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FORMAÇÃO INICIAL E CONTÌNUA DE EDUCADORES/PROFESSORES. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO MARIA DE LOURDES CRÓ

FORMAÇÃO INICIAL E CONTÌNUA DE … · questionamento da própria concepção de educação ou da intervenção pedagógica que servia de base teórica a este género de estudos

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FORMAÇÃO INICIAL E CONTÌNUA DE

EDUCADORES/PROFESSORES.

ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO

MARIA DE LOURDES CRÓ

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ÍNDICE

I PROBLEMÁTICA GERAL .................................................................................................................................... 5

1. QUE SENTIDO DAR À FORMAÇÃO DE PROFESSORES/EDUCADORES? .................................................. 6

1.1. O PAPEL DO PROFESSOR /EDUCADOR MUDOU? ................................................................................ 6 1.2. PODEMOS CARACTERIZAR O BOM PROFESSOR/ EDUCADOR E COMO? ........................................ 7

1.3. FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/EDUCADORES. COMO? ............................................................... 10

2. CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS ............................................................................................................. 11

2.1. QUE É UMA COMPETÊNCIA? COMO SE CONSTROI? ........................................................................ 11 2.2. NO PLANO DOS PRINCÍPIOS .................................................................................................................. 13

2.3. QUE COMPETÊNCIAS CONSTRUIR? ..................................................................................................... 16

3.CONTINUIDADE NA FORMAÇÃO OU FORMAÇÃO CONTINUADA ......................................................... 17

3.1. PROBLEMA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE DO EDUCADOR E DO PROFESSOR ........................ 17

3.2. PROBLEMA DA PROSPECTIVA EM EDUCAÇÃO ................................................................................ 19 3.3. DIRECTIVIDADE; AUTONOMIA. UMA VISÃO DA ESCOLA ............................................................. 21

II OPÇÃO PELO DESENVOLVIMENTO DO SUJEITO NA FORMAÇÃ O INICIAL DE PROFESSORES/EDUCADORES ........................................................................................................................... 25

1. OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/EDUCADORES ........................................................ 26

1.1. PROBLEMA DA AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES ................................................ 26

1.2. PROBLEMA DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES ................................................. 27

1.3. EXIGÊNCIAS PARA A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES ...................................... 28

III PARA UMA FORMAÇÃO ADEQUADA DOS PROFESSORES/ ED UCADORES.................................... 37

1. NOÇÃO DE EFICÁCIA PEDAGÓGICA ........................................................................................................... 38

1.1. A EFICÁCIA DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE .............................................................................. 38 1.2. EFICÁCIA EM TERMOS DE PROCESSO DE ENSINO .......................................................................... 40 1.3. EFICÁCIA FUNDADA NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA........................................................................... 42

2. ESCOLHA ENTRE TRÊS ALTERNATIVAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ..................................... 43

2.1. OBJECTIVO: UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO. .................................................................................. 43

3. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES BASEADA EM COMPETÊNCIAS: ....................................................... 46

3.1. CARACTERÍSTICAS DE UMA FORMAÇÃO BASEADA EM COMPETÊNCIAS ................................ 47

3.2. ASPECTOS TEÓRICOS DO MÉTODO DE FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS ............................... 48

3.3.OUTROS MODELOS ................................................................................................................................... 49

4. QUE SE ENTENDE POR COMPETÊNCIA DE ENSINO/EDUCAÇÃO .......................................................... 51

4.1. FUNDAMENTOS CRITERIAIS DA COMPETÊNCIA PARA EDUCAR/ENSINAR .............................. 52

4. 2. DIMENSÕES DE UMA COMPETÊNCIA DE ENSINO/EDUCAÇÃO .................................................... 53 4.3. ABORDAGEM NA IDENTIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS .............................................................. 54

5. COMPETÊNCIAS DO EDUCADOR/PROFESSOR E TAREFAS DE AVALIAÇÃO ...................................... 56

5.1. TAREFAS DE ENSINO/EDUCAÇÃO ....................................................................................................... 56

5.2. EXEMPLOS DE COMPETÊNCIAS TIRADAS DE CURRÍCULOS BASEADOS EM COMPETÊNCIAS - CBTE ................................................................................................................................................................ 57 5.3. AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR/ EDUCADOR RESULTAM DA ANÁLISE DAS TAREFAS DE AVALIAÇÃO CONTÍNUA.......................................................................................................................... 58

6. FORMAÇÃO INTELECTUAL CENTRADA SOBRE O QUE É QUE UM PROFESSOR/ EDUCADOR DEVE

SABER .................................................................................................................................................................... 61

6.1. CREDIBILIDADE CIENTÍFICA ................................................................................................................ 61

6.2. CULTURA GERAL ..................................................................................................................................... 62

6.3. ESTUDOS DE ESPECIALIDADE .............................................................................................................. 62

7. FORMAÇÃO PSICOLÓGICA CENTRADA SOBRE O QUE O PROFESSOR/EDUCADOR DEVERIA

EXPERIENCIAR ..................................................................................................................................................... 63

7.1. CULTIVAR O SENTIDO DOS VALORES ................................................................................................ 63

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7.2. MATURIDADE EMOCIONAL................................................................................................................... 64

7.3. APRENDIZAGEM DA ACÇÃO PSICOLÓGICA ...................................................................................... 64

8. FORMAÇÃO PARA E PELA ACÇÃO, BASEADA NO QUE O PROFESSOR/EDUCADOR DEVE FAZER . 65

IV MUDANÇA DE PRÁTICA EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTÍN UA DE PROFESSORES/EDUCADORES ........................................................................................................................... 74

1. FORMAÇÃO CONTÍNUA E PRÁTICA DE ENSINO/EDUCAÇÃO ................................................................ 76

1.1. A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES/ EDUCADORES: UM PONTO DE PARTIDA ....................... 78

2. CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM E HISTÓRIA DE VIDA ........................................................................ 81

3. A LIGAÇÃO ENTRE PROJECTO, APRENDIZAGEM E MUDANÇA ................................................................................. 84

V CONCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM ........................................................................... 93

1. CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM ............................................................................................................... 94

1.1. EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM NO ADULTO ............................................................................. 95 1.2. INVESTIGAR E EMPREENDER: DUAS COMPONENTES ESSENCIAIS DO ACTO DE APRENDER ............................................................................................................................................................................. 96 1.3. A EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM DOS PROFESSORES/ EDUCADORES ................................ 97

2. A APRENDIZAGEM PARA ENSINAR/EDUCAR .......................................................................................... 104

2.1. LUGAR DAS CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM NA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR/EDUCADOR .............................................................................................................................. 104

2.2. CARACTERÍSTICAS DOS CONHECIMENTOS CONSTRUÍDOS PELOS PROFESSORES .............. 110

3. CONDIÇÕES DE FORMAÇÃO SUSCEPTÍVEIS DE AJUDAR O PROFESSOR A APRENDER A

ENSINAR/EDUCAR. FORMAÇÃO CONTÍNUA (CONTINUADA) ................................................................. 120

VI MUDANÇA NA PRÁTICA DO ENSINO/EDUCAÇÃO .......... ...................................................................... 125

1. UM PROCESSO INTEGRADO NA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR / EDUCADOR ........................... 126

1.1. ETAPAS NA CARREIRA DO PROFESSOR / EDUCADOR .................................................................. 128 1.2. A MUDANÇA NO ADULTO. ................................................................................................................... 129

2. A MUDANÇA DE PRÁTICA: UMA APRENDIZAGEM EXPERIENCIAL ................................................... 130

2.1. UM PROCESSO DE RUPTURA DE REENQUADRAMENTO .............................................................. 132

3. VARIÁVEIS SUSCEPTÍVEIS DE INTERAGIR COM A CONSTRUÇÃO DA CONCEPÇÃO DE

APRENDIZAGEM DUM PROFESSOR/EDUCADOR. ....................................................................................... 134

3.1. CONTRIBUTOS DO MODELO DE CROSS ............................................................................................ 134 3.2. A APROPRIAÇÃO DE MUDANÇA (“THE OWNERSHIP OF CHANGE”) ............................................ 136

4.CONCLUSÃO GERAL ...................................................................................................................................... 136

REFERÂNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................. 141

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Prefácio

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I PROBLEMÁTICA GERAL

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1. QUE SENTIDO DAR À FORMAÇÃO DE PROFESSORES/EDUCADORES?

1.1. O PAPEL DO PROFESSOR /EDUCADOR MUDOU?

Em cada época da história, a geração “adulta” tem assumido a

responsabilidade de educar as gerações mais jovens entendendo dever

assegurar-lhes uma educação intelectual, moral e física através de pessoas

especializadas para o efeito: os educadores e professores.

O nosso século é provavelmente o primeiro a tratar, de forma sistemática, o

problema da formação dos educadores e professores. Certamente que isso

também aconteceu no passado, mas se se dizia que eram bons os professores

que faziam as boas escolas, evocava-se mais a importância da arte pedagógica

do que se pensava numa solução científica para o problema. O interesse

manifestado pela nossa sociedade com vista à formação sistemática dos

educadores e professores é sintomático. Na última década então, tem-se dado

sobretudo ênfase na formação dos professores a temas como o ensino reflexivo,

o prático-reflexivo, a investigação-acção, os professores/investigadores, a que

os formadores de professores aderiram. E uma revisão da Literatura é disso

mesmo indicador: Posner, 1989; Clift, Houstan e Pugach, 1990; Tabachuick e

Zeichner 1991; Ashcroft e Grifiths 1989; Mackinnon e Erickson, 1988; Russel,

1991 etc. etc. “Professor reflexivo é, no estado actual da formação de

professores uma dessas ideias... Autores actuais como Schön e Zeichner ...

tentam explorar modelos de formação de cariz reflexivo” (Alarcão, 1996). Qual

será então o fenómeno social ou outro que está na origem de um tal interesse. É

uma nova concepção de homem? Tratar-se-à de satisfazer necessidades? E

quais? Como refere Patrício: “De que homem vai precisar o mundo no futuro?

A organização da educação para o futuro vai ser decisiva, porque a educação é,

na integridade, a própria edificação humana do homem....” (1993). Encontramo-

nos perante novos modos de vida cujos objectivos permanecem ainda por

determinar? Que contingências sociais, económicas, culturais justificam uma

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formação especial para professores/educadores? “Quelle formation concevoir

pour les enseignants, afin qu’ils puissent s’adapter avec bonheur aux

exigences...En d’autres mots, quelle formation générale pourrait-t-elle permettre

de transcender les particularités?” (Bonboir:1989).

Será que o educador/professor não deverá desenvolver competências

especiais para o exercício da sua profissão? Ou todos podem ser professores

(como aliás se verifica no nosso actual sistema educativo)?

“Tudo, talvez porque as concepções, os percursos e as competências de

formação de que se parte, já não se adaptam minimamente à sociedade que

emerge e terão de ser ultrapassados por completo”. (Tavares, 1996).

De fato, a formação que deveria ser dada aos educadores supõe definido o

papel que se pretende que ele tenha. No que diz respeito à nossa época, impõe-

se uma dupla abordagem para a definição do papel do educador.

Numa primeira abordagem, o papel do educador e do professor, traduzir-

se-ia num saber, saber-fazer, sentir, ser em experiências e valores vividos e a

viver pelo educador/professor. Aqui pois, o papel do educador/professor está

essencialmente baseado no acto de educar tomado como comportamento típico

e ideal com todas as competências, orientações e valores que isso implica.

Numa segunda abordagem, confrontamos esta visão teórica do papel do

educador com as exigências da realidade, tal como elas se evidenciam no estudo

das situações de fato.(Frances Imbernon et Al.,1990:53-56).

1.2. PODEMOS CARACTERIZAR O BOM PROFESSOR/ EDUCADOR E COMO? A imagem do educador como pessoa que corresponde a um papel, isto é

encarregado de educar/ensinar, de formar, de orientar continua ambivalente.

Para uns, o papel do educador não mudou, porque a função permanece idêntica

a ela mesma (educação, formação, orientação); para outros se a função geral

permanece a mesma, na prática, o papel mudou, em função das exigências

presentes e portanto, das tarefas a realizar. É finalmente em relação a uma

determinada perspectiva do papel do educador que se poderão distinguir três

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alternativas na caracterização do “bom educador” e por este mesmo facto

determinar as condições da sua avaliação: as características da sua

personalidade, as competências (de ordem diversa), os estilos de ensinar, tudo

isto subjacente à definição de uma função concebida na perspectiva de

objectivos a desenvolver e que é necessário especificar.

Os traços característicos da personalidade que permitem distinguir,

segundo os defensores da teoria, aqueles que serão os “bons educadores”

daqueles que se pode esperar com uma certa probabilidade que sejam “maus” no

plano das “performances “ de ensino/educação com tudo o que isso implica,

constituiu durante anos um campo de estudo; procedeu-se à elaboração de

questionários, ou de provas temáticas que se aplicavam aos

educadores/professores para caracterizá-los, e fazer a sua confrontação com o

modelo. Os “bons” eram-no em referência a certos critérios-opinião dos

“inspectores” e directores da Escola, da própria Administração (Cunha:1993).

A tênue relação, frequentemente duvidosa ainda, entre os traços de

personalidade do educador e a sua produtividade profissional veio suscitar o

questionamento da própria concepção de educação ou da intervenção

pedagógica que servia de base teórica a este género de estudos.

À caracterização do bom educador pelos traços de personalidade, substitui-

se pois o treino das competências.

O educador é um ator social em grupos sociais, um ser de comunicação.

Há pessoas mais dispostas para o trabalho individual, para a relação

privilegiada com pessoas individuais, enquanto outras são pessoas

essencialmente «sociais». Tais características pessoais são, quer facilitadoras,

quer inibidoras, quer mesmo contra-indicadas. Falar de personalidade ideal dos

professores e educadores deveria talvez deixar lugar à identificação de certas

contra-indicações.

Estas levam-nos a pensar espontaneamente em atitudes, construídas sob

medida, se assim nos podemos expressar, que permitiriam ao educador intervir

de forma adequada em relação aos objectivos da educação, de forma tão eficaz e

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completa quanto possível. Tendo em conta a diversidade das disciplinas, dos

níveis, das situações físicas e culturais... que tipo de competências devemos

encarar para caracterizar os educadores e portanto, para fazer a sua avaliação?

Uma terceira alternativa na caracterização do “bom educador/professor”

baseia-se nos estilos ou modos de educar, reflectindo mais ou menos fielmente

uma prática, que teria os seus limites numa situação muito particular ( na escola,

na região ... ).

Mas como generalizar então a partir dos resultados recolhidos por aqui e

por ali, e elevar-se ao nível de princípios universalmente válidos (tempo e

espaço)?

Caracterizar o” bom educador/professor”, avaliá-lo, supõe a percepção

duma relação, na qual temos de situar o educador/professor.

Uma análise do processo ensino/aprendizagem revelaria ao observador que

o educador é ele mesmo elemento dum sistema: ele vive uma relação entre

pessoas, tal como os alunos, os colegas, os superiores, os directores, com quem

tem contactos ou trocas muito particulares; ele vive também uma relação com o

contexto, isto é, com o meio: instituição escolar, sistema adoptado,

enquadramento social e cultural. Assim, pois, para além dos princípios, o bom

profissional não pode ser definido no absoluto. É pois no seio de uma relação

pedagógica que se identificarão os critérios de eficácia do educador e no

concreto das situações que se encontrarão os sinais particulares ou

comportamentos que pertencem às diversas categorias de variáveis

significativas ou pertinentes a partir das quais se pode proceder a uma

verdadeira avaliação.

Em síntese e como diria Cunha (1993): “.... o conceito de Bom Professor é

valorativo com referência a um tempo e um lugar.... é comum entre os

professores a existência de valores do «dever-ser ...», [esta] ideia ... presente nos

professores e nos alunos é socialmente construída, na medida em que é fruto da

sociedade que a produz”.

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1.3. FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/EDUCADORES. COMO? Se não sentirmos necessidade de definir o “bom educador” na relação que

é preciso estabelecer com o sujeito, num enquadramento particular, uma só

alternativa resta possível; consiste em refugiar-se no conceito de atitude inata de

ser bom educador (nasce-se bom educador, mas não nos tornamos bons

educadores). Segundo esta concepção que não cessou de marcar a pedagogia, o

período de preparação dos professores decorre fundamentalmente num período

de espera e de exercício em que está presente a revelação de algo, tanto para o

estudante, futuro educador, como para o seu formador (pedagogia atentista). O

futuro professor procede de forma a que se revele nele talentos comummente

admitidos como indispensáveis à profissão de educador e que, escondidos,

pedem apenas uma situação favorável à sua revelação; o formador espera ele

próprio que apareçam os talentos do seu aluno, futuro educador, a fim de poder

efectuar uma selecção dos que são eleitos em função de uma grelha de que se

ignora a origem e sobretudo, a justificação transmitida de geração em geração

ou introduzida mais ou menos recentemente nas instituições de formação. Isto

quer dizer que a “espera” duma revelação de talentos escondidos e a relação que

se seguirá falseiam o sentido e o poder atribuído a toda a intervenção que

visaria desenvolver e construir atitudes bem definidas em termos

comportamentais, por outras palavras competências.

Face a esta concepção estática da formação de educadores existe uma

outra, mais dinâmica, baseada na construção racional da aptidão, da capacidade,

da competência. Efectivamente uma sociedade em mudança como a nossa, a

dinâmica de formação dos educadores e professores tem que ser outra que lhes

permita adaptarem-se às mudanças e mesmo reconverterem-se para fazer face ao

imprevisto (Tavares, 1996). Na medida em que o educador é percebido como

uma pessoa encarregada de organizar, numa classe, uma situação de relação

intervindo sobre os factores em presença, com origem das inter-relações e

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interacções no mundo que o rodeia ( pessoas-contexto pedagógico ... ), o papel

do educador releva de uma concepção de educação que vê nela uma Ecologia,

“sobretudo devido ás relações interactivas entre os diversos factores, sendo um

deles a adaptação de indivíduo” ... Quando a adaptação se efectua (quando os

objectivos se realizam) isso significa que os factores de que ele depende

permitiram no seu conjunto um funcionamento harmonioso, quando as

condições exteriores são perturbadoras ... é porque a natureza teve a

possibilidade de utilizar compensações reinstaurando um sistema de

funcionamento normal...” (Cró:1991). Nestes casos a construção de

competência insere-se ela própria no quadro das preocupações tecnológicas e

ecológicas. Com efeito:

a) a definição da tarefa do educador e dos pré-requisitos para esta tarefa, é um primeiro processo na descrição da análise da competência a construir;

b) a intervenção do formador tem como finalidade permitir a

organização das condições óptimas que conduzem à identificação das competências e à sua consolidação.

2. CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS

2.1. QUE É UMA COMPETÊNCIA? COMO SE CONSTROI?

Embora haja alguma dificuldade em definir o conceito, dadas as inúmeras

acepções com que é utilizado a propósito de várias realidades, a verdade é que

já em 1978 Sundberg et al. o definem como sendo “... uma habilidade cognitiva,

capacidades interpessoais ou sociais, objectivos para programas educativos ...”,

isto é, uma competência seria um conjunto de características pessoais que

implicam conhecimentos, capacidades e atitudes que corresponderão a

desempenhos na prática profissional.

O significado que ora mais interessa é o de competência em educação.

Como refere Ralha Simões, (1995: 152-155) apoiando-se em Estrela, (1990);

Piper e Houston (1980), o conceito é utilizado em educação de uma forma

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generalizada e abusiva e com acepções diferentes. Só no final dos anos 60 a

palavra aparece ligada à formação de professores. Em 1974, Nodlings refere que

“uma teoria sobre a competência seja a sua aplicação à educação a outro

domínio, é sempre uma descrição idealizada da organização mental subjacente

ao conjunto de comportamentos que não se espera encontrar em nenhum

indivíduo concreto, mas uma situação ideal”. Short (1985) procura clarificar o

seu significado identificando quatro concepções comuns de competências com

diferentes tipos de significações. A primeira refere-se a comportamentos

específicos ou desempenhos e deve ser concebida como apreensão ou realização

de coisas precisas e mensuráveis. Então competência é comportamento.

A segunda acepção em que o conceito é utilizado relaciona-se com o

domínio dos conhecimentos e de capacidades (skills). Visto desta forma uma

intervenção educativa competente implicaria face a uma determinada situação

escolher as formas de educação mais apropriadas em função de determinados

objectivos ou intenções.

Ainda para Ralha-Simões (1995) a competência não deve ser encarada

como um comportamento ou um desempenho, como aliás foi concebida na

década de setenta, não podendo reduzir-se a competência a aspectos isolados da

personalidade do indivíduo. Estrela (1991) atribui ao conceito um sentido mais

abrangente e diferente do treino de skills. É antes um conjunto de

conhecimentos, saberes-fazer e atitudes que são indispensáveis para definir o

professor competente.

O conceito de competência, como vemos, na formação dos professores e

dos educadores tem sido usado de modo ambíguo e genérico (Borich: 1979;

Medley: 1985), e segundo este último a competência em sentido estrito pode ser

reservado aos casos em que pode ser determinada a relação entre o

comportamento docente, o desempenho do professor e os resultados dos alunos.

De qualquer forma passando em revista os investigadores quer nacionais

que se ocuparam deste assunto: Alves, 1991; Carrilho Ribeiro, 1989; Estrela,

1990; Rodrigues Lopes, 1991; quer os estrangeiros: Borich, 1979, 1986; Piper e

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Houston, 1980; Medley, 1985 ...; o conceito esclarece-se sobretudo ao nível das

implicações de competência do professor. Por outro lado, apesar da controvérsia

que a noção gera fica-nos a ideia de que uma preparação dos professores e dos

educadores quer em formação inicial quer em formação contínua e permanente

ao longo da sua carreira é uma tarefa complexa.

A manifestação actual em favor do movimento de construção das

competências abre um longo debate sobre a formação a dar aos futuros

educadores. Gostaríamos de evocar alguns dos aspectos implicados neste

debate.

2.2. NO PLANO DOS PRINCÍPIOS

Os defensores duma formação dos educadores baseada na construção de

competências proclamam a necessidade de assegurar o que se pode considerar a

“credibilidade científica do educador”. Nós diríamos a credibilidade

profissional do educador ou do professor, ou seja a credibilidade profissional de

uma prática esclarecida pela ciência. De facto o professor não é um cientista.

Aproxima-se dele quando aplica um processo científico na sua intervenção

educativa. Podemos então considerar diversos níveis que fundamentam essa

credibilidade.

a) nível prático, empírico, validado pelos resultados obtidos na sua acção

educativa,

b) nível de inspiração prática: integração dos conhecimentos e concepções

novas, que resultam da investigação, nas aplicações quotidianas da

intervenção pedagógica,

c) nível do professor/educador-investigador na sua própria acção.

De qualquer forma os que defendem uma formação baseada na

construção das competências são profundamente cépticos em relação à

concepção inatista das competências em geral e da competência para o educar

em particular, e assim o novo formador do educador construir-se-à numa

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confrontação pessoal com os dados da investigação teórica e da investigação

aplicada garantindo a seriedade e a solidez dos conhecimentos do educador.

Um segundo princípio tem a ver com o clima emotivo que caracterizaria a

relação comunicacional entre as pessoas implicadas no processo

ensino/aprendizagem.

A nova fórmula de preparação dos educadores põe a tónica

particularmente sobre o processo de desenvolvimento pessoal que o

estudante, futuro professor, deverá impor-se, a fim de adquirir

progressivamente uma maturidade emocional indispensável ao

afinamento contínuo das relações professor/alunos. (Kohlberg e Mayer,

1972; Sprinthall e Thies, 1983).

A produtividade pedagógica do educador, como a dos alunos, depende

deste clima afectivo que ele poderá proporcionar ao grupo e da

qualidade das relações interpessoais que se estabelecerem

(Tavares,1996: 53).

A competência para educar é apresentada como uma aprendizagem da

autonomia profissional e pessoal que implica uma interiorização das

responsabilidades inerentes às tarefas do educador. Enquanto os antigos

métodos preparavam os professores através de actividades

essencialmente dirigidas e impostas de fora ( directivas ministeriais ou

outras a nível Nacional ou Regional ), a nova fórmula procura iniciar o

futuro educador a tornar-se o “educador” do seu “programa”, das suas

estratégias, das suas actividades, numa palavra do seu ensino. Se ele

pode contar com a equipa de colegas, com a tecnologia moderna à sua

disposição, é precisamente antes de mais para melhor aprender a

observar-se a si próprio, a decidir por si próprio a avaliar-se a si próprio

a propor afinamentos que entende necessários para reorientar a sua

acção educativa, isto é, a fazer uma auto-formação.

Os princípios assim formulados deixam uma grande latitude de

interpretação em função da concepção em curso. Importa assegurar o aspecto

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operacional dos princípios enunciados, tendo em conta o papel que terá o

educador ou o professor.

Se admitirmos que os educadores de hoje são confrontados diariamente

com o problema da avaliação formativa (avaliação de si próprio e dos seus

Alunos) será necessário que examinemos então o que se requer dos educadores

para que desempenhem tais funções (avaliadores) e em seguida que

modalidades de preparação ou de formação serão adequadas ao desempenho de

tais funções.

Assim sendo a sua formação deveria ter em conta:

a) Conhecimentos

- um conjunto de informações, como por exemplo sobre os modelos

educativos existentes; potencialidade de linguagens diversas; tecnologias,

etc.

- conhecer o conteúdo do que se quer transmitir ( a disciplina e a sua

epistemologia);

- conhecimento dos sujeitos a educar (psicologia geral e diferencial,

características e leis do desenvolvimento);

- conhecimento das leis de aprendizagem;

- conhecimento da relação dos sujeitos de diferentes idades com as

aprendizagens específicas que devem realizar;

- conhecimento das componentes das situções educativas e das leis das suas

interrelações, nomeadamente a nível sócio-afectivo.

b) capacidades e competências

- capacidade de análise das situações educativas;

- capacidade para planificar a acção, tendo em conta essa análise, e aplicando

os conhecimentos teóricos adequados;

- capacidade para pôr o plano em execução e de o concluir avaliando a

progressão e reajustando trajectórias (colectivas ou individuais),

modificando as condições do meio, quando isso se justifica.

c) - qualidades pessoais

- capacidade de comunicação;

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- capacidade para ouvir e para uma observação empática;

- capacidade para aceitação incondicional do aluno, dos colegas, dos

parceiros com diversas funções;

- aptidão para a responsabilidade sem autoritarismo,

- flexibilidade; criatividade: visão original dos problemas das soluções etc.

Por outras palavras a formação implica pois o saber, o saber - fazer, o poder

fazer (competências), o ser pessoal.

2.3. QUE COMPETÊNCIAS CONSTRUIR?

Um breve estudo centrado na concepção da formação em competências

permitir-nos-á circunscrever no seu conjunto, o problema relativo à concepção

duma formação de professores e educadores fundada na construção de

competências. Trata-se sobretudo da natureza das competências a construir:

- É possível precisar ou especificar os domínios (funções, tarefas,

actividades) nos quais poderia desenvolver-se uma competência de

ensino/educação?

- Em que medida a análise das tarefas da educação derivadas da função

do educador determina a identificação das competências?

Por exemplo numa certa experiência de formação, as competências

situam-se nos seguintes domínios: definição dos objectivos de

aprendizagem, selecção e uso de materiais pedagógicos, adequação

meios-objectivos, afinamento do comportamento dos alunos, da

atitude do educador ou dos meios utilizados em função dos resultados

registados.

- Podemos definir os critérios de uma competência de ensino

constituída?

É preciso situar os critérios propostos em relação a uma taxonomia

em função do qual esses critérios são concebidos (isto é por exemplo

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os critérios do saber, da relação afectiva e do saber fazer que evocam

bastante a taxonomia de Bloom).

Estas questões devem ser equacionadas de acordo com as

expectativas actuais sobre educação (expectativas essas que evoluem

com o tempo como foi referido no início), de acordo com os meios a

utilizar, os quais são em simultâneo reflexo e condição das práticas

em uso na comunicação, fora do ensino e das tecnologias disponíveis

e que se renovam sem cessar ao serviço da comunicação e da

descoberta do saber: manuais, meios audiovisuais, informática e

outras tecnologias que podem ajudar o educador/ professor e tornar

mais eficaz a sua acção. Mas é preciso saber quando utilizá-las, pois

nem sempre a sua utilização é sinal de eficácia, é preciso saber se elas

se adequam a tal objectivo, em determinadas circunstâncias e para

aqueles alunos, isto é, se elas permitem ou não a optimização da

acção educativa.

Em última análise, parece interessante estabelecer um nível de coerência

entre o tipo de informações recebidas pelos educadores em formação e os

princípios de base da formação baseada na construção de competências.

3.CONTINUIDADE NA FORMAÇÃO OU FORMAÇÃO CONTINUADA

3.1. PROBLEMA DA EDUCAÇÃO PERMANENTE DO EDUCADOR E DO PROFESSOR

A óptica construtivista das aptidões para o ensino/educação tende a

promover novas políticas do ensino visando uma adaptação quase permanente

dos sistemas de ensino com a evolução filosófica, económica e tecnológica das

sociedades. Até aqui, distinguiam-se normalmente dois períodos na formação

dos educadores: a Formação Inicial completa, que preparava intensamente para

as actividades de ensino e as reciclagens para períodos de crise (cf. Lançamento

do ano Zero (Preliminar) ou a implementação oficial da rede Pré-Escolar em

Portugal. Foram feitos cursos intensivos a professores da primária, na altura,

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para desempenharem as funções de educadores, dado que não os havia em

número suficiente para ocuparem os lugares da rede pré-escolar oficial que

foram entretanto abertos pelo Ministério da Educação), carência inicial grave,

mudança rápida e profunda dos conhecimentos e atitudes, que faziam apelo a

ajustes e soluções de urgência. Hoje esta distinção clássica já não existe.

