38
OÁSIS #189 EDIÇÃO SOLTEIROS E CUCA FRESCA JOVENS NORTE-AMERICANOS NÃO SE CASAM MAIS PAGURO DE LUXO Casa em 3D para caranguejo-eremita LAPÔNIA Na mágica casa de Papai Noel ATIVISMO DEMOCRÁTICO Como atualizar a democracia na era da Internet Edipo e a Esfinge, por François-Émile Ehrmann, 1903

François-Émile Ehrmann, 1903 Oásis - brasil247.com · era da internet Edipo e a Esfinge, por François-Émile Ehrmann, 1903. 2/38 OÁSIS. Editorial por Editor PEllEgrini Luis H

Embed Size (px)

Citation preview

Oásis#189

Edição

SOLTEIROS E CUCA FRESCA

JovEns nortE-amEricanos não sE casam mais

PAGURO DE LUXO

casa em 3d para caranguejo-eremita

LAPÔNIA na mágica casa

de Papai noel

ATIVISMO DEMOCRÁTICO

como atualizar a democracia na

era da internet

Edipo e a Esfinge, por François-Émile Ehrmann, 1903

2/38OÁSIS . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

H á uma grande revoluçao em curso. Ela se situa na area dos cos-tumes, e diz respeito à instituiçao do casamento e, de conse-quencia, ao modelo tradicional de familia. Essa revoluçao aconte-

ce sobretudo nos Estados Unidos, mas a tendencia se alastra tambem nos paises europeus, asiaticos e latino-americanos. o Brasil nao foge a essa regra. Ela mostra, a partir de claros dados estatisticos, que os jovens nao se casam mais.

Em 1970, apenas um jovem de cada dez permanecia solteiro após os 25 anos. agora é um de cada quatro que não apenas não se casa mas prefere continuar morando com os pais. É o que revela a última pesquisa realizada pelo instituto Pew.

desde aqueles anos 1970, quando os matrimônios alcançaram seu índice máximo, os pesquisadores se esforçam para entender e explicar quais são

Em 1970, apEnas um jovEm dE cada dEz pErmanEcia soltEiro após os 25 anos. agora é um dE cada

quatro quE não apEnas não sE casa mas prEfErE continuar morando com os pais. é o quE rEvEla a

última pEsquisa rEalizada pElo instituto pEw, o mais prEstigioso dos Estados unidos

OÁSIS . Editorial

por

Editor

PEllEgriniLuis

3/38

as causas do esfarelamento progressivo e até o momento impossível de se conter daquele contrato civil, ou inclusive sacramento religioso que há gerações tem sido o fundamento da família humana.

Cada vaga de pesquisa trouxe as suas próprias explicações, o feminismo, a independência econômica crescente das mulheres não mais obrigadas a casar para viver e para criar os filhos, a disponibilidade do sexo, a pílula, os anticoncepcionais, a frequência deprimente das falências matrimoniais com todos os seus possíveis efeitos desastrosos, econômicos e psicológicos sobre a vida dos divorciados e dos filhos deles. Mas hoje o diagnóstico que resume e concentra todos os outros sintomas está sobretudo relacionado a uma questão de classe social. Quarenta por cento das novas mamães norte-americanas que dão à luz seus bebês são solteiras, não casadas e nem sequer unidas em casais de fato. Estes sao os fatos apresentados e examinados na nossa matéria e capa.

4/38OÁSIS . tEndênCia

TEN

DêN

CIA

SOLTEIROS E CUCA FRESCAJovens norte-americanos

não se casam mais

OÁSIS . tEndênCia

uperadas hoje as barreiras de sexo, de religião, da necessidade econô-mica, da respeitabilidade social, o casamento nos Estados Unidos está se tornando uma prerrogativa de classe, reservada, exatamente como nas classes dos aviões, a quem pode se permitir. A crise, agora quase o colapso, da instituição matrimonial

nunca antes tão desertada como apontam os censos nacionais, assinala de maneira cada vez mais evidente os limites entre as cate-gorias de renda, de instrução, de colocação

S

Em 1970, apenas um jovem de cada dez permanecia solteiro após os 25 anos. agora é um de cada quatro que não apenas não se casa mas prefere continuar morando com os pais. é o que revela a última pesquisa realizada pelo instituto pew.

Por: BErnardo ZucconiFontE: Jornal la rEPuBBlica (roma)

social. Casar é um luxo que, econômica e psicologicamente, cada vez menos homens e mulheres podem se permitir. Melhor ficar solteiro, de preferência vivendo na casa dos pais, sem ter que respeitar esse tipo de “em-penho”.

Desde os anos 1970, quando os matrimônios alcançaram seu índice máximo, os pesquisa-dores se esforçam para entender e explicar quais são as causas do esfarelamento pro-gressivo e até o momento impossível de se conter daquele contrato civil, ou inclusive sa-cramento religioso que há gerações tem sido o fundamento da família humana. Cada vaga de pesquisa trouxe as suas próprias explica-ções, o feminismo, a independência econô-mica crescente das mulheres não mais obri-gadas a casar para viver e para criar os filhos, a disponibilidade do sexo, a pílula, os anti-concepcionais, a frequência deprimente das falências matrimoniais com todos os seus possíveis efeitos desastrosos, econômicos e psicológicos sobre a vida dos divorciados e dos filhos deles. Mas hoje o diagnóstico que resume e concentra todos os outros sintomas está sobretudo relacionado a uma questão de classe social.

