em 35%. Neste circuito, o produto

comercializado é o açaí cremoso industrializado. A indústria de beneficiamento perde

margem quando a mesma não é capaz de extrair o vinho do açaí, dependendo para isto da

indústria de processamento ou mesmo dos intermediários que possuem equipamentos para

realizar este serviço.

3.2.1 Demanda atual e demanda potencial do mercado do açaí

Por meio da pesquisa foi possível estimar o tamanho do mercado do açaí em Rio

Branco. Foi constatado que atualmente existe uma demanda insatisfeita significativa. Pode-se

observar (Tabela 7) que a demanda insatisfeita de maior expressão é a do fruto do açaí, que é

de 251.000 latas, o que equivale a 3.012 toneladas.

A oferta atual de açaí no Estado do Acre é de 1.620 ton./ano (MACIEL, 2014, p.25), o

que não atende nem a demanda insatisfeita da cidade de Rio Branco, que dirá dos outros

municípios e de outros estados. Outro dado relevante é que o crescimento da quantidade

produzida foi em torno de 276% (MACIEL, 2014, p.28) para o período de (2010/2012),

enquanto o valor do produto teve um crescimento superior aos 560% (MACIEL, 2014, p.27)

no mesmo período.

Tabela 7: Demandas satisfeita e insatisfeita de açaí em Rio Branco

Tipo Quantidades Demandadas – unidade/ano Potencial

(%) Satisfeita Insatisfeita Potencial

Fruta (latas) 8.523 251.000 259.523 97%

Polpa (1 litro) 151.464 42.444 193.908 22%

Polpa congelada (400g) 14.616 480 15.096 3%

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 42: Formação de preços do açaí

42

Durante as entrevistas da pesquisa, o entrevistado era indagado sobre a quantidade de

açaí comprado e da quantidade de açaí que ele compraria se houvesse uma oferta maior, o

próprio entrevistado especificava o tipo de produto que ele compraria em maior quantidade ou

em maior preço. Só foram citados pelos entrevistados três tipos de produtos: fruta (latas),

polpa (1 litro) e polpa congelada de 400 gramas.

Gráfico 4: Disposição em comprar mais açaí em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Quando os agentes mercantis foram perguntados em relação a comprar uma

quantidade maior de açaí, caso houvesse maior oferta no mercado, 70% dos entrevistados

afirmaram que sim, aumentariam a quantidade comprada.

Gráfico 5: Disposição a pagar mais pelo açaí em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Page 43: Formação de preços do açaí

43

Aliás, quando os agentes mercantis foram perguntados em relação à disposição em

continuar comprando os produtos, caso o preço fosse reajustado, a pesquisa mostra que

82,76% deles continuariam comprando os produtos.

No que diz respeito à qualidade, por meio da pesquisa foi verificado que a qualidade

do produto pode variar de acordo com a procedência. Porém, foi tirada uma média, a partir da

pesquisa, e a qualidade do açaí vendido na cidade de Rio Branco ficou com a nota de 8,98,

numa escala de 0 a 10. Já a aceitação no mercado consumidor ficou com uma média de 9,45,

como mostra o Gráfico 6.

Gráfico 6: Nota de qualidade e aceitação do açaí comercializado em Rio Branco, 2014.

Fonte: Resultados da Pesquisa (2014).

Com base nas informações coletadas e analisadas foi possível compreender o

comportamento do mercado de açaí e seus derivados em Rio Branco, para então poder apontar

no próximo tópico, de forma menos aleatória, possíveis medidas a serem adotadas por agentes

mercantis e, até mesmo, pelo poder público e outros agentes da economia.

Page 44: Formação de preços do açaí

44

CONCLUSÕES

A agricultura familiar vem sendo apontada pelos estudiosos da economia agrícola

como uma das formas mais eficazes no desenvolvimento socioeconômico rural. Nesse

sentido, o açaí entra como objeto de estudo por ser um produto típico da região amazônica e

por ser um produto que está em evidência, porém, atualmente vem apresentando escassez em

Rio Branco.

