103
ÍNDICE ÍNDICE 1 FORRAGICULTURA 4 1. CONCEITO 4 2. TRINÔMIO SOLO-FORRAGEM-GADO 4 2.1. Influência do gado sobre o solo. 5 2.2. Influência do gado sobre a vegetação 5 2.3. Inter-relação vegetação-gado 6 3. PLANTAS FORRAGEIRAS 8 3.1. Forrageiras nativas em diversas regiões do Brasil 8 3.2. Escolha da forrageira 9 3.3. Tolerância de gramíneas forrageiras tropicais ao alumínio e exigência de Cálcio e Fósforo 10 3.4. A pastagem plantada 11 3.4.1. Gramíneas 12 3.4.2. Leguminosas 24 3.4.3 Cactáceas 34 3.4.4. Outras culturas 35 3.4.1.1. Mandioca 35 3.4.4.2. Cana de açúcar 36 3.4.4..3. Feijão Guandu 36 3.4. 4.4. Sorgo 36 4. MANEJO DE PASTAGENS 37 4.1. Técnicas de plantio de pastagens 37 4.1.1. Implantação de forrageiras em solos corrigidos e adubados 38 4.1.2. A implantação em pastagens existentes 38 4.1.3. Plantio direto após a limpeza do terreno 38 4.2. Manejo tradicional do campo 39 4.3. Manejo Ecológico das pastagens 39 4.4. Manejo das pastagens nos trópicos úmidos 40 4.5. Problemas das pastagens plantadas 41 4.5. 1. Invasoras persistentes 42 4.6. Limpeza das pastagens 43 4.6.1. O Fogo 43 4.6.2. O Fogo controlado 44 4.7. Compactação do solo 44 4.8. Recursos pastoris na estação da seca nos trópicos 44 4.9. Problemas das pastagens plantadas 45 4.10. Calagem do solo 46 4.11. Adubação da pastagem 46 4.11.1. Adubação fosfatada 47 4.11.2. Adubação nitrogenada 47 4.12. Avaliação da produtividade de uma pastagem 48 4.13. Decadência das pastagens e suas razões 49 4.13.1. Como evitar a decadência das pastagens 49 4.14. Nutrição mineral e adubação de pastagens e capineiras 50 4.15. Acidez do solo 50 4.15.1. Amostragem do solo para análise química 50 4.15.1.1. Coleta da amostra 51 4.15.1.2. Profundidade de retirada da amostra simples de solo 51 1

FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

ÍNDICEÍNDICE 1FORRAGICULTURA 41. CONCEITO 42. TRINÔMIO SOLO-FORRAGEM-GADO 42.1. Influência do gado sobre o solo. 52.2. Influência do gado sobre a vegetação 52.3. Inter-relação vegetação-gado 63. PLANTAS FORRAGEIRAS 83.1. Forrageiras nativas em diversas regiões do Brasil 83.2. Escolha da forrageira 93.3. Tolerância de gramíneas forrageiras tropicais ao alumínio e exigência de Cálcio e Fósforo 103.4. A pastagem plantada 11 3.4.1. Gramíneas 12 3.4.2. Leguminosas 24 3.4.3 Cactáceas 34 3.4.4. Outras culturas 35 3.4.1.1. Mandioca 35 3.4.4.2. Cana de açúcar 36 3.4.4..3. Feijão Guandu 36 3.4. 4.4. Sorgo 364. MANEJO DE PASTAGENS 37 4.1. Técnicas de plantio de pastagens 37 4.1.1. Implantação de forrageiras em solos corrigidos e adubados 38 4.1.2. A implantação em pastagens existentes 38 4.1.3. Plantio direto após a limpeza do terreno 38 4.2. Manejo tradicional do campo 39 4.3. Manejo Ecológico das pastagens 39 4.4. Manejo das pastagens nos trópicos úmidos 40 4.5. Problemas das pastagens plantadas 41 4.5. 1. Invasoras persistentes 42 4.6. Limpeza das pastagens 43 4.6.1. O Fogo 43 4.6.2. O Fogo controlado 44 4.7. Compactação do solo 44 4.8. Recursos pastoris na estação da seca nos trópicos 44 4.9. Problemas das pastagens plantadas 45 4.10. Calagem do solo 46 4.11. Adubação da pastagem 46 4.11.1. Adubação fosfatada 47 4.11.2. Adubação nitrogenada 47 4.12. Avaliação da produtividade de uma pastagem 48 4.13. Decadência das pastagens e suas razões 49 4.13.1. Como evitar a decadência das pastagens 49 4.14. Nutrição mineral e adubação de pastagens e capineiras 50 4.15. Acidez do solo 50 4.15.1. Amostragem do solo para análise química 50 4.15.1.1. Coleta da amostra 51 4.15.1.2. Profundidade de retirada da amostra simples de solo 51 4.16. Determinação da necessidade da calagem 51 4.16.1. Aplicação de calcáreo 51 4.16.2. Época e profundidade da calagem 51 4.17. Necessidades e aplicação de macronutrientes em solo destinado ao plantio de forrageiras 51 4.17.1. Adubação nitrogenada 51 4.17.1.1. Época de aplicação do nitrogênio 51 4.18. Adubação fosfatada 52 4.18.1. Método de aplicação do P 52

4.19. Adubação Potássica 52 4.19.1. Aplicação de potássio 52 4.20. Adubação com enxofre 52 4.21. Deficiências de macronutrientes 52

1

Page 2: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

4.21.1. Nitrogênio 52 4.21.2. Fósforo 52 4.21.3. Potássio 53 4.21.4. Enxofre 53 4.21.5. Cálcio 53 4.21.6. Magnésio 53 4.22. Necessidades e aplicação de micronutirnetes em solos destinados ao cultivo e exploração de

forrageiras53

4.22.1. Molibideno 53 4.22.2. Boro 53 4.22.3. Cobre 53 4.22.4. Zinco 53 4.22.5. Ferro 53 4.22.6. Manganês 53 4.22.7. Cloro 54 4.23. Correção e adubação de solos destinados a exploração de forrageiras 545. USO DE LEGUMINOSAS NA RECUPERAÇÃO DAS PASTAGENS 546. CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM 55 6.1. Fenação 55 6.1.1. Conceito 55 6.1.2. Produção de feno por hectare 56 6.1.3. Época de fenar 56 6.1.4. Processo da fenação 56 6.1.5. Corte da forragem para fenar 56 6.1.6. Desidratação da forragem 56 6.1.7. Armazenamento do feno 57 6.1.7.1. Armazenamento solto 57 6.1. 7.1.1. Vantagens do sistema 57 6.1. 7.1.2. Desvantagens 57 6.1. 7.1.3. Perdas por lavagem e fermentação. 577. SILAGEM 57 7.1. Conceito 57 7.2. Uso da silagem 58 7.3. Enchimento do silo trincheira 588. SAFRA E ENTRESAFRA 599. ASPECTOS DE MANEJO EM RELAÇÃO ÀS ESTAÇÕES DE PRODUÇÃO DE FORRAGENS 6010. SISTEMAS DE PASTEJO 61 10.1. Pastejo contínuo 61 10.2. Pastejo protelado 61 10. 3. Pastejo estacional ou deferido 61 10.4. Pastejo rotacionado em faixas 61 10.5. Pastejo rotacionado ou rotativo 6111. DIRETRIZES UTILIZADAS NO SISTEMA DE PASTEJO ROTACIONADO OU ROTATIVO 6112. DIVISÃO DE ESTÂNCIAS GRANDES EM RETIROS 62 12.1. Subdivisão dos piquetes 62 12.2. Cochos para sal mineralizado 62 12.3. Tamanhos dos piquetes ou potreiros 65 12.4. Forma dos Piquetes 66 12.5. Época adequada de pastejo 68 12.6. Distribuição adequada do gado sobre as pastagens 69 12.7. Escolha da pastagem para a atividade pecuária 69 12.8. Seleção do gado para a pastagem 70 12.9. Relação entre o número de animais na área e a forragem disponível 70 12.9.1. Taxa de lotação 70 12.9.2. Pressão ou Intensidade de pastejo 70 12.9.3. Super-Pastejo 70 12.9.4. Pastejo Ótimo 71 12.9.5. Sub-Pastejo 71 12.10. Capacidade de suporte 7113. DISTÚRBIOS DE FERTILIDADE NO GADO BOVINO 7114. PARASITAS ANIMAIS 7115. MANEJO DOS ANIMAIS 72

2

Page 3: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

15.1 Suplementação alimentar durante o período seco 7216. BIBLIOGRAFIA 72

3

Page 4: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Forragicultura

1. Conceito

Forragicultura é a ciência que cuida ou trata do plantio de forrageiras para serem levadas ao cocho ou para serem ensiladas e/ou fenadas.

Geralmente usam-se forrageiras de porte alto como sorgo, milheto, capim napier e outras, consorciadas com leguminosas volumosas de crescimento rápido. Essas forrageiras destinam-se à alimentação do gado leiteiro ou à ensilagem e podem ser chamadas de forragens.

Forragem é tudo o que serve para o gado pastar, se nutrir, se desenvolver e produzir.

Quando na época da seca as plantas forrageiras secam, o gado se alimenta com as plantas nativas. No manejo ecológico do rebanho e das pastagens valem todas as medidas capazes de proporcionar alimentação para o gado, nutrindo-o, mantendo a produtividade dos recursos forrageiros e conservando a fertilidade do solo. Não podemos sacrificar o pasto ao gado, nem o gado ao pasto.

A avaliação deve tomar por base os seguintes itens:

AnimalPeso ganho por hectare ou Kg/ha. ou leite produzido (ou de lã)% de parições% de desmamadosEstado e vigor dos animaisCuidados especiais necessários

Solo-plantaProdutividade das plantasVariação na composição vegetalVariação no solo (físico e químico)Quantidade de matéria orgânica no solo e de massa verde produzidaErosão

O Brasil é um país com uma vasta extensão territorial e um clima privilegiado para o crescimento de plantas herbáceas, cujas condições são excelentes para um bom desenvolvimento da pecuária. Assim, a formação de boas pastagens assume real importância, tornando-se a melhor opção para a alimentação do rebanho nacional, já que além de constituir-se no alimento mais barato disponível, oferece todos os nutrientes necessários para um bom desempenho dos animais. Sabe-se também que os animais criados a pasto são mais saudáveis e resistentes.

A mentalidade de destinar os piores terrenos, na maioria das vezes com declive, pedregosos e pobres para a formação de pastagens, está sendo substituída por outra, muito mais atual e tecnificada, onde a escolha das glebas (terras aptas para culturas) e forrageiras, adubações, combatem a pragas e plantas invasoras e, principalmente, um bom manejo, são práticas que vêm recebendo a atenção dos pecuaristas. Não podemos aceitar a pecuária em campos nativos, pouco produtivos, como nossos antepassados o fizeram. Há necessidade de melhorar esses campos, de implantar pastagens artificiais ou cultivadas e de elevada produtividade. Isto se prende ao fato de que o animal é apenas uma máquina de transformação e a forragem a matéria prima. Da qualidade da matéria prima, teremos um bom ou mau produto final, precocidade, produtividade, etc.

2. TRINÔMIO SOLO-FORRAGEM-GADO

Em cada área pastada, podendo ser: pampa, campo limpo, campo sujo, cerrado, caatinga ou pastagem plantada, há uma relação estreita entre o solo, o gado e a vegetação destinada à alimentação dos animais. Todos os solos não são capazes de nutrir os animais novos ou vacas leiteiras.

Há pastagens em que as novilhas não ficam de maneira alguma. Elas arrebentam as cercas para poder sair. Quando são forçadas a ficar aí, tornam-se irritadas e não conseguem um bom desenvolvimento, no entanto, para a engorda dão resultados excelentes.

Existem regiões, por exemplo, que o indivíduo de raça pura (Nelore) dificilmente se mantém nas pastagens nativas, o que obriga os criadores a exploração de terras mais ricas para a manutenção das matrizes e para os cruzamentos. Temos um exemplo na Serra da Lua (Roraima). Também há regiões que apresentam solos tão pobres e ácidos que impedem a sua utilização para a cria. Encontramos também forragens ótimas para a engorda, mas fracas para a cria.

É claro e evidente que nem todo solo serve para qualquer idade e tipo de gado e se o clima é um fator de restrição, o solo o é também. Segundo VOISIN: “o gado é o vivo retrato do solo” e há um adágio brasileiro que diz: “pela boca se faz à raça”.

A deficiência mineral é um dos problemas mais sérios no solo, o que se agrava com a monocultura de forrageiras exóticas, pelo clima inadequado para as raças importadas e pelo uso predatório do solo, manejo do gado, em

4

Page 5: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

que temos como exemplo: por o gado novo em qualquer pastagem e reservar os melhores pastos para os bois de engorda. Para os eqüinos não é diferente, as pastagens com predominância de sapé (Imperata exaltata) podem manter éguas prenhes em bom estado, mas podem prejudicar seriamente as crias que aos três meses de idade apresentam sinais de uma profunda deficiência de cálcio e fósforo. Nestes casos não adianta tratamento. Necessário se faz a colocação das éguas prenhes em pastagens diferentes. Já os ovinos são sensíveis a solos úmidos e muito pobres em cobre.

2.1. Influência do gado sobre o solo.

O pisoteio direto do gado influi diretamente sobre o solo, sendo altamente prejudicial nos dois extremos: épocas úmidas e durante a estação da seca. Influi também indiretamente, através do pastejo seletivo, expondo manchas de chão onde se instala a erosão, e pelo pastejo freqüente que diminui o tamanho das raízes contribuindo para o adensamento do solo e finalmente age pelo modo de coleta das plantas.

O pastejo bovino é menos prejudicial que o do ovino e eqüino, pois estes últimos pegam as plantas no colo da raiz, descobrindo facilmente o solo. O pisoteio do ovino, por outro lado, é mais leve que o do bovino e eqüino.

PRESSÃO DO PASTOREIOEspécie Animal/outros Pressão em Kg/cm2

Bovino de 400 Kg. 3,5Ovino de 60 Kg. 2,1Trator de esteira 0,21 a 0,56Caminhão 5,97Homem 0,35 a 1,12

A compactação do solo depende da umidade deste, da cobertura vegetal existente (plantas com raízes profundas sofrem menos) e da vegetação viva ou morta. Em épocas de seca o pisoteio é tão prejudicial que, em épocas muito chuvosas, ocorrendo a compactação. O solo compactado empobrece, e com ele a vegetação, o que dá margem a uma decadência química e física do solo.

Perdas em nutrientes devido à extração animal, equivalente em Kg/ha de adubo

CLASSESSulfato de Amônia Superfosfato Carbonato de Cálcio

Sais de Potássio (30%)

Leite - 5.500 Kg/ha/ano179,0 67,0 33,0 23,0

Gado de cria 1,2UA/ ha 61,9 40,0 2,9 21,1

Gado de engorda Sem importânciaOvinos (5/ha) criados e engorda. 49,0 21,0 21,0 10,0Lã - 27Kg./há/ano 39,0 - 20,8 -

No quadro podemos constatar que o gado de corte empobrece o solo muito menos que o de cria, de leite e lã. Se compararmos a pastagem com a agricultura pode-se dizer que uma colheita de trigo não remove mais nutrientes do que uma de capim.

O solo suporta a vegetação segundo as suas condições químicas, biológicas e físicas. Assim, a vegetação forma e mantêm o gado segundo suas riquezas minerais, seu teor de proteína, carboidratos, fibra, vitaminas e outros nutrientes, necessitando de boa digestibilidade.

2.2. Influência do gado sobre a vegetação

Ocorre modificação da vegetação pelo pisoteio, pelo pastejo preferencial ou a rejeição de plantas, pelo modo de colher as plantas, pela freqüência com que as procura e por sus excreções. Observa-se assim, que geralmente predominam as plantas que melhor suportam o pisoteio e aos cortes freqüentes, e desaparecem as que necessitam de maior tempo para sua recuperação. Nos estados do sul do país aparecem gramas estoloníferas e desaparecem os capins entouceirados quando submetidos a intenso pastoreio. Quando a grama forquilha (Paspalum notatum) cede lugar ao capim colchão ou pasto-negro (Paspalum plicatulum) é sinal de lotação muito baixa ou ausência de pastejo.

Em estados de clima tropical, com predominância de grandes áreas de capim-gordura (Melinis minutiflora) e capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa), ou onde se planta capim colonião (Panicum maximum), as pastagens com carga animal fraca tornam-se muito ralas e mais altas. É importante lembrar que a densidade da vegetação então

5

Page 6: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

dependerá do pastejo. O aparecimento de “gramão”, batatais ou grama mato grosso, variações da grama forquilha, ou de grama seda ou grama-de-burro (Cynodium dactylum), não é sinal de um pastejo intenso, mas sim da decadência do solo pastoril. O aparecimento de determinadas invasoras, normalmente destruídas pelo pisoteio do gado, também é sinal de baixa carga animal. É bom que se saiba que pelo uso permanente, intenso ou fraco, a pastagem se deteriora. Então a decadência da pastagem ocorre da seguinte forma:

1. O gado pasta sempre as mesmas plantas. Primeiramente por serem mais palatáveis e depois por estas terem rebrota nova. Assim, enfraquecem as raízes profundas, permanecendo somente as superficiais.

2. Instalam-se plantas com raízes superficiais, que fazem concorrência às forrageiras e plantas com raízes profundas, porém evitadas pelo gado, podendo proliferar livremente. Tais plantas são muitas vezes apresentam porte robusto.

3. Desaparecem as forrageiras finas e palatáveis por exaustão. O campo torna-se grosseiro e “sujo”.

4. Quando se procede à limpeza do campo com fogo, aparece uma vegetação adaptada ao fogo, como capins entoceirados, plantas lenhosas com casca suberosa ou plantas de ciclo vegetativo muito curto, que se tornam duras e inaproveitáveis, tais como a barba-de-bode, capim-cabeludo, capim-flecha ou capim caninha.

Assim, as plantas estoloníferas desaparecem quase que totalmente, e parte do solo fica descoberta (desnudo), o que dá margem às ervas invasoras, como: assa-peixe (Vernonia spp.), mio-mio (Baccharis coridofilia), jurubeba (Solanum spp), palmeiras como o buriti (Mauritia flexirosa), tucumã (Astrocaryum tucuma), etc. Nestas condições o pasto torna-se sujo, grosseiro e pouco nutritivo devido ao manejo inadequado. As invasoras arbustivas e até arbóreas instalam-se pelo pastejo fraco e, como o superpastoreio, desnuda partes do solo, igualmente dando lugar à invasoras, levando a produção de pastagens deficientes em nutrientes minerais. Se o solo nunca permaneceu nu, sem vegetação ou se a forrageira implantada é incapaz de cobri-lo, aparecem invasoras, ocupando o lugar vazio. Isto porque as invasoras sempre são ecotipos, isto é, ecologicamente adaptadas.

O aparecimento de invasoras será tanto maior quanto mais inadequada for a forrageira cultivada para o solo e para a região. Também a maneira como foi realizada a formação da pastagem, pode ser a razão do aparecimento de invasoras. Antigamente o capim colonião era plantado por mudas, as quais cresciam, produziam sementes e secavam. No início da época chuvosa queimava-se a vegetação seca, colonião e invasoras. As sementes nasciam e formavam uma cobertura densa do solo. Atualmente o colonião é semeado. As plantas formam moitas que logo são aproveitadas para o pastejo. Se o capim cresce em demasia, cobre todo o chão; porém quando pastado, o solo fica descoberto em cerca de 80%, o que dá lugar ao aparecimento de invasoras, por ter crescimento mais rápido que o capim. Cabe dizer que de nada vale plantar o capim e entregá-lo ao gado, o homem tem que dirigir o pastejo.

2.3. Inter-relação vegetação-gado

Há uma afirmação que diz: “O pasto faz o gado e o gado faz o pasto”. Isto significa que de nada adianta escolher uma raça e colocá-la numa pastagem inadequada. Temos que selecionar o gado para a pastagem, ou seja para a forragem que o solo produz. Da mesma forma, o gado deve ser dirigido para que não destrua a pastagem. O pasto deve ser preparado para o gado, sempre procurar a forrageira adequada para a espécie animal.

Nossos solos muitas vezes são inadequados para a produção de forrageiras exóticas, desta forma eles têm que ser preparados, ou seja, corrigidos por uma calagem e adubação.

As forrageiras são importadas principalmente da África. Isto porque além de possuir regiões de climas tropicais e subtropicais, o gado africano é de grande porte (elefantes, girafas, rinocerontes, etc.). No nosso país o maior animal nativo é a anta (Tapirus anta).

O que está errado é o sistema empregado na pecuária: importamos a raça, criamos a pastagem com forrageiras importadas, uma vez que o gado não se dá com nossas pastagens, com isso o solo deve receber calagem e adubação. Se não houver a correção do solo, a pastagem não se torna vigorosa, permitindo a colonização de invasoras, tendo-se que proteger a pastagem com herbicidas. Quando esta é atacada por insetos e fungos, a forragem vira praticamente agricultura. Há, no entanto uma diferença: na agricultura o produto é vendido para o consumo humano e na pecuária é necessária a conversão das substâncias vegetais (carboidratos e proteínas vegetais) em proteína animal.

Os animais novos necessitam de 830 g de proteína para a produção de um Kg. de carne. Tendo em vista que a digestibilidade é de apenas de 40 a 60%, o gasto será de 1,160 a 1,330 Kg. de proteína vegetal por cada quilo. Por esta razão, vegetação e gado devem ser sincronizados, isto é, o gado deve ser adaptado à forragem existente e a forragem existente ao gado.

Cada região possui as pastagens que seus solos são capazes de produzir e para cada tipo de pastagem cria-se uma raça; para cada propriedade selecionam-se, desta raça, os animais que melhor se adaptam às condições específicas. Ninguém tenta adaptar s solos às forrageiras, por ser um procedimento muito caro e sem retorno. Cabe

6

Page 7: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

lembrar que as pastagens nativas são adaptadas ao meio sendo necessário um bom manejo e cuidados essenciais (adubação, consorciação com leguminosas, etc.).

Taxa de lotação e ganho de peso vivo por animal/há pelo melhoramento

de pastagem nativa em Minas Gerais (SOUSA, D.E., 1977).

Tipo de pastagem Período

UA/há

Ganho de peso animal(Kg)

Ganho

Kg/ha

Ganho total

Kg/ha

Melhorada

Nativa

Seca

Chuvas

Seca

Chuvas

0,60

1,31

0,50

0,90

16,80

133,47

-7,16

99,99

25,52

299,53

-9,83

186,45

325,05

176,62

Se a forragem for alta, não significa que o gado estará sempre bem nutrido. Isto depende em termos absolutos da espécie forrageira e de sua capacidade de regeneração, o que se expressa geralmente pela “idade fisiológica” da planta. A idade fisiológica indica o estágio de desenvolvimento do capim, ou seja, sua fase vegetativa ou reprodutiva. As plantas mal nutridas podem florescer muito mais cedo que as bem nutridas, permanecer na área menor tempo e fornecem menos massa verde e de qualidade inferior.

Uma planta bem nutrida fornece uma forragem farta, tenra e nutritiva. Há variação entre as plantas, no que se refere ao maior valor nutritivo. Algumas delas no período da formação de botões as plantas possuem menos água e mais energia (carboidratos), com um bom nível de proteína. Verifica-se que quanto mais velha a planta, menos proteína contém, gerando menor ganho no gado de corte. Para o gado de leite, o ponto de pastejo é o início da floração, quando o teor de carboidratos é maior.

O valor nutritivo de uma forrageira depende:

1. Da riqueza mineral do solo e da adaptação da planta ao solo.

2. Da idade fisiológica da planta.

3. Da espécie, do cultivar e de seu potencial genético.

4. Da capacidade do animal de digeri-la e metabolizar as substâncias existentes.

5. Do clima e da temperatura conforto para o animal.

Relaciona-se em primeiro lugar o solo, que deve possibilitar o desenvolvimento total do potencial genético das plantas. A nutrição da planta não depende somente da riqueza do solo, depende da capacidade da planta mobilizar seus nutrientes. Nestas condições seu valor biológico é elevado, ou seja, ela consegue formar todas as substâncias até seu estágio final as quais são condicionadas geneticamente. Se o solo não é adequado à formação dessas substâncias pode ficar a meio caminho. Por exemplo, não forma proteínas, mas somente aminoácidos não essenciais.

Em segundo lugar podemos considerar a idade em que a planta é pastada. Quanto mais velha a planta, menos nutritiva, por tornar-se mais fibrosa. Já a planta nova possui maior teor em proteínas sendo mais favorável para alimentação do gado de corte. A planta em floração possui mais amido, sendo mais favorável ao gado leiteiro.

7

Page 8: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Relação de proteínas na forragem segundo a idade(%)

Forrageira Planta nova Início da formação de botão

Plena floração

Trevo branco

Capim bermuda

Capim-cola-de-zorro

Cevadinha

Capim cornichão

Grama-comprida

Capim-branco

Capim-dátilo

Capim-sudão

4,8

2,0

2,1

3,9

2,7

2,2

3,8

3,2

2,4

3,3

-

1,3

2,8

-

1,8

-

2,3

1,4

2,7

1,9

1,1

1,2

1,5

1,3

1,8

1,5

1,0

Existem forrageiras das quais os ruminantes digerem melhor a fibra que o extrato não nitrogenado, como os amidos. O capim seco em pé perdeu quase todo seu valor nutritivo, não somente em relação às proteínas, mas igualmente às enzimas, vitaminas, carboidratos (ausentes nas fibras) e parte dos minerais. Pode ser utilizado para engorda ou como alimento de “emergência” nos períodos da seca junto com a uréia ou misturado com melaço. Só, não se constitui em um alimento suficiente para os animais. O feno é o capim cortado na floração e secado o mais rápido possível para interromper todos os processos enzimáticos e impedir a decomposição da proteína e amido.

O valor real da forrageira passou-se a indicar com siglas da seguinte forma: nutrientes digeríveis totais (NDT), proteína digerível (PD), energia digerível (ED), energia metabolizável (EM), e mesmo assim a concordância com a produção não é ainda como deveria ser, pois há forrageiras onde a fibra tem boa digestibilidade, havendo outras ricas em proteína bruta, porém de péssimo aproveitamento pelo gado (Bello, 1970).

A capacidade de digerir e metabolizar a forragem consumida é, talvez, o ponto mais importante, o que é traduzido pela capacidade do gado de usar a forragem da melhor maneira possível.

Isto depende:

1. Da adaptação do gado à forrageira.

2. Do efeito do clima local sobre o gado.

O gado acostumado a pastar determinada forragem, pode desenvolver a capacidade de digerir bem a celulose e formar dela, aminoácidos. Para isso, possui uma flora bacteriana no rúmen.

3. PLANTAS FORRAGEIRAS

3.1. Forrageiras nativas em diversas regiões do Brasil

No Brasil existem muitas forrageiras nativas ou espontâneas, anuais ou perenes, as quais são encontradas desde o extremo norte ao sul. Temos entre elas: capim-seda (Cynodon dactylon), o milhão ou capim-colchão (Digitaria sanguinalis), o capim-papuã ou marmelada (Brachiaria plantaginea), o pega-pega (Desmodium incanus), etc. A maioria está sendo confinada a determinadas condições ambientais e regiões restritas.

Exemplos de algumas forrageiras nativas por estado ou região:

Rio Grande do Sul: grama-forquilha (Paspalum notatum), capim-Ramirez (Paspalum guenoarum), grama-comprida (Paspalum dilatatum), grama-missioneira (Axonopus compressus), treme-treme (Briza minor), cevadilha (Bromus spp.), capim-flechinha (Stipa hyallina), pega-pega (Desmodium incanus), trevo-carretilha (Medicago hispida), ervilhacas (Vicia spp.), etc.

Santa Catarina: com seus solos em parte muito ácidos, encontramos diversas espécies de Axonopus, como a grama missioneira, gramão ou folha larga (Axonopus obstusifolius).

Paraná: explora grande quantidade de forrageiras do Rio Grande do Sul, e também o capim-gordura (Melinis minutiflora), que a partir daí encontra-se em todos os estados, até o Roraima. Há também diversos estilosantes (Stylosanthe spp), capim-mimoso (Andropogon tener) e desmódios (Desmodium intortum).

8

Page 9: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

São Paulo: predominam o capim-gordura ou catingueiro (Melinis minutiflora) e o Jaraguá (Hyparrhenia rufa), rabo-de-raposa (Setaria spp), diversos toucerinhos (Sporobulos spp), grama-batais (Paspalum notatum), grande quantidade de desmódios (Desmodium adscendens), (Desmodium barbatum) e maior variedade de estilosantes (Rhynchelytrum roseum), etc.

Minas Gerais: como São Paulo, possui grande número de desmódios e estilosantes e uma diversificação grande de leguminosas, como: Centrosema spp., Colopogonium spp. Encontram-se outros capina, como capim-murumbu (Panicum maximunm), etc.

Mato Grosso: conta com uma vegetação especial e famosa no pantanal, como o capim-pantaneira (Paratheria prostata), capim-mimosinho (Reimarochloa inflexa), grama-mato-grosso (Paspalum notatum cv), amendoim-de-campo-limpo (Arachis diogo), e outros que fizeram do estado um excelente criador de gado.

Região Nordeste: a região litorânea baixa é rica em gramíneas e leguminosas. No agreste predomina: Chloris orthonotum e o capim-mimoso (Gymnopogon mollis e Gymnopogon rupestris). Na caatinga encontra-se o capim-panasco (Aristida setifolia), portulacas e especialmente árvores forrageiras como canafístula-de-boi (Pithecellobium multiflorum), juazeiro (Zyziphus joazeiro), mandarucu (Cereus jamacuru), faveiro (Parkia platycephala), e também leguminosas como feijão-batata ou jacutupé (Pachyrrhyzus bulbosus), orô (Phaseolus panduratus), etc.

Região Norte: merecem destaque as canaranas, os capins de solos alagados ou temporariamente inundados (Echinochloa polystachia e Echinochloa pyramidalis) e o quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicola), trazido das Guianas, que vegeta ao lado do pasto-preto (Paspalum guenoarum).

A enorme diversificação de plantas nativas é um indicativo de uma grande variedade de ecossistemas existentes no Brasil. Talvez esta possa ser uma explicação para a invasão de capineiras e pastagens plantadas por plantas nativas. As plantas “invasoras” são plantas que melhor se adaptam às condições locais e que se identificam com o lugar.

As plantas “invasoras” se instalam quando:

1. A forragem plantada torna-se rala devido ao pastejo.

2. O solo desnudo em manchas desprovidas de capim, aparece pelo pastejo excessivo.

3. Há trilhas de gado.

4. Há sulcos, produto da erosão.

As forrageiras de porte alto, como o Colonião, Guatemala, Napier, Camerum Tardio, etc., impedem ou dificultam o aparecimento de “invasoras” quando está com boa altura, isto devido a que na sombra total são raras as plantas que conseguem crescer. Quando estas baixam pelo pastejo, as “invasoras” surgem novamente. O problema das “invasoras” é que o solo geralmente tem sido esgotado e compactado pelo plantio, pisoteio do gado e pela ação da chuva, daí que as plantas que se instalam são robustas, mas de pouco crescimento e de baixo valor nutritivo. Há necessidade de incrementar as pesquisas na vegetação nativa para melhor conhecimento dos seus hábitos e assim gerar tecnologias adequadas para seu uso.

3.2. Escolha da forrageira

Deve-se escolher espéices bem adaptadas à região e que atendam ao obletivo de sua seleção. Isto é: para pastoreio direto, para produção de feno, para capineiras de corte ou para ensilagem. É importante que sejam considerados os níveis de tolerância das forrageiras atendendo-se sempre às condições do meio ambiente. O quadro a seguir permite orientar a seleção de determinada forrageira considerando-se os npiveis de tolerância de leguminosas tropicais.

9

Page 10: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Informações sobre aspectos de adaptação de Gramíneas e Leguminosas Tropicais ao meio ambiente

Tolerância Precipitação mínima

Espécies Seca Geadas Inundação (mm)

Andropogon gayanus B R F 400

Brachiaria decumbens R F R 1.000

Brahiaria humidícola B R R 1.000

Brachiaria mutica R F MB 1.200

Brahiaria ruzizinsis F F F 1.200

Calopogonium mucunoides F F R 1.200

Chenchrus ciliares MB R F 350

Centrosema pubescens R F R 1.200

Clhoris gayana B R R 650

Cynodon nlemfluensis R - MB -

Desmodium intortum R R B 1.200

Desmodium uncinatum R R F 900

Galactia striata B B R 800

Leucaena leucocephala B R F 750

Leucaena bainesii R B MB 900

Macrotirium atropurpureum B F R 600

Melinis minutiflora R F F 1.000

Neonatonia wightii R R R 750

Panicum maximum - Colonião R F F 1.000

Panicum maximum -Makueni B F F 1.000

Panicum maximum – Green Panic B B F 600

Paaspalum plicatulum B R RB 750

Pennisetum clandestinum R B R 850

Pennisetum purpureumm F F F 1.000

Pueraria phaseoloides R F B 1.250

Stylosanthes guianensis B F R 850

Stylosanthes humilis B F F 600

Stylosanthes hamata B F F 600

Setaria sphacelata B B B 750

F= fraca; R= razoável; B= boa; MB= muito boa; RB= regular/boa.

FONTE: Bogdan (1977), Whitteman (1980), Brotel (comunicação pessoal) e experiências pessoais dos autores.

