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CRIS INFORMA | 1 Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz Entrevista: Programa Nacional de DST/Aids ganha reforço de cooperação internacional Doutorado internacional marca conquista de cooperação com Universidade de Coimbra OMS e Fiocruz selam novas parcerias PÁG. 3 PÁG. 6 PÁG. 17 julho 2013 9 Formação de jornalistas e epidemiologistas é foco de cooperação com o Haiti Danielle Monteiro - CCS e Thiago Oliveira - Cris urante o mês de julho, a Fi- ocruz realizou uma série de iniciativas voltadas para o fortalecimento do sistema de saúde haitiano. Promovi- das no âmbito da Cooperação Tripar- tite Brasil – Cuba – Haiti, as ativida- des incluíram um curso de epidemio- logia, uma oficina de rádios comuni- tárias, uma reunião preparatória para a Oficina de Educação Permanente, um curso de aperfeiçoamento em ges- tão de recursos físicos e tecnológicos em saúde, além da apresentação de um projeto piloto do Sistema de In- formação em Saú- de para Vigilância Epidemiológica. O Cris/Fiocruz é res- ponsável pela co- ordenação, logísti- ca e articulação dessas ações, que foram promovidas com base em um modelo de coope- ração estruturante, o qual, ao contrá- rio do modelo tra- dicional, passivo e unidirecional de transferência de saber e tecnologia, trabalha com a construção de conhecimento de for- ma conjunta, compartilhada e hori- zontal, visando o fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde. Formação de jornalistas e epidemiologistas haitianos A terceira Oficina de Rádios Co- munitárias, organizada pelo Canal Saú- de/Fiocruz entre 23 e 26 de julho, con- tou com a participação de 40 profissio- nais de comunicação, entre eles radia- listas e responsáveis pela comunicação em saúde da Direção de Promoção da Saúde e Promoção do Meio Ambiente (DPSPE, na sigla em francês) de cada um dos dez departamentos sanitários do país. A proposta foi sensibilizar as rádios comunitárias, mídia que mais atinge a população haitiana, na veicu- lação de mensagens de promoção da saúde e prevenção de doenças à po- pulação. Por meio da construção con- junta de uma metodologia para a pro- moção da saúde alinhada às ações do Ministério da Saúde e População do Haiti (MSPP), a iniciativa visa elaborar e divulgar 480 programas sobre saúde nas rádios comunitárias em todo terri- tório nacional, no período de seis me- ses. Na oficina realizada anteriormen- te, foi feita uma capacitação na divul- gação de mensagens de saúde dirigida a radialistas. Já nesta edição, os res- ponsáveis pela comunicação de cada região sanitária se agruparam com os jornalistas, a fim de unir conteúdo de saúde com a melhor forma de se fazer sua promoção. “Juntos, eles vão ela- borar um plano de trabalho, que será aplicado a partir de outubro em cada um dos departamentos do país”, conta o assessor do Cris/Fiocruz, Vincent Brig- nol. A ideia é que, em seguida, seja estruturada uma rede de rádios comu- nitárias para atuar juntamente com o MSPP na educação popular e mobili- D Abertura do curso de Epidemiologia promovido pela Fiocruz no Haiti. Foto Vincent Brignol/Cris

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CRIS INFORMA | 1

Informativo do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz

Entrevista: ProgramaNacional de DST/Aidsganha reforço decooperação internacional

Doutoradointernacional marcaconquista de cooperaçãocom Universidadede Coimbra

OMS e Fiocruz selamnovas parcerias

PÁG. 3 PÁG. 6 PÁG. 17

julho

2013

Nº9

Formação de jornalistas e epidemiologistasé foco de cooperação com o Haiti

Danielle Monteiro - CCSe Thiago Oliveira - Cris

urante o mês de julho, a Fi-ocruz realizou uma série deiniciativas voltadas para ofortalecimento do sistemade saúde haitiano. Promovi-

das no âmbito da Cooperação Tripar-tite Brasil – Cuba – Haiti, as ativida-des incluíram um curso de epidemio-logia, uma oficina de rádios comuni-tárias, uma reunião preparatória paraa Oficina de Educação Permanente,um curso de aperfeiçoamento em ges-tão de recursos físicos e tecnológicosem saúde, além da apresentação deum projeto piloto do Sistema de In-

formação em Saú-de para VigilânciaEpidemiológica. OCris/Fiocruz é res-ponsável pela co-ordenação, logísti-ca e articulaçãodessas ações, queforam promovidascom base em ummodelo de coope-ração estruturante,o qual, ao contrá-rio do modelo tra-dicional, passivo eunidirecional detransferência de

saber e tecnologia, trabalha com aconstrução de conhecimento de for-ma conjunta, compartilhada e hori-zontal, visando o fortalecimento dossistemas nacionais de saúde.

Formação dejornalistas eepidemiologistashaitianos

A terceira Oficina de Rádios Co-munitárias, organizada pelo Canal Saú-de/Fiocruz entre 23 e 26 de julho, con-tou com a participação de 40 profissio-nais de comunicação, entre eles radia-

listas e responsáveis pela comunicaçãoem saúde da Direção de Promoção daSaúde e Promoção do Meio Ambiente(DPSPE, na sigla em francês) de cadaum dos dez departamentos sanitáriosdo país. A proposta foi sensibilizar asrádios comunitárias, mídia que maisatinge a população haitiana, na veicu-lação de mensagens de promoção dasaúde e prevenção de doenças à po-pulação. Por meio da construção con-junta de uma metodologia para a pro-moção da saúde alinhada às ações doMinistério da Saúde e População doHaiti (MSPP), a iniciativa visa elaborare divulgar 480 programas sobre saúdenas rádios comunitárias em todo terri-tório nacional, no período de seis me-ses. Na oficina realizada anteriormen-te, foi feita uma capacitação na divul-gação de mensagens de saúde dirigidaa radialistas. Já nesta edição, os res-ponsáveis pela comunicação de cadaregião sanitária se agruparam com osjornalistas, a fim de unir conteúdo desaúde com a melhor forma de se fazersua promoção. “Juntos, eles vão ela-borar um plano de trabalho, que seráaplicado a partir de outubro em cadaum dos departamentos do país”, contao assessor do Cris/Fiocruz, Vincent Brig-nol. A ideia é que, em seguida, sejaestruturada uma rede de rádios comu-nitárias para atuar juntamente com oMSPP na educação popular e mobili-

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Abertura do curso de Epidemiologia promovidopela Fiocruz no Haiti. Foto Vincent Brignol/Cris

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zação da população haitiana. Membroda Associação Mundial de Rádios Co-munitárias (AMARC), a Associação deRádios Comunitárias do Haiti (SAKS, nasigla em francês), junto com o MSPP, é

parceira estratégica da iniciativa.Entre 22 de julho e 2 de agosto,

a Fundação promoveu, também no paíscaribenho, o sétimo módulo do Cursode Epidemiologia, que tem o objetivode capacitar os profissionais dos dezdepartamentos do país. A intenção éque, futuramente, eles atuem nos Es-paços de Educação e Informação emSaúde (EEIS), que serão construídos noHaiti, com apoio do Brasil, para a aná-lise sistemática da situação de saúdeda população, o planejamento e exe-cução de pesquisas operacionais e aelaboração de políticas públicas locais.O curso, ministrado por profissionais daEnsp/Fiocruz e da Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sul (UFRGS) emparceria com a Direção de Epidemiolo-gia e Laboratórios de Pesquisa (DELR)do MSPP, teve participação de 42 epi-demiologistas dos dez departamentossanitários haitianos. Na pauta, temáti-cas como exposição sobre mensuraçãode frequência e associação de doen-ças, territórios e processos de saúde edoença, transição epidemiológica edemográfica, transmissão de doençase multicausalidades, doenças e agra-vos não transmissíveis, entre outros. Na

abertura do evento, as autoridades doMSPP e da Cooperação Tripartite des-tacaram o impacto do curso, que já éperceptível, segundo eles. “A iniciati-va ajuda os profissionais a atuar com

um ‘olhar epidemiologista’ mais apu-rado”, declarou o diretor da DELR, RocMagloire. Já o epidemiologista chefeda Brigada Médica Cubana no Haitiafirmou que as equipes cubanas já sen-tem no terreno o fortalecimento dosseus correspondentes haitianos.

Ainda como parte do curso, foirealizado um Seminário de Mortalida-de Materna, que contou com palestrasde representantes do Fundo das NaçõesUnidas para a População, da Universi-dade de Estado do Haiti e da BrigadaMédica Cubana. Os especialistas fala-ram sobre as metodologias usadas paraa mensuração da mortalidade mater-na no Haiti e sua evolução e ainda so-bre a situação da mortalidade maternaem Cuba, bem como as iniciativas quetêm sido implantadas para sua redu-ção nos últimos 30 anos. Durante oencontro, os alunos apresentaram osresultados de trabalho de campo sobrenotificação de óbitos no município deSaint Marc, realizado por meio de pes-quisas no hospital regional, cemitério,cartório de registro civil, prefeitura eigreja local, em janeiro de 2012. “Háuma estimativa de que apenas 10% dosóbitos são registrados no Haiti. Então,

propusemos fazer uma investigação noscemitérios, como tem sido feito em mu-nicípios brasileiros com baixa cobertu-ra de registros desde os anos 1960”,justificou a professora da UFRGS queministrou o curso, Stela Meneghel. Osdados revelaram subnotificação de óbi-tos totais na região. “A partir do coefi-ciente geral de mortalidade do país, es-timamos um número de óbitos paraSaint Marc e, após somar todas as mor-tes conhecidas, encontramos apenasem torno de 50% do número estima-do”, conta Meneghel. A intenção éque, ao final do curso, em abril de 2014,os alunos façam um diagnóstico da si-tuação epidemiológica de cada um dosdepartamentos do país.

Foco na gestão derecursos físicos etecnológicos emsaúde e navigilânciaepidemiológica

Em 29 de julho, foi apresentadoà Unidade de Planejamento e Avali-ação do Ministério, responsável pelosistema de informação do país, e tam-bém ao comitê executivo da Coope-ração Tripartite, o projeto piloto doSistema de Informação de VigilânciaEpidemiológica para o Haiti, desen-volvido pela Cooperação Tripartitejunto com a direção de Epidemiolo-gia e Laboratórios de Pesquisa doMSPP. Trata-se de um software decódigo aberto, livre para modifica-ções, baseado nos sistemas de infor-mação já existentes no país caribe-nho, desenvolvido por equipe lidera-da pelo professor da Universidade deCaxias do Sul, Alexandre Ribeiro. “Asfichas de notificação de doenças fo-ram informatizadas em uma platafor-ma a partir do sistema haitiano. Aideia é propor ao país um sistemaaplicado como ferramenta pedagógi-ca no curso de epidemiologia, e tal-vez, no futuro, ampliá-lo nacional-mente”, explica Brignol. Neste caso,a proposta da Tripartite seria capaci-tar uma equipe de trabalho no Haitinesse sistema, para que o MSPP hai-tiano tenha o total domínio da ferra-menta para realizar modificações,

Trabalhos de grupo sobre a ferramenta de Ensino a Distância,durante o curso de Aperfeiçoamento em Gestão de RecursosFísicos e Tecnológicos em Saúde. Foto Luisa Pessôa/Cris

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Danielle Monteiro - CCS

ma delegação composta porrepresentantes da OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) e daOrganização Pan-Americana

da Saúde (Opas) esteve reunida comgestores da Fiocruz nos dias 11 e 12 dejulho para discutir soluções em busca demelhorias nos sistemas nacionais de saú-de. O encontro foi pautado em temáti-cas como recursos humanos, determi-nantes sociais da saúde, modelos paraa transferência de tecnologia, além daatuação da Fiocruz como Centro Cola-borador da OMS em Saúde Pública eMeio Ambiente. Na abertura da reunião,o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha,apresentou aos visitantes as linhas depesquisa da Fundação, relembrou ascolaborações já existentes entre a Fun-dação e a OMS e propôs novas açõesconjuntas, com foco no fortalecimentodos sistemas nacionais de saúde, emdiretrizes da cooperação sul-sul em saú-de, entre outros. Veja aqui uma galeriade fotos do encontro.

