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Exportando guerras religiosas: as respostas dos umbandistas à IURD na Argentina e no Uruguai Alejandro Frigerio Universidad Católica Argentina/ COICE! Publicado en Intolerân cia religiosa: Impactos do neopen tecostalismo no campo religioso afro-brasileiro " #agner $on%alves da &ilva' ed"" (ags" )*+**," &ao (aulo: Editora de la Universidad de &ao (aulo -EDU&(." 00)"  a sua expans1o geogr23ica e social 4ue ultrapassa antigas barreiras de classe' cor' regi1o e' nas 5ltimas d6cadas' na%1o 7 as religi8es a3ro+brasileiras t9m conseguido graus dispares de legitimidade social' gerando alian%as e con3litos com di3erentes atores sociais"  os 5ltimos anos' o dinmico e poderoso agrupamento neopentecostal Igre;a Universal do Reino de Deus tem se trans3ormado em um dos seus mais tena<es advers2rios" Esse trabal=o prop8e+se analisar o con3lito entre ambos agrupamentos religiosos' desenvolvido na Argentina e no Uruguai" Argumenta+se 4ue a intensidade do con3lito relaciona+se com os n>veis de legitimidade e de visibilidade social 4ue ambas religi8es alcan%am em cada sociedade e com o grau de organi<a%1o local dos a3ro+umbandistas 7 em  particular' com a exist9ncia ou n1o de um marco interpretativo de ação coletiva  4ue en3ati<e seus direitos  cíveis " Outrossim' indaga+se sobre a importncia de 3atores contextuais 4ue transcendam a ambos os agrupamentos religiosos" o n>vel nacional' s1o  particularmente importantes as narrativas dominantes da nação  prevalentes em cada pa>s" Estas narrativas 3ornecem um espa%o às distintas etnias e minorias religiosas dentro delas e atuam como recursos culturais  4ue podem ser mobili<ados para reivindicar direitos  próprios ou para atacar o advers2rio" o n>vel transnacional' resulta particularmente in3luente a situa%1o do con3lito no ?rasil' especialmente no Rio $rande do &ul" As estreitas rela%8es 4ue os a3ro+umbandistas do Rio de la (lata mant9m com os l>deres religiosos da4uele estado os tornam particularmente sens>veis nos con3litos 4ue a> se desenrolam" As disputas entre a umbanda e a IURD em (orto Alegre s1o tomadas como antecedentes e  parte de a%8es dos umbandistas platinos dirigidos' nos 5ltimos anos' a evitar 4ue esses con3litos se repitam l2" (arte+se do suposto de 4ue a legitimidade alcan%ada pelas religi8es a3ro+brasileiras' deriva do g rau em 4ue c onseguiram se inserir 7por causa das suas origens negras7 nas narrativas =istóricas dominantes de cada na%1o -@rigerio 00. ou regi1o -Dantas *,,." O lugar outorgado ao legado cultural e à popula%1o negra em cada regi1o e pa>s determinar2 o grau de legitimidade social 4ue elas possuem" (ara a IURD' ao contr2rio' a legitimidade  prov6m' principalmente' do seu recente e in6dito sucesso na arena pol>tica" Em algumas regi8es do ?rasil' onde as religi8es a3ro+brasileiras go<am de um grau importante de legitimidade devido às suas origens raciais' a preocupa%1o pelo crescente poder pol>tico e na m>dia da IURD deu origem a um inovador movimento de rea%1o aos seus ata4ues' mobili<ando um amplo le4ue de atores sociais 74ue inclui ativistas e artistas negros 7 em sua a;uda" Algo semel=ante tem come%ado a acontecer no Uruguai 7como conse4B9ncia de uma maior legitima%1o da Umbanda' e de um demorado recon=ecimento da exist9ncia de

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Exportando guerras religiosas: as respostas dosumbandistas à IURD na Argentina e no Uruguai

Alejandro Frigerio 

Universidad Católica Argentina/ COICE! 

Publicado en Intolerância religiosa: Impactos do neopentecostalismo no campo religiosoafro-brasileiro" #agner $on%alves da &ilva' ed"" (ags" )*+**," &ao (aulo: Editora de laUniversidad de &ao (aulo -EDU&(." 00)"

 a sua expans1o geogr23ica e social 4ue ultrapassa antigas barreiras de classe' cor'regi1o e' nas 5ltimas d6cadas' na%1o 7 as religi8es a3ro+brasileiras t9m conseguido grausdispares de legitimidade social' gerando alian%as e con3litos com di3erentes atores sociais" os 5ltimos anos' o dinmico e poderoso agrupamento neopentecostal Igre;a Universal doReino de Deus tem se trans3ormado em um dos seus mais tena<es advers2rios"

Esse trabal=o prop8e+se analisar o con3lito entre ambos agrupamentos religiosos'desenvolvido na Argentina e no Uruguai" Argumenta+se 4ue a intensidade do con3litorelaciona+se com os n>veis de legitimidade e de visibilidade social 4ue ambas religi8esalcan%am em cada sociedade e com o grau de organi<a%1o local dos a3ro+umbandistas 7 em particular' com a exist9ncia ou n1o de um marco interpretativo de ação coletiva  4ueen3ati<e seus direitos  cíveis" Outrossim' indaga+se sobre a importncia de 3atorescontextuais 4ue transcendam a ambos os agrupamentos religiosos" o n>vel nacional' s1o particularmente importantes as narrativas dominantes da nação prevalentes em cada pa>s"

Estas narrativas 3ornecem um espa%o às distintas etnias e minorias religiosas dentro delas eatuam como recursos culturais  4ue podem ser mobili<ados para reivindicar direitos próprios ou para atacar o advers2rio" o n>vel transnacional' resulta particularmentein3luente a situa%1o do con3lito no ?rasil' especialmente no Rio $rande do &ul" As estreitasrela%8es 4ue os a3ro+umbandistas do Rio de la (lata mant9m com os l>deres religiososda4uele estado os tornam particularmente sens>veis nos con3litos 4ue a> se desenrolam" Asdisputas entre a umbanda e a IURD em (orto Alegre s1o tomadas como antecedentes e parte de a%8es dos umbandistas platinos dirigidos' nos 5ltimos anos' a evitar 4ue essescon3litos se repitam l2"

(arte+se do suposto de 4ue a legitimidade alcan%ada pelas religi8es a3ro+brasileiras'deriva do grau em 4ue conseguiram se inserir 7por causa das suas origens negras7 nas

narrativas =istóricas dominantes de cada na%1o -@rigerio 00. ou regi1o -Dantas *,,." Olugar outorgado ao legado cultural e à popula%1o negra em cada regi1o e pa>s determinar2 ograu de legitimidade social 4ue elas possuem" (ara a IURD' ao contr2rio' a legitimidade prov6m' principalmente' do seu recente e in6dito sucesso na arena pol>tica" Em algumasregi8es do ?rasil' onde as religi8es a3ro+brasileiras go<am de um grau importante delegitimidade devido às suas origens raciais' a preocupa%1o pelo crescente poder pol>tico ena m>dia da IURD deu origem a um inovador movimento de rea%1o aos seus ata4ues'mobili<ando um amplo le4ue de atores sociais 74ue inclui ativistas e artistas negros 7 emsua a;uda" Algo semel=ante tem come%ado a acontecer no Uruguai 7como conse4B9ncia deuma maior legitima%1o da Umbanda' e de um demorado recon=ecimento da exist9ncia de

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uma popula%1o a3ro+uruguaia" a Argentina' pelo contr2rio' onde a IURD 6 t1oestigmati<ada 4uanto as religi8es de origem a3ro+brasileira' ainda 4ue mais invis>vel' ocon3lito tem sido de baixa intensidade" A partir da an2lise precedente' esse trabal=o tenta

mostrar os entrecru<amentos das dimens8es raciais e pol>ticas no estudo da dinmica dosmovimentos religiosos"

Utili<ando+se das perspectivas de an2lise desenvolvidas no estudo dos movimentossociais' se argumentar2 4ue os l>deres religiosos' preocupados pela legitima%1o social dareligi1o e 4ue dese;am de3ender+se dos ata4ues 4ue esta so3re -da IURD ou de outros atoressociais. devem desenvolver marcos interpretativos coletivos 4ue impulsionem a constru%1ode identidades coletivas mobilizadas para a ação" (ara esse 3im' devem mobili<ar recursoseconômicos e culturais ao interior e para o exterior da sua religi1o' assim como aproveitar aestrutura de oportunidades 4ue l=es apresenta o meio social em 4ue se desenvolvem"

1. A umbanda versus a IURD no Uruguai 

a) Panorama da Umbanda no Uruguai 

A Umbanda tem conseguido' no Uruguai' um grau notavelmente maior delegitimidade social 4ue na Argentina" (ara isso' tem contribu>do tanto uma maiorantiguidade e =omogeneidade da origem da religi1o nesse pa>s' 4uanto o e3etivodesenvolvimento de lideran%as locais socialmente vis>veis" De outro lado' as rela%8es entreo Estado e as minorias 6tnicas e religiosas s1o notavelmente di3erentes' e essa di3eren%a temse acentuado sensivelmente na 5ltima d6cada' devido às importantes mudan%as 4uea3etaram a ambas as sociedades"i 

Como indica ugarte -*,.' Uruguai n1o escapa da regra 4ue postula 4ue o con3lito

entre lideran%as religiosas 6 end9mico às religi8es a3ro+brasileiras" o entanto' dentro domovimento religioso local' 3oram desenvolvidas lideran%as 3ortes cu;a alta visibilidadesocial as t9m convertido em re3er9ncias religiosas na sociedade mais ampla' e t9mconseguido' atrav6s de m5ltiplos es3or%os e iniciativas' uma s6rie de reivindica%8esimportantes" Essa situa%1o 3oi 3acilitada' provavelmente' pelo 3ato de 4ue grande parte dostemplos e' sobretudo' a primeira gera%1o de l>deres religiosos uruguaios reivindicarem umaorigem comum: o templo da m1e !eta em ivramento" A lavoura pioneira' na d6cada de0' na Umbanda desta F1e e' aproximadamente uma d6cada mais tarde no ?atu4ue -nosanos *)0s.' do pai Go1o de ?ara 3ormou uma primeira gera%1o pais e m1es de santo 4uereivindicam essas origens comuns" ii 

Os pais e as m1es de santo 4ue 3oram 3ormados depois recon=eceram a exist9ncia

desta primeira camada de l>deres religiosos e' dentro dos limites próprios dos con3litosreligiosos' a respeitaram" De todos a4ueles l>deres' pai Armando AHala 3oi possivelmente4uem se trans3ormou' durante grande parte da =istoria da Umbanda nesse pa>s' na cabe%amais con=ecida da religi1o" Essa visibilidade 3oi 3ruto' em parte' da sua prol>3ica ediversi3icada atividade religiosa: al6m de dirigir seu próprio templo' 3undou uma revista- Nuestra Umbanda.' um web site' uma das primeiras 3edera%8es de religi1o e promoveu'especialmente durante as d6cadas de *,0 e *0' a maioria dos eventos p5blicosumbandistas reali<ados em Fontevid6u -segundo revela a crnica de ugarte *,."!amb6m' 3oi instrumental na promo%1o da 3esta de Ieman;2 na praia Ram>re<' no centro dacidade e na instala%1o da est2tua desse orix2 perto de onde se reali<am suas 3estividades"

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Ainda 4uando os eventos umbandistas reali<ados em locais p5blicos abertos e3ec=ados ;2 mostravam o poder de convocatória de 4uem praticavam essa religi1o' 3oi agrande e crescente a3lu9ncia de devotos' 3ieis e curiosos à 3esta de Ieman;2' na praia mais

central de Fontevid6u a 4ue mostrou a popularidade destas pr2ticas" &egundo ugarte'

! dia de Ieman"# $% de fevereiro&' começou a tomar as características de uma grande festa p(blica depois da ditadura) *endo por centro a praia +amírez' dacidade capital' a partir de ,./' foi possível notar um e0plosivo crescimento do p(blico nesse local e a continua e0pansão a outras praias de 1ontevid2u' assimcomo a outras partes do país3 Nas (ltimas ediç4es' a5uela praia ficou pe5uena' ainda5uando outras -como a do Cerro  e a do ?uceo ' principalmente- congregaramigualmente verdadeiras multid4es3 6sse fato' sem d(vida' resultava impens#velalguns poucos anos atr#s3 ! assunto 2 5ue na atualidade não há nenhum

acontecimento que provoque aglomerações do tamanho das que se produzem para

a festa de Iemanjá e somente algumas das concentraç4es finais de partid#rios 5ueacontecem nos dias anteriores 7s eleiç4es nacionais ou as 5ue conseguiria concitarum relevante triunfo futebolístico nacional' podem imaginar-se com e5uivalentemagnitude3 8 -*,: JJ' min=a 9n3ase. 

!estemun=a dessa popularidade 6 a presen%a permanente' no espa%o p5blico deFontevid6u' de um monumento para Ieman;2 3rente à costa' perto -mas n1o em 3rente. da praia onde acontece a 3estividade anual"iii  os dois anos 4ue seguiram à instaura%1o domonumento' em *J' os umbandistas +ou a3ro+umbandistas como pre3erem ser c=amados+continuaram e3etuando atividades 4ue evidenciaram sua presen%a na vida p5blica uruguaia'assim como seus es3or%os em prol de uma maior uni1o" Em *' reali<ou+se um

importante evento p5blico' a K(rimeira Conven%1o de !emplos A3ro+UmbandistasL' norecon=ecido e central (al2cio &udam6rica' onde v2rios l>deres se mostraram a 3avor dacria%1o de uma 3edera%1o de templos' semel=ante às existentes no ?rasil" !ais es3or%osderam origem' em seguida' à @AUDU' a @edera%1o A3ro+Umbandista do Uruguai"

M a partir de *)' no entanto' 4ue se produ< uma 4uebra na 3orma em 4ue a religi1ose 3a< vis>vel no pa>s" Um segundo grupo de l>deres religiosos come%a a contestar o 4uase+monopólio 4ue at6 ent1o tin=am o pai Armando AHala e seus seguidores nas iniciativas pelauni3ica%1o dos praticantes e come%am a ad4uirir' tamb6m eles' uma grande visibilidadesocial"iv Esse grupo' liderado pela m1e &usana de Oxum e o pai Gulio de Omolu' come%ar2uma importante s6rie de iniciativas 4ue marcar1o um novo tipo de rela%1o entre acomunidade a3ro+umbandista e a sociedade uruguaia" A primeira empreitada de relevncia

4ue en3rentam 6 a edi%1o do periódico mensal 9taba5ue" O ;ornal de * p2ginas 6 o 5nicomeio umbandista 4ue conseguiu n1o apenas um 3luxo regular e continuo +atualmente est2no seu s6timo ano de vidaN como' tamb6m' est2 à venda em bancas de ;ornais" Umasegunda e n1o menos relevante iniciativa destes dois l>deres religiosos 6 a 3orma%1o da I@A-Institui%1o @ederada A3ro+Umbandista.' uma 3edera%1o de Umbanda 4ue' em *' setrans3orma na primeira institui%1o do seu tipo em obter a personalidade ;ur>dica'3uncionando' assim' legalmente" A 3edera%1o liderada por Armando AHala' a @AUDU' 3a<o mesmo pouco tempo depois' no in>cio de 000"