A ideia de continuidade na formação, ao longo da carreira do educador está

cada vez mais difundida. Deve preconizar-se uma continuidade orgânica na

formação, desde o começo dos estudos até ao fim da carreira: a “Formação

Contínua” seria assim integrada na actividade do Educador e permitiria formas

variadas e diferentes segundo o contexto (Tavares,1996: 23).

Podemos então pôr em execução mecanismos de optimização das

qualificações dos educadores/professores tendo em conta diversas categorias:

- os antigos educadores que, trabalhando há já muito tempo, não puderam beneficiar duma formação completa;

- os novos na profissão que têm necessidade duma iniciação para

situações reais do mundo do ensino; - aqueles que devem aperfeiçoar-se em domínios específicos onde

foram introduzidas transformações. Para assegurar esta continuidade de formação, seria preciso encarar uma

reorientação do sistema de formação e um desenvolvimento consideráveis de

suporte profissional para oferecer aos professores/educadores.

A continuidade da formação fará provavelmente eclodir ou alargar os

locais de formação. A ideia de uma formação superior ao nível de licenciatura

para todos os professores e educadores, ganha cada vez mais terreno .... Mas a

vontade de realçar o prestígio científico e social do educador não se opõe à

diversificação dos locais de formação. Se se quer que o educador e o professor

beneficie de conteúdos e de métodos de formação suficientemente variados,

será necessário uma abertura a instituições de formação diversas e

especializadas que assegurem o domínio da pedagogia das diversas disciplinas

do currículo de formação. Terá de ser uma política obrigatória se quisermos que

o educador/professor não seja votado ao isolamento da formação tradicional,

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ampliando as suas possibilidades, pondo-o em contacto com centros de

investigação, com escolas-laboratórios autónomas que ao lado das instituições

de ensino superior (Politécnicos e Universidades) reconhecidas como lugares de

aquisição de uma cultura e de um método científico, deveriam permitir ao

professor/educador uma verdadeira autonomia nas suas futuras tarefas.

Trata-se de formar pessoas “abertas” à mudança, mas o que é que isso

implica delas e da formação a dar-lhes?

3.2. PROBLEMA DA PROSPECTIVA EM EDUCAÇÃO

Ao nível de uma estratégia educativa global (planificação, programação), a

prospectiva deve servir para prever racionalmente: problemas, situações e

soluções para um futuro bastante longínquo. Hoje, por exemplo, perguntamos o

que será o ensino no terceiro milénio. Isto quer dizer que a formação dos

educadores e professores apela a um estudo prospectivo, tendo em conta a

complexidade dos problemas do contexto actual, com crises de ordem diversa,

com conflitos etc. Mas nós sabemos bem que erros podem seguir-se a uma

“predição” para nos interrogarmos em que é que fundamentalmente se distingue

a predição da previsão.

É necessário, no entanto, distinguir e precisar bem o que é:

- predizer a longo prazo e médio prazo, que não é naturalmente a previsão

do prático(professor ou educador), mas da Administração Central. Em todo

o caso confrontamo-nos com uma impossibilidade: a da probabilidade e a

modificação dos efeitos que teriam permitido estabelecê-la.

- prever a curto prazo ou no imediato - baseia-se na relação causa - efeito.

Sabendo que modificando a causa modificar-se-á o efeito.

Para o educador/professor a previsão faz-se a curto prazo, representando-

se os efeitos possíveis a longo prazo: intervêm-se hoje para ter efeitos

imediatos, duráveis, que o próprio educador/professor requer amanhã e toda a

vida (visão prospectiva: o homem de amanhã).A observação e a avaliação são

contínuas.

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Predizer ao longo e, mesmo a médio prazo ou a relativamente curto prazo,

significa que se espera tal situação possível, com verosimilhança, apresentando

um grau de probabilidade mais ou menos elevada... desde que as situações ou

tendências presentes permaneçam o que são no momento da predição. Ora os

factores constitutivos do mundo de hoje estão longe de serem estáveis. Nações,

grupos, comunidades ou indivíduos são afectados pelas suas modificações mais

ou menos bruscas que se poderiam esperar ou totalmente acidentais. Isto não

quer dizer que não haja nenhum lugar razoável para a planificação, para os

projectos. Importa que as pessoas implicadas na planificação global da situação

educativa e os Professores/Educadores que planificam o ano Escolar, a semana,

o dia sejam capazes de assinalar o que é interveio e perturbou o

desenvolvimento do plano estabelecido; que sejam capazes de tomar as medidas

pontuais ou mais globais que garantam a possível realização dos objectivos

inicialmente fixados, que sejam capazes da avaliação contínua dos resultados,

dos processos, ou dos desenvolvimentos progressivos e, também das situações

de que aqueles são o resultado. Predição ou visão perspectiva integram-se numa

lógica que preside à continuação sob o ângulo adoptado ou à revisão se é ainda

tempo de reorientar a acção.

Prever é precisamente entrar nesta lógica pela via da avaliação condição -

existente - efeito esperado, uma acção reflectida, com flexibilidade suficiente

para entrever as possibilidades abertas, justificadas. O Professor/Educador é

obrigado a isso, e esta é uma das competências que é preciso adquirir: apreender

os problemas quando eles se nos impõem ou pressenti-los, analisá-los para

situar a dificuldade ou o conjunto de dificuldades, emitir hipóteses susceptíveis

de lhes responder, escolher a que parece ser melhor, executá-la. Testá-la, avaliar

a nova situação para novamente lhe fazer face. Prospectiva, planificação,

projecto implicam o domínio dos processos intelectuais, aqueles que o professor

/ educador desenvolver nele, devendo, também desenvolvê-los nos seus alunos

( problema da formação intelectual geral enquanto objectivo).

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3.3. DIRECTIVIDADE; AUTONOMIA. UMA VISÃO DA ESCOLA

Será também preciso fazer um exame muito bem fundamentado das

diversas críticas de que a Escola de hoje é objecto. Há um movimento para a

desescolarização, recusa de diretividade ... . É necessário precisar as noções de

“descolarização” e “não diretividade”, porque se aprofundarmos o problema:”

diretividade” “não diretividade”, “participação dirigida”, estas noções não são

exclusivas umas das outras: têm os seus momentos, de acordo com o

desenvolvimento da criança e de acordo com as aprendizagens a realizar. São

também estilos de comportamento, maneiras de funcionar dos professores e

educadores em relação às crianças. Estas noções fazem parte de uma longa

visão da Educação que vem desde Ilich. Estes conceitos valem, quer para a

metodologia na Escola ou Jardim de Infância, quer para os futuros profissionais

e são também competências a instaurar em relação a tudo o que lhes é imposto

ou proposto. É preciso situar as principais reivindicações na evolução geral das

ideias e enfim tentar imaginar, através de análises racionais, as transformações

que se impõem no papel que a escola é chamada a jogar na educação.

Parece que a escola não deve morrer ainda, mas que deve aceitar que o seu

papel e a sua tarefa sejam profundamente modificados.(Cosmopolus,1987).

Modificação do papel da Escola, modificação das relações e dos métodos

pedagógicos, tal será a regra . Cada vez mais se afirma o modelo sistémico em

que a relação objectivos-meios-resultados no seio de situações com

comportamentos em interacção e que serve de quadro metódico de intervenção.

O desenvolvimento desta relação pretende que se tente optimizar cada

componente em função do conjunto para obter uma produtividade máxima neste

conjunto. Mas esta preocupação não teria efeitos benéficos senão num esforço

de integração de todos os aspectos da educação. De facto, a relação objectivos,

“input”, tratamento, resultados, ajustamento, faz do ensino e da educação uma

ecologia (dinâmica transacional) no pleno sentido da palavra. Evidentemente

que esta tarefa não será realizável sem uma incidência na investigação, por um

lado e sobre a prática pedagógica, por outro.

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Compreender-se-à pois claramente que as transformações do papel da

escola e dos métodos pedagógicos têm de ser acompanhados de uma

modificação do papel do Educador e do Professor.

Para optimizar a produtividade do sistema no qual o educador se

empenhou, deverá ser primeiro resolvida uma alternativa: ou ele aceita manter a

integridade de um saber pré-estabelecido e fazer um ensino/educação standard

ao qual todos os alunos têm de adaptar-se indistintamente sob pena de se verem

rejeitados; ou então aceita centrar a sua atenção no aluno, (este obtém então

prioridade em relação a um saber instituído em valor absoluto), a fim de o

estudar, de o conhecer e de o colocar em situações valorizantes, em que será

possível aplicar estratégias e meios que melhor lhe convêm. Mas também sobre:

- si próprio, professor ou educador que tem uma determinada personalidade,

determinadas competências e que por causa disso mesmo é capaz de uma

determinada intervenção, excluindo aquelas que são inapropriadas para si.

- o tipo de relação que alunos, sujeitos singulares (que têm evidentemente

pontos em comum, mas naturalmente também diferenças individuais) e

professores ou educadores ( eles próprios sujeitos singulares) são capazes de

em conjunto levar a bom termo.

Perspectiva-se então que, nesta segunda possibilidade, a optimização do

sistema fará apelo ao professor/educador de melhor qualidade possível e cuja

função se situará a níveis tais como os seguintes: promoção do desenvolvimento

afectivo-relacional e social dos alunos, formação dos conhecimentos e dos

poderes do aluno, cooperação com outros adultos.

Prever o que será o educador, os métodos... não basta.

A prospectiva, diz-se, quer prever e não prover. Ela apela pois à

planificação ou pôr em execução meios susceptíveis de influenciar o curso dos

acontecimentos, nos quais se percebem as relações. Este projecto ou este pôr

em marcha constitui, de facto, uma explicitação das decisões face ao conjunto

dos problemas a planificar. Mas as decisões de planificação na formação dos

professores/educadores não supõem uma opção de princípio que as fundamente

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e as justifica? Depois da definição do papel do educador, importa

pronunciarmo-nos sobre o tipo de formação em concordância com o papel

reconhecido ao educador de hoje e de amanhã.

Face ao que acabamos de evidenciar parece podermos concluir que a

formação de professores/ educadores terá de mudar num esforço de adaptação à

nova sociedade emergente, face ao novo papel que a escola é chamada a

desempenhar. Acompanhando este esforço de renovação têm, naturalmente, que

ser alterados os métodos pedagógicos e os sistemas de relações entre os vários

intervenientes do sistema, preconizando, assim, novos modelos de formação.

Se antes poderíamos denominar de bons os professores em função dos

traços de personalidade, agora será bom educador aquele que desenvolver

determinadas competências, o que implica muito mais que um mero treino de

skills – é antes um conjunto de conhecimentos, saberes – fazer e atitudes

indispensáveis para definir o professor competente. Essas competências permitir

– lhe – ão desenvolver a sua intervenção com eficácia, tendo em conta a

optimização do desenvolvimento dos seus alunos e da sua própria acção.

Numa sociedade em mudança como a nossa, a dinâmica de formação dos

professores e educadores tem de ser aquela que lhes permita adaptarem-se às

mudanças e reconverterem-se face ao imprevisto.

Nesta perspectiva, a formação deverá contemplar: a interiorização de

conhecimentos científicos indispensáveis, quer sobre os modelos educativos,

quer quanto aos conteúdos, quer quanto às diversas linguagens, incluindo a

tecnológica; o conhecimento dos sujeitos a educar, etc.; desenvolvimento de

competências e capacidades das situações educativas, da planificação da acção

com adaptação dos conhecimentos teóricos adequados, da execução de um

plano e respectiva avaliação da sua execução; desenvolvimento de qualidades

pessoais que lhe permita comunicar, ouvir, aceitar incondicionalmente o outro (

quer sejam os alunos, os colegas, os superiores, etc.), sentido de

responsabilidade sem autoritarismo, flexibilidade, criatividade.

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Enfim, a formação visará formas pessoas abertas à mudança ...

Em síntese, na formação de professores/educadores perspectiva-se uma

acção a dois níveis: acção dos formadores de professores, formação de futuros

professores, ou de formadores em serviço, ou seja formação de pessoas para a

educação, isto é, para a intervenção.

Esta formação deve conduzir a uma intervenção optimizadora quer para

os professores quer para os alunos, pelo que deve ser passível de uma avaliação

rigorosa, objectiva, sendo necessário que primeiro se defina a formação, para

depois a operacionalizar.

São estas dimensões que queremos privilegiar nos pontos que se seguem.

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II OPÇÃO PELO DESENVOLVIMENTO DO SUJEITO NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES/EDUCADORES

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Por princípio a formação dos educadores e dos professores deverá ser a

que fará deles aquilo que esperam os sistemas educativos de hoje, ou seja, tem a

ver com a concepção de educação, de pedagogia etc., face a uma certa

concepção de homem e de sociedade.

Reportar-nos-emos a testemunho literários, a teorias ou a investigações

efectuadas se queremos clarificar os corpos de ideias características de hoje, e

ter expectativas em relação ao educador/professor.

O nosso estudo compreenderá então três grandes focagens: A primeira

tratará dos objectivos de formação dos educadores, a segunda será baseada no

problema da avaliação das aprendizagens pelos educadores; a terceira abordará

o problema da sua formação em função do seu papel incluindo o de avaliador.

1. OBJECTIVOS DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/EDUCADORES

Assegurar os valores que o homem hoje procura: jamais o desejo de liberdade e

vontade de libertar os sujeitos foram afirmados como hoje, com tanto vigor

como nos nossos dias. Até aqui o homem sentia-se subjugado pela natureza,

pela sociedade e as suas pressões. Quanto mais o homem aspira a ser ele

próprio num mundo que ele crê ser convidado a construir. ... a mudança

incessante do meio é aceite como condição indispensável para ele afirmar a

sua pessoa, os seus poderes de exploração, de observação e de construção.

Deve facilitar-se ao educador esta tomada de consciência do seu valor

profissional, de lhe fornecer meios e instrumentos de acção e uma formação

sempre contínua e continuada para além da inicial.

1.1. PROBLEMA DA AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES

Avaliar um educador supõe que seja explicitado o que é esperado dele, isto é, as

tarefas de um educador de que ele próprio será avaliador. Se o educador se

define como aquele que, para um determinado fim, tem de realizar objectivos

definidos, avaliar as aprendizagens que os seus alunos fazem com ele e

graças a ele, então será preciso avaliar também a sua acção de avaliação. À

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partida ter-se-à o cuidado de precisar o sentido de avaliação “ formativa “

integrada nas aprendizagens, a fim de melhor situar os aspectos do

ensino/educação sobre os quais fundar a avaliação, a inspecção e selecção

dos educadores (Barbier,1985).

1.2. PROBLEMA DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES

Esta formação far-se-à em função de tarefas esperadas, diríamos. Será

essencialmente questão de considerar as competências de ordem diversa que se

separam da análise das próprias actividades do educador.

A formação será a mais humana possível, a fim de oferecer à sociedade

uma geração de educadores que responda adequadamente às expectativas do

homem de hoje. Donde os seguintes aspectos:

a) formação intelectual pondo a tónica nas competências de ordem cognitiva

b) formação social, pondo a tónica na aquisição das competências de

ordem afectiva, de colaboração, de cooperação e de trabalho em equipa.

c) formação para a auto-formação, pondo a tónica nas qualidades de

organização, de estruturação, de invenção e de criatividade.

Sem dúvida que a formação dos educadores é uma resposta à questão:

como educar?, mas para além desta questão há uma outra “para quê educar?”. E

o papel do educador define-se então: é aquele que, com todo o seu empenho,

toda a sua vontade, toda a sua arte e toda a sua competência, trabalha na

realização de um projecto educativo com a ajuda daqueles que também estão

implicados e aproveita os recursos materiais ou tecnológicos e humanos

susceptíveis de tornar o processo pedagógico mais eficaz e optimizador.

“Trabalhar a partir das potencialidades dos aprendentes numa dinâmica de

pesquisa, de estudo de reflexão... [é] o caminho a seguir para uma

aprendizagem ... de excelência.” (Tavares,1996: 48).

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Abordaremos a questão da formação dos educadores e professores, tendo

em conta qual a sua função, tentando ultrapassar a perspectiva limitada do

domínio dos meios para chegar à implicação no projecto em função do qual se

decidem os processos práticos.

Tentaremos, de qualquer forma, fornecer elementos de um projecto em

formação de educadores numa perspectiva de crítica positiva, e acentuaremos as

grandes operações que serão requeridas ao educador e ao professor/ educador

encarando-as numa óptica de construção de competências.

1.3. EXIGÊNCIAS PARA A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES/ EDUCADORES

O processo ensinar/aprender é complexo e implica que o educador e o

professor conheçam os seus mecanismos, o funcionamento, os factores, a fim de

que, por uma acção apropriada possa suscitar mudanças. A este propósito serão

formuladas exigências relativas à formação desejável para os educadores:

formação para uma actividade interdisciplinar do ensino, em geral, e formação

teórica e prática na perspectiva das especialidades de cada acção pedagógica em

particular.

PRIMEIRA EXIGÊNCIA: formação a partir da concepção de um ensino interdisciplinar e transdisciplinar.

A formação a partir das teorias do teaching não se confunde apenas com a

compreensão do processo de aprendizagem; essa formação será ao mesmo

tempo uma iniciação activa às actividades que desenvolvam o processo de

aprendizagem dos alunos. Mas é preciso inovar nessa formação, isto é, ao nível

duma interdisciplinaridade de facto e da transdisciplinaridade, dado que a

prática, essa, é inter e transdisciplinar por natureza e é na prática que o educador

e o professor realizam a sua intervenção educativa, que deve ser em princípio

optimizadora para todas os alunos e para a própria intervenção educativa.

Por isso o modelo integrado de formação de professores quanto a nós, não

é o ideal (Formosinho,1986) temos que ir para além desse modelo. Se na sua

formação, se na formação de educadores e professores não pusermos em prática,

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nós os formadores essa inter e transdisciplinaridade, não é possível que os

futuros profissionais, a ponham em execução. O que não se experiencia num

período de formação como este, ficará certamente lacunar para sempre na

formação. E o que hoje constatamos de facto na formação dos educadores e

professores na maioria das instituições formadoras é que os estudantes têm

acesso a saberes disciplinares, desgarrados, desconexos muitas vezes sem

relação nenhuma uns com os outros (Formosinho,1986), não sendo os alunos

capazes por si próprios de fazer a passagem para a interdisciplinaridade. Esta

terá de ser praticada pelos formadores. É uma tarefa difícil, mas não impossível

(Santos,1987). Implica uma total renovação dos métodos de formação de

professores e educadores, uma autêntica revolução de mentalidades dos

formadores. Será isso possível na viragem para o 3º milénio? Em nosso

entender ou caminhamos por essa via ou a “clientela” da escola e das

instituições de formação desaparecerá, desmotivada por uma escola e um corpo

docente que não soube adaptar-se à própria mudança dos tempos, da sociedade,

dos saberes e dos valores.

Além disso, ser capaz de medir os pré-requisitos das actividades e dos

resultados da aprendizagem será para o educador, uma actividade integrada na

acção; o processo ensinar/aprender, compreende uma dupla finalidade primeiro,

e, em seguida, deve-se fazê-lo funcionar procurando continuamente a produção

de mudanças no sentido do progresso, tanto no plano da qualidade, como no da

quantidade dos resultados, sendo a aprendizagem definida como “mudança”

positiva do comportamento. Mas como compreender o processo

ensinar/aprender, como fazê-lo funcionar? “Penso que a grande batalha da

educação e, consequentemente, nos diversos subsistemas de formação, no

ensino e aprendizagem, terá de travar-se ao nível, dos professores, das

estratégias, das tácticas numa palavra dos métodos”. (Tavares,1996: 48).

SEGUNDA EXIGÊNCIA: formação nas teorias e na prática da avaliação pedagógica

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Medir ao nível pedagógico implica a observação do processo

ensinar/aprender ao mesmo tempo que sugere vias de ajustamento pela melhoria

da acção de ensinar e, por consequência, do rendimento pedagógico dos alunos.

Assim é ultrapassado o problema espinhoso dos instrumentos de medida. O que

importa para o educador é encontrar técnicas variadas e apropriadas que lhe

permitam planificar o desenvolvimento dos temas a ensinar, de prever os

resultados em termos de objectivos comportamentais, de provocar as mudanças

desejadas e de controlar aquelas que estão em vias de aquisição (Cró,1994). A

particularidade desta avaliação contínua integrada na acção do educador e do

professor reside no facto de ele fazer apelo a três tipos de instrumentos de

medida: os testes diagnósticos para medir os pré-requisitos; os testes formativos

para avaliar a qualidade do ensino e aprendizagem e os testes somativos para

avaliar a “quantidade” das aquisições.

A utilização de instrumentos de medida, pelo educador, integrando

avaliação formativa requer pois, pelo facto da sua especificidade, uma formação

especial de educadores e professores que podem e devem utilizá-los em

circunstâncias particulares de aprendizagem e para fins bem definidos (Cró,

1990).

Compreender e aplicar a avaliação pedagógica, levanta grandes problemas

que mereceriam ser debatidos no programa de formação dos educadores, mesmo

se não há soluções disponíveis no imediato.

Um primeiro problema diz respeito ao objectivo do medir, mais

precisamente, o que desejamos nós medir no processo de aprendizagem? É

convencional considerar atitudes, conhecimentos, necessidades como

dimensões inseparáveis no processo de aprendizagem; mas são dimensões

distintas imensuráveis. O interesse que nós teríamos em medir cada uma destas

dimensões mostra talvez a importância que reveste a medida no processo de

aprendizagem. E o educador deve saber que a sua tarefa não se limita a “medir”

apenas os conhecimentos adquiridos, senão para acrescentar o rendimento dos

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seus alunos, a “medida” das suas atitudes e das suas habilidades deveria entrar

em linha de conta.

Um terceiro problema, não menos importante, será relativo à finalidade da

“medida” (sua utilidade). Quando o educador pretende “medir” uma

aprendizagem, o educador ou o avaliador deverá ter na mente o cuidado de

optimizar os progressos do aluno, por um lado, e as suas próprias competências

de ensino/educação, por outro lado (Cró, 1995).

TERCEIRA EXIGÊNCIA: avaliação de uma relação. Avaliação dos alunos, avaliação do

professor/ educador/. Formarmos os professores/educadores para intervirem na prática educativa

do quotidiano. Ora para que tal suceda o educador/professor tem que percorrer

diversas etapas (semelhantes à do médico quando diagnostica a doença e

intervém com a medicação adequada): conhecer o desenvolvimento do aluno,

seja através da observação livre, e, em nosso entender, (sempre) apoiado:

observar em instrumentos de observação.

Assim, o professor/ educador deverá:

• Observar o desenvolvimento de cada criança e do grupo, a fim de

decidir qual a melhor intervenção, avaliando também a sua própria

acção educativa;

• Planificar melhores intervenções em função do grupo e de cada

criança;

• Executar o plano de intervenção que melhor convém;

• Avaliar o feedback da acção para a reorientar se for o caso.

Assim sendo, a avaliação faz parte do processo educativo, do ato

pedagógico e naturalmente também deverá fazer parte do processo

formativo dos futuros professores/educadores.

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Se avaliar é uma função do educador em relação ao aluno, essa função não

pode deixar de ser também uma função do educador em relação à sua própria

acção.

Neste sentido quem fala de avaliação do aluno, fala em avaliação do

educador também. A avaliação dos professores/educadores (como as dos seus

métodos, dos seus programas ...) deverá ter as mesmas exigências que avaliação

dos alunos. Parece pois que a avaliação é uma operação que inclui os mesmos

processos, quer se trate dos alunos, quer se trate dos educadores. (Cró, 1996).

Para além do que atrás referimos, é fundamental ter em conta a avaliação

da relação as diferenças individuais (comportamentais, de aprendizagem e

comunicacionais) tanto nos alunos como nos professores que comunicam

através de um diálogo explícito ou implícito. A caracterização dos grupos é

fundamental: o que se entende por grupo? No mesmo grupo de alunos há os que

têm os mesmos objectivos, ou os que adotam juntos um certo modo de

funcionar. É preciso, pois, conhecer a psicologia diferencial ou comparativa dos

diversos grupos e também as diferenças individuais. A avaliação far – se – á

então em função dos tipos assim diferenciados.

Claparède, Buyse e Piaget falam da necessidade de formar

educadores/professores ao mais alto nível, o que lhes permitirá uma atitude de

reflexão permanente e actuar como experimentadores. Como refere Nóvoa

(1992) “ A formação passa pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de

novos modos de trabalho pedagógico ... A formação passa por processos de

investigação, directamente articulados com as práticas educativas”.

Só assim, os professores e educadores podem participar na construção do

seu conhecimento científico e pedagógico, na utilização desse conhecimento

para a resolução de problemas de prática. A atitude e actividade experimental

do educador/professor estão enquadradas no processo educativo. É por isso que

o fim último em Pedagogia tem por fim último a optimização do processo

ensino/aprendizagem (Cró,1996).

Avaliação dum Sistema Pedagógico

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Uma análise crítica das investigações contemporâneas sobre a eficácia dos

educadores/professores conduziu à constatação que a tentativa de apresentar um

modelo de ensino ou um modelo de educador/professor, como norma de

avaliação, conduziria a um insucesso, a partir do momento em que se

negligencie considerar o problema de avaliação como dependente de diversas

componentes (normalmente indissociáveis) que constituem um sistema

pedagógico. Neste sentido, métodos, alunos ou educadores já não devem ser

avaliados em absoluto, porque cada educador terá diante de si um grupo de

alunos, para os quais utiliza um método apropriado em função dum “programa”

preciso, com objectivos bem definidos para a realização de tal meio humano

(Bonboir,1972) .

Se o sistema pedagógico se apresenta então como “um conjunto de

elementos dinâmicos em interacção constante”, será lógico encarar o problema

da avaliação dos professores e educadores sob o ângulo duma abordagem

multivariada onde seriam analisadas diferentes variáveis nos seus múltiplos

aspectos. A avaliação poderá então apresentar alguma chance de objectividade.

A investigação pedagógica deve proceder de forma a que cada elemento a

avaliar encontre toda a sua significação no seio duma relação. A riqueza desta

relação aproxima-se do quadro dos comportamentos directamente observáveis.

Segundo Van Der Maren (1974) a semiologia do comportamento

pedagógico implica estudos, não se limitando apenas à observação de interacção

directa.

Uma visão clara dos objectivos da Educação

O problema da conversão dos enunciados dos objectivos da educação em

instrumentos de avaliação de valor operacional tem sido frequentemente um

ponto de fricção entre os que programam os cursos, e os que praticam a

avaliação. A maior parte dos “avaliadores” desejavam ver os “programadores”

deixar uma grande margem na definição dos objectivos, pensando que é a eles,

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avaliadores, que cabe, no quadro concreto do ensino, especificar os objectivos

em função das mudanças desejadas.

Que fazer? Chamado a todo o momento a avaliar a sua acção, o educador

deveria saber onde conduz os seus alunos, que fins deve desejar quer a longo

prazo, quer a médio e a curto prazo. Daqui a importância duma formação

pedagógica de iniciação a uma justa definição dos objectivos a ter em conta. É

preciso igualmente relevar a importância duma visão clara dos objectivos, em

função da escolha dos critérios de avaliação. A selecção destes critérios apoiar-

se-ia, em particular, na relação de coerência entre comportamentos de ensino e

de aprendizagem por um lado e sobre os objectivos fixados por outro lado.

Planificação em colaboração

Uma das vertentes essenciais da formação do educador/professor é o saber

planificar.

O educador é talvez o melhor colocado para planificar o desenvolvimento

das tarefas, já que é ele que dispõe de informações recentes e directas

relativamente aos alunos, é ele que conhece as áreas do desenvolvimento ou

devia conhecer, é ele que devia dominar os procedimentos e as técnicas em

relação a tal ou tal método. Estes recursos permitir-lhe-iam prever, racionalizar

a sua intervenção tendo em vista os objectivos imediatos e longínquos.

O Educador deve utilizar as informações sucessivas recolhidas das suas

intervenções, a fim de orientar a sua acção; isto é, explicitará os resultados da

sua educação, para pôr em questão permanente os progressos realizados pelos

alunos, os métodos em vigor e a sua própria acção (seria a avaliação contínua

do sistema pedagógico que ele próprio adoptou). Esta forma de permanecer

dono da situação do seu ensino será uma condição indispensável para o

estabelecimento e para o desenvolvimento das estratégias do ensino/educação.

É uma tarefa árdua. Certamente, demasiado árdua para uma só pessoa. Mas

a Escola de amanhã não conta apenas com “ um professor/educador e os seus

alunos”, terá de evoluir para assentar em novas fórmulas como a “equipa

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pedagógica”, verdadeira comunidade de educadores, com qualificações diversas

e variadas. “O grupo enquanto mediador de crescimento individual, permite o

aparecimento de formas de trabalho necessárias ao comportamento e ao

desenvolvimento de projectos ...” (Estrela,1986).

É precisamente isto que se deveria desejar em todos os sistemas educativos

: ver a função educativa cada vez mais largamente reconhecida, quer aos

indivíduos quer aos grupos competentes nos seus domínios (UNESCO, B.I.E.:1972).

QUARTA EXIGÊNCIA: A mudança pedagógica

O progresso em educação implica mudança pedagógica, um pôr

continuamente em causa, uma forma de interrogar os conteúdos da educação,

mas ainda e sobretudo das concepções, das estruturas, dos métodos. A

disponibilidade para a mudança é uma das qualidades exigidas ao educador.