Na ocasião a assistente de dire-ção-geral da OMS, Marie-Paule Kieny,destacou o papel desempenhado atual-mente pelo Brasil no cenário internacio-nal, a importância da Fiocruz neste con-texto e a relevância da discussão dessastemáticas no encontro. “Nós vivemosem um mundo onde as iniquidades en-tre os ricos e os pobres estão aumen-

Organização Mundial da Saúde e Fiocruzdebatem novas linhas de cooperação

Utando não somente entre os países, mastambém entre as populações dessespaíses. Sendo assim, discutir os deter-minantes sociais da saúde e a coberturauniversal em saúde de forma a assegu-rar o acesso a medicamentos e aos ser-

viços de saúde a todos no mundo é muitoimportante”, afirmou.

O conceito de cobertura universalem saúde também esteve na pauta dadiscussão. A temática está no centro dadiscussão sobre qual objetivo global con-viverá com (ou substituirá) os atuais trêsobjetivos de saúde que constam nosObjetivos de Desenvolvimento do Milê-

nio (ODM). Para subsidiar a posição doBrasil em fóruns internacionais, a Fiocruz,por meio do Cris, elaborou no início doano um documento de posição, expres-sando uma análise crítica em torno doconceito de saúde e de cobertura uni-

versal em saúde e defendendo sistemasde saúde universais, integrais, equitati-vos e de qualidade. No documento, acobertura universal em saúde não estárestrita somente à atenção aos enfer-mos, mas também à promoção da saú-de, à prevenção da doença e ao trata-mento da mesma.

Marie-Paule contou que a OMS

A assistente dedireção-geral da OMSMarie-Paule Kieny emencontro comgestores da Fiocruz.Foto: Peter Ilicciev/CCS

adequações ou ampliações, já que osoftware é livre. “Esta proposta pre-tende contribuir com o objetivo delongo prazo do MSPP de utilizar umúnico sistema de informação sanitá-ria”, conta.

A Fiocruz também realizou o pri-meiro módulo do curso de Aperfeiçoa-mento em Gestão de Recursos Físicose Tecnológicos em Saúde, de 31 dejulho a 6 de agosto. Coordenado pelaarquiteta e professora da Ensp/Fiocruz,Luísa Regina Pessôa, o curso terá qua-tro módulos ao total e conta com 25alunos, entre eles administradores, ges-tores e responsáveis por logísticas doMSPP. O objetivo é propor uma forma-ção sobre planejamento, manutenção

e administração de recursos físicos eequipamentos de saúde. “A manuten-ção desses equipamentos é tão impor-tante quanto sua aquisição. Elemen-tos como a rede elétrica, por exem-plo, precisam de cuidados, pois a fal-ta de administração e planejamentopode gerar uma reação em cadeia einutilizar todo um complexo”, explicouBrignol. A abertura do curso contoucom autoridades do MSPP, que desta-caram sua relevância para a sustenta-bilidade dos serviços de saúde no Hai-ti e, principalmente, a importância dascooperações internacionais.

As atividades conduzidas pelaFundação no Haiti ainda englobaram,em 26 de julho, a discussão de propos-

ta para a realização de uma Oficina deEducação Permanente. Com represen-tantes do MSPP e do setor de forma-ção na diretoria de RH do Ministério, oencontro teve como objetivo apresen-tar o conceito de educação permanen-te, que consiste em adquirir conheci-mentos novos e refletir sobre os pro-blemas a partir da experiência profissi-onal, aprimorando todos os fluxos detrabalho. “A ideia foi bem aceita, jáque a atividade ainda não é feita noHaiti”, conta Brignol. A oficina estáconfirmada para 10 a 13 de setembro.

Para saber mais sobre aCooperação Tripartite Brasil – Cuba– Haiti, acessehttp://ww.cooptripartite.icict.fiocruz.br

Parceria com OMS

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CRIS INFORMA #9 | JULHO DE 2013 - ExpedienteCoordenadoria de Comunicação Social (CCS) | Edição e redação: Danielle Monteiro com colaboração de Thiago

Oliveira | Projeto gráfico e edição de arte: Rodrigo Carvalho | Fotografia: Peter Ilicciev e Arquivo CCS

Contato: Danielle Monteiro - Tel: (21) 3885-1065 - E-mail: [email protected]

também está redigindo um documen-to no qual descreve o significado dacobertura universal em saúde. “O con-ceito de cobertura universal em saúdenão inclui somente o cuidado à saúde,mas também prevenção, reabilitaçãoe cuidado paliativo, tratamento, entreoutros itens. Ele cobre todo o espectrode serviços necessários para manter apopulação, e não somente o indivíduo,saudável”, explicou. Segundo ela, oprincipal desafio que atualmente exis-te no setor de saúde é a fragmentaçãode ações ao redor do mundo. “Há cadavez mais iniciativas aparecendo e, aomesmo tempo, muitas desaparecendo.Volta e meia aparecem grandes orga-nizações colocando dinheiro em deter-minada iniciativa e depois de dois outrês anos há uma perda de interessedesses doadores”, lamentou.

Ela defende que o Brasil, assimcomo outros países integrantes dosBRICS, poderia exercer papel funda-mental neste contexto. “Os BRICS (gru-po composto pelo Brasil, Rússia, Chi-na, India e África do Sul), por exem-plo, têm cada vez mais voz no cenáriointernacional, conduzindo políticas edando seguimento a discussões. Porém,quando a discussão termina, eles ten-dem a olhar a questão nacionalmente;porém, há uma expectativa de que elesexerçam um papel não somente no di-álogo político, mas também no desen-volvimento de outros países”, disse.Para o presidente do Conselho Políticoe Estratégico do Instituto de Tecnolo-gia em Imunobiológicos (Bio-Mangui-nhos/Fiocruz), Akira Homma, tambémpresente à discussão, a possibilidade dea instituição ampliar o mercado nãosomente no Brasil, mas também a ou-tros países, depende de uma negocia-ção à parte, junto a laboratórios de ci-ência e tecnologia. “Toda essa ques-tão começa com a negociação propri-amente dita e, para isso, são necessá-rios negociadores que entendam doproblema e que sejam profissionais emnegociar, e isso é um processo de apren-dizagem”, alegou.

Determinantessociais da saúde(DSS)

Durante a discussão sobre determi-nantes sociais da saúde foi proposto umplano de ação em conjunto com a OMSpara cooperação técnica voltada para ocapacity building focada nos DSS combase na Declaração do Rio, produto de-corrente da Conferência Mundial sobreos Determinantes Sociais da Saúde ocor-rida no Rio de Janeiro em 2011. O docu-mento expõe o compromisso dos Esta-dos Membros e aponta medidas para seatingir a equidade social e em saúde pormeio de ações focadas nos DSS. A par-ceria teria como pontos focais a gover-nança em DSS, a importância da partici-pação social, as experiências de monito-ramento e medidas nessa área, as políti-cas públicas voltadas ao enfrentamentodos DSS e o papel do setor de saúde,reiterando, dessa forma, as dimensõesapresentadas na Declaração do Rio. Es-sas temáticas serão o foco do 1º Seminá-rio Nacional sobre Determinantes Soci-ais da Saúde – Região Nordeste, queocorrerá de 2 a 4 de setembro, no Reci-fe; idealizado pelo Centro de Estudos,Políticas e Informação sobre Determinan-tes Sociais da Saúde (Cepi/DSS) da Ensp/Fiocruz, em parceria com o ConselhoNacional de Secretários Municipais deSaúde, o Conselho Nacional de Secre-tários Estaduais de Saúde, a Opas/OMS,entre outras instituições. O evento seráo primeiro de uma série de encontrosque vão acontecer em cada região doBrasil com foco nos DSS predominantesem cada uma delas.

Para o diretor do Departamentode Ética e Determinantes Sociais daSaúde da OMS, Rüdiger Krech, o prin-cipal desafio no campo de determinan-tes sociais da saúde, enfrentado emtodo o mundo, é a compreensão do sig-nificado do termo saúde, que, segun-do ele, geralmente é exclusivamente as-

sociado a doenças. “A saúde na opiniãopública não está associada a bem-estar,pois remete a hospitais e doenças. Saú-de, na verdade, é muito mais que isso eestá relacionada às decisões que são to-madas na educação, na proteção social,no transporte e em outros setores queestão fora da área de saúde, mas queprovocam impacto sobre ela”, salientou.Mostrar que a saúde é criada em grandeparte por outras áreas, fora de seu se-tor, deixando claro que há conexõesentre as politicas tomadas nos diversossetores, para ele, seria uma das solu-ções que mudariam esse panorama.“Precisamos também trabalhar em ca-pacity building e no treinamento de re-cursos humanos da área de saúde, ecompreender melhor como os profissio-nais podem agir em suas próprias co-munidades com foco em suas condiçõessociais e agir contra elas”, defendeu.

Produção einovação

Em encontro com gestores deBio-Manguinhos/Fiocruz, de Farman-guinhos/Fiocruz, e do CDTS/Fiocruz, adelegação da OMS mostrou interessenos princípios e ações do chamadoComplexo Industrial da Saúde, bemcomo na atual política de pesquisa, de-senvolvimento tecnológico e de inova-ção brasileiras. A ideia seria tomá-loscomo modelo a ser proposto a outrospaíses. “O Brasil é um exemplo únicono mundo que optou pelo caminho dejuntar a saúde com desenvolvimentoe trabalhar o SUS junto com o sistemade ciência, tecnologia e inovação. Issofez com que eles percebessem quedevem acompanhar o Brasil mais deperto”, afirmou o vice-presidente deProdução e Inovação em Saúde da Fi-ocruz, Jorge Bermudez.

Também foi proposto que o Cen-tro Colaborador da OMS em SaúdePública e Meio Ambiente, lideradopela Fiocruz, acompanhe e proponha

Parceria com OMS

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Durante o encontro, foi proposta ainda a criação conjunta de um Centro Colaboradorem Saúde Global e Cooperação Sul-Sul na Fiocruz. Crédito: Peter Ilicciev/CCS

para discussão na Opas/OMS o mo-delo brasileiro de inovação integradoao acesso a medicamentos. “O Cen-tro Colaborador foi muito elogiado du-rante o encontro, sendo mencionadocomo o que, de todos os países, temmais demandas de Washington naárea de medicamentos, apresentan-do os melhores resultados concretos”,salientou Bermudez. Foi abordadaainda a necessidade de que certosentraves regulatórios, que tratam doesquema de pré-qualificação de pro-dutos da OMS, sejam discutidos emelhor trabalhados entre as agênci-as reguladoras dos países. “A discus-são vai continuar, pois a ANVISA, emparceria com a OMS e o apoio daFiocruz, deverá trazer em 2014 aConferência Mundial de AgênciasReguladoras para o Rio de Janeiro”,adiantou Bermudez.

