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Francisco Roberto Brandão Ferreira Natilene …...3 Francisco Roberto Brandão Ferreira Reitor Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Ensino Natilene Mesquita Brito

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3

Francisco Roberto Brandão Ferreira

Reitor

Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva

Pró-reitora de Ensino

Natilene Mesquita Brito

Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação

Fernando Antônio Carvalho de Lima

Pró-reitor de Extensão e Relações Institucionais

Washington Luis Ferreira Conceição

Pró-reitor de Administração

Carlos César Teixeira Ferreira

Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional

Gedeon Silva Reis

Diretor da Editora IFMA

© dos autores

É permitida a reprodução total ou parcial desde que citada a fonte.

A reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer meio, com propósitos de lucro e sem

prévia autorização dos editores, constitui violação de direitos autorais (Lei 9.610/98).

Os textos assinados, no que diz respeito tanto à linguagem quanto ao conteúdo, não refletem

necessariamente a opinião do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão.

As opiniões são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Direitos Reservados desta edição

Editora IFMA

Tiago da Costa Barros Macedo

Revisão

Sigfran da Silva Santana

Projeto Gráfico e Diagramação

S471a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do IFMA Campus São Raimundo das

Mangabeiras (8.: 2018: São Raimundo das Mangabeiras, MA)

Anais – VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMA Campus São Raimundo das

Mangabeiras: ciência para redução das desigualdades / Tiago da Costa Barros Macedo,

Wild Muller dos Santos Lima Orlanda, Sigfran da Silva Santana (Orgs.). – São Raimundo das

Mangabeiras, MA: EDIFMA, 2019.

116f.: il.

ISBN: 978-85-69745-77-8

e-book

1. Ciências - prática social. 2. Desigualdade. 3. Semana Nacional de Ciência e

Tecnologia - São Raimundo das Mangabeiras. I. Título.

CDU. 5:304(044)(812.1)

Ficha catalográfica elaborada por Eliane dos Santos Loureiro CRB13/1131

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CONSELHO EDITORIAL DA EDITORA IFMA

Presidente

Gedeon Silva Reis

Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação

Natilene Mesquista Brito

Pró-reitoria de Extensão

Fernando Antonio Carvalho de Lima

Técnicos Administrativos

Maria do Socorro Silva Lages

Luís Cláudio de Melo Brito Rocha

Bibliotecário/documentalista

Michelle Silva Pinto

Coordenador de Curso de Pós-graduação

Hênio Henrique Aragão Rego

Ciências Agrárias

Delineide Pereira Gomes

Regia Maria Reis Gualter

Ciências Biológicas

Douglas Rafael e Silva Barbosa

Ciências Exatas e da Terra

Raimundo Santos de Castro

Helson Ricardo da Cruz Falcão

Ciências Humanas

Odaléia Alves da Costa

Ciências da Saúde

Carolina Abreu de Carvalho

Engenharias

Orlando Donato Rocha Filho

Antonio Ernandes Macedo Paiva

Linguística, Letras e Artes

Paula Francinete Ribeiro de Araújo

Apoio Técnico

Diego Deleon Mendonça Macedo

Luís Cláudio de Melo Brito Rocha

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ORGANIZAÇÃO

COMISSÕES DA VIII SEMANA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO IFMA CAMPUS SÃO

RAIMUNDO DAS MANGABEIRAS

Aldiana Rodrigues Alves

Alexsandra dos Anjos Silva Nascimento

Alexsandra Morais Lins

Altemom Queiroz da Silva

Ana Carolina de Assis Dantas

Anderson Antônio Carvalho Alves

Antonio Eliezer Raposo Junior

Aretha Matos de Araujo

Bruno Soares da Silva

Carine Belarmino do Nascimento

Clemeson Cardoso Vale

Cleocides Silva Soares

Davila Gomes de Andrade

Diego Martins Vieira Ramos

Dhileane de Andrade Rodrigues

Elton Guimarães Rios Mendes

Elynne Raphaella de Sousa Gonzaga

Emanuelle Karenyne Mota Chaves

Eugênio José Ferreira da Silva

Gabriela Mesquita Teixeira

Gabrielle Marques Cardoso

Glaucia Tinoco Correa

Glenda Lima de Barros

Gileno Santos Moreira

Guilherme Ramon Gomes Pires Arantes

Heydy Barbalho Lopes Silva

Isadora de Faria Cavalcante

Jairo Menezes Ferraz

Jakeline Pereira Bogea

Jânio Fernandes e Silva

Jean Magalhães da Silva

Johnny Herberthy Martins Ferreira

Klessia Maria Freitas Costa

Lucivania Damaceno da Silva

Ludymila Brandão Motta

Luis Paulo de Sousa Costa

Márcio Alves Carneiro

Marcones Herberte de Souza Lima

Aguiar

Marcos Fernando do Nascimento

Marlo France Fonseca de Sousa

Marlon Gomes da Costa

Mauricio Eduardo Chaves e Silva

Pedro Filipe Ribeiro Araujo

Rafael Fonseca Zanotti

Rayanne Lopes dos Santos Silva

Richardson Soares de Souza Melo

Roberto Kennedy Cardoso

Rosimiro Araujo do Nascimento

Samuel Dias Ribeiro

Sigfran da Silva Santana

Tiago da Costa Barros Macedo

Wild Muller dos Santos Lima Orlanda

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COMITÊ CIENTÍFICO

Alexsandra dos Anjos Silva Nascimento Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Alexsandra Morais Lins Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Antônio Raposo Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Aretha Matos de Araújo Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Carine Belarmino do Nascimento Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Clemeson Cardoso Vale Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Elton Guimarães Mendes Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Emanuelle Karenine Mota Chaves Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Gileno Santos Moreira Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Gisélia Brito dos Santos Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Gláucia Tinoco Correa Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Helma Souza Pinto Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Jakeline Pereira Bogea Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Jânio Fernandes e Silva Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Johnny Herberthy Martins Ferreira Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Lusitônia da Silva Leite Universidade Estadual do Maranhão – UEMA

Marcos Fernando do Nascimento Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Mauricio Eduardo Chaves e Silva Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Rafael Fonseca Zanotti Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Regina Maria Mendes Oliveira Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Richardson Soares de Souza Melo Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Rosimiro Araújo do Nascimento Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Sigfran da Silva Santana Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Tiago da Costa Barros Macedo Instituto Federal do Maranhão – IFMA

Wild Muller dos Santos Lima Orlanda Instituto Federal do Maranhão – IFMA

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Sumário

APRESENTAÇÃO ...............................................................................................................8

GT 1 – CIÊNCIA PARA REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES ........................................... 11 A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO-

APRENDIZAGEM .................................................................................................................. 12 EXPERIÊNCIA DE CAMPO DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM

BIOLOGIA NA DISCIPLINA GEOLOGIA .......................................................................... 22

GT 2 – CIÊNCIAS AGRÁRIAS ......................................................................................... 32 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DOSGENÓTIPOS DE FEIJÃO FAVA

(PHASEOLUSLUNATUSL.) CULTIVADOS NO SUL DO MARANHÃO ............................. 33

GT 3 – CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS .................................................. 51 ELAS NOS LIVROS DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES FEMININAS

NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA ............................................................................ 52

GT 4 – LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES .................................................................... 68 ANÁLISE COMPARATIVA DO ROMANCE O PRIMO BASÍLIO DE EÇA DE QUEIRÓS E

SUA ADAPTAÇÃO FÍLMICA HOMÔNIMA ...................................................................... 69 INVESTIGANDO O TRABALHO COM TEXTOS LITERÁRIOS NAS AULAS DE LÍNGUA

INGLESA NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DA

LEITURA CRÍTICA .................................................................................................................. 77 AS DUAS FACES DO AMOR NAS OBRAS LITERÁRIAS A MORENINHA E INOCÊNCIA ................................................................................................................................................ 92

GT 5 – CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA .................................................................... 98 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO PARA RESERVATÓRIO DE CAPTAÇÃO DE

ÁGUAS PLUVIAIS EM UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR ................................................ 99

GT 6 – CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ................................................................................... 114 PRIMEIRO REGISTRO DE KINGSLEYA ATTENBOROUGHI PINHEIRO E SANTANA,

2016 NA MICROBACIA DO RIO NEVES, MUNICÍPIO DE SÃO RAIMUNDO DAS

MANGABEIRAS, SUL DO MARANHÃO .......................................................................... 115

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APRESENTAÇÃO

Apresentamos aqui os Anais da VIII Semana Nacional de Ciência e

Tecnologia (doravante SNCT) do IFMA Campus São Raimundo das

Mangabeiras “Ciência para redução das desigualdades”, realizado na

cidade de São Raimundo das Mangabeiras, MA entre os dias 24 a 26 de

outubro de 2018.

Para submissão de trabalhos e inscrição na VIII SNCT, a comissão

organizadora desenvolveu um site cujo endereço é apresentado a

seguir: https://www.even3.com.br/snctsrm Além destas funcionalidades,

o site também divulgou informações importantes do evento como a

programação da SNCT, dados gerais sobre os palestrantes, realização do

SEMIC (Seminário de Iniciação Científica) e da Feira de Ciências do

Campus São Raimundo das Mangabeiras. Vale ressaltar ainda que havia

um módulo no site destinado à emissão de certificados a todos os

participantes, colaboradores, palestrantes e comissão organizadora do

evento.

Outro detalhe importante a ser enfatizado é que a edição da SNCT

deste ano contou com a participação de outras instituições acadêmicas

de ensino superior, a saber: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

e Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Desta maneira, os

trabalhos reunidos neste material foram elaborados por estudantes,

acadêmicos, professores e pesquisadores destas três instituições de

ensino. A fim de atender as diferentes áreas de conhecimento, foram

criados 6 grupos de trabalho (GTs) subdivididos nas seguintes áreas: GT 1

– Ciência para a Redução das Desigualdades; GT 2 – Ciências Agrárias;

GT 3 – Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; GT 4 – Linguística, Letras e

Artes; GT 5 – Ciências Exatas e da Terra; GT 6 – Ciências Biológicas.

Além da participação da UEMA e da UFMA, a VIII SNCT do Campus

Mangabeiras também contou com o apoio da Agência Estadual de

Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (AGERP), Pastoral da Juventude

da Igreja Católica (PJ), Governo do Estado do Maranhão, Prefeitura

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Municipal de São Raimundo das Mangabeiras, Sindicato dos

Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São Raimundo das

Mangabeiras (STTR), bem como o aporte financeiro da Fundação de

Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do

Maranhão (FAPEMA), já que nosso campus foi previamente

contemplado em um edital da FAPEMA voltado para a realização da

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

A temática da SNCT deste ano diz respeito ao fato de que o

conhecimento científico não deve estar descontextualizado das

demandas de uma sociedade nos quais se observam diversos tipos de

desigualdade de ordem econômica, política, social, cultural, religiosa, de

gênero, a minorias e grupos desfavorecidos, entre tantos outros exemplos

existentes. Por isso, na mesa redonda de abertura, o evento contou com

a participação do psicólogo Péricles de Souza Macedo, do economista

Me. Carlos Augusto de Oliveira Prado e da professora do campus

Mangabeiras Mª. Jakeline Pereira Bogéa, que, sob a mediação da

professora Mª Emanuelle Karenyne Mota Chaves, apresentaram algumas

reflexões e discutiram tópicos importantes relacionados ao papel da

ciência na redução das mais variadas desigualdades do nosso mundo.

Por fim, destacamos que cada um dos artigos apresentados a

seguir é fruto da socialização e apresentação oral dos mesmos em seus

respectivos grupos de trabalho. Graças ao apoio da comissão científica

de avaliadores e debatedores da SNCT, foi possível se estabelecer o

diálogo, o espírito científico de investigação, questionamento, arguição

e troca de saberes entre pesquisadores e acadêmicos de diferentes

instituições de ensino.

Assim, verificamos que os artigos que compõem os anais da VIII

SNCT do IFMA Campus São Raimundo das Mangabeiras “Ciência para

redução das desigualdades” cumprem o seu propósito de expor o

conhecimento científico sistematizado, contemplando diferentes áreas

do conhecimento (em cada GT pelo menos um artigo foi publicado), o

que favorece o caráter multidisciplinar e diversificado do evento.

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Esperamos que todos que tenham ao acesso a este material possam

realizar a leitura destas produções e verificar por si mesmos a qualidade

e relevância de cada uma das pesquisas disponíveis neste material.

Comissão de edição e publicação

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GT 1 – CIÊNCIA PARA REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES

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A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO-

APRENDIZAGEM

MARQUES, Roseane Neves (UFRB)1

MOREIRA, Gileno Santos (IFMA)2

RESUMO

Este trabalho tem como foco uma revisão de literatura, buscando elucidar a

importância das aulas de campo para aprimorar os conhecimentos dos educandos em

diferentes processos de formação, aproximando os mesmos de forma concreta do que

só é visto de maneira abstrata em aulas teóricas, livros didáticos e mídias sociais, e dessa

forma, oportunizando a descoberta de outros ambientes. Consistindo em um contato

direto com o objeto em estudo, incluindo diversas atividades, tais como: observações,

registros de imagens, gravações de vídeos, de áudios, interação entre o grupo e a

interdisciplinaridade. Em uma aula de campo pode se abordar uma diversidade de

conteúdos que poderão estar relacionados com várias outras áreas de conhecimento:

geografia, biologia, história, dentre outras. O objetivo principal é abordar a grande

relevância que o professor exerce realizando esse feedback entre aulas teóricas e aulas

vivenciadas, esse tipo de metodologia é bastante utilizado na atualidade, favorecendo

a consolidação dos conhecimentos, pois o processo de ensino-aprendizagem vai muito

além de um aula teórica. Sendo este um processo instrutivo e educativo corroborando

na formação do educando, não em parte, mas por completo. Diante disso, a aula fora

do ambiente escolar vai aguçar a curiosidade dos alunos, contribuindo a ter um olhar

muito mais crítico-reflexivo, criando estratégias para a resolução de problemas que se

apresentar em seu cotidiano, isso só será possível se o cidadão for formado mediante a

um processo dinâmico e lógico que facilite o seu entendimento do mundo impalpável.

Portanto, a formação vivenciada busca colocar em prática os saberes adquiridos

teoricamente ao longo dos anos. Tornando evidente que o investimento por parte dos

docentes em atividades com metodologias que visem atentar para o desejo de

descoberta dos alunos e suas perspetivas facilitará a construção de conceitos que

possivelmente estes levarão por toda a sua vida.

Palavras chave: Ensino. Pesquisa. Vivências.

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata sobre a importância que uma aula de campo

exerce em todas as áreas de conhecimento. O objetivo de tal estudo é

mostrar a articulação entre a teoria e a prática no processo de ensino-

aprendizagem de forma significativa no cotidiano dos estudantes.

Atualmente grandes são as dificuldades enfrentadas por partes dos

docentes no âmbito escolar, e isso tem acarretado uma grande

1 Graduada em Licenciatura em Biologia pela Universidade Federal do Recôncavo

Baiano, Cruz das Almas – BA, Brasil. email: [email protected] 2 Professor do Instituto Federal do Maranhão, Campus São Raimundo das Mangabeiras

– MA. email: [email protected]

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desmotivação por parte dos mesmos. Porém, cabe a esse profissional da

educação encontrar métodos didáticos que venham despertar o desejo

dos alunos na busca de informações relevantes para o seu

desenvolvimento humano e profissional.

Para muitos autores, a aula de campo é definida como uma

atividade extraclasse ou estudo do meio, este tipo de aula tem se

tornado cada vez mais importante e frequente, para que o aluno

entenda conceitos discutidos dentro das quatro paredes da sala de

aula. Pois, na aula de campo, o aluno entra em contato direto e real

com seu objeto de estudo, tornando esse tipo de aula uma metodologia

eficaz.

Segundo Hencklein, diz que:

Essa metodologia admite além do entendimento conceitual a

aquisição de conhecimento procedimental, pois durante a aula

de campo são utilizadas diversas técnicas de coleta de dados

para posterior interpretação e discussão permitindo uma

interação muito maior do aluno com o assunto que está sendo

ensinado. (HENCKLEIN, 2013, p.2)

Se o professor não oferece meios para o desenvolvimento de

técnicas em campo, os alunos, posteriormente, terão grandes

dificuldades para interpretar e discutir dados coletados durante a

excursão, e esta aula não terá significado plausível. É necessário que o

professor seja, acima de tudo, pesquisador, que consiga incentivar o

aluno a entender temas científicos que aumentem seu poder

intelectual, buscando sempre motivar o processo de ensino-

aprendizagem.

A alfabetização científica se torna fundamental, porque a aula de

campo proporciona grande diversidade de artefatos pedagógicos e,

quando o aluno não aprende cientificamente o significado do objeto

em estudo, ficará difícil ter um olhar crítico-reflexivo, o impedindo de

explorar as potencialidades do ambiente em estudo.

Segundo Silva e Campos (2015), a aula de campo ultrapassa o

simples espaço observado para alcançar uma leitura ampla sobre a

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paisagem, na perspectiva holística e interdisciplinar, permitindo analisar

como um objeto único integra diferentes partes de um sistema maior que

é a Terra.

No intuito de elucidar a importância das aulas de campo para o

processo de ensino-aprendizagem, desmistificando que esse tipo de aula

seja apenas uma viagem ou entrar como um passeio e diversão, que se

fez necessário uma busca bibliográfica que esclareça ao leitor e,

principalmente, aos profissionais da área da educação da importância

de tal aula para os diversos níveis de formação. É fundamental deixar

claro que ações educativas precisam vencer os métodos tradicionais de

se desenvolver uma aula, buscando um processo ativo e didático que

vise atrair o aluno, estimulando sua participação. “Essas experiências

determinam as escolhas do indivíduo em suas ações, na vida prática,

bem como na sua apropriação em torno das características ambientais

que perpassam os momentos em que o homem interage com o

ambiente” (SILVA E CAMPOS, 2015, p.22).

No entanto, cabe aqui ressaltar que as aulas de campo ou aulas

vivenciadas só terão eficácia como uma metodologia na construção do

conhecimento se elas estiverem aliadas às teorias ensinadas na sala de

aula (ambiente formal). Pois um método não anula o outro, apenas

complementa como parte de uma complexa teia que é o processo

educativo.

MEDOTOLOGIA

Este artigo constitui uma revisão bibliográfica. Segundo Moreira, “a

revisão de literatura é uma ferramenta importante para otimização do

trabalho de investigação.” (MOREIRA, 2004, p. 5). Para elaboração do

tema foram analisados diversos autores que tratam sobre o assunto.

A busca de conteúdo foi realizada de 01 à 31 de outubro de 2018,

e utilizou-se para pesquisa as bases de dados consideradas seguras

como: documentos impressos e via internet a exemplo: Scielo, Periódicos

Capes, Google Acadêmico, dentre outras.

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Foram pesquisados diversos trabalhos, o único critério de exclusão

utilizado foi a retirada de trabalhos que não correspondiam ao tema

proposto. Dessa forma, optou-se por utilizar apenas temas relacionados

com o estudo. Com o resultado das pesquisas foram utilizados livros,

caderno PDE, revista de iniciação científica e artigos.

Após seleção dos trabalhos, seguiu-se o seguinte procedimento

na ordem: leitura exploratória, leitura seletiva, escolha do material que

se adequem ao tema deste estudo, análise dos textos, em seguida

realizou-se uma leitura interpretativa culminando com a redação deste

trabalho.

Com base nas informações encontradas foram discutidos e

comparados diversos autores que trata da importância da aula de

campo, e dessa forma promovendo essa prática que é fundamental

para ampliar os conhecimentos dos educandos.

A aula de campo é de fundamental importância em qualquer

área do conhecimento, pois a mesma proporciona aos estudantes a

técnica da observação, coleta de informações e ao mesmo tempo

correlacionar o que foi visto na teoria, entre as quatro paredes da sala

de aula. A vivência na prática torna os conteúdos, muito mais

compreendidos por parte dos educandos. Segundo Zoratto e Hornes

(2014, p.3):

A Aula de Campo é uma ferramenta didática que contribui na

superação desse desafio, pois além de aproximar a teoria da

realidade, vincula a leitura e a observação, situações e ações

que, associadas à problematização e à contextualização

encaminhadas pelo docente, ampliam a construção do

conhecimento pelo aluno. Essas possibilidades permitem ao

discente experimentar e desenvolver outras inteligências que

nem sempre são contempladas e incentivadas na sala de aula.

Esta metodologia se torna ainda mais importante, pois revela as

características específicas de cada local estudado e que devem ser

observados e analisados pelo aluno com riqueza de detalhes, e do

mesmo obter um conhecimento mais detalhado sobre determinada

informação demonstrada na teoria, onde cada área do saber irá

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considerar as informações apresentadas para análise do que estar

sendo visto na paisagem, ou melhor, é relevante a leitura e

interpretação do espaço geográfico.

Para Martinez e Leme (2007, p. 2)

[...] o trabalho de campo pode contribuir significativamente no

processo de ensino aprendizagem, instigando o aluno a olhar de

forma mais crítica para a realidade que o cerca, e,

principalmente, compreender que a paisagem visualizada é

resultado de relações sociais, políticas e econômicas, a qual não

se manifesta concretamente. Aliás, perceber a paisagem como

resultado de múltiplas relações humanas, estando em constante

processo de transformação, sendo o próprio aluno co-

participante dessa dinâmica.

Já Silva e Oliveira Júnior (2016, p.3), diz que:

[...] a aula de campo é ferramenta metodológica importante

para o ensino, esse processo de ensino - aprendizagem é o

caminho para o “desenvolvimento” do aluno, não só na escola,

mas em toda a sociedade, pois ao conviver com a realidade, e

podendo argumentar sobre a mesma, fazendo conexões com o

teórico, torna-o um ser crítico, e esse é um dos papeis do ensino

da geografia, formar cidadãos críticos.

“As aulas de campo propiciam ao estudante uma nova dimensão

dos assuntos abordados nos espaços formais, favorecendo seu

protagonismo na (re) construção do saber, por meio da (re) elaboração

do aporte teórico veiculado, inúmeras vezes, de maneira distorcida,

pelos livros didáticos”. SILVA e CAMPOS (2015, p.25)

Diante disso, os resultados comprovam a importância do trabalho

de campo na ligação entre a teoria e a prática, na medida em que

proporciona uma nova visão de mundo, permitindo-lhe assimilar os

conteúdos teóricos e contextualizá-los ao cotidiano vivenciado (CITON,

et al. 2013, p.120).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Por isso, a teoria deve andar atreladas às vivências (práticas), de

forma contínua para reforçar o processo de ensino-aprendizagem. A

exemplo pode-se citar o estudo de Furlan (2009), a ida ao campo é de

fundamental importância para a observação detalhada, anotações,

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desenhos, fotografias, filmagens e diversas outras coleta de dados.

Sendo o campo uma forma de apontar problemas na assimilação do

conhecimento pelo aluno, que podem ser interpretados mediante

analise do que foi produzido durante a excursão.

Sendo assim, Zoratto e Hornes (2014), chama atenção que a Aula

de Campo, deve ser planejada em diferentes momentos na qual

consistem as etapas: pré-campo, campo e pós- campo e que a mesma

está orientada por objetivos pedagógicos e conteúdos curriculares

predefinidos e questão diretamente associadas à compreensão de

conhecimentos científicos.

De acordo com Citon, et al. (2013), o trabalho de campo tem sua

importância pois funciona como uma ferramenta pedagógica de

incentivo à pesquisa e acompanhamentos das transformações que

demarcam o espaço em que a escola está inserida, estabelecendo

ligações entre teorias e realidade.

Durante a aula de campo, o aluno está em contato direto com o

seu objeto de estudo, que então se torna mais significativo. Diante disso,

as possibilidades de contextualização ficam ampliadas e facilitadas

(ZORATTO e HORNES, 2014, p. 7).

E isso estimula o estudante a buscar mais o conhecimento porque

não se fica preso a rotina da sala de aula, aguçando as mentes a pensar

de maneira mais criativa, investigativa, raciocinando de forma coletiva

e associando os conhecimentos das diferentes áreas do saber. E o

professor com essa prática de ensino incentiva o aluno a ter um novo

olhar, contribuindo em novas possibilidades de reflexões dos alunos do

mundo que o cerca e dessa maneira facilitando nas resoluções de

possíveis problemas, com uma pedagogia interdisciplinar e até

otimizando a relação professor aluno. E isso se torna importante porque

de acordo com Silva e Campos (2015, p. 24):

A condução de uma aula de campo envolve, entre outras

questões, a ruptura com o autoritarismo, que geralmente se faz

presente na sala de aula, haja vista que o professor

estrategicamente domina sua aula, ao passo que, em campo,

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a aula não é fechada, havendo quebra de hierarquias,

tornando-se imprevisível e desafiadora tanto para o aluno

quanto para o professor. Nesse viés, a aula de campo prolonga

o aporte teórico, ensejando o contato direto dos atores

escolares com a realidade, e sempre com objetivos de estudo,

a partir dos quais o próprio aluno define seu perfil investigativo e

busca a resolução dos problemas por meio da orientação do

professor, levantando hipóteses e decidindo que métodos utilizar

para alcançar o resultado.

