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A revista de gestão, tecnologias e serviços para o setor da saúde ESPECIAL 20 ANOS O FUTURO É AGORA

Fornecedores Hospitalares - Ed. 197

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A REVISTA DE GESTÃO, SERVIÇOS E TECNOLOGIAS PARA O SETOR HOSPITALAR - Ano 20 • Edição • 197 • Março de 2012

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A revista de gestão, tecnologias e serviços para o setor da saúde

especial

20 anoso futuro é agora

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ÍNDICEW W W . R E V I S T A F H . C O M . B R

Março de 2012 • FH 197

08 – Conexão saúdeConfira os destaques do Saúde Web, conteúdos multimídia e interação dos leitores

14 – entrevistaDaniel Kraft, da Singularity University, fala sobre tratamentos personalizados e orgãos sintéticos e como eles precisarão lidar com a privacidade de informações e convergência entre sistemas

saúde PúbliCa28 – Como será o amanhã?Parcerias visam identificar demandas da saúde pública e privada no País para guiar os responsá-veis por executar as mudanças dos próximos anos

hosPital36 – de leonardo ao da vinCiRobôs cirurgiões já são uma realidade que nem Leonardo da Vinci imaginou

42 – Um novo norteO que o futuro reserva para a gestão dos hospi-tais? Como será o relacionamento com o médico e os novo modelo de negócio?

oPeradora48 – saúde sUPlementar, solUção ComPlementarComo possibilitar que os usuários tenham atendi-mento de qualidade sem elevar os custos e man-ter a sustentabilidade do sistema?

saúde bUsiness sChool53 – Governança de ti nos hosPitais

mediCina diaGnóstiCa64 – QUem ProCUra aChaEspecialista discutem alternativas para evitar o superdiagnóstico

teCnoloGia68 – o QUe será, QUe seráNos próximos 20 anos, tudo o que hoje se dese-nha como tecnologias sonhadas pelos hospitais será realidade

indústria76 – não é fiCção, é mediCinaAvanços científicos e tecnológicos prometem mu-dar a saúde

Carreiras92 - Profissionais do fUtUro,oPortUnidade PresenteGrande parte das carreiras em expansão está rela-cionada à saúde e tecnologia

esPeCiail32 – O que pensa Alexandre Kalache sobre os pró-ximos passos do sistema público de saúde

34 – Veja a opinião de Gonçalo Vecina sobre o fu-turo da saúde pública

62 – José Cechin e Sandro Leal traçam as tendên-cias da saúde suplementar

72 – Quais tecnologias irão assombrar a saúde no futuro, segundo Renato Sabbatini?

79 – Antônio Britto, da Interfarma, fala sobre ino-vação e ética no futuro do setor farmacêutico

84 – Entidades do segmento de saúde avaliam o que está por vir no setor

88 – As tendências em arquitetura hospitalar por João Carlos Bross

artiGos 26 – eConomiaO futuro da saúde 88 – esPaço JUrídiCoClonagem, biotecnologia e as aplicações na saú-de dentro de uma visão jurídica

73 – GestãoO futuro da gestão nas instituições de saúde

96 – rhBinômio para o Sucesso: o futuro da saúde em duas palavras

106 – hot sPotIndecifrável como um almanaque de esportes

20 – PanoramaUm salto Para o amanhã

CiênCia versUs teCnoloGias médi-Cas, Uma Combinação Promissora

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errataNa matéria de tecnologia da edição 196, página 57, da Revista FH, a legenda correta da foto é Arnaldo Basile, gerente sênior de marketing Business da TIM

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REPÓRTEREsCínthya Dávila – [email protected]

Guilherme Batimarchi • [email protected]

Maria Carolina Buriti – [email protected]

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CONsELHO EDITORIALJoão Carlos Bross • Fundador da Bross Consultoria e Arquitetura

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revista fh

A revista FH é uma publicação mensal dirigida ao setor da saúdeSua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional, além de gratuita e entregue apenas a leitores previamente qualificados.

As opiniões dos artigos/colunistas aqui publicados refletem unicamente a posição de seu autor, não caracterizando endosso, recomendação ou favorecimento por parte da IT Mídiaou quaisquer outros envolvidos nessa publicação.As pessoas que não constarem no expediente não têm autorização para falar em nome da IT Mídia ou para retirar qualquer tipo de material se não possuírem em seu poder carta em papel timbrado assinada por qualquer pessoa que conste do expediente.

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gEREntEemerson Moraes – [email protected]

gEREntE dE intEligênCia dE MERCadOGaby loayza – [email protected]

gEREntE dE gERaçãO dE nEgóCiOSGabriela vicari – [email protected]

gEREntE dE aUdiênCiaGabriela viana - [email protected]

gEREntE dE COMUniCaçãO CORpORatiVacristiane Gomes – [email protected]

MARKETING

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especial fh 20 anos

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maria carolina buriti

RepórterIT Mídia S.A

esta edição comemoramos 20 anos da revista FH, que até pouco tempo atrás se chamou Fornecedo-res Hospitalares e, num passado distante, Guia de Fornecedores Hospitalares – até chegar à IT Mídia em 2003. Assim como o setor de saúde brasileiro evoluiu nesses últimos 20 anos, a publi-

cação se adequou para tratar da dimensão de assuntos que envolve toda a cadeia de valor, suas relações, dificuldades e desenvolvimento.

Para celebrar esta data, trazemos uma revista especial abor-dando Como será o futuro da saúde? Como o setor está hoje e quais são os caminhos para chegarmos da melhor forma a esse amanhã? Estas foram as questões que permearam esta edição come-morativa de 20 anos, e ela chega a suas mãos, caro leitor, com mais perguntas do que respostas.

Primeiro, porque, logicamente, ninguém sabe o que acon-tecerá, e se olharmos para o passado temos a prova disso: é só elencar muitas novidades “previstas” que nem chegaram existir concretamente ou que não fizeram lá tanto sucesso assim.

Segundo, por que ainda enfrentamos desafios antigos. Claro, que os problemas no setor de saúde não são exclusivos do Brasil, mas aqui ainda há muito a se amadurecer considerando que o setor de saúde brasileiro é novo, quando analisado sob o ponto de vista de regulamentação, por exemplo.

Dessa forma, enquanto vislumbramos um futuro com a per-sonalização do tratamento pelo código genético, impressão de órgãos 3D, inteligência artificial, robótica e as profissões do futuro, enfrentamos questões como a integração tecno-lógica de sistemas, modelo assistencial e a sustentabilidade da saúde suplementar. E junto com isso, se somarão também discussões como o superdiagnótico, privacidade e os limites entre prevenção e excesso de tratamentos.

Por último, cabe a nós escrevermos as próximas páginas, pois a responsabilidade de transformar o futuro e torná-lo melhor, depende de atitudes do presente, pois o futuro começa agora.

Boa leitura!

né agora

O FuturO

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Revista FH, há desenvolvendo

o setor de

20 anos saúde no Brasil.

Ou melhor, há 20 anos desenvolvendo o setor de saúde no Brasil.juntos

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CONEXÃO SAÚDE WEB

BLOG

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ULTI

MÍD

IA

LEIA E DISCUTA COM NOSSOS COLABORADORES OS ASSUNTOS MAIS QUENTES DO MÊS

COMO A WEB 3.0 IMPACTA A SAÚDE Web 3.0, tecnologias móveis, e-health e telemedicina estão revo-lucionando o setor. Entenda como com o professor da Unicamp, especialista em telemedicina, Renato Sabattini

GALERIA PODCAST WEBCAST

VEJA NA SAÚDE TV: HTTP://BIT.LY/YMVSNV

VEJA NA SAÚDE TV: HTTP://BIT.LY/XVLMGF

ADIB JATENE CONTA SUA TRAJETÓRIA E FALA SOBRE ROBÓTICA O uso de robôs em centros cirúrgicos no País já é uma reali-dade, porém, produzir este tipo de tecnologia aqui ainda está longe de acontecer

RONIE REYES Sobre a reportagemdo FantásticoReyes é administrador de empresa e palestrante especializado na gestão de aquisição de produtos para saúde

ROBERTO LATINIA Área Regulatória e a CompetitividadeLatini é diretor da Latini & Associados e aborda as regulaçõesdo setor deVigilância Sanitária

ILDO MEYERParece ficção científica, mas não é. Infelizmente Meyer é palestrante motivacional e médico com especialização em anestesiologia e pós-graduação em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter

ERIC VINICIUSVIEIRA NEVESPor dentro dastecnologias e normasNeves é engenheiro Eletrônico. Atua como Analista Comercial na IASTECH Automação de Sistemas Ltda, onde está desde 2000

WWW.SAUDEWEB.COM.BR/BLOGS

PLAY

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FULLSCREEN MUTE

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FULLSCREEN MUTE

VEJA IMAGENS DO NOVO CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPI-TAL MARCELINO CHAMPAGNATO recém-inaugurado Hospital Marcelino Champagnat, localizado em Curitiba, contou com investimentos de R$ 65 mi para a sua construção e, do montante, destinou cerca de R$ 10 mi para a compra de equipamentos e para montar duas salas cirúrgicas inteligentes

VEJA NA GALERIA DO SAÚDE WEB: HTTP://BIT.LY/FPIZNT

FOTOS DO 1.2.1 NETWORK PARA CIOS EM SAÚDE Em março, a IT Mídia reuniu mais de 30 profissionais de TI de instituições de saúde brasileiras a fim de promo-ver o relacionamento entre elas e discutir temas como mobilidade e telemedicina

VEJA NA GALERIA DO SAÚDE WEB: HTTP://BIT.LY/YLRJRV

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ESPECIAL FH 20 ANOS

Novo sistema tem o objetivo de agregar mais agilidade e segurança ao paciente. Esti-ma-se que vai beneficiar cerca de 250 mil pessoas atendidas pelas AMAs e UBSs

TECNOLOGIA

ALBERT EINSTEIN IMPLANTA PRONTUÁRIO ELETRÔNICO EM UNIDADES PÚBLICAS

NEGÓCIOQUALICORP COMPRA FIDELITASCORRETORA DE SEGUROS

MODERNIZAÇÃO

Hospitais estão investindo em salas inteligentes, isto é, automatizadas, com mesas cirúrgicas robotizadas que se adaptam às necessidades do paciente e do médico.

HOSPITAL MARCELINO CHAMPAGNAT INAUGURA CENTRO CIRÚRGICO

NÚMEROS

Fidelitas administra aproximadamente 77 mil vidas distribuídas entre os produtos de saúde, odontológico e vida e atua, principal-mente, na Bahia, além de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Ceará

PARCERIA

Parceria que permite compar-tilhar projetos de assistência à saúde no segmento coletivo por adesão oferecidos pela Amilpar

QUALICORP E AMIL FAZEM ACORDO PARA DISTRIBUIÇÃO DE PLANOS

R$ 4,5 MILHÕESINSTITUTO DANTE PAZZANESE INAU-GURA SALA HÍBRIDA DE CIRURGIACom investimento de R$ 4,5 mi-lhões, cirurgias abertas e proce-dimentos não invasivos poderão ser feitos ao mesmo tempo. Robô e exames em 3D guiam as cirur-gias cardíacas

3 VEZES MAIST-SYSTEMS QUER TRIPLICAR FATURA-MENTO NO BRASIL ATÉ 2016Para aumentar em três vezes o faturamento de R$ 360 milhões, provedora aposta em cloud, tele-medicina, soluções de smart grid e até em projetos com RFID

€ 135,6 MILHÕESLUCRO DA MERCK QUASE TRIPLICA E CHEGA A € 135,6 MILHÕES NO 4° TRIDe acordo com a companhia, a significativa melhora foi im-pulsionada pelo aumento das vendas em países emergentes e menor recolhimento de taxas em razão de medicamentos descontinuados

R$ 32 MILHÕESAMIL LUCRA R$ 32 MILHÕES NO QUARTO TRIMESTREO lucro líquido ajustado al-cançou R$ 83,5 milhões, o que corresponde a um aumento de 50,7% na comparação anual

US$ 2,2 BILHÕESEDSON BUENO FIGURA ENTRE OS BILIONÁRIOS DA FORBESO dono da Amil Edson de Godoy Bueno entrou no ranking em 2011 e permaneceu neste ano, fi-cando em 578° lugar, com fortu-na estimada em US$ 2,2 bilhões

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CONEXÃO SAÚDE WEB

Você acredita que o Projeto de Lei 2573/11, que fixa o piso salarial do enfermeiro em R$ 5.450, sairá do papel?

RESULTADO DA ENQUETE

NO AR

ACESSEParticipe da nossa enquete! Vote em

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Você acredita que avançadas tecnologias médicas como robótica, nanotecnologia e engenharia biogenética, etc, vão estar dentro do escopo do SUS em 20 anos?

❍ Sim. A evolução tecnológica é muito rápida e o uso do robô da Vinci pelo Inca é um exemplo de que as instituições públicas já começam a ficar atentas a isso

❍Não. Certamente tais tecnologias vão ser muito mais corriqueiras no País, mas o acesso será restrito a entidades privadas

❍Talvez. Se, a partir de agora, o Brasil investir em pesquisa e desenvolvimento, para incentivar inova-ção, é provável que sim

Isso é uma reivindicação histórica que nunca sai do papel, assim como a redução de carga horária para 30 horas

Nunca os baixos salários e as más condições de tra-balho foram tão evidentes. A tendência é de mudança

A força de trabalho desses profissionais é fundamental para a sustentabilidade do sistema, em contraparti-da, as instituições pagadoras lutam pela economia de recursos

55,39 % - NÃO

18,22 % - SIM

26,39 % - TALVEZ

Cada associação integrante do Grupo da ANS, que discute mudanças na remuneração, irá indicar três duplas de opera-dores e hospitais que podem ser escolhidos para a execução do trabalho, que durará 12 meses

Programa, voltado para médicos e pacientes, disponibilizará resultados de exames, notícias de saúde, calendários de va-cinas, entre outras informaçõesb

MUDANÇA

MOBILIDADE

VAI E VEM

PROJETO PILOTO VAI TESTAR NOVO MODELO DE REMU-NERAÇÃO DA SAÚDE SUPLEMENTAR

LABORATÓRIO SABIN LANÇA APLICATIVO PARA IPHONE

EULER BRAUMGRATZ AS-SUME SUPERINTENDÊNCIADO HOSPITAL SÃO JOÃODE DEUS

O executivo Euler de Paula Braumgratz to-mou posse como Supe-rintendente do Hospital São João de Deus, em Divinópolis, MG. Seu último trabalho foi na Superintendência da As-sociação Congregação de Santa Catarina – ACSC, que nomeia José Luiz Bichuetti como novo Superintendente.

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ESPECIAL FH 20 ANOS

VAI E VEM

VAI E VEM

SILVIO POSSA DEIXA M’ BOI MIRIM E ASSUME UNIDADE IBIRAPUERA DO EINSTEIN

LUIZ HENRIQUE MOTA RETORNA À CONSULTORIA

Após quatro anos como Superintendente Médico e de Relações Institucionais do Hospital do Coração (HCor) e seis meses como presidente do conselho deliberativo da Associação Na-cional dos Hospitais Privados (Anahp), o executivo volta à A.Com – Consultoria em Saúde, fundada por ele e onde atua com mais seis consultores. Automaticamente, quem assumiu o cargo de presidente da Anahp foi o vice - presidente Fran-cisco Balestrin. Até o fechamento desta edição o HCor não comunicou quem substituirá Mota.

Sérgio Erdmann - @serdmann “@Saude_Web: Albert Einstein implanta prontu-ário eletrônico em unidades públicas http://bit.ly/zkpTH0” - muito bom!

Pedro Alexandre - @pa_cabral A ideia é legal, só acho difícil o CFM autorizar RT: @Saude_Web: Falta de médicos em plantão pode ser amenizada com TI http://bit.ly/xtiVAl

Ricardo G Ferri - @rgferri @Saude_Web não somos só nos médicos que recla-mamos né !! Agora os dentistas ainda conseguem cobrar o custo operacional.

Phillipe Werneque - @phiwod Onde o governo também acerta: RT: @Saude_Web: BNDES e laboratórios nacionais criam a ‘superfar-macêutica brasileira’

CANAL DO LEITOR

Amigas e amigos da IT Mídia, parabéns pelo evento (1.2.1 Network Saúde), foi sensacional. A matéria (Como a Web 3.0 impacta a saúde) fi cou muito boa também.Renato Sabbatini, da Unicamp

Tenho certeza que eles vão fi car muito satisfeitos com o resultado. A matéria (7 passos para a boa gestão do lixo hospitalar), como sempre é muito boa e relevanteFernando Rosenthal, da Mark Assessoria & Comunicação

Fiquei viciada no site. Muitas informações bacanas e novidades.Ana Castro, assessora de imprensa

O Saúde Web está um espetáculo!!!! Parabéns!! Vamos enviar agora sempre pautas para vocês!! : )Cibele Leite, Comunicação Institucional da Hapvida Saúde

E-M A IL

T WIT TER

O diretor do Hospital M’ Boi Mirim - gerido pelo Hospital Israelita Albert Einstein -, Silvio Possa, assumirá, em abril, a ge-rência médica da unidade Ibirapuera do Einstein, localizado na Zona Sul de São Paulo. A entida-de possui Pronto Atendi-mento 24 horas e serviço de medicina diagnóstica e preventiva.

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O IGESP é um dos mais modernos complexos hospitalares do país.Sua infraestrutura permite a realização de procedimentos de alta complexidade, por meio de equipamentos de última geraçãoe equipes multiprofi ssionais comprometidas com o bem-estardos pacientes e focada no atendimento humanizado e acolhedor.

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O IGESP é um dos mais modernos complexos hospitalares do país.Sua infraestrutura permite a realização de procedimentos de alta complexidade, por meio de equipamentos de última geraçãoe equipes multiprofi ssionais comprometidas com o bem-estardos pacientes e focada no atendimento humanizado e acolhedor.

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OPeraDOra

DECIFRA-ME OU

COM O CONHECIMENTO DE INFORMAÇÕES GENÉTICAS, O BARATEAMENTO DO GENOMA

E A TECNOLOGIA EM PROL DA EVOLUÇÃO DA MEDICINA, O FUTURO DA SAÚDE

VISLUMBRA UM LEQUE DE OPORTUNIDADES DE TRATAMENTOS PERSONALIZADOS,

ÓRGÃOS SINTÉTICOS E CURA DE DOENÇAS. NO ENTANTO, AINDA HÁ FATORES A

SEREM “DECODIFICADOS E SABIDOS” NO PRESENTE, COMO LIDAR COM A PRIVACIDADE

DAS INFORMAÇÕES DO PACIENTE E A CONVERGÊNCIA ENTRE OS SISTEMAS DE

TECNOLOGIA. O DESAFIO ESTÁ LANÇADO E É PRECISO TRAZER O DEBATE PARA OS DIAS

DE HOJE PARA NÃO CORRER O RISCO DE SER “ENGOLIDO” POR ELE NO AMANHÃ

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ecifra-me ou te devoro. Esse era o desafio da Esfinge de Tebas. Ela eliminava aqueles que se mostrassem incapazes de responder a um enigma. Assim como a charada da mitologia egípcia, a realidade também precisou decodificar grandes questões, a maior deles, na década de 1990, foi o sequenciamento do genoma humano, que, desde então, está cada vez mais acessível.

Hoje, já é possível usar a tecnologia de impressão 3D para construção de órgãos e tecidos. Em um futuro breve, o seqüenciamento do genoma de quase todas as pessoas será conhecido e, assim, será usado para prevenção de doenças e trata-mentos personalizados. Mas “há um lado perigoso” e é preciso analisar como a informação será utilizada, é o que adverte o médico e cientista, titular da cadeira de FutureMed, da Singularity University, na Califórnia (EUA), Daniel Kraft.

Por outro lado, face ao “Big Brother Genético” do futuro, pairam questões do presente, como a privacidade das informações do paciente, integração de sistemas e o comportamento do médico. “Se o médico não for pago para usar uma simples tecnologia como e-mail ou Skype, ele não usará”, afirmou Kraft, que veio à São Paulo para o Executive Program 2012, curso realizado entre a Faculdade de Tecnologia (Fiap) e a Singularity University. À véspera de minis-trar a palestra “O futuro da medicina”, ele recebeu FH para conversar sobre o tema, entre outros assuntos. Veja os principais trechos a seguir:

dTE DEVORO

Maria Carolina Buriti • [email protected]

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QUEM: Daniel Kraft

Responsável pela cadeira do programa FutureMed naSingularity University Médico e cientista formado pela Harvard e Stanford, além de empresário com mais de 20 anos de pesquisas inovadoras na área de biomedicina e experiência clínica Membro do corpo docente da Stanford Institute for Stem Cell Biology & Regenerative Medicine Membro do corpo docente NIH e bolsista do Stanford Institute for Stem Cell Biology e Regenerative Medice e participa da USCE-United States Clinical Experience no setor pediátrico com serviço de transplante de medula óssea É certifi cado em Medicina Interna Pediátrica e Engenheiro Biomédico em Hematologia / Oncologia

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FH: O sequenciamento do genoma humano já custou US$ 3 bilhões. Você diz que ele custará menos de US$ 1000 em poucos anos. Tendo em vista tal barateamento, quais são as mudanças para a medicina hoje e quais serão as tranformações para a medicina no futuro?

Daniel Kraft: Bem, primeiro de tudo, levou sete anos e cerca de US$ 3 bilhões para fazer os primeiros genomas humanos nos Estados Unidos (EUA), e isso foi há cerca de dez anos. E desde então, o preço e a velocidade de fazer uma sequência de um genoma humano completo tem reduzido significativamente. Falamos de como os computadores se tornam mais rápidos a cada 18 meses. E o custo de uma sequência de genomas tem reduzido duas vezes, a cada 6 meses. Há dois anos, o custo era de US$ 100 mil, há um ano US$ 10 mil. Ou seja, a velocidade e a habilidade aumentaram e os preços cairão rapidamente ao ponto que, provavelmente, teremos o genoma de US$ 100 em poucos anos, e quem sabe, em alguns anos, será mais barato que um exame de sangue ou um raio-x, ou até de graça.

A genética está relacionada com como contrair certas doenças, pois, às vezes, se tem o gene e se adquire a doença, como fibrose cística ou doença falciforme. Em muitos casos, a sua genética oferece riscos maiores para certa doença, por exemplo, câncer de mama, câncer de cólon, entre outras. Conhecendo bastante a genética, pode-se começar a fazer previsões e ter uma melhor personalização. Por exemplo, suponha-se que uma paciente tenha um gene com alto risco para câncer de mama. É possível mapeá-la desde jovem, e não esperar para quando for mais velha. Certos genes indicam um alto risco para diabetes, então há de se ter atenção com a dieta de alimentar.

A prevenção é importante. Na medicina ocidental gasta-se tempo e energia para tratar a doença após o diagnóstico - já em estágio adiantado - como níveis de câncer ou diabetes avançados. O impacto da genética será em múltiplas cama-das. Uma das oportunidades iniciais, que já pode ser feita hoje em dia, até antes de “sequenciar” o paciente, se chama farmacogenética- variabilidade genética dos indivíduos com relação aos medicamentos específicos.

FH: Com o conhecimento do genoma, quais são os im-pactos na vida das pessoas? Não poderia haver um efeito negativo? É possível que as pessoas se tornem neuróticas sobre doenças e possam até cometer suicídio?

Kraft: Em geral, conhecimento é poder, especialmente o bom conhecimento que é prático. É muito importante o modo como a informação é apresentada para a pessoa. Não se pode querer falar somente que a pessoa tem 90% de chances de ter Alzheimer, é importante contextualizar ou dizer que ela possui o gene específico. É importante ter um conselho genético inteligente sobre a informação, contextualizando a informação, de forma que se possa utilizá-la.

É importante considerar a informação correta dada pelo médico ou aconselhada por um especialista, ou sites que te ajudam a entendâ-la. É complexo e estamos ainda aprenden-do. É importante compartilhar a informação sobre genética. É importante que as pessoas compartilhem traços de seus fenótipos, de forma voluntária, trocando informação do seu histórico médico, assim como fazem no Facebook, compar-tilhando amizades e preferências. Faz apenas dez anos que conseguimos mapear a primeira sequência genética, e em dez anos serão mapeados milhões e milhões de sequências, e logo todos serão sequenciados. Há o lado perigoso, que

ainda é um desafio. Por exemplo, no filme Gattaca (que sempre recomen-damos), em que, no futuro, as pessoas são sequenciadas desde o seu nascimen-to e direcionadas em suas carreiras e habilidades. É importante não haver discriminação e existirem leis que não permitam esse tipo de discriminação por causa do seu gene. A privacidade é também algo importante. Os siste-mas para protegê-la não são perfeitos e sempre existiram riscos. É um desafio em potencial saber da existência desse lado perigoso e saber compartilhar a informação de forma inteligente. Mas haverá casos em que um candidato presidencial pode deixar um copo e o DNA é analisado, e esse candidato tem dez chances de ter Alzheimer ou Parkinson, e isso, futuramente, será usado contra ele. Os pais, hoje em dia, já podem pedir testes de DNA para seus filhos para avaliar que tipo de estrutura física e habilidades eles terão , como correr uma maratona, por exemplo. Existem variadas maneiras em que a informação genética pode ser utilizada.

FH: Como se dá a relação da indús-tria farmacêutica com o conhecimento do genoma e a famacogenética?

Kraft: Hoje, as grandes indústrias far-macêuticas passam por problemas, por-que com as informações genéticas esta-mos aprendendo que os medicamentos não têm apenas um lado. Por exemplo, muitos pacientes não são beneficiados pela aspirina, mas nós receitamos a eles de qualquer forma para prevenir um infarto ou um Acidente Vascular Ce-rebral (AVC). Porém se elas carregam certo tipo de gene, podem não só não se beneficiarem, mas também terem efeitos colaterais. Para mim, como médico, é importante saber esse tipo de informação genética para evitar a prescrição de certo tipo de medicamento e receitar outros que irão ajudar.

Eu acredito que existem indústrias farmacêuticas que podem criar medi-camentos efetivos para determinados perfis de pessoas. Eu não acho que eles possam fazer algo melhor prestando atenção na farmacogenética, e nos genomas em geral, cujo tratamento é feito de forma individual, dando a dose certa, na hora certa para a pessoa certa. No entanto, hoje em dia não fazemos isso, damos o mesmo medicamento

“O impactO da genética será em múltiplas camadas. uma das OpOrtunidades iniciais, que já pOde ser feita hOje em dia, até antes de “sequenciar” O paciente, se chama farmacOgenética”

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especial fh 20 anos

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

para todos e da mesma forma: horário, quantidade, e etc. Muitos pacientes no Brasil e nos EUA sofrem de hipertensão e isso afeta muito o coração, os rins, o cérebro, e prescreve-se um remédio para o sangue, porém, na realidade, baseado na sua genética, seu peso, nas funções renais -, deveria ser escolhido algo mais apropriado.