Cada vez mais, vamos tomando consciência, que toda a reforma

pedagógica deveria começar ao nível dos educadores/professores. Numa crítica

cerrada à educação americana, R. J. Fisher, enumera uma quantidade de

respostas para resolver o problema da crise em educação: programas novos,

dispensas acrescidas, novos métodos de ensino, financiamento .... A despeito de

tudo a educação americana permaneceu tão confusa, rígida e frustrante, porque

os professores americanos não mudaram Fisher (1972). Montessori (1938) tinha

já tido um discurso semelhante: “Pour résoudre le problème de l’éducation, le

premier pas ne doit être fait vers l’enfant, mais vers l’adulte educateur”.

A prioridade será a formação dos professores/ educadores

Qualquer que seja a diversidade das tomadas de posição sobre educação, é

reconhecido, podemos dizê-lo, que o educador/professor permanecerá o guia da

educação, e de cada um dos seus alunos no que ele tem de estritamente

individual e nas suas relações com o grupo e cada um dos membros deste grupo;

esta educação é hoje concebida como condição, para todos e cada um, auto-

educação, auto-avaliação ou autogestão.

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Assim o educador é convidado a fazer prova de novas competências

requeridas, por objectivos novos. Estes expressos em termos de

comportamentos observáveis, redefinirão a sua função ... a do “educador”, no

sentido de que se têm novas exigências concretas. A função permanece, mas a

tarefa a cumprir é diferente globalmente e em detalhe.

As tarefas de ensino concebidas na óptica duma avaliação formativa, isto é,

integrada no processo de ensino, para assegurar uma gestão racional e científica

serão assim um dos objectivos da formação de professores/educadores.

Em resposta ao problema posto no quadro da aplicação, pelos professores,

dos objectivos da avaliação formativa, poderemos enunciar elementos para uma

estratégia de formação que corresponda a tais objectivos (tarefas do

educador/professor).

Podemos encarar três tipos de preparação que estão em vigor nas instituições

de formação de professores/educadores e que caracterizam as tendências que, em

nossa opinião, constituem a alternativa actual e perante a qual professores e

educadores deveriam pronunciar-se:

- A preparação fundada nos traços e atitudes que caracterizam o bom

professor/educador.

- A preparação fundada sobre as maneiras de ensinar (processo de ensino).

- A preparação fundada nas competências ou saber-fazer, a construir e a

desenvolver.

O movimento actual em favor duma formação de professores/educadores com

base na concepção de construção de competências é o seguimento lógico, o

corolário das teorias construtivistas da inteligência e das aprendizagens humanas.

Pensamos também que o educador/professor que é convidado a praticar a

avaliação formativa deve construir certas competências na sua formação para pôr

em prática essa avaliação. Estas competências melhorarão diversificando-se,

depois, ao longo da sua carreira de professor com uma formação contínua(da).

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III PARA UMA FORMAÇÃO ADEQUADA DOS PROFESSORES/ EDUCADORES

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1. NOÇÃO DE EFICÁCIA PEDAGÓGICA

É indispensável esclarecer a noção de eficácia, sobretudo se se trata de um

programa de formação de educadores/professores. Podemos falar de eficácia quer

a propósito do sistema pedagógico enquanto “instrumento” de uma mudança geral,

quer da intervenção do educador no seio do sistema, enquanto “agente

organizador” dos processos aí implicados, quer meios de realização concebidos no

sistema, mas susceptíveis de serem substituídos enquanto elementos facilitadores

ou inibidores da mudança.

Após algumas investigações, a noção de eficácia do educador/professor

(Short,1980;Sweeney & Manatt,1982; Mitzel,1960;Ryans,1960) parece articular-

se à volta de três pólos: os traços de personalidade, os processos ou formas de

educar, a relação entre competência e tarefas de ensino/educação. Procuraremos

abordar o conceito de eficácia do educador nesta tripla perspectiva e mostrar como

cada concepção pode orientar um determinado tipo de formação específico.

1.1. A EFICÁCIA DOS TRAÇOS DE PERSONALIDADE

Em Psicologia designa-se “traço de personalidade” uma qualidade

comportamental abstracta dos actos, atitudes e sentimentos de um indivíduo, e que

caracteriza a sua identidade e a sua continuidade através de uma diversidade de

comportamentos como:

“une chaîne de réactions que l’on peut reconaître en différents moments chez le même

individu, et en différents individus. Un trait constitui donc un trait d’équivalence. Des

groupements de trais élementaires en correlation constituent ce qu’on apelle un trai

profond” (Catell in Pieron, 1973).

Durante muito tempo acreditou-se que os traços da personalidade permitiam

distinguir os “bons” dos “maus” educadores/professores. Entre os estudos

realizados sobre esta matéria podemos apontar o de CHARTERS & WAPLES,

Commonwealth Teacher Training Study.

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No plano do método seguido damo-nos conta tal como Medley (1973), que a

noção de eficácia do educador tem origem numa mentalidade popular que os

próprios investigadores partilhavam, segundo a qual os “bons” educadores eram

aqueles que eram reconhecidos pelas crianças e pelos pais. Nesta perspectiva, o

investigador apenas tinha de inventariar essas características expressas pela

opinião pública. Assim sendo, eram tidas como características fundamentais:

- O comportamento na aula,

- A arte de educar (skill),

- A disposição para ensinar/educar (fitness for teaching),

- A erudição

- A habilidade para cooperar com os outros,

Este esforço embora louvável está cheio de defeitos de ordem metodológica

de que os mais evidentes são:

a) A crença segundo a qual toda a gente pode definir como é o “bom

educador”;

b) A ausência total de dados empíricos que indiquem quais os

educadores que foram efectivamente eficazes;

c) A falta de precisão e de validade dos traços identificados.

Depois dos trabalhos de controle e de validade levados a cabo por Medley e

MitzeL e por Rosenshine (Medley:1973), chegámos à conclusão que há ausência

de correlação significativa entre as opiniões do público e ou dos experts e a

eficácia efectiva dos professores.

Pese embora o que acima foi referido, temos de distinguir:

a) Os traços de personalidade não modificáveis, ao longo de uma formação

definida, mais ou menos intensiva e longa, o que seria um motivo para

reorientar o estudante para outra profissão que não a do ensino.

b) Os traços de personalidade melhoráveis, que permitem uma predição

positiva, para que haja lugar à mudança e à capacidade de progredir. Esta

análise implicaria um exame pontual ou alongando-se no tempo, no fim do

qual se deveria decidir pela exclusão e/ou reorientação do estudante.

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1.2. EFICÁCIA EM TERMOS DE PROCESSO DE ENSINO

Nas investigações sobre eficácia baseadas no processo ou sobre as funções do

ensino, estudam-se aspectos dos comportamentos dos professores e dos alunos que

parecem estar em relação com a eficácia do ensino. Parece, por exemplo, que um

professor que expõe claramente e encoraja muito, tem mais chances de sucesso

que um professor confuso (Mitzel,1969).

Ora, de um ponto de vista geral, algumas investigações não põem em

evidência nenhum factor predicativo na base do qual se possa estabelecer uma

predicção eventual. Por um lado, R.S.Soar (1972), nota que a investigação

pedagógica apenas sugere generalizações provisórias a tirar de relações entre o

comportamento do professor e o desenvolvimento do aluno. No entanto sabemos

hoje que a construção das competências que o educador/professor deve adquirir na

sua formação dependem dos resultados das investigações sobre eficácia, ou seja, a

prática dos professores que obtêm bons resultados com os seus alunos. Aliás como

refere Estrela (1991) partimos da conceptualização do que é uma prática docente

eficaz, evidentemente tendo em conta os modelos e métodos de ensino que a

facilitam, para chegar a estratégias que operacionalizem essa conceptualização na

formação dos educadores e professores.

Por exemplo o comportamento “não directivo” do professor ou do educador

tende a estar associado com o acréscimo do rendimento, a atitude favorável dos

alunos e o desenvolvimento da criatividade; a flexibilidade do comportamento do

professor ou do educador tende a estar associado positivamente à melhoria do

rendimento do aluno. Mas isto são aspectos globais de uma situação mais que

efeitos atribuíveis só aos comportamentos dos professores ou dos educadores.

Uma grande dificuldade subsiste neste género de estudos sobre eficácia

fundada sobre o processo: definição nas suas componentes dinâmicas dos

comportamentos pedagógicos, fonte de eficácia e, portanto variáveis predicativas;

escolha de critérios de eficácia de um professor ou educador; incidência do acto de

ensinar num universo de acções e interacções; necessidade de desempatar os

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efeitos da intervenção do professor provenientes de outros factores; além disso,

nada autoriza a afirmar, como o fazem Landshere e Bayer (1969), que só os efeitos

imediatos podem ser atribuídos à acção dos professores/educadores (quando

sabemos que os efeitos de um ensino/educação se exercem a curto, médio e longo

prazo).

Tal como os estudos sobre eficácia, fundados sobre os traços de

personalidade, as investigações sobre eficácia fundadas sobre os processos estão

fortemente associados a uma concepção fixista do “bom professor”, e da sua

eficácia. Todos eles fazem crer que existe um conjunto determinado de traços de

personalidade ou de processos, que certos professores e educadores possuem, os

“bons” e que outros não possuiriam os “maus”. Nesta óptica simplista, os

professores ou os educadores eficazes praticariam em todo o lado sempre os

mesmos actos de ensino/educação, teriam as mesmas atitudes, e procederiam da

mesma maneira no seu ensino. A eficácia pedagógica seria assim, uma noção

absoluta.

Depois deste esforço considerável na abordagem do “teaching” o debate

permanece aberto ainda à volta das questões essenciais relativas à eficácia do

professor:

- Que se entende por eficácia dos professores e dos educadores?

- O que é um bom professor/educador?

- A que chamamos sucesso em educação ou no ensino?

- Se nos centrarmos apenas nos resultados dos alunos ao nível do seu

desenvolvimento ou conhecimentos que lugar terão as diversas

interferências que modificam uma situação pedagógica observada?

- Existem aprendizagens definidas que constituam o sucesso no pré-escolar

ou na escola básica ou será preciso considerar o sucesso em todas as áreas

de ensino/aprendizagem?

- Como controlar as influências devidas a anos escolares e do pré-escolar

sucessivos e a professores sucessivos?

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1.3. EFICÁCIA FUNDADA NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA

A frágil correlação entre as características do professor e a sua produtividade

profissional, ou entre processos comportamentais inventariados produto do ensino,

tinha de chegar um dia ou outro à reorientação da investigação pedagógica através

do pôr em questão da própria filosofia do “teaching”, que servia de fundamento

teórico aos estudos sobre a eficácia dos professores e educadores. É assim, que nós

assistimos nos nossos dias ao nascimento de um movimento de redefinição de acto

de ensinar/educar, centrando a sua significação e o seu dinamismo numa

concepção mais global do processo ensino/aprendizagem.

A investigação pedagógica nascida deste movimento, tende com efeito, a

apreender o processo ensinar-aprender como um todo complexo onde podemos

descobrir a importância das inter-relações e das interacções múltiplas e variadas

entre professores ou e educadores e alunos, métodos, meio físico, meio

psicológico, etc. ... Deste contexto de relações nasceu uma imagem renovada do

ensino; este aparece como agente principal dos ajustes previstos, planificados e

racionalizados na sequência das decisões que é capaz de justificar. Este novo

papel do professor e do educador não pode ser ignorado pelos formadores de

professores e de educadores, nem o seu comportamento abandonado ao acaso das

improvisações. Uma nova pedagogia da preparação de professores e dos

educadores impõe-se sobretudo e invade um grande número de instituições de

formação nos Estados Unidos sobretudo e em certos países da Europa: fala-se da

formação dos professores fundada sobre a aquisição de competências.

Aqui a eficácia do professor ou do educador será fundamentalmente

percebida numa “relação”, a que determina todo o sistema pedagógico que se terá

adoptado; deve ser definida em termos de organização, pelo professor ou pelo

educador, dos elementos em relação no sistema, de tal forma que os alunos com os

seus “inputs”, os meios, a acção do próprio professor/educador... tendo em vista a

produção máxima (em quantidade e qualidade) dos resultados desejados.

Assim concebida a eficácia do professor, é susceptível de ser observada e

mesmo de ser medida sob os aspectos quantitativos e qualitativos das

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performances, as quais exprimiriam as competências adquiridas no sentido da

organização das contingências do processo ensinar-aprender.

Há uma eficácia “activa” do professor e do educador que se prepara para

ensinar/educar e eles melhoram progressivamente a construírem as competências

necessárias. Se então nos tornamos bons professores/educadores, teremos de falar

duma preparação ou de uma formação das competências do professor.

2. ESCOLHA ENTRE TRÊS ALTERNATIVAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Nos nossos dias a formação de professores encontra-se perante uma

alternativa a três níveis entre as quais se deve fazer uma escolha: formação

fundada nas características dos professores, formação fundada sobre processos ou

funções do ensino/educação; formação baseada nas competências.

Interessa-nos fundamentalmente abordar a formação fundada nas competências:

2.1. OBJECTIVO: UM PROGRAMA DE FORMAÇÃO. A fim de assegurar a plena eficacidade do professor/educador, eficacidade

concebida na óptica da relação pedagógica, a formação fundada na aquisição das

competências propõem-se três objectivos principais: promover uma formação

humana, uma formação científica pluridimensional, uma formação realista e prática.

Formação Humana: isto é, individualizada e personalizada. Um programa destinado

a individualizar a formação do professor e do educador consiste

principalmente em seguir cada aluno-professor, como se ele fosse o único a

formar, a fim de lhe assegurar uma formação em conformidade com o seu

nível de aquisições, o seu temperamento e as suas aspirações profissionais.

Um programa personalizado consistirá além do mais na iniciação do aluno,

futuro professor ou educador em deter o domínio da sua própria formação

sob a orientação do formador. Um tal programa, deixa ao estudante uma

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grande margem de iniciativa na aquisição das competências relativas ás

tarefas de ensino/educação, com intenção manifesta de promover no futuro

professor ou educador o sentido da responsabilidade pessoal na sua

profissão.

Formação Científica Pluridimensional: reprova-se nalgumas investigações querer

praticar ou favorecer uma formação de professores ou educadores

frequentemente unidimensional, fundada nomeadamente no aspecto verbal

da interacção professor-aluno. O programa de formação baseado nas

competências propôs-se cultivar o conjunto das dimensões humanas nos

seus aspectos científicos susceptíveis de influenciar o processo

ensino/aprendizagem. Os factores internos e externos, formais e não formais

determinam as dimensões interculturais, afectivas e pragmáticas que serão

tidas em consideração na formação e preparação do professor e do educador.

Formação Realista e Prática: O programa da formação baseado nas competências não

se contentará apenas com o sucesso dos alunos, futuros professores, nos

cursos teóricos e em determinadas matérias. Implica a aquisição efectiva,

pelos futuros professores e educadores de competências que se devem poder

demonstrar no decurso da sua preparação como ao longo da sua carreira.

Um dos programas que mais contribuiu para a renovação da formação dos

professores/educadores foi o CBTE (Competency-Based Teacher

Education) que especificava primeiro os objectivos de formação, definindo

as competências esperadas, mas o trabalho mais árduo será o da validação

das competências identificadas e definidas.

Aliás, quer Carrilho Ribeiro(1989) quer Estrela(1991), referem a influência

determinante do CBTE (Competency-Based Teacher Education) ou PBTE

(Programme-Based Teacher Education) no quadro da renovação de

formação dos professores, pois o modelo pretende unificar e sistematizar os

objectivos de formação dos professores/educadores, embora tenha sido uma

panaceia para os problemas da função dos professores. O que é facto é que o

movimento CETB ou PBTE, foi incentivado pelo facto de a investigação

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sobre a eficácia dos professores ter evidenciado um fracasso generalizado na

linha do presságio próprio, em contraste com os estudos do processo

produto (Ralha Simões:1995).

CONTRIBUTOS DA INVESTIGAÇÃO SOBRE EFICÁCIA NO ENSIN O.

O problema que aqui se põe é o de saber se os resultados da investigação

sobre a identificação da competência podem ser um suporte válido para a

qualidade e eficácia no ensino.

As investigações existentes acerca da relação entre comportamentos

docentes e bons resultados dos alunos, não nos dão a certeza de uma orientação

programática baseada nas competências do professor (Heath e Nilson,1974;

Doyle,1977;Erickson,1986). Uns afirmam que não é possível defender a

existência de relações estáveis entre tipos de desempenho docente e resultados

de aprendizagem dos alunos (Carrilho Ribeiro,1989), o que torna difícil definir

o que é um ensino eficaz. Outros defendem que há já um conjunto de

conhecimentos que relevam dessas investigações e que são bastantes

importantes para a problemática em questão, embora se torne necessário serem

aprofundadas (Gage,1978; Medley,1979; Rosenshine e Stevens,1986).

Carrilho Ribeiro (1989) refere na perspectiva de Medley (1979) diferentes

fases de evolução do conceito de eficácia no ensino.

Primeira fase - a eficácia foi encarada como consequência de certas

características pessoais desejáveis do professor. Assim a investigação

procurou identificar qualidades que permitissem diferenciar os professores

eficazes dos menos eficazes, e isto com base na apreciação dos estudantes e

avaliadores, era possível fazer listagens de características que definiriam o que

era o bom professor.

Segunda fase - a eficácia identificava-se com os métodos pedagógico-didácticos

utilizados em que uns seriam mais eficazes do que outros. Então a eficácia dos

professores/educadores derivaria dos métodos mais ou menos eficazes que

adoptar na sua prática de ensino.

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Terceira fase - Identificava-se os comportamentos dos professores que têm

uma relação com a aprendizagem dos alunos, isto é, em vez de características

dos professores referidos na 1ª fase, interessa definir padrões estáveis do

comportamento docente, ou seja estilos de ensino. Então a eficácia

evidenciava-se no clima que o professor/educador criava no grupo,

facultando a aprendizagem dos alunos.

Quarta fase - é encarada como o domínio de um reportório de competências

(conhecimentos, aptidões e atitudes) do professor. Assim sendo a eficácia não

se identificava com os estilos dos docentes, mas com a maior ou menor

capacidade de pôr em execução tais aptidões de forma adequada. Não bastava

dominar as competências mas saber decidir quando, como e porquê aplicá-

las.

Em síntese as investigações sobre eficácia no ensino, ou eficácia do

professor/educador destacam três categorias de variáveis: a aprendizagem dos

alunos, o comportamento do professor e o conhecimento das finalidades e

intenções do professor (Medley, 1979).

Por outro lado a eficácia do ensino ou do professor podem ser afirmadas

em termos gerais ou dependem de situações e condições específicas?

Enfim cremos poder concluir como Carrilho Ribeiro (1992), baseando-se

em Medley (1987), “..... a qualidade do ensino passa pela possibilidade de o

professor/educador dominar um conjunto de competências docentes que o

conduzam a manter um clima de aprendizagem ordeiro e estimulador, a

aumentar o tempo em que os alunos dedicam a actividades de aprendizagem e a

melhorar a qualidade dos trabalhos”.

3. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES BASEADA EM COMPETÊNCIAS: Diversas teorias.

O movimento surgido nos Estados Unidos da América e denominado por

CBTE (Competency-Based Teacher Education) ou PBTE (Programme-Based

Teacher Education) Programa de Formação de Professores baseado nas

competências do docente, teve o mérito de romper com sistemas tradicionais de

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formação de professores e foi um ponto de referência para a formação de

professores desde então, tendo desencadeado uma série de reflexões (críticas

positivas e críticas também negativas) sobre os modelos de formação de

professores, dando assim origem a diversas orientações, umas mais de pendor

cultural e científico, outras mais de pendor humanista (Combss, 1972, 1989)

outras que ligam formação de professores com o desenvolvimento do adulto

relacionando-o com a Psicologia do Desenvolvimento (Sprinthall e Ties-

Sprinthall, 1983 a , 1983 b)

Podemos pois dizer que nada é como dantes no processo da formação de

professores depois do aparecimento deste movimento de características

behavioristas.

3.1. CARACTERÍSTICAS DE UMA FORMAÇÃO BASEADA EM COM PETÊNCIAS

Dado que foi o movimento CEBT o que dominou a teoria e a prática na

formação de professores, retomamos aqui, resumindo, as características duma

formação baseada na aquisição de competências, tal como as descreveu Elam

(1971).

1 - O programa é essencialmente orientado para a prática no terreno; para formar o professor no seu papel, deve-se confrontá-lo com situações reais que impliquem a presença de alunos em aprendizagem.

2 - Toda a tomada de decisão relativa à organização ou à reorientação do

programa requer o concurso dos diversos grupos interessados, Instituições de Formação, alunos - futuros professores, pessoal dirigente das escolas onde se realiza a experiência.

3 - Os materiais de experimentação são concebidos em função de uma

unidade de formação-módulo. Estes materiais implicam a utilização e novas tecnologias, como o micro-ensino, a simulação, o ensino por computador etc.

4 - A cooperação entre formadores e alunos, futuros professores é vincada

pela partilha de responsabilidades de formação: formador e aluno cooperam, fazendo confiança na iniciativa do estudante.

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5 - Pela utilização do feedback, pela correcção dos erros, a reorientação da trajectória, a optimização de intervenção, este sistema de formação constitui um verdadeiro processo de investigação.

6 - Este tipo de formação não pretende apenas que se intervenha a nível de

Formação Inicial ao contrário, pretende apoiar o professor ao longo de toda a sua carreira profissional.

7 - Neste tipo de formação segue-se uma certa via metodológica: evolui

desde a concepção adequada dos objectivos do ensino/educação, da clareza do diagnóstico nas situações de aprendizagem à utilização de técnicas específicas de ensino e á sua utilização selectiva.

3.2. ASPECTOS TEÓRICOS DO MÉTODO DE FORMAÇÃO POR COMPETÊNCIAS (Competency or/and Perfomance Based Teacher Education - CBTE)

Elementos Sistémicos

Num estudo consagrado á fórmula de formação por competências, L.

Desjarlais, retém quatro aspectos essenciais que convém examinar:

identificação provisória das competências pedagógicas, programa de treino,

avaliação da mestria esperada na aquisição das competências, e estudo da

validação das ligações entre competências adquiridas e resultados da

educação (Desjarlais, 1975).

a) Identificação provisória das competências

Trata-se de uma escolha metodológica, a operar sobre conhecimentos,

atitudes e comportamentos que, juntos, caracterizam a educação no seu papel e

que oferecem assim as melhores garantias da sua produtividade pedagógica.

Uma tal identificação constituiria o ponto de partida e o ponto de chegada do

sistema. Enquanto ponto de partida, a identificação é simplesmente um

inventário das tarefas do professor de hoje; enquanto ponto de chegada, supõe

que seja efectuada a prova de validação estabelecendo um elo de

correspondência e de eficacidade entre tal competência e tal nível aceitável de

resultados pedagógicos: falar-se-ia então de competências identificadas que o

professor e o educador devem poder adquirir. Na falta de uma tal ligação, a

competência provisória seria eliminada ou modificada.

b) Programa de treino das competências

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O conjunto das estratégias e dos meios a utilizar pelo formador com a

intenção de encaminhar os futuros professores e educadores para a aquisição

das competências permanece centrado mais sobre acções pessoais do aluno-

professor (by doing) que sobre a informação teórica e verbal (teaching by

talking) dispensada ao grupo-classe.

c) Avaliação da mestria esperada na aquisição das competências

Este sistema de aquisição pretende afinar um programa de avaliação

susceptível de medir até que ponto as competências adquiridas foram

apreendidas como consequência dum currículo de estudos. No termo do

programa o futuro educador é convidado a apresentar aos seus formadores não

um palmarés das notas do curso, mas uma lista que descreva o seu sucesso na

aquisição de tais competências.

d) Estudo de validação das competências

Este sistema de formação compreende igualmente estudos de validação dos

elos entre competências a adquirir e resultados da educação. Estes estudos

permitiriam estabelecer competências experimentadas, com as quais as

instituições de formação preparariam os futuros professores.

Este esquema de elementos estruturais deste sistema de formação leva-nos

a aprofundar a noção de “competência de ensino”, noção que permanece central.

O modelo do “educador competente” deve ser testado na sua aplicação, mas

para isto, é necessário definir certos aspectos:

- O que é uma competência de ensino/educação?

- Quais serão os critérios?

- Que relações apresenta em relação ás tarefas de avaliação?

- Quais são as restrições que se impõem à sua aquisição?

3.3.OUTROS MODELOS

Apesar de alguns autores terem reconhecido o desacordo entre

investigação pedagógica e formação de professores (Medley,1982: 85-87) as

razões do fosso existente entre conclusões obtidas no final das investigações e

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os objectivos adoptados nos programas de formação de professores, deveriam

ser procurados nos princípios fundamentais nos quais as investigações e os

programas de formação se inspiraram.

Segundo Estrela (1986) “a formação por competências constitui um

modelo de grandes possibilidades de operacionalização no âmbito da formação

de professores”.

No entanto o seu conceito de competência difere bastante da acepção que

lhe foi dado no programa CBTE (década de 60 e 70), pois ele não se situa na

perspectiva comportamentalista de mero treino dos “Skills”. O seu conceito de

competência tem um sentido mais amplo abrangendo um “conjunto de

conhecimentos, saberes-fazer e atitudes a desenvolver no professor na situação

de ensino”, o que o afasta decididamente do modelo atonomístico CBTE.

Outros autores reflectiram sobre esta questão, na perspectiva do

desenvolvimento do professor (Manerghey & Carrier,1981; Aoki,1980;

Crickshaut et al.,1986; etc.) e da reflexão crítica que este faz da sua prática

educativa, procurando uma optimização da sua intervenção contextualizada em

determinado espaço e tempo (Schön,1987, 1988).

Tentámos, mostrar como as diferentes concepções de formação suscitavam

orientações diversas na concepção de orientação de formação de professores e

educadores.

Esta última concepção - formação pelas competências - representou uma

esperança para o futuro, no que diz respeito ao problema da educação de

professores e alunos. Esta esperança é fundada numa concepção inteiramente

renovada relativamente à noção do “educador eficaz” e do acto de educar.

Pareceu-nos importante optar por este tipo de formação fundada na

aquisição de competências, e de a propor como preparação de futuros

professores e educadores, porque este método de formação parece-nos ser

aquele que responderá validamente a problemas de realização das tarefas da

ensino/ educação.

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4. QUE SE ENTENDE POR COMPETÊNCIA DE ENSINO/EDUCAÇÃO

Shearron e Hensel (1973) descrevem as competências de ensino/educação

como um estado de performance que o professor ou o educador teria de

demonstrar no plano cognitivo, afectivo e no plano da acção, pois que se trata

essencialmente de um comportamento, podemos observá-lo enquanto tal.

Frequentemente, assinalamos e limitamos abusivamente o termo

“competência” em matéria de ensino, pelo menos aos conhecimentos teóricos

do ensino. O conceito é muito mais rico: implica um saber “empenhado” que

impulsiona o sujeito cognoscente a pôr com convicção acções que traduzem o

seu conhecimento, adquirindo um domínio preciso. Numa tal óptica, as

actividades de educação tornam-se competências, na medida em que

manifestam um saber teórico sólido, e pessoalmente vivido.

Precisamente, podemos conceber a competência esperada do professor ou

do educador, como um saber-fazer a propósito duma matéria a ensinar,

essencialmente fundado em conclusões científicas tiradas da investigação, que o

professor ou o educador pôde integrar com vista a produzir mudanças nos

sujeitos em situação de aprendizagem sistemática.

Para outros autores como Medley (1982,85,87) citado por Ralha Simões

(1995) “a competência é um marco fundamental na sequência que conduz à

eficácia profissional” distinguindo cinco aspectos fundamentais no indivíduo: a)

características pré-existentes do professor (conhecimento, capacidade e atitudes,

quer para o sucesso no curso de formação, quer para o seu sucesso profissional;

b)a teacher competency; c) a performance num determinado contexto; d) as

experiências e aprendizagens dos alunos; e) os resultados dessa aprendizagem.

Esta concepção mais abrangente, mas diversificada, está próxima da

posição de Short (1985) que a encara como um processo unitário.

A explicitação dos fundamentos de competências de ensino contribuirá

provavelmente para melhor compreender a noção e definir os critérios que

permitem observar a maturação das competências na altura da formação dos

educadores e professores.

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4.1. FUNDAMENTOS CRITERIAIS DA COMPETÊNCIA PARA EDU CAR/ENSINAR

Hensel e Shearron (1973) propõem três critérios no processo de integração

das conclusões de investigação na aquisição das competências:

- Critério de ordem cognitivo: constituído por um corpo de conhecimentos

teóricos, cientificamente fundados, que permitem ao professor e ao

educador experimentar o saber da sua realidade, de apreender as

estratégias e as técnicas de aplicação.

- Critérios de ordem afectiva: o conjunto das atitudes consentidas em

virtude de um tal saber que predispõe o professor e o educador para a

intervenção pedagógica, constituem um indicador de competência.

- Critérios de acção: o conjunto das actividades efectivas da aula, relativas

à intervenção do professor e do educador, constituem um outro

indicador de competência.

Desjarlais (1975) enuncia os seguintes critérios: o saber, o comportamento,

a produção. Tratar-se-ia de princípios susceptíveis de fundar a escolha das

competências ou comportamentos constitutivos dum bom programa de

preparação de professores e de educadores:

1º - Saber : é evidente que os objectivos derivados deste princípio dizem

respeito não só aos conhecimentos e habilidades intelectuais

que um futuro professor ou educador deve dominar, mas

especificarão para cada um, um nível mínimo de mestria sem a

qual, um certificado de ensino não lhe poderia ser outorgado.

2º - O comportamento: as competências devem reflectir no estudante não

somente conhecimento do acto de ensinar/educar e de tudo o

que ele comporta, mas igualmente capacidade de aplicação.

Será insuficiente demonstrar no papel a sua capacidade de

formular questões que exigem esforços de síntese nos alunos.

