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FORMANDO OS MÉDICOS

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Page 1: FORMANDO OS MÉDICOS
Page 2: FORMANDO OS MÉDICOS

FORMANDO OSMELHORES

MÉDICOS

PARA ALUNOS DO INTERNATO

VAGAS FIES

facamedicina.afya.com.br/fcmpb

Page 3: FORMANDO OS MÉDICOS

EditorialÍndice

Chegamos ao mês de maio de 2021 agregando a “pole position” da maior tragédia sanitária da his-tória do Brasil, ainda acumulando recorde mun-dial diante de mais de 300 mil mortos vítimas da COVID gerados por motivação de políticas

públicas retrógradas, negacionistas e em confronto direto com os governadores e prefeitos - estes a salvaguarda do processo sanitário.

Esta ampla síntese identifica na prática um estágio ex-tremamente problemático para o País porque atingimos esse patamar por descuidos seguidos e falta absoluta de coordenação nacional do Agente Federado, a partir do Mi-nistério da Saúde, distante dos Estados e Municipios, além de estimular procedimentos medicamentosos, a exemplo do uso da cloroquina, diante de recomendações contrárias das entidades médicas à sua aplicação.

Estudos e dados existentes conduzem à constatação de que o conceito negacionista adotado como premissa e base dos desacertos e erros adotados a partir de 2020 com o Governo Federal se traduziram em grave problema repe-tindo o não uso da vacina e, quando admitindo algo neste sentido, chegou a descontratar milhões de vacinas como atestado de irresponsabilidade no decorrer do ano passado.

É por conta deste conceito de resistir à vacina até pro-pagando Fakenews absurdos contra elas, em especial da China, e ainda pela decisão do presidente da República

de se confrontar com os governadores por eles defenderem medidas restritivas, mas de comum acordo com o Ministe-rio da Saúde o País convive desde 2020 num processo de graves efeitos já gerando colapso total na rede hospitalar pública e privada do Brasil.

Esta é a realidade que registra quatro ministros sequen-ciados em um só mandato sem apresentar até o presente momento um Protocolo único e ações comuns da União com Estados e Municipios, portanto, urge na conjuntura atual a cobrança de ações bem resolvidas diante da gravi-dade da COVID.

Há que se levar em conta ainda a forma tímida e descon-forme do Governo e do Congresso Nacional em não adotar procedimentos realistas e orçamentários à altura das neces-sidades das populações mais pobres, bem como das micro, pequenas e médias empresas para manter a economia viva.

Tudo o que se processou em 2020 ainda garantiu efeitos positivos com a adoção de Politicas de Emergência em favor da sociedade, algo que foi cortado à metade.em.2021 causando quebradeira e fome nas várias regiões.

O Brasil precisa repensar as politicas sanitárias e econô-micas, urgentemente.

Foto: freepik.com (jcomp)

Walter SantosPUBLISHER da Revista [email protected]

Entrevista

Política

Economia

Tecnologia

Memória

Cultura

Saúde

Colunas6. Leitor7. Plugado Walter Santos

11. Opinião Adary Oliveira28. Negócios e Intercâmbio

Rui Coelho30. Atualidade & Futuro

César Rocha

A EcONOmIA cOm bASE NA SOLIDEz FIScAL FORTALEcEO cEARáAo longo de dezenas de anos a sequência exitosa de gestões virou referência de governança no Estado

12. A FORÇA DO “cARA”Governador do Piaui se consolida como Líder do Nordeste na grave crise da Pandemia no País

PANDEmIA E cONjuNTuRA DA cRISE REvELAm gOvERNADOR DO PIAuI cOmO ARTIcuLADOR DE DESEmPENhO DE LIDERANÇA NAcIONALNa fase mais dificil da COVID no Brasil, Wellington Dias comenta as prioridades e urgências no Pais

24. APÓS AgRAvAmENTOEm TODO PAÍSNa liderança do Fórum de Governadores, a solicitação ao governo federal de medidas restritivas em âmbito nacional

25. OS DESAFIOS DO NOvO NORmAL DEPOIS DA PANDEmIAExpert em estratégias, Nelcy Campos analisa conjuntura e fala do NIAC

32. A LgPD E A POSSIbILIDADE DE APROxImAÇãO DO cONSumIDOR àS EmPRESASRealidade atual tem sido impactada pelo consumidor cada vez mais bem informado

LYNALDO cONTEmPORÂNEOA trajetória comprovada do maior incentivador da Ciência e Tecnologia do Brasil a partir da Paraíba

36. O LEgADO RENAScENTISTA DO PROFESSOR LYNALDOILumINA A PARAÍbAHistórico e desempenho do Visionário formado em engenharia extrapolam áreas do conhecimento

40. LYNALDO cAvALcANTI: um gESTOR gENIAL Em c&TCriatividade e eficiência abrigam trajetória do líder visionário construindo saldo humano singular

A FOmE vOLTOu cOm FORÇAQuase 70% dos moradores de favelas não têm dinheiro para comida

NOS 80 ANOS DA AcADEmIADE LETRASFundador da APL é revisitado no ano de comemorações

46. AcORDO INÉDITOFundação Joaquim Nabuco constrói entendimentos com Academia Paraibana de Letras para apoiar 80 anos da APL

NOvIDADES DO bRIcSPesquisadores dos cinco países buscam interconexões entre tuberculose e Covid-19

A urgência da vacinação no Brasil e a timidez

orçamentária para resolver a economia e, sobretudo, a fome dos

necessitados

8

14 33

26 42

44

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/20214 5Março/2021

Page 4: FORMANDO OS MÉDICOS

Leitor

Capa da Edição 169/Fevereiro

Ano 14 | Número 169 | Março | 2021

NORDESTE On-lineFacebook: Revista NordesteTwitter: @RevistaNordeste

[email protected]

Os textos opinativos são de inteira responsabilidade dos colaboradores e

não refletem a visão da linha editorial da Revista NORDESTE

Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para:

[email protected] Agradecemos a sua participação.

PubLIShERWalter Santos

EDITORAÇãO ELETRôNIcAE EDIÇãO DE ImAgENS

Luciano Pereira

ImAgENS DA cAPAFreepik.com / Pxhere.com / Divulgação

ASSINATuRAS(83) 99981 3462

Segunda a sexta, das 8 às 18 horaswww.revistanordeste.com.br/assinatura

cARTAS PARA REDAÇã[email protected]

PARA ANuNcIARLigue: (83) 99981 3462

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DIgIcuLT cONSuLTORIAE cOmuNIcAÇãO EIRELI

Rua Guibaldo Menezes, 315, Bairro: IPESCep 58.028-450 / João Pessoa - PB

Fone: (83) 99981 3462

ImPRESSãOGráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá

João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200

DISTRIbuIÇãOEmpresa Brasileira de Correios e Telégrafos

EstEla Maria siquEira Professora / Teresina / PI

Nesta fase de negacionismo no Brasil vale à pena acompanhar e saber dos procedimentos altamente responsáveis dos governos do Nordeste, através do Consórcio, desenvolvendo medidas de relevância para combater a COVID diante de um governo federal perdido e com atitudes sem amparo.

José BEnEvidEs aguiar Contador / Lisboa / Portugal

Jonas duartE Ativista político / Salvador / BA

gilda BEzErra siMõEsEngenheira / Natal / RN

rôMulo Polari Ex-reitor UFPB / João Pessoa / PB

Dialogar expondo olhares distintos sobre as relações entre Brasil - Portugal - Nordeste é uma iniciativa extremamente positiva porque subsidia a quem está nos diferentes países para reflexões diferentes acerca de como os portugueses veem a realidade brasileira e acrescenta algo importante que é a visão do brasileiro sobre Portugal morando ele em Lisboa, por exemplo. Isto é inédito.

Estamos dedicados a estudar e debater fortemente com todos os estados as políticas publicas que foram abandonadas nos últimos tempos, por isso entendemos que a NORDESTE pode contribuir com a discussão acerca da retomada de maiores cuidados nos varios níveis da sociedade.

Gostaria de parabenizar ao mesmo tempo sugerir que as próximas edições tragam informações sobre o Centenario de Paulo Freire, educador brasileiro com imensa respeitabilidade no mundo inteiro, mas tratado de forma absurda por representantes do atual Governo Brasileiro. É muito importante manter a memória viva.

As reportagens e opiniões trazidas pela Revista NORDESTE sobre o ecossistema de inovação nos Estados nordestinos aponta para o zelo da pauta editorial com assuntos de alta relevância, mesmo com o tempo de prioridade de cuidar dos efeitos do Coronavirus. Consideramos fundamental a manutenção dessas abordagens para ajudar as novas gerações a entender e construir o futuro com inteligência digital.

Plugadocom Walter SANTOS

Colapso da COVID faz Estados endurecerem medidas restritivas no País diante do Governo Bolsonaro insistindo na contramão

O tempo no Brasil ainda anda a merecer aten-ções redobrados para conter a Pandemia. A rea-lidade nacional a partir dos próximos dias nos Estados brasileiros impõe a certeza de que mais uma vez o Governo Bolsonaro, agora tendo no Ministério da Saúde o médico paraibano Marcelo Queiroga, se mantém na contramão e perdendo oportunidade de reconciliação nacional no trato da COVID porque aposta de fato no negacionismo.

Embora o presidente e o ministro da saúde digam respeitar a ciência mesmo recusando a indicação científica de necessidade urgente de Lockdown pela grave fase da nova cepa da CO-VID, daí recursarem a implementação, na prática os próximos dias no País chegaremos muito próxi-mo da paralisação com o Governo Bolsonaro fora.

Fica patente, muito evidente mesmo, que o Governo Bolsonaro se mantém desarticulado e distante dos Estados e Municipios insistindo em procedimentos precoces de tratamento condenados pelas entidades mé-dicas submetendo o País à falta de política nacional bem resolvida, felizmente com governos estaduais e municipais responsáveis a fazer o papel que era e é do ente federado.

O preço desta insistência macabra e irresponsável só não será muito mais pior em face dos procedimentos adotados por Estados e Municipios exatamente quando o Brasil passa dos 300 mil mortos por irresponsabilidade das políticas federais, que ainda vão chegar nos Tribunais punindo seus responsáveis.

EFEITO DE VIAGEMO ministro Marcelo Queiroga sentiu na pele a gravida-

de sanitária da COVID e seus efeitos políticos imediatos

em duas viagens a São Paulo e Rio de Janeiro no final de março convivendo com fortes protestos de universitários de Medicina da USP e de profissionais e funcionários da Saúde ao som do refrão “ Fora Cloroquina, Bolsonaro Genocida”.

Este é o resumo de uma viagem pretensamente com fins políticos, mas de resultados ineficazes, porque o ministro faria melhor se tivesse ocupado o tempo no ministério em Brasilia articulando equipe, métodos e protocolos para o País inteiro.

Em sintese, o cenário continua nebuloso mesmo com o reconhecimento à capacidade médica do novo ministro, ineficaz porquanto não tem liberdade para adotar o que o País precisa pois vive sob a tutela do presidente- ministro negacionista.

Futuro muito complicado, enfim.

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/20216 7Março/2021

Page 5: FORMANDO OS MÉDICOS

Foto: Divulgação

A EConoMiA CoM bASE nA SoLidEz fiSCAL forTALECE o CEAráAO LONgO DE DEzENAS DE ANOS A SEquêNcIA ExITOSA DE gESTõES vIROu REFERêNcIA DE gOvERNANÇA NO ESTADO

o paraibano Ariano Suassuna em uma das suas aulas-es-petáculos para estudantes em todo o País costumava

conjugar o verbo esperançar. Sendo ele pessimista no curto prazo e otimis-ta no médio prazo. Lembrando, assim, o grande escritor, poeta e dramaturgo nordestino, neste momento de pan-demia, os desafios permanecem pre-sentes para alguns setores e menores para outros. O mesmo se adequa para a economia dos Estados e Municípios do Brasil. É preciso esperançar.

Tal contexto posto pelo verbo es-perançar não seria diferente para o Ceará, mas, neste caso, sob a ótica positiva de médio e longo prazo, a economia cearense vem respondendo de forma equilibrada em seus índices econômicos e sociais. Ao longo de su-cessivos governos, por quase 20 anos, independente de quem estava à frente do comando, o Estado virou modelo de gestão em governança, de solidez fiscal, que só reflete nos resultados recentes divulgados pelo Instituto de Pesquisa Estratégica e Econômica do Ceará (IPECE).

Mesmo em tempos de pandemia da

Entrevista

“dESEMPEnho do CEArá MESMo EM

TEMPo dE PAndEMiA APrESEnTA

rESuLTAdoS MELhor PoSiCionAdoS

do quE EM nivEL nACionAL”

“uM ASPECTo MuiTo

iMPorTAnTE é o forTE

invESTiMEnTo do GovErno nA

EduCAção EM TodoS oS nÍvEiS”

Covid-19 o Produto Interno Bruto, em 2020, obteve uma queda de 3,56% em relação a 2019. Porém, foi um de-sempenho melhor do que o apresen-tado no Brasil: queda de 4,1%. Então, qual seria a dinâmica diferenciada da economia cearense, que convive com os mesmos desafios de outros Estados em curto prazo e mantém determina-dos os objetivos e projetos em médio e longo prazo?

Em entrevista exclusiva à Revista Nordeste o diretor Geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) e professor do Curso de Pós-Graduação em Econo-mia - CAEN/Universidade Federal

do, João Mário de Franca, nos escla-rece e explica como se deu ao longo desses anos, o crescimento de uma economia diversificada, galgada em forte solidez fiscal e um planejamento olhando para o futuro.

Por LuCiAnA LEão

Revista NORDESTE: A que se deu essa dinâmica na economia cea-rense?joão mário de Franca: Importante destacar que a economia cearense no ano de 2019 cresceu 2,11%, enquanto o país 1,11%. No quarto trimestre em 2019, a economia vinha num ritmo acelerado. Quando entrou o ano de 2020 essa tendência continuou, com ritmo forte de empregos gerados de carteira assinado aí veio à pandemia. O governo fechou as atividades não essenciais para evitar a circulação viral, na primeira onda, no momento certo. O fechamento mais rígido durou até maio. O governo elaborou um plano gradual de retomada, levando em con-ta critérios econômicos. No segundo semestre, começamos a ter uma re-cuperação mais acelerada da econo-mia com destaque para a indústria da transformação e construção civil. No

entretenimento, de eventos culturais, sociais e de bares e restaurantes. O de turismo também, a circulação de tu-ristas diminuiu em todo o mundo, os voos reduziram.

NORDESTE: quais medidas o senhor avalia que foram e são determinan-tes durante a pandemia para que o Estado tenha conseguido sair do meio do furacão sem tanto estrago?joão mário de Franca: Com relação às principais medidas do Governo para minimizar os efeitos diria que as decisões foram certas e no momento certo. No segundo timestre de 2020, foi criado um grupo de trabalho que

elaborou um plano gradual e respon-sável, acompanhando o que existia na literatura, levando em conta os critérios sanitários econômicos. Re-tomamos no momento certo com um sistema de saúde seguro. Consegui-mos sair do meio do furacão sem tanto estrago, aqui mantendo sua frase. Uma terceira ação muito importante foi várias medidas tributárias anunciadas pelo governo cearense para o setor empresarial aliviando alguns tributos ou postergando alguns como o ICMS, pagamentos e conseguiu manter o seu fluxo de caixa que contribuiu para essa recuperação mais consistente a partir do segundo semestre, e ajudou para que essa queda do PIB não fosse ainda maior. Mas ainda tem outro tão importante quanto. O governa-dor também fez algumas importantes ações que olharam para os mais vul-neráveis no âmbito social. Por exem-plo, pagamento da conta de água, da energia elétrica, distribuição de vale gás, merenda escolar. Essas séries de medidas sociais são possíveis por con-ta da poupança pública. Este ano, o governador já criou auxílio emergen-cial para setores como eventos sociais e culturais, e outro para o segmento de bares e restaurantes. Todas essas medidas de investimento nas áreas de saúde, infraestrutura, logística, educa-ção, proteção social só foi possível por conta da solidez fiscal do Estado, de sua poupança pública.