A 3orte presen%a p5blica deste novo grupo resulta particularmente relevante por4uetra< uma mudan%a nas t2ticas de apresenta%1o da religi1o perante a sociedade uruguaia" Oreclamo por uma plena e e3etiva liberdade religiosa e pela desapari%1o das normativas ou

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das atividades estatais ou policiais 4ue a restringem' se trans3orma em parte central do seudiscurso' tanto desde as p2ginas de  9taba5ue' 4uanto nas suas apari%8es na m>dia e emnumerosas entrevistas e encontros com 3uncion2rios p5blicos e pol>ticos +4ue s1o

<elosamente detal=ados no periódico" A ;usti3icativa dos reclamos se e3etua a trav6s de: a.uma 3orte 9n3ase na 5uantidade dos devotos nacionais -apelando sempre à 3esta de Ieman;2como prova.' b. o seu car2ter de cidadãos uruguaios' e c. a invoca%1o à tradi%1o da na%1ouruguaia de respeito pelas minorias"

Com a ag9ncia desses novos l>deres' mudam tamb6m as 3ormas de mobili<a%1o dos3ieis da religi1o" Elas n1o mais incluem principalmente a reali<a%1o de grandes 3estasreligiosas ou de grandes reuni8es de l>deres religiosos em lugares p5blicos' mas 3ec=ados'se n1o 4ue se reali<am concentra%8es abertas em locais estrat6gicos e no centro da cidade'aos 4ue conseguem convocar a importantes 3uncion2rios p5blicos" (or 5ltimo' esses l>deresmudam e diversi3icam' bem assim' o tipo de alian%as 4ue estabelecem com outros setores eatores sociais"

(ode+se apreciar ent1o' nas tentativas de mobili<a%1o dos umbandistas reali<ados poresse novo grupo' a passagem de um marco de ação coletiva cultural /religioso a um civil  -ou de reivindica%1o de direitos c>veis. +de modo semel=ante' mas n1o igual' ao acontecidona Argentina -@rigerio 00.' como veremos mais abaixo" Como expli4uei em um trabal=oanterior' dentre os elementos necess2rios para a cria%1o de uma identidade coletivamobili<ada para a a%1o' assume particular importncia a elabora%1o de um marcointerpretativo de a%1o coletiva -collective action frame. -unt' ?en3ord H &noP *JQ&noP 00*.' 4ue postule 4ual 6 a situa%1o de in;usti%a 4ue se dese;a remediar' 4ual 6 suaorigem e 4uais s1o as medidas necess2rias para supera+la"v A partir dessa perspectiva' pode+se apreciar 4ue' ainda 4ue os marcos utili<ados por ambos grupos de l>deres umbandistascoincidam de maneira geral em seus elementos diagnsticos' di3eriam' no entanto' em seus

elementos prognsticos" vi Os es3or%os e3etuados pelo grupo mais antigo de l>deres religiosos' 4ue

monopoli<aram a representa%1o da umbanda durante a d6cada de *,0' e 4uase at6 o 3im dade 0' estavam maiormente dirigidos a real%ar o status da umbanda/batu4ue como religião' en3ati<ando seus aspectos culturais e sua conex1o com outras religi8es da di2spora a3ro+americana" A obten%1o da unidade interna dos umbandistas' sobretudo a trav6s de umac5pula religiosa 4ue possa' eventualmente' at6 supervisar rituais' era vista como uma dasc=aves para gan=ar respeito social apresentando um 3rente unido" Dentro deste es4uema'uma importante cota de atribui%1o de responsabilidade pelos problemas 4ue a3rontava aUmbanda era atribu>do à própria comunidade religiosa' 4ue n1o podia organi<ar+se osu3iciente para apresentar um interlocutor leg>timo perante a sociedade"

Ao contrario' o marco interpretativo de direitos c>veis 4ue guia os es3or%os dosegundo grupo' ad;udica bastante mais responsabilidade pela estigmati<a%1o da religi1o àsociedade uruguaia" Acusa principalmente aos representantes do poder estatal -se;am elesdo primeiro escal1o' como legisladores' ou de segundo n>vel' como policiais e inspetoresmunicipais.' à m>dia 4ue o3erece uma imagem inexata da religi1o e at6 aos vi<in=os 4ue' por preconceito ou por pertencer a outra con3iss1o religiosa 4ue os visuali<a comoinimigos' atuam respeito dos umbandistas de 3ormas 4ue ignoram ou lesionam seus direitosconstitucionais" 

Uma an2lise das atividades 4ue s1o resen=adas na web page  da @AUDU comocaracter>sticas da comunidade religiosa durante KA D6cada de -*.0L mostram o car2terreligioso+cultural do marco interpretativo 4ue as guia" As atividades reali<adas por esse

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 primeiro grupo de l>deres religiosos' mais tradicional' s1o: congressos sobre a cultura e areligi1o dos povos a3ricanos e a3ro+americanos com a participa%1o de pais de santo'antropólogos e artistas a3ro+uruguaiosQ representa%8es de dan%as de orix2sQ lan%amentos de

livros sobre religi1o de Armando AHala de Oxal2Q mostras de pinturas com temas de orix2sQexibi%1o de v>deos de religi8es a3ro+cubanasQ des3ile de roupa tradicional religiosa e umamostra de ob;etos e altares religiosos"vii

 O segundo grupo de l>deres religiosos' nucleado em torno de  9taba5ue' mant6m

alguns elementos do primeiro marco -reuni8es religiosas para bene3ic9nciaQ entrega de pr9mios a colaboradores e a personalidades al=eias à comunidade religiosa.' mas nodecorrer do tempo' as a%8es mais signi3icativas se orientam à reivindica%1o dos seusdireitos cidad1os" &ua preocupa%1o pelo aspecto legal' pela especi3ica%1o de seus direitosconstitucionais' das leis 4ue os amparam e das poss>veis iniciativas legislativas 4ue poderiam coibi+las se evidencia 3acilmente lendo as distintas edi%8es do periódico" A 9n3aseclara' combativa e distintiva respeito de outras lideran%as provavelmente se deve ao 3ato de

4ue sua editora' e presidenta da @edera%1o' 6 uma (rocuradora e est2' portanto'interiori<ada dos aspectos legais 4ue os amparam e mais preocupada pelas modi3ica%8es4ue possam coibir sua liberdade" Essa 3orma%1o e as iniciativas 4ue dela derivam mostram'como a3irma ugarte -*,:,.' 4ue

333dentre as primeiras figuras da umbanda e as 5ue t;m atualmentenotoriedade se evidenciam claras diferenças3 95uelas -e em especial as mães- eramde origem fronteiriço' de classe social bai0a' de escassa educação formal)3 !s maisdestacados atualmente dos dirigentes da umbanda uruguaia mostram um perfil mais profissional e mais intelectualizado' o 5ue talvez se"a uma conse5<;ncia do seumel=or nível de educação formal3 8

O acionar deste segundo grupo de l>deres' mais do 4ue ao de uma 3edera%1o religiosa'6 semel=ante ao de uma O$' estabelecendo uma pol>tica de alian%as com setores e atoressociais 4ue excedem largamente o religioso" Assim 6 4ue mant6m la%os estreitos com osetor mais dinmico e bem+sucedido da comunidade negra' a organi<a%1o Fundo A3ro' bem como com organismos de direitos =umanos como &ER(AG -&ervi%o de (a< e Gusti%a.'com organi<a%8es de outras minorias 6tnicas' como a Comunidade Israelita ou ADEC-descendentes de ind>genas C=arr5as."viii

 

As rela%8es 4ue estabelecem com 3uncion2rios ou pol>ticos n1o l=es impedir1ocritica+los se os problemas 4ue eles tin=am prometido resolver continuarem" este sentido'v1o al6m das pr2ticas =abituais nos praticantes de religi8es a3ro+brasileiras -desde seu pa>s

de origem. de estabelecer rela%8es de clientelismo com agentes pol>ticos buscandodeterminados bene3>cios 4ue s1o visuali<ados 4uase como d2divas por ambas partes" Osl>deres de  9taba5ue  se distinguem por exigir bastante mais agressivamente suas prerrogativas como cidadãos  -umbandistas. uruguaios' apontando sempre às leis 4ue protegem o exerc>cio da sua religi1o e dos direitos específicos 4ue delas se derivam' bemcomo o acionar dos 3uncion2rios estatais -desde a pol>cia at6 os inspetores municipais ou'ainda' os legisladores. ou de ;ornalistas 4ue com suas atividades a co>bem" Contandocom um meio de di3us1o próprio' ;2 com sete anos ininterruptos de vida e 4ue tem uma presen%a e3etiva nas bancas de ;ornal' tamb6m podem estabelecer outro tipo de rela%1o coma própria m>dia' 4ue 6 permanentemente monitorada' parabeni<ada ou criticada' segundo otipo de cobertura 4ue ela reali<e da religi1o"

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A pol>tica de 3a<er alian%as transversais 4ue excedam o mbito religioso 6 muitoevidente nas 3estas anuais de comemora%1o do anivers2rio de  9taba5ue" Assistiram a elas'em distintas edi%8es' tanto o arcebispo de Fontevid6u 4uanto o pre3eito da cidade"

ual4uer de suas celebra%8es conta' se n1o com a presen%a' pelo menos com mensagens derecon=ecimento de parte de importantes atores sociais" As rela%8es 4ue v1o estabelecendocom esses importantes agentes sociais s1o documentadas' exibidas e di3undidas pelo periódico' desde os primeiros contatos' como tele3onemas ou sauda%8es pessoais' at6mensagens de parab6ns -escritos e orais.' entrevistas ou convites' e sua assist9ncia aeventos de outros grupos sociais -legisladores' comunidades 6tnicas." Desta maneira se datestemun=a dos importantes contatos e vincula%8es 4ue tem estabelecido os umbandistas ese mostra uma legitima%1o cada ve< maior da religi1o' evidente tanto para 4uem pertencemà comunidade religiosa 4uanto para 4uem est1o 3ora dela" Essa estrat6gia ;2 tin=a sidoutili<ada pelo grupo anterior' mas com uma e3etividade menor' especialmente 4uandoorientadas para 3ora da comunidade umbandista"

Os resultados obtidos pelos praticantes da religi1o na segunda metade da d6cada de*0 e os primeiros anos da de 000 3oram impressionantes" Ao entronamento da estatua para Ieman;2 4ue ;2 tin=am conseguido os umbandistas em *J +3ruto principalmente doses3or%os do primeiro grupo de l>deres religiososNsegue+se' depois' a declara%1o pelosminist6rios de Cultura e de !urismo da 3esta desse orix2 como de interesse tur>stico ecultural -000. e a declara%1o de Interesse Funicipal pela (re3eitura de Fontevid6u + baseado' agora' nas iniciativas do segundo grupo de l>deres" Os umbandistas agrupados emtorno ao periódico  9taba5ue  e à I@A conseguiram importantes logros no plano legal" Omais relevante' a elimina%1o' em ;un=o de 00*' dos registros de templos a3ro+umbandistasna C=e3atura de (ol>cia' uma esp6cie de permiss1o de 3uncionamento n1o o3icial 4ue ostemplos costumavam exibir para minimi<ar problemas com a pol>cia" !odavia' esse grupo

conseguiu mobili<ar+se com sucesso contra a poss>vel san%1o de leis 4ue poderiam pre;udicar o livre exerc>cio de sua religi1o" Conseguiram a isen%1o para os sacri3>cios deanimais com propósitos religiosos -outubro de 00. de um pro;eto de lei de prote%1oanimal e tamb6m uma modi3ica%1o de um pro;eto de lei de prote%1o ac5stica para 4ue n1o pudesse ser empregado contra a utili<a%1o de tambores nos cultos religiosos -agosto de00." 

A progressiva legitima%1o social 4ue o grupo vai alcan%ando' -e 4ue' tamb6m' comsuas atividades' vai 3or%ando. nota+se na reali<a%1o de duas celebra%8es religiosas no centroda cidade e em locais abertos de grande importncia simbólica" O primeiro 6 acomemora%1o em =omenagem aos pretos vel=os na (ra%a dos !rabal=adores' em 3rente do(al2cio egislativo -maio de *. e o segundo e ainda mais importante' a celebra%1o para

o Orix2 Ogum no monumento de Artigas -abril de 00.' o libertador da na%1o uruguaia" essa ocasi1o' toca a banda da pol>cia uruguaia' o batal=1o militar de Artigas reali<a umaguarda de =onra' e uma o3erenda de 3lores com as cores de Ogum/ &1o Gorge 6 depositadaaos p6s do monumento ao prócer' reali<ando uma evidente associa%1o entre o Orix2guerreiro e o patrono da p2tria"ix 

Dando testemun=a da legitimidade alcan%ada' tamb6m 6 preciso registrar' a visita doFinistro de Interior ao templo 4ue 3unciona como sede de  9taba5ue e da I@A' onde assistea una cerimnia de Umbanda"x  o entanto' esse Kgrande e =istórico momentoL' 4uesegundo a diretora de  9taba5ue  3e< 4ue Knossos cultos subissem magicamente e de umave< só' v2rios degraus no status social uruguaioL' 6 paradoxalmente' sucedido de uma s6rie

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de contratempos 4ue mostram as di3iculdades nessa ascens1o social' assim como a maneira=eterog9nea com 4ue as 3or%as do Estado agem e se relacionam com grupos religiosos" 

O próprio templo dos l>deres da I@A visitado pelo ministro 6' poucas semanas depois'

invadido pela pol>cia durante uma cerimnia religiosa' devido às denuncias de excesso de barul=o reali<ada por um vi<in=o" Como conse4B9ncia' a cerimnia 6 interrompida e o pai'incorporado' 6 levado à delegacia"xi Diante dessa conting9ncia' no entanto' mais uma ve<mostram sua persist9ncia e voca%1o por de3ender seus direitos" Entram em contato com oFinistro de Interior' com a Comiss1o de Direitos umanos do (arlamento' at6 conseguirdestituir os policiais"

A meados de 00' 4uando os problemas com a pol>cia parecem estar mais ou menossob controle' os a3ro+umbandistas percebem o agravamento de um novo 3rente de con3lito'desta ve< com um protagonista 4ue n1o por n1o ser uruguaio deixa de ser menos tem>vel' e4ue ;2 tin=a gan=ado importantes batal=as no pa>s de origem de suas cren%as religiosas"@ace à not>cia procedente do ?rasil' de 4ue =averiam logrado impor uma legisla%1o 4ue

inibe a liberdade religiosa dos umbandistas e batu4ueiros de (orto Alegre' a Igre;aUniversal do Reino de Deus passa a ocupar o centro da aten%1o como o novo inimigo aderrotar"

b) Evangélicos versus Umbandistas no Uruguai 

Os diversos grupos evang6licos 4ue gan=aram popularidade no Uruguai'especialmente em Fontevid6u' =2 v2rios anos' t9m tomado os umbandistas como -um dos.seus principais inimigos" ui%2 por4ue Fontevid6u 6 uma cidade menor 4ue ?uenosAires' a visibilidade p5blica de ambos grupos religiosos se;a maior" (ara isso contribuem'sem d5vida' a popularidade 4ue' como vimos' gan=ou a 3esta de Ieman;2 + na praia mais

 próxima do centro da cidade+ e o 3ato de 4ue dois cinemas da avenida *, de Gulio' a principal art6ria da cidade' ten=am sido' desde =2 um longo tempo' tomados porevang6licos" A maior visibilidade e a compet9ncia por 3reguesias religiosas semel=antes'sem d5vidas' levaram a 4ue o grau de con3lito se;a maior ou pelo menos mais notório 4uena Argentina"