A delegação também manifes-tou interesse em conhecer mais de-talhes sobre o funcionamento dasParcerias de Desenvolvimento Produ-tivo (PDPs) da Fiocruz. Das 87 PDPsque o Ministério da Saúde vem im-plementando no Brasil, 36 são da Fun-dação, que atualmente é a institui-ção pública mais envolvida neste tipode parcerias no país. Também foi pro-posta uma integração entre a Socie-dade Moçambicana de Medicamen-tos, fábrica instalada em Moçambi-que com apoio de Farmanguinhos/Fi-ocruz, e outras ações que a OMS temacompanhado na África.

Centro Colaboradorem Saúde Global eCooperação Sul-Sul

Também integrou o debate a pro-posta de criação conjunta de um CentroColaborador em Saúde Global e Coope-ração Sul-Sul na Fiocruz. A instância vaiconduzir atividades focadas em temáti-cas que integram tanto a agenda da Fio-cruz quanto a da OMS - como Determi-nantes Sociais da Saúde, a saúde naagenda do desenvolvimento pós-2015, oprograma e-português (plataforma cria-da para reforçar o desenvolvimento deRecursos Humanos em Saúde por meiodo compartilhamento de conhecimen-tos), a saúde global e a cooperação sul-sul e o fortalecimento dos sistemas desaúde - em interseção com áreas de en-sino e educação; pesquisa e desenvolvi-mento; e cooperação técnica. “Umaideia, por exemplo, seria, com foco nosDeterminantes Sociais da Saúde e nasaúde na agenda do desenvolvimentopós-2015, desenvolver e fomentar políti-cas que constam na Declaração do Riopor meio de atividades de pesquisa e de-senvolvimento, de cooperação técnica ede formação de RH”, explicou o coorde-nador do Centro de Relações Internacio-nais em Saúde (Cris/Fiocruz), Paulo Buss.

Algumas dessas atividades propos-tas como funções desse futuro centrocolaborador já existem e outras aindaserão criadas, conforme conta Buss: “O

e-portuguese, por exemplo, que estáfuncionando na OMS, será fortalecidopor meio do Icict/Fiocruz e, com isso, aFundação vai começar a se prepararpara receber o programa, de forma queele comece a funcionar aqui”. Outraideia, segundo ele, seria que esse cen-tro colaborador trabalhasse atividades defortalecimento dos sistemas nacionais desaúde, as quais, na Fiocruz, estão con-centradas em ações de cooperação téc-nica que ocorrem por meio da Rede deInstitutos Nacionais de Saúde (Rins) e deEscolas Técnicas de Saúde (Rets). “Ossistemas nacionais de saúde têm insti-tuições que são críticas, estruturantes efundamentais, como os institutos nacio-nais de saúde e as escolas de governoem saúde. Por isso, o centro deve fazeruso desses instrumentos da cooperaçãosul- sul para fortalecer os sistemas desaúde entre os países do sul”, argumen-tou. Na Fiocruz, o Cris é o responsávelpela articulação entre os Institutos Naci-onais de Saúde integrantes da rede(RINS). Já a Ensp/Fiocruz e a EPSJV/Fio-cruz ficam encarregadas do trabalho comas Redes de Escolas de Saúde Pública(RESP) e de Escolas Técnicas de Saúde(RETS), respectivamente.

A proposta de criação de um Cen-tro Colaborador Fiocruz-OMS começoua ser discutida pelo presidente da Funda-ção, Paulo Gadelha, em Genebra, sen-do levada em seguida ao Conselho Deli-berativo da instituição, composto por re-presentantes de suas diversas unidades,que deu total apoio à iniciativa. Para Ga-

delha, o encontro ren-deu bons frutos, poistrouxe representantesde uma instituição im-portante como a OMS/ Opas e de suas áreasdistintas. “O encontroproduziu uma sinergiamuito rica, tanto deaprendizado da nossaparte quanto dos re-presentantes da OMSe Opas, que puderemconhecer melhor a Fi-ocruz e ter um diálogomais estreito e uma tro-ca de ideias com diver-sas esferas da Funda-ção em campos quesão sempre comple-mentares”, avaliou.

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Doutorado Internacionalmarca sucesso decooperação com Portugal

Danielle Monteiro - CCS

urante o mês de julho a Fio-cruz deu início a uma de suasgrandes conquistas no cam-po de cooperação internaci-

onal: o Doutorado Internacional emDireitos Humanos, Saúde Global e Po-líticas da Vida. O curso foi iniciado nodia 16, com uma aula sobre demo-cracia, o Estado e as serialidades so-ciais, e as políticas para além do ne-oliberalismo clássico, proferida peloprofessor da Universidade do Estadodo Rio de Janeiro (Uerj), José Maurí-cio Domingues e promovida pela Vice-Presidência de Ensino, Informação eComunicação (VPEIC/Fiocruz). Resul-tado de um esforço conjunto entrediversas unidades da Fundação, a ini-ciativa é fruto do convênio entre a

DFundação e o Centro de Estudos So-ciais (CES) da Universidade de Coim-bra, Portugal.

A proposta de elaboração dodoutorado foi motivada pela visita doprofessor e diretor do Centro de Estu-dos Sociais da Universidade de Co-imbra, Boaventura de Sousa Santos,à Fiocruz, em 2011. Desde então, foidado início a um intenso trabalho ins-titucional, que culminou com o iníciodessa primeira turma, que terá a par-ticipação de seis programas de pós-graduação da Fundação envolvendoseis de suas unidades: a Casa deOswaldo Cruz (COC); a Escola Naci-onal de Saúde Pública (Ensp), a Fio-cruz Minas Gerais, a Fiocruz Pernam-buco, o Instituto de Comunicação eInformação Científica e Tecnológicaem Saúde (Icict) e o Instituto Nacio-

nal de Saúde da Mulher, da Criançae do Adolescente Fernandes Figueira(IFF). A iniciativa tem como objetivoformar profissionais capazes de elabo-rar propostas em resposta aos princi-pais desafios contemporâneos coloca-dos no campo da saúde pública, osquais abrangem aspectos epistemoló-gicos e políticos, como a relação entreos saberes biomédicos e outros relacio-nados à saúde, à doença, ao corpo, àspráticas de cura ou às condições soci-ais, econômicas, culturais e ambientais.Busca ainda problematizar os temas dajustiça social, cognitiva e ambiental esuas implicações para as condições desaúde e bem-estar das populações.Foram selecionados para participar doprojeto três alunos brasileiros e cincoportugueses, que, ao final do curso, ga-nharão dupla titulação.

Os participantes da mesa de abertura da aula inaugural do Doutorado Internacional em Direitos Humanos,Saúde Global e Políticas da Vida . Foto Peter Ilicciev/CCS.

Doutorado Internacional

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Na abertura da aula, a coorde-nadora do convênio CES-Fiocruz Ma-ria Helena Barros destacou a impor-tância do doutorado, o qual, segun-do ela, representa três anos de cons-trução de uma iniciativa que come-çou a ser germinada antes mesmo dacriação do convênio. “Esse projetomostrou que é possível barrarmosfronteiras e colocar a saúde como di-reito humano sob um ponto de vistatranscontinental. O curso é somenteuma das atividades que pretendemoster dentro desse convênio, que deveser ampliado para mais linhas de pes-quisa”, afirmou. Também presente àmesa de abertura, o diretor da Ensp/Fiocruz Hermano Castro disse que,para a elaboração da iniciativa, foipreciso vencer dificuldades que vãoalém da distância e passam pelo pró-prio esforço conjunto entre as diver-sas esferas da Fundação. Segundoele, o doutorado, por ter como umade suas principais temáticas os direi-tos humanos, se coloca como umgrande desafio aos alunos que delevão participar e se apresenta comouma importante proposta para as so-luções de grandes problemas vivenci-ados no mundo. “Um curso que sechama direito à vida me lembra afome no planeta, uma das misériasdo mundo que atualmente nos cha-ma mais a atenção. Milhares de pes-soas morrem de fome, e não é porescassez de comida. Isso significa queprecisamos melhorar em muito as po-líticas, e são as políticas intercontinen-tais que vão contribuir para mudar-mos situações como essas”, enfatizou.

O professor e coordenador doConselho Científico do CES da Uni-versidade de Coimbra José ManuelPureza comparou o discurso dos di-reitos humanos a um ato de corageme bravura. “Há muitos e muitos anoso padre Antonio Vieira, ao dizer queíndios e negros tinham alma assimcomo todas as outras pessoas, foi cas-tigado com o exílio e pagou com suaprópria vida, experimentando de for-ma cruel o que acontece quando sefala de direitos humanos de formatransparente e arrojada”, lembrou.Segundo Pureza, falar de direitos hu-manos e políticas da vida ainda nãoé fácil nos dias de hoje e a discussão

dessas temáticas se dá em um momen-to onde predominam a redução da de-mocracia, o desperdício de conheci-mento e a mercantilização da vida. “Pormeio desse curso, o CES e a Fiocruz se‘hermanam’ nessa aventura provandoque a ousadia de uma ciência cidadãnão tem limites”, concluiu.

Para o diretor da COC/Fiocruz,Paulo Elian, o curso é um projeto ino-vador e desafiador. “Áreas biomédi-cas servem para ajudar a superar asfronteiras continentais do saber. Es-pero que essa turma seja a primeirade muitas que ainda virão”, disse. Acoordenadora de pós-graduação daFiocruz Cristina Guiillam chamouatenção para o longo período de cons-trução do projeto e o destacou comoum dos grandes ganhos da instituição.“É um tesouro termos esse curso queinternacionaliza os programas dessacasa”, afirmou. Já a vice-presidentede Ensino, Informação e Comunica-ção da Fiocruz, Nísia Trindade Lima,enfatizou o trabalho em conjunto dediversas unidades da Fiocruz para aelaboração da iniciativa e abordou oque, para ela, foi a principal dificul-dade que teve que ser superada parasua concretização: a conjugação deações na instituição. “O curso foi de-safiador para nós, pois geralmente nãoé fácil a integração de diversas ações.Ele expressa um movimento maisamplo da instituição de associar umavisão do campo da saúde coletiva edas ciências sociais a questões bas-tante candentes na sociedade con-temporânea, no plano dos direitos hu-manos e da globalização”, avaliou.

Segundo o professor e diretor doCentro de Estudos Sociais da Univer-sidade de Coimbra, Boaventura deSousa Santos, o doutorado é um gan-ho fundamental nas relações entre aFiocruz e a Universidade de Coimbra.“Direitos humanos, políticas da vidae saúde são temáticas fundamentaise extremamente atuais e que têm es-tado muito presentes em ambas asinstituições”, afirmou. O presidente daFiocruz, Paulo Gadelha, afirmou queo curso reúne duas instituições comcaracterísticas distintas, mas tambémcomuns, como o forte compromissocom a questão social, a excelênciaem pesquisa e a promoção da refle-

xão acadêmica militante. “Esse dou-torado vai nos dar um aprendizadomútuo imenso e será uma fonte ri-quíssima de reflexões e de formas dereforçar o papel institucional da Fio-cruz em uma dimensão mais ampla”,finalizou.

Aula inauguralCom base na obra A sociologia

da modernidade: liberdade e discipli-na, do teórico social alemão PeterWagner, o professor da Universidadedo Estado do Rio de Janeiro (Uerj)José Maurício Domingues abriu a aulainaugural abordando as três fases daModernidade desde fins do século 18.A primeira, intitulada como liberal res-trita, segundo ele, foi marcada por lu-tas sociais e teve o mercado como ins-tituição fundamental e elemento or-ganizador da vida social, tendo a fa-mília patriarcal e a cidadania civilcumprindo papel fundamental. “Elafoi uma modernidade liberal restritapor conta das lutas sociais desenca-deadas a partir de seus próprios valo-res e da limitação das suas institui-ções para incorporá-los e politizá-lose, em parte também, por conta daprópria dinâmica do mercado, que semostrava caótico e incapaz de pro-porcionar um crescimento estável eincorporar todos na riqueza produzi-da pelo capitalismo”, explicou.