Quanto a essa melhoria da relação professor - aluno, (Zoratto e

Hornes, 2014, p.8), nos chama atenção que

É perceptível que a Aula de Campo favorece maior

proximidade entre alunos e educador, isso se viabilizando

através de conversas durante a caminhada, relatos sobre

observações, curiosidades por parte dos alunos, intervenções

realizadas pelo docente. O ambiente distinto da sala de aula

também contribui para a superação de estereótipos entre os

envolvidos, pois é possível que os alunos consigam perceber um

professor mais acessível, humano, assim como alunos melhor se

revelarem ao grupo; por vezes alunos introvertidos ou mais

resistentes a participar da aula se apresentam mais leves,

abertos ao diálogo, e o professor encontra aí uma oportunidade

de se aproximar, criar algum vínculo, uma via de comunicação

embasada no respeito e na confiança, via que poderá depois

se fortalecer em sala de aula.

Diante disso, Martinez e Leme (2007, p.2), chama atenção que o

fato principal é “sem dúvida a possibilidade dos alunos participarem da

realização de um trabalho científico, ou seja, criar condições para o

alunado se inserir nesta prática”, o que facilitará o processo de ensino

aprendizagem do estudante e mudando a forma aprender e fazer

ciências fixado somente entre as quatro paredes. Sendo o campo uma

forma de concretizar o que foi aprendido na teoria tornando-se

realidade para o aluno.

É através da aula de campo que muitos conceitos discutidos em

aulas se tornam mais compreensivos pelos estudantes, pois essa

metodologia ajudada o aluno como proceder diante de uma

determinada situação por intermédio de distintas técnicas como: coleta

de informações, interpretação, análise e discussão dos dados possibilita

aos mesmos enxergar com outro olhar a teoria ministrada na sala de

aula e enriquece a metodologia aplicada pelo docente.

Page 19: Francisco Roberto Brandão Ferreira Natilene …...3 Francisco Roberto Brandão Ferreira Reitor Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Ensino Natilene Mesquita Brito

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A finalidade desse trabalho foi desmistificar os rótulos dado as aulas

de campo, pois atualmente ainda existe certo receio ao se falar do tema

no âmbito escolar, para isso foram analisados diversos autores que trata

do estudo. A problemática em questão está relacionada também com

a renovação do ensino, pois uma excursão ou estudo do meio possibilita

uma visão mais aprofundada do objeto em estudo.

Portanto, a aula de campo é de vital importância para

aprendizagem dos alunos, pois é só através da prática que é possível a

realização de questionamentos da teoria por parte dos educandos.

Tornando evidente que esse tipo de metodologia é fundamental, por

mais que muitos achem que uma aula de campo seja apenas um

momento de diversão. Mas como demonstrado durante o decorrer desse

estudo, ficou claro que a partir das bibliografias pesquisadas a exemplo

de Hencklein (2013), Zoratte e Hornes (2014), Silva e Campos (2015),

dentre outros. A aula de campo ou aula vivenciada consiste em um

contato direto com o objeto em estudo, possibilitando diversas

atividades, exemplo: observações, registros de imagens, gravações de

vídeos, de áudios, interação entre o grupo e a interdisciplinaridade.

O fato da ocorrência da interdisciplinaridade torna esse tipo de

metodologia muito mais rica, pois em uma única aula são abordados

diversos conteúdos de diferentes áreas de conhecimento. E dessa

maneira o aluno consegue ter uma visão holística do objeto que

pretende identificar e estudar em campo. Lembrando que o professor

tem uma importância crucial nesse processo, pois, se o docente não

ensinar como o aluno entender cientificamente o que o mesmo deve

estudar, no campo é provável que o aluno fique meio perdido

geograficamente.

Assim conclui-se que a aula de campo bem trabalhada

cientificamente é uma metodologia de grande relevância para o

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20

processo de ensino-aprendizagem com mais qualidade, permitindo que

o aluno questione a teoria, ou seja, o que é visto em sala de aula e em

livros didáticos, com uma visão mais crítica e reflexiva e muitas vezes

tirando suas próprias conclusões do objeto em estudo.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Universidade Federal do Recôncavo Baiano

(UFRB) e ao Instituto Federal do Maranhão por todo o apoio logístico e

operacional para realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

CITON, Romilda Castelar et al. Aula de campo como espaço de

construção do saber geográfico. REVISTA ELETRÔNICA PRO-

DOCÊNCIA/UEL. Edição Nº. 5, Vol. 1, jul-dez. 2013. ISSN2318-0013-

DISPONÍVEL EM: http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope.

FURLAN, Sueli Ângelo. Técnicas de Biogeografia. IN: Praticando a

geografia: técnicas de campo e laboratório em geografia e análise

ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2009.p.99-130.

HENCKLEIN, Fabiana Aparecia. Aulas de campo: uma estratégia de

ensino necessária? Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em

Educação em Ciências – IX ENPEC Águas de Lindóia, SP – 10 a 14 de

Novembro de 2013. p.1-8.

MARTINEZ, Adilson; LEME, Ricardo Carvalho. O trabalho de campo como

metodologia de ensino de geografia o estudo de caso da Vila Malvina –

Guaíra/PR. 2007. p.1-27. Disponível em:

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_p

de/artigo_adilson_marti nez.pdf. Acesso em 31de outubro.

SILVA, André Felipe da; OLIVEIRA JÚNIOR, Rogério José de. Aula de

campo como prática de ensino –aprendizagem: sua importância para o

ensino da geografia. XVIII Encontro Nacional de Geógrafos. 2016. ISSN

978-85-99907-07-8. São Luiz Maranhão. p. 1- 10.

SILVA, Marcelo Escabelo da; CAMPUS, Carlos Roberto Pires. Aulas de

campo para alfabetização científica: práticas pedagógicas escolares.

284p. (Série pesquisa em educação em ciências e matemática ; 6.ed)

ISBN 978-85-8263-092-1.

MOREIRA, Walter. Revisão de Literatura e Desenvolvimento Científico:

Page 21: Francisco Roberto Brandão Ferreira Natilene …...3 Francisco Roberto Brandão Ferreira Reitor Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Ensino Natilene Mesquita Brito

21

conceitos e estratégias para confecção. Janus, Lorena, ano 1, nº 1, 2º

semestre de 2004, p.1-12.

ZORATTO, Fabiana Martins Martin; HORNES, Karin Linete. Aula de campo

como instrumento didático-pedagógico para o ensino de geografia. IN:

os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor.

PDE. Artigos. Vol.1, 2014, p.1-19. ISBN 978-85-8015-080-3.

Page 22: Francisco Roberto Brandão Ferreira Natilene …...3 Francisco Roberto Brandão Ferreira Reitor Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Ensino Natilene Mesquita Brito

22

EXPERIÊNCIA DE CAMPO DOS ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA EM

BIOLOGIA NA DISCIPLINA GEOLOGIA

MOREIRA, Gileno Santos (IFMA)1

NUNES, AnnyValleria Rodrigues (IFMA)2

COELHO, Thomas Victor Ribeiro (IFMA)3

RESUMO As aulas de campo são um método utilizado na atualidade para o aluno entender o

que é trabalhado na teoria, pois ela possibilita uma relação direta entre teoria e prática.

Esse trabalho trata sobre a primeira experiência de campo que estudantes do Curso de

Licenciatura em Ciências Biológicas do IFMA, tiveram na disciplina Geologia. Os mesmos

foram a campo em Fortaleza dos Nogueiras com o objetivo de compreender os

aspectos geológicos do Sul do Maranhão. A vivência em campo consolidou os

conteúdos expostos nas aulas teóricas, assim como, oportunizou aos alunos, futuros

docentes o uso de algumas ferramentas essenciais a qualquer profissional. Durante essa

visita os educandos tiveram a oportunidade de realizar uma viagem no tempo

geológico, a partir da observação de diferentes pegadas de dinossauros que estão

gravadas nas rochas há mais de 200 milhões de anos. E também a chance de aprender

usar o GPS, para coletar informações das coordenadas geográficas. O uso da lupa de

bolso com a finalidade de identificar minerais e o tamanho dos grãos das amostras

selecionadas no campo. Assim como, analisar os tipos de rochas expostas nos locais

visitados, das estratificações e sua evolução ao longo do tempo e principalmente a

movimentação dos materiais rochosos ao longo dos milhares de anos contribuindo para

a formação da paisagem atual. Espera-se com essa primeira experiência um despertar

em cada estudante sobre o conhecimento científico e o saber pedagógico, pois como

serão futuramente professores necessitam passar por esses momentos de reflexão para

que consigam enxergar a realidade por trás dos livros didáticos e das aulas teóricas.

Portanto, a aula de campo é indispensável no processo formativo onde o cidadão irá

observar, compreender e buscar soluções para diversas questões que possam aparecer

durante sua jornada e dessa forma saber fazer o uso das técnicas.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; docência; didática.

INTRODUÇÃO

A educação é um processo contínuo, devendo ser abordada em

diferentes espaços, dentro e fora do âmbito escolar. Atualmente

profissionais da área da educação tem realizado aulas em diversos

espaços e uma das principais metodologias empregada é o de aulas

vivenciadas em campo.

Zoratto e Hornes (2014, p.3), definem aula de campo como

1 Professor do Instituto Federal do Maranhão, Campus São Raimundo das Mangabeiras

– MA. E mail: [email protected] 2 Graduanda em Biologia, Instituto Federal do Maranhão – MA, Brasil. E mail:

[email protected] 3 Graduando em Biologia, Instituto Federal do Maranhão – MA, Brasil. E mail:

[email protected]

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23

sendo:

“[...] uma ferramenta didática que contribui na superação desse

desafio, pois além de aproximar a teoria da realidade, vincula a

leitura e a observação, situações e ações que, associadas à

problematização e à contextualização encaminhadas pelo

docente, ampliam a construção do conhecimento pelo aluno”.

Atualmente a aula de campo está se tornando um método

bastante utilizado, pois segundo Seniciato e Cavassan (2004),

pesquisadores têm relatado que a experiência de campo trás uma

aprendizagem de conceitos maior que a aula teórica. Com isso, a aula

de campo tem por objetivo aproximar o abstrato da realidade,

constituindo uma ligação direta entre a teoria e a prática com

observações e análise do objeto em estudo, e dessa forma ampliando a

compreensão dos conteúdos de maneira mais eficaz.

A metodologia das aulas vivenciadas ainda possibilita a

interdisciplinaridade, que é uma articulação entre disciplinas, tornando

conhecimento do aluno de forma global e não fragmentado, como é o

casa da aula entre quatro paredes em uma sala de aula, que muitas

vezes é referente apenas uma área de conhecimento. Embora se tenha

bastante dificuldade na aquisição das aulas de campo, é de extrema

importância inserir no cotidiano do meio acadêmico, fugindo do método

tradicional que por muitas vezes é maçante e conteudista.

O presente artigo trata sobre a primeira experiência de campo que

estudantes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto

Federal de Educação, Ciências e Tecnologias do Campus São Raimundo

das Mangabeiras, Maranhão, tiveram na disciplina de Geologia. Os

mesmos foram a campo durante os dias de 15 e 16 de setembro de 2018

no Município de Fortaleza dos Nogueiras, localizado no Sul maranhense,

onde tiveram a oportunidade de entrar em contato de forma prática

com o que foi estudado em sala de aula, aprendendo a manusear o GPS,

lupa de bolso, análise simples de rochas e estratificações paralelas e

cruzadas e a evolução dessas estratificações ao longo do tempo, e

principalmente a movimentação dos materiais rochosos ao longo dos

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24

milhares de anos e a sua contribuição para a formação da paisagem

exposta atualmente, dentre outras atividades.

O aprendizado se tornou muito mais sólida e eficaz. Tornado claro

que a aula de campo é indispensável durante o processo formativo e do

desenvolvimento das inteligências, onde o cidadão irá observar

compreender e buscar soluções para diversas questões que possam

aparecer durante sua jornada. Portanto, esse trabalho tem como

principal objetivo relatar a importância da aula de campo na disciplina

Geologia em especial, como ocorreu e o que foi desenvolvido durante a

mesma.

METODOLOGIA

Este trabalho se baseia em um relato de experiência referente a

uma aula de campo que foi realizada no Município de Fortaleza dos

Nogueiras (Figura 1) durante os dias 15 e 16 de setembro de 2018. Nesta

aula participaram os alunos do Curso de Licenciatura em Ciências

Biológicas - 3º período do Instituto Federal de Educação, Ciências e

Tecnologias do Campus São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão -

IFMA, sendo conduzida pelo professor e pesquisador da área da

Geografia e Geologia Ms. Gileno Santos Moreira.

Fase inicial: ocorreu o planejamento das atividades que seriam

desenvolvidas em campo, o mesmo foi realizado com a mobilização da

comunicação entre, a direção, coordenação e corpo docente e

discente. A fim de facilitar todos os tramites necessários para a realização

desse tipo de aula.

Segunda fase: foi realizada uma problematização com temas

referentes à Geologia Geral que estariam relacionados com a aula de

campo, para que os discentes pudessem compreender melhor o espaço

geográfico e neste se situar, encontrando com facilidade o objeto que

se pretendia estudar. Pois antes de qualquer atividade prática se torna

importante, realizar um estudo teórico, sobre o objeto que se pretende

entrar em contato de maneira concreta, para que os alunos não se

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25

sintam perdidos e sem direção.

Antes de tudo é necessário considerar que a prática em aulas

vivenciadas não anula a teoria, as duas metodologias tem que estar

entrelaçadas, pelo fato de uma depender da outra. Os alunos só vão

entender o que estão vendo e tocando se antes tiver sido

problematizado na teoria. E esse é o principal papel do docente

alfabetizar seus alunos cientificamente, para que os mesmo aprendam

observar, compreender, analisar e resolver problemas no decorrer da sua

vida profissional.

A última fase: a aula de campo, em Fortaleza dos Nogueiras, MA.

Durante a aula em campo foram desenvolvidas diversas atividades onde

pode ser citadas: uso e manuseio de GPS, contato direto com diferentes

tipos de rochas presente na região, utilização da lupa de bolso com a

finalidade de identificar minerais e os tamanhos dos grãos das amostras

selecionadas no ambiente que foi realizada a aula prática. Ocorreu

também uma viagem no tempo geológico a partir da observação de

diferentes pegadas de dinossauros que estão gravadas nas rochas há

mais de 200 milhões de anos comprovando a existência desses antigos

animais dentro da região e com importância dentro da Geologia.

Por fim, foram analisadas as rochas que compõem a paisagem do

local estudado e as belíssimas cachoeiras que fazem parte das mesmas

modeladas através do trabalho da água ao longo dos milhares de anos

com a contribuição de aspectos bióticos e abióticos. Para avaliar o

rendimento dessa aula os alunos foram submetidos a avaliações

dialogadas e escritas, dessa forma pode ser contestado que a aula de

campo de fato é fundamental no processo de ensino- aprendizagem,

favorecendo a consolidação do conhecimento adquiridos em sala.

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(Figura 01)- Localização de Fortaleza dos Nogueiras, que está localizado no Sul do

Maranhão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A aula de campo permite a variação de atividades mais atrativas

para os educandos estimulando o interesse, a curiosidade, o fazer

pesquisa e ir à busca de respostas através das indagações apontadas no

campo. Com isso, a aula prática cria nos estudantes um olhar mais

apurado e crítico da situação vivenciada e os conteúdos abordados na

teoria se tornam mais claro através da aula de campo e em especial se

for trabalhada de forma interdisciplinar.

Para reforçar o que foi dito Zoratto e Hornes (2014, p. 5) deixa

claro que:

A Aula de Campo é uma prática que vai ao encontro dessa

necessidade, pois agrega teoria e prática, leitura e observação,

situações e ações que, associadas à problematização e à

contextualização encaminhadas pelo docente, ampliam a

construção do conhecimento pelo aluno.

Para Silva e Oliveira Júnior (2016, p.3) a aula de campo é

fundamental

Sendo a aula de campo, ferramenta metodológica importante

para o ensino, esse processo de ensino - aprendizagem é o

caminho para o “desenvolvimento” do aluno, não só na escola,

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mas em toda a sociedade, pois ao conviver com a realidade, e

podendo argumentar sobre a mesma, fazendo conexões com o

teórico, torna-o um ser crítico, e esse é um dos papeis do ensino

da geografia, formar cidadãos críticos.

Não basta apenas aprender na teoria, é necessário que haja uma

interação entre teoria- prática, pois segundo Seniciato e Cavassan

(2014), explorar manuais e livros didáticos são necessários na leitura crítica

de mundo, porém aulas de campo em ambientes naturais despertam

sensações indescritíveis, que normalmente não acontece nas aulas

teóricas. A aula em Fortaleza dos Nogueiras deixou claro com o

entusiasmo e dedicação dos aluno que de fato o afloramento de

sensações são reais. A aula foi dividida em etapas:

Primeira etapa - observaram-se pegadas fossilizadas de dinossauros

na qual os alunos conseguiram perceber que mesmo passando milhões

de anos ainda é possível verificar e comprovar a veracidade a existência

de animais pré-históricos, por meios de estudos geológicos e

paleontológicos (imagens 02, 03 e 04).

Segunda etapa - foi realizado um estudo das amostras de rochas

locais. As rochas analisadas na região (imagem 05 e 06), são

principalmente rochas do tipo sedimentares e metassedimentares, sendo

que na sua composição encontra-se principalmente argilito, meta-

argilito, arenito e meta-arenito.

Terceira etapa - a partir da paisagem pode-se observar o resultado

do movimento de materiais rochosos – pois foi só a partir do movimento

dos blocos rochosos que pode-se observar as diferentes estratificações

posicionadas em diversas maneiras na paisagem (imagens 07 e 08).

Na quarta etapa - iniciou-se com a observação das rochas do

local, onde os alunos foram questionados a respeito da morfologia e

processo de formação das rochas, conteúdo este que já fora estudado

durante a problematização em sala de aula anteriormente, a partir do

que foi respondido pelos educandos– foram analisadas diferentes tipos

de rochas (imagens 09, 10 e 11), possibilitando sua identificação.

Ao final da aula de campo os acadêmicos relataram que a

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28

atividade foi de extrema importância, pois os mesmos tiveram um

contato direto com o objeto de estudo uma vez que é fundamental na

fixação dos conteúdos. Logo abaixo segue o relato de alguns discentes,

que serão chamados de:

Indivíduo 1- “Foi de fundamental importância esta aula de campo,

visto que se pode assimilar o conteúdo com a prática’’.

Indivíduo 2- “Essa aula de campo serviu para melhorar o

entendimento do conteúdo ministrado em sala de aula e comprovar que

de fato esses ocorrem processo geológico na natureza’’.

Indivíduo 3- “Está aula de campo foi maravilhosa, pois tivemos a

oportunidade de observar e analisar fatos geológicos e biológicos da

natureza, com essa aula de campo podemos dizer que foi interdisciplinar

porque ao decorrer da aula sempre existia uma associação do que era

visto em diversas outras disciplinas’’.

Imagens: 02, 03 e 04 - Pegadas de dinossauros – Fortaleza dos Nogueiras -MA

Fonte: Elaborada pelo autor

Imagens: 05 e 06 - Resultado do movimento das rochas

Fonte: Elaborada pelo autor

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Imagens: 07 e 08 - Cachoeira do Macapá

Fonte: Elaborada pelo autor

Imagens: 09, 10 e 11 - Tipos de Rochas

Fonte: Elaborada pelo autor

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Torna-se evidente diante de tudo que foi descrito no decorrer deste

estudo, que a aula de campo pode ser considerada como uma

metodologia eficaz, no processo de ensino- aprendizagem, pois este tipo

de metodologia está intrinsecamente relacionada com a aula teórica.

As discussões no âmbito escolar que permeiam esse tipo de atividade

extraclasse são diversas, porém esse tipo de atividade é frequentemente

utilizada pelos profissionais da área da educação. Segundo Hencklein

(2013), a discussão que está relacionada com a metodologia de ensino

não deve terminar em um mero diálogo, mas sim em ações que visem

sua realização.

Diante disso os professores devem está sempre cobrando das

instituições de ensino, e dessa forma incentivando e valorizando a aula

de campo enquanto instrumento motivador do processo de ensino

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aprendizagem. Pois foi claro ver o quanto os estudantes se mostraram

motivados e atentos durante toda a aula, ocorrendo uma maior

interação entre aluno e professor e assim como um despertar da

curiosidade ao se deparar com o ambiente em estudo.

Vários autores defendem a utilização da aula de campo como um

aporte metodológico indispensável para formar o acadêmico com

qualidade. A exemplo foi citados para respaldar esse estudo os autores

Seniciato e Cavasam (2004); Zoratto e Hornes (2014); Hencklein (2014) e

Silva e Oliveira Júnior (2016). Todos esses autores afirmam a importância

da aula de campo como sendo uma ferramenta fundamental para o

desenvolvimento do conhecimento científico e com isso tornando seres

críticos, atuantes na sociedade.

A aula de campo é indispensável durante o desenvolvimento dos

conteúdos da Geologia, enriquecendo e deixando muito mais dinâmico

o processo de aprendizagem, por que é só por meio da vivência que o

discente vai observar, compreender e buscar soluções para diversas

questões que possam aparecer durante sua jornada e dessa forma saber

fazer o uso de técnicas adequadas a diferentes áreas do saber.

Portanto, conclui-se que a aula foi fundamental para

compreensão dos alunos da Licenciatura em Ciências Biológicas, pois

proporcionou aso mesmos uma relação interpessoal, compreensão mais

ampla do que foi problematizado na sala de aula, levantou-se também

diversos questionamentos ao ver o seu objeto de estudo em sua frente,

uma viagem no tempo geológico e principalmente o despertar da

emoção em se enxergarem em campo como futuro profissionais da

educação que provavelmente ao atuarem na área realizarão também

esses momentos com os seus futuros alunos. É evidente que a aula

vivenciada em campo é uma ferramenta metodológica que irá

favorecer o desenvolvimento do indivíduo não só para o ambiente

escolar, mas também para que este saiba atuar na sociedade entendo

a realidade e sabendo argumentar de forma crítica e reflexiva sobre a

mesma.

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31

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao IFMA Campus São Raimundo das

Mangabeiras pelo apoio dado a fim de que esta pesquisa fosse

realizada.

REFERÊNCIAS

HENCKLEIN, Fabiana Aparecia. Aulas de campo: uma estratégia de

ensino necessária? Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em

Educação em Ciências – IX ENPEC Águas de Lindóia, SP – 10 a 14 de

Novembro de 2013. p.1-8.

SENICIATO, T; CAVASSAN, O. Aulas de campo em ambientes naturais e

aprendizagem em ciências – um estudo com alunos do ensino

fundamental. Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p.133-147, mar. 2004.

SILVA, André Felipe da; OLIVEIRA JÚNIOR, Rogério José de. Aula de

campo como prática de ensino –aprendizagem: sua importância para o

ensino da geografia. XVIII Encontro Nacional de Geógrafos. 2016. ISSN

978-85-99907-07-8. São Luiz Maranhão. p. 1- 10.

VALOIS, R.S; PACHECO, A.A; MOURA, A.C,C; SILVA, F.F; MOURA,H.F.N;

ALVES, P.C.A; SOUSA,S.A; RÊGO, S.S; PITOMBEIRA, T.N; DANTAS, S.M.M.M;

Trilhando Conhecimento Ecológico. Revista de SBEnBIO, Nº 3. 2010.

ZORATTO, F. M. M; HORNES, K. L. Aula de campo como instrumento

didático- pedagógico para o ensino de geografia. IN: os desafios da

escola pública paranaense na perspectiva do professor. PDE. Artigos.

Vol.1, 2014, p.1-19. ISBN 978-85-8015-080-3.

Page 32: Francisco Roberto Brandão Ferreira Natilene …...3 Francisco Roberto Brandão Ferreira Reitor Ximena Paula Nunes Bandeira Maia da Silva Pró-reitora de Ensino Natilene Mesquita Brito

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GT 2 – CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DOSGENÓTIPOS DE FEIJÃO FAVA

(PHASEOLUSLUNATUSL.) CULTIVADOS NO SUL DO MARANHÃO

SOUSA, Layla Fernanda Câmara1

DANTAS, Ana Carolina de Assis2

MELO, Richardson Soares de Souza3

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo caracterizar morfologicamente vagens e sementes de

feijão fava (PhaseoluslunatusL.) cultivados na região do Sul do Maranhão. O feijão fava

é uma leguminosa de grande valor comercial, sendo bastante consumida no nosso país,

em especial na região Nordeste, sendo utilizada como uma fonte de renda familiar, e

como adubação verde, para fixação de nitrogênio no solo. De acordo com o

levantamento do último censo do IBGE, foram produzidas na Unidade Territorial do Brasil

4.048 toneladas de fava em grãos em uma área plantada de 20.209 ha, 12 ha estão no

Sul Maranhense. Possui uma grande variedade de sementes que se diferenciam quanto

ao seu formato, cor e tamanho, devido sua carência de informações sobre a sua

morfologia, se torna pouco cultivada, tendo assim a necessidade de estudos para um

melhor cultivo da mesma, o que através de informações imprescindíveis é possível

ajudar tanto à técnicos como aos produtores, caracterizando e avaliando os materiais

quanto à morfologia, documentando o maior número de características propostas no

trabalho, para que se possa reconhecer e aproveitar com eficiência os materiais

disponíveis, e assim identificar e disponibilizar informações de interesse para técnicos e

produtores da região. O experimento foi conduzido no Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) – Campus São Raimundo das Mangabeiras,

onde foram estudados5 genótipos cultivados por produtores da região, com início em

02 de outubro de 2016 e término em 18 de Junho de 2017, onde foram avaliados alguns

parâmetros: Largura da vagem; Comprimento da vagem; Número de sementes por

vagem; Espessura da semente; Comprimento da semente; Largura da semente; Peso

de cem sementes, onde através do Teste de Tukey com probabilidade de 5% obtivemos

alguns resultados significativos, de vagens compridas e alongadas, possuindo em torno

de três sementes por vagem, podendo ser indicado aos produtores o genótipo: Branca

Grande (G1) com maior número de sementes por vagem e com peso elevado, assim

foi o genótipo que mais se destacou entre os demais avaliados.

