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12ª Edição revista atualizada ampliada Agora com NOVO FORMATO Para uma leitura mais confortável FREDERICO AMADO Curso de Direito e Processo PREVIDENCIÁRIO 2020

FREDERICO AMADO€¦ · pregado conserva a qualidade de segurado mesmo sem contribuir e, por certo, o seguro-desemprego é pago dentro do período de graça. É plenamente possível

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12ª Edição

revistaatualizadaampliada

Agora com NOVO FORMATOPara uma leitura mais confortável

FREDERICO AMADO

Curso de Direito e Processo

PREVIDENCIÁRIO

2020

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3Segurados, filiação

e inscrição

Sumário • 1. Introdução – 2. Segurados obrigatórios: 2.1. Segurado empregado; 2.2. Segurado empregado do-méstico; 2.3. Segurado trabalhador avulso; 2.4. Segurado especial; 2.5. Segurado contribuinte individual – 3. Segurados facultativos – 4. Filiação – 5. Inscrição.

1. INTRODUÇÃONo âmbito do RGPS, estão cobertos pelo sis-

tema os segurados obrigatórios e os facultativos, formando dois grandes grupos de filiados, bem como as pessoas que se enquadrem como os seus dependentes.

Por óbvio, apenas poderão se filiar como segu-rados obrigatórios as pessoas naturais, inexistindo possibilidade jurígena de uma pessoa jurídica ser segurada do Regime Geral de Previdência Social.

De efeito, no grupo dos segurados obriga-tórios, em regra, se enquadram as pessoas que exercem atividade laboral remunerada no Brasil, exceto os servidores públicos efetivos e militares já vinculados a Regime Próprio de Previdência So-cial, instituído pela entidade política que se encon-trem vinculados.

Caso o servidor ou o militar venham a exer-cer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência So-cial, tornar-se-ão segurados obrigatórios em rela-ção a essas atividades.

Logo, é possível que o servidor público efetivo que desenvolva uma atividade laborativa remune-rada paralela ao serviço público seja abarcado si-multaneamente pelo RPPS e RGPS, podendo rece-ber nesta hipótese duas aposentadorias, observado o teto do funcionalismo público federal, a teor do artigo 40, §11, da Constituição Federal1.

1. § 11 – Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proven-tos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujei-tas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remu-neração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em

Esse grupo engloba cinco categorias de segu-rados que obrigatoriamente terão que se filiar ao sistema: empregado, empregado doméstico, tra-balhador avulso, segurado especial e contribuinte individual.

Por força da MP 905/2019, o beneficiário do seguro-desemprego foi colocado como segurado obrigatório do RGPS, pois o benefício passou a compor o salário de contribuição, sofrendo a inci-dência de contribuição previdenciária, a partir da competência março do ano de 2020.

Trata-se de regra desnecessária, pois se sabe que dentro do período de graça o segurado desem-pregado conserva a qualidade de segurado mesmo sem contribuir e, por certo, o seguro-desemprego é pago dentro do período de graça.

É plenamente possível que uma pessoa seja filiada em mais de uma categoria na hipótese de desenvolvimento de atividades laborais concomi-tantes, a exemplo do segurado que mantém um vínculo empregatício (será filiado na condição de segurado empregado) e que nos fins de semana vende sorvete por conta própria em estádios de futebol (será filiado na condição de contribuinte individual).

Destaque-se que o dirigente sindical manterá, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no Regime Geral de Previdência Social de antes da sua investidura.

Por sua vez, as pessoas que não desenvolvam atividade laborativa no Brasil poderão se filiar na condição de segurados facultativos da previdência

comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.

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CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

social, em atendimento ao Princípio da Universa-lidade de Cobertura, a exemplo do estagiário e da dona de casa.

Deveras, o estágio é ato educativo escolar su-pervisionado, desenvolvido no ambiente de tra-balho, que visa à preparação para o trabalho pro-dutivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação supe-rior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fun-damental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos, nos termos do artigo 1º, da Lei 11.788/2008.

2. SEGURADOS OBRIGATÓRIOSOs segurados obrigatórios do RGPS estão lista-

dos no artigo 12, da Lei 8.212/91, sendo repetidos no artigo 11, da Lei 8.213/91, com regulamentação no artigo 9º, do Decreto 3.048/99 e nos artigos 2º usque 57, da Instrução Normativa INSS PRES 77, de 21.01.2015, passando a ser estudados separada-mente nos itens seguintes.

Vale salientar que a regra é a adoção do Prin-cípio da Territorialidade da Filiação, ou seja, quem exercer atividade laborativa remunerada no território do Brasil e não for servidor público efe-tivo ou militar vinculado a RPPS, será segurado obrigatório do RGPS.

Contudo, há hipóteses legais que serão vistas em que pessoas que trabalham no Brasil não serão seguradas do RGPS, bem como existirão segurados obrigatórios do RGPS trabalhando fora do país.

Vale frisar que a caracterização do trabalho como urbano ou rural, para fins previdenciários, depende da natureza das atividades efetivamente prestadas pelo empregado ou contribuinte indivi-dual e não do meio em que se inserem2, sendo ple-namente possível o desenvolvimento do trabalho rural nas cidades e vice-versa.

Nesse sentido também é a linha de decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “a

2. Artigo 7º, inciso IV, da Instrução Normativa INSS 77/2015.

caracterização do trabalho como urbano ou rural depende da natureza das atividades efetivamente prestadas e não do meio em que se inserem”3.

Existem determinadas atividades profissionais que realmente geram dúvidas sobre a sua natureza urbana ou rural, a exemplo do tratorista, do mo-tosserrista e do administrador de fazenda, con-siderados trabalhadores urbanos pela autarquia previdenciária4.

Entretanto, este tema é extremamente polê-mico e nem sempre a posição do INSS é admitida pela jurisprudência. O Superior Tribunal de Justi-ça, por exemplo, possui precedentes que inserem os tratoristas na condição de trabalhadores rurais, a exemplo da decisão tomada no Recurso Especial 591.370, de 03/06/2004:

“No que se refere à comprovação da atividade rurí-cola do autor, além dos depoimentos testemunhais, a Certidão de Casamento, acostada à fls. 08 dos autos, que declara sua profissão de tratorista e as anotações em sua CTPS comprovam seu trabalho em empresas agropecuárias no cargo de tratorista e serviços gerais da fazenda, o que constitui um início razoável de prova material para comprovação do exercício da atividade laborativa rural”.

Já o TRF da 1ª Região aderiu ao posiciona-mento do INSS, no julgamento da Apelação Cível 2006.01.99.044305-6, de 16.06.2011, ao considerar o motosserrista como trabalhador urbano:

“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RU-RAL. AUSÊNCIA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. PENSÃO INDEVIDA. 1. Na hipó-tese, inexiste qualquer documento relativo à pessoa

3. Passagem do julgamento da AC 9604330870, de 25.11.1997.4. Art. 31. O segurado, ainda que tenha trabalhado para emprega-

dor rural ou para empresa prestadora de serviço rural, no perío-do anterior ou posterior à vigência da Lei nº 8.213, de 1991, será considerado como filiado ao regime urbano como empregado ou contribuinte individual, conforme o caso, quando enquadrado, dentre outras, nas seguintes categorias: I – carpinteiro, pintor, dati-lógrafo, cozinheiro, doméstico e toda atividade que não se caracteriza como rural; II – motorista, com habilitação profissional, e tratorista; III – empregado do setor agrário específico de empresas industriais ou comerciais, assim entendido o trabalhador que presta serviços ao setor agrícola ou pecuário, desde que tal setor se destine, conforme o caso, à produção de matéria-prima utilizada pelas empresas agroindustriais ou à produção de bens que constituíssem objeto de comércio por parte das agrocomerciais, que, pelo menos, desde 25 de maio de 1971, vigên-cia da Lei Complementar nº 11, de 25 de maio de 1971, vinha sofrendo desconto de contribuições para o ex-Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, ainda que a empresa não as tenha recolhido; IV – empre-gado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que presta serviço, indistintamente, ao setor agrário e ao setor industrial ou comercial; V – motosserrista; VI – veterinário, administrador e todo empregado de nível universitário; VII – empregado que presta serviço em loja ou escri-tório; e VIII – administrador de fazenda, exceto se demonstrado que as anotações profissionais não correspondem às atividades efetivamente exercidas.