Quarenta por cento das novas mamães nor-te-americanas que dão à luz seus bebês são solteiras, não casadas e nem sequer unidas em casais de fato. As famigeradas “mães

5/38

6/38

solteiras” de ontem pouco a pouco se tornam a regra, não mais a mortificante exceção. Em 1970, menos de um jovem americano de cada dez, rapaz ou moça, não era casado após os 25 anos de idade. Hoje, um americano adulto de cada quatro não é casado e apenas uma mino-ria de solteiros mantém uma relação estável com uma companheira ou companheiro, enquanto a idade média atual para o primeiro casamento toca os 30 anos para os homens e os 27 anos para as mulheres. Trata-se de uma rejeição profunda do “compromisso”, do empenho recí-proco que tem no contrato nupcial a sua expressão mais solene.

A última pesquisa feita pelo Instituto Pew, o mais sério e respeitado dos centros de estudos de tendências sociais, publicada a 24 de setembro último informa que a primei-ra coisa que uma mulher – sobretudo as latinas e as afro-americanas – deseja num homem para se casar com ele é um emprego ou ocupação estável. Ante a possibilidade de se unir a um homem que traga para dentro de casa pro-blemas, incertezas, frustrações e possível violência, uma maioria esmagadora de mulheres prefere assumir sozi-nhas a responsabilidade de ter filhos e criar uma família.

OÁSIS . tEndênCia

a idade média para o primeiro casamento, nos Estados unidos, chegou agora aos 30 anos para os homens e aos 27 anos para as mulheres

7/38

O matrimônio ainda é popular exatamente nas categorias sociais onde a evolução cultural e individual das mulhe-res fez-se mais real, e portanto onde a sagrada institui-ção do casamento deveria se ressentir do ceticismo típico desta geração.

Mas se hoje é coisa superada a condenação das mães sol-teiras por parte das “pessoas de bem”, uma outra conde-nação, de fato ainda mais cruel, permanece à espera de-las e dos seus filhos: a pobreza. Nenhum programa

Somente para a cerimônia nupcial, a festa e a viagem de núpcias, um casamento hoje custa em média 30 mil dó-lares (70 mil reais). Esta é a renda média anual de um trabalhador norte-americano não qualificado. Uma soma que volta a ser importante para além daquela barreira de crédito que assinala a passagem para a classe média bai-xa. Quem ganha mais de 100 mil dólares brutos ao ano e possui pelo menos um diploma universitário se esposa com frequência redobrada em relação aos que vivem à beira da pobreza.

Quem ganha mais de 60 mil dólares ao ano se casa com uma frequência redobrada em relação a quem vive na pobreza

OÁSIS . tEndênCia

o casamento custa em média, apenas para a cerimônia, a festa e a viagem de núpcias, quase 30 mil dólares

Para se casar, 78% das mulheres norte-americanas buscam como primeira coisa no homem um trabalho estável

8/38

lhice no aconchego do lar sejam, como parece acreditar Rubio, coisa automática...

Nesse quadro de cores cinzentas, a boa notícia é que a decadência do matrimônio como passa-gem obrigatória para o jovem adulto fez emer-gir um “quinto elemento” na fórmula nupcial, que a sociedade nem sempre utilizou: o amor. Se o matrimônio agora é apenas facultativo, a liberdade de escolha hoje oferecida a homens e mulheres que não mais se sentem obrigados a viver como casal significa também, para dois terços daqueles que assumiram esse empenho, que ele foi feito por amor. Isso os autoriza a demolir finalmente aquele velho mito e lugar comum que afirma ser o casamento “a tumba do amor”.

40% das novas mães americanas não são casadas, não mantêm nenhuma união estável, não têm um parceiro

Se o casamento sobreviverá, para além dos mil e um de-safios do nosso tempo, será exatamente por causa disso. E permanece sempre atual a boa observação atribuída a Sócrates e dirigida aos homens, mas aplicável também as mulheres: “Se você encontrar uma boa mulher, se tor-nará um homem feliz. Se encontrar uma mulher ruim, se tornará um filósofo”.

público, nenhuma distribuição de ajuda e de fundos, con-seguiu evitar a marginalização dessas mulheres e de seus filhos. Os conservadores, como Marco Rubio, potencial candidato republicano à Casa Branca em 2016, gostam de citar uma estatística arrepiante: “O casamento, e por-tanto uma família estável, evitam a pobreza para 82% das crianças”. Mas o que Rubio e os demais nostálgicos da cerimônia nupcial nunca explicam é “como” ressus-citar uma família tradicional que cada vez mais homens e mulheres rejeitam. Admitindo-se que a equação entre “família com papai e mamãe” e serena maturidade e ve-

OÁSIS . tEndênCia

9/38

AR

TEPAGURO DE LUXO

Casa em 3D para caranguejo-eremita

OÁSIS . artE

OÁSIS . artE

artista japonesa Aki Inomata cria casas de material plástico para ca-ranguejos eremitas. As obras são inspiradas em paisagens de cida-des e pelo desenho arquitetônico de construções célebres — o perfil de Nova York, um apartamento parisiense, uma casa típica de Tó-

quio, um templo budista da Tailândia, etc. Essas formas transparentes e delicadas são desenhadas a partir de um modelo de casa para humanos. Mas ironicamente, elas se tornam abrigo para artrópodes aquáticos e terrestres.