O açaí recebeu grande destaque nos veículos de comunicação nacional e internacional

por recentes descobertas a respeito de seus benefícios à saúde, além de possuir um sabor que

agrada a muita gente, e tornou-se um produto que tem grande procura no mercado

consumidor.

Em relação ao destino do açaí, foi encontrado açaí sendo comercializado em

sorveterias, lanchonetes, restaurantes, drogarias (na forma de sorvete), ambulantes, pizzarias,

supermercados, feiras populares, mercearias, etc.

Com a pesquisa foi possível constatar que o mercado de Rio Branco está altamente

insatisfeito com a oferta atual de açaí, na amostragem utilizada na pesquisa foi constatada

uma demanda insatisfeita de 3.012 toneladas da fruta por ano.

Um dos maiores problemas detectados foi em relação à compra do fruto, realizada por

meio de intermediários que pagam um valor muito baixo ao produtor (cerca de 80 centavos

por quilograma do fruto do açaí), aumentam muito o preço e não garantem a procedência e

qualidade do produto. Segundo a maioria deles, o açaí vendido é de Feijó – o açaí produzido

no município de Feijó/AC tem boa fama no Estado do Acre. Com isso, o açaí chega à

indústria com mais que o dobro do preço sem ter sofrido nenhuma alteração ou agregação de

valor.

As indústrias, por sua vez, não desenvolvem meios eficientes de incentivar o

coletor/produtor a vender diretamente para elas, o que seria algo benéfico para ambos e, até

mesmo, para o consumidor.

Os preços dos diversos produtos derivados do fruto do açaí são determinados de várias

formas, porém, neste sentido, foi constatado que a menor margem de comercialização por

produto foi de 35%, obtida na revenda do litro da polpa do açaí, e a maior margem foi de

245%, obtida pelo açaí cremoso de 150 ml.

Page 45: Formação de preços do açaí

45

Por outro lado, quando realizados os cálculos por circuitos comerciais e o

intermediário rompe com a cadeia “formal” e vende diretamente o vinho do açaí para o

consumidor, a margem de comercialização chega a ultrapassar os 700%.

O açaí em Rio Branco tem grande preço e reduzida oferta, a demanda insatisfeita é tão

grande que mesmo que o preço aumentasse, ainda teria venda garantida, segundo resultados

obtidos na pesquisa.

A fim de melhorar este setor, torna-se necessária ampliação na produção e manejo dos

açaizais mediante incentivos à produção familiar rural e com melhorias no setor de transporte,

tendo em vista eliminar a figura do intermediário que prejudica o setor, inserindo alta margem

para apenas realizar o transporte do produto. É importante que exista um contato direto do

poder público com os produtores na zona rural, a fim de informá-los das possibilidades em

relação aos subsídios disponíveis e de outros incentivos para a produção.

Uma boa opção é incentivar a implementação de cooperativas para os

coletores/produtores de açaí e em seguida realizar treinamentos para os mesmos terem

condições de produzir e, ainda, administrar e conduzir a produção de forma adequada.

Igualmente, é importante que sejam estabelecidas parcerias públicas e privadas para apoiar o

crédito para melhoria e ampliação da produção do açaí e de seus derivados.

Consequentemente, essas medidas visam, além da melhoria na produção do açaí na

cidade de Rio Branco, melhorar a qualidade de vida do agricultor familiar da região.

Page 46: Formação de preços do açaí

46

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Page 50: Formação de preços do açaí

50

ANEXOS

PESQUISA:

“FORMAÇÃO DO PREÇO DO AÇAÍ EM RIO BRANCO”

Entrevista com Agentes Mercantis O objetivo da pesquisa é obter informações sobre a cadeia produtiva do açaí em Rio Branco, com o intuito de estudar sua potencialidade da economia

regional. Todas as informações obtidas nessa pesquisa são de caráter sigiloso e anônimo e servirão somente para finalidades científicas.