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Cap. 3 • SEGURADOS, FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO

do suposto instituidor conferindo-lhe a qualificação de lavrador. Eventualmente poder-se-ia considerar o fato de que a família é titular de uma propriedade ru-ral (f ls. 15 e ss.). Todavia, os documentos alusivos ao falecido, além de não ajudarem, labutam contra. Com efeito, consoante observou o douto juízo primevo, mesmo a certidão de óbito o qualifica como “mo-tosserrista”, sendo que a narrativa do boletim de ocorrência indica que a morte deu-se durante o car-regamento de toras de madeira em um caminhão. 2. Ausente início de prova material idôneo a com-provar a qualidade de trabalhador rural, a produção de prova exclusivamente testemunhal é insuficiente à comprovação da atividade rurícola para efeito da obtenção de benefício previdenciário, nos termos das Súmulas 149 do STJ e 27 deste Tribunal 3. Apelação da autora desprovida”.

Com relação ao administrador de fazenda, a natureza da sua atividade também gera polêmica na jurisprudência, existindo decisões que o consi-dera como trabalhador urbano e outras como tra-balhador rural, inclusive com divergência dentro do mesmo Tribunal:

“PREVIDÊNCIA SOCIAL. APOSENTADORIA RU-RAL POR IDADE. AUSENTES OS REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA IMPROVIDA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA.- Restou demonstra-do o preenchimento do requisito etário.- Colacionada aos autos certidão de casamento, cuja profissão decla-rada à época pelo cônjuge foi a de lavrador.- O conjun-to probatório produzido demonstrou que o marido abandonou a profissão de trabalhador rural para ocupar o cargo de administrador de fazendas. Im-possibilidade de extensão da profissão de rurícola à demandante.- Ausência de comprovação de labor no meio rural, nos termos do art. 143 da Lei 8.213/91.- Re-curso da parte autora improvido” (TRF 3ª Região, 9ª Turma, APELAÇÃO CÍVEL 929.239, de 1403.2011).“PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRA-VO LEGAL (ART. 557, § 1º, DO CPC). REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JÁ DECIDIDA. IMPOSSIBILIDADE. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ATIVIDA-DE RURAL COMPROVADA. DECISÃO AGRAVA-DA MANTIDA. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. 1. O agravo previsto no art. 557, § 1º, do Código de Processo Civil tem o propósito de sub-meter ao órgão colegiado o controle da extensão dos poderes do relator, bem como a legalidade da decisão monocrática proferida, não se prestando à rediscussão de matéria já decidida. 2. Inexistente qualquer ilega-lidade ou abuso de poder na decisão questionada que justifique a sua reforma. 3. O empregado que presta seus serviços no campo como administrador de fa-zenda é, nos termos do art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.889/73, trabalhador rural. 3. Agravo legal desprovido” (TRF 3ª Região, 8ª Turma, APELAÇÃO CÍVEL 1.508.870, de 02.08.2010).

Por tudo isso, cada situação fronteiriça deve ser analisada com cautela e bom senso, mesmo porque

a Lei 5.889/73, que estatui normas reguladoras do trabalho rural no Brasil, não define nem especifica o rol de trabalhadores rurais.

Saliente-se que os magistrados classistas tem-porários da Justiça do Trabalho (a partir da Emen-da 24/1999 este cargo foi extinto, preservando-se apenas os mandatos em vigor) e os magistrados da Justiça Eleitoral, serão aposentados, a partir de 14 de outubro de 1996, data da publicação da MP nº 1.523, de 1996, convertida na Lei nº 9.528, de 1997, de acordo com as normas estabelecidas pela legislação do regime previdenciário a que es-tavam submetidos, antes da investidura, mantida a referida vinculação previdenciária durante o exercício do mandato.

Conforme será visto, o trabalhador rural na ativa poderá se filiar ao RGPS na condição de se-gurado empregado, trabalhador avulso, segurado especial ou contribuinte individual, a depender da sua situação jurídico-laboral.

2.1. Segurado empregado

A legislação previdenciária enumera as hipó-teses de enquadramento de um trabalhador como segurado empregado da previdência social, ressal-tando que é uma categoria de segurados mais ex-tensa do que os abarcados pela definição de relação de emprego fornecida pela legislação trabalhista, que exige remuneração, pessoalidade, subordina-ção e habitualidade para a configuração do víncu-lo de emprego.

Serão analisados os casos de enquadramento das pessoas físicas como segurados empregados, à luz do artigo 12, inciso I, da Lei 8.212/91, bem co-mo do artigo 9º, I, do RPS (Decreto 3.048/99):

“a) aquele que presta serviço de natureza ur-bana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e median-te remuneração, inclusive como diretor empregado;”

É conceito similar ao do artigo 3º, da CLT5, ou seja, exige-se a remuneração, a habitualidade, a pessoalidade e a subordinação para a configu-ração do vínculo empregatício, inclusive o diretor empregado.

5. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de na-tureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e median-te salário.

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Com o veto parcial na Lei 11.457/2007, o víncu-lo empregatício continua podendo ser considerado pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil, independentemente de reconhecimento da Justiça do Trabalho.

O menor aprendiz é enquadrado como se-gurado empregado, sendo definido o contrato de aprendizagem como o contrato de trabalho espe-cial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze6 e menor de vinte e quatro anos7, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compa-tível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação, pelo prazo máximo de dois anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência8, ao qual não se aplica o limite máximo de idade9.

Da mesma forma, a jurisprudência dominan-te entende que o aluno-aprendiz será considerado como segurado empregado, desde que perceba re-muneração, mesmo que indireta (valores recebidos a título de alimentação, fardamento, material esco-lar e parcela de renda auferida com a execução de encomendas para terceiros, entre outros), confor-me estatuído na Súmula 18 da TNU:

“Súmula 18 – Provado que o aluno aprendiz de Esco-la Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de apo-sentadoria previdenciária”.

Seguindo esse posicionamento, a Advocacia--Geral da União editou em 2008 a Súmula 24:

“Súmula 24 – É permitida a contagem, como tempo de contribuição, do tempo exercido na condição de aluno--aprendiz referente ao período de aprendizado profis-sional realizado em escolas técnicas, desde que com-provada a remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo empregatício”.

No mesmo sentido o STF, a exemplo do julga-mento do MS 28.399-AgR, de 22.05.2012:

“AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGU-RANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO COMO

6. Entre a data de promulgação da Constituição de 1988 e a Emenda 20/1998, a idade mínima do aprendiz era de 12 anos.

7. A idade máxima era de 18 anos de idade, tendo sido majorada para 24 anos pela Lei 11.180/2005.

8. Artigo 428 da CLT.9. Artigo 6º, II, da Instrução Normativa RFB 971/2009.

ALUNO-APRENDIZ EM ESCOLA TÉCNICA. CÔMPUTO PARA APOSENTADORIA. LEGALI-DADE. MUDANÇA DE ORIENTAÇÃO DA CORTE DE CONTAS QUANTO AOS REQUISITOS EXIGI-DOS, APÓS A CONCESSÃO DA APOSENTADO-RIA. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I – A jurisprudência do Supremo Tri-bunal Federal consolidou-se, em casos idênticos ao que ora se analisa, pela legalidade do cômputo do tempo prestado como aluno-aprendiz para fins de aposentadoria. II – A nova interpretação da Súmu-la 96 do TCU, firmada no Acórdão 2.024/2005, não pode ser aplicada à aposentadoria concedida anterior-mente. III – Agravo regimental improvido”.