A descrença no mercado, com-binado à luta dos trabalhadores e dasmulheres durante o período, contouDomingues, acabou levando a umacrise dessa fase da modernidade emfins do século 19, abrindo espaço parauma nova etapa, chamada liberalis-mo. O Estado passa então a exercerpapel central nessa nova etapa da mo-dernidade, tornando-se o organizadorda sociedade e coordenador da vidasocial por meio de medidas e hierar-quias. Surge, então, o Welfare state- um conceito de governo no qual oEstado tem papel chave na proteçãoe promoção da economia e no bem-estar social de seus cidadãos – e oFordismo, um sistema de produçãoem massa que organiza a produçãode forma hierárquica e verticalizada.“Essa modernidade liberal, no entan-

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to, terá como outra face uma moderni-zação colonial no resto do mundo, quenão tem nada de liberal. Ou tem ele-mentos liberais apenas quando esses in-teressam às potências metropolitanas,como no caso do mercado indiano vol-tado para os produtos têxteis ingleses”,ponderou. Essa segunda fase da moder-nidade, que se inicia por volta da déca-da de 1920 e ganha força nos anos 1940,entra em crise na década de 1970.

Eventos como a crise do fordismo,do estado do Bem-Estar Social e do siste-ma capitalismo mundial refletem essedeclínio. Com isso, surge uma nova faseda modernidade. Esta, ao contrário dasduas primeiras, que foram marcadas pelahomogeneização da vida social, se ca-racteriza pelo aumento da complexida-de da vida social em todas as suas esfe-ras, tendo como resultado a pluralizaçãosocial e a fragmentação das identidadese movimentos sociais, conforme narrouDomingues: “Hoje em dia, cada movi-mento social fala com a sua voz. E a ten-dência, como vimos nessas manifesta-ções recentemente ocorridas no país, éa fragmentação ser tanta que é como secada um tivesse sua própria perspectivade coletividade”. Essa característica pe-culiar à atual fase da modernidade, se-gundo ele, impõe um grande desafio àsociedade em todo o mundo, demandan-do respostas diferentes dos diversos pro-jetos políticos existentes atualmente. “Jun-tar todos esses elementos de maneira

emancipatória não é simples. E se para-mos nas identidades fechadas, setoriali-zadas, fragmentadas e incapazes de secomunicar umas com as outras, os pro-cessos democráticos e a própria capaci-dade de universalização de uma socie-dade vai se esgotando”, alertou.

Para solucionar essa questão,para ele, é necessário que, nesta plu-ralidade da modernidade contempo-rânea, sejamos capazes de articularelementos de universalidade com ele-mentos dessa crescente particulariza-ção das identidades sociais. “Nessesentido a América Latina tem muito anos ensinar nos últimos anos. E a Cons-tituição brasileira é exemplo disso”,afirmou Domingues. Nesse contexto,segundo ele, o conceito de neolibera-lismo, muito falado atualmente e as-sociado à ideia de mercantilização ab-soluta da vida social, dever ser repen-sado. “Quando falamos unicamentede neoliberalismo, deixamos de ladoesse esquema de dominação globalque aposta na pluralidade para darsequência a seus projetos emancipa-tórios, fundamental para a arquitetu-ra global do mundo atual”, defendeu.Para Domingues, o termo ‘neolibera-lismo’ deveria ser substituído por ‘so-cial liberalismo’, uma vez que ele estápreocupado não somente com a mer-cantilização da vida social, mas tam-bém em reorganizar o tecido social,implementando políticas de governan-

ça através da fragmentação.Sendo assim, defendeu ele, os

grandes projetos homogêneos, sejamde emancipação ou de dominação,não podem mais operar de formacompleta e devem dar lugar ao queDomingues chamou de uma “agen-da de solidariedade complexa”, quecombinaria a universalização de cer-ta políticas sociais com politicas seto-rializadas e as demandas dos movi-mentos sociais particularizados. “Afragmentação dessa vida social per-mite uma governabilidade fragmen-tada e tira de cena, fundamentalmen-te, a universalização das politicaspúblicas e, em particular, das políti-cas sociais”, concluiu.

José Maurício Domingues temgraduação pela Historia pela Pontifí-cia Universidade Católica do Rio deJaneiro (Puc-Rio), mestrado em soci-ologia pelo IUPERJ-UCAM e doutora-do em sociologia pela Global Econo-mics and Political Science da Univer-sidade de Londres. Foi professor e pes-quisador no IUPERJ-UCAM e trabalhacom teoria sociológica e política, atu-ando, principalmente, em temáticascomo teoria da subjetividade coleti-va, modernidade global, sociedadecontemporânea, modernidade brasi-leira, América Latina, Índia, China,movimentos sociais e cidadania. Temdiversos livros publicados em portu-guês, inglês e espanhol.

Com base em obra de teóricosocial alemão, o professor daUERJ José MaurícioDomingues promoveu debatesobre democracia, Estado,serialidades sociais e aspolíticas para além doneoliberalismo.Foto Peter Ilicciev/CCS

Doutorado Internacional

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Fiocruz estuda parceria em neurociênciase doenças infecciosas com franceses

Danielle Monteiro - CCS

ovas colaborações em vistaentre a Fiocruz e a França.O diretor da Divisão de Ci-ências da Vida da organiza-ção francesa CEA (Comis-

são de Energia Atômica e de EnergiasAlternativas), Gilles Bloch, esteve emvisita à Fundação para discutir possibi-lidades de parcerias com a instituição.Recepcionado por membros do Cris/Fi-ocruz no dia 8 de julho, ele conheceuo trabalho da Fundação, sua atuação eimportância para o SUS, assim comosuas ações internacionais. Bloch mos-trou interesse em cooperações no cam-po de neurociências, doenças infeccio-sas e no intercâmbio de pesquisadorese estudantes nas áreas de proteômica(estudo das proteínas) e genômica. “OBrasil é um país muito grande com rá-pido crescimento em diversos camposda saúde, portanto um parceiro poten-cialmente estratégico para nós. Essaparceria será muito benéfica para asduas instituições”, disse Bloch.

Também presente ao encontro, odiretor do IOC/Fiocruz e coordenadordo Laboratório Internacional Associadode Imunoterapia e Terapia Celular –

Nfruto da parceria entre a Fundação e auniversidade francesa Pierre et MarieCurie (UPMC) -, Wilson Savino, comen-tou que as parcerias inicialmente nãodevem estar restritas a determinadaspatologias, mas devem privilegiar a for-mação de pessoal em tecnologias dealto desempenho para uso em ciênciasbiomédicas. “Em termos de neurociên-cias, sem dúvida podemos vislumbrara curto e médio prazo projetos bilate-rais envolvendo alterações neurológicasem doenças infecciosas sobre as quaisa Fiocruz detém grande expertise”, pro-pôs. Ele ainda destacou que a coope-ração bilateral no campo de neuroci-ências vai permitir o reforço na capaci-tação de jovens pesquisadores da Fio-cruz nesta área do conhecimento.

O assessor do Cris/Fiocruz VincentBrignol assinalou que a CEA pode serimportante parceira no âmbito do pro-grama de cooperação científica na áreade neurociências que a Fiocruz está de-senhando com institutos de pesquisa daFrança. A Fundação, por meio do Cris eda Vice-Presidência de Pesquisa e La-boratórios de Referência (VPPLR), reali-zou, em janeiro desse ano, um mapea-mento de suas potenciais equipes e li-nhas de pesquisa no campo de neuroci-

ências para o desenvolvimento de coo-perações com instituições francesas naárea. Como resultado dessa ação, fo-ram propostas parcerias nos campos deneuroinflamação em doenças infeccio-sas como dengue, hanseníase, malária,doença de Chagas e septicemia; estu-do do comportamento de insetos veto-res de doenças infecciosas; terapias ce-lulares para doenças como hanseníase,derrame e enfermidades neuromuscu-lares; biologia clínica e do genoma emdoenças neurodegenerativas como Pa-rkinson e Alzeimer; além de experimen-tos no campo de desordens psiquiátri-cas como autismo e esquizofrenia.

“A CEA tem equipamentos, estru-tura de ponta e equipes científicas deexcelência, que trabalham em conjuntocom outros organismos franceses comoo Centro Nacional de Pesquisa Científi-ca (CNRS, em francês) e o Instituto Na-cional Francês de Saúde e PesquisaMédica (Inserm). Além disso, eles esti-mulam a criação de start-ups para de-senvolver tecnologias e produtos demercado a partir de patentes e outrosresultados da pesquisa fundamental.Será muito útil conhecer melhor estemodelo para apoiar estes tipos de açõesna Fiocruz”, afirmou Brignol. Em março

destaques

Os diretores do departamento de Ciências da Vida e de Relações Internacionais da CEA Gilles Bloch eRenaud Blaise em encontro no Cris/Fiocruz. Foto Peter Ilicciev/CCS

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de 2014 será realizado um seminárioentre a Fiocruz, a CEA e outros parcei-ros franceses para a definição de futu-ras cooperações e escolha dos pesqui-sadores que delas participarão. “Até lá,vamos manter o contato com a CEA edivulgar esta ação na Fiocruz para in-centivar a comunicação direta entre ospesquisadores, que são a base dessacooperação científica”, adiantou Brignol.

Formado em engenharia pela Es-cola Politécnica na França, Gilles Blochcomeçou a trabalhar na sede da CEAna cidade de Saclay, localizada nos ar-redores de Paris, em 1985, quandoatuou no estudo estrutural de RNA sin-tético (ácido ribonucleico, responsávelpela síntese de proteínas da célula) atra-vés do uso da técnica de ressonânciamagnética nuclear NMR. Em 1990, ini-ciou sua atuação na organização fran-cesa como pesquisador científico. Tor-nou-se o primeiro diretor da então re-cém-criada Agência de Pesquisa Naci-onal entre 2005 e 2006. Neste últimoano, foi nominado diretor geral de Pes-

quisa e Inovação no Ministério de Pes-quisa e Educação. Assumindo essasduas diferentes funções, contribuiu for-temente para a renovação do sistemade pesquisa francês. Desde 2009, atuacomo diretor do departamento de Ci-ências da Vida da CEA.

Comissão deEnergia Atômicae de EnergiasAlternativas

A Comissão de Energia Atômicae de Energias Alternativas (CEA) é umaorganização de pesquisa tecnológicafinanciada pelo governo francês e re-conhecida como uma das principais ins-tituições na área da pesquisa europeia.Uma de suas funções é estabelecer pro-jetos colaborativos com outras institui-ções ao redor do mundo. Além de tra-balhar no desenho e operação de es-

destaques

truturas de pesquisa de larga escala,atua em quatro diferentes campos:energia, defesa e segurança global etecnologias de saúde e da informa-ção, em associação com pesquisas deexcelência. Conta com dez centros depesquisa, 15 laboratórios de excelên-cia, uma equipe composta por 15.982mil técnicos, pesquisadores e enge-nheiros e 1.488 mil estudantes dePh.D, além de ter 55 acordos assina-dos com universidades e escolas e 950artigos científicos publicados somen-te no ano de 2012.