Em seus trabal=os sobre a expans1o das igre;as pentecostais brasileiras no Uruguai'tanto ugarte 4uanto $uigou' a3irmam 4ue' durante' ao menos' a primeira d6cada desde suac=egada em *,' Deus 6 Amor era a m2s vis>vel e bem+sucedida" E ;2 nessa 6poca a satanização 5ue os pastores representantes de varias denominaç4es levam a cabo' inclui a=iptese de 5ue grande parte das situaç4es negativas 5ue vivem seus fieis e simpatizantest;m como fonte ou origem o poder corrosivo da umbanda8 -$uigou *." &egundo esse

autor' o con3ronto com a umbanda aconteceria principalmente em tr9s mbitos: *. o mbitocerimonial pentecostal' a trav6s dos exorcismos' . o espa%o p5blico' principalmentedurante a 3esta de Ieman;2 e . o espa%o radial pentecostal -$uigou *: ." M sintom2ticodo baixo desenvolvimento da IURD na 6poca 4ue ela apenas se;a mencionada nos trabal=osacad9micos -$uigou *' ugarte et" al *. 4ue s1o dedicados principalmente à Igre;aDeus 6 Amor' a mais bem+sucedida' e ocupa%1o de espa%os na m>dia -somente no radio.na4uela 6poca" As 5nicas men%8es à IURD s1o para assinalar 4ue comprou o primeiro local4ue ocupou Deus 6 Amor' 4uando ela se muda a um lugar mais central ainda' um cinema naavenida *, de Gulio" 

O con3ronto entre as igre;as pentecostais brasileiras no Uruguai e a umbanda se 3a<mais expl>cita segundo os contextos nos 4ue se enuncia" Durante as cerimnias de

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exorcismo na igre;a -por tanto' um espa%o privado. o pastor n1o tem problemas emidenti3icar pelo nome a entidades da umbanda ou a orix2s ao Kexpulsa+losL do corpo dosseus 3ieis" o entanto' nos programas de radio' s1o um pouco mais cautelosos' deixando

4ue se;am os 3ieis nos seus depoimentos 4uem mencionem a umbanda ou suas entidades 7 ainda 4ue em ocasi8es tamb6m parecem ao serem transmitidos pelo r2dio os exorcismos4ue se reali<am nos templos"xii

 O con3ronto mais direto e dram2tico' no entanto' aparece na 3esta de Ieman;2'

4uando' seguindo a descri%1o de $uigou -*: .'

grupos de pentecostais de distintas denominaç4es começam a rezar e a entoarcânticos para evitar desse modo 5ue os umbandistas possam se concentrar parainvocar aos demônios e não se faça a5ui mais dano8' em palavras de um pastor3>ueremos 5ue esta se"a uma praia de ?eus e não do diabo8' grita outrorepresentante pentecostal num megafone3 8

 os 5ltimos anos da d6cada de 0' produ<+se um desenvolvimento importante 4ueaumenta a visibilidade das igre;as neopentecostais e de seus ata4ues contra a umbanda" &e'como vimos' desde *,) e por 4uase uma d6cada' a igre;a de maior visibilidade era a DEA'cu;a propaganda era organi<ada principalmente atrav6s de programas noturnos de r2dio esem visibilidade em programas de televis1o -ugarte *,: 0+*.' em 3ins da d6cada de*0 a Igre;a Universal do Reino de Deus incrementa consideravelmente sua visibilidadeao come%ar a produ<ir programas televisivos 4ue s1o exibidos no =or2rio de 3im da programa%1o dos canais mais importantes"xiii  Essa visibilidade acrescentou uma 4uarta emais importante arena de con3ronto' a televisiva' agora ;2 especi3icamente entre a IURD e aumbanda"

 o come%o' os ata4ues da IURD na tela da tv 3oram' como em outros pa>ses'recebidos com escassa in4uietude de parte dos umbandistas' mais preocupados com sualegitima%1o perante atores sociais mais relevantes" O primeiro grupo de l>deres' reunido emtorno da @AUDU' seguindo o tradicional estilo de n1o+con3ronto das religi8es a3ro+americanas' nunca l=e deu particular aten%1o" O segundo' em torno de 9taba5ue' no in>cio'considerou esses ata4ues como mais um dos v2rios 3rentes de con3lito 4ue t9m abertos"Uma resen=a dos artigos re3eridos ao tema no periódico evidencia' no entanto' uma progressiva in4uietude por essas agress8es' 4ue causaram uma grande preocupa%1o 4uando 7tendo ;2 4uase superado os diversos episódios amea%adores 4ue resen=amos acimaN receberam not>cias de (orto Alegre acerca dos limites impostos à atividade religiosa porlegisladores ligados à IURD" O panorama se complicou ainda mais 4uando se di3undiu a

noticia' a princ>pios de 00J' de 4ue membros da IURD 3ormariam uma agrupa%1o pol>tica para apoiar um partido pol>tico local"A primeira estrat6gia contra os ata4ues da IURD esbo%ada pelos a3ro+umbandistas

3oi' em meados de 00*' solicitar ao canal 4ue por ent1o passava os programas +sempre ao3im de sua programa%1o+ um direito de resposta" Depois de algumas negocia%8es' o canalconcordou a 4ue se lesse' no notici2rio' um texto em 4ue os a3ro+umbandistas reclamavam4ue sua religi1o n1o era a causa dos males' pelo contr2rio' era 3onte de bem+estar para seusmil=ares de devotos" o texto se en3ati<ava' ademais' o princ>pio de tolerncia 4uecaracteri<ava a religi1o e sua tradicional voca%1o de n1o+agress1o a outras religi8es"

uase um ano e meio mais tarde' a come%os de 00' após de 4ue o programa daIURD mudara do canal *0 ao *' voltaram a solicitar direito de resposta às novas

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autoridades" Ao ser negado' amea%aram processar 2 igre;a' pois consideravam 4ue n1o maistin=a sentido lutar por um direito de resposta 4ue sempre seria espec>3ico e 5nico' 3rente aosata4ues cont>nuos da IURD' e3etuados durante sua programa%1o di#ria"

Em mar%o de 00' o assunto 3oi motivo de uma editorial de  9taba5ue e a retóricaempregada nela era mais con3rontadora" o editorial ;2 se pode apreciar o n5cleoargumentativo 4ue esse grupo de a3ro+umbandistas utili<ar2 para desconsiderar as o3ensasda Universal e para desacredita+la publicamente" Exortavam ao canal a 4ue:

333percebam o 5ue est# acontecendo com as emiss4es da denominada Igre"aUniversal' m#0ime num canal 5ue se orgul=a de contar com o slogan de uruguaio8como um dos seus principais encantos3 6ssas emiss4es de estrangeiros intolerantes5ue vão contra tudo o 5ue representa nosso país' en5uanto origens e acervo dediversidade formadora de nossa realidade social' estão dei0ando muito mal parada atradição de respeito ao diferente 5ue ostenta o Uruguai3 6sses brasileiros $)& se

levantam com arrogância at2 contra de interesses econômicos nacionais pois' como 2 sabido' o turismo 2 um dos maiores fatores de entrada de divisas e a festa de Ieman"# significa uma das maiores atraç4es turísticas no verão uruguaio3 $)& 9 atitudeagressiva e discriminatria dos @are de Aofrer' tampouco est# de acordo com as leisvigentes em nossa ordem "urídica' sustentador da igualdade' fraternidade etolerância entre as pessoas)3 !s umbandistas uruguaios 5ue se contam por centenasde mil=ares nas praias os dias dois de fevereiro' =o"e NB! 9AAIA*61 o ScanalT ,C por5ue se sentem enormemente ofendidos38$9taba5ue ' mar%o de 00' pag" ' sua9n3ase.xiv

 

A argumenta%1o concorda com o marco interpretativo de de3esa dos direitos c>veis

utili<ado por esse grupo de a3ro+umbandistas' pois en3ati<a a trama legal 4ue os protege e4ue estaria sendo vulnerada pelas agress8es da IURD -mais tarde' dir1o explicitamente 4ues1o contra o artigo da Constitui%1o nacional." Repetem' assim' argumentos ;2 utili<ados para de3ender+se de comportamentos 4ue consideravam discriminatórios' como no caso doacionar policial contra os templos" #oltam a sublin=ar a presen%a e3etiva das religi8es nasociedade uruguaia' evidenciada pela 3esta de Ieman;2 e en3ati<am especialmente auruguaDidad  dos umbandistas -argumento 4ue 3oi utili<ado anteriormente.' mas agora emcontraste com o car2ter 3orasteiro dos pastores brasileiros' desrespeitosos da tradi%1o detolerncia do Uruguai -Kesses estrangeiros intolerantesL' Kesses brasileirosL. 

O essencial desse n5cleo argumentativo se manter2 e apro3undar2 na medida 4ue vaisendo exposto' n1o mais somente nas p2ginas do seu ;ornal ou nas cartas endere%adas ao

canal 4ue emite o programa' mas tamb6m nas missivas 4ue dirigir1o à Corte &uprema ou aoorganismo estatal respons2vel das ondas televisivas"

Em ;ul=o de 00' a preocupa%1o pelos ata4ues da IURD deu um salto 4ualitativo" Otema passou a merecer o primeiro t>tulo da portada de  9taba5ue -KUmbanda: Uma religi1odiscriminadaL. e a ser percebido como um con3lito transnacional" a mesma portada =aviav2rias not>cias sobre o con3lito em distintos pontos do ?rasil -KA ;usti%a no ?rasil combatede o3>cio a discrimina%1o religiosaL. e tamb6m de Argentina -num t>tulo um pouco menor:KEntramos em contato com irm1os de religi1o de Argentina 4ue so3rem a mesma persegui%1o dos evang6licosL." A maior preocupa%1o e cobertura do con3lito' sem d5vida'se devia à alarma criada em (orto Alegre pela san%1o de uma lei' apresentada por umlegislador evang6lico' 4ue limitaria os sacri3>cios de animais"xv A not>cia' ademais de ser

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transmitida por contatos pessoais 7lembremos 4ue os pais uruguaios t9m um 3luido contatocom seus pares brasileirosN6 ampla e rapidamente circulada pela internet' a trav6s decorrentes de e+mails e de 3oros de discuss1o sobre religi8es a3ro+brasileiras"

Em agosto de 00' 3oi convocada' desde  9taba5ue  e a traves de correntes de e+mails' uma mobili<a%1o p5blica em de3esa da religi1o contra essa nova e preocupanteamea%a: 

 1anifestação pacífica contra as ofensas dos evang2licos de Eanal ,C Igre"aUniversal programa @are de Aofrer  

!s afro-umbandistas dissemos EF6G9 de discriminação religiosaH 

 9to @(blico pela f2 contra a intolerância 

 Fino de Umbanda e entrega de abai0o-assinado pela liberdade de culto 

 ?e branco e com alegriaHH 

$)3& 

 6speramos o apoio de rasil e da 9rgentina' pois o problema 2 o mesmo3 

A ;usti3icativa do periódico invoca' igualmente' a situa%1o de outros pa>ses'especialmente ?rasil' como um cen2rio pouco dese;ado 4ue 6 preciso evitar: 

Ae esses evang2licos avançam nos seus propsitos $)& não poderemos fazer oculto3 *;m se proposto e0terminar-nos e usam iguais m2todos na 9rgentina e no rasil3 No +io Grande do Aul cobraram poder político' obtendo um deputado e pelas suas instâncias promulgou-se uma lei 5ue faz ilegais as matanças de animais nostemplos3 *amb2m recorreram a c=amada lei do sil;ncio8 pela 5ual não se podetocar tambor depois das %% =oras3 $)& 6speramos a todos3 ?evemos enc=er a

 praçaH8 - 9taba5ue )0' agosto de 00' pag" *. 

A mobili<a%1o' 3rente ao (al2cio de Gusti%a talve< n1o c=egou a Kenc=er a pra%aLcomo era esperado' mas' sim' atraiu a aten%1o da m>dia para o con3lito 4ue atingia aosumbandistas e' no 3inal' se apresentou um abaixo+assinado à Corte &uprema' apoiado porduas mil assinaturas" A essa a%1o seguiu a apresenta%1o' em um tribunal da vara civil'de uma A%1o de Amparo" en=uma destas iniciativas gerou uma resposta positiva de partedo Estado' pois ambas 3oram desestimadas e re;eitadas pelas institui%8es 2s 4ue 3ormaendere%adas 7sendo' posteriormente' legalmente recorridas pelos a3ro+umbandistas"Diversi3icando a estrat6gia' pouco tempo depois' encamin=aram mais duas cartas' agora para a UR&EC  -Unidade Reguladora de &ervi%os de Comunica%1o.' o órg1o nacional

encarregado de 3iscali<ar o uso das ondas de comunica%1o"A in>cios de 00J' dois novos eventos geraram ainda mais in4uieta%1o nas 3ileiras

a3ro+umbandistas" Em ;aneiro' os ;ornais anunciam 4ue membros da IURD con3ormaramum KFovimento de A%1o Crist1L 4ue apoiaria a uma das lin=as internas do (artidoColorado' marcando assim a sua entrada na pol>tica uruguaia"xvi  Em 3evereiro' o dia da3esta de Ieman;2' apareceram pic=a%8es o3ensivas no monumento do orix2' assim como emduas lo;as de venta de produtos da religião" A 3rase o3ensiva se repetiu em todos os casos:KIeman;2' a rain=a das mentirasL" Os a3ro+umbandistas nucleados em torno de  9taba5ue viram neste acionar uma lógica deriva%1o das agressivas pr6dicas televisivas dos pastoresda IURD"

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Atemori<ados perante o poder 4ue poderia c=egar a ad4uirir a IURD no Uruguai' seseu atual poder econmico se viera incrementado com o derivado da participa%1o na pol>tica do pa>s' os diretores de  9taba5ue decidiram 4ue' ademais de continuar com suas

reivindica%8es ante institui%8es e organismos estatais' era necess2rio dar batal=a no mesmocampo ao 4ual seus oponentes tin=am levado o ;ogo: a pol>tica partid2ria"

 um artigo em Ataba4ue +o mesmo n5mero cu;a editorial se titula K(or 4u9 entrar na pol>ticaL+ se explicam claramente os motivos desta decis1o: 

)os @are de Aofrer $)& não cessam de atacar-nos todas as noites pelatelevisão' nos canais ,C e ,% de nosso país3 6sses estrangeiros' num fato sem precedentes no Uruguai' t;m vindo a semear o dio entre irmãos3 $)& Nunca antesos africanistas e os umbandistas nos sentimos tão ofendidos3 9 isso' soma-se acoletividade afro-religiosa brasileira' cada vez mais encurralada socialmente' poisali os pastores da IU+?' t;m gan=o poder político ao con5uistar cargos no Governo

do @residente Jula da Ailva3 Jograram interditar templos em @orto 9legre pore0cesso de barul=o' com a a"uda de seus deputados e vereadores) $)& Eom igualestrat2gia' em maio passado' aprovou-se uma norma 5ue proíbe as matanças deanimais fora dos matadouros' dando o 0e5ue-mate aos cultos afro no país irmão3 95ui vão pela mesma' pois "# t;m anunciado sua incursão num ala do @artidoEolorado' $)3& 

 6ssas circunstâncias são as 5ue nos obrigam imperiosamente a lavrar umcamin=o dentro da política para os umbandistas3 Ae nos ficarmos 5uietos' colocarão sua gente no @arlamento e nas prefeituras e' dali' concretizarão sua missão dee0termínio da Umbanda3 ?evemos estar nos espaços de decisão' para podermosdefender nossos cultos destes fundamentalistas da f23 A assim se lograr#' pelo

menos' 5ue a voz de nossa religião' se"a ouvida na =ora de legislar3 ! 5ue aconteceucom os irmãos brasileiros 2 um claro e0emplo 5ue não devemos repetir3 $)& ?o "eito5ue estão colocadas as circunstâncias' =o"e isso s 2 possível desde os centros de poder aos 5ue se c=ega pela via da política38 -KA Igre;a Universal e seu repudio aosa3ro+umbandistas: 1o cessam os ata4ues no UruguaiL  9taba5ue  )' 3evereiro de00J' pag" **. 