3.3. Tolerância de gramíneas forrageiras tropicais ao alumínio e exigência de Cácio e Fósforo

Para garantirmos o sucesso na formação e manejo das pastagens, recomenda-se sempre que possível uma análise de solo antes da implantação da pastagem. Análises posteriores do solo orientam os procedimentos a serem adotados para prevenir a decadência dos pastos. A tabela a seguir nos oferece uma orientação sobre o assunto.

10

Page 11: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Comparação entre nove gramíneas forrageiras tropicais quanto à tolerância ao alumínio e exigências de cálcio e fósforo na fase de estabelecimento das capineiras.

Tolerância ao Al a Exigência de Pb Exigência de Cab

Espécies Alta Média Baixa Baixa Média Alta Baixa Média Alta

Brahiaria humidícola x x x

Andropogon gayanus x x x

Melinis minutiflora x x x

Brachiaria decumbens x x x

Brachiaria brizanta x x

Panicum maximum x x

Hyparrhenia rufa x x

Pennisetum purpureumm x x

Chenchrus ciliares x

a – Tolerância a Al: atendendo os dados de Salinas (1970); Spain & Andrew (1975 e 1976)

b – Exigência em P e Ca: baseados em dados do CIAT (1977 e 1982) e Siqueira (1982)

3.4. A pastagem plantada

Pastos nativos decaídos pelo mau uso, ou os campos agrícolas deficientemente gramados, cerrados e matas roçadas são plantados com forrageiras produtivas para aumentar a produção de carne por hectare. Evidenciamos que existem muitos ambientes e microambientes com vegetação específica, de modo que não se pode generalizar escolhendo uma ou duas forrageiras para todo o território nacional. Já foram feitas várias tentativas para indicar as forrageiras mais adequadas a determinadas condições de clima e solo. Alguns exemplos:

Alcântara e Bufarah (1979) tentaram um zoneamento no Estado de São Paulo atendendo:

1. Altitude.

2. Temperatura média.

3. Precipitações anuais.

4. Chuva excedente.

5. Clima (úmido, semi-úmido, sub-úmido e seco).

6. Solo (segundo a taxonomia e capacidade de utilização).

Desta forma dividem o Estado de São Paulo em Região de Campos do Jordão, Vale do Paraíba, Cerrado Central, Noroeste e Contorno Leste.

Em Pernambuco dividem a região em: litorânea, agreste e caatinga.

No Rio Grande do Sul (ARAÚJO, 1971) tentou um agrupamento:

1. Segundo a estação do ano (outono-inverno e primavera-verão).

2. Segundo os solos (arenosos, médios, argilosos, úmidos drenados e alagadiços).

3. Pelo uso: fenação ou pastejo.

SOUZA (1997) indica para cada forrageira suas características de clima, solo e manejo, bem como sus resistência ao frio e à seca.

GOMES (1973) indica forrageiras herbáceas, arbustivas e arbóreas para a região da caatinga. Praticamente não há autor que não indique as limitações e preferências de cada forrageira, para que o pecuarista não sofra amargas experiências e perdas de dinheiro. As firmas idôneas que vendem sementes de forrageiras, embora tendo estoque de sementes, indicam as regiões do Brasil onde se planta com maior sucesso uma ou outra forrageira, dando ênfase ao regime pluviométrico e a riqueza dos solos exigidos. Não falta conscientização, e enquanto uns procuram a forrageira

11

Page 12: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

com o melhor resultado bromatológico, outros procuram a melhor adaptação a determinadas condições locais. Não é somente a carga animal que as pastagens plantadas suportam quando recém instaladas e bem adubadas. O fator econômico entra também em jogo e todos sabem hoje que uma produção elevada, com grandes investimentos, é às vezes menos econômica que uma produção um pouco menor, mas com investimentos muito menores.

Uma forrageira que se identifica com o solo e o meio ambiente permanece na pastagem por muito mais tempo e, de certa forma, é mais indicada que outra que exige a renovação a cada 4 a 5 anos.

O número adequado de animais no pastejo dependerá da planta forrageira escolhida para a área.

De modo geral, os animais sempre pastarão as plantas que mais lhes apetecerem, desta forma as espécies mais importantes para a nutrição são perseguidas pelo gado, e desaparecem. Assim, instala-se um processo de “sucessão regressiva”, ou seja, desequilíbrios vegetais cada vez mais inferiores até que a pastagem se torna incapaz de nutrir o gado.

Os ensaios de lotação por um a dois anos não conseguem dar informações válidas para a lotação da pastagem. Essa lotação será tanto mais oscilante, quanto menos se cuidar da conservação das espécies. Assim, na estação das águas a lotação pode ser 4 a 5 vezes maior que na estação de seca. Quando existem leguminosas elas podem servir de suplemento na estação da seca, contribuindo para a manutenção de uma lotação estável.

A lotação, ou seja, o número de animais no pasto durante a estação seca, não somente pode ser uma informação valiosa para o sucesso do manejo no decorrer dos anos, mas igualmente sobre a provável fertilidade do gado. Se o animal passa fome de 5 a 6 meses do ano, geralmente tem sua fertilidade seriamente comprometida. Se a carga animal na estação das águas era de 1 animal para cada 3 hectares e se a lotação durante a seca é de 1 animal por 10 hectares, normalmente haverá superlotação e fome, uma vez que não existe a migração dos rebanhos para pastagens mais abundantes.

Os animais selvagens da África migravam sempre para regiões de pastagens verdes e abundantes, poupando os pastos secos, e garantindo assim sua rebrota vigorosa com o início das chuvas. O instinto do animal selvagem mantinha a produtividade dos pastos.

Nos períodos secos ou muito úmidos a lotação da pastagem deve ser moderada, por causa do estrago do pisoteio animal sobre a relva (erva rala e rasteira). Isso implica num pastejo deficiente na estação das águas. A forma de controlar este problema é manter piquetes reservados para a seca, onde o volume de capim seco e a suplementação por leguminosas conseguem manter o gado. Por outro lado, um pastejo moderado, evitando que o gado “raspe” o pasto, permite a rebrota do capim nativo mesmo durante a seca. Nas regiões onde o capim fica muito ralo por causa das condições secas, a manutenção da flora herbácea é mais importante, não somente como sustento do gado, mas também para proteção do solo.

3.4.1. Gramíneas

As gramíneas são do reino vegetal, divisão Angiospermae, Classe Monocotiledoneae e Ordem Gramininales. São predominantes nas pastagens e vulgarmente chamadas de capins e gramas. São utilizadas na forma de pastagens, fenos ou para ensilar.

A - Andropogon gayanus Kunth

1. Nome comum: Capim Andropogon, capim gambá.

2. Origem: África Ocidental (Shika-Nigéria)

3. Exigências: Pouco exigente em fertilidade do solo, preferindo os bem drenados e vegetando bem menos pobres e ácidos (solos de cerrado). Adapta-se bem em regiões com 400 a 1.500 mm de chuvas anuais e altitudes de até 1.000 m.

4. Utilização: Pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: perene, cespitoso, com 2,0 m. ou mais de altura. Apresenta folhas abundantes com pilosidade aveludada, coloração verde azulada estreitamento típico na base, assemelhando-se a um pecíolo.

6. Manejo: Em pastejo deve ser utilizado na altura compreendida entre 0,30 a 0,70 m. Para produção de sementes deve ser cortado ou pastado 90 a 120 dias antes da floração para não acamar, o que dificulta grandemente a colheita.

7. Capacidade de suporte: 1,5 a 2,0 UA/ha./ano.

8. Rendimento: 40 a 80 ton./ha/ano de massa verde e 100 a150 kg/ha de sementes.

9. Resistência: Boa à seca, pois apresenta sistema radicar profundo (0,80 m de profundidade e 1,0 m em torno da planta), e também ao corte e ao fogo.

12

Page 13: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

10. Multiplicação: Através de sementes, gastando-se cerca 5 kg/ha de sementes.

11. Composição química: É considerado um capim de valor nutritivo médio, apresentando de 4,8 a 12,9% de P.B. na M.S.

12. Consorciação: Siratro, Calopogônio, Estilosantes.

13. Cultivares: a EMBRAPA lançou a cultivar Planaltina no 1 semestre de 1980 (Andropogum gayanus var. Bisquamulatus cv. Planaltina), sendo a que se encontra em cultivo atualmente.

B - Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf

1. Nome comum: capim-provisório, capim-vermelho, sapê-gigante, capim-lageado e capim-Jaraguá.

2. Origem: Brasil Central (segundo alguns autores). Segundo outros autores, do Continente Africano ou a Índia.

3. Exigências: Medianamente exigente em fertilidade do solo e exige pluviosidade acima de 800 mm anuais. Desenvolve-se bem em solos sílico-argilosos ou argilosos.

4. Utilização: Aceitabilidade boa, utilizado para pastejo, fenação e raramente para silagem. Quando o porte ultrapassa 0,50 a 0,60 m decresce sua aceitabilidade.

5. Porte e hábito de crescimento: É uma gramínea perene, que atinge até 3 m. de altura, formando grandes e densas touceiras. Quando pastado repetidamente pode formar gramado que cobre o terreno.

6. Manejo: Quando se emprega o pastejo controlado os animais entram na pastagem quando esta tem 0,40 m e saem quando o porte estiver de 0,20 m. No pastejo contínuo procurar manter a pastagem com cerca de 0,20 m.

7. Capacidade de suporte: 2,5 UA/ha/ano

8. Rendimento: 40 a 60 ton. de massa verde por ha/ano em quatro cortes, rendimento variável, de acordo com o manejo, pode produzir de 150 a 200 kg de semente por ha e 20 ton/ha de feno/ano.

9. Resistência: É um capim rústico, vigoroso, mas que apresenta baixa resistência ao encharcamento, seca e temperaturas baixas. Tem boa resistência ao pisoteio, corte mecânico e fogo e, é bastante atacado pela saúva (formigas) .

10. Multiplicação: Por sementes, gastando de 8 a 10 kg/ha em sulco e 15 a 20 kg/ha a lanço. Podem empregar-se mudas, que deverão ser espaçadas de 0,80 x 0,80 m, sendo as mudas constituídas de fração de touceiras com raízes.

11. Composição química: 5,3 a 12,8% de P.B. na M.S.

12. Consorciação: Kudzu tropical, Jitiranas, Siratro, Soja perene, etc.

C - Melinis minutiflora Pal de Beauv

1. Nome comum: Capim-melado, Meloso, Catingueiro, Gordura.

2. Origem: Nativo de África e provavelmente da América do Sul.

3. Exigências: Pouco exigente em fertilidade de solo, desenvolve-se bem em regiões de precipitação em torno de 800 a 1.400 mm por ano.

4. Utilização: fenação e pastejo, sendo que algumas touceiras podem morrer após o corte, visto que esta gramínea tem dificuldade de brotação de gemas basilares.

5. Porte e hábito de crescimento: É uma gramínea perene que forma touceiras, com colmos geniculados, podendo a vegetação atingir até 1,20 m de altura.

6. Manejo: No pastejo contínuo e/ou rotativo, recomenda-se pastejo alto ( 0,40 a 0,50 m de altura) com a finalidade de que os meristemas apicais, que são precoces, não sejam eliminados. Para corte (fenação), deve ser feito juntando qualidade e rendimento por área.

7. Capacidade de suporte: 1 a 2 UA/ha/ano.

8. Rendimento: há informação de 13 a 20 ton/ha/ano de feno, 40 a 50 ton/ha/ano de massa verde, sendo estas produções conseguidas com até 4 cortes. Pode produzir de 150 a 250 kg/ha de sementes.

9. Resistência: não resiste à geada, fogo, pastejo baixo e solos encharcados. Susceptível à cigarrinha. Resiste relativamente à seca.

10. Multiplicação: Através de sementes, sendo comum no Brasil a utilização de 20 a 30 kg/ha para plantio a lanço. Basta 10 a 15 kg/ha para plantio em linhas espaçadas de 0,20 a 0,60 m. A multiplicação pode ser feita por fração de

13

Page 14: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

touceiras, porém é antieconômico. A mistura da semente com pó seco facilita o plantio, visto que elas têm tendências de aglutinarem-se.

11. Variedades: Estas possuem certa pilosidade, com excreção pegajosa, que contém um óleo volátil dando ao pasto uma fragrância forte e distinta, que não afeta o sabor do leite ou carne. Cabelo de negro: têm inflorescência arroxeada, folha verde escura, porte menor, internódio curtos, é mais resistente ao pisoteio que os demais, pois perfila facilmente, dando boa cobertura ao solo. Branco: inflorescência clara, com composição química inferior às demais, sendo também sensível ao frio. Roxo: inflorescência roxa, folhas claras, porte menor, internódio longos e é mais cultivada no Brasil. Possui sementes mais férteis, sendo também mais apreciado pelo gado. Francano: esta variedade é mais indicada para fenação, por ter bom rendimento e vigor vegetativo.

12. Composição química: Pode apresentar de 6 a 9,2% de P.B. na M.S.

13. Consórcio: Soja perene, Siratro e Centrosema.

D - Panicum maximum Jacq

1. Nome comum: Capim-colonião, capim-touceira.

2. Origem: África tropical e Subtropical.

3. Exigências: É exigente quanto a solos férteis, vegetando melhor em solos arenosos. Para desenvolver bem necessita de precipitação anual de 800 mm/ano.

4. Utilização: É empregado para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: Atinge 3 m de altura. É planta perene e suas touceiras apresentam-se com ramos tombados quando mais desenvolvidos.

6. Manejo: para esta gramínea emprega-se o manejo alto. A entrada dos animais no pastejo controlado é feita quando as plantas atingem cerca de 60 a 80 cm, e a saída, quando estão reduzidas de 30 a 40 cm. Quando pastejado constantemente, o perfilhamento é estimulado. O emprego de roçadeira deve ser feito uma vez por ano e no início da estação chuvosa, isto quando ficam muitos tocos (colmos) secos após o pastejo.

7. Capacidade de suporte: 3,0 UA/ha./ano.

8. Rendimento: Encontra-se referência de rendimentos de 40 a 100 ton de massa verde por ha, sendo mais comum o rendimento de 40 a 50 ton de massa verde por ha em 2 a 3 cortes. Quando bem conduzidos, pode ser realizado 1 corte a cada 5 semanas. Produz de 150 a 200 kg/ha de sementes

9. Resistência: É uma gramínea bastante rústica adaptando-se a condições de sombreamento; rebrota após o fogo, mas não suporta solos com excesso de umidade e não resiste a geadas.

10. Multiplicação: Por sementes, utilizando-se de 15 a 20 kg para plantio em linhas, 40 kg/ha para plantio a lanço, quantidades estas que devem ser modificadas em função do valor cultural da semente. A multiplicação por mudas pode ser empregada, sendo o gasto de 4 ton./ha com espaçamento de 0,5 x 0,5 m, colocando-se 3 a 5 mudas por cova (este processo não é econômico).

11. Cultivares: As cultivares mais comuns são: Colonião, Sempre-verde, Guiné, Greenpanic, Gattonpanic, Hamil, Makuani, Riversdale, Tobiatã, Centenário, Vencedor, Aruarana-IZ 5, Tanzânia 1, Mombaça.

12. Composição: 4 a 10% de P.B. na M.S.

13. Consorciação: com Centrosema, Siratro, Kudzu tropical e soja perene.

E - Penisetum purpureum Schum

1. Nome comum: Elefante, Napier ou Capim-cana. O nome Napier é dado de maneira errada a quase todas as variedades, sendo que Napier é uma variedade desta gramínea.

2. Orígem: África (Rodésia)

3. Exigências: Ésta é uma gramínea das mais exigentes em fertilidade, não se adapta a baixadas úmidas.

4. Utilização: Apresenta boa aceitabilidade e pode ser empregada para pastejo, forragem para corte e ensilar. Para ensilar este material é conveniente que se adicione juntamente um material seco e/ou rico em carboidratos como a cana de açúcar, melaço, sorgo, milho, etc. É necessária a adição destas fontes de energia em função do alto grau de umidade e do baixo teor de carboidrato que apresenta o capim-elefante.

5. Porte e hábito de crescimento: Ésta gramínea perene pode atingir 6 m de altura, sendo mais comum de 3 a 4 m; a maioria de suas variedades deve ser cortada com 1,3 a 1,80 m, altura em que são mais tenras.

14

Page 15: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

6. Manejo: Para pastejo controlado recomenda-se a entrada dos animais com 60 a 80 cm. E a saída com 30 a 40 cm, o que pode ser conseguido com períodos de ocupação de 1 a 7 dias e descanso de 35 a 45 dias. No pastejo contínuo, procura-se manter a gramínea com cerca de 60 cm. O manejo alto, 1,20 cm vem sendo adotado em esquema de pastejo rotacionado e impede o desenvolvimento de invasoras, favorecendo a rebrota.

7. Capacidade de suporte: 3 a 8 UA/ha no período das águas. Esta capacidade é reduzida no período de escassez de chuvas, quando o crescimento é paralisado, caindo também seu teor protéico. As melhores capacidades de suporte têm sido conseguidas em esquema de pastejo rotacionado.

8. Rendimento: É comum conseguir 20 a 40 ton/ha de massa verde em 1 corte, o qual deve ser feito a mais ou menos 20 cm do solo, quando a forrageira apresentar 1,30 a 1,50 m de altura. O rendimento anual pode ultrapassar 180 ton/ha de massa verde em 3 a 5 cortes. Para fins de planejamento, toma-se por base a produção de 20 ton/ha/corte, o que seria suficiente para manter 10 vacas por 100 dias, ministrando-se 20 Kg/vaca/dia.

9. Resistência: É uma gramínea bastante rústica, suportando bem o pisoteio, com relativa resistência ao frio e fogo, sendo que fica crestado com geadas.

10. Multiplicação: Em função da baixa produção de sementes, a multiplicação por frações de colmo ou colmos inteiros é mais empregada. Se o colmo for segmentado, cada parte deve conter de 3 a 5 gemas (olhos). As mudas devem ser retiradas de culturas com mais de 100 dias, e plantadas em sulcos de 15 a 20 cm de profundidade, espaçados de 0,5 a 1,0 m com pouca cobertura de terra. O gasto de mudas está em torno de 2 a 4 ton/ha, sendo empregada a proporção de 1:10, ou seja, 1 ha da cultura fornece mudas para 10 ha. As mudas, uma vez colhidas, se forem mantidas à sombra, suportam até 20 dias de transporte.

11. Variedades: As mais usadas e recomendadas são as que apresentam florescimento baixo ou tardio, com colmos macios e tenros, sendo portanto, mais empregadas: Mineiro; Cameroon; Porto Rico; Vrukwona; Napier; Taiwans A-148 e A-144; Elefante roxo. Outras existentes são: Mercker; Gold Coast; Niagara; Taiwans A-143 e A-241; Elefante anão (P. purpureum cv. Dwarf). As variedades são bastante semelhantes; a diferença é feita pelo diâmetro, dureza e porte do colmo, comprimento, número de folhas e época de florescimento. Estas características são possíveis de modificações em função de manejo e com isto quase todas as variedades deste grupo são chamadas de Napier.

12. Composição química: É pouco diferente entre as variedades, sendo que a variação maior ocorre com a idade da planta, apresentando dos 45 a 55 dias cerca de 9% de P.B. na M.S. e em estágios mais avançados, 3 a 4% de P.B. na M.S.

13. Consorciação: É difícil devido ao porte, porém podem ser empregadas: Soja perene, Siratro, Centrocema,

Pueraria e Galactia striata.

F - Digitaria decumbens Stent

1. Nome comum: Capim-pangola.

2. Origem,: África do Sul.

3. Exigências: É uma gramínea exigente em fertilidade do solo e precipitação acima de 700 mm ao ano.

4. Utilização: Pode ser empregada para pastejo e fenação, apresentando boa aceitabilidade. A fenação é forma de sua utilização para eqüinos de corrida e para altas produtoras de leite.

5. Porte e hábito de crescimento: Crescimento estolonífero que atinge de 60 a 90 cm, é gramínea perene.

6. Manejo: Para pastejo controlado, colocar os animais na pastagem quando esta apresentar cerca de 30 cm. e retira-los quando baixar para 15 cm. O período de descanso não deve ser inferior a 30 dias. No pastejo contínuo manter a pastagem com mais ou menos de 20 cm.

7. Capacidade de suporte: 2,5 UA/ha/ano.

8. Rendimento: Podem produzir 30 a 40 ton/ha/ano de massa verde, sendo realizados 3 a 4 cortes. O rendimento para feno pode alcançar de 8 a 10 ton/ha/ano.

9. Resistência: Pouca resistência a geadas e seca; podem apresentar ataques de pragas, como cochinilhas e cigarrinha, bem como doenças viróticas. O vírus do enfezamento do pangola (PSV) acabou com esta gramínea em algumas regiões brasileiras. Toleram baixadas úmidas.

10. Multiplicação: É realizada através de mudas ou estolões empregando espaçamento variável de acordo com a disponibilidade de mudas. É recomendado o espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre sulcos e 0,3 a 0,5 cm entre mudas. Para fins de cálculos considera-se que 1 ha de pangola fornece muda para 10 ha. O plantio por muda pode ser também a lanço, isto é, distribuição das mudas no solo e posteriormente fazendo uma gradagem leve, sendo que, por

15

Page 16: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

este processo, o gasto de mudas é maior. A multiplicação por sementes é inviável; apresenta grande número de sementes estéreis e com isto baixo valor cultural.

11. Composição química: 4 a 8% de P.B. na M.S.

12. Consorciação: É mais fácil com leguminosas de maior porte devido a agressividade desta gramínea, mas podem

ser empregadas: Stylosanthes, Soja perene, Siratro, Centrosema, Puerária.

G - Axononopus scoparius (Flugge) Hitche

1. Nome comum: Capim-Venezuela, pasto imperial, capim-de-teso, capim colombiano.

2. Origem: América tropical e subtropical.

3. Exigências: Não muito exigente em solo. Desenvolve-se melhor em solos férteis, argilo-sílico-humífero, de aluviões das baixadas com boa umidade. Em terrenos muito argilosos ou muito arenosos a planta não prospera. Vegeta em zonas tórridas e temperadas. Pluviosidade para seu bom desenvolvimento, de: 1.000 a 2.000 mm.

4. Utilização: Não é resistente ao pisoteio.

5. Resistência: Resistente a geadas e secas, não é resistente ao fogo. É atacado por um fungo do gênero Helmintosporium, que impede sua frutificação normal, causando aspecto encaracolado das inflorescências. É comum o seu ataque pelo vírus da gomose, no entanto, as variedades: 60 e 72, são resistentes à gomose.

6. Rendimento: Quando cortado produz aproximadamente 12-14 ton/MS/ha/ano ou 60-70 ton/MV/ha/ano, em três a quatro cortes.

H - Brachiarias

A maioria das espécies são originárias da África Tropical, apresentado plantas anuais ou perenes, eretas, rizomatosas, estoloníferas, etc. Quinze espécies são encontradas comumente no Brasil: cinco são nativas ( B. adspersa; B. fasciculata; B. molis; B. reptans; B. venezuelae), três foram introduzidas provavelmente há décadas (B. extensa, B. purpurascens e B. plantaginea); sete foram as últimas a serem introduzidas (B. brizanta, B. decumbens cv Basilisk, B. decumbens, B. humidicola, B. radicans, B. ruziziensis, B. vittata).

H.1 - Brachiaria decumbens Stapf:

1. Nome comum: Brachiaria, Brachiarinha, Capim Brachiaria, Decumbens, “Signal grass”.

2. Origem: África. Primeira introdução no Brasil feita através do antigo IPEAN, hoje CPATU/EMBRAPA, em 1952. A partir de 1965 disseminaram-se rapidamente nos “cerrados” brasileiros.

3. Exigências: Não muito exigente em fertilidade de solo. Para bom desenvolvimento necessita de precipitação anual de mais de 800 mm.

4. Utilização: Pode ser empregado para pastejo e fenação, é bem palatável em comparação com as demais, sendo que os eqüinos rejeitam esta gramínea.

5. Porte e hábito de crescimento: Pode atingir de 50 a 70 cm, é perene, herbácea, pode emitir raízes adventícias (estolonífera), é bastante agressiva. Muito empregada com a finalidade de impedir a erosão. Panícola com até de 1 a 5 racemos, mais freqüentemente três racemos. Floresce várias vezes ao ano.

6. Manejo: para pastejo controlado, a entrada dos animais deve ser a gramínea em torno de 30 a 40 cm e a saída quando o porte for reduzido a 10 ou 15 cm, com período de descanso de 30 a 35 dias. Para pastejo contínuo procurar manter a vegetação com porte de cerca de 20 cm.

7. Capacidade de suporte: 2 a 3 UA/ha/ano.

8. Rendimento: 50-70 ton/ha/ano de massa verde.

9. Resistência: Não tolera solos argilosos, secas prolongadas e sofre ataque de cigarrinhas e percevejos. Rebrota após o fogo, tem regular resistência ao frio e ao pisoteio. A fotosensibilização hepatógena sempre esteve associada com esta gramínea. O problema de ataque de cigarrinha (Zulia entreriana) nestas pastagens preocupa os pecuaristas. Existe o combate biológico com o inimigo natural desta cigarrinha, que é o fungo: Metarrhizum anizopliae. O controle químico é perigoso e, em caso de usá-lo, evitar o uso de “clorados” porque dos problemas da sua degradação, são encontrados resíduos na carne e no leite. Os fosforados podem ser aplicados, desde com critérios, observando de sete a dez dias de intervalo entre a aplicação e o uso.

10. Multiplicação: Pode ser feita por sementes ou por mudas. Por sementes se gasta em torno de 5 a 10 kg/ha para plantio a lanço, semente de valor cultural razoável. As sementes têm dormência de 6 meses e para o plantio anterior a este período pode-se empregar a quebra de dormência com ácido sulfúrico comercial por 15 minutos e

16

Page 17: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

posterior lavagem, prática que aumenta a porcentagem de germinação. Pode ser também empregado água a 37 C por 30 min. O emprego de mudas pode ser realizado no plantio em covas, sulcos ou distribuição sobre o solo e gradagem superficial. O espaçamento pode ser de 0,50 x 1,0 m variável de acordo com a disponibilidade de mudas e qualidades destas.

11. Composição química: Variação de 4,1 a 7% de P.B. na M.S.

12. Consórcio: Difícil em função do vigor vegetativo desta gramínea. Por ocasião da colocação da leguminosa na pastagem formada, é conveniente rebaixar a pastagem com roçadeira ou super pastejo, o que vai facilitar o estabelecimento da leguminosa que deve ser introduzida em cova ou sulcos, com fertilização específica, podendo ser empregado: Soja perene, Centrosema, Siratro, Leucaena, etc.

13. Cultivares: Brachiaria decumbens cv IPEAN, introduzida diretamente da África, por isso também dita de B. decumbens cv Africana. Brachiaria decumbens cv Basilisk ou B. decumbens cv Australiana.

H.2 - Brachiaria radicans Napper

1. Nome comum: “Tanner grass”, Brachiaria de brejo.

2. Origem: África.

3. Exigências: Pouca quanto à fertilidade do solo. Adaptação excelente em solos úmidos, ou seja mal drenados.

4. Rendimento: 9 ton/ha/ano de matéria seca.

5. Porte e hábito de crescimento: Rizomatosa, estolonífera, hastes finas e flexíveis. Folhas lisas e verdes brilhantes. Panículas com 6 a 12 racimos.

6. Composição química: 4 a 7% de P.B. na M.S.

7. Multiplicação: Via vegetativa, ou seja, através de mudas.

Problemas:

a- Observou-se intoxicação de animais mantidos em regime de pastejo exclusivo nesta espécie de gramínea. Os sintomas apresentados pelos animais são: perda de peso, hematuria (sangue na urina) e morte de animais. A intoxicação observada foi causada por “nitratos e nitritos”. Animais pastejando nesta forrageira, alternando com outras não apresentam o problema.

b- Esta gramínea constitui-se no hospedeiro predileto do Bilssus leucopterus (“chich-bug”), percevejo que causa sérios danos em gramíneas, cuja ocorrência não vem sendo registrada nos últimos anos.

Em função destes problemas foram tomadas medidas governamentais para impedir o uso de áreas com esta brachiaria, trânsito e multiplicação. Os infratores estavam sujeitos a penas determinadas pelo Regulamento da Defesa Sanitária Vegetal (Portaria N 822, de 11/10/76). Após estes comentários, considera-se que não é necessário a erradicação de áreas, mas não é recomendado o seu plantio.

H.3 - Brachiaria mutica (FOSK) Stapf, Brachiaria purpurascens (Laddi) Henr.

1. Nome comum: Capim angola, Capim fino, Bengo, Capim de muda, Capim de boi, “Para grass”.

2. Origem: África e América Tropical (Colômbia).

3. Exigências: Adapta-se a regiões tropicais e subtropicais úmidas.

4. Resistência: Baixa resistência a geadas e secas prolongadas, porém resiste a inundações e solos encharcados.

5. Manejo: Deve ser utilizado em pastejo controlado, apresentando capacidade de suporte de 1 a 2 UA/ha/ano.

6. Hábito de pastejo: Planta estolonífera, com estolões compridos, perene, panícola com 10 a 20 rácemos.

7. Multiplicação: Por mudas, visto que a produção de sementes é baixa, produz poucas cariopses (frutos que apresentam o pericarpo preso à semente, confundindo-se com ela). Seu plantio é feito em sulcos espaçados de 50 a 70 cm, podendo ser realizado também a lanço sobre o solo e posterior gradagem. Recentemente têm-se notícias de sua multiplicação por sementes, na Bahia, com gasto de 6 a 8 kg/ha.

8. Rendimento: 30 a 40 ton/ha/ano de massa verde em 2 a 4 cortes.

9. Variedades: Angolinha: apresenta colmos finos, eretos e tenros. Angolão: colmos grossos, arroxeados com folhas maiores e mais largas.

H.4 - Brachiaria humidicola (Rendie) Schw

1. Nome comum: Capim agulha, Quicuio da Amazônia, Brachiaria “espetudinha”.

17

Page 18: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

2. Origem: África, a partir de 1973 tornou-se muito importante na Amazônia brasileira.

3. Exigências: Pouco exigente em fertilidade do solo.

4. Resistência: Boa resistência a geada.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta ereta, a vegetação atinge até 1,0 m, rizomatosa, perene, e perfilha intensamente. Também é fortemente estolonífera. Panícola com 2 a 5 racemos.

6. Vantagens sobre a decumbens: Os eqüinos não rejeitam esta brachiaria. Apresenta maior resistência à cigarrinha do que a decumbens.

7. Multiplicação: Através de sementes e por mudas. As sementes apresentam dormência até de 1 ano.

8. Composição química: Variação de 5 a 11,9% de P.B. na M.S.

H.5 Cynodon plecttostachyus

1. Nome comum: Estrela africana, capim estrela gigante, estrela, estrela branca.

2. Origem: África

3. Exigências: precipitação acima de 600 mm anuais, solos arenosos de boa fertilidade, em terra roxa não produz bem.

4. Resistência: Fogo (rebrota), à seca: boa resistência desde que não muito prolongada e às geradas, rebrota apesar da morte da parte vegetativa.

5. Rendimento: Produz 13 a 15 ton de feno/ha em solos de boa fertilidade.

6. Propagação e plantio: Mudas, estolões e ramos. Plantar em solo úmido. Quando usada grade para o plantio, esparramar as mudas no solo preparado e passar a grade por cima.

7. Utilização: Não tem sido reportados problemas, apesar de que na África tem sido reportados cxasos de intoxicação dado a presença de ácido prússico. Para o pastoreio: entrada de animais com 0,30 a 0,40 m e retirar com 0,15m. Produz feno de boa qualidade. Deve ser manejada com cuidado e atenção, porque em relação haste/folha, se não for cortada ou submetida a pastejo no momento certo, leva a perda do valor nutritivo com consequentemente interferência na produção animal. Quando lignifica, provoca úlceras na mucosa bucal dos animais, predispondo à entrada de microrganismos patogênicos.

H.6 - Brachiaria ruziziensis Gemain et Everard

1. Nome comum: Ruziziensis, “Ruzi grass”, Capim congo.

2. Origem: Congo.

3. Exigências: Pouco exigente em fertilidade do solo.

4. Porte e hábito de crescimento: Ésta brachiaria é muito semelhante a decumbens, a vegetação atinge 1,0 a 1,5 m., é perene, estolonífera e apresenta grande perfilhamento. Panícula com 3 a 6 racemos e forte pigmentação avermelhada. As plantas são verde-amareladas.

5. Resistência: Baixa resistência a geadas e secas. Suporta bem o pastejo. Tem maior rendimento por área que a decumbens.

6. Multiplicação: Pode ser feita por mudas e por sementes. Por sementes deve observar o período de dormência, que ocorre após colheita que é de até 12 meses (em condições ambientais). Floresce uma vez por ano (abril).

7. Composição química: 4 a 11% de P.B. na M.S.

8. Rendimento: Até 80 ton./ha/ano. de massa verde. É de 10 a 20% menos produtiva do que a Brachiaria decumbens.

H.6 - Brachiaria brizantha (Hochst) Stapf

1. Nome comum: Brizantha.

2. Origem: África.

3. Exigências: Não muito exigente em fertilidade, desenvolve-se bem em solos secos ou úmidos.

4. Porte e hábito de crescimento: É mais ereta que a decumbens e a vegetação pode atingir 1,0 a 1,2 m. (touceira), é menos vigorosa para gramar que as anteriores, pois não é estolonífera, sendo rizomatosa e perene. Panícula com 2 a 12 racemos (4 a 6 racemos na cv Marandu).

