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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL – UNIBRASIL
LUCYO EDUARDO PINHEIRO ALVES DE OLIVEIRA
FOTOGRAFIA: AS INOVAÇÕES CAUSADAS PELA TECNOLOGIA DIGITAL
CURITIBA
2016
2
LUCYO EDUARDO PINHEIRO ALVES DE OLIVEIRA
FOTOJORNALISMO: AS MUDANÇAS OCASIONADAS PELA TECNOLOGIA DIGITAL
Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de graduação em Comunicação Social - Jornalismo, do Centro Universitário Autônomo do Brasil - Unibrasil. Orientador: Rodolfo Stancki
CURITIBA
2016
3
RESUMO O estudo busca discorrer sobre os impactos causados pela mudança tecnológica na transição da câmera analógica para a digital no jornal impresso Gazeta do Povo além de criar um registro de memória para o veículo. Para almejar os objetivos será realizada uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo com fotojornalistas da Gazeta do povo que vivenciaram exatamente esse processo de transição, complementando com um levantamento bibliográfico, utilizando artigos e livros científicos referentes ao tema. Os tópicos abordados no referencial teórico foram: imagem e tecnologia e história oral. Observou-se que existe uma carência de referenciais teóricos que tratam especificadamente do assunto. Desta forma este estudo contribuirá para futuros fotojornalistas e profissionais da área de comunicação, fomentando o desejo de aprender sobre este contexto. Palavras-chave: Fotojornalismo; fotografia; jornalismo; imagem; tecnologia.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................05
2. DELIMITAÇÃO DO TEMA......................................................................06
2.1 NASCIMENTO DA FOTOGRAFIA....................................................06
2.2 POPULARIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA.............................................08
2.3 FOTOGRAFIA, FOTOJORNALISMO E FOTOGRAFIA DIGITAL....10
2.4 GAZETA DO POVO..........................................................................13
3. OBJETIVOS ..........................................................................................15
3.1 OBJETIVO GERAL ..........................................................................15
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................15
4. JUSTIFICATIVA ....................................................................................15
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................17
5.1 IMAGEM E TECNOLOGIA ...............................................................17
5.2 HISTÓRIA ORAL ..............................................................................18
5.3 MAIORES MODIFICAÇÕES NA ROTINA JORNALÍSTICA DA
GAZETA DO POVO COM A CHEGADA DA CÂMERA DIGITAL ....20
5.4 ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NA ROTINA DO FOTOJORNALISTA
DA GAZETA DO POVO NA TRANSICÃO DA TECNOLOGIA
ANALÓGICA PARA DIGITAL ..........................................................22
5.5 MAIOR IMPACTO PARA O FOTOJORNALISTA COM ENTRADA DA
TECNOLÓGIA DIGITAL NAS CÂMERAS ........................................24
5.6 PRIMEIROS RELATOS DA CHEGADA DA CÂMERA DIGITAL NA
GAZETA DO POVO .........................................................................25
6. METODOLOGIA ....................................................................................26
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................29
8. CRONOGRAMA.....................................................................................31
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................32
10. ENTREVISTAS ......................................................................................36
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1. INTRODUÇÃO
A presente monografia discute a mudança na rotina jornalística dos
fotojornalistas do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, com a entrada da
tecnologia da câmera digital. Para tanto, busca-se trazer uma breve história da
fotografia. Também definimos o que é o fotojornalismo, apresentamos os
principais aspectos da relação foto e tecnologia e depoimentos, via história
oral, de profissionais que presenciaram e vivenciaram esse período de
transição tecnológica.
O primeiro capítulo discorre sobre o nascimento da fotografia, relata as
pesquisas sobre a câmera obscura, conta sobre o registro oficial da imagem
fotográfica em 1827 feita por Niépce, até o início da comercialização da
fotografia por meio do cartão de visita de Disdéri em 1854. O segundo capítulo
discorre como a fotografia se tornou popular perante a sociedade como ela foi
encarada inicialmente, e como foi se tornando parte do cotidiano das pessoas.
O terceiro capítulo descreve o início da era digital das câmeras fotográficas e
as mudanças que essa nova tecnologia trouxe comparada com a câmera
analógica. Já o quarto capítulo mostra a relação que a fotografia tem com o
fotojornalismo, portanto descreve como a imagem fotográfica foi introduzida na
imprensa além de apontar como é a profissão de um fotojornalista. O quinto
capítulo traz a história do jornal foco desta monografia, a Gazeta do Povo, além
de trazer brevemente relatos de como foi inicialmente a transição tecnológica
nos jornais Zero Hora e a Folha de São Paulo.
Após embasar todo um contexto, chegamos ao problema deste trabalho
que se baseia em uma pergunta: De que modo a relação dos fotojornalistas
com a pauta foi afetada após a adesão das câmeras digitais no jornal da
Gazeta do Povo?
Os objetivos específicos desta monografia buscam identificar as
principais estratégias que o jornal utilizou com a chegada da tecnologia digital
nas câmeras, além de mostrar como era a rotina do jornal no período analógico
e depois como ficou no período digital.
Na parte metodológica desta monografia foi realizado um levantamento
histórico com referências bibliográficas e também entrevistas com
6
fotojornalistas que atuaram na Gazeta do Povo durante o processo de
transição da câmera analógica para o digital. O período analisado foi de 1995,
ano no qual foi implantada a primeira câmera digital no jornal, até 2004,
período que a câmera analógica foi extinta do processo jornalístico da Gazeta.
Os fotojornalistas entrevistados foram Antonio Costa, Edson Carlos da
Silva, Pedro Alexandre Serapio, Rodolfo Cesar Ferrari Buhrer e Valterci José
dos Santos Essas entrevistas foram registradas por meio de um gravador e foi
feito um questionário com perguntas iguais para todos os entrevistados.
Após a decupagem do material gravado foi feita uma análise das
respostas dos entrevistados com citações de teóricos do tema, chegando a
conclusão das principais mudanças que ocorreram na rotina do fotojornalista
após a chegada da câmera digital na rotina jornalística.
O tema desta monografia foi escolhido, pois essa transição é um marco
na história da fotografia mundial em que ocorreram diversas mudanças, tanto
na estrutura dos jornais, quanto na rapidez de divulgação de informação.
A Gazeta do Povo foi escolhida, pois é o jornal pioneiro do estado do
Paraná a trazer a tecnologia digital nas câmeras para seus fotojornalistas, além
de ser o principal jornal ainda em rodagem no Estado do Paraná, tanto em
papel quanto internet. E por fim esta monografia contribuirá para futuros
profissionais da comunicação que buscam se aprofundar sobre este pequeno
registro da história do jornalismo.
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2. DELIMITAÇÃO DO TEMA
Nas próximas páginas serão abordados temas que guiam o leitor até o
problema de pesquisa do trabalho: Nascimento da Fotografia; Popularização da
Fotografia; Fotografia; Fotojornalismo; Fotografia Digital e Gazeta do Povo.
2.1 NASCIMENTO DA FOTOGRAFIA
A fotografia pode ser comparada ao desenho e ao desenho realista.
Trata-se de uma reprodução mimética do real, equiparado a um “espelho”. A
fotografia apresenta um efeito de “captura” da realidade, pois a imagem é
semelhante ao que se enquadra pelo aparato fotográfico.
De acordo com Oliveira (2003), a fotografia tem suas bases no século
XVII, com o trabalho de astrônomos e físicos que observavam eclipses solares
por meio de câmaras escuras. Por meio desses experimentos e após diversas
pesquisas, a fotografia teve seu início com demonstrações técnicas, realizadas
por fotógrafos que, na maioria dos casos, também eram pintores.
Porém essas demonstrações causaram um impacto muito grande na
época. Pois as pessoas eram acostumadas a ver suas imagens em um quadro
pintado a mão, e agora, com as primeiras imagens fotográficas, essa mesmo
imagem poderia ser reproduzida por um equipamento mecânico, fazendo com
que se criasse um novo paradigma para o realismo. Inicialmente foram criadas
as primeiras convenções profissionais, parecidas com as que realizavam na
pintura, o intuito era familiarizar as pessoas com a fotografia (SOUSA, 1998).
Os pictoralistas consideravam que se a fotografia queria ser reconhecida como arte tinha de se fazer pintura, pelo que exploravam fotograficamente os efeitos da atmosfera, do clima (névoa, chuva, neve…) e da luz (crepúsculo, contra-luz…). A fotografia de retrato, pelo seu lado, também vai copiar as poses forçadas e os cenários que a pintura usava. Mesmo ao nível técnico, o retoque e a pintura das fotos vão fazer escola. Tal constitui um indício da ideia então vigente de que a fotografia era como uma extensão da pintura que, eventualmente, substituiria esta última. Porém, não só a pintura não
8
desapareceu como também a fotografia a poderá ter ajudado a libertar-se das amarras do realismo (SOUSA, 1998, p.18).
Agora não era só os pintores que precisavam registrar o real, os
fotógrafos também iniciavam os primeiros trabalhos com fotos de paisagem e
retratos familiares.
Durante este processo a fotografia ainda passava por percalços para
resistir ao tempo. Oliveira (2003) conta que, na virada do século XVII para o
XVIII, as fotografias feitas por meio da câmera obscura não estavam resistindo
à luz e ao tempo, fazendo com que as imagens desaparecessem depois da
revelação. Fotógrafos pioneiros conseguiram gravar suas imagens, porém não
conseguiam deixar fixada por muito tempo.
Souza (2013) afirma que, nos primeiros anos, a imagem fotográfica foi
vista de forma cautelosa e acabou rotulada como menos verídica do que a
pintura. No final do século XVIII, a principal dificuldade dos pesquisadores era
fixar as imagens no suporte.
Em 1816, o francês Niépce dava os primeiros passos no caminho de
registro de imagens por meio da câmera obscura que pudessem resistir ao
tempo. Niépce fez uma pesquisa e usou um material recoberto com betume da
Judéia e combinou com sais de prata. Com essa descoberta, o francês teria
gravado as primeiras imagens oficiais da fotografia em 1827 (OLIVEIRA, 2003).
A falta de maiores e mais precisas informações sobre os trabalhos e pesquisas de Joseph Nicéphore Niépce se deve a uma característica, até certo ponto paranóica, de sua personalidade. Vivia suspeitando que todos quisessem lhe roubar o segredo de sua técnica de trabalho. Isto ficará claramente evidenciado na sua tardia sociedade com Daguerre. Também em 1828, quando vai à Inglaterra visitar o irmão Claude, fracassa uma possível apresentação perante a Royal Society. Neste encontro, intermediado por um certo Francis Bauer, Niépce deveria apresentar os trabalhos por ele batizados de heliografias. O evento não se realizou por ter Niépce deixado claro, de antemão, que não pretendia revelar seu segredo (OLIVEIRA, 2003, p.2).
Após esses momentos iniciais da fotografia, o processo de captura da
imagem foi passando por diversas evoluções, técnicas ou mecânicas.
Inicialmente, os interessados pela fotografia eram minoria, pois os altos preços
cobrados pelos fotógrafos faziam com que apenas pessoas de classe alta
pudessem adquirir esse serviço (FABRIS, 2008).
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Silva (2012) revela que o indivíduo que desejasse ser fotografado
precisava desembolsar um alto valor para ter o registro de sua imagem. O valor
ainda era menor que o de pintores retratistas da época, o que pode justificar
sua rápida popularização a partir dessa época.