Aki Inomata teve a ideia de dar a esses curiosos animais “casas grifadas”, ou seja, estruturas ocas feitas de plástico, realizadas

Aos caracóis de aki inomata, artista japonês que projeta e estampa em 3d casas de fino design para caranguejos-eremitas terrestres e marinhos

Por:EquiPE oásis

com impressora em 3D. Essa artista con-temporânea japonesa se interessa muito pela observação e o estudo dos processos naturais, tanto das plantas quanto dos ani-mais. Para ela, a biologia dos caranguejos eremitas constitui um exemplo fascinante de transferência de identidade. À medida que crescem, eles precisam de casas cada vez maiores. Aki Inomata conecta o seu estudo sobre a transformação dos eremi-tas com os processos de autoadaptação dos seres humanos, seja para adquirir uma nova nacionalidade, emigrar ou mudar de emprego.

O bernardo-eremita, também chamado de paguro, caranguejo-ermitão, casa-alugada ou ermitão, é o nome popular de uma su-perfamília de crustáceos decápodes paren-tes das lagostas e caranguejos. As várias espécies estão compreendidas na subor-dem Anomura. Existem espécies terrestres e outras marinhas. Todas têm o abdômen mole e por isso se protegem morando em conchas de caracóis abandonadas. Eles próprios abandonam essas conchas e se instalam em outras maiores quando ficam muito grandes e não mais cabem dentro delas. Alguns paguros carregam anêmonas fixadas em suas conchas para aumentar a proteção, pois os tentáculos das anêmonas são venenosos, constituindo uma relação ecológica chamada de protocooperação.

10/38

11/38

Algumas criações de Aki Inomata:

1 Paguro com templo budista tailandês. Os paguros terrestres estão entre os maiores artrópodes vivos. Algu-mas espécies, o caranguejo do coco (Birgus latro), por exemplo, podem chegar a pesar 4 quilos. Esses crustáceos utilizam como casa as conchas abandonadas de outros animais, e também, quando os encontram, artefatos de plás-tico, vidro ou madeira. Para esta casa de paguro Aki Inomata se inspirou em um templo típico do estilo budista tai-landês.

OÁSIS . artE

12/38

2 Paguro com Santorini. Aki Inomata submeteu o caracol abandonado por um paguro terrestre a uma varredura em 3D. Essa operação, conhecida pela expressão em inglês de reverse-engineering, utiliza o laser, ultrassom e te-lecâmeras e permite a obtenção de um arquivo digital a partir de um objeto real. Com base no digital, a artista de-senvolveu as estruturas que, por fim, imprimiu em 3D usando plástico transparente. Quando, em seguida, colocou essas casas à disposição dos paguros, elas foram imediatamente ocupadas. Nesta imagem uma casa inspirada nas construções da ilha grega de Santorini.

OÁSIS . artE

13/38

3 Paguro com Nova York. À medida que crescem, os paguros enfrentam o problema de encontrar uma nova casa: conchas grandes o bastante para hospedá-los. Por isso não é raro vê-los empenhados em combates furiosos com outros paguros para a conquista de um novo bom alojamento. Nesta imagem, a casa de paguro reproduz a skyline de Nova York.

OÁSIS . artE

14/38

4 Paguro com Port City. Essa cidade-modelo fica nas imediações de Washington.

OÁSIS . artE

15/38

5 Paguro com mosteiro. Nesta casa, o modelo é um imponente refúgio para peregrinos cristãos situado perto de um mosteiro em ilha grega.

OÁSIS . artE

16/38

6 Paguro com paisagem da Olanda. Moinhos de vento para uma nova residência de paguro.

Vídeo: “Why Not Hand Over a ‘Shelter’ to Hermit Crabs?”, por Aki Inomata

OÁSIS . artE

17/38OÁSIS . viagEM oásis

LAPÔNIANa mágica casa de Papai Noel

VIA

GEM

SIS

aurora boreal na laponia

18/38OÁSIS . viagEM oásis

restaurante do castelo de gelo e neve em Kemi

OÁSIS . viagEM oásis

ma viagem de absoluta magia à terra onde vive o Papai Noel co-meça com a chegada, o traslado e a acomodação em hotel na cidade de Rovaniemi, a capital e o cen-tro comercial da Lapônia, na Fin-lândia, próxima ao Círculo Polar Ártico.

Logo pela manhã, você ruma para Kemi, onde embarca em um cruzeiro de quatro horas em

U

auroras boreais, trenós puxados por renas, a casa do papai noel, castelos de gelo, hotéis de neve. a lapônia, no extremo norte do continente europeu, é um celeiro de surpresas

Por FaBíola musarra (*)

um navio quebra-gelo. A bordo, vai admi-rar as belas paisagens que se intercalam na imensidão branca, incluindo um castelo de neve e gelo e a sua intrigante arquitetura.