O candidato, face a situações reais, deverá fazer prova de uma

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mestria cujo nível de perfeição é pré-determinado segundo

uma taxinomia qualquer.

3º - A produção: a produção ou as consequências, isto é, as competências

(que se considera como objectivos do programa de preparação

do professor ou do educador) são expressas em função dos

resultados do ensino demonstrado pelo estudante, futuro

professor, numa situação real onde se dá como tarefa mudar o

nível de rendimento dos seus alunos favorecendo neles a

aquisição de novos conhecimentos.

Pensamos que é realmente preciso distinguir, num comportamento de

educação, três dimensões que formam os critérios (internos) de uma

competência: o que o educador sabe, o que ele experimenta, e o que ele faz a

propósito dum conteúdo a ensinar e em favor dos alunos.

Zimpher e Howey (1987) põem três questões na perspectiva do seu modelo

sobre competência, ou seja: o que é um professor pedagogicamente competente?

O que se pretende observar no contexto da prática pedagógica, a fim de poder

estabelecer se um determinado sujeito se aproxima de que se definiu como

professor competente? O que se entende que deva ser a intervenção dos

formadores no âmbito da prática pedagógica?.

Face a estas interrogações evidenciam quatro vertentes na competência

educativa: técnica ligada directamente à acção educativa refere-se aos

conhecimentos técnicos traduzidos na intervenção do professor no quotidiano;

clínica respeita à identificação e resolução de problemas no contexto educativo,

isto é implica a reflexão sobre a acção com a finalidade de resolver problemas

práticos; pessoal diz respeito às relações interpessoais e à capacidade de

promover o desenvolvimento dos alunos; crítica relaciona-se com o

distanciamento crítico em relação à situação educativa preconizando que o

professor seja agente de mudança.

4. 2. DIMENSÕES DE UMA COMPETÊNCIA DE ENSINO/EDUCAÇÃO

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O que o educador sabe: O saber científico será uma dimensão fundamental na

identificação duma competência. Este saber será ele próprio multidimensional, é

extensivo à disciplina ou área a ensinar, à metodologia requerida e ao

conhecimento dos alunos e de si próprio enquanto educador.

O que o professor experiencia: Trata-se de descobrir no professor e no educador

um equilíbrio de carácter através de sentimentos e atitudes a viver no reencontro

pedagógico, determinado pela relação professor-aluno-matéria.

O que o professor/educador sabe fazer: O pôr em prática o saber científico, numa

atmosfera de harmonia com o grupo-classe, implica da parte do professor e do

educador que ele saiba efectuar as operações correspondentes aos

comportamentos-sinais destas operações. A competência é um saber fazer.

Três dimensões são fundamentais para saber o que é uma competência de

ensino. Seriam certamente para estes aspectos que a formação deveria estar

orientada na perspectiva da preparação dos educadores. Assegurar-se-ia aos

alunos, futuros professores uma formação intelectual, uma formação afectiva, e

por sua vez uma formação prática.

4.3. ABORDAGEM NA IDENTIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS

Houstin (1973) enumera cinco abordagens na identificação de

competências em educação.

Uma primeira abordagem consiste em reformular o programa existente,

relevando o que é requerido do educador, ou se quisermos, o conjunto de

exigências redefinidas em termos de objectivos comportamentais para os

professores e educadores. Identificar-se-iam assim as competências. Este

método requer uma grande perspicácia no estudo dum programa em vigor, mas

permite dificilmente fazer a triagem, numa massa de objectivos

comportamentais, aqueles que passam por ser os mais importantes nas

competências para educar.

Uma segunda abordagem tem por ponto de partida as necessidades dos

alunos reconhecidas no programa. Começa-se pela fixação dos resultados

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esperados dos alunos como complemento da sua necessidade; esta “démarche”

determinará as condições de uma intervenção que conduzirá à realização

efectiva dos resultados. É um método atractivo, mas difícil de aplicar por causa

de falta de aprofundamento dos nossos conhecimentos actuais relativos às

condições favoráveis dos comportamentos de ensino susceptíveis de produzir

mudanças desejáveis no aluno.

Uma terceira abordagem parte de uma tomada de posição teórica que diz

respeito ao estilo de ensino/educação que caracteriza o educador eficaz.

Comportamentos específicos de ensino imaginados na base do modelo teórico

definirão as competências esperadas dos professores e dos educadores. Numa

tal abordagem, todo o problema da validade de uma competência se relaciona

com a qualidade dos dados que fundam o modelo teórico de ensino adoptado.

Uma distinção deve ser feita entre considerações hipotéticas, por um lado, e

dados empíricos ou experimentais, por outro lado.

Uma quarta abordagem é chamada “método de identificação do grupo”:

consiste, para quem planifica o programa de formação em identificar, no seio

deste, certos aspectos que ele transformará, graças às operações dedutivas, em

objectivos de ensino e em competências do educador.

Uma quinta abordagem consiste na análise das tarefas de ensino, estas

últimas sendo compreendidas como especificações do papel do educador num

contexto educacional particular.

A análise requer uma minuciosa observação do educador naquilo que ele

faz enquanto educador, a fim de inferir os comportamentos necessários ao

completamento das tarefas específicas de ensino/educação.

Nós defendemos esta abordagem, dado que estamos interessados em

abordar o problema de formação de educador quer na formação inicial quer na

formação contínua, pela análise das tarefas do educador, tendo-se definido este

como avaliador de aprendizagens que se fazem e pela definição das

competências exigidas na aplicação das tarefas reconhecidas serem as suas.

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5. COMPETÊNCIAS DO EDUCADOR/PROFESSOR E TAREFAS DE AVALIAÇÃO

A identificação das competências de ensino/educação não é fácil; os

especialistas estão longe de se entenderem a este nível, donde a necessidade de

estudos experimentais. No estado actual, a tendência a favor duma formação

centrada na aquisição das competências deve especificar-se sobre que tarefas de

ensino basear a competência do professor, antes de submeter o seu sistema à

experimentação.

5.1. TAREFAS DE ENSINO/EDUCAÇÃO

A identificação das competências pela análise das tarefas, visa

essencialmente identificar competências docentes mediante a descrição analítica

das tarefas desempenhadas pelos professores (Carrilho Ribeiro,1989).

No quadro de uma perspectiva de avaliação contínua, relevamos as

seguintes tarefas específicas do educador:

• análise do conteúdo de ensino - tarefa que desemboca na definição de

objectivos de educação em termos de comportamentos de aprendizagem

das crianças.

• diagnóstico das situações de aprendizagem - por situação de aprendizagem

entender-se-à o estado actual das aprendizagens ou dos conhecimentos

dos alunos a sua bagagem cultural e afectiva, o estado actual da relação

professor-aluno ..... . É suposto o educador, conhecer, dominar e poder

modificar eventualmente o estado destas situações.

• organização dos meios de ensino - esta tarefa consiste no inventário dos

meios e na sua planificação, tendo em conta situações concretas nas quais

a aprendizagem está empenhada. A tarefa de organização é

particularmente útil no controlo das actividades de aprendizagem e nos

afinamentos (ajustamentos) da intervenção do educador.

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• a medida das aprendizagens - o controlo qualitativo das aprendizagens

constitui esta outra tarefa pela qual o professor está ao corrente da

progressão dos alunos e do nível de eficácia da sua intervenção.

A execução de tais tarefas implica, para o professor e para o educador, que

ele se informe ao mesmo tempo que informa; que tome decisões à luz da

informação recolhida, a fim de planificar, estruturar, ou reajustar; que ele crie

meios para regularizar em cada momento o processo ensino/aprendizagem.

5.2. EXEMPLOS DE COMPETÊNCIAS TIRADAS DE CURRÍCULOS BASEADOS EM COMPETÊNCIAS - CBTE

Segundo Desjarlais (1975) diversos programas de formação baseados na

concepção de competência dão os seguintes exemplos:

- Habilidade ou competência para identificar e avaliar os estádios de

desenvolvimento intelectual.

- Habilidade para formular objectivos de comportamento observáveis.

- Competência na arte de questionar, de provocar questões, de tratar as

respostas.

- Competência no modo de introduzir um determinado tema e de pôr em

execução actividades adequadas.

Da comparação entre alguns métodos de formação (tradicional, ....) e

método de formação baseado em competências podemos concluir diferenças de

“performances”:

- Competência para apresentar objectivos educacionais em termos de

comportamentos de aprendizagem observáveis nas crianças.

- Competência do educador para seleccionar e utilizar materiais que

possam ajudar as crianças a adquirir os comportamentos desejados.

- Competência para intervir de forma adequada, reajustando

constantemente a sua acção em relação aos objectivos fixados, de forma

a evitar acções inúteis e a executar aquelas que asseguram a rápida

progressão da aprendizagem.

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Enfim podemos sistematizar as competências para educar nas seguintes

categorias:

1 - Competências de observação

2 - Competências de planificação

3 - Competências de adaptação e intervenção

4 - Competências de controlo e de regulação pedagógica.

Estas competências deverão ser definidas numa tripla dimensão criterial:

em termos de tarefa esperada do professor ou do educador, de conhecimentos

implicados e de atitudes desejáveis.

Definir a competência em termos de tarefa esperada significaria que esta

será ela própria explicitada em comportamentos-sinais que a descrevem e a

actualizam. Os conhecimentos implicados na execução adequada duma tarefa de

ensino/educação são as que relevam das teorias e investigações, da metodologia

geral e especial para o ensino/educação em tal área.

O nível de conhecimentos requerido deveria, aqui, igualmente, ser

previamente fixado.

Enfim a definição de atitudes desejáveis é uma necessidade que merece a

seguinte nota de Desjarlais: a investigação conhecerá dificuldades sérias

quando se trata de identificar, de precisar as competências em relação ao

desenvolvimento de atitudes ou com a tomada de consciência de valores

pessoais.

5.3. AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR/ EDUCADOR RESULTAM DA ANÁLISE DAS TAREFAS DE AVALIAÇÃO CONTÍNUA. Competências do observador

O que se pede a um observador é que crie aberturas diversas que lhe

permitam estar à escuta contínua dos conhecimentos.

Segundo Huth (1956) as possibilidades de observação para o educador são

muitas, nomeadamente no Jardim de Infância, no grupo, fora do grupo, nas

conversas com os pais, com o médico etc..

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Esta observação deve satisfazer certas exigências: deverá ser objectiva e a

nível psicológico. Objectiva quer dizer, a partir dos factos, mas estes implicam

uma explicação em que deve basear-se a intervenção e orientar a “démarche” a

seguir nesta intervenção (aspecto psicológico). Será também sistemática quando

não deixa nada ao acaso.

Tarefa esperada: diagnóstico das situações de aprendizagem. Certos

comportamentos indicam e fazem o diagnóstico desejado:

- fazer o balanço das aprendizagens anteriores,

- estudar e compreender o tipo das relações psicológicas que existem entre

educador-aluno,

- procurar o “handicap” que obstaculiza a progressão regular do aluno,

- encontrar uma explicação para uma situação em que haja dificuldade

numa determinada aprendizagem,

- determinar o nível adquirido pelo aluno antes de se empenhar numa nova

aprendizagem.

Conhecimentos implicados: aqueles que facilitam a observação:

- gerais em matéria de Psicologia (Psicologia geral, Psicologia genética,

Psicologia diferencial)

- conhecer as técnicas duma observação sistemática do comportamento;

conhecer a matéria sobre a qual se fará o diagnóstico.

Competência para planificar

O papel de quem planifica é, sem dúvida, definir o fim ou os fins gerais

dum empreendimento com vista a elaborar estratégias e políticas que permitam

a sua realização efectiva. O que planifica em educação, o educador, no quadro

do seu grupo é o que tenta quantificar um programa explicitando as etapas e as

condições de execução dos objectivos pretendidos no programa. A planificação

feita pelo educador tem por função facilitar toda a tomada de decisão relativa

aos meios de realização dos objectivos pedagógicos. Para uma visão clara dos

meios de intervenção, o educador estabelecerá uma escala de objectivos

sucessivos e subordinados uns aos outros.

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Tarefa esperada: análise do conteúdo do ensino. Esta análise comportará

várias atividades:

- repartir as matérias a ensinar em unidades;

- decompor cada unidade em elementos novos a aprofundar: tarefas ou

comportamentos a aprofundar;

- determinar os níveis de mestria dos comportamentos tomados como

objectivos pedagógicos;

- traduzir estes objectivos (tarefas dos alunos) em comportamentos

observáveis e medíveis.

Conhecimentos implicados:

- o professor ou o educador deverá possuir sólidos conhecimentos da

matéria ou a área a ensinar

- deverá conhecer muito bem as teorias de aprendizagem e conhecer as

formas de aplicação de certas destas teorias, no grupo

- deverá conhecer as exigências técnicas das operações de análise ou

elaboração dos objectivos (validade e objectividade).

Atitudes requeridas:

- respeito pelo nível intelectual dos alunos e da sua capacidade de

assimilação. O educador não pode propor senão objectivos conformes e

proporcionais à capacidade intelectual ou ao nível mental dos alunos.

- Objectivos muito elevados provocariam desencorajamento no aluno;

demasiado fáceis provocariam o aborrecimento.

Vias de aquisição de competências

Diversas vias parecem ser determinantes no processo de aquisição da

competência para educar: formação intelectual; formação afectiva; formação

prática para a acção de educar, responder ás exigências das dimensões criteriais

que constituem o essencial de uma competência.

Para uma aquisição sistemática da competência para educar haverá três

aspectos na formação, que passaremos a abordar no ponto seguinte.

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6. FORMAÇÃO INTELECTUAL CENTRADA SOBRE O QUE É QUE UM PROFESSOR/ EDUCADOR DEVE SABER

Uma das preocupações da fórmula de preparação dos educadores fundada

em competências consiste em construir o saber do educador em bases científicas

e assegurar assim a credibilidade do educador junto dos alunos, primeiro, dos

pais e da comunidade.

O que o educador deve saber comportará:

1 ) A sua cultura geral

2 ) Estudos de especialidade

3 ) Preparação psicológica e pedagógica (De Landsheere,1975)

6.1. CREDIBILIDADE CIENTÍFICA

O educador deverá, para chegar validamente às suas responsabilidades

profissionais, armar-se de conhecimentos sólidos e aprofundados. O seu saber

consistirá na apreensão intelectual dos problemas e das situações, dos factos e

das teorias, das estratégias e diversos meios aplicáveis aos problemas postos,

com vista à descoberta ou à elaboração das soluções no quadro do

ensino/educação.

Shearron e Hensel (1973) propõem que a investigação fundamental e a

investigação aplicada são o fundamento que garante a solidez dos

conhecimentos esperados pelo educador e Nóvoa (1992) citando Berliner

(1984) refere que: “só recentemente se desenvolveu um corpo de conhecimentos

suficientemente válido ... em que se pode basear a formação de professores.

Pela primeira vez, a formação de professores tem uma base científica”.

Na perspectiva da aquisição das competências, a importância das

conclusões da investigação teórica e das suas aplicações, reside no facto que

elas determinarem a definição dos critérios de ordem cognitiva, afectiva e

prática, relacionadas com o ensino/educação. É a partir destes critérios

simultaneamente considerados que derivam as competências do professor.

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6.2. CULTURA GERAL

Aos educadores, de todos os níveis, a cultura geral é indispensável.

Começada na família e prosseguida em todos os níveis da educação escolar, a

cultura geral do educador deve continuar ao longo da sua carreira profissional:

mas encontrará uma fase privilegiada de desenvolvimento durante a preparação

para a profissão.

No que diz respeito ao conteúdo desta cultura, é conveniente dizer que não

se trata de acumular um saber enciclopédico: o essencial é descobrir os factos

dominantes, os princípios e os métodos nos domínios científico, literário,

estético, filosófico, social e político; trata-se também de criar uma certa

experiência de vida e dos homens no quotidiano ou no acontecimento inédito. A

cultura geral será criar segundo Landshere (1975).

“ un ensenble des habilité du savoir e des aprentissages afectifs permettant à l’individu

de se devélopper harmonieusement dans un milieu qui s’élangit progressivment, de le

comprendre, de le modifier à sa convenance, d’y apliquei un esprit critique idéalment

pour le benéfice de tous”.

Na prática, esta concepção de cultura significaria a aquisição de diversas

habilidades:

- para analisar factos e situações, para as sintetizar e fazer extrapolações;

- para comunicar pela palavra ou pela escrita o que se sabe.

- para utilizar certos métodos de trabalho nas actividade que o impliquem.

- para estabelecer relações sociais, compreender o outro, animar um grupo

de trabalho etc.

6.3. ESTUDOS DE ESPECIALIDADE

Estes dizem respeito a diversos conteúdos específicos do sujeito:

- da área de ensino/aprendizagem (pré-matemática, língua materna etc.)

- dos alunos a educar: crianças da primária e segunda infância.

- de si mesmo enquanto pessoa e enquanto educador e elemento duma

relação pedagógica.

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A preparação dos formadores terá em conta esta especificidade para formar

os alunos, futuros professores, em função das opções feitas.

Os estudos de especialidade comportam para outro lado o que o educador-

formador deve saber a propósito dos métodos de ensino da sua disciplina e a

propósito da relação professor-aluno-matéria.

Donde a importância:

- Estudo de psicologia enquanto disciplina; o futuro professor deverá poder

compreender o homem, no seu desenvolvimento, comportamento e

atitudes.

- Estudos relativos a outras Ciências da Educação (Metodologia Geral e

Especial, Docimologia, Pedagogia Experimental), com a finalidade de

trazer uma ajuda eficaz aos sujeitos que se encontram numa situação de

aprendizagem.

7. FORMAÇÃO PSICOLÓGICA CENTRADA SOBRE O QUE O PROFESSOR/EDUCADOR DEVERIA EXPERIENCIAR

Na medida em o acto de ensinar/educar se insere num sistema de relações

professor-aluno-ambiente, a preparação psicológica do professor no encontro

com o aluno constitui um segundo aspecto importante na aquisição de

competências. O reencontro supõe da parte do professor, que o promove e

mantém, o sentido de valores, uma atitude caracterizada por uma maturidade

emocionalmente estável.

7.1. CULTIVAR O SENTIDO DOS VALORES

Se a preparação dos professores competentes se faz prevendo uma

educação de jovens, orientados para o desabrochar da personalidade, a

realização de si ao nível do grupo social como ao nível individual, então a

educação que nós propomos para os professores funda-se num humanismo que

preconiza a fé em certos valores humanos.

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Numa época em que a contestação, de toda uma geração, conduz à recusa

da obediência, da submissão às regras e do dever decretado pela autoridade, o

estatuto dos valores nos programas de formação de professores tem interesse em

se mostrar mais flexível, adoptando os que substituem os valores rejeitados, isto

é, centrando-se nos de primeira importância. A época actual parece aderir a um

sistema de valores pessoais ligados ao serviço dos outros, a compreender o

outro (De Landsheere, 1975).

7.2. MATURIDADE EMOCIONAL

Definiu-se o processo educacional ensinar-aprender como uma “démarche

particuliére d’un individu confronté à un environnement, à une situation, pour arriver à un

réaménagement satisfaisant de ses relations avec cet environement. Cette démarche suposant

une implication personelle tant au niveau cognitif qu’au niveau emotif, consiste en une

réorganisation d’élèments internes et externes à la personne” (Haramein e Hetu, 1975).

Se nestas condições de reorganização dos elementos internos e externos, se

reconhece no educador o papel de facilitador, será preciso que os processos

espontâneos sejam liderados pelo educador professor, a fim de que as relações

verdadeiras tenham lugar.

A maturidade emocional, compreendida no sentido dum rearranjo das

relações com o meio envolvente (aqui, o professor entra em relação com os

alunos no contexto da aprendizagem) só é possível no âmbito duma

comunicação interpessoal que signifique uma presença com duplo pólo:

presença em si e presença do outro ou melhor reconhecimento do outro como

manifestação humana que é preciso ter em conta. Se o professor se recusa a uma

comunicação interpessoal, arrisca a tornar-se num “manipulador” das pessoas,

tendo em conta a sua posição na relação pedagógica (Pickle, 1985).

7.3. APRENDIZAGEM DA ACÇÃO PSICOLÓGICA

A intervenção do professor junto dos alunos, quer individual quer

colectivamente requer:

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- uma informação sólida sobre as teorias e métodos de abordagem da

personalidade,

- uma iniciação às técnicas psicoterapêuticas, com a finalidade de ajudar os

indivíduos em situações de crise em que terão necessidade de um

conforto moral da parte do educador,

- uma iniciação relativamente às teorias e métodos de acção relacionados

com fenómenos de grupo (dinâmica de grupos), sendo a classe um

pequeno grupo,

- uma iniciação ao escutar o outro, à tomada de decisão susceptível de

regular os diferendos, os conflitos do grupo, etc.

A ideia central, implícita nos estudos e iniciações diversas e desejáveis

para a preparação do educador para a acção psicológica implica o

desenvolvimento de relações humanas que facilitem o advento das mudanças

desejadas nos alunos, quer individualmente quer em grupo. O papel do

educador competente será proceder de forma a que os seus alunos atinjam uma

maturidade e uma autonomia que os torne capazes de se realizarem eles

próprios, de tomar decisões, de gerir os seus problemas e de depender cada vez

menos do educador. Pensamos assim que as características do professor são o

factor de maior importância para a eficácia do seu ensino.

8. FORMAÇÃO PARA E PELA ACÇÃO, BASEADA NO QUE O PROFESSOR/EDUCADOR DEVE FAZER

O conhecimento intelectual, a capacidade de estabelecer relações

interpessoais, não basta no mecanismo da aquisição de competências.

Concebida como um saber-fazer a competência para educar implica uma

aplicação concreta dos conhecimentos e uma demonstração das atitudes aceites.

Há também uma dimensão comportamental, que age na competência. O futuro

educador deverá provar a sua capacidade na actividade de educar, capacidade

cujo nível de perfeição será determinado segundo a taxonomia adoptada.

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As recomendações que faremos ao sujeito em formação para a prática do

ensino/educação são as seguintes:

a) educar é uma tarefa muito séria para ser assumida sem preparação

alguma para a acção. Os futuros educadores deverão portanto fazer

ensaios numa situação de trabalho real, que lhes permita tomar a

responsabilidade de um grupo de crianças (Allen e Ryan, 1972).

b) os formadores dos educadores e de professores deveriam interiorizar

bem este princípio de que a informação verbal deve dar lugar

progressivamente à iniciação activa, ao ensino efectivo.

c) a formação para a acção e pela acção deve ser auxiliada por uma

tecnologia adaptada: o recurso às técnicas audio-visuais, o micro-ensino

etc.... Estas técnicas trazem um feedback imediato e múltiplo; elas

oferecem a possibilidade de repetir as experiências, de as comparar e de

tirar daí os ensinamentos necessários quanto à qualidade de exercício.

d) as actividades racionalizadas e sistematizadas criam condições

semelhantes às duma investigação de laboratório: podemos decompor o

acto de ensinar nas suas componentes, identificar novos aspectos do

processo ensinar-aprender, estudar um skil especial. O acto de educar

escaparia assim à invasão natural de comportamentos perigosos, para se

deixar guiar por uma escolha consciente e profissionalmente útil.

e) melhor preparação para a prática de ensinar/educar e as melhores

actividades são as que se passam no terreno, isto é, nas condições reais

de aprendizagem.

“Devolver à experiência o lugar que merece na aprendizagem dos

conhecimentos necessários à existência (pessoal, social e profissional) passa

pela constatação de que o sujeito constrói o seu saber activamente ao longo do

seu percurso de vida. Ninguém se contenta em receber o saber, como se ele

fosse trazido do exterior pelos que detêm os seus segredos formais. A noção de

experiência mobiliza uma pedagogia interactiva e dialógica”

(Domicé,1990:149-150) in Nóvoa (1992).

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O movimento a favor duma formação baseada em competências para educar

parece confirmar o educador e o professor num papel que reconhecemos ser o

seu, o de avaliador das aprendizagens, preconizando para tal uma preparação

em competências fundadas em tarefas essencialmente formativas para as

crianças, como para o próprio educador/professor.

Um dos contributos desta fórmula de preparação será provavelmente a

promoção de uma formação que confia ao próprio sujeito a responsabilidade do

seu desenvolvimento ou da sua melhoria fornecendo-lhe meios de auto-

formação. “A formação deve estimular uma perspectiva crítica - reflexiva, que

forneça aos professores, os meios de um pensamento autónomo e que facilite as

dinâmicas de uma auto-formação participada. Esta formação implica um

investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e projectos

próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma

identidade profissional” (Nóvoa, 1992:25).Como numa empresa industrial o

educador competente acederá, na sua qualidade de orientador da classe, ao que

podemos chamar “direcção por objectivos” (Gelinier, 1968). Deixar-lhe-ão

portanto a iniciativa e a latitude de reformular estes objectivos, de seleccionar

os meios, de organizar a classe. Este poder de decisão - delegado e partilhado -

sobre o conjunto da situação de ensino/educação conferirá ao educador o

prestígio que é apanágio de algumas profissões liberais (médico, engenheiro,

etc.) e que provêm, parece, do sentido das responsabilidades pessoalmente

assumidas nestas profissões.

Apresentámos um projecto para a formação de educadores que poderia ter

sido submetido á experimentação. Contentámo-nos contudo, em fornecer dados

que poderão servir de ponto de partida a outros trabalhos.

Este modelo de formação de educação deriva da necessidade urgente de

definir a função do educador/professor nas suas actividades. De facto, se

tivermos em conta as preocupações educativas destes dez últimos anos, daremos

conta que todo o questionamento relativamente à Escola, ao educador, às

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relações professor-aluno se reduzem a um problema fundamental com o qual se

relacionam as seguintes questões:

- o que é “educar” ?

- quem educa?

- que comporta a função de educar (ensinar) - papéis? (Tavares:1996) ou

No contexto sócio-pedagógico actual para uma educação em função da

sociedade, mas preconizando a autonomia do sujeito a educar parece que a

função deveria ser definida em termos de relação, especialmente aquela que

deverá existir entre educador educando e o meio.

Pôr a questão da relação pedagógica como um postulado a toda a

investigação em educação levar-nos-ia a considerar o elemento “educador”

como uma variável necessária mas não suficiente ao estudo da compreensão do

processo educativo em geral e do acto de educar em particular.

Se é conveniente ver no educador o guia esclarecido das aprendizagens

sistemáticas, será preciso também, sem dúvida, descobrir um sistema

pedagógico que esteja de acordo com uma tal concepção de educador, e,

portanto, um sistema que implicaria:

a) o reconhecimento do educador e do educando como agentes duma

educação que se faz e de que eles fixaram de comum acordo os

objectivos; e cujos objectivos foram eles fixados.

b) o reconhecimento pelo educador dos direitos do educando, seguindo um

programa da sua escolha, que responda às suas aptidões, necessidades e

ao seu ritmo;

c) o reconhecimento pelo educando dos direitos do educador para

organizar, segundo as suas competências, os caminhos e os meios

necessários ao sucesso do processo ensino/aprendizagem. Diremos aqui

que o direito de uns funda para os outros o dever de respeito e de

colaboração com vista ao sucesso numa obra que é comum.

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Redefinir a função do educador e do professor, não no vazio, mas num

contexto, um sistema pedagógico onde encontra aplicação e sentido, é a

finalidade do nosso estudo. A avaliação contínua é o sistema que integra a

função de educar e a orienta no sentido da gestão científica das aprendizagens.

Educar torna-se assim avaliar o processo de ensino-aprendizagem.

A formação dos educadores para a avaliação contínua das aprendizagens deveria ser a via

obrigatória na investigação da eficácia pedagógica

Desde logo três tarefas se impõem à nossa atenção:

1. precisar a noção de eficácia pedagógica em relação ao sistema de

avaliação contínua,

2. analisar as tarefas do educador no processo de avaliação, tendo em

conta que este é um sistema em que o educador tem de intervir,

3. enfim, definir um tipo de formação de educadores em conformidade

com as tarefas da avaliação contínua.

Definir o lugar do educador na obra da educação tal como ela se apresenta

hoje e tal como ela será dia após dia, implica dizer qual é a sua função, tendo

em conta a evolução das mentalidades e das condições de vida e tendo em conta

o respectivo lugar dos outros agentes educativos e do acolhimento dado às

tecnologias ou “media” em voga.

Dizer em que consiste a função do educador num sistema pedagógico

particular (que é preciso analisar desde o pré-escolar ao secundário ao ensino

superior, universitário ou não) é descrever o seu papel quando se fazem certas

opções particulares, quanto à concepção educativa, que fundamentarão as

diversas intervenções (ex. escola “activa”; não directividade ....)

Distinguir o campo das competências, quer se trate duma pedagogia

entendida como organização dum processo e manifestação de condições com

vista à sua optimização neste processo, quer a pedagogia seja concebida como

ecologia (em, por e para o meio, trocas e interacções no meio tendo como base o

modelo das relações ecológicas ...)

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Propor vias e meios de formação dos educadores tendo em conta os

objectivos gerais desta formação, das operações que requerem o exercício da

sua função e das categorias de comportamentos que correspondem a estas

operações mais ou menos complexas.

Tudo isto implica escolha de estratégias. Estas escolhas dizem respeito à

definição dos objectivos, à elaboração dum projecto de acção ou a micro-

planificação da intervenção pedagógica, a passagem à acção prática, a avaliação

dos resultados da acção desenvolvida, as decisões e projectos para o seguimento

da interacção (seguir o projecto inicial ou ajustá-lo), a avaliação contínua com

precisão e decisão.