Os médicos precisarão de uma inteligência artificial e programas que juntem todas essas informações para poder escolher o medicamento ideal.

FH: O Registro Médico Eletrônico (EMR) é comum, mas, ao mesmo tempo, ainda falta convergência entre os siste-mas e há o desafio de integração com os registros médicos pessoais do paciente. Quando isso se tornará realidade? Qual é a solução para isso?

Kraft: A oportunidade agora é usar esse novo tipo de medi-cina, onde quase tudo sobre sua saúde pode ser digitalizado, desde a genética até a pressão sanguínea, criando uma “massa de dados”. O registro médico eletrônico (Eletronic Medical Records / EMR) no nível básico é uma versão digital do qua-dro que se pode ter. Dessa forma, se o paciente entra em uma sala de emergência, o EMR autoriza a verificar rapidamente a situação clínica do doente. Hoje em dia é mais fácil definir e desenvolver a informação relevante por meio dessa tecnologia, na medida em que ajuda nos diagnósticos de prevenção ou para um tratamento mais efetivo da doença. Um dos desafios também é que muitos desses registros médicos eletrônicos são criados em diferentes línguas: francês, italiano ou portu-guês, portanto é importante ter padrões para se comunicarem conjuntamente para que se integrem com os medidores de pressão sanguínea e equipamentos de raios-X.

Estamos ainda em um estágio inicial dessa padronização. Nos EUA há somente de 25% a 30% de EMR, porém os equipamentos eletrônicos estão em expansão. Hoje em dia mais de 30% dos médicos usam Ipad nas clínicas. Na Uni-versidade de Stanford (EUA), por exemplo, cada estudante de medicina recebe um Ipad, o que indica que a próxima geração de médicos estará acostumada a usar esses dispo-

sitivos e essas informações digitais no seu dia a dia. FH: Mas, nos EUA, os sistemas de hospitais ja são inte-

grados com outros? No Brasil, por exemplo, cada hospital usa um tipo de programa e a informação, no fim das contas, permanece apenas com o paciente.

Kraft: Sim, exatamente, como em Stanford, que utiliza um tipo de sistema e se você se afasta alguns quilometros, ele já é outro. Porém, nos EUA o governo está tentando criar um padrão para que as futuras gerações consigam integrar um sistema de comunicação. É como aconteceu com as antigas fitas cassetes, que antigamente existiam dois tipos, mas fi-nalmente se padronizou um tipo só e todo mundo começou a usar apenas esse sistema. Tenho certeza que nos EUA, no Brasil, e em outros países, os médicos nem sempre praticam a medicina baseada em evidências, nem sempre praticam o que está evidenciado no papel. Eles seguem os procedi-mentos que são pagos para fazer. Se o médico não é pago para usar uma simples tecnologia como e-mail ou Skype, eles não usarão. Mas se as companhias de seguro médico se esforçarem para ter uma melhor comunicação, como e-mail, por exemplo, e se os médicos ganhassem mais para manter o paciente saudável, evitariam tratá-lo quando já estivesse doente. Similarmente com os EMRs, os EUA anunciaram que pagarão US$ 40 mil para colocar os EMRs em sua rotina. Se os hospitais e clínicas no Brasil incentivassem os EMRs, funcionando sobre certas regras de comunicação, isso iria ajudar todo o sistema se tornar mais comunicativo.

FH: Como o uso da impressora 3D ajudará a construir órgãos fora do corpo e como isso será feito?

Kraft: Uma das novas tecnologias que tem crescido é a impressão em 3D, é a habilidade de aplicar o design no computador e imprimi-la em três dimensões, como imprimir um copo, uma colher ou uma faca ou um pequeno cora-ção. É possível criar muitas coisas complexas, imprimir a mandíbula de um paciente, por exemplo. E a impressora tem se tornado cada vez mais barata, é possível comprar uma básica por US$ 2 mil nos EUA. E creio que em cerca

de 10 anos todos estarão usando essa tecnologia até em suas casas. Isso está começando a ser aplicado na medicina. Na medicina regenerativa, por exem-plo, se pode ter um uso efetivo nas células-tronco, quando há um tecido ou órgão danificado pela idade, lesão, ou infecção. Está começando a surgir a ideia de unir a engenharia de tecidos com a impressão em 3D. Há mais de 10 anos existe a construção artificial por meio de cultura de células da bexiga, que é um órgão simples. O doutor An-thony Atala, especialista em medicina regenerativa, e sua equipe, desenvol-veram uma tecnologia em que se pode cultivar em um tubo de ensaio algumas células e esperar que cresça uma nova bexiga, e isso é feito há 10 anos. Depois se estendeu a órgãos mais complexos, como os rins, fígado ou o coração. No ano passado, colocaram uma traqueia em pacientes que tiveram lesões respi-ratórias, desde câncer até tuberculose, podendo-se fazer um exame preciso da traqueia reconstruída em 3D.

Quando se fala em impressão 3D de um órgão complexo como o rim, por exemplo, precisa-se ter informações do sangue e de diferentes tipos de células. Alguns grupos acadêmicos estão nos estágios iniciais desse tipo de tecnologia. Algumas empresas tra-balham com um biorreator e um tubo de ensaio para tentar transplantar em pacientes. As coisas estão mudando de forma acelerada. Um dia teremos uma biblioteca de tipos de tecido, que poderá ser idêntico ao do paciente e ser usado para construir seu rim ou coração. Você poderia, por exemplo, pegar o coração do porco, tirar as célu-las dele e ter um esboço de tipos para, depois, quem sabe, colocá-las em um coração humano: criar um coração humano em uma “armação”, como se você fosse construir uma casa, que primeiro se constrói a estrutura para depois se colocar os tijolos. Portanto, há outras maneiras de se criar órgãos, estudados pela combinação da enge-nharia de tecidos e impressão 3D e biologia celular.

“é impOrtante que as pessOas cOmpartilhem traçOs de seus fenótipOs de fOrma vOluntária, trOcandO infOrmaçãO dO seu históricO médicO, assim cOmO fazemnO facebOOk”

Foto: Roger Soares

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SALTO PARA OUM

CIÊNCIA VERSUS TECNOLOGIAS MÉDICAS, UMA COMBINAÇÃO PROMISSORA E, PARA APROVEITÁ-LA, O BRASIL PRECISA TRANSPOR GRANDES OBSTÁCULOS COMO A FALTA DE INOVAÇÃO E SUA BALANÇA COMERCIAL DE SAÚDE DEFICITÁRIA

AMANHÃSALTO PARA OUM

AMANHÃVerena Souza • [email protected]

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que está por vir? A per-gunta aguça a curiosi-dade de qualquer gestor ávido por estratégias bem sucedidas. Apesar

da ideia de futuro já ter sido negada por alguns fi lósofos e, inclusive, pela física quântica, as percepções e atividades humanas ainda estão pautadas na organização clássica de passado, presente e futuro. E se antecipar às transformações parece valer ouro em um mundo compe-titivo como o que vivemos.

Mesmo tratando-se da Saúde, universo onde o efetivo cuidado ao paciente é o aspecto central, antever tendências tecnológicas, adminis-trativas e organizacionais é funda-mental para a assistência efi ciente e sobrevivência da instituição.

Dentre as já conhecidas movi-mentações demográfi cas, aumento de demanda, elevação dos custos, disparidades de acesso, maiores incidências de determinadas do-enças - como é o caso do câncer -, as novas tecnologias médicas fi -guram, também, entre os vetores de mudança do sistema. Mas nes-se contexto, ainda atuam antigos entraves que colocam em xeque o desenvolvimento e a sustentabili-dade dessas transformações.

É consenso entre os especialistas ouvidos pela FH que a robótica, a genética, a biotecnologia, a nano-tecnologia, entre outras ciências, têm muito a contribuir para a evo-lução da medicina nas próximas décadas. Entretanto o Brasil da burocracia, dos altos índices de corrupção e da inexistente cultu-ra de inovação estaria pronto para acompanhar as oportunidades no campo da saúde? A indagação per-meia esta edição comemorativa da FH - pelos seus 20 anos -, e res-ponde quais são as tendências e caminhos a serem trilhados pelos gestores, profissionais e consumi-dores da saúde.

roBÔs inTEliGEnTEs É indiscutível que a robótica, por

exemplo, é o futuro das cirurgias. O método, já praticado em diversos

O países no mundo, está em plena evolução devido aos avanços da Inteligência Artifi cial, que forma o “cérebro” dos robôs. Em entrevista exclusiva à FH, o ex-astronauta da NASA e responsável pela cadeira de Inteligência Ar-tifi cial e Robótica na Singularity University, Dan Barry, considera que as intervenções com robôs revolucionarão o modo de tratar os pacientes.

Atualmente o robô da Vinci, fabricado pela americana Intuitive Surgical, é o único voltado para cirurgias em ope-ração. O sistema é usado em diversas especialidades cirúr-gicas, como urologia, ginecologia, cardiotorácica, cirurgia geral, colorretal e cabeça e pescoço.

Daqui a alguns anos, Barry fala sobre a possibilida-de de existirem robôs trabalhando em hospitais como enfermeiros, sendo capazes de medicar o doente ou entender um eletroencefalograma ou, ainda, robôs

assistentes de fi sioterapia – verdadeiros auxiliares na aplicação de exercícios.

Cooperação entre os robôs é outra previsão eviden-ciada por Barry, realizável por meio da nanotecnologia. Os chamados nanorôbos poderiam ser injetáveis no ser humano para atacar um tumor, por exemplo. Ou ainda capazes de estimular o crescimento de células em uma área danifi cada.

Ao contrário de outros setores, onde as tecnologias, em geral, reduzem os custos no longo prazo, as tec-nologias médicas aumentam. Nos Estados Unidos, por exemplo, as estimativas indicam que a tecnologia médica contribui entre 40 e 50% para o aumento dos custos anuais do setor.

Desde 1970, os gastos com a saúde continuam a cres-cer de forma exponencial nos EUA. Mais recentemente

Dan Barry, da Singularity University, fala sobre robôs enfermeiros e assistentes de fi sioterapia daqui algumas décadas

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em torno de 9,8% ao ano, cerca de 2,5 pon-tos percentuais à frente da economia. De acordo com levantamento da Kaiser Family Foundation, a despesa do setor aumentou de US$ 75 bilhões em 1970 para US$ 2 tri-lhões em 2005, e estima-se chegar a US$ 4 trilhões em 2015.

Particularmente na robótica, Barry é oti-mista. Segundo ele, os sensores são os res-ponsáveis pelos altos custos dos robôs em geral tendem a diminuir. “Os sensores que fazem um robô custar US$ 200 mil, hoje, vão baratear em dois ou três anos, podendo o custo chegar a US$ 2 mil”, exemplifica Barry.

“A escolha da tecnologia certa será es-sencial para evitar desperdícios. Antes de definir qual o robô será usado, é preciso analisar os recursos humanos e financei-ros necessários”, enfatiza o presidente da Associação Paulista para o Desenvol-vimento da Medicina (SDPM), Rubens Belfort Junior.

EspEcializada E pErsonalizada Com as novas tecnologias ganhando es-

paço se torna evidente, cada vez mais, a necessidade de profissionais capacitados e especializados. “Antes o médico era ge-neralista. Hoje não. O futuro aponta clara-mente para a especialização e terceirização de subgrupos de especialistas. Uma grande operadora não vai ter 30 especialistas, pois seria caro. Ela teria um, terceirizado, para fazer a gestão de um determinado assunto e, este, se reportaria para um gestor maior, generalista”, prevê o oncologista e espe-cialista em auditoria médica e farmacoe-conomia, Stephen Stefani.

Daqui duas décadas, tudo indica que as equipes técnicas vão ter mais responsabili-dades e autonomia, modificando a estrutura de poder vigente na atualidade – ainda muito centralizada nos médicos.

Outra aposta dos estudiosos do setor está nos tratamentos customizados. Assim como uma das grandes preocupações das Tecnolo-gias de Informação e Comunicação em Saúde (TICSs) é integrar informações clínicas dos pa-cientes, os estudos genéticos decodificam com precisão as características biológicas de uma pessoa e viabilizam um tratamento dirigido.

A consequência disso é a transformação de como as drogas são desenvolvidas hoje. “Isso tem que mudar porque ano após ano o custo de fazer novos medicamentos aumenta en-quanto a produção cai. Isso não é sustentável. Biotecnologia avançada está realmente fican-do mais fácil de fazer e, por isso, deve haver uma quebra no sistema”, diz, em entrevista

exclusiva à FH, um dos responsáveis pela cadeira de Bioinformática e Biotecnologia da Singularity University, Andrew Hessel - também cofundador, em parceria com Jayson Tymko e John Carlson, da Pink Army Cooperati-ve, a primeira cooperativa de biotecnologia do mundo, que trabalha para desenvolver terapias “open source” para tratamento personalizado contra o câncer.

A prática recorrente, hoje, é tratar-se com um medica-mento já apresentado para o mundo. No entanto, segun-do Barry, existem drogas que funcionam bem para um grupo de pessoas na Rússia e que não são eficazes para alguns no Brasil, por exemplo. “No futuro, saberemos o genoma (informações hereditárias presentes no DNA), e o proteoma (proteínas encontradas em uma célula, sujeita a um certo estímulo). Dessa forma, seremos ca-pazes de produzir medicamentos específicos para um determinado indivíduo”, ressalta Barry.

O cientista Hessel é categórico ao afirmar que, em 20 anos, a biologia sintética será muito parecida com os computadores. “Teremos sequenciado o DNA de quase todas as criaturas do planeta. Haverá milhões de pessoas que irão programar coisas vivas como parte de seu trabalho diário. Seres vivos modificados serão importantes para, praticamente, todas as áreas: saúde, alimentação, ambiente, energia, água, espaço, seguran-ça, câncer e muitas doenças “órfãs” serão curadas ou tratáveis. No geral, eu vejo a biologia como a próxima indústria de TI”, diz Hessel.

O alinhamento de equipes especializadas, com efi-

ciente gerenciamento de informações clínicas e trata-mentos customizados contribuem para a transformação do conceito de valor no segmento.

Para o diretor da área de Saúde da PwC, Carlos Alberto Suslik, as instituições e profissionais do setor vão, no futuro, acompanhar a evolução do paciente. As empresas vão vender pacotes de tra-tamentos integrais. “O modelo de negócios atual está focado no procedimento, ou seja, na doença, e a alteração disso exigirá um novo modelo de remuneração, com base na entrega de valor ao paciente”, afirma Suslik.

o Brasil é capaz? Os avanços científicos no mundo incitam o movimento

do setor de Saúde e, mais do que isso, induzem os players a repensarem o atual modelo de negócios brasileiro.

A existência de alta tecnologia por si só não resolve nada. Falar em futuro sem falar em inovação seria uma discrepância, e é aí que está o maior pecado desta nação de quase 200 milhões de habitantes.

Segundo o Insead (The Business School for the World), o Brasil é 47° do ranking global em inova-ção, composto por 125 países avaliados por cerca de 80 indicadores, ficando atrás de países como Costa Rica, Jordânia e Malásia. Além disso, ocupa a 11° po-sição em requisições de patentes, segundo estudo da Organização Mundial de Propriedade Intelectual. E, destas, mais da metade vem de fora e de pessoas

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Andrew Hessel, da Singularity University: “Seres vivos modificados serão importantes para, praticamente, todas as áreas: saúde, alimentação, ambiente, energia, água, espaço, segurança, câncer e muitas doenças “órfãs” serão curadas ou tratáveis. No geral, eu vejo a biologia como próxima indústria de TI”

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ESPECIAL FH 20 ANOS

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

FUTURO

• Robôs enfermeiros e assistentes de fi -sioterapia trabalhando no hospital. Co-operação entre nanorobôs em cirurgias minimamente invasivas.

• Sintetização do genoma humano por completo.

• Proximidade entre universidade e indústrias.

• Medicina personalizada e tratamentos integrados.

• Equipes técnicas super especializadas e autônomas.

• Pacientes mais bem informados e toma-dores de decisão.

• Cirurgias menos invasivas com o robô da Vinci. Cinco em operação no Brasil: Hos-pitais Albert Einstein (1), Sírio-Libanês (2), Inca (1) e Alemão Oswaldo Cruz (1).

• Técnicas de impressão do DNA ainda no início e preços elevados; cerca de US$ 0,20 por base.

• Academia brasileira distante de indús-trias nacionais e internacionais.

• Modelo centralizado no procedimento. 

• Médico sobrecarregado, sendo o prin-cipal responsável pelo paciente.

• Pacientes passivos.

HOJE

INOVAÇÃOE

FINANCIAMENTO

físicas, diferente dos países desenvolvidos em que cerca de 90% dos pedidos são feitos por empresas.

Nos últimos quatro anos, a taxa média de crescimento de estudos clínicos caiu 4,4% no País. De acordo o CEO do Instituto de Pesquisa VIS e PhD em tecnologias bio-médicas (Harvard e MIT), Fabio Thiers, uma das razões prováveis seria o menor índice de crescimento econômico em relação à China e Índia – regiões com grandes avanços em pesquisas clínicas, além dos entraves regulatórios.

Os Estados Unidos lideram o ranking com 94,9 mil centros de estudos na área – o que representa 42% da força de pesquisas no mundo. Na 13º posição aparece o Brasil com 3,317 mil unidades de estudos, equivalente a 1,5% das pesquisas mundiais.

A rede nacional de pesquisas clínicas no Brasil conta com 32 hospitais públicos efetivamente como, por exemplo, o Hospital das Clínicas de São Paulo e Escola Paulista de Me-dicina. Entretanto, o Instituto VIS está mapeando mais 320 outras entidades com algum tipo de iniciativa na área. Para se ter uma ideia, o Estado da Flórida, nos Estados Unidos, possui 1500 instituições envolvidas nesse tipo de pesquisa.

Na opinião do líder da Deloitte na área de Life Scien-ces & Healthcare no Brasil, Enrico De Vettori, é preciso, com urgência, que as universidades se aproximem da indústria, inclusive das internacionais, como é praxe nos países desenvolvidos.

“Não temos pesquisadores sendo subsidiados pela indústria. Existe ainda um feudo muito forte na acade-

mia e nem sempre as aplicabilidades estão de acordo com a demanda do mercado”, opina Vettori.

Falta de inovação certamente é o grande empecilho para um futuro próspero da Saúde, mas não é o úni-co. Como pensar em aproveitar as novas tecnologias que estão por vir com uma balança comercial defi ci-tária de US$ 10 bilhões.

“Se não revertermos a situação da balança comercial da saúde, perdere-mos o bonde dos avanços e deixaremos de trazer benefícios aos pacientes”, conclui Vettori.

O executivo traça quatro pilares básicos, que devem ser construídos juntamente com a entrada das novas tecnologias para um melhor aproveita-mento das oportunidades. São eles: in-dústria e academia, com a necessidade de conexão entre elas; Financiamento, com políticas que melhorem a diferen-ça entre as importações e exportações, além de antever possíveis problemas de fi nanciamento, tendo em vista a retração de alguns países europeus; Medicina Personalizada, alterando o modelo atual centrado na doença; e Atitude do Paciente, conscientizando--o a ter hábitos mais saudáveis.

Os próximos anos podem ser carac-terizados pela palavra evolução nos mais diversos componentes deste es-trato econômico e social. Entretanto, para Vettori, as novas tecnologias mé-dicas, como a robótica, biotecnologia, entre outras, demorarão mais de 20 anos para tornarem-se realidade no tratamento da maioria dos brasileiros.

“Não temos nem saneamento básico direito neste País. Vai ha-ver, daqui algumas décadas, maior harmonia na balança, maior pre-sença de centros de Pesquisa & Desenvolvimento, crescimento da qualidade dos genéricos, pessoas mais informadas, mas o acesso às tecnologias médicas de ponta ainda fi carão restritas aqueles que frequentam o primeiro mundo da Saúde”, conclui Vettori.

Enrico De Vettori, da Deloitte: “Se não revertermos a situação da balança comercial da saúde, perderemos o bonde dos avanços e deixaremos de trazer benefícios aos pacientes”

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Atento à demanda cada vez maior da sociedade e em retribuição à essa confiança, o Biocor Instituto iniciou, em 2011, mais uma etapa da expansão de sua estrutura física, construindo mais 120 novos e modernos apartamentos, ampliando significativamente a capacidade atual de atendimento.

São empregadas na construção as técnicas mais modernas e os novos apartamentos serão equipados com o que há de melhor e mais avançado colocando à disposição dos médicos os melhores recursos tecnológicos disponíveis em benefício do nosso paciente.

Novas fases desse projeto de expansão estão planejadas para o segundo semestre de 2012.

O resultado será um Hospital cada vez melhor!

Nestes 27 anos, o Biocor Instituto alcançou resultados clínicos que são benchmarks no Brasil e no Mundo, refletindo a melhor resolubilidade da Instituição e dos Profissionais da Saúde que nela atuam com compromisso, ética e vocação para a melhoria contínua.

Do ponto de vista da pesquisa em saúde, os resultados são produtos desenvolvidos, aprovados e utilizados em todo o Mundo.

O Biocor Instituto mantém, ainda, seu foco na educação continuada, com uma programação científica nas diversas especialidades médicas e multidisciplinares, contando com uma média de 27 simpósios anuais, recebendo cerca de 2000 participantes externos ao ano.

O Sistema Integrado de Gestão do Biocor Instituto é certificado pela ISO 9001, desde 1997, à qual foram agregadas a ONA Nível III, a ISO 14001, a OHSAS 18001, o PMQ, o PNGS, a norte-americana NIAHOSM – National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations, certificação de conformidade legal, a QSP 31000:2010 (baseada na ISO 31000:2009) e, mais recentemente, a certificação de conformidade com a ISO 27001, todas mantidas de forma contínua até hoje.

A Gestão de Riscos é desenvolvida, implementada e mantida focada nos benefícios aos pacientes, ao Corpo Clínico, a organização, aos colaboradores e as demais partes interessadas na assistência a saúde.

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Atento à demanda cada vez maior da sociedade e em retribuição à essa confiança, o Biocor Instituto iniciou, em 2011, mais uma etapa da expansão de sua estrutura física, construindo mais 120 novos e modernos apartamentos, ampliando significativamente a capacidade atual de atendimento.

São empregadas na construção as técnicas mais modernas e os novos apartamentos serão equipados com o que há de melhor e mais avançado colocando à disposição dos médicos os melhores recursos tecnológicos disponíveis em benefício do nosso paciente.

Novas fases desse projeto de expansão estão planejadas para o segundo semestre de 2012.

O resultado será um Hospital cada vez melhor!

Nestes 27 anos, o Biocor Instituto alcançou resultados clínicos que são benchmarks no Brasil e no Mundo, refletindo a melhor resolubilidade da Instituição e dos Profissionais da Saúde que nela atuam com compromisso, ética e vocação para a melhoria contínua.

Do ponto de vista da pesquisa em saúde, os resultados são produtos desenvolvidos, aprovados e utilizados em todo o Mundo.

O Biocor Instituto mantém, ainda, seu foco na educação continuada, com uma programação científica nas diversas especialidades médicas e multidisciplinares, contando com uma média de 27 simpósios anuais, recebendo cerca de 2000 participantes externos ao ano.

O Sistema Integrado de Gestão do Biocor Instituto é certificado pela ISO 9001, desde 1997, à qual foram agregadas a ONA Nível III, a ISO 14001, a OHSAS 18001, o PMQ, o PNGS, a norte-americana NIAHOSM – National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations, certificação de conformidade legal, a QSP 31000:2010 (baseada na ISO 31000:2009) e, mais recentemente, a certificação de conformidade com a ISO 27001, todas mantidas de forma contínua até hoje.

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especial fh 20 anos

economia

O futurO da saúdeexercício de futurologia é ingrato, fre-quentemente presenciamos gafes mo-numentais cometidas por formadores

de opinião bem intencionados, esquecidos de “combinar com os russos” os destinos do amanhã. Não obstante, a história econô-mica nos permite apontar possibilidades a partir da identificação de eventos em curso, comparando-as com experiências anteriores.

A indústria da saúde, ou complexo indus-trial da saúde, é uma definição recente entre nós; ainda há torcer de narizes quando se compara a saúde a uma atividade indus-trial. Não há, porém, como vê-la de outra forma em tempos de produção em massa para atingir a totalidade da população, o que não significa abrir mão da qualidade, da ética, do respeito ao consumidor e da huma-nização; ao contrário, essa é uma tendência verifica-da em outras indústrias já maduras, a se acentuar no âmbito da saúde com mais transparência, mais con-formidade (compliance) relativamente às regras, políticas e códigos de ética das empresas.

E isso se dará mais por pressão dos con-sumidores e seus órgão de defesa do que necessariamente por conscientização dos ofertantes, pois há que se superar a ideia de que, para atender em grandes volumes, há que se reduzir o custo e atender mal; sig-nificará também saltar do modelo fordista para a produção flexível.

Sim, atender em grandes volumes, pois atenção à saúde será crescentemente desejo de consumo. A emergente classe C, resultado do aumento da massa salarial dos últimos oito anos, se em um primeiro momento de acesso ao consumo aceitou produtos/serviços de menor qualidade, rapidamente aprendeu a distinguir qualidade de quanti-dade. Resulta da ampliação da cidadania,

a se acentuar nas próximas décadas, como consequência da consolidação da nossa jo-vem democracia.

No plano privado, é previsível a con-centração, tanto na indústria de planos de saúde como na de serviços hospitalares; o número de partícipes seguirá diminuindo até atingir o limite máximo admissível pe-los órgãos de defesa da concorrência; é a lógica do capital, visando diminuir riscos e adquirir peso político para enfrentar a regulamentação.

Adicionalmente, pressões para admitir a participação do capital internacional na prestação direta de serviços de saúde devem aumentar; hoje ela já se faz presente de for-ma dissimulada ou indireta em várias redes de hospitais e em administradoras de planos

de saúde, conhecida pelo mercado e tolerada pelo governo, apesar da lei.

