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26 | zOOm - FOTOGRAFIA PRÁTICA De Santorini à Islândia... à boleia de uma câmara médio formato De um lado sol, praia, calor. Do outro frio, cascatas e paisagens vulcânicas. Entre a estância paradisíaca do Mediterrâneo e a lendária ilha nórdica vai uma grande distância, que se faz curta a bordo da câmara de Maurício Matos. O resultado é uma fotoaventura de arregalar o olho e deixar toda a gente roída de inveja. Foto-Aventura Pentax 645D . f/22 . 1” . ISO 200

Foto-Aventura De Santorini à Islândia à boleia de uma ... · No final de agosto do ano passado ... imenso a gravar as fotos no cartão e at ... bonitas que chegamos a um momento

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De Santorinià Islândia... à boleiade uma câmaramédio formato De um lado sol, praia, calor. Do outro frio, cascatas e paisagens vulcânicas. Entre a estânciaparadisíaca do Mediterrâneo e a lendária ilha nórdica vai uma grande distância, que se fazcurta a bordo da câmara de Maurício Matos. O resultado é uma fotoaventura de arregalaro olho e deixar toda a gente roída de inveja.

Foto-Aventura

Pentax 645D . f/22 . 1” . ISO 200

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SANTORINI > ISLÂNDIA

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No final de agosto do ano passadoparti para mais uma viagem, viagem estaque deveria ser das mais simples que jáfiz mas que se tornou na mais confusade sempre. Os destinos foram dois,tendo em comum o facto de ambosserem ilhas, mas em tudo diferentes.Primeiro Santorini, talvez o local maisconhecido e turístico de toda a Grécia,onde estive apenas 3 dias. Depois aIslândia, país que já tinha visitado algunsanos antes mas ao qual tinha uma enor-me vontade de regressar.Antes de entrar em mais detalhes

sobre a viagem propriamente dita, voufalar de equipamento. Isto porque amudança em relação à minha últimaviagem foi radical. Quando me convertiàs câmaras mirrorless depois de muitosanos a fotografar com SLR, sempre disseque, se um dia voltasse às máquinasgrandes, seria para experimentar médioformato. Devido ao preço dessas máquinas fui

adiando esse dia... Mas quando a Pentaxreduziu o preço da 645D, chegou omomento. Longe de se ter tornado umacâmara barata, pelo menos tornou-se naúnica opção de médio formato que eu

poderia comprar sem ter que venderalguns órgãos. E assim foi. Adquiri uma.Passei de máquinas pequenas e leves,ideais para fotografia de viagem, parauma máquina enorme, pesadíssima epor isso muito chata de transportar. Então qual a razão para a mudança? O

sensor. Sempre quis experimentar umsensor maior do que aqueles que seencontram nas DSLRs. Para acompanhara 645D, e de forma a não ficar falido,optei por lentes manuais. Assim, com-prei um conjunto de lentes fixas, com-posto por 35mm, 55mm, 75mm, 135mm,150mm e 200mm. Juntei a estas lentesum conversor 2x para usar com a200mm em caso de necessidade. É preciso realçar que também aqui

existe um fator de conversão paraencontrar o valor equivalente a 35mmou full frame. É um exercício semelhanteàquele que fazemos com câmaras comsensor APS-C, só que ao contrário.Numa câmara APS-C multiplicamos ovalor da distância focal por 1.5 paraencontrarmos o valor correspondenteem 35mm. Exemplo: uma 200mm numacâmara APS-C corresponde a 300mmnuma câmara full frame.

No caso da Pentax 645D, o valor mul-tiplica-se por 0.78 e, assim sendo, uma35mm equivale sensivelmente a uma27mm em full frame. Resta dizer que,para acompanhar a 645D, e como nuncaviajo sem um corpo de backup, optei

Pentax 645D . f/8 . 2” . ISO 400

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por uma Pentax K3 com um adaptadorpara lentes com montagem 645. Nãofaria sentido uma segunda 645D, querem termos financeiros, quer em termosde tamanho e peso.

Esta mudança de máquina resultoutambém numa mudança na minhaforma de fotografar. Nunca fui um utili-zador de tripé, com exceção das situa-ções óbvias em que ele é necessário,nomeadamente as longas exposições.

Pois bem... nesta viagem, 90% das fotosque tirei foi com tripé. Uma câmara como a 645D convida a

usar tripé. É pesada, é lenta... é umamáquina que pede ao fotógrafo para elefotografar com calma, pausadamente.

Tendo um sensor grande, também per-doa menos no que diz respeito a movi-mentos indesejados. Qualquer pequenavibração vai notar-se no ficheiro se avelocidade de obturação não for muitoalta.