Com o passar dos anos, esse alto custo foi diminuindo. Principalmente
após a descoberta do cartão de visita fotográfico feita Disdéri1, que faz com
que um produto que era apenas disponível para um público específico fosse
destinado para outras classes sociais. Isso levou a fotografia a entrar em uma
fase industrial (1854) (FABRIS, 2008).
Sendo assim, em 1880 começa o período de massificação, voltada para
a comercialização da fotografia, sem deixar de lado sua pretensão a ser
considerada arte (FABRIS, 2008).
Para Sousa (1998), a fotografia é uma representação capaz de entreter
devido ao seu “realismo”, à verossimilitude. Souza (2013) afirma que “a
fotografia é ‘congelar’ por um instante a realidade, seja com objetivo de
informar, testemunhar, fazer arte ou história”.
A fotografia nada mais seria que um conjunto de códigos ou um símbolo que veda qualquer ilusionismo ou pretensão de neutralidade à imagem fotográfica: esta não “representa” o real empírico simplesmente porque o real não existe fora dos discursos (ou das imagens) que tratam dele (SOUZA,2013,p.8).
É isso que transforma a câmera fotográfica no primeiro objeto pós-
industrial da história, pois desde as suas primeiras imagens ela registra a
história em um formato inovador e mais realista que as pinturas da época
(SOUZA, 2013).
2.2 POPULARIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA
Entre 1860 e 1880 começou a implantação da fotografia nos principais
jornais impressos, que até então não havia acontecido devido ao alto custo. O
1 Numa só placa colocava vários retratos, utilizando-se assim menos produtos químicos, placas e tempo. As fotografias obtidas com este método eram mais pequenas e de tamanho semelhante ao de um cartão de visita. As fotografias eram mais econômicas o que fazia com que as pessoas mais humildes pudessem fazer fotografias, o que lhes dava a ilusão de terem subido socialmente (WIKIPEDIA, 2014).
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processo era feito com a fotogravura em clichê a meio tom2, suplantando
lentamente a gravura para reprodução de imagens (AZEVEDO, 2009).
A passagem do século XIX para o XX foi marcado por grandes investimentos na expansão do parque gráfico, resultando no aumento expressivo do número de jornais. A introdução da fotografia, do telégrafo, novas máquinas de impressão (rotativas) e composição (linotipo) permitiram a redução de custos e agilizaram consideravelmente a produção. Pouco a pouco, a imprensa migrou de uma fase artesanal para a industrial (AZEVEDO, 2009, p.89).
Desde então, a fotografia vem crescendo gradativamente e se tornando
uma prática comum a todos, tanto o ato de ser fotografado quanto o de
fotografar. Rouillé (2009) comenta que a fotografia não pode ser considerada
uma obra de um só ator. São evoluções que ocorreram em cada década,
desenvolvidas por várias pessoas, ao longo de muitos anos.
A primeira câmera foi fabricada em 1880 por R&J.Beck, ela tinha duas
lentes objetivas que eram interligadas com um foco simultâneo. Em 1888
S.McKellen registrou a primeira máquina ”reflex”. Esta máquina conseguia
deslocar o seu espelho automaticamente durante o click, estando ligado a um
obturador de cortina. Neste mesmo ano, George Eastmann nos EUA, fez o
registro de patente da primeira câmera da Kodak, que já continha um rolo de
filme fotográfico de 6,35cm de largura, que conseguia atingir 100 exposições
em forma de círculo, quando o rolo acabava o dono da câmera tinha que levar
a mesma ao fabricante para que então fizesse a revelação do material.
Em 1900, a Eastman Kodak lançou a Brownie, a primeira câmera
fotográfica que poderia atender a uma maior demanda de diferentes classes
sociais na época. (EXTRA,2016).
Dez anos mais tarde foi criada a Debrie Sept, fabricada pela empresa
italiana F.A.I.T ela foi a primeira câmera que poderia ser utilizada para o
registro de imagens fixas e também para seqüências cinematográficas. Já em
1913 foi criado um protótipo da Ur-Leica com uma lente de 35 milímetros,
projetada por Oskar Barnack, essa câmera foi a pioneira da série das câmeras
muito conhecidas até hoje da Leica.
Alguns anos mais tarde, em 1947, foi projetada a Polaroid Model 95 por
Edmwin Land, este equipamento foi o pioneiro a reproduzir imagens
2 Procedimento fotográfico ou fotomecânico para gravar um clichê sobre prancha metálica (esp. de zinco ou cobre) por meio da ação química da luz (INFOPÉDIA,2003).
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instantâneas logo após o click do fotógrafo, portanto no momento que a foto
era tirada, instantaneamente saía de dentro da câmera a foto em um papel de
10x10.
Em 1948 foi criada a primeira câmera da empresa atualmente famosa
Nikon. A Nikon I era uma máquina com uma lente de 35 mm, inicialmente a
empresa se chamava Nippon Kogaku.
No final da década de 50 foi lançada a CanonFlex, a primeira câmera
chamada de “carro chefe” pela Canon, esse modelo tinha uma lente de 50 mm
f/1.8, uma lente bem clara para a época.
Já em 1967 foi criada a Olympus Trip 35, com uma lente 35 mm essa
máquina foi desenvolvida para o manuseio de pessoas comuns que
precisavam de uma câmera mais compacta para fazer seus registros de
viagens.
Em 1972 foi lançada a Polaroid SX-70 a primeira câmera da história a
tirar fotos instantâneas em formato SLR que reproduzia as imagens em melhor
qualidade que os modelos mais antigos de câmeras de fotos instantâneas
(NETO,2012).
Claro que ao pensar em fotografia comparamos aos tempos atuais, que
com um celular você consegue tirar uma foto e postar na internet. Na era das
primeiras câmeras, que eram analógicas, o ato de fotografar era uma atividade
que necessitava de uma demanda maior de tempo para ver o resultado final,
exceto as câmeras de imagens instantâneas.
2.3 FOTOGRAFIA DIGITAL
A partir de 1975 ocorreu uma revolução na fotografia mundial, pois
surgia o primeiro protótipo de uma câmera digital. Ao invés das imagens serem
reveladas em papel e os equipamentos necessitarem de um filme para efetuar
o registro fotográfico, a câmera digital conseguia mostrar a fotografia capturada
diante da tela de um computador e as imagens eram guardadas dentro de um
dispositivo acoplado na câmera chamado de CCD (charge-coupled device),
como se fosse um cartão de memória nos dias de hoje.
Em meados dos anos de 1980, a fotografia digital teve seu início,
fazendo com que a fotografia analógica começasse a entrar em declínio, pois a
12
evolução dos equipamentos digitais já apontava que dali alguns anos a
fotografia analógica iria perder cenário gradualmente (OLIVEIRA, 2012).
Como meio virtual em que a imagem é transformada em milhares de pulsos eletrônicos, a fotografia digital pode ser armazenada em computadores, disquetes, CD-Rom ou cartões de memórias e, dessa forma, ser transmitida por satélite logo após sua produção, com a ajuda de um computador portátil e telefone. Uma rapidez de que a fotografia analógica não dispõe (OLIVEIRA, 2012, pg.4).
Giacomelli (2001) descreve que a imagem é capturada por um sensor
digital e salva em uma memória digital. Sem revelação, químicos ou filme. Tudo
agora é feito digitalmente (GIACOMELLI, 2001).
Os fotógrafos até tentaram trabalhar com as câmaras tradicionais, mas descobriram que com as digitais podiam enviar, sem muito esforço, 200 fotos por dia. Se tivessem que processar o filme, copiar no papel e enviar o material por telefoto, só conseguiriam mandar 40 fotos por dia, e isso se nada desse errado durante a transmissão (GIACOMELLI, 2001, p.3).
Porém por mais que a primeira câmera digital tenha sido criada em
1975, a sua tecnologia só foi aprimorada e se tornou popular mundialmente
entre os anos de 1990 e 2000. Com a popularização dessa nova tecnologia, o
custo de se tirar uma foto ficou quase nulo. Sendo assim, Persichetti (2006)
comenta que a foto que antes era tirada apenas por profissionais agora estava
no alcance de qualquer pessoa.
2.4 FOTOGRAFIA E SUA RELAÇÃO COM O FOTOJORNALISMO
Antes de a imagem fotográfica ser introduzida na imprensa, os jornais
utilizavam ilustrações que eram bem rudimentares, realizadas com gravuras
em madeira ou pedra. Porém, inicialmente o uso de fotografia em jornais se
esbarrava na dificuldade técnica de conseguir imprimir todos os tons de cinza
para formar a imagem em preto e branco. “A tecnologia de impressão utilizada
até a década de 1880 só possibilitava impressões de gravuras feitas a traço,
onde os desenhos obtidos eram combinações de preto e branco, sem tons
intermediários” (FELZ, 2008, p.3).
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Apesar de todas as dificuldades, a primeira fotografia utilizada para um
jornal, foi feita em 1842, por Carl F. Stelzner. O fotógrafo registrou o grande
incêndio de Hamburgo, Alemanha. A foto serviu de modelo para fazer uma
gravura, que foi publicada na revista semanal The illustrated London News
(FELZ, 2008).
As primeiras manifestações do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a câmara para um acontecimento, tendo em vista fazer chegar essa imagem a um público, com intenção testemunhal (SOUSA, 1998, p.18).
Acredito que após esse registro foi criado o fotojornalismo, que é a
profissão do fotógrafo que captura imagens de acordo com o foco da pauta3
encaminhada pelo redator.
A fotografia é essencial para dar mais credibilidade a uma matéria
jornalística. Qualidades como objetividade e transparência fazem parte do
discurso jornalístico. Sendo assim, a fotografia foi eleita como representação
do real e até serve para ser usada como prova judicial.
Para Buitoni (2008),
a fotografia é o espelho da realidade que ainda conserva um fundo de justificativa para o senso comum, apesar de os teóricos apontarem as inúmeras intervenções que o processo sofre, do disparo até chegar à página impressa ou em telas na web (BUITONI, 2008, p.104)
Boni (2007,p.138-157) comenta que a fotografia é uma forma de obter
registros que servem como fonte documental. Sendo assim, ela resgata a
importância da sociedade se tornando uma ferramenta chave para o
jornalismo.
Souza (2013), por outro, define que o significado do fotojornalismo é
incerto, porém, umas das definições que mais lhe cabe é o ato de informar por
meio da imagem. Já Sousa (1998) entende a profissão de fotojornalista como a
realização de fotografias com o objetivo de informar, documentar, interpretar ou
ilustrar, com o intuito de ajudar as informações passadas pela imprensa.
Neste sentido, a actividade caracteriza-se mais pela finalidade, pela intenção, e não tanto pelo produto; este pode estender-se das spot news (fotografias únicas que condensam uma representação de um acontecimento e um seu significado) às reportagens mais elaboradas
3 A pauta é a orientação que os repórteres recebem descrevendo que tipo de reportagem será feita, com quem deverão falar, onde e como (WIKIPÉDIA,2016).
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e planeadas, do fotodocumentalismo às fotos "ilustrativas" e às feature photos (fotografias de situações peculiares encontradas pelos fotógrafos nas suas deambulações). Assim, num sentido lato podemos usar a designação fotojornalismo para denominar também o fotodocumentalismo e algumas foto-ilustrativas que se publicam na imprensa (SOUSA, 1998, p.5).
O fotojornalismo usa a fotografia como um transporte para analisar e
informar a opinião sobre a vida humana. Seu objetivo é revelar, expor, criar
opiniões e denunciar. Pode ser utilizada como suporte para o jornalista ter mais
credibilidade sobre a notícia publicada. Sendo assim, o domínio desta técnica
ajuda qualquer profissional da comunicação a ter um ganho nos fatos
publicados (SOUSA, 2002).