NORDESTE: O senhor falou que os investimentos em educação em to-dos os seus níveis podem também justificar tal dinamismo positivo na economiajoão mário de Franca: Um aspecto importante é o forte investimento que o governo do Ceará vem fazendo na educação em todos os seus níveis em médio e longo prazo. É um elemento muito importante você investir no seu capital humano, melhorar a qualidade do seu ensino que vai refletir depois

setor de serviços podemos destacar o comércio que foi muito beneficiado pelo auxílio emergencial, que conse-guiu sustentar a demanda das famí-lias mais vulneráveis o que aqueceu a venda do comércio. Mas foi a agrope-cuária o grande setor decisivo na eco-nomia cearense com crescimento de 10,31%. Foi decisivo para fazer com que a queda fosse menos acentuada que a do Brasil. Resumindo: fechamos na hora certa às atividades econômicas não essenciais e voltamos com um pla-no de retomada gradual, e responsável, com todo rigor científico, olhando critérios sanitários e econômicos. Em termos de dinâmica, a indústria de transformação e a construção de civil. E o grande destaque para Agropecuá-ria em termos de crescimento.

NORDESTE: quais setores foram mais impactados?joão mário de Franca: Claramente, em relação a 2019, os setores que mais sofreram por conta da pandemia são aqueles que tinham probabilidade de propagação viral. Posso citar que os mais castigados, por conta das me-didas restritivas foram os setores de

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/20218 9Março/2021

Page 6: FORMANDO OS MÉDICOS

Foto: Divulgação

“foi CoM PouPAnçA PróPriA do ESTAdo

quE houvE uMA SériE dE invESTiMEnToS MuiTo forTES nA

SAúdE PúbLiCA CoM CoMPrAS dE

hoSPiTAiS, Por ExEMPLo”

em aumento de produtividade, me-lhores salários e atração de empresas, que prioriza a questão da logística, mas também a questão do capital hu-mano, se vai ter mão de obra neces-sária e qualificada para trabalhar em suas empresas. Nisso, o Ceará vem se destacando ao longo dos anos não so-mente no Brasil como para o mundo.

NORDESTE: O ceará é reconhecido pela sua solidez fiscal, resultado de políticas e planejamento de longos anos. qual seria o recado a ser dado para outros estados do País?joão mário de Franca: Aqui vou me deter um pouco, o estado do Ceará desde o ano de 1987, com o gover-nador de Tasso Jereissati e a partir

daí vem adotando uma solidez fiscal muito grande nas contas públicas, um fato importante, pois independente-mente do governador que entra no co-mando, do partido político que entra, essa cultura de responsabilidade fiscal ficou enraizada no estado do Ceará. Já passaram vários governadores, e atualmente o atual governador Cami-lo Santana está seu segundo mandato e continua com todo o rigor fiscal. O Estado do Ceará é sempre reconhe-cido pelo Tesouro Nacional como um

NORDESTE: O senhor, então diria que a solidez fiscal das contas pú-blicas ajuda o ceará a enfrentar os problemas em curto, médio e longo prazo. Isso é muito importante

joão mário de Franca: Vamos lá. Se alguém tinha dúvidas da importância de você ter um Estado com as suas contas em dia, quando veio à pande-mia em março de 2020 e o sistema de saúde começou a sinalizar alguns pro-blemas e não havia ainda nenhum tipo de repasse financeiro federal, foi com poupança própria do Estado que hou-ve uma série de investimentos muito fortes na área de saúde pública como compra de hospitais, aumentos de lei-tos de enfermarias e UTI, várias UTIs implantadas no interior. Portanto, sem poupança própria o Estado não po-deria atender prontamente a socieda-de, melhorar rapidamente os recursos para a saúde. Enquanto outros estados patinavam no início da pandemia por-que não tinham poupança pública, o estado do Ceará conseguiu com sua poupança a capacidade para realizar investimento em saúde, como um Es-tado responsável fiscalmente e que cumpre suas obrigações. E aí, o estado do Ceará por ter a solidez fiscal por vários anos, já é o sexto ano consecu-tivo que o Ceará entre todos os estados da federação ocupa a liderança em investimento como proporção da sua receita corrente líquida. Em valores absolutos de investimentos, o Ceará somente perdeu em 2020, apenas para São Paulo e Paraná, estando á frente de estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia. São investimentos em infraestrutura, na área de logística.

a indústria de processo contínuo em geral, e na quí-mica em particular, costuma-se definir economia de escala como aquela que se obtém ao se estabelecer no processo produtivo arranjo capaz de proporcio-

nar menor custo unitário de fabricação. Diz-se que quanto maior a capacidade de produção de uma fábrica menores são seus custos industriais, o que lhe oferece maior poder competitivo nos mercados. Peter H. Spitz em seu livro “Petrochemicals – The Rise of an Industry” nos traz um bom modelo para ilustrar esse conceito. Em dois exemplos fictícios, mas bem referenciados, Spitz compara uma plan-ta de pequeno porte (capacidade 45 mil t/a, investimento US$ 40 milhões) com outra maior (capacidade 272 mil t/a, investimento US$ 110 milhões). Os custos variáveis em centos do dólar são próximos um do outro (6,7 e 6,4, respectivamente), e os custos fixos distantes (8,2 e 4,0), resultando custos de produção anuais respectivos de 14,9 e 10,4, na mesma moeda. Isso tudo significa que para um aumento da capacidade de 504% proporciona um aumento de investimento de apenas 175% e uma redução dos custos de fabricação de 43,27%.

Contudo, a economia de escala não é o único fator im-portante para se conseguir a perpetuidade das manufaturas de processo contínuo. Existem outros fatores internos e ex-ternos que contribuem para a sobrevivência das empresas industriais, como, por exemplo, a economia de aglomeração, advinda da proximidade física das plantas e dos serviços compartilhados de suprimento de utilidades, manutenção, tratamento de efluentes, proteção ambiental e atualização tecnológica. O Polo Petroquímico de Camaçari cuidou de cada um desses aspectos, exceto da questão de escala, por terem dimensionado as unidades em função do merca-do doméstico, quando deveriam ter adotado a dimensão internacional das plantas. Como se sabe, isso era quase impossível dado às barreiras de entrada oferecidas pelas multinacionais cedentes de tecnologia. A limitação dos re-cursos financeiros e a possibilidade de se fazer a suficiente proteção aduaneira, na época, viabilizaram a execução do planejado fisicamente.

A economia de escala

Opinião

Adary OliveiraÉ PRESIDENTE DA ASSOCIAçãO COMERCIAL DA BAHIA

N De um modo geral tal economia sobrevém do planeja-mento do processo produtivo, seja de bens ou serviços, de modo a se obter a maximização do uso dos fatores de pro-dução abrangidos no processo, em busca da obtenção de baixos custos de manufatura e o aumento da capacidade transformadora. Tal vantagem ocorre quando o aumento da capacidade de produção resulta num aumento da quantida-de produzida com redução do custo unitário total, isto é, o custo médio do produto tende a ser menor com o aumento da produção. Em outras palavras, diz-se que há economia de escala quando o aumento dos recursos materiais e hu-manos utilizados proporciona uma diminuição do custo unitário de transformação.

A economia de escala se apresenta como aliada das em-presas não só na redução dos custos de processamento, que muito contribui para a competitividade no mercado mun-dial, cada vez mais agressivo, como também pode propor-cionar a construção de barreira de entrada. Esta passa a se constituir num dos fatores que inibem o ingresso de novos produtores na mesma área de atuação, ao lado da tecnologia, marcas, patentes, políticas governamentais, acessibilidade aos mercados e formação de carteis. A indústria de celulose e papel é um desses exemplos. Além de exigir um capital de investimento elevado, da ordem de bilhões de dólares, tem um organizado cartel bem estruturado que protege seus participantes da entrada de concorrentes. As empresas brasileiras produtoras de celulose e papel só conseguiram espaço de maior conforto dentro do setor quando passaram a usar o eucalipto como matéria-prima. A alta produtivi-dade florestal obtida com novas tecnologias de reprodução de mudas, foi determinante para o acesso delas no fechado mercado mundial.

Por outro lado, países populosos, como a China e a Índia, podem garantir o funcionamento de grandes fábricas des-de que seus habitantes tenham suficiente poder de compra para garantir sua operação. Tendo os custos fixos cobertos por grande demanda, podem fazer exportações por preço equivalente ao custo marginal, sendo imbatíveis quando o principal fator de penetração é o preço.

Foto: DivulgaçãoRevista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202110 11Março/2021

Page 7: FORMANDO OS MÉDICOS

Política

Foto: Benonias Cardoso (Secom/PI)

Por wALTEr SAnToS

A forçAdo "CArA"Governador do Piaui se consolida como Líder do Nordeste na grave crise da Pandemia no País

Embora a Grande Midia no Brasil tenha dado pouco re-percussão ao que é ligado fora de São Paulo, há tempo na

fase da Pandemia a envolver os diver-sos estados, o fato é que nos últimos tempos tomou conta da realidade da comunicação a importância conjuntu-ral do trabalho desenvolvido pelo go-vernador do Piaui, Wellington Dias, do Piaui, como grande articulador dos chefes do Executivo nordestinos resolvendo de vez os dramas da CO-VID 19.

Em tempo: ele cresceu tanto sua dimensão que passou a representar todos os líderes do Pais.

O fato é que depois de assumir o cargo de presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias, passou a exercer um papel de articulação am-pliada envolvendo todos os governa-dores do País com repercussão imensa pelos efeitos das ações em favor dos diversos estados surpreendendo todo cenário nacional e não só dos estados nordestinos.

MuiTo ALéM dE João dóriAO desempenho de Wellington Dias

tem repercutido em todo país pelos resultados apresentados em favor do

Pais, em especial no trato e solução da Pandemia resolvendo a aquisição de milhões de vacinas tão desejado pelos estados.

rESuLTAdo ConCrEToEle revelou que os os governado-

res estão decididos a defender que a conjuntura de 2022 seja tratada no próximo ano e querem um acordo pelo pacto pela vida.

- Nós, os governadores do Brasil, propomos deixar as disputas de 2022 para 2022, e nossa proposta é um Pac-to Pela Vida e Pela Saúde. Não somos inimigos, o inimigo comum é o Coro-navirus, declarou.

Segundo disse que " para vencer precisamos do Poder Central do Bra-sil ajudando em Medidas Preventivas Nacionais e Coordenada e Apoiada pelo Presidente da República, ace-lerando a compra de mais vacinas e apoiando Estados, municípios, traba-lhadores e empreendedores que são sacrificados com a crise. E seguir a ciência e as orientações da Organiza-ção Mundial de Saúde".

E acrescentou:- A mudança do Ministro da Saúde

representa uma mudança de visão do Governo Federal - questionou.

Welligton Dias se revela grande articulador, tanto

que tem assumido o Fórum dos

Governadores do Brasil, além do

Consórcio Nordeste

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202112 13Março/2021

Page 8: FORMANDO OS MÉDICOS

Política

Foto: Regis Falcão

Por wALTEr SAnToS

Revista NORDESTE: governador Wellington Dias, como se fosse pouco cuidar do estado do Piaui, o Sr. preside um colégio de líderes de nove governadores do Nordeste e, em várias ocasiões, representa os governadores do brasil. como é que encontra tempo e disposição para tantas tarefas difíceis, sobre-

PAndEMiA E ConJunTurA dA CriSE rEvELAM

GovErnAdor do PiAui CoMo ArTiCuLAdor

dE dESEMPEnhodE LidErAnçA

nACionALNa fase mais dificil da COVID no Brasil, Wellington Dias comenta as prioridades e urgências no Pais, inclusive restrições, mas acha que

“Pacto pela Vida” supera interesses políticos

“Recebi a confiança dos goveRnadoRes paRa cuidaR da pandemia com atitudes

foRtes a paRtiR da vacinação, que haveRemos de ampliaR à altuRa das necessidades, adotaR se necessáRio medidas RestRitivas e ainda cuidaR

dos fatoRes econômicos”

Em plena crise da COVID-19 a partir de 2020 eis que ascen-de na presidência do Consór-cio Nordeste, forte articula-

ção politica de 9 governos de Estado, o governador do Piaui, Wellington Dias, com tamanho nível de desem-penho que o fez também ocupar a liderança do Forum de Governadores do Brasil. Nesta entrevista, a partir de Live para Revista NORDESTE, ele avalia os problemas e efeitos com o Governo Bolsonaro, garante novos dialogos para ampliar as vacinas e

diz que é preciso agir com medidas restritivas para conter o Coronavirus. Ele aborda muitos temas. Eis, na in-tegra, seguir:

tudo, nestes tempos em que o bra-sil passa por uma das mais graves crises de sua história?Wellington Dias: Gostaria, inicial-mente, de dizer que é um prazer muito grande dialogar com a Revista NOR-DESTE e demonstrar o carinho e a admiração por você, pelo trabalho que realiza. Temos aqui no Piauí todo o respeito pela Revista NORDESTE. Eu acho que é um sonho, não apenas meu, mas de todos os nordestinos, ter um canal que possa levar o Nor-deste para o Brasil, levar para outros

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202114 15Março/2021

Page 9: FORMANDO OS MÉDICOS

países. E a Revista cumpre esse im-portante papel com muita seriedade, com muito equilíbrio, então é algo realmente muito especial. Quanto à pergunta, aprendi na vida que a gente tem que, muitas vezes, trocar o pneu com o carro andando. Então, nesse momento, eu recebi a confiança de, no final do ano passado, após uma gestão com muito êxito do nosso que-rido Rui Costa, governador da Bahia, conduzir essa experiência inovadora do consórcio Nordeste, e, também, fui escolhido pelos 27 governadores, entre eles a Governadora Fátima, para desempenhar essa missão de cuidar das temáticas relacionadas a vacina e a pandemia, o que é um desafio gigante no momento em que a gente tem um problema grave que é a falta de uma coordenação Central. É claro que, junto a isso, a minha missão mais especial foi a confiada pelo povo do Piauí, por isto eu tenho muito zelo por meu estado, pois essa relação com o povo do Piauí é algo muito espe-cial. Eu tenho o privilégio de estar no quarto mandato de Governador, vencendo a disputa quatro vezes no primeiro turno. Digo isso não por vaidade, mas para realçar o tamanho da confiança do meu povo. Então, eu tenho que cuidar aqui com muito carinho, de um lado, da pandemia, de outro, da gestão e do funcionamento dos serviços, garantindo os avanços de novas ações. E assim, só peço muitas benções a Deus para poder honrar todo esse desafio.

NORDESTE: Independentemente da reunião do presidente jair bol-

sonaro com representantes dos 3 poderes, qual o sentimento que os senhores governadores têm por terem que conviver com um presidente que cria fatos e toma atitudes que só geram conflitos com vocês? Lembro aqui que no seu aniversário, o presidente voltou a pauta negativa contra os gover-nadores, mesmo sendo os senho-res o sustentáculo ao combate da cOvID.Wellington Dias: No aniversário do presidente, logo cedo da manhã, mui-to cedo, encaminhei uma mensagem, através do ministro do gabinete civil, Ministro General Ramos. Quando liguei, ele atendeu e eu deixei com ele uma mensagem escrita, em que desejei felicitações ao presidente Jair Bolsonaro, ele que foi meu colega de-putado Federal. É evidente que como ele é presidente do Brasil, a gente trata sempre com o respeito institu-cional, independente das diferenças, das divergências.

NORDESTE: mas, como recebem as agressões contra os governadores, a invocação do Estado de Sitio, das Forças Armadas?Wellington Dias: Sinceramente, te-mos visto essas situações sem qualquer lógica. A fala, volta e meia, é dirigida aos governadores e se apresenta com-pletamente fora do contexto. É algo realmente impensável. E veja, essa ultima agenda nasceu também fruto de um trabalho conjunto. Logo que tomaram posse o presidente do Sena-do, Senador Rodrigo Pacheco, o pre-sidente da Câmara, deputado Artur

Lira, você se lembra, a Revista NOR-DESTE acompanhou, foi solicitada uma agenda com os governadores do Brasil. Prontamente fomos atendi-dos e colocamos ali a necessidade de trabalhar essa pauta, de medidas preventivas, da aquisição de vacinas e trabalhar o apoio necessário para atender pacientes na rede hospitalar.

NORDESTE: mas a pauta era mais extensa e envolvia outros aspec-tos relevantes além do combate à cOvID...Wellington Dias: Sim, também lá atrás, a gente já defendia a importân-cia da urgência do auxílio emergen-cial financeiro. Inclusive, sustentei a defesa de uma posição do Nordeste, que era a de garantir, inclusive na pri-meira parcela do auxílio emergencial, uma reposição de Janeiro, Fevereiro, Março. Dizíamos: “olha, a fome não tira férias”. As pessoas até dezembro recebiam R$ 600, por isso não seria lógico diminuir esse valor, pois elas continuaram tendo despesas com ali-mentação, medicamentos e as mesmas dificuldades de antes. Infelizmente, não foi aprovado essa reposição, mas insistimos ainda hoje nessa direção. Junto com o auxílio emergencial, tam-bém, deveriam ser adotadas medidas de apoio aos pequenos empresários, pois há milhares de empreendedores que estão cumprindo as regras para proteger a vida e vivem tendo pre-juízos.

