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2 PARTE Funcionamento da Língua 311 Frase simples Frase em que existe um único verbo principal ou copulativo. Ex.: A Francisca emprestou-me um livro óptimo. Frase complexa Frase em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo. As frases complexas são frases que contêm mais do que uma oração. Numa frase complexa podemos ter orações coordenadas e/ou subordinantes e subordi- nadas. Exs.: Saí e apanhei o autocarro. Disse que estava muito contente. Oração Unidade sintáctica constituída por um predicado e os elementos que com ele estabelecem relações gramaticais. 3. Articulação entre constituintes e entre frases COORDENAÇÃO Processo sintáctico que consiste na junção de duas ou mais unidades linguísticas com a mesma categoria e/ou função sintáctica. Nota: Além de orações, os constituintes coordenados podem pertencer a qualquer grupo sintáctico (nominal, adjectival, adverbial, verbal ou preposicional). 1. ORAÇÃO COORDENADA Oração contida numa frase complexa, que não mantém uma relação de subordinação sintáctica com a(s) oração(ões) com que se combina. Distingue-se das subordinadas por não poder ser ante- posta. Estas orações podem ser sindéticas (quando existe um elemento de ligação – conjunção ou locu- ção conjuntiva) ou assindéticas (quando são separadas por uma pausa, representada por uma vírgula). Exs.: Todos sabiam, mas ninguém falou. * Mas ninguém falou, todos sabiam. [Frase agramatical] Todos sabiam, ninguém falou. 1.1. Coordenada copulativa Estabelece uma relação de adição com a(s) oração(ões) com que se combina. Ex.: Estou cansado e vou descansar. 1.2. Coordenada adversativa Transmite uma ideia de contraste, de oposição, relativamente à ideia expressa na frase ou oração com que se combina. Ex.: Estou cansado, mas vou continuar. 1.3. Coordenada disjuntiva Exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oração com que se combina. Ex.: Ou descanso ou não posso continuar. 1.4. Coordenada conclusiva Transmite uma ideia de conclusão decorrente da ideia expressa na frase ou oração com que se combina. Ex.: Estou cansado, logo não posso continuar. 1.5. Coordenada explicativa Apresenta uma justificação ou explicação relativa à frase ou oração com que se combina. Ex.: A Maria está com febre, pois apanhou muito frio. EXP10EPI © Porto Editora

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Frase simples Frase em que existe um único verbo principal ou copulativo.

Ex.: A Francisca emprestou-me um livro óptimo.

Frase complexa Frase em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo. As frasescomplexas são frases que contêm mais do que uma oração. Numa frasecomplexa podemos ter orações coordenadas e/ou subordinantes e subordi-nadas.

Exs.: Saí e apanhei o autocarro.Disse que estava muito contente.

Oração Unidade sintáctica constituída por um predicado e os elementos que comele estabelecem relações gramaticais.

3. Articulação entre constituintes e entre frases

COORDENAÇÃOProcesso sintáctico que consiste na junção de duas ou mais unidades linguísticas com a mesma

categoria e/ou função sintáctica.

Nota: Além de orações, os constituintes coordenados podem pertencer a qualquer grupo sintáctico (nominal, adjectival,adverbial, verbal ou preposicional).

1. ORAÇÃO COORDENADA

Oração contida numa frase complexa, que não mantém uma relação de subordinação sintácticacom a(s) oração(ões) com que se combina. Distingue-se das subordinadas por não poder ser ante-posta. Estas orações podem ser sindéticas (quando existe um elemento de ligação – conjunção ou locu-ção conjuntiva) ou assindéticas (quando são separadas por uma pausa, representada por uma vírgula).

Exs.: Todos sabiam, mas ninguém falou.*Mas ninguém falou, todos sabiam. [Frase agramatical]Todos sabiam, ninguém falou.

1.1. Coordenadacopulativa

Estabelece uma relação de adição com a(s) oração(ões) com que se combina.

Ex.: Estou cansado e vou descansar.

1.2. Coordenadaadversativa

Transmite uma ideia de contraste, de oposição, relativamente à ideiaexpressa na frase ou oração com que se combina.

Ex.: Estou cansado, mas vou continuar.

1.3. Coordenadadisjuntiva

Exprime um valor de alternativa face ao que é expresso pela oração com quese combina.

Ex.: Ou descanso ou não posso continuar.

1.4. Coordenadaconclusiva

Transmite uma ideia de conclusão decorrente da ideia expressa na frase ouoração com que se combina.

Ex.: Estou cansado, logo não posso continuar.

1.5. Coordenadaexplicativa

Apresenta uma justificação ou explicação relativa à frase ou oração com quese combina.