5. Composição química: 4 a 11% de P.B. na M.S.

18

Page 19: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

6. Resistência: Até o momento tem mostrado boa resistência à cigarrinha (Zulia entreriana)

7. Multiplicação: Pode ser multiplicada por mudas ou por sementes que têm baixo poder germinativo.

8. Cultivares: Brachiaria brizantha cv Marandu. Nomes comuns freqüentemente empregados para esta cultivar são: Brachiarão, Brizantão e Rodeslana. Esta cultivar é a brachiaria que vêm sendo mais difundida nos últimos anos para bovino de corte e em escala menor para bovino de leite.

H.7 - Brachiaria dictyoneura (Fig & Mot) Stapf

1. Origem: África

2. Exigências: Não muito exigente em fertilidade do solo.

3. Rendimento: Semelhante à decumbens em terreno de boa fertilidade.

4. Porte e hábito de crescimento: Planta perene, que atinge de 1,0 a 1,2 m., é ereta, estolonífera e rizomatosa. Panícula com 4 a 10 racemos.

I - Setareas

Setaria sphacelata (Schum) Stapfet Hubbard

Setaria anceps Stapf

A literatura reporta as denominações de Setaria phacelata e Setaria anceps como gramíneas perenes, originarias da África, apresentam boa resistência ao frio e geadas. Estas plantas têm boa versatilidade quanto ao tipo de solo, adaptando-se dos arenosos aos argilosos. Suportam bem as secas e toleram solos mal drenados e até sujeitos a inundações. As cultivares mais importantes são: Nandi, Kazungula e Narok.

I.1 - Setaria anceps Stapf

1. Nome comum: Capim marangá e napiezinho (nome dado a todas as cultivares).

2. Origem: África, terras altas da província de Nandi, Quênia.

3. Exigências: A utilização exclusiva e por longo período pode trazer problemas metabólicos aos animais, devido a exigência de ácido oxálico Pode ser empregada para pastejo e fenação. Das três cultivares de Setaria anceps, a Nandi é a que apresenta menos ácido oxálico (cristais de oxalato de cálcio).

4. Porte e hábito de crescimento: atinge de 1,5 a 2,0 m no florescimento. Apresenta rizomas curtos, forma touceira, é perene.

5. Manejo: No pastejo controlado colocar os animais quando a forrageira estive com 40 a 60 cm e retira-los quando reduzir a vegetação a 15 a 20 cm. Se bem pastejada, esta gramínea pode dar boa cobertura ao solo. O florescimento é intenso, o que pode diminuir se adotar pastejo intenso no período que antecede a floração.

6. Capacidade de suporte: 2 UA/ha.

7. Rendimento: 60 ton./ha/ano de massa verde e 150 kg/ha de sementes com razoável valor cultural

8. Resistência: Resiste bem ao frio, adaptando-se bem no Sul de São Paulo, Mato Grosso e Norte do Paraná.

9. Multiplicação: Sementes, gastando-se de 20 a 40 kg/ha no plantio a lanço, gasto que será menor se o plantio for em linha. A germinação desta gramínea é, lenta e irregular, exigindo uma semeadura superficial.

10. Composição química: 4 a 11% de P.B. na M.S.

I.2 - Outras espécies de setárea

Setaria sphacelata (Schum) Stapf: A primeira a ser cultivada em nosso meio, é conhecida vulgarmente como rabo-de-rapousa ou rabo-de-cachorro.

Setaria geniculata P. Beauv: Nativa do Pantanal Matogrossense, onde é conhecida pelo nome de capim mimoso vermelho.

I - Penisetum clandestinum Hochest:

1. Nome comum: capim Quicuio ou Kikuio.

2. Origem: África (região com 1.500 a quase 3.000 m. de altitude, nos países de: Etiópia, Eritréia, Quênia, Uganda, Ruanda, Zaire e Tanzânia).

19

Page 20: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

3. Exigência: Exige solos férteis, ricos em matéria orgânica e relativamente úmidos. Para bom desenvolvimento necessita de mais de 750 mm de precipitação anual.

4. Utilização: Ésta gramínea, de excelente qualidade pode ser empregada no pastejo e fenação. No pastejo não são encontradas grandes áreas com esta gramínea, sendo mais comumente usada em piquetes para touros, bezerros, suínos e maternidades de vacas.

5. Porte e hábito de crescimento: No Brasil o pote desta gramínea é de 30 a 40 cm. É perene, estolonífera e rizomatosa.

6. Manejo: No pastejo controlado, colocar os animais na pastagem quando esta apresentar em torno de 30 cm. de altura e retira-los quando tiver 10 cm de altura. No pastejo contínuo procurar manter a pastagem com 15 a 20 cm de altura.

7. Capacidade de suporte: 2 UA/ha/ano.

8. Rendimento: Pode produzir 60 ton./ha/ano de massa verde em 6 cortes ou 5 ton/ha/ano de feno.

9. Resistência: É bem resistente ao frio, fogo, corte, pisoteio e sombreamento. Resiste mal à seca e umidade excessiva. Quando plantada em solos pobres, apresenta problemas de doenças (ferrugem).

10. Multiplicação: Feitas por mudas ou estolões de 30 cm, em espaçamento de 1,0 x 1,0 m ou 0,6 x 1,0 m. Existe uma subespécie Australiana que produz sementes, com gasto de 2 a 4 kg/ha. As sementes, quando eliminadas nas fezes dos animais, germinam.

J - Pennisetum clandestinum cv Whittet

Comparado com o Kikuio comum, apresentou maior teor de proteína bruta. Há indícios de que seja também menos exigentes em fertilidade do solo que o comum.

J.1 - Pennisetum clandestinum cv Breakwell

Comparado com a cv Whittet tem: Crescimento mais prostrado, internódios mais curtos e maior capacidade para gramar, maior resistência ao pastoreio e a plantas invasoras.

1. Composição química: Apresenta de 8,0 a 10,8% de P.B. na M.S.

2. Consórcio: pode ser consorciada com Desmodium, Trevo branco, Stylosanthes e outras.

K - Tripsacum fasciculatum Trin (Tripsacum laxum Nash)

1. Nome comum: Guatemalão, Capim-imperial, Campim-Guatemala.

2. Origem: México, citando-se também, Guatemala e Filipinas.

3. Exigência: É exigente em fertilidade do solo, desenvolvendo-se bem em solos ricos em matéria orgânica e que retêm muita umidade.

4. Utilização: Pode ser utilizado como verde picada e para ensilar.

5. Porte e hábito de crescimento: Pode atingir até 3,0 m., é perene, desenvolve-se de maneira lenta, (cerca de 7 g. de M.S./dia/m2, isto é apresenta uma baixa taxa de crescimento.

6. Manejo: Cortar àaltura de 15 a 20 cm. do solo, o que facilita a brotação e deve ser feito quando a gramínea atinge 1,0 a 1,80 m., quando têm boa palatabilidade e digestibilidade. A partir deste porte os colmos tornam-se lignificados e o valor nutritivo decresce.

7. Rendimento: 40 a 60 ton./ha/ano.

8. Resistência: Não resiste o encharcamento e geada, resistindo bem à seca. A broca da cana e a lagarta frugiperda causam danos à cultura.

9. Multiplicação: Embora floresça, a frutificação é baixa, portanto a multiplicação é restrita a mudas que podem constituir-se de colmos ou frações de touceiras. O espaçamento empregado pode ser de 0,5 x 1,0 m. ou 1,0 x 1,0 m., com gasto de 4 a 5 ton. de mudas para formação de 1 ha.

10. Composição química: Pode apresentar de 4,0 a 13,4% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Consorcia bem com a Soja perene, Siratro, Centrosema, Galactia, etc.

L - Phalaris tuberosa L.

1. Nome comum: Falaris.

2. Origem: Não definida, cultivos registrados na Europa desde 1824.

3. Exigências: Desenvolve-se melhor em solos férteis, profundos e úmidos.

20

Page 21: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

4. Utilização: Pastejo, feno, podendo ser cortada e fornecida no cocho.

5. Porte e hábito de crescimento: Hábito de crescimento cespitoso, podendo atingir 1,0 m de altura.

6. Manejo: Não deixar ultrapassar 30 a 35 cm e não eliminar além de 8 a 10 cm em relação ao solo. Para feno cortar antes do florescimento e para corte, cortar com 50 a 60 cm.

7. Rendimento: 4 a 8 ton de M.S. por hectare/ano, com 3 a 4 cortes, com maior produção no inverno e primavera.

8. Resistência: Gramínea de clima frio, de habitat natural em áreas úmidas. Apresenta tolerância à seca quando cultivada em áreas de solos drenados.

9. Multiplicação: Por sementes, gastando de 8 a 9 kg/ha em linhas espaçadas de até 45 cm, na semeadura a lanço se gasta 12 kg/ha. Colocar pouca terra sobre a semente.

10. Composição química: 6,3 a 15,0% de P.B. na M.S.

M - Festuca arundinaceae Schreb

1. Nome comum: Festuca, capim-suiter.

2. Origem: Europa.

3. Exigências: Gramínea de clima temperado que exige solos com boa umidade e matéria orgânica.

4. Utilização: Pastejo.

5. Porte e hábito decrescimento: Pode atingir 1,50 m, é perene de hábito de crescimento cespitoso.

6. Manejo: Pastejar quando estiver com 15 a 20 cm e retirar os animais com 5 cm de altura.

7. Rendimento: 6 a 7 ton de M.S./ha/ano.

8. Resistência: É tolerante à temperaturas baixas e sensível a deficiência de água.

9. Multiplicação: Por sementes, com gasto de 30 a 40 kg/ha.

10. Composição química: 15 a 20% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Trevo branco, não tolera concorrência com forrageiras de porte alto.

12. Variedades: Kentuck 31, Taqua B.

N - Hemarthria altissima (Poir) Staphf & Hubb

1. Nome comum: Hemartria.

2. Origem: África do Sul.

3. Exigências: Gramínea perene de estação quente.

4. Utilização: Pastejo, feno.

5. Porte e hábito de crescimento: Forma relvado de até 1,0 m, estolonífera, com estolões longos.

6. Manejo: Iiniciar pastejo com 20 a 25 cm de altura, retirando os animais quando tiver com uma altura de 5 cm. Pastejo contínuo manter com 15 cm. Para feno cortar com 50 a 70 cm.

7. Rendimento: 12 ton. de M.S. por ha/ano, com 4 a 5 cortes.

8. Resistência: tolerante a temperaturas baixas, adapta-se bem a vários tipos de solos, inclusive a solos ácidos, com baixa exigência por fertilidade.

9. Multiplicação: Por mudas com gasto de 2 a 3 ton/ha., em sulcos ou covas. O espaçamento entre sulcos pode ser de até 1 m.

10. Composição química: 5,3 a 11,0% de P.B. na M.S.

11. Variedades/cultivares: Roxinha, Florida, Preferida, etc.

O - Secale cereale L.

1. Nome comum: Centeio.

2. Origem: Ásia Central.

3. Exigências: Bbaixa fertilidade do solo, não se adapta a solos muito úmidos.

4. Utilização: Pastejo, feno e para corte e silagem pré-secada.

21

Page 22: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

5. Porte e hábito de crescimento: Cespitoso, podendo atingir 1,30 m de altura, com ciclo curto em relação à aveia e azevém.

6. Manejo: Iniciar pastejo com 30 cm e retirar os animais quando atingir 6 cm. Para corte faze-lo quando a planta tiver 30 cm.

7. Rendimento: 3,8 ton/ha. de M.S. em três cortes.

8. Resistência: Baixa ao pastejo contínuo.

9. Multiplicação: Semear de março a maio em sulcos com espaçamento de até 20 cm e densidade de 50 sementes/metro, com gasto de 70 a 80 kg/há. A lanço, aumentar a quantidade de sementes.

10. Composição química: 7,5 a 2,5% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Serradela.

12. Cultivares/variedades: Colonial, BR 1.

P - Pennisetum americanum (L) K. Schum

1. Nome comum: Milheto, pasto italiano, capim charuto.

2. Origem: África.

3. Exigências: Solos bem drenados e férteis, produzem com baixa precipitação.

4. Utilização: Pastejo, corte, fenação, silagem.

5. Porte e hábito de crescimento: Atinge até 1,2 m e, é planta cespitosa anual.

6. Manejo: cortar ou pastejar com plantas atingindo até 80 cm. No pastejo, retirar o gado com 30 cm.

7. Rendimento: 6 a 20 ton de M.S./ha.

8. Resistência: Boa a períodos secos.

9. Multiplicação; semeadura de setembro a março, em linha com gasto de 15 kg de sementes/ha com espaçamento de 20 a 40 cm. A lanço com gasto de 20 Kg/ha.

10. Consórcio: Feijão miúdo.

11. Variedades/cultivares: Pérola, Tifidate, Millex 23

Q - Triticosecale Wiff

1. Nome comum: Triticale

2. Origem: Hibridação entre trigo e centeio (Canadá).

3. Exigências: Solos de média a alta fertilidade.

4. Utilização: Feno, corte, silagem pré-secada, pastejo.

5. Porte e hábito de crescimento: Cespitosa, anual.

6. Manejo: Cortar quando a forrageira atingir 40 cm. Cortando aos 60 dias, a rebrota pode ser utilizada para grãos.

7. Rendimento: 8 a 10 ton de M.S. por hectare.

8. Resistência: Alta a o frio.

9. Multiplicação: Por sementes com gasto de 150 a 100 kg/ha nos meses de abril a maio.

10. Composição química: 9 a 25% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Ervilhaca ou Ervilha forrageira. Mistura com Azevém tem dado bons resultados no Centro Sul do Paraná.

R - Lolium multiflorum Lam

1. Nome comum: Azevém.

2. Origem: Mediterrâneo (Europa, Ásia, Norte da África).

3. Exigências: Solos férteis e boa umidade no período de estabelecimento.

22

Page 23: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

4. Utilização: Pastejo, feno.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta anual de ciclo hibernal, cespitosa, podendo atingir 80 cm.

6. Manejo: Entrar com os animais quando as plantas tiverem 20 cm e retirar quando reduzir a 8-10 cm.

7. Rendimento: 7 a 12 ton./ha de M.S. por hectare/ano, em três a quatro cortes.

8. Resistência: Resistem bem a temperaturas baixas, umidade excessiva e acidez do solo.

9. Multiplicação: Semeadura de março a abril com 30 a 40 kg/ha.

10. Composição química: 5 a 22% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Ervilhaca, Serradela, Trevo vesiculoso, Alfafa, Centeio, Triticale.

S - Híbrido (Cynodon dactylon cv Coastal e Cynodon nlemfuensis var Robustus)

1. Nome comum: Coast cross.

2. Origem: África.

3. Exigências: Alta fertilidade do solo.

4. Utilização: Pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: São plantas perenes de crescimento estolonífero formando relevo de até 50 cm.

6. Manejo: Entrar com os animais quando o capim atingir 25 a 30 cm e retirar com 8 a 10 cm.

7. Rendimento: 7 ton. de M.S./ha/ano, em quatro cortes.

8. Resistência: Boa ao frio.

9. Multiplicação: Por estolões, onde 1 ha proporciona formação de 20 ha (1 ton/20 ha)

10. Composição química: 8 a 16% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Trevo Branco, Trevo Vesiculoso, Cornichão, Desmodium, Siratro.

12. Cultivares/variedades: Coast cross 1.

T - Avena sativa L.(branca); Avena byzantina Koch (amarela); Avena strigosa Schreb (preta)

1. Origem: Europa (velho mundo)

2. Exigências: As aveias vegetam numa grande variedade de solos, mas preferem os argilosos e limosos onde haja estagnação de água. O solo deve ser preparado para melhor desenvolver da cultura. São menos sensíveis à acidez do solo do que o trigo (desenvolve-se bem em solos com pH entre 4 a 7). Vegetam bem em regiões com temperatura média de 19C até alguns graus abaixo de zero.

3. Utilização: Forragem oferecida aos animais no cocho, mesmo sem picar; silagem; feno; pastejo direto (com critério - 2 a 3 horas por dia, geralmente em faixas rotacionais). Apresenta ótima aceitação pelos animais.

4. Porte e hábito de crescimento: A aveia é gramínea anual (ciclo médio de 180 dias), cespitosa, altura de 1,5 m, tenra e suculenta. Nas aveias brancas e amarelas os colmos são grossos e suculentos e as folhas largas e verde-escuras. Na preta os colmos são finos e as folhas estreitas e verde-escuras.

5. Manejo: Na Região Sul de Minas Gerais a aveia é plantada entre 15/03 e 30/04 e 50 a 60 dias após já se fez o primeiro corte, a 10 cm. do solo. Após um período de 35 a 45 dias se faz um segundo corte, a 15 cm do solo e, após igual período, se faz um terceiro corte a 5 cm do solo. É comum não se fazer um terceiro já que o rendimento de massa verde deste é pequeno. Neste caso, faz-se o pastejo direto. Nas condições do Brasil Central a cultura é conduzida com irrigação, em sulcos ou por aspersão. A formula 20-60-40 é usada freqüentemente. Responde extremamente bem à adubação nitrogenada em cobertura, utilizando-se comumente 20 kg N/ha, 35 dias após o plantio, e a mesma dose após o primeiro e segundo cortes.

6. Rendimento: 50 a 60 ton/ha/ano de massa verde, 5 a 6 ton/ha de feno e 1,0 a 2,5 ton/ha de grãos. Um rendimento médio de massa verde por ha por corte pode ser assim explicado: 24,5 ton/ha - 1 corte; 16,5 ton/ha - 2 corte; 9,5 ton/ha - 3 corte.

7. Resistência: Não tolera solos encharcados ou mal drenados. A umidade alta favorece o aparecimento de doenças fúngicas e bacterianas. Apresenta boa resistência a temperaturas baixas.

8. Multiplicação: Por sementes; 80 kg/ha para aveias brancas e amarelas; 60 kg/ha para aveia preta. A semeadura é feita com semeadeiras-adubadeiras de arroz e trigo, no espaçamento de 20 cm entre linhas. Na semeadura a lanço

23

Page 24: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

gastam-se 100 kg/ha de sementes. As sementes devem ser tratadas com Aldrim 40%, antes do plantio, para combater principalmente o cupim.

9. Composição química: 15 a 17% de M.S. na forragem verde, 13 a 15% de P.B. na M.S; 0,54% de Ca e 0,22% de P.

10. Consorciação: Principalmente com leguminosas anuais como a ervilha e serradela e também o trevo branco (perene). No Brasil Central a aveia é cultivada solteira.

Para o sucesso da escolha de uma determinada gramínea para a formação de capineiras, é importante conhecer a susceptibilidade das mesmas a doenças. Assim torna-se necessário conhecer os níveis de tolerância da forrageira a determinadas pragas, como o caso do ataque de cigarrinhas, que quando não percebido, pode levar a perda total das forrageiras. No quadro a seguir mostrase o grau de ressistência de gramíneas ao ataque de cigarrinhas.

Grau de tolerância de gramíneas às cigarrinhas das pastagens (Deois spp)

Tolerância

Panicum maximum (Green panic) Resistente Moderadamente resistente

Moderadamente susceptível

Susceptível

Andropogon cayanus x

Setaria sphacelata x

Panicum maximum (Makueni) x

Melinis minutiflora x

Brachiaria brizanta x

Brachiaria humidicola x

Panicum maximum x

Panicum maximum (Green panic) x

Panicum maximum (Guinezinho) x

Brachiaria decumbens x

Brachiaria ruziziensis x

FONTE: Adaptado de Cosenza (1981)

3.4.2. Leguminosas

As leguminosas são plantas de folhas largas que, quando consorciadas com gramíneas, podem proporcionar forragem de maior valor alimentício, devido ao alto teor de proteína e a capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico através da simbiose com rizóbios. Pertencem ao Reino Vegetal, divisão Angiospermae, classe Dicotiledoneae e Ordem Rosales

A - Calopogonium mucunoides Desv

1. Nome comum: Calopogônio, “Calopo”, Falso Oró, Enxada Verde, Catinga de Macaco.

2. Origem: América do Sul Tropical.

3. Exigências: Pouco exigente em fertilidade do solo, vegetando bem nos pobres e ácidos (solos de cerrado). Sua adaptação é melhor em regiões tropicais com umidade e temperaturas elevadas, ou seja, regiões com precipitação acima de 1.220 mm anuais.

4. Utilização: Pastejo, em consorciação com gramíneas ou mesmo cultura pura. Na fase vegetativa é de baixa aceitação pelos animais, porém quando mais velho é mais consumido, pois se encontra seca. Também é utilizado na forma de feno.

5. Porte e hábito de crescimento: Perene (semi-perene para alguns), de ciclo curto, morrendo com a seca prolongada, porém de semeaduras naturais. Apresenta hastes, folhas, inflorescências e frutos bastante semelhantes à soja perene e Kudzu tropical. As folhas são pequenas e de coloração azulada.

24

Page 25: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

6. Manejo: O pastejo normal nos meses quentes e chuvosos beneficia o Colopogônio, na consorciação, já que ele nessa época é rejeitado pelos animais. Do mesmo modo que as demais leguminosas herbáceas tropicais, ele não tolera altas cargas de animais.

7. Rendimento: 40 a 50 ton/ha/ano de massa verde e 200 a 300 kg/ha de sementes na Austrália e Brasil (não muito comumente esta produção de sementes).

8. Resistência: Baixa à seca e a baixas temperaturas. Mediana, ao encharcamento.

9. Multiplicação: Através de sementes que devem ser escarificadas, inoculadas com inoculante do grupo 1 e peletizada com fosfato natural. Se gasta de 10 a 12 kg/ha de sementes na formação de cultivo, cujo espaçamento entre fileiras é de 0,4 a 0,5 m.

10. Composição química: 16,5% de P.B. em forragem nova com cerca de 60 dias de crescimento.

11. Consorciação: Brachiarias, Gordura, Andropogon, Setárias, Jaraguá.

B - Glycine javanica, Glycine wightii, Neotonia wiighttii (Wigt & Arn) Lackey (atualmente)

1. Nome comum: Soja perene.

2. Origem: Asiática.

3. Exigências: Ésta leguminosa é muito exigente em fertilidade do solo, destacando-se a necessidade de fósforo. Desenvolve-se melhor em solo com pH em torno de 6 e em local com precipitação acima de 700 mm anuais.

4. Utilização: Pode ser empregada para pastejo, fenação, como forragem verde. A soja perene é pouco aceitável e tem boa digestibilidade.

5. Porte e hábito de crescimento: Ésta leguminosa é de hábito rasteiro, formando uma vegetação (colchão) de 30 a 40 cm; é trepadeira, com hastes finas e em alguns casos pode enraizar-se pelas hastes (estoloníferas).

6. Manejo: O principal cuidado não só para a soja perene, como também para todas as leguminosas de hábito rasteiro, é no caso de consórcio, não deixar a gramínea abafar a leguminosa. Para o emprego em regime de pastejo, cultura exclusiva, não deixar a pastagem rebaixada a menos de 10 a 15 cm. Se pastejada exclusiva, pelos animais, por longos períodos, pode causar distúrbios gástricos. O pasto está em condições de receber animais com 120 a 150 dias (exclusivo) e 60 e 90 dias (em consórcio). No pastejo controlado colocar os animais na pastagem com cerca de 30 a 30 cm e saída com 10 a 15 cm.

7. Rendimento: Quando utilizada para feno pode render 10 ton/ha/ano em três cortes. Para a produção de massa verde pode render 30 a 40 ton/ha/ano em 3 a 4 cortes. A produção de sementes é boa, chegando a 800 kg/ha.

8. Resistência: É mais tolerante ao frio do que Siratro e Centrosema; tem razoável resistência à seca, porém é susceptível ao ataque de lagartas e vaquinhas.

9. Multiplicação: É multiplicada por sementes escarificadas, dependendo da possibilidade de execução desta prática. O gasto de sementes é variável em função do valor cultural, podendo empregar a relação de 120 kg/ha. Para plantio exclusivo se gasta de 6 a 9 kg de sementes/ha, no espaçamento de 0,5 m entre linhas.

10. Variedades:

Glycine javanica cv Tinaroo: É considerada de florescimento tardio em relação às culturas Cooper e Comum. Exige clima quente com precipitação acima de 760 mm. Anuais.

Glycine javanica cv Comum: Floresce de abril a setembro, exige em torno de 700 mm. De precipitação anual e é susceptível a geada e ao fogo.

Glycine javanica cv Comum precoce em relação a Cianova e Tinaroo, tem boa resistência à seca e é mais tolerante a solos ácidos que a Tinaroo e Comum.

Glycine javanica cv Cianova: Época de florescimento semelhante à Tinaroo; fica verde durante o inverno (boa resistência à seca)

Glycine javanica cv Clarence: Precoce, tal como a Comum e Cooper.

11. Consorciação: A soja perene se presta para consórcio com gramíneas como Brachiaria, Gordura, Setáreas, Rhodes, etc.

12. Composição química: Apresenta em torno de 17% de P.B. na M.S.

C - Macropoptilium atropurpureum Urb

25

Page 26: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

1. Nome comum: Siratro (nome da cultivar única da espécie, até o presente, obtida pelo australiano Dr. E.M. Hutton)

2. Origem: América Central; resultante do cruzamento de ecotipos nativos de Phaseolus atropurpureum oriundos de México.

3. Exigência: Ésta leguminosa não é muito exigente em fertilidade de solo; tolera bem os moderadamente ácidos. Desenvolve-se bem em regiões com precipitação média anual acima de 700 mm. Deve ser utilizado em regiões mais secas, evitando assim maiores problemas com doenças.

4. Utilização: Pode ser utilizado para fenação e pastejo, apresentando boa palatabilidade.

5. Porte e hábito de crescimento: São plantas rasteiras ou trepadeiras quando associadas com gramíneas. É planta perene, podendo apresentar enraizamento pelas hastes (estoloníferas).

6. Manejo: quando associada, evitar o abafamento da leguminosa pela gramínea. No caso de empregar esta leguminosa para fenar, fazer cortes rente ao solo.

7. Rendimento: pode proporcionar em 3 cortes rendimento de 40 ton de massa verde por ha. A produção de sementes pode chegar a 300 a 400 kg/ha.

8. Resistência: É susceptível a doenças como o míldio e oídio. Não resistente a geadas; é tolerante ao pisoteio, resiste às secas e nematóides.

9. Multiplicação: Através de sementes que podem ser inoculadas com o inoculante do grupo Cowpea, gastando-se de 10 a 12 kg/ha de sementes em espaçamento de 0,5 m entre linhas (plantio exclusivo).

10. Composição química: Pode apresentar de 16 a 18% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Se presta para associação com Setária, Panicum, Brachiaria e outras. Esta leguminosa consorcia-se bem com praticamente, todas as gramíneas.

D - Stylosanthes

Este gênero a que pertence a maior parte das leguminosas nativas Brasileiras, vinte e cinco, de um total de 40 espécies, são encontradas no Brasil. Dezenove espécies são encontradas em terras do Estado de Minas Gerais.

D.1 - Stylosanthes gracilis H.B.K. ou Stylosanthes guyanensis (Aubl.) Swartz

1.Nome comum: Alfafa brasileira, Vassourinha e “Stylo”.

2. Origem: América Central e do Sul

3. Exigências: Ésta leguminosa não é muito exigente em fertilidade do solo, desenvolvendo-se bem em regiões com precipitação média anual acima de 800 mm.

4.Utilização: Pode ser empregada para fenação e pastejo, apresentando boa aceitabilidade.

5. Porte e hábito de crescimento: Pode atingir 0,60 a 1,20 m e, quando sob efeito de pastejo, apresenta-se prostrado. É planta ereta, semi-arbustiva, muito ramificada, perene.

6. Manejo: Quando empregado para fenar, fazer o corte rente ao solo. Quando empregado em pastejo, evitar o rebaixamento excessivo que pode eliminar a coroa que se eleva com facilidade. Quando utilizado em consórcio, evitar abafamento pela gramínea. O porte da cultura favorável ao corte é em torno de 50 a 60 cm, quando a planta já tem bom valor forrageiro e ainda boa digestibilidade.

7. Rendimento: Pode produzir de 15 a 20 ton/ha/ano de massa verde. A produção de sementes varia de 150 a 500 kg/ha (60 a 200 kg/ha, com maior freqüência).

8. Resistência: Apresenta susceptibilidade à antracnose, boa resistência à seca e a solos ácidos; desenvolve-se bem em solos de cerrados; não tolera geada e solos alagados. No CIAT, Colômbia, foi obtida uma cultivar resistente à antracnose, cujo nome é “La libertad”.

9. Multiplicação: Através de sementes escarificadas com água a 60C por cinco minutos. As inoculações das sementes devem ser com inoculante que contenha rizóbios do grupo Stylosanthes. O gasto de sementes é de 2 a 5 kg/ha para espaçamento de 0,5 m entre linhas. Para plantio em consórcio, a lanço ou em linha, emprega-se de 2 a 5 kg/ha. A multiplicação pode ser por mudas (estacas enraizadas), no espaçamento de 0,5 x 0,5 m.

Cultivares Origem

Stylosanthes gracillis cv Oxley Paraguai

Stylosanthes gracillis cv Cook Colômbia

26

Page 27: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Stylosanthes gracillis cv Schofield Brasil

Stylosanthes gracillis cv Endeavour Guatemala

Stylosanthes gracillis cv IRI 1002 Brasil

Stylosanthes gracillis cv Deodoro I e II Brasil

10. Composição química: Apresenta de 12 a 18% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: O Stylosanthes gracilis pode ser empregado para associação com Jaraguá, Colonião e outras.

D.2 - Stylosanthes humilis H.B.K.

1. Nome comum: Alfafinha do Nordeste, Alfafa do Nordeste, Erva de coelho e Erva de ovelha, “Townsville stylo”.

2. Origem: América Central e Sul (Nordeste Brasileiro).

3. Exigências: Não muito exigente em fertilidade do solo; desenvolve-se bem em regiões com precipitação superior a 500 mm anuais.

4. Utilização: Têm boa aceitabilidade, pode ser empregada para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: É uma leguminosa anual (semiperene).

6. Manejo: Quando empregada para feno, fazer o corte rente ao solo. No caso de consórcio, não deixar abafar a leguminosa. A implantação da cultura em associação não é difícil porque é de aceitabilidade ruim em início de crescimento.

7. Rendimento: Pode produzir de 5 a 6 ton/ha/ano de M.S. A produção de sementes varia de 150 a 450 kg/ha.

8. Resistência: Têm boa resistência ao pisoteio, à seca e ao fogo após ciclo. Não têm boa resistência ao frio, sombreamento e solos alagados. gra

9. Multiplicação: Por sementes inoculadas e escarificadas, a exemplo do Stylosanthes cillis. O gasto de semente é de 2 a 5 hg/ha para plantio exclusivo, em espaçamento de 0,5 m entre linhas.

Cultivar:

Stylosanthes humilis var. Patterson

Outras variedades:

Stylosanthes angustifolia

Stylosanthes capitata

Stylosanthes scabra

Stylosanthes viscosa

E - Desmodium

E.1 - Desmodium intortum Mill

1. Nome comum: Carrapicho-beiço-de-boi. Pega-pega, Amor-seco. Obs: O verdadeiro carrapicho-de-boi é Desmodium canum.

2. Origem: Brasil Central (regiões frescas do Estado de São Paulo).

3. Exigências: Quanto a fertilidade do solo, esta leguminosa é menos exigente que a soja perene, tolerando também solos mais ácidos que esta. Desenvolve-se bem em precipitação superior a 900 mm. ao ano.

4. Utilização: Pode ser empregada para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: As plantas são perenes, estoloníferas em alguns casos (solos friáveis).

6. Manejo: No emprego em pastejo, não permitir o rebaixamento dos estolões. Para fenação a recomendação é que o corte seja rente ao solo (5 a 10 cm). Quando empregado em consórcio, a recomendação é a mesma dada para as outras leguminosas. Esta leguminosa floresce no final das águas, o que proporciona um prolongamento do fornecimento de massa verde no início da seca.

7. Resistência: Dados de rendimento indicam 15 a 20 ton/ha/ano de massa verde em 2 a 3 cortes.

27

Page 28: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

8. Resistência: Comparando com Siratro e Soja perene, este tem maior resistência à temperatura baixa. É atacado por Rhizoctonia e por doença virótica, que causa queda das folhas. Com relação à seca, Desmodium intortum tem resistência razoável.

9. Multiplicação: Por sementes escarificadas e inoculadas, empregando inoculante específico. O gasto de sementes é de 2 a 6 kg/ha em plantio exclusivo, espaçado de 0,4 x 0,4 m.

10. Variedade: Desmodium intortum cv Green leaf

11. Composição química: Pode apresentar de 17 a 21% de P.B. na M.S.

12. Consórcio: Pode ser empregado na associação com gramíneas de menor porte, tais como:

Capim-gordura, Setária, etc.

E.2 - Desmodium uncinatum (Jacq) DC

1. Nome comum: “Silver leaf”.

2. Origem: Brasil, selecionada na Austrália a partir de uma introdução brasileira e registrado em 1962. A espécie se distribui naturalmente desde o México até o Norte da Argentina e Uruguai.

3. Exigências: Vegeta numa grande variedade de solos, inclusive naqueles moderadamente ácidos com pH entre 5,0 e 5,5, preferindo aqueles de fertilidade média a boa. Desenvolve-se melhor em regiões de temperaturas mais amenas (tropicais e subtropicais) e pluviosidade anual superior a 900 mm. Juntamente com “Green leaf” e a Soja perene, estas leguminosas são classificadas como “tropicais de temperaturas amenas”.

4. Utilização: Pode ser empregada para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: Perene, herbáceo, estolonífero, fortemente coberto de pêlos ganchosos nas hastes, folhas e inflorescências. As folhas são compostas trifoliadas e apresentam nos folíolos uma mancha prateada, típica, acompanhando a nervura central. As flores são lilases e róseas e o fruto do tipo lomento, aderindo com firmeza às roupas e pêlos dos animais.