NORDESTE: como construir meios de adoção com a esfera federal de políticas abrangentes que abri-guem uma futura retomada da economia?Wellington Dias: Além, é claro, de um programa de vacinação, também, há um foco em um plano para a re-tomada da economia. Já lá atrás nas-ceu a ideia: se a gente organizar um grupo de trabalho denominado de “Pacto Pela Vida”, independente de

diferenças políticas, independente de quem é pequeno, de quem é oposição, independente de quem é empresário ou gestor, município, estado, governo federal, que incluísse os três poderes – esta seria a saída. Esperamos que funcione assim.

NORDESTE: como avançaram os entendimentos para uma coorde-nação nacional de fato?Wellington Dias: Foi proposto, ini-cialmente, organizar um grupo, daí nasceu essa ideia do “Pacto pela Vida”, depois também foi construída uma agenda com o deputado Artur Lira. Ficou estabelecido assim que, na se-quência, pudesse haver uma reunião dos três poderes. Da parte dos gover-nadores do Nordeste, ficou acertado que o representante desse grupo de trabalho seria o governador de Ala-goas, Renan Filho, pelo domínio que tem dos problemas da região e pelo compromisso demonstrado com uma pauta que coloca o interesse da po-pulação em primeiro lugar. Aqui é a vida em primeiro lugar, eu acredito muito isso.

NORDESTE: O Sr. acredita que será construída, a partir dessa reunião, essa agenda que o país aguarda desde 2020?Wellington Dias: Acredito que a gen-te tem duas opções no Brasil: será por amor ou pela dor. Já estamos toman-do muitas decisões pela dor. Estamos nos aproximando de 300 mil óbitos no Brasil, 300 mil corpos estendidos. A gente imaginar tudo isso é estar diante de 300 mil famílias com a dor de perder um ente querido, um pai, uma mãe, um filho e uma filha, um neto, um ente querido, é perder um amigo, milhões de brasileiros perde-ram amigos, profissionais. Estamos falando, também, de jornalistas, de líderes, estamos falando de empre-sários, de cientistas, de artistas, de seres humanos. Aqui não é o número.

Todos perdemos amigos e familiares. Portanto, nesse instante, ou a gente vai na pauta por amor ao povo, ou a gente está aqui privilegiando o coronavírus, onde quem ganha é a morte. Assim, ou vamos para o lado que favorece a morte, o lado que favorece o corona-vírus, ou vamos para o lado do povo.

NORDESTE: Objetivamente, o que fazer de imediato?Wellington Dias: Já estamos agindo pelo lado do povo, que é o lado da ciência e isso já acontece no Nordeste. Graças a Deus, mais Estados no Bra-sil têm agido assim, também. O que a ciência diz? O que outros países da Europa fizeram, agora mesmo, para impedir a ampliação de uma terceira onda? O que está fazendo a França, o que está fazendo a Holanda, o que está fazendo o Chile? O Chile, aqui ao nosso lado, está adotando medidas para salvar vidas, medidas preventivas, que não agradam, que mexem com a economia, sim, que mexem com o social, mas é a alternativa para evitar isso que aconteceu no Brasil, ou seja, um colapso na rede hospitalar e, agora, com risco de faltar insumos.

NORDESTE: quais as propostas de-fendidas?Wellington Dias: Estamos defen-dendo medidas preventivas, além da urgente necessidade de acelerar a va-cinação. Aliás, acabamos de pactuar com todos os estados e municípios do Brasil, através da Confederação Nacional dos Municípios, com Jonas

Donizete da frente nacional e o Aroldi da Confederação Nacional dos Mu-nicípios, base do Piauí, assim como com os governadores e as Associações dos prefeitos, para que a gente tenha um mutirão para ampliar a vacinação. Acertamos que todas as vacinas rece-bidas serão usadas na primeira dose porque temos uma reserva para quatro semanas da segunda dose. Estamos precisando agora ampliar a vacinação, então, estamos deixando uma reserva para três semanas e utilizando cerca de 4 milhões de doses na semana, para que a gente possa vacinar 4 milhões, mais ou menos, de pessoas na pers-pectiva de termos 6,5% da população vacinada.

NORDESTE: E a parte federal, como fica?Wellington Dias: Esperamos uma coordenação nacional há tempos, que integre os diversos poderes, municí-pios, estados e governo federal, junta-mente com o setor dos empresários, dos trabalhadores. Já nos reunimos com as centrais sindicais, com a OAB, recentemente, também, com a CNBB, com os artistas, com a academia, com as Universidades. Esse caminho é para unir todo o Brasil, porque isso não é só um jogo de palavras, mas atitudes para salvar vidas, reduzir mortes e dores, é disso que se trata.

NORDESTE: governador, como o senhor avalia as medidas preven-tivas?Wellington Dias: Tudo passa es

“espeRamos uma cooRdenação nacional há tempo com o podeR centRal, mas também integRado

aos diveRsos podeRes, municipios e estados”

“A fAlA (do presidente BolsonAro) volta e meia diRigida aos

goveRnadoRes se apResenta foRa do contexto”

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202116 17Março/2021

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sencialmente pelo ‘Pacto pela Vida’, ou seja, precisamos juntos ter medi-das preventivas. São 27 estados que completaram 14 dias com restrições e acho que começaremos a ver resulta-do. Mesmo assim, é importante que essas ações aconteçam de forma inte-grada com o governo Central. Nós já adotamos medidas, mas temos limites. Estados e municípios, fizeram, mas temos limites.

NORDESTE: como assim?Wellington Dias: Veja, precisamos de medidas federais. Há a necessidade de uma política de controle do coro-navírus nos aeroportos e nos portos. O governo central tem que controlar a entrada e saída de pessoas. Agora mesmo teve uma pessoa amiga que foi ao Canadá e ela ficou 21 dias sem po-der botar o pé na calçada. Está certo, é o zelo do governo do Canadá com a vida. O poder central do Canadá adotou essa medida. E o Brasil precisa adotar medidas preventivas definidas

nacionalmente, assim como municí-pios e estados estão fazendo, as quais sabe-se são essenciais.

NORDESTE: Então, as restrições são indispensáveis para conter o vírus?Wellington Dias: Precisamos vacinar muito mais e a todos. Entretanto, pre-cisamos conviver com restrições para resolvermos a pandemia. Quais são as atividades que precisam de serviço presencial? Os hospitais universitários são essenciais e precisam funcionar presencialmente, mas o que que pode ser feito de forma remota? Como faz o Congresso Nacional? Como faz o judiciário ou estão fazendo governos municipais, estaduais para reduzir cir-culação? Reduzindo a circulação, o co-ronavírus enfraquece. São necessários 14 dias para que o vírus cumpra seu ciclo, pois o período de transmissi-bilidade ocorre entre 7 a 14 dias. Se alguém está com coronavírus e ele está isolado, ele não transmite, aqui-

lo desaparece ali, a pessoa não vai contaminar ou-tras pessoas. Es-tou dizendo que medidas como estas, feitas pela esfera federal, so-mando com esta-dos e municípios, estabelecendo regras, também, para todo setor privado. É claro que isso dimi-nuiria a tensão entre o poder central, estados e municípios, que, nesse momento, estão adotando medidas seguin-do a Ciência.

NORDESTE: go-vernador, há risco de faltar oxigê-nio?Wellington Dias: No caso do Piauí, normalmente, a gente consumia cerca de oito mil metros cúbicos por mês de oxigênio, agora fomos para 27 mil. Isso é quantas vezes mais? Mais de três vezes. Isso aconteceu no Brasil inteiro. E o oxigênio em cilindro é uma coisa muito necessária para sal-var a vida. Prefeitos, secretários de saúde, governadores, a rede privada, chegamos no limite. Não tem mais profissionais para contratar. Mas não é só oxigênio. Está faltando sedativo. Se você não anestesiar a pessoa para in-tubar e não der um remédio para dor, ela arranca e intubação e morre no de-sespero de ter aqueles equipamentos dentro do seu corpo. Já o pulmão, em não estando mais funcionando, pre-cisa do respirador para proporcionar oxigênio ao corpo. Então, são cenas como essa que a gente já viu, pessoas amarradas por falta de um respirador. Imagina o que é que está acontecendo

nesse instante em todos os hospitais do Brasil, com pessoas desesperadas porque não tem uma vaga para in-ternação, não tem uma UTI. Pode até ter dinheiro, mas não tem vaga. A realidade é muito grave.

NORDESTE: O tratamento ideoló-gico da pandemia tem interferido nas políticas nacionais e, até, na aquisição das vacinas. como o Sr. analisa tudo isso?Wellington Dias: Chegamos numa situação que eu gosto de comparar o caso do Brasil com os Estados Uni-dos da América. Ali também tinha o presidente Trump e ele agia dessa forma, por sequência, meio milhão de americanos perderam a vida, meio milhão de americanos. Uma situação catastrófica. No começo de janeiro, houve cerca de 5 mil óbitos em um dia. O que aconteceu lá? Trump perdeu a eleição. Assumiu o presidente Joe Biden. Ele adotou medidas simples: uso da máscara, o distanciamento, a higienização das mãos. Chamou toda a rede hospitalar, os empresários, ado-tou medidas de alternância de turnos de trabalho, redução no transporte urbano, controle dos aeroportos etc. Por que brasileiros não estão entrando lá? Para proteger o povo americano, porque o Brasil é visto hoje como um espalhador de vírus em mutação, esse vírus que é mais agressivo. Eles ado-taram, como a Europa e vários países do mundo, a medida de não permi-tir que os brasileiros entrem em seus países. Outra medida importante foi chamar os laboratórios e determinar o aumento da quantidade de fabricação de vacinas.

NORDESTE: O brasil está na con-tramão das medidas tomadas pe-los EuA?Wellington Dias: De fato está. Resul-tado, agora o Brasil ultrapassa os 300 mil óbitos, com uma média de 2250 óbitos diários e os Estados Unidos,

com média de 1200. Nos EUA caiu o número de óbitos por dia, ampliou-se a vacinação, lá já estão com quase um quarto da população vacinada e querem concluir em maio. Aqui, o presidente estava falando em concluir a vacinação até o ano de 22, depois puxou para dezembro desse ano.

NORDESTE: E agora?Wellington Dias: Estamos numa frente pelo “Pacto pela Vida”, por isso que nós vamos atrás de vacina, com-prar vacina, fechar contrato com o Consórcio Nordeste para poder passar vacina para o Ministério da Saúde, ou seja, ter vacina para o povo brasileiro. Agora mesmo, está prevista a compra de 37 milhões de doses. Estamos dia-logando com quem tem a vacina no mundo para poder ter mais vacina e poder chegar em julho, pelo menos em julho, com mais de 70% da po-pulação brasileira vacinada, para ter imunização. Veja, aqui não há uma disputa entre a saúde e a economia, só tem saída para economia segura com vacinação, então para não perder os operários e não perder os clientes, há necessidade dessa responsabilidade governamental.

NORDESTE: governador, os senho-res consolidaram essa quantidade de 37 milhões de vacinas com a Rússia. Depois dessa negociação, quais são os outros países e outros laboratórios que poderão ser con-tatados para ampliar a quantidade de vacinas no brasil?

Wellington Dias: Para você ter um cronograma da luta que travamos para a aquisição da vacina, vamos recapitu-lar. Em março os estados adotaram as primeiras medidas para poder evitar óbitos. Lembre que foi no carnaval de 2020 que a gente teve a chegada forte de coronavírus, quando a doen-ça covid-19 se espalhou para todas as regiões do Brasil. Somente em ou-tubro de 2020, a gente teve o Plano Estratégico Nacional de imunização, e foi uma luta para poder a Anvisa dar autorização de uso da primeira vaci-na, já com a vacina no Brasil. Aí veio aquela estória de que quem tomasse a vacina da China viraria “jacaré” e o povo morrendo. A Anvisa autoriza e vem a luta para poder começar a marcar a vacinação, fomos para São Paulo. Naquele momento começa a vacinação. Queríamos um cronogra-ma e foi ali que o governo federal celebrou o contrato para 46 milhões de doses com o Butantan, que não tinha assinado ainda. Depois de uma luta para celebrar mais 54 milhões de doses, agora nós estamos numa luta para a AstraZeneca ,que ficou deven-do 11 milhões de doses, que era para vir da Índia e o país entrou em crise e proibiu a exportação. De 15 milhões de doses que estavam no contrato, que era para janeiro, ainda ficou devendo 11 milhões.

NORDESTE: quais os dados de ago-ra, comparativamente? Wellington Dias: Além das vacinas russas, estamos agora, pleiteando va-

“o bRasil é visto hoje como um espalhadoR de víRus em

mutação, ou seja, esse víRus mais agRessivo, poR isso bRasileiRo

não entRa nos eua”

Foto: Regis FalcãoRevista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202118 19Março/2021

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cinas que estão estocadas e sem uso nos Estados Unidos, solicitando que sejam liberadas para o Brasil e para outros países que estão precisando. Eu mesmo solicitei pelo fórum dos governadores ao presidente dos Es-tados Unidos e esperamos ter um posicionamento rápido. Também pe-dimos ao Congresso Nacional, que está fazendo contato com o Con-gresso Americano, aos líderes daqui, independentemente de partido, ao presidente Lula, a presidente Dilma, ao presidente Temer, ao presidente Fernando Henrique, ao presiden-te Collor, ao presidente Sarney, aos ex-ministros de relações exteriores, aos Empresários Unidos Pela Vacina, outros empresários, aos cientistas, aos artistas, ou seja, a todos que podem ajudar. Estamos trabalhando aqui para conseguirmos 30 milhões de doses extras da China e o governo central, também, fechou com a Sput-nik. Ou seja, nós tratamos a vacina como um remédio, eu não quero sa-ber se o remédio vem desse país ou daquele país, se é de um país de um regime liberal, socialista, comunista, quero saber se o remédio é bom, eu quero é curar a minha doença. Eu conto isso para você compreender que, o que estamos fazendo é um gesto que tirar da inércia, para irmos atrás, a vacina está sendo disputada pelo mundo inteiro e o que os países e seus presidentes estão fazendo é cor-rer atrás. Não pense que é fácil para nós governadores! Temos que ir atrás de respirador, de exame, de teste, de monitor, agora, até de medicamentos. Precisamos de uma coordenação cen-tral, aliás, como sempre foi no Brasil, infelizmente agora é um ponto fora da curva, mas eu não quero desistir, vou insistir nessa direção.

NORDESTE: governador, os Esta-dos unidos em 2020, no governo Trump, aprovaram e aplicaram 2 trilhões de dólares no auxílio emer-

gencial, o que significa 11 trilhões de reais. Na semana retrasada, o congresso e joe biden consolida-ram mais um trilhão e 900 bilhões de dólares, o que significa dizer que o estado americano, que é o país que representa a força do mais consistente do capitalismo, do neoliberalismo, não perde a opor-tunidade de agir para socorrer a sua sociedade. Por que no brasil há limite e teto de gastos para evitar fome e desemprego?Wellington Dias: Olha, é uma si-tuação totalmente contrária ao que acontece no mundo. A situação do Brasil no trato da pandemia só não foi pior porque foi liderada, inclusive pela oposição, uma compensação de perda de receita para estados e municípios, um apoio para empresas e liberação de algum crédito e a liberação do auxílio emergencial financeiro. Esse dinheiro que circulou na economia foi essencial para o Brasil não ter fechado com

uma queda na economia e 10% como era previsto. Ele ficou na casa de 4%, então valeu a pena. Se a gente olha o que significa não ter uma queda seis pontos, é uma montanha de dinheiro muito maior do que aquela que foi aplicada na economia. Isso ajudou tanto a União para que tivesse de volta o dinheiro que circula na economia, quanto estados e municípios.

NORDESTE: Explique o por que da existência do teto no brasil e a ine-xistência dele nos EuA?Wellington Dias: Conto isso para dizer que: não pode sovinar numa necessidade do povo. Aqui também emprego é vida, é saúde. O que nós estamos defendendo, eu disse aqui, nessa pauta, com esse “Pacto pela Vida”, é que, além de definir medidas restritivas em conjunto, seja realizada a aquisição de mais vacinas, estabe-lecidas medidas de cuidados com a rede de saúde, a rede hospitalar, o

atendimento aos doentes. Temos que cuidar do social e do em-prego, ter uma espécie de se-guro desempre-go, como outros países criaram. Isso que você relatou nos Es-tados Unidos é o que fizeram pra-ticamente todos os países. Você pega os 50 maio-res países e todos adotaram medi-das semelhantes, países que estão enfrentado mui-to mais dificul-dades do que o Brasil. Essa hora não tem jeito, é o poder público

que tem que dar o primeiro passo, é isso que cria um ambiente de con-fiança.

