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ABuenosAiresde... FOTOMONTAGEM DE ALEX FREITAS SOBRE FOTOS DE ALBERTO “PALITO” HALIASZ/AE E DIVULGAÇÃO Gardel, Maradona, Evita, Borges e, até, Mafalda Da Casa Rosada ao La Bombonera, locais imortalizados pelos grandes mitos portenhos q PÁGS. 8 A 12

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ABuenosAiresde...FOTOMONTAGEM DE ALEX FREITAS SOBRE FOTOS DE ALBERTO “PALITO” HALIASZ/AE E DIVULGAÇÃO

Gardel,Maradona,Evita,Borgese,até,MafaldaDaCasaRosadaaoLaBombonera, locais imortalizadospelosgrandesmitosportenhosqPÁGS. 8A 12

Operadora Duração Oque inclui Preço*

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NA PONTA DO LÁPIS

‘MiBuenosAiresquerido’...acidadeadotadaporGardel

Osroteirosdosgrandesmitosportenhos

O cantor (francês, provavelmente) freqüentou locaiscomo o Café Tortoni e o Hipódromo de Palermo

Lugares na capital imortalizados por Gardel, Maradona, Borges, Evita e até Mafalda

*Mínimo por pessoa em acomodação dupla, exceto em feriados ArtEstado/Carlos Botelho

HISTÓRIA–Mercadoemqueele trabalhouquandocriançadeu lugaraoShoppingdoAbasto

BUENOS AIRES

Uruguaio de Tacuarembó?FrancêsdeToulouse?Osargen-tinos não se preocupam muitocom o lugar de nascimento deCarlos Gardel. Todos admitemque o cantor que fez o tango fa-mosoemtodooplanetanãoédeBuenos Aires. Mas, da mesmaforma que Carmem Miranda,nascidaemPortugal,agiuemre-lação ao Brasil, Gardel fez dopaís de adoção sua pátria. Dequebra, declarou seu amor emumamiríade de tangos, desde oclássicoMiBuenosAiresQueridoatéAnclao emParis.O que está fora de discussão

é que Gardel – francês ou uru-guaio – cresceu no portenhobairro do Abasto, próximo docentro de Buenos Aires. Ali, se-gundo as boas línguas, ele teriasidoumgarotoprestativo,preo-cupado com a mãe viúva. Essaversãoindicaqueteriatrabalha-do como ajudante no mercadode alimentos do Abasto, carre-gando caixas de legumes e fru-tas.Asmás línguas,porém, sus-tentam que o garoto teria, naverdade, sido um ladrãozinhoquebatiacarteiras.Ovelhomer-cadoondeGardelrealizavainde-finidos afazeres foi substituídonosanos 30por outro, transfor-madonoAbastoShopping(Ave-nida Corrientes, 3.247; www.abasto-shopping .com.ar ;00--54-11-4959-3400).O bairro tenta manter uma

imagem “gardeliana”, emborajá não tenha as característicasdos tempos de Gardel. Hoje emdia, amaiorpartedoAbastoen-globa uma substancial comuni-dade peruana, além de concen-trargrandepartedosjudeusor-todoxos de Buenos Aires. Aliperto, na Rua Jean Jaurés, 735,Gardel morou com amãe entre1927 e 1933. O casarão, abando-nado durante décadas, foi tom-badopelo PatrimônioHistóricoNacionaletransformadonoMu-seu Carlos Gardel. Além de ex-porobjetosdocantor,realizaex-posiçõessobresuavidaeobra(edo tango, de forma geral).Na vizinhança também está

o Pasaje (Beco) Carlos Gardel,ondeficavaorestauranteChan-ta Cuatro, onde o cantor costu-mava reunir-se comamigos pa-ra comer (ele era bom garfo) e

cantar tangos emilongas.Hoje,nomesmo lugar, está aEsquinaCarlosGardel, umacasadesho-wsdetango(RuaCarlosGardel,3.200; www.esquinacarlosgar-del.com.ar; 00--54-11-4867-6363).Nobecoaindaháumaes-tátua do cantor, inaugurada hátrês anos.