Desde então, o fotojornalismo vive em constante superação, busca da
oposição com a objetividade em contraste com a assunção da subjetividade,
entre o valor notícia e a estética (SOUSA, 1998).
As variedades de imagens fotográficas publicadas em jornais nem
sempre tem valor jornalístico comprovado teoricamente, pois as imagens que
podem ser consideradas do âmbito fotojornalístico, são aquelas que
transmitem a informação em conjunto com o texto, fazendo com que o leitor
fique seguro sobre o fato noticiado (SOUSA, 2002).
O fotojornalismo é, na realidade, uma actividade sem fronteiras claramente delimitadas. O termo pode abranger quer as fotografias de notícias, quer as fotografias dos grandes projectos documentais, passando pelas ilustrações fotográficas e pelos features (as fotografias intemporais de situações peculiares com que o fotógrafo depara), entre outras. De qualquer modo, como nos restantes tipos de jornalismo, a finalidade primeira do fotojornalismo, entendido de uma forma lata, é informar (SOUSA, 2002, p. 07-08).
Os fotojornalistas podem ser classificados como profissionais que
trabalham na linguagem do instante, pois tentam enquadrar e registrar no seu
ato fotográfico um ou vários momentos sobre o que está ocorrendo em
determinado cenário. Portanto, o foto-repórter tem que analisar de forma
detalhada todos os fatores representativos que permitirão ao leitor observar
claramente a mensagem fotográfica no mesmo sentido que o fotógrafo quis
ilustrar (SOUSA, 2002).
2.5 GAZETA DO POVO
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Os jornais impressos foram os que mais sofreram com essa mudança,
pois também tiveram que se readequar as tendências tecnológicas digitais
(OLIVEIRA, 2014). A Folha de S. Paulo iniciou seus testes com câmeras
digitais só em 1992, pois o custo de uma câmera digital no Brasil ainda era
muito alto. Já em 1994 inaugurou o primeiro banco de imagens digitalizadas de
um jornal brasileiro, o Digicol. O primeiro grande evento que o jornal fotografou
foi a Copa do Mundo de 1998, onde a Folha enviou cinco fotógrafos apenas
com equipamentos digitais para cobrir o evento (FELZ, 2007).
Em 1996, o fotojornalista do jornal Zero Hora, Silvio Ávila, cobriu os
jogos olímpicos de Atlanta, no estado da Geórgia (EUA). O fotógrafo foi um dos
primeiros fotojornalistas a cobrir um grande evento internacional com
equipamento digital (GIACOMELLI, 2000).
Outro jornal pioneiro no Brasil a utilizar uma câmera digital foi a Gazeta
do Povo. Fundada em 20 de janeiro de 1919 pelo advogado Benjamin Lins, a
Gazeta é o principal jornal de Curitiba e também passou por essa transição de
tecnologia da câmera analógica para a digital.
Quando Curitiba tinha apenas 40 mil habitantes, o primeiro exemplar do
jornal tinha seis páginas e 40% do seu espaço era ocupado por propagandas
publicitárias No dia da sua fundação, Benjamin Lins publicou o seguinte
manifesto sobre o que seria o jornal (OLIVEIRA,2014).
Não pertenço, não quero pertencer, a nenhum dos grupos políticos que militam no Estado. A política pessoal, circunscrita a adoração fetichista de qualquer individualidade, como tem ocorrido nos últimos tempos da República, não só não me cativa, como é de tal forma contrária a minha índole que mal entendo que haja alguém capaz de se circunscrever a atividade tão inferior (...). Não tem, pois, nenhum fundamento notícia propalada de que o jornal que redigirei se destina ao lançamento ou defesa de qualquer candidato a Presidência do Estado. Será escoimado de vícios políticos, viverá por si, do povo, para o povo (OLIVEIRA, 2014,p.84).
Quatro anos depois de publicar seu primeiro exemplar, a Gazeta mudou
sua sede para a XV de Novembro, principal rua do centro de Curitiba. No
passar das décadas, o jornal foi crescendo gradativamente. Porém, em 1962
enfrentou sua maior crise financeira. Já dirigida por Plácido e Silva, a Gazeta
acumulava dívidas, não estava mais pagando seus funcionários em dia e
também reduziu o espaço das publicidades no jornal. Foi então que Edmundo
16
Lemanski e seu sócio Francisco Cunha Pereira assumiram o jornal, mas
demoraram dez anos para alcançar o equilíbrio financeiro (OLIVEIRA, 2014).
Em 1969 começou a operar uma nova rotativa, a primeira offset de
grande porte instalada no sul do País. Em 1973 a Gazeta instalou os primeiros
computadores para fotocomposição, além de estampar na primeira página uma
foto colorida, novidade na época (OLIVEIRA, 2014).
Para o ex-fotojornalista da Gazeta do Povo Antonio COSTA (2016), na
década de 70 todas as fotos da Gazeta eram produzidas com câmeras
analógicas, onde a imagem era gravada em um filme, que depois de um
processo químico era revelada em um papel. Porém, para a Gazeta, o custo
com filmes e revelação das fotografias era prejudicial para os cofres do jornal.
No início da década de 1990, a diretoria do jornal estava precisando
baixar o custo com revelações, então resolveu iniciar a renovação da
tecnologia de sua redação. Ao invés de máquinas de escrever, começaram a
ser utilizados computadores Macintosh. E se iniciou a implantação das
câmeras digitais no lugar das analógicas.
Para FREIRE (2009), os recursos do digital supriram às necessidades
dos jornais de hoje, que demandam cada vez mais velocidade e diminuição de
custos.
Várias etapas foram extintas, como a revelação, a montagem de contatos para escolha e edição das fotos, e o escaneamento. Tudo isso representava tempo. O digital já permite a edição imediata, a correção de cores, e qualidade de reprodução, principalmente na mídia jornal, que exige menos resolução de imagem que a revista (FREIRE, 2009, pg.15).
Com a tecnologia digital nas câmeras as fotografias passam a ser
enviadas com mais rapidez ao jornal, portanto, a demanda de fotos nos jornais
aumentou. Existem mais matérias com fotografias e o jornal muda totalmente
sua diagramação (FREIRE, 2009).
As câmeras digitais, ao invés de utilizar filmes, têm um cartão de
memória em que são guardadas as fotos, podendo assim descarregar as
imagens imediatamente nos computadores para a produção da matéria. O
tempo de produção de matérias que utilizavam fotografias digitais diminuiu
radicalmente (COSTA, 2016).
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PROBLEMA
De que modo a relação dos fotojornalistas com a pauta foi afetada após
a adesão das câmeras digitais no jornal da Gazeta do Povo?
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3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
- Identificar, por meio de entrevistas, como foi a adaptação da rotina do
fotojornalista da Gazeta do Povo nessa transição da câmera analógica para
câmera digital na produção de pautas.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Mostrar as estratégias que a Gazeta do Povo utilizou com a chegada desta
tecnologia.
- Mostrar como era feita a manipulação de imagem na câmera analógica.
- Mostrar como era feita a manipulação de imagem na câmera digital.
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4. JUSTIFICATIVA
Desde sua invenção em 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce
(1765-1833), a fotografia passou por diversas mudanças tecnológicas. Isso
tudo para aperfeiçoar cada vez mais o processo fotográfico. Porém, entre todos
esses métodos, a mudança da câmera analógica para digital foi o que mais se
destacou na história (SACOMANO, 2013).
O estudo do fotojornalismo é essencial quando o assunto é relacionado
com comunicação social, pois a fotografia feita por um fotojornalista tem a
função de informar através da imagem, complementando e dando credibilidade
a matéria escrita. Mas e por que isso é importante para o leitor conhecer?
Os jornais aproveitam as fotos para melhorar o aspecto gráfico ou
complementar a informação, obrigando fotojornalistas a pensarem nas
fotografias, tornando comuns as sequências fotográficas, as fotorreportagens e
os foto-ensaios (SOUSA, 1998). Não entendi esse parágrafo aqui (ele está
claro, mas não se relaciona com a ideia de justificar. Esclareça isso para o
leitor)
Esse processo de transição, tema escolhido para esta monografia, é um
marco na história da fotografia mundial. Ocorreram diversas mudanças, tanto
na estrutura gráfica dos jornais, quanto na rapidez de informação, fazendo com
que todos os profissionais envolvidos na rotina jornalística tivessem que se
adaptar a essa nova tecnologia. Certo, mas por que é importante que
estudemos isso?
O jornal Gazeta do Povo, foco desta pesquisa, foi escolhido, pois foi
pioneiro do estado do Paraná a trazer a tecnologia digital nas câmeras para
seus fotojornalistas, além de ser o principal jornal ainda em rodagem no Estado
do Paraná, tanto em papel quanto internet. Fundado há 96 anos a Gazeta
conta com mais de 6,2 milhões de leitores em todas as plataformas (GAZETA
DO POVO, 2016).
Utilizando a pesquisa acadêmica e analisando os artigos e livros
científicos referentes ao tema, observou-se que existe uma carência de
referenciais teóricos que tratam especificadamente dessa transição da
tecnologia analógica para digital. Carência que é observada pelos poucos
autores que dão enfoque para essa transição tecnológica. Portanto surgiu a
ideia de coletar dados que analisassem qual foi as principais mudanças para o
20
profissional fotojornalista e conseqüentemente para rotina do jornal como um
todo.
A história oral é essencial para captar esses dados para o projeto,
através dela é viável captar diversos pontos de vistas e opiniões bem
específicas sobre o que aconteceu na rotina jornalística da Gazeta do Povo
com essa transição tecnológica.
A metodologia de fazer entrevistas foi escolhida para dar mais
credibilidade ao conteúdo escrito, aproximar o leitor com o projeto e contribuir
para chegar as conclusões desta monografia. Mas como o método te ajuda e
porque ele é o melhor?
Os temas abordados no referencial teórico trazem pontos essenciais
para o entendimento do foco deste projeto. Primeiramente foi analisado a
relação da imagem com a tecnologia, mostrando que ambas caminham lado a
lado, quando a tecnologia evolui, consequentemente a imagem evolui, e essa
abordagem explica o quão é importante a pesquisa da mudança tecnológica da
câmera analógica para digital, pois se houve renovação tecnologia ouve
alteração no modo de se pensar em uma imagem.
O estudo da história oral traz sustentação para o registro de vivência
prática dos fotojornalistas que atuaram exatamente neste período de transição
da tecnologia analógica para digital.
Os fotojornalistas que concederam essas entrevistas foram Antonio
Costa, Edson Carlos da Silva, Pedro Alexandre Serapio, Rodolfo Cesar Ferrari
Buhrer e Valterci José dos Santos. Estes profissionais foram escolhidos, pois
atuavam no jornal desde 1995, quando a primeira câmera digital entrou na
Gazeta, até 2004, onde foi extinta a câmera analógica do jornal, além de todos
terem participado do ambiente jornalístico na era analógica e depois na era
digital.
Uma das expectativas é que este estudo contribuirá para futuros
fotojornalistas e profissionais da área de comunicação, fomentando o desejo de
aprender sobre este período histórico de transição de tecnologias.
21
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O referencial teórico desta monografia serve para embasar essa
evolução da imagem de acordo com a tecnologia e também para explicar a
importância da metodologia que foi escolhida para este trabalho. O primeiro
tema é sobre a imagem e tecnologia. Neste presente tema é mostrado como
essas duas palavras caminham juntas na evolução histórica, se uma evolui a
outra conseqüentemente evolui junto. O segundo tema fala sobre a história oral
e a importância do registro histórico e memorial em forma de narração.