NORDESTE: O PIb brasileiro já se manifestou...Wellington Dias: Então, veja que em nota amplamente divulgada, os em-presários do setor financeiro falaram muito duro contra nossa realidade e tratamento da pandemia, então o que eu estou dizendo é que não vale jogo de palavras nesse momento, ou se está do lado do coronavírus e da morte ou se está do lado do povo e da vida. É isso, o Brasil só tem dois lados e tem que perguntar qual é o seu. Quando eu vejo alguém protestar a favor da morte, pregar a desobediência, eu fico olhando ali, com todo respeito, mas alguém que tá defendendo o interesse do coronavírus, quem que vai ganhar, vai ter alguém que vai ganhar em sair por aí fazendo festa, aglomerando, descumprindo as regras? Só quem vai

ganhar será o coronavírus. Agora, eu sei o lado de quem perde com isso. Basta ir neste instante ao cemitério, basta ir nesse instante aos hospitais da sua cidade, da cidade mais próxima. Eu quero acreditar que a humanidade não está perdida, que o ser humano tem que ter minimamente lá no fundo do coração, da alma, o respeito pela vida, os que são cristãos têm que ter no mínimo aquilo que Jesus Cristo ensinou, amar o próximo, fazer ao próximo, desejar ao próximo aquilo que você quer para você. Nesse caso, é perfeita a atitude de que quando eu me protejo eu estou protegendo o outro, protegendo a minha família, pai e meu avô, meu tio, meu amigo, meus filhos, meus netos e protegendo o ou-tro, colegas de trabalho, a vizinhança. Então eu digo a você que também fico assim, às vezes triste, mas eu sempre me apego em Deus, e, se Deus quiser, nós vamos vencer o coronavírus. Todo trabalho, todo o esforço é para evitar uma tragédia maior do que já é, lá atrás foi avisado, vamos chegar a três milhões de óbitos e tá aí. Agora nós estamos dizendo, tem que reduzir pelo amor de Deus.

NORDESTE: Os estados e municí-pios vão vencer o descaso federal?Wellington Dias: O que os estados e os municípios estão fazendo com 27 decretos nacionais é um grande es-forço em busca de superação. Agora mesmo, existem municípios organi-zando um consórcio com quase 2000 municípios para compra de vacina.

Há um esforço gigante. No Piauí, foi feito uma pesquisa agora: 74% da população apoia as medidas que esta-mos adotando, enquanto governador. Apenas 9% não apoia. Em nível Na-cional, 69% está apoiando, 11% não está apoiando. Então, eu acho que isso que a gente tá trabalhando começa a despertar, começa surtir efeito.

NORDESTE: como não existe es-paço vazio, inclusive na política, o consórcio Nordeste terminou ocupando o papel que foi, durante anos, da Sudene. Fora da urgência da covid, qual é o tempo que resta para apontar projetos estruturan-tes que simbolizem uma superação ou retomada de desenvolvimento com perspectiva de futuro?Wellington Dias: Temos no Nor-deste brasileiro, a partir do Consór-cio, uma integração independente de partidos, que tem demonstrado uma maturidade extraordinária. Os nove estados, com suas equipes, têm gerado um fortalecimento da coordenação da bancada do Nordeste, Câmara, Se-nado, estabelecendo uma frente que trabalha de modo integrado na defesa dos interesses e, também, junto com outras regiões, tem atuado na frente dos Municípios do Nordeste, a frente os empresários do Nordeste, a frente da academia do Nordeste, e isso per-mite uma vitalidade extraordinária nas várias áreas.

NORDESTE: que politicas estão em curso?

“a situação do bRasil no tRato da pandemia só não foi pioR

poRque ação lideRada até pela oposição conseguiu estabeleceR

um plano emeRgencial”

Foto: Regis FalcãoRevista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202120 21Março/2021

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Wellington Dias: Estamos todos os dias, além de cuidar da pandemia, cuidando da educação, da seguran-ça, de obras na área relacionada aos avanços na inovação e da tecnologia e, aí, o consórcio permite trabalhar com as chamadas câmaras técnicas, que são as equipes de técnicos de pes-soas especializadas em cada estado, Por exemplo, na área da Agricultura Familiar instalamos a câmara técnica. O Nordeste tem metade dos Agri-cultores familiares do Brasil, que é uma área que precisamos melhorar a capacidade de produção e o objetivo é garantir que tenhamos as câma-ras técnicas em 18 áreas. A câmara técnica da Agricultura Familiar está investindo na produção de agricultura saudável e introduzindo tecnologias avançadas. Estamos trabalhando com vários organismos internacionais, com um investimento de 1,6 bilhões de reais para um fundo voltado para a Educação do Ceará, um modelo para acelerar a educação na idade certa e melhorar a qualidade na educação que deu certo. Pernambuco, também está desenvolvendo projeto na área de educação. Então, por que que a gente não adota esse caminho para todo Nordeste? A Paraíba investindo na área de saneamento, o Estado do Rio Grande do Norte no turismo, a Bahia na estruturação da saúde, a gente tem lá uma das mais baixas mortalidades para cada 100.000 do Brasil. Assim, naquilo que é um projeto de sucesso de cada estado, a gente está trabalhan-do de forma integrada.

NORDESTE: Os 9 estados têm vas-tidão..

Wellington Dias: Estamos valorizan-do o que cada estado tem de potencial para compartilhar com toda a região. E, com isso, a gente ao ter um projeto de educação que está dando certo, que não seja desse ou daquele estado, mas que seja um projeto de Educação Nor-deste, de Saúde Nordeste, de Seguran-ça Nordeste, de Turismo Nordeste, de Litoral Nordeste, de Serras Nordeste. Que os eventos do calendário dos estados, sejam de Eventos Nordeste, a Cultura do Nordeste. Que possa-mos trabalhar a área da infraestrutura integrada, etc, identificando quais os portos de alta profundidade, quais os portos intermediários, os aeroportos serão os hubs do Nordeste, de Forta-leza, do Recife, Salvador, como é que a gente faz essa integração Nordeste Brasil e o Nordeste com o mundo. Essa área de Nordeste Conectado, por exemplo, temos uma experiên-cia aqui no Piauí que é o Piauí Co-nectado, agora estamos trabalhando com a ideia do Nordeste Conectado, implantar uma rede de fibra óptica em todos os municípios do Nordeste, energias limpas Nordeste, o Brasil planeja chegar a 50 GB para agora para 2030, 40gb será produzido no Nordeste, então vamos trabalhar de forma integrada ter um marco regu-latório que potencialize isso. Assim, será na fruticultura, na mineração, no cais, no petróleo.

NORDESTE: Tudo isto lembra poli-ticamente quem? Wellington Dias: Como sempre dis-se o presidente Lula, o Nordeste é a solução, o Nordeste não é problema. Então, nós queremos de forma inte-

grada, fazer nosso dever de casa para avançar no social, na educação, na renda, para melhorar uma estrutura unificada de saúde e segurança de De-fesa Civil, de todas as áreas e integrado com o setor privado e, também, ter uma relação internacional bem orga-nizada e bem planejada. Como a gente foi na Europa, lá chegamos com uma região de 55 milhões de habitantes e um PIB de 1 trilhão, ou seja, com o respeito de algo que desperta pela inovação, pelo marco regulatório, pela segurança o respeito do mundo. Esse caminho, eu acredito, vai fazer a dife-rença e nós queremos avançar a passos largos, mesmo durante a pandemia, como já foi em 2020, liderado pelo Rui Costa e ainda avançando mais pós-pandemia, se Deus quiser.

NORDESTE: governador, o senhor tem sido chamado pelo ex-presi-dente Lula para construir pontes para uma grande aliança político–partidária, envolvendo muitos lí-deres adversários, como Fhc, Do-ria, ciro, etc. como está essa arti-culação na direção de 2022?Wellington Dias: Quando olhamos todos os preconceitos que se tem em relação aos partidos políticos, às ve-zes esquecemos da razão de ser dos partidos. Os partidos são a parte da sociedade organizada em torno de uma ideia, de um projeto, de um ideal. En-tão, veja, nesse instante, estamos dialo-gando com vários líderes de diferentes partidos e com quem nós temos em comum alguns pontos essenciais na pauta de interesse do povo, da saúde, dos empreendedores, como essa da retomada da economia, na pauta dos trabalhadores, dos mais pobres, na pau-ta social, da defesa da Democracia, for-talecimento da defesa das instituições. Vou citar dois líderes, o ex-presidente Michel Temer, a forma como ele foi atacado, eu lembro daquele espetácu-lo envolvendo o ex-presidente Temer, independente das posições políticas,

não é correto. Ou o que fizeram com o ex-presidente Lula e lá na frente essa decisão é anulada. E agora como é que se vai voltar atrás, quem vai reparar os danos? Aquilo que sofreu a família, os amigos, as pessoas. Nós temos muitas vezes disputas eleitorais, mas nós não somos inimigos, podemos ser adver-sários, mas não inimigos. Fiquei feliz em ver hoje a declaração por parte do PSDB e de outros líderes. Nesse mo-mento o objetivo é defender a vida, a pauta é em defesa do povo, da de-mocracia e do respeito à constituição, existe aqui algo maior de interesse do povo brasileiro que está acima das nos-sas diferenças.

NORDESTE: E as diferenças e/ou enormes vaidades?Wellington Dias: Existem diferen-ças, mas muitas coisas nos unem, por isso vamos nos unir em torno delas. Sou da geração que foi parte do mo-vimento que fez a transição da dita-dura para democracia e eu me lembro de Marco Maciel, Aureliano Chaves, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Miguel Arraes, Lula, Fernando Hen-rique Cardoso, José Sarney, líderes de diferentes partidos e ideologias que se uniram em torno de algumas ban-deiras, do combate à fome, diretas-já, liberdade de imprensa, liberdade sin-dical, e foi isso que gerou impacto na elaboração da Constituição de 1988, a mais avançada da nossa história. Não podemos dar passos para trás, esse momento é um momento semelhan-te àquele e eu quero, de forma muito modesta, dar a minha contribuição, é claro que lá na frente quando for tra-tar de aliança e de decisões sobre as eleições de 2022, no ano da eleição, os partidos é que vão tomar as decisões. Eu aqui, nessa fase, quero contribuir para que a gente tenha um espaço que pense os interesses do Brasil, acima do interesse individual de cada um, de cada partido, ou acima mesmo das coisas que temos em cada município,

em cada estado, seja no setor próprio dos partidos, como também no setor laboral, empresarial, das igrejas, enfim é esse o objetivo e eu recebo a missão com muita alegria.

NORDESTE: Ao que parece, aquele ato no sindicato, em que Lula fa-lou para o brasil e para o mundo, mudou o cenário político brasilei-ro. quando é que os senhores vão resolver o imbróglio que envolve ciro gomes e tratar de articulação política com ele?Wellington Dias: Ciro Gomes é um grande brasileiro, tem uma história extraordinária e muitos serviços pres-tados a Sobral, ao Ceará, ao Brasil. É um líder que tem hoje um respeito muito grande de amplos setores, por isso, temos que buscar o Ciro e dialo-gar, conversar, ouvir, esse é o caminho que eu defendo. É um amigo pessoal de longas datas, sempre que precisei dele, ele esteve lá, é uma pessoa que tem um destaque nacional, um gran-de brasileiro e é assim que todos nós temos que trata-lo.

NORDESTE: Fique à vontade para concluir...

Wellington Dias: Estou me sentindo privilegiado, agradecido e honrado com esse momento. Quero aqui dar o meu abraço no povo do Piauí, em to-dos que nos acompanharam e exter-nar o orgulho que temos, de realizar um trabalho sério, correto, ético, em cima do lance, como você diz aí, usan-do a expressão no futebol na revista NORDESTE, além de reiterar que acreditamos do Nordeste, que o Nor-deste é solução, não é problema. Ao mesmo tempo, dizer que acreditamos no Brasil. O Brasil é um país que, com pandemia ou no pós-pandemia, gera oportunidades muito grandes, que tem um olhar para esta geração de 18 a 30 anos, e um olhar especial para cuidar dela, que se esforçou, estudou, no ensino médio, no ensino técnico, no ensino superior, mas que, no mo-mento, está enfrentando dificuldade em conseguir emprego ou se firmar como empreendedor, então eu quero aqui me despedir pedindo que Deus possa abençoar a cada um dos que leitores, a todo Brasil e que possa-mos assim acreditar que nós vamos vencer o coronavírus e vamos sim vencer grandes desafios no Nordeste no Brasil.

“temos difeRenças, mas muitas coisas que nos unem”sobRe aRticulaR “pontes” paRa lula

em 2022 com até adveRsáRios

Foto: Regis FalcãoRevista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202122 23Março/2021

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Política

Foto: Secom/PI

Por wALTEr SAnToS

APóS AGrAvAMEnTo EM Todo PAÍSNa liderança do Fórum de Governadores, a solicitação ao governo federal de medidas restritivas em âmbito nacional

A cobrança permanente

em favor dos Estados tem sido

uma frequência na agenda de

Wellington Dias

Contra fatos não há argumentos, ou seja, o desempenho e dedi-cação do governador Wellin-gton Dias chegou a tamanho

estágio na luta contra a COVID, que acabou agregando além da presidência do Consórcio Nordeste, também a li-derança do Fórum Nacional de Gover-nadores chegando a enviar no domin-go (14) ofício ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em que solicitam a implementação de medidas restritivas em âmbito nacional, com ações simul-tâneas nos estados.

O apelo se traduziu em busca de uma participação mais efetiva do go-verno central, quanto a ações preven-tivas de transmissão da Covid-19. O entendimento é que uma coordenação federal potencializaria os resultados.

A solicitação se deve ao fato de que a implementação de algumas medidas restritivas são de competência exclusi-va do governo federal, a exemplo das que incidem no funcionamento de ae-roportos, portos, bem como do sistema rodoviário e ferroviário nacional. A ex-ceção fica por conta das determinações que possam afetar o funcionamento do transporte de carga e serviços federais que considerados essenciais para a vida.

Os pedido dos governadores se dá diante do contexto de agravamento da pandemia, situação que, segundo o fórum, deve perdurar até maio, quan-do se espera os

“O apelo é que o governo federal possa coordenar as medidas de con-

tenção, dada a grave situação do co-ronavírus, além de cuidar de equipa-mentos de sua responsabilidade, como portos, aeroportos, rodovias e também os serviços federais”, finalizou Dias.

rEGuLAMEnTAção dA LEiquE AuTorizA ESTAdoS EMuniCÍPioS A AdquirirvACinASO Fórum Nacional de Governado-

res emitiu, neste domingo (14), nota pública para informar que encami-nharam solicitação ao ministro da Saúde pedindo urgência na regula-mentação da lei que autorizou Esta-dos e Municípios a adquirir vacinas.

A entidade pede a edição de re-gra que preserve o Plano Estratégico Operacional e Nacional de Imuni-

zação, com a garantia de que toda e qualquer vacina no Brasil, produzida dentro ou fora do território nacional, seja dirigida ao Plano Nacional de Imuzinação (PNI/ SUS), visando à distribuição equânime e a aplicação gratuita, conforme as quatro fases es-tabelecidas pelo nível de risco. Na nota, os governadores afirmam que a iniciativa condiz com as diretrizes na-cionais de vacinação e as providências adotadas por governadores e prefei-tos, no contexto da universalização da aplicação das vacinas disponíveis no país. efeitos da vacinação do grupo de maior risco com a conclusão da pri-meira fase do Programa Nacional de Imunização, prevista para abril.

Dados compartilhados entre os ges-tores dos Estados indicam que as res-trições em vigor provocaram queda acima de 50% na movimentação de pessoas em todo o país. “O afastamen-to social é fundamental para quebrar o ciclo de transmissão do coronavírus e, consequentemente, reduzir conta-minações, internações e mortes pela Covid-19”, destaca o coordenador da temática vacinas do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias, governador do Piauí.

