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A CULTURA DO FIGO (Ficus carica L.) 1. Aspectos Gerais A figueira é uma frutífera pertencente a família Moraceae, originária da região arábica mediterrânea, Mesopotâmia, Armênia e Pérsia, havendo relatos de cultivos até mesmo a 639 a.C. A figueira é considerada uma árvore sagrada, como símbolo de honra, utilizada na alimentação de atletas. O figo foi à primeira medalha olímpica. A planta apresenta porte arbustivo, conduzido em sistema de sucessivas podas drásticas. Os figos destinam-se ao consumo in natura ou à industrialização, em forma de doces em calda (verdes e inchados), cristalizados, figada e secos do tipo rami (figos preparados em xarope). O Brasil é considerado o 13º maior produtor mundial e o maior produtor das Américas e do hemisfério Norte; o Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, em área, seguido de São Paulo e Minas Gerais. RS e MG possuem a produção quase que totalmente destinada à fabricação de doces. No Estado de São Paulo, a região do Circuito das Frutas detém a maior produção. 2. Clima A figueira é uma planta considerada de clima subtropical e apresenta excelente adaptação tanto em regiões subtropicais quentes como em clima temperado. Nas regiões muito sujeitas às geadas, a cultura não é indicada, pois os ramos novos são muito sensíveis e as geadas rigorosas chegam a matar toda a parte aérea. A planta apresenta folhas caducas que caem no outono-inverno. A sua grande capacidade de adaptação climática lhe confere o comportamento cosmopolita. Assim, há registros de seu cultivo no Brasil desde as regiões temperadas do Rio Grande do Sul, até mesmo nas regiões semi-áridas nordestinas. É caracterizada pela presença de células lactíferas, principalmente nos ramos e pecíolo foliar, que exsudam uma substância denominada de ficcina, enzima proteolítica que é responsável por queimaduras de 2º grau quando em contato com a pele. A cultura exige, no período vegetativo, chuvas freqüentes e bem distribuídas. A média de 1200 mm anuais e o emprego de cobertura do solo preserva a umidade, fator fundamental para o bom desenvolvimento da figueira. Em locais com precipitações irregulares, as pequenas estiagens são sentidas pela planta, causando a queda das folhas com prejuízos na produção. 3. Solo A cultura vai bem nos diferentes tipos de solos, desde que sejam profundos, ricos em matéria orgânica e bem drenados. Os melhores solos para a figueira são os argilo-arenosos, com pH entre 6 e 7. Os 1

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A CULTURA DO FIGO (Ficus carica L.)

1. Aspectos Gerais

A figueira é uma frutífera pertencente a família Moraceae, originária da região arábica mediterrânea, Mesopotâmia, Armênia e Pérsia, havendo relatos de cultivos até mesmo a 639 a.C. A figueira é considerada uma árvore sagrada, como símbolo de honra, utilizada na alimentação de atletas. O figo foi à primeira medalha olímpica.

A planta apresenta porte arbustivo, conduzido em sistema de sucessivas podas drásticas. Os figos destinam-se ao consumo in natura ou à industrialização, em forma de doces em calda (verdes e inchados), cristalizados, figada e secos do tipo rami (figos preparados em xarope).

O Brasil é considerado o 13º maior produtor mundial e o maior produtor das Américas e do hemisfério Norte; o Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional, em área, seguido de São Paulo e Minas Gerais. RS e MG possuem a produção quase que totalmente destinada à fabricação de doces. No Estado de São Paulo, a região do Circuito das Frutas detém a maior produção.

2. Clima A figueira é uma planta considerada de clima subtropical e apresenta excelente adaptação tanto

em regiões subtropicais quentes como em clima temperado. Nas regiões muito sujeitas às geadas, a cultura não é indicada, pois os ramos novos são muito sensíveis e as geadas rigorosas chegam a matar toda a parte aérea.

A planta apresenta folhas caducas que caem no outono-inverno. A sua grande capacidade de adaptação climática lhe confere o comportamento cosmopolita. Assim, há registros de seu cultivo no Brasil desde as regiões temperadas do Rio Grande do Sul, até mesmo nas regiões semi-áridas nordestinas. É caracterizada pela presença de células lactíferas, principalmente nos ramos e pecíolo foliar, que exsudam uma substância denominada de ficcina, enzima proteolítica que é responsável por queimaduras de 2º grau quando em contato com a pele.