Entretanto, esse cômputo limitar-se-á até o dia 16 de dezembro de 1998, pois com o advento da Emenda 20/1998 o tempo de serviço foi substitu-ído pelo tempo de contribuição, conforme enten-dimento administrativo da Previdência Social10, valendo destacar que esse limitador não encontra arrimo jurisprudencial.

São considerados administrativamente pela Previdência Social como tempo de serviço/contri-buição na condição de aluno aprendiz nos termos do artigo 76 da IN INSS 77/2015:

I - os períodos de frequência às aulas dos aprendizes matriculados em escolas profissionais mantidas por empresas ferroviárias; II - o tempo de aprendizado profissional realizado como aluno aprendiz, em escolas industriais ou técni-cas, com base no Decreto-Lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942 (Lei Orgânica do Ensino Industrial), a saber: a) período de frequência em escolas técnicas ou in-dustriais mantidas por empresas de iniciativa privada, desde que reconhecidas e dirigidas a seus empregados aprendizes, bem como o realizado com base no De-creto nº 31.546, de 6 de outubro de 1952, em curso do Serviço Nacional da Indústria – SENAI, ou Serviço Na-cional do Comércio – SENAC, ou instituições por eles reconhecidas, para formação profissional metódica de ofício ou ocupação do trabalhador menor; eb) período de frequência em cursos de aprendizagem ministrados pelos empregadores a seus empregados em escolas próprias para essa finalidade ou em qualquer estabelecimento de ensino industrial; III - os períodos de frequência em escolas industriais ou técnicas, inclusive escolas e colégios agrícolas, da rede de ensino federal, escolas equiparadas ou reco-nhecidas, desde que tenha havido retribuição pecuniá-ria à conta do orçamento respectivo do Ente Federati-vo, ainda que fornecida de maneira indireta ao aluno, observando que: (Nova redação dada pela IN INSS/PRES nº 85, de 18/02/2016)a) só poderão funcionar sob a denominação de esco-la industrial ou escola técnica os estabelecimentos de ensino industrial ou técnico mantidos pela União e os

10. Artigo 76, da Instrução Normativa INSS 77/2015

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Título V

Dos crimes contra a Seguridade Social

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Principais delitos

Sumário • 1. Apropriação indébita previdenciária – 2. Sonegação de contribuição previdenciária – 3. Falsificação ou alteração de documento público contra a Previdência Social – 4. Estelionato previdenciário – 5. Crimes praticados contra as pessoas com deficiência.

Objetiva este Capítulo analisar o conteúdo dos principais crimes praticados contra a Previdên-cia Social ou mesmo outras áreas da seguridade social, sendo selecionados os delitos de apropria-ção indébita previdenciária, sonegação de contri-buição previdenciária, falsificação de documento público contra a Previdência Social e estelionato previdenciário.

Não se buscou apenas analisar a sua tipicida-de, mas também adentrar em questões de índole processual, assim como abordar a posição juris-prudencial dominante sobre os temas, com ênfase natural nas decisões do STF e do STJ.

1. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-portância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a tercei-ros ou arrecadada do público;II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos re-lativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;III – pagar benefício devido a segurado, quando as res-pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-mente, declara, confessa e efetua o pagamento das con-tribuições, importâncias ou valores e presta as informa-ções devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-car somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ouII – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ-dência social, administrativamente, como sendo o míni-mo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.§ 4º A faculdade prevista no § 3º deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo

valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele es-tabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)

Trata-se de delito trasladado ao Código Penal por intermédio da Lei 9.983/2000, antes previs-to no artigo 95, “d”, da Lei 8.212/91, podendo ser classificado como de ação múltipla alternativa, pois existem vários núcleos do tipo, considerando a norma de equiparação do §1º, sendo realizada a tipicidade com qualquer um deles.

De efeito, com o advento da Lei 9.983/00, não se operou a abolitio criminis, conforme entendi-mento pacificado pelo STF:

STF, HC 84.021, de 20.04.2006. – “O crime de apro-priação indébita contra a Previdência Social continua tipificado no ordenamento positivo, nos termos do art. 168-A do Código Penal, não obstante a derrogação do art. 95, "d", da Lei nº 8.212/91. A superveniência da Lei nº 9.983/2000 (art. 3º) não implicou alteração na des-crição normativa da conduta anteriormente incri-minada, pois o art. 3º da referida Lei nº 9.983/2000, longe de provocar a descaracterização típica do com-portamento delituoso, "apenas transmudou a base le-gal de imputação para o Código Penal, continuando sua natureza especial em relação à apropriação indé-bita simples, prevista no art. 168 do CP".

Deveras, com o advento do novo regramento, que atende ao Princípio da Reserva do Código, apenas houve uma redução da pena máxima de 06 para 05 anos, que deverá retroagir, pois favorável ao réu (novatio legis in mellius).

O tipo abarca as condutas dos responsáveis tri-butários que fazem o desconto das contribuições previdenciárias dos segurados que lhe são vincu-lados, mas não repassa os valores à Previdência Social ou o faz sem observar o prazo legal, a exem-plo o empregador que desconta a contribuição pre-videnciária do seu empregado, mas não transfere a quantia à União, até o dia 20 do mês subsequente ao da competência, além de outras hipóteses similares previstas no artigo 30, I, da Lei 8.212/91.

Outrossim, o tipo engloba a conduta dos agentes de instituições financeiras que recebem as referidas contribuições previdenciárias e não fazem o citado repasse.

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Também realiza o tipo a pessoa física que não paga benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela Previdência Social, o que poderá ocorrer com o salário-família e o salário-maternidade, na forma do artigo 255, do RPS, pagos pelas empresas e reembolsados poste-riormente pela União, através da compensação no pagamento das contribuições previdenciárias pa-tronais devidas.

Fechando o tipo por equiparação, também co-meterão este crime às pessoas físicas que deixarem de recolher contribuições devidas à previdência so-cial e que tenham integrado nas despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à pres-tação de serviços também consumarão este delito.

Conquanto se cuide de delito omissivo, a figura do caput necessariamente pressupõe conduta comissiva, consistente no desconto de contribuições previdenciárias por parte do res-ponsável tributário sobre a remuneração do se-gurado contribuinte.

Assim sendo, caso a empresa não efetue o des-conto da contribuição previdenciária do segurado empregado, avulso ou contribuinte individual que lhe preste serviço, não se consumará este delito.

Como as pessoas jurídicas não poderão ser responsabilizadas penalmente – exceto nos crimes ambientais – deverão responder as pessoas físicas que praticaram os atos configurados como apro-priação indébita previdenciária, concorrendo para a sua prática, diretamente ou na condição de do-minador do fato.

Logo, não basta ser sócio ou administrador do ente moral para ser autor deste crime. É impres-cindível que haja a conduta omissiva dolosa, sob pena de inépcia da denúncia, que deverá descrever os fatos delituosos, não podendo apenas tentar res-ponsabilizar uma pessoa por ser sócio ou gestor da pessoa jurídica.