Os educadores vêm-se a propor informações que são obrigados a

interiorizar. Estas informações são-lhes apresentadas em “tranches” entre as

quais eles escolhem livremente ou ao acaso das circunstâncias ou da

disponibilidade.... Frequentemente, estas “tranches” são “absorvidas” pelos

leitores, os auditores ou os “participantes” como iniciados isolados, como

elementos ou estratégias que se juntam uma às outras, que se é livre de assimilar

não importa porque ordem.

E põe-se o problema da organização da informação no período da “sobre-

informação” em que nós vivemos, em pedagogia como noutros domínios.

Sem dúvida, podíamos dirigir à sociedade pedagógica a crítica que faz J.

M. Pelt às sociedades modernas que se deixam gerir “ em dehors de tout project

finalisé” quaisquer que sejam os valores que essas sociedades impõem: “Nos

sociétès poursuivant, sans le savoir e peut-être sans le vouloir, des objectifs précis, qu’elles

incernent dans les mentalités et sur le terrain. Ces projects implicites, téléonomiques,

inconscients, en font d’équivalent des “biocenoses”(1) naturelles ou des societés animales.

Malgré les prises de conscience personelles, trop souvent encore partielles et fragmentaires,

la puissante machine social porsuit obstinément et inconscienement ses fins obscures,

résultant de millions d’atitudes individuelles programmés et convergents” (Pelt,1977:

243).

(1) Conjunto de seres vivos que formam uma comunidade num determinado meio, com o qual estão em inter-

relações.

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Da passagem citada, retemos a ideia essencial da convergência de

concepções e de práticas, mas esta capacidade é a favor de projectos ou

finalidades obscuras, implícitas, inconscientes. Com efeito nas nossas

sociedades, à medida que o tempo passa, as mentalidades evoluem, problemas

não percebidos ontem põem-se a cada um de nós hoje, as maneiras de fazer

generalizam-se; diz-se que tal ideia está amadurecida... . E recomeça a evolução

mais ou menos lenta sob o impulso de factores não analisados e, mesmo, não

identificados.

A massa de educadores é convidada por via oficial, a empenhar-se num

projecto; este empenhamento significa em geral, adoptar tais práticas, certas

estratégias mais ou menos bem descritas. Raramente os educadores são

informados do projecto global e raramente a sua adesão crítica a este projecto é

solicitada. Supõe-se que os educadores estão ocupados com a acção (que fazer?

como fazer?). É frequentemente o caso, com efeito, mas há lugar para se

perguntar se isso não é o resultado duma maneira de ver de uma concepção

abusiva quanto ao valor absoluto duma metodologia de intervenção.

Intervir de tal maneira é frequentemente o convite lançado aos educadores

e professores para não dizer que é a “ordem” que lhes é dada.

O nosso estudo tenta sublinhar que o valor de um processo é

essencialmente relativo, diz-se relativo ao sujeito educando, aos objectivos que

se quer realizar. Sujeitos e objectivos são marcados pelo contexto físico e

humano e marcam este por sua vez. É raro que se diga relativamente ao

educador que, ele também tem a sua própria personalidade, a sua maneira de

ser, de esperar, de operar. Quanto à personalidade individual dos professores e

dos educadores, as investigações dos decénios precedentes tinham querido fazer

disso uma variável negligenciável falando da escolha ou da selecção dos

professores na base da conformidade da sua personalidade individual do modelo

do “bom educador” visto sob o ângulo da “personalidade ideal”. Uma tal teoria

está ultrapassada.

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Então, para nós, a verdadeira formação dos professores e dos educadores

torna-os capazes de se empenhar num projecto bem definido, responder à

questão do porquê, quer este projecto, lhes seja proposto, quer eles sejam

convidados a participar na sua elaboração. Depois, deverão ser capazes de

escolher entre as estratégias existentes a que mais convirá aos objectivos, ao

nível da personalidade dos seus alunos, à sua própria personalidade e às

exigências do meio no qual os objectivos (conhecimentos, habilidades mentais,

disposições e atitudes, saber-fazer) se concretizem.

Face ao projecto conhecido e interiorizado o educador terá de escolher

entre as informações que lhe são dadas ou que ele mesmo recolheu e decidir a

sua acção; ele terá de prever as consequências desta e controlar em que medida

os factos ou os resultados coincidem com o projecto analisado em detalhe e

pensado numa sucessão cronológica.

Frequentemente, dão-se informações em termos de conduta a seguir.

Raramente se convida à decisão responsável em matéria de acção pedagógica

concreta. Pára-se na “receita” ... . É mais simples ... mas está longe de ser eficaz

no contexto da relatividade que caracteriza o campo educativo. E o que não é

um paradoxo ... formamos educadores/professores que queremos executantes

competentes inscrevendo a sua acção de forma tão perfeita quanto possível

numa linha indicada pelos órgãos dirigentes e que se reciclarão em função das

necessidades; e a estes executantes pedimos para formar educandos capazes de

projectos criadores e de decisão responsável.

Em nossa opinião, a formação inicial ou o primeiro elemento duma

formação contínua, reside numa apresentação da problemática pedagógica com

vista a sua interiorização. Apreendidas as finalidades, os meios serão

escolhidos. A iniciação à reflexão relativa ao valor funcional dos meios, parece-

nos constituir o essencial precedendo toda a prática que, sem isso, arriscaria ser

inorganizada. Este deveria ser o cuidado dos poderes políticos que têm na sua

esfera de competência os sistemas educativos duma nação ou de continentes.

Este deveria ser o cuidado dos formadores e dos cientistas que publicam para os

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professores/educadores. É o meio de assegurar a constante adaptabilidade... a

que se reclama “criatividade”. Para além da repetição de maneiras de fazer, do

recurso a métodos ou procedimentos ou tecnologias existentes deverá proceder-

se à análise dos problemas novos postos aos educadores, à elaboração de

soluções novas postas a educadores e professores. A iniciação que propomos, é

a única susceptível de assegurar a transposição de competências, no caso de

situações novas. O que não significa negligenciar a formação prática, concreta

para não parar senão na reflexão; nós queremos simplesmente dizer que o

domínio do “como” é pouco sem a reflexão e que esta é a única capaz de

permitir afrontar a mudança num “como” revisto sem cessar e apreciado em

função do esperado.

Queremos acrescentar que é difícil imaginar que, para uma tal formação,

deixemos inorganizadas, não ordenadas, as iniciativas daqueles a quem a

formação é dirigida e daqueles que a oferecem e enfim esperamos que uma

formação contínua/continuada seja livre.

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IV MUDANÇA DE PRÁTICA EM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES/EDUCADORES

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Apesar do esforço de renovação e inovação da formação inicial, sobretudo,

nas instituições de ensino superior, a verdade é que os futuros professores e

educadores saem impreparados para se confrontarem com a realidade e

sobretudo resolver os problemas que as suas práticas lhes põem no dia a dia.

Como refere Alarcão (1996) citando a opinião de Schön: “há razões para isso

pois a formação a que são submetidos nas universidades é inadequada”. Eu

acrescentaria que nas Escolas Superiores de Educação também (pelo menos

nalgumas).

Reforçamos aqui a opinião de que os alunos, futuros

professores/educadores - futuros práticos de educação, tem acesso a saberes

desconexos (por vezes o «design» curricular do curso está mal estruturado,

outras não está) desgarrados sem uma concatenação interdisciplinar. Ora, a

prática, é por essência interdisciplinar e é nela que se revela o futuro

profissional.

Assim sendo é fundamental que a sua formação seja contínua(da) ao longo

da sua vida profissional de forma a que possam fazer “uma reorganização de

conceitos interpretativos, que na sua nova configuração, permitem vislumbrar a

luz ao fundo do túnel”. (Alarcão, 1996:14).

Deste modo a formação contínua deve preconizar e permitir uma mudança

das práticas dos professores e educadores, isto é, uma mudança de prática na

educação, na intervenção educativa.

Tanto os trabalhos de investigação que se referem à aprendizagem dos

Educadores/Professores (Korthagen, 1998; Shulman, 1986; Bennett e Carre,

1993) como os programas de formação contínua de professores e educadores

associam aprendizagem e mudança de prática. A aprendizagem do professor e

do educador integraria um processo de mudança de prática pela reflexão sobre a

acção como refere Alarcão (1996:12): “Perscruta-se se a mensagem indiciadora

de um possível paradigma se esconde por detrás da prática de reflexão, atitude

que nos relança para os valores do humano, que insistentemente teimam em vir

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respirar à tona da água num mundo vincadamente poluído pelo racionalismo

teórico”. A formação contínua deveria apoiar uma aprendizagem que finalmente

conduzisse a uma mudança de prática de ensino pela reflexão na acção e depois

da acção (Schön:1990). Entretanto, estas propostas partem frequentemente do

desejo dos investigadores e dos formadores. Os professores e educadores, pelo

menos a maioria, experimentam dificuldades em perceber uma ligação entre as

formações nas quais participam e as suas práticas de ensino (Huberman, 1989).

Face a esta constatação, privilegiamos um ponto de vista: para o professor

e também para o educador uma mudança de prática na educação poderia ter

lugar nesta concepção: ter origem num projecto de educação ou produto dele.

Neste caso, a concepção do professor a propósito da sua aprendizagem

testemunharia a sua intenção de mudança. Ele interagiria com um processo de

aprendizagem que poderia conduzir ao resultado esperado pelo próprio

educador e pelo formador: uma mudança de prática de ensino.

Temos reflectido sobre o estudo destas concepções. Digamos que se

inscrevem num campo de investigação que tem por objecto o estudo dos

processos de pensamento dos professores e educadores (teacher thinking).

Como vários investigadores neste movimento (Pope, 1993), preferimos uma

abordagem que situa as concepções numa relação construída por um indivíduo

com o seu meio e uma abordagem que as considera como realidades

identificáveis e categorizáveis que determinam a acção. Esta perspectiva

construtivista dá um lugar central ao sujeito, à sua história, ao seu projecto.

Contextualiza o estudo das concepções e compreende a sua construção

relacionada com o meio e com o sujeito. Põe de forma diferente a questão da

ligação entre concepção e acção no sentido que neste quadro, uma concepção

está ligada à acção, não numa relação de causa e efeito, mas numa interacção

(Linard, 1994,b; Vygotsky, 1962).

1. FORMAÇÃO CONTÍNUA E PRÁTICA DE ENSINO/EDUCAÇÃO

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Hoje, os educadores experimentam frequentemente dificuldades em

perceber o papel da formação contínua pela aprendizagem da sua prática. Quer

uns, quer outros participam e têm participado em cursos de formação contínua

por outras razões: ganhar créditos, reencontrar os colegas ou actualizar-se num

determinado domínio de conhecimento (Huberman, 1989). A aprendizagem da

prática do ensino, quanto aos educadores e professores, realizar-se-ia pela acção

(Yinger, 1987) pelas interacções com os alunos e os colegas (Clark e Lampert,

1986) e pela reflexão sobre a acção (Zeichner, 1994) ou sobre a reflexão na

acção e ainda a reflexão sobre a acção (Schön, 1988).

O que quer dizer que a reflexão é não só sobre a sua prática, mas a partir

da prática (a sua própria prática, a dos outros, as que são descritas nos livros), a

fim de construir um Projecto com tudo o que isso implica: concepção do

projecto ou plano de acção, concretização, controlo e avaliação teórica a priori,

avaliação na prática- durante e depois- prosseguimento ou reorientação.

E todavia, investigadores e práticos sabem bem que a aprendizagem no

trabalho tem os seus limites. Então qual poderia ser o papel da formação

contínua?

As respostas dos formadores de professores e educadores a esta questão

situa-os numa tensão entre dois pólos caracterizados pelas suas perspectivas da

prática em educação e da aprendizagem desta prática.

Por um lado, a prática em educação corresponderia ao pôr em execução as

teorias produzidas pelas Ciências da Educação (Gautier, Martineau, Tardiff,

Simard, 1995). A aprendizagem desta prática corresponderia então à aquisição

destas teorias, à sua aplicação sob a forma de técnicas. A formação visaria

transmitir estas teorias.

Por outro lado a prática de ensino/educação seria composta de

representações de teorias pessoais, de tomada de decisão e do pôr em acção

rotinas e resoluções de problemas. Face a uma situação inesperada, o professor

e o educador confrontados com um problema, resolvê-lo-iam por um processo

de reflexão (Schön, 1987). O professor e o educador aprenderiam a sua

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profissão pelo processo de reflexão. Nesta perspectiva, a formação visaria

sobretudo desenvolver habilidades do educador pela reflexão sobre a sua

prática.

Nos dois casos, o fim último da formação, é, frequentemente, que o

educador e o professor mudem a sua prática, quer se trate duma mudança

imposta, ou construída por eles próprios. Desde logo, uma forma de apreender o

papel da formação contínua na aprendizagem da prática em educação, seria

analisar, num contexto de formação contínua, as relações entre aprendizagem e

a mudança da prática de educar. O produto da aprendizagem deveria ser uma

mudança de prática de ensino/educação. No plano do processo da

aprendizagem, o educador poderia, na ocasião duma mudança da sua prática, ser

levado a desenvolver a sua reflexão ou a pôr em causa uma estrutura de

conhecimento anterior.

Evidentemente, as observações realizadas não poderiam ser directamente

associadas ao projecto dos formadores de educadores: transmitir teorias ou

técnicas ou desenvolver a reflexão sobre as suas práticas. O real é bem mais

complexo. Uma formação tem a sua própria história. O formador pode tanto ser

colocado em situação de transmissão, como em situação de acompanhamento de

reflexão de professores. O educador pode ou não ter como projecto aprender

novas teorias ou desenvolver a sua própria reflexão. Professores/educadores

podem ou não reencontrar na sua prática condições favoráveis da mudança

visada pela formação.

Para abordar esta complexidade, o investigador deve limitar o

questionamento e escolher um ponto de partida, inscrevendo este ponto de vista

num campo de investigação mais vasto que remete, ele próprio, para a

complexidade de uma situação de formação (Dominicé, 1994).

1.1. A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES/ EDUCADORES: UM PONTO DE PARTIDA

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Escolhemos estudar as concepções dos educadores/professores, pois temos

várias justificações:

Primeiramente, podemos encontrar uma justificação ética e epistemológica no

estudo do ponto de vista dos sujeitos em relação a um fenómeno. Esta

perspectiva permite ter em conta a pessoa, a sua história como os seus projectos

e o contexto no qual vive. Conduz à concepção e à gestão das formações

contínuas que têm em conta esta singularidade dos indivíduos e a respeitam.

Seguidamente, Marton e os seus colegas (1988,1993) têm demonstrado, numa

perspectiva objectivista o papel da concepção dum educando a propósito da sua

aprendizagem num contexto académico. Estas investigações mostram que a

aprendizagem não é percebida da mesma maneira segundo os indivíduos (Saljö,

1993; Marton, 1988; Marton, Dall’alba e Beaty, 1993). Estes autores põem em

evidência um número limitado de concepções da aprendizagem. Estas são

construídas pelos estudantes a propósito da sua aprendizagem que interage com

variáveis como os contextos de formação (objectivos, métodos;) e a motivação

(Biggs, 1993; Romainville, 1993). Neste quadro, foram estabelecidas

correlações entre condições de aprendizagem, processos e produto de

aprendizagem. Assim os estudantes que obtêm melhores resultados apresentam

uma concepção de aprendizagem mais sofisticada.

Por outro lado o movimento conhecido por “Teach Thinking” reconhece

depois de alguns anos, a importância do processo de pensamento do professor

(Clark e Peterson, 1986). Investigações realizadas neste quadro sublinham o

interesse em estudar o papel das concepções do educador e do professor a

propósito da sua aprendizagem e isto, nomeadamente, para compreender como

os conhecimentos oriundos da formação e da prática podem articular-se

(Calderhead, 1988). Entretanto, se raros trabalhos descrevem as concepções dos

educadores em formação inicial a propósito da sua aprendizagem e a maneira

como certos futuros educadores e professores integram a sua prática de ensino

nestas concepções, não relacionam todavia a sua construção com várias

características duma situação de formação.

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Para aprender as formas e as condições nas quais os professores e

educadores integram as suas perspectivas de mudança de prática de ensino nas

suas concepções de aprendizagem, preconizamos duas vias: a) a das concepções

de professores e educadores a propósito da sua aprendizagem b) a das

concepções a propósito da sua mudança de prática de ensino

É no discurso do professor que vive uma experiência ou formação

definida, que é apreendida a forma como ele integra a visão da mudança de

prática de ensino na sua concepção de aprendizagem.

Assim propomos algumas questões relevantes a serem tidas em conta num

contexto de formação contínua, a fim de se poder elaborar um projecto que

resulte ao fim e ao cabo numa mudança de práticas.

que significa para um educador aprender?

Num contexto Como e em que condições o professor/educador integra a ideia de mudança de prática de ensino na de

de sua concepção de aprendizagem?

Formação Contínua que significa para um educador ou professor mudar a prática de ensino?

Fig. 1 - Formação contínua: questões relevantes

A relação estabelecida entre aprendizagem do ensino e a mudança de prática

do ensino parece essencial. Segundo alguns modelos teóricos, a mudança de

prática seria integrada na aprendizagem do ensino. Corresponderia assim a

processos de reflexão e acção, que devem ser adoptados em qualquer projecto de

formação contínua

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Entretanto poucos elementos são trazidos quanto às representações dos

professores a propósito da sua mudança de prática de ensino, sobretudo no que

respeita à Formação Contínua.

Segundo Huberman (1989) a mudança corresponderia, para os professores, a

uma experimentação activa de novas condutas no quotidiano. Entretanto, esta

aprendizagem de ensino para a prática não teria grande coisa a ver com a

aprendizagem vivida em formação, sobretudo a Inicial.

Por outro lado os trabalhos de Kolb mostram que a mudança não está sempre

associada a uma reflexão, a uma transformação por intenção mas mais a um

aumento de novas condutas, uma transformação por extensão.

Podemos, por outro lado, supor que certas variáveis intervêm na Formação

Contínua dos professores/educadores como a perspectivação do fim em vista na

formação (ensinar, realizar um projecto definido, encontrar outros professores

etc.), a percepção da eficácia da formação para chegar a este fim, a “visão de si”, a

fase da carreira interagiriam com a construção pelo professor duma concepção da

sua própria aprendizagem que integra a sua visão de mudança de prática.

O modelo de descrição das concepções de aprendizagem de Marton,

Dall’Alba e Beaty (1993), não dão conta duma dimensão que todavia nos parece

essencial para uma abordagem construtivista. Trata-se do sujeito como processo

que interage e tem a sua própria história. Na construção duma concepção de

aprendizagem por um sujeito intervêm não somente elementos do meio, as

concepções construídas por ele anteriormente, os acontecimentos vividos, as

interacções significativas com os colegas, as representações de situações

desejadas...e a sua própria história como pessoa.

Segundo esta abordagem, a concepção de aprendizagem de um sujeito pode

não ser somente descrita como um conjunto de significações acordadas por ele em

dado meio, à sua aprendizagem, mas também como uma intenção que a anima.

2. CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM E HISTÓRIA DE VIDA

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Paralelamente às condições do meio, será possível encontrar na história de

vida do professor, condições susceptíveis de acompanhar a sua construção de uma

concepção de aprendizagem integrando a ideia de mudança de prática de ensino,

que é um dos objectivos da formação contínua.

Tentaremos ver os pontos de referência numa análise ontológica da relação

de desejo entre sujeito e objecto a conhecer e por outro lado na história de vida do

professor.

As origens: o desejo de conhecer

“L’histoire d’apprendre plonge dans un enracinement inconscient très archaique que seuls des psychanalystes ont pu tenter de décrire. Lorque nous avons découvert que le désir de connaître était à l’origine de la pensée, le rapport étroit entre l’affectif et le cognitif s’est imposé à nous. Il devenait indispensable de décrire le processus apprendre en partant de ses fondements affectifs.” (Aumont, Mesnier, 1993:137).

No seguimento deste parágrafo concordamos com Aumont e Mesnier (1993)

e a sua investigação sobre os fundamentos afectivos do acto de aprender (ensinar).

Os dois autores utilizaram o triângulo pedagógico para representar a origem do

desejo de conhecer na relação mãe-criança:

A MÃE Objecto/Sujeito a conhecer - SABER

Desejo

Professor Aluno PAI Criança

Fig. 2 - O Triângulo Pedagógico

A l’origine, le premier objet d’investissement - la mére - est pour le nourrisson le premier objet à connaître. La mères a donc au départ de la vie, un statut “objectal” au sens

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freudien d’une instance humaine d’identification et d’instance humaine d’identification et d’investissement. N’importe quel objet investi sera par la suite en lien avec ce premier objet/sujet. C’est pourquoi le sommet du triangle dévolu au savoir par J. Houssaye peut se superposer à celui de l’objet/sujet à connaître dans le triangle oedipien. Et puisque l’élève tient la place de l’enfant, l’enseignant(e) se trouve à la place du père représentant la loi. (...) Si la triangulation pédagogique fonctionne, la castration oedipienne a suffisamment interdit la mère comme objet à connaître pour que l’objet de savoir devienne un terme tiers.” (Aumont, Mesnier, 1993:138).

Segundo Aumont e Mesnier o desejo de conhecer tem uma dupla origem na

história da “relação/objectal” entre Mãe e Criança: a pulsão epistémica originária

da investigação e o desejo de saber edipiano. Sublinhamos particularmente a sua

análise de configuração edipiana, porque ela nos parece sugerir a hipótese quanto

às dictomias já atrás referidas entre concepções de aprendizagem: aprendizagem

vista como a aquisição de conhecimentos feitos ou como a construção de

conhecimentos pelo sujeito.

“Quant au désir de savoir, lié à la configuration oedipienne et souvent sublimé en intérêts intellectuels, en projets de recherche ou de création, il reste porteur de la première énigme, et pousse à la résoudre. C’est pourquoi “la résolution de problèmes”, dispositif pédagogique préconisé aujourd’hui, aiguise la curiosité de l’apprenant et fait fonctionner ses structures cognitives. Seules les questions permettent de s’aventurer dans l’inconnu de l’objet et de dépasser les limites imposées par léducation. Mais la pression de celle-ci est parfois si forte que la curiosité de l’enfant se trouve déplacée, détournée, captée dans la société par des objets qui ne sont pas motivants et auxquels il doit se soumettre.

Le refoulement et/ou la sublimation qui caractérisent la relation oedipienne peuvent présenter des risques au plans affectif et cognitif; Freud le souligne dans la description que nous venons de rapporter. M. Klein aussi lorsqu’elle préconise la sincérité avec les enfants et la franchise à leurs question en sorte qu’ils éprouvent un sentiment de liberté qui protège leur pensée “contre la tendance au refoulement qui la menace, c’est-à-dire contre le retrait de l’energie pulsionnelle entraînant une partie des sublimations” (1967, p. 49).”

M. Klein n’hésite pas affirmer que la pensée issue du refoulement lié à l’autorité inhibitrice, est une pensée pauvre “incapable de distinguer dans les questions intellectuelles ce qui est vrai de ce qui est conforme à l’autorité” (id., p. 51). Elle évoque les effets négatifs du refoulement: le rejet et le démenti des faits sexuels primitifs ou l’obligation d’admettre de force des idées toutes faites:

“Combien d’éléments, dans l’appareil intellectuel d’un individu, ne lui appartiennent vraiment qu’en apparence, combien sont dogmatiques, théoriques ou imposés d’autorité, combien n’ont pas été élaborés parlui-même, par sa propre pensée, libre et sans entraves!” (id.p.53).

M. Klein a des mots très forts pour décrire les multiples obstacles dressés devant le désir de savoir de l’enfant et qui refoulent définitivement en lui toute possibilité de pensée originale en lui opposant une autorité puissante et invincible.” (Aumont, 1993:145,146).

Assim, a forma como a criança ultrapassa estes obstáculos poderia explicar a

génese das concepções de aprendizagem, considerando esta como a aquisição de

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conhecimentos feitos, existindo fora do indivíduo, ou como construção de

conhecimentos.

Do mesmo modo, no professor uma orientação externa poderia ter origem no

recalcamento ligado a uma autoridade inibidora. O professor não encontraria nele

próprio as fontes dos seus conhecimentos mas pelo que lhe é oferecido por uma

autoridade exterior.

A experiência pode facilitar a construção deste objecto a investir, a conhecer.

Em particular, o facto de viver acontecimentos imprevistos, de ser confrontado

com desafios, insucessos favorecem a constituição dum objecto a conhecer, o pôr

em projecto, a vontade como diriam os professores. Este papel da experiência e em

particular do imprevisto, da ruptura é sublinhado por vários autores, como por

exemplo Piaget e Schön.

3. A ligação entre projecto, aprendizagem e mudança

Berbaum (1991) sublinha as interacções possíveis entre aprendizagem,

projecto e mudança:

“...apprendre permet de répondre à une impulsion, à un désir de changement qui correspond à un besoin de réaliser des potentialités que l’on porte en soi, d’accroissement de ses possibilités (...) Pourquoi apprend-on? Nous aurions tendance à répondre, en définitive, que c’est pour réaliser ce que nous portons en nous, ce qu’est notre projet personnel” (Berbaum, 1991:28).

Ghyssens (1994) esquematiza esta relação em espiral:

DESEJO de mudança

Mudança pôr em projecto

Aprendizagem

novo

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Fig. 3 - Desejo, Projecto, Aprendizagem e Mudança

Esta relação parece-nos essencial para compreender a integração da mudança

de prática de ensino na concepção de aprendizagem do ensino: uma condição para

que a mudança de prática apareça na concepção de aprendizagem seria a

experiência pelo sujeito dum projecto que tem a sua origem num desejo de

mudança de prática, define a finalidade de que ele tem expectativa em formação,

sobretudo a contínua, motiva as aprendizagens e chega a pôr em execução a

mudança. Este desejo estaria ligado á construção dum ideal do eu que conduz o

sujeito a afirmar-se no acto.

Um terceiro elemento a sublinhar e sem dúvida difícil de explicitar é o prazer

de ensinar associado a uma aprendizagem ligada a esta relação do sujeito a um

objecto a conhecer com vista a realizar um projecto no qual ele se realiza a si

próprio. A realização de um projecto implica por si mesmo a construção da sua

própria personalidade que interage com a dos outros. Assim desejaríamos que a

formação contínua proposta aos educadores e professores lhes possibilitasse a

construção do seu ser pessoal e profissional.

Por outro lado, certos trabalhos podem levar à elaboração de hipóteses quanto

à maneira como as experiências de vida contribuíram para a construção das

concepções de aprendizagem.

Um tema recorrente no estudo levado a cabo por Kelchtermans (1993) junto

de dez professores belgas é a percepção de si como sendo vulnerável. Esta

vulnerabilidade pode tomar diversas formas: vulnerabilidade no começo da

carreira (o professor sente-se dependente da avaliação do director da Escola)

vulnerabilidade em relação à avaliação dos alunos, dos pais, das autoridades,

vulnerabilidade ligada à natureza dos conhecimentos. Kelchtermans citando Blase

(1988) sublinha que a tendência dos professores para a passividade e para o

conservadorismo aumenta quando o seu sentimento de ser vulnerável cresce. Na

nossa perspectiva, este sentimento de vulnerabilidade poderia orientar o professor

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para a construção de concepções de aprendizagem do tipo de aquisição de

conhecimentos feitos e valorização de recursos externos para aprender. Este

sentimento seria acompanhado da construção duma visão de si de alguém que

recebe passivamente informações fornecidas por outrem.

Através de uma análise numa perspectiva construtivista de pontos de

articulação possíveis entre a trajectória pessoal do sujeito que aprende e o pôr em

execução o processo de aprendizagem, Bourjeois e Nizet (1996) sugerem pistas

para aprender mais finamente os elos possíveis entre história de vida e concepções

de aprendizagem. O seu estudo fornece particularmente elementos de análise das

mudanças eventuais de concepções em cursos de formação e da sua articulação

possível com dimensões como a visão de si e a experimentação das fases críticas.

Parece, pois, que a história pessoal do indivíduo, isto é, dos professores e

educadores influencia a sua concepção de aprendizagem e bem assim a sua

mudança de prática em educação, pelo que aquela deve ser tida em conta em

qualquer projecto de formação contínua.

Uma explicação para a “não mudança” eventual das concepções de

aprendizagem em cursos de formação contínua poderia ser encontrada na ligação

estreita que sugerimos entre concepções de aprendizagem e a visão de si do

professor.

Como dizem Bourgeois e Nizet:

“Parmi les facteurs susceptibles d’affecter la probabilité d’accommodation d’une

structure d’accueil donnée (dans notre cas d’une conception), nous avions déjà évoqué le lien plus ou moins étroit entre cette structure et le système de valeurs et l’identité du sujet. L’hypothèse était qu’au plus ce lien est étroit, au moins la structure est susceptible de se transformer, en raison du “coût” cognitif, affectif et social que représenterait une telle transformation. (...) Les représentations que le sujet véhicule concernant des sociaux (le jeunes, les chômeurs, les étrangers, ...) ou d’autres objets à forte signification sociale et culturelle (la démocratie, le pouvoir, l’éducation, la sexualité, etc..) sont des structures fortement enracinées dans l’identité du sujet comme personne ou comme acteur social. Elles sont même constitutives de son identé dans la mesure où elles permettent, de se faire reconnaître et de reconnaître l’autre, comme personne ou comme acteur social. On comprend dès lors que ce type de structures soit particulièrement peu propice à l’accommodation.” (Bourgeois, Nizet, 1996:168).

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Se a concepção de aprendizagem dum sujeito se constrói desde a infância e é

constitutiva da sua visão de si, então esta concepção deveria ser relativamente

resistente à mudança.

Os dois autores sugerem um conjunto de outros pontos de articulação

possíveis entre trajectória individual e processo de aprendizagem. Alguns destes

permitem-nos apreender o efeito de reflexão sobre a sua aprendizagem, sobre as

mudanças de concepções de aprendizagem eventualmente observadas.

