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Frei Félix de Pacatuba

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Jornal em homenagem a Frei Félix de Pacatuba, quando da homenagem (in memorian) da Comenda Áureo Filho pela Câmara de Vereadores de Feira de Santana-BA.

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Aldemar Melo Santos, nasceu em Pacatuba- Sergipe, em25 de outubro de 1934, filho de Agenor Carlos dos San-tos e Anita de Oliveira Melo. Filho de uma família de

13 filhos, quando criança gostava de brincar fazendo procis-são. À pedido próprio, sua primeira comunhão foi vestido desoldado de Cristo. Desde sua infância demonstrava aptidãopela escrita. Ainda jovem escrevia para o jornal do Brasil noRio de Janeiro, onde descobriu sua vocação pelo sacerdócio.Em contato com os Frades do Convento dos Capuchinhos, essavocação foi amadurecendo até o dia em que ingressou paravida religiosa. Já no convento foi encaminhado à Itália a fimde estudar Teologia. Dentre 320 sacerdotes, Félix representouo Brasil na França pela Ordem dos Capuchinhos. Na França,defendeu tese em idioma Francês. Bacharel em História, mes-trado em Sociologia pela Universidade de Rio Preto-MG e Li-cenciado em Filosofia. Poliglota, falava além do Português,Latim, Grego, Italiano, Francês e Espanhol. Em Aracajú-SE foiprofessor do Colégio PIO X e da Universidade UNIT.

Ordenado, exerceu seu sacerdócio nas cidades de Maruim-SE, Salvador-BA e Alagoinhas-BA onde foi responsável pelafundação da Congregação Mariana nesta cidade e posterior-mente fundando a mesma congregação na cidade de Feira deSantana. Posteriormente, foi transferido para Feira de Santana,assumindo a direção do Colégio Santo Antônio, transforman-do-o em uma instituição mista (homens e mulheres). Com equi-pe de profissionais formada em sua maior parte por professo-res oriundos de Faculdades e Universidades de Salvador, rapi-damente a escola tornou-se referência na Bahia como colégiocom as melhores aprovações nos vestibulares.

Engajado na busca por melhores condições de vida para asfamílias mais carentes de Feira de Santana atuou conjuntamen-te com as lideranças políticas locais em prol das melhores con-dições sanitárias e infraestrutura urbana na cidade. Na RádioSociedade de Feira de Santana, assumiu o programa” Liçõesem Cristo” com participação ativa dos jovens, com objetivo depropagar para todos as mensagens deixadas por nosso SenhorJesus Cristo. Na Paróquia Senhor dos Passos tornou-se refe-rência sacerdotal, inclusive implantando o ECC e diversas pas-torais. O Félix antes conhecido como Félix de Pacatuba (SE)tornou-se Félix do mundo. Seu dom da palavra o tornou co-nhecido por todo o estado e posteriormente o Brasil tomouconhecimento deste homem de grandeza imensurável e inteli-

gência primorosa comodestacado pela Revista decirculação nacional à épo-ca “O Cruzeiro”, que oconsagrou como um dosmaiores oradores sacrosdo Brasil.

Dentre as grandes vir-

tudes que Frei Félix apresentava, encontrávamos a humildade,responsabilidade, caráter, fidelidade e a caridade, uma se des-tacava: a responsabilidade com a educação da sociedade. Parti-cipou ativamente de várias campanhas, lecionou e lutou politi-camente pela melhoria das condições educacionais desta cida-de. Seu último sonho era construir uma escola-creche no “Mina-douro” para atender às crianças filhas das profissionais do sexo,aspirando uma melhor condição de vida, saúde, educação e dig-nidade para que tivessem seus direitos humanos preservados.O projeto foi aprovado, mas infelizmente com a sua morte nãofoi dado seguimento ao mesmo. Em 04 de Junho de 1990 morreaos 56 anos de “Infarto Agudo do Miocárdio”, Frei Félix dePacatuba deixando um misto de vazio nos nossos corações pelasua ausência, mas, sobretudo um grande orgulho pelo seu lega-do cultural e humano que perpetuará naqueles que o conhece-ram e seguem seus ensinamentos.