A decis1o 4ue' no come%o envolvia apenas uma identi3ica%1o pol>tica a t>tulo pessoaldos l>deres do periódico' em pouco tempo se trans3orma em um compromisso mais 3ormal'4uando  9taba5ue pede sua inclus1o como uma das agrupa%8es 4ue con3orma o Encontro(rogressista +@rente Amplo"xvii  Constitui+se' assim' um grupo de umbandistas 4ue

expressamente 3orma parte de um agrupamento pol>tico' ainda 4ue' como esclarecem noseu ;ornal'

Não falamos em nome da religião nem de nen=uma federação' nem se5uer da5ue fazemos parte3 Aim' e0pressamo-nos em nome de uma grande parcela dacoletividade' 5ue trabal=a ombro com ombro conosco para 5ue isto se concretize3 Kum movimento político' integrado por religiosos afro-umbandistas38 -KEsclarecimento sobre Umbanda e pol>ticaL' 9taba5ue ),' abril de 00J' pag" . 

Em abril de 00J' após de impro3>cuas iniciativas ante a Corte &uprema de Gusti%a'um tribunal civil e a UR&EC' 3oram recebidos pela Comiss1o de Direitos umanos do

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(arlamento' para os 4ue apresentam seus reclamos e um v>deo com recopila%8es dos programas (are de &o3rer nos 4ue se ataca à sua religi1o"

(oucos dias após da sua entrada na pol>tica' esse grupo de a3ro+umbandistas teve

claras sinais de 4ue' 3ora poss>veis bene3>cios' a estrat6gia ;2 tin=a alguns nus" Umassessor de um dos deputados do partido governista' 4uem considerava 4ue tin=a a;udado para 4ue o Finistro do Interior visitara seu templo alguns anos atr2s' enviou+l=es umamensagem 4ue n1o deixa d5vidas respeito dos custos de a3iliar+se politicamente: 

)o 5ue estão fazendo' ao incorporar-se a uma força política 5uandotrabal=am com pessoas 5ue se apro0imam pelo assunto religioso e não politicamente' fala muito mal de voc;s3 $)3& voc;s tin=am a legitimidade -a 5ue perderam a partir de agora - para falar com todos os partidos políticos e 5ue todos se preocuparam pelas suas 5uest4es3 ?oravante' terão 5ue recorrer apenas a uma força política' e ns -não ten=am a menor d(vida - vamos tentar 5ue voc;s não

ten=am sucesso' nem politicamente nem religiosamente38 -mensagem do assessor deum deputado' 4ue os diretores de  9taba5ue  3i<eram p5blico' e 4ue 3oi parcialmentereprodu<ido no ;ornal Ja  +ep(blica' KDenuncias dos a3ro+umbandistasL' 0/J/0J. 

2. Umbanda versus IURD na Argentina 

a) A situa!o da Umbanda na Argentina 

A situa%1o da umbanda na Argentina' comparada com a uruguaia' apresenta' como

mencionei acima' importantes di3eren%as" (or um lado' existe uma maior =eterogeneidadena origem da religi1o e uma dispers1o geogr23ica na extens1o da $rande ?uenos Aires' 4ueincentiva a 3orma%1o de distintas redes religiosas umbandistas/a3ricanistas' com poucarela%1o entre elas e com caracter>sticas socioeconmicas bastante di3erentes" (or outro' osumbandistas s1o mais estigmati<ados socialmente' e essa condi%1o' longe de mel=orar'agravou+se no decorrer dos anos' na medida em 4ue um pnico moral sobre as seitas os tevecomo principais protagonistas a in>cios dos 0s" os anos seguintes' a imagem 4ue se pro;etou deles na m>dia continuou a ser negativa" (ortanto' em contraste com seus paresuruguaios 4ue lograram alguma legitima%1o social +e inclusive' a di3eren%a dos pentecostaisargentinos' 4uem após de serem considerados o ar4u6tipo de KseitaL nos anos ,0'mel=oraram sua imagem no decorrer dos anos+ a estigmati<a%1o dos umbandistas

argentinos se acentuou na 5ltima d6cada" &e uma boa parte dos devotos uruguaios de religi8es a3ro+brasileiras recon=ece sualin=agem umbandista na m1e Faria das Fatas e/ ou na m1e !eta -ambas de ivramento. esua lin=agem batu4ueira no pai Go1o de (orto Alegre' e a4ueles n1o o 3a<em pelo menosrecon=ecem a venerabilidade destas 3iguras e a legitimidade de suas lin=agens' a situa%1ona Argentina 6 bem mais diversa" um trabal=o anterior argumentei 4ue se podemdistinguir duas escolas religiosas em ?uenos Aires' uma 4ue deriva do ?rasil' principalmente de (orto Alegre' e outra' KuruguaiaL de Fontevid6u" o entanto' aindadentro destas duas grandes escolas' s1o reivindicadas origens di3erentes' em base a gera%8esde l>deres mais antigas ou mais recentes" Dentro da escola brasileira' a situa%1o se complicaainda mais pela exist9ncia de lin=agens 4ue prov6m de distintas cidades do ?rasil -ademais

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de (orto Alegre' ivramento' Uruguaiana' &1o (aulo' Rio ou ?a=ia' entre as maiscon=ecidas."xviii  Dentro dessa variedade de ascend9ncias poss>veis' 4uem reivindica umalin=agem' apressa+se em desautori<ar e denegrir às de colegas por irrelevantes ou

e4u>vocas"A variedade de origens +4ue atenta contra a unidadeNse v9 complicada' tamb6m' por

uma diversidade segundo distribui%1o geogr23ica' principalmente' na extens1o da $rande?uenos Aires" Essa disposi%1o no extenso território bonaerense d2 origem a distintas redesde intera%1o em 3un%1o da lin=agem reivindicada' da na%1o ritual praticada e dascaracter>sticas socioeconmicas dos integrantes dos templos' dentre outros 3atores" Adiversidade' a extens1o do território sobre o 4ue se desenrolam as atividades tanto 4uanto avoca%1o argentina por se di3erenciar ao extremo +4ue parece caracteri<ar a todos os grupossociais+ 3i<eram 4ue os diversos es3or%os dos praticantes de religi8es a3ro+brasileiras porlograr uma m>nima unidade organi<ativa na sua comunidade religiosa -a trav6s dareali<a%1o de eventos p5blicos' a cria%1o de revistas e a organi<a%1o de 3edera%8es. tiveram

escasso 9xito -@rigerio * ' 00." o entanto' como argumentei em outros trabal=os' no decorrer das duas 5ltimas

d6cadas' um grupo de aproximadamente uma d5<ia de l>deres religiosos tentou' baseado emseus diagnósticos sobre a situa%1o da religi1o na Argentina' propor modalidades de a%1ocoletiva 4ue pudessem levar a uma maior legitimidade social de sua religi1o" De maneirasemel=ante ao anteriormente argumentado para o caso uruguaio 7ainda 4ue de modo maisclaramente sucessivoNpodemos a3irmar 4ue alguns desses l>deres propuseram'alternativamente' distintos marcos de interpreta%1o coletivos 4ue levaram a di3erentes tiposde a%8es coletivas" Desde *, at6 *,' prevaleceu um marco maestro de a%1o coletivareligiosaQ desde *0 at6 000' prevaleceu um marco cultural Q e a partir dessa data e commaior intensidade durante 00' se desenvolveu um marco maestro de a%1o coletiva civil "

Em virtude da vig9ncia de cada um desses marcos maestros' utili<aram+se distintas t2ticasde a%1o coletiva 4ue se 3oram acrescentando ao repertorio de ação coletiva  -!illH *),. domovimento" Algumas dessas t2ticas passaram de um marco a outro' entanto 4ue outras parecem ter sido abandonadas"

Os tr9s marcos partil=am' de maneira geral' o diagnstico  do problema a en3rentar pela comunidade religiosa e di3erem' principalmente' no elemento  prognstico' ou se;a' asestrat6gias de a%1o 4ue recomendam e as t2ticas 4ue utili<am para implementa+las" Existem'outrossim' algumas di3eren%as em 4uanto a 4uem s1o considerados' dentro dos distintosmarcos' os principais destinat#rios  da a%1o coletiva e 4uem s1o visuali<ados como seusaliados e principais advers#rios" 

O diagnóstico respeito de 4uais s1o os problemas 4ue en3rentam os umbandistas/

a3ricanistas em ?uenos Aires se mant6m constante a trav6s dos distintos marcosinterpretativos" A construção de uma comunidade religiosa +ou de uma identidade coletiva'segundo a terminologia a4ui utili<ada+ e a busca de uma maior legitimidade da religi1oser1o os principais eixos sobre os 4ue recair1o as tentativas de a%1o coletiva dosumbandistas" A procura de legitimidade ser2 dirigida' num primeiro momento' principalmente ao mbito legal' e depois' uma ve< ele assegurado' ao mbito social' procurando in3luir na imagem transmitida pela m>dia"

a& Lormação de uma identidade coletiva religiosa $,.M-,.&

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Com o retorno à democracia na Argentina' a in>cios de *,' os umbandistas/a3ricanistas come%aram a praticar sua religi1o mais visivelmenteQ cerimnias 4ue anteseram 3eitas apenas entre con=ecidos' come%aram a serem reali<adas abertamente e mais

templos se identi3icaram publicamente como tais" Ainda 4ue a umbanda n1o era um dosnovos grupos religiosos 4ue na 6poca geraram preocupa%1o social' sua imagem p5blica eraa de uma Kseita m2gicaL" A matan%a de animais era' por ent1o' sua caracter>stica maiscontrovertida' gerando algumas rea%8es p5blicas' especialmente das associa%8es protetorasde animais' 4ue reclamavam 4ue a4uelas pr2ticas deviam ser proibidas' por en4uadrar+sedentro da ei &armiento de prote%1o dos animais -@rigerio **a." 

(ara proteger+se mel=or das cr>ticas sociais e da ainda sup6rstite +embora 4uediminu>da+ repress1o policial' as inscri%8es de templos de umbanda no Registro acionalde Cultos 1o Católicos se multiplicaram nesses anos" &e bem n1o existiam empecil=oslegais para seu registro +de 3ato' =2 inscri%8es de templos de umbanda desde *)+ asautoridades da &ecretaria de Culto ol=avam com receio essa crescente presen%a religiosa"

(erante a suspeita reinante na m>dia e em mbitos o3iciais de 4ue a umbanda n1oseria uma verdadeira religi1o' mas uma seita m2gica cu;a principal atividade era o sacri3>ciode animais' um grupo de pais de santo come%ou a reali<ar uma s6rie de a%8es coletivas como propósito de nuclear aos umbandistas e demonstrar à sociedade argentina 4ue essaimagem da religi1o era e4uivocada" Essa d5<ia de l>deres' 4uase todos pertencentes à primeira camada de pais argentinos +embora descendentes de lin=agens religiosas distintas+estabeleceram rela%8es de trabal=o' entremeadas com episódios de con3lito entre eles' pelas4uais se apoiavam mutuamente para reali<ar eventos massivos" O consenso geral 4ue osunia era 4ue a reali<a%1o de eventos p5blicos onde explicaram suas cren%as e mostraramseus rituais 7num contexto 4ue mostrara as caracter>sticas sociais opostas às 4ue se l=esoutorgavam+ c=amaria a aten%1o da m>dia 4ue =abitualmente os menospre<avam e

serviriam para mel=orar a imagem da religi1o" Com tal 3im' reali<aram distintosKcongressos de umbandaL nos 4uais adotaram modelos derivados do mundo acad9mico'como a apresenta%1o de trabal=os de pais de santo' nos 4ue se detal=avam as cren%as e a=istória da religi1o" Esses eventos se reali<aram em locais prestigiosos do centro da cidade-=ot6is ou teatros.' aos 4ue se assistia com roupas 3ormais -ternos' vestidos longos." Essast2cticas 3uncionavam para o exterior da comunidade religiosa' como Kdesidenti3icadoresL-no sentido de $o33man *,.' como signos 4ue apontavam a desmentir a imagem prevalecente na sociedade de 4ue os Umbandistas eram socialmente inade4uados -ver@rigerio **b." os dois primeiros' 3oram reali<adas rodas p5blicas de umbanda' comincorpora%1o de entidades' mas essa t2ctica 3oi deixada de lado após receberem algumasesc2rnios e cr>ticas na m>dia"

 os discursos e nas exposi%8es dos pais e m1es de santo durante esses congressos se podiam apreciar os elementos diagnsticos  do marco interpretativo vigente: a express1o p5blica e reiterada da necessidade de constru%1o de um Kmovimento religioso umbandistaLlocal e da uni1o desta comunidade religiosa" Dentre os elementos  prognsticos' a reiteradaargumenta%1o' tanto nos trabal=os apresentados 4uanto nas entrevistas na m>dia' de 4ue aumbanda possu>a todas as caracter>sticas 3ormais de uma religi1o' e por tanto n1o era umaseita nem curandeirismo"

Depois dos congressos' 3oram reali<adas em v2rias oportunidades reuni8es mais privadas de varias d5<ias de l>deres religiosos' com a inten%1o de armar 3uturos planos dea%1o' e idealmente' uma Kc5pula religiosaL 4ue pudesse o3iciar de interlocutor com o