1. Questionário Nº: ______ 2. Data: ____/____/____ 3. Nome do entrevistador: __________________________

4. Localidade: _______________________________ 5. Município: __________________________

6. Nome do entrevistado / da empresa: ___________________________________________________________________________________

7. Tipo de comerciante / cargo do entrevistado: ____________________________________________________________________________

8. Categoria:

8.1. Indústria/Empresa ( ) 8.2. Intermediário ( ) 8.3. Produtor ( )

(8.1.1.) Empresa: Matriz ( ) Filial ( )

Nome / local da matriz: ______________________________________

Tempo de trabalho no ramo / no local: __________________________

(8.1.2.) Intermediário:

Nascido em: _______________________________________________

Profissão anterior: __________________________________________

Profissão paralela: __________________________________________

(8.1.3.) Produtor:

Nascido em: _______________________________________________

Local: ___________________________________________________

Tamanho do lote: ___________________________________________

Page 51: Formação de preços do açaí

51

9. Açaí COMPRADO de PRODUTORES

Tipo de Açaí Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )

De quem / De onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.

10. Açaí COMPRADO de AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)

Tipo de Açaí Comprado Quantidade Quando / Período Preço Unitário De quantas pessoas? ( )

De quem / De onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem.

Page 52: Formação de preços do açaí

52

11. Açaí VENDIDO para AGENTES MERCANTIS (Intermediários, distribuidoras, supermercados, etc.)

Tipo de Açaí Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )

Para quem / Para onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem

12. Açaí VENDIDO para CONSUMIDORES

Tipo de Açaí Vendido Quantidade Quando / Período Preço Unitário Para quantas pessoas? ( )

Para quem / Para onde?

Formas de

Pagamento*

Serviços

Prestados**

*(AV) A vista, (NF) Na folha, (AP) A prazo, (F) Fiado, (T) Troco

**(F) Financiamento, (T) Transporte, (Ex) Extração, (C) Classificação, (B) Beneficiamento primário, (P) Processamento, (E) Embalagem, (A) Armazenagem

Page 53: Formação de preços do açaí

53

13. Qual é a infra-estrutura que dispõe?

13.1. Armazéns (número, capacidade): _________________________, _________________________.

13.2. Meios de transporte (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

13.3. Máquinas (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

13.4. Outros (tipo, número, capacidade): ______________________, ______________________, ______________________.

______________________, ______________________, ______________________.

14. Tem problemas com falta de capacidade? De que tamanho?

( ) Sim ( ) Não

14.1. Se sim, quanto? _________%

15. Quais as causas da falta de capacidade (falta de oferta, falta de capital, outras)?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

16. Quantas pessoas trabalham no empreendimento (por categoria)?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________

17. Como é o tempo de emprego (ano inteiro, certos períodos, tempo integral / parcial etc.)?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________

Page 54: Formação de preços do açaí

54

18. Qual é o salário pago aos empregados, em média (por categoria, por mês, diária etc.)?

18.1. Trabalhador: R$ _________

18.2. Administrador: R$ _________

18.3. Outros: R$ _________

19. Existem outros agentes que atuam no mesmo ramo (número, local, nome, endereço)?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________

20. Se a oferta (quantidade) do açaí aumentar, você estaria disposto a comprar uma quantidade maior?

( ) Sim ( ) Não

20.1. Se sim, quanto?

Tipo de Açaí Quantidade Máxima

Page 55: Formação de preços do açaí

55

21. Se o preço do açaí aumentar, você estaria disposto a permanecer comprando o produto?

( ) Sim ( ) Não

21.1. Se sim, quanto?

Tipo de Açaí Quantidade Máxima

22. Além do açaí acreano, seu estabelecimento comercializa outros tipos de produtos derivados do açaí (industrializados de outros estados)?

( ) Sim ( ) Não

22.1. Se sim, quais?

Tipo de Açaí Quantidade Marca Preço de Compra Preço de Venda Contatos

Page 56: Formação de preços do açaí

56

23. Na sua opinião, qual nota (de 0 a 10) você daria ao açaí que você vem trabalhando?

23.1. Qualidade: ________

23.2. Disponibilidade para Compra junto ao fornecedor: ________

23.3. Aceitação no Mercado Consumidor: ________