6. Manejo: É de estabelecimento lento como quase todas as leguminosas forrageiras perenes. Não é de boa aceitação pelos animais. Na consorciação recomenda-se o cuidado de não permitir que a gramínea abafe, para que não ocorra o seu desaparecimento rápido. Da mesma forma que a “Green leaf”, esta leguminosa floresce em abril/maio, proporcionando massa verde para animais por mais tempo. No Brasil o seu uso é maior na Região Sul. Muito importante na Austrália e Leste da África.

7. Rendimento: 15 a 30 ton/ha/ano de massa verde (5 a 6 ton/ha/ano de M.S.) e 200 a 300 kg/ha de sementes.

8. Resistência: Também é susceptível a doenças viróticas (vírus do “little leaf”) e fúngicas. Apresenta boa resistência a temperaturas baixas (geadas leves).

9. Multiplicação: Por sementes e inoculadas com Rhizobium específico (grupo desmodium) no espaçamento de 1,0 m entre linhas ou mesmo a lanço.

10. Composição química: Apresenta de 15 a 20% de P.B. na M.S.

11. Consorciação: Com gramíneas do gênero Setárea, Panicum, Paspalum e os capins Rhodes

e Ki-kuio.

12. Cultivares: Apenas uma até o presente. Desmodium unicinatum cv Stiver leaf, sendo usada com o nome da espécie, significando “folha prateada”.

E.3 - Desmodium discolor Vog

1. Nome comum: Marmelada-de-cavalo.

2. Exigências: Não muito exigente quanto à umidade e fertilidade do solo. Desenvolve-se bem em campos e cerrados, onde outras leguminosas não se adaptam.

3. Utilização: Pode ser empregada como forragem (verde picado), feno e silagem. Apresenta boa aceitabilidade e valor nutritivo, podendo substituir a alfafa em locais onde não pode ser cultivada.

4. Porte e hábito de crescimento: Atinge 2,5 m, é planta perene, subarbustiva.

5. Manejo: cortar a 10-15 cm do solo quando as plantas estiverem com 0,50 a 0,60 cm, no período que acontece a floração, quando as plantas têm bom valor nutritivo e uma boa digestibilidade.

28

Page 29: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

6. Rendimento: Não resiste bem a temperaturas baixas e apresenta problema de doença fúngica, manifestada em forma de manchas ferruginosas.

7. Resistência: Não resiste bem a temperaturas baixas e apresenta problema de doença fúngica, manifestada em forma de manchas ferruginosas.

8. Multiplicação: Sementes escarificadas e inoculadas. O gasto de sementes é de 3 a 5 kg/ha para plantio exclusivo. Pode ser multiplicada por estacas.

9. Composição química: Pode apresentar de 15 a 17% de P.B. na M.S.

E.4 - Desmodium asperum Desv

1. Nome comum: Amor-de-vaqueiro, e no Ceará recebe o nome de engorda magro.

2. Utilização: É mais indicado para corte.

3. Porte e hábito de pastejo: Pode atingir até 3 m, não sendo este o porte ideal para o corte, pois nesse estágio é baixo o valor nutritivo e a digestibilidade. É uma espécie perene.

4. Manejo: Cortar com 60 a 70 cm, antes da floração.

5. Multiplicação: Por sementes, gastando-se 7 kg/ha, em espaçamento de 40 a 50 cm entre linhas.

6. Composição química: Pode apresentar 23% de P.B. na M.S.

E.5 - Desmodium barbatum Benth

1. Nome comum: Barbadinho, pega-pega (no RS)

2. Origem: América do Sul.

3. Exigências: Desenvolve-se bem em solos úmidos.

4. Utilização: Pode ser empregado para forragem (verde picada) e para pastejo em terrenos frescos e férteis.

5. Porte e hábito de crescimento: Atinge 1m.; é planta perene de haste longa.

6. Manejo: Cortar a 10 -15 cm do solo, antes da floração, quando as plantas estiverem com cerca de 40 a 60 cm.

7. Rendimento: Pode produzir de 15 a 20 ton de massa verde por hectare, em 2 a 3 cortes. A produção de sementes é cerca de 40 kg/ha.

8. Resistência: Tem boa resistência a temperaturas baixas, fogo e pisoteio. Não se desenvolve bem em solos secos.

9. Multiplicação: Por sementes escarificadas e inoculadas, gastando-se de 8 a 10 kg/ha para plantio exclusivo, em espaçamento de 0,5 m entre linhas.

10. Composição química: Pode apresentar em torno de 13% de P.B. na M.S.

F - Galactia striata Benth

1. Nome comum: Galactia ou Galáxia.

2. Origem: América Central

3. Exigências: Não muito exigente em fertilidade do solo, desenvolvendo-se bem com precipitação acima de 800 mm anuais. Tolera solos ácidos, desenvolvendo-se bem em cerrados (considerada por alguns como “leguminosa do cerrado”).

4. Utilização: Apresenta boa capacidade, podendo ser empregada para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de pastejo: É planta perene, rasteira e volúvel (trepadora). Ë uma leguminosa tipicamente trepadora.

6. Manejo: As recomendações já citadas para leguminosas de pequeno porte (hábito rasteiro).

7. Rendimento: Pode produzir de 30 a 40 ton de massa verde por hectare/ano e de 150 a 400 kg/ha de sementes.

8. Resistência: Resiste razoavelmente bem à seca e à geada e não resiste bem ao fogo e encharcamento de solo. A resistência a pisoteio é razoável, pois é planta volúvel e não estolonífera. É susceptível a lagarta e bacterióides.

9. Multiplicação: Por sementes, gastando-se de 4 a 5 kg/ha em consórcio e de 10 a 12 kg/ha para plantio exclusivo. A escarificação não é necessária e na inoculação, em caso de ser feita, deve-se empregar rizóbio do grupo Cowpea.

10. Composição química: pode apresentar de 14 a 20% de P.B. na M.S.

29

Page 30: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

11. Consórcio: A galactia pode ser empregada para associação com gramíneas de porte mais alto como o Napier, Colonião, Setária.

12. Cultivares

Galactia striata cv comum

Galactia striata cv yarana, selecionada no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa-SP.

G - Centrosema pubescens Benth

1. Nome comum: Jutirana, Jetirana, “Centro”, “Butterfly pea”.

2. Origem: América do Sul.

3. Exigências: Pouco a medianamente exigente em fertilidade do solo, não tolera solos encharcados. Desenvolve-se bem com precipitação média anual superior a 900 mm. Distribui-se entre latitudes de 220 N e S e altitudes inferiores a 600 m.

4. Utilização: Pode ser empregada para fenação e pastejo.

5. Porte e hábito de crescimento: É planta perene, herbácea volúvel (trepadora) e em alguns casos pode enraizar pela haste. A vegetação forma um emaranhado de hastes e folhas de 40 cm, isto quando exclusivo.

6. Manejo: Quando empregada para fenação, fazer o corte rente ao solo. Quando em consórcio, as mesmas recomendações feitas para outras leguminosas deste porte.

7. Rendimento: Pode produzir de 30 a 40 ton/ha/ano de massa verde, em três cortes. O rendimento de sementes varia de 150 a 450 kg/ha.

8. Resistência: Não resiste bem à geadas, sombra e excesso de umidade. Têm resistência razoável à seca e pastejo, rebrotando facilmente.

9. Multiplicação: Sementes escarificadas e inoculadas. A escarificação pode ser feita com ácido sulfúrico concentrado por 15 minutos. A quebra de dormência pode ser realizada com imersão em água a 80 C por quatro minutos. A inoculação deve ser feita com rizóbio específico para Centrocema O gasto de sementes para plantio exclusivo, é de 10 a 12 kg/ha com espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre linhas.

10. Composição química: Pode apresentar de 18 a 27% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Pode ser empregado em associação com gramíneas de porte alto como as do grupo Elefante e de porte baixo como Gordura, Brachiarias.

H - Puerarea javanica Benth ou Pueraria phaseoloides (Roxb.) Benth

1. Nome comum: “Puero”, Kudzu tropical, Pueraria.

2. Origem: Índia

3. Exigência: Desenvolve-se melhor em baixadas úmidas, não sendo muito exigente em fertilidade de solo. Exige precipitação média anual acima de 900 mm.

4. Utilização: É de boa aceitabilidade, mais aceitável que a centrosema; pode ser empregada para pastejo e fenação.

5. Porte e hábito de crescimento: Quando plantado exclusivamente, é rasteira, herbácea, estolonífera. Quando em associação pode prender às outras plantas (trepadeira).

6. Manejo: O crescimento inicial é lento, exigindo critérios no emprego em pastejo. Para corte recomenda-se fazer a 20 cm. do solo.

7. Rendimento: Pode produzir de 40 a 50 ton de massa verde por hectare/ano, em 3 a 4 cortes. A produção de sementes é de 180 a 400 kg/ha.

8. Resistência: é menos resistente ao pastejo que a Centrosema (devido a alta aceitabilidade). É tolerante ao sombreamento e ao alagamento, não resistindo à geada forte.

9. Multiplicação: Por sementes, gastando-se de 4 a 5 kg/ha em consórcio e 10 a 12 kg/ha em plantio exclusivo, em espaçamento de 50 cm entre linhas; a obtenção de sementes é dificultada, pois as vagens são deiscentes (abertura natural), por tanto, pode-se multiplicar por coroas que são nós enraizados (mudas).

10. Composição química: Pode apresentar de 1,63 a 23% de P.B. na M.S.

30

Page 31: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

11. Consórcio: Pode ser empregada em consorciação com gramíneas como Colonião, Pangola e outras forrageiras. Pode ser formado abaixo de seringais e cacaueiros (Amazônia e Bahia).

I - Macrotyloma lablab Sweet (Lablab purpurens (L. Sweet).

1. Nome comum: Cumandatia, Cabo curso, Mangaló (Gahia), Feijão de vage.

2. Origem: América.

3. Exigências: Não muito exigente em fertilidade de solo, exigindo precipitação anual superior a 500 mm.

4. Utilização: Pode ser utilizada no pastejo e fenação, apresentando boa aceitabilidade.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta rasteira, herbácea, volúvel, anual nos trópicos e bianuais em maiores latitudes.

6. Manejo: Para corte, faze-lo a 20 cm do solo.

7. Rendimento: Pode produzir de 12 a 24 ton de massa verde por hectare/ano em dois cortes e, 670 kg/ha de sementes.

8. Resistência: Tem resistência relativa à seca. É atacada por bacterioses que causam desfolha, sendo favorecida por tempo úmido.

9. Multiplicação: Sementes inoculadas com rizóbio do grupo Cowpea, gastando de 12 a 18 kg/ha em espaçamento de 0,9 a 1,2 m entre linhas.

Variedades:

- Macrotylemoma lablab cv Comum

- Macrotylemoma lablab cv Rongal

- Macrotylemoma lablab cv Highworth

- Macrotylemoma lablab cv IAG 597

10. Composição química: Apresenta cerca de 28% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Observando o detalhe de que na floração da gosto ruim ao leite, pode ser associado na ensilagem. O plantio entre o milho após segunda capina pode proporcionar a “palhada verde”.

J - Medicago sativa L.

1. Nome comum: Alfafa, “Alfalfa”, “Lucerne” (considerada a “rainha das leguminosas forrageiras”).

2. Origem: Oriente Médio (Irã). Foi a primeira planta que se cultivou e há registro de seu cultivo na Pérsia desde o ano 700 A.C. Na Grécia a sua introdução se deu no ano 500 A.C. Levada para a Península Ibérica, pelos Mouros, foi então cultivada na Espanha e também na Itália e da Espanha veio a América. O nome “alfalfa” é de origem Árabe e significa “o melhor alimento”.

3. Exigências: É planta de origem temperada, porém apresenta uma enorme gama de variações genéticas com variedades e cultivares adaptadas aos climas temperados, subtropical e tropical. É extremamente exigente em fertilidade de solo, sendo a leguminosa mais adaptada a solos neutros ou alcalinos (pH 6,5 a 7,5); entretanto, ela pode crescer em solos moderadamente ácidos. Requer solos férteis, textura média, bem estruturados, profundos e permeáveis, com boa percentagem de matéria orgânica. Cultivada desde 200 a 3.000 m acima do nível do mar; porém, sua melhor adaptação fica entre os 700 a 2.800 m de altitude. Têm alta exigência por P, S e K quando cortada freqüentemente para produção de feno. Também os micronutrientes Mo, B e Zn são extremamente importantes.

4. Utilização: Forragem verde e conservada, feno (forma de uso consagrada através dos tempos, sendo este cotado na bolsa de valores), silagem, pastejo direto, concentrado, alimento humano (na fase de plântula - “broto”), adubo verde e cobertura do solo.

5. Porte e hábito de crescimento: Perene, herbácea, ereta, sistema radicular profundo (2,5 a 6,0 m). Altura de 0,5 a 1,0 m, folhas lilases, azuis ou violáceas, raramente brancas.

6. Manejo: Sem irrigação, o plantio é feito em outubro/novembro, no Brasil Central; 90 a 120 dias já se faz um primeiro corte, a 3 - 5 cm. do solo. Em seguida, a cada 35 - 45 dias são feitos os cortes subsequentes, quando 20 a 50% das plantas estão floridas, dando de 5 a 8 cortes por ano. No Brasil Central ela é cultivada sob irrigação, sendo o plantio feito de março a agosto, o que evita competição com invasoras.

7. Rendimento: variável em função do solo, clima, tratos culturais, variedades, etc. Podem-se citar os seguintes dados de produção: 5 a 18 ton/ha/ano de M.S.; 18 a 30 ton/ha/ano de massa verde; 8 a 10 ton/ha/ano de feno; 300 a 400

31

Page 32: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

kg/ha de sementes. Estas são provenientes de fecundação cruzada, sendo a atividade de insetos polinizadores extremamente importantes. Floresce no outono e produz sementes no inverno.

8. Resistência: Boa a temperatura baixa ou mesmo a geadas. Após a fase de plântula ela resiste bem à seca desde que não muito prolongada. Não tolera solos pobres, ácidos, arenosos e mal drenados; não toleram secas prolongadas e nem fogo. Também é bastante atacada por pragas e doenças.

9. Multiplicação: Por sementes que devem ser escarificadas, inoculadas com Rizhobium específico (grupo Medicago) e peletizada com calcário ou hiperfosfato. Semeadura com semeadora de forragens (Terence, Natal, Brillion) em linhas espaçadas de 20 a 30 cm e 2 a 5 cm de profundidade, gastando neste caso de 15 a 25 kg/ha.

10. Cultivares: Crioula (selecionada no Rio Grande do Sul), Moapa, Europa, Saladina, Rairy peruvian, Hun-ter river, Smooth peruvian, Fortinera, WL-320, CUF-101, Precident, Pioner, etc.

11. Composição química: 14,7 a 20% de P.B. na M.S.

12. Consorciação: Com gramíneas dos gêneros Paspalum, Setárea e outros, no Rio Grande do Sul.

K - Arachis pintoi

1. Nome comum: Amendoim forrageiro.

2. Origem: América do Sul.

3. Exigências: Desenvolve-se bem em regiões com solos de boa fertilidade, em locais de chuvas bem distribuídas.

4. Utilização: Pastejo (não ultrapassar três horas de pastoreio).

5. Porte e hábito de crescimento: Herbáceo, perene, estolonífero, com 20 a 40 cm de altura do relvado (terreno coberto de grama).

6. Manejo: No pastejo rotacionado, entrar com animais com 40 cm e retirar com 5 a 10 cm.

7. Rendimento: 1,5 a 9,5 ton/ha/ano de M.S.

8. Resistência: Boa tolerância ao alumínio e sombreamento, sendo mediana a tolerância à seca.

9. Multiplicação: Sementes, que ficam abaixo do nível do solo, de colheita difícil. As sementes que ficam no solo, garantem a perpetuação da espécie no local.

10. Composição química: 9 a 18% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: B. decumbens, B. brizantha, Estrela africana

12. Variedade/cultivar: CIAT 17434 (“Amarillo” = Amarelo)

L - Lotus corniculatus L.

1. Nome comum: Cornichão.

2. Origem: Europa (também Ásia e Norte da África).

3. Exigências: Baixa a fertilidade de solos, vegetando com baixos níveis de P.

4. Utilização: Pastejo controlado e feno.

5. Porte e hábito de crescimento: Perene, herbáceo, ereta ou prostrada.

6. Manejo: iniciar quando as plantas atingirem 20 a 25 cm, reduzindo para 6 a 8 cm. É conveniente deixar produzir sementes, para ocorrer ressemeio natural.

7. Rendimento: até 4 ton/ha/ano de M.S.

8. Resistência: Climas frios e ainda algumas cultivares resistem à seca, tolerando solos medianamente ácidos.

9. Multiplicação: Por sementes, 7 kg/ha no plantio isolado e de 3 a 4 kg/ha em consórcios.

10. Composição química: teor médio de P.B. na M.S. de 12%, podendo atingir até 28% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Azevém, Festuca, Hemartria, Pensacola.

12. Cultivares/variedades: São Gabriel.

M - Vicia spp.

1. Nome comum: Vicia, Avicia.

32

Page 33: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

2. Origem: Europa, Ásia, África.

3. Exigências: Baixa exigência à fertilidade do solo.

4. Utilização: Pastejo, corte, feno e consórcio para silagem.

5. Porte e hábito de crescimento: herbáceo, perene, estolonífero, com 20 a 40 cm de altura do relvado (terreno coberto de grama).

6. Manejo: No pastejo rotacionado, entrar com animais com 40 cm e retirar com 5 a 10 cm.

7. Rendimento: 1,5 a 9,5 ton/ha/ano de M.S.

8. Resistência: Tem boa tolerância ao Al e sombreamento, sendo mediana sua tolerância à seca.

9. Multiplicação: Sementes, que ficam abaixo do nível do solo, de colheita difícil. As sementes que ficam no solo, garantem a perpetuação da espécie no local.

10. Composição química: 9 a 18% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: B. decumbens, B. brizantha, Estrela Africana.

12. Variedade/cultivar: CIAT 17434 (“Amarillo”=Amarelo)

N - Ornithopus sativus Broth

1. Nome comum: Serradela.

2. Origem: (Não há informações).

3. Exigências: Solos mais arenosos e com baixa acidez, e, bem drenados. Desenvolve-se bem com precipitação abundante e bem distribuída.

4. Utilização: Pastejo.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta anual, prostrada, com hastes de até 1,0 m.

6. Manejo: Colocar animais quando as plantas atingirem 25 cm.

7. Rendimento: 6 a 20 ton/ha de M.S.

8. Resistência: Boa ao frio e as geadas.

9. Multiplicação: Semeadura de março a maio, com 25 a 30 kg/ha, com linhas espaçadas de 20 cm. Pode ser semeada a lanço.

10. Composição química: 9 a 15% de P.B. na M.S.

O - Trifolium repens L.

1. Nome comum: Trevo branco.

2. Origem: Não definida.

3. Exigências: Temperaturas de verão moderadas, pH superior a 5,5 e, é exigente em P.

4. Utilização: Pastejo.

5. Porte e hábito de crescimento: Perene, prostrado, estolonífero.

6. Manejo: Mais comum o uso em consórcio, então depende da forrageira acompanhante.

7. Rendimento: Variável conforme o método de cultivo.

8. Resistência: Se houver período seco intenso, este se comporta como anual, de ressemeadura natural.

9. Multiplicação: Semeadura de abril a junho, com 2 a 3 kg/ha, mais comum é semear a lanço.

10. Composição química: Aveia, Azevém, Pangola, Coast crosss.

11. Variedade/cultivares: Silvestre, Comum, BR1 - Bagé, Guaiba, Jacui, Gigante (cv Regal & Crown).

P - Trifolium vesiculatum Savi

1. Nome comum: Trevo vesiculoso.

2. Origem: Não conhecida.

33

Page 34: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

3. Exigências: pH de 5,5 a 6,0 e solos de boa profundidade e fertilidade.

4. Utilização: Pastejo.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta anual de ressemeadura natural, de crescimento cespitoso.

6. Manejo: Manter as plantas com 15 a 20 cm.

7. Rendimento: Não há informações.

8. Resistência: Boa a seca, pragas e doenças; baixa aos solos fracos.

9. Multiplicação: Semeadura com 8 a 10 kg/ha no outono.

10. Consórcio: Pangola, Coast cross, Estrela Africana, Setária, Festuca, Aveia, Azevém.

11. Variedades/cultivares: Yuchi.

Q - Trifolium pratense L.

1. Nome comum: Trevo vermelho.

2. Origem: Europa, Ásia.

3. Exigências: pH superior a 5, solos férteis e abundância de chuvas.

4. Utilização: Pastejo e consorcio, feno.

5. Porte e hábito de crescimento: planta de crescimento de inverno, ciclo bianual, hábito de crescimento cespitoso, podendo atingir 80 cm.

6. Manejo: Entrar com os animais quando a planta tiver de 20 a 30 cm e retirar quando as plantas forem rebaixadas a 12-15 cm.

7. Rendimento: De 6 a 8 ton/ha de M.S.

8. Resistência: Em clima seco, comporta-se como planta anual de ressemeadura natural.

9. Multiplicação: Semente, gastando de 8 a 10 kg/ha, com plantio de abril a junho.

10. Composição química: Em média de 14 a 20% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: Com gramíneas perenes.

12. Variedades/cultivares: Keuland, Quiniquelle, Estanzuela 116

R - Triflorum subterraneum L.

1. Nome comum: Trevo subterrâneo.

2. Origem: Mediterrâneo.

3. Exigências: Exigente em P.

4. Utilização: Pastejo (inclusão em campos naturais), feno.

5. Porte e hábito de crescimento: Planta anual de ciclo invernal, com ressemeadura natural, com talos decumbentes.

6. Manejo: Pastejar quando as plantas atingirem de 18 a 20 cm deixando resíduo de 3 a 5 cm.

7. Rendimento: 2 a 5 ton/ha de M.S.

8. Resistência: Tolera solos rasos.

9. Multiplicação: Semeadura de abril a maio, com 6 a 9 kg/ha de sementes.

10. Composição química: 16 a 25% de P.B. na M.S.

11. Consórcio: gramíneas perenes.

12. Variedades/cultivares: Geraldton, Dwalganup, Yarloop, Clare.

3.4.3 Cactáceas

Obtidas pelo geneticista americano Burbanks, a partir de cactos espinhosos e introduzidos no Brasil em 1980, por Herman Lundgeen; sueco, vendedor de navios em Pernambuco.

34

Page 35: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

A - Opuntia ficus indica Mill

1. Nome comum: Palma grande, Palma azeda, Palma gigante e Palma santa.

2. Origem: Texas (USA), México.

3. Exigências: Pouco exigente em água (4 meses de água e 8 meses de seca são suficientes para o seu desenvolvimento). Exige solos férteis e sílico-argilosos. Adapta-se melhor em locais com altitude superior a 400 m.

4. Utilização: É recomendada para emprego como forragem verde para épocas secas (polígono das secas). Para pastejo não se recomenda o emprego de cactáceas, pois ocorre grande perda de material no campo. Além das perdas causam distúrbios gastrointestinais aos animais que consomem este material quente do sol.

5. Porte: Variável em função do número de raquetes, sendo que cada uma mede aproximadamente de 15 a 30 cm. Estas plantas têm perenidade de até 10 anos, necessitando reformar a cultura.

6. Manejo: O corte deve ser feito nas articulações entre uma e outra raquete, pois facilita a cicatrização do ferimento. O tempo para dar o primeiro corte é variável em função da técnica de plantio empregada e varia de 1 a 3 anos. A massa a ser fornecida aos animais deve ser mantida à sombra e assim, a forragem não será laxativa e fica palatável. Pode ser desidratado, e utilizado em forma de farelo.

7. Rendimento: Pode produzir de 110 a 150 kg de massa verde por/pé/ano. Cada raquete pesa de 0,350 a 1,0 kg. O rendimento por hectare pode chegar a 300 ton de massa verde no terceiro ano (planta média).

8. Resistência: É forragem rústica, resistente à seca. Não resiste bem a umidade excessiva.

9. Multiplicação: Por raquetes ou artículos sadios e vigorosos com mais de 1 ano. A raquete, para multiplicação deve ser colhida e deixar murchar para evitar doenças. O plantio certo é feito colocando-se duas raquetes juntas e em pé, sendo este método que proporciona produção mais rápida 1 a 2 anos. Se o plantio for feito com as raquetes tombadas, o primeiro corte será demorado, ocorrendo com 2 a 3 anos. O espaçamento empregado é de 1,5 x 1,0 m. e as covas com profundidade de 20 cm, onde é enterrada a metade da raquete.

10. Composição química: Variável, até 7% de P.B. na M.S.

B - Outras cactáceas

Opuntia spp: É mais tenra e aceitável que a anterior. Recebe nomes comuns de: Palma redonda e Palma média. A raquete pesa em torno de 0,8 kg.

Opuntia cochenillifera Sal: É mais apreciada pelos animais, mas não resiste bem à seca. Recebe nomes comuns de Palma miúda, Palma doce e Língua de vaca. A raquete pesa ± 0,35 kg.

3.4.4. Outras culturas

3.4.41.. Mandioca

Algumas variedades como a Manihot utilíssima chegaram de seus pontos de origem com a denominação de manipeba, com características morfológicas diferentes. Apresentava uma qualidade importante, a resistência à seca. Com tal característica plantaram-se na Caatinga semi-úmida e subúmida, desenvolvendo-se bem onde outras variedades mais delicadas cresceram com dificuldade, conservando-se por períodos de até 5 a 10 anos.. A produção nestes ensaios, situados em boas terras, foi de 100 mil kg de raízes e tubérculos por ha. Como todas as outras variedades de mandioca, esta, a manipeba prefere solos frouxos, profundos, permeáveis, férteis e não excessivamente úmidos. Solos francos, profundos e férteis também são muito bons. Solos sílico-argilosos, profundos e férteis também são muito bons.

A manipeba cresce bem em regiões tropicais e subtropicais não sujeitas as geadas, alta úmidade, semi-úmidas e semi-áridas. Pluviosidades de 500 mm e até inferiores, mal distribuídas, ainda lhe são suficientes.

Em solos bem arados e gradeados, se possível e necessário adubados, planta-se mandioca com o compasso de 1m x 1m (10.000 covas/hectare), ou 1,20m x 0,80m (10.427 covas por hectare). Existem outros espaçamentos: 1,20m x 0,60m; 1m x 0,50m, etc. As covas deverão ser de 10 cm de profundidade. O pedaço de maniva ou estaca, com 20 a 25cm de profundidade, será colocado horizontalmente no fundo da cova, ou obliquamente.

As raízes frescas de mandioca são ricas em Vitamina: B1, B2 e B6 e niacina. As folhas são ricas em proteína, hidratos de carbono, gordura, minerais e vitaminas B1, B2, C e niacina. Como forragens usam-se também as manivas ou hastes em sua totalidade, de preferência desintegradas.

35

Page 36: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Zehnter (1980) realizou analises bromatológicas de raízes das variedades: jacomá, vassourinha, mulatinha, São Pedro, (branca), boiada, preta, cobra, retrós e cemedeira, encontrando resultados diferentes entre os teores de nutrientes.

DESCARTES (1995) Pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia reconheceram o grande valor do produto. No livro de sua autoria: Alimentos. Escreveu que a mandioca ou aipim é uma das maiores plantas alimentares, de valor econômico e mais propícias às regiões tropicais: muito rústicas, de fácil cultura, de grande rendimento agrícola, podem as raízes, mesmo após terem atingido o pleno desenvolvimento, permanecer longo tempo (em média três anos) sob a terra, aguardando oportunidade de serem utilizadas.

“Não há fundamento, do ponto de vista nutritivo, a alegada inferioridade da mandioca em relação a outros tubérculos e especialmente à batata, pois eqüivalem, como se conclui na sua comparação nas análises químicas. O que diferencia uma da outra ou das outras, é, sobretudo a questão de palatabilidade ou gosto”.

Para provar a sua tese, fez diversas análises bromatológicas das raízes tuberosas, não esquecendo as folhas, brotos e pontas verdes das manivas, da seguinte forma: Composição da rama da mandioca (folhas, pecíolos e partes verdosas do caule): média de amostras de diversas procedências.

Como indicado por DESCARTES, a folha verde da mandioca tem excepcional riqueza protéica e é muito rica em sais minerais, principalmente em cálcio. Ele conclui: “O que porém, é mais extraordinário nessa folha, é sua riqueza em ácido ascórbico ou Vitamina C, bem como suas taxas em vitaminas B1, ou tiamina, B2 ou riboflavina e niacina ou ácido nicotínico”. As análises provam que as ramas da mandioca, muito ricas em proteína e sais minerais, corrigem perfeitamente as deficiências das raízes.

Fazendo-se uma espécie de farelo com as ramas, incluindo as manivas em sua totalidade, e as raízes, obtém-se uma forragem concentrada de muita boa qualidade, que poderá ser produzida na fazenda em grande escala e com poucas despesas. A escolha da variedade é de grande importância.

3.4.4.2. Cana de açúcar

Esta cultura oferece como vantagens:

a- Cultura fácil e barata.

b- Grande produção de forragem verde durante a estação seca.

c- Pese a sua pobreza em proteína, cinza e gordura, a sua riqueza em extrativos não nitrogenados permite considerá-la dentro da média entre as forrageiras mais usadas no Brasil, quanto ao poder alimentício.

d- Pode ser cultivada na quase totalidade do país, embora exija irrigação nas zonas pouco chuvosas do Nordeste.

e- Nas usinas e engenhos há uma produção muito grande, consideradas tão boas forrageiras quanto os capins Napier e Sudão.

Entre as variedades encontram-se a IAC 36-25, rústica, de bom crescimento e boa perfilhação e resistente ao mosaico. A Co 413 tem boa perfilhação, riqueza média em açúcar e é muito macia, pelo que é muito cultivada como forragem. Exige solos mais férteis que a anterior. A CB 38-22, muito rústica, amadurecendo tardiamente, cresce bem em solos pobres, até em cerrados. Levando-se em consideração o rendimento, devem ser preferidas as seguintes cultivares na ordem em que são citadas: Co 419, Kassoer, CB 40-69, Co 413, IAC 36-25. Sempre deve ser lembrado que é importante na escolha da variedade, aquelas que provoquem menor lesão ao aparelho bucal do animal, evitando-se assim, lesões (úlceras) gengivais, que certamente dificultarão a alimentação, devido aos problemas que causam as úlceras.

A cana forrageira deve ser plantada com um espaçamento menor que o destinado à produção de açúcar. Deverá ser aproximadamente de 1m x 1m. O plantio denso diminui o número de carpas e torna as canas mais macias porque terão menor diâmetro. O solo deverá ser arado e se possível adubado. O rendimento pode ser muito grande. A Kassoer, em dois cortes, produz cerca de 400 mil Kg de massa verde por hectare-ano. A Co 413 cerca de 330 mil Kg, também em dois cortes. As pontas representam 30% da produção do canavial dos engenhos e usinas.

A cana deverá ser picada antes de ir para o manejo. Uma boa ração será de 95% de cana picada e 5% de torta de algodão. Melhor ainda 85% de cana de açúcar e 15% de torta de milho. Uma boa ração também poderia ser de 85% de cana e 15% de algaroba e temos ainda o seu uso associado a uréia (2,5%).

3.4.4..3. Feijão Guandu

36

Page 37: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Também chamado de guandu (Cajanus cajan) é um arbusto de 2 a 4 metros de altura, com bastantes ramificações. Ë originário da África Equatorial, o mesmo é muito cultivado na Índia e outros países africanos. Introduzido no Brasil há muito tempo, tem-se aclimatado bem dado a sua condição de grande rusticidade. Vegeta bem em solos pobres. As sementes podem ser consumidas como ervilha ou feijão. O gado come bem a rama verde e na forma de feno e ensilagem. As vagens são xcelente forragem, apreciada também pelas aves domésticas.

3.4. 4.4. Sorgo

O sorgo (Sorghum vulgare, Pers) é uma gramínea originária da África Central, semelhante ao milho.

Sua inflorescência é uma Panícula terminal. Atinge 4 metros de altura. Existe um cento e tantas variedades que se agrupam em classes: sorgo grão; sorgo forrageiro, sorgo sacarino e sorgo vassoura.

O sorgo grão é produzido principalmente pela qualidade de seus grãos, que constituem um substituto do milho. Pode-se considerar como um milho pobre, um milho das regiões semi-áridas e sub-úmidas. É uma cultura muito explorada nos Estados Unidos da América do Norte, China, Índia, Japão, Israel e África. Esta cultura com escassa pluviosidade produz 2.800 Kg de grãos na primeira safra e 800 Kg/hectare na seca. O Brasil importa o sorgo dos Estados Unidos, embora possa produzi-lo a vontade, em condições excelentes. O plantio desta cultura em zonas pouco chuvosas do Nordeste torna-se uma necessidade gritante.

O sorgo forrageiro é utilizado na alimentação dos animais domésticos. Como as outras classes de sorgo podem ser utilizadas na alimentação dos animais domésticos, esta classe poderia desaparecer, pois a sua existência a que nos parece, não se justifica.

Nos últimos anos tem-se observado o incremento do plantio da cultura nas regiões do sul, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e estados do Nordeste.

Nutricionalmente os dois cereais assemelham-se muito, como o cuscuz que se faz no Brasil com fubá ou farinha de milho, na África se faz com farinha de sorgo.