SANTORINI > ISLÂNDIA

“Uma câmara comoa 645D convida ausar tripé. É pesa-da, é lenta... é umamáquina que pedeao fotógrafo paraele fotografar comcalma, pausada-mente.”

Pentax 645D . f/8 .1/400” . ISO 200

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O resultado? No ISO base (200 nocaso da 645D), que é aquele que sempreuso, é brilhante. Os ficheiros são absolu-tamente fantásticos, com um detalheinacreditável. E é em ISO 200 que amáquina deve ficar. Até em 400 secomeça a notar um pequeno ruído. ISO800 é utilizável mas já com ruído assina-lável, em comparação com uma DSLRmoderna. É o tipo de máquina que emcondições ideais, é excecional... mas nãose pode fugir muito dessas condiçõesideais. Como já referi, é lentíssima emtudo. Uma foto por segundo, demoraimenso a gravar as fotos no cartão e atéo rever das fotos no LCD é lento. É real-

mente preciso ter alguma paciência.Claro que tudo isso é recompensadodepois, no resultado final. No entanto,escusado será dizer que é uma máquinaimpossível de utilizar para tipos de foto-grafia que exijam equipamento rápido. Omédio formato digital é basicamenteisto. Sacrifica-se na velocidade e emISOs elevados para conseguir qualidadebrilhante em condições ótimas.Voltando aos destinos que visitei, e

começando pelo primeiro, Santorini éuma ilha bastante bonita mas poucovariada. As pequenas cidades pitorescas,de casas brancas e ruas estreitas, comoque debruçadas sobre as arribas que ter-

minam no mar, umas centenas demetros mais abaixo, são conhecidas dequase todos. São muito interessantes devisitar e também de fotografar mas équase só isso que a ilha tem para ofere-cer. As praias são poucas e são fracas,com pedras em vez de areia. O interiorda ilha é árido e tem pouco para ver. Éum ambiente adequado para uma lua demel ou para alguém que queira passaruns dias longe de tudo, deitado ao ladode uma piscina, com uma paisagemmuito bonita para desfrutar. Passei lá 3dias completos e penso ser o tempoideal para conhecer este destino.Já a Islândia... todo o tempo lá passa-

Podia escrever dez páginas sobre a maravilha que é aIslândia. Um país onde em cada curva se pode conseguir umafoto fantástica, onde cada quilómetro esconde uma paisagemmais deslumbrante que o quilómetro anterior. É o sonho dequalquer fotógrafo de natureza ou de viagem.

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do é pouco. Quem acompanha os rela-tos das minhas viagens no meu site sabeque sou apaixonado por aquele país.Aliás, acho mesmo que é impossível visi-tá-lo e não ficar apaixonado. Pelo menospara um amante da natureza como eu. Podia escrever dez páginas sobre a

maravilha que é a Islândia. Um país ondeem cada curva se pode conseguir umafoto fantástica, onde cada quilómetroesconde uma paisagem mais deslum-brante que o quilómetro anterior. É osonho de qualquer fotógrafo de naturezaou de viagem. É aquele tipo de destinoonde um fotógrafo tem que se sabercontrolar e tem de ter prioridades. É quese fotografa tudo o que merece ser foto-grafado, não sai do mesmo sítio. Foi a segunda vez que lá estive e

quase de certeza não foi a última. Oexemplo que costumo dar, em relação àpaisagem fantástica que se encontra porlá, é o das cascatas. São tantas e tãobonitas que chegamos a um momentoem que já vimos tantas e tão belas quejá nem paramos numa que seria umaenorme atração turística em qualquer

outro país. É mesmo assim. O único ponto menos bom numa visi-

ta à Islândia é o clima. É mesmo muitocomplicado e é preciso ter muita sortepara apanhar bom tempo. Não me possoqueixar porque tive tempo bom ourazoável na maior parte dos dias que lápassei. Mas é perfeitamente possívelestar lá uma semana e estar sempre achover, mesmo em pleno verão. Masclaro, não podemos reclamar. É precisa-mente esse clima que faz daquele país oque ele é. O país que qualquer pessoaque tenha essa possibilidade deve visitar.

Diria até mais. Está obrigado a visitar.Em relação às confusões de que falei

no início, envolveram mala extraviada,voos perdidos, multa por excesso develocidade, etc, etc. É importante estarsempre preparado para este tipo deimprevistos. Por muito que preparemosas nossas viagens, há coisas que nãodependem apenas de nós. Durante anosa fio nunca me aconteceu nada demuito relevante. Desta vez aconteceuum pouco de tudo. Viajar não se fazapenas de coisas boas. =

[www.mauriciomatos.com]

Pentax 645D . f/10 . 1/4” . ISO 200