Não é outra a atual posição do STF:

STF, HC 93.683, de 24.04.2008. “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal evoluiu no sentido de que a descrição genérica da conduta nos crimes so-cietários viola o princípio da ampla defesa. É inepta a denúncia pela prática do crime de apropriação in-débita previdenciária quando fundada tão-somente na circunstância de o paciente constar do quadro societário da empresa. É necessário o mínimo de indi-vidualização da conduta e a indicação do nexo de cau-salidade entre esta e o delito de que se trata, sem o que fica impossibilitado o exercício da ampla defesa”.

Destaque-se que se cuida de crime próprio, pois apenas poderá ser cometido pelos represen-tantes legais das empresas e entidades equiparadas, bem como pelos agentes das instituições financei-ras responsáveis pelo repasse ao Erário das contri-buições previdenciárias arrecadadas.

É controverso se este tipo alcança as contri-buições descontadas e não repassadas aos Regimes Próprios de Previdência Social, pois a Previdência Social tem um significado amplo (todos os regi-mes) e restrito (apenas o Regime Geral de Previ-dência Social).

Entende-se que sim. Os Regimes Próprios de Previdência Social também são protegidos por es-te tipo criminal, pois integrantes da Previdência Social. Aliás, é possível ir além, podendo-se sus-tentar que a tutela penal também abarca a apro-priação indébita de contribuições previdenciárias no regime de previdência privada, no que couber, regulado pelo artigo 202, da Constituição Federal, que integra a Seção II (Da Previdência Social), do Capítulo II (Da Seguridade Social), do Título VIII (Da Ordem Social).

O crime será apurável via ação penal pública incondicionada, sendo de competência da Justi-ça Federal, por força do artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, pois atenta contra bens, ser-viços e interesses da União.

Há polêmica a respeito da natureza jurídica deste crime. Há precedente do Plenário do STF que o classifica como crime omissivo material, ou seja, demanda resultado naturalístico para a sua consumação, o que gerou uma mudança de paradigma sobre o tema:

AGRAVO REGIMENTAL NO INQUÉRITO 2.537, de 12.06.2008. “APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVI-DENCIÁRIA – CRIME – ESPÉCIE. A apropriação indébita disciplinada no artigo 168-A do Código Penal consubstancia crime omissivo material e não simplesmente formal. INQUÉRITO – SONEGAÇÃO FISCAL – PROCESSO ADMINISTRATIVO. Estando em curso processo administrativo mediante o qual questionada a exigibilidade do tributo, ficam afastadas a persecução criminal e – ante o princípio da não-con-tradição, o princípio da razão suficiente – a manuten-ção de inquérito, ainda que sobrestado”.

Nesse julgado, pontificou o Ministro Marco Aurélio em seu voto vencedor que, “[...] a denomi-nada apropriação indébita previdenciária não con-substancia crime formal, mas omissivo material. A leitura do artigo 168-A do Código Penal revela que se tem como elemento da prática delituosa deixar

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PRINCIPAIS DELITOS

de repassar contribuições previdenciárias. Indis-pensável, portanto, a apropriação de valores, com inversão da posse respectiva [...]”

Para o entendimento tradicional do STJ, cuida--se de delito omissivo próprio ou puro, pois inde-pende da realização de resultado naturalístico para a sua consumação:

“PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPE-CIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁ-RIA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 619 DO CPP. AUSÊNCIA DE PROVAS PARA CONDENAÇÃO NO MONTANTE AUFERIDO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DOLO GENÉRICO. ALEGAÇÃO DE DIFICULDADES FINANCEIRAS. ÔNUS PRO-BATÓRIO DA DEFESA. CONTINUIDADE DELITI-VA. AUMENTO JUSTIFICADO PELO NÚMERO DE INFRAÇÕES COMETIDAS. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Não existe violação ao art. 619 do CPP quando o Tri-bunal de origem pronuncia-se de forma clara e preci-sa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a decisão. 2. A alegação de ausência de prova para a condenação no montante de R$ 46.582,72 exige a incursão no contexto fático-probatório dos autos, defesa em sede de recur-so especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. O crime de apropriação indébita previdenciária tem sido en-tendido como crime omissivo próprio (ou omissivo puro), isto é, aquele em que não se exige necessaria-mente nenhum resultado naturalístico, esgotando-se o tipo subjetivo apenas na transgressão da norma incriminadora, no dolo genérico, sem necessidade de comprovação do fim especial de agir, ou dolo especí-fico, consistente na vontade livre e consciente de ter a coisa para si (animus rem sibi habendi). 4. A impos-sibilidade de repasse das contribuições previdenciárias em decorrência de crise financeira da empresa consti-tui, em tese, causa supralegal de exclusão da culpabili-dade – inexigibilidade de conduta diversa –, e, para que reste configurada, é necessário que o julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos concretos revelados nos autos, não bastando para tal a referência a meros indícios de insolvência da sociedade. 5. No cri-me continuado é indispensável que o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratique duas ou mais condutas delituosas da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e ou-tras semelhantes. O aumento da pena pela continuida-de delitiva se faz, basicamente, quanto ao art. 71, caput do Código Penal, por força do número de infrações praticadas. 6. Recurso especial parcialmente conheci-do e improvido (REsp 1.113.735, de 02.03.2010).

Recentemente, identificou-se precedente da 5ª Turma do STJ, que seguiu o STF e passou a consi-derá-lo como crime omissivo material:

“HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (ART. 168-A DO CPB). CRIME OMISSIVO MATERIAL. DÉBITO EM DISCUSSÃO NO INSS. APLICAÇÃO DO ART. 83 DA LEI 9.430/96.

DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. CON-DIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE. AÇÃO PE-NAL INICIADA ANTES DO ENCERRAMENTO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO-FISCAL. FALTA DE JUSTA CAUSA. CONSTRANGIMENTO ILE-GAL EVIDENCIADO. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DO WRIT. ORDEM CONCEDIDA, NO ENTANTO, PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL. 1. O crime de apropriação indébita previdenciária é espécie de delito omissivo material, exigindo, portan-to, para sua consumação, efetivo dano, já que o objeto jurídico tutelado é o patrimônio da previdência social, razão porque a constituição definitiva do crédito tri-butário é condição objetiva de punibilidade, tal como previsto no art. 83 da Lei 9.430/96, aplicável à espécie. Precedentes do STF e do STJ. 2. Parecer do MPF pela denegação do writ. 3. Ordem concedida, no entanto, para trancar a Ação Penal 2005.61.81.005020-0, em curso perante a 4a. Vara Criminal da Subseção Judi-ciária de São Paulo, sem prejuízo de sua ulterior reno-vação, em sendo cabível” (HC 102.596, de 09.03.2010).

De acordo com o STF, para a sua consumação, não é exigível o dolo específico, consistente no animus de assenhoramento (rem sibi habendi), ao contrário do que ocorre com a apropriação indébita comum, que é um delito comissivo:

“EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. ART. 168-A DO CÓDIGO PENAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO (ANIMUS REM SIBI HABENDI). IMPROCEDÊNCIA DAS ALEGA-ÇÕES. ORDEM DENEGADA. 1. É firme a jurispru-dência deste Supremo Tribunal Federal no sentido de que para a configuração do delito de apropriação indébita previdenciária, não é necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi habendi (cf., por exemplo, HC 84.589, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 10.12.2004), "bastando para nesta incidir a vonta-de livre e consciente de não recolher as importâncias descontadas dos salários dos empregados da empresa pela qual responde o agente" (HC 78.234, Rel. Min. Oc-tavio Gallotti, DJ 21.5.1999). No mesmo sentido: HC 86.478, de minha relatoria, DJ 7.12.2006; RHC 86.072, Rel. Min. Eros Grau, DJ 28.10.2005; HC 84.021, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 14.5.2004; entre outros). 2. A espécie de dolo não tem influência na classificação dos crimes segundo o resultado, pois crimes mate-riais ou formais podem ter como móvel tanto o dolo genérico quanto o dolo específico. 3. Habeas corpus denegado”.1

Ou seja, o STF o classifica como crime omis-sivo material, mas persiste afirmando que não se exige a intenção de assenhoramento dos recursos para a sua consumação, sendo possível haver pre-juízos à Previdência Social sem a configuração do animus rem sibi habendi.