O departamento de Ciências daVida da CEA combina pesquisa bási-ca com pesquisa tecnológica aplica-da para oferecer ideias-chave noscampos de energia e cuidados da saú-de. Desenvolve tecnologias inovado-ras voltadas ao setor de cuidados dasaúde por meio da condução de pro-gramas de pesquisa em áreas comoimagiologia médica, pesquisa em ge-noma, biologia em larga escala e en-genharia de proteínas.

Carolina Landi e Priscila Sarmento - Ipec

oi promovido no Ipec/Fio-cruz o 3º Curso Internacio-nal de Doença de Chagase Dengue, uma parceria daorganização Médicos Sem

Fronteiras (MSF) com a Fundação. Ainiciativa, que tem apoio da Vice-Pre-sidência de Ambiente, Atenção e Pro-moção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz),teve o objetivo de formar profissionaisque trabalham em programas da MSFe se deparam com epidemias de do-ença de Chagas e dengue no trabalhode campo. O curso, que aconteceuentre os dias 2 e 5 e 8 e 10 de julho,contou com a participação de cercade 60 profissionais. Ele vai possibilitaraos gestores, médicos e técnicos que,ao retornarem às suas áreas de cam-po, renovem e modifiquem práticaspara obterem melhores resultados nocombate às ocorrências epidêmicas.

FPara o presidente da MSF no

Brasil, Mauro Nunes, a ação consoli-da e aperfeiçoa a parceria com a Fio-cruz, assinada em setembro do anopassado. “É necessário melhorar ascondições de vida dos pacientes dedoença de Chagas e dengue e ofere-cer conforto às pessoas que sofremcom doenças negligenciadas”, disse.Segundo a coordenadora da unidademédica no Brasil da MSF, Maria Ca-rolina Batista dos Santos, é importan-te que o curso tenha sido feito naFundação, que é referência em estu-dos sobre essas enfermidades. “A Fi-ocruz tem a maior concentração percapita de especialistas nesses assun-tos. É natural que a formação sejarealizada em uma instituição comesse histórico”.

A metodologia do curso foi com-posta por aulas teóricas e em labora-tório, para desenvolver a aplicabilida-de das evidências das pesquisas em

áreas rurais e remotas dos diversospaíses. Os médicos também foramtreinados em abordagens práticas,como avaliação e resposta rápidapara diagnóstico e tratamento. Alémde profissionais de campo, represen-tantes dos ministérios da Saúde depaíses afetados, como a Bolívia, es-tarão presentes às aulas. “Isso é mui-to importante, porque acredito queseja uma via de mão dupla, tantopara a MSF como para a Fiocruz, pelainterface com as pessoas que vieramde campo e trabalharam com o ma-nejo da doença in loco. É uma ponteentre o saber acadêmico e a prática”,diz Maria Carolina.

O infectologista e pediatra Hec-tor Freilij, que representa o Ministérioda Saúde da Argentina, acredita quetodo o esforço contra a doença de Cha-gas é muito bem-vindo e necessário:“A colaboração com iniciativas comoa da MSF é fundamental para alcançar

Formação em dengue e doença deChagas é alvo de parceria com MSF

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os locais em que o governo não chega.O curso traz muitas reflexões de expe-riências, tanto da MSF quanto da Fio-cruz”. Freilij informa que, na Argenti-na, o maior desafio é conscientizar osistema de saúde da necessidade detratar o paciente. “Na América Latinaexistem dificuldades por conta do sis-tema de saúde, dos médicos e dos ges-tores para diagnóstico e tratamento. Aconscientização está crescendo, mashistoricamente há mais dificuldades nocontrole do vetor, dos bancos de san-gue e no acesso aos medicamentos”.

”A cada edição o curso fica me-lhor. Dessa vez, a MSF separou o cur-so por módulos (doença de Chagas edengue), o que é uma grande opor-tunidade de ampliar um pouco maisos estudos”, complementa José Au-gusto de Britto, assessor da VPAAPS/Fiocruz e coordenador da Rede Den-gue/Fiocruz. “A MSF tem a doençade Chagas e a dengue como enfer-midades prioritárias atualmente. Ocurso é voltado para essas linhas de

cuidado e é bem prático. Além defornecer o local, oferecemos parte danossa expertise, por meio de médi-cos e pesquisadores que trabalhamcom doença de Chagas”, informa odiretor do Ipec, Alejandro Hasslocher.

Segundo dados da organizaçãoDrugs For Neglected Diseases inicia-tive (DNDi), a doença de Chagas éresponsável por cerca de 12 mil mor-tes por ano na América Latina. A en-fermidade representa um custo glo-bal de US$ 7,2 bilhões por ano. OBrasil está no topo do ranking emperdas de produtividade, que chegama US$ 129 milhões anualmente.

Fiocruz e MSFA Fiocruz e a Médicos sem Fron-

teiras assinaram, em setembro, umacordo de cooperação que prevê açõesaté 2017 nas áreas de atenção à saú-de, apoio técnico, qualificação e trei-namento, pesquisa operacional e ela-boração de material científico. A coor-

denadora da Médicos sem Fronteirasno Brasil, Maria Carolina Batista dosSantos, informou que o acordo ampliaa parceria existente entre as duas insti-tuições desde 2007, além de incremen-tar os cursos anuais sobre dengue edoença de Chagas realizados pela Fio-cruz desde 2010 para profissionais desaúde da organização.

MSFA ONG tem experiência de mais

de 40 anos em situações de desastresnaturais e na vigilância epidemiológi-ca de pandemias e epidemias. Para oBrasil a parceria é de suma importân-cia, uma vez que a organização é es-pecialista em atuar nessas áreas, comuma ação ímpar na capacidade ope-racional e de assistência. Criada naFrança em 1971 para atender às de-mandas de populações atingidas porconflitos, epidemias, catástrofes natu-rais e fome, a MSF recebeu o PrêmioNobel da Paz em 1999.

Os participantes do Curso Internacional de Doença de Chagas e Dengue, fruto de cooperaçãoentre MSF e Fiocruz. Foto Gutemberg Brito/IOC

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des

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Priscila Sarmento – Ipec

Ipec/Fiocruz recebeu autoriza-ção do Aids Clinical Trials Group(ACTG), ligado ao Instituto Na-cional de Alergia e Doenças In-

fecciosas (Niaid) dos Estados Unidos, pararealizar ensaios de HIV/Aids para os es-tudos A5264, A5288, A5290, A5295 eA5298, coordenados pela pesquisadoraBeatriz Grinsztejn. Segundo o chefe doServiço de Integração de Ativi-dades Laboratoriais (Sial),Ivan Neves Jr, a certifica-ção é muito rigorosa edifícil de se conseguir.“A Virology QualityAssessment (VQA)tem um desvio pa-drão de 0,14 dediferença entre asamostras com omesmo númerode cópias. A faltade certificação im-pedia a possibilida-de de fazer váriosestudos ligados aoDepartamento deSaúde dos EstadosUnidos. Nós temos basi-camente duas redes,HPTN e ACTG, que até en-tão estavam paralisadas”, diz.A importância da liberação é quequalquer projeto em colaboraçãocom os Estados Unidos torna-se vi-ável uma vez que o Ipec/Fiocruz écertificado pelo Virology QualityAssessment (VQA). “Não existecomo fazer colaboração interna-cional e desenvolver os experi-mentos sem a certificação. Issoiguala a qualidade do nosso la-boratório com a dos interna-cionais”, diz Ivan.

Os estudos

O

Fiocruz vai iniciar novosensaios para estudos de HIV

HIV e câncerEste estudo refere-

se às pessoas que têm ainfecção pelo HIV e sar-coma de Kaposi (SK,um tipo de câncer li-gado à infecção pelo

tomar seus medicamentos, incluindolembretes de mensagem de texto em te-lefone celular. Haverá também uma par-te opcional para avaliar alguma mudan-ça de comportamento dessas pessoas porconta de sua inclusão no estudo.

HIV e tuberculoseÉ um estudo randomizado, aber-

to, que compara três regimes de lopi-navir/ritonavir (LPV/r) entre participan-tes, em locais de tuberculose (TB)com recursos muito limitados, que es-tão em tratamento para TB e neces-sitam tratar do HIV com um Inibidorde Protease (IP).

Diagnóstico detuberculose pulmonar

O objeto do estudo é o diagnós-tico de tuberculose pulmonar em ho-mens e mulheres infectados ou nãopelo HIV. O estudo avalia o mais novoteste diagnóstico de tuberculose noescarro, chamado Xpert MTB/RIF que,ao mesmo tempo em que é mais rá-pido que os testes usualmente utili-zados, testa a resistência do bacilo datuberculose à Rifampicina (medica-mento usado no tratamento da do-ença). Os pacientes deste estudo nãoreceberão qualquer tratamento paratuberculose.

HPV e AidsTrata-se de um estudo de vaci-

na contra o papilomavírus huma-no (HPV) versus placebo em ho-

mens infectados pelo HIVque fazem sexo com ho-

mens. A vacina previ-ne a infecção por

HPV persistente.O estudo tam-bém vai aju-dar a deter-minar a acei-tabilidade deprocedimentose tratamentosassociados à in-fecção por HPVanal.

HIV). A pesquisa vai comparar a eficáciae segurança dos medicamentos anti-HIV(ART) isoladamente ao ART combinadocom Etoposide (um medicamento anticân-cer) para o tratamento do SK, numa faseinicial (não grave) da doença, em indiví-duos que nunca foram tratados de SK eque atualmente não estão recebendo ARV.

Novas drogas anti-HIVO estudo verifica se pes-

soas infectadas pelo HIVque já tenham muda-

do seus antirretrovi-rais por ao menosduas vezes res-ponderão melhorquando for esco-lhido um novot r a t a m e n t ocom base emum exame desangue cha-mado “testede resistên-cia” ou “ge-notipagem”.O estudo ana-lisará novasdrogas anti-HIV e ajudaráas pessoas a

se lembra-rem de

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curtas

Uma equipe técnica do Peru es-teve em visita à Fiocruz entre os dias24 e 28 de junho. A missão ao Brasilteve como objetivo principal conhe-cer o funcionamento da Rede Brasi-leira de Bancos de Leite Humano, vi-sitando o Centro de Referência Naci-onal e Ibero-americano para BLHs,localizado no IFF/Fiocruz. Na ocasião,o diretor da unidade, Carlos Maciel,recepcionou os profissionais.

A programação contou aindacom a visita ao Hospital UniversitárioAntônio Pedro, em Niterói; ao BLH daMaternidade Herculano Pinheiro; àMaternidade Escola da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (ME/UFRJ)e ao Posto de Saúde da Família Sere-no, no qual funciona um posto decoleta de leite materno e de apoio àamamentação. Ao final da missão, aequipe conheceu o Icict/Fiocruz.

Fonte: IFF / Fiocruz

Expertise emBancos de LeiteHumano atraiperuanos àFundação

A Fiocruz cedeu pesquisadores doseu quadro para ministrar alguns mó-dulos no 1º Curso Internacional Intensi-vo para Atenção do Paciente com Do-ença de Chagas, entre 25 e 27 de ju-nho, no Paraguai. Com temas comoatenção integral, diagnóstico e trata-mento da doença de Chagas, o eventofoi realizado pela iniciativa Médicos semFronteiras (MSF) e Organização Pana-mericana de Saúde (OPAS).