Esse castelo demora três semanas para ser construído. Somente depois disso é que as suas portas são abertas ao público. A cada ano, exibe um tema e cenários diferentes. É algo para ver e guardar para sempre na me-mória.

O passeio pelo Ártico segue e conduz a outra experiência inesquecível: uma parada para

19/38

rovaniemi, centro turistico na laponia

um banho em mar aberto. Vestido com trajes térmicos de borracha feitos especialmente para isolar o frio, você agora vai sentir toda a emoção de boiar em um oceano de águas congeladas.

E nada melhor para aquecer do frio do que saborear uma refeição bem quentinha. É o que vem a seguir no almoço a bordo. No final do passeio, você volta para Rovaniemi, onde passa a noite.

De manhã, a viagem segue de ônibus rumo ao norte. O destino é a cidade de Kakslauttanen. No trajeto você vi-sita uma fazenda de criação de renas, onde vai alimentar o animal, andar em um trenó puxado por ele e conhecer o povo sami ou lapão (“saame” em finlandês e “sámi” no idioma sami), de traços similares aos dos esquimós.

A Lapônia se espalha por quatro países – Noruega, Su-écia, Finlândia e Rússia. A área é habitada pelos povos sami. Antigamente, os lapões viviam basicamente da caça e do pastoreio de renas. Hoje, porém, o turismo de-sempenha importante papel na economia local, além da pesca de bacalhau e salmão.

A região atrai muita gente por suas belezas naturais. A Aurora Boreal é uma das mais famosas delas. Após a che-gada a Kakslauttanen e de ter se instalado em um iglu de vidro, você agora vai assistir a esse fantástico fenômeno formado pelo impacto das partículas do vento solar no campo magnético da Terra, um eletrizante show de luzes e cores.

Saída pela manhã para Saariselkä, onde você vai ficar

20/38

Grande salao de gelo em rovaniemi

OÁSIS . viagEM oásis

hospedado em um quarto com sauna privada. Na viagem acontece um stop para você tentar a sorte em uma pesca-ria no lago congelado de Kakslauttanen. A tarde é livre, com possibilidade de fazer um passeio opcional.

Logo cedo dê adeus a Saariselkä. É hora de voltar para Rovaniemi, mas no percurso você vai vivenciar uma expe-riência única: visitar a lúdica aldeia de Papai Noel (www.santaclausvillage.info/eng/main.htm).

Considerada uma das principais atrações natalinas da Finlândia, essa espécie de parque temático abriga di-versas lojas com temas típicos e muitos suvenires para comprar. Mas a maior emoção mesmo é conhecer o bom

21/38OÁSIS . viagEM oásis

velhinho, a casa onde ele vive e o seu escritório, de onde é possível enviar cartões-postais. Retorno ao hotel.

No sexto dia de viagem, a aventura começa com um vi-brante safári de três horas em moto-neve que atravessa rios congelados e bosques cobertos de neve. O destino é uma fazenda de criação de cães de raça Husky. Seus cria-dores explicarão como eles são treinados. Ali, se você qui-ser, pode andar em um trenó puxado por esses cachorros. Regresso a Rovaniemi, com a tarde livre e pernoite em ho-tel. A viagem está chegando ao final e é hora de arrumar as malas. Mas, após o café, você tem ainda um tempinho li-vre para curtir a linda cidade até a hora de fazer o traslado

Passeio em treno puxado por renas, em Kemi

Papai noel mora em rovaniemi

ao aeroporto, onde embarca de volta à sua cidade. Fim do sonho. Momento de voltar à realidade!

Com saídas marcadas para os dias 23 de janeiro e 13 de fevereiro, o roteiro de sete dias inclui os traslados de che-gada e saída em Rovaniemi, seis noites de hospedagem com café da manhã tipo bufê escandinavo e três refei-ções, além de serviço de sauna em todos os hotéis e sauna privada no hotel em Saariselkä.

Também fazem parte do pacote a roupa térmica de in-verno durante toda a estadia na Lapônia, o cruzeiro de

22/38OÁSIS . viagEM oásis

quatro horas no navio quebra-gelo, o safári de três horas em moto-neve e as idas às fazendas de cães e de renas e os passeios de trenó puxado por esses animais, além da visita à aldeia de Papai Noel.

Custa a partir de € 2.683 por pessoa em apartamento du-plo e não inclui a passagem aérea. Informações: Abratour Viagens, www.abratour.com.br, tels. (11) 3034-6355, (11) 3522-3371 e (41) 3079-2797.

Hotel em Kakslauttanen

OÁSIS . viagEM oásis

site traveller, asia

Publicação dá dicas de roteiros zen A agência Teresa Perez Tours acaba de lançar a “The Traveller Bem-Estar” (www.teresaperez.com.br/viagens--tematicas/spa), uma publicação que dá dicas de tendên-cias, viagens e destinos com atividades para quem deseja cuidar do corpo e da mente. Entre os refúgios apresenta-dos na edição está a Ásia, berço da cultura zen, da medi-tação, do reiki e da ioga.

Em um país como a China, por exemplo, o visitante pode interagir com o feng shui, já que muitas construções chi-nesas seguem seus preceitos de equilíbrio e integração com o meio ambiente. Para quem gosta de meditação, a dica é fazer uma imersão espiritual nos templos e monas-térios budistas do Butão, Camboja, Laos e Vietnã.