1. HC 96.092, de 02.06.2009.

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CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

Por sua vez, o término do processo admi-nistrativo de lançamento em que se discute a legitimidade da cobrança do tributo figura condição objetiva de procedibilidade da ação penal, impedindo o início do curso prescri-cional, por se tratar de crime contra a ordem tributária, conforme posicionamento do STJ, seguindo a Suprema Corte:

“HABEAS CORPUS. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDEN-CIÁRIA (ART. 168-A, § 1º., I DO CPB). MUDAN-ÇA DE ENTENDIMENTO. DELITO MATERIAL. IMPRESCINDIBILIDADE DO PRÉVIO ESGOTA-MENTO DA VIA ADMINISTRATIVA-FISCAL. CONSTITUIÇÃO DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONDIÇÃO DE PROCEDIBILI-DADE PARA A INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL. PRECEDENTES DO STJ. PARECER DO MPF PELA DENEGAÇÃO DA ORDEM. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA, TODAVIA, TÃO--SOMENTE PARA TRANCAMENTO DO INQUÉ-RITO POLICIAL RELATIVAMENTE À NOTIFI-CAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO 35.453.676-1. 1. Conforme recente orientação do co-lendo Supremo Tribunal Federal, o esgotamento da via administrativa, onde se discute a exigibilidade do tributo, é condição de procedibilidade para a instau-ração de Inquérito Policial para a apuração do delito tipificado no artigo 168-A, §1º., I do CPB. Precedentes do STJ. 2. Conforme informações contidas nos autos, a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) 35.453.676-1 encontra-se com a exigibilidade suspensa, em virtude de recurso interposto. 3. Parecer do MPF pela denegação da ordem. 4. Ordem parcialmente con-cedida, todavia, para trancar o Inquérito Policial, tão--somente quanto à Notificação Fiscal de Lançamento de Débito 35.453.676-1” (HC 97.789, de 03.12.2009).

O §2º prevê a extinção da punibilidade, na hipótese de o agente confessar e pagar as contri-buições previdenciárias devidas, antes do início da ação fiscal.

Sucede que há norma mais benéfica no artigo 9º, §2º, da Lei 10.684/2003, que não limita tempo-ralmente a extinção da punibilidade, desde que se opere o pagamento integral do débito, mesmo de-pois do início da ação fiscal:

“Art. 9º. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168A e 337A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período em que a pes-soa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no regime de parcelamento.§ 1º A prescrição criminal não corre durante o período de suspensão da pretensão punitiva.§ 2º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com

o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”.

Não é outro o posicionamento do STJ:

STJ, HC 63.168, de 18.11.2008. “APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDÊNCIÁRIA. CONTRIBUIÇÕES DESCONTADAS DOS EMPREGADOS. IMPOSSI-BILIDADE DE INCLUSÃO NO REFIS. JUSTIFICA-TIVA PARA NÃO SE PERMITIR A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. IMPROPRIEDADE. PAGAMENTO INTEGRAL PELA ARREMATAÇÃO DE BENS. DI-REITO DO RÉU AO RECONHECIMENTO DA BE-NESSE LEGAL. ART. 9º, § 2º, DA LEI 10.684/2003.Segundo entendimento firmado pelas Turmas da 3ª Seção desta Corte, o pagamento integral do débito pre-videnciário, antes ou depois do recebimento da denún-cia, é causa da extinção da punibilidade, na linha da previsão do art. 9º, § 2º, da Lei 10.684/2003”.

De acordo com o STF (Plenário), o pagamento integral do débito, a qualquer tempo, irá extinguir a punibilidade:

“INFORMATIVO 731 - ED: extinção de punibilidade pelo pagamento integral de débito e prescrição retroa-tiva - 11Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maio-ria, acolheu embargos de declaração e declarou ex-tinta a punibilidade de parlamentar apenado pela prática dos crimes de apropriação indébita previden-ciária e de sonegação de contribuição previdenciária (CP, art. 168-A, § 1º, I, e art. 337-A, III, c/c o art. 71, caput, e art. 69). O embargante alegava que o acórdão condenatório omitira-se sobre o entendimento desta Corte acerca de pedido de extinção de punibilidade pelo pagamento integral de débito fiscal, bem assim sobre a ocorrência de prescrição retroativa da pre-tensão punitiva do Estado – v. Informativos 650, 705 e 712. Preponderou o voto do Ministro Luiz Fux, que deu provimento aos embargos. No tocante à assertiva de extinção da punibilidade pelo pagamento do débi-to tributário, realizado após o julgamento, mas antes da publicação do acórdão condenatório, reportou-se ao art. 69 da Lei 11.941/2009 (“Extingue-se a punibi-lidade dos crimes referidos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamen-to integral dos débitos oriundos de tributos e contri-buições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento”). Sublinhou que eventual inconstitucionalidade do preceito estaria pen-dente de exame pela Corte, nos autos da ADI 4273/DF. Entretanto, haja vista que a eficácia do dispositivo não estaria suspensa, entendeu que o pagamento do tributo, a qualquer tempo, extinguiria a punibilida-de do crime tributário, a teor do que já decidido pelo STF (HC 81929/RJ, DJU de 27.2.2004). Asseverou que, na aludida disposição legal, não haveria qualquer restrição quanto ao momento ideal para realização do pagamento. Não caberia ao intérprete, por isso, impor restrições ao exercício do direito postulado. Incidiria, dessa maneira, o art. 61, caput, do CPP (“Em qual-quer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a

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PRINCIPAIS DELITOS

punibilidade, deverá declará-lo de ofício”). Observou, ainda, que a repressão penal nos crimes contra a ordem tributária seria forma reforçada de execução fiscal. Na sequência, o Ministro Dias Toffoli ressaltou que a lei privilegiaria o recebimento do valor devido pelo con-tribuinte, em detrimento da imposição de pena corpo-ral. Alertou que a Corte não poderia agir de modo a restringir a aplicabilidade de norma despenalizadora – a condicionar o pagamento a determinado marco tem-poral –, sob pena de extrapolar sua atribuição consti-tucional. Ressalvou entendimento de que o pagamento integral promovido mesmo após o trânsito em julgado da condenação implicaria a extinção da punibilidade. O Ministro Marco Aurélio subscreveu a orientação segundo a qual o direito penal funcionaria como mé-todo coercitivo ao recolhimento de tributos. Ademais, se o título condenatório ainda não ostentaria irrecor-ribilidade e o débito estaria satisfeito, a punibilidade estaria extinta. O Ministro Celso de Mello enfatizou que a circunstância de ordem temporal da sucessão de leis penais no tempo revelar-se-ia apta a conferir apli-cabilidade, no caso, às disposições contidas no § 2º do art. 9º da Lei 10.684/2003. AP 516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 5.12.2013. (AP-516)”.

Frise-se que, durante o período do parcela-mento do débito, restará suspenso o curso do pra-zo prescricional.