Pesquisadores do Ipec/Fiocruz es-tiveram presentes na iniciativa, queteve a intenção de estruturar o progra-ma de doença de Chagas do Paraguai

Curso de capacitação em doençade Chagas no Paraguai

A Fiocruz, por meio do Canal Saú-de, o Consulado do Brasil em Córdobae a Universidade Nacional de Córdobaassinaram um termo de cooperaçãopara a criação do Canal Salud. A emis-sora argentina foi criada nos mesmosmoldes do Canal Saúde e será o primei-ro canal de televisão argentino a tratarexclusivamente do tema. Sua estreiaestá prevista para setembro deste ano.

A criação do canal é fruto da expe-riência bem-sucedida da participação da

Canal Saúde na Argentina

Universidade Nacional de Córdoba naVideomed – um festival de vídeos médi-cos que é realizado desde 1985, comedições no Brasil, Espanha e em paísesda América Latina, como a Argentina.Em agosto, dois técnicos do canal argen-tino virão ao Rio de Janeiro visitar o Ca-nal Saúde para conhecer de perto comofunciona a estrutura de produção e vei-culação do parceiro brasileiro.

Fonte: Canal Saúde

Farmanguinhospromovesimpósiointernacional

Por meio de sua Vice-diretoria deEnsino, Pesquisa e Inovação, Farman-guinhos vai promover, de 6 a 8 de no-vembro, o 2º Simpósio Internacionalsobre os Desafios e Novas Tecnologiasem Descoberta de Drogas e ProduçãoFarmacêutica. Com o objetivo de dis-cutir experiências bem-sucedidas nosetor, o evento será realizado no Riode Janeiro e as inscrições estarão dis-poníveis em agosto. Para mais informa-ções, acesse o cartaz do fórum.

– que foi recentemente finalizado comcolaboração de vários experts do mun-do - e o protocolo nacional de normastécnicas em termos de abordagens comos pacientes com cardiopatia causadapela infecção do Trypanosoma cruzi. Osprofissionais do Ipec/Fiocruz comparti-lharam a experiência com o tratamen-to da doença, principalmente no ma-nejo de eventos adversos ao Benzoni-dazol, considerado o tratamento de es-colha para pacientes na fase crônicada doença.

Thiago Oliveira - Cris

A Universidade Nacional de Córdoba é a mais antiga e tradicional da América doSul e a 3ª mais antiga das Américas. Foto Universidade Nacional de Córdoba

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curtas

Com base nas estatísticas oficiaisdo relatório lançado em 1º de julho pelosecretário-geral das Nações Unidas, BanKi-moon, as ações conjuntas dos go-vernos nacionais, da comunidade inter-nacional, da sociedade civil e do setorprivado estão tornando realidade ocumprimento dos Objetivos de Desen-volvimento do Milênio (ODM).

Ganhos significativos foram ob-tidos na área da saúde, indica o rela-tório. Taxas de mortalidade por ma-lária e tuberculose diminuíram em25% e 50%, respectivamente, en-quanto que novas infecções pelo HIVestão em declínio. Também foramobservadas reduções na porcentagemde pessoas que sofrem de fome, nataxa de mortalidade materna e decrianças menores de cinco anos.

A Fiocruz, por meio do Cris, temparticipado ativamente da discussãointernacional sobre qual objetivo nocampo da saúde irá substituir ou convi-ver com os três objetivos de saúde queconstam atualmente nos Objetivos deDesenvolvimento do Milênio (ODM).

Fonte: ONU

Objetivosdo Milênioavançammais queo previsto

A cooperação entre a Fiocruz e aÁfrica promoveu a terceira parada da ex-posição ‘O corpo na arte africana’ na ci-dade de Quissamã, no norte do estado

do Rio de Janeiro. Desenvolvidapelo IOC em parceria com a

COC, o evento conta comcerca de 140 obras produ-zidas por 50 etnias, expos-tas no Museu Casa Quis-samã até o início de agos-to. A entrada é gratuita e a

visitação acontece de quartaa domingo, das 10h às 17h.

A mostra reúne peçasadquiridas por diversos cien-tistas da Fiocruz, como Wil-son Savino, diretor d IOC/Fi-ocruz; Wim Degrave, pes-quisador do Laboratório deGenômica Funcional e Bioin-

formática do IOC; Rodrigo Cor-rêa de Oliveira, do Laborató-rio de Imunologia do Cen-tro de Pesquisas René Ra-chou (CPqRR/Fiocruz MinasGerais); e Paulo Sabroza, daEnsp/Fiocruz. A exposição jáesteve em cartaz no campusda Fiocruz em Manguinhose também em Petrópolis.

Fonte: Portal Fiocruz

Exposição fruto decooperação chega aonorte do Rio de Janeiro

O Centro de Recursos de Segu-rança do Paciente, da Health Founda-tion, concordou com a publicação deseu conteúdo, traduzido para o portu-guês, no Portal do Centro Colabora-dor para a Qualidade do Cuidado e aSegurança do Paciente (Proqualis).Entre os materiais previstos estão re-latórios, artigos, aulas, vídeos e outrosproduzidos pela Health Foundation. Aassociação ocorreu durante visita fei-ta à Health Foundation pela coorde-nadora-geral do Proqualis e pesquisa-dora do Icict/Fiocruz, Claudia Travas-

sos, cujo objetivo foi conhecer melhora instituição e estabelecer possíveisformas de cooperação.

Criada em 1983 com recursos dedoação do Private Patients Plan Limi-ted (PPP), a Health Foundation, en-tão chamada de PPP Medical Trust,foi rebatizada em 1998 - quando re-cebeu um aporte de cerca de 540milhões de libras como resultado davenda do PPP Healthcare – para PPPHealthcare Medical Trust. Totalmen-te independente, a instituição traba-lha para que o sistema de saúde do

Reino Unido, uma das maiores orga-nizações do mundo, tenha o mais altonível de qualidade possível e sejaseguro, eficaz, oportuno, equitativoe centrado no paciente. Em 2003, tor-nou-se a Health Foundation e, hoje,por meio de seus programas, investe17 milhões de libras por ano no Rei-no Unido em projetos que promovemas prioridades da instituição. Entreeles a segurança e o cuidado cen-trado no paciente.

Fonte: Ensp

Proqualis e Health Foundation iniciam colaboração

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CRIS INFORMA | 15

Centro de excelência para discutirdesenvolvimento sustentável Pós-2015

A Organização das Nações Uni-das para a Agricultura e a Alimenta-ção (FAO) premiou 38 países, entreeles o Brasil, por ter reduzido a fomepela metade antes de 2015. “A to-dos e cada um de vocês, quero dizer-lhes que são a prova viva de que,quando as sociedades decidem pôrfim à fome e quando existe um com-promisso político dos governos, pode-mos transformar esta vontade emações e resultados concretos”, disseo diretor da FAO, o brasileiro JoséGraziano da Silva.

Outros dez países latino-ameri-canos receberam diploma pelo seudesempenho na redução da fome:Chile, Cuba, Guiana, Nicarágua,Peru, Venezuela, República Domini-cana, Honduras, Panamá e Uruguai.

Fonte: FAO

A ONU inaugurou na Ilha do Fun-dão, no Rio de Janeiro, o RIO+, um cen-tro internacional de excelência em polí-ticas e práticas de desenvolvimento sus-tentável. O escritório vai facilitar a pes-

Brasil premiadopor reduçãode fome

O 7º Encontro Preparatório parao Fórum Mundial de Ciência 2013(FMC) foi adiado para os dias 21 e 22de agosto de 2013. A mudança ocor-reu devido a ajustes na agenda dospalestrantes. O local de realização ain-da será no auditório da Fundação deEmpreendimentos Científicos e Tec-nológicos (Finatec), no Campus Dar-cy Ribeiro da Universidade de Brasília(UnB). A capital federal é a última

Encontro Preparatório para oFórum Mundial de Ciência

quisa, o intercâmbio de conhecimentose promover o debate internacional so-bre o desenvolvimento econômico, so-cial e ambiental, integrando governos esociedade civil. Uma de suas primeiras

O Centro Rio+ vai facilitar a pesquisa, o intercâmbio deconhecimentos e promover o debate internacional sobre odesenvolvimento sustentável. Foto PNUD

cidade a receber o encontro, últimoantes do FMC 2013, realizado em no-vembro, no Rio de Janeiro. O encon-tro vai debater questões como os de-safios da ciência para o ambiente ru-ral, ciência, qualidade de vida e justi-ça social, cooperação e construção depolíticas de internacionalização doconhecimento, entre outros.

Fonte: Jornal da Ciência

atividades será dar continuida-de às discussões iniciadas pe-los Diálogos para o Desenvol-vimento Sustentável, que fo-ram lançados pelo governo,com o apoio do Pnud, antesdo início da Rio+20.

O Centro vai trabalharquatro temas prioritários: cli-ma; erradicação da pobreza;cidades; e Objetivos de De-senvolvimento Sustentável(ODS), que serão estabeleci-dos até 2015 para dar conti-nuidade aos Objetivos de De-senvolvimento do Milênio(ODM). Em 1º de agosto, foirealizada uma palestra sobre

Saúde e Desenvolvimento Sustentávelcom o diretor do Rio+, Rômulo Paesde Sousa, na Ensp/Fiocruz.

Fonte: Isags

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Oportunidades de treinamento

Estão abertas, até o dia 30 desetembro, as inscrições de projetos parao convênio de cooperação Fiocruz-Pas-teur. O principal objetivo é facilitar asações investigativas nos programas desaúde pública. A iniciativa não possuirestrições a campos específicos, mas atemática Resistência a Agentes Antimi-crobianos será estimulada.

O projeto deverá reunir equipes depesquisadores da Fiocruz e pelo menosum pesquisador do Instituto Pasteur In-

Projetos da cooperação Fiocruz-Pasteur 2013ternacional. Também deverá ser defini-do um coordenador brasileiro da equipeda Fiocruz e um coordenador do Institu-to Pasteur, os quais serão responsáveispela execução e supervisão científica eadministrativa do projeto. A aprovaçãoprévia do Comitê de Ética local é obri-gatória e a identificação do comitê e onúmero do protocolo de submissão pre-cisam ser anexados à proposta. Os pro-jetos selecionados receberão um finan-ciamento conjunto - que terá a duração

A Fundação Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoas de NívelSuperior (Capes), junto com o InstitutoRio Branco e a Universidade de Oxford,da Inglaterra, lançaram o edital do Pro-grama Cátedra Rio Branco em RelaçõesInternacionais da Universidade deOxford, na área de Relações Internaci-onais. O programa tem como objetivoenviar pesquisadores, intelectuais e for-

de um ano, podendo ser renovado porigual período - de até 30 mil euros porano. Os formulários de candidatura po-dem ser acessados aqui. As propostasdevem ser enviadas para os coordena-dores de ambas as instituições:

Fiocruz:Vincent Brignol

([email protected])Instituto Pasteur:

Eliane Coeffier([email protected]) eDaniel Scott-Algara([email protected])

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Oportunidade para pesquisadores de relaçõesinternacionais na Universidade de Oxford

muladores de políticas públicas à Uni-versidade de Oxford, proporcionandoambiente propício para a análise dafunção desempenhada pelo Brasil nocenário mundial e das posições adota-das pelo país em temas globais. As ins-crições vão até 18 de agosto.

O edital selecionará um candida-to para a cátedra, com duração de trêsa doze meses, na área temática de

“Relações Internacionais e Política Ex-terna Brasileira”. O candidato selecio-nado será admitido como membro daUniversidade de Oxford e de uma desuas faculdades. Entre os benefíciosestão previstos bolsa mensal no valorde £ 3.500,00, auxílio instalação e se-guro saúde. Dúvidas e obtenção de maisinformações devem ser enviadas parao e-mail [email protected]. Acesseo edital.