O cultivo do sorgo assemelha-se ao milho. É conveniente preparar bem o solo, arando-o e gradeando-o, de maneira a facilitar a penetração da água das chuvas, etc. Deve ser plantado no início da estação chuvosa, com covas rasas, com espaçamento de aproximado de 0,80m x 0,50m. Procede-se a colheita 3 a 5 meses após a semeadura, conforme o clima e variedade. Pode ser utilizado também o plantio com máquinas.

O Sorgo apresenta um princípio anti-nutricional, o Tanino. Este produto prejudica o desempenho animal. Atualmente são encontradas variedades de sorgo que apresentam baixo nível de tanino. O sorgo se apresenta como um substituto do milho na criação de aves e suínos. Por apresenta grão de coloração branca, devido ao baixo teor de caroteno, a carne do frango e a gema dos ovos são menos pigmentadas e até rejeitadas pelo consumidor. No caso do uso do Sorgo na alimentação de aves há a necessidade de acrescentar um produto pigmentante na ração, para a manutenção das características de carcaça e coloração de gema de ovos.

4. MANEJO DE PASTAGENS

A obtenção de alto rendimento forrageiro com valor nutritivo e a manutenção do vigor e da perenidade, constitui o objetivo do manejo de pastagens e áreas de capineiras. O manejo tem enorme efeito sobre o rendimento forrageiro, o qual é ainda afetado pelo clima (luz, temperatura e umidade), pelo solo (propriedades físicas e químicas).

Quando admitimos condições favoráveis de clima e solo, as respostas das plantas forrageiras ao pastejo, podem ser determinadas pela sua morfologia (hábito de crescimento), índice da área foliar e reservas orgânicas, sendo estes últimos, possíveis de serem alterados em função do manejo.

Um ponto de relevância ao bom êxito do manejo das pastagens é o reconhecimento de que a produção de forragem se encontra em sete a oito meses do ano, uma vez que no período da seca o rendimento da pastagem reduz-se de forma acentuada.

O Brasil Central apresenta duas estações bem definidas: o verão e o inverno. Durante o verão, quente e chuvoso, verificam-se condições favoráveis para o rápido desenvolvimento vegetativo das forrageiras; enquanto que no inverno, seco e de temperatura baixa, verifica-se uma quase suspensão do crescimento das forrageiras perenes. Tais condições determinam um quadro cíclico da exploração pecuária de corte ou de leite, caracterizado por relativa fartura de pasto no período das águas, compreendido de novembro a maio, com posterior falta de pasto no período da seca, de maio a outubro.

No Sul do país, existem algumas forrageiras consideradas estivais, que se desenvolvem bem com baixas temperaturas, porém carecem de adequado suprimento de água.

37

Page 38: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

4.1. Técnicas de plantio de pastagens

O plantio de pastagens se faz necessário quando se pretende formar pastagens de inverno no sul do país ou quando se pretende introduzir pastagens em terras de uso agrícola ou de mata. Aqui a regeneração da terra antes cultivada, ou o aparecimento de forrageiras num solo que não abrigava capins e leguminosas herbáceas, será muito lento. Também pastagens completamente decaídas, tomadas por invasoras, terão recuperação lenta. Campos sujos e cerrados geralmente também necessitam do plantio de forrageiras, para poder iniciar a atividade pecuária.

Há três técnicas de formação de pastagens:

1. Implantação de forrageiras após aração, adubação e dois anos de cultivo, para baixar o custo de implantação da pastagem.

2. A implantação em pastagens existentes.

3. O plantio direto em solos recém roçados.

4.1.1. Implantação de forrageiras em solos corrigidos e adubados

Antigamente a formação de pastagens ocorria quase que exclusivamente por mudas ou toletes em solos recém-arados, às vezes adubados. No primeiro ano se deixava o capim sementar, queimava-se o capim seco no início da primavera e esperava-se o nascimento da “sementeira”. Quando o capim alcançava a altura desejada, era pastado pela primeira vez e a partir da rebrota o gado permanecia no pasto em pastejo permanente. Esta formação de pastagem é cara, especialmente quando a forrageira não se dava com as condições encontradas, desaparecendo após poucos anos de uso.

Hoje dia existem sementes da maioria das forrageiras, importadas ou produzidas no Brasil, e o plantio, geralmente, é feito por semeadura. Como as forragiculturas obedeceram às regras idênticas às da agricultura, o preparo do solo por aração e gradagem, a adubação com adubos comerciais e finalmente o plantio, onera-se demasiadamente a formação das pastagens. Passou-se então para o uso dos solos para a agricultura, onde foi aplicado adubo. A formação da pastagem não é feita pelo proprietário, mas sim por um arrendatário ou empreiteiro. Eles recebem gratuitamente a terra para limpar e cultivar durante um a dois anos, com a obrigação de entregar a terra com capim plantado. Este método de qualquer forma, barateou sensivelmente o custo da formação da pastagem. No entanto, após dois anos de cultivo de algodão, a terra encontrava-se em estado lastimável. Era compactada e lavada e muitas vezes não nascia nada, a não ser guaxumba (Sida spp.). O solo era impregnado de defensivos, e o uso de herbicidas, às vezes, dificultava muito o assentamento do capim.

Após o uso da terra com o plantio de milho ou soja, a semeadura da forragem nem sempre surtia efeito satisfatório, e quando surtia; geralmente a vida da forrageira era relativamente curta. A invasão de plantas nativas é certa, especialmente de “gramão” e outros. Assim, a renovação torna-se necessária, geralmente após 5 anos. Esta rotatividade alta das pastagens cultivadas torna-as caras. São raras as pastagens que se conseguem manter produtivas durante muitos anos e que conseguem uma passagem vantajosa para pastagens mistas com capins e leguminosas nativas, tornando-se perenes.

A razão da decadência de uma pastagem cultivada é sempre a formação de uma laje adensada logo abaixo da superfície do solo devido à agricultura antecedente ou simplesmente devido a uma aração profunda demais para as condições do solo. Em capim-colonião associa-se ainda a cobertura muito incompleta do solo, que será tanto mais acentuada quanto mais deficiente for o manejo. Quando plantada com soja-perene a pastagem conserva-se produtiva por muitos anos. O mesmo vale em maior ou menor escala para todas as forrageiras de porte alto.

O pastejo permanente dos animais, sem descanso da pastagem, é outro fator para sua decadência. Destrói as pastagens nativas e as cultivadas. A escolha da forrageira segundo a propaganda feita pelas firmas de sementes, em lugar da consideração das condições de seu solo, é outro fator que encurta a vida da pastagem. Se a forrageira se identificar com o solo que se pode oferecer, sua permanência é garantida e a renovação da pastagem não se faz necessária. Ela permanecerá boa e produtiva, se receber um manejo rotativo.

4.1.2. A implantação em pastagens existentes

A implantação de forrageiras em pastagens existentes somente funciona quando o solo não for muito decadente e pisoteado. Exige que a pastagem esteja ainda em condições razoáveis. Antes da implantação se leva a vegetação existente até a floração. Coloca-se o gado no fim do florescimento, quando as gramíneas já acumularam reservas, pastando-as radicalmente. Também se pode proceder a sua fenação. A forragem existente tem de ser bem baixa quando se semeiam as forrageiras que se pretende implantar. Em forragem alta não nascerão. Em área tropical, onde no fim da seca a pastagem geralmente é rapada, planta-se no início das chuvas regulares ou após a queimada feita

38

Page 39: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

no início das chuvas regulares. A queimada prejudica um pouco o solo e a vegetação, mas remove a palha que impedirá o nascimento das sementes.

Em pastagens baixas, a implantação pode ser feita também com plantadeira de pastagens, plantando em linhas as forrageiras que se pretendem introduzir. A vantagem da implantação está em que não se remove a vegetação existente. Se a implantação der resultado e as forrageiras se identificarem com o ambiente, tomarão conta da pastagem; se não, as existentes se beneficiarão com o adubo aplicado, dando um pasto melhor. Em todos os casos aconselha-se a passagem do gado sobre o pasto implantado, para prensar as sementes ao chão, contribuindo com seu nascimento mais rápido.

Nos trópicos a implantação de leguminosas é muito importante, pois pastagens fracas, tomadas por invasoras, podem ser salvas quando se implantam leguminosas, especialmente as arbustivas, com raízes pivotantes, como indigóferas, guandu, jureminha (Desmanthus virgatus), e diversos desmodios, etc.

4.1.3. Plantio direto após a limpeza do terreno

Quando limpa-se um terreno, especialmente de cerrado alto, geralmente existe uma camada de húmus, e, quando o cerrado não foi queimado, também uma camada floculada, grumosa, de 5 a 8 cm de profundidade. Pela aração esta camada será soterrada. É preferível deixá-la na superfície. Se limpa o terreno, enfileiram-se as raízes e os galhos, se junta à vegetação roçada e, se a terra for muito pobre, aduba-se com fosfato natural, hiperfosfato ou termofosfato. Logo em seguida, passa-se uma grade e lança-se a semente. Isso pode ser feito com a mão, com a distribuidora do adubo, ou de avião. No início das chuvas regulares, a semente germinará rapidamente. A semente de leguminosas pode ser peletizada, isto é, coberta por uma camada de calcário ou farinha de osso, ou pulverizada com óxido de micronutrientes, caso seja necessário.

As forrageiras a serem utilizadas numa implantação direta devem ser “ecótipas”, isto é, plantas que já existam em pequena escala no terreno, caso contrário, não terão capacidade de dominar a vegetação existente. Temos exemplo: num terreno de cerrado que era dominado por samambaia (Pteridium aquilinum), existiam também capim-gordura, capim-jaraguá, estilozantes e desmódios; implanta-se uma mistura das 4 forrageiras com uma aplicação de 200 Kg/ha de hiperfosfato. Após 3 meses realizar-se-á o primeiro pastejo leve. Após 5 meses a pastagem estará formada, e será manejada com pastejo rotativo. Ela consegue dominar as invasoras e poderá permitir uma lotação de até 4 animais por hectare. Na mesma fazenda, no mesmo cerrado, usando brachiaria, fracassou-se completamente, sendo a forragem dominada pela vegetação nativa. O sucesso na implantação direta está no uso de forrageiras adaptadas ao solo.

4.2. Manejo tradicional do campo

Nas grandes fazendas o tamanho dos piquetes é de até 250 alqueires (600 ha.). O único manejo que usado é soltar o gado em lotes, segundo a idade e sua destinação, isto é, cria ou engorda.

Quando o gado é de cria, procede-se ao desmame com 6 a 8 meses, isto ocorre com a apartação dos bezerros. Então se retira o gado somente quando se pretende vendê-lo ou se vai queimar o pasto. Em algumas propriedades o gado espera, no meio das cinzas, a rebrota.

O proprietário geralmente mora na cidade e o manejo das pastagens muitas vezes é feito sem o conhecimento do dono, que também não sabe. Assim, as melhores forrageiras desaparecem ao serem comidas pelo gado, permanecendo as menos nutritivas e menos palatáveis, as que se multiplicam livremente. Nas propriedades de áreas menores, onde ocorre superlotação dos campos, o gado rapa o solo, comendo de tudo, e a rebrota é cada vez menos vigorosa, mais fraca e mais vagarosa. Então, quando menor for o tempo de repouso, menor quantidade de massa verde produzirá o campo, com também será menor o teor de proteína e amido.

Uma pastagem colhida cada vez que rebrota, fica muito enfraquecida e produz muito menos que uma pastagem em que as plantas possuam tempo para acumular suas reserva. O pastejo permanente contribui para a diminuição do rendimento da pastagem, não tendo como causa a carga animal, leve ou pesada, e sim a seleção do capim pelo gado.

Em muitas ocasiões não existem aguadas suficientes, o que obriga o gado a caminhadas longas a procura de água (riacho, tanques, açudes ou cacimba). Nestas condições os indivíduos de pernas curtas sofrem mais, por terem maior dificuldade de locomoção até a fonte de água. Quando isto acontece, ficam por perto das aguadas, terminando com a vegetação, poluindo a água com vermes intestinais, eliminados através das fezes.

Geralmente observa-se pouca sombra e os animais expostos ao sol e calor tropical, locomovem-se pouco para manter a temperatura do seu corpo dentro dos limites suportáveis. Os bovinos indianos aproveitam melhor a forragem nas épocas quentes. As árvores de sombra protegem o gado tanto do sol do verão, como do frio no inverno.

Alguns criadores acreditam que o boi gordo só deve sair para o abate quando atinge entre 15 e 20 arrobas (225 a 300 Kg). Por tal razão reservam os melhores campos aos bois de engorda, o que leva aos animais mais jovens a

39

Page 40: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

receber a pastagem inferior, assim leva maior tempo até poderem ser postos na engorda, desenvolvendo um esqueleto fraco, de tal forma que, no campo bom, formam mais gordura e menos carne. Se os bezerros recebessem um capim de boa qualidade, seriam mais precoces e sua carne não seria tão gorda.

4.3. Manejo Ecológico das pastagens

O que é manejo ecológico das pastagens?

É o manejo de todos os fatores de um lugar, respeitando-se suas inter-relações e conservando ou recuperando seu equilíbrio, evitando assim a degeneração do sistema. Tem como ponto de vista fundamental:

1. Uso eficiente da pastagem.

2. Manutenção das espécies forrageiras mais importantes por tempo indefinido.

3. Aumento da produção e fertilidade dos rebanhos de carne, leite e lã.

4. Manutenção do equilíbrio dos cursos de água, considerando-se também o controle da erosão.

A diferença existente entre a qualidade das raças purificadas e a qualidade das pastagens fornecidas ao gado é cada vez maior. A melhora zootécnica dos rebanhos brasileiros tem superado os problemas observados no gado europeu em que este, ao ser confinado, deve produzir num mínimo tempo, o máximo de carne e leite. Os animais europeus chegam a alcançar determinada conformação, que torna difícil sua locomoção.

A pastagem nativa é um ecossistema muito delicado e seu uso adequado necessita de bom senso, observação e conhecimentos tanto de hábito das plantas como do gado.

No nosso país geralmente as pastagens não combinam com as exigências do gado, de maneira que têm que ser introduzidas forrageiras exóticas. Estas forrageiras não combinam com o nosso solo, o que obriga à correção, bem como as práticas de adubação, aração e gradagem. Como estas práticas são realizadas com técnicas pouco adequadas ao nosso clima, ocorre decadência do solo e com ela, as pastagens são degradadas.

4.4. Manejo das pastagens nos trópicos úmidos

Distinguem-se três tipos de pastagens diferentes:

1. As dos cerrados de Mato Grosso, Goiás e Pará, com uma vegetação entouceirada, muito pobre, sendo composta de gramíneas de muito baixo valor nutritivo, com variedades de barba-de-bode (Aristida), de capim-chorão (Eragrostis), de rabo-de-burro (Andropogon), capim-cabeludo (Trachypogon) e cabelo-de-porco (Ciperacea) na paisagem típica do fogo.

2. As pastagens de terra firme que hoje, em sua maioria, são plantadas.

3. Finalmente as das várzeas, que possuem uma vegetação toda específica, que é de muito boa qualidade, e que é composta por plantas que suportam inundação ou que vegetam na água, como as canaranas (Echinochloa polystachya e Echinochloa pyramidalie), diversos sorgos (Hymenachne amplexicaulis e Hymenachne donacifolia), diversos Panicum (Panicum elephantipes e Panicum zizanoides), diversos arrozes nativos (Oryza gandiplumis, Oryza perennis, Oryza hexandra), Paspalum (Paspalum fasciculatum, Paspalum repens), etc.

O valor nutritivo destas pastagens eqüivale ao das cultivadas da melhor qualidade. É absolutamente antieconômico querer drenar estas várzeas para plantar espécies exóticas. No período da seca estas pastagens servem para os bovinos, nas águas são pastadas quase que exclusivamente por bubalinos. Quando se ancoram no solo, formam ilhas de capim. Estas pastagens praticamente não têm normas de manejo, a não ser o superpastoreio na estação mais seca, em que o pisoteio pesado e as tosas excessivas, possam prejudicá-las.

As melhores pastagens situam-se por toda parte nos solos mais baixos, não importando se sofrem somente de inundação temporária ou por tempo prolongado. Como na mata não existe capim, as pastagens em terra firme, são praticamente todas plantadas, em boa parte abandonadas por terem sido escolhidas forrageiras inadequadas para as condições de clima e de solo, as quais são invadidas maciçamente por jurubebas, malvas-brancas, vasoura-de-botão (Borreria verticalata), assa-peixe (Vernonia spp.), capim-amargo (Trichachne insularis) e rabo-de-burro (Andropogon bicornis).

O problema mais comumente encontrado nas pastagens de terra firma é seu crescimento muito rápido, de modo que o gado não consegue “vencer” a forragem, em que sua rápida lignificação, compromete seu valor nutritivo drasticamente. Em baixo da forragem densa, com seu ambiente de umidade desenvolvem-se fungos. Estes fungos atacam igualmente as sementes das forrageiras, como uma espécie de carvão, as sementes do capim-colonião ou a “mela” nas leguminosas.

40

Page 41: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

A leguminosa que se adaptou rapidamente é o Kudzu-tropical (Pueraria phaseolides), que invade áreas de solos frescos e é usada para cobrir o solo nos cultivos de capim-colonião, elefante, guiné e outros, não suportando pisoteio pesado nem queimadas, e em estado fresco é pouco procurada pelo gado.

Já nas pastagens de terra firme tem sido mais promisores o quicuio-da-Amazônia (Brachiaria humidicola), a leucena (Leucaena leucocephala) e o guandu (Cajanus cajan), todos de boa aceitação pelo gado. A maioria das leguminosas testadas apresenta sérios problemas fitossanitários, por causa do ataque de fungos.

A Brachiaria foi inicialmente muito plantada, porém foi muito aniquilada pela cigarrinha (Deois incompleta), que hoje está atacando a maioria dos capins, inclusive a cana de açúcar. Em áreas menos úmidas com seca definida o capim-jaraguá tem dado bons resultados. Na região do cerrado consorcia-se com babaçu (Orbigina martiana).

Em todo ecossistema os dois problemas maiores são:

1. Os ventos.

2. A monocultura.

Quando existe um clima muito favorável ao crescimento vegetal, encontramos condições extremamente favoráveis ao desenvolvimento de fungos, bactérias e insetos. Nas pastagens nativas a variedade de espécies é grande, justamente para evitar a “criação” de pragas e doenças. Desta forma com as pastagens aparecem grandes quantidades de pernilongos que antes não existiam.

Nas culturas e nas pastagens cultivadas os problemas fitossanitários são graves enquanto se usa um manejo antiecológico, descuidando dos fatores de um ecossistema extremamente delicado. O problema pode ser combatido com o estabelecimento de faixas de vegetação arbórea que interceptem o vento e que inicialmente poderiam até ser de “juquira” engrossada por puerária ou a formação de “ilhas” de árvores, colocadas em forma de xadrez. Este manejo serve também ao gado como abrigo contra o sol. Ou a “salpicação” das pastagens com árvores ou palmeiras que ao mesmo tempo fornecem forragem adicional, como a de inajá (Maximiliana regia), tucumã (Astrocarymum vulgare), ingá (Inga mill) e outras.

No manejo ecológico das pastagens deveriam-se usar antes de tudo, forrageiras adaptadas à região, e como a formação de piquetes por enquanto é muito problemática, deveria usar-se o pastejo alternado. A implantação de leguminosas, especialmente as arbustivas e arbóreas, são importantes na suplementação do gado na época da seca.

Também se encontram problemas nas aguadas. Há poucos cursos de água na mata. Quando a mate é derrubada brotam fontes de todos os lados e até chegam a formar brejos. É a água que antes era transpirada pelas árvores e que igualmente contribuía para a manutenção de uma temperatura razoável. Alguns anos depois, estas fontes secam e o gado tem que fazer longas caminhadas a procura de água. Isto exclui automaticamente as raças de pernas curtas tendo-se que dar preferência às raças de pernas compridas, pelo seu poder de locomoção, em que são explorados os mestiços zebus com gado europeu. Aqui o gado zebuíno é mais adaptado para poder aproveitar sem maiores problemas as pastagens de várzeas, de qualidade excelente.

Nos trópicos úmidos, um dos maiores problemas é a deficiência de minerais para o gado não adaptado à região, especialmente o cobalto, do qual o gado necessita 80g de cloreto de cobalto para cada 100 Kg de sal. Logo após a entrada do fogo, a deficiência de Ca e P são grandes e como a roça da mata se faz primeiro queimando árvores da mata, desde o início há necessidade de suplemento com esses minerais. A “salpicação” das pastagens é indispensável para fornecer sombra ao gado e diminuir o “desconforto” neste clima, razão porque tem desempenho médio em pastagens ótimas.

Monoculturas de pastagens não são muito apropriadas para o gado em região nenhuma, mas são especialmente desfavoráveis na região equatorial úmida, não somente por fornecerem uma variação limitada de minerais ao gado, mas também por serem “criadoras” de pestes e pragas, em escala muito pronunciada.

A precocidade das pastagens deve ser equilibrada pela plantação de leguminosas arbustivas, especialmente a leucena, que é apreciada pelo gado em qualquer época do ano. A formação de piquetes para um manejo rotativo não parece muito adequada, dada a grande diferença entre as pastagens de terra firma e as várzeas. A migração do gado para as várzeas durante a seca é bem mais vantajosa do que a construção de silos que, nesta região, fornecem ensilagem de péssima qualidade. A seleção do gado para as condições particulares desta região é importantíssima, caso contrário sempre será considerado pouco adequado à pecuária bovina.

4.5. Problemas das pastagens plantadas

Quanto mais pronunciada a monocultura, quanto pior o manejo e quanto mais decaído o solo, mais preocupante tornam-se as pragas que aniquilam as capineiras.

41

Page 42: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

A cigarrinha (Deois spp.) é a praga mais difundida em todo o Brasil. Ataca a Brachiaria, Capim-gordura, Pangola, Colonião, Napier, Jaraguá, Angola, Sempre-verde, Bermuda, Quicuio e até a Cana de açúcar. O combate mais efetivo é realizado pela pulverização do fungo Metarrizum anisopliae que penetra nas larvinhas, matando-as. O manejo rotativo das pastagens, com superlotação dirigida e faixas de espécies florestais, como quebra ventos, e com o uso de variedades resistentes à cigarrinha, podem controlar eficazmente os prejuízos causados.

A colchonilha (Antonina graminis), que geralmente ataca a região do colo da raiz até as primeiras folhas, infesta 76 espécies de capins e gramíneas no Brasil, tanto nas cultivadas como nas nativas. Normalmente não atacam as plantas bem nutridas em cálcio. Existem aqui dois fatores:

1. O solo muito diferente em cálcio.

1. O solo compactado não permite a infiltração suficiente de água e a solubilização deste nutriente, que, portanto não pode ser aproveitado, sendo este caso o mais comum.

O melhoramento da permeabilidade do solo bem como o uso da mosquinha Neodusmetia sangwani conseguem controlar esta este parasita.

O curuquerê-dos-capinzais (Mosis latipes e Spodoptera frugiperda), lagarta proveniente de uma borboleta noturna, chamada também de lagarta militar ou mede-palmo, começou a difundir-se pela primeira vez pela monocultura de pangola. Não suporta a insolação direta, de maneira que um superpastoreio ou uma roça curta das forrageiras e talvez a pulverização com esporos do Bacilus thuringuiensis eliminam o ataque.

As saúvas, formigas cortadeiras (Atta spp) podem cortar alqueires de capim-colonião numa única noite. É considerada uma das pragas mais temidas no mundo. Elas aparecem em todos os campos onde pelo fogo e a falta de matéria orgânica a micro, meso e macro vida se tornam escassas. Onde a vida do solo é muito ativa, existem muitas formigas carnívoras, como a correição (da espécie Eciton), bem como melívoros, como os lava-pés (Solenopsis saevissima) ou a cuiabana (Paratrechina fulva), que caçam as saúvas e a fazem desaparecer. O aparecimento de saúvas é sinal de que o solo é inóspito, não somente para a maior parte dos animais terrícolas, mas também para muitas forrageiras. Pastagens com sauveiros não são das mais produtivas. Enquanto a pastagem não é melhorada fisicamente, usa-se formicida em forma de isca, geralmente em base de clorados, como o Mirex.

Os cupinzeiros podem infestar pastagens em quantidades incríveis. Não danificam as forrageiras em si, mas podem ocupar boa parte do terreno. Os cupins, especialmente das espécies de Cornitermes, Syntermes e Nusotermes aparecem especialmente em campos rotineiramente queimados e portanto muito pobres em matéria orgânica. Em pastagens corretamente manejadas desaparecem, por serem caçados por formigas, como as carnívoras (Penerieons), mas também por colêmbolos, ácaros e outros animais terrícolas. Na medida em que aumenta a matéria orgânica no solo desaparecem os cupins das pastagens.

O percevejo (Bilssus leucopterus), introduzido no Brasil (1975) dos Estados Unidos, podem se tornar muito mais perigosos do que as cigarrinhas. Eles atacam todas as gramíneas, desde o milho até a erva-cidreira, e por enquanto apenas conhece-se o combate químico, nem sempre bem sucedido, como mostra a larga difusão deste percevejo na América do Norte.

O ácaro-vermelho (Tetranychus telearins) ataca várias forrageiras, entre elas as leguminosas; o método aconselhado de combatê-lo é roçar e queimar a pastagem.

Os gafanhotos migratórios (Schistocera americana) criam-se exclusivamente em pastagens muito pobres, de solos compactos e portanto secos, com freqüência tomada pelo capim-favorito (Rhynchelytrium roseum) que por isso possui também o nome de capim gafanhoto. Seu combate direto é difícil, especialmente porque quando aparecem em grandes quantidades é tarde demais para combatê-los. Com o melhoramento das condições dos solos e das pastagens o perigo do gafanhoto diminui consideravelmente.

Observa-se que praticamente todas as pragas são “ecótipos” provocadas pelas condições específicas de pastagens mal manejadas e pelo desequilíbrio biológico resultante. Devemos distinguir claramente entre o combate momentâneo para livrarmos da praga e o combate verdadeiro, isto é, a remoção das causas do aparecimento.

A ferrugem, a cigarrinha, as saúvas especializadas em determinadas forrageiras, nematóides, especialmente em leguminosas, fungos que atacam sementes, tornado-as tóxicas, ocorrem sempre, se houver plantio em grande escala de uma única forrageira.

É aconselhável plantar coquetéis de várias gramíneas e leguminosas porque se tem como vantagem:

1. Impedir a criação de pragas em escala maior.

2. Encontrar mais facilmente as forrageiras mais adaptadas a suas condições.

3. Fornecer ao gado uma forragem mais completa e portanto mais nutritiva.

42

Page 43: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Quando se observa a preferência do gado por uma determinada forrageira, deixando as outras, isso pode ser controlado através de um manejo racional. Também o aparecimento de ervas-não-gramíneas e leguminosas pode contribuir para o melhor aproveitamento das pastagens, porque aumenta o apetite doas animais e melhora sua saúde. Quanto mais diversificada a vegetação de uma pastagem, menor será a possibilidade de sua deterioração por uma praga.

4.5. 1. Invasoras persistentes

As plantas invasoras podem se divididas as invasoras em quatro grupos:

1. As que têm origem em solo com deficiências físicas e químicas, em que temos como exemplo: os solos ricos em Al em que aparece a samambaia (Pteridium aquilinum); em solos com umidade estagnante aparecem a rabo-de-burro, rabo-de-coelho e outras; pela falta de Ca aparecem a cabelo-de-porco; em solos muito compactados aparecem as malvas, assa-peixe e na medida em que a permeabilidade do solo diminui aumentam as euforbiácias, como o pinhão (Jatropha spp), etc. Cabe lembrar que as invasoras são plantas perfeitamente adaptadas às condições do solo e do clima.

2. Podem ser provocadas pela monocultura, uma vez que toda monocultura modifica as condições químicas do solo, esgotando-o unilateralmente em um ou mais nutrientes e enriquecendo-o em uma ou outra substância química excretada pelas raízes. Ex: capim-colonião (Panicum maximum Jacq) sempre é invadido pelo gramão (Paspalum notatum var).

3. Dependem do modo como a forrageira cobre o solo. A “rebrota” do cerrado ou da mata geralmente não é rebrota, mas sim plantas que se assentam posteriormente, como as jurubebas (Solanacea spp), embaúbas (Cecropia spp), etc. Elas conseguem germinar onde o solo está desnudo. Isto acontece especialmente nas forrageiras de porte alto como: capim-colonião (Panicum maximum Jacq), onde fica muita terra desnuda. Quanto mais deficiente a cobertura do solo, aparecem mais invasoras. O desnudamento do solo ocorre também pelo pastejo seletivo, pelo pisoteio em períodos de seca ou muita chuva, e pela erosão.

4. O manejo da pastagem e do pastejo pode permitir o aparecimento de invasoras, especialmente quando se usa pastejo permanente em que o pastejo seletivo do gado contribui para o desenvolvimento de plantas indesejadas. Uma adubação nitrogenada contribui para o aparecimento de cardos (plantas espinhosas). Outro fator que podemos encontrar é o uso do fogo para a limpeza dos pastos, o que cria uma vegetação resistente ao fogo. O uso de TORDOM, herbicida “agente laranja”, poderoso desfolhante usado no Vietnã, não resolve o problema das invasoras, podendo matá-las por certo tempo, mas não impede que voltem e com maior vigor. São as condições do solo, da forragem e o manejo que as provocam. Enquanto não sejam removidas as causas aparece de novo. Já em pastagens bem conduzidas a presença de invasoras é mínima.

Na região da Mata no Pará um plantio de 16.000ha de quicuio-da-amazônia (Brachiaria humidicola) foi invadido fortemente por capim-de-burro (Andropogon bicornis) e o capim demostrou sinais de deficiência de N e Ca. Medidas adotadas para resolver o problema: Corrigir o solo, aplicação de N, roçado manual, dinamitar as lajes do subsolo que represavam a água foram as medidas adotadas. Este procedimento era antieconômico e chegou-se a considerar o abandono da pastagem. Com a simples implantação de guandu (Cajanus spp) removeram-se as deficiências, quebraram-se as lajes impermeáveis e conseguiu-se uma vegetação tão densa que as invasoras não tiveram oportunidades de se implantar. Resultado: “PASTAGEM LIMPA”.

4.6. Limpeza das pastagens

Existem práticas menos drásticas que são destinadas à limpeza das pastagens. Dessa forma uma pastagem se mantém limpa quando:

1. Impedimos que sejam encontradas manchas desnudas no solo. Lembremos que a densidade de pastejo depende da: fertilidade do solo, seu estado físico, da adaptação das forrageiras à região e do manejo do gado.

2. Utilizamos o manejo rotativo da pastagem, em que se obriga o gado a comer todas as plantas verdes nunca deixando de lado as piores plantas.

3. Impedimos a compactação do solo.

4. Usamos coquetéis de forrageiras em que uma pode aumentar e outra pode diminuir, mas nunca se desnudando o solo e dando lugar a invasoras.

5. Incorporamos ao solo os nutrientes que possam faltar.

43

Page 44: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

A vegetação excedente elimina-se pelo rolo-faca ou roçadeira com as facas bem afiadas, em vez de esfacelar as folhas e caules das forrageiras. Assim a vegetação cortada rebrota após 3 a 4 dias. As plantas esfaceladas e rasgadas somente brotarão após 3 a 4 semanas.

Um dos cuidados para se manter detrerminada forrageira em boas condições nutricionais e com bons rendimentos e com boa cobertura vegetal do solo, é sem dúvida alguma a limpeza dos mesmos. Entre os mecanismos, mais tradicionalmente utilizados pelo homem podem ser citados: o roçado manual (terçado e foice), poçadeira a motor (trator) e/ou costal. Existem outros mecanismos citados a seguir.

4.6.1. O Fogo

O fogo pode ser considerado o maior problema dos campos nativos. Observa-se na primavera um verde explosivo com uma grande produção de forragem, uma vez que a carga animal corresponde à escassez de alimento durante a estação seca ou fria. O quadro que temos é que o gado não come a vegetação velha, e às vezes já madura, enquanto ainda há rebrota, muita forragem sobra, com sinal evidente da falta de manejo mais racional. É comum que esta sobra de forragem seja eliminada pelo fogo. Então com a queima o solo perde parte de sua permeabilidade, perde matéria orgânica que poderia ter retornado, perde parte de sua vegetação, especialmente as estoloníferas, e cria-se uma vegetação adaptada ao fogo, como a barba-de-bode (Aristida pallens) ou capim-cabeludo (Trachypogom spp).

4.6.2. O Fogo controlado

Pode ser usado somente para a limpeza da pastagem, quando o solo estiver úmido devido à chuva e o capim estiver seco, sempre que haja brisa, fazendo com que o fogo passe rapidamente. É um fogo tão rápido que não deixa queimar a palha no chão. Já a queimada em solo seco e sem vento é muito mais prejudicial.

Efeito do fogo em pasto de capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa Ness)

Consorciado com leguminosas tropicais (Lourenço, 1976)

Profundidade do solo (cm)

M.O.% pH Al (mg. %) Ca ( ppm) Mg ( ppm) K( ppm) P (ppm)

A D A D A D A D A D A D A D

0-5 3,5 2,7 5,20 5,44 0,72 0,48 1,04 1,08 0,5 0,56 81 93 2,0 3,2

5-10 3,4 2,7 5,02 5,38 0,82 0,58 0,82 0,96 0,4 0,44 86 84 2,0 2,0

10-15 3,2 3,2 4,96 5,35 0,84 0,58 0,84 1,00 0,36 0,45 81 84 1,8 1,7

A: Antes do fogo D: 20 dias depois do fogo

A temperatura maior foi detectada de oito cm a 10 cm de profundidade. Houve redução da matéria orgânica, diminuindo o Al trocável e o Ca e o K mostraram tendência a subir. No entanto a análise de solo não apresentou uma informação exata sobre as conseqüências (Serrão, 1972). O mesmo autor demonstrou que o pH e o Ca sobem após alguns anos de queimadas, enquanto que a matéria orgânica, o Al trocável, o K e o P baixam após alguns anos, resultados encontrados também por Primavesi (1971). A melhora química do solo é acompanhada por uma decadência física e Popenoe (1951) mostra que se deve à perda de macroporos. Após um período de 10 anos de queimada, o campo apresentou somente 25% da produção de massa verde do que antes das queimadas (Serrão, 1972).