Com o advento da Lei 11.941/09, este entendi-mento foi reforçado:

“Art. 68. É suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, limitada a suspensão aos débitos que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento, enquanto não forem rescindidos os parcelamentos de que tratam os arts. 1º a 3º desta Lei, observado o dis-posto no art. 69 desta Lei. Parágrafo único. A prescrição criminal não corre du-rante o período de suspensão da pretensão punitiva. Art. 69. Extingue-se a punibilidade dos crimes re-feridos no art. 68 quando a pessoa jurídica relacio-nada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de con-cessão de parcelamento. Parágrafo único. Na hipótese de pagamento efe-tuado pela pessoa física prevista no § 15 do art. 1º desta Lei, a extinção da punibilidade ocorrerá com o pagamento integral dos valores correspondentes à ação penal”.

Entretanto, vale lembrar que não poderão ser objeto de parcelamento as contribuições des-contadas dos empregados, inclusive dos domésti-cos, dos trabalhadores avulsos, dos contribuintes individuais, as decorrentes da sub-rogação e as demais importâncias descontadas na forma da

legislação previdenciária, a teor do artigo 7º, da Lei 10.666/03.

Vale ressaltar que a existência de crise financei-ra na empresa, apontada como causa da consuma-ção da apropriação indébita previdenciária, poderá funcionar como causa supralegal de extinção da culpabilidade.

Nesse sentido, já se posicionou o STJ no senti-do de que “a impossibilidade de repasse das con-tribuições previdenciárias em decorrência de cri-se financeira da empresa constitui, em tese, causa supralegal de exclusão da culpabilidade – inexi-gibilidade de conduta diversa –, e, para que reste configurada, é necessário que o julgador verifique a sua plausibilidade, de acordo com os fatos con-cretos revelados nos autos, não bastando para tal a referência a meros indícios de insolvência da sociedade”2.

Entende-se que o crime de apropriação indé-bita previdenciária é permanente, apenas correndo a prescrição após a cessação da vantagem. Esta é a posição do TRF da 2ª Região (ACR – APELAÇÃO CRIMINAL – 5542, 24.10.2007) e da 1ª Região:

Processo 2006.41.00.000.047-4, de 11.04.2006. “PE-NAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁ-RIA. PRESCRIÇÃO. CRIME PERMANENTE. PRES-CRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA A CONTAR DA CESSAÇÃO DA PERMANÊNCIA.I – O não repasse das contribuições previdenciárias pelo recorrente se deu no período de abril de 1993 a agosto de 1997, de modo que a partir da cessação da percepção da vantagem que se tem por indevida foi que se iniciou o prazo prescricional, nos termos do art. 111, item III, do Código Penal.II – Sendo a pena in concreto de 02 (dois) anos regu-lada pelo prazo prescricional de 04 (quatro) anos (cf. art. 109, V, do CP) e tendo sido a denúncia recebida em 03/02/99, não se verifica a prescrição da pretensão pu-nitiva do Estado”.

Todavia, o tema é controverso, pois há pre-cedentes jurisprudenciais que o colocam co-mo crime instantâneo de efeitos permanentes, a exemplo da posição do TRF da 4ª Região (HC 2006.04.00.003021-3, de 21.03.2006) e da 5ª Região:

“PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDEN-CIÁRIA. ART. 168-A DO CP. CONDENAÇÃO PELO STJ. FIXAÇÃO DA PENA. – Condenação imposta pelo eg. STJ. Determinação ao TRF para fixar a pena. – Fa-voráveis as circunstâncias judiciais do art. 59, do CP, deve a pena ser imposta no mínimo legal. – A pena

2. Passagem do REsp 1.113.735, de 02.03.2010.

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CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

de multa deve considerar as condições econômicas do apenado – art. 59 do CP. – O crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias é crime instantâneo com efeitos permanentes, consumado em momento certo. Afastamento do aumento da pena previsto no art. 71, do CP. – Pena de 02 (dois) anos de reclusão. – Prazo prescricional – 04 (quatro) anos. – Redução pela metade em favor do réu maior de 70 (se-tenta) anos. – Denúncia recebida em 21.11.2000. Acór-dão condenatório do eg. STJ publicado em 23.05.2005. – Prescrição retroativa consumada (arts. 109, V, c/c 110, caput e parágrafo 1º e 107, IV, do CP). – Extinção da punibilidade pela prescrição retroativa” (ACR 3.393, de 26.10.2006).

Existem precedentes do STJ que o coloca com a natureza de delito instantâneo de efeitos permanentes:

“STJ, 6ª Turma, REsp 1171603 / ES, DE 19/11/2012 -“O crime de apropriação indébita previdenciária é instan-tâneo e unissubsistente. Assim, cada vez que é ultra-passado o prazo legal sem o devido recolhimento das contribuições previdenciárias há a ocorrência de um novo crime, sendo forçoso o reconhecimento da conti-nuidade delitiva”. No mesmo sentido a 5ª Turma, AgRg no REsp 1315984 / SP, DE 16/2/2016.

O §3º prevê hipóteses de perdão judicial ou de mera aplicação de multa, se o réu for primário e gozar de bons antecedentes, desde que pague as contribuições previdenciárias após a ação fiscal e antes do oferecimento da denúncia.

Outrossim, poderá o juiz apenas aplicar ape-nas a pena de multa ou perdoar o réu se o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, for igual ou inferior àquele estabelecido pela Pre-vidência Social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais, atualmente fixado em R$ 10.000,00 pelo artigo 20, da Lei 10.522/02.

Por sua vez, a Portaria 75/2012 do extinto Mi-nistério da Fazenda determina a não inscrição na Dívida Ativa da União de débito de um mesmo de-vedor com a Fazenda Nacional de valor consolidado igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) e o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

No entanto, por força da Lei 13.606/2018, a fa-culdade prevista no § 3º não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusi-ve dos acessórios, seja superior àquele estabeleci-do, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais (R$ 20.000,00).

Assim, no caso de dívidas previdenciárias com valor consolidado acima de R$ 20.000,00, somente o pagamento em parcela única irá possibilidade o perdão judicial, e não o pagamento parcelado.

De seu turno, o STJ vinha aplicando o Princí-pio da Insignificância se o débito não superasse R$ 1.000,00, pois neste caso há autorização legal para a extinção das execuções:

“CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVI-DENCIÁRIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. VALOR SUPERIOR ÀQUELE PREVISTO NO ART. 1.º, § 1.º, DA LEI N.º 9.441/97. 1. Não é possível utilizar o art. 4.º da Portaria n.º 4.943/99, com redação dada pela Portaria n.º 1.103/2003, ambas do Ministério da Previdência e Assistência Social como parâmetro para aplicar o princípio da insignificância, já que o mencionado dispositivo se refere ao não-ajuiza-mento de ação de execução, e não de causa de extinção de crédito. 2. O melhor parâmetro para afastar a rele-vância penal da conduta é justamente aquele utiliza-do para extinguir todo e qualquer débito oriundo de contribuições sociais junto ao Instituto Nacional de Seguro Social, consoante dispõe o art. 1.º, § 1.º, da Lei n.º 9.441/97, que determina o cancelamento da dívida igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais). Preceden-tes. 3. Recurso provido”3.