A cultura exige, no período vegetativo, chuvas freqüentes e bem distribuídas. A média de 1200 mm anuais e o emprego de cobertura do solo preserva a umidade, fator fundamental para o bom desenvolvimento da figueira. Em locais com precipitações irregulares, as pequenas estiagens são sentidas pela planta, causando a queda das folhas com prejuízos na produção.

3. SoloA cultura vai bem nos diferentes tipos de solos, desde que sejam profundos, ricos em matéria

orgânica e bem drenados. Os melhores solos para a figueira são os argilo-arenosos, com pH entre 6 e 7. Os arenosos, com baixa retenção de água (permitem a rápida infestação) de nematóides e os mal drenados devem ser evitados.

Sendo uma cultura permanente, requer cobertura morta, fator excelente no controle da erosão. Quanto ao relevo, podem ser usados solos de declive desde que seguidos os cuidados técnicos. Deve-se evitar baixadas sujeitas às geadas e ao encharcamento.

4. Cultivar Roxo de Valinhos, única cultivar comercial no Brasil. A planta é vigorosa, produtiva e adapta-se bem ao sistema de poda drástica. Essa cultivar é ideal para a produção de figos maduros e para o consumo “in natura”, pois são tenros e saborosos, e também para figo industrial.

5. EspaçamentoSe o plantio for destinado ao consumo in natura, deve-se adotar o espaçamento de 2,5 x 2,5m ou

3 x 2m. Se o objetivo for figo para indústria, recomenda-se usar 3 x 1m ou 2,5 x 1,5m.

6. Calagem e Adubação de PlantioDe acordo com a análise de solo, aplicar o calcário para elevar a saturação por bases a 70%.

Aplicar o corretivo em área total, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem.

As covas para o plantio devem ter dimensões de 40x40x40cm a 60x60x60 cm. A primeira camada de solo (até os 30 cm iniciais), é separada do subsolo (demais 30 cm) e misturada com 5 l de

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esterco de galinha ou 20 l de esterco de curral curtido, 1Kg de calcário, 200 a 300 g de P2O5 , 60 g de K2O e 20 a 30 g de bórax. Essa mistura é colocada no fundo da cova, completando-se o que faltar com a terra provinda da raspagem superficial do terreno. A do subsolo é utilizada para a construção da bacia ao redor da muda, após o plantio. Nos demais anos, realizar a adubação de acordo com a análise do solo e/ou foliar.

A partir do início da brotação das mudas, aplicar, em cobertura, na parte exterior da projeção da copa, 60 g de N, em 4 parcelas de 15 g, de dois em dois meses.

7. PlantioA época de plantio depende do tipo de muda a ser utilizada. Com o uso de estacas e mudas de

raiz nua, a época indicada é de maio a setembro, porém de maio a junho o pegamento é melhor. Utilizando-se mudas enraizadas, o plantio pode ser feito o ano todo, de preferência na estação chuvosa.

Utilizar mudas provenientes de viveiros livres de nematóide; evitar o aproveitamento de filhotes que se formam junto do tronco das plantas adultas. A estaquia direta no campo é um processo de multiplicação que pode ser conveniente pela maior rapidez na implantação do figueiral, sob condições favoráveis de clima e solo.

O plantio de estacas não enraizadas, diretamente na cova requer uma série de cuidados. A estaca deve ter comprimento de 30 a 60 cm e diâmetro de 2 a 3 cm. O corte da parte superior deve passar acima de um nó e o inferior abaixo. Há necessidade da existência de uma ou mais gemas bem desenvolvidas na parte superior da estaca. No plantio, a estaca deve ser quase totalmente enterrada na cova, no sentido vertical, ficando acima do solo apenas uma ou duas gemas, sobre as quais deve ser feita uma amontoa, cobrindo-se totalmente a estaca com capim seco.

As mudas rebentões ou filhotes crescem junto ao tronco das figueiras adultas são contra-indicadas, devido ao perigo de disseminação de nematóites.

8. Adubação de Formação

Quadro 1: Quantidades de nutrientes a serem aplicadas, anualmente, por planta, de acordo com a análise do solo.