As vantagens momentâneas que o fogo apresenta são anuladas pelas desvantagens que acarreta com o tempo, que são:

1. Empobrecimento do solo em matéria orgânica e fósforo.

2. Diminuição da porosidade do solo, com isso ocorrendo menor penetração da água da chuva, e em conseqüência maior susceptibilidade à seca.

3. Instalação de uma vegetação resistente ao fogo.

4. Diminuição da massa verde produzida, até em 75%.

4.7. Compactação do solo

A grande maioria das forrageiras cultivadas exige um solo mais ou menos solto. No capim colonião, pangola, brachiaria, estrela-africana e outros solos compactados diminuem sua massa verde, formam menos guias e chegam a desaparecer. Aqui não importa se é pelo pisoteio ou pelo impacto da chuva. As vezes a simples passagem de uma grade, melhora a pastagem, mais pode ser necessário um sub-solador. Já em pastagens mistas a compactação é

44

Page 45: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

menor devido aos sistemas radiculares diferentes. Especialmente as leguminosas conseguem manter o solo aberto. O ferrejo em lugar do pastejo contribui para o afrouxamento do solo. Algumas forrageiras como o gramão, diversos panicum de porte baixo, setárias e grama-de-seda, com seu sistema radicular muito forte, conseguem aproveitar solos compactados. No entanto perdem sua rusticidade quando são melhoradas.

4.8. Recursos pastoris na estação da seca nos trópicos

Freqüentemente usa-se a palavra: “verão” ou “inverno”, devido a que estação seca é chamada de “inverno” na Região Sul e no Norte e Nordeste “verão”. Em muitas regiões, especialmente nos cerrados, no sertão e no “lavrado”, a seca tem uma duração de 6 meses ou mais. Ela é mais severa quanto menos água penetre no solo durante as chuvas.

O problema da seca não é somente a falta de forragem verde, com conseqüente deficiência de Vitamina A nas forrageiras. Com a deficiência desta vitamina o quadro que observamos é: cegueira noturna, aumento dos casos de herpes (viroses), baixa produção de leite, distúrbios de reprodução, bezerros mortos ou natimortos, aborto no final da prenhez com retenção da placenta e problemas de pele.

Alguns consideram que a seca é o repouso natural da terra, permitindo a ascensão de nutrientes, tais como: nitrogênio, potássio e boro, os quais foram lixiviados durante as águas para o subsolo. O verdor explosivo com o início das chuvas tenta justificar esta teoria. Como o gado faminto necessita de alimento, na tentativa de salvá-lo, o criador resolve “antecipar as chuvas” com a queima da vegetação velha. Por causa da seca ocorrem então as queimadas, que formam os cerrados, que destroem as terras e que possibilitam a erosão e as enchentes.

O que é a seca: Ela é a ausência de chuvas ou a má distribuição destas?

Chuva alguma rega as plantas mas somente a água penetra no solo. Para isso o solo tem que ser permeável. O solo periodicamente queimado perde sua permeabilidade e grande parte da umidade é levada pelo vento constante. A brisa pode levar até 7.500 toneladas de água por hectare/ano. Isto corresponde à metade das águas que caem, em média nos diversos estados do Brasil e mais do que cai no agreste Nordestino. Pelo pisoteio do animal e pelo fogo forma-se uma camada compacta na superfície do solo. As plantas forrageiras permanentemente tosquiadas formam raízes superficiais, de 3 a 4cm de profundidade. Por isso plantam-se forrageiras de porte alto, tais como: capim-colonião e elefante. O capim-colonião tem raízes que são ávidas por oxigênio, quando o solo começa a compactar, elas sobem à superfície e finalmente o capim morre. No capim-elefante a maior parte de suas raízes alcança 40cm de profundidade, desta forma ele tenta escapar da seca.

As plantas mal nutridas sofrem mais com a seca. Sua seiva torna-se fina e aguada, que se perde por transpiração. Já as plantas bem nutridas possuem uma seiva celular viscosa e grossa, que dificilmente perde sua água. Com isso elas gastam 4 vezes menos água para a formação de um Kg de M.S., do que as plantas mal nutridas.

Para uma boa nutrição a planta necessita de nutrientes no solo, água para sua dissolução e absorção de oxigênio no solo, para sua metabolização. Pelas queimadas rotineiras, a quantidade de água que penetra no solo é mínima e as raízes da maioria das plantas são superficiais. Existem capins bem mais sensíveis à seca que outros. A brachiaria suporta bem a seca, mas somente quando o gado não a pisoteia. No momento que ocorre o pastejo, ela começa secar em poucos dias. O mesmo ocorre depois de geadas. O capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa) mesmo durante uma seca bem forte se mantém verde quando pastado e mantido baixo e quando queimado rebrota bem. Já o capim gordura (Melinis minutiflora) quando queimado durante a seca, não rebrota mais e morre. Assim a escolha das forrageiras e o tratamento das mesmas são importantes, e geralmente quem não mora na propriedade, e que na maioria das vezes não possui experiência, fica exposto ao manejo dos trabalhadores (peões) da fazenda, podendo resultar em fracasso da atividade.

O grande recurso a ser empregado nos trópicos são as leguminosas arbóreas ou arbustivas, plantadas nas pastagens e nos quebra ventos. As árvores forrageiras colocam-se geralmente em faixas e/ou em “ilhas” distribuídas pela pastagem, enquanto os arbustos se “salpicam”, isto é, são irregularmente distribuídos pelo campo. Em pastagens com quebra-ventos e arbustos salpicados o capim sofre menos com a seca e o gado encontra aqui um grande recurso de suplementação alimentar, comendo as folhas e vagens das leguminosas na época da seca. Um outro sistema de enfrentar a seca é deixar crescer o capim e roçar faixas de 5 a 6m de largura deixando em pé outras faixas de largura idêntica. Nas faixas roçadas o gado encontra suas proteínas e nas faixas de capim mais seco, a fibra.

4.9. Problemas das pastagens plantadas

Entre os prolemas encontramos a formação de pastagens em solos utilizados na exploração de monoculturas (algodão, etc.) com conseqüente decadência do solo pela extração de nutrientes do solo pelas culturas empregadas. Em tais condições, com um manejo inadequado do solo se observa o apareciemento de pragas que são responsáveis pela aniquilação da pastagem. Quando se utiliza o fogo na limpeza do solo, se agrava mainda mais o problema. Observa-se então o aparecimento de “pragas” ou doenças que aniquilam a pastagem. A cigarrinha (Zulia entreriana) tem sido uma das doenças responsáveis pela destruição de pastagens já implantadas, sendo reportada no Brasil e em muitos países do orbe. Ataca as braquiárias, pangola, colonião, napier, jaraguá, capim angola e até a cana de açúcar. O controle mais

45

Page 46: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

efetivo desta doença tem sido orientado coma pulverização de Metarrizum anisoplae, em que fungoo ao penetrar nas larvas, causa a morte das mesmas. Outra forma de tratamento da mesma, tem sido a utilização de um manejo riguroso da pastagem, que a mantendo baixa, permite a penetração dos raios solares com conseqüente morte das cigarrinhas. Recomenda-se também suprimir obrigatóriamente o uso do fogo, para a preservação do Metarrizum anisoplae. Também se recomenda a utilização de forrageiras resistentes à cigarrinha.

Outro problema da pastagen plantada tem sido o ataque da colchonilha (Antonia graminis) que encontra como fatores predisponentes: solos compactados que impedindo a penetração de água, dificultam a solubilidade do cálcio. Recomenda-se nestes casos melhoria da permeabilidade do solo.

O ataque de lagarta Curuquerê-dos-capinzais (Mocis laticipes e Spodoptera frugiperda) conhecida como lagarta militar ou mede palmo, também se constitui em um problema serio da pastagem plantada. Difunde-se primeiramente em monoculturas (pangola). A pulverozação com Bacillus thurinquiensis eliminam o ataque. O manejo da pastagem também auxilia no tratamento do problema, isto porque ela não suporta insolação direta, superpastoreio e o roçado dos pastos.

As saúvas ou formigas cortadeiras (Atta spp.) também se constituem em um problema da pastagem plantada. Entre as pragas mais temidas no mmundo, é considerado um sério problema devido a que podem cortar alqueires em uma noite. Um dos fatprtes predisponentes é a utilização do fogo na limpeza das pastagens, pois destroem a matéria orgânica do solo, a micro e macro-flora do solo e mcrovida. Desta forma destuindo-se toda essa vida terrícola do solo destrói-se também as formigas carnívoras (Penericona spp.), la-pés (Solenopsis saevissima) e (Paratrechina fulva), caçadores de saúvas. Recomen-se o manejo correto do solo e o uso de Mirex.

Os cupinzeiros também são uma séria mameaça às pastagens plantadas. Eles não danificam a pastagem, mas ocupam grandes áreas das terras. Os mesmos aparecem em campos rotineiramente queimados, com conseqüente perda de matéria orgânica. Para o controle se recomenda o manejo correto do solo, com supressão das queimadas, isto porque, com a volta da vida terrícola, os cupins são caçados pelas formigas carnívoras (Penericona spp.)

Percevejos (Bilsus leucopterus) introduzidos dos U.S.A (1975) atacam o milho e até a erva cidreira. Para o controle se conhe-se apenas o controle químico, não bem sucedido. O fogo controlado poderia ser uma alternativa.

O ácaro vermeljho (Tetranychus telearius) é responsável pelo ataque às leguminosas. Pode ser tratado com roçado e fogo controlado.

Gafanhotos migratórios (Schiistocera americana) atacam as pastagens pobres, próprias de solos compactados frequentemente invadidos pelo capim favorito (Rhynchelytrium roseum), apelidado de capim gafanhoto. O controle direto é difícil, pois quando descoberto já é tarde para combatê-lo. O bom manejo do solo e da pastagem, se mconstituem em intrumento para seu controle.

Para evitar ou minimizar o aparecimendo de doenças e/ou prtagas, se aconse-lha a preservação do ecossistema, isto é, não se deve causar desequilíbrio biológico. O uso de de coctéis formados por grtamíneas e leguminosas, além de melhorar a qualidade da pastagem e condições dos solos, impedem a implantação de pragas em maior escala, bem como o aparecimento de ecótipos, invassoras adaptadas a determinadas condições.

4.10. Calagem do solo

As pastagens raramente necessitam de correção de solo, mas sim da aplicação de Ca. O pH ótimo para as pastagens está entre 5,3 e 5,6. Em pH maior, muitos micronutrientes serão ligados, prejudicando o desenvolvimento animal. Existem muitas forrageiras que crescem em pH bem menor, como: Andropogon, capim-rabo-de-burro, as espécies de Axonophus, como grama-missioneira, grama-larga, etc. e também leguminosas tropicais como: puerária, indigóferas, guandu, mucuna, estilosantes, etc.

Geralmente aumenta-se o teor em Ca na forragem pela consorciação com leguminosas e no solo por uma fauna terrícola ativa, uma vez que minhocas, milipés e outros possuem glândulas calcíferas, as “glândulas morrem”, com que “calcificam” seu ambiente, aumentando os valores de cálcio trocável. Estes animais assentam-se quando não há queimadas e o solo está coberto pela vegetação, ou ainda quando existe matéria orgânica morta, que se consegue pela roça dos campos.

A finalidade de uma calagem nas capineiras, é fornecer cálcio e magnésio ao solo, de modo que somente os calcários dolomíticos deveriam ser usados. Calcário com menos de 12% de óxido de magnésio é inadequado. A calagem de uma pastagem nunca deverá ser elevada, deve estar ao redor de 1.000 a 1.200kg/ha (2,4 a 2,9ton/alq) para não fazer desaparecer forrageiras existentes, modificarem o pH e fazer desaparecer animais benéficos. Em pastagens destinadas ao gado leiteiro, onde há exportação considerável de minerais, pode ser uma prática necessária, principalmente quando o manejo da pastagem não foi muito bem conduzido, diminuindo a participação de leguminosas que deveriam fornecer cálcio ao gado.

46

Page 47: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

4.11. Adubação da pastagem

A adubação rotineira de uma pastagem sempre será cara e antieconômica. No Rio Grande do Sul diz-se: “a adubação baixa o rendimento do pasto”. Por quê? Vejamos pastagem não é agricultura. É um ecossistema muito delicado, e cada planta que aparece na pastagem nativa é indicadora de alguma condição do solo. Quando modificamos este sistema drasticamente, muitas plantas desaparecem e outras surgem. Pode ocorrer que plantas bem assentadas desapareçam pela adubação, mas as que surgem, não encontram ainda seu ótimo nas condições criadas. Serão fracas e sem desenvolvimento. A forragem piorou.

Há a afirmação que a adubação não penetra no solo pastoril. Isto é verdade em pastos queimados e com uma terra sem vida. Quem deve fazer a terra permeável são os meso e macro animais do solo, pois eles transportam parte do adubo. A sua inexistência, tornam difícil a penetração do adubo.

A adubação do terreno só deve ser feita quando a forrageira for carente. A carência aguda de P manifesta-se:

1. Pelo ciclo vegetativo curto. O capim ou a grama formam poucas folhas, soltando sua inflorescência muito cedo;

2. Pela falta ou desenvolvimento deficiente de guias em capins decumbens, como brachiaria, estrela, pangola e outros;

3. Pelas invasoras típicas de solos pobres e pela ausência de leguminosas.

Existe também a deficiência induzida pelo adensamento do solo ou queima rotineira. Nestes casos a adubação nada resolve. Porém é fácil determinar a causa do desenvolvimento fraco das forrageiras. Toma-se uma raiz de forrageira com auxílio de enxadeco ou enxadão. Quando a raiz é bem desenvolvida até uns 15 a 20cm de profundidade, a planta sofre de deficiência mineral e precisa de adubo. Quando a raiz é fraca, raquítica, retorcida e superficial, o problema é compactação do solo e a medida mais urgente é a passagem de uma grade pesada ou um subsolador, afrouxando a terra até uns 20cm.

4.11.1. Adubação fosfatada

Fósforo é o nutriente mais importante na pastagem. Em pastagens queimadas a tendência é a diminuição da absorção do Ca e P. Haverá então deficiência. A adubação fosfatada aumenta até 4 vezes a produção de massa verde. Nas pastagens usadas extensivamente basta abolir as queimadas e introduzir sementes de leguminosas, adaptadas à região, piluladas, ou peletizadas com farinha de ossos ou hiperfosfato. Raramente será necessária uma aplicação com 120 a 200kg/ha de termofosfato.

As leguminosas aumentam o teor de fósforo no solo. Exemplo: a Puerária aumenta o teor de P de 5 a 42mg por cada quilo de terra; feijão-miúdo, de 2 a 20mg/kg.

Nas pastagens com uso intensivo, com manejo rotativo, a aplicação de fosfato pode ser necessária. O fosfato usado deve ser sempre de ação lenta, mas prolongado, como o Hiperfosfato, Termofosfato, ou por indicação da análise do solo. Geralmente aplicam-se de 120 a 200 kg/ha, ou seja, 300 a 500kg/alqueire, o qual deve ser suficiente para 4 anos. Quando a deficiência de fósforo aparece antes, alguma coisa no manejo anda errada.

Nunca se deve aplicar fosfato sem que haja necessidade pronunciada na pastagem, ou seja, quando as forrageiras encurtam muito seu ciclo e aparecem com folhas purpuradas e roxas. Caso contrário é antieconômico. Nos solos arenosos e muito pobres em P, parece mais econômico implantar leguminosas robustas, bem ambientadas e destiná-los à engorda. Nesses solos a cria é problemática, exigindo quantidades de P muito elevadas, as quais tornam a atividade antieconômica. Também não adianta querer plantar aqui capins exigentes em fósforo, como a pangola e a estrela-africana.

Um mecanismo muito útil e prático é produzir aquilo que o solo permitir. Em terras ricas, cria e gado leiteiro são indicadas, em terras pobres, a engorda é mais indicada. A adubação nunca deve ser um método utilizado para introduzir forrageiras inadequadas para o solo. Ela só deve ser utilizada para corrigir deficiências que possam aparecer após o uso intensivo da pastagem que esgotou o solo, apesar de um manejo bem conduzido e a consorciação de gramíneas e leguminosas. A época para aplicação de P, é sempre no início da primavera, isto é, no início das chuvas regulares.

4.11.2. Adubação nitrogenada

O nitrogênio no sistema de produção pastoril pode ser introduzido através da fixação simbiótica e assimbiótica, sendo não somente as leguminosas aptas a fixarem nitrogênio através das bactérias noduladoras; mas também as gramíneas possuem no seu espaço radicular bactérias fixadoras, como o Azotobacter ou Spyrillum, Mycorrhizas e outras, que em condições favoráveis, podem fixar até 150kg de nitrogênio por hectare/ano.

47

Page 48: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Com a rebrota das gramíneas forrageiras ocorre em base as reservas de carboidratos, que pela aplicação de nitrogênio são parcialmente gastos para o crescimento, pode-se concluir que o uso rotineiro de nitrogênio em pastagens enfraquece as forrageiras. Ao mesmo tempo transportam-se menos carboidratos para as raízes, que ficam menores e tornam a planta mais susceptível à seca (CORSI, 1975). Por outro lado aumentam a perfilhação de folhas e a área destas, produzindo mais matéria orgânica, significando uma ocupação melhor do terreno; aumenta igualmente o teor em proteínas no vegetal. Pode-se concluir que uma adubação nitrogenada não deve ser rotineira, mas somente exceção, usada com a finalidade de aumentar a resistência das plantas ao frio ou de provocar uma ou outra vez a brotação precoce de um piquete.

O nitrogênio na pastagem deve provir de leguminosas e de um manejo adequado da pastagem, que permita a fixação por microrganismos de vida livre na decomposição de matéria orgânica. Nas pastagens rotineiramente queimadas esta fixação ocorre deficientemente ou sua falta. Nas forragens, as leguminosas devem fornecer as proteínas que ainda faltarem nas gramíneas. Na pastagem consorciada com leguminosas e manejada com rodízio racional, geralmente dispensa-se a adubação nitrogenada.

Em pastagens com uso muito intensivo em rotação com gado leiteiro, que somente permanece por algumas horas no pasto, o nitrogênio pode faltar. Para gado de corte, que permanece na pastagem, defecando ali, o retorno de nitrogênio ao solo é considerável e pode ser até excessivo, como ocorre em lotações até de 200 animais/ha por um dia, deixando 8ton de excrementos em cada passagem.

Normalmente usa-se nitrogênio para corrigir problemas de escassez de forragem no inverno ou início da primavera.

A finalidade de uma adubação nitrogenada deve ser:

1. Aumentar a pastagem verde durante o inverno no sul, e durante o início da seca no Brasil Tropical.

2. Proporcionar uma rebrota mais cedo na primavera, ou início das chuvas.

O nitrogênio deve ser aplicado antes que os pastos sequem. Normalmente a pastagem se conserva mais verde quando recebe nitrogênio e rebrota mais cedo. Recomenda-se o uso de nitrogênio somente para áreas de pastejo rotativo racional e nunca em pastagens extensivas, onde existe o perigo de intoxicação do gado por fungos que se assentam embaixo na forragem alta e densa, produzindo ácido oxálico que intoxica o gado.

Como o nitrogênio enfraquece a planta, por esgotamento de reservas, nunca deve ser aplicado dois anos consecutivos na mesma área. Em solos muito pobres uma adubação nitrogenada até pode prejudicar as forrageiras. Somente em solos com quantidades suficientes dos outros nutrientes o efeito é satisfatório. Muitas vezes diminui a absorção de cálcio pela aplicação de nitrogênio, de maneira que a forragem adquire efeito descalcificante sobre os animais. Na deficiência de P e Mn a transformação de nitrogênio para aminoácidos é muito vagarosa, acumulando-se nitritos e nitratos na planta, que pode ascender até níveis tóxicos. Nunca deve esquecer-se que o enriquecimento do solo com nitrogênio se faz através de leguminosas e matéria orgânica. O adubo nitrogenado é um recurso para encurtar a escassez de forragem na estação fria no sul.

Na forragicultura pura, onde a forragem é levada ao gado, em vez de se levar o gado ao pasto, a adubação com NPK é indicada. Também a produção de forragem para ensilagem deve ser adubada. Já nas pastagens parece pouco econômica. Neste caso a escolha acertada da forrageira, sua consorciação com leguminosas, e o manejo correto da pastagem, sem queimadas, conservam e aumentam a produtividade. Leguminosas com raízes profundas, bem como diversas árvores, são capazes de recambiar nutrientes lixiviados do subsolo à superfície.

4.12. Avaliação da produtividade de uma pastagem

Considera-se produtividade de uma pastagem a capacidade que a planta tem de produzir forragem nutritiva e abundante, proporcionando máxima de produção animal.

Durante muito tempo avaliou-se a pastagem pelos teores bromatológicos de suas forrageiras, isto é, pelo teor de fibra, proteína bruta e amido. Como a abundância de massa verde também é importante, tem-se realizado ensaios de corte pesando-se a forragem produzida. Com este procedimento chegou-se à “melhor forrageira”, aquela que tinha produção abundante e teores admiráveis de amido e proteína. Mas como o teor de substâncias nutritivas em uma forrageira depende do solo em que foi plantada, fizeram-se ensaios de forrageiras em blocos sorteados, submetidos a diversos tratamentos, como de calagem, adubação, cortes mais ou menos freqüentes e em alturas diferentes. Só que os erros são grandes devido a falta de pisoteio e à uniformização dos cortes. Por exemplo: o capim-colonião produz mais quando cortado de 60/60 dias, enquanto que a grama-forquilha produz mais quando cortada de 24/24 dias. Assim a comparação das forrageiras torna-se difícil. Existe ainda a produção diferente nas estações do ano, e a maior produção nas águas somente era de valor enquanto não se mantinha gado na seca e no frio. O entrave da produção animal é a estação adversa, seca ou fria.

48

Page 49: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Hoje em dia tem-se optado pela avaliação da pastagem relacionada com o “desempenho animal”, isto é, sua produção de carne, leite e lã por hectare. Usam-se forrageiras diferentes e manejam-se lotes de animais de idade, raça, peso e sexo idênticos. Normalmente a avaliação é feita na estação das águas e na seca ou, na região sul, no frio. Estas análises esta mais perto da realidade, embora a produção animal não dependa somente da forrageira.

A produção animal depende:

1. da raça e sua adaptação ao clima e à forragem.

2. da forrageira, sua abundância, aceitação pelo animal e seu teor de minerais e aminoácidos essenciais, como também da sua digestibilidade.

3. da suplementação adequada com sais minerais.

4. da ocorrência de verminose, que baixa a utilização da forragem pelo animal.

5. da distância das aguadas, que podem exigir um gasto grande de energia, tirada da produção.

6. da sombra para as horas de repouso e ruminação.

7. do “conforto” climático sentido pelo animal.

8. do manejo rotativo racional das pastagens. O pastejo permanente terá sempre menor produção de forragem e menor valor nutritivo desta forragem.

9. da presença ou ausência de ervas que aumentam o apetite do animal.

10. da saúde dos animais na pastagem.

O valor nutritivo da forrageira varia segundo o solo, sua riqueza ou pobreza mineral e seu estado biofísico, da adaptação da planta ao solo e do animal à planta, da idade em que entra na fase reprodutiva nesse solo, e da idade fisiológica em que é pastada. As avaliações do valor de uma forragem e de sua produtividade são bem mais complexas do que a simples constatação dos quilos de forragem produzida por corte ou por hectare/ano e do teor bromatológico das forrageiras.

Uma adubação pode aumentar em muito a produtividade ou pode aumentar somente a produção de massa verde. A monocultura pode ser muito menos produtiva que uma mistura de forrageiras, tanto em quantidade como qualidade, inclusive por não conseguir manter a saúde animal. A “melhor forrageira”, isto é, a “forrageira maravilha” não existe, porque o desempenho do animal depende do solo, da forragem, da raça e sua adaptação à vegetação, e do clima.

4.13. Decadência das pastagens e suas razões

Por que a pastagem entra em decadência?

Os cuidados da pastagem são entregues aos animais, em lotação permanente:

a - as plantas mais palatáveis e mais apreciadas são perseguidas pelo gado, e nunca conseguem recuperar-se. As mesmas desaparecem.

b – animais submetem áreas da pastagem à superlotação ou à sublotação. Em ambos extremos ocorre a invasão de plantas indesejáveis como: jurubebas (Solanum maculatum), unha-de-boi (Bauhinia candicans), etc.

c - pelo pisoteio intenso compacta-se a superfície da pastagem, especialmente em épocas de chuvas. Em volta das aguadas, ao redor dos cochos e em lugares preferidos pelo gado a terra fica desnuda, e instalam-se as invasoras.

d - o repouso das pastagens, que ocorre nas fazendas invernadoras e nas áreas de estação seca, está faltando a vegetação de brotação precoce, bem se observa ausência de um programa de suplementação para a época.

Como a queimada é um método mais rápido e mais barato de realizar limpeza nas áreas, observa-se o seguinte quadro:

a - instalação de uma vegetação própria para o fogo.

b - decadência física pronunciada da terra.

c - diminuição da absorção de Ca e P pelas forrageiras.

49

Page 50: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

d - desaparecimento das espécies de animais terrícolas benéficos e aumento dos parasitas.

Assim, o pastejo permanente e as queimadas são métodos que destroem qualquer pastagem, por melhor que seja. Até os animais selvagens, impulsionados pelo instinto, migram para conservar seu alimento.

A pastagem plantada é mais susceptível que a nativa. Muitas vezes a forrageira plantada não se identifica com o meio e tem dificuldade de se manter. Monoculturas sempre são sujeitas as pragas, especialmente capins de porte alto, como o colonião, o elefante, etc., que não cobrem bem todo o solo. Assim, a exposição do solo ao sol e chuvas contribui para o aparecimento de invasoras. Finalmente estas invasoras como gramão, assa-peixe, etc. tomam conta do campo.

4.13.1. Como evitar a decadência das pastagens

Na implantação da pastagem deve-se evitar a aração profunda. Uma gradagem com afrouxamento do solo com auxílio de um “sub-solador” são muito melhores, porque não soterram a parte do solo que é estável à água.

Geralmente a decadência inicia-se nos dois anos de agricultura que a precedem. O uso de culturas consorciadas com a proteção total da terra contra o sol e impacto das chuvas, é importante. O retorno da matéria orgânica é indispensável, pois a queimada dos restolhos prejudica a pastagem que deve ser instalada.

Quando usamos forrageiras de porte alto, a consorciação com leguminosas é importante, para cobrir o solo que não é ocupado pelo capim. Desta forma o capim-colonião consorciado com soja-perene ou colopogônio proporciona uma pastagem muito mais estável e produtiva do que o capim-colonião em monocultura. O lab-lab suporta mal o pisoteio e a puerária ou galactia podem abafar o capim, por terem crescimento rápido. Em pastagens de capim-quicuio-da-Amazônia, que têm tendência a abafar as leguminosas durante a estação das águas, sendo que as leguminosas são necessárias para a estação seca, é importante o uso de leguminosas arbustivas como o guandu, pode manter a pastagem densa durante a seca.

O pastejo permanente é pernicioso em qualquer pastagem nativa ou cultivada, porque contribui para o enfraquecimento de forrageiras em algumas partes e o endurecimento em outras, provocando desta forma o desnudamento do solo onde o pastejo é mais intenso. Como sobra vegetação seca e se instalam invasoras, usa-se fogo para a “limpeza” do pasto, estimulando a brotação nova. Destroe-se com isso boa parte da vegetação pastoril, em que criam-se plantas “nativas do fogo”. Chega assim o fim de cada pastagem. O manejo rotativo do pastejo é indispensável para a manutenção da pastagem, por permitir um descanso para a recuperação das forrageiras.

As lajes no subsolo, por pisoteio pesado em períodos secos ou úmidos, pastejo permanente e o fogo são as causas primordiais da decadência da pastagem, o que muitas vezes exige a renovação, adubação e a irrigação, para superar temporariamente a decadência. O banimento do fogo, o pastejo dirigido e a consorciação com leguminosas são geralmente suficientes para recuperas as pastagens.

A escolha acertada da forrageira contribui significativamente para a vida das pastagens. Erros neste sentido, mesmo com muitas práticas, dificilmente conseguirão conservar a produtividade da pastagem cultivada. Quando a escolha é acertada pode-se criar uma pastagem permanente, sem renovações periódicas, isto, quando bem manejadas. A escolha acertada geralmente será: plantas forrageiras já existentes no lugar ou forrageiras das quais se sabe que são subespontâneas na região, como por exemplo: Azevén no Rio Grande do Sul e o capim-gordura em muitas partes do Brasil Tropical. Estas forrageiras nem sempre são as mais produtivas, mas quando associadas com leguminosas e outras gramíneas, talvez exóticas, dão boa forragem e garantem a continuidade da pastagem.

“Qualquer pastagem cultivada, após plantios agrícolas no campo, sofre decadência pronunciada após 2 a 3 anos, mesmo se foram usados ecótipos como forrageiras, isto é, forrageiras naturais da região. Quando a pastagem for manejada em rotação, a decadência será menor”.

4.14. Nutrição mineral e adubação de pastagens e capineiras

Áreas de pastagens que constituem um ecosistema com caractrerísticas químicas e físicas, que necessitam de cuidados para manter a disponibilidade de nutrientes exigidas pelas plantas forrageiras. Desta forma, o uso adequado de nutrientes minerais, se constitue em um dos fatores necessários à produção de forrageiras, devendo atender: sementes, umidade, aeração, temperatura, luz, pragas, doenças, microrgasnismos e manejo do solo, para alcançar um bom rendimento e alta produção da forrageira plantada.

Assim, as pastagens tratadas com fertilizantes que atendem às necessidades indicadas pela análise do solo, proporcionam bons teores de proteína, carboidratos e minerais que atendem às exigências nutricionais dos ruminantes, uma das formas mais baratas de produção dos herbívoros.

4.15. Acidez do solo

Para conhecer a acidez do solo, é usado um indicador de pH, que é uma medida que proporciona a concentração de íons de hidrogênio H+ encontrados no solo. Para medir o pH, é utilizada uma escala de números de um a 14. Quando

50

Page 51: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

pH está abixo de sete (neutro) a terra é considerada ácida e acima de sete, alcalima. A variação de uma unidade no pH corresponde a um aumento de 10 vezes na acidez. O pH médio das terras de pastagens no Brasil é da ordem de 5,5 e nos cerrados, varia entre 4,8 e 5,2.

O principal responsável pela acidez do solo é o Al trocável, em que a argila composta principalmente de alumínio e silício, sofre decomposição ao longo do tempo, traslocando o alumínio (interno) para parede externa (forma trocável).

4.15.1. Amostragem do solo para análise química

A análise do solo tem como objetivo conhecer o nível de fertilidade so solo, o que orienta a adubação correta, atendendo-se às características do solo e da planta, sempre se atendendo o emprego racional de calcáreo e do adubo indicado.

4.15.1.1. Coleta da amostra.

A quantidade de amostra varia de acordo com a área, como da seguinte forma:

Área do talhão (ha) Nº dea mostras simples por talhão

Até três 15

De três a cinco 20

De cinco a sete 25 a 35

FONTE: Comissão de fertilidade do solo do Estado de Minas Gerais (1978)

A amostragem deve ser aleatória, em ziguezage, homogeiinidade de área atendendo-se a topografia, textura, cor, gevetação e sua exploração em anos anteriores. O procediemto não difiere do utilizado para análise de solo para exploração agrícola.

4.15.1.2. Profundidade de retirada da amostra simples de solo

Quando o solo é usado na exploração de capineiras e pastagens, a profundidade sew deve atender a profundidade de 20 cm. Já nas regiões que registram solos com alto teor de alumínio, é recomendado realizar algumas amostragens de 20 a 40 cm. No início dos trabalhos em determinada área (pré-amostragem).

4.16. Determinação da necessidade da calagem

A análise de solo me o instrumento utilizado para conhecer a necessidade de calcário no solo. Também se deve obedecer à maior ou menor susceptibilidade das forrageiras à acidez do solo. O método denominado: Elevação de Saturação de Bases é um dos mais utilizados por oferecer um critério analítoco seguro.

4.16.1. Aplicação de calcáreo

Esta prática tem como objetivo, neutralizar os excessos de alumínio e manganês, fornecer cálcio e mangnésio, garantir o aproveitamento dos elementos (N, P e S), manterem um pH adequado à flora microbiana e melhorar as propriedades físicas do solo.

4.16.2. Época e profundidade da calagem

Para a formação de uma pastagem, a aplicação de calcário deverá ser realizada pelo menos 30 dias antes da adubação do plantio. Para incorporar o calcário ao solo se deve utilizar uma grade pesada logo após sua aplicação, com uma profundidade de 20 cm.

4.17. Necessidades e aplicação de macronutrientes em solo destinado ao plantio de forrageiras

A prática de adubação em terras destinadas ao plantio e cultivo de forrageiras é um procedimento delicado quando comparado com o cultivo de cereais. Isto porque a prática cultural sobre exigências e formas de aplicação de fertilizantes em cereais é muito mais conhecida.