TIROS E CAVALOSNocentro da cidade está oCaféTortoni (AvenidadeMayo, 825;www.cafetortoni .com.ar;00--54-11-4342-4328), um dospreferidos de Gardel. Ele tam-bém ia com certa freqüência aoPalaisdeGlace,umsalãodebai-

le (hoje transformado em mu-seu)emplenaRecoleta(RuaPo-sadas, 1.725; www.palaisdegla-ce.org; 00--54-11-4804-1163).Ele nunca cantou ali, mas o Pa-lais foi o cenário de uma brigaque resultou em uma bala emumdos pulmões deGardel.Anos depois, em 1935, essa

bala seria reencontrada na au-tópsia realizada em Medellín,apósoacidentedeaviãoquecau-souamortedocantor.Umadasespeculações da época – e queainda tem vários seguidores – éque dentro do avião no qual ocantorpartia daColômbia teriahavido uma violenta discussão,

com troca de tiros. O caos teriacausadoodesviodoaviãodapis-ta, e sua posterior colisão comoutro aparelho.Outropontodotourgardelia-

no é o Hipódromo de Palermo(AvenidaDel Libertador, 4.101;w ww . p a l e r m o . c om . a r ;00--54-11-4777-9009), ao qualdedicou vários tangos (um dosversosdiz “Palermo,me tenés lo-co y enfermo”ou “Palermo, vocême deixa louco e doente”, emalusãoao vício do cantor: corri-das de cavalo). Ele tambémde-dicou tangos aos jóqueis, espe-cialmente a Irineo Leguizamo,que galopava o cavalo de Gar-del, Lunático.Após sua morte trágica em

Medellín, o corpo de Gardel foilevado a Buenos Aires e veladono Luna Park (Rua Bouchard,465; www.lunapark.com.ar;00--54-11-4311-1990), uma espé-cie de miniestádio coberto, on-derealizavam-sedisputasdebo-xe, ciclismo e shows musicais,no centro da cidade.Dali, Gardel foi transporta-

do, acompanhado por centenasdemilharesdepessoas,atéoce-mitério de La Chacarita (RuaGuzmán, 670; 00--54-11-4553-9338), no bairro homônimo. Omausoléu é vigiado por uma es-tátuadocantor,quesemprecon-ta com flores frescas a seus pés,especialmente cravos. De que-bra,comfreqüência,umfãcolo-caumcigarroacesoentreosde-dos de umadasmãos.

GASTRONOMIA GARDELIANAGardel – que durante brevetempo chegou a pesar 118 qui-los – oscilava de peso commui-ta freqüência. Por questões ar-tísticas, policiava-se, e tentavamanter-se dentro dopeso acei-távelparaexibirumafiguraele-gante. A maior parte dos res-taurantes que ele freqüentavafechououtransformou-seradi-calmente.Mas o turista que queira se-

guir os passos da gastronomiagardelianapoderápedir,emou-tros restaurantes, os pratosque deliciavam o cantor. Entreosquitutespreferidos estavamos raviólis com recheio de car-nedevitela, risotocomfunghieaçafrão, além do pucherocriollo, o mais típico cozido daArgentina. ● A.P.

ARGENTINA

Ariel PalaciosCORRESPONDENTEBUENOS AIRES

Acapitalargentinafoiuminten-socentrodecriaçãodemitosaolongodoséculo20.Consideradaa “Paris da América do Sul”, acidadedesfrutoudeumaprofun-davidacultural,quefoiacompa-nhadadeumaturbulenta e exu-berante atividade política. Des-

ta forma, surgiram figuras co-mo Jorge Luis Borges(1899-1986), eterno candidatoaoNobel (prêmio que teria per-didoporquestõespolíticas)eau-tor de obras consideradas em-blemáticas na literatura mun-dial; Evita Perón (1919-1952), amãe dos pobres, “capitã” dosdescamisados, íconeda esquer-da,emboratenhaflertadointen-samentecomofascismo;Carlos

Gardel(1890-1935),ocantorquepopularizou o tango em todo oplanetaequeimpôsumestereó-tipo de ser e viver dos porte-nhos; e um dos mais polêmicos“artistas” do futebol, Diego Ar-mandoMaradona.