Por sua vez, as águas termais do Japão são indicadas para quem deseja aliviar o stress, fortalecer o sistema imunológico e rejuvenescer a pele. O país conta com mais de 2.800 casas de banho, muitas delas centenárias. Já os spas submersos abaixo da água do mar das Ilhas Maldivas são ideais para quem busca maior contato com a natureza. Também a Europa, as Américas e a África reservam boas surpresas para quem pretende fazer uma viagem para relaxar.

23/38

24/38OÁSIS . viagEM oásis

Torre Eiffel está ainda mais bonita

O monumento mais visi-tado do mundo, a Torre Eiffel, na capital parisien-se, está com o visual do primeiro andar renovado. Agora, o ambiente é prote-gido por um mirante, tem piso parcial de vidro (ma-terial que também reveste as paredes) e é integrado por um pavilhão comer-cial, espaço para exposi-ções, salão de congressos e acessos para pessoas inca-pacitadas.

A 57 metros de altura, o primeiro andar da torre é o menos visitado. Normal-mente os turistas sobem direto aos pisos superio-res, onde a visão da cidade é deslumbrante. Com a reforma, a Sete, empresa responsável pela exploração da Torre Eiffel, espera que os turistas passem mais tempo nesse andar, um espaço dedicado a uma pausa no final da visita, com serviços e praça de alimentação.

torre Eiffel

Antes da guerra, o país esperava quebrar o recorde no nú-mero de visitantes. Há quase uma década, Israel vive um boom na área de turismo – só no ano passado recebeu 3,6 milhões de estrangeiros. A previsão, porém, não se con-solidou. Ao contrário, durante o conflito, o setor registrou uma queda de 31% no número de visitantes em compara-ção a 2013. Em agosto, a queda chegou a 36%. O número de visitantes nesse mês foi o mais baixo desde fevereiro de 2009.

25/38OÁSIS . viagEM oásis

Panorama de Jerusalem

Guerra em Gaza faz turismo em Israel cair 31%

A guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas, da Palestina, afetou de forma significativa a indústria do turismo isra-elense, causando o cancelamento em massa de reservas em hotéis e enormes prejuízos financeiros. “Nosso desafio é prevenir mais cancelamentos. Já se passou um mês des-de que a guerra acabou, mas ainda há uma imagem entre os turistas de que não é seguro viajar para cá”, diz Oded Grofman, da Associação de Operadores de Turismo de Israel.

Panamá ganha novo museu Desde o dia 2 de outubro, o Panamá tem um novo espa-ço cultural: o Biomuseo, também chamado de Museu da Biodiversidade. A recém-inaugurada atração da cidade foi criada com o objetivo de expor aos visitantes os even-tos geológicos que deram origem ao istmo do Panamá, mostrando como essa faixa de terra emergiu das profun-dezas dos oceanos para conectar a América do Norte com a América do Sul.

26/38

Biomuseu Panama

OÁSIS . viagEM oásis

Para cumprir essa meta, o museu conta com sete galerias interativas. Seu projeto é assinado por Frank Gehry, o mesmo arquiteto que projetou o Guggenheim de Bilbao, no País Basco, Espanha. O Biomuseo fica na Calzada de Amador, próximo da Plaza de las Banderas, na Cidade do Panamá. Abre as sextas, das 9h às 15h; e aos sábados e domingos, das 10h às 17h.

OÁSIS . viagEM oásis 27/38

copa airlines

Copa Airlines terá voos diários partindo de Campinas

Para quem pretende ir visitar o país panamenho, a novidade é que a Copa Airlines já está venden-do bilhetes aéreos entre a Cidade do Panamá e Cam-pinas (SP), aproximando o interior paulista de 62 destinos em 29 países nas Américas do Norte, Cen-tral, do Sul e Caribe.

Os voos diários começam a operar a partir do dia 10 de dezembro, com decola-gem do Aeroporto Internacional de Tocumen (Panamá) às 15h30 e chegada ao Aeroporto de Viracopos, em Cam-pinas, às 0h15. O regresso acontecerá às 1h45, com de-sembarque no aeroporto panamenho às 6h45.

As novas frequências da Copa Airlines serão feitas com aeronaves Boeing 737-800 Next Generation, com capaci-dade para 155 passageiros – 14 na classe executiva e 141 na econômica.

Aeroportos brasileiros têm de reduzir tempo das filas

Desde o dia 13 de outubro, o tempo perdido em filas para desembarques internacionais nos aeroportos brasileiros está com seus dias contados. Isso porque a Comissão Na-cional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero), coor-denada pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), quer que o tempo na fila da Polícia Federal seja de, no máximo, 16 minutos, e na fila da Receita Federal (alfândega), de até

28/38OÁSIS . viagEM oásis

Filas no aeroporto de congonhas

oito minutos.

Hoje, apenas três aeroportos brasileiros cumprem essas me-tas: o Internacional de Guaru-lhos (SP), o Tom Jobim (RJ) e o Salgado Filho de Porto Alegre (RS). Em contrapartida, os ae-roportos de Fortaleza, Manaus e Brasília apresentam a maior demora, com tempo nas filas que pode chegar a meia hora.