Economia

Foto: Divulgação

Por wALTEr SAnToS

Revista NORDESTE - qual a sua leitura da economia nordestina a partir de Pernambuco diante dos efeitos da Pandemia?Nelcy campos Filho: Acredito na força do povo nordestino e no cresci-mento da economia do Nordeste in-dependentemente da pandemia. Per-nambuco já deixou de ter o seu papel importante de protagonista e líder da região depois que Governo Estadual afastou-se de dois segmentos estra-tégico e produtivo da economia, o Industrial e o Comercial. Diferente-mente dos outros Estados da Região que buscaram apoio e alianças estra-tégicas com o setor produtivo para fa-zer importantes parcerias com outros Estados do país, e se aproximando de consulados importantes para atrair

novos investimentos nas áreas de tec-nologia, energia e agronegócio.

NORDESTE - como a plataforma Niac brasil com DNA pernambu-cano tem agido nesta conjuntura?Nelcy campos Filho: O papel da plataforma é conectar diretamente empresas associadas das Entidades (Cooperativas, CDL’s, Associações, Sindicatos, etc.) com as ofertas im-perdíveis de fornecedores de produtos e serviços nacionais e internacionais num ambiente de negócio B2B se-guro, ágil e sem intermediários, au-mentando o volume dos negócios da Região Nordeste e trazendo empresas internacionais para conhecer as nossas oportunidades.

NORDESTE - qual o papel da pla-taforma Niac brasil para ajudar a resolver os problemas da Região?Nelcy campos Filho: A importân-cia da plataforma é disponibilizar vá-rios fornecedores diferenciados com uma variedade de serviços e produtos

locais e de outras regiões, amplian-do as opções de compras com preços mais competitivos e proporcionando empresas pequenas e médias a terem acesso a preços menores e melhores condições de compras, mais não é só isso, também identificar projetos sociais legítimos e sérios para que as empresas associadas as Entidades possam ser o padrinho de projetos importantes ajudando a diminuir as desigualdades sociais.

NORDESTE - O que esperar da rea-lidade econômico diante da gravi-dade da pandemia até o próximo semestre?Nelcy campos Filho: Otimismo com cautela é o que veja neste cenário pós-pandemia, com a nossa força de tra-balho e a riqueza natural da Região, iremos buscar melhores estradas com o apoio dos Governos e promover a expansão do turismo para retomada do crescimento da economia que, vai chegar naturalmente e em especial no Nordeste.

Embora haja forte efeito da Pan-demia na economia brasileira, o empresário Nelcy Campos Filho ainda acredita nas ini-

ciativas do Nordeste mesmo com re-tração de Pernambuco. Ele analisa a plataforma NIAC como fomentar de novos negócios e aponta desafios.

oS dESAfioS do novonorMAL dEPoiS dA PAndEMiAExpert em estratégias, Nelcy Campos analisa conjuntura e fala do NIAC, plataforma a impulsionar Negócios

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202124 25Março/2021

Page 14: FORMANDO OS MÉDICOS

Economia

Fotos: Divulgação / Rovena Rosa (Agência Brasil)

Por bruno boCChiniAgência brasil

Pesquisa realizada para me-dir os impactos da pandemia de covid-19 entre as pessoas que moram em favelas mos-

tra que 68% delas não tiveram dinhei-ro para comprar comida em ao menos um dia nas duas semanas anteriores ao levantamento. Os dados são do Insti-tuto Data Favela, em parceria com a Locomotiva – Pesquisa e Estratégia e a Central Única das Favelas (Cufa).

A pesquisa foi feita com 2.087 pes-soas maiores de 16 anos, em 76 favelas em todas as unidades da federação, no período de 9 a 11 de fevereiro de 2021. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.

Além da falta de dinheiro para com-prar comida, o levantamento mos-tra que o número de refeições diá-rias dos moradores das comunidades vem caindo: de uma média de 2,4, em agosto de 2020, para 1,9, em fevereiro.

“Os dados são hoje os mais preocu-pantes desde o início da pandemia. Nós monitoramos, durante o último ano, praticamente todos os meses a situação das favelas e, em nenhuma das pesqui-

sas, o dado foi tão preocupante como esse, seja no número de pessoas sem poupança, seja no número de pessoas com falta de dinheiro para comprar comida, seja na redução do número de refeições”, destacou o presidente do Instituto Locomotiva e Fundador do Data Favela, Renato Meirelles.

De acordo com o levantamento, 71% das famílias estão sobrevivendo, atualmente, com menos da metade da renda, que obtinham antes da pan-demia. A pesquisa mostra ainda que 93% dos moradores não têm nenhum dinheiro guardado.

“O principal impacto é na gera-

ção de renda. Como tem um grupo grande de trabalhadores informais, e você teve uma dificuldade no período inicial de chegar o auxílio emergen-cial lá dentro, o impacto na renda foi gigantesco, e isso trouxe a fome. Mas a fome é consequência da ausência de renda”, ressaltou Meirelles.

AuxÍLio EMErGEnCiALAlém da fome e da queda na ren-

da, as pessoas das comunidades têm enfrentado ainda um risco sanitário

A foME voLTou CoM forçAQuase 70% dos moradores de favelas não têm dinheiro para comida

maior por ter que se expor ao vírus para conseguir sustento: 32% estão procurando seguir as medidas de pre-venção contra a covid-19; 33% estão procurando seguir, mas nem sempre conseguem; 30% não conseguem se-guir; 5% não estão tentando seguir.

“Com o agravamento da crise sa-nitária e com os recordes de conta-minação, nunca foi tão importante o reestabelecimento imediato do auxílio emergencial. São brasileiros que fo-ram obrigados, desde o início da pan-

demia, a ter que escolher entre o prato de comida ou a proteção da saúde da sua família”, disse.

“Não é à toa que a maior parte das pesquisas sobre a infecção mostra que o número de contágio na favela é, em geral, o dobro quando comparada às regiões mais nobres”, acrescentou.

doAçõESO levantamento mostra ainda a im-

portância das doações na vida dos mo-radores das favelas: nove em cada dez

pessoas receberam alguma doação du-rante a pandemia. E oito em cada dez famílias não teriam condições de se ali-mentar, comprar produtos de higiene e limpeza ou pagar as contas básicas caso não tivessem recebido doações.

“É muito comum nas pesquisas ou-vir a frase: na favela se o seu vizinho tem comida, ninguém passa fome. No sentido de que eles dividem o pouco que têm, mostrando uma solidarie-dade impressionante nesse cenário”, disse Meirelles.

"Os dados são hoje os mais preocupantes desde o início da pandemia", afirma Renato Meirelles, fundador do Data Favela. - Leonardo Augusto Matsuda

Despejos e remoções de moradores são

monitorados por entidades

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202126 27Março/2021

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Foto: Divulgação Fotos: Arquivo Global / Divulgação

Negócios e IntercâmbioDIRETO DE LISbOA

Rui CoelhoÉ EXECUTIVO DE POLITICAS PÚBLICAS E PRIVADAS

Entretanto morre, vítima de Covid-19, aos 80 anos, Mar-celino da Mata. O militar mais condecorado do exército português. É apelidado de herói por uns e de traidor por outros. Vale a pena resumir a sua história:

Nascido na Guiné, em 1940, de etnia Papel, durante o serviço militar dá-se como voluntário para os Comandos e, durante mais de dez anos, participa em todas as principais missões especiais, muitas delas infiltrado em território inimi-go, designadamente para libertar camaradas de armas, presos pelo PAIGC, (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde). Autor de muitos actos de heroísmo e histórias de um verdadeiro “Rambo”, foi sucessivamente promovido de soldado a major graduado em tenente-coronel.

Após o 25 de Abril, durante o período revolucionário, é preso e torturado, em Lisboa, por militares de extrema es-querda. Depois de libertado, sob a ameaça de ser deportado para a Guiné, onde seria morto, foge para Espanha, de onde regressa depois do golpe militar de 25 de novembro de 1975.

Em 1980 convencem-no a reformar-se do exército, devido aos problemas de saúde resultantes da tortura. Mas ainda vai para Angola, dar instrução às tropas do MPLA, (Movi-mento Popular de Libertação de Angola), com quem volta a participar em acções na guerra civil contra a UNITA. Sendo dispensado depois de um jornal português noticiar o que ele andava a fazer, o que deixou o MPLA embaraçado perante os seus aliados do PAIGC.

No seu funeral estiveram o Presidente da República, o Chefe de Estado Maior das Forças Armadas e vários ex-Camaradas. Marcelino deixou catorze filhos e uma vida de aventura.

Depois de onze anos de guerra, de muitos mortos e feri-dos, e da revolução em Portugal, a Guiné-Bissau tornou-se independente. Como Amílcar Cabral, o fundador do PAI-

Depois de em janeiro ter sido considerado um dos piores países do mundo nas taxas de infecção e mortalidade, Por-tugal passou, depois de mais um confinamento, (que ainda dura), a apresentar dos me-lhores números do mundo.

Com a recusa de duas autarquias à localização do novo aeroporto no Montijo o projecto voltou ao início. O Governo vai mandar avaliar três opções e, com o apoio da oposição, alterar a lei que dava poder aos municípios de vetar projectos nacionais.

Auriol Dongmo, de origem Camaronesa, que se mudou para Portugal em 2017, por razões desportivas e opção religiosa, (é devota de Nossa Senhora de Fátima), é a nova campeã europeia de lançamento do peso. Pedro Pichardo, de origem Cubana, naturalizado português em 2017, que fugiu de Cuba por não o deixarem ter o seu pai como trei-nador, tornou-se campeão europeu do triplo-salto. Patrícia Mamona, nascida em Portugal, de ascendência Angolana, sagrou-se campeã europeia de triplo-salto.

Quem foi marcelino da mata

Zig-Zag Pandémico…

novo aeroPorto de Lisboa - montijo?

novos Portugueses e novos camPeões

[email protected]

m dia tive a oportunidade de dizer ao saudoso José Sarmento de Matos, autor da “Invenção de Lisboa”, que depois de ler alguns livros sobre Júlio César, não conseguia chegar à conclusão se ele era

um dos maiores génios de sempre ou um enorme sacana. Ele respondeu rápido que era as duas coisas. E é verdade. E como César muitos personagens históricos sofrem essa dualidade. Então se os avaliarmos com os critérios da so-ciedade ocidental actual, é difícil escapar um. E não resisto a acrescentar que, se os olharmos de perto - como canta Caetano Veloso - nenhum é “normal”.

Censurar estátuas, pinturas, livros, de tais personagens, como pretendem supostos guardiões da moral, seria deitar fora toda a nossa história.

É importante lembrar que um povo não são apenas os que hoje estão vivos, mas também os que já morreram e os que estão por nascer. Os que hoje dirigem “o barco” são responsáveis por preservar a memória dos antigos e prepa-rar o melhor contexto para os que hão de chegar.

Diz o filósofo inglês Roger Scruton que: “quando respei-tamos os mortos e os seus desejos, conservamos os recursos acumulados da sociedade e travamos os vivos e a sua ânsia de esgotar todas as reservas em proveito próprio.” E como sabemos bem, nós os portugueses, o mal de esgotar as re-servas em proveito próprio, com as sucessivas falências do estado e o acumular da dívida…

Vem isto a propósito das grandes polémicas deste mês em Portugal que sintetizamos de seguida.

O projecto de modernização de um jardim, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, que previa retirar uns antigos brasões florais das antigas colónias, levantou um coro de indignação, pela tentativa de eliminar a história. A Pre-feitura, com eleições no horizonte, prometeu manter os brasões, em pedra da calçada…

No meio da discussão um deputado do PS veio dar razão a quem se opôs à alteração do jardim, pedindo a demoli-ção do Padrão dos Descobrimentos e lamentando que não tenha havido muitos mortos na revolução do 25 de Abril,

Portugal está em Guerra (Cultural)

para clarificar a situação. Rapidamente se percebeu que só queria que reparassem que existia. Quem decide essas coisas tem aqui uma bela oportunidade de renovação do grupo parlamentar…

U

GC, tinha sido assassinado por membros do seu partido, foi Luís Cabral, o seu irmão, o primeiro presidente. Mandou fuzilar todos os guineenses que tinham colaborado com os portugueses na guerra e foi deposto, em 1980, por um golpe militar. Desde então os golpes sucedem-se e a Guiné tornou-se um dos países mais pobres do mundo, sendo considerado um Estado dominado por traficantes de droga.

Durante séculos, alguns portugueses sonharam construir uma nação multirracial e multicontinental e muitos outros tudo fizeram para contrariar esse sonho. Quando chegou o momento de dar autonomia aos povos e criar uma federa-ção para os que quisessem participar, não houve génio nem coragem. O velho ditador caiu da cadeira e o império caiu de podre. Infelizmente, a transição em plena guerra-fria foi, para muitos, o princípio de guerras étnicas, invasões de países vizinhos, morte, fome e miséria. Honra seja feita à China que, quando os revolucionários portugueses lhe quiseram entregar Macau, lhes disse para terem calma, que depois de recuperar Hong Kong se trataria disso…

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202128 29Março/2021

Page 16: FORMANDO OS MÉDICOS

ntre os inúmeros efeitos negativos desta pandemia, um deles chamou especialmente a atenção das au-toridades portuguesas no mês de março, quando, graças aos animadores resultados de quase dois

meses de confinamento, o país decidiu retomar suas ativi-dades. Foi o efeito sobre a educação das crianças, princi-palmente as menores, que precisam se alfabetizar nos anos iniciais de escola, entre os seis e os sete de idade.

Passados 12 meses de restrições às atividades escolares, fi-cou claro para especialistas e professores que teremos, com certeza, sequelas graves em gerações inteiras por toda parte do mundo. Adolescentes que perderam o contato físico com os amigos e, por isso, poderão ter algum tipo de pro-blema de personalidade. Pré-adolescentes que seria atletas e poderão já não sê-lo porque passaram um ano sedentá-rios. Enfim, são muitas as possibilidades de conseguências.

Mas os profissionais da área temem especial do que po-derá resultar no percurso escolar das crianças mais novas por causa do distanciamento das salas de aulas, onde apro-fundariam com maior firmeza os conhecimentos iniciais e particularmente o aprender a aprender. Ninguém sabe ainda estimar o saldo deste processo lá adiante, quando tudo isso passar e estivermos vacinados.

Mas o sentimento de preocupação tornou-se manifes-

Fotos: Divulgação / Freepik.com

A pandemia sobre educação em Portugal

Atualidade & Futuro O bRASIL vISTO DE PORTugAL

César RochaÉ JORNALISTA E SóCIO DA CAISNOVO ESTRATÉGIA E CONTEÚDO.

[email protected]

Atualidade & Futuro O bRASIL vISTO DE PORTugAL

César [email protected]

Atualidade & Futuro O bRASIL vISTO DE PORTugAL

César [email protected]

E

Uma queda brutal pôde ser percebida nos nú-meros da Covid-19 em Portugal graças ao con-finamento. Em janeiro, o país foi atingido de forma avassaladora pelas novas cepas do vírus. Fechou tudo ao ponto de reduzir de mais de 10 mil con-taminações e por volta de 300 mortes por dia, em janeiro, para 15 óbi-tos e apenas 577 novos casos registrados em 12 de março.

sem voos

desconfinamento

cautela maiorDesgastados com a explosão de Covid-19 no início deste ano, os membros do governo português já avi-saram que a reabertura vai ser feita com muita cautela até o início de maio. A qualquer sinal de aumento nos números de contaminações e mortes, não hesitarão em fechar novamente o país.

O agravamento da pandemia no Brasil acede um sinal vermelho para os investidores que têm negócios no país a partir de Portugal e vice-versa. Os voos estão suspensos por tempo indeterminado, mas imaginava-se que, com a redução dos casos entre os portugueses, poderia haver uma retomada das linhas. No entanto, a explosão dos números brasileiros poderá levar a fechamentos mais demorados.

tação pública durante as reuniões governamentais e do parlamento que decidiram pela reabertura de empresas, instituições públicas e privadas, além das escolas. A preo-cupação fez com que houvesse inclusive uma pressão maior para abrir imediatamente as creches e o 1º ciclo (do 1º ao 4º ano), o que ocorreu em 15 de março, três semanas antes dos ciclos seguintes e um mês antes do ensino médio.

Com uma população significativa de ido-sos, Portugal registrou no início deste ano uma queda acentuada de nascimentos, provavelmente em função da pandemia. Em janeiro e fevereiro, foram 2.694 a menos, na comparação com mesmo pe-ríodo do ano passado, conforme dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

menos nascidos

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202130 31Março/2021

Page 17: FORMANDO OS MÉDICOS

Memória

Fotos: Divulgação

Por ivAn roChA nETo

LYnALdo ConTEMPorÂnEoA trajetória comprovada do maior incentivador da Ciência e Tecnologia do Brasil a partir da Paraíba

A missão me passada por Walter Sanos de resumir o legado de Lynaldo Ca-valcanti se de um lado me

orgulha, de outro, se impõe extrema-mente difícil sem cobrir toda a sua dimensão para Educação, Ciência e Tecnologia deste Páis. Assim, resga-tarei apenas alguns destaques que me parcem mais relevantes de sua extensa e brilhante trajetória.