O amadurecimento da indústria exigirá melhor educação da força de tra-balho, em especial no pla-no da gestão; hoje há pou-

cos mestres e doutores em cargos diretivos na saúde em comparação a outras indústrias consolidadas. Da mesma forma, a fé inaba-lável em gurus e práticas que não deram certo em outros países, com ruinosos efeitos em suas economias, mas ainda alardeados em congressos e feiras, deverá dar lugar a práticas econômicas e de gestão baseadas em evidências e conhecimentos locais.

Enfim, um futuro de muito trabalho — falta muito chão a percorrer para a constru-ção de uma Nação, mas vamos na direção certa, o “complexo de vira-lata” citado por Nelson Rodrigues: “..a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Dando lugar a um sentimento de orgulho, de que podemos fazer bem feito.

O

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Maria Cristina aMOriMEconomista, professoratitular da PUC-SP

EduardO PErillOMédico, mestre em administração, doutor em história econômica

No PlaNo Privado é PrEviSívEl a CoNCENtração, taNto Na iNdúStria dE PlaNoS dE SaúdE CoMo Na dE

SErviçoS hoSPitalarES

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Av. Santo Amaro, 2.468Vila OlímpiaSão Paulo - SP(11) 3040 8000www.santapaula.com.br

O Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês assume a Gestão Técnica do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula.

Agora, o Hospital Santa Paula realiza atendimento aos pacientes com um grupo de oncologistas clínicos do Hospital Sírio-Libanês. É o Santa Paula sempre pensando em você.

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mundo está de olho na saúde. Em 2000, a Organi-zação das Nações Unidas (ONU) estabeleceu oito Objetivos do Milênio (ODMs), que contemplam metas a serem alcançadas até 2015, visando o de-

senvolvimento sustentável dos países. Desses oito ODMs, três propõem mudanças no setor da saúde. O primeiro fala em reduzir em dois terços a mortalidade de crianças menores de cinco anos. Outra meta prevê a redução em três quartos da taxa de mortalidade materna e detenção do crescimento da mortalidade por câncer de mama e de colo de útero. O terceiro visa a deter a propagação do HIV e garantir o aces-so universal ao tratamento, além de deter a incidência da malária, da tuberculose e eliminar a hanseníase.

Ainda não se sabe quais países serão capazes de alcançar esses objetivos dentro do prazo determinado, mas, de uma forma ou de outra, promover estudos que mostrem a real situação do setor de saúde no mundo já é um grande passo para que metas como essas sejam cumpridas.

Nesse sentido, existe no Brasil um programa que preten-de construir uma visão integrada e compartilhada sobre as possibilidades de desenvolvimento equitativo e sustentável do País. O Projeto Brasil 2022-2030 define compromissos e indica quais os esforços necessários para alcançá-los nos próximos anos. Com a colaboração entre Fundação Oswal-do Cruz (Fiocruz), Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), foram realizados 21 estudos que examinaram a probabilidade de futuros para o setor de saúde público e privado, considerando os anos de 2022 e 2030.

Como resultado, o projeto contempla a “Agenda de Saúde 2022”, que propõe ações em três eixos: acesso e qualidade da atenção à saúde; financiamento e gestão do SUS e segu-rança em saúde.

O coordenador-executivo do projeto e assessor da Pre-sidência da Fiocruz, José Carvalho de Noronha, traduz o primeiro deles da seguinte forma: “O acesso pressupõe que as pessoas obtenham o cuidado na hora e do tipo que ne-cessitam. A qualidade é basicamente não causar danos. A

Parceria entre Fiocruz, Ipea e Secretaria de Assuntos Estratégicos da

Presidência da República, Projeto Brasil 2022-2030 identifica demandas da saúde pública e privada do País para

guiar os responsáveis por executar  as mudanças dos próximos anos

Mariana Costa • [email protected]

Como será o

saúde pública

o?

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pessoa não pode sair do hospital pior do que entrou. Mas não existe receita de bolo para que essas metas sejam alcançadas.”

A ausência de uma receita traduz bem o que é o Projeto Brasil 2022-2030. Ele não se propõe a encontrar solu-ções exatas para os problemas, nem indica de onde sairia o dinheiro que possibilitaria essas transformações. São ensaios macro, que apontam para os problemas e as soluções necessá-rias para o setor de saúde público e privado. “O projeto não traça um plano. Trata-se de um exercício de prospecção estratégica para alimen-tar e subsidiar a elaboração de uma visão de longo prazo para o Brasil, identificando as oportunidades e ameaças para se alcançar um futuro desejável”, explica Noronha. “É um estudo que pretende dar um mapa de planejamento de longo prazo para que empresários possam ter desenha-dos os cenários que têm pela frente. Ninguém investe em hidrelétrica sem pensar nos próximos 30, 50 anos. Pre-cisamos desse planejamento macro em saúde também.”

Tendo em vista que nenhum indiví-duo pode ser privado do tratamento de que necessita, uma das ideias cen-trais do projeto é que os brasileiros sejam atendidos de acordo com sua especificidade de saúde e não com sua capacidade de pagar. Por isso, o segundo eixo do estudo trata justa-mente do financiamento e de uma me-lhor gestão do SUS. Noronha resume algumas questões centrais analisadas por eles: “Como podemos dar aten-ção a 200 milhões de brasileiros? Qual a capacidade fiscal que tenho para atender a essas pessoas? Se não posso atender a todos, o que devo fazer?” Identificar os grandes problemas do setor de saúde pública e privada no Brasil é um dos passos para se inves-tigar de que maneira é possível deixar o sistema mais equitativo.

Além de identificar os atuais pro-blemas, é indispensável ter um retrato do que se espera do futuro. Uma coisa é certa: teremos uma população de idosos cada vez maior demandan-do atendimento. Ao mesmo tempo, outros serviços talvez sejam menos necessários que hoje. “De que adianta

?construir uma ultramaternidade moderníssima se as mulheres estão parando de ter filhos? Também os hos-pitais em pequenos municípios são muito caros e não deveriam existir. É com esse tipo de reflexão que estamos trabalhando para orientar gestores públicos e privados”, explica Noronha.

O terceiro e último eixo contemplado pelo projeto fala sobre a necessidade de garantir a segurança em saúde no Brasil. Em outras palavras, o País precisa ser autosuficiente em produção de vacinas, medicamentos e tratamentos oferecidos. Noronha diz que precisamos ter uma política de autosuficiência imunobiológica, para garantir uma resposta rápida a uma ameaça global de gripe H1N1, por exemplo. “A Índia fez esse trajeto, a China também. O Brasil precisa ter capacidade técnica de reagir,” diz.

O coordenador-executivo acredita que o Projeto Brasil 2022-2030 deve trazer informações importantes para se planejar melhoras para a assistência em saúde no Brasil. “O País não tem ainda uma tradição forte de visão de longo prazo e este projeto representa um grande passo na área da saúde. É um processo continuado e, imagino,

deverá mobilizar todos os integrantes de um setor que já representa 8,8 % de nosso Produto Interno Bruto.”

Projeção NecessáriaO Projeto Brasil 2022-2030 busca criar as bases para

uma melhora nos serviços de saúde como um todo, mas é indiscutível que o setor mais problemático é justamente o da assistência pública. No entanto, quando examinamos os últimos 20 anos, é possível identificar importantes avanços, como explica o especialista em saúde pública da Universidade de São Paulo, Oswaldo Y Tanaka. “Até 1988, havia um sistema contributivo, via Instituto Nacio-nal de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), para a parcela da população formalmente inserida no mercado de trabalho, e uma grande parcela da popula-ção sem sistema de assistêcia médica, dependendo da caridade. A partir da Constituição de 1988, temos um sistema universalista, baseado em impostos em que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado, sendo igualmente ofertado a toda a população do País, independentemente de sua condição no mercado de trabalho”, relata.

José Carvalho de Noronha, da Fiocruz: “é um estudo que pretende dar um mapa de planejamento de longo prazo para que empresários possam ter desenhados os cenários que têm pela frente”

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saúde pública

CoNheça os priNCipais poNtosdo proJeto Brasil 2022-2030:

• Desenvolvimento, Estado e Políticas de Saúde: tem como obje-tivo desenhar um pano de fundo para os outros capítulos direta-mente voltados para a questão da saúde, abrangendo os seguin-tes temas: Alinhamento estratégico e cenários de desenvolvimento para 2022/2030 com recomendações para um novo modelo de desenvolvimento e Fundamentos da Saúde e das Políticas de Saú-de, que analisa os princípios do sistema de saúde brasileiro, a saúde na política nacional de desenvolvimento, a gestão pública e a integração continental e cooperação Sul-Sul em saúde.

• População e Perfil Sanitário: aborda o cenário sócio-demográ-fico em 2022 e 2030 e examina o perfil epidemiológico no ho-rizonte temporal proposto, assinalando os problemas de saúde que se vem se agravando, como a violência, o dengue, o diabe-tes, a obesidade, ao lado das doenças transmissíveis, endemias, epidemias e pandemias que configuram riscos sanitários para o país no futuro próximo.

• Organização e gestão do sistema de saúde: enfoca a gestão do nível federal do sistema (Administração Direta, Agências Re-guladoras, Fundações Nacionais, Empresas Públicas Nacionais), a coordenação federativa do Sistema de Saúde, os modelos de organização e gestão da atenção à saúde e a temática “Partici-pação e Controle Social”.

Força de Trabalho em Saúde: explora um conjunto de temas que envolvem a evolução do mercado de trabalho em saúde e desenvol-vimento social, a formação e qualificação para o trabalho em saúde e profissões e regulação profissional.

• Estrutura do financiamento e do gasto setorial: aborda os pro-blemas e perspectivas do financiamento da saúde no Brasil, bem como as estruturas do financiamento e do gasto setorial, o papel do financiamento público e privado na prestação dos serviços de saúde, suas repercussões sobre a oferta de serviços, e os modos de pagamento e compra de serviços.

• Desenvolvimento produtivo e complexo da saúde: abrange a di-nâmica de inovação e Perspectiva do Cadastro Nacional de Empre-sas Inidôneas e Suspensas (CEIS) para a sustentabilidade estrutural do Sistema de Saúde, o subsistema de base química e biotecno-lógica, o subsistema de base mecânica, eletrônica e de materiais, o subsistema de serviços em saúde e a infraestrutura científica e tecnológica para apoio ao CEIS. (O produto desse esforço será publicado e divulgado para debate público e orientando a conformação de redes de conhecimento, que serão constituídas para as etapas subsequentes do Projeto. )

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Poderíamos esperar que mudanças significativas continuassem a ocorrer nas próximas duas décadas? Tanaka lembra que, a partir da Constituição, foram incorporados no sistema aproximadamente 90 mi-lhões de pessoas que não dispunham de qualquer tipo de assistência. Assim sendo, o principal desafio do governo é manter esse sistema com universalidade, integralidade e equidade, possibilitando acesso a todos e respondendo às necessidades de saúde da população, assim como propõe um dos eixos do Projeto Brasil 2022-2030.

Para garantir acesso e qualidade, Tanaka lembra que a parceria público--privada já é uma realidade na busca de soluções mais eficientes na prestação de serviços públicos. “Da mesma maneira, verificamos que o serviço privado tem aprendido com o setor público, na medida em que o sistema de saúde suplementar tem implementado a estratégia de aumento de cobertura dos serviços por meio da estratégia de saúde da família,” opina.

Em relação a outro eixo do programa, que visa a garantir a seguran-ça em saúde ao reduzir a dependência externa de insumos estratégi-cos, Tanaka afirma que os programas de pesquisa e desenvolvimento representam ainda um gargalo no setor de saúde pública brasileiro. O especialista acredita que atingir a autosuficiência tecnológica é um objetivo de longo prazo. “O gap tecnológico é grande e vamos preci-sar de muito investimento em recursos humanos e de incorporação tecnológica para atingir essa meta, mas considero imprescindível que a persigamos,” acredita.

Em um país da extensão do Brasil, uma grande dificuldade é garan-tir igualdade no acesso e na qualidade da assistência à saúde a toda a população. Para Tanaka, a prestação de serviços depende em grande parte dos equipamentos de saúde já existentes nas distintas cidades e há uma distribuição histórica de serviços de forma não equitativa e não adequada entre os distintos estados do País. “Esse gap terá de ser com-pensado de médio a longo prazo, com um programa de investimento direcionado à correção destas diferenças,” avalia.

Certamente, não será tarefa fácil alcançar os objetivos propostos pelo Projeto Brasil 2022-2030, mas não há dúvidas de que um planejamento em longo prazo, que avalie cenários e identifique o que precisa ser mudado, é o primeiro passo para execução de ações efetivas.

“da mesma maNeira, veriFiCamos que o serviço privado tem apreNdido Com o setor púBliCo, Na medida em que o sistema de saúde suplemeNtar tem implemeNtado a estratégia de aumeNto de CoBertura dos serviços por meio da estratégia de saúde da Família”

oswaldo Y taNaka, espeCialista em saúde púBliCa da uNiversidade de são paulo

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saúde pública

EnvElhEcimEnto

PoPulacional1. Os tratamentos e tecnologias estão evoluindo

para oferecer terapias cada vez melhores e prolongar a sobrevida do paciente. Mas muitas vezes, para um paciente idoso, essa prorrogação do tratamento não inclui qualidade de vida. Por exemplo, deve-se ou não procurar câncer ou outras doenças equivalentes em pacientes idosos assintomáticos? Pois se ele tem 85 anos de idade e se sente bem e é descoberto um tumor, submeter uma pessoa desta idade à cirur-gia ou quimioterapia pode antecipar a morte ou oferecer uma sobrevida de sofrimento por conta dos tratamentos. Qual sua opinião sobre o assunto?

Há pouco tempo, uma pessoa de 92 anos, muito próxima a mim, sofreu uma fratura do colo de fê-mur. Antes da cirurgia, os médicos informaram que exames revelaram uma alta em marcadores tumorais: não seria oportuno aproveitar a intervenção para investigar? Ou esperar a recuperação para realizar alguns exames intrusivos? Seria um câncer de colon? Decidiu-se não proceder às investigações suplemen-tares. Isso foi há dois anos, e a pessoa se recuperou bem da fratura e está em ótimas condições clínicas, embora com deterioro cognitivo importante. Qual seria a qualidade de vida dela hoje, caso ocorresse a investigação agressiva, que, aparentemente, se impunha? Talvez uma cirurgia abdominal agressiva? Talvez uma colostomia? E se ela vier a desenvolver uma condição grave nos próximos meses, anos?

São questões difíceis envolvendo ética médica, compaixão e atitudes positivas face ao envelheci-mento. Não defendo que um idoso deixe de receber toda a atenção médica que resulte em prolongar a qualidade de vida pelo maior período de tempo pos-sível. Mas, tampouco, defendo atos “ heróicos”, que

podem resultar em mais dano que ganho. Sustento toda intervenção, que permita manter a capacidade funcional – ou restaurá-la – ocorra independente da idade. Mas há limites quando existe o risco de prolongar uma vida sem qualidade, quando apenas mais anos se somam à vida.

Quanto mais avançada a idade no momento da morte, menos cara ela custa. Morrer da mesma condição aos 60 anos custa mais que aos 90. Além disso, o último ou os dois últimos anos de vida são responsáveis por grande parte dos custos totais de cuidados da saúde da maioria dos indivíduos. A conclusão é clara e interessa a todos (indivíduo, família, sociedade, seguro saúde): estender ao má-ximo o período de vida com saúde, investindo em promoção e prevenção da saúde permitindo que se alcance uma idade avançada com qualidade de vida e com poucos gastos de saúde.

2. Nações como Canadá e alguns países da Europa já estão enfrentando os desafios do envelhecimento da população. O que o Brasil pode trazer de bons exemplos desses países e o que temos que evitar para não cometer erros semelhantes?

A maior parte dos países – com exceção da maioria dos africanos e alguns menos desenvolvidos da Ásia e América Latina – já enfrenta os desafios do enve-lhecimento. E nos países como o Brasil, os desafios são ainda maiores, pois os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecer. Aqui, estamos envelhecendo, mais rapidamente que eles no passado, mas ainda enfrentando problemas que essas nações já tinham posto de lado à altura de seu processo de envelhecimento.

AlexAndre KAlAche

conselheiro sênior de Política para o Envelhecimento Global, da New York Academy of Medicine, diretor do Centro para Políticas sobre Envelhecimento, do Rio de Janeiro, e ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (OMS)

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A peculiaridade do Brasil frente a exemplos de sucesso como Canadá, Dinamarca e Japão refere-se aos problemas de infraestrutura e educação. Especialista alerta sobre a importância de criar ações sustentáveis e compatíveis com o desenvolvimento econômico do País

Por Maria Carolina [email protected]

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EnvElhEcimEnto

PoPulacional

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

As políticas necessárias para fazer face ao nosso envelhecimento ocorrem em paralelo aos proble-mas de infraestrutura, aos desafios educação e de geração de emprego a um contingente enorme de jovens adultos – muitos deles sem capacidade de entrar no mercado de trabalho formal. Portanto, a experiência do Canadá, Dinamarca ou Japão, por exemplo, é de relevância relativa para nós, pois eles puderam se dar ao luxo de desenvolver políticas que, se adotadas pelo Brasil, levariam ao aumen-to de desigualdade: beneficiando uns poucos em detrimento da maioria. Por isso, temos de buscar saídas sustentáveis e compatíveis com nosso nível de desenvolvimento econômico.

Herdamos políticas absurdas do passado. A segu-ridade social do funcionalismo público federal, que beneficia em torno de 1 milhão de pessoas causou um déficit de R$ 61 bilhões em 2011 ( o custo é ainda maior, este é apenas o déficit ) e facilmente chegará a R$ 100 bilhões num futuro breve. Isso porque durante a Ditadura Vargas e, mais tarde, o Regime Militar ne-cessitando da lealdade plena dos funcionários públicos (inclusive os militares) implementaram aposen-tadorias para “não botar defeito”: pensões corres-pondendo ao salário integral, muitas vezes, pagos 16 vezes ao ano, pensões conferidas por tempo de serviço, ou seja, aposentadorias a pessoas de 45, 50 anos que viverão mais 40 com esta benesse. Portanto, não se pode culpar o “ envelhecimento” populacional e, sim, essas políticas, que são incon-cebíveis em países muito mais ricos. E o preço é claro – pois o risco é o País se tornar uma Grécia e não uma Alemanha.

3. Estamos passando pelo bônus demográfico e no futuro do País esse bônus se transformará naturalmente em uma população de maioria ido-sa. Quais políticas poderiam ser adotadas agora para evitar problemas quando a população idosa superar a população jovem? Por exemplo, alguns especialistas em previdência falam sobre a criação

de uma poupança da saúde (health savings account) quando a pessoa estiver em idade produtiva, para que ela use este recurso quando envelhecer.

Não teremos mais idosos que adultos mais jovens, mas em breve existirá tanto idosos quanto pessoas de até 15 anos. O bônus demográfico refere-se ao fato de que no momento – e por mais uns poucos anos – já não teremos tantas crianças para educar e cuidar, mas ainda não há tantos idosos para prover cuidados e pensões. É uma “janelinha” de oportu-nidade para se colocar a casa em ordem. Por isso, a premência de políticas sustentáveis e responsáveis. Se perdermos está oportunidade, ela não se repetirá.

Há progresso. A Constituição de 1988 assegurou Saúde como um direito de todos, mas falta muito para ser declaradamente boa, apesar de estar muito

melhor do que antes. Hoje, o idoso com problemas de saúde exige seu direito ao serviço de saúde. Como também o direito à renda mínima. Praticamente todos com mais de 65 anos, no Brasil, recebem algum benefício, a aposentadoria é virtu-almente universal. Os mais pobres têm direito a aposentadorias não

contributivas. E passam a ser um recurso crítico para suas famílias. Muitas vezes, são os únicos, na família com uma renda mínima. São agentes do desenvolvimento, pois os 2000 municípios mais po-bres do Brasil veem nestas pensões a única fonte de renda regular.

Todas as medidas que estimulem a capacidade de nos auto ajudarmos na velhice tem mérito e acre-dito que uma poupança de saúde traz benefícios importantes para aqueles que a podem pagar. Mas não são todos. Daí a necessidade de um conjunto de ações, algumas que visem os mais ricos ( que podem pagar tal poupança de saúde ) outras que protejam os mais vulneráveis – àqueles que por culpa própria não tiveram o privilégio de terem contribuído para o INSS. Estes necessitam de políti-cas sensatas ainda mais do que aqueles que têm os recursos para buscar alternativas no setor privado.

4. Como a tecnologia pode ajudar o idoso a se tornar mais independente? Esses sistemas de monitoração e tecnologias de telemedicina podem ajudá-lo? O que já existe hoje no Brasil e no mundo que podem auxiliar as pessoas nessa fase da vida?

As respostas tecnológicas podem fazer maravilhas e não necessitamos de exemplos mi-rabolantes, com custo alto e reservados aos privilegiados. Por exemplo, em edifícios re-sidenciais Brasil afora ainda existe a figura do porteiro. Tais profissionais já foram identifi-cados pelos idosos em estudos qualitativos como seus “me-lhores amigos”. Ora, se já são amigos podem ser também mais eficazes adquirindo novas habi-lidades. Nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, eles já estão sendo treinados e quando este profissional puder usar o interfone como uma tecnolo-gia que permite monitorar os idosos de seu edifício, estamos utilizando tecnologia barata que aumenta a segurança destes moradores vulneráveis. E há muitos exemplos de pequenos “devices” cujo custo esta bai-xando ano após ano.

Mas, claro, as tecnologias que permitem acompanhamento à distância, que detectam uma si-tuação de risco em tempo real, que ajudam a serviços antes ine-xistentes – como a telemedicina – assinala para um envelhecimento ativo e com qualidade de vida.

HERDAMOS POlítiCAS ABSuRDAS DO PASSADO. A SEGuRiDADE SOCiAl DO fuNCiONAliSMO PúBliCO fEDERAl,

quE BENEfiCiA EM tORNO DE 1 MilHãO DE PESSOAS CAuSOu uM

DéfiCit DE R$ 61 BilHõES EM 2011

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saúde pública

O que esperar dO sus

daqui a 20 anos?onstantemente somos desafiados a enxergar o futuro. Porém, ele se encontra na espera de seu dia e por isso não conseguimos vê-lo. Mas como ele virá, é possível

criá-lo. Para tanto temos que desejá-lo. E tal desejo deve mesclar utopia e uma noção de factibilidade oriunda do conhecimento do passado e presente. Assim olhar para o futuro, desejá-lo, é uma forma de torná-lo possível.

O SUS é resultante do desejo da sociedade brasileira em ter acesso à assistência à saúde de forma universal, integral e com equidade. É a nossa utopia de 22 anos.

Como o vejo em 20 anos?Para tanto é necessário desenhar o cenário provável – e o que espero é um cenário no qual o Brasil, graças a sua nova posição entre as nações, chegue a 2032 tendo erradicado a pobreza extrema, diminuído a desigualdade de renda; com um sistema educacional melhor. Com a resolução de boa parte dos problemas graves de saneamento básico, melhora da infraestrutura de transporte; com uma participação crescente no registro de patentes e caminhando para a independência da produção e venda de commodities.

Nesse cenário, o setor de saúde priva-do evoluiu para uma cobertura de 35% na área da Assistência Médica Supletiva (AMS). Essa expansão se dá por meio de redes de baixa complexidade e depen-dente do complemento e o setor público nas áreas de alta complexidade. No entanto, melhora bastante a capacidade de gestão e a eficiência da rede privada, que busca a melhoria contínua nos processos assistenciais dentro das instituições. Também, muitas operadoras começam a atuar na área de promoção e proteção da saúde, com impacto na qualidade de vida de seus beneficiários.

Em relação ao SUS, seu principal problema continuará existindo, porém, com menor relevância. O financiamento não será aumentado por novas fontes, embora venha a ser beneficiado pelo crescimento da economia e se beneficie do aumento da eficiência.

Assim, o espaço ocupado pela assistência privada levará a uma necessária integração com o SUS. Portanto, a AMS ocupará um importante espaço na assistência e se aliará ao sistema público na alta complexidade e na assistência farma-cêutica e podem ser construídas escalas entre as duas redes, se elas deixarem de ser superpostas.

Este talvez seja o desafio mais importante do SUS nesse futuro. Existe uma visão atrasada e que isso seria transferir

renda para o privado, mas embora este componente exista ao não aproveitar a complementaridade, o que se faz é pro-mover um imenso desperdício de recursos. Espero também que a questão fiscal seja enfrentada e, ao fazê-lo, se enfrente de maneira madura a questão dos subsídios cruzados, que hoje inundam a economia brasileira e o setor saúde.

O financiamento deverá ser enfrentado via aumento da eficiência gerencial, utilizando intensivamente a tecnologia da informação, que deverá permitir sistemas de regulação da demanda. Assim a regra de relacionamento com o setor priva-do será a da contratualização, da mesma forma que quando se realizarem os contratos de gestão via OSs e OSCIPSs. E dentro da própria administração pública indireta (fundações estatais de direito privado,) a forma de relacionamento será a contratualização. O Estado define a política, contrata, define os valores a serem pagos e avalia os resultados.

Dentro do processo de regulação são estabelecidas novas regras para adequar a participação dos municípios com me-

nos de 20 mil habitantes e praticamente são fechados os hospitais de menos de 50 leitos, embora alguns tenham sido trans-formados em centros de acolhimento e tratamento de pacientes crônicos e/ou fora de possibilidade terapêutica.

O uso da evidência clínica para incorporar novas tecnolo-gias, inclusive pelo setor privado, é operado por uma nova agência governamental e promove importantes economias. Os principais indicadores de saúde melhoram, mas a morbi--mortalidade continua expressando uma inaceitável diferença entre os diversos grupos de renda. A questão da equidade ainda é um imenso desafio a ser enfrentado. Pobres e negros morrem mais de enfermidades onde há grandes vitórias, como infarto, AVC e câncer.

O sistema de saúde está sendo reconstruído com base em um processo de organização de redes regionais de atenção, mes-clando o público e privado com base em negociações mediadas por Conselhos Gestores. O instrumento predominante é o da regulação em um ambiente de transparência acompanhado pelo Ministério Público e pelos Tribunais de Contas.

Será que exagerei na dose da utopia? Acho que não. Acredito que estamos caminhando no sentido de construir um mundo melhor para viver nele e não dele. E acho que o componente fundamental que temos que introduzir para construir esse futuro é compromisso social com a transformação que queremos. Caminhemos.