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Estado e controlar' de algum modo' a maneira em 4ue a religi1o era praticada no pa>s' paraevitar abusos de 4uem assistia aos templos ou desvirtua%8es das cren%as"

b& Lormação de uma identidade coletiva cultural $,C-,/& 

Após um lustro de reali<ar eventos p5blicos 4ue mostraram avan%os' mas tamb6mclaros limites na capacidade de a%1o coletiva dos umbandistas' os argumentos de algunsl>deres religiosos 4ue en3ati<avam a estrat6gia de ressaltar os aspectos culturais da religi1o3oram gan=ando mais aceita%1o e' aos poucos' cederam passo à 3orma%1o de um novomarco maestro de a%1o coletiva" a di3us1o e populari<a%1o desse novo marco incidiramtamb6m dois eventos de importncia 4ue' a in>cios dos anos 0' sacudiram à comunidadeumbandista/ a3ricanista e 4ue levaram à 9n3ase' n1o mais nos aspectos religiosos' mas dosculturais' na a%1o coletiva" O primeiro evento signi3icativo 3oi a visita do Oni -Rei. de I3e-cidade santa dos Voruba. a Argentina e' mais especi3icamente' ao terreiro de

umbanda/candombl6 da m1e $ladHs de Oxum' em ;aneiro de *0" A visita criou la%osentre algumas lideran%as religiosas e a embaixada de ig6ria' 4ue desde ent1o e por v2riosanos' passou a apoiar os eventos p5blicos umbandistas' ainda 4ue se;a apenas com a presen%a de seu agregado cultural' o 4ue n1o era pouca coisa para uma religi1oestigmati<ada"xix

 O segundo 3ator 3oi o escndalo 4ue estourou na m>dia em ;ul=o de * e 4ue

envolveu seriamente a umbanda/ a3ricanismo na crescente controv6rsia sobre seitas nasociedade argentina" A -in3undada. acusa%1o de um sacerdote católico de 4ue um pai desanto tin=a sacri3icado ritualmente a uma menina em ?uenos Aires desatou um pnicomoral 4ue deteriorou gravemente a imagem da religi1o' instalando a suspeita de 4ue osacri3>cio de animais 74ue' como vimos' ;2 era mal+vistoNpodia levar a sacri3>cios de seres

=umanos -@rigerio *." Envolvido num turbil=1o de acusa%8es de lavado de c6rebros'abusos sexuais e crimes' a umbanda 3oi+se trans3ormando' para a opini1o p5blica' numaKseitaL perigosa e seus praticantes perderam a capacidade de controlar sua imagem p5blica-@rigerio e Oro *,."xx 

 este contexto de crescente estigmati<a%1o' os es3or%os de a%1o coletiva dosumbandistas come%aram a serem orientados por um novo marco interpretativo" Di3erentedo anterior' o novo marco sugeria reivindicar n1o mais à religi1o' se n1o à cultura como o principal elemento constituinte de uma identidade coletiva e a um acionar cultural  como a principal estrat6gia de a%1o coletiva" &ugeria' tamb6m' a identi3ica%1o p5blica dWKareligi1oL n1o mais com a umbanda' como antigamente' se n1o com o a3ricanismo" Comoargumentei mais detal=adamente em outros trabal=os -@rigerio *' *)' 00.' se o

slogan 4ue mel=or resumia o marco maestro anterior era Kumbanda 6 religi1oL' para o novo'o apropriado era Ka3ricanismo 6 culturaL"De acordo com o novo marco mestre de a%1o coletiva' a legitima%1o dWa religião ;2

n1o decorreria de mostrar suas caracter>sticas religiosas 4ue a assemel=avam aocatolicismo' mas por mani3estar 4ue pertencia a outra  tradi%1o cultural e religiosa' aa3ricana' 4ue n1o por di3erente deixava de ser milen2ria e de =aver deixado marcasindel6veis na cultura latino+americana e tamb6m na Argentina" esta segunda etapa demobili<a%1o coletiva' o 3ormato de congresso religioso preponderante no per>odo anterior3oi substitu>do pelo congresso cultural  4ue n1o mais incluiria como oradores somente a paisde santo' mas destacaria a presen%a e as exposi%8es de 3uncion2rios p5blicos' sociólogos'intelectuais ou a3ro+argentinos"xxi 

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&ob esse marco maestro' as cerimnias p5blicas de umbanda reali<adas em eventosanteriores 4ue inclu>am trances de m6diuns porten=os e brancos 3oram substitu>das porencena%8es de dan%as dos orix2s reali<adas por ativistas culturais negros de origem

 brasileira ou cubana" !amb6m se levaram a cabo' nesses congressos' exibi%8es de capoeira'rumba' bailes de carnaval a3ro+ba=iano ou de candombe a3ro+uruguaio" Os eventos maisso3isticados exibiram' al6m das dan%as' amostras de pinturas =aitianas e/ou a3ro+uruguaias'3otos art>sticas ou reprodu%8es materiais de altares e vestimentas de orix2s" Essasrepresenta%8es visuais e per3orm2ticas ilustravam a cultura a3ricana da 4ual 3alavam osintelectuais convidados"

Desta maneira' o marco mestre 4ue en3ati<ava 4ue sua religi1o tamb6m era cultura +e4ue pertencia a um tronco a3ricano 4ue unia à comunidade religiosa local com grupos6tnicos e religiosos em numerosos pa>ses de Am6rica e da X3rica+ expandiu+se' aos poucos' para al6m dos l>deres 4ue o propuseram no come%o" Assistindo a esses eventos' os devotosdeixavam por um momento de ser praticantes de uma religi1o estigmati<ada' acusados de

 bruxos e crescentemente' de assassinos' para ser os portadores de uma cultura 4ue osirmanava com outros grupos 6tnicos e religiosos de numerosos pa>ses de Am6rica e X3ricae 5ue ademais reclamava ser uma das raízes ignoradas da identidade argentina -@rigerio00' 00." 

A primeira metade da d6cada de 0 tamb6m se caracteri<ou por outra importantemodalidade de a%1o coletiva: a 3unda%1o de 3edera%8es" Essa estrat6gia 3oi incentivada poras 3ortes acusa%8es 4ue se e3etuaram contra a religi1o na m>dia' mas' sobretudo por umnovo pro;eto de lei 4ue' de ser sancionada' aumentaria as exig9ncias para as inscri%8es noRegistro de Cultos"xxii  &e a nova lei 3osse sancionada' nen=um templo de umbanda reuniriaas condi%8es para registrar+se individualmente 7 apenas uma ou v2rias 3edera%8essu3icientemente estendidas no território nacional poderiam garantir sua inscri%1o"xxiii  De

maneira di3erente ao acontecido no ?rasil' no entanto' poucas dessas 3edera%8es lograramter uma exist9ncia legal e 4uase nen=uma logrou reunir mais de uma de<ena de templosnem se manter no tempo" 

(ara 3inais da d6cada de 0' as a%8es coletivas dos a3ricanistas/ umbandistasreali<adas dentro do marco mestre de a%1o coletiva cultural   tin=am rendido alguns 3rutos:gan=aram alguns aliados -acad9micos' ativistas culturais a3ro+americanos' contadosdiplom2ticos.' puderam atingir prestigiosos centros culturais aos 4uais apenas comoKreligi1oL tal ve< n1o tivessem c=egado e os principais promotores do marco culturaltin=am conseguido alguma con3ian%a dos 3uncion2rios da &ecretaria de Cultos" A mel=orana sua imagem' no entanto' produ<iu+se em c>rculos redu<idos: a legitima%1o social aindaera es4uiva" Os congressos culturais n1o tin=am tido nen=uma repercuss1o na m>dia e'

embora a intensidade e a 3re4B9ncia das acusa%8es contra a religi1o tivessem diminu>do + ;unto com o apa<iguamento da controv6rsia sobre as seitas 7 ainda existiam alguns programas de televis1o 4ue se encarni%avam com a umbanda e alguns =omic>dios comunseram interpretados pela pol>cia como Kcrimes rituaisL" Ao mesmo tempo' n1o tin=a sido poss>vel transcender as separa%8es entre as redes provenientes de diversas lin=agensreligiosas em 4ue estava dividida a comunidade"xxiv 

Ademais da resist9ncia de v2rios l>deres a incorporar uma s6rie de con=ecimentos-culturais e religiosos. 4ue n1o pertenciam especi3icamente à tradi%1o batu4ueira na 4ual seenrolava a maior parte dos praticantes' existiam di3iculdades pr2ticas para continuar a a%1ocoletiva dentro do marco cultural" Ela dependia da alian%a com uma s6rie de atores-3uncion2rios da embaixada de ig6ria' m5sicos e bailarinos a3ro+americanos' acad9micos.

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cu;a =eterogeneidade e demandas n1o era 32cil de satis3a<er ao longo do tempo" Implicavatamb6m a necessidade de alugar custosos teatros ou salas de centros culturais 4ue só se podiam e3etuar garantindo um m>nimo de assistentes ao evento" O di3>cil e4uilibro de

mobili<a%1o de din=eiro' aliados culturais e p5blico resultou muito desgastante para oredu<ido n5cleo de pais de santo organi<adores dos eventos" uando uma mudan%a de3uncion2rios na &ecretaria de Culto trouxe 7;unto com uma maior press1o para cumprir osre4uisitos burocr2ticos necess2rios' n1o apenas para registrar+se' mas para n1o perder ainscri%1o -@rigerio e YHnarc<HZ 00J.N v2rios dos principais l>deres religiososcome%aram a levantar 3ormas alternativas de a%1o" 

c& Lormação de uma identidade coletiva civil $,.-%CC& 

 os 5ltimos anos da d6cada de *0' come%a a ser gerado um outro marco de a%1ocoletiva 4ue parece na dire%1o de virar o novo marco mestre' com 9n3ase na a%1o no terreno

 pol>tico e dos direitos cíveis e ;2 n1o tanto no cultural nem no religioso" A meados de *,' 3a<endo uma avalia%1o cr>tica das tentativas de construir uma

identidade coletiva' a m1e de santo (eggie de Ieman;2' organi<adora do primeiro evento p5blico umbandista props' ;unto com outros l>deres' reali<ar um novo tipo de evento econvocou aos c=e3es de templo a um  Loro de +eligi4es 9fro-9meríndias para a cria%1o deum Consel=o Religioso acional" A proposta mantin=a os elementos diagnósticos dosmarcos anteriores -a necessidade de uni1o. e retomava elementos prognósticos do primeiromarco mestre -religioso. ao tentar novamente criar uma c5pula religiosa" Inovava' noentanto' ao propor uma uni1o  pluralista em lugar da uni1o =omogenei<adora 4ue se procurava em anos anteriores" O Consel=o &uperior Religioso 4ue se pretendia 3ormar n1oteria mais a 3un%1o de =omogenei<ar nem de 3iscali<ar os rituais' puri3icando a religi1o dos

K3alsos paisL como em tentativas anteriores' se n1o 4ue seria um organismo meramenteKconciliador' consultivo e legislativoL" &ua principal 2rea de a%1o seria 

$não as& 333incurs4es no ritualístico privado' mas no  público social 8$peridico do @oro de Religi8es A3ricanas e Amer>ndias ' n(mero C' p#gina ' "un=ode ,' min=a ;nfase& 

As modi3ica%8es na dimens1o prognóstica preconi<ados pelo novo marco mestre n1oapenas en3ati<am um novo tipo de uni1o +agora na diversidade+ e uma maior a%1o Kno p5blico socialL em de3esa de seus KdireitosL"xxv  !amb6m mudam' embora n1o se;aassinalado de modo t1o expl>cito' os principais destinat#rios das a%8es coletivas" Deixando

de lado aos congressos em teatros e centros culturais orientados a impressionar' num primeiro momento' aos funcion#rios da 2rea de Cultos do (oder Executivo e à KsociedadeLde modo geral' os a3ricanistas/ umbandistas agora reali<am reuni8es p5blicas em temploscom políticos aos 4uais 4uerem mostrar seu poder de convoca%1o ou expressar seu apoio"

Assim' antes das elei%8es presidenciais de outubro de *' 3oram organi<ados doisatos dos 4uais participaram dois senadores do (artido Gusticialista"xxvi  Em de<embro de00' ;2 em campan=a para as elei%8es presidenciais de abril de 00' o candidato a vice+ presidente de uma das c=apas mais con=ecidas' assistiu a um ato organi<ado por umarenovada vers1o do  Loro' agora denominado  Lrente de +eligiosos 9fro-ameríndios" Diasdepois' membros do @rente se entrevistaram com o candidato a vice+presidente de outra popular c=apa" A ambos l=es entregaram um petitório detal=ando seis 2reas nas 4uais

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solicitavam se acabara com a discrimina%1o e a exclus1o 4ue atinge à comunidadereligiosa"xxvii  (ercebendo 4ue as a%8es coletivas derivadas dos marcos mestres anteriores'religioso e cultural' n1o tin=am podido avan%ar al6m da reivindica%1o retórica de seu status

como Kreligi1oL ou como Ktradi%1o culturalL a3ro+americana' os a3ricanistas agora 3a<emreclamos espec>3icos pelos seus direitos  como cidadãos" A 3rase com a 4ue 3inali<a atranscri%1o das propostas do @rente o mostra muito claramente: 

Nossa comunidade religiosa espera 5ue o pr0imo governo este"aconformado por uma liderança plural' como estrat2gia para iniciar o camin=o darecuperação nacional' respeitando os direitos de todos os argentinos' sem nen=umadistinção3 Os direitos humanos, os direitos sociais e os novos direitos humanos, são

 patrimnio de todos e cada um dos argentinos e não bandeira de alguns poucos38-min=a 9n3ase. xxviii

 

A consigna K[(or nossos direitos: Agora ou nunca\ L +4ue aparece' unida ao nome do@rente de Religiosos A3ro+amer>ndios na sua p2gina web+ sinteti<a elo4Bentemente a 9n3asedo novo marco de a%1o coletiva" A acentuada preocupa%1o pelos seus direitos deriva emgrande parte de uma nova amea%a 4ue eles sentem se 3ec=a sobre seu status legal" Comoconse4B9ncia do cambio de 3uncion2rios da 2rea de Culto e a intensi3ica%1o dos controles burocr2ticos sobre os templos' muitas das inscri%8es de templos umbandistas no Registro3oram canceladas" As rela%8es com o principal 3uncion2rio do Registro de Cultos' 4uetin=am sido muito boas durante grande parte da d6cada de *0' se ressentiram a partir dadenuncia' e3etuada por um grupo de pais' de 4ue para registrar+se =averia 4ue serassessorado por' e pagar para' determinados advogados aparentemente associados com o3uncion2rio"xxix 

O apoio 4ue os a3ricanistas intentaram mostrar a' e obter de' os candidatos 6 umatentativa por conseguir novas regras de ;ogo' nas 4ue n1o dependam da presen%a dedeterminado 3uncion2rios para se assegurar um status plenamente legal" A importnciadessa vari2vel 3ica claramente enunciada na convocatória aberta da renovada vers1o do@oro' o @rente de Religiosos A3ro+amer>ndios' 4ue circulou em 3ol=etos e' ainda pode serlida no seu site de internet: 