Palavras-chave: Recursos Genéticos. Agricultura familiar. Pré-

melhoramento vegetal.

INTRODUÇÃO

O feijão fava (PhaseoluslunatusL.), também conhecido como,

feijão-de-lima, ou simplesmente fava, está presente entre as quatro

espécies do gênero Phaseolus mais explorado e produzido

mundialmente; pertence à família Fabaceae, a qual contém 643 gêneros

e reúne 18.000 espécies distribuídas em todo o mundo, estando

1 Bióloga, Instituto Federal do Maranhão (IFMA), e-mail:[email protected] 2 Engenheira Agrônoma, IFMA, e-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo, IFMA, e-mail: [email protected]

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concentrada nas regiões tropicais e subtropicais (BROUGHTON et al.,

2003).

O gênero Phaseolus pertence à ordem Rosales, subtribo

Phaseolinae, tribo Phaseoleae, subfamília Papilionoideae e família

Leguminosae (MELCHIOR, 1964). Segundo Broughtonet al., (2003) a

família Fabaceae, é uma das maiores entre as dicotiledôneas, com 643

gêneros, reúne 18.000 espécies distribuídas por todo o mundo,

especialmente nas regiões tropicais e subtropicais.

É uma leguminosa de fácil manejo de produção e adaptação, que

requer uma condição ambiental com grandes fatores especiais, tais

como clima, solo fértil adequado à adaptação, temperatura, radiação,

se trata de uma planta trepadeira e com grande utilidade.

De acordo com o levantamento do último censo do IBGE, foram

produzidas na Unidade Territorial do Brasil 4.048 toneladas de fava em

grãos em uma área plantada de 20.209 ha, 12 ha estão no Sul

Maranhense, onde chegou a produzir nesta mesma safra quatro

toneladas. (IBGE, 2016).

Quanto a sua diversidade genética, se trata de uma leguminosa

que contém vários quesitos na qual podemos caracterizá-la, pelo seu

tamanho, cor, formato e tegumento, características essas não só da

semente, como também da folha. As características genéticas dessa

determinada espécie podem ser eficientemente utilizadas, uma vez que

seja devidamente avaliada e quantificada, pois caracterizar um material

vegetal significa não só identificar, mas também descrever as suas

diferenças.

Quanto à caracterização morfológica é muito importante, pois

através dessas características podemos obter informações sobre as

partes que compõe um vegetal e sua aparência exterior, formato,

estrutura, o que é essencial para identificação e classificação dos

genótipos a serem estudados.

É uma leguminosa bastante consumida por diversas famílias no

Brasil, que possui um baixo índice de agricultores que á cultivam,

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agricultores estes que a cultivam de forma aleatória pelo fato de não

terem um breve entendimento cientifico sobre as características

morfológicas dessa espécie, espécie essa que além do seu alto valor

comercial é rica em proteínas que ajudam em uma boa alimentação.

De acordo com Singh (2001), normalmente, além das informações

sobre a origem do material, são também levados em conta, diferenças

relacionadas ao comportamento agronômico dos mesmos, como

produtividade, crescimento, hábito de florescimento, respostas a

infecções por patógenos ou ataque de pragas, assim como aquelas

diferenças advindas da avaliação dos descritores botânicos.

Visto isso eis a necessidade de se conduzir estudos visando ampliar

o conhecimento sobre estes fatores, necessitando assim a realização de

trabalhos de caracterização das plantas e sementes de genótipos de

feijão fava.

METODOLOGIA

O experimento foi conduzido no período de 02 de outubro de 2016

e término em 18 de Junho de 2017 na área experimental do IFMA,

Campus de São Raimundo das Mangabeiras, situado nas coordenadas

em 07º01’19’’S 45º28’52’’W e altitude de 225 metros.

Os materiais vegetais avaliados foram definidos a partir de um

levantamento dialogando junto a alguns produtores da região, onde os

cinco materiais mais cultivados pelos mesmos foram caracterizados

morfologicamente neste trabalho, onde foram identificados como:

Branca Grande (G1), Branca Média (G2), Branca Pequena (G3), Rajada

Escura (G4), Rajada Clara (G5).

Foi feita análise de solo e baseada nela feita a adubação da área

antes do plantio com esterco bovino, e os tratos culturais com o controle

de plantas daninhas e pragas agrícolas, efetuando conforme necessário.

Primeiramente foi realizado o semeio manualmente em bandejas

contendo substrato comercial para obtenção das mudas para o plantio,

onde foram utilizadas cinco bandejas, uma para cada genótipo, em

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36

cada bandeja foram semeadas 45 sementes, sendo três repetições de

quinze. Após o desenvolvimento das plântulas, foram transplantadas

para o campo com espaçamento de 1,0 m entrelinhas x 0,5 m entre

covas. As parcelas experimentais foram constituídas de cinco linhas,

sendo duas de bordadura em uma área com 13 m de comprimento por

5 m de largura, totalizando uma área de 65 m², onde foi realizada

calagem e adubação devida.

O delineamento experimental foi utilizado em blocos casualizados

(DBC), sendo três blocos e cinco genótipos de feijão fava, sendo cinco

repetições de cada genótipo em cada bloco. Durante a condução do

experimento foram avaliados parâmetros para a caracterização

morfológica, utilizando descritores recomendados para a espécie

conforme o Internacional Institute of Plant Genetic Resources(IPGRI,

2001)onde foram avaliadas as seguintes características: Índice de

velocidade de germinação (IVG); Percentual de germinação (G%);

Número de dias para a emergência da plântula (NDE) – número de

dias desde a semeadura até a emergência da plântula; Comprimento

da folha (CmF) – corresponde à medida em milímetros, determinada

com paquímetro digital, em dez folhas, tomado ao acaso; Largura da

folha (LaF) – corresponde à medida em milímetros, determinada com

paquímetro digital, em dez folhas, tomadas ao acaso; Ramificação

Indeterminada (RI) – será determinada com base na seguinte escala: (1)

Um caule principal, ramos laterais curtos, raros ou inexistentes, (3) Um

caule principal, raros ramos laterais a começar nos primeiros nós, (5) Dois

ou três caules principais a começar nos primeiros nós, (7) Dois ou três

caules principais e outros ramos laterais, (9) Densamente ramificados. Cor

dos cotilédones (CCot) – será determinada com base na seguinte escala:

(1) Branca, (2) Verde, (3) Vermelho ou púrpura; Cor do caule (CC) – VSP

– Verde Sem Pigmentação; QT – Quase Total; Localizada nos Nós;

Generalizada; Cor da folha (CF) – verde claro (VC), verde intermediário

(VN) e verde escuro (VE); Forma folíolo (FF) – as características

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observadas no folíolo terminal da terceira folha trifoliada, de acordo com

a relação entre o comprimento (c) e a largura (l), determi0nada pela

seguinte escala: (1) Redondo – relação c/1 menor que 1,5; (3) Oval –

relação c/1 entre 1,5 e 2; (5) Oval lanceolado – relação c/1 entre 2 e 3;

(7) Lanceolado – relação c/1 entre 3 e 6; (9) Linear – lanceolado– relação

c/1 maior que 6; Cor da Asa (CA) – será determinada com base na

seguinte escala: (1) Branca, (3) Rosa claro, (5) Rosa escuro a púrpura, (7)

Violeta; Cor da Quilha (CQ) – será determinada com base na seguinte

escala: (a) Esverdeada, (b)Tingida.Largura da vagem (LaV) –aferida em

20 vagens maduras, tomadas ao acaso; Comprimento da vagem (CmV)

–aferida em 20 vagens maduras, tomadas ao acaso; Número de

sementes por vagem (NSV) –aferido em 20 vagens maduras tomadas ao

acaso; Espessura da semente (EsS) – de dez sementes secas, tomadas ao

acaso; Comprimento da semente (CmS) – de dez sementes secas,

tomadas ao acaso; Largura da semente (LaS) – de dez sementes secas,

tomadas ao acaso; Peso de cem sementes (P100) – peso em gramas de

cem sementes tomadas ao acaso, determinada em balança de

precisão. Os dados de caracterização morfológica foram submetidos à

análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade, utilizando o método de agrupamento baseado na

ligação média (UPGMA). Assim como o critério de Singh, descrito por Cruz

et al. (2004) para identificar a contribuição relativa de cada caráter para

a divergência genética, e as análises foram processadas no programa

GENES (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o experimento através da comparação entre as médias

dos genótipos utilizados verificamos diferenças significativas para

algumas características morfológicas das vagens dos cinco genótipos

utilizados em estudo, inicialmente realizando comparação entre as

médias dos genótipos utilizados verificamos diferenças significativas para

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índice de velocidade de germinação (IVG) na qual o Genótipo 5 (Rajada

Clara) obteve maior que os demais, e o G1(Branca Grande) menor. Não foi possível descriminar os genótipos para o Percentual de

Germinação, uma vez que apresentaram-se iguais estatisticamente,

variando de 80% a 93,3% assim como quanto ao Índice de Velocidade

de Germinação que não diferiram estatisticamente, variando de 3,7 a

8,4, já no trabalho de Nobre et al. (2012) realizado em Montes Claros/MG,

foi possível obter descriminação quanto ao seu Percentual de

Germinação, uma vez que o percentual variou de 49% a 88%.

Tabela 1. Percentual de germinação e índice de velocidade de germinação para os

cinco genótipos em estudo

Genótipos G (%) IVG

Branca Grande (G1) 80,0 a 3,7 c

Branca Média (G2) 86,7 a 5,7 bc

Branca Pequena (G3) 93,3 a 7,0 ab

Rajada Escura (G4) 86,7 a 6,3 ab

Rajada Clara (G5) 88,9 a 8,4 a

Com o material utilizado foi avaliado o número de dias para a

emergência da plântula (NDE) representada pelo gráfico (Fig. 1). De

acordo com Oliveira et al. (2014) estudando genótipos de feijão fava em

Teresina/PI obteve o (NDE) de 8 dias, o que em relação ao nosso

experimento conduzido no Campus do IFMA foi de 5 dias, onde o

genótipo que mais se destacou dos demais foi o G5 (Rajada Clara) com

menos dias de emergência após o semeio sendo o mesmo de 7 sementes

no quinto dia após o plantio, onde o G4 (Rajada Escura) e o G2 (Branca

Média) com a mesma quantidade de dias obteve emergência de

apenas 1 semente.

Figura 1. Tempo para emergência após semeio dos cinco genótipos de fava

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39

Fonte: DANTAS, 2017.

O G3 (Branca Pequena) e o G1 (Branca Grande) demoraram seis

dias para sua emergência sendo de 11 sementes do G3 e 2 sementes do

G1, onde verificou-se que mesmo após o G3 (Branca Pequena) ter

levado mais dias para sua emergência do que o G5 (Rajada Clara) ainda

assim obteve uma maior quantidade de emergência até o final dos dias

de avaliação chegando a mais de 13 sementes, porém de modo geral

todos os genótipos alcançaram mais de 12 emergências do total de 15

para cada tratamento até terminar os dias de avaliação.

Uma das características observadas foram o Comprimento da

Folha (CmF), Largura da Folha (LaF) e o tipo de Ramificação (Tab.2), o

que em relação ao Comprimento da Folha observamos que variou de

75,1 mm a 102,8 mm onde se destacou com maior comprimento para o

acesso G4 (Rajada Escura), e ao que se refere a Largura da Folha variou

de 46,4 mm a 66,6 mm se destacando também pelo genótipo 4, o que

no trabalho de Santos, (2016), obteve o comprimento variando de

66,2mm a 51,6mm, e com largura de 40mm a 28,2mm.

Todos os genótipos tiveram sua ramificação indeterminada (RI). De

acordo com Oliveira et al. (2004) e Guimarães et al. (2007), foi constatado

no nordeste brasileiro que pequenos produtores utilizam diversos acessos

de feijão-fava principalmente de crescimento indeterminado, neste

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40

trabalho podemos observar que os materiais vegetais usados

apresentaram também esse hábito de crescimento, onde tiveram

variação entre os três tipos avaliados: contendo dois ou três caules

principais e outros ramos laterais, contendo dois ou três caules principais

começando nos primeiros nós, e densamente ramificado, representado

assim na Tab.2.

De acordo com os dados da Ramificação Indeterminada (RI), o

que mais obteve foi (RI) 7, sendo a mesma composta por dois ou três

caules principais e outros ramos laterais, e sendo (RI) 9 com menos

ramificações, sendo a mesma caracterizada como densamente

ramificada, o que de acordo com os resultados no trabalho de Frazão et

al. (2010), destacou-se a (RI) 3 contendo um caule principal e com raros

ramos laterais a começar nos primeiros nós. Santos et al. (2002),

estudando produtividade e morfologia de vagens e sementes de

variedades de fava no Estado da Paraíba, notaram que todos os

genótipos indicaram hábito de crescimento indeterminado e trepador,

assim como nos resultados do nosso trabalho. As características morfológicas analisadas na Tab.2 indicam

variabilidade para as três variáveis.

Tabela 2. Características morfológicas para os cinco genótipos em estudo Genótipos CMF (mm) LaF (mm) RI

Bloco I

G1 97,0 64,3 9

G2 84,3 53,7 9

G3 85,5 52,4 7

G4 95,3 62,9 5

G5 99,5 60,4 5

Bloco II

G1 99,7 57,3 7

G2 84,3 48,8 9

G3 82,6 56,8 7

G4 84,6 54,0 7

G5 87,8 56,5 5

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Bloco III

G1 80,7 52,7 5

G2 75,1 46,4 9 G3 76,1 48,3 5

G4 102,8 66,6 7

G5 88,6 56,0 7

Comprimento Médio da folha (CMF), Largura da folha (LaF),

Ramificação Indeterminada (RI). Para (RI) 5 = dois ou três caules

principais a começar nos primeiros nós, 7 = dois ou três caules principais

e outros ramos laterais, 9 = Densamente ramificado.

Uma das características a serem observadas nos genótipos

trabalhados foi a Cor do Cotilédone (CCot), onde todos apresentaram a

cor verde, exceto a Rajada Escura (G4) do Bloco I e II que apresentou cor

púrpura o que de acordo com os resultados adquiridos por Medeiros et

al. (2015) obteve nos seus resultados somente verde.

Outro fator que diferenciou o G4 (Rajada Escura) dos demais foi a

Cor do Caule (CC), onde obtivemos praticamente todos os materiais

vegetais sem pigmentação (S.P.), com exceção da Rajada Escura (G4)

do bloco III que apresentou pigmentação quase total (Q.T.), assim como

no trabalho de Santos, (2016) onde todos foram verdes sem pigmentação

e apenas um acesso diferenciou dos demais apresentando cor verde

com pigmentação intensa.

Guimarães et al. (2007), apresentaram uma variação entre três

caracteres que foram verde com pigmentação intensa (VPI), verde com

pigmentação tênue (VPT), e sua grande maioria obteve verde sem

pigmentação (VSP) corroborando assim com o nosso trabalho, assim

também foram os resultados de Frazão et al (2010), onde sua grande

maioria também não apresentaram pigmentação, e no trabalho de

Medeiros et al. (2015), também prevaleceu com caule sem

pigmentação.

Já em relação à Cor da Folha (CF), a maior parte era de cor Verde

Intermediária (VI), porém o G1 (Branca Grande), G2 (Branca Média) e o

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G4 (Rajada Escura) obtiveram algumas de cor Verde Clara (VC) em

alguns blocos.

Segundo características observadas no trabalho de Guimarães et

al. (2007) onde os mesmo obtiveram a Cor da Folha (CF) na sua maioria

verde normal o que se caracteriza pela mesma cor que obtivemos no

nosso trabalho que foi verde intermediária, já em Medeiros et al. (2015),

a sua maioria foi de folhas verde escuro, assim como Santos, (2016), que

obteve as cores verde escuro, verde claro e verde normal, prevalecendo

mais os acessos de cor verde escuro.

A Forma do Folíolo (FF) pode ser caracterizada como Redondo,

Oval, Oval-Lanceolado, Lanceolado, e Linear–lanceolado, onde de

acordo com o que observamos no nosso trabalho ficou evidente os

resultados quanto a esse parâmetro, uma vez que apenas a Rajada

Escura (G4) do Bloco III teve formato diferente caracterizado como oval

lanceolado e dos demais acessos todos foram oval.

No trabalho de Santos, (2016) no que se refere aos resultados houve

uma variação bastante descriminada onde nos acessos trabalhados

obteve-se uma diversidade de formatos, caracterizados oval, oval-

laceolado e lanceolado, o que se caracteriza a forma o folíolo, de

acordo com o trabalho de Guimarães et al. (2007) eles observaram que

o formato que mais se destacou dentre os acessos trabalhados foram de

formato bruscamente acuminada, ou seja lanceolado.

Outra característica onde foi possível observar algo diferenciado

dentre todos os acessos foi o percentual de 100% descriminada quanto a

Cor da Asa e Cor da Quilha, onde todos os genótipos trabalhados de

todos os blocos mostraram-se a Cor da Asa (CA) na cor branca e a Cor

da Quilha (CQ) somente na cor esverdeada, o que de acordo com o

trabalho de Frazão et al. (2010), estes autores observaram que 60% dos

dez acessos trabalhados obtiveram a quilha na cor esverdeada

enquanto os demais apresentaram a cor tingida, o que no trabalho de

Santos, (2016) de acordo com os dados observados chegou-se à mesma

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análise do nosso, apresentando a cor da asa branca e a cor da quilha

verde.

Diante às características morfológicas das vagens dos cinco

genótipos utilizados em estudo, foi observado que quanto ao

comprimento e largura da vagem, houve uma diferença significativa

bastante perceptível, diferença essa vantajosa para o G1 (Branca

Grande) medindo 116 mm de comprimento e 21,4mm de largura, onde

o G3 (Branca Pequena) também se destacou entre os demais genótipos

por possuir o menor comprimento que foi de 63,6 mm e a menor largura

sendo de 13,9 mm, onde não houve diferença significativa apenas

quanto ao número de sementes por vagem, ficando os mesmos entre 2,9

e 3,3 (Tab. 3), o que não os diferem entre si ao nível de 5% através do

Teste de Tukey.

Tabela 3. Características morfológicas das Vagens para os cinco genótipos em estudo

Genótipos

Comprimento da Número de Largura da

vagem (mm) sementes por vagem

Vagem (mm) Branca grande (G1) 116,0 a 3,3 a 21,4 a

Branca

media (G2) 82,3 d 3,0 a 15,7 b

Branca pequena

(G3) 63,6 e 2,9 a 13,9 b

Rajada

escura (G4) 87,7 c 2,9 a 15,9 b

Rajada

clara (G5) 91,5 b 3,2 a 15,9 b

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5%

de probabilidade pelo teste de Tukey.

De acordo com Santos et al. (2002) que em oito acessos obteve

uma variância significativa com relação ao comprimento da vagem,

variando de 53,2mm a 89,9 mm, o que Neto et al. (2015) onde foram

avaliados dez acessos, estes autores também conseguiram descriminar,

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obtendo assim acessos variando de 60 mm a 92,7 mm, já Oliveira et al.

(2011) que também avaliou oitos acessos, não foi possível descriminar

devido todos os comprimentos terem sido praticamente iguais medindo

de 50mm a 60,1mm. Na largura da vagem, onde o G1 (Branca Grande) obteve melhor

destaque chegando a 21,4 mm como também no seu comprimento

acima mencionado, onde os demais genótipos apresentaram

estatisticamente a mesma largura, onde variaram de 13,9mm à 15,9mm,

mas ao número de sementes por vagemnão houve diferença o G1

(Branca Grande) não diferiu estatisticamente em relação aos demais,

não possuindo também um bom desempenho no seu índice de

germinação, pois leva mais tempo que os demais genótipos para se

desenvolver.

De acordo com Oliveira et al. (2011), os materiais em estudo

obtiveram uma diferença significante quanto a largura da vagem

variando de 14,7 mm a 17,7 mm, onde Santos et al. (2002) mostrou dentre

os oitos acessos avaliados, que foi de 10,6 mm a 19,8 mm, assim como em

Neto et al. (2015), que observaram uma largura média da vagem de

14,7mm a 21,0 mm. Em relação ao número de sementes por vagem não conseguimos

descriminar, pois obtivemos três sementes por vagem, conforme mostra

na Tab. 3, assim como também em Oliveira et al. (2011) não foi possível

descriminar, onde obtiveram duas sementes por vagem, o que em Santos

et al. (2002) observaram duas a quatro sementes por vagem, e em Neto

et al. (2015) foram observadas de duas a três sementes. Entre as características das sementes com medidas dadas em

milímetros observamos algumas diferenças significativas como a

espessura da semente e o seu comprimento (Tab.4), onde o G3 (Branca

Pequena), o G4 (Rajada Escura) e o G5 (Rajada Clara) possuem valores

maiores de espessura do que o G1 (Branca Grande) e do que o G2

(Branca Média), mas estatisticamente a G2, G3, G4, G5 diferem da G1,

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por possuírem um volume maior na sua espessura. Para as diferentes

variedades estudadas com relação a espessura observada variou de

3,2mm a 7,4mm.

Nobre et al. (2012), observaram que a espessura entre os acessos

trabalhados variou de 5,37 mm a 6,52 mm e Santos, et al. (2002) a sua

espessura variou de 4,8 mm a 6,4mm.

No que se diz respeito ao comprimento da semente todos os

genótipos são bem satisfatórios e vantajosos, com exceção do G3

(Branca Pequena) que se destaca por possuir menor comprimento, que

é de apenas 12,2 mm enquanto as demais amostras variam de 16,9mm

à 18,9mm, o que segundo observado no trabalho de Nobre et al. (2012),

os respectivos comprimentos variaram de 9,04mm a 18,88mm, e no

trabalho de Santos, et al. (2002) variou de 7,8mm a 17,5mm,

impossibilitando assim de haver descriminação.

Quanto à largura da semente (Tab. 4) estatisticamente não houve

diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade, que variou de 9,6

a 11,2mm. Nobre et al. (2012) houve uma diferença que chegou a variar

de 7,72mm a 12,49mm, assim como no trabalho de Santos, et al. (2002),

onde variou de 5,8mm a 11,7mm.

Segundo Dobert & Blevins (1993), o tamanho das sementes do

feijão-fava apresenta-se como uma característica positiva do ponto de

vista do desenvolvimento fisiológico da cultura.

Tabela 4. Características morfológicas das sementes para os cinco genótipos em

estudo

Genótipos

Espessura

Da

Semente

Comprimento

da Semente

mm

Largura da

Semente

Branca Grande

(G1) 3,2 b 18,9 a 11,0 a

Branca

Média (G2) 5,7 ab 17,2 a 11,2 a

Branca

Pequena (G3) 7,4 a 12,2 b 9,6 a

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Rajada

Escura (G4) 6,5 a 18,5 a 11,1 a

Rajada

Clara (G5) 6,7 a 16,9 a 10,9 a

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de

probabilidade pelo teste de Tukey.

Comparando os resultados na literatura para as características

referentes ao Comprimento da Vagem e à Largura da Vagem o nosso

trabalho foi superior aos demais, o que em relação ao Número de

Sementes por Vagem o nosso não foi superior apenas a Santos et al.

(2002) que observaram que os genótipos apresentaram de duas a quatro

sementes por vagem, o que nos mostra que os genótipos avaliados no

nosso trabalho têm potencial para comercialização.

O tamanho das sementes do feijão-fava é uma característica

significativa levando em consideração que devido o seu tamanho terá

um peso vantajoso, peso este de 100 sementes dos cinco materiais

vegetais estudados, onde os mesmos apresentaram resultados onde foi

possível descriminar, pois o peso médio variou de 53g à 142g, que o

genótipo que mais se destacou quanto ao seu peso foi o G 1 (branca

grande) com 142g e G 3 (branca pequena) por possuir o menor peso

chegando apenas a 53g, chegando à uma diferença de mais de 100%

dentre os mesmos.

De acordo com os resultados de Oliveira et al. (2011), que também

houve descriminação, eles observaram que o peso das 100 sementes

variou de 31,16g à 49,96g chegando a constatarem que a diferença de

peso entre elas chegou em média 62,37%.

Segundo Santos et al. (2002), eles também analisaram o peso de

100 sementes de oito genótipos e pôde-se observar que o peso variou de

32,6g a 79,5g, o que entre esses trabalhos podemos observar que o nosso

foi vantajoso quanto ao peso médio de 100 sementes pois apresentou

uma diferença significativa e elevada em consideração aos demais que

apresentaram praticamente o mesmo peso.

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47

Figura 2. Peso médio de 100 sementes dos cinco genótipos estudados

Fonte: DANTAS, 2017.