Fonte: Capes

A Reunião Especializada em Ci-ência e Tecnologia (RECyT) do MER-COSUL anunciou o tema do PrêmioMERCOSUL de Ciência e Tecnologiade 2013, que será “Educação para aciência”. As inscrições estão abertase os trabalhos podem ser enviados atéo dia 19 de agosto deste ano pelo sitedo prêmio. Os trabalhos devem ser,necessariamente, voltados para a re-alidade do MERCOSUL e também re-lacionados com educação científicadirigida ao ensino médio ou alfabeti-zação científica no ambiente escolardo nível básico. O prêmio é aberto aestudantes e pesquisadores do Brasile de todos os países integrantes dobloco econômico. Dividida em qua-tro categorias, a premiação abrangedo ensino médio ao doutorado.

O Prêmio, criado pela RECyT, épatrocinado pelo Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação do Brasil(MCTI/Brasil), pelo Observatório Na-

cional de Ciência, Tecnologia e Ino-vação da Venezuela (ONCTI/Venezue-la) e pela Confederação Nacional daIndústria (CNI/Brasil); e apoiado pelaOrganização das Nações Unidas paraa Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO), pelo Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq/Brasil), pelo Movi-mento Brasil Competitivo (MBC),pelo Ministério de Ciência, Tecnolo-gia e Inovação Produtiva da Argenti-na, pelo Conselho Nacional de Ci-ência e Tecnologia do Paraguai epelo Ministério de Educação e Cul-tura do Uruguai.

A cerimônia de entrega do prê-mio será realizada em data e local aserem definidos pela RECyT/MERCO-SUL. Para mais informações, acesseo site: http://eventos.unesco.org.br/premiomercosul

Fonte: Unesco

Prêmio MERCOSUL de Ciênciae Tecnologia 2013

A Faculdade Nacional de SaúdePública Héctor Abad Gómez, da Universi-dade de Antioquia, na Colômbia, realiza-rá o 8º Congresso Internacional de SaúdePública, Justiça Social, Direitos Humanose Equidade em Saúde, de 27 a 29 denovembro. O evento terá lugar na cidadede Medellín e seu objetivo é gerar umespaço de encontro para atores públicos,privados, acadêmicos, governamentais enão governamentais discutirem as conse-quências para a saúde pública assumir umaperspectiva fundada na justiça social, di-reitos humanos e equidade.

Clique aqui para efetuar a inscri-ção e ver mais informações.

CongressoInternacional deSaúde Pública,Justiça Social,Direitos Humanose Equidade emSaúde

curtas

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CRIS INFORMA | 17

MARLY CRUZentrevista

Danielle Monteiro - CCS

Existem atualmente 34 milhõesde pessoas infectadas pelo HIV no mun-do, de acordo com dados da Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS). Somen-te no Brasil há cerca de 600 mil pesso-as vivendo com Aids e, apesar dosavanços no tratamento, a epidemiacontinua. Para ajudar no combate àdoença no país, a Fiocruz desenvolveuma série de ações voltadas à enfer-midade, e muitas delas ganham apoiode instituições internacionais, como éo caso da cooperação com os Centrospara o Controle e Prevenção de Do-enças (Centers for Disease Control andPrevention - CDC). Firmada em 2003,a parceria tem por objetivo potenci-alizar as atividades de monitoramen-to e avaliação (M&A) planejadas eexecutadas pelo Departamento deDoenças Sexualmente TransmissíveisAids e Hepatites Virais (Depto DST/Aidse HV) que, liderado pelo Ministério daSaúde, visa reduzir a incidência des-sas enfermidades e melhorar a quali-dade de vida das pessoas que vivemcom elas no país. Em sua primeira eta-pa, que durou cinco anos, a coopera-ção envolveu a Universidade de Tula-ne, dos Estados Unidos. Após o perío-do, o acordo foi reformulado e reno-vado para mais cinco anos, com a con-tinuidade de algumas atividades enovas iniciativas, desenhadas confor-me prioridades estratégicas para me-lhorar a resposta à epidemia.

Na Fiocruz, o projeto é conduzi-do pelo Laboratório de Avaliação deSituações Endêmicas Regionais do De-partamento de Endemias Samuel Pes-soa (Laser/Densp/Ensp) e tem comoalguns de seus principais eixos, na áreade monitoramento e avaliação, a for-mação de recursos humanos, o desen-volvimento de pesquisa aplicada e atransferência de tecnologia. A coorde-nadora da iniciativa no Brasil e pesqui-sadora do Densp/Ensp/Fiocruz MarlyCruz falou ao Crisinforma sobre as prin-cipais ações, resultados e próximos pas-sos da iniciativa”

Programa Nacional de DST/Aids ganhareforço de cooperação internacional

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Como surgiu essa parceria en-tre a Fiocruz e o CDC?

Marly: A parceria entre a Ensp/Fiocruz e o CDC teve inicio em 2003,com a assinatura do primeiro acordode cooperação (Cooperative Agree-ment - CoAg), com vigência até 2008,quando foi então assinado um novoacordo, em vigência até 2013. Esteacordo tem por objetivo fortalecer oPrograma Nacional de AIDS e a Cola-boração Sul-Sul pela República Fede-rativa do Brasil no âmbito do Plano deEmergência do Presidente dos EstadosUnidos para o Combate da AIDS (PE-PFAR). A cooperação, desde o seu iní-cio, envolve apoio técnico e financei-ro para as atividades relacionadas àinstitucionalização e ao fortalecimen-to do monitoramento e a avaliação(M&A) como uma ferramenta de ges-tão conforme as prioridades do Depar-tamento de DST/AIDS e Hepatites Vi-rais (DDAHV); atividades estas queequivalem a projetos por sua diversi-dade e complexidade.

A execução financeira do acor-do tem sido viabilizada com o suportedado pela Fundação para o Desenvol-vimento Científico e Tecnológico emSaúde (Fiotec). No período de 2003 a2008, conforme ano fiscal do EUA, oCDC investiu um montante de USD6.457.716; e no período de 2008 a2013, de USD 3.877.403. A implemen-tação de tais atividades é reconheci-da como uma experiência bem suce-dida. Esse reconhecimento diz respei-to não só ao alcance dos resultadospara a melhoria do M&A das açõesde prevenção e controle do HIV/AIDS,como pela inovação de uma gestão tri-angular, na medida em que todo pro-cesso de planejamento, acompanha-mento e avaliação das atividades temse dado com o envolvimento das trêsinstituições parceiras (DDAHV, ENSP/Fiocruz e CDC). Ainda em 2013 inicia-remos mais um ciclo de cinco anos doacordo de cooperação, no qual serãopriorizadas atividades de inovação tec-nológica e de caráter científico emapoio à estratégia nacional de comba-te ao HIV/AIDS no Brasil.

Quais os principais eixos e ob-jetivos dessa cooperação?

Marly: O início do acordo de co-operação permitiu a criação da asses-

soria de Monitoramento e avaliação(M&A) no Programa Nacional, hojedenominada Central de M&A, o quepossibilitou uma melhor interface parao acompanhamento das atividadesplanejadas e implementadas. Por suavez, a assessoria elaborou um Planode M&A que definiu duas frentes ini-ciais como estratégia de institucionali-zação: o desenvolvimento de um sis-tema de monitoramento para o pro-grama, o Sistema de Monitoramen-to de Indicadores do Programa Naci-onal de DST e Aids (MONITORaids)e a construção de um programa deformação em M&A, com a finalida-de de construção de capacidade téc-nica em M&A.

Pode-se dizer que os principaiseixos de atuação das atividades doacordo de cooperação compreende-ram: a formação técnica em M&A, atransferência de tecnologias e a pes-quisa operacional de avaliação. Nes-se sentido, os objetivos mais geraisestabelecidos para as atividades doacordo de cooperação tem sido o deinstitucionalizar e fortalecer o M&Ano departamento e das demais esfe-ras de atuação do programa no SUS;melhorar as ações de prevenção, as-sistência e controle de HIV/AIDS;ampliar a capacidade de prestaçãode contas à sociedade; e contribuirpara a produção de conhecimento epara a incorporação de novas tecno-logias. Enfim, a cada ano é feito novoplanejamento incluindo as descriçõesdas atividades, objetivos e metas aserem alcançadas de acordo com asprioridades do DDAHV.

Qual o papel de cada uma daspartes nessa parceria? E qual a im-portância da participação do CDCnessa cooperação?

Marly: Cabe à Ensp, junto à Fio-tec, cuidar de toda parte administrati-va e financeira do acordo de coopera-ção. Mensalmente ocorre reunião deacompanhamento do acordo entre aEnsp, o CDC Brasil e ponto focal doacordo de cooperação no DDAHV; tri-mestralmente ocorre a reunião deacompanhamento do acordo de coo-peração com a participação de todasas partes junto com ponto focal do acor-do de cooperação do CDC Atlanta.Além disso, de dois em dois anos rece-bemos uma visita técnica de equipe do

CDC para acompanhamento dos me-canismos de gestão e execução do acor-do de cooperação.

Na última visita ampliada reali-zada em 2012, o diretor geral do CDC,Thomas Frieden, teve agenda especí-fica com a presidência da Fiocruz, mos-trando o interesse de estreitar aindamais a relação com a instituição, ten-do em vista a existência também deoutro acordo de cooperação para in-fluenza, sob a responsabilidade do IOC/Fiocruz, e de outras atividades que seinserem no âmbito desse acordo, comoas do Field Epidemiology Training Pro-gram (FETP) e as de malária. Essa visi-ta confirmou o quanto a parceria esta-belecida entre as duas instituições temsido profícua pelos resultados obtidosno enfrentamento do HIV/Aids, quesão muitos e em diferentes áreas, e,sobretudo, por criar uma sinergia detroca com a cooperação horizontal quetem se estabelecido.

Sem dúvida que todas as partessão importantes nessa cooperação.Contudo, é fundamental ressaltar aparticipação do CDC não apenas peloapoio financeiro que tem viabilizado aexecução de atividades prioritárias nes-ses dez anos de acordo, como tam-bém pelo compartilhamento de tecno-logias, de práticas e experiências, des-de a forma de planejamento e gestãodo acordo de cooperação à execuçãopropriamente dita das atividades.

Qual a importância da avalia-ção e do monitoramento do Progra-ma Nacional de DST/Aids para ocombate à Aids no país?

Marly: Apesar da resposta bra-sileira para prevenção e controle doHIV/Aids ser reconhecidamente umexemplo internacional, ela apresen-tava problemas, o que reforçava anecessidade de intensificar o esforçoem monitoramento e aval iação(M&A) como ferramentas estratégi-cas para a gestão. O monitoramentoé fundamental para o acompanha-mento rotineiro de informações prio-ritárias tanto para o processo de im-plementação de um programa – ouseja, para o acompanhamento deseu desempenho operacional - comopara o seu desempenho finalístico.Assim como a avaliação, que subsi-diaria, com o julgamento de valor oude mérito da qualidade das ações, o

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aprofundamento explicativo das hi-póteses geradas com os processos demonitoramento.

A decisão pela institucionaliza-ção e utilização de um sistema deM&A se deu como meio para melho-rar o gerenciamento das ações e osresultados do DDAHV, com a constru-ção de evidências legítimas e fidedig-nas que instrumentalizasse a tomadade decisão e o controle social. O quese esperava, com um sistema dessanatureza, era: assegurar que os re-cursos direcionados ao Departamen-to fossem utilizados; as atividades fos-sem realizadas de maneira oportuna;e oferecer à população acesso aosserviços e o controle efetivo de riscose danos.