Ex.: A Maria está com febre, pois apanhou muito frio.EX

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SUBORDINAÇÃOProcesso sintáctico que consiste na junção de duas ou mais unidades linguísticas numa relação

de dependência hierárquica entre oração subordinante e oração subordinada.

1. SUBORDINANTE

Palavra, constituinte ou frase de que depende uma oração subordinada.

Exs.: A minha irmã prometeu que me ia oferecer um CD.(Elemento subordinante: a forma verbal prometeu)

A possibilidade de chegares ainda hoje agrada-me. (Elemento subordinante: o nome possibilidade)

Quando chegar a hora, eu digo-te.(Elemento subordinante: a oração subordinante eu digo-te)

2. ORAÇÃO SUBORDINADA

Oração contida numa frase complexa, que desempenha uma função sintáctica na frase em que seencontra, estando dependente de uma oração ou elemento subordinante.

Nota: As orações subordinadas finitas ou não finitas denominam-se desta forma conforme apresentam o verbo numaforma finita ou não finita (infinitivo, gerúndio, particípio passado), respectivamente.

2.1. Oraçãosubordinadasubstantiva

Desempenha a função sintáctica de sujeito ou complemento de um verbo,nome ou adjectivo.

Completiva É sujeito ou complemento de um verbo, nome ou adjectivo,podendo ser introduzida pelas conjunções subordinativas com-pletivas que, se e para.

Exs.: A Sofia disse que nada sabia sobre rios.

Não finitas infinitivas O Luís pediu para sair. Afirmou adorar a banda daquela noite.

Relativa Introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem ante-cedente, como quem, o que, onde, quanto.

Exs.: Quem espera sempre alcança.Leio livros onde os encontro.

Não finita infinitiva Esta noite, não tenho onde dormir.

2.2. Oraçãosubordinadaadjectiva

Desempenha uma função sintáctica própria de um adjectivo.

Relativa restritiva

Introduzida por um pronome relativo, tem a função de restringira informação dada sobre o antecedente, ou seja, de identificar aparte do domínio denotado pelo antecedente.

Ex.: Os versos que ele escreveu são belíssimos.

Relativaexplicativa

Introduzida por um pronome relativo, contribui com informaçãoadicional sobre o antecedente.

Ex.: A literatura, que é imortal, encanta os leitores.

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3132.3. Oração

subordinadaadverbial

Desempenha a função sintáctica de modificador da frase ou do grupo verbal.

Causal Exprime a razão, o motivo (a causa) do evento descrito na subordi-nante.

Exs.: Gostamos deste lugar porque é calmo.

Não finita infinitiva Gostamos deste lugar por ser calmo.participial Encontrado este lugar, ficámos a adorá-lo.gerundiva Entrando aqui, nunca mais se esquece.

Comparativa Contém o segundo elemento de uma comparação que se estabe-lece em relação a uma situação apresentada na subordinante.

Exs.: Está tudo como eu queria.

Não finita infinitiva Aprecio mais ouvir música do que ver televisão.gerundiva Suas mãos abriam-se, como pedindo algo.

Concessiva Transmite uma ideia de contraste relativamente ao que é apre-sentado na subordinante.

Exs.: Não conseguia sair, embora fosse essa a sua vontade.

Não finita infinitiva Apesar de ser essa a sua vontade, não conseguia sair.participial Apesar de determinada, não conseguia sair.gerundiva Mesmo sendo essa a sua vontade, não conseguia sair.

Condicional Exprime a condição em que se verifica o facto expresso nasubordinante.

Exs.: Se dormisses mais tempo, estarias melhor.

Não finita infinitiva A pensar assim, deve ter alguns problemas.participial Dito isso, ninguém acreditará em ti.gerundiva Afirmando isso, ninguém acreditará em ti.

Consecutiva Exprime a consequência de um facto apresentado na subordi-nante.

Exs.: O dia estava tão frio que não saí de casa.

Não finita infinitiva Estava frio a ponto de a água do rio gelar.

Final Exprime a intenção (finalidade) da realização da situação des-crita na subordinante.

Exs.: Escrevi a carta para que tudo ficasse esclarecido.

Não finita infinitiva Escrevi a carta para tudo ficar esclarecido.

Temporal Estabelece a referência temporal em relação à qual a subordi-nante é interpretada.

Exs.: Quando leres o livro, empresta-mo.

Não finita infinitiva Até leres o livro não devias distrair-te.participial Uma vez lido o livro, já poderei ouvir música.gerundiva Lendo este artigo, começo a fazer o trabalho.

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