SEM CONSENSOOs mitos citados não têm con-senso na sociedade argentina,costumeiramente dividida por

profundos antagonismos. Bor-ges é considerado conservadordemaisporalgunssetoresdaso-ciedade,edefendidoporoutros,queoencaramcomoumrevolu-cionário nas letras. Evita foiamada por metade da socieda-de,amaispobre,edetestadape-la elite (mesmo assim, esteamor-ódiotinhanuances, jáquenem todos os pobres, especial-menteossimpatizantessocialis-

tas, digeriam a autoritária Evi-ta – e parte da elite fez grandesnegóciosduranteoPeronismo).Gardel tem sua legião de fãs.

Mas também existem milhõesde argentinos que consideramoutros cantores melhores (en-tre eles, o próprio Borges, quediziaqueGardelhavia“afemina-do” o tango, por incluir o amorem suas canções). Maradonatambém é centro de divergên-

cias, já que, enquanto uma par-te dos argentinos o consideraumgêniodabola,outrosovêemcomo um prepotente consumi-dor de drogas, péssimo exem-ploparaa juventude (eháatéosque sustentam que Pelé e Gar-rincha forammelhores).O mito jamais discutido –

que consegue o raro consensodos antagônicos argentinos – éMafalda, a emblemática perso-nagemdocartunistaQuino.Iro-nias do destino, a irreverentemeninaé–entreosmitosporte-nhos – a única que não existiuem carne e osso. Veja, a seguir,algunsdoslugaresdacapitalar-gentinaimortalizadosporessascinco personalidades. ●

AMOR–Tangosexaltamacidade

Mausoléu nocemitério de LaChacarita atraiadmiradores

ALBERTO “PALITO” HALIASZ/AE

DIVULGAÇÃO

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V8 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 7DENOVEMBRODE2006OESTADODES.PAULO

O ‘tourMaradona’ começa emVilla Fiorito, onde elenasceu, e termina nas baladas chiques de Vicente López

BUENOS AIRES

Dios (Deus).LaMano deDios (AMão deDeus).El Pibe de Oro (OGaroto de Ouro). El Diez (ODez).Todasestassãoformasdereferir-seaumdosmitosdo fimdo século 20, o ex-astro do fute-bol Diego ArmandoMaradona.Elenasceunodia 30deoutubrode 1960, em Avellaneda, naGrandeBuenosAires,mascres-ceu na casa de sua família, naesquinadasRuasAmazoreMa-rioBravo,nobairrodeVillaFio-rito, no município de Loma deZamora, região metropolitanada capital.Ainda hoje a casa está lá; se-gundo Maradona, “da mesmaforma que era antigamente”.Dooutroladodoquarteirãoexis-tiam vários campinhos, ondedeu seus primeiros passos dri-blando os amigos.Villa Fiorito, atualmente um

bairro de classe média baixa(eraumbairrooperárionainfân-ciadeMaradonae, ao contráriodoquedizomito, jamais foiumafavela),élongedocentrodeBue-nosAires, e sua visita só é reco-mendada para os mais fanáti-cos pelo ex-astro. Vá, de prefe-rência, durante o dia.

FAMAOestrelatochegouquandoapre-sentaram Maradona, um garo-to, ao técnico dos Cebollitas, ti-medadivisão infantil doArgen-tinos Juniors. O clube fica nobairro de La Paternal, em Bue-nos Aires (Rua Punta Arenas,

1.271; www.argentinosjuniors.com.ar; 00--54-11-4551-6887).Décadasdepois,otimehomena-geouojogadorbatizandooestá-dio que inaugurou na zona suldo bairro de Flores, na esquinadas Avenidas Lafuente e PeritoMoreno, comseu nome.