Sua família agradece a todos que fizeram parte de sua vida elograram de sua linda e sincera amizade: aos irmãos, sobrinhos,parentes, padres e frades, amigos, membros do Colégio SantoAntônio e do Colégio Gastão Guimarães, aos amigos que já seforam: Milton Melo, Antônio Ferreira da Silva, José Falcão daSilva, Colbert Martins da Silva, à toda equipe médica pela assis-tência dada nos seus últimos dias de vida. Agradecemos às suasfiéis companheiras de todos os dias e de todos os momentosJovelina (mãe de criação), mais conhecida por comadre Jovi eAgnor sua irmã (Dodô) que moravam com ele.

Por fim, através da pessoa do nobre Edil Frei Carlos Alber-to Costa da Rocha (autor do projeto) e ao ex-aluno VagnerAmaral expressamos os nossos sinceros e profundos agradeci-mentos à Câmara Municipal de Vereadores de Feira de Santa-na pela outorga da Co-menda Áureo Filho, belís-sima e merecida homena-gem feita ao nosso irmãoFrei Félix de Pacatuba, portodo o seu trabalho reali-zado em prol da educaçãoem nossa cidade.

Ser disponível é a grande e doce exigência demeu Deus. Este Deus discreto e exigente está nocentro de tudo,no âmago de tudo que a tudo temdireito,mas atento em me deixar procura-lo noesforço a fim de melhor possuí-lo no amor

Texto escrito por Frei Félix de Pacatuba

em um de seus livros.

Biografia

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Memórias em FotosJosé Ronaldo de Carvalho

Conheci Frei Félix de Pacatuba através desua ação religiosa, educativa e social. Possodizer que ele foi um homem que marcou suaépoca. Mais de uma geração de feirensespassaram pelo Colégio Santo Antônio e dele,crianças e jovens receberam as instruçõesnecessárias a uma boa formação intelectual emoral, além de conceitos e práticas queformam a religiosidade de um cidadão.

Frei Félix já não está fisicamente presenteem nosso meio, mas ficou a obra de um homemdedicado às causas que abraçava.

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Prof. Luciano RibeiroExistem pessoas que os fatos acontecem e

elas nem percebem; existem pessoas que, sódepois que os fatos acontecem, se dão contade que os fatos aconteceram; mas, existe aque-la pessoa que faz com que os fatos aconteçam.

Frei Felix de Pacatuba era uma dessas pes-soas que fazia com que os fatos acontecessem.Na religião, na educação, no social, sempreesteve a criar fatos novos que motivavam oagir e caminhar da sociedade em que vivia.

Convivi muito com Frei Félix e, como paide família, cristão, educador e homem públi-co, aprendi muitas coisas com esse homem deDeus. Toda a minha família sempre o amou econtinuamos a amá-lo. A sua ausência nãomuda esse sentimento.

A Paróquia Senhor dos Passos home-nageia seu ex-pároco Frei Félix de Paca-tuba, pela justa homenagem concedidapela Câmara de Vereadores de Feira deSantana, a este sacerdote-educador quetanto fez pela educação em nossa cida-de, levando-a ao destaque estadual atra-vés da sua gestão à frente do Colégio San-to Antônio dos Frades Capuchinhos. Agratidão e reconhecimento de toda a Pa-róquia Senhor dos Passos pelo seu tra-balho missionário, educador e evangeli-zador.

