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Fotoflashs: 16/12/15 #1 Seja transparente A luxúria virá sem medo Silencioso caminhar para fora do mundo. Algo na esquina da vida se veste Úmido atrás do rebanho - O Sol já morde nossos olhos. #2 Pela comparação com flores O sofá antecipa o jogo, O cortejo do despojo (do desejo) O desespero da solução. #3 a posição da língua em meio a pintura. a explosão de desculpas na moldura da chuva. O Céu da boca guarda o inferno das palavras. #4 Na esplêndida presa Nove trens chovem ferrugem Alguém na fumaça Espia o indizível. #5 Xadrez hipnótico Entre a mão e o copo Cheque-malte! Um corpo alambique E a impressão devastada Da vida fermentando. #6 Os ratos prescrevem sua condução miseravelmente Fogem do torna-se homens, Fogem da humanidade. Fazem seus ninhos em outros lugares. Sabem de nós por nossos restos. (São professores dos nossos restos). #7 Caminhar com bombas nos bolsos, O som na mão, E um truque contra o pai. Buzina de pato no ouvido E a dimensão do infinito Como desperdício agradável. #8 Ninguém desenvolve Ao redor dos relógios O ajuste da raiz. #9 Homens incríveis Erros irreprimíveis (irrepreensíveis). #10 Obedecer apesar da observação De um lado e do outro Reproduz-se o trilho, No plano de fuga O trem vindo

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Page 1: fotolitos

Fotoflashs:

16/12/15

#1

Seja transparente

A luxúria virá sem medo 

Silencioso caminhar para fora do mundo.

Algo na esquina da vida se veste

Úmido atrás do rebanho

- O Sol já morde nossos olhos.

#2

Pela comparação com flores 

O sofá antecipa o jogo,

O cortejo do despojo (do desejo)

O desespero da solução. 

#3

a posição da língua em meio a pintura.a explosão de desculpas

na moldura da chuva.

O Céu da boca

guarda o inferno das palavras.

#4

Na esplêndida presa

Nove trens chovem ferrugem

Alguém na fumaça

Espia o indizível.

#5

Xadrez hipnótico

Entre a mão e o copo

Cheque-malte!

Um corpo alambique

E a impressão devastada

Da vida fermentando.

#6

Os ratos prescrevem sua condução miseravelmente

Fogem do torna-se homens,

Fogem da humanidade.

Fazem seus ninhos em outros lugares.

Sabem de nós por nossos restos.

(São professores dos nossos restos).

#7

Caminhar com bombas nos bolsos,

O som na mão,

E um truque contra o pai.

Buzina de pato no ouvido

E a dimensão do infinito

Como desperdício agradável.

#8

Ninguém desenvolve

Ao redor dos relógios

O ajuste da raiz.

#9

Homens incríveis

Erros irreprimíveis (irrepreensíveis).

#10

Obedecer apesar da observação

De um lado e do outro

Reproduz-se o trilho,

No plano de fuga

O trem vindo

Com silêncio e atenção.

#10

Da janela à página

A captura do interior

O relevo das letras,

a dimensão

do acontecível

Page 2: fotolitos

como nova propagação.

Da página à janela

A festa de avaliar ângulos,

Os ângulos de avaliar ressacas

O percurso do abandono de si

E o ser do mundo num hipertexto.

#11

A chuva é um fantasma

Que insiste em ser natural.

#12

Da visão

Tornar-se seu litoral

E naufragar

na beira da praia.

#13

Ninguém vem durante este salto

Não há volta, não devo ir

Meia-volta é meia-ida

E volta e meia todos vamos dar.

#14

Espelhos

Desfiladeiros do olhar,

Gaiolas da infância,

Anêmonas na rua.

Ver de dentro do espelho os

7 anos de azar do meu ser,

Sou só reflexo, ilusão de se olhar.

De dentro do espelho

Alguém aponta aquilo que

Ainda não sou

E o que eu fui não faz sombra.

# 15

Na Turquia eminente

Este imune e firme relógio

É um gerente didático.

# 16

Para a vida e não para o parágrafo

O maior gesto de um escritor aquilo que não

#17

Quadruplicada

assim como as coisas passam

como se fossem, como se me alimentasse.

quase primata vivo, quase caleidoscópio onírico

quase ornitorrinco fóssil.

devem andar bípedes, os quatro patas

as quantas gentes.

tudo no máximo mínimo, no eu descontínuo

no tudo ou nada.

# 18

moinhos de vento

moendo ao meio.

há grãos inteiros

mesmo com todo meio.

Page 3: fotolitos

moinhos de vento

moendo ao meio.

saltam alémantes

da pipoca estourar.

#19

dentro de si

sem saber decidir

se espera o agora

ou aceita o depois

chove e não sibila

onde caberia

o vento que desafia?

#20

não ser primeiro entre últimos

nem terceiro entre as contradições

dos excluídos.

Todo espaço circunscreve a linha

– essa fila aos desesperados retilíneos.

e é mais além toda possibilidade do esquecimento

e aquém do mais a memória, espaço vazio da garoa.

aos olhos perpassados pelo mundo

a vazante do mundo visto.

ser peixe e a ver de ser

pálpebras, fossilizado ao instante.

subitamente incontido, alçar

entre últimos e primários, o gesto

quase incendiário, de quem sabe voar.

#20

preso entre quatro paredes móveis

o mundo assim não me comove

Eu ao cubo vezes nove.

#21

te mostrará a minha aorta, talvez

consanguíneos na solidão

#22

porque as mãos estão calejadas de tanto homem

#23

quiasma

pois não te quero

pouco amar.

me quis com ismos

e deu com asnos

se fez conforme

aqueles teus pleonasmos.

Page 4: fotolitos

vá viver tua vida triste

de primeira eu já passei.

vá poesia

– meu vaticínio!

ri, angulosa

do ritmo do compasso

já passou

ria, pisa em cima

torça fácil.

mas ri melhor

quem mima

por último.

#24

amor próprio é pedregulho

fere a quem ama

ressente de orgulho.

#25

trem do caos

… causa efeito causa efeito causa efeito causa efeito causa efeito causa efeito causa

efeito...

intenção sonora: (… ocaoséfeitoocaoséfeitoocaoséfeitoocaoséfeit

oocaoséfeito...)

#26

Psicotécnico para Poetas

DEFINA BORBOLETA:

____________________________________

____________________________________

____________________________________

A partir da provocação

de Sarah Roehder

de finas patase língua espiraldefinha coresao estertor.

aos psicóticos técnicos,define doraquilo que não tem:

o voo que voou.

(tá aí, usei mais que três "linhas", mas quem se importa!? ^^)

versão original:

de finas patase língua espiraldefinha coresao estertor.

Aos psicóticos técnicos,define dor

aquilo que não têm:

o voo que voou.

#27

se tudo é líquido, eu

Page 5: fotolitos

que liquidifique entre

o ar que me evapora

e o gesto que solidifica.

#28

a máquina de pensar ilusões

calou por essa noite

com dificuldades de expressão.

para eventuais necessidades, por favor

não inventar razões...

(isso foi escrito em máquina de escrever).

#29

talvez em um poeta

resista a pergunta:

qual é a palavra que se saliva

na ponta da língua

da boca

da voz?

#30

chove e molha,

a todos a chuva desenha

só eu chovo e não molho

no vão do vazio desdenha

o espadachim não se molha.

#31

apontar uma coisa com o dedos não significa tê-la em mãos.

#32

nada me conforma tanto

como no entanto, ser

e estar inconformado.

#33