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Gonzalo VeCina netoProfessor assistente daFaculdade de Saúde Pública/USPSuperintendente corporativodo Hospital Sírio-Libanês

o eSPaço ocUPado PeLa aSSiStência Privada Levará a Uma neceSSária integração com o SUS

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HOSPITAL

Guilherme Batimarchi • [email protected]

Utilizada hà pouco mais de dez anos, a cirurgia robótica ainda está em sua primeira geração, no entanto, especialistas já vislumbram novas aplicações. Um futuro que nem o visionário artista e inventor italiano poderia imaginar

DE LEONARDO AO

DA VINCI

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ESPECIAL FH 20 ANOS

esde o início da Era Mo-derna, a sociedade ima-gina um futuro apoiado pela tecnologia, onde homem e máquina con-vivem e dividem fun-

ções em casa e no trabalho. Tal convívio parece não estar tão dis-tante quanto se imagina, ao menos para alguns setores, como o de saúde, por exemplo, que já conta com modelos de robôs cirurgiões.

O mais comum e utilizado em larga escala por instituições de saúde é o da Vinci, produzido pela Intuitive Surgical Inc.. Seu nome foi inspirado no primeiro pensador a elaborar estudos so-bre a anatomia humana, o gênio renascentista Leonardo Da Vinci.

Utilizado pela primeira vez em 1997, na Bélgica, o que antes era ficção científica hoje se tornou uma realidade. Grande parte dos hospitais em países da Europa, Es-tados Unidos e Japão já possuem ao menos um robô cirurgião por unidade de saúde.

Em entrevista exclusiva à FH, o presidente da Denbar Robotics e ex-astronauta da NASA, Dan Barry, afirma que a robótica está avançando exponencialmente à medida que aumentam o poder computacional e a velocidade das conexões que permitem uma mobilidade cada vez maior de máquinas inteligentes. “Defini-tivamente, a cirurgia robótica é o futuro das cirurgias, está evo-luindo e mudará a medicina dos próximos 10 anos.”

As reduções consideráveis nos custos de sensores 3D e os novos algoritmos de processamento de imagens possibilitam aos robôs e seus usuários uma conscientiza-ção maior do meio ambiente em que as máquinas estão inseridas e sistemas cada vez mais avança-dos. “Já estão em fase de estudo, os procedimentos feitos somente com robôs, onde ninguém tocará no paciente”. Barry afirma, tam-bém, que a utilização dessas má-quinas não se restringirá apenas ao centro cirúrgico, mas à prática as-sistencial com robôs enfermeiros.Guilherme Batimarchi • [email protected]

D COMO É O CENTRO CIRÚRGICO

1. Terminal de controle do robô cirurgião, operado pelo médico

2. Joysticks do da Vinci, que reproduz exatamente os movimentos feitos

pelo cirurgião3. Equipamento robótico que executa a cirurgia4. Pinças do robô realizando uma sutura5. Monitor auxiliar

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HOSPITAL

NO BRASILPor aqui, este cenário é um pouco diferente. O

primeiro procedimento robótico foi realizado pelo Hospital Sírio Libanês (HSL) apenas em 2008. Atu-almente, o País conta com cinco robôs cirurgiões, sendo dois no HSL, um no Hospital Israelita Albert Einstein, um no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um no Instituto do Câncer (Inca)- única instituição pública brasileira a utilizá-lo.

O gerente médico do centro cirúrgico do HSL, Sergio Arap, também acredita na popularização do uso de robôs em cirurgias por todo o País, da mesma forma que ocorreu nos Estados Unidos. “Lá o uso de robôs teve um aumento assustador nos últimos anos. Praticamente todos os hospitais possuem ao menos um”, afirma.

Arap avalia que o efeito do marketing desse tipo de tecnologia é muito relevante e rentável ao hospital, pois os pacientes são atraídos pela imagem de uma instituição que investe em modernidade e tecnologia, o que causa um aumento no fluxo de pacientes seja para procedimentos realizados com o robô ou para outros tratamentos. Comparando custos, no Brasil, uma operação realizada com auxílio de robô pode custar até R$6 mil a mais do que um procedimento laparoscópico comum.

Com algumas cirurgias auxiliadas pelo da Vinci, no currículo, Arap acredita que a tendência é que

no futuro os robôs serão cada vez menores. “O que vejo para este tipo de equipamento é a diminui-ção, tornando-o mais portátil e versátil dentro do centro cirúrgico.”

No Sírio-Libanês, o da Vinci já atuou em cirurgias torácicas, cardíacas, urológicas, ginecológicas, pe-diátricas, cabeça e pescoço e gástrica e bariátrica. Atualmente são realizadas cerca de 30 operações por mês. São dois dispositivos, um dedicado exclu-sivamente à capacitação de médicos nessa prática e outro para operações. Os treinamentos são rea-lizados em porcos, o que leva o hospital a ter um biotério (lugar onde se conservam animais vivos, para estudos experimentais) para comportar esse tipo de prática.

CUSTOSDe acordo com o diretor para América Latina do

Global Robotics Institute, do Florida Hospital, que possui nove robôs, Kenneth J. Palmer, o custo é definitivamente um obstáculo, especialmente para países em desenvolvimento. “Já vemos uma mo-vimentação de investidores do setor de saúde na América Latina que querem dar o primeiro passo em direção a este tipo de cirurgia, considerada, por eles, minimamente invasiva e futurista”.

“Na Venezuela, um robô foi adquirido pelo governo e instalado em um hospital público, portanto, ofere-

“LÁ NOS ESTADOS UNIDOS O USO DE ROBÔS TEVE UM AUMENTO ASSUSTADOR NOS ÚLTIMOS ANOS. PRATICAMENTE TODOS OS HOSPITAIS POSSUEM AO MENOS UM”

SERGIO ARAP, GERENTE MÉDICO DO CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS

Considerado um dos precursores no desenvolvi-mento de equipamentos médicos e procedimen-tos cirúrgicos no País, o superintendente do HCor e ex-ministro da saúde, Adib Jatene, considera o avanço tecnológico no campo da saúde, algo que não pode ser impedido. Segundo ele, na medida em que se tem acesso a determinadas técnicas, engenheiros e indústrias do setor começam a produzir equipamentos que realmente podem fazer “coisas fantásticas”.“A distância entre a evolução tecnológica na época que iniciei minha carreira, na década de 50, e a aplicação de cirurgias robóticas é muito grande. A tecnologia incorporada nesses robôs incluem imagens tridimensionais e sistemas to-

talmente informatizados, tanto que, nesse mun-do, nós, no HCor, pouco nos aventuramos”, diz Jatene, ao explicar que no início de sua carreira algumas cirurgias cardíacas eram feitas apenas com o auxílio do tato do cirurgião.O ex-ministro alerta para alguns impedimentos que podem difi cultar o acesso a este tipo de equipamento no Brasil. “Um deles é o custo e o tempo desse tipo de procedimento, que são al-tos, e isso impede o giro de cirurgias feitas pelo robô. Para amortizar o custo do equipamento é necessário cobrar um preço muito alto. Mas eu acho que com o tempo isso mudará. A cirurgia robótica é um avanço extraordinário e seu uso deve ser saudado.

EVOLUÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS

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ESPECIAL FH 20 ANOS

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

cer este tipo de cirurgia sem nenhum custo para a população é possível”, diz Palmer.

Ao contrário do que muitos pensam o uso dessa tecnologia não se restrin-ge aos hospitais privados. No Rio de Janeiro, o Inca adquiriu sua primeira unidade do da Vinci e já realizou a primeira cirurgia robótica pelo SUS. “Aqui no Inca, temos a missão de avaliar novas tecnologias para o sis-tema público de saúde, produzir co-nhecimento e treinar profissionais”, afirma o vice-diretor e coordenador de educação e pesquisa do Inca, Luiz Augusto Maltoni.

Mesmo com a aquisição, o vice--diretor ressalta que, especialmente na área oncológica, onde o conhe-cimento se multiplica a cada dia, o impacto desse tipo de tecnologia será positivo no futuro, mas se aplicado isoladamente, ele será mínimo. “Não existe nenhum tipo de tratamento ou procedimento isolado que trará resultado melhor.”

Segundo ele, com o conhecimen-to que tem sido desenvolvido pela

história natural, em especial, dos tumores e al-terações genéticas que foram definidas com o mapeamento do genoma humano e possibilidades de sequenciamento rápido para descobrir onde essas falhas ocorrem, em curto espaço de tempo haverá um impacto muito grande no tratamento oncológico. Tal reflexo contará com um procedi-mento cirúrgico mais refinado, com menos lesões e tratamentos complementares menos tóxicos e mais toleráveis. Tudo isso aumentará as chances de cura do paciente.

FUTUROPara o chefe do departamento de tecnologia

do Nicholson Center, instalação no campus da Florida Hospital Celebration Health, nos Esta-dos Unidos, que treina cirurgiões em técnicas minimamente invasiva e robótica, Roger Smith, os robôs cirurgiões estão na vanguarda do de-senvolvimento tecnológico. “O da Vinci é um dispositivo incrivelmente bem projetado, em pé de igualdade com os melhores jatos de combate do mundo.”

O especialista compara a precisão do dispo-sitivo a de um F-16 – jato de combate de alto desempenho fabricado pela General Dynamics. “O nível de controle que um cirurgião tem com equipamento é semelhante ao experimentado por

um piloto de caça. Há um número de controles e hardwares únicos dentro do robô que conferem ao médico um nível extraordinário de precisão.”

Mesmo com tantos avanços, esse dispositivo é limitado pelo nível de tecnologia que estava disponível quando foi concebido. “Dado os avan-ços em materiais, motores e sensores, os futuros robôs cirúrgicos serão muito menores, mais leves e fáceis de manobrar. No futuro haverá versões que permitirão acoplar o equipamento ao teto do centro cirúrgico ou ligá-lo à mesa cirúrgica”, reforça Smith.

Uma das tendências é que em dez anos estes dis-positivos terão ¼ ou menos do tamanho e peso dos robôs atuais. “Assim como vimos miniaturização significativa em todos os sistemas eletrônicos e mecânicos, veremos o mesmo fenômeno acontecer com os robôs cirúrgicos. Estas ferramentas estão ainda na sua primeira geração. Podemos esperar algumas melhorias surpreendentes no futuro.”, completa Smith.

O Nicholson Center recebeu uma concessão do departamento de Defesa norte -americano, no valor de US$ 4,2 milhões, para o desenvolvimento de práticas em cirurgia robótica e telecirurgia que, possivelmente, será utilizada em hospitais de campanha onde há deficiência de médicos e no campo de batalha.

“ESTAS FERRAMENTAS ESTÃO AINDA NA SUA PRIMEIRA GERAÇÃO. PODEMOS ESPERAR

ALGUMAS MELHORIAS SURPREENDENTES

NO FUTURO”

ROGER SMITH, DO FLORIDA HOSPITAL CELEBRATION HEALTH

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UM NOVO NORTE

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especial fh 20 anos

CMudanças coMportaMentais,

tecnológicas e epideMiológicas vão reforMular

o Modelo de negócio dos

hospitais, que precisarão

seguir novas diretrizes para ter sucesso eM

suas estratégias

onsiderado um dos papas da administração, Peter Drucker afirma que uma das instituições mais difíceis de administrar é o hospital, que possui uma gama de profissionais diferentes, com formações muito específicas presentes em um grande con-glomerado, com um objetivo comum. Além disso, processos assistenciais, relacionamento com clientes e, principalmente,

o custo, tornam as unidades de saúde um verdadeiro desafio de gestão.O atual modelo de negócio destas instituições é focado no relacionamento

das unidades de saúde com médicos, operadoras e pacientes. Segundo a coordenadora do centro de estudos em planejamento e gestão de saúde da Fundação Getúlio Vargas (GVsaúde), Ana Maria Malik, este modelo sofrerá algumas mudanças nos próximos anos. “Já existem muitas pessoas dizendo que o médico não deve mais ser visto como um cliente do hospital, mas, sim, como parceiro, pois ele participa dos resultados do serviço, seja financeiro ou pelo volume de atividades executadas dentro do hospital.”

Em relação às operadoras, a coordenadora do GVSaúde afirma que a grande dúvida que paira sobre este modelo de negócio é até quando ele será sustentável e qual modelo o substituirá. “Hoje, hospitais e outras ins-tituições de saúde tem fortalecido suas atividades junto aos seus clientes para aproximá-los cada vez mais. No entanto, este modelo deixará de ser sustentável e caminha para um futuro ainda incerto.”

Para o superintendente do Hospital Sírio-Libanês, Gonzalo Vecina, este modelo de negócio não deverá sofrer alterações em um período de cinco anos. Já no médio e longo prazo este movimento deve mudar para institucionalização do médico. “O mercado continuará se concentrando em torno de operadoras como tem ocorrido, pois isso tem uma lógica natural. Já nos hospitais, a tendência é de verticalização, principalmente para o oferecimento de serviços menos complexos para as classes B- e C, mas a alta tecnologia, com sofisticação no produto oferecido, continuará existindo. Dessa forma, o médico passará a fazer parte do projeto do hospital no que diz respeito ao negócio e sempre estará incluso na alta complexidade, no desen volvimento do ensino e da pesquisa junto com a questão da assistência.”

“Eu falo isso olhando um pouco para o modelo americano de desenvol-vimento dos grandes hospitais. Acho que este é um caminho que devemos trilhar. Com o adensamento tecnológico, cada vez mais, o hospital vai pre-cisar ter alternativas de relacionamento com o médico, pois estes avanços têm evidentes consequências no ponto de vista econômico e financeiro.”

Sobre o movimento de verticali-zação, o superintendente do Sírio--Libanês explica que essa tendência terá mais impacto em empresas que lidam com as classes B-, C e D. No caso dos hospitais de excelência, o impacto é muito pequeno, ou pratica-mente inexistente. “Acredito que esta seja a forma de se jogar o jogo, e não podemos reclamar disso, o proble-ma é não jogá-lo. A verticalização faz parte dele. Ela não tem a capacidade de resolver a alta complexidade e so-fisticação, pois tem uma adequação muito personalizada a uma deter-minada clientela e um corpo clínico diferenciado”, acrescenta.

O diretor geral do Hospital Is-raelita Albert Einstein, Henrique Neves, levanta outro ponto funda-mental que influenciará na gestão das instituições de saúde nas pró-ximas décadas: o envelhecimento da população aumentará a demanda por serviços. “Combinado com isso, vem o aumento da longevidade e os avanços tecnológicos que ocorrerão na medicina e elevarão os custos da saúde”, acrescenta.

Para lidar com essa questão, o exe-cutivo do Einstein apresenta algu-mas respostas. A primeira delas é a consolidação desse mercado, com o desaparecimento de pequenos hos-pitais e o surgimento de sistemas de saúde, movimento contrário ao que ocorre hoje com o modelo hospitalo-cêntrico, onde o hospital é o centro

UM NOVO NORTEGuilherme Batimarchi • [email protected]

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hospital

de atenção à saúde. A consequência disso são unidades sobrecarregadas, tanto no sistema público, quanto priva-do. No sistema de saúde do futuro, pequenas unidades como UBS, AMAs e UPAs - já utilizadas pelo SUS - de-safogariam os hospitais, referenciando a demanda para estas instituições. “Outros pontos que veremos são a verticalização dos planos de saúde e o comprometimento das empresas com a saúde dos funcionários, pois são as organizações que suportam a maioria das operadoras.”

Segundo Neves, dentro desse panorama, existem algumas consequências. A primeira delas é a importância do médico como gestor dessa demanda e como integrador dos diversos profissionais envolvidos na assistência. “O cuidado médico hoje é cada vez mais multidisciplinar, e uma questão vital dentro desse tema é a valorização desse profissional”

Outras consequências apresentadas pelo executivo são: a promoção e prevenção da saúde e a importância da melhoria do processo de coleta e transparência das informações para que as decisões de investimento pos-sam ser priorizadas.

O comportamento do paciente também mudará e apre-sentará forte influência sobre as decisões de tratamento. “Estaremos diante de um paciente mais informado e parti-cipante das decisões sobre sua saúde. Ele terá a capacidade de entender a situação, saber quais são os tratamentos disponíveis e interagir com o médico de uma forma mais igualitária do que no passado”, completa Neves.

Transformação assisTencialO futuro da gestão nas instituições de saúde não traz

mudanças apenas nos modelos de negócio ou na re-lação entre médico e hospital, mas também na forma da prática assistencial. Segundo o superintendente do Hospital Moinhos de Vento, João Polanczyk, a atenção será voltada para uma medicina mais generalista, mas sem perder as especialidades, que hoje recebem grandes investimentos dos hospitais.

Para ele, tal modelo será exercido, principalmente, em dois ambientes. Um deles será na atenção primária, como o Programa Saúde da Família (PSF) e unidades básicas de saúde, o outro será nos hospitais. “Os pacientes não precisam de especialistas e, sim, de médicos que vejam o homem como um ser integral”, ressalta.

Com esta visão de futuro, o Moinhos de Vento já es-tuda abrir uma unidade própria, na capital gaúcha, que contemple este tipo de prática. “Pretendemos criar uma unidade para trazermos os melhores clínicos gerais de Porto Alegre”, acrescenta Polanczyk.

Para o superintendente corporativo do Hospital Samaritano de São Paulo, Luiz De Luca, os hospitais privados passarão a fornecer atenção ao Estado, o que caracteriza outra transformação. “Quando olhamos o mercado e vemos que o nosso cliente também é o gover-no, podemos dar uma contribuição na área assistencial e ele será nosso parceiro”. Ainda segundo De Luca,

o estado não tem condições física, econômica e de gestão para prover o atendimento da melhor forma pos-sível à população e é neste ponto que o setor privado entra.

“Diante desse universo de mudan-ças frente ao modelo existente, o go-verno também precisa repensar sua forma de atuação no setor, tornando seu desempenho menos burocrático e permitindo menor grau de regula-mentação de suas atividades e maior flexibilidade na participação do setor privado”, contribui Neves

o papel do médicoA mudança na relação entre médico

e hospital, segundo De Luca, não está relacionada com o modelo de contrata-ção. “O hospital pode trabalhar isso em termos de centro de pesquisas, geração de pacientes, fluxo de assistência, etc. Se isso estiver relacionado ao negócio do hospital, a atividade econômica é uma decorrência do modelo dese-nhado, independente da forma de contratação, pessoa física ou jurídica.”

alianças esTraTégicasO superintendente corporativo do

Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Fábio Teixeira, vê uma busca dos hospitais por uma efici-ência operacional maior. Para ele, as unidades de saúde irão sair das par-cerias com as operadoras e irão entrar numa fase de alianças estratégicas. “Hoje temos um contingente muito grande nas instituições de saúde para cuidar dos processos burocráticos. No futuro, essas organizações tende-rão a realizar alianças para reduzir não só o número de profissionais des-tinados a este processo, mas também a burocracia entre as partes que gera um grande custo.”

Dentro do processo de governan-ça corporativa e profissionalização da gestão, o superintendente, em linha coms os demais gestores, vê uma composição efetiva do médico, que estará cada vez mais inserido na estratégia dos hospitais. “Ele deixará de ser apenas um usuário e começaria a fazer parte do negócio, participando da elaboração de novos produtos, definindo estratégias etc. Com a evolução da saúde, o médico

Henrique Neves, do Einstein: “o cuidado médico hoje é cada vez mais multidisciplinar, e uma questão vital dentro desse tema é a valorização do médico”

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Fábio Teixeira, da Beneficência Portuguesa: “As unidades de saúde irão sair das parcerias entre unidades de saúde e operadoras e entrarão numa fase de alianças estratégicas”

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chio o hospital Moinhos de vento

acredita que uM dos Modelos que auxiliará na gestão das instituições de saúde será o de co criação, atualMente, adotado pela entidAde. esse modelo constitui-se no trabalho de interação e diálogo constante entre as partes componentes do sistemA hospitAlAr.

segundo polanczyk, a experiência de levar as estratégias da entidade A todos os seus depArtAmentos. e de proMover diálogos entre os envolvidos são únicas eM um hospitAl do mundo. entre 2008 e 2009, o Moinhos de vento decidiu adotar a co criação, reunindo eMpresas, corpo clínico, operAdorAs e pAcientes e fAmiliAres.

para o executivo, este foi uM aspecto crucial nos resultados Bem-sucedidos do hospitAl. com o intuito de ter uMa visão clara das necessidades e dificuldades dos participantes do setor, a entidade iniciou uMa série de reuniões, workshops e pesquisas envolvendo Médicos, convênios, empresAs, pAcientes e fAmiliAres. dessa forMa conseguiu aferir aspectos chave para a iMpleMentação de Melhorias ao pAciente e à sustentABilidAde.

passa a ter uma participação no negócio.”Com o mesmo perfil de atendimento público e privado

da Beneficência Portuguesa, outras instituições de saúde enfrentam o mesmo desafio que o hospital paulista, ou seja, manter a continuidade em seus investimentos. “Um hospital como o nosso, que possui mais de mil leitos, exige investimentos constantes. A Beneficência estará cada vez mais inserida dentro desse sistema de saúde, e é considera-da uma ferramenta importante para o acesso de pacientes ao SUS. Há uma tendência de fazermos algumas alianças estratégicas com as operadoras, afim de aumentar nossa eficiência operacional e redução de custo para que possamos ter mais recursos para investir.

Segundo De Luca, nos próximos anos, a gestão irá contra qualquer tipo de modismo, como marketing da tecnologia, diferenciação sem competência ou, ainda, focar o negócio somente em pacotes. “Não acredito que ocorrerá uma gestão por impulsos nos hospitais no futuro, estas ondas são intem-pestivas e em quatro anos teremos situações totalmente dife-rentes. Se o gestor seguir uma linha que é uma dessas ondas, haverá grandes chances de ir para o lugar errado”, completa.

TecnologiaA incorporação de novas tecnologias é uma tendência inevi-

tável para as instituições de saúde. De acordo com De Luca, o hospital que adquirir tecnologia fora de sua competência estará cometendo um erro. “Incorporação tecnológica, para mim,

Gonzalo Vecina, do Sírio Libanês:“o mercado continuará se concentrando em torno de operadoras como tem acontecido, pois isso é uma lógica natural. Já nos hospitais a tendência é de verticalização, principalmente para o oferecimento de serviços menos complexos.”

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precisa estar diretamente ligada à melhoria da assistência. Acho difícil que as instituições passem a incor-porar tecnologias médicas, algumas delas muito caras, simplesmente por modismo.”

O executivo do Samaritano vê no fu-turo um consumo mais racional dessa tecnologia, em que hospitais passarão a incorporará-las de uma forma que complementem ou melhorem as com-petências desenvolvidas pela instituição. “A prática assistencial e os protocolos não estão necessariamente atrelados às tecnologias desenvolvidas.”

o que podemos aprender com o mercado?

Antes de assumir a diretoria do Hospital Israelita Albert Einstein, Henrique Neves atuou nos setores de aviação, petróleo e telecomuni-cações, que possuem modelos de gestão consolidados. Segundo ele, muitas das práticas destes seg-mentos são aplicáveis ou adap-táveis à área de Saúde, como por exemplo, as das áreas de finanças, recursos humanos, suprimentos e logística, segurança, saúde ocupacional e meio-ambiente e TI. ”Não há uma transferência direta de tecnologia de gestão de um setor para o outro, mas um processo de adaptação e de descoberta de sinergias entre as práticas. A diferença mais dra-mática é que os outros modelos

O quE mudará Na GESTãO dOS HOSPiTaiS NOS PróximOS 20 aNOS

1 – Médicos participarão dos processos e estratégias do hospital2 – Migração do Modelo hospitalocêntrico para o de sisteMa de saúde3 – incorporação do estado coMo uM possível cliente dos hospitais4 – aquisição de tecnologias cada vez Mais alinhadas coMo a atuação do hospital5 – estratégias considerarão cada vez Mais o envelheciMento da população e o auMento da logevidade6 – Maior foco na assistência ao paciente e Menor foco nos custos dos hospitais, que passarão a ter Maior controle7 – utilização Massiva de indicadores para a gestão

têm, frequentemente, o objetivo de maximização do resultado fi-nanceiro, o que certamente não pode ser o do setor de Saúde, em que o paciente e suas necessida-des estão em primeiro lugar.”

De acordo com Neves, as expe-riências nas áreas de finanças e controles, recursos humanos e se-gurança, saúde ocupacional e meio ambiente permitiram uma reutili-zação dos conceitos e processos, com as devidas adaptações. Na área de tecnologia de informação foi possível também importá-los, mas a complexidade das questões relacionadas com o prontuário ele-trônico constitui-se em um desafio ainda não resolvido.

Para De Luca, que também pos-sui experiência em outras áreas, o setor de saúde ainda tem muito a aprender com os demais segmen-tos da economia, principalmente quando o tema é relação contra-tual. “Um setor maduro tem uma relação contratual forte, em que o cliente compra e tem todas as informações necessárias sobre valores e prazos. Na saúde, essa relação é fraca, assimétrica, de-terminadas informações não são claras entre as partes. Portanto, o segmento só vai melhorar se profissionalizar, de maneira mais madura, a partir da contratuali-zação. Enquanto isso não ocorrer, continuaremos tendo problemas”.

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Para Luiz de Luca, do Samaritano, o governo precisa repensar sua atuação, sendo menos burocrático e mais flexível com a participação privada

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Cínthya Dávila • [email protected]

atual momento já mostra os pri-meiros indícios e o futuro virá para comprovar que, nos próximos anos, os termos que precisarão ser complementares à saúde suple-mentar são: fl exibilidade, diálo-

go e negociação. Isso porque fatores como o envelhecimento populacional, descoberta de novas tecnologias e a busca por mais quali-dade assistencial tendem a fazer com que os custos relacionados a este segmento aumentem. E quem não se adequar as essas demandas hoje pode enfrentar difi culdades no futuro.

Para estimar as projeções dos próximos anos, é preciso olhar para o passado e relembrar as mudanças demográfi cas pelas quais o País trans-correu nas últimas décadas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) mos-tram que, nos anos 70, a população brasileira era de 90 milhões de habitantes. Em 34 anos, esse número praticamente dobrou e, somente entre 2000 e 2004, 10 milhões de pessoas a mais entraram no censo. O instituto estima que, em 2050, serão 259,8 milhões de brasileiros e a ex-pectativa de vida ao nascer será de 81,3 anos.

De acordo com o superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Ferreira Carneiro, o maior problema é que ninguém mensurou o impacto econômico do envelhecimento na saúde pública e suplementar. “As estatísticas mostram que esta-mos vivendo um bônus demográfi co, mas depois nos depararemos com o ônus e não sabemos como vamos lidar com isso porque nem conhecemos qual é o impacto que essa realidade irá causar”.