5.1 IMAGEM E TECNOLOGIA
Compreende-se que a imagem é feita por um sujeito sendo ela real ou
imaginária, produzida ou reconhecida. Isso faz com que ela seja visual
remetendo sempre ao visível. Quanto mais imagens são tiradas por aparelhos
como a máquina fotográfica, a chance de sermos enganados por elas aumenta.
Estas imagens podem nos propor um mundo de ilusão, porém tem a incrível
capacidade de nos deslocar para diversas partes do mundo sem ao menos
sairmos do lugar (JOLY, 2006).
Todos os dias somos forçados a conviver com diferentes tipos de
imagens, temos que decifrá-las, interpretá-las ou apenas concordar com o que
já estão dizendo. Porém, de forma natural não nós confrontamos com o que
realmente a imagem pode estar mostrando. É um produto fácil de ser
manipulado e não importa o meio de comunicação, a imagem publicada pode
nos esconder alguns fatores que mudariam todo o contexto caso estivéssemos
presentes no fato da realidade como um todo (IJOLY, 2006).
Uma iniciação mínima à análise da imagem deveria precisamente ajudar-nos a escapar dessa impressão de passividade e até de “intoxicação” e permitir-nos, ao contrário, perceber tudo o que essa leitura “natural” da imagem ativa em nós em termos de convenções, de história e de cultura mais ou menos inteorizadas (JOLY, 2006, p.10).
22
A história da tecnologia começou com a evolução constante de objetos
que eram manipulados pelo homem. A cada nova ferramenta a tecnologia era
evoluída. Assim, podemos enxergar o porquê da origem da palavra técnica e
tecnologia ser o mesmo, pois techné significa, fabricar, produzir, construir
(VERASZTO, 2010).
Um exemplo disso é a implantação da tecnologia na imagem, segundo
Joly (2006) a partir da evolução tecnológica nos últimos anos, qualquer imagem
passa a ser manipulável, fazendo com que essa percepção do “real” e virtual
seja colocada em perigo.
Sem dúvidas os videogames banalizaram imagens de síntese ainda relativamente grosseiras. Mas os simuladores de vôo herdados dos treinamento de pilotos americano já entraram na vida civil em instalações em que o espectador sente os movimentos ligados aos espaços que atravessa virtualmente (JOLY,2006, p.26).
A imagem simulada não pode ser tratada como falsa, pois elas sofreram
mudanças pelo próprio estatuto da imagem, que tem sua origem do
renascimento. As inovações tecnológicas na área da imagem permeiam a
trama de agenciamentos que articulam, em um determinado estado e momento
social, sujeitos, figuras e mundos possíveis.
Já a imagem digital é uma cópia do real, que é guiada por uma realidade
encontrada em dispositivos psicofisiológicos. São apenas imagens lógicas da
realidade dela própria, como se fosse um real empírico que nos contagia e nos
leva a diferentes sentimentos (PARENTE, 1993).
Essa mudança se deve também as inovações tecnológicas, pois sem
elas não teria diversos modos de visualizar a imagem. Temos que reconhecer
a importância da tecnologia no dia a dia em todos os sentidos da nossa
sociedade (VERASZTO, 2010).
Nunca foi relatado em qualquer período da historia uma rapidez tão
grande de divulgação de informações. A distância e o tempo receberam
praticamente outra denominação, portanto esta análise de tecnologia e imagem
são essenciais para entender o processo de evolução do fotojornalismo
(FOLQUENING, 2002).
Trazendo essa discussão conseguimos entender a mudança que uma
nova tecnologia digital pode acarretar para um aspecto gráfico de uma imagem.
Assim, as diversas formas que as imagens foram registradas por uma câmera
23
desde 1827 só tiveram essa evolução histórica através das novas tecnologias
que foram criando no decorrer do tempo.
5.2 HISTÓRIA ORAL
Portanto toda essa história das transformações que a tecnologia
juntamente com a imagem foram sofrendo no decorrer dos anos são relatos de
vivência prática feito por pessoas através da história oral, as evoluções da
sociedade e contos do presente e passado são obtidos através de narrações
que constroem essa história.
O tempo tem suas diferentes faces, estilos e ritmos, isso tudo é
colocado na vida humana implicando continuidades, descontinuidades,
sensações, convenções e eventos cotidianos. É um eterno caminho que nunca
será encerrado e sim renovado, a história pode mostrar as visões do passado e
até mesmo as projeções do futuro, tudo isso por causa do espaço de tempo
que existe entre um acontecimento e outro (DELGADO, 2003).
Assim sendo, o olhar do homem no tempo e através do tempo, traz em si a marca da historicidade. São os homens que constroem suas visões e representações das diferentes temporalidades e acontecimentos que marcaram sua própria história. As análises sobre o passado estão sempre influenciadas pela marca da temporalidade. Ao se interpretar a história vivida, no processo de construção da história conhecimento, os historiadores são influenciados pelas representações e demandas do tempo em que vivem e a partir dessas representações e demandas, voltam seus olhos para o vivido reinterpretando-o, sem no entanto o modificar (ID, 2003, p.2-25).
Conseqüentemente o tempo, memória, espaço e histórias estão sempre
na mesma freqüência. Pois quando pensamos em reviver momentos temos
que buscar nos registros da história oral, e essa relação de espaço e tempo é
que aproxima o passado do presente e o presente do futuro. Observamos isso
quando buscamos lembranças de guerra, movimentos étnicos, culturais,
conflitos ideológicos, embates políticos, lutas pelo poder e até mesmo um
registro de uma mudança tecnológica (DELGADO, 2003, p.02-25).
E é por isso que a história oral é tão relevante quando tratamos em
pesquisar o passado de um acontecimento. Por mais que tal registro esteja
24
escrito em alguns livros, só mesmo palavras transcritas de pessoas que
viveram o fato podem dar a veracidade para quem está lendo sobre a história.
Portanto nestas entrevistas, se tivermos um compromisso com a "verdade",
como conseguiremos que nossas fontes nos dêem sua versão daquilo que
realmente acreditam ser verdadeiro. Por isso devemos fazer um esforço para
criar ambientes em que os entrevistados tenham condições de estabelecer
seus próprios limites e tomar suas próprias decisões a respeito, porque a
vivência do entrevistado em si pode ser diferente do que os registros históricos
relatam (PORTELLI, 1997, p.8-36).
Devemos, não obstante, fazer um esforço para criar um ambiente em que as pessoas tenham condições de estabelecer os próprios limites e de tomar as próprias decisões a esse respeito. Não o conseguiremos ignorando as diferenças que nos tornam desiguais, nem paternalística (e desonestamente) simulando uma igualdade que inexiste. Em vez disso, devemos deitar por terra a diferença, encará-la menos como uma distorção da comunicação do que com a própria base desta e situar a conversa no contexto da luta e do trabalho, com o intuito de criar a igualdade (PORTELLI,1997,p.8-36).
Para Thompson (1997) descobrir "como aconteceu realmente" pode
levar ao descaso por outros aspectos e valores de testemunhos oral. Ao
tentarem descobrir uma história isolada, estática e recuperável, alguns
historiadores não levam em conta as várias camadas da memória individual e a
pluralidade das versões sobre o passado fornecidas por diferentes narradores.
Na tentativa de eliminar as tendências e fantasias, alguns profissionais descuidavam-se das razões pelas quais as pessoas constroem suas memórias de modo específico e não conseguiam enxergar como o processo de afloramento de lembranças poderia ser a chave para ajudá-los a explorar os significados subjetivos das experiências vividas e a natureza da memória individual e da
memória coletiva. Não percebiam que as chamadas "distorções" da
memória, embora talvez representassem um problema, eram também um recurso (ID,1997, p.02-33).
As fontes históricas orais são fontes narrativas. O material oral coletado
deve ser avaliado em algumas categorias desenvolvidas pela teoria da
narrativa e literatura e no folclore. Algumas narrativas contêm recursos no
tempo de narração, isto é, na proporção entre um acontecimento e outro do
evento descrito. Uma fonte pode falar em poucas palavras um episódio que se
desenrolou em anos, já outra fonte pode demorar várias horas falando de uma
cena que demorou minutos. Essas variáveis são significativas, não tem como
estabelecer uma normal geral, mas conseguimos neste modo de entrevista
25
considerar diversos ponto essenciais e detalhes nos quais o narrador esteja
interessado em absorver (THOMPSON, 1997, P.05-15).
Sendo assim, podemos afirmar que a história oral não é unificada, pois
contém diversas maneiras e pontos de vista para ser contada. A imparcialidade
varia de acordo com a parcialidade do narrador. Ela sempre vai ter um lado,
pois existe um contador, porém as suas diferentes parcialidades e confrontos
fazer dela um meio muito interessante de registro histórico (THOMPSON, 1997,
p.15-15).
A história oral se torna essencial para dar credibilidade metodológica
para uma pesquisa que envolve vivência prática dos entrevistados com a
história. De Freitas (2006) comenta que a uma das características, de toda a
tradição da história oral é a seu benefício na prática, pois a seu envolvimento
direto com o campo de pesquisa ajuda a chegar a dados mais precisos.
O debate sobre História Oral possibilita reflexões sobre o registro dos fatos na voz dos próprios protagonistas. A história Oral utiliza-se de metodologia própria para a produção do conhecimento. Sua abrangência, além de pedagógica e interdisciplinar, está relacionada ao seu importante papel na interpretação do imaginário e na análise das representações sociais (DE FREITAS, p.17-133, 2006).
Alberti (2004) comenta que para utilizar a historia oral como metodologia
é necessário que as questões colocadas aos entrevistados sejam condizentes
com uma pesquisa de qualitativa, se isso acontecer à história oral será efetiva
diante das perguntas que o pesquisador estruturar.
Fazer história oral não é simplesmente sair com um gravador em punho, algumas perguntas na cabeça, e entrevistas aqueles que cruzam nosso caminho dispostos a falar um pouco sobre suas vidas. Essa noção simplificada pode resultar em um punhado de fitas gravadas, de pouca ou nenhuma utilidade, que permanecem guardadas sem que se saiba muito bem o que fazer com elas (ALBERTI, p.29-234, 2004).
Portanto para conseguir estabelecer uma boa metodologia com história
oral, tem que escolher os entrevistados de acordo com o foco da pesquisa
além de estruturar as perguntas conforme os objetivos a serem atingidos.
Alberti (2004) complementa que o método de pesquisa de história oral só se
justifica no contexto de uma investigação científica, sendo assim a sua
efetividade só ocorre com um projeto de pesquisa previamente bem definido.
26
Neste trabalho, a história oral entra como uma ferramenta de
metodologia, pois ajuda no registro da vivência prática que os fotojornalistas
entrevistados tiveram durante o período de transição da tecnologia analógica
para a digital na Gazeta do Povo. Estes relatos por via da história oral
conseguem dar credibilidade para esta monografia pois foram fundamentados
para esta pesquisa científica.
6. METODOLOGIA
Para chegar aos objetivos deste estudo foi realizado uma pesquisa
qualitativa de caráter descritivo com fotojornalistas da Gazeta do Povo, que
vivenciaram o processo da evolução de tecnologia da câmera analógica para
digital.
Para Triviños (2007), a Coleta e a Análise de Dados são tão vitais na
pesquisa qualitativa, talvez mais que na investigação tradicional, pela
implicância nelas do investigador, que precisam de enfoques aprofundados,
tendo presente, seu processo unitário e integral.