De lá, o jogadorseguiupa-raoBocaJuniorseviveumo-mentosdeglórianomíticoes-tádio La Bombonera (RuaBrandsen,805;www.bocaju-niors.com.ar), naBoca.

TROPEÇOSRecentemente, os proble-mas de saúdedo astro trans-formaramaClínicaSuizoAr-gentina (Avenida Pueyrre-dón, 1.461)numlocal depere-grinação.Masissoépassado.Refeitoemaismagro,Ma-

radona voltou à ativa. Podeser visto em seu camaroteemLaBombonera. Outra di-versãoéacompanharsuas fi-lhas à SunsetDisco (RuaRo-que Sáenz Peña, 440; www.sunsetdisco.com; 00--54-11-4794-8585), em Vicente Ló-pez, nortedaGrandeBuenosAires. ● ARIELPALACIOS

GLÓRIA–OmíticoestádioLaBombonera, ondeele seconsagrou

Rotastortuosasdo ‘PibedeOro’

GRAMADO–ComeçonoCebollitas

ARGENTINA

REPRODUÇÃO

MARCOS BRINDICCI/REUTERS – 22/9/2006

OscenáriosescolhidosporJorgeLuisBorges

ARGENTINA

Escritor retratou alguns dos pontosonde viveu em seus poemas

INSPIRAÇÃO–RuaSerrano, emPalermoSoho,ondeopoetamorouemdois endereços, é citadaem ‘FundaçãoMíticadeBuenosAires’; hoje, obairroconcentrabarese restaurantes

INFORTÚNIO–DuranteempregonaBibliotecaNacional:praticamentecegoe rodeadopor 1milhãode livros

BUENOSAIRES

“Para mim é história que Bue-nosAires teve um começo; eu aconsidero tão eterna como aágua e o ar”. O verso, do poemaFundação Mítica de Buenos Ai-res, é do escritor e poeta JorgeLuis Borges, que em diversasobras declara um apaixonadoamor pela cidade natal. O “No-belquenuncafoi”nasceunocen-tro da capital argentina, emuma casa demolida e substituí-da por outra, na RuaTucumán,840, onde está a AssociaçãoCristãFeminina.Dali, sua famíliasegueparaa

casa da avó inglesa de Borges,FrancesHaslam,queoeducanoidioma inglês. Entre amigos eparentes, o poeta seria sempreGeorgie.Acasa localizava-senaRuaSerrano, 2.135,nobairrodePalermo(cujoquarteirãoécita-do em Fundação Mítica de Bue-nos Aires). Pouco depois, mu-dam-se, na mesma rua, para onúmero 2.147. Embora algunsguiasturísticosdigamqueasca-sas ainda existem, as originaisforamdemolidas.Borges, já idoso, costumava

contarquenobairro, emsua in-fância, ainda existiam malan-drosquedançavamotangoeva-lentões que duelavam com pu-nhais.Oshistoriadoresconside-ram a afirmação uma licençapoética, pois os últimos duelis-tas morreram antes de ele nas-cer.Aárea,hojechamadaPaler-mo Soho, está cheia de bares erestaurantes.Aprimeiraconferênciadojo-

vemBorges foi realizadanoele-gante Salão Dourado do jornalLaPrensa.O lugaratualmenteéusado para cerimônias oficiais,já que o edifício foi transforma-do na Secretaria de Cultura, aolado da Prefeitura (Avenida deMayo,575).Namesmaavenida,no número 1.338, Borges debu-toucomocolunistanojornalCrí-tica.Oedifícioartdécocontinuaali, mas atualmente pertence àPolícia Federal.NocentrotambémficaaCon-

feitaria Richmond (Rua Flori-da,468;00--54-11-4322-1341),on-deBorgessereuniacomosami-gos do grupo literário Florida,rivaldogrupoBoedo.Ambosfo-ramabaseda renovaçãonas le-tras dos anos 30.