Carneiro analisa que, se em 2010, a proporção de idosos entre 60 e 64 anos era equivalente a 32% da população de terceira idade no Brasil, em 2050 essa estatística vai cair para 24%. Na outra ponta, que corresponde ao público de 80 anos ou mais, há dois anos, esse número representava 14% da população idosa. Em 2050, essa faixa vai alcançar os 21% do grupo senil brasileiro.

“Esses números mostram que de 2010 a 2050, haverá uma diminuição dos jovens idosos e um peso maior das pessoas com mais de 80 anos. Da mesma forma que os idosos de 75 a 79 anos, que representavam 12% da população em 2010, vão chegar a 14% em 2050”, avalia.

Os números são muitos e a questão que deve ser resolvida pelas operadoras de planos de saú-de é a mesma. Diante deste cenário, a maior dúvida é se a sociedade e as empresas que atuam na saúde suplementar vão conseguir custear os serviços médicos.

O diretor presidente da Unimed BH, Hel-ton Freitas, acredita que o cenário futuro pede

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uma nova forma de prestar assistência médica. E lembra que atualmente o modelo assistencial é baseado na doença e não na saúde, principalmen-te o modelo de pagamento. “Temos que pensar em uma nova forma de realizar o atendimento ao paciente para que ele seja mais bem cuidado com um custo mais efetivo, pois essa conta é a sociedade quem paga”.

O vice-presidente da SulAmérica Saúde, Ga-briel Portella, vê a situação de forma mais oti-mista. “Temos fatores que contribuem para que o mutualismo, baseado na solidariedade entre os participantes, ou seja, em que todos contribuem para o grupo – continue. No fundo, esse processo é de equilíbrio. Acredito que o País conta com um dos maiores índices de transformação de-mográfica do mundo, mas temos possibilidade de encontrar novas formas de financiamento e de equilibrar o mutualismo”.

Portella diz ainda que, em um processo de cres-cimento da população, tudo tende a aumentar. “Empresas pequenas se tornam médias. O que leva também à expansão das alternativas de contribuição entre empregador e empregado”.

Em complemento à ideia de Portella, o presidente do Grupo Bradesco Saúde, Márcio Coriolano, diz

que essa situação não é novidade. Segundo ele, à medida em que ocorre a expansão demográfica, o encarecimento da saúde se torna mais presente. “O sistema de saúde já está se ajustando, todos esses impactos são acumulativos e as próximas gerações vão enfrentá-los de forma mais aguda”.

De acordo com Coriolano, a saúde como um todo está passando por transições. A primeira é a transição etária - combinação que prevaleceu nos países desenvolvidos e está chegando no Brasil. “Vamos passar por uma redução na taxa de na-talidade e também nos índices de mortalidade.Teremos cada vez menos gente nova ingressando no sistema de beneficiários brasileiros”.

Além disso, o executivo chama atenção para a velocidade com que o Brasil se insere nas mudan-ças tecnológicas. “A medicina tem uma inovação muito veloz. Apesar do Brasil ser um país em desenvolvimento, temos uma medicina avança-da, porém esses avanços fazem pressão sobre o sistema de saúde suplementar, pois encarecem os custos”.

Por último, ele elenca as mudanças epidemioló-gicas em que doenças consideradas mortais pas-sarão a serem enfermidades crônicas, como AIDS, doenças cardiovasculares e, até mesmo, o câncer.

Na opinião do diretor da Amil, Paulo Marcos Senra Souza, os investimentos com a saúde tendem a aumentar em âmbito global, o que possibilitará que as pessoas envelheçam com mais qualidade de vida. “Uma questão importante para o futuro da saúde é o diagnóstico, que está cada vez mais preciso e precoce. Isso deri-va dos investimentos. A verba que antes era destinada para a Nasa, por exemplo, está sendo aplicada na saúde”.

Souza acredita que com o Brasil enri-quecendo e se colocando entre os prin-cipais PIB´s do mundo, o setor da saúde terá um futuro promissor. E diz que o importante é que as empresas de saúde suplementar garantam à saúde, pois o custo é a sociedade que vai decidir.

Tamanho da conTa Ainda que o Brasil esteja se desenvol-

vendo em termos econômicos, Carneiro do IESS, acredita que o mais preocupante na questão do envelhecimento é o tama-nho da conta quando vier o ônus demo-gráfico. “E se acontecer no Brasil o que está acontecendo na Argentina? Há 15 anos, o peso argentino, valia um dólar. De alguns anos para cá, vimos um aumento da pobreza muito grande”.

Carneiro alerta para o fato de que o País ainda não tem estimativas do im-pacto do envelhecimento da população na previdência e no sistema de saúde, o que pode trazer sérias consequências para a economia. “O valor per capita vai ser consequências da alteração da compo-sição demográfica. Isso pode fazer com que os procedimentos aumentem mais que a inflação”.

Além disso, o superintendente execu-tivo do IESS alerta para o fato de que a Lei do Idoso proíbe a discriminação dos consumidores com mais de 60 anos, em virtude da idade, por parte dos planos e seguros fazendo com que a última mu-dança etária seja feita aos 59 anos.

Souza, da Amil, explica que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não permitirá que as empresas de planos de saúde quebrem por falta de regula-mentação. “Vale lembrar que apenas 20% da população brasileira possui acesso à saúde suplementar. E acredito que a agência reguladora fará leis mais justas para ambos os lados”.

Freitas, da Unimed BH, acha que a ANS

Paulo Marcos, da Amil: Não é possível fazer saúde suplementar se os envolvidos não jogarem no mesmo time

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tem capacidade moderadora no que diz respeito à formatação dos planos de saúde e tem função de pensar nisso mais que as operadoras. Para o presidente do Bradesco, o mercado de saúde suplementar já é regulado há 12 anos e a fase da regulação mais pesada já passou. “O mercado já se ajustou muito e pode ser considerável saudável”.

Planos emPresariais Outra dúvida que permeia o mercado da saúde suplementar é se

no futuro compensará mais as companhias continuarem oferecendo o plano de saúde aos seus funcionários ou a sociedade optar por planos individuais. Para o vice-presidente da SulAmérica Saúde, Gabriel Portella, pesquisas indicam que quase 100% das empresas oferecem o benefício do plano de saúde aos colaboradores. “Eu não acredito que esse benefício será reduzido no futuro. Na verdade, esses recursos têm função estratégica, pois uma equipe saudável possibilita redução do absenteísmo e maior qualidade nas funções realizadas”.

Uma pesquisa realizada pelo IESS junto a pessoas que não têm planos de saúde concluiu que 90% dos entrevistados tinham como meta de consumo entrar para o grupo de beneficiários da saúde suplementar. “Essa pretensão ficou atrás apenas do sonho da casa própria. Essa discussão nos faz pensar se as mensalidades dos planos de saúde não deveriam ser mais baratas.”

Coriolano conta que cada vez mais pequenas e médias empresas oferecem o benefício aos seus funcionários. “A Bradesco Seguros possui planos para diferentes tipos de empresas. No último ano crescemos 35% com produtos dedicados a esse público”.

Freitas ressalta que questões como essa dizem respeito a toda a cadeia da saúde e não apenas a esfera suplementar. “Infelizmente não existe modelos ideais”.

Já Carneiro se arrista a falar sobre um modelo ideal onde o SUS

Helton Freitas, da Unimed BH: É preciso pensar em uma nova forma de realizar o atendimento ao paciente para que ele seja mais bem cuidado com um custo mais efetivo

“As estAtísticAs MostrAM qUe estAMos vivendo UM BônUs deMográFico, MAs dePois nos dePArAreMos coM o ônUs e não sABeMos coMo vAMos lidAr coM isso PorqUe neM conHeceMos qUAl é o iMPActo qUe essA reAlidAde irá cAUsAr”

lUiz AUgUsto cArneiro, do iess

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(Sistema Único de Saúde) fosse bom e conseguisse dar conta de toda a demanda.

Promoção de saúdePara os entrevistados, além de os planos

de saúde empresarial possibilitarem que haja redução no absenteísmo e ofereçam oportunidades para que os funcionários te-nham acesso a um tratamento no segmento suplementar, esse recurso também contribui para a disseminação do conhecimento de promoção e prevenção de saúde.

“É preciso educar a população como um todo, estimulando hábitos mais saudáveis. Esse trabalho pode ser feito dentro das em-presas com ações que vão desde programas antitabagistas até acompanhamento das pessoas com doenças cardiovasculares”, explica Coriolano.

De acordo com o executivo, o Bradesco pos-sui ações direcionadas a essa prática. “Nossa vocação é dar as empresas a possibilidade de, por meio de um sistema de informação, identificar quais são os grupos de risco”. E ressalta que é importante fazer um trabalho junto ao departamento de recursos humanos, pois é difícil ter adesão individual.

“É preciso que o segurado esteja mais consciente e tenha em mente que tudo o que ele fazem influencia no mutualismo”, diz Portella.

O executivo da Sul América conta que, entre os projetos que a companhia possui, o programa do emagrecimento saudável possui adesão de mais de 500 pessoas. Além disso, a seguradora possui mais de 22 mil pacientes identificados como crônicos.

No intuito de melhorar o relacionamento com os médicos e reduzir o índice de sinis-tralidade, a Unimed BH possui programas que visam a uma estrutura de mudança na forma de pagar os médicos. “Eu pago ao pediatra um valor a mais, se o cliente não utilizar o Pronto –Atendimento seis vezes em um ano. Também pagamos a mais, por exemplo, para o profissional que realizou um bom número de partos normais”.

Além dos esforços citados, Coriolano acredita que a questão da sustentabilida-de consiste em compatibilizar os custos médicos, com o orçamento das famílias e empresas. “É preciso disciplinar a inovação

tecnológica. Será que faz sentido autori-zar todos os medicamentos que a indús-tria quer? Todo dispositivo médico deve ser avaliado levando-se em consideração custo - benefício, efetividade da inovação”.

relacionamenTocom os colaboradores Se de um lado é preciso ter flexibilidade

para não onerar o setor devido às projeções futuras, do outro as operadoras vão precisar estreitar laços e ampliar o relacionamento com médicos, hospitais e indústria.

“Quando se fala para um setor com essa magnitude, o desafio é falar em longo pra-zo, mas o mais importante é fazer com que todos os atores se reconheçam como parte importante do sistema”, afirma Portella.

O presidente do Bradesco completa ao dizer que é preciso ultrapassar a barreira da confiança. E diz que tem visto uma am-pliação no diálogo entre hospitais e opera-doras que vai ganhar mais força no futuro. “Estamos avançando no ponto de vista de uma nova prática assistencial, introduzin-do pacotes e substituindo remuneração por procedimentos. É preciso ter otimismo para se ter um bom relacionamento com os forne-cedores, para o bem da saúde suplementar”.

Ainda que as opiniões, perfis dos bene-ficiários e forma de interação no mercado sejam distintas os executivos da saúde su-plementar compartilham da mesma opinião em relação à meta principal do setor. “Nosso sonho é um futuro sem doenças”.

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Márcio coriolano, da Bradesco saúde: “É preciso disciplinar a inovação tecnológica. Será que faz sentido autorizar todos os medicamentos que a indústria quer?

gabriel Portella, da sulAmérica: o mais importante é fazer com que todos os atores se reconheçam como parte importante do setor de saúde

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“coM o BrAsil entre os PrinciPAis PiBs do MUndo, A sAÚde terá UM FUtUro ProMissor”

PAUlo MArcos, dA AMil

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S a ú d e B u S i n e S S S c h o o lO s m e l h O r e s c O n c e i t O s e p r á t i c a s d e g e s t ã O , a p l i c a d O s a O s e u h O s p i t a l

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Governança de TIem hospITaIs

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saúde business school

i n t r o d u ç ã odepoiS do SuceSSo doS primeiroS Saúde BuSineSS School, continuamoS com o projeto. eSte ano falaremoS SoBre tecnoloGia da informação em Saúde

na busca por auxiliar as instituições hospitalares em sua gestão, trouxemos no terceiro ano do projeto saúde Business school o tema tecnologia da informação em saúde. ainda que exista literatura sobre o tema, a nossa função aqui é construir um manual prático para a geração de um ambiente de tecnologia hospitalar mais seguro, que auxilie e oriente as equipes

o projeto envolve oS SeGuinteS temaS:

módulo 1 - infraestrutura de ti nos hospitais

módulo 2 - O papel do ciO

módulo 3 - governança de ti em hospitais

módulo 4 - erps

módulo 5 - segurança dos dados

módulo 6 - terceirização

módulo7 - prontuário eletrônico

módulo 8 - a integração entre engenharia clínica e ti

módulo 9 - ris/ pacs

módulo 10 - gestão dos indicadores

módulo 11 - mobilidade nos hospitais

módulo 12 - cloud computing

na organização de seus departamentos de ti e na interação da área com os stakeholders.em cada edição da revista Fh, traremos um capítulo sobre o tema, escrito em parceria com médicos, professores, consultores e instituições de ensino, no intuito de reunir o melhor conteúdo para você. Os capítulos, também estarão disponíveis para serem baixados em nosso site: www.saudeweb.com.br

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ricardo chiSman e andré m. martinS

Governança de ti em hoSpitaiS

a Governança de Tecnologia da Informação (TI) pode ser entendida como o modelo escolhido pela empresa para gerenciar todas as atividades que envolvem TI. É responsável por fornecer dados e informações para que as decisões sejam tomadas com segurança no menor espaço de tempo, devidamente acompanhadas e com a possibilidade de medir os resultados. a governança é essencial para assegurar o alinhamento das ações de TI com as estratégias de negócio.Uma das ações mais importantes que um Chief Information officer (CIo) deve tomar, em qualquer organização, para garantir o alinhamento da TI com a estratégia do negócio, é a criação de uma estrutura de governança robusta. Isto inclui a estruturação de comitês executivos para decisão e di-recionamento do portfólio de iniciativas de investimento. deve-se esclarecer que a responsabilidade das decisões é compartilhada com as áreas de negócio. Também fazem parte deste arcabouço de gestão, papéis e responsabilidades definidos, processos e ferramentas padronizados na organização e, finalmente, métricas e indicadores para acompanhar o cumprimento dos objetivos estratégicos.em um hospital, um modelo de governança de TI estabelece, por exemplo, comitês específicos para discutir investimentos e prioridades de cada unidade de negócio (ex: ambulatório, pronto-atendimento, laboratórios, imagem e maternidade), garantindo que os investimentos de cada um estejam alinhados com as necessidades individuais e com os objetivos gerais da organização. para solucionar possíveis conflitos por recursos de TI ou prioridade na execução de projetos entre áreas distintas, é possível definir um Comitê executivo Geral de TI, com representantes de todas as áreas envolvidas para a tomada de decisão compartilhada, com efetiva participação do corpo clínico.Uma governança efetiva estabelece mecanismos para balancear e resolver conflitos, direcionando a tomada de decisão para que a TI entregue o maior valor possível ao negócio.algumas questões que devem ser respondidas ao se estabelecer uma estrutura de governança:• Por que estamos gastando dinheiro nessa iniciativa? Ela é importante para o negócio?• Quem aprova esse projeto?• Por que aquele sistema antigo continua operando?a elaboração de um modelo de governança requer a definição de princípios que irão guiar as inicia-tivas, e a identificação de elementos chave, que são parte do dia-a-dia operacional da TI (Figura 1). modelo de Governança de ti

a Governança deve evoluir de acordo com as necessidades das unidades de negócio, adaptando-se continuamente para que a TI possa responder com mais agilidade e eficiência a cada mudança no ambiente organizacional.

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no âmbito da gestão da TI, a implementação de soluções na área de saúde, em geral, e em hospitais, em particular, enfrenta barreiras e desafios significativos que não diferem entre o verificado no Brasil e em outros países do mundo, embora seu nível de impacto possa variar dependendo do contexto e da fase de implementação em que se encon-tra a governança de TI.Podemos categorizar os desafios e suas respectivas soluções de acordo com o modelo já apresentado. muitos deles estão interligados e alguns são co-muns nos diferentes grupos. vejamos alguns exemplos:

eStruturaS de Governança:• Desafio: Falta de priorização ou alinhamento estratégico do portfólio de investimentos de projetos de TI, competição por recursos. Como endereçar: criar comitês de governança com as principais uni-dades do negócio, garantindo a priorização das demandas. dependendo da necessidade, pode-se criar também um Comitê Geral de TI, com-posto pelos líderes de cada um dos comitês de negócio. outra ação necessária é estabelecer um processo de elaboração de propostas de projeto com um “braço” de TI para garantir robustez e método, sem comprometer a accountability.• Desafio: Compartilhamento de dados entre hospitais. Como endereçar: desenvolver políticas e implantar comitês de segu-rança da Informação para governar a integridade dos dados trocados, levando-se em conta as questões éticas e de privacidade de dados.• Desafio: Falta de uma estratégia coerente que apresente os benefícios dos investimentos em TI.Como endereçar: desenvolver e comunicar uma visão clara e estraté-gica das iniciativas e investimentos, garantindo que estejam alinhadas com os objetivos do negócio e com a melhoria dos resultados de saúde.

proceSSoS e ferramentaS:• Desafio: Falta de conhecimento técnico para gerenciar implementa-ções de TI na área de saúde. Como endereçar: melhorar a expertise da força de trabalho de TI para

as áreas clínicas e administrativas, incentivando a formação de novos profissionais de TI em saúde. Buscar conhecimento externo para su-portar implantação e minimizar riscos.• Desafio: preocupações com a privacidade e segurança do prontuário eletrônico dos pacientes. Como endereçar: desenvolver uma estratégia de governança da infor-mação que atenda às regras e legislação locais de privacidade, adap-tando os sistemas de acordo com essas diretrizes.• Desafio: Falta de compromisso com os padrões que permitem a operação entre os sistemas e áreas hospitalares. Como endereçar: adotar de forma concomitante normas, políticas e padrões. deve-se dar preferência para aqueles que já são adotados pe-los sistemas da área de saúde.• Desafio: Baixa performance no atendimento aos pacientes, principal-mente em resposta às emergências, devido à falta de disponibilidade de todas as informações em um único local e em tempo real. • Como endereçar: integrar todas as áreas hospitalares, possibilitando a comunicação em tempo real dos processos da cadeia, com registro no prontuário eletrônico (ex: exames de imagem com laudo médico disponibilizados no prontuário eletrônico – rIs/paCs e resultados de exames realizados em tempo real na UTI disponibilizados no pron-tuário eletrônico).

métricaS e oBjetivoS:• Desafio: dificuldades na geração de indicadores e relatórios geren-ciais.Como endereçar: desenvolver uma arquitetura de Business Intelli-gence (BI), que visa a suportar as áreas de negócio com informações relevantes e necessárias para o crescimento da organização de saúde.• Desafio: relutância dos profissionais de saúde em adotar novas tec-nologias devido às preocupações com dificuldade de uso e perda de produtividade, entre outros.Como endereçar: envolver os usuários e levantar os principais ob-jetivos de cada um durante o planejamento, além de desenhar novos sistemas e funcionalidades.

alGumaS BarreiraS para a ti em hoSpitaiSe aBordaGenS propoStaS por meio da Governança

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deSafioS para “o hoSpital do futuro:tecnoloGia inteGrada na Saúde”É importante entender que o estabelecimento de uma Governança de TI na saúde e em hospitais é apenas um dos passos da jornada da Tecnologia Integrada na saúde. Cada organização deve levar em consideração os fatores externos , que não podem ser controlados , e os fatores internos, que são gerenciáveis, incorporando-os ao seu planejamento. assim, é possível concentrar esforços e investimentos onde a chance de sucesso é maior.É necessário manter o foco na visão de longo prazo: melhorias na qualidade, aumento da aces-sibilidade, eficiência e controle de custos e acima de tudo melhores resultados para os pacientes e comunidades.existem quatro áreas com grande potencial de crescimento e evolução, que irão moldar o futuro dos sistemas de saúde:aprofundamento da inteGração tecnolóGica em seu ápice será representada por sistemas integrados que mesclam os registros médicos com métodos diversos de comunicação (videoconferências, e-mails, sms) por meio de um fluxo trans-parente de informação. as possibilidades são imensas: resposta imediata às emergências; atua-lização automática de prontuário eletrônico; novas interfaces médico-paciente; reconhecimento de voz; tecnologias em nuvem para obter maior flexibilidade e escalabilidade dos sistemas. flexiBilidade e tratamento remotosão as tecnologias móveis e remotas do nosso dia a dia se tornando parte central da interação com médicos e da monitoração da saúde em geral. Isso poderá acontecer por meio de dispositivos que facilitam o diagnóstico remoto, como smartphones ou outros dispositivos “inteligentes” (por exem-plo, camisetas com sensores que monitoram sinais vitais) com impactos significantes na melhora do paciente e na redução dos custos de tratamento. cuidadoS inteGradoS com oS pacienteSCom a pressão por racionalização de custos surge a questão de como os pacientes podem ter um pa-pel maior em sua própria saúde. novos aplicativos possibilitam que as pessoas vivam melhor, com um controle pessoal de alimentação e exercícios. esses programas irão, no futuro, fazer com que os pacientes interajam melhor com seus médicos e outros pacientes por meio de registros pessoais de saúde que podem ser compartilhados e acessados de qualquer lugar. tranSformação da medicina perSonalizadaa próxima etapa na transformação está na exploração do potencial da genômica. ao identificar e integrar os “marcadores biológicos” individuais de cada paciente, o potencial para tratamentos per-sonalizados e prevenção de doenças é enorme, por meio da identificação de predisposição genética a alguma condição. em um sistema integrado, oferecem-se aos médicos ferramentas poderosas de análise e diagnóstico. o valor da Tecnologia Integrada na saúde pode ser otimizado com o esforço conjunto de todas as partes envolvidas, porém é interessante observar as vantagens de diferentes perspectivas. vejam abaixo:• Valor para os médicos: aumento da eficiência no dia-a-dia. por exemplo, otimizando o tempo com o paciente, diagnosticando corretamente e explorando opções de tratamento em conjunto.• Valor para as organizações e sistemas de saúde: a visão integrada da informação possibilita a avaliação do sistema de saúde como um todo, identificando alavancas de maior impacto no resul-tado do grupo.• Valor para os pacientes: a simples integração de informação entre fornecedores já é um ganho substancial para os pacientes, pois exames desnecessários são reduzidos e os pacientes recebem melhor tratamento se os médicos tiverem acesso à informação precisa de consultas anteriores, mes-mo quando ocorridas com outros profissionais de saúde.• Valor para as seguradoras: a avaliação de hospitais e clínicas por meio de métricas e indicadores integrados possibilita a identificação de atividades fraudulentas e entidades com baixo desempenho, auxiliando na tomada de decisão.• Valor para a sociedade: as possibilidades de melhora na saúde populacional são várias, desde a identificação de padrões de doenças e epidemias, até a medição de indicadores de saúde pública.

por onde começar?os desafios devem ser enfrentados por meio de um plano integrado de iniciativas para assegurar o alin-hamento de ações com uma visão de longo prazo e com mecanismos e práticas perenes para a gestão. neste contexto, um programa de Governança de TI é algo fundamental. É importante lembrar que a abor-dagem correta irá depender de uma análise mais pro-funda da situação atual de cada hospital ou unidade de saúde, com ações alinhadas aos objetivos estraté-gicos específicos de cada instituição.agruparemos as iniciativas pelo seu prazo de im-plantação: curto prazo (baixa complexidade, ganho rápido), médio prazo e longo prazo (alta complexi-dade, ações estratégicas). iniciativaS de curto prazo Iniciativa: estabelecer uma visão de longo prazo para a arquitetura, com clareza dos objetivos e de onde se quer chegar.Objetivo: base inicial para se assegurar o alinhamento das ações de TI com a visão de negócios de longo pra-zo. devem-se criar condições para integração adequada de “tecnologia clínica” com TI.Iniciativa: definir e implantar os Comitês de Gover-nança de TI.Objetivo: manter a TI alinhada aos objetivos estra-tégicos da organização, utilizando uma estrutura de governança com papéis e responsabilidades definidos.Iniciativa: definir e revisar as metodologias de desen-volvimento de sistemas e arquitetura.Objetivo: garantir uma arquitetura e metodologia de desenvolvimento flexíveis, aumentando a eficiência das equipes de sistemas e a qualidade das entregas.Iniciativa: definir e revisar a gestão da conformidade.Objetivo: assegurar a aderência das atividades re-alizadas pelas diversas áreas de TI às políticas, pro-cessos e normas pré-estabelecidas.

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iniciativaS de médio prazo Iniciativa: implantar uma nova estrutura organizacional em TI.Objetivo: avaliar competências atuais e definir movimentações e contrata-ções necessárias para que a organização de TI esteja alinhada aos seus novos objetivos estratégicos.Iniciativa: definir e revisar a metodologia de gestão de demanda.Objetivo: alinhar as ações de captura, aprovação e priorização de demandas entre a TI e as diversas áreas do negócio.Iniciativa: definir e revisar a metodologia de gestão de projetos e portfólio.Objetivo: alinhar o método de concepção e execução de projetos entre a TI e as áreas de negócio.Iniciativa: definir e revisar os processos de Gestão de serviços de TI.Objetivo: elevar a qualidade dos serviços de TI entregues ao negócio com a correta gestão dos serviços de TI.Iniciativa: implantar o portal de serviços.Objetivo: o portal de serviços é um canal de comunicação com acesso às informações e serviços disponíveis pelo hospital. iniciativaS de lonGo prazo Iniciativa: Implementação de sistemas: hIs (hospital Information system), prontuário eletrônico, Business Intelligence (BI) Objetivo: gerar informações relevantes para a gestão e o crescimento da or-ganização de saúde, integrando o hospital às demais unidades (ex: centro de reabilitação), além de integrar todas as informações do paciente em um único repositório (prontuário eletrônico) e em tempo realIniciativa: implantar o programa de formação de gestores e capacitação das equipes e usuários.Objetivo: desenvolver competências de liderança dos gestores; capacitar usuários e equipes de TI com base nas competências requeridas por função.É importante dizer que organizações que estejam embarcando na jornada de transformação para uma TI integrada devem começar com uma avaliação clara de suas funcionalidades de TI (incluindo a maturidade da governança) e também de todos os fatores internos e externos que irão influenciá-la. a mudança deve acontecer com um passo de cada vez, por meio de ações plane-jadas e incrementais.ao compreender e aplicar o valor da TI integrada, líderes de saúde podem guiar essa jornada de transformação em direção a melhores resultados na saúde – para si mesmos, suas organizações, seus pacientes e seus países.