Segundo Duarte (2012), o procedimento ideal é o de realizar a entrevista
com o número preciso de pelo menos vinte pessoas, podendo-se alternar
dependendo do objetivo do trabalho. Se os dados da pesquisa de campo
através de um questionário conseguirem levantar diferentes “significados,
sistemas simbólicos, códigos, práticas, valores, atitudes, idéias e sentimentos”
o objetivo da pesquisa estará concluído.
A avaliação dirigida, estruturada, facilita para evidenciar, na prática, os
resultados que queremos chegar na pesquisa. Portanto, as fichas e formulários
podem ajudar a reunir os dados que necessitamos (TRIVIÑOS, 2007).
Portanto, foi elaborado um questionário com dez perguntas iguais para todos
os entrevistados, com o intuito de mostrar as mudanças que ocorreram na
rotina de produção da Gazeta do Povo, como exemplo: produção de pautas;
aspecto gráfico do jornal; funções do fotojornalista etc. O questionário em
formato de entrevista fechada com perguntas iguais para os entrevistados pode
27
ser um meio que permite avançar sobre as investigações, fazendo com que
uma sondagem realizada junto ao entrevistado possa auxiliar na busca de
informações precisas sobre o tema em pesquisa (TRIVIÑOS, 2007).
Os dados foram coletados através de entrevistas no formato de história
oral. Os entrevistados são fotojornalistas que trabalharam na Gazeta do Povo
durante o processo de transição da tecnologia analógica para a digital. Para
coletar a respostas dessas perguntas foi utilizado um gravador onde foi
coletado todo material bruto das entrevistas de cada fotojornalista.
Para analisar este material foi feita uma decupagem das entrevistas.
“Recomendamos a gravação da entrevista, ainda que seja cansativa sua
transcrição. Somos partidários disto fundamentalmente por duas razões
surgidas de nossa prática de investigadores. A gravação permite contar com
todos materiais fornecidos pelo informante, o que não ocorre seguindo outro
meio” (TRIVIÑOS, 2007, página?).
Para as entrevistas foram selecionados cinco fotojornalistas que viveram
todo o processo de implantação da tecnologia digital na Gazeta. Desde 1995,
ano que foi colocada em prática a primeira câmera digital no jornal, até 2004,
período que foi extinta a câmera analógica da rotina fotojornalística da Gazeta
do Povo.
Esses fotojornalistas foram indicados pelo editor de fotografia atual da
Gazeta do Povo Alexandre Mazzo. Todas as entrevistas foram agendadas via
whatsapp, os locais de gravação de alguns fotojornalistas foram no ambiente
de trabalho deles e outros nas suas próprias residências. A coleta desse
material foi feita através de um gravador, mais algumas respostas para
complementar essa monografia foram respondidas via whatsapp também. A
decupagem deste material foi feita através do programa media player.
PERFIL DOS PERSONAGENS
É essencial descrever o perfil de cada personagem, pois da sustentação e
argumentos a conclusão dos objetivos desta monografia.
28
1 - Antonio Costa, 52 anos, fotógrafo, iniciou sua carreira aos 12 anos de
idade, em novembro de 1976, como auxiliar de laboratório, varrendo, limpando
e preparando fotoquímicos para o trabalho diário da equipe de fotógrafos dos
jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná. Permaneceu nessa função
até novembro de 1986. Pelo seu esforço ganhou o cargo de fotojornalista e
começou a cumprir pautas diárias para os jornais citados.
Em maio de 1992 foi convidado a integrar a equipe de fotógrafos do
jornal Gazeta do Povo, onde ajudou a implantar o processo de revelação de
filmes em cores. Poucos anos depois, o jornal implantaria o sistema de
fotografia digital, pioneiro no estado.
Em 2012 encerrou sua carreira na Gazeta do povo e também a sua
jornada com trabalho em empresas de jornalismo.
2 - Edson Carlos da Silva, 53 anos, repórter cinematográfico na TV É-Paraná
e ex fotojornalista da Gazeta do Povo. Seu primeiro contato com a fotografia foi
em 1976, com 13 anos, em um estúdio de fotos 3x4. Neste estúdio aprendeu
as funções de um laboratorista, desde fazer os químicos, revelar e fixar a
fotografia. Aos 15 anos de idade foi convidado para ser fotógrafo para a
Revista Panorama.
Em 1983 foi fotojornalista do jornal Folha de Curitiba. Em abril de 1987,
foi convidado para trabalhar na Gazeta do Povo e por lá ficou até o ano de
2006, vivenciando todo processo de transição da tecnologia analógica das
câmeras para digital.
3 - Pedro Alexandre Serapio, 54 anos, fotojornalista da Gazeta do Povo
atualmente. Começou a trabalhar com fotografia em 1985, para o Governo do
Estado do Paraná, fotografando paisagens e pontos turísticos para confecção
de pôsteres e cartazes. Em 1990 trabalhou na TV Educativa do Paraná,
também como fotojornalista mas saiu da empresa como Gerente operacional
da TV.
Na Gazeta do Povo foi admitido em dezembro de 1995, produzindo fotos
para todas as editorias. Formado em jornalismo pela UTP, Serapio atualmente
é o Presidente da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos
do Paraná.
29
4 - Rodolfo Cesar Ferrari Buhrer, 39 anos, fotojornalista, iniciou sua carreira
como fotógrafo em 1995 no Jornal Diário da Manhã em Ponta Grossa, ficando
lá até 1996, já em 1997 ingressou na Gazeta do Povo -Sucursal Ponta Grossa
ficando lá até 2001. No mesmo ano entrou para a Gazeta do Povo em Curitiba
mostrando seu trabalho até 2010. Atualmente fotógrafa para a revista Reuters.
5 - Valterci José dos Santos, 47 anos, fotojornalista, iniciou sua carreira no
Jornal Correio de Notícias em 1988, passou pela Tribuna e Estado do Paraná
entre 1989 a 1995. Foi contratado para a Gazeta do Povo em 1995, fotografava
para todas as editorias, saiu em 2011, porém acompanhou todo o processo da
transição da câmera analógica para digital no jornal. Atualmente fotografa
eventos como casamentos, formaturas, aniversários etc.
7 ANALISES DAS ENTREVISTAS
7.1 ROTINAS: CÂMERAS DE FILME
Quando o jornal Gazeta do Povo utilizava as câmeras analógicas,
a rotina do fotojornalista baseava-se nos seguintes passos: O fotojornalista
recebia em torno de cinco pautas dos editores de página e saia para a rua
cobrir essas matérias - geralmente levava uma câmera com capacidade para
tirar 36 fotos. Ao final de cada trabalho o profissional tinha, mais ou menos,
sete fotos por pauta para conseguir chegar ao objetivo. Após usar as 36 poses,
o fotojornalista voltava para redação do jornal para revelar o material. Apenas
no laboratório era possível ver se o resultado do trabalho estava satisfatório
para os editores. Esse tempo, desde o momento em que a foto era tirada até a
chegada às mãos dos editores levava quase duas horas.
30
1. Câmera analógica de filme
Tais processos atrapalhavam na agilidade da rotina jornalística da
Gazeta do Povo, como afirma o ex-fotojornalista da do jornal, Antônio Costa: “A
rotina era corrida, revelação do material, ampliação de algumas cópias e
aprovação do diagramador e chefes de reportagem, na era do papel esse
processo levava horas, diferente do que é atualmente”. Já o ex-fotojornalista
Valterci José dos Santos comenta: “Ao chegar no jornal eu precisava revelar o
material ou deixava direto com o laboratorista, esse processo demorava
algumas horas, portanto só após revelar conseguia mostrar para os editores, e
caso a foto não tivesse aprovação, tinha que fotografar novamente e lá se iam
mais horas até a foto perfeita ser escolhida pelos editores”. Pedro Serapio,
também ex-fotojornalista da Gazeta do Povo, explica: “O sistema de
armazenamento de material de arquivos, era feita com uma agenda, um
número correspondente ao porta-negativo, mas tinha todo o processo de
revelação do filme e ampliação para o papel, sem falar na edição do material
que era feita no próprio laboratório”. Percebemos que, assim como os ex-
fotojornalistas do jornal Gazeta do Povo explicam, a rotina de produção
jornalística das fotografias que iriam para o jornal impresso era lenta e
dependia da ação de terceiros para ser executada até a sua inserção no
impresso, devido às inúmeras fases de produção que as fotografias passavam.
31
Oliveira (2012) relata que desde sua criação a fotografia de filme
(analógica) parou no tempo: “Desde que foi descoberta, a fotografia analógica
pouco evoluiu. Permaneceu com seus princípios ópticos e formatos por mais
de 100 anos, reinando absoluta na história, como se o processo descoberto
pelos pioneiros fosse, de fato, eterno”.
No século XX, a imprensa começou a utilizar com mais frequência
o material fotográfico, e cada vez mais a exigência sob o fotojornalista foi
aumentando. Assim, a cobrança desses e demais profissionais para ter
equipamentos mais rápidos, leves e com maior qualidade de imagem,
desencadeou em um interesse de pesquisadores para evoluir a tecnologia da
máquina fotográfica (OLIVEIRA,2012).
“Ainda jovem, bem antes de se pensar em fotografia digital, já
imaginava que um dia iríamos nos livrar daqueles produtos químicos para
revelar a foto, e que tudo seria mais fácil, meu sonho se tornou realidade”
ressalta o fotojornalista Antônio Costa. Já Rodolfo Buhrer ex-fotojornalista da
Gazeta do Povo complementa “Nós tínhamos laboratoristas que faziam as
ampliações das fotos e também revelavam os filmes. Porém, dependendo da
demanda de fotos o próprio fotógrafo revelava o filme, secava, para então
entregar ao laboratorista para ampliar”.
7.2 ROTINAS: A CÂMERA DIGITAL NA GAZETA DO POVO
32
A primeira câmera digital foi criada em 1975, porém tal tecnologia
chegou ao Brasil somente em 1990. Os equipamentos eram muito caros, e a
taxa de alfândega deixava ainda mais complicado adquirir as máquinas digitais.
Pensando nisso, o diretor chefe da Gazeta do Povo, Dr. Francisco Cunha,
viajou aos EUA, em 1994, e maravilhou-se com a praticidade oferecida que a
tecnologia digital proporcionaria para o jornal e, principalmente, a economia
que a Gazeta do Povo teria, já que o gasto rolos de filme e produtos químicos
seria extinto.
2. Câmera Quick Take
Então, em 1995 foram compradas as primeiras câmeras digitais para o
jornal. O fotojornalista Edson Carlos da Silva relata que a chegada desses
novos aparelhos modificou a rotina dos profissionais, principalmente na fase
final da produção das fotos: “Os equipamentos digitais foram chegando aos
poucos e conviveram por muito tempo com o analógico. O trabalho externo era
o mesmo, o interno que mudou, o próprio fotógrafo editava e arquivava as
fotos”. Rodolfo Buhrer, também fotojornalista da Gazeta do Povo, comenta:
“Com a chegada da câmera digital nós eliminamos o processo de revelação do
filme, portanto não precisava mais de um laboratorista para ampliar a foto,
33
revelar e arrumar luz. Chegávamos da rua com as fotos, baixávamos elas no
computador pelo cartão da câmera, no mesmo instante colocávamos a legenda
na foto que antes era feita com caneta. Agora digitávamos a legenda pelo
computador mesmo. Dividia as fotos em pastas para criar um acervo de
imagens para o jornal”. E, Valterci José dos Santos complementa: “O
equipamento digital, inicialmente, era uma carroça, mas passamos por um
período de testes, com treinamentos, adaptação com computadores. Ficamos
um ano engatinhando até nos adaptarmos. Trocávamos informações entre nós
mesmos. O Antônio (Costa) nos dava dicas, porque ele estava à frente com a
prática e informações sobre a câmera digital”. Assim, baseando-se em Oliveira
(2012), concluímos que nesse período iniciou-se a possível morte da fotografia
analógica nos jornais: “A evolução dos equipamentos digitais aponta para o
aniquilamento gradual da fotografia analógica nos próximos anos”.