Mais recentemente, o STJ passou a aplicar a bagatela também nos casos em que o valor não supera a R$ 10.000,00 (as execuções até esse valor não serão ajuizadas), com base no artigo 20, da Lei 10.522/2002, conforme julgados da 5ª e da 6ª Turma:

“A Lei nº 11.457/2007 que criou a Secretaria da Recei-ta Federal do Brasil considerou como dívida ativa da União os débitos decorrentes das contribuições pre-videnciárias. Diante disso, entende-se viável, sempre que o valor do débito não for superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais), a aplicação do princípio da insignifi-cância também no crime de apropriação indébita pre-videnciária” (5ª Turma, AgRg no REsp 1.114.109, de 06.09.2011).“Entende-se adequada, sempre que o quantum do débi-to não ultrapassar R$ 10.000,00 (dez mil reais), a apli-cação do princípio da insignificância também no cri-me de apropriação indébita previdenciária” (6ª Turma, AgRg no REsp 1.226.727, de 01.09.2011).“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDEN-CIÁRIA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIG-NIFICÂNCIA. POSSIBILIDADE. PARÂMETRO: VA-LOR PREVISTO NO ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CON-TROVÉRSIA Nº 1.112.748/TO. AGRAVO DESPROVI-DO. Esta Corte Superior de Justiça pacificou o entendi-mento de que o princípio da insignificância é aplicável na hipótese de apropriação indébita previdenciária ou

3. REsp 1068911, de 16.06.2009.

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PRINCIPAIS DELITOS

de sonegação de contribuição previdenciária, nos mes-mos moldes em que é aplicado ao crime de descami-nho” (6ª Turma, AgRg no REsp 1318828, de 27/10/2015).

Em seguida, de modo correto, o valor foi atua-lizado para R$ 20.000,00 em tese repetitiva:

RECURSOS REPETITIVOS

PROCESSOREsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por maioria, julgado em 28/02/2018, DJe 04/04/2018 (Tema 157).

RAMO DO DIREITO

DIREITO PENAL

TEMA

Princípio da insignificância. Crimes tributá-rios federais e de descaminho. Débito não excedente a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Portarias n. 75 e 130/MF. Parâmetro de 20.000,00 (vinte mil reais). Orientação consolidada no STF. Revi-são do tema n. 157.

DESTAQUE

Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários fede-rais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial Representativo da Controvérsia n. 1.112.748/TO, submetido ao rito dos recursos especiais repe-titivos – regulado pelo art. 543-C do Código de Processo Civil de 1973 –, firmou o entendimento de que incide o princípio da in-significância aos crimes federais contra a ordem tributária e de descaminho, quando o débito tributário não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 (Rel. Min. Felix Fischer, DJe 13/10/2009, Tema - 157). O julgado, na ocasião, representou um alinhamento da jurisprudência desta Corte com a do Supremo Tribunal Federal, pois, até então, ao contrário do Pretório Excelso, a orientação que predominava nesta Corte era no sentido da impossibilidade da aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários com base no parâmetro fixado no art. 20 da Lei n. 10.522/2002. Com o advento das Portarias n. 75 e 130/MF, ocorreu um novo distanciamento entre a jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, pois, enquanto o Pretório Excelso aderiu ao novo parâmetro fixado por ato normativo infralegal, qual seja, de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), esta Corte não o fez. Dessarte, consi-derando os princípios da segurança jurídica, da proteção da con-fiança e da isonomia, nos termos dos arts. 927, § 4º, do Código de Processo Civil, e 256-S do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, revisa-se a tese fixada no REsp Representativo da Con-trovérsia n. 1.112.748/TO – Tema 157 (Rel. Min. Felix Fischer, DJe 13/10/2009), a fim de adequá-la ao entendimento externado pela Suprema Corte.

Todavia, conforme noticiado no Informativo 592, em 22.06.2010, a 1ª Turma do STF repeliu a aplicação do Princípio da Insignificância ao deli-to de apropriação indébita de contribuições prev-idenciárias, em razão do bem jurídico tutelado:

“Princípio da Insignificância e Art. 168-A do CPA Turma, tendo em conta o valor supra-individual do bem jurídico tutelado, indeferiu habeas corpus em que condenados pelo delito de apropriação indébita previdenciária (CP, art. 168-A) pleiteavam a aplica-ção do princípio da insignificância. Consignou-se que, não obstante o pequeno valor das contribuições sonegadas à Previdência Social, seria incabível a inci-dência do almejado princípio. HC 98021/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.6.2010. (HC-98021). HC 100938/SC, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 22.6.2010. (HC-100938)”

O mesmo posicionamento passou a ser ado-tado pela 2ª Turma do STF:

“Agravo regimental em recurso ordinário em habeas corpus. 2. Apropriação indébita previdenciária e sone-gação de contribuição previdenciária. Condenação. 3. Reconhecimento da prescrição. Impossibilidade. Ne-cessidade de esgotamento da via administrativa para deflagração da ação penal e início da contagem do pra-zo prescricional. Não ocorrência da alegada prescrição. 4. Aplicação do princípio da insignificância. Impossi-bilidade. Elevado grau de reprovabilidade da condu-ta. Precedentes. 5. Dosimetria da pena. Reprimenda aplicada de forma proporcional e suficientemente fun-damentada. 6. Agravo regimental a que se nega provi-mento” (RHC 132706 AgR, de 21/6/2016).

Tipo principal

Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos con-tribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.

Norma de equiparação

Deixar de recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público.

Deixar de recolher contribuições devi-das à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou cus-tos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços.

Deixar de pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas co-tas ou valores já tiverem sido reem-bolsados à empresa pela previdên-cia social.

PenaReclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Causa de extinção da punibilidade

Se o agente, espontaneamente, decla-ra, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à pre-vidência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

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CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO • Frederico Amado

Possibilidade de perdão judicial ou de aplicação apenas de multa

Se o agente for primário e de bons an-tecedentes, desde que tenha promovi-do, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios.

Se o agente for primário e de bons an-tecedentes, desde que tenha o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àque-le estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

2. SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVI-DENCIÁRIA

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguin-tes condutas:I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de docu-mento de informações previsto pela legislação previden-ciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-mente, declara e confessa as contribuições, importân-cias ou valores e presta as informações devidas à previ-dência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-car somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:I – vetadoII – o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previ-dência social, administrativamente, como sendo o míni-mo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será rea-justado nas mesmas datas e nos mesmos índices do rea-juste dos benefícios da previdência social.

Trata-se de delito inserido no Código Penal por intermédio da Lei 9.983/2000. Anteriormente, as condutas eram enquadradas no tipo do artigo

1º, da Lei 8.137/90, que é genérico, aplicando-se aos tributos em geral.

É um tipo plurinuclear alternativo, sendo o crime omissivo impróprio ou material, pois exi-ge resultado naturalístico para a sua consumação, consistente na supressão ou redução de contri-buição previdenciária ou acessórios, com multa e juros de mora.

De acordo com o atual posicionamento do STJ, revendo a sua tradicional jurisprudência que entendia ser delito formal, “nos termos do enten-dimento recente da Suprema Corte, os crimes de sonegação e apropriação indébita previdenciária também são crimes materiais, exigindo para sua consumação a ocorrência de resultado naturalís-tico, consistente em dano para a Previdência”4.

“O delito de sonegação de contribuição previdenciá-ria, por se tratar de crime material, somente se con-suma após a constituição definitiva do crédito tribu-tário mediante o esgotamento da via administrativa” (EDcl no AgInt no REsp 1569916, DE 19/6/2018).

Para que haja conduta que constitua este cri-me, é preciso que ocorra a supressão ou redução no pagamento de contribuição previdenciária ou acessórios, mediante as seguintes condutas alternativas:

a) Omitir em folha de pagamento ou em outro documento previdenciário (a exemplo da GFIP) a existência de segurados emprega-dos, trabalhadores avulsos ou contribuintes individuais prestadores de serviço à empre-sa, vez que a classe dos autônomos, equi-parados a autônomos e empresários foram fundidas pela Lei 9.876/99, nascendo os contribuintes individuais;

b) Deixar de lançar mensalmente nos títulos das empresas as contribuições previdenciá-rias descontadas dos empregados, avulsos e contribuintes individuais;

c) Omitir receita, faturamento ou remune-rações pagas ou creditadas aos segurados que prestam serviços à empresa, bem como qualquer outro fato gerador de contribuição previdenciária.