Por enquanto, a SAC assegura que não vai aplicar sanções aos aeroportos que não cumprirem a determinação, mas antecipa que avaliará a percepção de melhora e de piora do tempo de espera nas pesquisas de satisfação que realiza trimestralmente.

Site útil para quem quer se hospedar de graça ao redor do mundo

Você quer viajar e conhecer novos países e culturas, mas não dinheiro suficiente para isso? O Worldpackers (www.worldpackers.com) pode te ajudar a conseguir hospeda-gem de graça em qualquer lugar do mundo em troca de algumas horas de trabalho.

O site em inglês faz a ponte entre o viajante e os hostels que têm vagas disponíveis para trabalho voluntário. São diversas opções, desde ser um DJ, organizar festas e

29/38OÁSIS . viagEM oásis

eventos até usar o conhecimento em marketing ou mí-dias digitais para elevar o patamar do hostel na rede. A plataforma tem atualmente 190 hostels cadastrados em 70 países, oferecendo ainda uma lista daqueles que estão com vagas abertas neste momento. Basta você entrar no site, completar seu perfil e se candidatar a alguma delas.

site Worldpackers

Balonismo atrai turistas no Acre

O turismo do Acre vem ga-nhando cada vez mais adep-tos. Não só pelas exóticas belezas naturais do Estado, mas também por oferecer um roteiro diferenciado aos turistas: um voo de balão com duração entre 40 e 60 minutos, com direito a ob-servar as cinematográficas paisagens da Floresta Ama-zônica e os geoglifos, um rico patrimônio arqueológi-co da região.

Descobertas na década de 1970, essas formações no solo em formato geométrico possivelmente foram escul-pidas por populações que ali viveram há mais de mil anos. Hoje existem 391 sítios e 478 geoglifos catalogados na Amazônia. Apesar dos estudos, pouco se sabe sobre o significado dos desenhos e sobre como foram feitos.

De acordo com Rachel Moreira, secretária estadual de Turismo do Acre, o incentivo ao balonismo, prática que vem sendo difundida há cerca de três anos, faz parte da estratégia de divulgação das belezas e riquezas do Estado.

30/38OÁSIS . viagEM oásis

Balonismo no acre

Corumbá realiza evento sobre turismo de fronteira

Entre os dias 21 a 23 de outubro será realizado o “II En-contro de Turismo de Fronteira – Brasil/Bolívia”, em Corumbá (MS). Promovido pela Fundação de Turismo do Pantanal, o evento tem como proposta dar continuidade às tratativas sobre os desafios e as oportunidades relacio-nadas ao desenvolvimento do turismo de fronteira, que incluem o alinhamento de políticas públicas e o fortaleci-

31/38OÁSIS . viagEM oásis

Panorama da cidade pantaneira de corumbá

mento de uma ambiência de ne-gócios integrado.

Segundo a diretora-presidente da Fundação de Turismo do Pantanal, Hélènemarie Dias Fer-nandes, o setor de compras de produtos andinos e importados nessa fronteira vem se consoli-dando como grande atrativo tu-rístico para a região do Pantanal de Corumbá e para as cidades bolivianas de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, gerando oportu-nidades econômicas, com papel relevante na geração de empre-gos e divisas para os países. Em 2013, a fronteira recebeu 210 mil turistas. Em média, eles movi-mentaram R$ 36 milhões no co-mércio fronteiriço da Bolívia (15 minutos do centro de Corumbá).

(*) Correspondência para a seção “Viagem Oá-sis” deverá ser enviada a Fabíola Musarra: [email protected]

32/38

ATIVISMO DEMOCRÁTICOComo atualizar a democracia na era da Internet

PO

LíTIC

A

OÁSIS . PolítiCa

OÁSIS . PolítiCa

epois da frustrante experiencia de passar por partidos políticos tradicionais de seu país, a Argen-tina, Pia Mancini percebeu que a democracia existente estava des-conectada dos seus cidadãos – e que ninguem estava realmente interessado em mudar esse estado de coisas.

D

pia mancini e seus colegas querem atualizar a democracia na argentina e além. através de sua plataforma de celular, de código aberto, eles querem inserir os cidadãos no processo legislativo e lançar candidatos que vão ouvir o que eles dizem

VidEo: tEd – idEas WortH sPrEadinGtraduçao: lEonardo silVarEVisao: ruy loPEs PErEira

33/38

Como resposta, Mancini colaborou ativamen-te para o lançamento do DemocracyOS, uma plataforma digital open-source capacitada para fornecer aos cidadãos argentinos uma imediata conexão com os processos legislati-vos do país. Para promover essa plataforma, ela colaborou tambem na fundação do Par-tido de la Red, o Partido da Rede, uma nova agremiação política reunindo candidatos comprometidos com a regra de legislar ape-nas em concordância com as indicações dadas online pelos eleitores.

O Partido de la Red è apresentado como um “partido do presente, com vistas para o futu-ro, que acredita no uso das ferramentas de hoje – a Internet e outras tecnologias – para mudar radicalmente o atual sistema político.