A redução do tempo que a imagem digital tinha em comparação
com a imagem analógica, do ato que o fotografo tirava a foto, até a mesma
chegar à redação do jornal, foi brusca. A fotografia que antes demorava duas
horas para chegar às mãos dos editores, agora passava a levar apenas 20
minutos. Sobre o assunto, Pedro Serapio ressaltou: “No começo sentimos falta
do contato físico com a fotografia, mas, o tempo que diminuiu para levarmos
nosso material para a redação, já começava a virar nosso aliado”. Esse contato
físico com a imagem, no qual Serapio descreve, significa que na era analógica
a fotografia era revelada e observada no papel, e com a chegada da era digital,
a mesma foto pode ser observada diante da tela do computador. Um processo
feito de agilidade e nitidez.
Porém, inicialmente a fotografia digital na Gazeta do Povo chegou
como experimento. Isso porque a qualidade da imagem das primeiras câmeras
digitais era bem inferior às imagens das câmeras analógicas, como relata Felz
(2007), “Com a memória ainda pequena e qualidade de imagem final baixa, a
primeira impressão deixada pelas câmeras já indicava que a fotografia
analógica ainda manteria a supremacia por muito tempo”. Assim como Felz
previu, Serapio obteve a mesma impressão: “As máquinas que a gente tinha na
época eram muito deficitárias e o processo para baixar a foto da máquina, uma
Quick Take, para o sistema da Apple, era muito difícil, muitos programas, e se
levava quase meia hora para baixar as fotos e mandar o material por e-mail.
34
Muitos acreditavam, eu me incluo, que isso jamais iria substituir o filme e o
material analógico”.
Apesar da fotografia digital ganhar imediatamente o mercado
amador, os profissionais da área foram absorvendo essa tecnologia de forma
mais cautelosa. Tal transição em jornais e revista foi crescendo
progressivamente durante quase 10 anos, desde 1990 até o início dos anos
2000. (OLIVEIRA,2015)
Na Gazeta do Povo a tecnologia digital chegou em 1995, e a
analógica acabou por extinta em 2004, portanto o jornal ficou nove anos
intercalando a câmera analógica com a digital, até enfim, substituir todo seu
equipamento pelo digital.
7.3 PRIMEIRO CONTATO COM CÂMERA DIGITAL
O primeiro equipamento que chegou ao jornal Gazeta do Povo foi
a Quick Take, A câmera conseguia armazenar apenas seis fotos dentro do seu
cartão de memória, e a qualidade da imagem era muito inferior às câmeras
analógicas da época. Antônio Costa relata: “Em minha opinião, as primeiras
câmeras digitais geraram curiosidade e um pouco de frustração, por conta da
pouca qualidade e tamanho do arquivo digital inicialmente”. Silva ainda reforça
“Foi frustrante, pelo modelo da câmera que parecia um binóculo, e pelo
tamanho da foto que poderia ser usada no jornal”.
Sobre a primeira experiência com a Quick Take Buhrer explica:
“Foi os jogos da Copa do Nordeste, eu batia a foto e transmitias do meio do
campo. Aluguei um fio de telefonia fixa, e através dele conseguia encaminhar
as fotos para redação. Esse processo levava em torno de 20 minutos cada
foto”. Antônio Santos também conta como foi sua experiência com a Quick
Take: “Fotografei a Operação Verão em 1995. Foi uma alegria, passei por essa
vida de laboratório, pelo fato de demorar para ver a foto aparecer no jornal a
rapidez me espantou, no negativo gerava muito tempo. Com a máquina digital
resolvia as pautas mais rapidamente”. Já Serapio ressalta: “Estava em
Guaratuba, para cobrir sobre a história da queda de um prédio na cidade, que
ocorrera há três anos. Então, me enviaram para tirar fotos de outros prédios
que começaram a ter rachaduras e enviar no mesmo instante para a Gazeta do
Povo, em Curitiba, precisávamos fechar o jornal, fiz a foto e mandei. Só para
35
baixar as três fotos e enviá-las de Guaratuba para Curitiba demorou uma hora
e meia, porém no analógico isso seria impossível em tão pouco tempo”.
Essa rápida transmissão das fotografias para as redações fez
com que os jornais se equipassem da melhor maneira possível para divulgar
rapidamente as notícias. Oliveira (2015) comenta: “Na Copa do Mundo de 1998
na França praticamente todos os fotojornalistas utilizavam o equipamento
digital, e por fim, nos jogos olímpicos de Sidney em 2000 foi onde a era digital
se estabeleceu definitivamente a frente do analógico”.
Já os fotojornalistas da Gazeta do Povo só viram-se livres das
câmeras analógicas em 2004, mas durante toda essa transição esses
profissionais tiveram que se adaptar à nova rotina de produção, além do jornal
ter que criar estratégias para equilibrar a velocidade com a qualidade das
imagens que eram anexadas no jornal.
7.4 ADAPTAÇÃO À NOVA ROTINA
Durante os nove anos de transição da tecnologia analógica para
digital, a Gazeta do Povo adotou estratégias fundamentais para que seus
fotojornalistas conseguissem se adaptar a tecnologia digital.
Pois, como já citado nessa monografia, inicialmente as primeiras
câmeras digitais eram muito inferiores às analógicas quanto a qualidade de
imagem, portanto a Gazeta do Povo foi acomodando-se conforme a tecnologia
digital evoluía, para que houvesse um equilíbrio de qualidade de imagem e,
então, excluir de vez a câmera analógica do jornal.
Antônio Costa explica: “Os fotojornalistas mais velhos, não se
adaptaram a tecnologia digital, pois estavam acostumados com o uso do
laboratorista na rotina foto jornalística”. Já Serapio relata: “Eu sai de uma zona
de conforto, porque tínhamos o conhecimento total do filme químicos, enfim do
trabalho analógico. Com a chegada da era digital precisei aprender a usar o
photoshop e outros sistemas de computadores para baixar fotos, além de
manusear a própria máquina digital”. Já sobre o assunto, Santos comenta: “Eu
temia muito ter que dominar a informática, pois tinha que fazer tudo, não tinha
laboratorista, tinha que cortar, ver o tamanho do arquivo, isso, pra mim, foi a
pior parte. Aquele serviço só dependia de mim, a responsabilidade aumentou.
36
Mas, a agilidade na qual a foto era passada para os redatores foi o ponto que
mais me afetou, tínhamos que ser mais ágeis”.
Buhrer explicou, ainda, que o fotojornalista passou a ter ainda mais
autonomia sob seu trabalho após a chegada da câmera digital: “A gente
chegava da rua com as fotos, baixávamos elas no computador pelo cartão da
câmera, no mesmo instante já colocávamos a legenda na foto, já digitávamos a
legenda pelo computador mesmo sem precisar depender de outra pessoa para
concluir o trabalho. Nosso trabalho realmente era nosso, não passava à mão
de terceiros, como fazíamos na era da câmera analógica”.
Segundo Oliveira (2015), “Essa geração de fotojornalistas
aprendeu por necessidade a conviver com a fotografia digital. São profissionais
que se prepararam para sobreviver no mercado fotográfico atual, pois dominam
a fotografia analógica e buscam conhecimentos da área digital”.
A rotina do fotojornalista ficou mais dinâmica com a chegada da
câmera digital, cada profissional teve o seu próprio tempo para se adaptar à
nova rotina jornalística. Essa qual foi evoluindo gradativamente, por meio das
novas tecnologias que estavam chegavam no jornal (câmeras, computadores,
programas de edição, etc).
7.5 RELAÇÃO COM A PAUTA – ANTES E DEPOIS DA CÂMERA
DIGITAL
Os fotojornalistas cobriam de duas a cinco pautas por dia com a
câmera analógica, já com a câmera digital esse número subiu de cinco a dez
pautas por dia. Porém, não existiu uma alteração apenas na quantidade de
pautas e sim no modo que esses profissionais registravam essas matérias.
Edson Carlos da Silva explica como era realizado o processo
analógico: “Ao retornar para o jornal tínhamos que revelar o filme, secar,
arquivar a foto em uma agenda. Não se fazia cópias das fotos, pois não
sabíamos o que o jornal usaria. Apresentávamos uma prévia da foto em
negativo para os editores chefes, que escolhiam qual a foto seria revelada para
ser usada no jornal. Quem passava a foto final para o jornal era um
laboratorista que ficava até o fechamento do jornal”.
37
Buhrer explicou ainda: “Nas pautas antes das 18h usávamos a
câmera analógica e nas depois das 18h a digital. Além disso os plantões de
final de semana só utilizávamos as câmeras digitais”.
Costa relatou outras estratégias da Gazeta para cobrir as demandas de
pautas: “Adotamos a estratégia de revezar a câmera com filme com a câmera
digital. Inicialmente a câmera digital gerava um arquivo muito pequeno. Porém,
as fotos que precisavam ser publicadas rapidamente, utilizava-se a câmera
digital. Já as que precisavam de mais qualidade usávamos a câmera
analógica”. Serapio ainda complementou: “Até todos os fotojornalistas terem
um equipamento digital decente, o jornal revezava as câmeras dos fotógrafos
de acordo a demanda das pautas”.
Segundo Sousa (2002), “O compromisso de informar não mudou
nada, apenas o poder de "fogo" está maior com a era digital. De qualquer modo
a principal finalidade do fotojornalismo é informar. portanto a essência não foi
mudada, mas a velocidade de divulgação aumentou”. Além disso observamos
uma crescente industrialização na produção rotineira da fotografia, os jornais
começaram a ilustrar mais as suas matérias, porém esses conteúdos não
tiveram uma melhora no seu desenvolvimento, pois tudo estava centrado em
divulgar o fato o mais rápido possível (SOUSA, 1998, p.189).
Os fotojornalistas tiveram seu trabalho facilitado após a entrada
da câmera digital, porém essa melhora na condição de efetuar a função foi
compensada com uma maior demanda de serviço, ou seja, se antes o número
de pautas era menor por causa da demora na revelação das fotos, agora o
número era maior, pois o fotojornalista conseguia enviar o material para seus
redatores em minutos. Antônio Santos comentou: “Ficamos muito mais
próximos, a interatividade entre pauteiro, redator, editor com o fotojornalista era
intensa após a chegada da tecnologia digital, resolvíamos pautas em minutos,
mesmas pautas que no período analógico demoraria horas”. Questão essa que
Buhrer reforçou: “A relação ficou muito mais dinâmica, eu batia a foto e ligava
para o meu editor que já recebia a foto no computador e por meio de uma
ligação já definíamos se aquela foto estava aprovada. Mas, no analógico tinha
que revelar a foto, ai levávamos essa foto para os editores. Ela era
apresentada no papel para a reunião do jornal, no digital, atualmente, essa
apresentação é feita pelo notbook em tempo real”.
38
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para atingir o que foi proposto realizei entrevistas com fotojornalistas da
Gazeta do Povo que trabalharam no jornal durante essa transição tecnológica.
Além disso, foi feito uma revisão literária concluindo que a mudança
tecnológica da câmera analógica para a digital foi um dos principais marcos
históricos do jornal Gazeta do Povo e também para os outros jornais do mundo.