Professor Lynaldo obteve sua gra-duação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambu-co (em 1955). Exerceu o cargos de SECRETÁRIO EXECUTIVO da ABIPTI - Associação Brasileira das instituições de Pesquisa Tecnológica, desde l991; como PRESIDENTE do Conselho de Administração do ITEP Instituto de Tecnologia de Pernam-buco, desde 2005 e MEMBRO do Conselho Diretor da FUCAPI - Fun-dação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica de Manaus, desde 2000. EX-PRESIDENTE do CNPq - Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (l980/85); EX-REPRESENTANTE da Região da América Latina e Caribe no Comitê Executivo da WAITRO - World Association of Industrial and Technology Research Organizations (l985/88). EX-DIRETOR do CESF/FUCAPI - Centro de Ensino Supe-

rior da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica de Manaus (l998/2004). Ex-Reitor da Universidade Regional do Nordes-te, atual Universidade Estadual da Paraíba (l973/75); da Universidade Federal da Paraíba - UFPB (l976/80). Ex-Presidente do Conselho de Rei-tores das Universidades Brasileiras CRUB (l977/78). Ex-Assessor Especial do Ministério da Edu-cação (l985/88)..

Não há como resumir sua tra-jetória em apenas poucas laudas sem reduzir a grande dimensão de sua vida profissional. Começa-rei por seus títulos e prêmios que constam de seua Currículo Lattes e que revelam a riqueza de suas ativida-des e reconhecimentos locas, nacionais e interna-cionais.

Prof. Dr. Ivan Rocha, estudioso em História de Lynaldo Cavalcanti

Tecnologia

Foto: Divulgação

A LGPd E A PoSSibiLidAdE dE AProxiMAção do

ConSuMidor àS EMPrESAS

quando a Lei nº 13.709/2018, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD, entrou em vigor,

muito se falou sobre as mudanças in-ternas que seriam necessárias para adequar as empresas às novas exi-gências por ela trazidas. No entanto, a legislação não se limitou a apontar medidas a serem tomadas pelas en-tidades que tratam dados pessoais, mas também garantiu aos titulares de dados, ou seja, às pessoas cujos dados são utilizados, uma variada lista de novos direitos.

Com a “economia de dados”, as informações pessoais estavam sen-do cada vez mais utilizadas para fi-nalidades diversas, sem qualquer co-nhecimento dos consumidores, o que acabava por criar um ambiente po-tencialmente lesivo aos seus direitos. Assim, a LGPD veio para reafirmar que os dados pessoais tratados não pertencem às empresas, mas sim aos seus titulares, razão pela qual esses devem ter ciência de como e para qual finalidade ocorre a utilização de suas informações.

Nesse contexto, é muito comum tra-çar paralelos entre a LGPD e o Códi-go de Defesa do Consumidor – CDC, Lei nº 8.078/1990, uma vez que o segundo, há 30 anos, resguardou o consumidor de várias formas, inclusi-ve, mesmo que de maneira tímida, em relação à proteção de dados. É possí-vel, então, perceber em seus textos que

ambas as leis visam tanto proteger os titulares de dados, cada uma dentro de seu esco-po, quanto promover o seu empode-ramento.

Hoje, os c o n s u m i -dores estão mais infor-mados, mais conscientes e mais dis-postos a rei-vindicar seus direitos, de modo que, ao empode-rar o titu-lar, a LGPD t a m b é m p r o m o v e u uma possível aproximação do cidadão à organização que trata seus dados. Assim, a legisla-ção acabou por oportunizar a abertura de um canal de comunicação entre as partes envolvidas, canal esse que pode ser bastante positivo para as empresas, posto que, ao prezar pelos direitos de seus usuários e ganhar sua confiança

por seus posi-cionamentos, elas podem se tornar mais fortes.

Dessa for-ma, não se adequa r à LGPD sig-nifica ficar à margem de um mo v i -mento mun-dial relativo à proteção de dados pes-soais, o qual já vem sen-do liderado por grandes empresas que veem, na de-fesa da priva-cidade, uma oportunidade de demons-trar cuidado e fidelizar os seus clientes. Em um ce-nário onde

a tendência é que, cada vez mais, o cliente passe a consumir objetos e serviços de empresas que possuam va-lores semelhantes com os quais com-pactua, não proteger a sua privacidade e os seus dados mostra-se uma estra-tégia arriscada.

Realidade atual tem sido impactada pelo consumidor cada vez mais bem informado

Advogada Manoela Gouveia Cabral de Vasconcelos

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202132 33Março/2021

Page 18: FORMANDO OS MÉDICOS

2007 - Ordem Nacional de Mérito Cientí-fico - Classe de Comendador, Presidência da República.

2007 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal de Campina Grande - UFCG.

2007 - Prêmio PERSONALIDADE TAM-BAÚ, TV TAMBAÚ.

2005 - Homenagem, INSA - CF.

2005 - Medalha do Conhecimento 2005, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior / SEBRAE / CNI.

2004 - Certificado de Excelência do CNPq em reconhecimento aos serviços presta-dos ao Conselho, CNPq.

2004 - Homenagem aos pioneiros do movimento de parques e incubadoras no Brasil, ANPROTEC.

2003 - Comenda Grande Benfeitor da Universidade Corporativa da Indústria da Paraíba (UCIP), Federação das Indústrias do Estado da Paraíba - FIEP.

2002 - Homenagem como Ex-Presidente do CRUB, recebendo Medalha de Reco-nhecimento e Diploma, CRUB.

2002 - Diploma no Grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito de Brasília, Governo do Distrito Federal.

2002 - Medalha de Honra pelos serviços prestados a C&T, Revista Ciência Hoje.

2001 - Medalha de Reconhecimento

como Ex-Presidente do CNPq, CNPq.

2000 - Homenagem como Personalidade Paraibana, pelos serviços prestados ao Estado da Paraíba na àrea de C&T, Estado da Paraíba.

1999 - Homenagem como par-ticipante da história de fundação do Curso Mestrado em Enfer-magem do Centro de Ciências da Saúde da UFPB, Centro de Ciência da Saúde da UFPB.

1998 - Homenagem com "Moção de Gra-tidão e Reconhecimento", SENAI/PB.

1998 - Título de Sócio Benemérito, Co-missão Refundadora do Instituto Histórico e Geográfico de Campina Grande/PB.

1997 - Homenagem pela contribuição para o Design no Amazonas, Curso de Desenho Industrial da Universidade do Amazonas.

1997 - Paraninfo dos Concluintes no ano dos Cursos da UEPB, Universidade Esta-dual de Paraíba.

1997 - Homenagem pelos serviços pres-tados ao "Programa Paraíba Design", Go-verno do Estado.

1997 - Paraninfo da Turma de Engenha-ria Florestal, Universidade Federal da Pa-raíba - Patos/PB.

1997 - Homenagem pelos serviços pres-tados à UFPB, Universidade Federal da Paraíba.

1997 - Cidadão Honorário de Patos, Câ-mara Municipal de Patos/PB.

1996 - Diploma de Honra ao Mérito, Con-selho Estadual de Cultura - Secretaria de Educação/PB.

1996 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal da Paríba.

1994 - Título de Cidadão Tocantinense, Assembléia Legislativa do Estado de To-cantins.

1994 - "Placa de Reconhecimento" pelos relevantes serviços prestados em prol da consolidação FPaqTcPb, Fundação Parque Tecnológico da Paraíba.

1994 - Prêmio de Reconhecimento Se-brae - 25 anos, Sebrae/PB.

1984 - Doutor Honoris Causa, Waterloo University of Canadá.

1984 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal da Paraíba.

1984 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal do Rio Grande do Sul.

1984 - Doutor Hororis Causa, Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte.

1984 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal de Pernambuco.

1984 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal de Santa Maria.

1983 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal de Alagoas.

1983 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal de Santa Maria.

1983 - Cidadão Honorário de Barretos, Câmara Municipal de Barretos/SP.

1982 - Doutor Honiris Causa, Universi-

1982 - Doutor Honoris Causa, Universi-dade Federal da Paraíba.

1982 - Doutor Honoris Causa, Escola de Agricultura de Mossoró/RN.

1982 - Doutor Honoris Causa, Universidade Federal de Pernam-buco.

1982 - Doutor Honoris Causa, Universidade Federal do Piauí.

1981 - "Ordem do Rio Branco " Grau de Comendador, Presi-dência da República.

1981 - "Ordem do Rio Branco " Grau de Comendador ", Governo

do Distrito Federal.

1981 - Grande Oficial da Ordem " Infante Dom Henrique de Portugal,

Governo Português.

1981 - Título de Cidadão Honorário de Santo Antoniense, Câmara Munncipal de Santo Antônio de Leverger/MT.

1981 - Grão Mestre das Ordens Portu-guesas, Governo Português.

1981 - "Cidadão Benemérito do Estado da Paraíba ", Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba.

1981 - Medalha de " Ordem do Mérito Aeronáutico " Grau de Comendador, Mi-nistério da Aeronautica.

1981 - Medalha do Mérito do Engenheiro Militar, CEM/RJ.

1980 - Membro Honorario da Associação Brasileira de Enfermagem, ABE.

1980 - Diploma da '' Ordem de Mayo Al Mérito, Governo Argentino.

1980 - Diploma e Insígnia da " Ordem Aguida Azteca ", Governo Mexicano.1980 Medalha de Mérito " Santos Dumont ", Ministério da Aeronáutica.

1979 - Medalha de Honra ao Merito Mu-nincipal, Câmara dos Vereadores de Cam-pina Grande/PB.

1979 - Medalha do Pacificador, Ministé-rio do Exército.

uma síntese de trajetória sem igualConheça como os dados comprovam o histórico do Professor Doutor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque como ainda hoje merecendo reconhecimento nacional

1979 - Ordem da Estrela do Acre, Grau de Comendador, Governo do Acre.

1979 - Doutor Honoris Causa, FAFIG - Guarabira/PB.

1979 - Cidadão Honorário de Bananeiras, Câmara Muncipal de Bananeiras/PB.

1979 - Titulo de Cidadão Honorario de João Pessoa, Câmara Munincipal de João Pessoa/PB.

1979 - Titulo de Cidadão Honorário de Souza, Câmara Munincipal de Souza/PB.

1978 - Doutor Honoris Causa, Faculdade de Medicina de Campina Grande/PB.

1978 - Doutor Honoris Causa, Faculdade de Filosofia de Ciências e Letras de Caja-zeiras/PB.

1977 - Titulo de Cidadão Honorrio de Guarabira/PB, Câmara da Cidade de Gua-rabira.

1977 - Titulo de Cidadão Honorário de Areia/PB, Câmara da Cidade de Areia.

1977 - Titulo de Cidadão Honorario de Cajazeiras/PB, Câmara da Cidade de Ca-jazeiras.

1977 - Medalha Tiradentes, Loça Maço-ni´ca Regeneração de Campina Grande/PB.

1976 - Doutor Honoris Causa, Escola Su-perior de Agricultura de Lavras/MG.

1976 - Medalha Dom Pedro Roeser, Uni-versidade Federal Rural de Pernambuco.

1976 - Titulo de Reconhecimento pela colaboração Prestada aos Estudos da ESG, ESG.

1976 - Medalha e Diploma de Honra da Inconfidência, Governo de Minas Gerais.

1975 - Medalha de Merito Universitário da Uiversidade Federal de Alagoas, Uni-versidade Federal de Alagoas.

A vida de Lynaldo Cavalcanti deveria servir de exemplo e inspiração para os Homens Público deste País.

dade Federal do Piauí.

1982 - Título do Sócio Honorário, Soci-dade Brasileira de Computação de Ouro Preto/MG.

1982 - Diploma de Condecoração Suri-namense, Grão Mestre de Honra de Palma - Republica do Suriname.

1982 - Medalha do Mérito Universitário, Universidade Federal do Acre.

1982 - Medalha de Oficial da Ordem do Mérito Nacional da França, Governo Fran-cês.

1982 - Medalha de Ouro "Sylvio Fróes Abreu", Fundação do Instituto Tecnológico de Pernambuco - ITEP.

1982 - Medalha Gran Cruz de la Ordem "Alfonso el Sabio", Governo Espanhol.

1982 - Título de Administrador do Ano, Fundação Universidade Regional do Nor-deste - FURNe.

1982 - Medalha Santos Dumont, Gover-no do Estado de Minas Gerais.

Fotos: DivulgaçãoRevista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202134 35Março/2021

Page 19: FORMANDO OS MÉDICOS

Memória

Foto: Divulgação

Por MArCoS forMiGA

o LEGAdo rEnASCEnTiSTA do ProfESSor LYnALdoiLuMinA A PArAÍbA

Este artigo é uma adaptação de meu depoimento escrito sobre o legado do professor Lynaldo Cavalcanti, para o

livro coordenado pelo também pro-fessor Ivan Rocha: Lynaldo Caval-canti – além das palavras. Brasília/DF, Editora Paralelo 15, 2010.

Ao longo de minha vida profissional, dentre inúmeras personalidades com quem tive a oportunidade de conviver e trabalhar, posso afirmar, sem receio de equívoco ou de cometer injustiça, que jamais alguém encarou com tanta deter-minação suas origens regionais, eivadas de nacionalismo autêntico e não xenó-fobo, e de uma visão de mundo apregoa-da pelos gregos: “Conheça e descreva sua aldeia e conhecerá o mundo”.

Essa lição helênica foi naturalmente exercitada à exaustão pelo professor Lynaldo em todas as atividades que exerceu ao longo de quase seis déca-das, seja como cidadão, como profis-sional da engenharia, como professor universitário fundador da Escola Po-litécnica de Campina Grande da fu-tura Universidade Federal da Paraíba, instituição-matriz da Universidade Federal de Campina Grande.

Com sua liderança modesta ou tí-mida, seu empreendedorismo nato e sua garra de ousado realizador, fez-se conhecido como um verdadeiro “tra-tor”, no sentido adjetivado de constru-tor e gestor exigente, comprometido em mostrar resultados qualitativos e quantitativos mensuráveis. Suas ideias pragmáticas podem ser avaliadas pelo espírito renovador e anti-establish-ment em todas as funções e entidades por onde passou.

Conheci o professor Lynaldo como diretor-adjunto do Departamento de Assuntos Universitários (DAU), em 1974, no MEC, quando da elaboração do I Plano Nacional de Pós-Gradua-ção (I PNPG). Nessa época, por solici-tação da Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), atuava como assessor regional na Nordeste Oriental (do Rio Grande do Norte à Bahia) a partir da Universi-dade Federal de Pernambuco (UFPE) em Recife. Desde então, impressio-nou-me sua dimensão tríplice: brasi-lidade, nordestinidade e paraibanida-

de. Em nosso primeiro contato, expôs suas crenças e valores indispensáveis a serem focados no I PNPG. O Progra-ma de Capacitação Docente (PCD) – inicialmente como experiência piloto com as universidades de baixo percen-tual de docentes pós-graduados, em sua versão nacional denominado Pro-grama Institucional de Capacitação Docente (PICD), já sob coordenação da Capes. A outra missão do PNPG, na sua concepção, seria o compromisso com a regionalização da pós-gradua-ção brasileira. Sempre preocupado com as exacerbadas assimetrias regionais, ainda nos bons tempos, quando se pra-ticava combatê-la com planejamento geoeducacional, abandonado precoce-mente pelo MEC com danosas conse-quências nas três últimas décadas, em um improvisado e caótico sistema de educação superior que perdura.

Foi da sua lavra a ideia de estabele-cer projetos regionais de pós-gradua-ção como subprogramas do PNPG, iniciando-se pelo Projeto Nordeste que, após sua concepção inicial, tam-bém foi transferido para a Capes para potencializar a capilaridade e utilizar a estrutura administrativa mais leve e menos burocrática, que a diferenciava da característica inerente à centraliza-ção do MEC.

Sua passagem pelo DAU/MEC deixou saudades pelo ritmo veloz às decisões implantadas e ementadas em apoio eficiente e leal aos titulares com quem trabalhou.