MUDANÇASQuandoopaideBorgesmorreu,o jovemtevedeprocurar traba-lho. Tornou-se funcionário daBiblioteca Miguel Cané (RuaCar los Ca lvo , 4 . 3 19 ;00--54-11-4922-0020),nobairrode Boedo. Ali, nas horas livres,escreveABiblioteca de Babel.Amorte do pai também leva

afamíliaamudardecasa,paraaRua Anchorena, 1.672. Ali o es-critor morou entre 1938 e 1943.Embora o período tenha sidobreve, nessa casaBorgesescre-veu um de seus mais famososcontos, que o lançou para a fa-ma:As Ruínas Circulares. Ao la-dodessa casa, nonúmero 1.660,está a Fundação InternacionalJorge Luis Borges (00--54-11-4822-8340).Mas,apesardavizi-nhança, nãohánenhumvínculohistórico com Borges. O argu-mentodesuaviúva,MariaKoda-ma, é que da janela dos fundosdoprimeiroandardaFundaçãodáparaveroquintaldacasaemque o poeta viveu.No fim dos anos 40, Borges,

críticodogeneralPerón,foitira-

do da biblioteca e colocado co-mo inspetor de galinhas nas fei-ras. Ele renunciou ao cargo epassouaviverdeconferênciaseaulas.

VITRAISAMARELOSComaquedadePerón,em1955,Borges foi designado diretor daBiblioteca Nacional (www.bib-nal.edu.ar; 00--54-11-4808-6000), que na época ficava naRuaMéxico,564,nobairroMon-serrat. O escritor apreciava osvitrais amarelos do prédio, quecitou algumas vezes. Ali, inspi-rou-se para vários contos. Ro-deado por quase 1 milhão de li-vros,Borges–praticamentece-go– lamentou-seemumpoema:“ninguém rebaixe a lágrima ourecriminação/esta declaraçãode destreza/de Deus, que commagníficaironia/medeuaomes-mo tempo os livros e a noite”.Entre 1944e 1986,Borges re-

sidiu–juntocomsuamãe,apro-tetoraLeonorAcevedo–emumapartamento na Rua Maipú,992, quase na esquina da RuaMarceloT. deAlvear. Nesse lu-gar, em1970, elamorreu, aos99anos, em seus braços.AumaquadradaliestáaPra-

çaSanMartín,ondeBorgescos-tumava, às 18 horas, passearcom sua governanta, FannyUveda.Namesmapraçaestáen-terrado seu gato de estimação,Beppo,queapareceemreporta-gens e fotografias.Em 1986, casou-se com sua

polêmica ex-aluna e secretáriaMariaKodamaepartiuparaGe-nebra, que denominava de “ou-tra de minhas pátrias”. Mesesdepois, morreu. Seu corpo estáno cemitério de Plainpalais, naSuíça. ● ARIELPALACIOS OUTRAPÁTRIA–SeucorpoestáenterradonaSuíça,ondemorreu,em1986

Ao lado dagovernanta,passeava pelaPraçaSanMartín

FOTOS ALBERTO “PALITO” HALIASZ/AE

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V10 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 7DENOVEMBRODE2006OESTADODES.PAULO

Durante décadas, o pano de fundo das divertidas histórias da menina-filósofa foi ummistério

SanTelmo,obairrodeMafalda

NOJORNAL–Tirinha reproduzentradadoedifício emqueocriadordapersonagem,Quino,morounosanos60–umadaspistasseguidaspor fãsepesquisadores

ENAVIDAREAL–40anosdepois, oprédiodaRuaChile continuamuitoparecidocomosdesenhos

BUENOSAIRES

Mafalda, a inconformista me-nina-filósofa com senso de hu-mor ferino, que analisa a con-juntura mundial e é apaixona-da pelos Beatles (e odeia a so-pa que sua mãe prepara) é ocartummais famosodaArgen-tina. Objeto de culto há déca-das, é o mito de maior consen-so entre os portenhos.Criada em 1963 pelo dese-nhista Joaquín Lavado – maisconhecido como Quino – paraser inicialmente a garota-pro-paganda de umamarca de ele-trodomésticos, a enfant terri-

ble adquiriu vida e tirinha pró-prias um ano depois. A revistaPrimeira Plana, então o sema-náriomais importantedopaís,foi a primeira “casa” da meni-na que depois conquistou omundo com suas tiradas e oseu espírito contestador.Nosquadrinhos, elaatacavaa Guerra do Vietnã, a GuerraFria, a Cortina de Ferro. Tam-bémnãopoupavacríticasàvio-lência policial e ao capitalismoselvagem internacional.