Pia mancini

Vídeo da palestra de Pia Mancini no TED

34/38OÁSIS . PolítiCa

Tradução integral da palestra de Pia Mancini no TED

Acho que todos concordamos que caminhamos rumo a um novo modelo de Estado e de sociedade, mas não temos a me-nor ideia do que isso significa, ou do que deve significar. Parece que precisamos ter um debate sobre democracia nos nossos dias atuais. Vamos pensar assim: somos cidadãos do século 21, fazendo o melhor que podemos para interagirmos com institui-ções criadas no século 19, baseadas em tecnologia da informa-ção do século 15. Vamos analisar algumas das características desse sistema.

Primeiro, ele é projetado para uma tecnologia da informação que tem mais de 500 anos. O melhor sistema possível que po-deria ser criado para isso é aquele em que a minoria toma de-cisões diariamente em nome da maioria. E essa maioria vota uma vez a cada dois anos.

Em segundo lugar, os custos de participação nesse sistema são incrivelmente altos. É necessário ter uma boa fortuna e influência, ou devotar sua vida inteira à política. É necessário tornar-se membro de partido e, lentamente, começar a subir, até que, talvez um dia, você consiga sentar-se à mesa em que as decisões são tomadas.

Por último, mas não menos importante, a linguagem desse sistema - é incrivelmente enigmática. É feita para juristas, por juristas, e ninguém além deles consegue entendê-la. Então, é um sistema em que podemos escolher nossos dirigentes, mas somos deixados completamente alheios a como esses dirigen-tes tomam suas decisões. Então, numa era em que uma nova tecnologia da informação nos permite participar de forma glo-bal em qualquer debate, nossos obstáculos de informação são totalmente minimizados, e podemos, mais do que nunca, ex-pressar nossos desejos e nossas preocupações.

Nosso sistema político continua o mesmo de 200 anos atrás, e espera-se que fiquemos satisfeitos por sermos simplesmente ouvintes passivos de um monólogo. Então, realmente não é surpresa que esse tipo de sistema pro-duza apenas dois tipos de resultado: silêncio ou barulho. Silêncio no sentido de os cidadãos não se engajarem, simplesmente não querendo participar. Há um senso co-mum, do qual realmente não gosto, que é a ideia de que nós, cidadãos, somos naturalmente apáticos, que evita-mos o engajamento. Mas será que podemos ser culpados por não nos empolgarmos em sair no meio da cidade, no meio de um dia de trabalho, para participar fisicamente de uma sessão pública que não traz mudança alguma?

Com certeza, é inevitável o conflito entre um sistema que não mais representa, nem possui mais qualquer capaci

OÁSIS . PolítiCa 35/38

Tradução integral da palestra de Pia Mancini no TED

dade de diálogo, e cidadãos que estão cada vez mais acostuma-dos a representarem a si mesmos. Então, temos o barulho: Chi-le, Argentina, Brasil, México, Itália, França, Espanha, Estados Unidos, todos são democracias. Seus cidadãos têm acesso às urnas de votação. Mas eles ainda sentem a necessidade de sair às ruas para que sejam ouvidos. Para mim, parece que o slogan do século 18, que foi a base da formação de nossas democracias modernas, “nenhuma tributação sem representação”, hoje pode ser atualizado para “nenhuma representação sem debate”.

Queremos nosso lugar à mesa. E com razão. Mas para sermos parte desse debate, precisamos saber o que fazer em segui-da, porque a ação política é ser capaz de passar da agitação à construção. A minha geração tem se saído incrivelmente bem em usar novas redes e tecnologias para organizar protestos, os quais foram bem-sucedidos na imposição de agendas, na mo-

dificação de legislações extremamente prejudiciais, e até na derrubada de governos autoritários. E devemos estar imensamente orgulhosos disso. Porém, também devemos admitir que não nos saímos bem em usar essas mesmas redes e tecnologias na articulação eficaz de uma alterna-tiva ao que temos visto, encontrando o consenso e cons-truindo as alianças necessárias para fazer isso acontecer. O risco que enfrentamos é que podemos criar enormes vácuos de poder que, com muita rapidez, serão preenchi-dos pelos poderes de fato, como o militar, ou por grupos altamente motivados e já organizados, que geralmente se encontram nos extremos.

As nossas democracias não se resumem a votar uma vez a cada dois anos, mas também não se trata da capacidade de sairmos aos milhões nas ruas. Então, a questão que quero levantar aqui, e realmente acredito que é a mais importante que precisamos responder, é esta: se a inter-net é a nova imprensa, então o que é a democracia para a era da internet? Que instituições queremos criar para a sociedade do século 21? Eu não tenho a resposta, se que-rem saber. Acho que ninguém tem. Mas verdadeiramen-te acredito que não podemos mais ignorar essa questão. Então, gostaria de partilhar nossa experiência e o que aprendemos até aqui e, tomara, contribuir “um pouqui-nho” com esse debate.

Dois anos atrás, com um grupo de amigos, começamos a pensar: “Como podemos fazer com que nossos repre-sentantes, os representantes que elegemos, de fato nos representem?” Marshall McLuhan disse uma vez que po-lítica lida com os problemas de hoje com as ferramentas de ontem. Então, a questão que nos motivou

36/38OÁSIS . PolítiCa

Tradução integral da palestra de Pia Mancini no TED

foi:”Podemos tentar resolver alguns dos problemas de hoje com as ferramentas que usamos todos os dias em nossas vi-das?” Nossa primeira abordagem foi criar e desenvolver um software chamado DemocracyOS.