Histórico e desempenho do Visionário formado em engenharia extrapolam áreas do conhecimento e o carimbam como maior incentivador da C&T com reconhecimento nacional; em 2021 recebe homenagens do CEEI

Ex-reitor da UFPB ganhará titulo principal do CEEI - Centro de Estudos de Excelência e Inovação - Professor Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, em João Pessoa

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202136 37Março/2021

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Marcos Formiga é graduado e pós-gra-duado em Economia (UFPe) e em Políti-cas de Ciência e Tecnologia (Universidade de Londres)

Ainda no CNPq, testemu-nhei outro marcante aconte-cimento. Ao assumir a coor-denação de ciências humanas e sociais da antiga Superin-tendência de Desenvolvimen-to Científico (SDC), esta área de conhecimento ocupava a última posição de bolsas de estudo no país e no exterior. Associada aos auxílios de pesquisa, alcançaram núme-ros significativos levando as ciências humanas e sociais a concorrer com as áreas líde-res das ciências exatas e da natureza. Isto só foi possível pelo irrestrito apoio do pre-sidente Lynaldo, sempre ca-racterizado como engenheiro tecnólogo de imensa sensibi-lidade humanística, tal qual já havia ocorrido em suas pas-sagens pelo DAU e UFPB. Para complementar este clima favorável às ciências humanas e sociais, tive a honra também de contar com o apoio funda-mental da comunidade científica que aderiu em massa à nova iniciativa de valorização destas ciências no âmbito do CNPq. Os resultados obtidos pos-sibilitaram ao então coordenador da área vir a ocupar a superintendência entre 1982 e 1986; neste último ano, já no período pós-Lynaldo.

Como visionário, ele foi o primeiro a perceber a crise que atingiu a área da engenharia nos primórdios da década de 1980. Por sua decisão, solicitou à SDC a concepção e implantação de um programa especial pró-engenharia nacional, tais como: Proenge, Reen-ge, Engenheiro 2000, Engenheiro do Século XXI, Promove, Protec e que culminaram com a mobilização de en-tidades públicas e privadas a partir de 2006, sob o título iNOVA Engenha-ria, iniciativa primeira de aproximação entre a academia e o setor produtivo, liderado pela Confederação Nacional

da Indústria (CNI), a qual tem sido entusiasta desde sua implantação.

Essa longa série histórica de boas experiências, proporcionadas pelo professor Lynaldo como gestor ino-vador, resultou também em alto ônus à sua vida pessoal, por sempre priori-zar a responsabilidade nos cargos que exerceu aliada à dedicação integral ao trabalho. Como revolucionário gestor, buscou soluções criativas e alterna-tivas factíveis que contrariavam as mentes “legalistas” e presas aos dita-mes da burocracia pública. Tal reação custou-lhe o afastamento voluntário e definitivo da administração pública. Perdeu o país e, em especial, o siste-ma federal, um quadro diferencial de abnegado servidor.

Entre 1991 e 2008, ocupou a se-cretaria executiva da Associação Bra-sileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti) que,

como Presidente do CNPq, foi um de seus criadores na tentativa de corrigir o des-balanceamento que penaliza o limitado desenvolvimento tecnológico como suas con-sequências prejudiciais ao tí-mido processo de inovação em nosso país.

Em 2009, esse emérito tra-balhador enfrentou um novo desafio e pôs seu vultoso ca-pital intelectual ao empres-tar toda sua experiência, sem dispor de nenhum apoio fi-nanceiro oficial, na criação do Instituto de Transposi-ção do Conhecimento para o Desenvolvimento Regional (InTC), hoje denominado Instituto Lynaldo Cavalcan-ti, transferido para a Univer-sidade Federal de Campina Grande, mais uma evidência de sua paixão permanente pe-las causas regionais.

Continuei a admirar e a acompanhar por mais de três

décadas as ações desse personagem histórico em plena vida ativa, com quem muito aprendi com suas lições de otimismo, ora mesclado de certo travo pela determinação firme de rea-lizar mais do que o possível.

Para Lynaldo, o civismo e a brasi-lidade foram ilimitados e romperam preconceitos e dificuldades. Ele foi atuante como o mais humanista dos engenheiros e o mais entusiasta de-fensor do desenvolvimento tecnoló-gico brasileiro em favor da afirmação definitiva da soberania nacional.

Concluo transpondo a dedicatória por ele escrita no livro-homenagem, referenciado no início deste artigo.

Prof. Dr. Marcos Formiga lembra

trajetória de muitos feitos

Em 1976, a Secretaria de Educa-ção Superior (SESu) cedeu seu eficiente executivo à reitoria da

UFPB, sua universidade de origem. O mandato do reitor da UFPB possibili-tou, assim, transformar a então peque-na e jovem Universidade da Paraíba em uma referência de gestão inova-dora, recrutando contingentes quali-ficados no país e exterior, replicando no Brasil o movimento internacional de renovação de quadros e migração de talentos. Fez crescer o orçamento da UFPB, rivalizando com as maiores universidades federais em número de docentes, alunos, áreas de conheci-mento e cursos de pós-graduação. A partir de sua gestão, a universidade tornou-se a melhor referência do es-tado da Paraíba.

Desse profícuo período, destacaria três eventos dignos de registro: o pri-meiro, logo ao assumir seu mandato, Lynaldo trouxe novos ares para o co-tidiano de costumes provincianos vi-gentes, ao abolir o uso majestático do

título “magnífico”, motivo de coluna assinada pelo poeta Carlos Drum-mond no Jornal do Brasil, cumpri-mentando-o pelo acerto da decisão.

O segundo marco desse período revela o caráter humanista e eclético de um profissional advindo de uma área tecnológica, na qual era comum associar certo desprezo às artes e às ciências humanas e sociais. Lynaldo descortinou esta situação equivocada. Sob sua gestão, o cinema, a música e a arte popular alcançaram seu ápice de valorização no estado da Paraí-ba, servindo de exemplo para todo o Nordeste e para o Brasil, a exemplo da criação da Orquestra Sinfônica da UFPB, uma referência de qualidade desse período áureo das artes parai-banas.

O terceiro evento de seu reitorado permitiu transformar o discurso de descentralização universitária em prá-tica de regionalização por meio dos multicampi implantados nas principais microrregiões do estado da Paraíba.

Durante o seu quadriênio na UFPB (1976-1980), o professor Lynaldo destacou-se como protagonista do renascimento cultural na Paraíba.

Mais que isto, verdadeiro mecenas da Cultura, em sua concepção abran-gente, incluiu Artesanato, Artes Plás-ticas, Educação, Ciência e Tecnologia. Por onde passou, seja em Campina Grande, em João Pessoa e em Brasília, deixou marcas permanentes pela proxi-midade e pela natural identidade com esta grande área de Conhecimento.

A forma marcantemente diferencia-da de gerir uma instituição tradicional e conservadora abalou seus alicerces de forma irreversível, passando a ser citada como referência de boa prática admi-nistrativa e a UFPB se constituiu, sob

o reitorado do professor Lynaldo, em exemplo a ser replicado em outras uni-dades federativas. Seu sucesso recebeu o reconhecimento dos pares, elegendo-o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), quando este Conselho era o principal porta-voz da comunidade universitária brasileira. No CRUB, pôde exercitar, em dimensão nacional, o processo ino-vador praticado com êxito na UFPB.

As performances na UFPB e no CRUB foram credenciais que aba-lizaram sua chegada à presidência do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecnológico (CNPq), instituição criada em 1951 sob forte influência da valorização das ciências exatas no período pós-Segunda Guerra Mundial.

A tecnologia finalmente teve vez no CNPq sob a presidência do refor-mador Lynaldo, ocasião em que, de fato, a instituição alcançou prestígio e projeção inéditos. Há um consenso entre aqueles que acompanham o de-sempenho das agências de fomento de ciência e tecnologia no Brasil que, em sua presidência, o CNPq atingiu o papel de líder e de coordenação ge-ral do sistema nacional de Ciência e Tecnologia (C&T).

Ao chegar ao CNPq, em 1980, vindo da Capes, pude conviver e participar de sua gestão, recrutado que fui pelo di-retor Jose Duarte, competente médico baiano que conheci quando coorde-nava a pós-graduação médica na Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA) e o visitava em missões frequentes como assessor regional da Capes, período que antecede minha participação como coordenador nacional do Programa Institucional de Capacitação Docente (PICD), entre 1975 e 1979.

Testemunho em vida de um incentivador das ciências

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202138 39Março/2021

Page 21: FORMANDO OS MÉDICOS

Memória

Fotos: Divulgação

Por rôMuLo SoArES PoLAri

LYnALdo CAvALCAnTi: uM GESTor GEniAL EM C&TCriatividade e eficiência abrigam trajetória do líder visionário construindo saldo humano singular

Lynaldo Cavalcanti de Albu-querque foi o gestor mais cria-tivo e eficiente em Ciência e Tecnologia no Brasil. Isso o

coloca no patamar de equivalência a outros paraibanos históricos nacio-nalmente considerados geniais. Aliás, a Paraíba é um pobre e pequeno esta-do do país, mas rico de grandes talen-tos, em muitas áreas, como os citados abaixo.

Augusto dos Anjos, Antonio Joa-quim Pereira da Silva e Leandro Go-mes de Barros (Poesia); José Améri-co de Almeida, José Lins do Rego, Ariano Suassuna (Literatura); To-más Santa Rosa Júnior e Paulo Ponte (Teatro); Pedro Américo (Pintura); José Siqueira, Jackson do Pandeiro e Antonio Guedes Barbosa (Música); Assis Chateaubriand (Empresário); Epitácio Pessoa (Política) e Celso Furtado (Economia).

Esse manancial continua fecundo. Vários paraibanos excepcionais se destacam no país, entre os quais: Sérgio de Castro Pinto e Po-líbio Alves (Poesia); Marília Arnauad, José Nêuman-ne Pinto e Bráulio Tavares (Literatura); Sílvio Meira e Guido Lemos (TIC); Jan-guiê Diniz (Educação), João Câmara e Flávio Tavares (Pintura); Geraldo Vandré e Chico Cezar (Música);Wla-dimir Carvalho (Cinema) e Mailson da Nóbrega (Economia).

viSão ESTrATéGiCAdo dESEnvoLviMEnTo EConôMiCo E TECnoLóGiCoAs gestões de Lynaldo sempre se

pautaram por 4 aspectos básicos: a) pensar grande, b) ousadia de soluções inovadoras; c) competência para assu-mir riscos e d) compromisso com os interesses nacionais. O êxito em tudo isso deveu-se muito ao planejamento e à eficiência de suas equipes diri-gentes e assessoras. Mas a sua força maior veio da extraordinária visão estratégica dos caminhos futuros do desenvolvimento mundial.

Nos anos 1960-1980 Lynaldo já ti-nha sintonia com o que viriam a ser o auge da III Revolução Industrial e a sociedade do conhecimento, nos anos 1990. Ele sabia que os tradicionais fatores de produção (capital, trabalho e recursos naturais) tornavam-se mo-destas fontes de geração de riqueza e utilidades, compradas às ciência e

tecnologia. Isso é, agora, muito mais eviden-

te, com o avançar da IV Revolu-ção Industrial.

Lynaldo for-mou esse ideá-rio na onda

desenvolvimen-tista do governo

Juscelino Kubits-chek (1956/61),

com o Brasil em prospe r idade

econômica,

social, política e cultural. O país for-taleceu a autoestima, confiança e fé no futuro. Para Lynaldo, uma estratégia coerente de desenvolvimento teria que incluir, também, o longo prazo com uma suficiente autonomia nacional no saber científico-tecnológico relevante.

Com essa convicção certeira, Ly-naldo entendeu, muito bem, para o Brasil do seu tempo e os vindouros, a importância essencial da educação e da tecnologia para o progresso eco-nômico. Daí a razão do fundamento maior de suas práticas gestoras: o país, região ou estado que não se pautar por esse mandamento dificilmente será desenvolvido.

PriMEiroS fEiToS dE uMGESTor GEniAL EMErGEnTELynaldo nasceu na cidade de Cam-

pina Grande, dezembro de 1932, e faleceu em Brasília, janeiro de 2011. Formou-se em Engenharia Civil pela UFPE, em 1955. Dois anos depois já era professor da Escola Politécnica da Paraíba e, de jan/64 a mar/71, seu di-retor. Ai já se via o brilho da sua capa-cidade gestora em ciência e tecnologia.

Na Escola Politécnica, Lynaldo li-derou a criação dos cursos de Enge-nharia Elétrica, Sistemas, Engenharia Mecânica e vários cursos de especiali-zação. O grande feito foi colocar o en-sino e a pesquisa da Politécnica entre os melhores do país. Para tanto, foram fundamentais a qualificação do cor-po docente, a criação de laboratórios modernos e o intercâmbio nacional e internacional.

Com essa atuação, Lynaldo fez da Escola Politécnica um polo científico-tecnológico para o desenvolvimento da cidade de Campina Grande e a região por ela polarizada. Com o su-cesso dessa inovação relevante, Lynal-do ganhou alta distinção na Paraíba e

no Nordeste como gestor em ciência e tecnologia.

dESTAquE no PAÍS CoMoGESTor ACAdêMiCo-CiEnTifiCo Nos anos 1970, Lynaldo consoli-

dou o seu merecido prestígio na área acadêmica e científico-tecnológica do Brasil. De 1972 a 1974, como Diretor Adjunto do Departamento de As-suntos Universitários-DAU (Atual SESU) do MEC, foi o protagonista do primeiro Plano Nacional de Pós-Graduação, que legou grandes avan-ços a todo o país, com efeitos correti-vos dos desequilíbrios regionais.

Como reitor da UFPB, fev/76-fev/80, o talento inovador e realizador de Lynaldo foi enaltecido no cenário nacional. Foi um período de grande desenvolvimento dessa universida-de, inclusive implantando três novos Campi, os V, VI e VII, nas cidades sertanejas de Patos, Sousa e Cajazei-ras. Nasceram, assim, as bases de um abrangente sistema de ensino supe-rior, ciência e tecnologia voltado ao desenvolvimento da Paraíba.

Lynaldo concretizou essa impor-tante fase progressista da UFPB sobre três pilares: a) aumento e qualificação do corpo docente; b) expansão quali-ficada do ensino de graduação e pós-graduação; c) equipamentos e labora-tórios de experimentação e pesquisa. A Universidade passou a ser uma das maiores e academicamente mais im-portantes do Nordeste e sua gestão a mais inovadora, fortalecendo a capa-cidade de contribuir para a superação do subdesenvolvimento estadual.

ProTAGoniSMo no AvAnçoCiEnTÍfiCo-TECnoLóGiCodo brASiLLynaldo deu a sua maior con-

tribuição ao país, como presidente do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico-tecnológico (CNPq), 1980/85. Ele trouxe vida nova e uma potente dinâmica ope-racional ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), in-tegrando a este as universidades, os institutos de C&T e empresas.

No CNPq Lynaldo definiu, coor-denou e executou as ações do III PBDCT, com grandes realizações: a) Sistema nacional de Núcleos de Inovação Tecnológica, b) Sistemas Estaduais de C&T, c) Superinten-dência de Inovação Tecnológica no CNPq e d) criação do 1o Parque Tecnológico do país, em Campina Grande e e) criação pelo CNPq/FINEP da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológi-ca (ABIPTI).

Foi com essas inovações que o CNPq construiu as bases da efi-ciência atual do sistema nacional de C&T. Apoiado nesse sistema, nos quadros de cientistas e na compe-tência das universidades e órgãos de pesquisa, o Brasil pode dar o salto científico-tecnológico rumo ao seu desenvolvimento sustentável. Mas, infelizmente, os investimentos vêm caindo muito, com risco de colocar o país à margem da IV Revolução Industrial.

Nos anos de 1986 a 2010, Lynal-do continuou na luta pela C&T do Brasil. Foram centenas de cursos, seminários, debates, conferência, consultorias, etc. Destacam-se suas atuações como Diretor da ABIPTI, Conselheiro da FUCAPI/Manaus e Presidente do Instituto de Tecnolo-gia de Pernambuco. Além disso, deu importantes contribuições à Sude-ne, aos Governos Estaduais, etc. em projetos e ações relevantes de C&T.

SÍnTESE ConCLuSivALynaldo foi o grande gestor-execu-

tor das condições básicas ao avanço da C&T no Brasil, ao sistematizar, ampliar e integrar as ações dos CNPq e FINEP, universidades e centros de pesquisa aos interesses da sociedade e do setor produtivo. Isso teve um revolucionário impacto inovador e capacitou o país a se integrar ao novo desenvolvimento científico-tecnoló-gico mundial.