Identificar a variabilidade morfoagronômica de genótipos é de

suma importância para programas de melhoramento genético.

Na Tab. 5, observa-se a contribuição relativa de cada

característica para a divergência genética. O nº de dias para

emergência foi à característica que mais contribuiu para a divergência

genética com 18,35%, o segundo que mais contribuiu foi o comprimento

médio da folha com 14,86%, e os demais contribuintes foram a largura da

folha com 9,89%, espessura da semente com 9,26%, comprimento da

semente com 9,72%, largura da semente com 9,90%, comprimento da

vagem com 7,93%, número de semente por vagem com 11,38% e largura

da vagem com 8,68%. Estes resultados evidenciam a assertiva de que a

fava é a espécie que tem polimorfismo.

Tabela 5. Contribuição relativa de descritores morfológicos para a divergência

genética entre genótipos de fava, utilizando o método de SINGH (1981)

Caracteres S.j.1 Valor em %

Nº Dias Emergencia 6.0 18.35

Comp. MédioFolha 4.86 14.86

Largura Folha 3.23 9.89

Espessura Semente 3.03 9.26

Comp. Semente 3.18 9.72

Largura Semente 3.23 9.90

Comp. Vagem 2.60 7.93

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Nº Semente Vagem 3.72 11.38

Largura Vagem 2.84 8.68 1S.j.: contribuição relativa de cada variável

Os resultados apresentados são de grande importância prática em

futuros programas de melhoramento, podendo-se ter informações de

como e quais características contribuirão para a divergência genética

entre os genitores, diminuindo-se assim o número de características

avaliadas, ou incluindo outras que poderão contribuir de forma mais

eficiente para o sucesso da obtenção de híbridos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os descritores morfológicos selecionados de PhaseoluslunatusL.

para caracterização morfológica foram satisfatórios em permitir a

detecção de diferenças entre os materiais vegetais indicando que há

variabilidade entre os genótipos estudados. O estudo da morfologia dos materiais nesse trabalho é importante

para facilitar o registro de caracteres de identificação, facilitando a

outros produtores e/ou pesquisadores o acesso a esse material, em busca

de plantas com boa resposta na sua fase germinativa. A divulgação dos resultados da pesquisa da caracterização

morfológica dos materiais irá possibilitar registro de caracteres de

identificação, facilitando que pesquisadores e produtores tenham

acesso a esse material, dando subsídio aos programas de melhoramento,

e também no aumento do uso pelo produtor.

Nos cinco genótipos estudados foram observados parâmetros

morfológicos como vagens compridas e alongadas, possuindo em torno

de três sementes por vagem, onde o genótipo que se destacaram foi a

Branca Grande (G1) com número sementes por vagem e por obter o

maior peso de 100 sementes.

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49

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao IFMA por todo o apoio logístico e financeiro para

a realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS

BROUGHTON, W. J. et al. Beans (Phaseolus spp.) - model food legumes.

PlantandSoil, v. 252, n.1, p.55-128, 2003. CRUZ, C.D. et al.. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento

genético. 3.ed. Viçosa: UFV, 2004. 480 p. CRUZ, C. D. Programa GENES: estatística experimental e matrizes. Viçosa:

UFV, 2006. 285 p.

DOBERT, R. C.; BLEVINS, D. G. Effect of seed size and plant growthon

nodulation and nodule development in lima bean

(PhaseoluslunatusL.).Plant and Soil, Dordrecht, v.148, n.1, p.11-19, 1993. FRAZÃO et al., Morfologia e Fenologia de dez Variedades de Fava nas

Fases Vegetativa e de Inflorescência, Agropecuária Técnica – v. 31, n. 1,

p 18–24, 2010, ISSN 0100-7467 – Areia, PB – CCA-UFPB. GUIMARAES, W. N.; MARTINS, L. S.; SILVA, E. F.; FERRAZ, G. M. G.; OLIVEIRA,

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51

GT 3 – CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

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ELAS NOS LIVROS DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES

FEMININAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

GOMES, Maria Eduarda (IFMA)1

AGUIAR, Marcones Herberte de Souza Lima (IFMA)2

RESUMO

A pesquisa aqui apresentada foi desenvolvida pelo Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Maranhão através de estudos de Iniciação Cientifica sob o

titulo “Elas nos livros de História: uma análise das representações femininas nos livros

didáticos de História”. A pesquisa tem como principal objetivo, analisar como as

mulheres vêm sendo abordadas nos livros didáticos de história do 2° ano do Ensino

Médio, por meio do estudo dos conteúdos e imagens relacionados a elas. A

metodologia adotada no projeto foi uma pesquisa bibliográfica e documental de

caráter quantitativo e qualitativo os dados coletados ao longo das pesquisas feitas dos

livros “História das cavernas ao terceiro milênio: Da conquista da América ao século XIX”

das autoras: Patrícia Ramos Braick e Myriam Becho Mota, “História Geral e do Brasil” dos

autores: Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo e “A Escrita da História 2” de Flavio de

Campos e Regina Claro.

PALAVRAS-CHAVE: Livro didático. História. Mulheres.

INTRODUÇÃO

A discussão sobre a temática de gênero, especificamente com

relação aos espaços que a mulher ocupa na sociedade atualmente, se

caracteriza como um debate relevante, principalmente, diante da

história de opressão vivenciada pelo gênero feminino. Contudo, a partir

da luta das mulheres alguns avanços podem ser observados, embora,

isso ainda se constitui em algo frágil e que deve avançar em vários

pontos.

Deste modo, observamos que a mulher é secundarizada em vários

espaços, entre eles, os livros didáticos de história, logo, esse é um

problema que deve ser enfrentado. E por acontecer dentro do ambiente

escolar que é centro de aprendizado e um dos principais lugares de

1 Estudante do Curso Técnico em Meio Ambiente do Instituto Federal do Maranhão –

Campus São Raimundo das Mangabeiras. E-mail: [email protected]. 2 Docente do Instituto Federal do Maranhão – Campus São Raimundo das Mangabeiras.

E-mail: [email protected].

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53

formação de opinião torna-se ainda mais problemático (MORTANI, 2014).

A análise dos livros didáticos (documentos) do 2° ano do ensino

médio “História das cavernas ao terceiro milênio: Da conquista da

América ao século XIX” das autoras: Patrícia Ramos Braick e Myriam

Becho Mota, “Historia Geral e do Brasil” dos autores: Cláudio Vicentino e

Gianpaolo Dorigo, e, “A Escrita da História 2” ” de Flavio de Campos e

Regina Claro, serviu como base para a obtenção de dados para uma

discussão sobre a temática, e reflexões sobre o papel que a mulheres

ocupam na história e como elas veem sendo retratadas nos livros

didáticos. E assim, estabelecer uma relação com o contexto social que

vivenciamos, onde a mulher apesar de muitas conquistas em diversos

espaços ainda é vítima da opressão imposta por uma sociedade

calcada em padrões machistas.

A IMPORTÂNCIA DOS LIVROS DIDÁTICOS

Segundo Lajolo (1996), foi nos últimos anos que os livros didáticos

obtiveram importância na educação brasileira, tendo espaço como um

dos principais meios de pesquisa e apoio no aprendizado, se constituindo

como um guia tanto para os educadores quanto para os alunos.

De acordo com Silva (1998), os livros didáticos passam a ser

utilizado com mais frequência no Brasil na segunda metade da década

de 1960. Além disso, foi nos anos de 1990 ocorreu uma série de reformas

educacionais que visavam, principalmente, sensibilizar os educadores

quanto à responsabilidade e necessidade de alterações nos conteúdos

e metodologias de ensino. Foi então, que elaboraram programas que

objetivavam fazer alterações no contexto escolar, preparando projetos

e materiais que seriam distribuídos nas escolas (AGUIAR, 2008).

Então na mesma década, com o intuito de assegurar a qualidade

dos livros didáticos a serem adotados principalmente pelas escolas

públicas foi criado o Programa Nacional de Livro Didático (PNLD), que se

comprometia em fazer uma avaliação pedagógica dos livros antes de

chegar à sala de aula. Com a criação do PNLD os livros didáticos

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voltaram a ter maior atenção por parte do Ministério da Educação e tal

atenção despertou o interesse de estudiosos em investigar cada vez mais

o propósito do programa, bem como a qualidade dos livros didáticos que

chegam as salas de aula, uma vez que, analisar livros didáticos significa

compreender o ensino no qual está intimamente interligado

(ALBUQUERQUE, 2002).

[...] o livro didático insere-se no processo de formação da

identidade nacional, seja pelos temas e conteúdos priorizados

nos manuais didáticos, seja pelas metodologias neles indicadas,

seja pela perspectiva ideológica neles subjacentes [...]

(HORIKAWA e JARDILINO, 2010, p. 156).

O livro didático é um material de base essencial para os

educadores, e um apoio ideal na hora dos estudos, pois tendo conteúdo

de fácil compreensão é um apoio em momentos que não há um

professor, como nos estudos em casa. Essa importância que o livro

didático vem adquirindo nos últimos anos, traz holofotes para essa tal

ferramenta de ensino, e no caso especifico do livro didático de história,

devemos procurar observar como o mesmo possibilita a realização de

discussões sobre temáticas complexas, como por exemplo, o papel e

participação da mulher dentro da história.

ANALISANDO OS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

De acordo com Davies “[...] os livros didáticos de história

procuraram e procuram ainda construir uma memória oficial, onde têm

vez os ́ grandes homens` das classes dominantes, o nacionalismo, e onde

os conflitos sociais são omitidos ou atenuados” (DAVIES, 2007, p. 01).

Assim, é possível observar que os fatos históricos contidos nos livros

didáticos reproduzem a visão de mundo de quem o escreveu, nessa

perspectiva as mulheres são relegadas na maioria dos livros didáticos a

um segundo plano.

Percebe-se que os livros didáticos de história possibilitam a

formação de identidade de grupos, conservação de uma memória e

formação de uma consciência política. E em consonância aos

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55

elementos citados acima, os livros didáticos de história apresentam uma

história que consolidam mais do que problematizam determinados

padrões sociais.

Podemos observar isso quando analisamos os livros observando a

representatividade de homens e mulheres, onde destaca-se em sua

maioria personagens do gênero masculino. Com essas informações é

colocada a interrogação do por que as mulheres não aparecerem com

frequência nos livros didáticos de história em especial em caso de guerra,

política, diplomacia e administração.

A historiografia apresenta civilizações antigas (Elam, Cretense,

Suméria, Egipcia, Babilônica, entre outras) onde se cultuavam a mulher e

a feminilidade nas figuras de diversas deusas. As mulheres também se

destacaram no mundo clássico como sacerdotisas sábias, filósofas,

matemáticas, pitonisas, ou na tradição lendária, como guerreiras as

amazonas (ABRAWICCA, 2002). Entretanto pouco desses aspectos

aparecem nos livros didáticos de história.

Além disso, na Idade Média, época reconhecida como

extremamente masculinizada, encontramos mulheres que exerceram o

papel central na família e detinham a propriedade após a morte do

marido. Contudo, os gráficos que apresentaremos adiante mostram que

os livros didáticos de história analisados pouco mencionam as mulheres e

o papel das mesmas na organização social dos diferentes períodos

históricos.

Essa realidade permanece de forma semelhante até meados do

século XVIII, sendo um pouco alterada a partir da maior inserção da

mulher no mercado de trabalho e com início dos movimentos feministas.

É com o século XX que os movimentos feministas passam por

consideráveis avanços, e de acordo com Barbara Evans Clements (2012)

é durante a era soviética, que o feminismo foi desenvolvido juntamente

com ideais de igualdade, contudo, na prática e em arranjos domésticos,

os homens geralmente ainda dominavam.

Outro ponto da história das mulheres que podemos salientar, é que

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56

na Europa durante as grandes guerras do século XX, as mulheres tiveram

um papel socioeconômico relevante, as mesmas tinham direito de

trabalhar em indústrias, comércios, pois não havia mão de obra por

conta de os homens estarem na guerra, todavia esse debate não

aparece nos livros analisados como veremos a seguir.

Segundo o historiador J. M. Hexter essa problemática da

invisibilidade das mulheres nos livros didáticos de história pode ser

explicado pelo fato das mulheres não terem participado de grandes

acontecimentos políticos e sociais, e ainda de acordo com o autor as

mulheres não participaram de grandes eventos por conta da repressão

dos homens. Todavia, observamos que mesmo as poucas mulheres que

se sobressaíram ou burlavam as proibições, a fim de atingir os seus

propósitos, muitas vezes também foram negligenciadas pelos autores e

autoras de livros didáticos de história como poderemos observar adiante.

A análise realizada com os livros “História das cavernas ao terceiro

milênio: Da conquista da América ao século XIX” das autoras: Patrícia

Ramos Braick e Myriam Becho Mota, “Historia Geral e do Brasil” dos

autores: Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, e, “A Escrita da História

2” ” de Flavio de Campos e Regina Claro nos mostraram que mesmo

algumas personagens femininas que foram importantes para a história,

não encontram nos livros didáticos espaços de discussão, como

acontecem com muitos personagens masculinos, como por exemplo:

➢ Joana d’Arc: Francesa, heroína da Guerra dos Cem Anos, durante

a qual tomou partido pelos Armagnacs, na luta contra os

borguinhões e os aliados ingleses. Descendente de camponeses,

gente modesta e analfabeta, foi uma mártir canonizada em 1920,

quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.

➢ Princesa Isabel: Foi a última princesa imperial do Brasil e regente do

Império, foi cognominada a Redentora por ter, através da Lei Áurea,

abolido a escravidão no Brasil.

➢ Anita Garibaldi: Ana Maria de Jesus Ribeiro foi à companheira do

revolucionário Giuseppe Garibaldi, sendo conhecida como a

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“Heroína dos Dois Mundos”. É considerada uma das mulheres mais

fortes e corajosas.

➢ Maria Quitéria: foi militar brasileira, heroína da Guerra da

Independência é a ‘patrono’ do Quadro Complementar de Oficiais

do Exército Brasileiro.

➢ Rainha Isabel de Castela: ao lado de seu marido Fernando de

Aragão, promoveu a Unificação da Espanha no fim do século XV,

expulsando os muçulmanos da Península Ibérica.

Esses exemplos demonstram que várias mulheres que ao decorrer

da história tiveram cargos ou realizaram “atos importantes” estão

passando despercebidas aos olhos dos alunos, pois os livros didáticos

estão dando mais foco a eventos protagonizados por homens. E deste

modo, segundo Vasconcelos e Souto (2003) os livros didáticos não

estariam promovendo o contato e a compreensão com a realidade que

o cerca.

Esse problema é ainda maior se entendermos que o livro didático,

como já mencionamos anteriormente, é um dos principais meios utilizados

por professores e professoras no processo de ensino e aprendizagem dos

alunos (MORTANI, 2014). Logo seria muito importante que as mulheres fossem

abordadas como sujeitos e não só como objeto da história assim levando a

debates importantes sobre o gênero em sala de aula, o livro deve cumprir o

papel de estimulador sob os alunos.

Livros didáticos precisam, sem dúvida, conter ferramentas que

incitem a discussão sobre o conteúdo teórico a fim de permitir

sua conversão em conhecimento [...] produção de

conhecimento útil, aplicável e presente no cotidiano do aluno

(VASCONCELOS; SOUTO, 2003, p. 101).

Os conteúdos abordados nos livros didáticos são os assuntos

levados a debate dentro e fora das escolas, tais conhecimentos

absorvidos a partir de todos os conteúdos debatidos, acabam que sendo

levados para o cotidiano do aluno e da sociedade em torno.

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RESULTADOS

Abaixo serão exibidos, gráficos quantitativos sobre os livros analisados

durante o projeto, de acordo com a visualização dos números citados,

percebemos como as mulheres vêm sendo secundarizadas ou não

conseguem espaço que discuta a importância de seus papeis ou feitos,

nota-se como os homens são predominantes nos contextos históricos

abordados nos livros.

Figura 1 - Comparação sobre as aparições femininas e masculinas no livro “História das

cavernas ao terceiro milênio – da conquista da América ao século XIX”.

No gráfico acima, é mostrado a comparação de aparições no

conteúdo, tirando como base que de 315 páginas, 292 páginas os

homens são o foco do contexto (93%), em 16 páginas as mulheres

aparecem só como um objeto ou sem valorização (5%), e em apenas 7

páginas as mulheres tem papel importante ou são o foco do contexto

(2%).

\

5% 2%

93%

Homens Mulheres Mulheres (Relevantes)

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59

Figura 2 - Comparação sobre as aparições femininas e masculinas no livro “História

Geral e do Brasil”

O gráfico acima mostra a quantidade de páginas que as mulheres

têm aparições dentro de algum contexto, que no caso são 33 páginas,

mostrando também a quantidade de páginas onde as mulheres são

colocadas como protagonistas. Temos então 232 páginas que se referem

apenas a homens (87%), 21 páginas contem atuações de mulheres, mas

papeis de pouca importância (8%), e em apenas 12 páginas á mulheres

com papeis ou atuações mais visadas (5%).

Figura 3 - Comparação sobre as aparições femininas e masculinas no livro " A Escrita

da História 2".

5% 8%

87%

Homens Mulheres Mulheres (Relevantes)

4% 2%

94%

Homens Mulheres Mulheres (Relevantes)

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60

O gráfico acima refere-se as páginas onde as mulheres e os

homens aparecem, mostrando claramente a diferença, as mulheres

aparecem em apenas 17 páginas (6%) e os homens com grande parte

aparecem em 251 páginas (94%). Das 17 páginas de onde a aparições

de mulheres, apenas 7 tem uma grande importância na historiografia

geral. São elas Rainha de Sabá, Rainha de Matamba e do Ndongo, D.

Joana, D. Maria, Xica da Silva, Marie- Anne Paulze e D. Maria I.

IMAGENS FEMININAS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA

A ilustração em livros deixou de ser um complemento e acabou

passando a ser um elemento necessário. A ilustração é algo que tem a

importante tarefa de narrar o texto de uma forma mais nítida, auxiliando

o fácil entendimento de todo o decorrer do enredo.

Segundo uma pesquisa realizada pela IInterativa, o cérebro

processa as ilustrações 60.000 vezes mais rápido que o texto. No entanto

tende a se entender que uma verdadeira leitura de imagens não é fácil

se não entendermos todo o contexto escrito, e com isso uma precisa do

outro (KNAUSS, 2006). Ou seja, aprende-se a ler, mas também a ver, o

educador tem como papel, também, mostrar como decifrar o que uma

imagem significa dentro de cada contexto.

A afirmação do universo do estudo da história das

representações, valorizada, pelo estudo da história do

imaginário, da antropologia histórica e da história cultural, impôs

a revisão definitiva da definição de documento e a

revalorização das imagens como fontes de representações

sociais e culturais. É nesse sentido que a historiografia

contemporânea, em certa medida, promoveu um reencontro

com os estudos das imagens (KNAUSS, 2006, p. 102).

As ilustrações acompanham a narrativa, assim sendo um elemento

a mais para o aprendizado, como um material de ajuda na interpretação

do conteúdo, e como as ilustrações são de âmbito essencial para o

auxílio na formação educacional através dos livros didáticos, é de

importante compreensão que as imagens deverão ter como

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61

protagonistas, pessoas importantes dependendo do contexto, ou de quê

o autor quer que seja passado para os leitores ou aprendizes. Vendo

assim que mulheres, negros, indígenas entre outros, precisam de mais

espaço de representatividade nas imagens, para que, os alunos tenham

uma noção maior, da importância de personagens que se encaixam a

suas características.

Figura 4- Comparação de aparições de imagens femininas e masculinas no livro ''

História das cavernas ao terceiro milênio - da conquista da América ao século XIX''.

No gráfico acima, reflete a comparação de quantidade de

aparição em imagens. 55% das imagens os Homens são predominantes,

38% das imagens são de homens e mulheres e somente 7% é

predominante de mulheres sendo que apenas a rainha Elizabeth I tem

uma imagem central com importância para si.

38%

55%

7%

Homens Mulheres Homens e Mulheres

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62

Figura 5 - Comparação de aparições de imagens femininas e masculinas no livro

“História Geral e do Brasil".

O gráfico a cima mostra a quantidade de aparições em imagens no

livro já citado, em 197 imagens, 123 contêm apenas homens (62%), 56

mostras homens e mulheres (28%), e em apenas 18 imagens são

predominantes de mulheres (9%).

Figura 6 - Comparação de aparições de imagens femininas e masculinas no livro "A

Escrita da História 2".

O gráfico a cima é referente ao total de imagens do livro “A Escrita

da História 2“dos autores Flávio de Campos e Regina Claro, nele é visto

63% 9%

28%

Homens Mulheres Homens e Mulheres

40%

51%

9%

Homens Mulheres Homens e Mulheres

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claramente que nas imagens as mulheres como protagonistas foco, são

a minoria tendo como o total de 9 vezes (9%) e os homens tem aparições

de 41 vezes (40%) e homens e mulheres não dando foco para ambos os

gêneros, 53 vezes (51%).

Mesmo sendo poucas foram encontradas algumas personagens

femininas com grandes expressividades, em sua maioria mulheres ligadas

ao poder politico, como é o caso da Rainha Elizabeth II, Rainha Elizabeth

I, Rainha Maria I, Rainha Catarina II, Rainha Vitoria, Princesa Isabel, Nossa

Senhora do Rosário do Preto e Rainha Maria Antonieta.

Além de haver poucas mulheres com representatividade todas

acima citadas são de classe alta e brancas com exceção da Nossa

Senhora do Rosário do Preto que era a protetora dos negros escravos.

Não constando o registro de mulheres que tiveram importância na

historiografia, e que poderiam participar de conteúdos abordados nos

livros, diminuindo assim ainda mais a representatividade feminina.

Imaginava-se que encontraríamos uma diferença dos resultados dos

livros analisados de acordo com os gêneros de cada autor por conta

também da separação que os diferenciavam de quem apoia tal discussão

na atualidade, porém nota-se a partir dos gráficos que os resultados são

próximos então não podemos considerar o fator sexo dos autores.

A importância da representatividade feminina nos livros didáticos de

história

O livro didático, de modo geral, omite o processo histórico-cultural,

o cotidiano e as experiências dos segmentos subalternos da sociedade,

como o índio, o negro, a mulher, entre outros. Em relação ao segmento

negro, sua quase total ausência nos livros e a sua rara presença de forma

estereotipada concorrem em grande parte para a fragmentação da sua

identidade e auto-estima", (SILVA, 1995, p. 47). Além de serem poucas as

mulheres que tem espaço na historiografia, em sua maioria ainda são

brancas e ocupam cargos altos por linhagem ou casamentos, assim

deixando subentendido que mulheres negras não tiveram atuações

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importantes.

O aluno negro, ao ingressar na escola, além de encontrar a história

de sua raça trabalhada de maneira folclorizada, ainda encontra

reforços por parte do corpo docente no que diz respeito à negação

de sua origem racial [...] (GOMES, 1995, p. 89).

Os alunos reproduzem o que aprendem, ou seja, se as meninas,

negros, indígenas entre outros, não veem conteúdos bem relacionados

nos seus principais manuais de estudo ou principal local de formação de

opinião e aprendizagem que é a escola, acaba sendo tratada como

uma negação de sua origem.

Destarte, esse problema é ainda maior se entendermos que o livro

didático é um dos principais meios utilizados por professores e professoras

no processo de ensino e aprendizagem dos alunos (MORTANI, 2014). Logo

seria muito importante que as mulheres, negros, indígenas e entre outros

fossem abordadas como sujeitos e não só como objeto da história

Na medida em que é acessível ao público ao qual se destina,

também pode desempenhar um papel significativo na formação

ideológica e cultural no cotidiano escolar, seus textos e imagens

passam a ser um forte referencial para quem o lê. Por representar

um importante instrumento de trabalho em sala de aula, constata-

se que, muitas vezes, professores e alunos o têm como única fonte

de informação. (COSTA apud MORTANI, 2014, p. 04).

Quanto maior a disponibilidade de informações, mais fácil fica a

formação ideológica e cultural, quando falamos de livros didáticos a

importância se eleva, pois, muitas vezes pode ser o único meio de estudo

dos alunos, e para os professores sendo principal manual de ensino, com

isso se da a importância de personagens que deem maior

representatividade, com o aprendizado para ser levado a sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os gráficos apresentam de forma explicita a diferença de

predominância, dos gêneros masculinos e femininos e também a

importância real dada para os papeis exercidos por cada segmento

social, assim vendo que os homens estão a frente da maioria das

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temáticas abordadas nos livros. A diferença entre cada livro é mínima

quando se fala em contexto, porém como visto nos gráficos ressalta-se o

livro “História Geral e do Brasil” por ter maiores apresentações femininas

importantes, que nos demais livros.

Nomes de mulheres que tem real importância na historiografia

geralmente ficam por trás de papeis masculinos, assim espelhando a

sociedade atual. Deste modo, mesmo em meio a várias conquistas

femininas, muitas oportunidades lhes são negadas simplesmente por não

serem do gênero masculino.

O ambiente escolar sendo centro de aprendizado e também um

dos principais lugares de formação de opinião, da um enfoque na

problemática da secundarizarão da figura feminina nos livros didáticos

de história, tendo que ser enfrentado. Nesse sentido, a escola se

apresenta como um lugar ideal para tais debates, e deste modo,

acreditamos que temos que reconhecer que isso é fundamental para

que se valorize a papel da mulher dentro da história (MORTANI, 2014).