Nos cursos de formação contínua como na sua prática de ensino/educação e

ainda na vida quotidiana, o professor e o educador pode ser confrontado com

informações susceptíveis de enriquecer a sua concepção de aprendizagem.

Estas informações podem corresponder ao discurso dos formadores ou a

leituras, mas também a experiências vividas pelo sujeito. Assim, o professor e o

educador poderiam ser levados, por questões postas no decorrer de entrevistas, a

reconhecer como uma experiência de aprendizagem, situações vividas dentro ou

fora da formação e a enriquecer assim a sua concepção.

Do mesmo modo, uma concepção de aprendizagem construída num dado

momento poderia ser reforçada na medida em que, para o sujeito, esta concepção

dá conta de forma adequada das novas situações experimentadas.

Podemos relacionar alguns trabalhos (Korthagen, 1988; Calderhead, 1991) re

com as concepções dos futuros professores/educadores, a propósito da sua

aprendizagem.

Estes mostram interesse em estudar estas concepções para a formação dos

professores. Assim os estudantes diferenciar-se-iam segundo valorizam ou não a

reflexão sobre a sua prática para aprender. Alguns valorizam a sua própria

reflexão (orientação interna), outros os recursos externos (colegas, “experts”).

Paralelamente Huberman (1989) mostra que os professores em exercício

vêem a mudança da sua prática de ensino como a experimentação de novas

condutas no quotidiano. É por este meio que eles desenvolvem a capacidade de

ensinar. Eles aprenderiam pela prática. Esta aprendizagem não teria grande coisa a

ver, segundo eles com a aprendizagem vivida em formação.

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Face a este fosso entre formação contínua e prática de ensino, pretendemos

explorar de que maneiras e em que condições os professores em formação

contínua integram as suas visões de mudança de prática de ensino nas suas

concepções de aprendizagem e fornecer instrumentos aos actos de formação

(professores, formadores, decisores) para melhorar a ligação entre a formação

contínua dos professores e as suas práticas de ensino.

Sugerir condições de manifestação de integração da ideia de mudança de

prática nas concepções do ensino a propósito da sua aprendizagem redundará

numa melhor compreensão de aprendizagem do professor em formação contínua.

Além disso, este processo oferece aos actores da formação um instrumento para

gerir uma formação contínua de forma que, do ponto de vista do próprio professor,

mobiliza uma mudança da sua prática de ensino ou conduz a essa mudança.

Num contexto de Formação Contínua

• De que maneira as concepções de professores a propósito da sua aprendizagem integram a ideia de mudança de prática de ensino?

• Trata-se dum produto de aprendizagem?

• A mudança de prática intervém ao nível do processo de aprendizagem?

• A mudança de prática intervém ao nível das condições de aprendizagem?

• Quais são as condições de manifestação duma concepção de aprendizagem integrando a ideia de mudança de prática de ensino?

Marton e os seus colaboradores (1993) adaptaram juntando às dimensões do quê e

do como, a dimensão das condições de aprendizagem, isto é, dos recursos

valorizados pelo professor para aprender. Entretanto é a concepção de professor a

propósito da sua mudança de prática que constitui a nossa referência para

considerar que a concepção de um professor a propósito da sua aprendizagem

integra a ideia de mudança de prática.

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VARIÁVEIS INDIVIDUAIS

VARIÁVEIS RELACIONAIS

CONCEPÇÃO DA

APRENDIZAGEM

. Visão de si

. Representação das

estratégias de Formação

. . Representação do

fim em vista CONCEPÇÃO DA

MUDANÇA DE

PRÁTICA

VARIÁVEIS

SITUACIONAIS

. Contexto de formação

. Concepções dos formadores a propósito

da aprendizagem do professor ou do educador

FIG. 4 – Modelo das concepções nas quais um professor/educador integra a sua ideia de mudança de prática

na concepção da sua própria aprendizagem

Lembramos que os pontos de referência sugeridos são originários de campos

de investigação raramente postos em relação com a pedagogia universitária, a

aprendizagem do ensino, a aprendizagem do adulto. Nesta síntese, distinguimos,

por um lado, resultados de investigações que visam descrever as representações

que têm os indivíduos dos fenómenos e, por outro lado, resultados da investigação

que descrevem fenómenos. Propondo esta síntese original tentamos, respeitando a

sua origem, utilizar estes elementos, a fim de estarmos atentos a eventuais

características das concepções dos professores.

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Esta síntese põe em evidência uma convergência entre as análises de Marton

e Al.(1993), num contexto académico e de Korthagen (1988) em formação inicial

de professores. Um e outro distinguem as concepções de aprendizagem segundo as

quais valorizam ou não a construção de significações por aquele que aprende.

Enfim esta síntese sublinha uma convergência entre estes mesmos trabalhos e os

estudos de “Experiência de Aprendizagem” no adulto em situação de vida. Com

efeito, as concepções de aprendizagem considerando a aprendizagem como a

construção de significações pelo que aprende (“ver as coisas de outro modo” e

“mudar como pessoa”) integra igualmente a aprendizagem numa experiência de

mudança, quer esta mudança seja reconhecida como uma aprendizagem, quer ela

seja integrada num projecto motor de aprendizagem.

Para o adulto existem duas condições de mudança de prática: são a

possibilidade de experimentar e de reflectir sobre esta acção só, ou em interacção

(Kolb, 1984).

Atrás sugerimos um conjunto de variáveis individuais, situacionais e

relacionais susceptíveis de interagir com a construção de concepção de

aprendizagem dum professor e em particular com a integração nesta concepção da

sua ideia de mudança de prática de ensino, que explicitámos num modelo de

análise. Este modelo poderá ser útil sobretudo na análise de casos.

A integração da ideia de mudança de prática na concepção de aprendizagem

do ensino poderia estar associada a uma variável individual, a etapa de carreira

vivida pelo professor. Esta etapa é caracterizada pelo próprio professor.

Corresponde ao tema central escolhido por ele para caracterizar a etapa vivida.

Nesta perspectiva, a etapa “de experimentação e de activismo” que acontece

eventualmente entre sete e dezoito anos de carreira (Huberman, 1992) seria, na

nossa perspectiva, a mais favorável. Além disso, uma etapa vivida pelo professor

como um momento de transição (por exemplo: uma promoção, o retorno ao ensino

depois de uma pausa, uma mudança na sua vida privada) pode levar este a uma

formação a longo termo orientada para mudanças da sua prática (Day, 1993) e

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portanto para a construção duma concepção da sua aprendizagem integrando a

ideia de mudança de prática de ensino.

Entre as variáveis situacionais, só as concepções dos formadores de

professores a propósito da aprendizagem do ensino foram associadas às

concepções de aprendizagem dos professores (Korthagen, 1988). A pressão da

concepção do formador pode conduzir os futuros professores quer a abandonar a

formação, quer a mudar as concepções no sentido de uma maior similaridade com

a do formador.

As outras variáveis situacionais sugeridas são originárias de trabalhos que

dizem respeito à aprendizagem do ensino. Fazem parte dum conjunto de condições

de formação e de prática consideradas como favoráveis a esta aprendizagem. Em

formação, as interacções entre colegas, num procedimento de desenvolvimento do

produto, a ocasião de conceptualizar os processos de formação e aprendizagem e

na escola, uma cultura de colegialidade, e o reconhecimento dos progressos

individuais.

Entre as variáveis relacionais, a motivação vista como uma representação do

fim em vista pelo que aprende foi associado num contexto académico às

concepções de aprendizagem. A uma leitura do modelo de Cross (1981) conduz-

nos a complexificar esta abordagem da motivação e a encarar uma interacção entre

a concepção da sua aprendizagem, a representação do seu fim em formação e a

representação da eficácia de formação para chegar a este fim. Esta interacção

tornar-se-ia particularmente significativa se se encara que o fim em vista pelo

professor em formação é um projecto de mudança de prática de ensino. Uma

condição para que a ideia de mudança de prática de ensino apareça na concepção

de aprendizagem do professor seria que aos olhos deste as actividades propostas

em formação permitam a realização do seu projecto. Este elo entre projecto,

aprendizagem e mudança foi posta em evidência por Aumont e Mesnier (1992) e

por Berbaum (1991).

Uma visão de si como alguém passivo, destinado a receber informações

poderia estar associado às concepções de aprendizagem do tipo aquisição de

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conhecimentos. Enquanto que uma visão de si como criador de conhecimentos

poderia estar associado às concepções de aprendizagem do tipo “construção de

conhecimentos”. Neste contexto, o conceito de visão de si está pouco definido. Os

níveis de apreensão de si sugeridos por Villiers (1993) e Noissant (1993)

permitem apreender e afinar estas definições entre visões de si. Além disso, nós

sugerimos uma relação possível entre uma concepção de aprendizagem

valorizando os recursos externos para aprender e um sentimento de

vulnerabilidade do professor. Sugerimos uma associação entre visão de si como

“dono da mudança” e a integração da ideia de mudança de prática na concepção de

aprendizagem do professor. Neste caso, a aprendizagem seria um processo

dominado pelo professor que tem em vista um objectivo de mudança de prática de

ensino escolhido e dominado por si mesmo. A figura seguinte dá conta das

diferentes relações sugeridas entre concepções de aprendizagem e visão de si.

Quê ?

Conhecimentos feitos construídos por colegas ou teorias científicas

Conhecimentos construídos pelo professor

Como ?

Consumir, tomar

Construir pela acção, reflexão, integração

Em que condições ?

Recursos externos ( colegas, experts)

Recursos internos ( a sua própria experiência)

Lugar de mudança de prática

Lugar de mudança de prática Aprender na mudança Reconhecer a aprendizagem na mudança ou integrá-la num projeto motor de aprendizagem.

Fig. 5 – Visão de si e concepções de aprendizagem

Enfim a visão de si do professor pode, por um lado, encontrar a sua génese na

infância na construção do desejo de conhecer (Aumont e Mesnier, 1993), e por

outro lado, estar associado ao estatuto acordado ao ensino (Kelchtermans, 1993)

ou ainda constituir o produto da sua participação em formações contínuas (Cross,

1981; Noissant, 1993).

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V CONCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS DE APRENDIZAGEM

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1. CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM

Porque em Ciências da Educação os investigadores constroem o objecto

que estudam (Ardoino et Mialeret, 1990), um dos nossos objectivos é definir o

conceito de concepção de aprendizagem para o confrontar com diversas

experiências de aprendizagem, seja do adulto, seja dos professores, quer em

Formação Inicial ou em Formação Contínua.

F. Marton e um grupo de investigadores suecos introduzem o estudo das

concepções como as de “leitura” ou “de aprendizagem”, no decurso dos anos 70

e definem o objecto de estudo como: “a experiência humana” (adoptando uma

concepção redutora da experiência, limitando a sua apreensão ao discurso

produzido pelo sujeito a propósito dum fenómeno), e um método adaptado: a

fenomenografia. Este método tem como objectivo revelar as diferenças

qualitativas na forma como as pessoas vivem e conceptualizam fenómenos no

mundo que as rodeia.

Representações e concepções fazem parte das construções mentais

mobilizadas pelos indivíduos para aprender (Bourgeois et Nizet,1996), para

compreender uma situação, resolver um problema (Cordier et al.,1990).

Enfim representações e concepções de aprendizagem estão no centro de

trabalhos de vários campos de investigação como a Educação, a Psicologia

Social etc.

Por isso encaramos diversas abordagens:

a) a abordagem objectivista que reflectiria a posição tomada por aqueles

que como Varela (1989) chama os cognitivistas de 2ª geração que definem a

cognição como a computação de representações simbólicas.

b) a abordagem construtivista que considera a concepção da aprendizagem

como um tipo particular de conhecimento ingénuo e individual construído na

interacção do sujeito com o meio. A construção depende portanto do meio no

qual o sujeito se encontra, mas também do próprio sujeito, da sua história, do

seu projecto.

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c) no seguimento desta tese, fazemos referência aos trabalhos de Marton e

dos seus colaboradores a propósito das concepções de aprendizagem “os

fenomenografos”.

Marton (1981) que caracteriza a sua perspectiva epistemológica fala de

“perspectiva de segunda ordem” ou de “perspectiva experiencial”. É aquela que

se interessa pelo ponto de vista do indivíduo em relação a um fenómeno, à sua

própria experiência dum fenómeno. Esta perspectiva, opõe-se, segundo Marton,

a uma perspectiva de 1ª ordem que se interessa pelos fenómenos tal como um

observador exterior (investigador, formador) pode apreendê-los.

As concepções de aprendizagem estão no centro dos trabalhos daquele

autor e seus colaboradores. Eles estudam-nos particularmente num contexto

académico, nós tentamos abordá-lo num contexto de formação contínua de

professores, isto é, tendo em conta variáveis situacionais (o contexto de

formação e o contexto de prática) relacionais e individuais associadas à

construção destas concepções, sem ter em conta a sua relação com os processos

e produto.

Apesar de tudo gostaríamos de abordar primeiramente as diferentes

experiências de aprendizagem: no adulto, nos professores, quer em formação

inicial quer em formação contínua.

1.1. EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM NO ADULTO

Foram efectuados alguns estudos em adultos sobre “experiência de

aprendizagem”. Têm como ponto comum com aqueles que foram realizados em

contexto académico, interessar-se pelas representações dos indivíduos a

propósito da sua aprendizagem. Distinguem-se entretanto pela abordagem

metodológica: uma abordagem fenomenológica (Giorgi, 1985) e uma

abordagem biográfica (Aumont e Mesnier,1993). Ao evocar estes trabalhos

pretendemos enriquecer o referencial que servirá para análise das concepções de

aprendizagem dos professores. Eles trazem com efeito, descrições muito

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diferentes de “experiência de aprendizagem”. Entre estas diferenças,

sublinharemos o lugar essencial do projecto.

1.2. INVESTIGAR E EMPREENDER: DUAS COMPONENTES ESSENCIAIS DO ACTO DE APRENDER

Giorgi, Aumont e Mesnier (1993) estudaram as representações do adulto a

propósito da sua aprendizagem. Como Giorgi e contrariamente a Marton e

Saljö, não diferenciam os indivíduos; isto é procuram mais caracterizar um

processo: o acto de aprender tal como é percebido por indivíduos e identificado

em momentos essenciais. Para tal formulam a hipótese de que o acto de

aprender é constituído por duas componentes essenciais: empreender e procurar

(investigar). Assim analisam, à sua maneira, uma relação possível entre

formação e prática. Esta relação implicaria a realização dum projecto que seria

tornado possível pela formação e experimentado por aquele que aprende. Neste

caso, a ruptura tradicional entre o domínio escolar e o de prática profissional

seria ultrapassado.

Os dois autores definem o acto de aprender da seguinte forma:

“L’acte d’apprendre est un processus effectif lorsque chacune de ses phases constitutives est

déterminée par l’un ou l’autre des attributs d’entreprendre et/ou de chercher.”

. empreender e investigar perspectivam o sujeito em relação ao objecto a conhecer. Deste modo, o professor/ educador experimenta uma atração pelo novo objecto, por um processo de motivação interno desencadeado por uma circunstância, um reencontro.

. empreender e investigar permitem a construção- apropriação do objecto, do saber, isto é, o objecto passa de conhecido a objecto construído ;

. na interação dos processos pressupostos o professor constitui-se como sujeito estruturado. “(Aumont, Mesnier, 1993:254 a 258)

Esta última característica do acto de aprender merece alguns comentários.

Com efeito, empregando o termo sujeito, os autores entendem por vezes: o

sujeito biofisiológico (o corpo, o movimento); o sujeito afectivo (lugar de

pulsões, emoções e sentimentos); o sujeito cognitivo e o sujeito social. Estas

dimensões não são separadas, mas estão em constante interacção.

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“Chez l’apprenant qui entreprend et cherche s’opére done une mise en

relation entres deux registres souvent clivés: . la sensibilité et l’inteligence;

. l’afectif et le cognitif;. l’imagination et l’organisation mentale; . Le registre des croyances et celui de la raison critique; la mise en oeuvre des pratiques et la capacité de les interroger sur un plan théorique”. (Aumont; Mesnier, 1993: 262).

Para concluir, Aumont e Mesnier sublinham que uma:

“aplicação pedagógica de um empreendedor que integra o investigar poderia ser hoje

o projeto pedagógico (Aumont; Mesnier, 1993: 274).

O projecto pedagógico analisado pelos dois autores, em contextos tão

diferentes como a formação inicial, formação em alternância, a formação dos

educadores e professores permite a efectivação de duas condições: empreender

e investigar. O educando investe num objecto escolhido por ele e constrói-o

nomeadamente na interacção com os seus colegas e os formadores.

Em síntese, as descrições de Giorgi e Aumont e Mesnier rompem com as

primeiras concepções da tipologia de Marton e Saljö (“apprendre des

connaissances nouvelles, mémoriser, apliquer”). O adulto em situação de vida

reconhece a aprendizagem como uma experiência significativa, vivida em

interacção social como um processo de ruptura, de se pôr em causa ele próprio

ou os objectos do saber.

Assim, o processo da aprendizagem seria integrado num projecto (neste

quadro, o termo projecto é empregue no sentido de “projecto visado” (Jonnaert,

1993) com vista a um empreendimento. O projecto motivaria a aprendizagem.

Motivaria a investigação dum novo saber, a experiência na prática, as

interacções sociais.

Estas maneiras de integrar a mudança na experiência de aprendizagem: dar

uma significação a uma experiência de mudança ou construir um projecto de

mudança, poderão ser igualmente observadas, num contexto de formação nos

educadores e professores? E em que condições?

1.3. A EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM DOS PROFESSORES/ EDUCADORES

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As investigações consagradas às concepções de aprendizagem dos

professores e educadores são ainda pouco numerosas. As mais divulgadas

estudam as concepções de aprendizagem dos professores em formação inicial.

Formação Inicial e orientações de aprendizagem No quadro da formação de futuros professores de matemática por exemplo,

tendo como objectivos favorecer a aprendizagem de habilidades de reflexão

sobre a sua própria prática como meio de favorecer a ligação entre a formação

inicial e a prática profissional, Korthagen (1988) fez um estudo com objectivo

de avaliar se um programa de formação centrado na promoção da reflexão era

igualmente adequado para todos os estudantes. A finalidade última deste

programa era treinar os estudantes numa reflexão autónoma sobre a sua própria

prática na aula seguindo as seguintes etapas:

4 - Criação de métodos de intervenção alternativos

3 - Tomada de consciência dos aspectos essenciais 5 - Experiência 2-Retorno 1- Acção à acção FIG. 6 - Modelo de Aprendizagem em Espiral de Korthagen (1988)

Os métodos utilizados são sobretudo a supervisão individual e o registo do

que se passa diariamente, pelos estudantes. Os objectos de reflexão são, durante

o primeiro ano, actividades de simulação do ensino vividas pelos estudantes e a

sua própria aprendizagem das matérias, em particular a matemática. Em

seguida, no decurso dos três anos seguintes, são as actividades da prática de

ensino que são analisadas.

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Korthagen interrogou primeiro uma centena de estudantes através de um

questionário perguntando-lhes o que é que eles tinham aprendido durante a sua

formação e o que, em sua opinião, faltava àquela. Esta primeira investigação

levou-o à conclusão que os estudantes diferem em função de preferirem

aprender ou pela reflexão – orientação interna ou externa. Assim, segundo ele, a

adequação a todos os professores de programas de formação baseados na

reflexibilidade como princípio é posta em causa. (Korthagen, 1988 : 42).

Esta conclusão levou outros a realizar um estudo baseado em duas questões: * Como é que estudantes tendo diferentes orientações de aprendizagem se

desenvolvem durante um programa de formação baseado na reflexividade?

* Qual o impacto deste programa de formação no desenvolvimento de estudantes que têm orientações de aprendizagem diferentes?

No decurso da sua investigação, o autor faz as seguintes constatações:

* Os formadores interrogados privilegiam todas as aprendizagens do ensino pela reflexão e não compreendem facilmente os estudantes que valorizam igualmente a reflexão para a sua aprendizagem.

* A maioria dos estudantes que têm uma orientação externa abandonam depois

do primeiro ano. Em seguida ele tira as seguintes conclusão: se os programas de formação

baseados num ensino reflexivo querem ser efetivos, é fundamental que as

estratégias de supervisão tenham em conta as diferenças de orientação de

aprendizagem. (Korthagen, 1988: 48).

Em síntese, por que se trata de futuros professores, esta investigação é

importante por várias razões:

Primeiro porque põe em evidência um aspecto das concepções de

aprendizagem, isto é, das condições valorizadas pelo professor para aprender.

Korthagen diferencia, com efeito, as orientações da aprendizagem dos futuros

professores segundo as quais eles valorizam recursos externos (manual,

supervisor) ou interno (o professor e a sua própria análise da situação). Esta

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dimensão: “que condição?” viria juntar-se às dimensões “quê” e “como”

propostas por Marton e os seus colaboradores.

Em segundo lugar, ele põe em evidência uma característica da situação de

formação que poderia interagir com as concepções de aprendizagem dos

professores. Trata-se das concepções dos formadores de professores a propósito

da aprendizagem do ensino, que pode também adaptar-se à Formação Contínua.

Enfim, o objectivo pretendido, no quadro da formação estudada por

Korthagen é tal como nós pensamos, desenvolver habilidades de análise e

reflexão sobre as práticas. Nesta formação o desenvolvimento desta habilidade é

considerada pelos formadores como um meio essencial para favorecer a ligação

entre a formação e a prática de ensino (Wubbels e Korthagen, 1993).

Para concluir pensamos que a investigação de Korthagen não deve levar à

rejeição duma formação de professores e educadores que favoreça o

desenvolvimento da habilidade de reflexão sobre as práticas, mas mais orientar

a formação de professores e educadores para uma melhor tomada de consciência

das diferenças individuais.

Formação Inicial, perspectivas de aprendizagem privilegiada

Calderhead (1991) sintetiza várias investigações (Russel, 1988, Calderhead

1988; Calderhead e Robson, 1991) que sugerem quatro perspectivas diferentes

dos futuros professores em relação à sua aprendizagem:

“Certains futurs enseignants approchent leur formation avec l’attente qu’on leur dira comment enseigner et que c’est la responsabilité des enseignants et des tuteurs de réaliser cette attente (1). D’autres, voient l’enseignement comme dépendant de la personnalité et considèrent que les habilités de l’enseignant se construisent par soi-même (2). D’autres le voient comme une affaire d’expérience personnelle (3). Enfin d’autres encore voient l’enseignement comme totalement sans problèmes. Chacun peut enseigner. Il n’y a rien de particulier à apprendre (4).” (Calderhead, 1991:533).

Calderhead, como Dunne (1993) vê nestes resultados aparecer a dicotomia,

já sublinhada por Korthagen (1988), entre os pensadores (thinkers) e os

práticos (doers). Uns e outros valorizam a experiência prática, só que uns

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acomodam-se enquanto outros questionam ideias, maneiras de fazer. (Dune, 1993:

103)

Calderhead tira das suas investigações duas implicações para a formação:

• Explicitar as concepções dos futuros professores e educadores e examiná-los em relação com os outros conhecimentos construídos em formação.

• Ter em conta as diferenças individuais entre estudantes e evitar desvalorizar as rotinas de ensino que para os estudantes podem constituir uma etapa essencial no desenvolvimento dum professor reflexivo.

Enfim Calderhead (1991) promove uma investigação ligada à prática de

formação de professores. Uma investigação integrada numa formação de

professores que permite compreendê-la melhor e torná-la mais efectiva. Nós

diríamos uma “Investigação-Formação”. Fazemos nossa a sua proposta:

“Les engeux de qualité de la formation des enseignants peuvent être plus prófondément et plus systématiquement explorés si on peut developper des leurs étroits entre recherche et pratique de formation d’enseignants” (Calderhead, 1991: 535).

Em síntese, na perspectiva sublinhada no seguimento dos trabalhos de

Korthagen pode ser retomada aqui: as condições valorizadas pelo professor para

aprender aparecem como uma característica descriminante. Com efeito, as

concepções dos professores poderiam ser distinguidas conforme valorizam ou

não recursos internos ou externos para aprender, ou valorizam ou não a reflexão

para aprender.

Além disso a proposta de Calderhead de associar investigação e prática de

formação indica uma implicação possível desta tese em formação de professores

e educadores. Ela forneceria aos educadores e aos formadores instrumentos que

lhe permitissem apreender a diversidade de concepções de aprendizagem e de

regular a formação tendo em conta esta diversidade. Noutros termos, ela

enriqueceria o seu quadro de referência para reflectir sobre as suas práticas de

formação e as modificar, se o desejarem.

Em conclusão, numa perspectiva heurística, nos trabalhos que dizem

respeito à “experiência” de aprendizagem do estudante ... do adulto em situação

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de vida e de futuro professor (ou educador), desenham-se dois tipos de

concepção de aprendizagem de professores, assim como as dimensões que as

caracterizam. O primeiro considerava a aprendizagem como a aquisição de

conhecimentos. O segundo como “construção” de conhecimentos, o primeiro

previlegia os recursos externos para aprender (supervisor, manual), os

segundos, os recursos internos ( o próprio). No primeiro tipo de concepção, a

mudança de prática de ensino seria vista como uma aplicação do que é

apreendido. O segundo tipo de concepção veria a mudança de prática de ensino

como um projecto motor da aprendizagem ou ainda reconhecê-lo-ia como uma

experiência significativa.

Ora como refere Nóvoa (1992:25): “A formação não se constrói por

acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas) mas sim através de

um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a

pessoa o dar um estatuto ao saber da experiência”.

O quadro indica que ao lado das dimensões “quê”? e “como”? duma

concepção de aprendizagem ter-se-à de ter em conta a dimensão dos recursos

valorizados pelo sujeito para aprender: “que condições”?

CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM

CONDIÇÕES VALORIZADAS PARA APRENDER

LUGAR DE MUDANÇA DA PRÁTICA

Aquisição de

conhecimentos

Recursos externos

Aplicação do que é aprendido

Construção de conhecimentos

Recursos internos

Projeto motor da aprendizagem ou reconhecimento de uma significação para a mudança

Fig. 7 – Tipos de concepções de professores/ educadores a propósito da sua aprendizagem

Além disso, como os trabalhos realizados em pedagogia universitária no-lo

sugerem, será possível propor variáveis situacionais, individuais e relacionais

que interagem com a construção duma concepção de aprendizagem pelo

professor.

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A figura seguinte ilustra as condições em que intervêm variáveis situacionais,

individuais e relacionais que acompanham num dado momento a construção das

concepções do professor e do educador a propósito da sua aprendizagem que deve

também integrar uma mudança na sua prática.

VARIÁVEIS INDIVIDUAIS

VARIÁVEIS RELACIONAIS

CONCEPÇÃO DA

APRENDIZAGEM

. Visão de si

. Representação das

estratégias de Formação

. Representação do

fim em vista CONCEPÇÃO DA

MUDANÇA DE

PRÁTICA

VARIÁVEIS

SITUACIONAIS

. Contexto de formação

. Concepções dos formadores a propósito

da aprendizagem do professor

Figura 8 - Construção das concepções do professor/ educador sobre a sua própria aprendizagem

que implicam uma mudança de prática.

Dos trabalhos relacionados com as concepções de aprendizagem num

contexto académico, retemos algumas variáveis que podem interagir com a

construção duma concepção de aprendizagem e eventualmente com a integração

nesta concepção da ideia de mudança de prática: a motivação compreendida como

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representação de que o que aprende tem um fim em vista; a visão de si; a visão de

que o que aprende tem estratégias de formação; o contexto de formação (métodos,

avaliação...).

Os trabalhos de Korthagen (1988) no domínio da aprendizagem do professor

e do educador permitem além disso sugerir uma variável situacional suplementar.

Trata-se das concepções dos formadores a propósito da aprendizagem para

educar/ensinar.

2. A APRENDIZAGEM PARA ENSINAR/EDUCAR

* Qual é o lugar das concepções da aprendizagem na aprendizagem do ensinar/educar?

* Como é que os investigadores descrevem os produtos, os processos e as condições de aprendizagem do professor/educador?

O campo de investigação sobre a aprendizagem do ensino/educação

desenvolveu-se muito recentemente. Está ainda marcado pela confusão (Carter,

1990). O problema é por um lado conceptual: que quer dizer “aprender a

ensinar/educar?”. Os trabalhos dos investigadores não explicitam sempre produtos

de aprendizagem: o que os professores/educadores aprendem, ou deveriam

aprender, as condições postas em execução pelos formadores ou os professores e

os educadores eles próprios para aprender e os processos de aprendizagem

supostos.

Por outro lado, este campo de investigação cobre uma larga variedade de

situações: formação inicial e contínua, formação no local de trabalho, formação

certificativa. Sem contar com as diferenças culturais, fundamentais que separam

naturalmente um professor de Francês dum professor de Português por exemplo.

2.1. LUGAR DAS CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM NA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR/EDUCADOR

Os trabalhos de pedagogia universitária (Biggs, 1993; Romainnille, 1992)

situam as concepções de aprendizagem entre as variáveis de entrada de um modelo

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linear de aprendizagem. Neste quadro, estas concepções interagem com o contexto

de formação e com os processos e produtos de aprendizagem.

Num modelo de aprendizagem do professor e do educador qual será o lugar

das concepções destes profissionais a propósito da sua aprendizagem?