Vale ressaltar que a redução ou supressão de outras contribuições para a seguridade social, não enquadradas como contribuições previdenciárias,

4. Passagem de decisão tomada no HC 96.348, de 24.06.2008.

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Apêndice 1Regulamento do Plano

de Benefícios dos Servidores Públicos Federais do Poder Executivo

FUNDAÇÃO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DO SERVIDOR PÚBLICO

FEDERAL DO PODER EXECUTIVO (FUNPRESP-EXE)

CNPB Nº 2013.0003-83

Aprovado pela Portaria DITEC/PREVIC/MPS nº 44, de 31 de janeiro de 2013.

(publicada no DOU, em de 04 de fevereiro de 2013, Seção 1, Página 50)

Alterado pela Portaria DITEC/PREVIC/MPS nº 317, de 25 de junho de 2014.

(publicada no DOU, em 26 de junho de 2014, Seção 1, Página 33)

Alterado pela Portaria DITEC/PREVIC/MF nº 311, de 8 de julho de 2016.

(publicada no DOU, em 11 de julho de 2016, Seção 1, Página 45)

SUMÁRIOCapítulo I – Do Plano de BenefíciosCapítulo II – Das DefiniçõesCapítulo III – Dos Membros do Plano

Seção I – Dos PatrocinadoresSeção II – Dos Participantes, Assistidos e BeneficiáriosSeção III  – Das Transições entre as Categorias de Participantes

Capítulo IV – Do Salário de ParticipaçãoCapítulo V – Do Custeio do Plano

Seção I – Das Receitas do PlanoSeção II – Das Despesas AdministrativasSeção III – Da Data Certa do Repasse das Contribuições e das Penalidades por Atraso

Capítulo VI  – Das Provisões, Contas e Fundos Previden-ciais – Dos Perfis de InvestimentosCapítulo VIII – Dos Benefícios do PlanoSeção I – Da Aposentadoria Normal

Seção II – Da Aposentadoria por InvalidezSeção III – Da Pensão por Morte do Participante Ativo Nor-mal e do Participante Autopatrocinado

Seção IV – Da Pensão por Morte do Participante AssistidoSeção V – Do Benefício por Sobrevivência do AssistidoSeção VI – Do Benefício Suplementar

Capítulo IX – Dos InstitutosSeção I – Das Disposições ComunsSeção II – Do AutopatrocínioSeção III – Do Benefício Proporcional DiferidoSeção IV – Da PortabilidadeSeção V – Do Resgate

Capítulo X – Das Disposições Transitórias e Finais

Capítulo I DO PLANO DE BENEFÍCIOS

Art. 1º. O presente Regulamento tem por finalidade dispor sobre o plano de benefícios previdenciários denominado Plano Executivo Federal – ExecPrev, doravante designado Plano, estruturado na modalidade de contribuição defi-nida, destinado aos servidores públicos titulares de car-go efetivo do Poder Executivo Federal e seus respectivos beneficiários.Parágrafo único. O Plano deverá ser executado de acordo com legislação aplicável e as deliberações do Conselho Deli-berativo da Entidade, observadas as disposições estatutárias e do convênio de adesão firmado entre os Patrocinadores e a Entidade.

Capítulo II DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º. Para os fins deste Regulamento, as expressões, pa-lavras, abreviações ou siglas a seguir indicadas deverão ser grafadas com a primeira letra maiúscula e correspondem aos seguintes significados:I – ASSISTIDO: O Participante ou o seu Beneficiário em go-zo de benefício de prestação continuada.II – ATUÁRIO: Profissional legalmente habilitado, graduado em Ciências Atuariais em curso reconhecido pelo Ministério da Educação, ou pessoa jurídica sob a responsabilidade da-quele profissional que tenha como objeto social a execução de serviços atuariais, a quem compete privativamente, no

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Apêndice 3

Regulamento do Plano de Benefícios do Judiciário da União, do Ministério Público

da União e do Conselho Nacional do Ministério Público

SUMÁRIO

CAPÍTULO I - DO PLANO DE BENEFÍCIOS

CAPÍTULO II - DAS DEFINIÇÕES

CAPÍTULO III - DOS INTEGRANTES DO PLANO

Seção I - Dos Patrocinadores

Seção II - Dos Participantes, Assistidos e Beneficiários

Seção III - Das Transições entre as Categorias de Participantes

CAPÍTULO IV - DA REMUNERAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO

CAPÍTULO V - DO CUSTEIO DO PLANO

Seção I - Das Receitas do PLANO

Seção II - Das Despesas Administrativas

Seção III - Da Data Certa do Repasse das Contribuições e das Penalidades por Atraso

CAPÍTULO VI - DAS RESERVAS, CONTAS E FUNDOS PREVIDENCIAIS

CAPÍTULO VII - DOS PERFIS DE INVESTIMENTOS

CAPÍTULO VIII - DOS BENEFÍCIOS DO PLANO

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Apêndice 4

Enunciados do Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF

Enunciado nº 1O julgamento liminar de mérito não viola o princípio do contraditório e deve ser empregado na hipótese de decisões reiteradas de improcedência pelo juízo, bem como nos casos que dispensem a fase instrutória, quando o pedido contrariar frontalmente norma jurídica (Revisado no XI FONAJEF).

Enunciado nº 2Nos casos de julgamentos de procedência de matérias repeti-tivas, é recomendável a utilização de contestações deposita-das na Secretaria, a fim de possibilitar a imediata prolação de sentença de mérito (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 3A auto intimação eletrônica atende aos requisitos das Leis nºs 10.259/2001 e 11.419/2006 e é preferencial à intimação por e--mail. (Revisado no IV FONAJEF).

Enunciado nº 4Na propositura de ações repetitivas ou de massa, sem advo-gado, não havendo viabilidade material de opção pela auto intimação eletrônica, a parte firmará compromisso de com-parecimento, em prazo pré-determinado em formulário pró-prio, para ciência dos atos processuais praticados (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 5As sentenças e antecipações de tutela devem ser registradas tão-somente em meio eletrônico (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 6Havendo foco expressivo de demandas em massa, os juizados especiais federais solicitarão às Turmas Recursais e de Uni-formização Regional e Nacional o julgamento prioritário da matéria repetitiva, a fim de uniformizar a jurisprudência a respeito e de possibilitar o planejamento do serviço judiciário (Aprovado no II FONAJEF). (Transformado em Recomenda-ção no XIV FONAJEF)

Enunciado nº 7Nos Juizados Especiais Federais o procurador federal não tem a prerrogativa de intimação pessoal (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 8É válida a intimação do procurador federal para cumprimen-to da obrigação de fazer, independentemente de ofício, com

base no artigo 461 do Código de Processo Civil (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 9Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei n. 10.259, não se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei n. 10.259/2001 (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 10O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Fede-rais, dando-se-lhe curador especial, se ele não tiver represen-tante constituído (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 11No ajuizamento de ações no JEF, a microempresa e a empresa de pequeno porte deverão comprovar essa condição median-te documentação hábil (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 12No Juizado Especial Federal, não é cabível o pedido contra-posto formulado pela União Federal, autarquia, fundação ou empresa pública federal (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 13Não são admissíveis embargos de execução nos JEFs, deven-do as impugnações do devedor ser examinadas independen-temente de qualquer incidente (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 14Nos Juizados Especiais Federais, não é cabível a intervenção de terceiros ou a assistência (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 15Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor na data da propositura de ação (Aprovado no II FONAJEF).Enunciado nº 16Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência (Aprovado no II FONAJEF).

Enunciado nº 17Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fi-xação de competência nos Juizados Especiais Federais (Apro-vado no II FONAJEF).