De acordo com o percentual abordado nos gráficos feitos a partir

dos livros estudados chegou-se à conclusão que nos livros didáticos de

história, grande maioria dos textos e imagens estão ligadas

predominantemente aos personagens homens. Além disso, observamos que

quando as mulheres aparecem, na maioria das vezes não é dada a elas a

importância necessária se comparada com os homens.

Notamos também que o espaço dado às mulheres é

secundarizado, e isso em parte pode ser atribuído porque até os dias

atuais a história dos grandes eventos é predominante. Porém segundo

Soihet (1997) essa realidade vem se alterando lentamente, com o

surgimento da história das mentalidades, assim como a relação da

história com outros campos do conhecimento como a literatura, também

possibilitam uma maior aproximação com a temática da história das

mulheres.

E talvez essas transformações expliquem à presença de mulheres

não ligadas a realeza nos livros didáticos, mesmo que em pequena

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66

quantidade. A historiografia é refletida em boa parte na sociedade atual

precisando assim, que tenha maior enfoque na figura feminina, para que

haja representatividade.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao IFMA por todo o apoio concedido a fim de que

esta pesquisa fosse realizada.

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GT 4 – LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES

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ANÁLISE COMPARATIVA DO ROMANCE O PRIMO BASÍLIO DE EÇA DE

QUEIRÓS E SUA ADAPTAÇÃO FÍLMICA HOMÔNIMA

SILVA , Tatiele Pereira.1

GRAMPES, Georgia Carolina dos Santos.2

RESUMO

Eça de Queirós foi um dos mais importantes escritores do realismo português sendo

considerado o maior representante da prosa realista da língua portuguesa. Foi um

inovador da prosa realista portuguesa ao criar novas formas de linguagens, neologismos

e mudanças na sintaxe. Recebeu grande influência literária do escritor francês Gustave

Flaubert (1821-1880), se afastando dos modelos clássicos. Eça escreveu diversos

romances no qual enfatiza a questão da hipocrisia da burguesia aliada à análise

psicológica das personagens. Um exemplo notório está na sua obra mais conhecida O

Primo Basílio, publicada em 1878, obra esta que será analisada no presente trabalho. O

presente trabalho irá apresentar uma análise comparativa entre o romance realista de

Eça de Queirós e a adaptação cinematográfica de nome homônimo buscando

destacar as semelhanças, diferenças e acréscimos presentes no filme. O filme se passa

no Brasil em meados da década 1950. No tocante a obra primo Basílio e sua

adaptação, acredita-se que embora se passe em tempos distintos, ambos conseguiram

ser um retrato fiel da época que compunham.

Palavras-chave: Análise Comparativa. Adaptação Fílmica. O Primo

Basílio.

INTRODUÇÃO

O Realismo em Portugal teve seu início em 1865, uma época em

que liberais e representantes da velha monarquia deposta em 1820

travavam várias lutas. Foi um movimento de renovação, uma tentativa

de levar Portugal à modernidade, trazendo ao país ideias filosóficas e

científicas que estava em alta na Europa na época.

Seu marco inicial foi a Questão Coimbrã, uma polêmica literária

travada em jornais que teve início quando a Geração de 70, um grupo

de intelectuais composto por Oliveira Martins, Teófilo Braga, Antero de

Quental, entre outros, defensores das novas ideias da época, recebeu

1 Acadêmica do curso de Letras UEMA/CESBA. E-mail: [email protected]. 2 Acadêmica do curso de Letras UEMA/CESBA. E-mail: [email protected].

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uma crítica do árcade Castilho, um importante representante do

tradicionalismo.

Após esta crítica, Antero de Quental respondeu em carta aberta

com outra crítica, desta vez à censura da livre expressão e do

apadrinhamento que Castilho fazia com seus seguidores. Entre 1865 e

1866, então, surgiram diversas publicações de grupos que promoviam

ataques, uns defendendo as ideias tradicionais e românticas, outros as

realistas e modernas. Era o progresso contra o conservadorismo, o antigo

contra o moderno.

Tabela 1: O quadro abaixo ilustra as principais características do Realismo

português temos:

ROMANTISMO REALISMO

Subjetividade Objetividade

Sentimento, emoção Inteligência, razão

Verdade individual Verdade universal

Fantasia Fatos observáveis

Mulher idealizada, anjo de pureza

e perfeição

Mulher mostrada com defeitos e

qualidades

Linguagem culta, em estilo

metafórico e poético

Linguagem culta e direta

Narrativa longa, acompanhando

o tempo psicológico

Narrativa de ação e aventura

Imaginação Realidade cirdundante

O início do Realismo em Portugal esteve marcado pela publicação

do romance “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós em 1875.

Eça de Queirós foi um dos mais importantes escritores do realismo

português sendo considerado o maior representante da prosa realista da

língua portuguesa. Nasceu no dia 25 de novembro de 1845 em Póvoa do

Varzim, cidade localizada no norte de Portugal. Era filho do brasileiro José

Maria Teixeira de Queiroz e da portuguesa Carolina Augusta Pereira de

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Eça. Passou grande parte de sua infância na cidade de Aveiro aos

cuidados de sua avó. Mais tarde, foi morar no Porto a fim de estudar no

Colégio Interno da Lapa, no qual se formou em 1861. Seguiu os passos de

seu pai (Magistrado e Par do Reino) e foi estudar Direito na Universidade

de Coimbra, graduando-se em 1866. Chegou a exercer a profissão de

advogado e, mais tarde, de jornalista na cidade de Lisboa.

Eça de Queirós foi um inovador da prosa realista portuguesa ao

criar novas formas de linguagens, neologismos e mudanças na sintaxe.

Recebeu grande influência literária do escritor francês Gustave Flaubert

(1821-1880), se afastando dos modelos clássicos. De maneira geral, suas

obras abordam temas simples e do cotidiano, as quais estão permeadas

de ironia, humor e, de vez em quando, de pessimismo e crítica social.

Ao se afastar do idealismo romântico, Eça de Queirós faz uma dura

crítica aos valores da burguesia portuguesa e da corrupção da Igreja.

Mais tarde, Eça escreveu diversos romances no qual enfatiza a questão

da hipocrisia da burguesia aliada à análise psicológica das personagens.

Um exemplo notório está na sua obra mais conhecida “O Primo

Basílio”, publicada em 1878, obra esta que será analisada no presente

trabalho.

Análise comparativa

Neste item o presente trabalho irá apresentar uma análise

comparativa entre o romance realista de Eça de Queirós e a adaptação

cinematográfica de nome homônimo. Deste modo, à apresentação será

distribuída em subtópicos, onde o primeiro deles dedicado enfoca o

resumo da obra literária e os demais apresentam as semelhanças,

diferenças e acréscimos presentes no filme. Deve destacar que esta

análise não pretende seguir a ordem exata dos acontecimentos

ocorridos no livro e/ou filme. (cf. SANTOS; NASCIMENTO, 2008).

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Resumo da obra literária

Escrito em um momento de consolidação da escola realista-naturalista

em Portugal, O Primo Basílio se apresenta como uma verdadeira súmula

de alguns dos recursos mais característicos do estilo: a crítica social, a

exploração da sexualidade, a tendência à construção de personagens

marcadas pela baixeza de caráter, a narrativa irônica, as referências

pouco lisonjeiras à moral, aos costumes e à religião.

O narrador inicialmente apresenta uma típica família burguesa de

Lisboa. Em um domingo, após o almoço, o casal Jorge e Luísa está na

sala de jantar lendo. O marido fecha o volume e fica pensando, muito

aborrecido, sobre sua viagem de trabalho à região do Alentejo: “Era a

primeira vez que se separava de Luísa.”

A esposa, folheando um jornal, lê a notícia da chegada de seu

primo Basílio a Lisboa. Basílio, que no passado fora para o Brasil, arruinado,

retoma a Lisboa não apenas enriquecido, mas esnobe e prepotente.

Reencontrando a prima, passa a cortejá-la, a fim de ter com ela uma

aventura inconsequente, com a qual pudesse diminuir o tédio de sua

permanência na cidade, onde teria de ficar por algum tempo. Luísa, por

sua vez, deixa-se levar pelas conversas do primo sobre as seduções da

vida aventureira.

Após uma ida ao campo, Basílio resolve alugar um lugar para que

eles possam estar mais à vontade, e longe da maledicência dos vizinhos.

A ideia de um “ninho de amor”, tal qual aparecia nos romances que lia,

deixa Luísa extremamente excitada. Já se imaginava em um lugar

ricamente decorado, sofisticado e sensual – nem mesmo o endereço que

sinalizava uma região pobre da cidade lhe tirava da imaginação o seu

Paraíso. Ao chegar, a decepção arrebata-a.

Para compensar a decepção do lugar, Basílio seduz Luísa com

novos e excitantes carinhos, fazendo-a esquecer-se da “pocilga” em que

se encontravam. Com o passar dos dias e das novidades dos primeiros

encontros, Basílio vai se tomando cada vez mais rude e grosseiro com a

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amante, fazendo-a compará-lo com o tão delicado e atencioso marido.

Certo dia, ela se atrasa e quando consegue chegar ao Paraíso não

encontra mais o amante. Irritada, vai para casa e, ao encontrá-la ainda

em desordem, desconta toda sua ira na empregada Juliana. Ofendida,

esta revela que tinha em seu poder uma carta escrita pela patroa ao

amante.

Basílio deixa Lisboa subitamente, depois que Luísa, ofendida,

recusa sua ajuda financeira para calar a empregada. Sem outra opção,

Luísa começa a fazer o serviço doméstico e dar presentes à Juliana, que

se comporta como dona da casa.

Mas, com o retorno de Jorge, a situação complica-se:

(...) e Jorge, chegando despercebido ao quarto, surpreendeu

Juliana comodamente deitada na chaise longue lendo

tranquilamente o jornal.

(…)

Jorge não encontrou Luísa na sala de jantar, foi dar com ela no

quarto de engomados, despenteada, em roupão de

manhã, passando roupa, muito aplicada e muito desconsolada.

– Tu estás a engomar?? — exclamou. Luisa corou um pouco,

pousou o ferro.

– A Juliana estava adoentada, juntara-se uma carga de roupa…

– Dize-me me cá, quem é aqui a criada e quem é aqui a

senhora? (Queirós, 2001. p, 400-401)

A situação toma-se cada vez mais humilhante e perigosa para

Luísa, que, desesperada, recorre ao amigo da família, Sebastião. Este,

com a ajuda de um policial, intimidam e conseguem reaver as cartas,

alegando que chantagem é crime e que ela poderia ir parar na cadeia.

Em um acesso de cólera, Juliana, que tinha problemas cardíacos, morre

atingida por um colapso nervoso. Diante de toda a tensão sofrida, Luísa

acaba por apresentar uma “febre nervosa”. Durante esse período chega

uma carta de Basílio para a prima. Jorge, depois de muito hesitar, resolve

abri-la e descobre o adultério da esposa. Quando Luísa melhora, Jorge

mostra-lhe a carta e exige explicações. Luísa tem uma recaída: volta-lhe

a febre cerebral, de maneira mais intensa e fatal. Jorge, ao pé da cama,

desesperado, assegura-lhe que a perdoaria, que não se falaria mais

sobre o caso. Mas Luísa morre.

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A última cena do romance revela-se a maior e mais fina ironia da

obra: Basílio retorna a Lisboa e, ao procurar Luísa em sua casa, descobre

que ela morreu. O fato lhe desperta apenas um silêncio resignado e o

seguinte comentário a seu amigo Reinaldo (quando este observa que o

amigo ficaria sem mulher em sua estada em Lisboa):

– Que ferro!

Podia ter trazido a Alphonsine!

E foram tomar xerez à Taverna Inglesa (Queirós. 2001.

p, 499)

Elementos remanescentes

A adaptação fílmica apresenta diversas alterações no enredo, no

entanto manteve a trama original, a da mulher arrebatada pelo desejo

trai o marido com seu primeiro grande romance, a empregada que ao

encontrar as cartas da ama passa a chantageá-la, visando uma melhora

de vida, do marido casto e devoto que mantém-se piedoso mesmo após

descobrir o adultério, o amante presunçoso que foge ao ver sua, antes

amada em perigo. Grande parte das personagens principais e

secundárias permanece no filme é o caso de Luísa, Jorge, Basílio, Juliana,

Sebastião Joana, Reinaldo, tia Vitória.

Elementos modificados

Ao se iniciar o filme já é possível perceber as mudanças a principal

delas é o fato de um filme se passar mais ou menos um século de

diferença da época retratada no romance. O ambiente também não é

no mesmo, o livro escrito por Eça de Queirós é um retrato da sociedade

lisboeta da segunda metade de século XIX, o filme se passa no Brasil em

meados da década 1950.

Outra mudança gritante é o nome de Leopoldina que no filme é

chamada de Leonor, um fato que pode justificar essa mudança é a

modernidade, pois Leopoldina é um nome pouco usual nos dias atuais,

devia já o ser no ano de 1958.

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Alguns personagens limitam-se à obra escrita é o caso de D.

Felicidade, uma personagem caricata de desempenha a ‘função’ de

amiga do casal, beata e apaixonada pelo conselheiro Acácio Zuzarte

um patriota que embora defenda causas liberais é muito preso às

convenções da sociedade lisboeta, , Ernesto funcionário público que nas

horas vagas escreve para o teatro e costuma aparecer nos jantares de

domingo na casa de Jorge, Julião parente de Jorge que Luisa detesta,

mas lhe é gentil por amor ao esposo.

No livro quem apresenta Luisa ao Castro - velho com quem ela

tenta conseguir dinheiro para enfim calar Juliana - é Leopoldina, na

adaptação ela é apresentada a ele por Sebastião quando este a chama

para almoçar quando a encontra a caminho do Paraíso (nome dado ao

local em que ela se encontra com Basílio). No romance que esbarra com

Luisa quando ela está indo ao Paraíso é Ernesto, eles têm uma breve

conversa e seguem ambos para seus destinos.

No romance Juliana após ver sua chance de enricar esvair-se,

quando o Sebastião lhe confisca as cartas tem um ataque nervoso e

morre, no filme ela morre atropelada por Sebastião que depois de reaver

as cartas leva a, com a ajuda de um policial amigo seu, a um local

deserto e escuro, a fim de castiga-la ela desespera-se e pula em cima do

carro, após algumas manobras ela se desestabiliza, cai e é atropelada

antes que Sebastião consiga parar o carro.

Elementos adicionais

O filme inicia-se com as personagens principais uma festa de gala,

ao voltar da toalete Luisa encontra-se com Basílio nas escadas e têm um

breve diálogo, depois quando Sebastião a questiona a respeito do moço

com quem estava conversando diz-lhe que é seu primo, Jorge, no filme,

aparenta conhecer Basílio. O livro o baile não ocorre e o casal fica

sabendo da volta de Basílio à Lisboa por intermédio do jornal que Luis

está a ler.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que como toda adaptação fílmica oriunda de livros

apresenta mudanças em seu enredo, no entanto deve-se considerar que

são mídias diferentes que exigem recursos distintos. As descrições de

ambiente, som presentes no romance podem ser mais bem visualizadas

quando passadas para a tela de cinema. Diálogos e eventos secundários

são excluídos devido à limitação de tempo que um filme apresenta que

geralmente são duas ou no máximo três horas.

No tocante a obra primo Basílio e sua adaptação, acredita-se que

embora se passe em tempos distintos, ambos conseguiram ser um retrato

fiel da época que compunham.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos o apoio da Universidade Estadual do Maranhão

pelo apoio na realização desta pesquisa e ao IFMA pela oportunidade

de socializar este estudo.

REFERÊNCIAS

PEREZ, Ana Gabriela Figueredo. Realismo em Portugal. Disponível em:

<https://rachacuca.com.br/educacao/literatura/realismo-em-

portugal>. Acesso: 30/11/2017.

QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Abril Cultural, 1971.

SANTOS, Cílio Lindemberg de Araújo; NASCIMENTO, Kaline Brasil Pereira.

Análise Comparativa entre a obra literária The Boy In The Striped Pyjamas

e sua adaptação fílmica. Disponível em: <

http://editorarealize.com.br/revistas/enlije/trabalhos/Modalidade_1data

hora_26_05_2014_17_07_08_idinscrito_696_33a3b0bc1a6c30b89827eb9e7

7dbb18c.pdf >. Acesso: 05/12/2017.

TODA MATÉRIA. Eça de Queirós. Disponível em:

<https://www.todamateria.com.br/eca-de-queiros/>. Acesso em:

04/12/2017.

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INVESTIGANDO O TRABALHO COM TEXTOS LITERÁRIOS NAS AULAS DE

LÍNGUA INGLESA NO ENSINO MÉDIO: UMA PROPOSTA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LEITURA CRÍTICA

LOPES, Laura Cristina Dantas (IFMA)1

MACEDO, Tiago da Costa Barros (IFMA)2

RESUMO

Este artigo investigou a importância de se trabalhar com textos literários da Literatura

Inglesa e Norte-Americana nas aulas de Língua Inglesa no Ensino Médio, tendo em vista

os aspectos socioculturais e históricos a partir da leitura e análise destes textos. Para

tanto, realizamos inicialmente um estudo exploratório e bibliográfico sobre este tema,

analisando documentos oficiais do governo federal como os Parâmetros Curriculares do

Ensino Médio e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio no ensino de línguas

estrangeiras, considerando o aspecto cognitivo da leitura, bem como a importância

que ela tem na interação entre pessoas e culturas e o despertar de uma visão crítica a

partir da leitura de textos literários através de reflexões sobre questões de poder e

ideologias dominantes presentes na sociedade, a fim de que um indivíduo seja capaz

de construir significados, respeitar e reconhecer diferentes culturas. A partir daí, para a

realização do trabalho de análise e elaboração de propostas didáticas envolvendo

diferentes gêneros textuais da literatura inglesa e norte-americana, selecionamos seis

obras, a saber: 1) um poema do escritor inglês William Blake; 2) a peça teatral “Hamlet”,

do dramaturgo inglês William Shakespeare; 3) o romance “As Aventuras de Huckleberry

Finn”, do escritor norte-americano Mark Twain; 4) o romance “Orgulho e Preconceito”,

da escritora inglesa Jane Austen; 5) o conto “A queda da casa de Usher”, do escritor

norte-americano Edgar Allan Poe e 6) Ratos e Homens, do escritor norte-americano John

Steinbeck. Ao trabalharmos na leitura e elaboração de propostas didáticas destas

obras, verificamos que a utilização destes textos literários, assim como tantos outros, nas

aulas de inglês do ensino médio pode contribuir para o desenvolvimento da leitura

crítica dos estudantes ao abordar temas instigantes como o racismo, o suicídio e o papel

da mulher na sociedade.

Palavras-chave: Língua Inglesa. Leitura Crítica. Literatura Inglesa e Norte-

Americana.

INTRODUÇÃO

De acordo com as Orientações Curriculares do Ensino Médio para

a área de Linguagens, códigos e suas tecnologias (2006), o ensino de

Literatura no Ensino Médio visa atender o inciso III no artigo 35 da LDB (Lei

de Diretrizes e Bases) referente aos objetivos estabelecidos para o Ensino

Médio, que aborda a importância do “aprimoramento do educando

1 Estudante do 2º Ano do Curso Integrado em Informática do IFMA Campus São

Raimundo das Mangabeiras. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Memória, Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia (UESB). Professor de Língua Portuguesa e Língua Inglesa do IFMA Campus São

Raimundo das Mangabeiras. E-mail: [email protected]

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como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento

da autonomia intelectual e do pensamento crítico” (BRASIL, 1996, p. 29).

Neste mesmo documento, ao tratar do ensino de língua inglesa,

recorre-se a Van Ek e Trim (2006) que discorrem sobre a importância da

aprendizagem de uma língua estrangeira além da instrumentação

linguística, a saber:

[...] estender o horizonte de comunicação do aprendiz para

além de sua comunidade linguística restrita própria, ou seja,

fazer com que ele entenda que há uma heterogeneidade no

uso de qualquer linguagem, heterogeneidade esta contextual,

social, cultural e histórica. Com isso, é importante fazer com que

o aluno entenda que, em determinados contextos (formais,

informais, oficiais, religiosos, orais, escritos, etc.), em

determinados momentos históricos (no passado longínquo,

poucos anos atrás, no presente), em outras comunidades (em

seu próprio bairro, em sua própria cidade, em seu país, como em

outros países), pessoas pertencentes a grupos diferentes em

contextos diferentes comunicam-se de formas variadas e

diferentes;

fazer com que o aprendiz entenda, com isso, que há diversas

maneiras de organizar, categorizar e expressar a experiência

humana e de realizar interações sociais por meio da linguagem.

(Vale lembrar aqui que essas diferenças de linguagem não são

individuais nem aleatórias, e sim sociais e contextualmente

determinadas; que não são fixas e estáveis, e podem mudar

com o passar do tempo) VAN EK e TRIM, 1984 apud BRASIL, 2006,

p. 92).

Com base nas informações apresentadas por estes documentos

oficiais no que diz respeito ao ensino de línguas estrangeiras,

principalmente no tocante à formação ética, desenvolvimento da

autonomia intelectual e do pensamento crítico assim como a interação

social por meio da linguagem e a expansão do horizonte de

comunicação do aprendiz, realizamos uma investigação sobre o

trabalho com textos literários nas aulas de língua inglesa no ensino médio

com o foco principal de desenvolver a leitura crítica. O motivo pelo qual

recorremos a um estudo aprofundado com textos literários nas aulas de

língua inglesa foi porque verificamos alguns autores que defendem o

trabalho com textos literários nas aulas de língua inglesa, tal como Collie

e Slater (1992 apud. ALONSO, 2011) que apresentam o texto literário

como um material autêntico, com sentido dinâmico, capaz de atravessar

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as fronteiras do tempo e do espaço, um material que provê

desenvolvimento linguístico e cultural e que favorece o envolvimento dos

aprendizes nas tarefas propostas.

Holden (2009) defende o trabalho com textos literários em língua

inglesa, desde que estes sejam curtos e sem muitas palavras

desconhecidas como contos e poemas originais e até mesmo a

contextualização dos textos literários com outras matérias como história

entre outros, o que favorece um trabalho de interdisciplinaridade. Além

disso, a autora esclarece a importância de se incluir os textos literários no

planejamento de trabalho do professor ao trabalhar com diferentes

gêneros em língua inglesa. Diz a autora:

Muito dos “textos autênticos” que os estudantes encontram na

aula de inglês serão informativos: matérias de jornal, tabelas de

horários, anúncios, webpages. Todos eles são muito úteis, mas

também há um lugar para textos que combinam idioma e

criatividade de maneiras diferentes em que o foco está na

imaginação e autoexpressão. Da mesma forma que a música, a

literatura pode ser usada por sua capacidade de motivar alunos

e professores. Há algo muito satisfatório em ler um texto “real”,

mesmo que você não entenda todas as palavras que há nele

(HOLDEN, 2009, p. 157).

Finalmente, destacamos também Duff e Maley (1990 apud.

ALONSO, 2011), quando eles apresentam que o texto literário deve ser

trabalhado em sala de aula pelos fatores linguísticos, motivacionais e

metodológicos e também Ur (2012), que enumera uma série de

procedimentos para trabalhar com os textos literários em sala de aula, a

saber:

i) escolher textos literários da preferência do professor; ii) utilizar

os textos literários para promover a discussão de significados e

interpretações; iii) permitir que os alunos possam predizer

significados e apresentar sua própria compreensão dos gêneros

literários estudados; iv) trabalhar aspectos estilísticos do texto tal

como o humor, aspectos estéticos, textos dramáticos etc.; v)

procurar versões alternativas do texto literário como uma

adaptação ou versão moderna dele, um filme ou um vídeo de

curta duração que possa retratar aquela obra literária (UR, 2012,

p. 224 e 225).

Vale ressaltar ainda que, desde 2010, ano em que foi incluído

questões de Língua Estrangeira Moderna (espanhol ou inglês) no Exame

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Nacional do Ensino Médio (ENEM), após a sua reformulação, as provas de

linguagens de 2010 (com a proposta para analisar a letra de música Viva

La Vida, da banda inglesa Coldplay), 2011 (com a proposta para analisar

a letra de música War, do cantor e compositor jamaicano Bob Marley),

2012 (com a proposta para analisar o poema I, too do escritor norte-

americano Langston Hughes e a frase poética do guitarrista Jimi Hendrix),

2014 (com a proposta para analisar a letra de música Masters of War, do

cantor Bob Dylan), 2015 (com a proposta para analisar o poema

produzido por uma tribo indígena e um fragmento escrito por Gloria

Evangelina Anzaldúa, escritora norte-americana de origem mexicana),

2016 na 1ª aplicação (com a proposta para analisar a letra de música

Ebony and Ivory, do cantor e compositor inglês Paul McCartney) e 2018

(com o poema da escritora Kamala Das e um fragmento da obra 1984,

do escritor inglês George Orwell) contemplaram questões de língua

inglesa envolvendo gêneros textuais literários, quer sejam poemas,

fragmentos de textos de escritores ou artistas famosos ou mesmo letras de

música que resgatam elementos socioculturais importantes e que

convidam o leitor a fazer uma reflexão crítica do mundo como um todo

em diferentes épocas.