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S o B r e o a u t o rricardo chisman é engenheiro eletrônico e tem mais de 20 anos de experiência em consultoria e serviços de tecnologia, atuando em proje-tos de estratégia e transformação de ti em diversos setores da indústria . atualmente, lidera o grupo de technology consulting da accenture (atc) para a américa latina.” andré m. martins é formado em matemática aplicada e computacional pela unicamp e tem mais de 25 anos de experiência em projetos de consultoria na américa latina e eua em diversas indústrias. É membro do grupo de it strategy da accenture technology consulting SoBre a empreSaa accenture é uma empresa global de consultoria de gestão, serviços de tecnologia e outsourcing, com aproximadamente 244 mil profissio-nais, que oferece suporte aos clientes em cerca de 120 países.

c a S o d e S u c e S S odeciSõeS preciSaSgrupO santa casa de Bh inicia prOcessO de gOvernança em ti para transFOrmar O departamentO numa área mais estratÉgica e auxiliar nas decisões da instituiçãOGuilherme Batimarchi – [email protected]

O que uma instituição busca quando pensa em governança em ti? a resposta é simples: redução de custos, segurança, processos alinha-dos, desempenho e, principalmente, alinhar a ti às estratégias da organização.com o grupo santa casa de Bh foi exatamente a mesma coisa. no entanto, para implementar um projeto do tipo são necessárias adequações de infraestrutura e processos. a instituição iniciou esse processo em janeiro de 2011, com o propósito de fornecer solu-ções tecnológicas para modernizar o parque de hardware e software, além de fazer a gestão de ativos, com indicadores e melhores práticas de mercado.antes de iniciar qualquer mudança na estrutura de ti da santa casa de Bh, foi necessário realizar um estudo sobre o nível de maturida-de, em que foram definidas algumas prioridades para que o grupo pudesse iniciar a governança. entre os serviços prioritários levantados estavam adequar o service desk e a gestão de ativos à demanda do cliente interno da instituição.para adequar estes serviços, a santa casa de Bh trouxe uma equipe de especialistas da aec BpO, que está locada no hospital e gerencia os serviços de service desk em parceria com profissionais do próprio hospital.para a gestão de ativos, a entidade realizou a adequação de seu parque tecnológico com a substituição de computadores e softwares por meio do modelo de Business process Outsourcing (BpO), sendo que uma das vantagens é a garantia de constante atualização tecnológi-ca, com altos níveis de segurança e produtividade.para esta gestão de ativos, foi estabelecido um plano de governança, que será executado ao longo dos próximos três anos, de janeiro de 2011 a fevereiro de 2012. no total, serão substituídas 800 máquinas.por meio de processos de governança em ti, especialistas em information technology infrastructure library (itil) garantem a aplica-ção de um conjunto de boas práticas na infraestrutura, operação e manutenção dos serviços.O trabalho com a aec se iniciou com a gestão do service desk da santa casa e os próximos passos serão a implementação do erp de gestão hospitalar da empresa, o hospitale.sob consultoria especializada, a santa casa já desenvolve alguns projetos para atingir sua excelência em governança em ti, que são: determinar políticas de segurança, diminuindo a margem de erro e incidentes e garantir a segurança dos dados da organização, prote-gendo as informações. Outro projeto em andamento é o de virtualização, que gerou mais agilidade para restabelecimento dos serviços e melhor gerenciamento da capacidade computacional.segundo o superintendente-geral do grupo santa casa Bh, porfírio andrade, os resultados alcançados demonstram avanços onde os gestores de ti e da área de negócio determinam suas decisões em números gerados pela profissionalização dos serviços. “Os projetos de governança de ti refletem resultados positivos para o grupo santa casa Bh, aumentando sua produtividade, melhorando o atendimento aos clientes e estruturando processos administrativos de todas as nossas unidades.”

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Saúde BuSineSS Schoolsaúde Business school é uma iniciativa da it mídia.

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especial fh 20 anos

saúde suplementar

O desafiO de custear saúde e apOsentadOrias em uma sociedade que envelhece

população mundial atingiu 7 bilhões de habitantes em 2011, sendo 900 milhões de idosos (13%). O Brasil, em plena transição demográfica, possui 196

milhões de habitantes, com 20 milhões de idosos (10%). Em 20 anos, o mundo contará com 16% de idosos, ao passo que, no Brasil, esse número será de 19%.

Fruto da melhoria das condições sociais, esse fantás-tico e desejado envelhecimento demanda soluções para o financiamento da saúde e aposentadorias. O envelhe-cimento é inexorável, mas as consequências negativas não são uma fatalidade. Por serem previsíveis, permitem ações preventivas a fim de tornarem sustentáveis esses sistemas. Os gastos em saúde crescem com a idade e de forma acelerada perto da aposentadoria, quando o traba-lhador tem a renda diminuída. O aposentado que depende exclusivamente da previdência pública terá dificuldades em arcar com os custos crescentes da saúde.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 11% dos beneficiários de planos de saúde são idosos, correspondendo a 9% nos planos coletivos e 18% nos indi-viduais, mais afetados, estes, pelo envelhecimento.

Fruto do bom desempenho econô-mico atual, que aumenta a inclusão de trabalhadores no mercado for-mal, os planos coletivos crescem em ritmo intenso. Mas ao deixar o mercado de trabalho, por aposentadoria ou demissão, o indivíduo perde o benefício da assistência médica suplementar. Para enfrentar essa questão, a lei permite que os desligados continuem nos planos, desde que tenham contribuído quando ativos e passem a pagar a mensalidade inteira. Combinando esses dados, conclui--se que nossa sociedade, que valoriza essa assistência, enfrentará dificuldades para o seu financiamento.

Os empregadores percebem o crescimento do custo da saúde na folha salarial. Não é por outra razão que a GM, a Ford e a Chrysler transferiram seus planos de saúde para os sindicatos. Essas empresas resolveram seus problemas, mas deixam no ar a questão candente “Quem pagará a conta da saúde dos aposentados?”.

A ANS explicitou sua opção na recente Resolução nº 279/11, permitindo a criação de planos exclusivos, forma-dos por desligados de diferentes empresas que estejam na mesma operadora. Essa opção separa os ativos dos inativos para efeitos de precificação (respeitando critérios

atuariais, faixas etárias e o princípio de cada qual arcar com o custo que provoca) e de reajustes. O objetivo foi anunciado na própria resolução: fazer com que os desli-gados arquem com os custos de seu grupo mutual.

As consequências podem ser antecipadas. Na passagem para a inatividade, a mensalidade do desligado aumentará, pois incluirá a parte que antes era da empresa. Na precifi-cação, em razão da idade, essas mensalidades terão preços superiores aos que tinham quando ativos. E os reajustes, calculados com base em uma população homogênea, po-rém mais idosa e em rápido envelhecimento, tenderão a ser superiores aos dos ativos, devido ao crescimento das despesas médicas. Como reagirão os participantes desse mútuo frente ao aumento de suas mensalidades?

A transição do modelo atual para um modelo fechado, com o custo médico repartido entre inativos, ainda que justificável atuarialmente, suscita reflexões quanto ao enfoque social, econômico e jurídico.

A separação dos riscos disturba o pacto entre gerações firmado no contrato social do tra-balho. Para as operadoras, o risco estará nos ecos que o apelo social fará no Judiciário. Estará o Poder Judiciário mais atento à matemática atuarial e ao comando legal ou mais sensível às demandas dos desligados

que tiverem suas mensalidades majoradas?Apesar de ainda não sabermos a resposta, o certo é

que, para enfrentar os desafios do envelhecimento, as soluções devem ser sustentáveis. Duas alternativas têm essa característica.

A primeira é a conscientização, por parte dos benefici-ários, de que adotar hábitos saudáveis pode trazer bene-fícios individuais, que repercutem coletivamente. Com estímulos nessa direção, é possível prolongar os anos de vida saudável e reduzir a inclinação da curva de gastos.

Outra seria permitir aos planos combinarem o compo-nente mutual de solidariedade entre riscos semelhantes com o componente individual de capitalização. Assim, seria possível acumular recursos em conta do beneficiá-rio que, remunerados a taxas de mercado, permitiriam custear parte da mensalidade do plano na aposentadoria.

Em uma sociedade que, felizmente envelhece, os es-tímulos devem vir do presente, para que o futuro seja programável e possamos todos usufruir os benefícios da longevidade.

A

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

José CeChinDiretor Executivo da Fenasaúde

sAnDRo LeAL Gerente Geral da Fenasaúde

O EnvElhEcimEntO é inExOrávEl, mas as cOnsEquências nEGativas

nãO sãO uma FataliDaDE

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medicina diagnóstica

Por Gilberto Pavoni Junior • [email protected]

exagero na hora de pedir exames pode estar causando mais males do que benefícios para os pacientes. O alerta é dado por especia-listas que já cunharam um termo para esse cenário – é o overdiagnosis. O conceito foi traduzido ao pé da letra para o português.

Aqui, ganhou o nome de superdiagnóstico. Mas para os críticos, de super ele só tem o excesso.

“A situação é preocupante, pessoas estão ficando do-entes e até morrendo enquanto profissionais médicos se orgulham de ter descoberto uma doença precocemente e iniciado o tratamento a todo custo”, alerta o professor do Dartmouth Institute for Health Policy e autor do livro “Overdiagnosed: Making People Sick in the Pursuit of Health, H. Gilbert Welch. “O título da obra é o resumo da situação verificada por ele. Pacientes estão adoecen-do enquanto, no pleno exercício da atividade médica, busca-se a saúde.

Para Welch, há um cenário complexo com vários cul-pados. Alguns médicos têm receio de sofrerem processos e preferem pedir mais exames e iniciar o tratamento o quanto antes, do que esperar a evolução do quadro clí-nico. Por outro lado, muitas empresas do setor de saú-de vendem o diagnóstico como algo milagroso e não informam que é preciso que um bom profissional faça cruzamentos de informações e cálculos probabilísticos. “Além disso a mídia exalta equipamentos e técnicas de forma espetaculosa e algumas pessoas simplesmente se envolvem em toda essa situação sem muitas informações sobre sua doença e tratamento”, comenta Welch.

O superdiagnóstico tem ganhado eco nos Estados Uni-dos. Vários tipos de câncer são enquadrados na situação de superdiagnóstico. A mamografia é um exemplo, se-

Critérios mais rígidos para definir quem é saudável

e exageros no uso de téCniCas, equipamentos e remédios fazem Com que

todos sejam Considerados doentes . Isso tem causado

mais males aos paCientes do que curado doenças.

o problema, segundo espeCialistas, é endêmiCo , mas há tratamento e, para isso, a disCussão se torna Cada vez mais neCessária

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especial fh 20 anos

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

gundo os críticos, as mulheres estão sendo levadas a um clima de pânico ao menor ponto mostrado no exame. Com isso, são tratadas de maneira urgente quando deveriam gastar mais tempo analisando o nódulo e todas as probabilidades e informações disponíveis para a certeza do que fazer e quando. Outros são submetidos à radiação, cirurgias com-plicadas e remédios com graves efeitos colaterais antes mesmo de terem um sintoma da doença.

“Alguns tipos de câncer, quando diagnosticados e tratados de forma precoce, podem comprometer a própria recuperação do paciente”, diz a presidente e fundadora da Sociedade Brasileira de Ultrassono-grafia e da Federação Internacional das Sociedades de Ultrassonografia da America Latina, Lucy Kerr. Para ela, é um contrassenso que a busca da solução traga mais problemas para os pacientes.

Câncer de tireóide, de próstata e melanoma também caem nesse quadro de exagero precoce e prejudicial ao paciente. O mais recente alvo de quem alerta para o superdiagnóstico é o déficit de atenção (DDAH). Um estudo da University of British Columbia, com crianças em idade escolar,

trouxe à tona dados que podem mostrar que há confusão entre comportamento imaturo e doença.

A pesquisa comparou alunos nascidos em de-zembro e janeiro do mesmo ano na mesma fase escolar. O resultado mostrou que os mais novos têm 39% de chances a mais de serem diagnosticados com déficit de atenção do que os por meses mais velhos. E 48% daquele grupo será provavelmente tratado com medicamentos que, usados de forma exagerada e incorreta, podem trazer problemas futuros para quem está no estágio inicial da vida.

“O superdiagnóstico existe e o quadro é grave , embora seja algo que ainda não se tem certeza do tamanho do problema no Brasil . A discussão sobre isso é necessária”, aponta o professor adjunto do Departamento de Clínica Médica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Denizar Vianna Araujo. Para ele, o deslumbramento com novida-des e tecnologias da indústria não está agregando saúde ao paciente. “Para reverter essa situação, muita coisa precisaria mudar”, diz.

No entanto, o professor está longe de ser pessimis-ta quanto ao futuro do superdiagnóstico. “O Brasil

tem o mercado de saúde privada muito próximo dos Estados Unidos, seus exageros e formatos co-merciais. No entanto, o lado público é bem focado nos aspectos gerais de saúde e podemos até dar exemplos para o mundo”, diz.

A reportagem da FH procurou diversos laborató-rios para que dessem suas visões sobre o assunto. Algumas dessas empresas se comprometeram a falar, mas não fizeram contato até o término da reportagem. Outras informaram por meio de suas assessorias de imprensa que não iriam entrar em assunto tão polêmico. Mas os especialistas ouvidos foram enfáticos sobre a inevitabilidade da discus-são e acreditam que o tema deve começar a unir já nos próximos meses médicos, profissionais de laboratórios, empresas de vários ramos, acadêmicos e órgãos reguladores governamentais.

Todos estarão em busca de uma cura para esse quadro de exagero de diagnóstico que parece endê-mico. Os caminhos traçados provavelmente serão os que apontam para o bom aproveitamento da evolução das técnicas e tecnologias de diagnóstico. E, claro, para a saúde do paciente.

Denizar Vianna Araujo, da UERJ: “o deslumbramento com novidades e tecnologias da indústria não está

agregando saúde ao paciente”

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Home Doctor cada ve z mais perto de você!

A Home Doctor acaba de chegar a Brasília, e Campinas

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O que será, que será

tecnologia

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ESPECIAL FH 20 ANOS

futuro não é mais o mesmo. O cenário brasileiro de tecnolo-gia para suportar o desenvol-vimento do mercado de saúde acompanha, sem dúvidas, a profi ssionalização do setor no

País e nos próximos anos deverá estar ali-nhada com o que há de mais moderno no mundo. Num horizonte de 20 anos, tudo o que hoje se delineia como tecnologias so-nhadas pelas instituições e pelos gestores de saúde serão realidade.

A mobilidade, característica mais marcante das mudanças que ocorrem atualmente no mercado, deverá ter pleno amparo de infra-estrutura e dispositivos. O que hoje é visto como inovação se tornará rotina entre os profi ssionais da saúde.

Outro atributo importante deste futuro que se pode ver daqui é a ausência do papel nas operações e procedimentos. Para a MV, fabri-cante nacional de sistemas de gestão, este é o grande projeto que vai acontecer nos pró-ximos anos.

Os projetos de redução de uso do papel, se usados plenamente, podem gerar uma redu-ção de perdas de 4 a 5% para as instituições.

“A MV tem projetos que trabalham o pron-tuário eletrônico e envolve cerca de 100 mil médicos neste processo de mudança de cul-tura”, afi rma Paulo Magnus, presidente da

companhia. “Atualmente grande parte dos hospitais já tem algum processo neste sentido, como acompanhamento de indicadores onli-ne, compras feitas em rede, então eu diria que isso vai se expandir para o resto da cadeia.”

Num futuro próximo, empresas estrangei-ras vão começar a enxergar as oportunidades no Brasil. Isso vai permitir que o mercado evolua, uma vez que devem surgir grandes competidores, com poder de investimento e alta tecnologia. E então isso vai fazer com que as empresas locais se mobilizem, ou seja, vai ser uma mola propulsora da evolução no mercado nacional de informática para saúde.

TECNOLOGIA DE LONGO PRAZOO presidente da MV lança luz sobre a pos-

sibilidade de a TI de 2030 já estar sendo feita hoje. O conceito de TI de longo prazo coloca a qualidade e o planejamento como priorida-des para garantir o uso dos recursos por um tempo mais alongado.

“Nós temos sites instalados há mais de uma década”, afi rma Magnus. “E a ten-dência é de triplicar a vida útil dos equi-pamentos com as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas.”

Segundo o executivo, os aplicativos devem mudar muito pouco e que, paulatinamente, as tecnologias vão permitir as atualizações automáticas e incrementos em relação à usa-

bilidade, mas a tecnologia deve atravessar as décadas.

CLOUD COMPUTINGA computação em nuvem será uma rea-

lidade, porque já é uma prática crescente, e dela inclusive decorrem outras iniciativas que deverão compor este futuro. Por outro lado, há ainda alguns passos importantes a serem dados.

Paulo Magnus levanta uma dúvida em re-lação à banda disponível para a TI em saúde no Brasil, e questiona também a viabilida-de dos investimentos em cloud computing, ante os investimentos para computação “on premise” (com armazenamento próprio dos dados e aplicações).

“O custo de menos de um ano de um data center garante a instalação de um site pró-prio, que dura, no mínimo, três anos”, explica Magnus. “Apesar dos questionamentos, o exe-cutivo destaca que a companhia se preparou para atender a demanda de cloud computing com investimentos de R$ 40 milhões nos úl-timos anos.

Outra discussão que rondou o mercado foi a da possibilidade de uma banda dedicada para o setor. A ideia, por mais atraente que possa parecer, é logo descartada por especialistas, em função do alto custo.

“O modelo econômico mais sustentável é

O QUE SERÁ, QUE SERÁ

Especialistas e gestores de TI já não fazem mais futurologia. Empresas e analistas olham para o futuro do setor com a maturidade que o cenário nacional demonstra em virtude dos largos investimentos na modernização da saúde como negócio

Danilo Sanches - [email protected]

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PATROCINADOR POR:

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tecnologia

compartilhar todos os canais de comunicação”, afir-ma Claudio Giulliano Alves da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saú-de (Sbis). “Se for criar alguma coisa específica para infraestrutra, um link de comunicação dedicada, ou como quando se pensou em criar uma internet privada, isso vai fazer com que o custo aumente.”

E o aumento do custo geral na área de saúde já é um problema. Então não é possível pensar em uma TI em saúde que aumente os custos, uma vez que a função da TI neste setor é exatamente controlar e reduzir os custos.

InteroperabIlIdade“Para o desafio da interoperabilidade, nós já te-

mos o caminho”, explica Costa. O executivo afirma que este passo para a integração entre os sistemas

de informação não é uma previsão para um hori-zonte de 20 anos, mas algo em torno dos próximos cinco anos. “Os caminhos já estão dados. O que falta, e talvez seja um desafio, é que o governo crie grandes projetos para promover um registro eletrônico de saúde.”

A evolução neste sentido é mesmo inevitável e deve acontecer ou por uma decorrência natural do mercado ou por um projeto governamental.

Por outro lado, ainda existe dentro do setor de saúde a percepção de que os processos das insti-tuições são melhores ou piores entre si e de que as instituições menores não têm processo nenhum. Então, cada instituição desenvolve um processo e automaticamente desenvolve um mecanismo de armazenamento de dados.

“O desafio é melhorar a padronização dos pro-

cessos e das melhores práticas”, destaca Magnus. “E isto tende a melhorar e se dis-seminar entre os fornecedores. De fato, nós temos apenas três fornecedores no Brasil.”

análIse predItIvaA chave para o futuro são os dados, na

visão de Daniel Hoe, gerente de planeja-mento e desenvolvimento de negócios da SAS. “Quanto mais os fornecedores de saúde começarem a armazenar os dados de seus pacientes, maiores são as possibilidades que a tecnologia tem de ajudá-los.

A análise preditiva e o uso da tecnologia como apoio de diagnóstico é uma realidade fora do País e deve fazer parte do nosso cotidiano num futuro próximo. O executivo da SAS explica que uma técnica que está sendo testada fora do Brasil e que está ga-nhando bastante corpo é o uso de imagens para o suporte do diagnóstico médico.

O primeiro passo para atingir este futuro é a integração das bases de dados para que as análises possam ser feitas. Além disso, outra demanda importante é a computação de alta performance, uma vez que as análises demandam um alto volume de informações complexas, como imagens em alta definição, em tempos críticos.

prontuárIo eletrônIcodo pacIenteCustear a operação gerada pela alta de-

manda sem que haja uma integração dos prontuários será insustentável. O custo da saúde e a eficiência dos processos são preo-cupações muito fortes da profissionalização do setor e, obviamente, do futuro.

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Robson Miguel,da Agfa: “Vai chegar uma hora que não terá sentido repetir exames quando buscar atendimentos em hospitais diferentes”

“A tendênciA é tRiplicAR A vidA útil dos equipAMentos coM As novAs tecnologiAs que estão sendo desenvolvidAs”

pAulo MAgnus, dA Mv

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especial fh 20 anos

investiMentos deveM seRpúblicos x pRivAdosAinda dentro do tópico infraestrutura, a questão do investimento envolve um aspecto político e outro econômico, propriamente dito. Do ponto de vista da iniciativa privada, os pontos de prioridade de investimentos são os pontos onde o retorno é maior, mais viável ou de maior possibilidade de crescimento. Na outra esfera, a esfera pública, os investimentos priorizam acessibilidade (sem contar características de investimento como forma de propaganda de governo).Assim, o papel do investimento público é fazer o acesso à estrutura de dados atingir locais remotos, periferias das grandes cidades.“O papel do governo, neste caso, é promover o acesso aos lugares mais afastados através de subsídios e incentivos”, comenta Costa.

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Mão  de  obRA quAlificAdASem profissionais especialistas em informática em saúde, o Brasil vai viver o que se chama de apagão de talentos. A questão da demanda por profissionais no setor de TI, e em especial no mercado de saúde é um velho refrão, mas já existem hoje alguns cursos de graduação em informática biomedicina no País.O avanço neste sentido está ligado à profissionalização do setor e à gradual necessidade de compartilhamento deste conteúdo.Avanço tecnológico e inovação estão diretamente ligados à questão da especialização dos profissionais e à disponibilidade destes profissionais para o mercado. Sem isso, o Brasil mantém a margem de cinco a 10 anos de defasagem em relação aos países mais avançados neste setor.“Quem gera conhecimento, eficiência e utilização prática são os profissionais que têm este conhecimento”, afirma Costa. “Enquanto estamos falando de registro eletrônico de saúde, das intenções do governo, o Canadá tem 50% dos hospitais conectados. Os EUA estão um pouquinho atrás, mas estão investindo US$ 20 bilhões num projeto para o acesso a estas informações. Nós ainda somos muito tímidos.”.

infRAestRutuRAA qualidade da rede 3G atual não suportaria o nível de exigência de operações em saúde com recursos de mobilidade. Não sem deixar a desejar em relação a disponibilidade, o que é um fator crítico no setor, uma vez que as informações clínicas precisam estar acessíveis para comportar uma demanda de emergência.As questões são enumeráveis: baixa disponibilidade, sinal fraco e banda muito estreita. “Como seria possível fazer uma videoconferência em alta definição usando uma rede 3G? Impossível”, ressalta o presidente da Sbis.

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claudio giulliano costa, da sbis: desafio está na grande massa de dados e na confidencialidade

“Ainda se administra esta situação, mas vai chegar uma hora que não vai mais ter sentido ter que repetir exames quando buscar atendimentos em hospitais diferentes”, explica Robson Miguel, Gerente de Vendas - IT da Agfa. “Hoje ainda se aceita e tem espaço para este tipo de coisa, mas vai chegar um momen-to em que vai ser difícil custear toda esta operação e garantir qualidade e continuidade no tratamento.”

desafIosMas para que a TI alcance este patamar de uso extensivo, al-

guns passos precisam ser dados hoje. Entre eles estão a mão de obra e a especialização, bem como recursos de infraestrutura.

E para continuar a falar sobre o que nos aguarda, vamos desta-car também alguns dos desafios que estão contidos nesta trilha.

O primeiro grande desafio é relativo ao próprio futuro: como lidar com a enorme massa de dados gerada e armazenada nos prontuários eletrônicos dos pacientes, disponíveis em qualquer lugar do mundo?

“Esta questão vai ser um grande transformador de como a informação clínica vai ser utilizada”, explica Costa, da Sbis. “Porque são grandes quantidades de bancos de dados e informações clínicas, que vão desde informações sobre o DNA do paciente até toda sua vida relacionada à área de saúde. Tudo isso disponível tanto para ele como passivo, quanto para toda a equipe médica.”

A consequência disso, como um monstro possível daque-les tempos, segundo explica o presidente da Sbis, é uma enorme preocupação com a segurança e confidencialidade destes dados. Tanto no que diz respeito ao acesso, quanto à alteração deles.

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especial fh 20 anos

tecnologia

O FuturO das tecnOlOgiasde Informação nos HospItaIs

velocidade alucinante em que se sucedem as inovações tecnológicas neste início de década tem atingido níveis tão altos que os responsáveis

por suas aplicações nos hospitais e outras instituições do sistema de atenção à saúde enfrentam, cada vez mais, múltiplos dilemas.

Tradicionalmente, a taxa de adoção de tecnologias de informação por essas instituições tem sido lenta, bem abaixo de outros setores da sociedade.

A rede dominADe longe, entre as tecnologias mais transformadoras

e influentes da última década têm sido aquelas relacio-nadas à interconectividade. A integração das redes de dados com as de telecomunicação, como a de telefonia celular, ampliou extraordinariamente o alcance e a in-fluência das redes digitais, uma vez que acrescentou gigantescos números de usuários “sem computador” aos usuários potenciais.

Esse cenário continuará a se firmar e expandir. O surgimento de redes com velocidades cada vez maiores, como a quarta geração de redes de dados e de telefonia móvel (4G), e os dispositivos ca-pazes de explorá-las, continuará impactando o setor. Podemos prever, portanto, que o futuro do setor saúde contempla a formação de uma base global de infor-mações em que todos os protagonistas, dos pacientes aos planos de saúde, da saúde privada e pública, dos grandes bancos de dados aos equipamentos labora-toriais e de imagens, estarão interligados de forma abrangente e integral.

A este cenário convencionou-se denominar e-saúde. Curiosamente, é um alvo extremamente difícil e cus-toso de se atingir.