$)& Um 6stado 5ue nem se5uer brinda o mínimo recon=ecimento 7 grandemaioria: o registro da Aecretaria de Eultos3 9 5uantidade de empecil=os burocr#ticos para conseguir 7 permissão $do +egistro de Eultos& "# 2 intoler#vel3 $)& Eomo 2 possível entender 5ue dos mais de CCC *emplos 5ue e0istem na Grande uenos

 9ires s este"am inscritos acaso OCCP ?eles transcendeu 5ue s C seguiriamregistrados3 $)& Não nos consideramos uma seita nem cidadãos de segunda como para merecer esse tipo de tratamento3  !ssa situação pode mudar e depende

e"clusivamente de n#s$ Ae voc; 2 c=efe de templo' est# convocado para participar deum ciclo de confer;ncias em 5ue os candidatos presidenciais nos e0plicarão 5uais são seus pro"etos e 5ue aç4es vão a tomar 5uando se"am governo com os cultos não-catlicos3 $)&  %#s temos agora a oportunidade de nos fazermos ouvir$  @ara isso'l=e convocamos simplesmente para 5ue voc; se "unte como líder religioso a esse frente 5ue tem como ob"etivo principal fazer visível nossa religião' para al2m denossas pr#ticas religiosas3 Não nos interessa 5ual se"a sua nação ou 5uem se"a seu pai ou sua mãe3 Interessa-nos 5ue' partil=ando conosco uma mesma raiz afro-

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ameríndia inspirada em slidos valores de solidariedade e fraternidade' 5ueiras daralgo mais pela sua religião3 &e esperamos38 -9n3ase no texto original." 

b) Evangélicos versus Umbandistas na Argentina 

Os umbandistas/ a3ricanistas argentinos t9m se mostrado bastante menos preocupados4ue seus colegas uruguaios respeito dos ata4ues da IURD' sem d5vida por4uetradicionalmente' como vimos' tem tido 4ue lidar com cr>ticas e ata4ues de atores sociaismais relevantes e vis>veis na sociedade Argentina"

 a d6cada de *,0' tiveram 4ue lidar' primeiro' com a descon3ian%a dos 3uncion2riosda &ecretaria de Cultos' depois com a dos ;ornalistas e seus mais ac6rrimos cr>ticos deent1o' as sociedades protetoras de animais" A in>cios dos anos 0' durante o pnico moral4ue os teve como protagonistas' deveram en3rentar as acusa%8es de um sacerdote católico4ue os 4uali3icava de assassinos' e de membros de grupos anti+seitas 4ue agora os

consideravam uma Kseita perigosaLQ imputa%8es 4ue se reali<avam em 4uase a totalidade dole4ue de programas televisivos e em todos os =or2rios poss>veis" uando o pnico moral passou' durante a segunda metade dos 0' deveram 3a<er 3rente às denuncias de um grupode supostos pais de santo' agora convertidos ao pentecostalismo' 4ue os acusavam de praticar o mal e enganar as pessoas" Esse grupo 4ue ;2 n1o aparecia nos programas ;ornal>sticos ou de interesse geral importantes' como 3oi o caso dos experts anti+seitas nosanos anteriores' c=egou' no entanto' a ter alguma visibilidade em talZ+s=oPs da tarde' emcanais de televis1o aberta" O 3ato de 4ue esses indiv>duos reivindicaram um passado de pais e m1es de santo +ou pelo menos de membros de templos+ resultava particularmenteirritante para os umbandistas/ a3ricanistas locais" xxx 

 este contexto' os ata4ues da IURD' uma igre;a estigmati<ada e invis>vel na

Argentina' reali<ados desde programas emitidos muito tarde à noite em canais de cabo ouapós do 3ec=amento da programa%1o em um aberto' n1o representam um perigo compar2velaos outros 4ue tiveram 4ue en3rentar xxxi" (or outro lado' a maneira em 4ue s1o 3eitas ascr>ticas da IURD' sem d5vida resultam menos explicitamente o3ensivos 4ue as 4ue tiveram4ue suportar de outros atores sociais mais importantes" os programas  @are de Aufrir  daIURD relevados durante 00 e 00J' diariamente se apresentavam dois depoimentos de pessoas cu;a vida tin=a sido recuperada pela igre;a após do seu contacto com Kesp>ritosL"Um deles era sempre' bastante obviamente' um indiv>duo 4ue tin=a passado por templos dereligi8es a3ro+brasileiras 7o outro por curandeiros ou adivin=os de distinto tipo" os programas 4uase nunca se mencionou a palavra KumbandaL mas Ktemplo dos esp>ritosL'Kservir aos esp>ritosL' embora se utili<aram' sim' as palavras Ktrabal=osL ou Kdespac=osL'

 palavras 4ue 4uem ten=a tido um m>nimo de contato com religi8es a3ro+brasileirasrecon=eceriam como pertencentes a seu universo discursivo" A palavra  pai  ou mãe' 4uerealmente seria identi3icadora ante 4ual4uer p5blico leigo' no entanto' 4uase n1o 6 usada'ou só em contadas ocasi8es por algum depoente" A re3er9ncia mais direta 4ue 3eita àsreligi8es a3ro+brasileiras ocorre 4uando se passam pe4uenos in3ormes sobre KFaneiras deentrar em contacto com os esp>ritosL e ent1o se mostram' ao compasso dos tambores'imagens de cerimnias de umbanda -incorpora%8es' dan%as. de o3erendas ou est2tuas deEx5 4ue t9m maiores possibilidades de serem recon=ecidas por leigos" De todos modos' asacusa%8es nunca s1o t1o expl>citas como as 4ue deveram encarar os umbandistas em programas  seculares  da televis1o aberta  de boca de alguns sacerdotes católicos' Kexpertsem seitasL ou dos apóstatas convertidos à religi1o evang6lica"

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De maneira semel=ante ao acontecido no Uruguai' a maior preocupa%1o dosumbandistas/ a3ricanistas na Argentina pelas a%8es da IURD acontecem a partir da apari%1oda not>cia +num seman2rio + do poss>vel apoio dessa igre;a a um dos candidatos nas

elei%8es presidenciais de 00" M prov2vel' no entanto' 4ue essa circunstncia se;a utili<adaapenas como um dos argumentos adicionais para ;usti3icar o apóio pol>tico dos umbandistas para algum dos candidatos" A m2 rela%1o de alguns l>deres religiosos com o Diretor doRegistro acional de Cultos' as crescentes di3iculdades 4ue os umbandistas encontram pararegistrar+se l2 e as numerosas baixas 4ue so3rem no registro +em suma' a perda do bomrapport   4ue tin=am conseguido com os 3uncion2rios da 2rea de Culto' ou se;a com osrepresentantes do Estado ante as religi8es' se;a provavelmente o principal motivo pelo 4ualdecidem tentar conseguir outros interlocutores no Estado +neste caso' os pol>ticos 4ue podem c=egar a 3ormar parte dele" 

A amea%a  potencial   do avan%o pol>tico da IURD na Argentina 6 apoiada' igual 4ueno Uruguai' pela argumenta%1o da situa%1o atual no ?rasil" o 5nico periódico umbandista

existente a in>cios de 00' pertencente ao @rente 4ue pretendia nucle2+los' se a3irma' como ;usti3icativa do ingresso na pol>tica:

!utras confiss4es religiosas t;m feito o mesmo3 No caso da Igre"a Universal'tem se apro0imado do pr2-candidato Earlos 1enem solicitando uma nova Jei deEultos e' segundo transcendeu' oferecendo fundos para a campan=a3 @or sua parte't;m sido observados setores da comunidade 6vang2lica perto do pr2-candidato 9dolfo +odríguez Aa#3 1embros do Lrente advertem sobre a ameaça 5ue representaa Igre"a Universal para a liberdade de cultos3 9 manifesta intolerância religiosa 5ueostentam nos seus meios de comunicação com certeza vai a ser plasmada no seu pro"eto de Jei de Eulto3 No prprio rasil' encontram-se antecedentes de leis anti-

umbandistasQ africanistas como são a c=amada RJei do sil;ncioR a 5ue impede oto5ue de tambores aps de uma certa =ora ou a 5ue impede as oferendas de animais3 ' ameaça não está sobre(dimensionada, ) evidente que a Igreja *niversal, quando

tenha representação pol+tica o vai a fazer tamb)m na 'rgentina3 @ara então' oslíderes do Lrente esperam ter conformado uma importante rede de contenção contraa discriminação 5ue opera em muitos setores da sociedade38 -;aneiro de 00' min=a9n3ase. 

". #onclus$es

Atrav6s dos dados a4ui apresentados e analisados' 3ica claro 4ue a intensidade daresposta aos ata4ues da IURD 3oi muito maior no Uruguai 4ue na Argentina" o primeiro pa>s' reali<ou+se uma mobili<a%1o p5blica e apresenta%8es em tribunais civis e criminais' aCorte &uprema e o organismo estatal 4ue controla a m>diaQ ainda' um con;unto de l>deresreligiosos c=egou a entrevistar+se com a Comiss1o de Direitos umanos do (arlamento" aArgentina' pelo contr2rio' as a%8es concretas em contra da IURD' 3icaram redu<idas a umacarta da mais con=ecida m1e de santo argentina' (eggie de Ieman;2' reclamando pelosata4ues à &ecretaria de Cultos e uma denuncia dela apresentada ao IADI -Instituto acional contra a Discrimina%1o." A amea%a da poss>vel participa%1o pol>tica da IURD 3oiutili<ada' principalmente' como um dos argumentos para ;usti3icar' perante outrosumbandistas' a conveni9ncia de apoiar a um determinado candidato presidencial"

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Em ambos os pa>ses' o cari< 4ue tomaram os con3litos no ?rasil nos 5ltimos doisanos +especialmente o acontecido em (orto Alegre em ;un=o de 00+ 3oram determinantes para produ<ir uma mudan%a 4ualitativa na preocupa%1o pelo assunto" Outrossim' as not>cias

sobre a poss>vel participa%1o pol>tica da IURD em ambos pa>ses -um pouco mais concretasno caso uruguaio. atuaram como um catalisador adicional para a intensi3ica%1o dasrespostas"

(ara 4ue essas r6plicas 3oram poss>veis' no entanto' 3oi necess2ria a exist9ncia previa'nos umbandistas de ambos pa>ses' de um marco interpretativo de ação coletiva 4ueen3ati<ara seus direitos cidadãos3  Isto se torna evidente se considerarmos 4ue o grupo del>deres uruguaios cu;as a%8es se regiam' principalmente' pelo marco religioso/ cultural dea%1o coletiva n1o tomou nen=uma iniciativa contra essa igre;a' en4uanto 3oi o grupo 4ue de3ato orientava seu agir por esse marco de direitos c>veis 4ue intentou distintas estrat6gias dedenuncia das atividades de descr6dito da IURD' primeiro ante a Gusti%a c>vel' depois ante o(oder Executivo -a trav6s do organismo 4ue regula à m>dia.' o (oder egislativo e'

3inalmente' a Gusti%a penal" a Argentina' a m1e de santo 4ue se mostrou mais preocupada pelas a%8es da IURD e sua poss>vel acumula%1o de poder pol>tico -n1o mais apenaseconmico. num 3uturo próximo' 3oi 4uem ao mesmo tempo props e mais energicamentede3endeu o marco de direitos c>veis"xxxii 

A preocupa%1o pelos ata4ues da IURD encontra aos movimentos umbandistas deambos pa>ses em distintas etapas de sua legitima%1o social" O uruguaio' numa escaladaascendente' obtendo uma crescente legitima%1o: em bons termos com o governo nacional +o4ue' como vimos' n1o l=e evitou alguns problemas com a pol>cia' mas l=e deu uma maiorcapacidade de lidar com eles+ com uma rela%1o bastante boa com a m>dia e estabelecendoalian%as com organi<a%8es de minorias 6tnicas" O movimento argentino' por outro lado'encontra+se agora mais en3ra4uecido 4ue em anos anteriores' com suas rela%8es com o

diretor do Registro de Cultos deterioradas e com problemas nas inscri%8es nesse organismo'com m2 imagem na imprensa e com l>deres 4ue est1o menos unidos e 4ue contam commenos recursos econmicos 4ue 4uando reali<avam eventos p5blicos' alugavam teatros e=ot6is na d6cada de 0"

&omado à curva crescente de legitima%1o' o movimento uruguaio tem recursosculturais  para mobili<ar com os 4uais n1o contam seus colegas argentinos" Isso seevidencia nas numerosas e cont>nuas invoca%8es à sua condi%1o de uruguaios e' portanto'de cidadãos  com todos os direitos 4ue essa condi%1o l=es outorga" as suas cartas àsautoridades executivas' legislativas e ;udiciais' 4uanto no seu discurso na m>dia' podemvaler+se tanto dessa vis1o cl2ssica da na%1o uruguaia' 4ue en3ati<a sua tradi%1o de respeito esalvaguarda dos direitos das minorias' 4uanto tirar proveito de uma narrativa um pouco

mais multi+culturalista da na%1o' 4ue esteve emergindo nos 5ltimos anos 7 após daCon3er9ncia contra o Racismo em Durban e dos es3or%os da Organi<a%1o Fundo A3ro+ 4uerecon=ece' sobretudo' a exist9ncia e as contribui%8es culturais do segmento negro da popula%1o uruguaia"xxxiii  A narrativa nacional' tanto na sua vers1o tradicional 4uanto naainda nascente' l=es permite ressaltar de um modo acredit2vel sua condi%1o de cidadãosuruguaios' com direitos constitucionais a exercer sua religi1o' apoiados numa tradi%1onacional de respeito às minorias' e acusar' ao mesmo tempo' aos pastores da IURD deKestrangeiros intolerantesL 4ue violam as leis e as tradi%8es locais de respeito por outroscidad1os"

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(elo contrario' os umbandistas argentinos n1o encontram seus reclamos apoiados'mas limitados por uma narrativa dominante de na%1o caracteri<ada' como a3irmam v2riosautores' por uma mitologia da exclus1o do di3erente e 4ue n1o d2 lugar a express8es

culturais negras na =istoria Argentina" Embora os religiosos argentinos tentaram' a trav6sde seus congressos' publica%8es ou interven%8es na m>dia' apresentar uma contra+narrativadessa =istoria' 4ue en3ati<asse os aportes negros à cultura nacional +como uma maneira deencontrar um lugar para suas pr2ticas no presente+ seus es3or%os 3icaram limitados aespa%os muito restringidos -@rigerio 00." As acusa%8es vigentes desde a d6cada de *,0de 4ue Kos paisL praticariam' principalmente' magia' tamb6m os exclui de uma na%1o 4uese considera n1o só =omog9nea e europ6ia' mas tamb6m moderna' e sobretudo racional ' na4ual n1o =2 espa%o algum 7e por tanto tampouco direitos cidad1os+ para 4uem prati4ue amagia -@rigerio 000."xxxiv  Resulta' portanto' pouco culturalmente ressonante comoargumento 4ue os umbandistas locais se reivindi4uem como cidad1os argentinos ou 4ueinvo4uem uma tradi%1o local consuetudin2ria de respeito às minorias"xxxv 