Ficou claro que o ganho de tempo para o envio das fotos para as redações
foi o principal ponto positivo com a chegada da tecnologia digital nas câmeras.
Inicialmente foi observado que por mais veloz que era a transmissão dessa
imagem para a redação a qualidade da imagem digital ainda era incomparável
com a imagem de filme fotográfico. Portando na rotina jornalística da Gazeta do
Povo foi feito um rodízio de câmeras, as matérias que precisam ser ilustradas
de forma mais rápida os fotógrafos utilizavam a câmera digital, já as matérias
que não necessitavam dessa “velocidade” para divulgação era usada a câmera
39
analógica pois ainda nos anos de 1995 (início da era digital na Gazeta do
Povo) a qualidade da imagem analógica era imensamente maior que a digital.
Outro ponto chave foi o aumento da demanda de pautas passada para cada
fotojornalista, antes da chegada da tecnologia digital o fotógrafo saia da Gazeta
com um filme de 36 poses para cobrir de 5 a 10 pautas, a responsabilidade do
“click” fotográfico era bem maior, em alguns casos o filme acabava antes do
fotógrafo terminar sua demanda de pautas, cada matéria tinha no máximo 3
registros para ser escolhido apenas um para entrar no jornal.
Já por volta do ano de 2002 com a câmera digital um pouco mais evoluída,
os fotógrafos cobriam de 15 a 20 pautas praticamente sem limites de fotos por
pautas, portanto o trabalho para filtrar a foto que iria ser veiculada no jornal
aumentou mas essa facilidade de registrar o fato e logo observar se o click foi
“bem feito” ou não, deu mais conforto para o fotojornalista efetivar o seu
trabalho com maior qualidade.
O gasto absurdo da Gazeta do Povo com produtos químicos, papel e filmes
para revelação foi tratado como o maior déficit da era analógica. Sendo assim
só a idéia de não precisar gastar mais com isso já era um grande motivo para o
jornal trazer a primeira câmera digital. Inicialmente houve gastos com
equipamentos, impressoras, computadores, câmeras e cursos para os
fotógrafos. Mas pensando gradativamente essa diminuição de investimentos
com revelação de filmes só beneficiou a Gazeta.
Além disso, não existia um método de “reciclar” os produtos químicos
usados para a revelação da fotografia analógica, portanto sempre era uma
problemática pra saber onde descartar aquele produto. Já com o processo
digital o meio ambiente também foi beneficiado.
Concluo ao final deste projeto que a transição da tecnologia analógica para
a digital na Gazeta do Povo modificou claramente o dia a dia dos seus
fotojornalistas e conseqüentemente a rotina jornalística do jornal. Pois se
pensarmos que a essência do jornalismo é a qualidade e velocidade no qual o
conteúdo chega para o leitor, posso concluir que a era digital ajudou na
agilidade dessa divulgação de informação.
40
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WIKIPEDIA. Página do projeto: fontes fiáveis. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pauta_(jornalismo). Acesso em 05 dez.2016.
10. ENTREVISTAS
Nome: Antonio Costa
Idade: 52 anos
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Profissão atual:Fotógrafo
Trabalhou na Gazeta do Povo entre 1992 e saiu em 2012
1) Como era a rotina do fotojornalista da Gazeta do Povo antes da
fotografia digital?
A rotina era corrida, revelação do material, ampliação de algumas cópias
e aprovação do diagramador e chefes de reportagem.
2) Quais foram as maiores modificações na rotina jornalística da Gazeta
do Povo com a chegada da câmera digital?
Com a chegada do digital, houve um ganho de tempo incrível na rotina
de fechamento do jornal. A maior de todas as modificações foi essa agilidade
para enviar as fotos para os editores.
3) Como foi anunciado o processo de chegada da fotografia digital
na Gazeta do Povo?
Um dos donos do jornal, Dr.Francisco Cunha, viajava muito para o
país e para o exterior. Ficava admirado com a tecnologia e o ganho de tempo
da câmera digital. A sua filha, Ana Amélia, era jornalista na época e reuniu
todos os fotógrafos, pedindo para que fosse indicado equipamentos para
implantação no jornal.
4) Que tipo de expectativa foi criada em torno da chegada da fotografia
digital na Gazeta do Povo?
Para os fotógrafos, foi criado uma grande expectativa de rapidez no fluxo
de trabalho. Ficamos como crianças a espera de um novo brinquedo.
5) Como foi sua primeira experiência com a câmera digital na Gazeta do
Povo?
Eu sempre fui curioso e entusiasta na fotografia. Lia e estudava muito o
tema.
Para mim, as primeiras câmeras digitais, geraram curiosidade e um pouco de
frustração, por causa da pouca qualidade e tamanho do arquivo digital
inicialmente.
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6) Que tipo de estratégias a chefia do departamento de fotojornalismo
adotou na transição da fotografia digital para analógica na Gazeta do
Povo?
Adotamos a estratégia de revezar a câmera com filme e a câmera digital.
Isso pois inicialmente as câmeras digitais tinham um formato de arquivo
pequeno. Portanto fotos que precisavam ser publicadas mais rapidamente era
utilizada a câmera digital já as que precisavam de mais qualidade usávamos a
câmera analógica.
7) O que mais afetou sua rotina profissional?
Os fotógrafos mais novos não sentiram o impacto. Os mais velhos não
se adaptaram a essa nova tecnologia, porque se acostumaram com o uso do
laboratorista na rotina fotojornalística.
8) Como era o processo de edição de imagem na câmera analógica?
Como ficou na câmera digital?
Antes com o filme, precisava de um enorme tempo para revelar e
ampliar as cópias, e quando precisávamos fazer qualquer melhora na foto em
questão de luz ou corte demorávamos muito para um resultado pouco
satisfatório. No digital isso acabou, com o photoshop com apenas um click
ajustávamos a luz ou corte na imagem.
9) Mudou algo na relação com os repórteres, diagramadores, editores do
jornal na mudança para fotografia digital?
A divulgação das fotos ganharam mais agilidade e a interatividade ficou
mais próxima com os outros profissionais envolvidos na rotina do jornal. Eles
tinham acesso ao material produzido na tela do computador, sem a
necessidade da espera de processamento químico de revelação da fotografia.
10) Quais foram as principais mudanças no aspecto gráfico do jornal com
a chegada dessa tecnologia?
48
Com o digital, o aspecto gráfico sofreu várias mudanças, uma delas é
quantidade de imagens que foi aumentada por jornal. Mas a qualidade de
imagem das fotos digitais ficava bem abaixo da foto analógica.
Nome: Edson Carlos da Silva
Idade: 53 anos
Profissão atual: Repórter cinematográfico na TV É-Paraná
Trabalhou na Gazeta do Povo entre 1987 até 2006.
1) Como era a rotina do fotojornalista da Gazeta do Povo antes da
fotografia digital?
Chegando no jornal me passavam de duas a cinco pautas. Ao retornar
tínhamos que revelar o filme, secar ou passar para o laboratorista. Não se fazia
cópias das fotos pois não sabíamos o que o jornal usaria, fazíamos um contato
de negativo para o papel onde a redação escolhia qual a foto seria copiada
para ser usada no jornal. Quem copiava a foto era o laboratorista que ficava
até o fechamento do jornal.
2) Quais foram as maiores modificações na rotina jornalística da Gazeta
do Povo com a chegada da câmera digital?
Os equipamentos digitais foram chegando aos poucos e conviveram por
muito tempo com o analógico. Como ainda não tínhamos notebook para
descarregar, era feito pela TI, poucos tinham contato já com os computadores.
O trabalho externo era o mesmo, o interno que mudou, aos poucos o próprio
fotógrafo foi identificando suas fotos e colocando no sistema
Hoje à maior modificação é a rapidez que a foto chega para o redator,
consigo enviar a foto no instante que tiro ela. No analógico era bem diferente,
por exemplo: No futebol, tínhamos que fotografar a noite, ficava 15 minutos no
campo, batia a foto e corria pro jornal ou hotel pra revelar filme, copiar a foto e
enviar por telefoto. No início da digital já conseguia descarregar a foto no
mesmo instante no computador da Gazeta.
3) Como foi anunciado o processo de chegada da fotografia digital
na Gazeta do Povo?
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Já sabia que o digital chegaria no jornal, pois já lia sobre essa tecnologia
nas revistas de fotografia. E depois fomos conhecendo o equipamento por meio
de fotógrafos dos grandes jornais que vinham a Curitiba. Mas quando chegou a
primeira câmera no jornal foi apresentado pela diretoria e pela empresa, foi um
evento registrado e publicado pelo próprio jornal.
4) Que tipo de expectativa foi criada em torno da chegada da fotografia
digital na Gazeta do Povo?
Na verdade os fotógrafos esperavam a mesma agilidade ou mais da
digital, mas ela veio bem lenta, pouco armazenamento, confesso que no
começo foi decepcionante.
5) Como foi sua primeira experiência com a câmera digital na Gazeta do
Povo?
Foi frustante, pelo modelo da câmera que parecia um binóculo além do
tamanho da foto que poderia ser usada no jornal
6) Que tipo de estratégias a chefia do departamento de fotojornalismo
adotou na transição da fotografia digital para analógica na Gazeta do
Povo?
Os fotógrafos mais experientes usavam a câmera analógica para fotos
que precisavam de mais qualidade. Já as pautas mais hardnews usava a
câmera digital.
7) O que mais afetou sua rotina profissional?
Creio que foi esse contato com uma máquina desconhecida, totalmente
diferente do que estava acostumado.
8) Como era o processo de manipulação de imagem na câmera
analógica? Como ficou na câmera digital?
Na analógica eram feitas provinhas, um contato do negativo com papel
que conseguíamos fazer alguns pequenos ajustes de cor. Já com a foto digital
era descarregada nos computadores das editorias e editadas pelo photoshop
com apenas alguns clicks.
50
9) Mudou algo na relação com os repórteres, diagramadores, editores do
jornal na mudança para fotografia digital?
Mudou porque nos podíamos visualizar na página e podíamos
convencer o editor a trocar, sem contar na agilidade para se diagramar.
10) Quais foram as principais mudanças no aspecto gráfico do jornal com
a chegada dessa tecnologia?
Você poder montar a página e visualizar ela pronta no computador, não
foi só as câmeras que evoluíram mas também os programas dos
diagramadores.
Nome: Pedro Alexandre Serapio
Idade: 54 anos
Profissão atual: Repórter Fotográfico do Jornal Gazeta do povo
Entrou na Gazeta do Povo em 1995 e permanece lá atualmente.
1) Como era a rotina do fotojornalista da Gazeta do Povo antes da
fotografia digital?
A nossa rotina de trabalho, era muito mais agitada do que hoje. Me
passavam uma média de 2 a 5 pautas por dia. Armazenava as fotos em uma
agenda. Mas tinha todo o processo de revelação do filme e ampliação para o
papel, sem falar na edição do material, que tinha que ser feito no próprio
laboratório e sem grandes chances para erro.
2) Quais foram as maiores modificações na rotina jornalística da Gazeta
do Povo com a chegada da câmera digital?
No começo senti falta do contato físico com a fotografia, mas o tempo
para transmitir essa foto para a redação diminuiu muito, se tornando nosso
aliado dentro da redação do jornal.
3) Como foi anunciado o processo de chegada da fotografia digital na
Gazeta do Povo?