Além do custo, os principais obstáculos para a e--saúde são quatro: a enorme complexidade das or-ganizações e procedimentos; o desafio colocado pela interoperabilidade funcional e de padrões de repre-sentação de dados e mensagens; o envolvimento dos seus usuários terminais, os profissionais de saúde, principalmente os médicos; e a gestão e a análise con-

tínua dos grandes armazéns de informação que será gerada por essa rede, um problema novo que está sendo chamado de “big data”.

o computAdor é A redeEntre as tecnologias que mais impactarão o setor

saúde certamente estão aquelas em que o armaze-namento de dados e a computação serão delegados à rede. Estamos falando das tecnologias em nuvens (cloud computing). Poderemos prever, então, o grande crescimento do chamado Software as a Service (SaaS) no setor, que tem o dom de facilitar e agilizar muitas vezes mais a implementação e a atualização e expansão dos sistemas usados pelos hospitais. O barateamento e a disponibilidade univeral desses processos, até hoje extremamente caros e desafiadores para os hospitais,

terá como resultado a sua universa-lização, a médio prazo.

o poder do consumidorA segunda onda que mais influen-

ciará as aplicações da TI em saúde é muito nova e com um grande po-tencial de provocar desequilíbrios,

mas é ainda largamente ignorada pelas instituições: é o surgimento do e-paciente, ou seja, o consumidor de serviços de saúde que é cada vez mais extensamente informatizado, e que, no espírito da chamada Web 2.0, transformou-se pela primeira vez em um protagonista ativo do sistema. É o chamado prosumidor (uma mistura de consumidor e produtor de informações).

tecnologiAs compotenciAl trAnsformAdorAs plataformas de comunicação e colaboração, por

exemplo, revolucionarão as práticas à distância, como telemedicina e telepresença. Os serviços de geolocalização e rastreamento, o advento da Web 3.0 e da inteligência artificial embarcada, a robótica e a realidade virtual e aumentada, o uso disseminado de certificados digitais (como o projeto brasileiro da carteira de identidade digi-tal), e várias outras, estarão nos assombrando no futuro e influenciando poderosamente o setor saúde.

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Renato M.e. SabbatiniProfessor e pesquisador de informática em saúde, ex-docente da USP e da UNICAMP, fundador e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), sendo atualmente seu diretor de educação e capacitação profissional

GeoloCAlIzAção e rAStreAMeNto, WeB 3.0, INtelIGêNCIA ArtIfICIAl, roBótICA, CertIfICAdoS dIGItAIS,

eNtre oUtroS, eStArão NoS ASSoMBrANdo No fUtUro

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*Confira artigo na íntegra no Saúde Web

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especial fh 20 anos

gestão

O futurO da gestãOnas instituições de saúde

á algumas semanas recebi o pedido – prontamente aceito – de escrever, para a revista FH, um artigo que levasse aos leitores quais são, na minha visão, as

perspectivas para os próximos anos no segmento da saúde.Turismo de saúde; modalidades de investimento; e tecnologia

da informação – as diretrizes que, definirão os moldes do cenário da saúde nos anos que virão, com grande influência na gestão.

Turismo de saúdeHá 60 milhões de pessoas no mundo que podem, em

algum momento, decidir sair de seu país e buscar, no es-trangeiro, tratamentos para os mais diversos problemas de saúde. Trata-se de um contingente que representa mais de um quarto da população do Brasil, que, por sua vez, tem 45 milhões de usuários da saúde suplementar (considerando planos médicos e odontológicos).

Qual será o nosso posicionamento diante deste cenário? E considerando que, em termos de tecnologia, os paí-ses destino do turismo de saúde têm os mesmos recursos e se encontram em estágio similar de desenvolvimento, o que atrairá os turistas de saúde? Mé-dicos famosos? Hospitais bonitos? A resposta correta é: custos. Quem não tiver uma gestão racional e processos eficientes e eficazes não terá condições de receber este contingente e perderá oportunidades valiosas de intercâmbio cultural e fidelização de clientes que atravessa fronteiras.

modalidades de invesTimenToVislumbro, para a próxima década, a consolidação de

três tipos de grandes hospitais, diretamente ligada às mo-dalidades de gestão e injeção de recursos financeiros.

Os hospitais religiosos – as Santas Casas – continuarão a existir, embora com cada vez mais dificuldades de manu-tenção, em virtude de seus modelos de governança. Além disso, os conglomerados hospitalares das operadoras de planos de saúde – resultado da crescente verticalização – continuarão a crescer e se multiplicar, sem sombra de dúvida. E, por fim, será confirmada uma tendência que dá seus passos iniciais no cenário de saúde: os hospitais privados que se firmam no mercado, vinculados ou fo-mentados por investidores.

Estes últimos, transformando nosso atual modelo de gestão, ainda muito paternal e amador, num modelo empresarial, focado no resultado. Tendo a competitivi-dade como característica forte da sua atuação.

Tecnologia da informaçãoNão tem jeito. Para falar do futuro da saúde no que-

sito tecnologia da informação é preciso usar um pouco de imaginação. Não que faltem indícios concretos dos avanços que se aproximam. A tecnologia do chip, por exemplo, começa ganhar espaço e deve motivar a mes-ma quebra de paradigma que se observou quando do advento do código de barras em processos hospitalares, há cerca de quinze anos.

O chip vai ser utilizado não somente para o controle dos medicamentos, materiais e do patrimônio das insti-

tuições hospitalares, mas também na gestão de pessoas e monitoramento dos pacientes. Uma verdadeira revolução!

Outra inovação será o desenvolvi-mento dos sistemas web para assistên-cia à distância. O médico com acesso a todo o prontuário e exames do paciente de maneira remota. Uma medicina vir-tual, que colocará em xeque o contato direto entre o médico e o doente.

Quem imaginava que o Estado de São Paulo teria sua central de laudos,

atendendo a milhares de pacientes em tempo real. Os laboratórios operando com pools e sedes centrais em poucas cidades, alocando somente profissionais de aten-dimento e supervisão técnica.

A tecnologia da informação também contribuirá for-temente para a desospitalização. Com a possibilidade de monitoramento à distância dos indicadores de pa-cientes crônicos, por exemplo, diminui o número de internações clínicas e os hospitais se focam mais naquela que deve ser sua atividade principal: o atendimento a casos complexos.

Além dos três pontos-chave já explorados neste artigo, há ainda outras duas questões a serem consideradas com especial atenção nos próximos anos: a governan-ça corporativa e a gestão profissional do corpo clínico. Temas já abordados anteriormente neste espaço e que voltarão a ser explorados em breve.

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Genésio KorbesAdministrador HospitalarSócio da Korbes Consulting

Quem não tiver umA geStão rACionAl e proCeSSoS efiCienteS e efiCAzeS não terá CondiçõeS de reCeber eSte Contingente e

perderá oportunidAdeS vAlioSAS de interCâmbio CulturAl e

fidelizAção de ClienteS Que AtrAveSSA fronteirAS

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indústria

Gilberto Pavoni Jnuior • [email protected]

AVANÇOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS PROMETEM MUDAR O SETOR DE SAÚDE NOS PRÓXIMOS ANOS. PARA ACOMPANHAR ESTE MOVIMENTO, INDÚSTRIA JÁ TRAZ NOVIDADES E COMEÇA A REVER ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO

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ocê quer contribuir para o futuro da medicina e ter US$ 10 milhões no bolso? Invente um “tricorder”. O aparelho do universo ficcional de Star Trek fi-

cou famoso nas mãos do persona-gem Dr. McCoy que o usava para diagnosticar humanos e seres in-terplanetários, fazendo uma var-redura completa, exibindo resul-tados e guardando dados. Quem dará o prêmio para o inventor é a empresa de tecnologia Qualcomm e o andamento do concurso pode ser conferido no site www.qual-commtricorderxprize.org. Essa é só uma amostra de como o futuro da medicina se aproxima da ficção. Ou, pelo menos daquilo que achá-vamos que era ficção.

Tricorders, por exemplo, já es-tiveram em estudos em diversos centros pelo mundo. Ainda não chegam perto dos utilizados no seriado Star Trek. Em compensa-ção, estamos muito perto de outros avanços que nos acostumamos a ver na ficção científica. Já temos olhos e membros biônicos, exoesqueleto, chips implantados no corpo, uso da nanotecnologia, fazendas e impres-soras de órgãos para transplante e os estudos para a medicina celular estão bem avançados.

Escolha seu enredo de ficção preferido: Star Trek, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Eureka ou Gatacca. O máximo que pode ocorrer é você errar detalhes do que a medicina irá nos proporcio-nar. A mudança é grande e rápida. “Hoje um especialista em cirurgia está sendo formado nas faculdades para ser bem próximo de um ge-neticista molecular”, exemplifica o professor da Unesp e diretor do Hospital das Clínicas de Botucatu, Juan Carlos Llanos.

Ele que é um cirurgião entusias-mado e estudioso das novidades tecnológicas, já começa a ver o ce-nário futuro do fornecimento de órgãos para transplante. Atualmen-te, criar órgãos em laboratório e impressoras de órgãos estão na pau-

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ta de discussões. “Os estudos para transplantes de pâncreas cultivando moléculas e não o órgão inteiro, por exemplo, só não viraram realidade porque faltam doadores, mas a tecnologia está avançando”, diz Llanos. Atualmente a técnica con-siste em separar as células essenciais, chamadas ilhotas. Mas há alguma perda hoje. “Isso pode ser revertida com o avanço tecnológico”, explica.

O futuro médico deverá estar muito mais pró-ximo dessas questões científicas, aconselham os especialistas. “Não basta saber mexer em redes sociais e tablets, o que a tecnologia médica exige para o futuro é uma compreensão dos avanços científicos, que nesse ramo estão muito próxi-mos do uso no dia a dia”, alerta o professosr da Unifesp e presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Rubens Belfort Junior.

Ele é um fã das técnicas de regeneração de teci-do que estão em estudo pelo mundo e um crítico do conceito de “Geração Y” ser completamente sábia e conectada. “Nas minhas aulas eu vejo alunos que sabem mexer nas redes sociais, mas não sabem a diferença entre os olhos ciborgues

que estão sendo criados na Austrália e na Alema-nha”, comenta. Para ele, isso é essencial, porque viveremos no mundo no qual o marketing e o noticiário do espetáculo serão desafios para o bom senso do profissional médico. “Ele deverá saber o que será benéfico para o paciente no meio desses avanços e o que será somente algo pontual com muita divulgação”, diz.

Para Belfort, os indícios de que a medicina está mudando já estão no mercado. A associação tem promovido um piloto para os médicos fazerem diagnóstico remotamente com pacientes tirando uma foto do fundo do olho com um celular. E essa facilidade dos dispositivos móveis, redes conectadas e aplicativos específicos serão comuns nos próximos anos. “Vários diagnósticos desse tipo devem surgir e é até difícil prever”, comenta.

Outro avanço que parece certo é a sofisticação dos exames impulsionada pelas descobertas sobre o genoma humano. A fornecedora de produtos médicos B. Braun recentemente adquiriu 20% de participação na CeGaT, de diagnóstico genético. A empresa de biotecnologia tem soluções para o sequenciamento simultâneo de todos os genes

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Carlos Maurício, da B. Braun: não seria impossível pensar no fim de doenças crônicas no futuro

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indústria

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A individuAlidAdeAo extremo

O  cenário de uma medicina misturada com o que conhecemos como tecnologia da informação é tão evidente que uma das principais vozes sobre o futuro do setor é o diretor de Inovação em Saúde da Intel, Eric Dishman (foto). Para ele, veremos cada vez mais médicos com dispositivos móveis nas mãos e objetos que podem virar pequenos computadores conectados capazes de coletar informações sobre o paciente e enviar para médicos. “O desafio é se adequar ao novo uso e redefinir o modelo de negócio nos próximos anos”, diz.Para ele, não são só as inovações científicas que irão mudar o panorama do setor nos próximos anos. “Teremos uma medicina mais personalizada, baseada nas informações dos pacientes, doenças e tratamentos e na capacidade de cruzar tudo isso”, completa.

iMpressoras de órgãos - já foram mostradas. Atualmente elas são promissoras para tecidos simples como pele e veias. Há expectativa de que evoluam nas próximas décadas

exoesqueletos – espécie de armadura robotizada já está em fase de testes para soldados americanos, mas espera-se que sejam úteis em paraplégicos e idosos

dNa e rNa – técnicas e medicamentos novos aproveitam as descobertas da essência da nossa genética para tratar doenças. Empresas de fármacos

e start ups de biotecnologia estão aos poucos criando esse novo ramo médico de medicina super personalizada

superCoMputador – A IBM aposta no uso do computador Watson, que trabalha com cruzamento de informações e não somente com cálculos, para melhorar diagnóstico. A máquina é usada por faculdades médicas e algumas empresas

CiBorgues – próteses de membros com uso da cibernética já são testadas em vários países. Recentemente, o olho biônico foi mostrado ao mundo. São avanços que apontam para um novo tipo de medicina tecnológica

associados a uma determinada doença a fim de es-clarecer a causa genética e fornecer uma avaliação.Essa é uma das apostas da B. Braun para o futuro.

“Não seria impossível pensar no fim de doenças crônicas a partir da próxima década”, aponta o diretor de Scientific Affairs da companhia, Carlos Maurício. Para ele, o sequenciamento do genoma humano ain-da trará muita inovação na medicina e só estamos vivendo o início de toda essa revolução. A B. Braun também aposta no futuro da regeneração de tecidos humanos. “Hoje é mais fácil reconstruir cartilagem para ortopedia, mas os próximos anos trarão avanços em outros tipos de tecidos para transplantes”, diz.

Mas, para Maurício, a revolução mais visível será a mistura da medicina com o constante uso de tecno-logia nas redes de comunicação. “Sensores em celu-lares ou qualquer outro objeto de uso comum, como um vaso sanitário, poderão fazer exames e enviar informações a médicos com acesso ao prontuário de pacientes em banco de dados”, prevê.

Com todo esse futuro promissor, o papel do pro-fissional de saúde pode mudar radicalmente. Além dele ter mais formação científica e trabalhar a nível molecular, ele deverá virar alguém que aconselhará a melhor técnica de cura em meio a tantas novidades. “Os médicos deverão se tornar mais humanos para aconselhar o paciente nesse mundo cheio de tecno-logia e soluções com chips e metalizadas”, alerta o professor da Unesp, Juan Carlos Llanos.

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indústria farmacêutica

O FUTURO PASSA POR

INOVAÇÃO E ÉTICAesejamos e precisamos, como País, que em futuro não muito distante a população brasileira receba melhores

serviços de saúde. E, por consequência, ava-lie de forma mais positiva o sistema públi-co. Apesar dos inegáveis avanços havidos nos últimos anos, estamos, porém, muito distantes de uma situação que possa ser re-almente bem avaliada. O próprio Ministério da Saúde avaliou os serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do IDSUS - Índice de Desenvolvimento do SUS. No resultado, em uma escala que varia de 0 a 10, os quesitos como acesso aos serviços e população atendida pelas equipes básicas de saúde, ficaram pouco acima da média, 5,47. Do total de 5.633 municípios brasileiros, apenas 6, ou 0,1% obtiveram nota su-perior a 8.

Não são índices para exibirmos com orgulho, mas relevam transparência no trato da questão de saúde pública como o próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fez questão de ressaltar ao divulgar os resul-tados do estudo.

Do ponto de vista da ciência e da inova-ção, evoluímos de maneira considerável: a população está vivendo mais e melhor graças às novas terapias, ao mesmo tem-po em que enfrentamos de maneira bem sucedida, ainda que de forma desigual, as doenças básicas. Entretanto, é funda-mental empreender novos e constantes esforços para resolver a equação das do-enças mais complexas.

Ao mesmo tempo, o vertiginoso cresci-mento do arsenal terapêutico, as especiali-zações dos profissionais médicos e, de certa

forma, uma bem sucedida customização dos medicamentos, fazem frente às dificuldades da administração de gerenciar a escassez de recursos para permitir mais acesso da população às novas terapias disponíveis.

O sucesso dessa intrigante equação de-penderá da capacidade de cada agente de saúde pública de compreender que o admi-rável mundo novo da ciência evolui numa velocidade estonteante e que as pesquisas de novos medicamentos com tecnologias avançadas serão sempre mais eficazes e decisivas para a adesão aos tratamentos pelo paciente.

A sociedade que se informa, se agita e se transforma será uma sociedade cada vez mais exigente em termos éti-cos. A inovação será o elemento definidor entre vitoriosos e derrotados. Nesse mundo fantástico de descobertas diárias,

haverá quem delas participe ativamente, capacitando melhor seus profissionais, aten-dendo primeiro, e melhor, a seus pacientes, gerando conhecimento, descobertas e, a par-tir delas, viabilizando resultados, inclusi-ve econômicos para países e instituições. E haverá os que, ao contrário, incapazes de entender o sentido da inovação, chegarão atrasados ao futuro e por ele pagarão caro, em todos os sentidos.

Nós da Interfarma, temos o compromisso de defender a ética e a pesquisa de novos medicamentos como princípios básicos de nossas atividades. São alicerces de valores muitas vezes intangíveis, mas que assim como a ciência, a pesquisa e inovação precisam estar sempre em constante evolução para o bem da saúde e do paciente brasileiro.

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Antônio Britto

Presidente-executivo da Interfarma - Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa

A socIedAde que se InFormA, se AgItA e se trAnsFormA será umA

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O “jeito IT Mídia de ser” vem conectando clientes e forne-cedores de maneira eficiente, sempre levando em conta a conveniência de todas as par-tes interessadas. O resultado não poderia ser di-ferente, 15 anos de sucesso !

José Luiz RossiCEO da CPM Braxis

Capgemini

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“Talvez seja mesmo impossível descrever qual a essência que tor-na a IT Mídia tão especial. Atrair pessoas já é difícil, atrair grandes profissionais mais ainda, mas esta capacidade de atrair pessoas e pro-fissionais e conectá-las de forma tão surpreendente e eficaz, é, sem dúvida, o toque mágico que corre nas veias desta grande empresa.”

Laércio AlbuquerquePresidente América Latina

CA Technologies

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como será o futuro?

A valorização da qualidade do atendimento médico às pessoas e dos serviços oferecidos pelos órgãos reguladores. Esse é o caminho a ser trilhado pela saúde no futuro. Esse cenário já está claro em alguns países, como a União Europeia e Estados Unidos, e já se anuncia no Brasil

Os próximos 20 anos serão marcados pelo uso extensivo,

amplo e ubíquo da Tecnologia da Informação na Saúde. O registro

eletrônico de saúde, a telessaúde e as aplicações de e-Saúde estarão

presentes no dia a dia. Haverá um importante desafio para armazenar e compartilhar grandes massas de

dados. Liderar essa discussão e influenciar os seus rumos será o

papel do Informata em Saúde!

Os próximos 20 anos do setor de saúde poderão estar contidos em cinco, quem sabe um pouco mais. A expectativa está voltada para a re- humanização do atendimento e rotinização das novas tecnologias. No setor laboratorial acontecerá a explosão da biologia molecular, com todas as suas derivações, no proteoma e na fármaco genômica. Entretanto, o grande foco será o cliente, a personalização do atendimento, melhorias no acolhimento e a implantação definitiva e compulsória dos cuidados pré-analíticos, acarretando a correção de fatores que são responsáveis por mais de 70% dos chamados erros laboratoriais

Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge)

A participação ativa da iniciativa privada no atendimento à saúde deve prosperar nos próximos 20 anos. Deve-se criar um plano básico, universal e viável economicamente, que atinja toda população. Avanços tecnológicos importantes e imprevisíveis devem ocorrer, mas também devem ser dirigidos a todos

Irineu Grinberg, presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC)

Eudes de Freitas Aquino, presidente da Unimed do Brasil

Claudio Giuliano da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Informática

em saúde (SBIS)

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O setor de saúde privada tem avançado de forma significativa e dado demonstração de pujança, criatividade e crescimento sustentável. Acreditamos que o cenário futuro apresente um setor de saúde suplementar onde a relação entre operadoras, usuários, médicos e prestadores de serviços de saúde esteja bem mais madura e consolidada

Eudes de Freitas Aquino, presidente da Unimed do Brasil

Francisco Balestrin, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Nacional de Hospitais Privação (ANAHP)

Os financiadores da saúde estarão mais organizados, concentrados e com maior poder de compra. O modelo regulatório brasileiro pode ser referência na América Latina se os órgãos responsáveis equilibrarem exigências regulatórias com a devida estrutura para executá-las. As empresas atenderão as políticas do Governo ampliando a produção local e o Brasil pode se tornar importante pólo exportador

Abrão Melnik, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares(Abimed)

Fornecedores Hospitalares, hoje Revista FH, representa um grande marco na história da imprensa dirigida ao setor da Saúde no país. Foi a primeira publicação a surgir com foco na administração dos estabelecimentos de saúde, que no início da década de 90 começavam a discutir a profissionalização da gestão hospitalar como único caminho seguro para o crescimento do setor. Daí seu reconhecimento como leitura obrigatória dos empresários e gestores da saúde no Brasil. Desejo grande sucesso à competente equipe da IT Mídia, que transformou a FH em referência no mercado da saúde

Eduardo David, publisher da Guia Business Media e criador da Revista Fornecedores Hospitalares

O futuro na Medicina parece-nos bastante promissor no que se refere à segurança do paciente e a melhores resultados tanto no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento quanto à reabilitação. Temos um enorme desenvolvimento em medicamentos, especialmente para as doenças crônicas não-degenerativas, e em equipamentos que possibilitam maior acurácia, além da pesquisa médica, que está em franca e veloz evolução

Florentino Cardoso, Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB)

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como será o futuro?

O Sindhosp vai se adaptar às necessidades do setor. Nas próximas décadas, pesquisas com células-tronco indicam mudanças significativas em vários

tratamentos e a medicina deve se personalizar. Isso vai gerar mudanças na forma como o serviço de saúde é prestado. Mas sempre teremos questões a serem resolvidas com as três esferas de governo e agências reguladoras. A atuação

política sempre foi nossa principal bandeira e continuará sendo

Avançamos para conquistar a 5° posição no ranking mundial dos maiores fabricantes de equipamentos, materiais médico-hospitalares e odontológicos do mundo até 2020. Esse é o ambicioso sonho da nossa indústria para os próximos anos. Para conquistá-lo, contamos com o uso do poder de compra e encomendas tecnológicas do Estado como ferramentas para o desenvolvimento produtivo, inovador e tecnológico do País

Franco Pallamolla, Presidente da  Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) Dante Montagnana, presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e

Laboratórios do Estado de São Paulo (SINDHOSP)

Viveremos mais e melhor no futuro, mas a mudança etária e do perfil epidemiológico da população exigirá dos planos de saúde respostas mais efetivas no cuidado com a saúde das pessoas. As autogestões vêm investindo em modelos assistenciais que atendam às reais necessidades de saúde dos seus beneficiários, além de desenvolver formas de custeio que viabilizem sua sustentabilidade

Denise Eloi, presidente da União das Instituições de Auto Gestão em Saúde (Unidas)

Em 20 anos, esperamos encontrar um país com assistência de qualidade para todos e com uma medicina realmente valorizada. No entanto, para chegar a este cenário é preciso agir hoje. Os médicos estão dispostos a dar sua contribuição para que o Brasil que tanto sonhamos seja uma realidade

Roberto Luiz d’Avila – presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) Cofen

O futuro da saúde pública no Brasil dependerá da capacidade de cada agente responsável pelo setor de vincular-se, de forma concreta e efetiva, à ética e à inovação. O País avançou, nos dois campos, mas ainda está aquém de todo o seu potencial

Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma

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Beatriz Dobashi, presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde – Conass

O cuidado de enfermagem ao ser humano assumirá maior importância no campo da saúde. A categoria de enfermeiros dobrará de tamanho nos próximos dez anos e a preocupação com a qualidade na formação será pauta frequente das organizações profissionais e da sociedade

A América do Sul elevou sua condição de vida. Os países exercem, plenamente, o direito à saúde, com os sistemas universais, e a ação intersetorial permitirá atuar sobre os determinantes sociais. O Isags contribuiu para isto, fazendo da saúde espaço real de integração dos países

José Gomes Temporão, coordenador-executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags)

Manoel Carlos Neri, presidente do Conselho Federal de Enfermagem – COFEN Conass

O grande desafio será adaptar-se à mudança do perfil demográfico brasileiro, com o aumento do número de idosos e da expectativa de vida, priorizando a promoção da saúde e a prevenção de doenças, e compatibilizando os custos médicos com o orçamento de famílias e empresas

Marcio Coriolano, presidente da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar)

Para os próximos 20 anos, o que se espera é que a sociedade brasileira, a mesma que desejou o SUS, reconheça a dimensão política e social que ele engloba. Reconheça a saúde como um bem coletivo e influencie em decisões políticas capazes de melhorar o financiamento do setor, mudar o perfil de formação dos profissionais de saúde e mudar as formas de incorporação tecnológicas

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arquitetura hospitalar

ESBOÇANDO O EDIFÍCIO

DE SAÚDE DO FUTUROprovimento de ações voltadas à Saúde e o Bem Estar das pessoas ao lado da prevenção e atenção às doenças requerem, no exercício da gestão, co-

nhecimento e práticas no estudo e análise de tendências e cenários que se apresentam no ambiente natural e social envolvendo os indivíduos e suas comunidades, exigindo o gerenciamento de inovações, impactos e mudanças decorrentes de suas incorporações na mo-dernização dos processos de trabalho.

Tendências são fatos ou acontecimentos que vão sendo pressentidos lenta ou repentinamente e que se constituem em vetores de utilização inovadora ou de mudanças, gerando novas práticas ou alterando aquelas em curso.

O hoje superado modelo hospitalocêntrico de cui-dar dos pacientes “quando doentes”se desagrega pul-verizando as atuais atividades médico-hospitalares exercidas em edifícios únicos, e as desloca operacional e fisicamen-te para junto dos consumidores, fornecendo em Centros Médicos, com nova organização espacial os serviços destinados à promoção da Saúde, aos cuidados primários e com recursos para procedimentos diagnósticos e terapêuticos de curta duração e baixo risco, como cirurgias ambulatoriais e endoscopias resolutivas.

Estes estabelecimentos “na ponta” estenderão sua atuação aos cuidados domiciliares dos pacientes em habitações que estão equipando seus ambientes com dispositivos de conforto para acolher indivíduos portadores de dificuldades locomotoras, de higiene e dietética e demandando cuidados temporários, ou nos períodos de recuperação.