Calderhead (1988) esquematiza assim o processo de aprendizagem do

professor/educador:

CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM DO PROFESSOR

PROCESSOS

COGNITIVOS

CONHECIMENTOS

PRÁTICOS PRÁTICA DE

AULA

Conhecimento do dos que dos dos

de si conteúdo aprendem programas métodos

Fig. 9 - Processo de aprendizagem para ensinar/educar (Calderhead 1988: 59)

Segundo o autor, a concepção que os professores (e educadores) têm da sua

própria aprendizagem determina os seus processos cognitivos, isto é, os processos

de abstracção, de comparação, de análise e de avaliação que operam sobre uma

variedade de conhecimentos (conteúdos, programas, métodos ...) para criar

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conhecimentos práticos. Calderhead sublinha em particular o interesse em estudar

as concepções de aprendizagem para compreender como é que os conhecimentos

surgidos da formação e da prática se podem articular.

Assim, refere que para além das habilidades cognitivas a desenvolver no

futuro professor é preciso ter em conta as suas diferentes concepções de

aprendizagem. Por exemplo, alguns vêem o produto da aprendizagem como

comportamentos desejados pelo que os avaliam e os põem em execução, mesmo

em situações inapropriadas, outros vêem-no apenas em termos de ligação teoria-

prática, outros como um processo de imitação do supervisor. Ora qualquer que

seja a visão de aprendizagem adotada, esta influencia sempre a forma como o

conhecimento é utilizado e desenvolvido (Calderhead, 1988:61).

Na nossa perspectiva, contudo, o professor/educador constrói a sua

concepção de aprendizagem interagindo com um dado meio. Esta construção

integra não somente dimensões do meio, mas igualmente características do próprio

professor, da sua história pessoal. Esta concepção como tipo particular de

conhecimento, tem um carácter de estabilidade. Entretanto, pode mudar,

nomeadamente, em função do meio que também muda, em função da própria

expressão da concepção que estimula eventualmente uma maior reflexão sobre a

aprendizagem e em função do processo de aprendizagem (nível de elaboração de

estratégias em função de fins definidos) que interagiria com o processo e o

produto da aprendizagem.

Os trabalhos de Perrenoud (1992), de Raymond (1993) e a sua adaptação por

Charlier e Hauglustaine - Charlier (1996), conduz-nos a esquematizar a

aprendizagem para ensinar/educar como se mostra na figura 10.

A concepção de aprendizagem dum professor e de um educador faz parte dos

seus conhecimentos. Raimond (1993), chama a estes conhecimentos os “savoirs

enseignants” (a dictomia estabelecida por Raimond entre “savoir enseignants” e

“savoir sur ou pour l’enseigment” é esclarecedora. Com efeito o termo “savoir

enseignants” remete-nos na nossa perspectiva para os conhecimentos construídos

pelo professor/educador. Enquanto “savoir pour ou sur l’enseignant” remete para

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saberes, como os definimos, isto é para um conjunto de conhecimentos

formalizados, transmissíveis)”. Estes saberes estão ainda por explorar. Falaremos

por exemplo de “Pratical Knowledge” (Elbaz, 1993) que cobre as regras principais

e imagens de práticas de “savoirs d’experience” que cobrem as representações e

teorias pessoais construídas pelo professor/educador no decurso da sua própria

escolaridade e da sua carreira (Raimond, 1993) ou ainda de “ savoirs stratégiques”

(Tochon, 1991) que implicam conhecimentos de síntese, didáctico-pedagógica,

afectivo-cognitivo que fundam o improviso do professor/educador na

classe/grupo.

FIG. 10 - Modelo de Aprendizagem de Ensino/Educação

A concepção de aprendizagem interage com os processos de aprendizagem

do ensino, isto é, com:

• um processo de construção de conhecimentos pela apropriação de teorias científicas, pela interacção com colegas que partilham os mesmos conhecimentos e por um processo de reflexão sobre a acção.

• um processo de mudança de decisões de planificação pela reflexão.

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• um processo de elaboração dos esquemas da acção pela acção. Estes esquemas constituem como diz Vergnaud (1990, citado por Perrenoud 1992) os “connaissances-en-actes” do sujeito, que se constroem na acção, que organizam e estruturam a acção. Segundo Perrenoud, distinguem-se dos conhecimentos neste sentido”: “Schèmes en tant que tels, ne sont pas d’ordre représentatif ou figuratif, ils fonctionent ou conservent à l’état pratique, en reliant des situations analogues”. (Perrenoud 1992:11). Na nossa perspectiva, a expressão prática de ensino abrange tudo de uma

vez: as decisões de planificação, os esquemas de acção e os conhecimentos

construídos pelo professor e pelo educador do mesmo modo que as acções postas

em execução, as interacções com os colegas e a reflexão sobre a acção. Neste

modelo a mudança de prática no ensino/educação está já integrada. Assim,

segundo vários autores, o processo de mudança de prática de ensino é assimilado

no processo de aprendizagem/ensino pela reflexão (Korthagen, 1988; Schuman,

1986; Bennett, Carre, 1993). A mudança de prática no ensino/educação diria

respeito a uma mudança de decisão de planificação, uma mudança de intenção que

implica modificações a outros níveis da prática. Esta mudança resultaria quer de

uma reflexão sobre a acção, quer duma reflexão técnica, quer de uma reflexão

prática (integração dos próprios critérios de ensino/educação para desenvolver

uma compreensão da prática). Por outro lado as mudanças poderiam ser

originárias de uma apropriação pelo professor das teorias científicas. Poderiam

igualmente constituir ocasião de elaboração de novos esquemas de acção.

Este modelo permite-nos esboçar o papel que poderiam ter as concepções de

aprendizagem na aprendizagem do ensino. Assim os trabalhos de Korthagen

(1988) e de Calderhead (1991) sugerem uma diferenciação entre dois tipos de

concepções de aprendizagem segundo o lugar acordado à reflexão sobre as

práticas de ensino nestas concepções. Um primeiro tipo de concepção (orientação

externa, Korthagen 1988) veria a aprendizagem com a aquisição de conhecimentos

construídos pelos parceiros ou teorias científicas e valorizaria condições de

aprendizagem como a interacção com colegas ou o recurso a “experts”. Neste

quadro, os processos de apropriação e interacção seriam sobretudo valorizados.

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O segundo tipo veria a aprendizagem como a construção de conhecimentos

(orientação interna, Korthagen 1988) e valorizaria a reflexão e a acção postas em

execução pelo próprio professor para aprender. Num caso como outro a concepção

construída interagiria (pela sua actualização, uma aproximação da aprendizagem)

com o processo e o produto da aprendizagem. Num caso, como noutro, haveria

integração de mudança de prática na aprendizagem. Entretanto, esta integração

seria diferente. No primeiro caso, a mudança de prática corresponderia à aplicação

do que é apreendido; no segundo caso, seria integrado no processo de

aprendizagem pela reflexão.

Então, a concepção da aprendizagem de um professor /educador como

expressão da sua intenção e de significações acordadas por ele com o que aprende

(quê?), com as suas formas de aprender (como?), e nas condições valorizadas por

ele para aprender, interagiriam com a sua aprendizagem e a sua ligação com a

prática: o produto da aprendizagem poderia ser uma componente da prática de

ensino/educação, o processo poderia fazer intervir uma mudança de prática pela

reflexão ou acção.

Para concluir, o modelo de Calderhead (1988), sublinha uma tendência

importante nos trabalhos que dizem respeito à aprendizagem para o

ensino/educação. O importante actualmente seria compreender melhor quais são

estes conhecimentos, como se constroem, mas também como eles apropriam e

transformam as teorias científicas.

Em síntese, um modelo de aprendizagem para o ensino/educação, as

concepções do professor ou do educador a propósito da sua aprendizagem

interagiriam com processos de construção de conhecimentos pela interacção com

os colegas, reflexão e apropriação de teorias científicas, com um processo de

elaboração de esquemas de acção pela acção, assim como com um processo de

modificação de decisões de planificação pela reflexão. Interagiriam, em

consequência, com a maneira como o professor e o educador integram a mudança

de prática na sua aprendizagem.

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2.2. CARACTERÍSTICAS DOS CONHECIMENTOS CONSTRUÍDOS PELOS PROFESSORES

Para descrever as características dos conhecimentos construídos pelos

professores, faremos uma síntese dos trabalhos realizados essencialmente no

domínio “teacher thinking”. Eles têm como ponto comum tentar dar a voz ao

professor/educador (Elbaz, 1991). Com efeito a maior parte das investigações

realizadas neste domínio fundam-se em relatórios introspectivos de professores.

Quê ? Que produtos de aprendizagem

A nossa síntese dos trabalhos dos investigadores (Clark e Lampert, 1986;

Huberman, 1986; Elbaz, 1991; Calderhead, 1991) permite-nos caracterizar os

conhecimentos o que Raimond (1993) chama aos “Savoirs enseignants”)

construídos pelos professores e pelos educadores na sua prática.

• Os conhecimentos são contextualizados

“Les décisions qu’ils prennent sont en effet liées à la situation, elles doivent tenir compte des aspects qui la rendent différente de toute autre” (Clark et Lambert, 1986:191). Elbaz (1983) escolheu a expressão pratical knowledge para falar dos

conhecimentos profissionais dos professores, porque esta expressão atrai a atenção

sobre a especificidade da situação dos professores: orientada para a acção e para a

decisão tal como os educadores. O professor/educador constrói os seus

conhecimentos em função da resposta a uma situação.

Elbaz (1983), fala ainda das regras, princípios e imagens para descrever estes

conhecimentos práticos dos professores/educadores (pratical knowledge). As

regras são breves, claramente formuladas e indicam como se comportar em

situações bem precisas, a aquisição de uma regra é o trabalho de reconhecimento

de uma situação e de memorização da regra. O princípio, mais geral deriva de uma

experiência pessoal, guia a acção do professor e explica as razões das suas acções.

As imagens correspondem às imagens mentais que representam o que poderia ser

um bom professor/educador.

Clandinin (citado por Clak, 1986) diz que a estrutura do pensamento do

professor é modelada originariamente pela experiência que ele adquire ao

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trabalhar num determinado contexto, mas pode modificar-se para se ajustar às

mudanças desse mesmo contexto (Clandinin citado por Clark e Lampert,

1986:192).

Leinhardt (1988) utiliza o conceito de conhecimento situado - situated

knowledge para estudar o conhecimento para ensinar manifestado por professores

e educadores “experts”. Shulman (1986) utiliza o de conhecimento de casos case

knowledge.

• Os conhecimentos são hipotéticos e probabilistas

No trabalho dos professores/educadores intervém uma grande parte de

incerteza. Eles deparam-se com numerosas situações nas quais têm de improvisar.

O saber que utilizam é provisório, subjectivo e efémero (Claudinin in Clark e

Lampert, 1986:193).

“Les techniques qui marchent bien avec un élève tombent à plat avec le suivant. La leçon

soigneusement préparé échoue et l’activité impromptue qui piétinait pendent dix minutes, s’anime soudain sans raison apparante” (Jackson, cité par Huberman, 1986:168).

• Os conhecimentos são instrumentos

Na medida em que são mais centrados na resolução de problemas concretos

que sobre a compreensão dos fenómenos. Observamos, sobretudo que os

professores trocam receitas, mas estas têm provado uma validação subjetiva .

(Huberman, 1986:156).

• Os conhecimentos são aplicados (Huberman 1986)

Os professores têm a tendência a aplicar conhecimentos propostos por

alguém mais que criá-los. O estatuto destes conhecimentos é sem dúvida diferente

das “recitas trocadas”. Tratar-se-ia mais de métodos ou de técnicas que o

professor/educador adapta ao seu contexto particular. Não se trataria já da

aplicação de teorias científicas, mas mais da aplicação de valores e tecnologias.

• Os conhecimentos são validados pela intuição pessoal

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A característica geral destes conhecimentos é a sua base de validação. A base

de validação mais importante é sem dúvida a intuição pessoal.

“Hood e Blackwell indiquent que, pour juger la validité des informations reçu, les enseignants et les scolaires utilisent trés peu de critères tels que l’objectivité, la validétè scientifique... (Huberman, 86:154).

Esta síntese constitui um referente para enriquecer as nossas análises das

concepções de aprendizagem dos professores e dos educadores. Quais são as

concepções dos professores/educadores? Em particular, como é que num contexto

de formação contínua, o produto da sua aprendizagem é descrito pelos

professores/educadores? Este produto apresenta características de conhecimentos

construídos pelos professores, quais? Este produto integra teorias científicas, de

que maneira? Este produto corresponde, do ponto de vista do professor/educador a

uma mudança de prática de ensino? Qual?

Como? Que processos são postos em execução?

Segundo os autores, os processos que intervêm na aprendizagem do professor são:

. a aprendizagem pela acção (Yinger, 1987);

. a interacção com os que aprendem e com os colegas (Clark e Lambert, 1986; Huberman, 1986);

. a reflexão na e sobre a acção conceitos de Schön (1990) retomados por

(Zeichner, 1994).

A aprendizagem pela acção - segundo Yinger (1987), a aprendizagem para

ensinar/educar poderia ser assimilada à aprendizagem de uma língua: a língua da

prática de que as palavras e as frases são os comportamentos, as actividades e os

esquemas de acção. A aprendizagem desta linguagem só seria realmente possível

pela prática, não seria entendida, mas vista e sentida.

“La prátique est un contexte d’apprentissage puissant parce-qu’il met l’apprenant en contact avec un ensemble de connaissances et d’informations non acessibles en seconde main”.(Yinger, 1987:279).

Esta proposta é justificada pelo tipo de conhecimento em causa

(contextualizado, aplicado ...) e portanto pela necessidade de ter acesso a estes

conhecimentos instrumentais no contexto da acção:

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. exemplos de acções apropriadas e eficazes, que fazem parte de uma base de

conhecimentos ou de um repertório de acções pedagógicas;

. informações sobre os momentos em que estas acções são apropriadas; que

dependem da oportunidade de associar uma acção específica a um contexto

específico.

. informações sobre os resultados destas acções.

Esta aprendizagem pela acção implica um posicionamento particular. Yinger,

fala, a propósito de jovens estudantes em estágio, do observador externo outside

observer e do actor insider.

Poderíamos prolongar a proposta de Yinger dizendo que a aprendizagem pela

acção supõe um posicionamento de actor, que implica em relação a um projecto,

uma finalidade precisa. Relembremos que o termo prática não cobre unicamente a

fase interactiva do ensino, mas também a sua planificação.

Aprendendo pela acção, o professor desenvolve e utiliza habilidades

cognitivas:

. reconhecer e representar problemas utilizando medidas globais de pensamento,

chamadas pelos investigadores esquemas (segundo Perrenoud (1992), os esquemas

pretendem codificar os esquemas e podem contribuir para os conservar, fazê-los

evoluir, transmiti-los) e rotinas. Trata-se de representar acções complexas e de

procedimentos de maneira a que elas funcionem cognitivamente como unidades.

As atividades são conjuntos significativos, porque descrevem a ação num contexto

espácio – temporal e clarificam os componentes sociais e interativos do ensino.

Orientam o ensino e funcionam como unidades significativas de pensamento para

futuras planificações. (Yinger, 1987:386).

. associar uma acção específica a um contexto específico. Devem aparecer dois

elementos para realizar esta associação, o conhecimento do resultado da acção e a

dos seus antecedentes.

Aprendizagem para ensinar/educar realiza-se na interacção - isto é, efectua-se na relação

com os que aprendem primeiro, e em seguida, com os colegas.

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Nas aulas, com os alunos, o conhecimento constrói-se numa compreensão do

que se passa e das consequências do acontecimento, mas também no plano

afectivo, na investigação duma comunidade de fins entre professores e aluno,

“qu’il veuille ce que je veux...” (Clark et Lampert, 1986).

A interacção com os colegas é privilegiada por razões de acessibilidade, e de

segurança

“Le recours aux collègues est sélectif; on recherche surtout ceux dont l’apport n’est pas insécurisant et qui partage la même philosophie par rapport à ce qui est important dans la classe.” (Huberman, 1986:174).

e de validade

“pour parler valablement de la vie dans les tranchées, il faut y avoir vécu.” (Huberman, 1986:166).

Um processo que associa a reflexão na e sobre a acção

A reflexão na acção e a reflexão sobre a acção constituem, segundo vários autores

dois processos centrais de aprendizagem do ensino. A Literatura é abundante a

este respeito. Face a esta diversidade, tentaremos primeiro descrever objectos de

reflexão possíveis e a forma como podem ser postos em execução. Precisaremos

em seguida o lugar devido á reflexão na ligação entre a formação e a prática de

ensino/educação. Enfim, sublinharemos as principais críticas dirigidas ao

movimento do ensino/educação reflexiva (reflective teaching).

Objectos e processos de reflexão

O artigo de síntese de Zeichner (1994) permite-nos descrever globalmente a

diversidade dos objectos de reflexão e dos processos de reflexão encarados pelo

autor.

Assim, Zeichner, retomando os trabalhos de Tom (1985); Calderhead (1989)

e Grimmett (1990) distingue a reflexão como:

• instrumento de mediação da acção na qual o conhecimento é utilizado para

dirigir a prática;

• debate entre várias perspectivas concorrentes e na qual o conhecimento é

utilizado para fundamentar a prática;

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• uma construção da experiência na qual o conhecimento é utilizado para ajudar

os professores/educadores a compreenderem e a transformarem a prática;

a isto se junta

• uma distinção entre os momentos durante as quais a reflexão tem lugar (antes,

durante e depois da acção: reflection in action e reflection on action (Schön,

1987). Na mesma ordem de ideias, Griffiths e Tann (1992) distinguem vários

níveis de reflexão: por um lado a reflexão rápida, instintiva e imediata e por

outro lado uma reteorização e uma reformulação abstracta e rigorosa,

claramente formulada depois de meses e de anos.

• uma distinção quanto às modalidades relacionais nas quais a reflexão se efectua:

individual, em grupo.

• uma distinção entre níveis de reflexão técnica: qual é a eficácia dos meios

utilizados?; prática: quais são os pressupostos que subentendem a actividade de

ensino/educação e a sua validade tendo em vista os fins esperados?; crítica:

critérios morais ou éticos juntam-se a esta análise.

Esta síntese longe de ser exaustiva, dá conta da diversidade das abordagens

possíveis. Chegamos assim a um ponto a propósito do ensino-aprendizagem, da

educação e da ordem social em que interiorizamos o discurso das práticas

reflexivas, qualquer que seja a orientação ideológica (Zeichner, 1994:2).

Além disso nesta diversidade, a diferença fundamental entre os trabalhos que

dizem respeito à descrição de práticas reflexivas e os trabalhos mais normativos

que visam promover certas “démarches” de reflexão não aparece sempre.

Prática reflexiva e ligação formação-prática

A valorização da reflexão na aprendizagem para ensinar/educar está sem

dúvida ligada a uma certa visão da ligação entre a formação e a prática. Esta visão

axiológica é caracterizada por respostas novas às questões seguintes: Quem é o

professor/educador? Como aprende ele? Qual pode ser o papel de formação?

(Charlier, Hauglustaine-Charlier, 1996).

- Quem é o professor?

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A valorização do professor/educador reflexivo remete-nos para uma visão

do professor/educador como um profissional construtor de conhecimentos mais

que um técnico, aplicador de técnicas. “O professor é a pessoa. E uma parte

importante da pessoa é o professor (Nias, 1991). Urge por isso (re)encontrar

espaços de interacção entre as dimensões pessoais e profissionais, permitindo ao

professor apropriar-se dos seus processos de formação e dar-lhes um sentido no

quadro das suas histórias de vida” (Nóvoa:1992).

- Como é que se aprende a ensinar/educar?

O ensino/educação apreende-se pela reflexão na e sobre a acção. Do ponto

de vista do professor/educador, isto significa que a compensação e a optimização

das suas práticas derivariam duma reflexão a propósito da sua própria experiência.

Esta visão da aprendizagem do ensino/educação implica que se trata dum processo

contínuo que deve prosseguir ao longo da carreira do professor.

- Qual é o papel da formação?

Neste quadro a Formação Inicial poderia preparar unicamente o futuro

professor/educador para começar a sua carreira e apreender pela reflexão a partir

da sua prática. Do mesmo modo, a formação contínua deve fomentar o

desenvolvimento de habilidades de aprendizagem a partir das práticas e a

construção pelos próprios professores, de conhecimentos centrados sob a acção

(Hanglustaine - Charlier, 1992).

Numa tal perspectiva o fosso entre formação e prática - criado por uma

formação vista como um lugar de transmissão de teorias científicas para

professores/educadores vistos como técnicos ou aplicadores de técnicas -

desapareceria em proveito duma ligação entre formação e a prática de

ensino/educação subentendida por um processo de aprendizagem que integra a

reflexão sobre as práticas (Hauglustaine-Charlier, 93).

Críticas do ensino reflexivo

Há críticas que podem ser feitas em relação ao ensino reflexivo e desde já em

relação às propostas anteriores: a sua confusão e ausência de verificação da

eficácia desta perspectiva em formação de professores. Korthagen (1993) sintetiza

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a primeira crítica e formula uma perspectiva que nos conduzirá a examinar uma

terceira.

Assim ele começa por afirmar que não há unanimidade relativamente à

definição de reflexão e que a confusão de definições é mais um problema sócio –

pedagógico que cognitivo, já que as diferentes definições de reflexão estão ligadas

a crenças diferentes, à propósito do que é importante em educação e na formação

de professores. Para Dewey, o critério mais importante para a reflexão era saber se

uma pessoa vê a relação entre situação e fim em vista, enquanto Schön a relação

fundamental é a que une as ações e as estruturas das situações. Para Zeichner é

necessário estabelecer ligações explícitas entre ações e princípios morais, éticos e

políticos.

Apesar das diferentes opiniões, tudo se torna mais claro se adotarmos o ponto

de vista cognitivo – psicológico, isto é, os comportamentos humanos são fundados

em estruturas mentais e estas são formadas por atividades mentais que criam ou

modificam estas estruturas, o que leva a uma caracterização da reflexão como um

processo de reestruturação das representações mentais da experiência.

(Korthagen, 1993: 135).

Esta perspectiva proposta por Korthagen é posta em causa por Crahay (1994)

que propõe nomeadamente uma hipótese concorrente à dum impacto directo das

teorias implícitas dos professores/educadores sobre a prática educativa. A este

propósito, ele sugere tirar partido do contributo conceptual e empírico da corrente

construtivista para rever as relações entre acção e conceptualização. O autor indica

nomeadamente o que é a prática que jogaria um papel motor em relação a uma

atividade reflexiva e não o inverso. Ele conclui dizendo que o processo de

transformação das práticas de ensino seguiam as mesmas vias que o

desenvolvimento cognitivo da criança : primeiro ter êxito, depois compreender.

(Crahay, 1994:24).

O debate permanece aberto, mas ele sublinha em todo o caso: que não há

reflexividade sem acção; a necessidade para investigadores de explicitar aquilo de

que dizem quando falam de reflexividade; a necessidade de os investigadores-

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formadores em Ciências da Educação fazerem investigações no campo da

formação de professores de forma a questionar a pertinência dos seus próprios

postulados.

Em síntese, o processo de aprendizagem poderia integrar:

A aprendizagem pela acção

Isto é: um contexto de classe, a observação pelo professor/educador das suas

próprias condutas ou dos seus colegas com vista a responder a uma questão e à

criação de scripts, esquemas de acção, rotinas adoptadas a contextos específicos.

A aprendizagem pela interacção

A troca com os colegas. Esta interacção corresponderia sobretudo a uma troca

de informações (savoir-faire recettes) mais que uma confrontação.

A reflexão na e sobre a acção

Não implicaria automaticamente uma mudança de prática mas construir-se-

ia nomeadamente a partir da experiência de práticas novas para eventualmente as

enriquecer.

Quais são as condições favoráveis à aprendizagem para ensinar/educar?

Na Literatura, esta questão é documentada por autores que se interessam pelo

desenvolvimento como um processo inscrito na história do indivíduo. Este

processo é o mais frequentemente valorizado, isto é, orientado para um estado

superior. Os trabalhos realizados neste campo remetem para a proposta de

descrição de estádios de desenvolvimento (Berdeu, 1990) de etapas de carreira (

Huberman, 1989, 1992) e a proposta de estratégias a encontrar para agir sobre o

desenvolvimento profissional dos professores/educadores (Hargreaves e Fullan,

1992), dos professores (Huberman, 1992; Feiman-Nemser 1983). Baseando os

seus estudos na carreira dos professores, sugerem hipóteses quanto às condições

que poderiam favorecer a aprendizagem do ensino/educação.

Assim, Huberman (1992), considera que um desenvolvimento profissional

harmonioso estaria ligado à mestria pelo ensino de habilidades profissionais como:

ser tão eficaz para os alunos rápidos como para os lentos, manter o interesse dos

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alunos pouco motivados, conduzir ao sucesso os alunos que começam o ano com

dificuldades, trabalhar segundo diferentes modos (colectivamente, em grupo,

individualmente), aceitar as críticas de outrem sem reagir demasiado

violentamente. Esta constatação leva-o a interrogar-se quanto às condições

mobilizadas pelos professores para chegar ao domínio das habilidades que lhe

põem problemas. Ele conclui a sua análise dizendo:

“Dans nonante pour cent des cas, qui couvrent l’ensemble des habilités, nos répondants disent qu’ils agissent seuls dans leur coin, sur leur manière d’enseignement ou avec de petites expériences dans lesquelles le matériel et les modes d’instruction sont progressivement variés jusqu’à ce que le niveau attendu soit atteint et ensuite consolidé. Second en importance, mais nettement en dessous, vient le travail avec de petits groupes de collègues. La formation continuée vient ensuite (19%) mais semble relativement sous-utilisée pour des buts d’enseignement (en dépit du fait que les offres à Genève et dans le Vaud soient généreuses). Elles peuvent servir d’autres buts utiles, tels que se maintenir à jour dans un domaine, avoir des échanges intéressants, faire de nouveaux contacts etc... mais elles sont distantes des composantes centrales de la maîtrise des habiletés d’enseignement”. (Huberman, 1992:135).

Estas conclusões, conduzem Huberman a propôr o postulado seguinte, o

melhor cenário para um desenvolvimento profissional satisfatório seria o modelo

artesanal, isto é, os professores são artesãos que trabalham de início com uma

série de materiais, desenvolvem posteriormente um conjunto de habilidades de

ensino que correspondem a um conjunto de esquemas mentais progressivamente

mais densos, por ensaios e erros quando uma ou outra faceta dessas habilidades

não funciona (Huberman, 1992:136-137).

Em síntese, segundo os investigadores, uma condição favorável à

aprendizagem para ensinar seria essencialmente a experimentação na aula. Qual o

ponto de vista dos professores/educadores? Quais as condições da sua

aprendizagem? Em que medida a experimentação associada à mudança da prática

de ensino suporta esta aprendizagem?

Notemos que, segundo os autores, é uma ou outra característica do produto,

processo ou condição de aprendizagem do ensinar/educar que é posto em

evidência. A nossa síntese de elementos que não são de algum modo

contraditórios, implica a sua integração, a fim de oferecer um melhor modelo de

aprendizagem para ensinar.

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3. CONDIÇÕES DE FORMAÇÃO SUSCEPTÍVEIS DE AJUDAR O PROFESSOR A APRENDER A ENSINAR/EDUCAR. FORMAÇÃO CONTÍNUA (CONTINUADA)

No seguimento do que atrás referimos, é possível sugerir um conjunto de

condições de formação sobretudo na formação contínua(da) e de prática

susceptíveis de ajudar o professor e o educador a aprender a ensinar/educar. Estas

condições têm como traço comum tentar imitar o modelo do professor que “educa”

espontaneamente na aula e que integra a mudança de prática na sua aprendizagem.

Neste sentido e por implicar uma maioria de professores, Huberman (1992)

sugere trabalhar em quatro direcções:

• criar ou melhorar a rede de colegas e de experts aos quais o professor tem

acesso;

• descentralizar os recursos postos à disposição para apoiar estas redes;

• experimentar nas aulas as habilidades e estratégias discutidas na rede;

• agir sobre as condições institucionais que favorecem a colaboração e a

experimentação na equipa de professores.

Nóvoa (1992:26) refere que: o diálogo entre professores é fundamental para

consolidar saberes emergentes da prática profissional. Mas a criação de redes

colectivas de trabalho constituí, também, um factor decisivo de socialização

profissional e de afirmação de valores próprios de profissão docente.

No que diz respeito a esta última condição, Little (1981) citado por Feiman-

Nemser (1983) identifica duas normas que caracterizam as escolas nas quais os

professores vêem o seu desenvolvimento profissional como fazendo parte do seu

trabalho. A norma de colegialidade: o ensino é uma responsabilidade colectiva, o

projecto duma comunidade, e a norma do progresso individual: o professor é um

profissional que pode evoluir pela análise, a avaliação, a experimentação. Estas

normas traduzem-se concretamente por:

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• frequentes diálogos e interacções com os colegas a propósito da prática. Estas

interacções necessitam sem dúvida de uma profunda transformação das

relações de poder entre colegas:

“Essentiellement, les relations traditionnelles de commandement et de soumission doivent changer pour un partenariat qui implique des interactions collégiales plutôt que des confrontations et dans lesquelles le pouvoir est égalitaire.” (Day, 1993:8)

• frequentes oportunidades de observar e avaliar os outros;

• frequentes oportunidades de conceber e de avaliar estratégias ou material

pedagógico;

Feiman-Nemser, como Huberman, sublinha as sinergias possíveis com os

centros de formação contínua. Assim, ele refere que um sinal tangível desse ponto

de vista seria a existência de centros de formação que possibilitassem interações

entre os colegas, um enriquecimento mútuo e a avaliação pelos pares. Os

investigadores acharam estas atividades mais importantes que qualquer nova

tecnologia ou programa de formação formal (Feiman-Nemser, 1983:166).