Foi na verdade um processo lento, porque não se tinha muito
conhecimento sobre o assunto, as máquinas que a gente tinha na época eram
51
muito deficitárias e o processo para baixar a foto da máquina, uma Quick
Take, para o sistema da Apple, era muito difícil, eram muitos programas e se
levava quase meia hora para baixar as fotos e mandar o material por email,
muitos acreditavam, eu me incluo, que isso jamais iria substituir o filme e o
material analógico, por isso, o processo de aprendizado e a compra de
equipamentos por parte do jornal foi bem lento, nos fomos nós adaptando aos
poucos.
4) Que tipo de expectativa foi criada em torno da chegada da fotografia
digital na Gazeta do Povo?
A expectativa era enorme, já sabíamos através dos repórteres
fotográficos dos outros jornais sobre detalhes dos equipamentos digitais,
ficávamos na esperança que a Gazeta adquirisse um equipamento de ponta
pra que a gente pudesse trabalhar com a mesma qualidade que os
concorrentes.
5) Como foi sua primeira experiência com a câmera digital na Gazeta do
Povo?
Bem a primeira fotografia digital foi na praia de Guaratuba , três anos
depois que um prédio caiu na cidade. Os prédios ao redor começaram a ter
rachaduras, então a Gazeta me pediu para tirar umas fotos dos prédios e
mandar uma foto digital para o fechamento do jornal.
6) Que tipo de estratégias a chefia do departamento de fotojornalismo
adotou na transição da fotografia digital para analógica na Gazeta do
Povo?
Fazíamos a intercalação da c6amera analógica com a câmera digital
dependendo da velocidade que os editores precisavam das fotos.
7) O que mais afetou sua rotina profissional?
Na verdade eu sai de uma zona de conforto, porque tínhamos o
conhecimento total do filme químicos, enfim do trabalho analógico. Portanto
52
tive que aprender sobre photoshop, sistemas de computadores além do
manuseio da máquina digital.
8) Como era o processo de edição de imagem na câmera analógica?
Como ficou na câmera digital?
A edição da foto analógica era mínima pois tinha que ser feita no próprio
laboratório e havia bastante limitação. Já no digital usávamos o photoshop e
com alguns clicks conseguíamos editar o que no laboratório demoraria horas.
9) Mudou algo na relação com os repórteres, diagramadores, editores do
jornal na mudança para fotografia digital?
Sim sem dúvida, tivemos muitas demissões devido ao processo da
modernidade. Onde trabalhavam cinco pessoas no departamento de
tratamento de imagem, hoje só tem uma, diagramadores também, saíram
muitos, será um mal necessário, é um preço alto, mas não tem como evitar,
o negócio é aprender quantas vezes for necessário e tentar sempre fazer a
melhor imagem.
10) Quais foram as principais mudanças no aspecto gráfico do jornal com
a chegada dessa tecnologia?
Tivemos que se adaptar, foram realizados vários cursos. A mudança
gráfica na impressão do jornal foi absurda. A quantidade de fotos no jornal
triplicou, quase todoas as matérias tinham imagens capturadas pelos
fotojornalistas.
Nome completo: Rodolfo Cesar Ferrari Buhrer
Idade: 39 anos
Profissão atual:Repórter fotográfico
Trabalhou na Gazeta do Povo entre 1997 até 2010.
1) Como era a rotina do fotojornalista da Gazeta do Povo antes da
fotografia digital?
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Nos tínhamos um laboratoristas que fazia as ampliações das fotos e
também revelava o filme. Porém dependendo da demanda de fotos o próprio
fotografo revelava o filme, secava, para então deixar para o laboratorista
ampliar.
2) Quais foram as maiores modificações na rotina jornalística da Gazeta
do Povo com a chegada da câmera digital?
Com a chegada da câmera digital nos eliminamos o processo de
revelação de filme, portanto não precisava mais de um laboratorista para
ampliar a foto, revelar e arrumar luz etc. A gente chegava da rua com as fotos,
baixávamos elas no computador pelo cartão de memória da câmera, no mesmo
instante já colocávamos a legenda na foto que antes era feita com caneta,
agora já digitávamos a legenda pelo computador. Dividia as fotos em pastas no
computador para inicialmente criar um acervo de imagens para o jornal.
3) Como foi anunciado o processo de chegada da fotografia digital na
Gazeta do Povo?
Foi chegando aos poucos, na medida que os equipamentos
digitais chegavam no jornal nós ficávamos testando, foi uma transição bem
lenta.
4) Que tipo de expectativa foi criada em torno da chegada da fotografia
digital na Gazeta do Povo?
A maior expectativa era de transmitir a foto mais rápida para as
redações, principalmente de futebol e nas pautas fora de Curitiba, além de não
depender de todo esse processo químico para revelar uma foto.
5) Como foi sua primeira experiência com a câmera digital na Gazeta do
Povo?
Foi os jogos da Copa do Nordeste, eu batia a foto transmitia as fotos do
meio do campo. Aluguei um fio de telefonia fixa e através dele eu conseguia
encaminhar as fotos para redação, esse processo levava em torno de 20
minutos cada foto.
54
6) Que tipo de estratégias a chefia do departamento de fotojornalismo
adotou na transição da fotografia digital para analógica na Gazeta do
Povo?
Nas pautas antes das 18h usávamos a câmera analógica e nas
depois das 18h a digital. Além disso os plantões de final de semana só
utilizávamos as câmeras digitais.
7) O que mais afetou sua rotina profissional?
A rapidez com que dava para ver o resultado da foto, salvamos na hora,
e caso tivesse algum erro já refazia a foto ali mesmo. Antigamente o processo
todo demorava 40 minutos com sorte e na digital eram dois a três minutos.
8) Como era o processo de edição de imagem na câmera analógica?
Como ficou na câmera digital?
Na era analógica esse processo era feito no laboratório porém de
maneira bem limitada, já com as imagens digitais usávamos o photoshop que
com um click dava para dar mais luz ou menos luz a imagem, portanto essa
facilidade para editar a imagem ajudou o trabalho do fotojornalista.
9) Mudou algo na relação com os repórteres, diagramadores, editores do
jornal na mudança para fotografia digital?
Sim, porque a relação ficou muito mais dinâmica, eu batia a foto e ligava
para o meu editor que já recebia a foto no computador e através de uma
ligação já definíamos se aquela foto estava aprovada. Mas no analógico tinha
que revelar a foto, ai levávamos essa foto para os editores, a foto era
apresentada no papel para a reunião do jornal, no digital atualmente essa
apresentação é feita pelo notbook em tempo real.
10) Quais foram as principais mudanças no aspecto gráfico do jornal com
a chegada dessa tecnologia?
Antigamente era mais quadrado o jornal, a diagramação era bem
retangular, não tinha muita escapatória para os diagramadores inventarem algo
diferente. Mas com a chegada do digital tudo isso mudou, os próprios
programas dos diagramadores também passaram a ser digital então essa
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edição gráfica do jornal pode abranger outras vertentes quanto a design do
jornal.
Nome completo: Valterci José dos Santos
Idade: 47 anos
Profissão atual: Repórter Fotográfico
Trabalhou na Gazeta do Povo entre 1995 até 2011.
1) Como era a rotina do fotojornalista da Gazeta do Povo antes da
fotografia digital?
Pegava de cinco a seis pautas por dia e na volta copiava no máximo 10
fotos de cada pauta, porém ao chegar no jornal tinha que revelar o material ou
deixava direto com o laboratorista, esse processo demorarava algumas horas,
portanto só após revelar eu conseguia mostrar para os meus editores e caso a
foto não tivesse aprovado eu tinha que fotografar novamente e lá se iam mais
horas até a foto perfeita ser escolhida pelos editores.
2) Quais foram as maiores modificações na rotina jornalística da Gazeta
do Povo com a chegada da câmera digital?
Abandonar todos aqueles produtos químicos, a demora para poder
revelar e enviar a foto para o jornal. Com a chegada da digital isso tudo mudou,
a velocidade de enviar a foto no mesmo instante, poder errar e consertar, ver o
material antes de enviar para o jornal. A chegada dos computadores na
redações.
3) Como foi anunciado o processo de chegada da fotografia digital na
Gazeta do Povo?
A gente já estava esperando a mudança e foi uma alegria total.
4) Que tipo de expectativa foi criada em torno da chegada da fotografia
digital na Gazeta do Povo?
Para mim a expectativa foi muito grande, só de pensar em não usar mais os
produtos químicos já me deu um alegria imensa.
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5) Como foi sua primeira experiência com a câmera digital na Gazeta do
Povo?
Fotografei a Operação Verão em 1995. Foi uma alegria, eu passei por
essa vida de laboratório, pelo fato de demorar para ver a sua foto aparecer no
jornal, a rapidez me espantou, no negativo gerava muito tempo. Eu resolvia as
pautas mais rápidas. Eu aprendi a apertar mais o botão da câmera. Não tinha
mais aquele limite de 36 poses, as vezes acontecia de tirar aquela foto perfeita,
acabar o filme. Já no digital isso não acontece. Mas o negativo foi uma arte, ver
a foto nascendo ali em meio ao papel é indescritível. Porem o custo dessa arte
era muito alto para o jornal.
Eu saia para a rua para fotografar 10 poses da pauta, revelava, tinha
que lavar a foto, secar, ampliar, isso demorava, dependendo do clima demorar
muito mais, o clima quando estava frio era pior. E todo esse processo tinha
muita chance de erro, queimar o filme, riscar uma foto, perdíamos muito
material. Da forma mais rápida o ato de tirar a foto para chegar a sair no jornal
demorava em torno de 2 horas.
Agora no digital em 15 minutos no máximo a foto já esta no site com
matéria e tudo, eu bato a foto e já envio via Whatssapp para o jornal.
6) Que tipo de estratégias a chefia do departamento de fotojornalismo
adotou na transição da fotografia digital para analógica na Gazeta do
Povo?
O equipamento digital inicialmente era uma carroça, mais passamos por
um período de testes, com treinamentos, se adaptando com computadores,
ficamos um ano engatinhando ate se adaptar. Nos trocávamos informações
entre a gente. O Antonio Costa nos dava muito informação porque ele estava a
frente com essas informações da câmera digital.
7) O que mais afetou sua rotina profissional?
Eu temia muito dominar a informática, pois eu tinha que fazer tudo, não
tinha laboratorista, ficou uma função autônoma. Aquele serviço só dependia de
mim, a responsabilidade aumentou. Mas a agilidade na qual a foto era passada
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para os redatores foi o ponto que mais me afetou, tínhamos que ser mais
ágeis.
8) Como era o processo de edição de imagem na câmera analógica?
Como ficou na câmera digital?
Precisávamos revelar o filme e no laboratório mesmo dava para ajustar
um pouco a luz da foto, mas coisa mínima, não havia muitas chances para
erro. Já no digital era baixar as fotos do cartão para o computador e usar
photoshop para arrumar qualquer enquadramento ou luz que não tivesse de
acordo com o gosto do editor ou fotojornalista. Esse processo de edição pelo
photoshop era rápido e simples, comparado com a edição de uma imagem feita
no laboratório.
9) Mudou algo na relação com os repórteres, diagramadores, editores do
jornal na mudança para fotografia digital?
Ficamos muito mais próximos, a interatividade entre pauteiro, redator,
editor com o fotojornalista era intensa após a chegada da tecnologia digital,
resolvíamos pautas em minutos, mesmas pautas que no período analógico
demoraria horas.
10) Quais foram as principais mudanças no aspecto gráfico do jornal com
a chegada dessa tecnologia?
A quantidade de imagens por páginas foi claramente aumentada, isso
porque essa diminuição de espaço e tempo para repassar um material
fotográfico para os editores foi absurda.