Homenagem daParóquia Senhor dos Passos

Depoimentos

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No início da década de 60, do século passado, Frei Félix já morava noConvento de Santo Antônio, dos Frades Capuchinhos, em Feira de Santa-na. Recentemente chegado da Itália, mais precisamente da Fraternidadede Nossa Senhora de Loreto, Província das Marcas, onde durante quatroanos fizera o curso de Teologia, como era comum entre os Capuchinhos.Depois desse tempo, passara oito meses em Paris, assimilando a cultura eaprendendo a língua francesa. Em 1962, Frei Félix, já era professor deHistória do Ginásio Santo Antônio, Bacharel em História pela Universi-dade Católica de Salvador - UCSAL. Concomitantemente, exercia suamissão de sacerdote capuchinho atuando fortemente na comunidade deFeira de Santana. Excelente pregador da Palavra de Deus, Frei Félix con-tagiava a assembleia litúrgica com expressão eloquente, eminente conhe-cimento bíblico e proficiência litúrgica. Inúmeras vezes era convidado apregar nas festas dos Padroeiros, de Natal a Canavieiras, nordeste a fora.Dirigiu na Paróquia de Santo Antônio, um dos maiores movimentos dejovens de Feira de Santana, a Congregação Mariana. Incontáveis jovens,de todos os cantos da cidade e de todas as classes sociais seguiam osensinamentos de Jesus liderados pela carismática figura daquele capuchi-nho alegre e acolhedor em seu “hábito” marrom. A partir de 1968, FreiFélix tornou-se Diretor do Colégio Santo Antônio, em cuja gestão guin-dou o colégio a 1º lugar em todo o interior baiano. A escola chegou aoauge da aceitação das famílias e dos educandos com aprovação maciça nosconcursos, vestibulares e formação espiritual sólida. Implantou em Feirao maior dos serviços à Família, o Encontro de Casais com Cristo quemudou a face da família feirense. Tornou-se pujante e foi levado a todas ascidades circunvizinhas e a outras longínquas. Feira tornou-se um centrode referência do ECC em todo o Nordeste e um dos maiores do país.Enfim, todos os que conviveram com Frei Félix de Pacatuba, sentem umasaudade imensa. Na verdade, ele não se foi... Ele está no meio de nós.

Antônio Gomes de Oliveira (Toinho)Colégio Santo Antônio

Padre, pastor, amigo, conselheiro, missionário. tudo isso e muitomais era o nosso grande Felão. Como não lembrar da suadisponibilidade tão cheia de amor para os seus fieis? Celebrou asnossas bodas de prata – missa festiva – numa igreja improvisada noquintal de nossa casa, pois eu estava recém operada. Recordo-metambém da última primeira comunhão que ele celebrou, da EscolaJoão Paulo I. Já cansado, saúde abatida, perguntei se chamaria outrosacerdote para ajudá-lo. Não, disse ele. Faço questão de fazer essacelebração. Eram 64 crianças. Confessou a todas e, sentado numacadeira no altar, ofereceu a comunhão a cada uma delas. Quantaemoção! Muitos não entenderam quando pedi que alterassem o cortejodo enterro para que passasse em frente à Escola João Paulo I, a fim deque pudéssemos prestar a última homenagem. Decoramos a rua comrosas vermelhas, e crianças, professores e funcionários, participaramcom cantos e aplausos e um até breve, pois amigos em Cristo não sedespedem.

Pró Enedite (Escola João Paulo I)

América Carlos Chagas e Maria Lucila Ferreira de Pinho

“Trabalhar com calma e com toda calma, quer se trate de conduzir àsestrelas, uma nave espacial ou de fazer uma simples ponta de lápis.”

Dom Helder CâmaraEssa foi uma mensagem proferida e vivida por Lita, amiga particular

da Professora Nena e ex-professora da Escola Ruy Barbosa. Hojeaproveitamos essa mensagem que muitas vezes esteve no cabeçalhode atividades, para homenagear aos educadores que se foram: FreiFélix de Pacatuba, Valdemira Alves de Brito e Ana Angélica quetrabalha com a alma, mas com toda calma.

Quando falamos de Frei Felix, lembramos da nossa convivênciana Paróquia Senhor dos Passos onde participávamos do ECC, sendoele o principal responsável pela implantação do mesmo.

Durante este convívio tivemos a oportunidade de conhecer um serhumano diferenciado dentro e fora da Paróquia. Através dessaconvivência criamos laços com toda sua família, cujos vínculospermanecem fortes ao longo de todos esses anos. Olhando um poucopara atrás, lembramos da sua história no Colégio Santo Antônio,onde como educador e diretor, deu uma grande contribuição comseus conhecimentos e sua sabedoria. Devemos muito a nossacaminhada religiosa a ele, pois nos deu os ensinamentos necessáriospara o entendimento e prática cristã no dia a dia de nossas vidas.