Quais foram os principais gan-hos e destaques dessa cooperação?

Marly: Muitos foram os ganhoscom essa cooperação. Destacaria comoprincipais a criação de uma área técni-ca de M&A dentro do Programa Naci-onal de DST/Aids e a possibilidade deimplantar atividades de monitoramen-to e avaliação distintos do planejamen-to e da vigilância epidemiológica, ain-da que com interface. Esse passa a serum marco, pois se deu em um momen-to onde, majoritariamente, as práticasreconhecidas como de monitoramentoe/ou avaliação dentro do sistema desaúde brasileiro estavam inseridas emsomente uma dessas duas áreas, sen-do tratadas de forma marginal e com apreocupação de atender a exigênciadas agências internacionais.

Além deste, destacaria o grandeinvestimento feito na construção deum programa de formação de M&A,provavelmente um dos mais bem es-tabelecidos no país e que possibilitouuma expansão para América Latina epaíses africanos de língua portugue-sa. A estratégia de formação estevevinculada à ideia de construção deuma rede interna (no DDAHV) e umarede externa de avaliadores para a vi-abilização da troca de experiências epráticas em M&A. O programa de for-mação em M&A compreendeu a Ofi-cina curta em M&A, com foco na me-lhoria do programa de DST/AIDS. Pa-ralelo às oficinas curtas, foram imple-mentadas três turmas de Especializa-ção de Avaliação em Saúde presenci-al; um curso de Especialização de Ava-

liação em Saúde a distancia; e reali-zadas quatro turmas de Mestrado Pro-fissional de Avaliação em Saúde.

Outro destaque deve ser dadopara a experiência obtida com a trans-ferência de tecnologias em áreas tãoestratégicas do M&A. Em geral um dospontos críticos das experiências de co-operação internacional tem a ver como pouca(o) ou inexistente compartilha-mento de conhecimento ou experiên-cia prática do “como fazer”. Em al-guns projetos, como no caso da avali-ação econômica do teste diagnósticopara HIV, do projeto Diffusion of Effec-tive Behavioral Interventions (DEBI), datriangulação de bases de dados e daavaliação de desempenho do Depar-tamento, houve muito ganho com atransferência do conhecimento acumu-lado pelo CDC e pelo Brasil. Nessesentido, a incorporação de novas tec-nologias exigiu e ainda tem exigido umsucessivo intercâmbio Brasil – EUA deforma horizontal. Esse intercâmbiotem se concretizado não só para a vi-abilização de atividades técnicas, comotambém gerenciais, como no caso detreinamentos oferecidos para o manu-seio de ferramentas específicas utili-zadas pelo CDC para acompanhamen-to financeiro e de prestação de con-tas, até mesmo pela necessidade decompatibilizar as ferramentas desen-volvidas e utilizadas pela Fiotec.

Outro resultado muito relevantefoi o desenvolvimento do Sistema deMonitoramento de Indicadores do Pro-grama Nacional de DST e AIDS (MO-NITORaids) pelo Icict/Fiocruz - que seconfigurou como um esforço para aprodução sistematizada e consisten-te sobre a epidemia e a resposta bra-sileira - e o desenvolvimento do Sis-tema de Avaliação da Qualidade daAssistência dos Serviços Especializa-dos em HIV/AIDS (QUALIaids), quevisa à avaliação e monitoramento daqualidade dos serviços que assistempessoas vivendo com HIV nos servi-ços ambulatoriais do SUS.

As principais avaliações que foramviabilizadas a partir do acordo foram: aavaliação da implantação do teste rápi-do no Amazonas; avaliação do custo-efetividade do teste rápido como diag-nóstico da infecção; avaliação do Proje-to Nascer de prevenção e controle datransmissão vertical em maternidadesbrasileiras; avaliação da dispensaçãodos antirretrovirais para o tratamento do

HIV/AIDS em farmácias dispensadorasdo Brasil; avaliação dos sítios de exce-lência de M&A; avaliação das interven-ções efetivas para prevenção do HIV/AIDS, junto a homossexuais e outros HSH(homens que fazem sexo com homens)em três ONGs do Rio de Janeiro, PortoAlegre e Fortaleza.

Dentro no acordo de coopera-ção foi implementado o projetoAfirmando Vozes e Identidades,que, voltado para gays e HSH ne-gros moradores do Complexo daMaré, teve como objetivo promo-ver e facilitar rodas de conversa so-bre diferentes temas sociais e cul-turais que interferem no compor-tamento sexual desse grupo. Comose deu essa iniciativa?

Marly: O Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais, com o propó-sito de testar novas tecnologias de in-tervenção HSH, gays e travestis, iden-tificou, por meio do acordo de coope-ração, o projeto Diffusion of EffectiveBehavioral Interventions (DEBI) do CDCcomo possibilidade de fortalecer asações de prevenção de HIV/DST paraeste grupo específico. O objetivo doDEBI é ampliar o acesso de diferentesgrupos populacionais específicos a in-formações, insumos e serviços de pre-venção do HIV e outras doenças sexu-almente transmissíveis.

O programa DEBI Brasil imple-mentou três metodologias de interven-ção -classificadas pelo CDC como efi-cazes com base em evidências de es-tudos científicos no âmbito do proje-to do CDC de HIV/AIDS PreventionResearch Synthesis (PRS) -em trêsONGs do país. A intervenção desen-volvida pela ONG Conexão G do Riode Janeiro foi o Many Men, ManyVoices (3MV), denominada pelo gru-po como Afirmando Vozes e Identi-dades – AVI. A intervenção, voltadapara gays e HSH (homens que fazemsexo com homens) negros, morado-res do Complexo de Favelas da Maré,foi implementada com o objetivo defacilitar a discussão sobre diferentestemas sociais e culturais que interfe-rem no comportamento sexual, pro-movendo a redução de riscos e a pre-venção para as DST/HIV.

Como a principal intenção eraa de transferência de tecnologia, oacordo de cooperação limitou-se a

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Fundada em 1946 ecom sede na Georgia, Esta-dos Unidos, o Centro deControle e Prevenção de Do-enças (CDC, na sigla em in-glês) é um dos 13 compo-nentes operacionais do De-partamento de Saúde e Ser-viços Humanos norte-ame-ricanos e atua na proteçãoda saúde pública e da segu-rança da população. No âm-bito nacional, concentrasuas ações no desenvolvi-mento e emprego de pre-venção e controle de molés-tias, saúde ambiental, saú-de ocupacional, enferma-gem, prevenção de aciden-tes e atividades de educaçãosanitária. Um dos programasdesenvolvidos pela institui-ção é o Programa Global daAids (Global Aids Program –GAP), criado em 2000, comos objetivos de prevenir ainfecção pelo HIV, melhoraro tratamento, assistência esuporte às pessoas vivendocom a doença, bem comocapacitar e criar infra-estru-tura para a resposta à epi-demia.

O CDC está presenteem 60 países da África,Ásia, América Central, Amé-rica do Sul e Caribe. Algunsde seus escritórios fora dosEUA são regionais, atenden-do assim diversos países.Dependendo do caso, éaberto um escritório nacio-nal específico para atenderas necessidades do país,como no Brasil, onde o ins-tituto tem escritório sedia-do em Brasília. O Centroabriga hoje, juntamentecom o Centro de PesquisaEstatal de Virologia e Bio-tecnologia (VECTOR), daRússia, uma das duas únicasamostras do vírus da varíolaexistentes no mundo.

CDCpilotar tais intervenções e apoiar aelaboração de material de apoioadaptado à realidade brasileira. Apartir dessa experiência bem sucedi-da, o DDAHV tem apoiado a conti-nuidade do DEBI junto às ONGs Co-nexão G e GRAB (Grupo de Resistên-cia Asa Branca), assim como em ou-tros estados brasileiros, por meio dofinanciamento SUS fundo a fundopara os estados e municípios, no eixode atuação do plano nacional de en-frentamento da epidemia de Aids edas DST entre Gays, HSH e Travestis,lançado em 2008.

Em um encontro entre os par-ticipantes da iniciativa foi sugeri-do um acordo de cooperação paraviabilizar o desenvolvimento deprojetos e a transferência de tec-nologia na área de monitoramen-to e avaliação (M&A) e outras áre-as afins, particularmente na for-mação de recursos humanos deprogramas de HIV/AIDS de paísesafricanos de língua portuguesa,dentre eles, Angola e Moçambi-que. O que ficou decidido quantoa essa ideia?

Marly: O projeto visava estabele-cer uma cooperação triangular entreBrasil, Moçambique e Estados Unidos,com o intuito de fortalecer as atividadesmoçambicanas de M&A e dar apoio àconstrução de um programa de forma-ção nessa área, por meio de diferentesestratégias de formação para os gesto-res e técnicos do Ministério da Saúde(MISAU) e das províncias em assistên-cia, laboratório, vigilância e M&A.

Na época já existiam atividadesde M&A em Moçambique, porém, oque eles desejavam era melhorar aqualidade e dar mais visibilidade àssuas atividades na área. Para tal, se-ria necessária a criação de um corpotécnico que tivesse capacidade degerir e implementar de forma maisapropriada suas funções. O propósitoera de que a Ensp/Fiocruz proporcio-nasse apoio técnico não só para aformação na área, mas também narevisão do plano integrado de M&Ae dos indicadores existentes, incluin-do o envolvimento de outros parcei-ros em potencial, e, principalmente,os tomadores de decisão.

A ideia era de que se construíssecapacidade técnica, principalmente para

profissionais de nível médio, que era amaioria, para melhorar a qualidade dasações de prevenção e controle do HIV/Aids em Moçambique, com ênfase nossistemas de informação de saúde e nossistema de M&A. Infelizmente este acor-do trilateral não foi efetivado, apesarda finalização do projeto, que contoucom a participação das três partes. Im-portante enfatizar que, para esta ela-boração, além dos pontos focais decada uma das unidades envolvidas daFiocruz (Ensp, Ipec e EPSJV), houve aparticipação efetiva do Cris/Fiocruz, aAISA/MS, o ABC, a área internacionaldo Programa Nacional DST/Aids, ostécnicos do CDC Brasil e do CDC Mo-çambique e os técnicos do MISAU.

Há previsão de ampliaçãodessa parceria ou de outras coo-perações com o CDC no combateà Aids ou a outras doenças queacometem o país?

Marly: Ao visar a finalização em2013 de mais um ciclo do acordo decooperação e, ao se verificar o inte-resse pelas três partes integrantes nes-sa cooperação, decidiu-se por tentara continuidade do acordo. Com aabertura por parte do CDC de umanova oportunidade de apoio paraacordos de cooperação, foi submeti-da uma nova proposta até 2018 e re-centemente aprovada. Por ora esta-mos finalizando as atividades em cur-so dessa experiência que, duranteesses dez anos, tem proporcionado oaprendizado e o aperfeiçoamento dastrês partes envolvidas com o planeja-mento, a execução, o monitoramen-to e a avaliação das atividades desseacordo, o qual, em última instância,envolve a construção de redes atuan-do em cooperação.

Não temos dúvidas de que aindatemos muito a aprender com essa co-operação, mas hoje temos a certezado quanto temos a compartilhar doaprendizado acumulado. Por este mo-tivo, decidimos, neste último ano dosegundo acordo de cooperação, rela-tar a experiência desses dez anos deparceria com a produção de um livro.Essa experiência pode contribuir parauma autorreflexão para o ajuste derotas ou, até mesmo, para inspiraroutras instituições envolvidas ou compretensões a se envolver em projetosde cooperação internacional.