Desta forma, a partir da apresentação destes estudos bem como

a constatação do uso de textos literários nas questões de língua inglesa

no principal exame de ensino médio no Brasil, realizamos uma

investigação com o trabalho com textos literários da literatura inglesa e

norte-americana nas aulas de língua inglesa no ensino médio com o

objetivo de desenvolver a leitura crítica. Para tanto, verificamos quais são

os procedimentos necessários para desenvolver a habilidade de leitura

crítica em língua inglesa, assim como investigamos quais são as

modalidades dos gêneros textuais literários mais apropriados para leitura

e análise em sala de aula com base em levantamento bibliográfico, os

textos autênticos ou adaptados e a eficácia destas modalidades textuais

no desenvolvimento da habilidade de compreensão de leitura, e,

finalmente, elaboramos propostas didáticas para o trabalho com textos

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da literatura inglesa e norte-americana para alunos de ensino médio

focando na discussão em questões interculturais. A seguir, apresentamos

a metodologia empregada no desenvolvimento desta pesquisa.

METODOLOGIA

Neste trabalho, adotamos uma abordagem qualitativa de

pesquisa, ou seja, este trabalho tem um propósito descritivo e analítico

ao buscar compreender se a inclusão e o trabalho com textos literários

da literatura inglesa e norte-americana podem contribuir para o

desenvolvimento da leitura crítica em língua inglesa no ensino médio e

como isso ocorre.

Em princípio, realizamos uma pesquisa de revisão de literatura a

respeito de exemplos de práticas docentes de inclusão e trabalho com

textos literários em língua inglesa e quais os resultados alcançados com

base em artigos, parâmetros curriculares nacionais, publicações

especializadas e livros a fim de esclarecer o que significa desenvolver a

leitura crítica em língua inglesa e se os textos literários podem auxiliar

neste processo.

Ademais, buscamos verificar quais os critérios que devem ser

observados para se trabalhar textos literários autênticos ou adaptados

em língua inglesa em sala de aula e se é possível atingir o objetivo de

desenvolver a habilidade de compreensão de leitura nestas duais

modalidades textuais ao se trabalhar textos literários.

Depois desta etapa de estudos e pesquisa bibliográfica e de outras

fontes, elaboramos propostas didáticas com textos da literatura inglesa e

norte-americana (autênticos e/ou adaptados) voltados para o contexto

do ensino médio abordando questões interculturais para a realização de

debates, encenações teatrais, mesa redonda e até mesmo o

desenvolvimento de propostas de produções textuais. Para elaboração

destas propostas didáticas, selecionamos 6 obras, sendo 3 da literatura

inglesa e três da literatura norte-americana explorando diferentes

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gêneros textuais literários bem como contextos socioculturais

diversificados, a saber: i) o poema Augúrios da Inocência, do escritor

inglês William Blake (1757-1827); ii) a tragédia Hamlet, peça teatral escrita

pelo dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616); iii) o romance

As Aventuras de Huckleberry Finn, do escritor estadunidense Mark Twain

(1835-1910) ; iv) o romance Orgulho e Preconceito, da escritora inglesa

Jane Austen (1775-1817); v) o conto A queda da casa de Usher, do

escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849); vi) o romance Ratos

e Homens, do escritor estadunidense John Steinbeck (1902-1968).

A seguir, apresentamos os resultados e discussões a partir da análise

e elaboração das propostas didáticas desenvolvidas em cada uma das

obras escolhidas para este estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como falamos anteriormente, nesta seção apresentamos os

resultados referentes ao trabalho de elaboração de propostas didáticas

das 6 obras literárias escolhidas neste estudo a fim de promover o

desenvolvimento da leitura crítica assim como o desenvolvimento de

outras habilidades comunicativas em língua inglesa, a compreensão e a

produção oral e a produção textual escrita bem como a aquisição de

vocabulário, a prática de pronúncia e o conhecimento funcional de

gramática.

Das 6 propostas didáticas, selecionamos duas nas quais

apresentamos detalhadamente o fragmento da obra que foi utilizado

para elaboração de questões de compreensão e interpretação textual

e também propostas de produção textual oral ou escrita. A primeira

delas é baseada na obra As aventuras de Huckleberry Finn, do escritor

norte-americano Mark Twain voltada para alunos do 2º ano do Ensino

Médio. A seguir, apresentamos o referido fragmento com as questões de

análise correspondentes:

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It’s all right; I’ve got it. Take my trunk in your wagon, and let on it’s

your’n; and you turn back and fool along slow, so as to get to the

house about the time you ought to; and I’ll go towards town a

piece, and take a fresh start, and get there a quarter or a half an

hour after you; and you needn’t let on to know me at first.”

I says:

“All right; but wait a minute. There’s one more thing—a thing that

nobody don’t know but me. And that is, there’s a nigger here

that I’m a-trying to steal out of slavery, and his name is Jim—old

Miss Watson’s Jim.”

He says: “What! Why, Jim is—”He stopped and went to studying.

I says: “I know what you’ll say. You’ll say it’s dirty, low-down

business; but what if it is? I’m low down; and I’m a-going to steal

him, and I want you keep mum and not let on. Will you?”

His eye lit up, and he says:

“I’ll help you steal him!”

Well, I let go all holts then, like I was shot. It was the most

astonishing speech I ever heard—and I’m bound to say Tom

Sawyer fell considerable in my estimation. Only I couldn’t believe

it. Tom Sawyer a nigger-stealer!

“Oh, shucks!” I says; “you’re joking.”

“I ain’t joking, either.”

“Well, then,” I says, “joking or no joking, if you hear anything said

about a runaway nigger, don’t forget to remember that you

don’t know nothing about him, and I don’t know nothing about

him (TWAIN, 2003, p. 228).

1. Read the sentences below. (Leia as sentenças abaixo).

I. “There’s one more thing—a thing that nobody don’t know but

me”.

II. “I ain’t joking, either”.

III. “I don’t know nothing about him”.

IV. “Oh, shucks!” I says; “you’re joking”.

Marque a alternativa correta a respeito da escolha lexical

empregada pelo autor neste fragmento do livro As Aventuras de

Huckleberry Finn:

a) O autor demonstrou desleixo com a utilização da norma culta

na fala das personagens.

b) As sentenças retiradas do fragmento evidenciam o domínio

da norma culta da língua inglesa por parte dos falantes.

c) A linguagem utilizada neste fragmento corresponde ao Inglês

Arcaico (Old English), completamente diferente das variedades

linguísticas dos dias atuais.

d) Tom e Huck são de regiões diferentes dos Estados Unidos, logo

em alguns momentos do diálogo entre eles, ocorrem maus

entendidos por causa de expressões típicas das regiões

diferentes em que eles viviam.

e) Percebe-se neste fragmento o uso de linguagem regionalista

típica da região Sul dos Estados Unidos, ambiente onde se passa

a história.

2. Mark T for true sentences and F for false ones. (Marque T para

sentenças verdadeiras e F para as falsas).

( ) Outra maneira de expressar a sentença “I ain’t joking, either”

usada no texto seria “I am not joking, either”.

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( ) De acordo com a norma padrão da língua inglesa o uso do

s no verbo say como no exemplo “I says” deve ocorrer quando

o verbo estiver na terceira pessoa do singular em sentenças

afirmativas do Simple Present.

( ) O uso do duplo negativo como na sentença “I don’t know

nothing about him” é uma convenção de escrita já utilizada de

acordo com a norma padrão da língua inglesa.

( ) O termo your’n usado na primeira linha do texto corresponde

ao possessive pronoun yours.

3. Huck and Tom are great friends and they get involved in

different adventures along the Mississippi River. However, every

time they get together, they get in trouble. In this passage above,

it is not different. According to the description above, what did

they decide to do and why was it considered a bad thing at that

time? (Huck e Tom são grandes amigos e se envolvem em

diferentes aventuras ao longo do rio Mississipi. Entretanto, toda

vez que eles se reúnem, se metem em encrenca. No fragmento

acima, não é diferente. De acordo com a descrição acima, o

que eles decidiram fazer e por que isso era considerado algo

ruim naquela época?)

4. In this text, there is an extremely rude and prejudiced word

used to insult African-American people. Which word is that? Do

some research to find out why this word is so outrageous. Why did

Mark Twain use it in his book? (Neste texto, há uma palavra

extremamente rude e preconceituosa usada para insultar os

Afro-americanos. Que palavra é esta? Faça uma pesquisa para

descobrir porque esta palavra é tão ultrajante. Por que Mark

Twain a utilizou em seu livro?)

5. There have been lots of manifestations of racism against

African-American people in the United States lately. What lessons

can we learn from Tom and Huck’s behaviors towards Jim, Miss

Watson’s slave? (Tem ocorrido uma série de manifestações de

racismo contra os afro-americanos nos Estados Unidos

ultimamente. Quais lições podemos aprender do

comportamento de Tom e Huck com relação a Jim, escravo da

Senhorita Watson?)

6. Proposta de MESA REDONDA, fazendo uma comparação

sobre situações de racismo existentes nos Estados Unidos e no

Brasil. Quais são as semelhanças e diferenças existentes entre

estes dois países e o que fazer para combater o preconceito e

a discriminação contra o negro nos dias atuais?

Na proposta acima, verificamos que o fragmento selecionado diz

respeito a um momento em que os personagens principais da obra e

grandes amigos, Tom Sawyer e Huck Finn, conversam sobre um escravo

negro que vivia em um estado escravocrata, o Mississipi. Então, Huck Finn

apresenta a ideia de libertar este escravo negro, o que evoca uma

memória referente ao movimento abolicionista norte-americano que

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lutou pelo fim da escravidão dos negros nos Estados Unidos e que foi uma

das causas principais da maior guerra civil ocorrida neste país, a Guerra

da Secessão, entre os estados escravocratas do Sul contra os estados

abolicionistas do Norte. Nesta proposta, elaboramos seis questões

baseadas neste fragmento, abordando as seguintes temáticas,

respectivamente: i) os dialetos dos moradores da região dos Estados

Unidos assim como aquele falado pelos negros no estado do Mississipi

(questões 1 e 2); ii) a atitude que Tom e Huck decidem tomar juntos e as

sérias implicações de tal decisão (questão 3); iii) pesquisa sobre o uso de

um termo pejorativo, ofensivo e racista no texto e o porquê deste termo

apresentar estas características dado o contexto histórico e sociocultural

(questão 4); iv) contextualização da atitude dos personagens principais

Tom e Huck com a onda de racismo presenciada nos Estados Unidos

ultimamente (questão 5); proposta de mesa redonda fazendo uma

comparação sobre situações de racismo existentes nos Estados Unidos e

no Brasil (questão 6). Entretanto, antes de se trabalhar o referido texto e

as questões correspondentes bem como a atividade de pós-leitura i.e a

mesa redonda, o professor precisa trabalhar atividades de pré-leitura a

fim de contextualizar o conteúdo e os temas abordados neste texto por

meio de músicas, vídeos explicativos e explanações sobre este período

social e histórico vivenciado nos Estados Unidos.

A seguir, apresentamos mais uma proposta didática voltada para

alunos de 3º ano do Ensino Médio baseado em um fragmento do

romance Ratos e Homens, do escritor norte-americano John Steinbeck:

Candy said, "I ain't much good with on'y one hand. I lost my hand

right here on this ranch. That's why they give me a job swampin'.

An' they give me two hunderd an' fifty dollars 'cause I los' my

hand. An' I got fifty more saved up right in the bank, right now.

Tha's three hunderd, and I got fifty more comin' the end a the

month. Tell you what-" He leaned forward eagerly. "S'pose I went

in with you guys. Tha's three hunderd an' fifty bucks I'd put in. I

ain't much good, but I could cook and tend the chickens and

hoe the garden some. How'd that be?"

George half-closed his eyes. "I gotta think about that. We was

always gonna do it by ourselves." Candy interrupted him, "I'd

make a will an' leave my share to you guys in case I kick off,

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'cause I ain't got no relatives nor nothing. You guys got any

money? Maybe we could do her right now?"

George spat on the floor disgustedly. "We got ten bucks between

us." Then he said thoughtfully, "Look, if me an' Lennie work a

month an' don't spen' nothing, we'll have a hunderd bucks. That'd

be four fifty. I bet we could swing her for that. Then you an' Lennie

could go get her started an' I'd get a job an' make up the res',

an' you could sell eggs an' stuff like that." They fell into a silence.

They looked at one another, amazed. This thing they had never

really believed in was coming true. George said reverently, "Jesus

Christ! I bet we could swing her." His eyes were full of wonder. "I

bet we could swing her," he repeated softly.

Candy sat on the edge of his bunk. He scratched the stump of

his wrist nervously. "I got hurt four year ago," he said. "They'll can

me purty soon. Jus' as soon as I can't swamp out no bunkhouses

they'll put me on the county. Maybe if I give you guys my money,

you'll let me hoe in the garden even after I ain't no good at it. An'

I'll wash dishes an' little chicken stuff like that. But I'll be on our own

place, an' I'll be let to work on our own place." He said miserably,

"You seen what they done to my dog tonight? They says he wasn't

no good to himself nor nobody else. When they can me here I

wisht somebody'd shoot me. But they won't do nothing like that. I

won't have no place to go, an' I can't get no more jobs. I'll have

thirty dollars more comin', time you guys is ready to quit."

[…] Lennie obeyed him. George looked down at the gun. There

were crashing footsteps in the brush now. George turned and

looked toward them.

"Go on, George. When we gonna do it?"

"Gonna do it soon."

"Me an' you."

"You... an' me. Ever'body gonna be nice to you. Ain't gonna be

no more trouble. Nobody gonna hurt nobody nor steal from 'em."

Lennie said, "I thought you was mad at me, George."

"No," said George. "No, Lennie. I ain't mad. I never been mad, an'

I ain't now. That's a thing I want ya to know."

The voices came close now. George raised the gun and listened

to the voices.

Lennie begged, "Le's do it now. Le's get that place now."

"Sure, right now. I gotta. We gotta."

And George raised the gun and steadied it, and he brought the

muzzle of it close to the back of Lennie's head. The hand shook

violently, but his face set and his hand steadied. He pulled the

trigger. The crash of the shot rolled up the hills and rolled down

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again. Lennie jarred, and then settled slowly forward to the sand,

and he lay without quivering.

George shivered and looked at the gun, and then he threw it

from him, back up on the bank, near the pile of old ashes

(STEINBECK, 1965, p. 29 e 53).

1. The romance “Of Mice and Men” was written by John

Steinbeck and published in 1937 and tells a story of two migrant

ranch workers who seek job opportunities in different farms in

California during The Great Depression (1929-1939) in the United

States. Based on this context, identify in the except above

examples of ranch workers’ mistreatment and the lack of respect

to their labor rights. (O romance “Sobre Ratos e Homens” foi

escrito por John Steinbeck e publicado em 1937 e conta a

história de dois trabalhadores migrantes rurais que buscam

oportunidades de trabalho em diferentes fazendas na Califórnia

durante A Grande Depressão [1929-1939] nos Estados Unidos.

Baseado neste contexto, identifique no fragmento acima

exemplos de maus tratos aos trabalhadores rurais e a falta de

respeito aos direitos trabalhistas deles).

2. The title of this book is taken from the poem “To a Mouse”

written by the poet Robert Burns which reads “The best laid

schemes o'mice an'men/Gay aft a-gley/An'lea'e us nought but

grief an'pain/ For promised pay”. Do some research by reading

the synopsis to find out how these verses are related to George

Milton’s and Lennie Small’s fates, the main characters of the story.

(O título do livro é retirado do poema “Para um camundongo”

escrito pelo poeta Robert Burns que diz “Os projetos melhor

elaborados, sejam de camundongos ou sejam de homens,

fracassam muitas vezes e nos fornecem só tristeza e sofrimento,

em vez do prêmio prometido”. Faça uma pesquisa por meio da

leitura de sinopses do livro para descobrir como estes versos

estão relacionados aos destinos de George Milton e Lennie

Small, as principais personagens da trama)

3. The author uses regional language spoken by ranch workers in

the US. Match the examples from the text with their synonyms. (O

autor emprega regionalismo por trabalhadores rurais nos Estados

Unidos. Relacione os exemplos do texto com seus sinônimos)

a) You seen what they done to my dog tonight?

b) They says he wasn't no good to himself nor nobody else.

c) I'll have thirty dollars more comin', time you guys is ready to

quit.

d) 'cause I ain't got no relatives nor nothing.

e) "Look, if me an' Lennie work a month an' don't spen' nothing,

we'll have a hunderd bucks.

( ) because I haven’t got any relatives or anything.

( ) They say he wasn’t any good to himself or anybody else.

( ) Did you see what they did to my dog tonight?

( ) Look, if Lennie and I work a month and don’t spend anything,

we’ll have a hundred dollars.

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( ) I’ll have thirty dollars more coming, time you guys are ready

to quit.

4. The last part of the except tells the moment George kills his best

friend Lennie after lying to him when the former reminds the latter

about their dream to buy a farm and take care of it. This murder

happens because accidentally Lennie kills a woman, Curley’s

wife (sister-in-law of the owner of the farm), since Lennie is very

strong and clumsy. By the way, that’s one of the reasons why this

book is forbidden in some schools, i. e. the euthanasia. Organize

a debate in class to discuss the euthanasia in this book and also

in different contexts of our society. (A última parte do fragmento

apresenta o momento em que George mata seu melhor amigo

Lennie depois de mentir para ele quando aquele relembra este

sobre o sonho que ambos tinham em comprar uma fazenda e

cuidar dela. Este assassinato acontece porque acidentalmente

Lennie mata a esposa de Curley, o qual é filho do proprietário

da fazenda, o que demonstra quão forte e desastrado Lennie é.

A propósito, essa é uma das razões pelas quais este livro é

proibido em algumas escolas, isto é, a questão da eutanásia.

Organizem um debate em sala de aula para discutir a questão

da eutanásia neste livro e também em diferentes contextos de

nossa sociedade).

5. Elaboração de PRODUÇÃO TEXTUAL abordando uma das

seguintes temáticas a saber: os aspectos éticos, legais e

científicos na prática da eutanásia; a precarização dos direitos

trabalhistas e a desigualdade social e econômica. Cabe ao

professor delimitar os temas em discussão com seus alunos e

trabalhando com textos motivadores complementares.

No fragmento acima, é retratado dois momentos importantes da

narrativa: no primeiro, os personagens principais George Milton e Lennie

Small conversam com Candy e este, por sua vez, fala das condições

desumanas de trabalho nas fazendas em que ele trabalhava, ao mesmo

tempo em que George e Lennie falam de seu desejo de trabalhar

temporariamente como empregados até eles terem condições de

comprar sua própria terra; já no segundo momento, no desfecho da

obra, George decide tomar uma atitude extrema após mais uma atitude

atrapalhada de seu companheiro Lennie, que acabou custando a vida

da esposa de Curley, filho do proprietário da fazenda, e mata o seu

próprio amigo com uma arma de fogo. Nesta proposta, foram

elaboradas cinco questões baseadas no fragmento, abordando as

seguintes temáticas: i) o período da Grande Depressão (1929-1939) nos

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Estados Unidos e o desrespeito aos direitos trabalhistas de trabalhadores

rurais norte-americanos (questão 1); ii) intertextualidade entre o romance

de Steinbeck e o poema Para um camundongo, de Robert Burns

(questão 2); iii) relação entre a norma-padrão da língua inglesa e o

dialeto falado pelos trabalhadores rurais norte-americanos (questão 3);

iv) o polêmico tema da eutanásia (questão 4); elaboração de uma

produção textual escrita sobre os aspectos éticos, legais e científicos na

prática da eutanásia ou a precarização dos direitos trabalhistas e a

desigualdade social e econômica (questão 5). Semelhantemente à

proposta anterior, faz-se necessário que o professor contextualize a obra

Ratos e Homens, a partir do trabalho de atividades de pré-leitura a fim

que os alunos entendam sobre as questões interculturais abordadas

nesta obra.

Por questões de limitação de espaço deste trabalho, não

apresentaremos as demais propostas das demais obras selecionadas

neste estudo, entretanto, elaboramos um quadro sinóptico envolvendo

todas as obras trabalhadas, incluindo as propostas didáticas daquelas

que foram apresentadas detalhadamente acima, bem como as

questões sociais e linguísticas trabalhadas visando a leitura crítica e o

conhecimento intercultural e as propostas de produção. Segue o referido

quadro com as suas respectivas descrições:

Quadro 1: Quadro Sinóptico com as propostas didáticas de

trabalho com textos literários nas aulas de língua inglesa

Obra

Questões sociais e

linguísticas

trabalhadas visando

a leitura crítica e o

conhecimento

intercultural

Propostas de

produção

Poema de William

Blake

Vocabulário referente

a pássaros,

religiosidade e

elementos estéticos

Elaboração de um

poema em língua

portuguesa

contemplando os

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do Romantismo na

poesia.

aspectos estéticos do

Romantismo.

Hamlet Uso do Inglês Médio,

o suicídio.

Encenação teatral da

peça Hamlet,

focando na relação

conflituosa entre

Hamlet e Ofélia.

As Aventuras de

Huckleberry Finn

Regionalismo do sul

dos Estados Unidos,

racismo, escravidão

dos negros.

Mesa redonda

tratando da questão

do racismo contra

negros nos Estados

Unidos e no Brasil.

Orgulho e

Preconceito

O papel da mulher na

sociedade inglesa do

século XVIII e XIX.

Debate abordando

conquistas e desafios

na busca pelo

empoderamento

feminino na

sociedade atual.

A queda da casa de

Usher

O gênero literário

gótico e de terror. Encenação do conto.

Ratos e Homens

Grande Depressão,

crise econômica,

eutanásia.

Proposta de redação

abordando uma das

temáticas citadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas pesquisas realizadas, bem como na elaboração das

propostas didáticas com textos literários para as aulas de língua inglesa,

vimos como existem vários caminhos possíveis para se trabalhar com a

literatura de língua inglesa e norte-americana a fim de desenvolver a

leitura crítica dos alunos de ensino médio. Desta forma, o professor de

língua inglesa pode recorrer aos textos literários de obras como as que

foram usadas neste estudo, dentre tantas outras, a fim de transmitir

questões culturais relevantes para os seus alunos bem como incentivar o

protagonismo deles nas atividades de produção tais como debates,

encenações, mesas redondas, elaboração de poemas e redações.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho é resultado de uma pesquisa de iniciação científica

realizada no biênio 2017/2018 após aprovação no edital de nº 05 PIBIC

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(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) da Pró-Reitoria

de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PRPGI) do Instituto Federal do

Maranhão (IFMA), de 09 de fevereiro de 2017. Desta forma, agradecemos

a este órgão, assim como o próprio IFMA e, especificamente, o Campus

São Raimundo das Mangabeiras pelo apoio financeiro e acadêmico

para a realização deste projeto de pesquisa.

REFERÊNCIAS

ALONSO, K. Clássicos adaptados no ensino de inglês: um estudo de caso

das experiências dos estudantes em sala de aula. Dissertação (Mestrado

em Linguística Aplicada). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo

Horizonte, 2011.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394,

20 de dezembro de 1996, Ministério da Educação. Secretaria de

Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Vol 1

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006.

COLLIE, J. & SLATER, S. Literature in the Language Classroom. Avon:

Longman, 1992. DUFF, A. & MALEY, A. Literature. Oxford: Oxford University

Press, 1990.

HOLDEN, S. O Ensino de Língua Inglesa nos dias atuais. São Paulo: SBS,

2009.

STEINBECK, J. Of Mice and Men. Viking Penguin, 1965.

TWAIN, M. Adventures of Huckleberry Finn. Univ of California Press, 2003.

UR, P. A Course in English Language Teaching. Cambridge: Cambridge

University Press, 2012.

VAN EK, J. A.; TRIM, J. L. M. (Orgs.). Across the Threshold. Oxford:

Pergamon, 1984.

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AS DUAS FACES DO AMOR NAS OBRAS LITERÁRIAS A MORENINHA E

INOCÊNCIA

COSTA, Maria de Jesus Amorim da 1

RESUMO

Inúmeras são as formas de abordar a literatura. No presente resumo será desenvolvido

o estudo comparativo entre duas produções literárias pertencentes ao período

Romântico da Literatura Brasileira, sob a ótica da valorização do amor, nas obras A

Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo e a Inocência de Visconde de Taunay.

Obras com autores distintos, e uma temática, o amor. Neste caso, serão apresentadas

duas visões totalmente diferentes relacionadas aos amantes retratados nas

composições. Sabendo-se que a literatura comparativa é a área que busca relacionar

a obra do escritor em suas diversidades culturais, históricas, sociais com outros escritores,

em uma visão ampla. Logo, é perceptível as importâncias da realização deste processo,

pois, através do estudo comparativo são notadas afinidades, diferenças, informação

de época ou de gêneros, possibilitando ao leitor divergentes visões teóricas. A

concretização deste trabalho fez-se por meio de pesquisa bibliográfica

(documentação indireta), de cunho qualitativo com o objetivo de comparar aspectos

importantes encontrados nas obras analisadas. O resumo é estruturado por introdução,

fundamentação teórica, conclusão e referências.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Aspectos históricos do Romantismo

Criamos assim um pequeno mundo, unicamente nosso;

depositamos nele todas as belas reminiscências de nossas

viagens, toda a poesia dessas ruínas seculares em que as

gerações que morreram, falam ao futuro pela voz do silêncio;

(...)