Pedro Neto e Magda

Como ex-aluno do Colégio Santo Antônio na década de 70, nãopoderia deixar de falar e homenagear Frei Félix de Pacatuba. Umgrande homem, grande educador e grande sacerdote. Ainda criança,estudei no Colégio Santo Antônio, mais conhecido como Capuchi-nhos. Ser aluno do Colégio Capuchinhos era um orgulho, pois trata-va-se de um colégio referência em Feira de Santana e onde as ativida-des extra-curriculares eram fortes e muito importantes em toda cida-de. Frei Félix como Diretor Geral incentivava a responsabilidade comos estudos, como também a prática esportiva, teatro, coral e a religio-sidade, fazendo algumas reuniões e eventos dos alunos no interiorda Igreja. Sempre aberto ao diálogo, utilizava de uma grande salaexistente no primeiro andar do colégio, sala que pelas suas dimen-sões foi batizada de “Maracanã”, onde ele reunia periodicamentetodos os alunos para um bate-papo, aconselhamentos e reclamações.Era um padre-educador, simples, amigo e fiel, que fazia questão deestar presente em todas as atividades do Colégio, tornando-se queri-do e respeitado por todos os alunos, funcionários e professores. Comcerteza, faço esta homenagem em meu nome e de todos os ex-alunosdo Colégio Santo Antônio, que tiveram a honra de conhecê-lo e convi-ver com este grande homem.

José Angelo Leite Pinto (ex-aluno do CSA)

Depoimentos

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Familia de João Olegario e D. Helena QueirozOs Frades Capuchinhos eram uma referência da Igreja Católica em

Feira de Santana. Com a chegada de Frei Felix, a Paróquia Santo Antoniose tornou ainda mais forte, entusiasta e dinâmica. Quando conhecemosFrei Felix, morávamos perto da Igreja Santo Antonio e como católicosparticipávamos das missas aos domingos e às terças—feiras. Lá nos apro-ximávamos cada vez mais de Frei Felix, não apenas como sacerdote, mascomo orientador e amigo da família. Com o tempo, a amizade e admira-ção foram crescendo tanto, que ele foi padrinho de Crisma de um dosfilhos da família, Iran, estreitando ainda mais, os laços afetivos. Entremuitos feitos, Frei Felix fundou a Congregação Mariana e logo após oGrupo Povo de Deus. Foi através da Congregação que nós nos tornamoscatólicos praticantes e atuantes da Igreja Católica. A devoção à NossaSenhora, como Congregados nos avivou a fé em Jesus Cristo e fizemos aexperiência de uma Igreja Jovem, viva, marcada pela alegria de uma ju-ventude comprometida com a fé. Aos domingos, logo após a missa queera preparada pelos jovens, ninguém ficava parado e ninguém queria irpara casa, pois tínhamos compromissos com mutirões de pintura, limpe-za, hortas, estudo bíblico, futebol, vôlei, ping-pong, basquete, etc. A músi-ca, coral, teatro, dança, palestras sobre atualidades do interesse da juven-tude e programas na Radio Sociedade faziam parte desse trabalho. Via-gens às cidades vizinhas, incluindo Salvador, em todas elas as dinâmicas einovações existentes em nossa paróquia eram apresentadas como troca deexperiências. Quando outras cidades ou paróquias de Feira compareciamem nossa paróquia no horário do almoço, a pedido de Frei Felix, a comu-nidade era convidada a partilhar também desses momentos de confrater-nização. Assim, íamos crescendo na fé e experimentando a fraternidadedos primeiros cristãos. Ninguém desconhecia o carisma de Frei Felix nolidar com os jovens. Suas celebrações atraíam não só a juventude, comotambém os adultos. Era um pregador por excelência. Certa vez Ele cele-brou uma missa em Alagoinhas com a Congregação Mariana de Feira,onde toda a Igreja, congregados e familiares participaram da Eucaristia.Aquele momento foi tão forte que após a Comunhão, depois de um brevesilêncio, a Igreja inteira se pôs de pé, batendo palmas numa explosão de fée emoção. Na dimensão esportiva, lembramo-nos de alguns fatos: Jogosrealizados em Alagoinhas (Carneirão), Salvador (Salesiano) com vitóriasda congregação. Mas a maior das peripécias de Frei Feliz foi quando umdia chegando de Salvador todo entusiasmado disse que tinha acertado umjogo com o time do Banco Econômico que era simplesmente hexa-cam-peão baiano entre os bancos. Resultado vencemos de 3x2. Frei Felix dePacatuba nos deixou marcas de um profundo entusiasmo vivido na fécomo dom capaz de vislumbrar as alegrias do céu na terra.

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