Aos hospitais competirá atender pacientes em situa-ções agudas e estados críticos, reunindo competências multidisciplinares e tecnologias médicas integradas

para atuação junto aos que lhes forem referidos pelas unidades de cuidados primários, localizadas junto às comunidades povoadas por consumidores de “serviços de saúde”, sendo, quando necessário, acolhidos nos processos que compõem os “programas de doenças”.

As tendências e expectativas sobre configurações dos futuros sistemas recomendam que a “constelação” de Edifícios de Saúde, com diferentes usos, exijam que contem com os seguintes atributos arquitetônicos:

- Disponham de setores de atividades junto aos con-sumidores organizados fisicamente, reduzindo fluxos, desperdícios de tempo e esforço humano, facilitando a visão e o controle dos processos. A estrutura de sustentação do edifício, seus fechamentos e dutagens para instalações, deverão permitir flexibilidade para novos e rápidos rearranjos internos.

- Deverá ter seu território dimensionado para permi-tir expansões que possam ocorrer em decorrência de mudanças ou acréscimos na produção e suporte aos serviços inicialmente presta-dos.

- Os ambientes internos deverão plasmar (ou seja, modelar) seus ocupantes pela arquitetura de in-teriores e pela integração visual e

interligação com ambientes externos.Os edifícios acolhem e embalam as atividades que

compõem o Negócio da Saúde. A este compete, no foco de sua visão estratégica, definir qual a mais ade-quada, funcional e econômica configuração predial que atenderá sua produção de serviços e os suportes necessários aos processos, em ambientes que promo-vam a satisfação de seus funcionários e a recuperação física e emocional de seus pacientes.

O edifício de saúde do futuro terá sua arquitetura definida por seus futuros usuários em função de ino-vadores modelos de atenção que o futuro definirá!

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sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

JOãO CarlOs BrOss Arquiteto e presidente da Bross Consultoria e Arquitetura

O edifíCiO de sAúde dO futurO terá suA ArquiteturA definidA pOr seus

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especial fh 20 anos

espaço jurídico

Clonagem, bioteCnologia e as apliCações na saúde

dentro de uma visão jurídicas avanços tecnológicos já trazem diversas discussões sobre da obrigatoriedade dos planos de saúde em arcarem com novos pro-

cedimentos. Imaginem então os avanços científicos com experimentos acerca da clonagem humana.

Clonagem é uma forma de reprodução assexu-ada, ou seja, uma reprodução que não envolve a união de um óvulo com um espermatozóide. O assunto instiga a comunidade científica e jurídica, assim como a população em geral. Apesar de pa-recer novo, a primeira lei sobre o tema entrou em vigor em 1995, Lei nº 8.974/95, e posteriormente foi substituída pela Lei 11.105/05, sendo esta a lei de biossegurança que permanece em vigor. Com vistas a regulamentar a referida lei, foi editado o Decreto nº 5.591/05.

Um dos dispositivos mais relevantes (e polêmi-cos) da lei de biossegurança é o que trata do uso das células-tronco dos embriões humanos. Essa lei foi objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade no Su-premo Tribunal Federal (STF) por infringir o direito à vida e à dignidade humana.

O princípio constitucional da dignidade do ser humano está previsto na Constituição Federal e é caracterizado como um valor moral, inerente ao indivíduo, pois todo ser humano é dotado de dignidade. Assim, é impossível pensar em di-reito à vida sem dignidade.

O STF decidiu que as pesquisas com células--tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade humana, pois não há como se pensar em vida, sem o desenvolvimento do embrião dentro do útero materno.

Nos Estados Unidos, é proibida a aplicação de verbas do governo federal a qualquer pesquisa que envolva embriões humanos, a não ser para aquelas feitas com células embrionárias obtidas antes de 2001, quando a lei foi aprovada. Em 2006, o presidente George W. Bush vetou um polêmico projeto de lei que permitiria o uso de

verbas federais para a pesquisa científica usando células-tronco.

A Itália proíbe qualquer tipo de pesquisa com células-tronco embrionárias humanas, bem como a sua importação. Já o Reino Unido é bastante liberal quanto ao tema. Sua legislação permite até mesmo a clonagem terapêutica, aquela por meio da qual os cientistas criam embriões por meio da clonagem para sua posterior destruição.

Coréia do Sul, Cingapura, Japão, China, Rús-sia e África do Sul permitem todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica. Os únicos latino-americanos a permitir o uso de embriões são Brasil e México, mas a legislação mexicana é mais liberal, permitindo a criação de embriões para pesquisa.

A decisão do STF é positiva, pois possibilita o uso dos embriões para uso científico, o que po-derá beneficiar milhares de pessoas doentes. No

entanto, o controle deve ser ri-goroso para que não haja abusos e uso indevido dos embriões, aliás como já ocorre no mercado de fertilização in vitro, no qual exageros são cometidos por mé-dicos despreparados, colocan-do em risco a vida da gestante. O papel dos órgãos de classe é fundamental neste aspecto, pois servem de fiscalizadores

dos maus profissionais médicos.No futuro, as novas tecnologias capazes de curar

doenças e prolongar a vida das pessoas trarão ainda mais atrito entre os planos de saúde e o consumidor, pois o custo da saúde será cada vez maior. O ideal seria criar, em um futuro próximo, câmaras de julgamento nos tribunais, especializa-das em direito da saúde, com uma equipe multi-disciplinar para auxiliar os juízes, com médicos, peritos e enfermeiros. Entretanto, se a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) continuar com esta atuação pífia, que vem demonstrando até o momento, deixando de cumprir sua função fiscalizadora, a situação será ainda mais crítica.

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Renata Vilhena SilVaÉ sócia-fundadora do Vilhena Silva Advogados, especializado em Direito à Saúde, e autora das publicações “Planos de Saúde: Questões atuais no Tribunal de Justiça de São Paulo” e “Direito à Saúde: Questões atuais no Tribunal de Justiça”.

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Profissionais do futuro,

Camila Galvez • [email protected]

futuro do mercado de saúde brasi-leiro se desenvolve agora, diante de nossos olhos. As novas tecnologias estão cada vez mais incorporadas na realidade da indústria e hospitais, e

os profissionais têm mais interesse em aten-der às demandas de um mercado promissor, que cresce junto com o avanço da expectati-va de vida e da exigência por qualidade na rotina de quem envelhece. Quem pretende fazer parte do amanhã precisa começar a se preparar hoje mesmo.

Em ranking do Bureau of Labor Statistics, um dos principais laboratórios de pesquisas trabalhistas do governo norte-americano, a maioria das profissões do futuro são rela-cionadas à saúde e tecnologia, tais como o engenheiro biomédico, o cientista médico, os bioquímicos e biofísicos. Aliar tecnologia e saúde, porém, não é somente construir má-quinas ou mesmo clonar seres humanos, mas trazer mais qualidade de vida em todas as idades, do recém-nascido ao idoso. A lista com as 10 profissões mais promissoras até 2018 também cita assistentes de saúde, assistentes médicos, treinadores de atletas e especialistas em cuidados da pele, o que evidencia que viver bem é uma necessidade atual. Ao se ampliar para as 20 carreiras com mais chances de crescimento, aparecem também dentistas e terapeutas entre as principais.

Apesar de o levantamento utilizar o mercado de trabalho norte-americano como modelo, a gerente de Recursos Humanos da consultoria Captativa, especializada em recrutar profis-sionais da área, Valéria Esboriol, acredita que as profissões do futuro dos Estados Unidos também são realidade no Brasil. Para Valéria, a tecnologia é aliada da saúde humana, mas exige especialização de quem está no merca-do. “A evolução do segmento faz com que

outras profissões comecem a surgir, como a engenharia biomédica e o cientista médico, ou pesquisador clínico, nomenclatura que se encaixa melhor no Brasil. São profissionais que conhecem a Medicina e sabem como lidar com a vida, mas também são especialistas em desenvolver e monitorar programas de com-putadores, softwares, entre outras inovações”.

Valéria afirma que esses novos profissionais têm características específicas: eles buscam atualização constante, têm a mente aberta de pesquisador e a curiosidade para saber como as coisas funcionam. Outras qualidades apontadas pela gerente são a capacidade de inovação, a visão de mercado e de futuro do negócio, além da capacidade de se relacio-nar. “São áreas que exigem do profissional trabalho em equipe para desenvolver novos equipamentos e pesquisas clínicas que po-dem melhorar nosso dia-a-dia, curar doenças e salvar vidas”.

A executiva destaca, porém, que algumas empresas ainda oferecem remunerações abai-xo da expectativa, principalmente no caso da engenharia biomédica. Um profissional em início de carreira deve receber entre R$ 3 e R$ 4 mil mensais, mas os salários podem alcançar até R$ 25 mil por mês em cargos de gerência ou diretoria.

No caso do pesquisador clínico, o mercado

brasileiro ainda não é tão atrativo do ponto de vista salarial. Para ingressar na área, é preciso ser formado em Medicina, mas muitas vezes o médico ganha mais atendendo pacientes. Na carreira de pesquisa, a remuneração é de cerca de R$ 9 mil, já que a maioria dos profissionais entra diretamente em cargos de gerência. “Com acúmulo de funções, o médico obtém salários muito maiores, mas se trata de escolha e perfil do profissional ingressar na pesquisa”, aponta Valéria.

Não é só nas universidades que o pesqui-sador se destaca: a indústria farmacêutica investe alto no desenvolvimento de novas fórmulas, trabalho que pode levar anos e en-volver muitos profissionais, tanto brasileiros quanto estrangeiros.

A gerente ainda destaca profissões que fi-caram de fora da lista norte-americana, mas que são consideradas igualmente importantes para o futuro que já começou: a farmacoeco-nomia e a farmacovigilância. A primeira se especializa nos custos envolvidos na produ-ção de medicamentos, desde a pesquisa até o consumo. Já a segunda auxilia na fiscalização e controle dos remédios pelas agências regula-doras como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no caso do Brasil. “São dois novos ramos para os profissionais forma-dos em Farmácia, que oferecem salários que

Pesquisa do governo norte-americano aponta que a maioria das carreiras em expansão nos próximos anos está relacionada à saúde e tecnologia. No Brasil, profissionais intensificam a preparação para fazer parte desse mercado, que se desenvolve aqui e agora, rumo ao amanhã

oportunidade presente

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“COm aCúmulO de funções, O médiCO Obtém saláriOs

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carreiras

podem chegar a R$ 8 mil. Há cursos de curta duração que proporcionam especialização, mas a graduação fornece os conhecimentos iniciais necessários”.

Médicos e MáquinasTomógrafos, ressonâncias, robôs, a intera-

ção entre pessoas e máquinas e tecnologias necessárias para o diagnóstico estão cada vez mais comum. Diante da necessidade cons-tante de equipamentos em hospitais, surge a profissão do engenheiro biomédico. Segundo o professor responsável pelo Centro de Enge-nharia Biomédica da Unicamp (Universidade de Campinas), Sérgio Santos Mühlen, trata-se de área interdisciplinar que resolve problemas médicos por meio das ferramentas de enge-nharia. “Médicos e enfermeiros são treinados para cuidar de pacientes, não de máquinas. Por isso, é importante que existam profissionais com o conhecimento tecnológico”.

Toda essa tecnologia, claro, tem um custo – e alto. Por isso, um dos papéis do engenheiro

biomédico é garantir que ela se torne mais acessível para a população em geral. “Não podemos inovar demais e esquecer o básico. De que adianta ter um aparelho revolucionário se ele é caro demais e atende pouca gente?”

Para Mühlen, o mercado brasileiro é cres-cente, pois o desenvolvimento do País exige cuidados com a saúde da população. “Os hos-pitais perceberam a necessidade de ter uma equipe de suporte tecnológico, caso contrário, vão comprar equipamentos errados e perder dinheiro”.

Para o futuro, o engenheiro biomédico afir-ma que a especialização será cada vez mais necessária. “Hoje o mercado absorve os recém--formados com rapidez, porque há falta de profissional qualificado”. Mühlen acredita que, se atualmente todos estão empregados, amanhã a qualificação será um critério de escolha. Por isso, é importante se atualizar constantemente sobre as novas tecnologias e procedimentos médicos. E não esquecer de entender muito bem sobre legislação, normas

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marco imperador,da home angels: o futuro já chegou para os cuidadores brasileiros

técnicas e sistemas de saúde em ge-ral. Afinal, a profissão lida direta-mente com a vida e, assim como a medicina, exige responsabilidade por cada ato.

cuidando de genteAo mesmo tempo em que a inova-

ção e a tecnologia são as chaves para o futuro, a necessidade de compa-nhia para realizar tarefas cotidianas também é lembrada pela pesquisa do Bureau of Labor Statistics. O as-sistente de saúde e o assistente de saúde pessoal, em terceiro e quarto lugar na lista, fazem parte das carrei-ras em destaque no mercado futuro.

No levantamento, o que difere uma carreira da outra é que o assis-tente de saúde pessoal não pode ad-ministrar medicamentos ou operar equipamentos médicos. Fora isso, ambos tem a função de cuidar dos pacientes em suas casas ou lares especializados e de repouso, pre-parando refeições, fazendo tarefas domésticas e dando banho nos pa-cientes, bem como outras atividades que exijam acompanhamento.

Marco Imperador é diretor da Home Angels, empresa especiali-zada na indicação de franqueados para atender essas necessidades em todo o País. Imperador afirma que o futuro já chegou para os cuidado-res brasileiros. “A busca pelo enve-lhecimento saudável cria mercados promissores para especialistas da área de saúde agora e no futuro”.

O executivo explica que o papel do cuidador é preservar a rotina familiar. Ele assume o lugar antes ocupado por esposas, mães e ou-tros parentes, principalmente mu-lheres. Com o desenvolvimento do mercado de trabalho feminino, que tirou a mulher do papel exclusivo de cuidar da família, é preciso ter um profissional com conhecimentos adequados, mas também carinho e respeito, para auxiliar pessoas en-fermas ou idosas.

Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, a cada 10 pessoas que ligam para a Home Angels dia-riamente para pedir indicações de franquias de cuidadores, a empre-sa consegue atender apenas duas.

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especial fh 20 anos

Fonte: Bureau Labor of Statistics

• As profissões que estão em cinza não fazem parte das relacionadas a saúde, porém aparecem assim no ranking

1. EngEnhEiro biomédicoSalário: R$3 a R$4 mil em início de carreira; pode chegar a R$ 25 mil em cargos de gerencia e diretoriaCaracterísticas: resolve problemas da área médica utilizando ferramentas da engenharia. Desenham e constroem dispositivos inovadores (como membros e órgãos artificiais) e aprimoram processos (para testes genéticos ou fazendo e administrando drogas).

2. AnAlistA dE comunicAçõEs E sistEmAs dE rEdEs E dAdos Salário: R$ 3.200 (em início de carreira) a R$ 7 mil (sênior)Características: Profissionais especializados em TI (tecnologia da informação), responsá-veis por toda rede de dados de uma empresa, desde a criação até a manutenção.

3. AssistEntE dE sAúdE (no brAsil, cuidAdor)Salário: R$ 1.800 em início de carreira; pode chegar a R$ 6 mil em cargos de supervisão. Características:tem a função de cuidar dos pacientes em suas casas ou lares especializados e de repouso. Esse profissional também identifica os sinais vitais, administra medicamentos e opera equipamentos médicos

4. AssistEntE dE sAúdE PEssoAl(no brAsil,cuidAdor)Salário: R$ 1.800 em início de carreira; pode chegar a R$ 6 mil em cargos de supervisãoCaracterísticas: têm a função de cuidar dos pacientes em suas casas ou lares especializados e de repouso. Não pode administrar medicamentos ou operar equipamentos médicos.

5. Auditor finAncEiroSalário: R$ 8 mil a R$ 12 mil (nível de gerência)

Características: Garantem o cumprimento da lei fiscal por meio da análise dos dados financeiros da empresa.

6. ciEntistA médico (no brAsil, PEsquisAdorEs clínicos)Salário: R$ 9 mil a partir de cargos de diretoria. Características:estudam a saúde humana de forma a desenvolver novos medicamentos e procedimentos médicos 7. AssistEntE médico (no brAsil, não há AutorizAção dE ProfissionAis quE não sEjAm formAdos Em mEdicinA PArA cuidAr dE doEnçAs)Características: O assistente médico está apto a diagnosticar doenças, examinar e trata pacientes com problemas de rotina. 8. EsPEciAlistA Em cuidAdos dA PElE (no brAsil, EstEticistAs)Salário: R$ 1.200 para técnicos em início de carreiraCaracterísticas: são os especialistas em beleza e cuidados do rosto e do corpo, como administração de produtos químicos, botox, lasers e peelings em spas e consultórios.

9. bioquímico E biofísicoSalário: R$ 3 mil em início de carreiraCaracterísticas: ambos atuam no desenvolvimento e aplicação de tecnologias biológicas para a aplicação nas áreas de saúde, agricultura, química e ambiental

10. trEinAdor dE AtlEtAs (no brAsil, médico do EsPortE)Salário: R$ 3 mil para recém-formadosCaracterísticas: previne e trata lesões em atletas de alto-rendimento, mas também nos praticantes de atividades físicas em geral.

as 10 maisPROfiSSõES DO futuRO aliam SaúDE E tECNOlOGia PaRa GaRaNtiR

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sérgio santos mühlen, da unicamp: hospitais precisam de uma equipe de suporte tecnológico, caso contrário, perdem dinheiro com compras erradas

“Para as outras oito não há profissionais ca-pacitados que estejam próximos da residência do cliente”.

O mercado oferece oportunidades, mas não é qualquer um que pode ser cuidador. Os conhecimentos técnicos não são suficientes para esse profissional: é preciso ter aptidão, pois a carreira exige a criação de vínculos com o paciente.

A média salarial é de cerca de R$ 1.800, mas pode chegar a R$ 6 mil em casos de supervisão de equipes. Para se especializar, há cursos técni-cos disponíveis, com duração de dois anos. “Na Home Angels, por exemplo, complementamos esses cursos com nosso próprio treinamento”.

O mercado de saúde brasileiro está cheio de oportunidades em todos os campos, dos assistenciais aos tecnológicos, em sintonia com os mercados mundiais. Para pegar carona no futuro, porém, é preciso dedicação e estudo para formar profissionais prontos para encarar o desafio do amanhã.

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recursos humanos

Binômio para o SuceSSo:o futuro da saúde em duas palavras

setor da Saúde é um ramo importante na economia brasileira. Detém um dos maiores orçamentos da união e dispõe de programas que são reconhecidos

internacionalmente. Gera mais de 10% da massa salarial do setor formal e em torno de 4 milhões de postos de trabalho, de acordo com o IBGE. Segundo a instituição, o número de empregos nos setores privado e público quase dobrou de 1992 para cá. Entre as funções de primeira linha executiva, as contratações mais que dobraram em 20 anos. Segundo o IMS Health, só o mercado farmacêutico brasileiro deve faturar R$ 68,5 milhões em 2015. O Brasil é líder do segmento na América Latina, seguido por México e Venezuela.

Apesar da notável evolução, ainda há desafios importantes. O SUS ainda apresenta níveis de atendimento precários e eficiência abaixo do requerido. Pelo ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Na-ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 2011, o Brasil amarga o 84º lugar. A população brasileira deve aumentar em 10 milhões de pessoas até 2015, segundo o IBGE, o que certamente trará impactos importantes nos temas de acesso, custo e financiamento do setor.

Ao fazer um retrospecto da evolução do setor nos últi-mos 20 anos, verifica-se um claro impacto com mudanças significativas que alteraram dramaticamente sua dinâmica. Como exemplos, tivemos a constituição do SUS, os avanços tecnológicos (como o crescimento da ro-bótica e telemedicina), mudança no foco do modelo de negócio (medicina persona-lizada, humanização nos serviços) e nas inovações científicas (como a biotecno-logia e genética). Nas últimas décadas, o lançamento dos medicamentos genéricos, os avanços da medicina diagnóstica e, mais recente, o cres-cimento dos prestadores de serviços de saúde – hospitais, laboratórios e homecare – e de seus pagadores, se destacaram de uma maneira sem precedentes, transformando a indús-tria e criando, como consequência, novas oportunidades e tendências para o futuro.

A Saúde terá seu futuro marcado por mudanças complexas e dinâmicas e, me atrevo a dizer, muitas ainda desconhecidas. Como em outros segmentos, a capacidade para se reinventar, a coragem para empreender, a persistência para transformar e, acima de tudo, a vocação para liderar o processo evolutivo serão elementos presentes na agenda. Do outro lado, apesar de todos os avanços, são pessoas que sempre farão os negócios acontecerem. E aí reside o grande desafio. Como assegurar

que o setor irá absorver, desenvolver, engajar e reter os talentos necessários para suceder nesta jornada? Como maximizar a probabilidade de identificar com antecipação os talentos que serão os motores desta transformação? Como e de que maneira efetiva promover um processo sustentável de talentos alinhando estratégia-organização-pessoas?

Ao setor caberá um contínuo e acelerado movimento de adaptação e colaboração. Transformar ambientes e organiza-ções requer propósito, convergência de ideias e valores que, juntamente com capacidades organizacionais e características de liderança apropriadas, promovem o resultado esperado. Analisando os indicadores, percebemos que o processo de mudança está em estágio embrionário. É preciso experimentar a continuidade dos processos de consolidação, os impactos na cadeia oriundos de investimento estrangeiro, os benefícios da tecnologia e a orientação cada vez mais voltada ao ser humano (e não ao paciente).

Para o atual e futuro líder, com o surgimento de novos papéis no processo, haverá necessidade de desenvolver e instalar novas habilidade e competências comprovadamente alinhadas com ambientes em transformação. Faltam líderes para transformar a indústria, que consigam ir além do papel executivo, que auxiliem no processo de transformação so-cial, apoiando o setor público a construir políticas públicas e modelos mais justos e eficientes.

Para assegurar e sustentar um elevado nível de performance nos negócios, as pessoas (bem como as organizações) terão que se adaptar e mudar continuamente, devido à volatilidade, complexidade e ambiguidade do mercado. Paradoxal-mente, e segundo pesquisa publicada no

Korn/Ferry Institute, perfis que devem continuar no futuro são: os “Líderes das Mudanças”, aqueles dispostos a inovar e que conduzem facilmente as mudanças necessárias no seu ambiente. Outro é o “Líder do Turn Around”, com habili-dades para dar reviravoltas mesmo sobre elevada pressão, com a finalidade de estabilizar ambientes depois de perdas ou necessidade de mudanças significativas.

O setor precisará de ambos para uma jornada bem sucedida. E, qualquer que seja a necessidade requerida pelo ambiente, a chave será ter o que vamos resumir ser o Talented Leader. Duas palavras que combinadas resultam naquele que, sob qualquer circunstância, contexto ou desafio, saberá conduzir seus liderados ao sucesso. A questão de talento não é um desafio de Recursos Humanos. É um desafio de CEO.

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ROdRigO ARAújOSócio-Diretor Sênior responsável pela Especialização em Ciências da Vida e Saúde da Korn/Ferry Como aSSEgurar quE o SEtor irá

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IndecIfrável como umalmanaque de esportes

arty Mcfly é personagem de uma das mais interessantes histórias já produzidas no cinema. No filme “De volta para o futu-

ro”, Mcfly é um jovem que diante de uma situa-ção inesperada viaja ao passado numa máquina do tempo construída num carro, um Delorean. Lá chegando conhece seus pais, muito antes de se conhecerem e por aí vai. No filme II, ele viaja ao futuro, numa tentativa de salvar sua própria pele de uma situação constrangedora. O filme vale a pena em todos os aspectos. Sendo uma trilogia, tem pelo menos 180 minutos que falam sobre o tempo e a amizade.

Quando Mcfly chega em 2015 encontra um lugar onde carros voam, tudo é bonito, as pessoas andam em roupas estranhas e num bar retrô se toca Michael Jackson. Cena inesquecível, pois ao brincar com um vídeo game ele convida duas crianças que olham para ele e di-zem: “ah, tem que usar as mãos, não tem graça”.

O filme foi produzido em 1992 e seu roteiro era de 1987 e alguém previu que vídeo games não teriam joysticks.

Assim como no filme, prever o futuro tem a ver com entender o que é estranho, difícil e possui obstáculos para o hoje. Melhorar tudo isso significa prever o futuro.

Um exemplo interessante pode ser observado quando viajamos. Se você for fazer uma viagem internacional precisa chegar 3 horas antes, pas-sar por check in, malas, alfândega, detector de metais, imigração, dutty free e sala de embarque.

No futuro, quem sabe você só embarque.Num hospital, hoje, você encontra sistemas

que não conversam entre si, problemas de pro-cessos, atendimentos mal feitos, problemas de remuneração, regulamentação, etc. Resolver esses gargalos tem a ver com o futuro.

Recentemente numa visita a um hospital co-nheci uma paciente que lá estava por longos 25 anos, após ter tomado um tiro de um antigo namorado na década de 80, que se suicidou logo após o mal feito. A moça, agora com pouco mais de 40, faleceu dias depois de minha visita, após ter aguardado voltar à vida por 25 anos.

Imaginei por várias vezes aquela mulher acor-dando, 25 anos depois, de um longo sono.

Não havia internet, celular, facebook, google, carro flex, cd, enfim, não havia tudo aquilo que nos toma 90% do tempo hoje. Tudo isso era des-conhecido até então.

Fico imaginando 25 anos à frente. O que faze-mos hoje, não faremos lá, isso é uma certeza. O que faremos lá adiante vai depender do cami-nhar dessa humanidade misturada de gerações, de complexidade, desejos, mundo global tão

pequeno, veloz, intenso. Fico ima-ginando um sono longo desses e, ao acordar, penso em sair de carro e eles não existem.

Penso em ouvir música e não existe mais o iTunes. Não existe

mais a Apple. O mundo é dominado por uma empresa chinesa de nome impronunciável.

O Brasil vive ainda pensando no futuro, pois nunca investe o que deveria e sempre gasta como se fosse o único ser do planeta. Viagens a Marte são vendidas por uma empresa mexicana, líder global em viagens intergalácticas.

No filme acima, o personagem compra um almanaque de esportes e volta no tempo para contar ao seu “eu”, mais novo, quais resultados os esportes teriam, as apostas seriam certeiras. Criou então um caos, pois o futuro é assim, não pode ser decifrado, precisa ser vivido.

Enfim, o futuro é algo estranho, novo e infi-nitamente cruel para se prever.

M

sua opinião é muito importante // [email protected] // @saude_web

Alberto leiteDiretor Executivo da IT Mídia s.a.

O FUTURO É ALGO ESTRANHO, NOVO E INFINITAMENTE CRUEL PARA SE PREVER

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