O DemocracyOS é um aplicativo web, de código aberto, que foi criado para se tornar uma ponte entre cidadãos e seus repre-sentantes eleitos, para facilitar a nossa participação, a partir do nosso cotidiano. Primeiro, você pode se informar, de modo que todo novo projeto que seja apresentado no Congresso seja ime-diatamente traduzido e explicado em linguagem clara e simples nessa plataforma. Mas todos sabemos que a mudança social não virá apenas por termos mais acesso à informação, mas por fazermos algo com ela. Então, um melhor acesso à informação nos levará a um debate sobre o que devemos fazer em segui-da, e o DemocracyOS permite isso. Porque acreditamos que a democracia não se resume a empilhar preferências, uma sobre a outra, mas nosso debate saudável e robusto deve ser, nova-mente, um de seus valores fundamentais.

Então, o DemocracyOS tem a ver com persuadir e ser persua-dido. É chegar a um consenso, bem como encontrar uma forma adequada de canalizar nossas discordâncias. E, por fim, você pode votar sobre como você gostaria que seu representante eleito votasse. E se não se sentir à vontade em votar sobre de-terminado assunto, é possível delegar seu voto a outra pessoa, permitindo uma liderança social dinâmica e emergente.

De repente, ficou muito fácil simplesmente compararmos esses resultados com os dos nossos representantes que estão votan-do no Congresso. Mas também ficou muito evidente que a tec-nologia não vai resolver tudo. O que precisamos fazer foi en-contrar atores que fossem capazes de pegar esse conhecimento

OÁSIS . PolítiCa 37/38

distribuído na sociedade e usá-lo para tomar decisões melhores e mais justas. Então, procuramos os partidos políticos tradicionais e lhes oferecemos o DemocracyOS. Dissemos: “Vejam, com essa plataforma, vocês podem criar um diálogo com seu eleitorado”. E, claro, deu er-rado. Deu muito errado. Fomos postos para “brincar do lado de fora”, como crianças. Entre outras coisas, fomos chamados de ingênuos. E preciso admitir: pensando agora, acho que fomos mesmo, porque os desafios que enfrentamos não são tecnológicos, mas culturais. Os par-tidos políticos nunca quiseram mudar sua forma de to-mar decisões. Então, de repente, ficou meio óbvio que, se quiséssemos avançar com essa ideia, precisaríamos fazer isso nós mesmos. Demos um baita salto de fé e, em agos

Tradução integral da palestra de Pia Mancini no TED

to do ano passado, fundamos nosso próprio partido político, El Partido de la Red, ou “O Partido da Rede”, em Buenos Aires.

Com um salto de fé ainda maior,disputamos as eleições em ou-tubro do ano passado, com a seguinte ideia: se quisermos um assento no Congresso, nosso candidato, nossos representantes sempre votariam de acordo com o que os cidadãos decidissem no DemocracyOS. Para todos os projetos que fossem apresen-tados no Congresso nós votaríamos segundo o que os cidadãos decidissem, numa plataforma virtual. Foi nossa forma de “in-vadir” o sistema político. Compreendemos que, se quiséssemos fazer parte do debate, ter um assento à mesa, tínhamos de nos tornar parte legítima, e a única forma de fazermos isso é jogan-do segundo as regras do sistema. Mas “invadimos” no sentido de que estávamos mudando radicalmente a forma de um par-tido político tomar suas decisões. Pela primeira vez, estávamos

tomando nossas decisões junto àqueles que estávamos afetando diretamente com aquelas decisões. Foi uma mudança muito audaciosa para um partido criado havia dois meses em Buenos Aires. Mas chamou atenção.

Recebemos 22 mil votos, o que equivale a 1,2% dos votos, e ficamos em segundo lugar nas votações locais. Mesmo que não tenha sido o suficiente para ganharmos um as-sento no Congresso, foi o suficiente para que nos tornás-semos parte do debate, de maneira tal que, no próximo mês, o Congresso, enquanto instituição, vai lançar, pela primeira vez na história da Argentina, uma consulta, no DemocracyOS, para discutir com os cidadãos três proje-tos de lei: dois sobre transportes urbanos e um sobre o uso do espaço público.

Claro que nossos representantes eleitos não estão dizen-do: “Sim, vamos votar segundo o que os cidadãos deci-direm”, mas estão dispostos a tentar. Estão dispostos a abrir um novo espaço para a participação dos cidadãos e, tomara, também estarão dispostos a ouvir. Nosso sis-tema político pode ser transformado, não sendo subver-tido, sendo destruído, mas sendo reformulado com as ferramentas que a internet nos proporciona hoje. Mas o verdadeiro desafio é encontrarmos, projetarmos, criar-mos, empoderarmos esses conectores que têm a capa-cidade de inovar, de transformar barulho e silêncio em expressão e, por fim, trazer nossas democracias para o século 21. Não estou dizendo que é fácil, mas, em nossa experiência, apresentamos uma possibilidade de fazer funcionar. E do fundo do coração, acredito que, definiti-vamente, vale a pena tentarmos. Obrigada.

38/38OÁSIS . PolítiCa