Por outro lado com base numa revisão da Literatura, Klinzing e Tisher (1993)

comparam e avaliam várias estratégias de Formação Contínua com as habilidades

de ensino: a imitação dos professores experts, o estudo de casos, ou de incidentes

críticos, as simulações, o micro-ensino, etc. . Segundo estes autores, cada uma

destas estratégias inclui uma contribuição específica de três condições essenciais

para a aprendizagem do ensinar/educar: a conceptualização, a prática e o feed-

back.

No que diz respeito à conceptualização em particular, os autores sublinham a

necessidade de dar aos professores/educadores ocasião de conceptualizar o

processo ensino/aprendizagem, isto é, conceptual que habilidades levam a

determinados resultados, que relações existem entre as diferentes habilidades, etc.

, é na perspectiva da investigação atual uma condição necessária para o

desenvolvimento do saber ensinar / educar. Em consequência, as estratégias para o

desenvolvimento das habilidades para ensinar / educar deveriam dar oportunidade

de formular quadros conceptuais para o processo ensino – aprendizagem. É

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importante ligar o quadro conceptual a casos concretos de ensino, se queremos

desenvolver uma base de conhecimentos úteis e ricos para a reflexão, decisão e

ação (Klinzing, Tisher, 1993:182).

Em síntese condições susceptíveis de ajudar o professor a aprender a

ensinar/educar seriam: frequentes diálogos com os colegas; a participação em

actividades de desenvolvimento de produtos educativos; ocasião de conceptualizar

os processos de ensino/aprendizagem; uma escola que valoriza a colegialidade e o

progresso individual.

Pensamos que tais condições que preconizamos para a Formação Contínua

deveriam igualmente acompanhar a integração da ideia da mudança de prática na

concepção de aprendizagem do professor/educador. Um professor/educador

participante numa actividade de desenvolvimento dum produto educativo em

equipa e trabalhando numa escola que favorece a colegialidade e o progresso

individual poderia ver a sua aprendizagem como uma construção dos seus próprios

conhecimentos e integraria uma mudança da sua prática de ensino nesta

construção. (Amiguinho, 1992).

Em conclusão, o lugar que desempenham as concepções de aprendizagem na

nossa perspectiva de aprendizagem para ensinar / educar justifica o interesse que

demonstramos pelo estudo destas concepções.

Enquanto formadora, desejo ajudar os professores e os educadores quer em

formação inicial quer em formação contínua a construírem os seus conhecimentos

e mais ainda a sua prática. Neste projecto de formação baseado num modelo, há

lugar tanto para os esquemas de acção, como para os conhecimentos dos

professores/ educadores como também para as teorias científicas. Como ajudar o

educador a ter êxito nesta aprendizagem? Como ajuda – lo a por em execução os

processos de reflexão, de acção, de interacção e de apropriação de teorias e

conhecimentos para ensinar? Uma forma de acção possível seria ter em conta as

suas concepções de aprendizagem e agir sobre essas condições de formação e de

prática, acompanhando a integração nesta concepção da sua visão de mudança de

prática de ensino / educação. A formação contínua (continuada) só se justificaria

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ou só se justifica se tivermos em vista a mudança das práticas dos professores /

educadores.

Enquanto investigadora, desejo continuar a explorar um novo campo de

investigação, limitando o estudo à análise de concepções e à elaboração de

hipóteses no que diz respeito às condições susceptíveis de acompanhar a sua

construção. Ao fazê– lo pretendo construir as bases de um modelo de análise das

condições de manifestação de concepções de aprendizagem que integrem a

mudança de prática dos professores / educadores. Os estudos que se relacionam

com a aprendizagem do ensino permite- nos até enriquecer este modelo integrando

novas variáveis relacionais.

A figura da página seguinte pretende, portanto, ser um modelo de análise

para a formação contínua dos professores, das concepções de aprendizagem do

professor / educador integrando uma mudança de prática na acção educativa.

VARIÁVEIS INDIVIDUAIS

VARIÁVEIS RELACIONAIS

CONCEPÇÃO DA

APRENDIZAGEM

. Visão de si

. Representação das

estratégias de Formação

. Representação do

fim em vista CONCEPÇÃO DA

MUDANÇA DE

PRÁTICA

VARIÁVEIS SITUACIONAIS

. Concepções de aprendizagem dos formadores

. Interacção entre colegas

. Participação numa actividade de desenvolvimento

do produto educativo

Page 124: FORMAÇÃO INICIAL E CONTÌNUA DE … · questionamento da própria concepção de educação ou da intervenção pedagógica que servia de base teórica a este género de estudos

. Ocasião de conceptualizar os processos de

ensino/aprendizagem

CONDIÇÕES DE PRÁTICA

. Uma escola que valorize a colegialidade e o processo

individual

Fig. 11 - Modelo de análise das concepções de aprendizagem integrando a mudança de prática da acção

educativa

Page 125: FORMAÇÃO INICIAL E CONTÌNUA DE … · questionamento da própria concepção de educação ou da intervenção pedagógica que servia de base teórica a este género de estudos

VI MUDANÇA NA PRÁTICA DO ENSINO/EDUCAÇÃO

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Temos vindo a afirmar que a formação contínua só se justifica, pelo menos

para alguns professores / educadores quando pressupõe uma mudança na prática

de ensinar / educar.

A expressão mudar a sua prática de ensino sofre de algumas imprecisões:

qual o objecto de mudança? Como se muda? Quais as condições de mudança?

Quando falamos de mudança de prática de ensino, evocamos as mudanças

executadas por um professor ou educador no momento de planificação de ensino,

da fase interativa ou de fase pós-interativa. Pode relacionar-se com os seus

esquemas de acção, as suas decisões de planificação ou os seus conhecimentos do

mesmo modo que as acções executadas, as interacções com os colegas e a reflexão

exercida sobre a acção. O conjunto desses elementos constitui o que nós

chamamos a sua prática de ensinar / educar. Por outro lado, não há mudança senão

em relação a uma situação anterior. E o próprio professor é quem reconhece a

mudança ou deve reconhecê-la.

1. UM PROCESSO INTEGRADO NA APRENDIZAGEM DO PROFESSOR / EDUCADOR

A mudança de prática de ensino, tal como a definimos, está integrada em

vários autores (Korthagen, 1988; Shulman, 1986; Bennett & Carre, 1993) nos seus

modelos de aprendizagem de ensino. Entretanto, estes modelos pecam geralmente

por uma frágil base empírica (Bennett & Carre, 1993). Por exemplo, Bennett et

al.(1993) propõem o modelo descrito na figura 12.

A pequena roda representa a atividade vivida pelo estudante em formação

inicial e pelo jovem professor, isto é, eles têm geralmente uma ideia clara do

objetivo a atingir, mas estas intenções não implicam, necessariamente uma

compreensão do conteúdo a ensinar. Finalmente eles decidem ou refletem

tecnicamente sobre os seus objetivos e intenções e a medida em que sua aula

correu bem ou não. (Bennett et al, , 1993:216).

A este nível haveria uma centração sobre o êxito mais que a compreensão. A

mudança interativa como um ajuste de intenção depois de um fracasso.

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A roda maior implica um procedimento mais complexo, preconizado na

formação contínua, que partindo da compreensão do conteúdo a ensinar,

conduziria a uma transformação deste em função dos alunos, a uma

implementação das tarefas de gestão das aprendizagens na classe, a uma avaliação

da aprendizagem dos professores e enfim a uma reflexão prática que implica uma

reconstrução dos acontecimentos e dos seus efeitos e constitui o processo analítico

através do qual o profissional aguarda a partir da experiência (Bennett et al.(1993:

8).

intenção

reflexão reflexão instrução compreensão prática técnica avaliação transformação

implementação

Fig, 12 – Modelo de aprendizagem de ensino Bennett e tal. (1993).

A propósito de reflexão prática, Donnay & Charlier (1990) sublinham que a

literatura científica traz pouca informação sobre o assunto tratado.

Em síntese, a mudança de prática de ensino dos professores / educadores diz

respeito a uma mudança de decisão da planificação, uma mudança de intenção

implicando modificações a outros níveis de prática (quê). Esta mudança resultaria

quer de uma reflexão sobre a acção (como), quer de uma reflexão técnica, quer de

uma reflexão prática (integração dos próprios critérios do professor / educador

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para desenvolver uma compreensão da sua prática). Seria assimilada ao processo

de aprendizagem de ensino pela acção e reflexão.

Em relação a um tal modelo teórico, como é que, num contexto de formação

contínua, o professor vê a sua aprendizagem? A sua visão de mudança de prática

de ensino tem um lugar na concepção da sua aprendizagem? Qual? Em que

condições?

1.1. ETAPAS NA CARREIRA DO PROFESSOR / EDUCADOR

Entre as fases ou etapas da carreira de um professor, Huberman (1992),

baseando-se num inquérito a professores, identifica uma etapa classificada por ele

como experimentação ou activismo. Esta etapa foi vivida por uma maioria de

professores que tinha entre 7 e 18 anos de experiência e é caracterizada por um

dos seguintes aspectos:

• o desejo de aumentar o seu impacto na classe acompanhado de

experimentação (início de novas estratégias, novos materiais).

• uma maior consciência das barreiras organizacionais e das tentativas de

mudança.

Em síntese, segundo Huberman, a experiência e o activismo corresponderiam

a uma diversificação das condutas pedagógicas. Estas mudanças de práticas de

ensino seriam mais (ou menos) valorizadas em certas etapas da carreira dos

professores. A integração pelo professor da ideia de mudança de prática de ensino

na sua concepção de aprendizagem poderia desde logo variar em função da etapa

da carreira vivida. Tratar – se- ia de uma variável individual a ter em conta num

estudo das concepções de aprendizagem dos professores e e mais largamente na

gestão das formações contínua ( continuada).

A investigação de Huberman mostra ainda que uma maioria dos professores

interrogados privilegia as mudanças de conduta pedagógica na aula em relação às

reformas mais importantes e às mudanças de estrutura. A investigação esclarece,

em particular, a faceta intencional das concepções de mudança de prática. Porque

é que os professores mudam as suas práticas de ensino? Por medo da rotina,

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vontade de experimentar na sua aula, vontade de aprender, vontade de reforma, de

inovação.

Sublinhemos que nos trabalhos de Huberman a formação está raramente

associada pelos professores à mudança de prática de ensino. A formação será

motivo de aprendizagens diferentes da aprendizagem para ensinar / educar que

terão lugar na classe (grupo) através da experimentação ativa de novas condutas.

Haveria portanto para os professores interrogados por Huberman ruptura entre

formação e prática.

1.2. A MUDANÇA NO ADULTO.

No quadro deste estudo, abordaremos a mudança no adulto, fazendo

nomeadamente referência à aprendizagem experiencial. Entretanto, deve à partida

saber-se o sentido dado a esta expressão, isto é, em francês um neologismo

experiencial foi introduzido por tradutor de R. Laing na Política da Experiência,

para traduzir a ideia de conhecimento íntimo resultante duma relação direta e

refletida do sujeito com ele próprio em relação a outro sujeito , com o objeto e

com o meio ( Coutois, 1989: 8).

Sem jogar com as palavras, as concepções de aprendizagem resultariam de

uma aprendizagem experiencial, isto é, de uma relação direta e reflectida de um

sujeito com a sua aprendizagem.

Além disso, se a aprendizagem experiencial evoca a experiência, a acção, ela

própria não se limita a isso e não se confunde também como uma aprendizagem

pela experimentação. Na opinião de Coutois, devemos distinguir experiência de

experimentação, implicando esta a validação de uma hipótese. A experiência é

também o pôr em relação com a prática. Fazê-lo tem a vantagem de não reduzir a

experiência a uma dinâmica pessoal mas de encarar, também, o aspecto coletivo.

Podemos também ligar experiência e acção. Ação na qual o sujeito desenvolve a

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sua capacidade de escolha e de realização, bem como de interacção, isto é, em que

ele realiza o que ele quer, pode e sabe fazer ( Coutois, 1989:9).

No que diz respeito às condições de aprendizagem experiencial o autor

evoca, nomeadamente, a formação ligada a si próprio (auto-informação) e a

formação informal (no local de trabalho, nos tempos livres).

Por outro lado, Dominicé (1989) sublinha os contributos e os limites de

aprendizagem experiencial, isto é, a aprendizagem intelectual que mobiliza a

experiência é mais viva e perde o seu carácter livresco. O saber vindo da

experiência é mais sólido, mais preciso, mas também mais rígido (Dominicé ,

1989: 58).

Em conclusão, não se trata, como refere Coutois, de pôr a formação

experiencial contra a formação instituída, mas mais de reflectir a articulação que

melhor satisfaz o professor e a colectividade nas diferentes abordagens formativas

(Coutois, 1989:10).

Como também refere Nóvoa (1992: 26-27): A organização das aulas parece

desencorajar ... o investimento das experiências significativas nos percursos de

formação ... no entanto, este é o único processo que pode conduzir a uma

transformação de perspectiva (Mezirow, 1990) e a uma produção dos próprios

professores de saberes reflexivos e pertinentes. A formação está

indissociavelmente ligada à produção de sentidos sobre as vivências e sobre as

experiências de vida. ( Finger, 1989; Bal & Goodson, 1989).

2. A MUDANÇA DE PRÁTICA: UMA APRENDIZAGEM EXPERIENC IAL

A mudança de prática poderia ser considerada como uma aprendizagem

experiencial e integraria não somente uma mudança comportamental mas também

uma mudança de valores, de sentimentos, de conhecimentos.

O processo posto em execução para chegar a esta mudança associaria

reflexão e acção. Esta integração da reflexão e da acção é representada no modelo

de Kolb (1984), que se inspirou nos conceitos de Dewey, Lewin & Piaget.

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Experiência concreta

captação por apreensão

Experimentação Activa Transformação por intensão

Transformação por extensão

Observação reflexiva

captação por compreensão

conceptualização

Fig. .13 : Modelo de Kolb, 1984.

O processo de aprendizagem experiencial pode ser descrito como um ciclo em quatro etapas incluindo quatro formas

de aprender – a experiência concreta, a observação refletida, a conceptualização e a experimentação ativa. ( Kolb,

1984:40).

Com base neste modelo, Kolb, sugere a análise do estilo de aprendizagem

considerado como um modo estável de relação com o meio que caracteriza um

indivíduo à sua maneira de combinar as quatro formas de aprender, isto é, o

professor através da experiência apreende melhor a realidade, transforma esta

apreensão da realidade por extensão ou intenção. Esta autodeterminação dos

professores pela experiência influencia a forma como privilegiam as quatro etapas

do processo de aprendizagem: experiência concreta, observação reflectida,

conceitualização e experimentação ativa (Kolb, 1984: 64).

No plano das condições de formação associadas à aprendizagem experiencial

reencontramos as duas dimensões integradas por Kolb: reflexão e acção.

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Assim, certas correntes de formação de adultos baseiam o trabalho de

formação na interpretação da experiência, mas a educação de adultos consiste em

facilitar a sua aprendizagem. Aprendemos para compreender o sentido das nossas

experiências (Dominicé, 1989:62).

Enquanto outras valorizam a acção, isto é, para saber é necessário igualmente

experimentar ... a experiência constitui uma abertura desconhecida. Paralelamente

as conclusões tiradas da experiência dão ao conhecimento uma autoridade que

nenhum ponto de vista pode abalar. It has been my experience é uma expressão

que tem a força de uma sentença (Dominicé, 1989:63).

Assim as duas dimensões acção e reflexão não podem existir uma sem a

outra.

Em síntese, a mudança de prática de ensino corresponderia em certos casos, a

uma aprendizagem experiencial. Esta aprendizagem situar-se-ia na relação

individual de um sujeito como uma situação, um acontecimento, um objecto.

Integraria reflexão e acção. Segundo Kolb (1984), poder-se-ia diferenciar os

indivíduos segundo privilegiam um ou outro modo de aprender. Experiência

concreta, observação reflexiva, conceitualização, experimentação ativa.

Esses trabalhos fornecem referentes quanto ao quê e ao como da concepção

de mudança de prática. Abrem a perspectiva adotada no modelo de aprendizagem

de ensino proposto por Bennett et al (cf. Supra). A mudança não seria sempre

associada a uma transformação por intenção, mas igualmente a uma transformação

por extensão: acrescenta novas condutas, novos esquemas de acção. Além disso,

indicam duas condições necessárias à mudança de prática e de forma mais geral à

aprendizagem experiencial: a possibilidade de experimentar, de agir e de reflectir

sobre esta acção só ou na interacção.

2.1. UM PROCESSO DE RUPTURA DE REENQUADRAMENTO

Entre diferentes tipos de conhecimentos na acção (knowing in action), Argyris

& Schön (1976; 1990) utilizam o conceito de teorias de acção. Estas teorias de

acção incluem: valores, estratégias e propostas individuais. Eles distinguem dois

níveis nos quais estas teorias operam: as esponsed theories, às quais nós nos

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referimos para explicar ou justificar o nosso comportamento e as theories in use ,

tal como elas determinam os comportamentos. Estas últimas são frequentemente

implícitas e incongruentes com as esponsed theories. A mudança estaria então

ligada a uma ruptura, um reenquadramento associado a um conflito observado

entre as acções e as teorias que guiam estas acções.

Watzlawick (1975), terapeuta, analisa este processo e associa—o a uma

mudança do tipo dois que modifica um sistema e tem lugar no interior deste sem o

modificar.

Reenquadrar significa modificar o contexto conceptual ou emocional duma

situação, ou ponto de vista segundo a qual esta situação é vivida, colocando num

outro quadro que corresponde tão bem ou mesmo melhor que os fatos dessa

situação cujo sentido, por consequência muda completamente (Watzlawick , 1975:

116).

A mudança produzida é por vezes cognitiva e afectiva; trata-se de ver as

coisas de outro modo. Frequentemente a ruptura, mesmo que seja provocada pelo

terapeuta não corresponde a uma análise racional da situação. Tratar-se-ia mais de

modificar radicalmente uma solução aplicada habitualmente ao problema

encontrado.

Estas rupturas provocadas pelo terapeuta têm frequentemente como efeito dar

ao sujeito um grande domínio da situação. Neste sentido Watzlawick propõe uma

procedimento em quatro tempos:

“ 1. Définir clairement le problème en termes concrets;

2. Examiner les solutions déjà essayées;

3. Définir clairement le changement auquel on veut aboutir;

4. Formuler et mettre en oeuvre un projet pour effectuer ce changement.”

(Watzlawick, 1975:132).

Em síntese Watzlawick, traz elementos complementares quanto ao estudo de

mudança, a certos pontos de vista contraditórios, no entanto Nóvoa (1992) pensa

que é útil conjugar uma formação do tipo clínico com uma formação do tipo

investigativo, ou seja: “O esforço da formação passa sempre pela mobilização de

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vários tipos de saber: saberes de uma prática reflexiva; saberes de uma teoria

especializada; saberes de uma militância pedagógica (Hameline, 1991).

Enfim Watzlawick não fala nunca de aprendizagem. Esta situação não é de

espantar. Com efeito, parece que, para que uma mudança seja reconhecida como

aprendizagem, é preciso que a pessoa, lhe dê um sentido, um valor que seja

esperado ou reconhecido. Nós sublinhámo-lo ao falar de experiência de

aprendizagem do adulto em situação de vida, que é sem dúvida uma maneira de

integrar a mudança na sua concepção de aprendizagem que dê um sentido a uma

mudança reconhecida como autêntica.

Nesta perspectiva a atendendo aos trabalhos de Bennett et Al. (1993) já

citados, poderiam ser propostas duas maneiras de integrar a ideia de mudança de

prática numa concepção de aprendizagem: por um lado, uma concepção de

aprendizagem como a aquisição de conhecimentos integraria a ideia duma

mudança de prática como uma transformação por extensão; por outro lado, uma

concepção de aprendizagem como uma construção de conhecimentos integraria a

ideia de mudança de prática como uma transformação por intenção.

3. VARIÁVEIS SUSCEPTÍVEIS DE INTERAGIR COM A CONSTR UÇÃO DA CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM DUM PROFESSOR/EDUCADOR.

3.1. CONTRIBUTOS DO MODELO DE CROSS

Biggs (1993) sugeria uma interacção entre experiências de aprendizagem e a

motivação compreendida, neste caso, como uma representação do fim a atingir.

Baseando-se nos trabalhos de Miller (1967) Rubenson (1977), Boshier

(1973) e Tough (1979), Cross (1981) aprofunda a análise desta interacção

elaborando um modelo destinado a compreender as interacções entre

participação/motivação do adulto nas actividades de formação e variáveis

individuais e situacionais (Bougeois, 1984).

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A . Avaliação de si

B . Atitude em relação

à formação

D .Transição de vida

C . Importância dos fins (valência)

percepção de eficacidade de formação como meio para

realizar estes fins

F . Informação

E .Oportunidades e

barreiras

G . Participação

Fig. 14 - Modelo de Cross, 1981

O modelo de Cross inspira-se nas teorias da motivação que explicam o

comportamento humano em termos de interacção entre o indivíduo (com a

sua experiência adquirida) e o meio tal como ele é percebido e experimentado

por ele. As concepções de aprendizagem fazem parte desta experiência

individual.

Relacionando a avaliação de si (A), as investigações mostram que as pessoas

que têm falta de confiança nas suas próprias habilidades evitam implicar-se em

situações nas quais serão avaliadas e são pouco inclinados a ser voluntários para

uma aprendizagem que poderia ser uma ameaça para a sua estima pessoal.

Noissant (1993) precisou esta relação sugerida por Cross entre “estima de si” e

formação no contexto dum curso de alfabetização para adultos. O seu contributo

situa-se particularmente numa operacionalização do conceito “estima de si”.

Assim diferencia cinco formas de apreensão de si que tornem possível uma análise

das interacções entre a formação e a estima de si: apreensão de si por si;

interpretação do que os outros dizem de mim; eu ideal, procura de conformidade

ao que o sujeito supõe da espera de outrém ; ideal do eu, expressão dum projecto,

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duma iniciativa pessoal; acto, o sujeito autoriza-se num acto que é uma afirmação

de si. Por conseguinte fazemos esta referência para apreender mais finamente as

relações entre o que nós chamámos a visão de si e a concepção de aprendizagem.

Resumindo, o modelo de Cross integra algumas variáveis presentes no

modelo de análise apresentado: representação do fim a atingir, visão de si, fase da

carreira, transição de vida, estratégias de formação. Este modelo tem como

interesse articular vários outros para compreender uma componente essencial de

aprendizagem: a motivação. Nós inspiramo-nos neste modelo para analisar as

interacções possíveis entre as concepções de aprendizagem e outras variáveis

relacionais; a representação que o professor/educador tem do fim que quer atingir

e a sua representação da eficácia da formação para atingir este fim.

3.2. A APROPRIAÇÃO DE MUDANÇA (“ THE OWNERSHIP OF CHANGE”)

Jean Rudduck (1988) considera que o sentimento da apropriação da mudança

é um elemento importante que afecta a aprendizagem do ensino. Os professores

têm necessidade de sentir que a mudança de prática não é qualquer coisa que lhe

acontece e que eles não podem controlar como por exemplo, um luto, mas

qualquer coisa que eles procuram e esperam. Esta possibilidade de dominar a

mudança estaria associada à visão de si. O professor podia ver-se como um

profissional responsável mais que como um técnico num processo gerido por

outros.

Finalmente, a visão de si como actor de mudança poderia estar associado à

integração da sua visão de mudança de prática na sua concepção de aprendizagem.

A aprendizagem seria um processo dominado pelo professor/educador que

persegue um objectivo de mudança na sua prática profissional escolhida e

dominada por ele, sobretudo um processo de formação contínua (continuada).

4.CONCLUSÃO GERAL

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Como atrás referimos a Formação Contínua deve visar uma aprendizagem do

prpfessoe/educador que integre uma mudança das suas práticas educativas. Essa

mudança passa segundo diversos autores já citados pela reflexão na acção, a partir

da acção e depois da acção.

Esta é uma tarefa complexa, pois que há que ter em conta o que é relevante

para o formador e para a formação que quer fazer e o que é relevante para o

formando que tem a sua própria história pessoal, os seus projectos, as suas

expectactivas.

Mas é no reencontro destas duas esferas (formador e formando) que pode,

talvez, encontrar-se a melhor forma de pôr em execução um projecto de formação

contínua, atendendo a que a aprendizagem não é percebida da mesma forma por

todos os indivíduos e sabendo que existem correlações entre condições de

aprendizagem, processos e produtos de aprendizagem. É importante, portanto, que

o formador tenha em conta as condições dos professores educadores a propósito

da sua própria aprendizagem, até para compreender como é que conhecimentos

provenientes da formação e da prática podem articular-se. E por outro lado que

tenham em conta quais as suas concepções de mudança de prática.

Cremos que valerá a pena o esforço, a fim de que a Formação contínua no

nosso país venha a ser não apenas uma imposição no sentido vertical, mas num

meio eficaz de mudar, efectivamente, o panorama do ensino em Portugal de

melhorar a imagem do Sistema Educativo, da Escola e do Professoe/Educador e

enfim da própria Formação Contínua.

Que estatégias então adoptar?

Estratégias de Formação

• A explicitação e confrontação das práticas profissionais • O contributo pelos formadores das teorias e de técnicas • A ligação entre prática profissional e o objecto de formação • Alternância de formação, situações de trabalho • Explicitação das aprendizagens • Desenvolvimento dum produto educativo.

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Explicitação e confrontação de práticas profissionais

Explicitar a sua prática, comunicá-la aos outros, de uma forma

compreensível, argumentá-la e contextualizá-la permite ao professor conhecer

melhor o seu funcionamento e descobrir o dos outros.

Contributo dos formadores - saberes e técnicas

Os formadores posicionam-se, em certos momentos, como pessoas recursos

que trazem técnicas e teorias úteis à análise das práticas e à compreensão das

situações de ensino/aprendizagem assim como ao desenvolvimento do produto

educativo.

A ligação entre a prática profissional e o objecto de formação

A construção dum produto educativo foi escolhido como actividade de

formação, porque esta actividade é suficientemente próxima da prática dos

professores para lhes permitir fazer facilmente ligações com este.

Uma alternância formação-situações de trabalho

A organização da formação poderá ou deverá permitir aos educadores tratar

na sua escola, as actividades construídas fora da formação. Esta formação é tanto

ocasional como sistematicamente organizada. As reuniões de formação constituem

momentos privilegiados de teorização das experiências.

.

Explicitação das aprendizagens

Para ajudar os educadores a tomar consciência do seu rumo, das suas

dificuldades de aprendizagem e para lhes permitir geri-las melhor (avaliação

formativa), os formadores devem partilhar com o grupo de formandos as suas

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análises de aprendizagens em curso e lembrar os objectivos pretendidos e as

condições criadas para lá chegar.

O desenvolvimento dum produto educativo

Uma forma de desenvolvimento do produto participativo, estruturado e

regulado torna possível e significativa a aplicação de uma grande parte das

estratégias de formação citada.

Uma atitude participativa

Os professores definem os objectivos, a estrutura, a orientação metodológica

do produto a construir na base da análise :

• das suas necessidades ou as dos seus colegas; • das suas experiências anteriores ou adquiridas em cursos de formação em

matéria de utilização pedagógica dos computadores; • dos produtos ou realizações existentes. Análise das estratégias de formação

Certas estratégias escolhidas pelos formadores no começo da formação

correspondem a variáveis situacionais relativas às estratégias de formação

susceptíveis, segundo nós, de interagir com a construção pelos professores de uma

concepção de aprendizagem que integra a ideia de mudança de prática. Trata-se de

interacções entre colegas, duma conceptualização dos processos de

ensino/aprendizagem.Além disso, a estratégia da explicitação das aprendizagens

pode ter um efeito sobre a construção das suas concepções pelos professores:

efeito de assimilação de informações novas ou reforços das concepções. Estes

efeitos devem ser tanto quanto possível analisados em estudos de casos.

No decurso da formação contínua, as estratégias escolhidas devem ser

operacionalizadas, experimentadas e reguladas.

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Este estudo pretende oferecer aos professores, aos formadores e aos decisores

um instrumento que lhes permita compreender a complexidade duma situação de

formação contínua, afim de que eles a possam gerir para criar condições de

manifestação duma concepção de aprendizagem que integre a ideia de mudança de

prática de ensino. Não se trata para nós de prescrever acções a pôr em execução,

mas mais sugerir a cada “actor” algumas questões que deviam ajudá-lo a tomar as

suas próprias decisões. O conjunto destas propostas poderia estar integrado num

procedimento de análise das necessidades que guiam a concepção e a regulação de

uma formação contínua de professores e educadores “sob medida”, isto é, uma

formação cujos objectivos são definidos com os professores em relação com os

seus objectivos individuais e colectivos.

As análises atrás realizadas parecem permitir-nos concluir que há uma

relação entre aprendizagem para ensinar/educar e mudança de prática em educação

que é afinal o que uma Formação Contínua(da) deve preconizar.Essa mudança

corresponderia a uma experimentação activa de novas condutas no quotidiano da

sala de aula ou do jardim de infância. Para além disso creio podermos concluir

também que há factores que intervêm necesssariamente num projecto de Formação

Contínua- a visão de si do professor e do educador a percepção da eficácia da

formação, a época da carreira em que essa formação poderia efectuar-se e a

própria história pessoal dos formandos. Todos estes factores parecem acompanhar

a construção de uma concepção de aprendizagem que integra a tal mudança de

prática preconizada para a educação.

Quanto ás condições dessa mudança: experimentar e reflectir parecem ser as

mais relevantes, para além naturalmente das actividades (sejam elas mais de

natureza intelectual ou prática) que sejam propostas na Formação Contínua, as

quais deverão permitir ao formando a realização do seu próprio projecto quer

como pessoa quer como profissional.

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Pensamos que só tendo em conta o que atrás referimos é possível acabar

com o fosso existente entre Formação contínua e mudança de prática em educação.

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