O legado de Lynaldo Cavalcanti faz dele um expoente histórico da C&T brasileira. Ele dedicou o máximo de sua capacidade de trabalho à moder-nização e consolidação do SNCT. Esse sistema funciona nos melhores padrões mundiais de eficiência, há mais de 30 anos. Lynaldo demonstrou ao Brasil que educação e C&T são as forças fortes essenciais para o seu desenvolvimento.

Rômulo Soares Polari é professor e ex-Reitor da Universidade Federal da Paraíba

Ex-reitor da UFPB, Rômulo Polari, traduz vida ascendente de Lynaldo Cavalcanti

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202140 41Março/2021

Page 22: FORMANDO OS MÉDICOS

Saúde

Foto: Eduardo Gomes - ILMD/Fiocruz Amazônia

Por ALAnA GAndrA - repórter da Agência brasil

novidAdES do briCSPesquisadores dos cinco países buscam interconexões entre tuberculose e Covid-19

Estabelecer interconexões en-tre a tuberculose (TB) e a co-vid-19 é a tarefa que une 25 pesquisadores da Universida-

de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Enge-nharia (Coppe/UFRJ) com parceiros dos outros três países do Brics: Índia, Rússia e África do Sul.

No Brasil, o projeto é liderado pela professora Anete Trajman, da Facul-dade de Medicina da UFRJ e do Ins-tituto de Medicina Social da Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Hoje (24), Dia Mundial de Combate à Tuberculose, a professora disse à Agência Brasil que a China também participa do edital, mas com outros estudos.

O projeto foi aprovado nos quatro países do bloco, mas ainda não foi efe-tivado porque depende de liberação de recursos. Cada país tem seu órgão financiador – no Brasil, será o Con-selho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).. Segundo Anette, o edital foi uma de-manda do Brics como um todo.

O trabalho foi considerado “vital” pela revista médica inglesa Lancet, tendo em vista que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 1,5 milhão de pessoas a mais mor-ram de tuberculose até 2025, devido à pandemia de covid-19.

No momento, os pesquisadores se organizam para obter a aprovação éti-ca do estudo e fazer coleta de dados. Um grupo de psicólogos da área so-

cial fará pesquisas de satisfação de usuários online sobre as diversas me-didas de lockdown (confinamento) e as diferentes políticas assumidas pelos governos. Além da pesquisa quantita-tiva, haverá uma sondagem qualitativa com entrevistas com pessoas chave na sociedade civil, tomadores de decisão e formadores de opinião, para discutir o impacto existente entre tuberculose (TB) e covid-19. Serão analisados ainda bancos de dados de TB e co-vid para lincar as informações, o que necessita também de aprovação do comitê de ética.

ExECução“Neste momento, estamos nos or-

ganizando para fazer os documentos que são necessários para aprovação ética”, processo que ocorre também nos três países parceiros. A Rússia está mais adiantada porque o dinhei-ro para o primeiro ano de pesquisa já foi liberado. “Eles vão conduzir um estudo piloto, inclusive desse ques-tionário, porque lá, para fazer esse tipo de trabalho, surpreendentemente, não precisa de aprovação ética”, disse a professora.

O projeto total tem prazo de exe-cução de 24 meses, após a assinatu-ra do termo de compromisso, etapa aguardada por Anete. Ela disse acre-ditar que os resultados já poderão ser conhecidos em 2023, se os recursos forem liberados ainda em 2021.

Anete destacou que existem in-dicativos de experiências passadas sobre um possível impacto da TB na

pacientes com tuberculose deixaram de procurar ou de dar sequência ao tratamento.

Já foram notadas interferências di-retas e indiretas entre as duas doenças. Os sistemas de saúde tiveram que alocar seus recursos prioritariamente para o enfrentamento da covid. Em maio, houve redução de 40% na rea-lização de testes moleculares rápidos para tuberculose. Em outubro, com a diminuição de casos de covid, a redu-ção foi de 20%, relatou a professora.

MAiS MorTESDesde 2014, a OMS declarou que

a tuberculose era a doença infecciosa que mais matava no mundo, até o ad-vento da covid, em 2020. “A covid teve um impacto negativo sobre a tubercu-lose”. Anete ressaltou, porém, a covid vai passar, não vai ficar sendo a doença que mais vai matar, na medida em que as populações se vacinem. “Ela vai continuar endêmica, como a gripe, vai continuar matando algumas pessoas, como a gripe também mata, mas não

ter impacto positivo e com que magni-tude. Atualmente, cerca de um quarto da população mundial tem tuberculose latente, isto é, desenvolve a doença, mas só 10% dos infectadas vão adoecer, ex-plicou a professora da UFRJ.

inTELiGênCiACoMPuTACionALHá 20 anos, o Programa de Enge-

nharia Elétrica da Coppe, sob a coor-denação do professor José Manoel de Seixas, começou a trabalhar com tu-

berculose. O Brasil está entre os 22 países que concentram a maior car-ga de TB, da ordem de 80% dos casos, ocupan-do a décima sexta posi-ção no ranking global da doença.

As cidades do Rio de Janeiro e de Manaus são as que apresentam o pior cenário no país. No Rio, Seixas lembrou que a comunidade da Roci-nha está próxima da in-cidência de TB na África e na África do Sul. “Nós temos um cenário bas-tante dramático”, disse o professor.

Seixas confirmou que a TB é uma doença curável, que matou 1,4 milhão de pessoas no mundo em 2019. “Agora, estamos na

dúvida até que ponto uma pessoa com tuberculose, se pegar a covid, pro-duz um cenário pior de evolução do paciente.”Ao mesmo tempo, sabe-se que, com o isolamento e com o Sis-tema Único de Saúde (SUS) voltado para a covid, o tratamento da TB e sua detecção ficam inibidos.” Ele ressaltou ainda que pessoas mais vulneráveis à TB, que não dispõem de saneamento básico e moram em locais de grande concentração populacional, são tam-bém as mais vulneráveis à covid.

O professor destacou que o desen-volvimento de novos métodos de apoio à triagem e ao diagnóstico, usando in-teligência computacional e modelos da natureza, pode ajudar na tomada de decisão. “São modelos matemáticos que tentam implementar uma ideia da natureza”. São modelos de redes neu-rais aplicados à triagem de pacientes e considerados eficientes por pesquisa-dores de medicina tropical do Reino Unido. Além de ter bom resultado de triagem, ele custa pouco. “E é eficiente nos dois caminhos”, destacou Seixas.

Com a chegada da covid, no ano pas-sado, a Coppe disparou vários proces-sos com ações em nível instrumental e de software (programas de computa-dor\) que visavam atacar a pandemia do novo coronavírus. Hoje, a proposta aprovada pelo CNPq, no âmbito do Brics, busca as interações entre TB e covid. A parte de inteligência com-putacional é liderada por Seixas, e a meta é descobrir se quem tem TB tem mais chances de evoluir mal na doença quando pega covid, ou o contrário.

A inteligência computacional, vendo essas interações, pode identificar pa-cientes que estejam com covid na po-pulação com TB e vice-versa, além de ajudar na triagem a estabelecer grupos de risco de má evolução em ambos os casos: de pessoas que tèm covid e pegam TB e das que têm TB e pegam covid.

De acordo com Seixas, não há im-pacto direto na redução da infecção por TB, mas, quando se consegue identi-ficar melhor essa interação, pode-se descobrir mais depressa quem precisa de mais atenção”. Quando se consegue responder à pergunta sobre a interação entre as duas doenças, que é a principal questão do projeto, agregando a isso a capacidade de prever que um dado pa-ciente, em uma determinada situação, vai evoluir mal, isso ajuda a rastrear de onde está vindo a coinfecção de um lado ou de outro. “São respostas im-portantes para uma ação combinada”, afirmou o professor.

covid e vice-versa. “O que se viu foi que as medidas de distanciamento social e as consequências econômi-cas que a covid teve refletiram no agravamento da epidemia de TB, até mais grave do que a OMS no início previu”. Com medo do contágio pela covid-19 e sem dinheiro para se des-locar até as unidades médicas, muitos

vai ser uma doença avassaladora como foi em 2020, e este ano começou em alguns países, entre os quais o Brasil, é o pior deles. Ela veio para ficar, mas não nessa proporção”.

A professora não duvida que a tu-berculose voltará a ser a doença infec-ciosa que mais vai matar no mundo, talvez a partir deste ano ou do ano que vem.

Com os resultados que forem alcan-çados, os pesquisadores vão fazer mode-lagens para ver que medidas poderiam

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202142 43Março/2021

Page 23: FORMANDO OS MÉDICOS

Cultura

Fotos: Divulgação

Por JoSé oziLdo doS SAnToS

de família humilde, Corio-lano de Medeiros nasceu a 30 de novembro de 1875, no sítio ‘Várzea das Ove-

lhas’, localizado às margens do Ria-cho Cipó, no sopé da Borborema, em território do atual município de Santa Terezinha, à época, sobre a jurisdição de Patos, Província da Paraíba. Filho do casal Aquilino Coriolano de Me-deiros e Joana Maria da Conceição, pelo lado paterno, era neto do profes-sor Francisco Herculano de Medeiros, primeiro tabelião público e primeiro mestre-escola da Vila de Patos, e, pelo materno, descendia do cearense Cos-me Vieira da Silva, patriarca da famí-lia ‘Vieira’, no sertão das Espinharas, de quem era bisneto.

Em 1877, sua família oprimida pela terrível seca que assolava o sertão nor-destino, transferiu-se para a capital paraibana, onde, pouco tempo de-pois, faleceu seu genitor, acometido de sezão. Anos mais tarde, sua mãe contraiu novo matrimônio com o se-nhor Vitorino da Silva Coelho Maia, que, com carinho e apreço, contribuiu fortemente para a formação do peque-no Coriolano, futuro grande homem das letras paraibanas, que embora te-nha se consagrado como ‘Coriolano’, “retificava que a grafia correta de seu prenome era CARIOLANO - aliás, era como o chamava seu grande amigo

Monsenhor Walfredo Leal - pois pro-cedia do tribuno romano Caio Már-cio. Daí, aduzia, Carioles - Cariolano”.

Pesquisador incansável da história e das tradições do sertão paraibano, em 1914, através da Imprensa Oficial Es-tadual, Coriolano de Medeiros lançou a primeira edição do seu ‘Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba’, que foi bastante elogiado pela crítica da época e que ainda hoje, constitui-se numa das maiores fontes de pesquisa sobre a terra tabajara e que teve uma segunda tiragem em 1950, patroci-nada pelo Ministério da Educação/

te, destacando as figuras da inte-lectualidade pa-raibana - Corio-lano de Medeiros revelou-se “um cidadão temente a Deus, realiza-do, desprendido, compreens ivo e destituído de ambição”. Feliz e ciumento “o

quanto se pode ser”, admi-tiu também que aspirava ter “a bondade de Cristo e a pa-ciência de Job”.

Possuidor de uma inteli-gência ímpar, “Coriolano de Medeiros foi um bom retra-tista de ambientes, de usos e costumes e deixou um acer-vo precioso, especialmente no campo da historiografia regional”. Em sua preciosa bibliografia destacam-se os seguintes livros: ‘Diccioná-rio Chorográfico do Esta-do da Parahyba’ (1914); ‘Do Litoral ao Sertão’ (contos, 1917); ‘Resenha Histórica da Escola de Aprendizes Ar-tífices do Estado da Paraíba do Norte’ (memórias, 1922); ‘O Tesouro da Cega’ (dra-ma, 1922) ‘Maestros Que

Se Foram’ (biografias, 1925); ‘O Bar-racão’ (romance, 1930); ‘Manaíra ou nas Trilhas da Conquista do Sertão’ (novela, 1936); ‘A Evolução Social e Histórica de Patos’ (1938); ‘O Tambiá da Minha Infância’ (memórias, 1942); ‘Sampaio’ (memórias, 1958), além do verbete ‘Estado da Paraíba’, para o ‘Diccionário Histórico, Geográfico e Ethonográgico do Brasil’, publicado pela Imprensa Nacional (Rio, 1922). Deixou ainda valiosa contribuição li-terária, publicada em vários jornais e revistas - que ascende a mais de três centenas de artigos e estudos - lamen-

tavelmente ainda não reunida em merecidos volu-mes.

I d e a l i z a d o r e arquiteto da Academia Parai-bana de Letras, “seu nome é sem dúvida, o pon-to culminante daquela organi-zação cultural”. Sobre sua pes-soa, um dos mais importantes de-poimentos nos foi legado pelo Cônego Fran-cisco Lima, seu confrade e ami-go, que em ses-são realizada na Academia Parai-bana de Letras, na noite de 30 de no-vembro de 1965, assim se pronunciou: “É um testemunho de nossa vida his-tórica e política, de nossas realizações sócio-culturais durante todo o regime republicano e boa parte do recente, apático, frio, mas um temperamento vivo, interessado pela terra e pelo ho-mem, vibrante de civismo nos grandes momentos em que esplende o amor à gleba. Os velhos jornais, as antigas revistas, as veneráveis polianteias dos nossos museus literários assim no-lo revelam o Coriolano mestre; o Co-riolano historiógrafo se não historia-dor; o Coriolano beletrista com uma contribuição relevante nos domínios da literatura de ficção; o Coriolano jornalista assinando crônicas de subs-tância e colorido, a que não faltava o chiste, a sátira inocente a personagem e os costumes da cidade”.

Culto e simples, o mestre Coriolano possuía uma visão universalista e sou-be de forma grandiosa, transmitir às gerações futuras, magníficos tesouros de sua sabedoria. Amigo da mocidade,

José Ozildo dos Santos Professor e Historiador

à semelhança de Sócrates, era um ho-mem sensível as lagrimas e viveu uma vida longa e tranqüila.

Patoense dos mais ilustres, em seu pioneirismo, João Coriolano de Me-deiros foi o primeiro musicólogo, o primeiro folclorista, o primeiro en-saísta, o primeiro romancista e o pri-meiro (e maior) historiador nascido na capital das Espinharas. No campo da historiografia, ele deixou ensinamen-tos que projetaram-o como ‘mestre e autorizado intérprete’ dos fatos da história paraibana. E, pela grandeza e dimensão cultural de sua obra, será sempre lembrado como um dos maio-res expoentes das letras de seu Estado. Pois, seu legado fecundo, constitui uma obra imortal, tanto quanto ele.

Na sede da APL, uma história a merecer referência

Coriolano de Medeiros: a raiz intelectual da APL

Departamento de Imprensa Nacional, com introdução de Augusto Mayer, diretor do Instituto Nacional do Li-vro. Dizia aos seus amigos íntimos, que “perdera a visão no grande esforço que fizera manuseando velhos docu-mentos”, atualizando a referida obra, para sua segunda edição.

Homem sincero, em 1922, numa entrevista a Analice Caldas - que empreendeu uma sugestiva enquet-

Fundador da APL é revisitado no ano de comemorações

noS 80 AnoS dA ACAdEMiA dE LETrAS

Revista NORDESTE Revista NORDESTEMarço/202144 45Março/2021

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Cultura

Fotos: Divulgação

Por wALTEr SAnToS

ACordo inédiToFundação Joaquim Nabuco constrói entendimentos com Academia Paraibana de Letras para apoiar 80 anos da APL

fato novo nos bastidores da cultura do Nordeste diante da iniciativa do presidente da Fundação Joaquim Nabu-

co, Antônio Campos, e da presidente da Academia Paraibana de Letras, escritora Ângela Bezetra de Castro, de iniciarem entendimentos visando a possível decisão da FUNDAJ apoiar os 80 anos da APL.

De acordo com informações ob-tidas pela  Revista NORDESTE, os dirigentes dialogaram no início da semana admitindo apoio institucional da FUNDAJ na elaboração de uma programação com palestras, produção de Documentário em áudio visual e

impresso, além de atividades virtuais diante da pandemia da COVID-19.

– Ao longo da história, a Paraíba e Pernambuco sempre desenvolveram laços culturais que justificam o apoio da FUNDAJ aos 80 anos da Acade-mia Paraibana de Letras, portanto, o diálogo aberto com a presidente Ângela Bezerra de Castro significa a celebração do apoio da Fundação a esta muito importante data – afirmou Antônio Campos.

Já a presidente da APL afirmou que ” a deflagração dos entendimen-tos com a FUNDAJ simbolizam um fato histórico importante a valorizar muito os 80 anos da Academia, por isso desde já agradecemos a iniciativa e admissibilidade de apoio do presi-dente Antônio Campos”.

A presidente da Academia Paraibana de Letras, escritora Ângela Bezerra de Castro, tem mantido entendimentos com presidente da FUNDAJ, escritor e advogado Antônio Campos

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