Os umbandistas uruguaios n1o apenas tiveram mais recursos culturais para mobili<ar'mas tamb6m 3oros mais importantes nos 4uais 3a<e+lo" Ademais de um periódico mensal próprio c=egada a um p5blico mais amplo' lograram 4ue v2rios meios de comunica%1o seinteressaram por eles e apresentaram not>cias de maneira 4ue parecia 4ue concordavamcom sua causa +especialmente nos seus problemas com a IURD" As simpatias dos ;ornalistas uruguaios parecem' at6 esse momento' estar mais com os umbandistas 4ue com aigre;a neopentecostal brasileira" 

Os religiosos argentinos carecem de uma 3esta religiosa p5blica e de multid8es comoa de Ieman;2 no Uruguai' 4ue l=es permita mostrar uma inser%1o importante na sociedade"Em ?uenos Aires as o3erendas para esse orix2 se reali<am nas distintas praias do sub5rbio'=abitualmente de madrugada e s1o 3eitas pelos distintos templos de maneira 4uase

individual +em ocasi8es' por grupos de templos" 1o =2 uma presen%a vis>vel de umaKcomunidadeL umbandista argentina +lembremos 4ue os numerosos eventos p5blicossempre 3oram em locais 3ec=ados e tiveram pouca repercuss1o na imprensa" O 3ato de 4uese;a mais comum 4ue os ;ornalistas 3alem dWKos paisL 4ue dWKos umbandistasL mostra 4ueainda s1o percebidos como uma minoria de indiv>duos 4ue o3erecem servi%os m2gicos parauma clientela -enganada. mais 4ue como l>deres de uma comunidade religiosa leg>tima" xxxvi 

Em ambos pa>ses' a IURD 6 estigmati<ada e n1o tem conseguido estabelecer alian%aslocais" Os outros grupos evang6licos n1o a recon=ecem como um dos seus e 4uando t9m aoportunidade a criticam' provavelmente mais ainda na Argentina' donde os evang6licos t9mconseguido' nos 5ltimos anos' um importante grau de uni1o e de legitima%1o social' a trav6sda cria%1o do Consel=o acional Crist1o Evang6lico' 4ue uniu às tr9s 3edera%8es mais

importantes da4uele momento -YHnarc<HZ 00."xxxvii  M por esse motivo 4ue a maior preocupa%1o dos umbandistas pelo acionar desta igre;a surgiu após de 4ue se anunciara sua prov2vel interven%1o na pol>tica local" Com os eventos recentemente acontecidos no ?rasilcomo pano de 3undo' temia+se 4ue se a IURD acrescentava poder pol>tico ao seu ;2con=ecido poder econmico' pudesse sair do seu ostracismo local e atacar aos praticantesde religi8es a3ro+brasileiras com maior e3ic2cia"

&e' como alguns estudiosos sustentam -Oro *).' a IURD 6 uma a3ro+brasileiri<a%1oda religi1o pentecostal' 4ue tem se assemel=ado mais com a umbanda na medida em 4uemais a ataca' seus embates contra essa religi1o no Uruguai e na Argentina t9m provocado4ue seu advers2rio se voltasse' ao mesmo tempo' um pouco mais como ela" Em e3eito' a partir dos logros da IURD no campo pol>tico' os umbandistas dos pa>ses platinos'

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tradicionalmente reticentes a envolver+se neste campo' est1o considerando a via pol>ticacomo a mel=or para en3renta+la" (or sua ve<' os ata4ues da IURD nos tr9s pa>ses t9maumentado a uni1o e os contatos entre os l>deres de religi8es a3ro+brasileiras do Cone &ul

4uem' principalmente via internet' intercambiam not>cias sobre a situa%1o do con3lito e seapóiam mutuamente nas estrat6gias 4ue desenvolvem" 

(or 5ltimo' resta perguntar se' da mesma maneira 4ue os l>deres umbandistasdesenvolveram estrat6gias para inserir+se nas narrativas nacionais dos seus pa>ses +commaior 9xito no Uruguai 4ue na Argentina+ ou pelo menos en3ati<aram o car2ter nacional desua comunidade religiosa' a IURD lograr2' de maneira similar' desenvolver igre;as comcaracter>sticas mais locais' desen3ati<ando sua origem brasileira" &ua organi<a%1o3ortemente centrali<ada e sua negativa' at6 o momento' de ter pastores n1o brasileiros' parecem ir contra de tal presun%1o" O 3ato de 4ue os devotos locais apare%am somente nos programas televisivos da igre;a' causa d5vidas respeito da valide< dos seus depoimentos edo real arraigo destas cren%as religiosas entre os argentinos e os uruguaios"

Re%erencias bibliogr&%icas

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+++++++ -00b." 

Representación en disputa: (ol>ticas de identidad con respecto a una pr2ctica cultural" (onencia presentada en la S +eunião de 9ntropología do 1ercosul " Universidade @ederal de &anta Catarina' @lorianópolis' ?rasil' 0 de noviembre al dediciembre"

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*)" 

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&em2n' (ablo e (atricia Foreira -*,."a IURD en ?uenos Aires H la recreación del

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 O!A&

i  1o pretendo me estender a4ui numa =istória pormenori<ada do desenvolvimento daumbanda no Uruguai -para isso' ver os trabal=os de ugarte *, e Oro *.' masen3ati<ar as dimens8es deste processo 4ue resultam particularmente instrutivas ao seremcomparadas com a situa%1o argentina e 4ue a;udam a explicar o desenrolar di3erente dosacontecimentos em um e outro pa>s"

ii  o entanto' para uma vers1o mais mati<ada e complexa da =istória e das origens' verugarte -*,. e Oro -*."

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iii Embora ugarte -*,. aponte a aus9ncia de pol>ticos e de prestigiosos l>deres religiosos

na inaugura%1o da imagem' a só presen%a da estatua num local no centro da cidade constituium importante marco na =istória das religi8es a3ro+brasileiras no Rio da (rata"

iv O 4ue n1o signi3ica 4ue se;am os 5nicos ou os mais populares pais ou m1es de santo entreos uruguaios" Desde a perspectiva de an2lise 4ue perpassa a esse trabal=o' a do estudo demovimentos sociais' gan=am particular importncia os l>deres 7embora se;am uma minoria+4ue reali<am es3or%os por construir uma identidade coletiva mobili<ada para a a%1o -ver@rigerio 00 para uma explicita%1o da perspectiva e sua aplica%1o em detal=e à umbandana Argentina." ugarte -*,. aponta a presen%a na m>dia em Fontevid6u de outros pais em1es de santo' mas 4ue s1o con=ecidos principalmente pela sua o3erta de servi%os m2gico+religiosos' n1o pelos seus es3or%os para unir à comunidade umbandista" Desde nossa

 perspectiva de an2lise' n1o importa tanto se seus es3or%os s1o respaldados pela KmaioriaLdos umbandistas -conceito' por outro lado' imposs>vel de 4uanti3icar e precisar.' mas 4ues1o 4uem mais vis>vel e ativamente prop8em marcos interpretativos para a a%1o coletiva e para a constru%1o de identidades coletivas" @erreira -00b H comunicación personal.menciona a existencia de uma terceira 3edera%1o de umbandistas' @ederación Estrella de losOrix2s liderada por @ernando de Oxal2' con activa participación en el &eminario acional4ue' a lo largo de varios meses' 3ue desarrollando la posición uruguaHa para la IIICon3erencia Fundial Contra el Racismo reali<ada en Durban -00*." Representantes deesta agrupación a3ro+umbandista participaron de esta reunión mundial" o anali<o estoses3uer<os en este traba;o" dado 4ue no se encuadran dentro de sus ob;etivos espec>3icos"

v

  ?en3ord -*): J*.' baseado em seu trabal=o anterior com &noP -&noP e ?en3ord*.' de3ine os marcos de ação coletiva  como Kum con;unto emergente de cren%asorientadas para a a%1o 4ue inspiram signi3icados e legitimam as atividades e campan=as demovimentos sociaisL" &egundo &noP e ?en3ord -*: *,.' os marcos de a%1o coletivaKsublin=am a seriedade e in;usti%a de certas condi%8es sociais ou rede3inem como in;usto eimoral o 4ue era previamente considerado como desa3ortunado' mas tal ve< toler2velL"Caro<<i -*,. 3a< uma avalia%1o local da utili<a%1o deste conceito nos estudos sobrereligi1o"

vi  &egundo ?en3ord e &noP -*,,.' os marcos de a%1o coletiva cumpririam 3un%8esdiagnsticas  -identi3icar um problema e atribui+l=e uma causa.'  prognsticas  -o3erecer

solu%8es' identi3icar 4ue atores ser1o os alvos da a%1o e propor estrat6gias e t2cticas para amesma. e 3orneceriam um vocabul#rio de motivos para ;usti3icar a a%1o"

vii Os ob;etivos declarados da @AUDU mostram uma similar orienta%1o cultural+religiosa"Ela se evidencia claramente nos enunciados do principio:

+ Incentivar os intercmbios culturais  em todas suas 2reas e a trav6s dedemonstra%8es ou 4ual4uer recurso com o 3im encamin=ado do crescimento espiritual"

- Investigação' estudo e desenvolvimento do intercâmbio cultural para o estudoantropolgico' sociolgico e espiritual"

+ @omentar as iniciativas 4ue permitam o progresso da entidade social a trav6s de palestras' semin2rios' con3erencias' mostras pictóricas' mesas redondas' o3icinas e

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 similares"

+ (romover e 3omentar a educa%1o' informando das culturas e tradiç4es relacionadas

com as 3inalidades ;2 mencionadas"+ (romover todo tipo de atividades 5ue d;em um maior con=ecimento da cultura e da

civilização'  criando pontes culturais entre todos os pa>ses nos 4uais est2 inserida aA3rican>a" -min=a 9n3ase em todos os casos.

&ó os 5ltimos tr9s ob;etivos en3ati<am uma 3inalidade mais religiosa:+ Apoiar e recon=ecer os rituais e cerimnias 4ue se reali<em em cada um dos

templos a3iliados"+ A celebra%1o e di3us1o de todos os cultos religiosos e espirituais a3ro+umbandistas e

todos a4ueles 4ue contribuam para a mel=or reali<a%1o do culto"+ (romover a =armonia e a pa< espiritual entre seus integrantes"

viii A O$ Organi<a%1o Fundo A3ro teve um meteórico sucesso e legitima%1o durante ad6cada de *0" Conseguiu estabelecer alian%as internacionais com outros grupos negros eutili<ar instncias supra+nacionais como a Con3er9ncia Fundial contra o Racismo deDurban para' entre outras con4uistas' obrigar ao governo uruguaio a pronunciar+se de umamaneira in6dita sobre a dimens1o da popula%1o negra local e o racismo 4ue so3re -@erreira00a."

ix (or outro lado' o primeiro grupo de l>deres religiosos tamb6m obt6m algumas con4uistasimportantes' mas 4ue evidenciam 4ue suas atividades de mobili<a%1o de 3ieis e de recursosse desenvolvem dentro de um marco de a%1o coletiva religioso+cultural" evantam umsantu2rio para &1o Gorge dentro de um denominado K(ar4ue atural dos Orix2sL numa

cidade do interior uruguaio e conseguem 4ue a pre3eitura de Fontevid6u l=es conceda uma praia especial para 4ue os a3ro+umbandistas reali<em suas o3erendas ao mar" A pol9mica4ue essa praia desatou entre os dois grupos de l>deres religiosos e os templos 4ue osapoiavam evidenciou os di3erentes marcos de a%1o coletiva 4ue os impulsionava" En4uantoo grupo mais antigo de l>deres o comemorou como uma con4uista' o grupo mais novocriticou severamente a medida" Em primeiro lugar' por4ue a3irmavam 4ue a praia era umadas mais polu>das da cidade e 4ue poderiam acarretar danos 3>sicos al ingressar ao mar para3a<er as o3erendas' ban=os rituais' etc" Em segundo lugar' e mais importante' por4ue amedida' longe de resultar um bom resultado' l=es parecia discriminatria"

KComo uruguaios' consideramos 4ue temos a liberdade de exercer nosso direitoreligioso consagrado constitucionalmente' em toda a extens1o do pa>s -Consideramos

4ue. ao ser outorgado UF local determinado' implicitamente est2 limitando o direito deassistir a outros" -. restringindo+nos em um só local da nature<a 4ue cultuamos' nosestar>amos auto+discriminando e 3omentando essa id6ia terminaremos num gueto"L -K(raiaexclusiva: parece bom' mas n1o 6L'  9taba5ue  J' pag" **' novembro 00*. e' continuaK&omos umbandistas em todo o território nacional e temos direito de exercer a religi1orespeitando a sensibilidade e direitos al=eios' n1o só num tramo pe4ueno do litoral' mas emtodo o grandioso Uruguai" Resistimo+nos a ser separados do resto da sociedade' por4ue nossentimos parte dela" &omos uruguaios e' como tais' livres de praticar a religi1o 4ue amamosem todas e cada uma das extens8es naturais 4ue con3ormam esse aben%oado pa>s"KUmbandistas: o Uruguai 6 nossoL' 9taba5ue  J' pag" **' novembro 00*.