4.17.1. Adubação nitrogenada

51

Page 52: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

O N se constitui em um elemento determinante na produção de matéria seca pelas plantas forrageiras, por atuar na síntese de proteína e enzimas, além de tornar-se um constituinte da clorofila.

O nitrogênio atmosférico se apresenta em forma com teor meio de 78% sob a forma de gás inerte (N 2), podendo ser incorporado ao solo por descargas elétricas ao ser transformado em N3 ou através das chuvas na forma de NH3, NO2

e combinação orgânica. A fixação do nitrogênio também pode ocrorrer através de microrganismos livres no solo, como algas e certas bactéias. No entanto, as formas mais seguras com capacidade de fornecer as necessidades das gramíneas e leguminosas são: fixação simbiótica (Rizobium spp. x leguminosas) e Spirilium liporeum x gramíneas e ainda pelo emprego de adubos nitrogenados.

4.17.1.1. Época de aplicação do nitrogênio

Se deve considerar:

1. O período de final das águas, prolongando o período de pastejo e maior produçã de Matéria Seca (MS) durante o período de escassez de forragem.

2. Durante as águas visando-se produzir o máximo de forragem para ser utilizado no período da seca.

Na aplicação do N se recomenda o parcelamento, em função das perdas por lixiviação, principalmente em solos arenosos. O parcelamento da quantidade de N em pastagens e capineiras (50 a 200Kg/ha/ano) deve dividir-se no mínimo em três aplicações. Para capineiras, a primeira aplicação deve ser realizada no início das chuvas e, as demais ficarão na dependência do número de cortes, porque as adubações posteriores deverão ser após cada corte. Uma boa prática, adicionar o K ao N a ser colocado em uma mesma aplicação, já que isto diminui os custos e facilitam a prática de dosar as quantides a serem utilizadas.

4.18. Adubação fosfatada

Solos brasileiros por serem pobres em P disponível para as plantas, chamam a atenção para atender a necessidade de aplicação deste elemento. Esta baixa disponibilidade também guarda relação com o baixo pH do solo e o elevado teor de sesquióxido de Fe e Al, o que leva à retrenção do P em forma sólida, pouco solúveis, sendi indisponível para as forrageiras.

As gramíneas necessitam de P para a respiração, transporte de energia, síntese de proteína e carboidratos, bem como para o enraizamento e perfilamento destas plantas. A carência deste elemento no estabelecimento do “stand” prejudica consideravelmente o desenvolvimento das forrageiras.

4.18.1. Método de aplicação do P

O P se aplica no plantio de forrageiras para favorecer o desenvolvimento das raízes. No caso do plantio de capineiras, como as diferentes espécies utilizadas são plantadas por mudas, abre-se sulcos ou covas onde é aplicada a adubação fosfatada. Para o caso da adubação de capineiras já formadas, recomenda-se o rebaixamento das forrageiras através de pastoreio intenso, ou por roçadeira e, posteriormente atravé de aplicação manual (lanço) ou com auxílio de distribuidora de calcário. A incorporação com grades deve atender o estado cultural da capineira.

Quando a semeadura do campo é realizada com máquinas, o P será incorporado logo abaixo e ao lado da semente. Com este procedimento, sua distribuição é realizada em linha, favorecendo sua disponibilidade para as plântulas, o que permite menor benefício às invasoras que aparecem entre as linhas.

4.19. Adubação Potássica

O K é indispensável para:

1. Síntese de carboidratos e neutralização de ácidos orgânicos.

2. Neutralização de ácidos orgânicos.

3. Metabolismo vegetal.

4. A fotossíntese.

4.19.1. Aplicação de potássio

Quando a nálise de solo reporta baixos níveis de K no solo, será necessária sua aplicação na época do plantio das forrageiras. Se as análises são indicativas de níveis razoáveis de K no solo, o melhor período de sua aplicação seria na época de adubação.

4.20. Adubação com enxofre

Este elemento é considerado um macronutriente de grande importância, por ser constituinte essencial das proteínas das forrageiras. As leguminosas são mais exigentes em K do que as gramíneas. As necessidades de S parecem oscilar entre 10 a 40 Kg de S/ha, entretanto, quando são utilizados o sulfato de amônio ou superfosfato simples, tais

52

Page 53: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

necessidades são usualmente atendidas. Observa-se carência deste elemento, quando as pastagens não sofrem adubação fosfatada há anos.

4.21. Deficiências de macronutrientes

Macronutirentes são importantes para o bom desnvolvimento e qualidade das pastagens. Daí sua importância para alcaçar bons resultados.

4.21.1. Nitrogênio

Sua deficiência leva a pobre desenvovimento vegetativo, incidindo no perfilamento da planta. Sua deficiência se expresa pela presença de folhas verde-claras, amarelando do ápice até a base, alcançado as tembém, as nervuras. Nas folhas mais velhas observa-se necrose. Conforme o ciclo da planta pode ser observado ausência de inflorescência.

4.21.2. Fósforo

Na sua deficiência encontramos: folhas verde-intensa no início, as que vão necrosando. Isto é observado tanto nas folhas novas, como nas velhas; embora o perfilamento pareça normal.

4.21.3. Potássio

Sua carência leva à diminuição do crescimento e perfilamento, clorose nas folhas, iniciando-se pelo ápice alongando-se para as bordas, as que secam e caem.

4.21.4. Enxofre

Sua deficiência ocasiona o aparecimento de folhas e nervuras verde-claras, muito semelhantes à deficiência de nitrogênio.

4.21.5. Cálcio

Sua carência leva ao aparecimento de folhas novas de coloração verde-amarelado, clorose em faixas longitudinais em folhas médias e necrose das folhas velhas.

4.21.6. Magnésio

A deficiência deste macroelemento leva à clorose nas folhas mais velhas, porém com desenvolvimento quase que normal.

4.22. Necessidades e aplicação de micronutirnetes em solos destinados ao cultivo e exploração de forrageiras

Estes minerais a pesar de ser exigidos em menor quantidade pelas plantas forrageiras, são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, sendo indispensáveis para a produtividade e vida das plantas. A aplicação de micronutrientes na adubação de pastagens e capineiras, ainda têm sido pouco esclarecidas, sendo também pouco reportado. Isto porque suas deficiências em pastagens adubadas e bem manejadas, não se encontram freqüentemente. Desta forma sua deficiência torna viável sua aplicação, através do suprimento no solo ou pela via folhar. Cabe resaltar que a disponibilidade destes nutrientes no solo decresce na medida em que o pH for superior a 5,0. Desta forma, quando a pH for inferior ou igual a 5,0, se podem observar problemas de toxidez nas plantas forrageiras, isto devido a sua grande disponibilidade. Por isso quando é realizada a calagem do solo, para correção do pH, se deve observar que o mesmo não ultrapasse 7,0 para que haja diminuição da disponibilidade dos mesmos.

4.22.1. Molibideno

Este elemento é de grande importância no metabolismo do nitrogênio das plantas forrageiras. Daí sua grande importância para as leguminosas devido ao papel que desempenha no processo de fixação de N pelos nódulos das plantas. É pouco abundante no solo e na planta, sendo encontrado na solução do solo sob a forma trocável e adsorvido ao óxido e hidróxido de ferre e à maéria orgânica. Seu excesso leva à diminuição do potássio, o que pode acontecer quando o pH do solo for alcalino.

4.22.2. Boro

Este mineral torna-se importante no crescimento das raízes e pontos de crescimento das plantas forrageiras. Sua importância radica no fato de se ligar aos componentes da membrana celular. Depois do Mo, talvez seja o micronutriente mais importante na nutrição de forrageiras, eszpecialmente das leguminosas. O Mo é muito sujeito à lixiviação. Sua disponibilidade é limitada devido ao baixo nível do mesmo no solo, pela alcalinidade do solo, pela pobreza do solo em matéria orgânica e pela seca extrema e pela alta precipitação.

4.22.3. Cobre

53

Page 54: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

É de grande importância na síntese protéica e fotossíntese das plantas forrageiras. Sua deficiência pode estar ligada à carência do mineral no solo, solos com aplicações fosfatadas e nitrogenadas excessivas, em solos com alto teor de matéia orgânica e de pH alcalino.

4.22.4. Zinco

O zinco é um micronutriente importante na formação de compostos promotores e reguladores do crescimento das plantas forrageiras. Sua deficiência é decorrente do baixo nível disponível no solo, alto pH, níveis excessivos de P no solo, solos erodidos e solos turfosos.

4.22.5. Ferro

Elemento de grande importância na síntese de proteína das plantas forrageiras. É componente da leghemoglobina (proteína semelhante à do sangue animal) que se encontra presente nos nódulos que se fixam a raízes das leguminosas, compostos de bactérias simbióticas do gênero Rhizobium.

4.22.6. Manganês

Este mineral é importante para a formação da clorofila, bem como na formação, multiplicação e funcionamento dos cloroplastos. Após o ferro, é o micronutriente que aparece com maior proporção no solo. Sua maior disponibilidade acontece quando o solo apresenta baixa aereação e quando o pH for inferior a 7,0.

Sua deficiência é decorrente de: pH neutro ou alcalino, baixo nível de manganês no solo e condições que propriciem sua oxidação. Altas aplicações de adubo fosfatado e/ou nitrogenado em solos ácidos com baixa quantidade de matéria orgânica podem dar origem a excesso deste mineral nas plantas forrageiras.

4.22.7. Cloro

Há pouca informação ao respeito deste microelemento. Por tal motivo, não tem sido reportado sintomas de sua carência em condições de exploração de pastagens no campo. É provável que com a aplicação de adubos que normalmente contenham cloro, sejam atendidas as necessidades das plantas forrageiras.

Recomendações de micronutrientes em pastagens:

As aplicações de micronutrientes são apresentadas no quadro a seguir.

Micronutrientes Kg/ha

Molibideto de amônio ou sódio 0,5

Borato de sódio (Bórax) 8,0

Sulfato de cobre 7,0

Suylfato de zinco 7,0

As aplicações aqui indicadas, sera talvez necessária sua aplicação de quatro a cinco anos após o plantio das forrageiras. As aplicações folhares também suelem ser eficientes.

4.23. Correção e adubação de solos destinados a exploração de forrageiras

Consideram-se necessário a correção e adubação de solos destinados à explortação de plantas forrageiras quando:

1. A calagem assim o indique.

2. A análise de solo reporte níveis inferiores a 18 ppm de fósforo e 80 ppm de potássio.

3. Haja uso intensivo de capineiras destinadas ao corte.

4. Não seja adotada a adubação orgânica das capineiras.

5. Perda de nutrientes do solo e das plantas forrageiras.

Entre as principais causas de perdas de minerais do solo podemos citar a erosão, a lixiviação e crescimento das plantas forrageiras. As pedas por lixiviação ocorrem com maiores intensidades em regiões de climas com altas precipitações, nas quais os solos são de textura leve.

Quando comparamos uma área detinada a produção de forragens, observa-se uma maior retirada de minerais do solo pelas forrageiras em relação às das plantas produtoras de grãos.

54

Page 55: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Principais formas de retirada de nutrientes do solo:

1. O nitrogênio, cálcio e potássio por lavagem do solo, crescimento dos ossos, produção de leite e colheitas para fenação, silagens e capineiras de corte.

2. Fósforo: por fixação ao solo, produção de leite e colheitas.

3. O cultivo da terra impede a atividade de micorganismos.

Não podemo evitar a perda de nutrientes em 100%, mas sim podemos dimunui-las adotando-se um bom manejo da pastagem.

5. USO DE LEGUMINOSAS NA RECUPERAÇÃO DAS PASTAGENS

O uso de leguminosas nas pastagens tem como objetivo a recuperação e melhoramento de pastagens degradadas. As leguminosas constituem uma excelente fonte de proteína para os ruminantes e por tal motivo, sua utilização têm sido pesquisada e utilizada em diversoa países e também no Brasil. O interese maior tem sido dedicado às espécies perenes (mais sobre a forma arbustiva), embora também sejam utilizadas as rasteiras, como a puerária (Pueraria javanica Benth ou Pueraria phaseoloides Roxb. Benth) e o amendoim forrageiro (Arachis pintoi) procurando-se desta forma a produção de um alimento mais balanceado e de baixo custo. Também tem sido explorada a formação de bancos de proteína de leguminosas arbustivas com a utilização de leucaena (Leucaena leucocephala) e guandu (Cajanus cajan), etc. Na nossa região a utilização de puerária e amendoim forrageiro, têm sidi promissor, tanto pelo fornemento de proteína, quanto pelo seu efeito melhorador na recuperação de pastagens em solos degradados.

6. CONSERVAÇÃO DE FORRAGEM

Vários são os procedimentos utilizados na alimentação de ruminantes. Dentre os mais utilizados citam-se:

6.1. Fenação

6.1.1. Conceito

A fenação é um dos procedimentos utilizados para conservação de pastagens destinadas à alimentação de animais nos períodos de entre-safra, na escacéz de forragem. Também é uma prática que auxilia a alimentação de eqüinos, alimentação no confinamento, para estímular o desenvolvimento do rumem de bezerros destinados à formação de plantéis de produção. É um procedimento mais indicado para regiões de clima frio ou temperado, onde pela estação rigurosa, há necessidade proporcionar alimento de uma qualidade durante o esse período de estação.

A fenação deverá ocorrer quando exista excesso de forragem em piquetes, como conseqüência de um manejo rotativo racional. Assim considera-se um subproduto de pasto rotativo. As forrageiras grossas como capim Guatemala, capim colonião, capim elefante e outros, nunca deveriam ser considerados para fenação, por serem de secagem demorada e difícil, evitando-se o auto-aquecimento do feno.

Para fenação são mais indicados os capins finos, como Rhodes, Pangola, Estrela-africana, Jaraguá e especialmente as leguminosas, como Lab-lab, Centrocema, Trevos, etc. Entre as gramíneas forrageiras tropicais mais utilizadas tem sido reportado: coast-cross, estrela africana, crachiarias, sendo reportado com um feno de excelente qualida, o produzido com capim pangola (Digitaria decumbens) etc. Com relação ao uso de leguminosas, citam-se: soja perene, centrocema, galactia, siratro, etc. Cabe lembrar que éstas forrageiras quando são submetidas a desidratação a campo, perdem muita folha levando à diminuição da qualidade do feno.

A produção de feno encotra sérias limitações devido a que quando as forrageiras estão aptas para a produção de feno, a ocorrência de chuvas limita a execução de tal prática. Na nossa região o problema não se resolve com tal prática, e sim com adequado manejo das pastagens. O secado artificial, embora possa ser uma prátca a ser adotada, encarece os custos de produçã do alimento.

O ponto exato para a fenação é no início da floração dos principais capins. Como a fenação, no pastejo rotativo, se visa o acumulo de reservas na planta, o ponto de corte deve ser mais tarde, ou seja, por volta do fim da floração. Neste estado a planta é bem mais pobre em proteínas, mais ainda constitui um suplemento bom para o gado, principalmente quando provém de pastagens com capins e leguminosas consorciadas.

O problema máximo é o secado. No Rio Grande do Sul, onde o verão é relativamente seco, ainda é mais fácil. Em região de clima tropical, onde as chuvas do verão são quase diárias, é quase impossível. O capim cortado que recebe chuva, perde quase todo o seu valor nutritivo. Em países do Hemisfério Norte, onde a fenação é obrigatória, a forragem cortada é transportada para secadores, onde é desidratada. Nos Estados Unidos, no Texas, o feno é secado a campo em medas de até 4 metros de altura, operação realizada no campo. As mesmas são cobertas com plástico e

55

Page 56: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

cercadas com arame farpado. A cerca de arame é retirada da meda quando a ela está liberada para consumo animal. No nosso meio, a plantação de forrageira para fenação não faz muito sentido. O que deve ser realizado é o plantio de capineiras consorciadas com leguminosas. Feno de plantas forrageiras pobres não vale a pena, já que perde parte de sua digestibilidade durante o secado. Os fenos de maior qualidade são os de leguminosas.

Não podemos considerar feno o capim cortado após a sementação e o capim secado em pé, já que ambos não passam de palha e devem ser usados como tal.

No nosso meio a fenação se justifica quando é de leguminosas e é destinado ao gado leiteiro ou para a alimentação de eqüinos, sempre que sejam colhidos na própria fazenda e quando o criador está acostumado a avaliar o estado nutritivo desse feno. Como os processos enzimáticos nunca param completamente, a partir de três meses de estocagem o valor inicial de proteínas cai consideravelmente.

O valor nutritivo do feno depende:

1. Das forrageiras utilizadas para a fenação.

2. Da idade em que as forrageiras foram cortadas.

3. Da rapidez da secagem.

4. Do tempo de estocagem.

É importante lembrar que o feno quando não for enfardado, deve ser muito bem socado para evitar aquecimento e auto-incêndio. Geralmente usa-se de 5 a 8 Kg de sal por tonelada de feno para evitar o aquecimento.

A secagem possui efeito pronunciado sobre o valor de proteínas digestíveis: a secagem rápida = 7,42% e a secagem lenta = 5,89%.

Um bom feno deve apresentar as seguintes características:

2. Coloração esverdeada. Quando está marrom perdeu muito de seu valor nutritivo e de sua digestibilidade.

2. Cheiro fresco e agradável. Quando está mofado, falta-lhe o cheiro próprio, o que é indicativo de que seu valor está alterado.

3. Elementos estranhos como poeira, plantas lenhosas, etc., desclassificam o produto.

6.1.2. Produção de feno por hectare

Dependendo da forrageira e das pastagens, podem-se colher entre 0,5 e 20 ton/ha de feno. Em condições normais o feno constitui 1/5 da forragem verde, isto é, 10 ton de forragem verde cortada fornecem 2 ton. de feno. O gado chega a consumir até 15 a 16kg/dia de feno de boa qualidade, enquanto que de um feno pobre comerá apenas 10 a 11kg/dia. O feno de capim da primeira brotação geralmente é mais pobre do que o da segunda brotação, conforme a própria pastagem. A primeira brotação, graças ao crescimento muito rápido, possui menos valor nutritivo do que a segunda brotação.

6.1.3. Época de fenar

O melhor momento para colheita da forrageira, é quando a planta apresenta um alto valor nutritivo, o que ocorre antes da floração e/ou logo no início da mesma. O “ponto do feno” deve obedecer a uma umidade relativa do ar em torno de 60 a 70%. Esta condição limita a produção de feno excelente qualidades em regiões de elevada precipitaçã pluvial.

6.1.4. Processo da fenação

Este processo consiste na desidratação da forragem verde com 65 a 85% de umidade para 10 a 20%. A forrageira sofre desidratação mais ascentuada, logo apoós do corte e na medida em que atinge valores inferiores a 65% de umidade, ate alcançar o ponto ideal (10 a20%).

6.1.5. Corte da forragem para fenar

O procedimento adotado pode ser manual ou mecânico, operação que dever realizxada nas primeiras horas da manhã, o que proporciona maior desidratação ao final do dia. O corte manual pode ser realizado com segadeira de motor costa ou segadeiras de tração animal. O corte mecânico é realizado com ceifadeiras acionadas por trator acvopladas ao hidráulico ou de arrastro. Roçadeiras também podem ser utilizadas para o cortre da forrageira, porém dificulta o enfileiramento, enfardamento e ocasionam maiores perdas de material no campo. Quando processo é mecânico, não ultrapassar o rendimento de 2ha/h.

56

Page 57: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

6.1.6. Desidratação da forragem

O ritmo de desidratação pode ser regulado se a forragem for revirada, pó que permite a entrada de ar, vento e raios solares, com conseqüente minimização de perdas nutricionais nesta fase. Logo após o corte se deve iniciar a viragem do material, tantas vezes quando possível. Podem ser utilizados ganchos, garfos, etc.

Quando o material permanece no campo por mais de um dia, deverá ser enleirado à tarde e esparramado no dia seguinte, minimizando assim o efeito do orvalho, com conseqüente homogeinicidade da desidratação. Na ocorrência de chuva durtante o dia, o meterial deverá ser enleirado e o processo de revirado deverá ser iniciado quando for observado enxugamento dos espaços entre as leiras. Atingido o ponto do feno, com mumidade final entre 10 a 20% darse-a início ao enfardamento e armazenamento. Obedecer ao ponto final de desidratação é um ponto utilizado para garantir o êxito ou fracaso da fenação. O feno deverá ser armazenado em lugar coberto, seco e arejado que permita circulação de ar. Quando o feno não estiver desidratação adequada e não se obedecer às condições de armazenamento, ftalmente alcançará altas temperaturas, com conseqüente combustão.

Uma desidratação inadequada levara ao desenvolvimento de fungos: Aspergillus glaucus, Aspergillus flavus, Aspergillus fumigatus, Actinomicetos e Termoactinomicetos, com conseqüente risco de intoxicar animais que o consumam.

6.1.7. Armazenamento do feno

O feno pode ser armazenado solto ou enfardado obrigatóriamente em locais secos, ventilados e livres de umidade.

6.1.7.1. Armazenamento solto

São utilizadas instalações reservadas para tal finalidade. O mesmo é armazenado na forma de “medas”, que não são mais do que montes de feno. Esta modalidade é mais utilizada para alimentação de criações extensivas ou sei-extensivas. No procedimento o feno é disposto em camadas bem compactadas abrindo-se o diâmetro até 2/3 da altura. No topo é colocado um teto de sapé, lona plástica ou outro material que impeça a entrada de água das chuvas. Um canaleta em volta da meda impedirá a entrada de enxorradas. A meda deve circundada por cercas impedindo o acesso dos animais.

A meda tem geralmente um diâmetro na base entre quatro a seis metros e uma altura entre seis a nove metros, com uma capacidade para seis a 12 toneladas.

6.1.7.1.1. Vantagens do sistema

6.7.1.1.1. Menores custos de armazenamento.

6.7.1.1.2. Não exige abrigos.

6.7.1.1.3. Reduz os custos de transporte.

6.7.1.1.4. Fácil acesso para o gado.

6.1. 7.1.2. Desvantagens

6.1. 7.1.3. Perdas por lavagem e fermentação.

6.1.7.3.1. Propricia um menor valo nutricional.

6.1.7.3.2. Maiores desperdícios pelos animais no momento do consumo.

De acordo com o formato da meda se pode calcular a tonelagem, isto considerando que o m 3 comporta 60 Kg de feno.

Ex: Meda em forma de pêra:

a) Volume do cone: V1 = rR 2 x H

3

R= raio

H= altura do conr

r= 3.1416

57

Page 58: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

b) Volume do tronco do cone: V2 = r h (R2 + r2 + R x r)

R= raio da parte mais larga

r= raio da base

h= 2/3 altura

Volume total = V1 + V2

7. SILAGEM

7.1. Conceito

Silos são verdadeiras câmaras de fermentação onde a forragem picada é colocada para fermentar.

Define-se silagem como a forragem verde e suculenta armazenada sem ar em um depósito denominado silo. Chama-se silagem aos procedimentos adotados para a confecçãp da silagem (corte, transporte, picagem, carregamento, compactação e vedação). Este procedimento quando comparado com pastagens resulta ser mais caro. Daí a necessidade de reduzir as perdas de material e/ou valor nutritivo durtante sua produão.

Consideram-se dois princípios básicos para a conservação da forragem:

1. Paralisação da respiração decorrente da ausêncvia de ar.

2. Inibição da fermentação pelo abaixamento do pH

As bactérias atuam sobre os carboidratos solúveis (açúcares) levando à produção de ácido lático e ascético, com consequente abaixamento do pH impedindo desta forma que as bactérias não desejadas, continuem com a fermentação, já que éstas não toleram pH baixo. O pH encontrado no silo varia entre 5,5 a 6,0, em que a coservação forragem é realizado pelas bactérias. Um fator importante na escolha da forragem, é que a mesma apresete uma boa qualidade, valor nutritivo e alto rendimento de maassa verde por ha, com conseqüente redução de gastos com a produção de forragens (aditivo). Resultados satisfatórios têm alcançados com a utlização de soja (planta) acrescida de grãos de milho, sorgo ou capim; o que tem levado contribuído para um maior cosumo de matéria seca e proteína bruta, com conseqüente ganho de peso e aumento da produção leiteira.

Para a produção de uma boa silagem, é reportads o milho, sorgo, capins (elefante, napier, etc.) sem a utilização de recursos adicionais, porém nas regiões secas, a silagem de sorgo tem sido uma alternativa viável, quando não tem sido possível a produção de milho. Outro capim que tem sido considerado excelente pela produção de massa verde por há, tem sido o capim Guatemala, Tripsacum fasciculatum Trin (Tripsacum laxum Nash) Entre tanto o milho tem sido considerado como fornecedor de ensilagem da melhor qualidade. O ponto de colheita é alcançado quando o mesmo se encontra em ponto de pamonha

7.2. Uso da silagem

A pesar da silagem sofre as transformações desejadas por volta de 20 dias após enchimento do silo, por medida de segurança se recomenda a abertura do silo após 30 dias do seu enchimento. Para o fornecimento aos animais recomenda-se a retirada de fatia/dia da ordem de 15 cm. Em toda a extensão exposta. Cabe lembra que o consumo de um animal adulto ér da ordem de 25Kg/dia quando este foi rduzido com milho. Se o mesmo é proveniente de capim recomenda-se 35 Kg/dia Para efeito do planejamento dos cuidados com alimentação necessária aos animais da fazenda recomenda-se um cálculo de 40 Kg/animal/dia.

O tipo de silo a escolher é importante. Muitos produtores que exploram o gado leiteiro em semiconfinamento, geralmente optam por silo tipo-torre, os quais implicam em grandes investimentos devido a necessidade de máquinas que transportam a matéria prima do silo até sua boca. Por tal motivo este tipo de silo está sendo deixado de ser usado.

Os silos mais baratos são os de tipo trincheira ou em bolsas de plástico próprias para a atividade, e existentes no mercado. Nas regiões secas o silo trincheira pode ser coberto com plástico, as paredes revestidas com madeira, com concreto ou com tijolos, e impermeabilizados com tinta própria para silos.

Antes da construção do silo deve-se fazer um cálculo exato do diâmetro do silo. Deve considerar-se que uma fatia de 5cm de espessura se perde diariamente da ensilagem, devendo ser descartada, por sofrer processos de oxidação e putrefação devido ao contato direto com o ar.

7.3. Enchimento do silo trincheira

O material a ensilar deve ser suficientemente maduro, caso em que valor nutritivo já é baixo, ou deve ser premurchado, para perder água e que não haja muita perda de minerais por escorrimento de líquido rico em substâncias nutritivas. O fundo do silo deverá ter uma leve inclinação, em torno de 2%, para permitir a drenagem do líquido que

58

Page 59: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

escorre do material ensilado, ou então deverá colocar-se uma camada absorvente de 15 a 20cm de palha picada para cada metro de altura de ensilagem.

Se o material estiver muito seco deve ser borrifado com água até perder a rigidez. O material rígido ou duro dificulta a compactação, não podendo ser socado. As leguminosas não podem ser ensiladas isoladamente, devem ser misturadas com forrageiras ricas em carboidratos, especialmente em açúcar. Se o material for capim de pastagem deve-se acrescentar até 3% de melaço para adoçar o material e permitir uma melhor fermentação.

A forrageira destinada à ensilagem deve ser picada por picador e nunca deve ser jogada inteira no silo. Devem ser colocados volumes de 20 a 25cm e socam-se cuidadosamente. Não se deve socar somente no fim do enchimento, porque assim a compactação fica deficiente e a fermentação pode virar putrefação, perdendo-se toda a ensilagem. Nos cantos deve-se ter muito cuidado na hora da compactação, retirando-se o ar (usar socador manual).

O silo deve ser de um tamanho que permita seu enchimento em um só dia. Prefere-se o enchimento em dias encobertos sem chuvas. Alguns recomendam a aplicação de Ca e Uréia (1:1), o que melhora a ensilagem.

Quando o silo é totalmente enchido, coloca-se no meio, uma camada maior para compensar o assentamento e evitar que se forme uma cavidade. Uma recomendação prática é colocar uma lona e repor o material assentado no dia seguinte. O enchimento é realizado iniciando-se pela extremidade fechada. A extremidade aberta por onde se começará a retirada da ensilagem, deve ser firmemente fechada por tábuas cobertas por papel de silo, sempre jogando-se terra até atingir 1 m. de espessura, contra essas tábuas.

O carregamento final do silo geralmente termina no segundo dia, quando é fechado, com uma camada de palha de 10 a 15cm de espessura, ou plástico, jogando-se por cima uma camada de terra de 35 a 40 cm. de espessura. Essa cobertura deve ser no mínimo de 0,50m. mais alta no meio para permitir o escoamento da água. Assim, a ensilagem ficará pronta em 35 a 40 dias em que a fermentação mais favorável (láctica) ocorre entre 19 a 21 C; em que o material permanece verde, com cheiro muito agradável.

Com temperaturas maiores de 22 a 25C ocorre fermentação acética, fornecendo um produto marrom, com cheiro de vinagre, mais ainda é aceito pelos animais. A temperatura maior ocorrerá putrefação e produção de ácido butírico, propiônico ou até amônia e perda do material. Neste estado os animais recusam o material. A putrefação pode também ocorrer a temperaturas baixas, quando o ar não foi cuidadosamente expulsado.

Nos primeiros dias os animais não devem receber mais do que 2 a 3kg de ensilado, até que se acostumem chegando-se até 8kg para gado leiteiro e 12kg para gado de corte, até no máximo neste último, de 15kg. Lembrar que quando se usa ensilagem, deve-se ministrar sal mineral ao gado.

8. Safra e entresafra

Numa grande parte do mundo, a atividade pecuária vive dois regimes: safra e entre-safra. Na época das águas a forragem é farta e o gado engorda e na época da seca e/ou frio, a forragem escasseia e o gado emagrece, perdendo-se o peso ganho durante as águas. O prblema que se vive nessa condição é o expresado pelo gráfico:

Ganho de peso dos animais conforme a alimentação e o trato

Kg./Animal Suplementação Pastagem Nativa

Alimentação contínua + Vermífugo Pastejo Permanente

500- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Peso de

Abate

400-

300-

200- -------------

100-

59

Page 60: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

1 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 Anos

Em pastagem nativa e pastejo permanente, o gado perde parte do peso ganho durante as águas. Com a suplementação consegue-se estacionar o peso. Em pastagem bem conduzida o ganho de peso é permanente e o gado alcança o peso de abate com dois anos e meio.

Nas regiões de clima temperado, onde não existe possibilidade de manter os animais no pasto na época de inverno, devido a que a neve e o gelo impõem essa condição, é necessário o estoque de forragem em forma de feno e ensilagem; prática que se torna obrigatória. Já no nosso meio existe propaganda para a fenação e ensilagem. O nome de “feno” infelizmente não aumenta seu valor nutritivo. Ele fornece fibras e minerais. A ensilagem é utilizada em maior escala, especialmente para alimentação de bovinos leiteiros. Na ensilagem ocorrem também perdas nutricionais pela fermentação acética.

Há vários métodos de superar a entre-safra, que castiga a nossa pecuária. Eles são capazes de auxiliar-nos, prevenindo a perda de peso na estação seca:

1. Ministrar vermífugo antes da entrada da estação seca.

2. Selecionar o gado para o melhor aproveitamento da forragem fibrosa, e fornecer minerais que facilitem sua digestão, tais como: molibdênio, zinco, enxofre cromo.

3. Ministrar melaço e uréia aproveitando-se a presença na propriedade de material fibroso como palha de arroz, palha de milho, bagaço de cana, etc.

4. Plantar leguminosas e árvores forrageiras.

5. Sombreamento de aguadas e pastagens para economizar água.

6. Proceder ao rodízio racional da pastagem, permitindo a rebrota na época da seca ou frio.

7. Conservar os excedentes de forragem em silos trincheira.

Nas regiões de clima tropical, com sua estação seca, o plantio de leguminosas arbustivas, de árvores forrageiras como a ingá (Inga mill), canafístula-de-lagoa (Pithecolobium sp.), e leguminosas é uma prática indicada, que enrique a alimentação animal.

Podemos usar outras técnicas de manejo:

1. Impedir que a forrageira feche seu ciclo, florescendo, frutificando e sementando. Deve-se lembrar que planta que sementou, seca. Com o manejo rotativo das pastagens rompe-se este ciclo, mantendo-se as pastagens permanentemente verdes.

2. Usar quebra ventos mantendo a umidade no solo, de maneira que a seca é menos intensa.

3. Deixar a pastagem repousar uma vez por ano (repouso prolongado). As raízes profundas encontram água no solo de forma diferente a das plantas com pastejo permanente, que com suas raízes superficiais, não alcançam.

4. Usar leguminosas arbustivas que dêem sombra ao capim, como a Leucena, feijão-bravo (Cratylia floribunda), camaratuba (Cratylia mollis), guandu (Cajanus spp), que além de servir como sombra para o capim, são suplemento forrageiro para os animais.

5. Implantar nas pastagens árvores forrageiras como algarobeira (Prosopis juliflora), canafístula (Pithecolobium multiflorum), juazeiro (Zyziphus juazeiro), jurema (Pithecolobium diversiforum), etc..

6. Manter plantas silvestres na pastagem, de tal forma que na seca sejam procuradas pelos animais.

7. Evitar o fogo para impedir desta forma a implantação de uma vegetação própria do fogo, que além de serem plantas invasoras, são de péssimo valor nutritivo e que secam rapidamente.

As barreiras de vento têm de cortar a direção do vento. Não adianta plantar árvore nas baixadas onde o vento não “bate”. Devemos impedir que o gado paste as árvores. É importante lembrar que quando o gado é muito ávido por comer árvores, isto chama a atenção de deficiência de cobalto na dieta.