Achamos na quebrada de uma montanha um lindo retiro, um

verdadeiro berço de relva suspenso entre o céu e a terra por

uma ponta de rochedo.

Aí abrigamos o nosso amor e vivemos tão felizes que só pedimos

a Deus que nos conserve o que nos deu; a nossa existência é um

longo dia, calmo e tranquilo que começou ontem, mas que não

tem amanhã. (ALENCAR, 2007)

O Romantismo tem início na Europa, cujas primeiras

manifestações dão-se na Inglaterra e na Alemanha, concernindo à

1 Maria de Jesus Amorim da Costa. Graduanda do curso Letras- Licenciatura Plena –

Português, Inglês e Respectivas Literaturas, pela Universidade Estadual do Maranhão,

UEMA- Campus de Balsas. E-mail: [email protected]

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França, mais tarde, a incumbência de propagadora desse movimento,

pois através dos artistas franceses os ideais românticos se espalham pela

América e pela Europa. O Romantismo é um período cultural, artístico e

literário que se inicia na segunda metade do século XVIII à XIX. Nesta fase

ocorrem mudanças na vida cultural do Ocidente, devido o surgimento

da burguesia moderna e, com ela, do individualismo e da valorização da

originalidade, impossibilitando a concepção de estilo como

comunidade espiritual. A humanidade presenciava profundas

modificações que seriam fundamentais para a formação de uma nova

identidade mais idealista, o que ocasionou o desenvolvimento da

estética romântica. A queda dos sistemas de governo tirânico, os ideais

de liberdade e igualdade, a formação de uma mentalidade

nacionalista, a Revolução Francesa, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos e a Revolução Industrial Inglesa, são alguns dos fatores

históricos decisivos que influenciaram para as transformações sucedidas

nos séculos XVIII e XIX. Entre as características românticas pode-se

destacar o individualismo, o nacionalismo, melancolia, valorização das

emoções, antitradicionalismo, remotismo espacial e temporal,

valorização da imaginação, culto à natureza, moralismo e o subjetivismo.

No Brasil, o Romantismo se inicia em 1836, período marcado pelo

sentimento nacionalista, enfatizado pelo fato significativo que foi a

Independência, em 1822. Na poesia, a obra “Suspiros poéticos e

saudades” de Gonçalves de Magalhaes, marca o início das produções

românticas. Este momento é explicitado por meio da exaltação da pátria

feita por Gonçalves Dias, pelo clima nostálgico apresentados nas poesias

de Álvares de Azevedo e Fagundes Varela, Castro Alves engajou-se em

causas sociais da época, abordando temas polêmicos em suas obras

como a escravidão. Com isso, a poesia romântica é dividida em 3

gerações: A primeira geração- fase nacionalista, a segunda- fase

ultrarromântica (mal do século) e a terceira geração- fase social

(condoreira). Enquanto a prosa romântica dividiu-se por tendências,

sendo: Romance Urbano, Romance Regionalista, Romance Histórico e

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Romance Indianista. Os aspectos formais das produções são desligados

dos padrões do classicismo, optando então por versos livres, sem métricas

e versos brancos sem rimas. O subjetivismo, o nacionalismo, o ufanismo, a

religiosidade, a evasão, a idealização da realidade e do ser amado, o

escapismo, o culto à natureza e o sentimentalismo não se separam da

estética romântica, estes conceitos se fazem presentes tanto na prosa,

quanto na poesia. Na produção de prosas românticas são citados os

poetas: José de Alencar, Joaquim Manoel de Macêdo, Franklin Távora,

Bernardo Guimarães e Joaquim Manoel de Almeida.

O amor acontece (felicidade amorosa x tragédia amorosa)

As obras “A moreninha” e “Inocência”, possuem aspectos

semelhantes quando relacionados aos amantes da história, pois ambos

vivem uma paixão intensa, e encontros inesperados, ambos possuem

histórias de vida distintas.

A Moreninha é o primeiro romance da Literatura Brasileira e mesmo

na atualidade, encanta todas as idades. Na obra de Macedo, o

personagem Augusto é descrito como um rapaz que jurou não se

apaixonar por outra mulher, exceto quando encontrasse a moça que

conheceu em sua infância. Por isso faz uma aposta com seus amigos, de

não se apaixonar.

O que quiserem... Serei incorrigível, romântico ou velhaco, não

digo o que sinto, não sinto o que digo (...) Em toda parte a parte

confesso que sou volúvel, inconstante e incapaz de amar três

dias um mesmo objeto (...) Eis o que faço. E vós, meus caros

amigos, que blasonais de firmeza de rochedo, que jurais amor

eterno cem vezes por ano a cem diversas belezas... sois tanto ou

ainda mais inconstantes que eu!... Mas entre nós há sempre uma

grande diferença; vós enganais e eu desengano; eu digo a

verdade e vós meus senhores, mentis.

- Nem almoço, nem camarote- conclui Filipe. – Se perderes,

escreverá a história da tua derrota; e se ganhares, escreverei o

triunfo da tua inconstância. (MACEDO,2007, p.13)

Mas, por ironia do destino, ele a encontra e descobre que a moça

na verdade é irmã de um de seus amigos. Augusto e Carolina e os dois

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ficam noivos e são felizes. O casamento é resultante do amor verdadeiro

dos dois. Um final tipicamente romântico.

— Espere, tornou d. Carolina, escute, senhor. Houve um dia,

quando minha mãe era viva, em que eu também socorri um

velho moribundo. Como o senhor e sua camarada, matei a

fome de sua família e cobri a nudez de seus filhos; em sinal de

reconhecimento também este velho me fez um presente; deu-

me uma relíquia milagrosa que, asseverou-me ele, tem o poder

uma vez, na vida de quem a possui, de dar o que se deseja. Eu

cosi essa relíquia dentro de um breve; ainda não lhe pedi coisa

alguma, mas trago-a sempre comigo; eu lha cedo. tome o

breve, descosa-a, tire a relíquia e à mercê dela talvez encontre

sua antiga amada. Obtenha o seu perdão e me terá por

esposa”. (MACEDO, 2007, p.149)

Nesta obra há uma linguagem coloquial para que o leitor se sinta

presente na narrativa, sentindo-se apaixonado pelo casal Augusto e

Carolina. Na produção literária existe a idealização do amor puro, que

resiste ao tempo, o desejo de viver para a salvação, que nada mais é

que o sentimento recíproco dos enamorados. O sentimentalismo é bem

presente durante toda a narrativa. Augusto idealiza com muito êxito a

sua amada.

Na obra literária Inocência, de Taunay é retratado o romance

trágico de Cirino e Inocência. Desta maneira, a obra traz marcas do

Realismo. O primeiro encontro se dá por meio do acaso. Cirino considera-

se farmacêutico, que na verdade é um charlatão. O rapaz passa a tratar

de Inocência os dois se apaixonam no primeiro olhar.

Do seu rosto irradiava singela expressão de encantadora

ingenuidade, realçada pela meiguice do olhar sereno (...) ao

erguer a cabeça para tirar o braço de sob o lençol, descera um

nada a camisinha de crivo que vestia, deixando nu um colo de

fascinadora alvura, em que ressaltava um ou outro sinal de

nascença.” (Taunay, 2007, p.36)

Com isso, se inicia um romance proibido e impossível, pois

Inocência já era prometida a outro homem, rico, enquanto Cirino era

apenas um andarilho, mundos opostos. Portanto, se constitui um triângulo

amoroso. O amor vai tomando cada vez mais força. Em nenhum

momento é constatado em se houve beijo entre eles, logo, se tem o amor

romântico espiritualizado ao extremo, os dois estão completamente

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apaixonados e querem ficar juntos. Infelizmente, esse desejo não se

realiza, pois, o prometido da moça fica sabendo do que estava se

passando e mata Cirino. Já fragilizado, Cirino pede que o padrinho de

Inocência não deixe que a moça se case com o seu prometido.

Inocência fica sabendo da morte de seu amado e morre também. Se

tem então um final retratado com aspectos românticos, considerando-

se a morte como salvação e ainda com aspectos Realistas, final trágico

da obra, contextualizada a 2º geração da fase romântica (mal do

século).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Romantismo, foi sem dúvida a manifestação que almejou

explorar a imaginação individual, foi a busca da expressão dos

sentimentos, a valorização do subjetivismo. Com base nas obras

analisadas, pode-se notar a diferença existente entre uma e outra,

consiste na valorização do amor e suas consequências, onde cada autor

coloca seus sentimentos nas palavras, causando diversas emoções ao

público leitor. É importante que haja a comparação de obras para que

o conhecimento se torne mais aguçado e significativo, pois, através

deste meio sabe-se o contexto de cada autor e assim quais foram suas

inspirações. A moreninha e Inocência são obras com algumas

semelhanças e diferenças. A valorização do amor permanece visível nas

produções. Enquanto na primeira os enamorados se reencontram e

casam-se e são felizes, na segunda, há o encontro e amor à primeira vista

do casal que se forma, mas estes não conseguem ter a mesma sorte

citada acima, pois, os dois morrem, logo, não conseguem triunfo.

Macedo valoriza muito a paixão, o amor verdadeiro, Taunay já

demonstra a outra face do amor não é idealizada como na segunda

obra, ele é representado pela morte ou também chamada de mal do

século.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos à UEMA por todo o apoio concedido a fim de que

esta pesquisa pudesse ser realizada.

REFERÊNCIAS

CADEMARTORI, Lígia. Períodos literários. Editora Ática, 1997.

MACEDO, Joaquim Manuel. A Moreninha. São Paulo: Ciranda Cultura

Editora e Distribuidora LTDA., 2007.

MACHADO, Irene A. Roteiro de leitura: Inocência de Visconde de Taunay.

São Paulo. Editora Ática, 1997.

MENDES, Rodrigo. Princípios do romance: A Moreninha, de Joaquim

Manuel de Macedo. Disponível em :<

https://artrianon.com/2017/05/10/principios-do-romance-a-moreninha-

de-joaquim-manuel-de-macedo/>. Acesso em: 03/07/2018.

TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: Ciranda Cultura Editora e

Distribuidora LTDA., 2007.

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GT 5 – CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

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MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO PARA RESERVATÓRIO DE CAPTAÇÃO DE

ÁGUAS PLUVIAIS EM UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR

SULZBACH, Gláucia Adriane de Sousa.1

ALBUQUERQUE, Vinícius Farias2

RESUMO

O presente trabalho apresenta o dimensionamento de um reservatório de captação de

água pluvial em uma residência unifamiliar, conforme os métodos expostos na norma

brasileira ABNT NBR 15527: "Água de chuva - Aproveitamento em áreas urbanas para fins

não potáveis- Requisitos" de 2007, com o intuito de comparar a viabilidade entre os

métodos.

Palavras-chave: Águas pluviais. Captação. Reservatório.

Dimensionamento.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso fundamental para a manutenção da vida no

planeta Terra, onde de toda a água disponível apenas 2,5% é doce, e

somente 0,26% desse montante está disponível para consumo humano

(ANA, 2007). A exploração irresponsável dos recursos hídricos

impulsionada pelo desenvolvimento econômico nas últimas décadas

trousse como consequência inúmeros desastres ambientais envolvendo

a poluição e o desperdício da água (LONDE, 2014).

A partir da evolução dos estudos referentes ao tema e da posterior

percepção da água como um recurso finito, medidas alternativas e

eficazes para o uso da água vem sendo estudas e adotadas, com o

intuito de minimizar os problemas de escassez. Uma medida que tem

mostrado um potencial promissor é o sistema de aproveitamento de

água de chuva, que contribui para que a água potável não seja

desperdiçada em atividades que não demandam tamanha pureza,

contribuindo consequentemente na diminuição da demanda de água

1 Acadêmica de Engenharia Civil da Universidade Federal do Maranhão. E-mail:

[email protected] 2 Professor do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Maranhão. E-mail:

[email protected]

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tratada e também no combate de enchentes urbanas, pois acarreta a

diminuição do pico de vazão de chuvas (NOVAKOSKI, 2013).

Com base em Breckenfeld (2016) e Heberson (2009), o processo

que envolve a captação de água da chuva inicia-se com a coleta

através de uma superfície impermeável,geralmente o telhado, de onde

a água é encaminhada por calhas para os condutores verticais e

horizontais sendo direcionada para um reservatório e posteriormente

distribuída por tubulações especiais até os pontos de consumo.

Esse sistema pode ser usado de forma complementar ao que é

fornecido pela concessionária de água, em atividades que não

demandem água potável como a irrigação de jardins ou áreas rurais,

lavagem de automóveis, lavagem de pisos, descarga em bacias

sanitárias, máquinas de lavar roupas, entre outros. Portanto, para essas

finalidades a água da chuva não necessita passar por tratamentos, pois

ela é relativamente limpa, sendo exigido apenas a instalação de filtros

na entrada do reservatório para reter folhas e impurezas, bem como uma

desinfecção simples com a adição de cloro na água (BRECKENFELD,

2016).

Portanto, este trabalho apresenta o dimensionamento de um

reservatório para uma residência unifamiliar localizada na cidade de

Balsas, bairro Cajueiro, rua 18, s/nº, conforme os métodos da NBR 15527.

Também visa comparar a viabilidade entre os métodos apresentados na

norma brasileira e discutir como a captação de água da chuva em

edificações pode contribuir na diminuição da sobrecarga em sistemas

de drenagem urbana, dentre outros benefícios econômicos e

sustentáveis que o sistema proporciona.

Métodos de dimensionamento

A concepção do sistema de coleta de águas pluviais parte da

determinação do alcance do projeto, que depende de variáveis como

a população e os equipamentos instalados, para obtenção da

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demanda de água não-potável em uma edificação. Dentro dessas

variáveis também estão as condições hidrológicas da região onde

pretende-se implantar o sistema, que envolvem dados das séries

históricas e sintéticas das chuvas, incluindo período de retorno, vazão de

projeto e intensidade pluviométrica (ABNT, 2007).

O reservatório é um dos elementos mais importantes nesse processo

(NOVAKOSKI, 2013), sendo o item mais dispendioso e que necessita de

maiores cuidados no dimensionamento. A norma brasileira da ABNT NBR

15527: "Água de chuva- Aproveitamento em áreas urbanas para fins não

potáveis- Requisitos", de 2007, traz vários métodos que podem ser

utilizados no dimensionamento de reservatórios, como o Método de Rippl,

Método da Simulação, Método Azevedo Neto, Método Prático Alemão,

Método Prático Inglês e o Método Prático Australiano, utilizados neste

trabalho. Para realizar os cálculos foi utilizada a ferramental

computacional Microsoft Excel.

Método de Rippl

Este método utiliza séries históricas mensais ou diárias de

chuva, onde o volume de água no reservatório no tempo (t) é

determinado por:

𝑆(𝑡) = 𝐷(𝑡) − 𝑄(𝑡) (1)

Onde:

S (t) = o volume de água no

reservatório no tempo t; D (t) = a

demanda no tempo t;

Q (t) = o volume de chuva aproveitável no tempo t;

O volume de chuva aproveitável no tempo também é usado em

outros métodos e é calculado através da Equação (2).

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𝑄(𝑡) = 𝐶 ∗ 𝑃 ∗ 𝐴 (2)

Onde:

Q (t) = o volume de chuva

aproveitável no tempo t; C = o

coeficiente de escoamento

superficial.

P = precipitação média da chuva,

expresso em mm. A = área de

captação em projeção, em m².

Por fim, obtém-se o volume do reservatório através do somatório

de volumes de água positivos. Equação (3).

𝑉 = ∑ 𝑆(𝑡) (3)

Este é um dos mais utilizados no dimensionamento de reservatórios

devido sua fácil aplicação, porém, inicialmente foi feito para

dimensionar grandes reservatórios, o que pode causar superestimação

nos resultados (HEBERSON, 2009). Seu principal foco é garantir uma vazão

regular no período de estiagem, aumentando o volume à medida que os

déficits são acumulados nos meses de seca.

Método da simulação

O Método da Simulação se baseia na determinação de um

volume pré-definido para o reservatório com o intuito de, posteriormente,

verificar se o pré-dimensionamento realmente atende a demanda

prevista, com isso é demonstrada a eficiência do sistema (RUPP, 2011).

Neste método é considerado que o reservatório está inicialmente cheio

e o volume de água do mesmo, ao longo do tempo, varia de acordo

com a expressão dada por:

𝑆(𝑡) = 𝑄(𝑡) + 𝑆(𝑡 − 1) − 𝐷(𝑡) (4)

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Sendo:

S (t) = o volume de água no

reservatório no tempo t; S (t-1)=

volume de água no reservatório no

tempo t-1; D (t) = a demanda no

tempo t;

Q (t) = o volume de chuva aproveitável no tempo t;

Método Azevedo Neto

Baseia-se em um dimensionamento mais simplificado levando em

consideração a precipitação média anual do local de implantação (P),

os meses de pouca chuva ou seca

(T) e a área de coleta em projeção (A). Sendo expresso por:

𝑉 = 0,042. 𝑃. 𝐴. 𝑇 (5)

Método prático Alemão

Se trata de uma metodologia empírica que toma o menor valor

entre 6% do volume anual de consumo (D), ou 6% do valor anual de

chuva aproveitável (V), conforme Equação (6).

𝑉𝑎𝑑𝑜𝑡 = min(𝐷; 𝑉) 𝑥0,06 (6)

Método prático Inglês

Considera o volume do reservatório como sendo 5% da

multiplicação do valor da precipitação média anual pela área de coleta

em projeção:

𝑉 = 0,05𝑥𝑃𝑥𝐴 (7)

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Método Prático Australiano

Para este método o volume mensal de chuva produzido pode ser

calculado por

𝑄= 𝐴 ∗ 𝐶 ∗ (𝑃 − 𝐼) (8)

sendo, I a interceptação da água ou perdas por evaporação,

usualmente adotado o valor de 2mm, e P a precipitação média mensal.

O cálculo do volume do reservatório é efetuado por tentativas,

Equação (9), até que sejam utilizados valores aprimorados de confiança.

𝑉(𝑡) = 𝑉(𝑡 − 1) + 𝑄(𝑡) − 𝐷(𝑡) (9)

De onde, 𝑉𝑡 representa o volume de água presente no reservatório no

fim do mês

𝑡, 𝑉(𝑡 − 1) o volume de água presente no reservatório no início do mês (𝑡

− 1), 𝑄(𝑡) o volume de água produzido pela chuva no mês 𝑡, e 𝐷(𝑡) a

demanda mensal de água de chuva.

Caracterização da área de estudo

Nesta seção são apresentados o local de estudo e os dados

hidrológicos necessários para uso dos métodos propostos.

Estudo de caso

A residência unifamiliar em estudo fica localizada na cidade de

Balsas-MA, situada ao sul do estado, que possui uma população

estimada, no ano de 2015, de 92.144 habitantes, distribuída em uma área

de $13.141,733 km², segundo último dado divulgado pelo IBGE (2010). A

casa está sendo estabelecida no Bairro Cajueiro, Rua 18, sem número, e

possui em projeto uma área de captação de água pelo telhado de

aproximadamente 165,09 m².

A arquitetura do telhado é de apenas uma água, composto por

telha termoacústica, o que permite uma área maior de captação para

um único reservatório, como pode ser observado na Figura (1). O

coeficiente de escoamento superficial utilizado para este caso foi de 0.8,

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conforme encontrado em Dornelles (2012) que traz um compilado do

valor adotado por vários autores.

Figura 1- Telhado da residência em estudo. Fonte: Autores.

Dados hidrológicos

Os dados históricos das precipitações foram coletados da estação

OMM: 82768, de responsabilidade do Instituto Nacional de Meteorologia

(INEP). A estação encontra- se em estado operante desde outubro de

1976, a uma latitude de -7.53º, longitude de - 46.03º e altitude de 259.38m.

Figura 2- Precipitações médias mensais para o município de Balsas-MA. Fonte: Autores

Os dados foram organizados conforme metodologia apresentada

em PEREIRA (2017). Do conjunto de amostras, foram selecionados apenas

anos hidrológicos com dados completos, resultando em um total de 16

anos. Com base nos dados coletados, nota- se que o ano hidrológico do

município de Balsas se inicia no mês de outubro e vai até o fim do mês de

setembro do ano subsequente.

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Cálculo de demanda

Para o cálculo da demanda foi adotado o consumo de uma

residência de padrão médio de 200L/hab./dia (BRECKENFELD, 2016),

para um total de quatro moradores. As atividades levadas em

consideração para o uso da água da chuva foram: abastecimento da

bacia sanitária, rega do jardim e lavagem do piso da garagem.

Na determinação do volume de água consumido pela bacia

sanitária foi considerado que a cada descarga são consumidos 6,8 litros

de água, e que cada usuário a utiliza cinco vezes ao dia, resultando em

um consumo de 4080 litros/mês. A rega do jardim foi considerada em dias

intercalados, consumindo 1 litro/m²/dia, para uma área de 80,79 m²,

fornecendo um consumo de 1211,85 litros/mês. Para a lavagem do piso

o consumo foi tido como 1 litro/m²/dia, em uma área de 56,73 m²,

realizada uma vez por semana, o que estabelece um consumo de 273,52

litros/mês.

Todas essas atividades corresponderam a um consumo

aproximado de 23\% da demanda mensal, porém há também de se

considerar que outras atividades podem ser realizadas como, por

exemplo, a lavagem de automóveis. Para tanto, decidiu-se adotar

conforme recomendação em França (2011), uma demanda de águas

pluviais de 27% do valor da demanda mensal, resultando em um

consumo de 6,48 m³/mês.

Resultados fornecidos pelos métodos

Apresentados os dados hidrológicos, é possível determinar o

sistema de armazenamento para cada método e verificar o que melhor

se enquadra no contexto do estudo de caso. Vale ressaltar que embora

os cálculos tenham sido realizados em litros, os resultados são

apresentados em m³.

1.1 Usando o Método de Rippl

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Utilizando as Equações (1), (2) e (3), foram encontrados os

resultados expostos na Tabela (1).

Tabela 1-Resultados do Método de Rippl

Fonte: Autores

O volume estimado para o reservatório de

aproximadamente 22,32m³ supre a necessidade de águas pluviais

por todo o ano, o que realmente comprova que o método visa

garantir uma vazão regular durante os períodos de escassez.

Usando o Método de Azevedo Neto

Para este método foi utilizado a Equação (5), onde obteve-

se o seguinte resultado no dimensionamento do reservatório:

Tabela 2-Resultados do Método de Azevedo Neto

Fonte: Autores

O reservatório dimensionado pelo Método de Azevedo Neto trouxe

um valor de 35,40 m³, que foi calculado com base nos meses de baixa

precipitação no município de Balsas que, conforme Figura (2), são junho,

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julho, agosto e setembro. Por se tratar de um método empírico que não

leva em consideração dados mais detalhados, esse resultado pode ser

considerado como um superdimensionamento.

Usando o Método Prático Alemão

A partir da Equação (6), chegou-se aos seguintes resultados

no dimensionamento:

Tabela 3- Resultado do Método Prático Alemão

Fonte: Autores

O dimensionamento obtido através do Método Prático Alemão,

fornece um reservatório de aproximadamente 5m³ em tamanho

comercial, o que comparado aos outros métodos fornece resultados

ineficientes. Nesse método, considera-se apenas a água de precipitação

e a demanda anual, desconsiderando fatores importantes como a área

de captação e o comportamento da chuva durante o ano.

Usando o Método Prático Inglês

Através da Equação (7), dispõe-se o valor resultante na Tabela

(4).

Tabela 4-Resultados do Método Prático Inglês

Fonte: Autores

O método inglês, por ser empírico é calculado através de uma

metodologia simplista que também não considera as variações do

regime pluviométrico durante o ano. O valor dimensionado para o

reservatório é de 10,54 m³, o que não é um valor ótimo, mas já apresenta

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109

uma dimensão mais plausível para ser utilizado no estudo de caso.

Usando o Método da Simulação

O método da Simulação foi determinado com base na Equação

(4), utilizando D(t) = 6480 L, A = 165,09m², um coeficiente de escoamento

superficial C=0,8 e o volume do reservatório fixado em V(t)=10000 L.

Calculou-se Q(t) de acordo com a Equação (2), utilizando os dados de

precipitação média mensal, conforme Figura (2).

O método da simulação verificou que em alguns meses do ano há

um grande volume de água extravasada e não aproveitada pelo

sistema, Tabela (5), enquanto que nos meses de junho, outubro,

novembro e dezembro, o volume de água no reservatório não chega a

suprir a demanda, e nos meses julho, agosto e setembro é necessário

utilizar uma fonte externa de abastecimento para suprir a demanda da

residência, oferecendo apenas 42% de confiança no sistema, um valor

bem abaixo do recomendado pela NBR 15527.

Tabela 5- Resultado do Método da Simulação

Fonte: Autores

Usando o método Prático Australiano

O método foi determinado com base na Equação (9), utilizando D(t) =

6480 L, A

= 165,09m², um coeficiente de escoamento superficial C=0,8 e um valor

de interceptação da água I=2mm. Calculou-se Q(t) de acordo com a

Equação (8), utilizando os dados de precipitação média mensal,

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110

conforme Figura (2). O resultado obtido está exposto na Tabela (6).