MISTÉRIODurantedécadas,o lugardere-sidênciadeMafaldafoiummis-

tério. Sabia-se que ela habita-va a capital argentina. Mas obairro era desconhecido. Noentanto, há poucos meses, es-se segredo foi finalmente reve-lado. Um grupo de jornalistas,fãs deQuino, analisou cadade-talhedesuasdeclaraçõesà im-prensa, em busca de algumapistaqueodesenhistapudesseter dado sobre o eventual bair-ro mafaldiano. Além disso,eles verificaram que diversosprédiosdeumaáreacentraldeBuenos Aires correspondiamaos desenhos das tirinhas deQuino, alémdo ônibus da linhanúmero 86.

O resultado da pesquisa,posteriormente confirmadopelo desenhista, foi que SanTelmo era o bairro da meninaautoradefrasescomo“hojeen-trei no mundo pela porta tra-seira” e “não é verdade que opassadofoimelhor, oqueacon-tece é que aqueles que esta-vamemmá situação ainda nãohaviam percebido isso”. Maisespecificamente, as aventurasdeMafaldatranscorriamnola-do norte da Avenida Indepen-dencia (o setor mais turístico,que concentra a Praça Dorre-go, com sua tradicional feirade antiguidades, além de hos-

tels e bares, fica na porção sulda Avenida).Mafalda, seus pais e seu ir-

mão, Guille, “moravam” naRua Chile, 371, no décimo an-dar, mesmo prédio onde resi-diu seu criador, Quino, nosanos60.Esseéumdosdoisúni-cos pontos do tourmafaldianoquepertenceaobairrodeMon-serrat, omais antigo da cidadeepalcodosprincipaisaconteci-mentos históricos da capital.Quino retratou seu edifício

tal e qual era, como detalhe damaçaneta de bronze no portãode entrada registrado em vá-riosquadrinhos emqueMafal-da aparece na frente.Nomesmoquarteirão,naes-

quina com a Rua Balcarce, es-tá o estacionamento onde o re-signado pai da heroína de Qui-no guardava todas as noitesseu carrinho Citröen, com oqual a família saía para viajarnas férias.

‘KIOSCO’Na frente do prédio de Mafal-da, atravessando a rua, já emSanTelmo,estáabancade jor-

nais de Don Jorge, freqüenta-dapelamenina-filósofa.Aban-ca (kiosco de diarios, em espa-nhol) ainda está lá, emboracom diferente dono.Virando a esquina, na Rua

Balcarce, 774, está o antigo ar-mazém Don Manolo, do pai deManolito,amiguinhodeMafal-da que ficava no caixa sonhan-do em ser Rockfeller.Hoje em dia, o armazém é

umquiosque.Umapequenaes-tátuademadeirarepresentan-do Manolito decora a fachadado estabelecimento, como ho-menagem.Afamíliaproprietá-ria é a mesma dos tempos emqueocartunistaQuinoperam-bulava por ali.A escola que Mafalda e sua

turma de amigos – Felipe, Mi-guelito, Susanita, Manolito eLibertad – freqüentavam estána esquina da Rua Peru com aAvenida Independencia. De-les todos, quem mais padeciaem irà escola era odentucinhoFelipe, que sempre se distraíacomoutras coisas. Ele próprioadmitia com a emblemáticafrase dos vagais: “até minhasfraquezas são mais fortes doque eu!”. ● A.P.