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 x O ministro 6 convidado em agradecimento pela sua autori<a%1o para 4ue a C=e3atura de(ol>cia elimine os registros dos templos umbandistas e por autori<ar à ?anda da (ol>cia

to4ue na 3esta para Ogum"

xi  A capa do periódico  9taba5ue  no" , -agosto 00. registra com clare<a a paradoxalsitua%1o 4ue os umbandistas vivem" (or um lado' destaca como principal titular 4ue umamobili<a%1o de l>deres religiosos -4ue incluiu' tamb6m entrevistas pessoais e lobbH comlegisladores' a presen%a de v2rios deles com suas roupas rituais na audi9ncia do &enado provocou mudan%as no pro;eto de lei 4ue poderia ter restringido o uso de tambores emcerimnias" Outro titular' embaixo' denuncia de 4ue modo' do<e dias depois dessa vitória' a pol>cia invadiu e interrompeu uma gira de umbanda na casa da presidenta da I@A"

Essa ambigBidade 6 explicitamente assinalada no n5mero seguinte do ;ornal' em cu;acapa se destaca 4ue: KEn4uanto os legisladores responsavelmente modi3icam pro;etos de lei

 para n1o lesar os direitos religiosos da coletividade umbandista no Uruguai e o Finistro doInterior expressa publicamente seu respeito pelos di3erentes cultos e seu direito de seexpressar' membros do primeiro escal1o do próprio Finist6rio do Interior nos di<em 4ue se=2 denuncias de excesso de barul=o tem 4ue agir' embora saibam 4ue se trata de umtemplo' onde tem assistido em outras oportunidades" Isto n1o 6 assedioL -Ataba4ue 'outubro 00.

xii &igo a4ui à an2lise de $uigou -*: ,' *.

xiii !ndas de 9mor e @az ' uma igre;a de origem argentina' tin=a se aventurado na televis1o'no Canal * com programas di2rios de poucos minutos" A pr6dica contra as religi8es a3ro+

 brasileiras' embora exista' 6 menos central no seu discurso 4ue no de seus pares de origem brasileira"

xiv O n5mero ) do periódico' de maio de 00' tra< uma carta aberta para Kos ;ornalistas decanal *0 e a popula%1o da Rep5blica Oriental do UruguaiL' na p2gina das editoriais' tituladaKContra a discrimina%1o religiosaL" a carta' onde se reiteram os argumentos da editorialantes citada' pergunta+se se o canal 4ue Kostenta o ep>teto de ]o canal uruguaio] -. deveriacambiar o slogan por ]o canal dos Uruguaios evang6licos da Igre;a Universal] ou deveriaretira+lo de sua publicidade" L - 9taba5ue )' p2g' maio de 00."

xv A not>cia ocupa um pe4ueno espa%o neste n5mero de  9taba5ue  +comparada com as de

con3litos em outros lugares do ?rasil + provavelmente pela data 3ec=a de sa>da da revista" Asitua%1o no Rio $rande do &ul ser2' no entanto' o exemplo 4ue ser2 utili<ado' da> pra3rente' para tipi3icar o perigo 4ue os ata4ues da IURD possam acarretar' especialmente sead4uire poder pol>tico" O n5mero de setembro de 9taba5ue dedica uma editorial e uma notamais grande ao caso"

xvi  &egundo o anunciado ao periódico a Rep5blica pelo vereador eriberto &u2re< do(artido Colorado' re3erente principal do KFovimento de A%1o Crist1L' _n1o se trata de umapoio institucional da igre;a ao movimento' mas de 4ue est2 con3ormado na sua maioria' por membros da Igre;a Universal -. o ,0 por cento do executivo do agrupamento ointegram membros da igre;a_" @rente a uma pergunta do entrevistador' o vereador colorado

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 lembrou 4ue _no ?rasil a igre;a apoiou ao (artido iberal do atual vice+presidente Gos6Alencar e atualmente =2 membros da igre;a 4ue s1o deputados' senadores e pre3eitos_"

-K Igre"a Universal do +eino de ?eus se lançou 7 política em apoio a IglesiasL' ;ornal  Ja  +ep(blica *0/*/00J.

xvii  En las elecciones presidenciales de octubre de 00J' ganadas por el @rente Amplio' lalista )))) de los candidatos umbandistas no tiene la repercusión esperada" e;os dedesanimarse' los l>deres religiosos piensan presentarse nuevamente en las elecciones paraintendente de 00' apoHando a uno de los candidatos del @rente Amplio"

xviii Dentre a d5<ia de pais ou m1es de santo mais ativa na organi<a%1o de eventos p5blicos'revistas de umbanda ou 3edera%8es encontramos' por exemplo' l>deres cu;as lin=agensreligiosas se remontam a: a primeira e a segunda gera%1o de l>deres batu4ueiros ga5c=os' a

na%1o OmoloZo do Rio de Ganeiro' a primeira e a segunda gera%1o de pais c=egados doUruguai ou o candombl6 do Rio de Ganeiro"

xix Em contraste com essa atitude' a embaixada do ?rasil nunca enviou representantes aoseventos umbandistas" Essa 3ria atitude' em contraste com o apoio simbólico dos nigerianos'a;udou para 4ue' progressivamente' a religi1o 3osse apresentada à sociedade comoKa3ricanaL" A progressiva 9n3ase do passado negro argentino serviu para reali<ar uma ponteentre a religi1o a3ricana e o passado negro argentino -@rigerio *' 00."

xx  Uma en4uete de estudo sobre as seitas reali<ada em * para uma Comiss1o(arlamentaria da (rov>ncia de ?uenos Aires' demonstra a m2 imagem da umbanda" uma

avalia%1o guiada sobre 4uais grupos podiam ser considerados perigosos' recebe o segundon5mero de men%8es -logo em seguida dos Feninos de Deus 4ue' em *' 3oram os protagonistas de outro evento de pnico moral sobre seitas."

xxi  Os nomes de alguns desses eventos mostram a 9n3ase nos aspectos culturais -emboraseus organi<adores e participantes 3ossem religiosos.: (rimeiro Encontro de #ulturas A3ro+americanas -**.Q Congresso Antro'ol(gico  atino+americano de Religi1o A3ricanista-*.Q &impósio Argentino de #ultura A3ricana -*.Q Congresso acional de #ultura e Religi1o A3ricanista -*.Q Exposi%1o de Artesanato e Folclore A3ro+americano -*.-min=a 9n3ase." &eguindo as t2cticas desenvolvidas pelo marco mestre de a%1o anterior'esses congressos tamb6m se reali<aram em loca%8es no centro da cidade' mas com um

maior prest>gio cultural " Os locais 3oram: a Aula Fagna da @aculdade de Fedicina daUniversidade de ?uenos Aires' o Centro Cultural &an Fart>n' o Centro Cultural Recoleta'um con=ecido teatro da avenida Corrientes e dois tradicionais =ot6is do centro"

xxii  &egundo o pro;eto 4ue se tornou de dom>nio p5blico na 6poca' para anotar+se noRegistro um grupo religioso deveria cumprir alguma destas 4uatro condi%8es: a. ter presen%a em tr9s prov>ncias' b. ser a igre;a o3icial de um Estado com o 4ual o pa>s ten=arela%8es diplom2ticas' c. mostrar uma presen%a secular no pa>s' ou d. ter um n5mero dedevotos e4uivalente ao *0 do total da popula%1o do pa>s ou da prov>ncia em 4ue existe-@rigerio e YHnarc<HZ 00J."

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 xxiii A constitui%1o de 3edera%8es sempre 3ormou parte do repertório de a%1o coletiva dosumbandistas argentinos 7sem d5vida uma t2ctica legada por seus mentores brasileiros 4ue a

converteram numa 3erramenta popular na4uele pa>s" A primeira tentativa de a%1o coletiva3oi uma 3edera%1o' em *) e durante o per>odo anterior -*,+*,. tin=am sido 3undadastr9s" A partir de *0' no entanto' na medida 4ue a controv6rsia sobre seitas 3icou maisviolenta e o 3antasma da nova lei sugeria poss>veis restri%8es às inscri%8es no Registro deCultos' produ<iu+se um salto 4uantitativo e 4ualitativo no uso dessa t2ctica de a%1o" o  IIIEongresso Nacional de Eultura e +eligião 9fricanista' em outubro de *' um ano depois4ue come%aram as acusa%8es sobre crimes rituais' e após de v2rios meses de pnico moral pelo acionar das seitas' dez  3edera%8es de religi1o a3ro+umbandista se uniram para 3ormar aEomunidade 9rgentina +eligiosa 9fro-9meríndia' Kuma entidade de car2ter con3ederativo4ue agrupe a todas as institui%8es de segundo grau procurando a união efetiva e definitiva de todos os praticantes de religi8es de origem a3ro+amer>ndia na Rep5blica Argentina"L

-segundo consta na Declara%1o de (rinc>pios' assinada no /*0/* pelos diretores das de<3edera%8es." Essa not2vel iniciativa' no entanto' n1o teve muito sucesso" Antes do primeiroano' devido a disputas internas' varias das 3edera%8es se desprenderam da CARAA e amaior parte delas n1o sobreviveu"

xxiv A id6ia dos =eróis do marco de a%1o coletiva cultural de 4ue Ka cultura 6 um guarda+c=uva sob o 4ual todos 3alamos a mesma l>ngua' ningu6m se intromete nos rituais dosoutros e podemos apresentar+nos como uma comunidadeL n1o resultou t1o evidente paratodos os l>deres" Devido a 4ue a cultura da 4ue se estava 3alando era' na verdade' a a3ricanaou a a3ro+americana de g9neros ou vertentes religiosas mais prestigiosas 4ue o batu4ue-como o candombl6 ou a santer>a. n1o todos os pais de santo estavam dispostos a ir al6m de

sua 3orma%1o religiosa =abitual e ler os livros 4ue o marco cultural re4ueria ou deapro3undar o con=ecimento da mitologia de I32 +considerada como a base da cultura e dareligi1o a3ro+americana"

xxv  Os ob;etivos 3ormulados pelo @rente' após varias reuni8es e discuss8es' 3oram osseguintes: pr 3im à intolerncia e às lutas internas 4ue n1o nos permitem pro;etar+nossocialmenteQ proporcionar con=ecimento 3ilosó3ico aos religiosos e erradicar os templos de3ac=adaQ normali<ar a legalidade dos templosQ 3ormar uma rede solid2ria entre as casas dereligi1o e 3ormar um corpo legal 4ue de3enda nossos direitosL -(eriódico do  Loro de +eligi4es 9fricanas e 9meríndias' n5mero 0' p2gina ' ;un=o de *.

xxvi Em outubro de * @ernando de la R5a 6 eleito presidente e dois anos mais tarde' emde<embro de 00*' se v9 obrigado a renunciar a seu cargo" Após uma sucess1o de presidentes interinos' em abril de 00' voltam a serem reali<adas elei%8es presidenciais"

xxvii a 2rea de  Tustiça' criticavam principalmente aos empecil=os burocr2ticos colocados para as inscri%8es no Registro de CultosQ na de *rabal=o e 9ssist;ncia Aocial   re4ueriam4ue se;am inclu>dos os templos nos planos de a;uda social e 4ue se outorgaram subs>diosaos re3eitórios para crian%as 4ue 3uncionam em algumas casas religiosasQ na de 6ducação' pediam a participa%1o em programas educativos 4ue a;udassem a erradicar a discrimina%1oreligiosaQ na de Aa(de' 4ue os pais e as m1es possam exercer suas 3un%8es como ministrosreligiosos em =ospitais e 4ue possam reali<ar rituais 3uner2rios nos cemit6rios' e para a 2rea

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 de 1eios de Eomunicação' solicitavam 4ue se l=es outorgara direito de resposta ou 4ue se3i<esse uma advert9ncia aos programas nos 4ue eram atacados"

xxviii (eriódico do  Loro de +eligi4es 9fricanas e 9meríndias' p2gina ' ;aneiro de 00 eweb site do Lrente de +eligiosos 9fro-ameríndios"

xxix  Deterioraram+se gravemente com a maioria dos l>deres religiosos 4uando um grupodeles o acusaram de recomendar despac=antes amigos para tramitar o registro em Cultos" Aacusa%1o' reali<ada publicamente na primeira reuni1o do @oro em *,' levou em seguida auma den5ncia ;udicial e ao processamento do 3uncion2rio durante o ano 000" Embora3osse inocentado' 3oi iniciada una sindicncia cu;o resultado ainda est2 pendente"

xxx O grupo 3oi organi<ado por um pastor evang6lico argentino' psicólogo' provavelmente o

mais con=ecido Kexpert em seitasL evang6lico" O pastor n1o teve grande presen%a no debatesobre seitas na m>dia secular' mas 3oi' sim' 3re4Bentemente consultado a respeito na m>diaevang6lica" &eu grupo de disc>pulos conseguiu' possivelmente por seu car2ter pitoresco eatrativo pra m>dia de ex+pais' alguma visibilidade nos talZ+s=oPs da tarde 4ue' na segundametade da d6cada de *0' tiveram bastante sucesso em ?uenos Aires" (rovavelmente'tamb6m' por4ue sua a3ilia%1o con3issional n1o sempre era clara' pois em ocasi8es seapresentavam mais como uma agrupa%1o de Kv>timas das seitasL 4ue como membros deuma igre;a evang6lica" Da irrita%1o 4ue isto causava aos umbandistas d1o conta varias notasaparecidas na revista  902  -a 5nica publica%1o umbandista/a3ricanista 4ue c=egou a servendida em bancas de ;ornal."

xxxi  &obre a IURD na Argentina' consultar Foreira -*,.' &em2n e Foreira -*,. e&em2n -00."

xxxii  Essa m1e de santo' (eggie de Ieman;2' ademais tem bons contatos com o grupouruguaio 4ue edita  9taba5ue  7como se pode apreciar nas notas 4ue ela escreveu nesse periódico"

xxxiii $uigou -00. e CaHetano e $eHmonat -*). analisam a constru%1o da nacionalidadeuruguaia' pela 4ual as comunidades 6tnicas e religiosas conseguem manter suas particularidades culturais no mbito privado' aderindo à religi1o civil do Estado uruguaionos seus aspectos p5blicos' em troca de ter recon=ecidos seus direitos en4uanto cidad1os

uruguaios" @erreira -00a. analisa com detal=e a bem+sucedida utili<a%1o' por parte doagrupamento de militantes negros' Organi<a%1o Fundo A3ro' de recursos' contextos eeventos internacionais para gan=ar uma 3orte presen%a local" O sucesso dos seus es3or%ostem levado a debilitar o mito da na%1o uruguaia =omog9nea e branca e parecem condu<ir para uma nova' mais pluralista maneira de conceber a nacionalidade uruguaia"

xxxiv A di3eren%a pode+se apreciar nos tratamentos 4ue d1o ao tema os principais meios decomunica%1o da centro+es4uerda progressista em ambas cidades" o ;ornal uruguaio  Ja +ep(lica 6 poss>vel ver v2rias reportagens nas 4ue reprodu<em as declara%8es umbandistas4ue denunciam 4ue existiam discrimina%8es contra elesQ inclusive publicaram uma notadando conta do 3alecimento' nos primeiros meses de 00J' do pai Armando AHala' l>der do

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 grupo de pais mais tradicional" a Argentina' pelo contrario' o ;ornal  @#gina ,%' 4ue seriao seu e4uivalente' sempre 6 muito cr>tico e irnico das pr2ticas religiosas pouco

seculari<adas' 4ue incluam elementos m2gicos ou esp>ritas"

xxxv  Um bom exemplo da di3eren%a nos argumentos 4ue podem ser invocados em ambasmargens do Rio de la (lata: criticando às incurs8es policiais nas cerimnias de umbanda' al>der de  9taba5ue  escreve no seu periódico: KCusta acreditar 4ue este;amos 3alando da pol>cia do UruguaiL - 9taba5ue  ,' agosto 00." Uma 3rase desse tipo' 4ue implica umacomunidade moral entre a pol>cia e as minorias do pa>s' seria impens2vel na Argentina'onde 6 regra 4ue a pol>cia +e v2rios aparel=os estataisN ten=am uma m2 rela%1o com asminorias"

xxxvi  Uma exce%1o 6 a 3esta de Ieman;2' 4ue em torno de 4uatro ou cinco anos atr2s' vem

sendo organi<ada pelo pai ugo de Ieman;2 na mais central praia de Far del (lata' e 4ue =2 pouco 3oi declarada de interesse cultural pela (re3eitura da cidade" Essa importanteiniciativa' no entanto' ainda n1o tem gan=ado visibilidade na m>dia' para al6m dessa cidade"

xxxvii  A revista semanal argentina 4ue anunciou 4ue a IURD apoiaria a Carlos Fenem' einterpretou a iniciativa como um apoio dWKos evang6licosL em geral' recebeu umextraordin2rio volume de cartas -segundo admitiram no seu correio de leitores. negando4ue a4uela igre;a perten%a a esse grupo religioso" (or outro lado' a IURD tentou ingressarcomo mais uma das igre;as pertencentes ao Consel=o acional Evang6lico' mas n1o 3oiadmitida -ilario YHarnc<HZ' comunica%1o pessoal."