Tabela 6- Resultado do Método Prático Australiano

Fonte: Autores

O dimensionamento via Método Australiano apresenta valores

mais criteriosos, analisando a chuva total do mês e a demanda mensal,

o que proporcionou um volume estimado de 87,70m³ para o reservatório.

A confiança do reservatório calculada para este método é de 100%, ou

seja, ele seria capaz de suprir por todos os meses a demanda da

residência sem falhas, porém, um reservatório com essa capacidade

teria um custo muito alto para uma família de padrão médio considerada

no estudo.

Comparação entre os métodos

Todos os métodos apresentaram valores bem diferentes para o

dimensionamento dos reservatórios, uma vez que cada um tem foco em

uma característica diferente, pincipalmente quando se trata dos

métodos empíricos, que muitas vezes deixam de levar em consideração

fatores importantes no comportamento do ano hidrológico.

Os métodos mais elaborados como o de Rippl, Simulação e

Australiano fornecem uma visão mais precisa e um dimensionamento

mais eficiente do reservatório. Porém, considerando-se o caso de uma

residência de padrão médio, esses métodos forneceram reservatórios

com dimensões que ultrapassam a disponibilidade de custos para o

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111

usuário.A

melhor alternativa é adotar um método mais plausível para a

situação, que no caso foi o Método Inglês, que com a posterior

verificação através do Método da Simulação, forneceu uma dimensão

comercial de dois reservatórios de 5000 litros.

Benefícios do sistema de captação de águas pluviais

Possuir um sistema de aproveitamento de água de chuva traz

grandes benefícios aos usuários em períodos do ano em que a água é

escassa, o que também contribui diretamente na minimização dos

problemas ambientais causados pela coleta de água na fonte.

Utilizar essa água para a irrigação no meio urbano influi no ciclo

hidrológico, uma vez que infiltra no solo e contribui para a recarga dos

aquíferos em períodos de pouca chuva. Os benefícios dessa prática

também podem ser obtidos economicamente com uma redução no

volume de água proveniente da concessionária e, consequentemente,

uma redução na tarifa (DORNELLES, 2012).

Esse sistema também auxilia na redução dos picos de vazão e

volumes de água na rede de drenagem urbana, o que pode auxiliar nos

sistemas de microdrenagem, uma vez que o reservatório detém as águas

pluviais. Se cada residência possuir seu sistema próprio, o volume de água

que escoará pelas ruas em chuvas de grande intensidade será muito

menor, evitando problemas como enchentes e inundações quando os

sistemas de drenagem não suportarem chuvas muito intensas, atuando

em conjunto para a melhoria das condições de trafegabilidade nas ruas

e na redução da transmissão de doenças através de enchentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os dados obtidos para o volume do reservatório,

baseando-se nos métodos disponíveis na norma brasileira NBR 15527, foi

possível observar que os métodos empíricos, como o de Azevedo Neto,

o Método Prático Inglês e o Método Prático Alemão, são mais

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112

adequados para situações onde é desejado realizar

umdimensionamento prévio do sistema. Porém, em uma análise mais

detalhada, recomenda- se utilizar métodos mais detalhados como o de

Rippl, o Método Prático Australiano e o Método da Simulação com o

intuito de observar melhor a eficiência do sistema. O Método da

Simulação mostrou-se bastante promissor na tarefa de verificar o

dimensionamento fornecido por outros métodos, sendo muito importante

em estudos de viabilidade.

No que se refere aos resultados dos diversos métodos analisados, o

que se nota é uma grande discrepância nos volumes calculados. Nesse

caso, o que realmente irá fazer o diferencial no momento da instalação

do sistema é a visão holística do profissional de engenharia civil em saber

o que mais se adequa às necessidades da situação. Portanto, para o

estudo de caso tratado neste trabalho decidiu-se adotar o volume de

10000 litros para o reservatório, seguindo o método Inglês conferido pelo

método da Simulação, por atender aos tamanhos comerciais e ser

economicamente mais viável para uma residência unifamiliar de padrão

médio.

Além de tudo o que foi visto, foi possível perceber que os resultados

da adoção de um sistema de captação de águas pluviais auxilia na

preservação dos recursos hídricos e também traz benefícios agregados,

como a redução do pico de vazão de chuvas para os sistemas de

drenagem urbana, mostrando que o uso desse sistema vai além da

simples captação podendo atingir a escala de planejamento urbano.

AGRADECIMENTOS

Agradecimento à Deus pelo dom da vida.

Ao professor Denis Fabrício Sousa de Sá da Universidade Federal do

Maranhão pelo apoio e auxílio no desenvolvimento do trabalho na

plataforma do Microsoft Excel.

Ao professor Vinícius Farias de Albuquerque, orientador do

trabalho, pelo incentivo à pesquisa e apoio no crescimento acadêmico

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113

e profissional.

Aos meus pais por todo apoio, amor e incentivo nos estudos.

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recursos hídricos no Brasil. Caderno de Recursos Hídricos 2. Brasília, 2007.

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unifamiliares. XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. 2013.

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duração e frequência do município de Ipameri-Goiás. Revista Eletrônica

de Engenharia Civil 13: 233-246. 2017.

RUPP, R. F; MUNARIM, U. Comparação de métodos para

dimensionamento de reservatórios de água pluvial. Revista Ambiente

Construído 11: 47-64. 2011.

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114

GT 6 – CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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115

PRIMEIRO REGISTRO DE KINGSLEYA ATTENBOROUGHI PINHEIRO E

SANTANA, 2016 NA MICROBACIA DO RIO NEVES, MUNICÍPIO DE SÃO

RAIMUNDO DAS MANGABEIRAS, SUL DO MARANHÃO

SILVA, Heydy Barbalho Lopes (IFMA)

E-mail: [email protected]

COSTA, Maria Josinete Araújo (IFMA)

ARAÚJO, Pedro Filipe Ribeiro (IFMA)

RESUMO

Esse estudo foi importante, pois colabora com o levantamento faunístico da região sul

do Maranhão. De acordo com esses dados poderá ser direcionado ações de

conservação e preservação dos recursos naturais de forma que garanta a

sobrevivência das espécies que ali habitam. Os caranguejos dulcícolas são

fundamentais na cadeia trófica, pois ocupam vários níveis tróficos, atuando por

exemplo como decompositores de matéria orgânica. O objetivo desse trabalho foi

identificar a ocorrência desse caranguejo na microbacia do Rio Neves, no Município de

São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão, bem como a morfologia externa, a

morfologia do primeiro gonópodo, do seu hábitat e a incidência de captura. Os

indivíduos foram capturados através de jiqui (armadilha confeccionada

artesanalmente por pescadores da região),. Foram coletados 57 indivíduos, dos quais

33 eram machos e 24 fêmeas. A proporção sexual apresentou predominância de

machos (1,3 : 1), o que pode estar diretamente relacionado com período reprodutivo.

Nove machos foram enviados ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA,

para identificação da espécie como Kingsleya attenboroughi Pinheiro e Santana,

2016.,. O índice de captura aumentou consideravelmente nos meses de novembro e

dezembro, coincidindo com os meses chuvosos, demonstrando relação entre o índice

de captura e o período chuvoso. Os resultados obtidos facilitarão trabalhos futuros,

tanto acadêmicos quanto de manejo e conservação desses animais.

Palavras-chave: Kingsleya attenboroughi, Conservação.

Pseudothelphusidae. Hábitat.

INTRODUÇÃO

Os caranguejos dulcícolas são artrópodes, do subfilo Crustacea,

classe Malacostra, ordem Decapoda, infra-ordem Brachyura (RUPPERT;

FOX; BARNES, 2005). Estão distribuídos em duas famílias,

Pseudothelphusidae e Trichodactylidae (MELO, 2003).A maioria dos

crustáceos mas marinhos, mas os lagostins e alguns camarões e

caranguejos são de ecossistemas continentais, os braquiúros possuem

notável sucesso adaptativo, o que reflete no número de espécies,

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116

morfologia diversificada, ciclo de vida e estratégias reprodutivas; o que

representa uma etapa importante na evolução dos crustáceos,

apresentado diversos hábitos e ocupando hábitats diversificados

(CAMARGO, 2011). Esse sucesso dos braquiúros, se deve principalmente

pela capacidade de distribuição ecológica, evidenciada pela

conquista, dos habitats marinhos, estuarinos e pela invasão ao ambiente

dulcícolas e terrestres, podendo ser encontrado em elevadas altitudes ou

nas fossas abissais a 6.000 metros de profundidade (MELO et al., 2000).

Segundo Melo (2003, p. 145) “os caranguejos dulcícolas, cumprem

todo o ciclo de vida em águas continentais, sem qualquer dependência

de águas marinhas ou estuarinas”. O autor cita ainda que esses

caranguejos estão representados por duas famílias, a Trichodactylidae e

a Pseudothelphusidae sendo que ambas ocorrem no Brasil (MELO, 2003).

O grupo é responsável pela aceleração da decomposição da maioria

da matéria orgânica do ambiente em que vivem, onde

aproximadamente 75% da matéria úmida proveniente de folhas caídas

são incorporadas ao sedimento devido à ação de caranguejos

(BARBOSA, 2005). Possuem vários hábitos alimentares podendo ser

herbívoros, carnívoros, onívoros, detritívoros, saprófagos e filtradores, são

predadores de outros grupos de invertebrados e vertebrados, são presas

de peixes, aves, répteis, quelônios, mamíferos aquáticos. (MELO, 2003).

São mais de 6.800 espécies de caranguejos braquiúros, distribuídos

em 93 famílias e 1270 gêneros e subgêneros (NG et al. 2008). Dentre as

famílias, a Pseudothelphusidae é bem diversificada, contendo

aproximadamente 280 espécies distribuídas em mais de 40 gêneros

(VILLALOBOS; ÁLVAREZ, 2008). Sua distribuição ocorre desde o norte do

México ao limite sul da bacia amazônica no Brasil, ocorre também em

algumas ilhas das Grandes Antilhas, sendo bastante diversificado ao

longo das cadeias montanhosas dos Andes (Peru, Colômbia, Venezuela),

da América Central e México (MELO, 2003).

Magalhães salienta que geralmente as espécies dessa família

ocorrem no Norte do Brasil, em áreas do escudo das Guianas, e na

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117

porção sul da Bacia Amazônica, em áreas do escudo do Brasil central.

Exceções a esse padrão são três espécies do gênero Fredius, cujas

distribuições abrangem áreas de terra firme ao longo da planície

amazônica (MAGALHÃES, 2016).

Muitas espécies de pseudotelphusídeos que ocorrem no Brasil são

de conhecimento apenas das localidades onde elas ocorrem

(MAGALHÃES, 2016). Em São Raimundo das Mangabeiras apenas alguns

pescadores sabiam da existência desses caranguejos nessa região.

Através de observação in loco e diálogo com pescadores da região foi

confirmada a presença de caranguejos dulcícolas no Rio Neves, de

classificação científica até então desconhecida. Assim, esse estudo

objetivou a identificação da espécie; descrever seu habitat e registrar a

ocorrência da mesma na microbacia do Rio Neves, essas informações

servirão para trabalhos futuros, tanto acadêmicos quanto de manejo e

conservação desses animais.

METODOLOGIA

Área de Estudo

A pesquisa foi realizada no município de São Raimundo das

Mangabeiras o qual está inserido na mesorregião Sul Maranhense, dentro

da microrregião Chapada das Mangabeiras que faz o limite sul do Estado

do Maranhão com o Tocantins e caracteriza-se por apresentar um relevo

de topo plano, com costas altimétricas em torno de 800 metros (CORREIA

FILHO, 2011).

O clima da região, segundo a classificação de Köppen é tropical,

subúmido seco com dois períodos bem definidos: um chuvoso, que vai

de novembro a abril, com médias mensais superiores a 170 mm e outro

seco, correspondente aos meses de maio a outubro (JORNAL DO TEMPO,

2011 apud CORREIA FILHO, 2011).

O Rio Neves faz parte da sub-bacia do Rio Balsas. Sua nascente

está situada a uma altitude de 650 m nas proximidades da cidade de

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Fortaleza dos Nogueiras – MA, sua foz no rio Balsas se situa a uma altitude

de 230 m, e ocorre no município de Sambaíba – MA, o rio percorre uma

distância de aproximadamente 130 km de extensão (MONTES, 1997).

Coleta de Dados

As coletas dos caranguejos ocorreram entre os meses de agosto a

dezembro de 2016, em um total de 15 coletas. As capturas foram

realizadas em 5 pontos, demarcados com GPS, marca Garmim modelo

E-trex20, nomeados na seguinte forma: dois pontos do Rio à montante de

São Raimundo das Mangabeiras (M1 – S 06º59’707’’ W 045º40’265’’ e M2

– S 06º59’708’’ W 045º40’265’’) ambos no povoado Canto Grande; um

ponto na área urbana (U1 – S 07º03’297’’ W 045º47’112’’) e dois pontos à

jusante da cidade J1 – S 07º04’688’’ W 045º26’017’’ e (J2 – S 07º04’710’’

W 045º26’017’’ e) no povoado Piaçaba. (Figura 1.)

Figura 1: Localização dos cinco pontos de coleta na microbacia do Rio Neves, no

Município de São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão. Dois pontos (M1 e M2) à

montante da cidade, no Povoado Canto Grande, um ponto (U1) na área Urbana e

dois pontos (J1 e J2) à jusante da cidade, no Povoado Piaçaba.

Fonte: Software “QGIS versão 2.18.16”

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119

Foram coletadas amostras de águas nos pontos de coleta,

acondicionados em recipientes de vidro e levados ao laboratório de

Biologia e Química no Instituto Federal do Maranhão - IFMA campus São

Raimundo das Mangabeiras, para verificação do pH, com pHmêtro

semiautomático. Os dados pluviométricos dos meses de agosto a

dezembro foram coletados em pluviômetro no referido Campus do IFMA.

Os caranguejos foram coletados em armadilha confeccionada

artesanalmente por pescadores da região, conhecida popularmente

como jiqui (Figura 2), nos pontos acima mencionados. Dentro do jiqui era

colocado milho, pele de frango, casca de melancia, macaxeira e soja

como isca para atraírem os caranguejos.

Figura 2: Fotografia do jiqui, armadilha artesanal de captura confeccionada por

pescadores de São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão. (A) vista da abertura de

captura. (B) vista da abertura de retirada dos caranguejos capturados (C) vista lateral.

(D) vista lateral, mostrando a abertura por onde os caranguejos são retirados depois

de capturados.

Fonte: autor

Foram realizadas 15 coletas. O jequi era verificado semanalmente,

para repor as iscas e retirada dos caranguejos capturados. Os indivíduos

foram classificados quanto ao sexo pela morfologia do abdômen. Três

lotes com alguns exemplares foram enviados ao INPA – Instituto Nacional

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120

de Pesquisa da Amazônia, para identificação da espécie,os quais foram

catalogados na coleção do INPA, com os seguintes lotes: INPA 2228 (2

machos), INPA 2235 (4 machos) e INPA 2236 (3 machos). Sete exemplares

foram fixados em solução de Davidson para estudos posteriores, e os

demais foram devolvidos ao rio. Os dados coletados foram tabelados, e

organizados em forma de gráficos para melhor visualização e

compreensão dos resultados. O cálculo do índice mensal de captura e o

índice de machos e fêmeas foi realizado com regra de três simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Descrição da espécie

No total foram coletados 57 indivíduos, cuja identificação realizada

no INPA descreveu a espécie como Kingsleya attenboroughi Pinheiro e

Santana, 2016. Até então essa espécie era descrita apenas na cidade de

Barbalha no estado do Ceará, e que já se encontra em risco de extinção

(PINHEIRO; SANTANA, 2016)

A identificação dos caranguejos a nível de espécie é feita

analisando-se a morfologia do primeiro gonópodo – G1, localizado na

cavidade abdominal, conforme figura 5. A espécie Kingsleya

attenboroughi se difere de congêneres por ter uma placa apical curta

no G1, com lobos dirigidos anteriormente e proximalmente angular; lobo

proximal da placa apical com protuberância semicircular, nas vistas

mesial e esternal; protrusão do processo marginal, projetando-se

mesialmente na visão esternal e sub-quadrado na visão mesial; e campo

de espinhos apicais estreitos, afilando distalmente, com pequenas

espinhas concentradas proximalmente (PINHEIRO e SANTANA, 2016).

(Figura 3)

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121

Figura 3: Exemplar macho de Kingsleya attenboroughi, capturado em São Raimundo

das Mangabeiras, Maranhão. Disposição dos gonópodos G1-direito, G1-esquerdo, G2

esquerdo e direito.

Fonte: Dr. Célio Magalhães

Para Magalhães (informação pessoal) os exemplares do Maranhão

se diferem um pouco da espécie descrita no Ceará, por mostrarem uma

pequena variação no ápice da lâmina apical do gonópodo 1 (bilobado

em um exemplar; unilobado no outro), como essa variação pode

inclusive ocorrer em um mesmo exemplar (G1 esquerdo unilobado; G1

direito bilobado), não é caráter consistente para diferenciar a

população do Maranhão como de uma espécie distinta da do Ceará. A

figura 4 mostra as característica morfológicas do gonópodo de um

exemplar encontrado no Maranhão, nas vistas: Esternal, que

corresponde à área que está em contato com esterno torácico,

mostrando a região distal, e a vista Abdominal, correspondente à área

que está em contato com a parte interna do abdômen, mostrando a

região distal e proximal, em que se percebe também os espinhos apicais

e proximais.

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Figura 4: Gonópodo 1 de um exemplar macho de Kingsleya attenboroughi, capturado

em São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão. A, vista esternal da região apical

Gonópodo esquerdo. Placa apical curta, com lobos proximal e distal distintos,

bilobados; processo mesial bem definido. B, vista abdominal do Gonópodo direito da

região distal e apical.

Fonte: autor Fonte: Dr. Célio Magalhães

A morfologia externa não difere da descrição de Pinheiro e

Santana (2016). O contorno da carapaça é elipsoidal, mais larga que

comprida, ligeiramente comprimida dorso-ventralmente, convexa

anteriormente, com regiões mal definidas. Dois poços gástricos na região

metagástrica, lobos pós-frontais discretos, sulco mediano indistinto (Figura

5).

Figura 5: Fotografia de Kingsleya attenboroughi, capturado em São Raimundo das

Mangabeiras, Maranhão. Vista dorsal.

Fonte: Dr. Célio Magalhães

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123

Descrição do habitat

Nos pontos de coletas a montante (M1 e M2) e a jusante (J1 e J2)

pôde-se observar que a mata ciliar estava parcialmente preservada,

com vegetação majoritariamente arbustiva.no entanto, acima da faixa

de mata ciliar observou-se áreas de pastagens sempre presentes além

de vários pontos de dessedentação de bovinos, áreas de lazer e de

captação de água para fins domésticos. As margens e o leito do rio são

arenosos, observando-se a presença de pouco matererial argiloso

apenas no ponto próximo da área urbana (U1). Não obstante se tratar

do primeiro registro da espécie na mesorregião sul maranhense e do

segundo registo na literatura, pode-se observar uma variação quanto a

natureza do sedimento em que ocorrem as populações descritas nestes

dois relatos, uma vez que a população descrita por Pinheiro e Santana

(2016) habita em sedimentos rochosos.

A profundidade nos locais de coleta variou entre um e dois metros

durante o perído de amostragens e o pH variou entre 7,8 e 8,55. A altitude

nos pontos de coleta variou entre 198 a 243 metros, corroborando a

afirmação de Magalhães (2016) de que algumas espécies podem

ocorrer em altitudes menores que 300 m.

Figura 6: Fotografia de Kingsleya attenboroughi, capturado em São Raimundo das

Mangabeiras, Maranhão, em seu hábitat natural.

Fonte: autor

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Incidência de Captura

Não houve precipitação nos meses de agosto e setembro, com

inicio das chuvas em outubro, com precipitações de 132 mm, seguido

do mês de novembro com 235 mm e dezembro com 2,5 mm.

Foi capturado três individuos em agosto, um em setembro, dez em

outubro, vinte em novembro e vinte e cinco em dezembro.Os índices de

incidência de captura aumentaram consideravelmente nos meses de

outubro a dezembro, coincidindo com o período chuvoso (Figura 07).

Mesmo com a diminuição da precipitação em dezembro, foi

considerável o número de capturas, o que pode ser justificado pela

precipitação aos redores da cidade, percebida inclusive pela coloração

turva da água durante todo o mês de dezembro.

Figura 07: Incidência de captura de Kingsleya attenboroughi nos meses de agosto a

setembro de 2016.

Fonte: autor

Resultado semelhante foi encontrado por Camargo (2011), ao

avaliar a biodiversidade de caranguejos Braquiúros, associada ao cultivo

comercial de mexilhão Perna perna (Linnaeus, 1758) no Litoral Norte do

Estado de São Paulo. Ele na ocasião, teve um índice de captura maior

nos meses de novembro a abril, período chuvoso. Segundo Silva (2010) a

maior captura de Sylviocarcinus devillei (H. Milne-Edwards, 1853) também

ocorrem nesse período. Os caranguejos de água doce são mais ativos

durante o período chuvoso pois no período de seca os indivíduos tendem

a permanecerem inativos e escondidos (NETO, 2007).

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125

Dos 57 indivíduos coletados, 33 eram machos 24 fêmeas, na

proporção (1,3 : 1) respectivamente Os caranguejos machos possuem o

abdômen triangular e as fêmeas possuem abdômen levemente

arredondado. (Figura 08 e 09).

Figura 08: Morfologia abdominal do caranguejo fêmea, Kingsleya attenboroughi. O

abdômen é ligeiramente arredondado.

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 09: Morfologia abdominal do caranguejo macho, Kingsleya attenboroughi. O

abdômen do macho é triangular.

Fonte: Dr. Célio Magalhães.

A incidência de machos (58%) foi maior do que a de fêmeas (42%)

em todos os meses de captura. Resultado semelhante foi encontrado por

Davanso (2011) ao estudar a dinâmica populacional de caranguejo

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126

dulcícola Dilocarcinus pagei, Stimpson, 1861 que capturou mais

caranguejos machos (n=567) do que fêmeas (n=433). Ao estudar a

mesma espécie, Dilocarcinus pagei, Stimpson, 1861, Taddeitambém

observou que a diferença no percentual de machos capturados a mais

do que fêmeas foi significante na populaçao analisada, ao estudar a

biologia populacional e crescimento desse caranguejo. Freitas (2013)

estudando “A biologia reprodutiva e populacional de Goyazana

Castelnaui H. Milne-Edwards, 1853 (Decapoda: Trichodactylidae) no Rio

São Pedro, Ouricuri – PE, percebeu que a produção sexual observada,

teve um percentual de macho significativamente maior do que fêmeas,

com proporção de 1,3 : 1. Para Silva (2010) os machos de Sylviocarcinus

pictus estiveram em maior proporção, pois os machos dessa espécie são

mais ativos que as fêmeas, provavelmente por questões

comportamentais, como territorialismo, tornando mais fácil a captura de

machos, já que a armadilha utilizada consiste em um petrecho de

espera; assim também como no presente trabalho.

Herrera e Taddei (2010), observaram que as fêmeas com ovos ou

juvenis na cavidade abdominal de Dilocarcinus pagei, não se alimentam,

ficam as margens d’água e sobre aguapés. O que pode justificar maior

índice de captura de machos, já que o jiqui foi armado no fundo do rio;

e as fêmeas em estágio reprodutivo geralmente ficam fora da água e

não saem à procura de alimento. Araújo e Calado (2008) perceberam

que em Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) houve uma variaçao sazonal

quanto ao número de machos e fêmeas, podendo essa variação está

relacionada com cíclos reprodutivos e crescimento.

No final do mês de outubro foi capturada uma fêmea com juvenis

na cavidade abdominal, coincidindo com início do período chuvoso, o

que indica que o período reprodutivo de Kingsleya attenboroughi ocorre

nessa época do ano. Taddei (1999) verificou que Dilocarcinus pagei

apresentou reprodução sazonal, acontecendo entre novembro e

fevereiro.

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127

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os registros aqui apresentados constituem as primeiras informações

científicas sistematizadas disponíveis sobre a ocorrência da espécie de

caranguejo de água doce, Kingsleya attenboroughi (Pinheiro e Santana,

2016) no Rio Neves Município de São Raimundo das Mangabeiras – MA.

A maior incidência de Kingsleya attenboroughi, foi registrada

durante os meses chuvosos. A reprodução, ocorre no período chuvoso,

evidenciada pela captura de uma fêmea com juvenis na cavidade

abdominal no mês de outubro..

A captura de indivíduos machos foi consideravelmente maior que

a captura de fêmeas, o que estar diretamente relacionado ao período

reprodutivo, já que as fêmeas ficam inativas durante o período

reprodutivo.

Este estudo fornece informações inéditas sobre a espécie e abre

um precedente a pesquisas futuras. Sendo necessário estudos mais

aprofundados sobre a bioecologia de K. attenboroughi, já que se trata

de uma espécie recentemente descrita e já ameaçada de extinção.

AGRADECIMENTOS

Aos pescadores de São Raimundo das Mangabeiras, pela ajuda

com a captura dos caranguejos. Ao Dr. Célio Magalhães, pela

identificação da espécie. Ao Instituto Federal do Maranhão – IFMA

campus São Raimundo das Mangabeiras, pelo apoio logístico.

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