FIEL–Aescolada turma:naRuaPerucomaAvenida Independencia

ArmazémdeDonManolo, hoje umquiosque, temestátuadeManolito

REPRODUÇÃO

FOTOS ARIEL PALACIOS/AE

TERÇA-FEIRA, 7DENOVEMBRODE2006VIAGEM&AVENTURA V11OESTADODES. PAULO VIAGEM&AVENTURA V11

Idealizada e adorada, mãe dos pobres ainda vive na9 de Julio, no balcão da Casa Rosada, na sede da CGT...

RECOLETA–Túmuloéalvodeperegrinaçãodeportenhose turistas

Emcadaesquina,umpoucodeEvita

ALBERTO “PALITO” HALIASZ/AE

ÁPICE–Sorrisoe trajesdemito

ARGENTINA

DIVULGAÇÃO

BUENOS AIRES

EvaDuartenãonasceuemBue-nos Aires, mas no vilarejo deLosToldos. Tampouco cresceuna capital – foi criada em Juníne só na juventude semudou pa-raacidade,porincentivodocan-tor de tango Agustín Magaldi(1898-1938).Uns dizemque tra-balhoucomomodeloeatriz.Ou-tros, que teve umcaso comMa-galdi e se prostituía. Incertezasque pesam pouco. Eva ainda

nãoeraEvita,amãedospobres.Buenos Aires ainda não era asua cidade.O ano de 1944 mudou tudo.

Eva conheceu o coronel JuanDomingo Perón (1895-1974) noLunaPark(RuaBouchard,465;www . l u n a p a r k . c om . a r ;00--54-11-4311-1990), no centro.A jovemeoMinistro daGuerraeSecretáriodeTrabalho inicia-ramumtórrido romance.Evitafoimorar comele no edifício daRuaPosadas, 1.567.

AliestavaEvitaquandomili-tares prenderam Perón em1945,portemerseucarisma.Lo-go depois de ele ser solto, osdois se casaram. Em 1946, Pe-rón foi eleito presidente e o ca-sal se instalou no Palácio Un-zué, na esquina da Rua Austriae da Avenida do Libertador. Amansão, infelizmente, não exis-te mais: foi destruída no golpede 1955.Mesmoassim, o trechotem de estar no roteiro. É ondeficaomodernoprédiodaBiblio-tecaNacional(www.bibnal.edu.ar; 00--54-11-4808-6000).Ao pé do prédio está hoje

umaestátuadeEvita.Osporte-nhos não gostam dela, nem oscríticosdearte.Podevalerumavisita, mas importante mesmoé ir até aRuaLafinur, 2.988, emPalermo. Lá fica oMuseo Evita( www . e v i t a p e r o n . o r g ;00--54-11-4807-0306),comobje-tos pessoais e documentos.Após a eleição, Evita come-

çou a construir seumito. Crioua Fundação Eva Perón (PaseoColón, 850, San Telmo). Tinha,ainda, escritório na Câmara deVereadores, na Avenida JulioRoca, que hoje abriga aAssem-bléia Legislativa da Capital Fe-deral.Ali,Evitaestavaa200me-tros da Casa Rosada, em cujosbalcões fez seus discursos.O maior deles, porém, ocor-

reu na Avenida 9 de Julio, em1951. Evita explicou para 2 mi-lhões de pessoas que não seriacandidata a vice-presidente. Jáestava com câncer e morreriaum ano depois. Descamisadosseguiram seu féretro pela Ave-nida deMayo. O corpo foi vela-donoCongressoNacionale,emseguida, transportado até aConfederação Geral do Traba-lho (CGT), na Rua Azopardo,802. Perón planejou para Evitaummausoléu, nunca erguido.Os militares que derruba-

ram Perón em 1955 esconde-ramocorpodeEvitanumcemi-tério na Itália. Ele só voltou aversuaamadanosanos70,pou-co antes de morrer. Os dois fo-ramcolocados ladoa ladonare-sidênciapresidencialdeOlivos.Mas o golpe militar de 1976

separouocasalnovamente.Pe-rónfoiparaoCemitérioLaCha-carita. A família de Evita a en-terrou no Cemitério da Recole-ta (www.cementeriorecoleta.com.ar). O túmulo atrai multi-dões até hoje. ● ARIELPALACIOS