60

Page 61: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

9. ASPECTOS DE MANEJO EM RELAÇÃO ÀS ESTAÇÕES DE PRODUÇÃO DE FORRAGENS

a - Manter a capacidade de suporte adequada, de acordo com a resistência das plantas ao pastejo e à seca, pois é mais fácil manter uma vegetação do que recuperá-la.

b - Formar pastagens com misturas de espécies e diferentes hábitos de crescimento, época de crescimento vegetativo e palatabilidade. O animal logicamente faria pastejo seletivo, permitindo que as não pastadas continuem seu ciclo vegetativo podendo ser consumida em outras épocas quando as mais apetecíveis e preferidas pelo gado não estiverem mais produzindo massa verde. É uma boa condição na teoria, mais de difícil realização prática.

c - Quando se trata de animais de corte, é importante reduzir a carga animal (descarte) antes das pastagens entrarem em repouso, e antes que o animal perca peso. No gado leiteiro, não se recomenda descartar animais para em seguida substitui-los. No caso, o uso de capineiras de corte, ensilagens ou feno são de fundamental importância.

d - É conveniente cuidar para que as parições ocorram no início do desenvolvimento vegetativo das plantas para que coincida a época de maior produção de leite e de crescimento de bezerros com a época de maior produção de forragem. Alguns autores afirmam que a melhor época de parição seria no início da seca diminuindo o índice de mortalidade em virtude da ausência de endo e ectopasitas e, neste caso, deve-se garantir a alimentação com concentrados, feno e silagens para vacas em produção.

e - Tomar todos os cuidados possíveis com a perda de água por escoamento, tratando de controlá-las, favorecendo o aumento da área de infiltração, pois ficando a umidade armazenada no solo por mais tempo, obtêm-se rebrotas vigorosas. Deve-se deixar sempre uma reserva de forragem, prevenindo-se contra as secas intensas.

10. SISTEMAS DE PASTEJO

No sistema de pastejo são reportados cinco modelos que devem ser utilizados para o melhor aproveitamento e conservação das pastagens.

10.1. Pastejo contínuo

Este sistema de pastejo caracteriza-se pela presença dos animais todo o ano em determinado pasto e são utilizadas grandes áreas. O único benefício é que os animais neste tipo de pastejo têm maior ganho de peso, dada a oportunidade de seleção da forrageira. Aqui o super-pastejo seletivo é prejudicial às pastagens, ocasionando super-pastejo das plantas mais palatáveis ocasionando alterações na composição botânica da capineira. Por serem grandes áreas, os animais concentram-se próximos aos cochos, aguadas e currais, consumindo as forragens aí existentes e deixando outras em sub-pastejo, o que implica na perda da forragem.

10.2. Pastejo protelado

É a modalidade que consiste em retirar o gado por um período apenas para a conclusão do ciclo evolutivo das plantas. Após passado este período, volta-se o gado com o objetivo de eliminar as macegas (ervas daninhas) e incorporar as sementes caídas no solo. Folga-se um pasto a cada ano para garantir a renovação e adensamento da pastagem. Esta modalidade não deixa de ser um pastejo rotativo estacional, com a finalidade mais específica de renovação natural da pastagem por sementação.

10. 3. Pastejo estacional ou deferido

Considera a divisão da pastagem em duas áreas, em que, ora os animais pastejam em uma área, ora em outra. Este sistema tem como objetivo:

Reservar pasto para ser pastejado na seca.

Recuperar pastos debilitados através de descanso.

Permitir a sementação de uma pastagem.

10.4. Pastejo rotacionado em faixas

Este sistema consiste em dividir a área em faixas através de cercas móveis. Estas áreas permitem o pastejo de um ou dois dias. Aqui as cercas móveis são deslocadas através da área, até alcançarem o ponto final, onde se volta ao ponto de partida. A dificuldade deste sistema é a necessidade de uso de cercas elétricas.

61

Page 62: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

10.5. Pastejo rotacionado ou rotativo

Neste sistema tem-se alcançado o aumento de rendimento da propriedade, mas muitas vezes é mais em função do emprego de recursos técnicos do que pelo efeito isolado de adoção do sistema. Aqui o produtor ao passar da exploração de bovino do sistema contínuo para o rotacionado, cultiva as forrageiras mais produtivas, corrige o solo, faz adubação, condiciona as aguadas e usa animais de melhor qualidade.

11. DIRETRIZES UTILIZADAS NO SISTEMA DE PASTEJO ROTACIONADO OU ROTATIVO

1. Período de ocupação: 1 a 7 dias.

2. Período de descanso: 20 a 45 dias.

3. Área disponível por UA por dia de permanência no piquete: 30 a 150 m.

4. Separação de animais por categorias (animais em produção, novilhas, matrizes, vacas secas).

5. Divisão da pastagem em piquetes conforme plano de uso adotado e com a infra-estrutura de cercas, corredores e aguadas.

6. É dispensável a previsão de recursos forrageiros para os períodos críticos de produção de forragem.

7. Reposição periódica de nutrientes retirados do pasto.

8. Implantação de forrageira de alta produção com correção adequada do solo.

A adoção de qualquer outro esquema de divisão de pastagem está na dependência de muitos fatores e deve ser analisado caso a caso. Quando se usa um número grande de divisões, pode-se onerar o processo ao passo que um número muito pequeno, não permite os benefícios de divisões com relação aos efeitos na fisiologia de planta.

12. DIVISÃO DE ESTÂNCIAS GRANDES EM RETIROS

Os grandes proprietários de terras participam do progresso na agricultura e pecuária estando interessados em melhorar sua produção e aumentar seu lucro. Nas propriedades com grandes extensões de terra, a simples subdivisão da área em piquetes não resolve. A divisão deve ser feita de tal forma que exista um retiro por categorias (animais de cria, desmamados, engorda, cavalos, uma para forragicultura, onde se planta a suplementação, inclusive para ensilagem, e finalmente reserva florestal, atendendo-se a necessidade de moirões e lascas para cercas).

Cabe lembrar que quando usamos monta natural deve-se considerar sempre uma área-piquete rica em minerais, e mesmo assim fazer a suplementação em cochos.

Cada funcionário responsável pelo retiro (retireiro) deve conhecer as necessidades do gado que aí se encontra. O retireiro deve observar qual o ponto melhor da forragem para seu consumo (pastejo), quais as forrageiras que o gado prefere, quais as modificações que podem surgir por um manejo desordenado, se necessita fazer drenagem, adubar ou fenar, etc. Enfim deve prever a reserva de capim para a época da seca, e saber contornar o problema do aparecimento de invasoras ou capins grosseiros; em que manejo o gado se apresenta em melhores condições, com boa saúde e crescimento rápido. Aqui o bom censo deve prevalecer para o êxito do trabalho.

Uma prática costumeira na formação dos piquetes é a formação dos retiros uma de cada vez, isto para evitar erros e a necessidade de futuramente ter que movimentar cercas de contorno dos piquetes.

Nas propriedades pequenas aconselha-se possuir somente um tipo de gado: de cria ou de engorda ou de leite. Em se tratando de ovinos e caprinos, devem existir piquetes grandes para maternidade, porque especialmente a ovelha com cria ao pé praticamente não pode ser mudada de pasto ou somente em rebanhos com, no máximo, 200 animais. Caso contrário ocorrerá a desmama involuntária da cria, isto acontece por desencontro entre a mãe e o filho durante o deslocamento do rebanho, o que leva a morte do cordeiro.

O piquete de maternidade e enfermaria deve ter pastos bons (ricos em minerais), com capins variados, de porte baixo, com suficiente sombreamento, água de boa qualidade e áreas bem drenadas. Deve ter de um bom abrigo contra o sol e os ventos frios. Cabe lembrar que há duas condições em que o gado necessita de uma forragem muito rica:

3. Quando a vaca está com a cria ao pé.

4. Quando o animal está recém desmamado.

Estes animais necessitam de pastagens ricas em minerais e bem nutritivas, em que se aconselham as pastagens consorciadas ou variadas. O maior choque que o animal recebe é o desmame, o que é menos sofrido quando encontram uma boa pastagem com suplementação mineral (cochos). Quando as pastagens são deficientes o choque é bem maior. Quando ocorre a apartação, as crias sempre procuram a mãe durante o dia, o que é notado porque berram durante uma semana ou mais. Assim, as pastagens para o desmame devem receber cuidados especiais. Uma prática

62

Page 63: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

seguida por criadores, é colocar as vacas com as crias na pastagem, e após 3 dias quando os animais estão acostumados com a pastagem, retiram-se as mães.

12.1. Subdivisão dos piquetes

A área escolhida para a subdivisão da pastagem deve ser mais ou menos parecida, tanto em fertilidade, como em drenagem e declividade, em condições diferentes o manejo torna-se difícil. Quando temos áreas menores, ao redor de 100 a 300 ha, a subdivisão não é muito problemática Já quando se trata de áreas mais extensas, temos duas possibilidades. Podemos sugerir a subdivisão gradativa, por exemplo, dividindo primeiro toda a gleba em 4 partes. No ano seguinte, dividimos cada uma destas pela metade e assim por diante. Uma vantagem desta prática está em que se observa o consumo do pasto sem que haja desperdício e o peão e o gado acostuma-se pouco a pouco com o manejo rotativo.

12.2. Cochos para sal mineralizado

Os animais deverão ter acesso permanente ao sal mineralizado. Os coxos devem ser coberetos para evitar perda de sal com as chuvas. Se possível colocar piso de pizarra em volta para evitar a formação de lama. Cabe lembrar que os mesmos devem ser colocados equidistantemente às fontes de água de bebida, para obrigar a que os animais não permaneçam viciados no local, com conseqüente decadência da pastagem pela ingestão da rebrota.

Área de subdivisão de piquetes

63

Estrada Estrada Estrada Estrada Água

Água Estrada Estrada

Page 64: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Relação entre o número de subdivisões e o período de descanso

Acréscimo no

Período de Utilização em dias N de Piquetes Descanso Período de descanso

(dias) (dias) (dias)

P a s t e j o C o n t í n u o 1 0 -

20 20 2 20 20

10 10 10 10 4 30 10

5 5 5 5 5 5 5 5 8 35 5

2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 16 37,5 2,5

FONTE: GARDNER, A. L. & ALVIM, M. J., 1985

Em relação ao esquema apresentado, a adoção de período de uso de três dias e descanso de 30 dias, parece uma prática favorável à implantação do sistema rotacionado, para respeitar a fisiologia da forrageira, mantendo-se o vigor nutritivo e rendimento. Para o planejamento do sistema rotacionado, procede-se da seguinte maneira: Trabalhemos com duas hipóteses.

64

Page 65: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Hipótese N 1: Tomemos por base o número de unidade animal a ser trabalhado (Ex: 100 UA.)

1. Qual o número de piquetes necessários?

Dependerá do número de dias de uso e descanso (Ex: 3 dias de uso e 30 dias de descanso).

N de piquetes: PD + 1 = 30 + 1 = 11 piquetes.

Pp 3

Onde: PD (período de descanso) e Pp (período de permanência)

2. Qual o tamanho dos piquetes?

Dependerá da forrageira adotada, do nível tecnológico e recursos empregados e, vai de 150 m 2 para os menos produtivos à 30 m2 para os mais produtivos, a área necessária por unidade animal por dia de permanência no piquete.

Ex: 80 m2/UA/dia

Área piquete = N UA x Área/UA x tempo de pastejo

= 100 x 80m2 x 3 dias

2,4 ha.

3. Área total = 11 piquetes x 2,4 ha = 26,4 ha.

Hipótese 2: Tomemos como base uma área disponível: Ex: 30 ha.

1. Mantendo-se 3 dias de uso e 30 dias de descanso teremos 11 piquetes.

2. Tamanho dos piquetes: será a área disponível pelo número de piquetes (30 ha)/11 2,7 ha para cada piquete.

3. Qual o N de UA que poderá ser explorado?

Área do piquete = N UA x Área por UA/dia x N de dias

Área do piquete = 2,7 ha.

Área por animal/dia = 80 m2 (hipótese)

N de dias no piquete = 3 dias

24. 000m2 = N UA x 80m2/dia x 3dias

N UA = 24.000 m 2 112 UA

240 m2

OBS.: É importante planejar a área de produção de forragem para os períodos críticos de produção, bem como a reposição anual de nutrientes removidos pelo pastejo.

12.3. Tamanhos dos piquetes ou potreiros

Existe a crença de que em um sistema de produção “Voisin” os piquetes deveriam ter o tamanho de um hectare. Isto pode alcançar-se com um manejo muito intensivo, com pastejo dos piquetes com duração um único dia, com lotação que pode variar até 200 animais por hectare, desde que a condiçao do capim assim permitam. Esta prática tem sido alcançada no Estado de Rio Grande do Sul, e até no sul do Paraná.

65

Page 66: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

O tamanho do piquete vai depender da forragem disponível, da intensidade do manejo e da carga animal.

A forragem disponível depende da fertilidade do solo e do clima, bem como das técnicas pastoris usadas. Onde prevalece a prática das queimadas, a pastagem será menos produtiva, do que onde se usa a roça com rolo-faca ou roçadeira com lâminas sempre bem afiadas. Lembremos que a quantidade de forragem também dependerá da adaptação das forrageiras ao solo e ao clima. Não adianta somente formar pastagens de brachiaria, estrela ou buffel, porque estes iriam dar forragem somente na época das chuvas, enquanto que na seca o gado não teria o que comer.

Os tamanhos dos piquetes não necessitam ser iguais. O que se necessita é ter uma idêntica produção de forragem. Assim o tamanho tem de acompanhar a possibilidade de alimentar bem gado. Animais que nas épocas das águas ocupam 1 piquete, podem necessitar de 3 para o período da seca, mesmo tendo-se forragem suplementar plantada. Em áreas onde a vegetação durante boa parte do ano possui um crescimento rápido, o problema que se observa é o endurecimento da pastagem com perda de valores nutritivos. Nestes casos o tamanho dos piquetes pode alcançar até 1 ha. Nestas áreas aconselha-se a subdivisão progressiva. Isto é, divide-se a área em 4 partes e quando o manejo dá bons resultados e o pecuarista está inteirado dos problemas pastoris existentes, subdivide-se novamente até chegar ao tamanho ideal.

Já no pastejo permanente em áreas muito grandes o gado cuida de si e do dono, mas em áreas com piquetes menores, as resoluções não são tomadas mais pelos animais e sim pelo dono, sendo obrigatório o seu conhecimento das condições da pastagem durante as épocas do ano, tendo em vista que a rotação do pastejo passa a ser direcionada pelo proprietário.

O tamanho dos piquetes não obedece a uma norma fixa, como uma operação matemática, vai depender das condições locais da pastagem e da experiência do pecuarista. O limite inferior parece ser 1 hectare. O limite superior dependerá do controle da vegetação, da distância das aguadas e do tamanho da aguada. O ideal é que o animal não caminhe mais do que 500 a 800 metros para a fonte de água. As grandes caminhadas como no Nordeste que chegam a até 12 Km constituem um fator altamente depressivo no desenvolvimento dos animais, dada a perda de tudo o que ganharam na pastagem. Normalmente os animais não vão beber água um por um, mas sempre em grupos ou o rebanho inteiro.

Lembremos que a quantidade de animais que pode ser movimentada é limitada. O máximo parece oscilar entre 200 vacas leiteiras; 400 a 500 novilhos de engorda ou 800 ovinos sem cria ou 200 com cria. Observa-se um limite superior de tamanho do piquete dado pelo número de gado que se pode manejar sem causar “stress” ou danos, e o tamanho inferior, que é indicado pela quantidade de forragem, sua capacidade de rebrota e pela resistência ao pisoteio.

Cabe uma pergunta: Por que o pastejo rotativo racional pode ser mais aprimorado para o gado leiteiro e menos intenso para o gado de corte? Isto por que o gado leiteiro é acostumado a uma manejo constante, não estranha a movimentação. Assim como após a ordenha come com fome maior, agradece quando posto em piquete novo ainda não pastado. Para eles a troca diária de piquetes é uma medida saudável. Já o gado de corte menos acostumado ao contato diário com o tratador, mudanças iguais às do gado de leite, causa “stress”. De maneira que a troca em 4 a 6 dias, para a maioria dos rebanhos, deve ser o mais aconselhável, o que poderia ser modificado caso sejam necessárias medidas para amansar o rebanho. Amansar não quer dizer amarrar, bater, como é feito por muitos; amansar é acostumar os animais ao convívio humano. Isto se consegue dando sal e ração nos cochos. Assim o gado percebe que sempre alcança alguma coisa boa quando em contato com o homem.

O tamanho do piquete pode variar atendendo o acima dito: capacidade de suporte, hábito de crescimento, suporte do pisoteio, capacidade de rebrota, presença de leguminosas, etc., entre 1 a 20 ha., levando-se em conta a região, o clima, o gado e a habilidade do pecuarista.

12.4. Forma dos Piquetes

A - Subdivisão desfavorável (longas caminhadas)

66

Page 67: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

B - Subdivisão favorável (muito boa)

C - Subdivisão pouco favorável. O local da água é reduzido demais e o comprimento dos piquetes muito grande.

67

Page 68: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

D - Subdivisão muito favorável. Observa-se água no rio e na área de repouso.

Curso do Rio

Estrada

Morros

12.5. Época adequada de pastejo

O momento adequado de colocar os animais no pastejo de um piquete, depende de vários fatores:

Do desenvolvimento das forrageiras.

Da condição de umidade do solo.

Das exigências das forrageiras “chave”, ou seja, sua necessidade de repouso para sua sobrevivência.

PantanalH2O

68

Page 69: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

A quantidade de forragem por si não é o suficiente para soltar o gado nos pastos. A conservação do solo, em regiões subúmidas, é de suma importância, uma vez que a sobrevivência do gado dependerá do uso eficiente da água da chuva. Solo endurecido na superfície pelo pisoteio em épocas inadequadas, não permite a penetração da água pluvial, causando somente erosão e uma seca muito intensa.

Cabe lembrar também, que existem forrageiras anuais, que somente voltam após terem sementado. Quando se impede a formação das sementes, extermina-se a forrageira. Por outro lado existem plantas perenes, que dependem da acumulação de reservas na sua raiz para poderem sobreviver à seca. A sua formação de reservas estará ligada à quantidade de folhas verdes que sintetizam substâncias que podem ser armazenadas na raiz. Um pastejo freqüente, que impeça este armazenamento, extermina as plantas. Por isso é importante que o pecuarista conheça sua pastagem. Assim, o sistema: “solte o gado e veja o que acontecerá” não é o adequado.

12.6. Distribuição adequada do gado sobre as pastagens

O gado também segue o princípio do menor esforço. Assim, pasta onde existe água por perto, onde existem forrageiras das quais mais gosta ou onde já pastou uma vez e onde haverá rebrota nova. Desta forma, ele desnuda o solo, destruindo então solo e pastagem.

O pastejo permanente em grandes áreas sempre é destrutivo quando não há migração do gado, mas sim seu confinamento a estas áreas. Desta forma, a subdivisão em piquetes é indispensável, o que no mínimo deve permitir um pastejo alternado. Para isso, devem ser instalados, no mínimo, 3 piquetes pois dois estarão sempre sendo usados alternadamente durante as águas e o terceiro deve criar as reservas adicionais para a seca.

Nas áreas muito grandes, o gado torna-se semi-selvagem, juntando-se em grupos, que permanecem estacionários em determinados locais. Se tais grupos conseguem se locomover na estação seca para pastagens melhores, o sistema não é o pior. Quando são obrigados a permanecer nessas áreas, destroem a pastagem.

12.7. Escolha da pastagem para a atividade pecuária

Podemos assegurar que a diferença na exigência dos animais não está somente nos teores de minerais. O gado de corte necessita de proteínas para seu desenvolvimento (apronte) e o gado de leite reduz sua produção quando recebe somente suplemento protéico e existe uma deficiência de amido na alimentação.

Um novilho que está na fase de engorda para aumentar 500g de peso por dia, necessita de 900g de proteína digestível e 3,390 kg de amido digestível, o que aponta uma relação: 1:3,4. Uma vaca leiteira que produz 8 litros de leite diários necessita 770g de proteínas digestíveis e 5,540 kg de amido digestível, isto é uma proporção de 1:7,2. Isto demonstra que a alimentação do gado de corte demanda mais proteína que a do gado de leite.

Se usarmos uma pastagem mista composta de gramíneas e leguminosas, o ponto da pastagem do gado de corte seria antes do início da fase reprodutiva das forrageiras, e para o gado de leite, quando as forrageiras estivessem em floração.

Considera-se que uma vaca leiteira consome em torno de 2,3% de seu peso vivo em forragem, expresso em matéria seca. Com um peso vivo de 590 kg deve consumir aproximadamente 13,5 kg de matéria seca, o que está entre 67 e 70 kg de pasto fresco. Suponhamos que os Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) são da ordem de 67%, essa vaca poderá produzir 9 kg de leite com 4% de gordura. Se o animal pesar 410 kg poderá produzir com a mesma forragem, 11 kg de leite com 4% de gordura, já que suas exigências de sustento são menores. Para uma produção maior, necessita-se de suplementação com concentrados.

A demanda de energéticos aumenta nas vacas prenhes a medida que o feto cresce. Aconselha-se que nos últimos meses, as vacas secas devam consumir uma ração rica carboidratos, os quais se encontram disponíveis no amido, açúcares e ácidos graxos. Quando a forragem é de boa qualidade, dispensa-se a suplementação. Com uma boa alimentação (capim de boa qualidade) para a vaca prenhe nos últimos dois meses, ganha-se um bezerro mais forte, a vaca acumula reservas de energia e terá uma maior lactação.

69

Page 70: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Um bovino de corte presume-se que consuma 2,7 a 2,8% de seu peso vivo por dia. Se um animal pesa 100 kg deve consumir 2,7 kg de matéria seca ou 13,5 kg de pasto fresco. Se o peso fosse de 200 kg comerá 27,0 kg de pasto fresco (NRC, 2000). Obtém-se o fator de correção de matéria seca em forragem verde, supondo-se que a matéria seca tenha aproximadamente 18% de água, em que o fator de multiplicação seria aproximadamente 5 numa massa verde com 85 a 90% de água.

12.8. Seleção do gado para a pastagem

A adaptação da raça existe espontaneamente, como por exemplo: o Caracu nas pastagens ácidas de Santa Catarina; do Charolês na serra do Rio Grande do Sul; do Hereford nos pampas da fronteira; do Nelore nas pastagens cultivadas na região Sudeste; dos mestiços de Gir no cerrado e no sertão, etc. Com tudo isso, uma seleção consciente do gado para a pastagem existente na propriedade ainda não existe. A seleção ocorre por etapas, e ninguém, exceto o pecuarista, pode fazê-la, porque em outras propriedades existem outras condições. Escolhe-se a raça mais adequada para a região, ou seja, a que já está sendo explorada. Selecionam-se as matrizes que melhor passaram o período adverso, o do frio no sul ou da seca nas outras regiões brasileiras.

O seguinte procedimento deve ser usado:

1. Selecionam-se os animais que melhor aproveitam a pastagem existente durante o pior período do ano, isto é, os que com menos suplemento apresentam o melhor desenvolvimento.

2. Destes animais escolhem-se os de melhor fertilidade, isto é, os que deram cria anualmente.

3. Da descendência, escolhem-se os de melhor ossatura e de porte maior.

4. Entre os descendentes escolhem-se os que obtiveram desenvolvimento mais rápido e maior produção.

A seleção do gado para uma pastagem leva muitos anos, mas vale a pena porque permite a formação de um rebanho com custos menores e de uma boa produção, dispensando muita suplementação e artifícios. A seleção se faz com base as matrizes em que o touro é trazido de fora porque ele é o indivíduo melhorador. Quando se realizam importações de matrizes devem escolher-se animais que se consigam adaptar ao meio ambiente.

12.9. Relação entre o número de animais na área e a forragem disponível

Para a utilização adequada e racional da pastagem, temos que levar em conta alguns aspectos para ajustar o número de animais à capacidade da pastagem:

12.9.1. Taxa de lotação

Geralmente é determinada com o número de animais por unidade de área. Refere-se a uma situação de momento e, pode não ser o ideal sobre o ponto de vista de manejo adequado.

Ex: 5 UA/ha.

12.9.2. Pressão ou Intensidade de pastejo

Refere-se ao número de animais por unidade de forragem disponível. Esta expressão mostra a preocupação em colocar, em um pasto, um número de animais que esteja em equilíbrio com a produção forrageira, quer na época da seca, ou na época das águas. Quando falamos na pressão ou intensidade de pastejo, três situações devem ser esclarecidas:

12.9.3. Super-Pastejo

Considera-se super-pastejo ao excesso de animais em relação à disponibilidade de forragem. Alguns animais ficam prejudicados, a produção é irregular, comprometendo-se a produção animal e a

70

Page 71: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

pastagem. Em um super-pastejo a produção por hectare (carne e leite) aumenta até certo ponto, pelo aumento do número de animais; porém a produção animal tende a cair pela falta de forragem ou sua baixa qualidade. Ocorre a invasão por ervas daninhas, ocasionando um definhamento da espécie forrageira por não conseguir armazenar reservas orgânicas e aumenta a possibilidade de erosão.

12.9.4. Pastejo Ótimo

É a condição em que se observa equilíbrio entre a produção de forragem e o número de animais em uma determinada área. Compreende o ponto de otimização na utilização das pastagens, permitindo-se uma produção animal sem prejudicar as plantas e o solo. É importante lembrar que não somente é importante uma carga animal adequada para a conservação da fertilidade do solo; também é importante manter o equilíbrio entre as espécies forrageiras que integram a pastagem. No pastejo ótimo, a produção animal pode não ser a máxima, porque eles não têm sobra de forragem que lhes proporcione melhor seleção como no sub-pastejo, porém, a produção por hectare é máxima.

12.9.5. Sub-Pastejo

É uma modalidade em que observamos poucos animais em relação à disponibilidade de forragem. Aqui se observa perda da forragem e, a produção animal torna-se máxima, em função da oportunidade de seleção do alimento, mas a produção por área é baixa, dado o número pequeno de animais na pastagem. Neste caso o animal tem condições de atingir o seu máximo potencial genético de produção, no entanto a produção por hectare torna-se antieconômica, pela perda de forragem, o que força a adoção da queima para eliminar as ervas daninhas deixadas pelos animais.

12.10. Capacidade de suporte

Diz respeito ao número de animais por unidade de área observando-se a pressão de pastejo ótima, isto é, a disponibilidade de forragem. A capacidade de suporte é sem dúvida uma medida de avaliação da forragem (característica própria da espécie). Ex: Brachiaria decumbens Stapf, capacidade de suporte de 3 UA/ha.

13. DISTÚRBIOS DE FERTILIDADE NO GADO BOVINO

Em muitos países do mundo, é costume o cultivo de forrageiras adubadas com NPK. Esta prática visa exclusivamente o aumento da massa verde e o aumento de proteína bruta. Os animais que consomem esta forragem apresentam um desenvolvimento bom, porém os problemas de fertilidade não tardam a aparecer. Nos animais de corte e leite, saúde e fertilidade são indispensáveis. A adubação com esterco de curral consegue diversificar a flora em pastagens nativas. Em terras com deficiência mineral de Ca e P, ainda é obrigatório o uso de minerais no cocho para aumentar a fertilidade do rebanho.

14. PARASITAS ANIMAIS

O aparecimento dos parasitos nos animais não somente depende das plantas hospedeiras, como: Senecio brasiliensis, a berneira ou maria-mole, da qual se fala que hospeda o bicho-berne, também depende da resistência dos animais. Cita-se como exemplo que uma pastagem formada exclusivamente por brachiaria, geralmente favorece o ataque dos animais pelo berne, enquanto que o cerrado, mesmo com possibilidades enormes de criar berne, geralmente possui gado muito pouco atacado. Já os carrapatos geralmente aumentam na medida em que aparecem “macegas” (ervas daninhas), isto é, plantas fibrosas sem valor nutritivo. Assim, em campos com alta infestação de barba-de-bode, os carrapatos abundam. Cabe dizer que quanto pior a pastagem e quanto mais desuniforme a alimentação, mais parasitas aparecem.

A verminose depende de dois fatores:

1. Deficiência em proteínas nos animais.

2. Ausência de pastejo rotativo, de tal forma que exista verme no pasto quando o animal nasce.

71

Page 72: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

Desta forma que as pastagens em monoculturas, sob regime de pastoreio permanente, favorecem os animais ao ataque de parasitas. Destacam-se aqui os caprinos e ovinos.

Recomendações para evitar ou diminuir o problema:

1. Nunca manter caprinos e ovinos em pastagens plantadas com uma única forrageira.

2. Evitar campos onde aparece musgo (falta de cálcio).

3. Evitar pastos em solos mal drenados.

4. Evitar pastos fortemente adubados.

5. Manejar os pastos sempre em rotação.

6. Cuidar para que haja suficiente leguminosa nos pastos.

O controle de parasitas não deve ser feito exclusivamente com banhos e medicamentos, deve-se cuidar dos animais com uma alimentação sadia, drenagem das áreas alagadas e pela rotação do pastejo.

15. MANEJO DOS ANIMAIS

Do manejo da pastagem dependerão em grande parte os resultados ou fracasos com a exploração pecuária. Os cuidados necessários iniciam-se já após o nascimento das crias. O rúmen nesta faixa etária, é o compartimento menos desenvolvido, isto em conseqüência de que a cria torna-se totalmente dependente do leite nesta fase. Na medida em que iniciamos o fornecimento de volumoso e/ou feno nesta etapa, estaremos dando início ao desenvolvimento dete compartimento, que é o maior nos bovinos adultos. Desta forma se alaçançam maiores índices de produção, em fazendas destinadas à produção leiteira. Cabe lembrar que as altas produtoras de leite demandam forragem de bo a qualidade, que garantam o fornecimento de carboidratos demandados pelas altas produtoras. O fornecimento de forrageiras de boas qualidades será responsável pelo ganho de peso dos bovinos de corte, com expresão da carga genética do indivíduo. Na medida em é oferido pastagem de boa qualidade, além de alcaçarmos uma boa expressão de massa corporal, estaremos propriciando o ganho de peso, favorecendo a processo de reprodução de fêmeas e machos. Debemos levar em conta que animais na fase final de engorda deverá ser contemplado o fornecimento de capins com boa qualidade protéica. Recomendam-se assim, que se dê uma ligeira passada dos animais já prontos para saída (abate) e em seguida passar para continuar o pastroreio às novilhas, vacas secas e animais em crescimento. Cabe lembrar que para as vacas leiteiras devemos preservar as forragens com alto teor de carboidratos, o que acontece por volta floração. Já para os bovinos decorte, os pastos ricos em proteína. Antes da floração, as forrageiras contêm altas concentrações protéicas.

15.1 Suplementação alimentar durante o período seco

Durante o período seco, a suplemtação alimentar tem como objetivo complementar a quantidade e qualidade da forragem. Quando a quantidade de forragem é limitada, parte-se para a suplementação com volumosos, feno ou silagem. Suplementação com sal proteinado se constitui em uma alternativa para aumentar o rendimento reprodutivo e minimizar as perdas de peso dos animais.

16. BIBLIOGRAFIA

1. Alcântara, P.B Bufarhah, G. Plantas Forrageiras: grmíneas e leguminosas. São Paulo, Livraria Nobel, S.A., 1982, 150p.

2. Boin, C. Manejo de capineiras e conservação de pastagens. In: ENCONTRO DE ATUALIZAÇÃO EM PASTAGENS, 1. Nova Odessa, 1974. São Paulo, Nestlé, 1977, p. 165-172.

3. Dobereiner, J. Fixação de nitrogênio em gramíneas. Revista Brasileira de Ciências do solo, v. 1, n. 1, p. 1-9, 1977.

4. Domício, N. J. Informações sobre plantas forrageiras. Universidade Federal de Viçosa. Imprensa Universitária, 1995

72

Page 73: FORRAGICULTURA - APOSTILA (1)

5. EPAMIG. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 6 (64) abr., 1.980

EPAMIG. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 14, n. 165, p. 3, 1.990

6. EPAMIG. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v. 14, n. 165, p. 3, 1990

7. Evangelista, A R.; Rocha, P. G. Forragicultura Universidade Federal de Lavras, FAEPE - Fundação de Apoio à Pesquisa. 1997

8. Evangelista, A.R.; Rocha, P.G. Forragiucultura. Universidade Federal de Lavras. FAEPE – Fundação de Apoio à Pesquisa, 1997.

9. Gomes, P. Forragens Fartas na Seca, Câmara Brasileira do Livro, SP., Brasil, 7a. Ed., 1989.

10. Gonçalves, L.C. Tópicos de Forragicultura Tropical. Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1997.

11. INSTITUTO CAMPINEIRO DE ENSINO AGRÍCOLA. Manual de Pastagens e Forrageiras. Campinas

12. PRIMAVESI ANA. Manejo Ecológico das Pastagens em Regiões Tropicais e Subtropicais. Livraria Novel S.A, 2a. Ed., 3a. Reimpressão, 1992, São Paulo, Reimpressão, 1991.

13. Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas (2001 – Maringá). Anais do Simpósio sobre produção e utilização de forragens conservadas/Editores: Jobim, C; Cecato, U; Damasceno, J.C; Santos, T. Maringá: UBWCCADZO, 2001, p.319.

14. Voisin, A. Dinâmica das Pastagens, Edit. MESTRE JOU, S.P, 1980.

15. Wilkins, R.J. Conservación de forrajes. Zaragoza, Acríbia, 1970.

73