Idade Nitrogênio P no solo (mg/dm3) K+ trocável (mmolc/dm3)0 - 12 13 -30 > 30 0 -1,5 1,6 – 3,0 > 30

Anos N (kg/ha) Dose de P2O5 em kg/ha Dose de K2O em kg/ha

1-2 40 60 40 20 60 40 20

2-3 80 100 60 40 100 60 40

3-4 120 150 100 50 150 100 50

4-5 160 200 120 70 240 160 80Aplicar o adubo em quatro parcelas, de dois em dois meses, a partir do início da brotação.

9. IrrigaçãoAconselhável nas estiagens da primavera de modo localizado e, de preferência, por gotejamento.

10. Tratos Culturais

10.1. Poda de FormaçãoIndependente do tipo de mudas, a planta deve ser formadas com um único tronco. Em qualquer

época que essa haste atinja a altura desejada para a formação da copa entre 40 e 60 cm faz-se o desponte (retirada da gema terminal desse broto único).

Uma vez realizado o desponte, uma intensa brotação ocorre na haste, deve-se proceder a desbrota, na qual são deixados três brotos bem desenvolvidos, localizados entre 30 e 50 cm do solo, distantes aproximadamente 10 cm entre si e distribuídos em torno da haste de tal modo a formarem ângulos de 120º. Esta operação deve ser feita quando os brotos apresentarem cerca de 10 cm de comprimento.

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Considerando que o desponte foi realizado durante o período de crescimento que se segue ao plantio, no final do período de dormência (um ano após a estaquia), as plantas estarão formadas por um único tronco com três ramos laterais bem distribuídos. Nesta ocasião (junho-agosto), deve-se realizar a poda de inverno, que consiste na poda drástica dos ramos, deixando-os com 5 a 10 cm, com gemas bem localizadas. Estes ramos constituem-se na base da copa e devem ser cortados, de tal modo que apresentem duas boas gemas voltadas para a parte externa da copa, a fim de formar uma planta aberta (formato de taça).

Iniciada a brotação, deve-se executar a desbrota, deixando-se em cada ramo adulto apenas dois brotos vigorosos e bem colocados, elevando-se para seis o número total de ramos. Durante este segundo ciclo de crescimento, deve-se fazer constantes desbrotas, necessárias para que os seis ramos cresçam vigorosamente.

No final do período de dormência do ano seguinte (junho-agosto), deve ser realizada a segunda poda de inverno, procedendo-se de modo idêntico ao ano anterior. Através de desbrotas deve-se permitir o desenvolvimento de doze brotos (dois por ramo).

No ano seguinte, procede-se da mesma maneira, onde já serão conduzidos 24 ramos na planta. Finalmente, no outro ano, sempre no período de dormência), se desejar, deixa-se mais doze ramos, de maneira que a formação da copa se completará com 36 ramos.

Resumindo, as operações de formação da planta prosseguem até o 4o ou 5o ano pós-plantio, duplicando-se anualmente o número de ramos da planta. A planta é considerada formada quando atinge 8 a 12 ramos por ramo inicial ou, no total, 24 a 36 ramos por planta. Em geral, em figueiras destinadas à produção de frutas frescas, deixa-se um menor número de ramos, para favorecer o tamanho e a qualidade dos figos. Em figueiras destinadas à produção de frutas para indústria, deixa-se maior número de ramos. Portanto, para figo de mesa são deixados de 6 a 12 ramos por planta e, para figo processado, de 12 a 36 ramos por planta.

10.2. Poda de frutificaçãoApós a formação, anualmente deve ser realizada a poda de frutificação, quando as plantas

estiverem em repouso. Esta operação consiste na retirada dos ramos que já frutificaram. Os ramos são podados drasticamente, deixando-se apenas 5 a 10 cm de forma que possuam duas gemas bem localizadas. Posteriormente, após a brotação, são escolhidos 1 a 2 brotos em boa posição por galho podado, de modo que os ramos cresçam verticalmente, formando um círculo à volta do tronco. Os demais brotos que aparecem são totalmente eliminados. A maioria das espécies de figueira tolera bem a poda drástica, a qual também tem benefícios no controle da broca-da-figueira (Azochis gripusalis).

Com o objetivo de acelerar ou retardar a época da colheita, a poda pode ser feita de maio a novembro, respectivamente, conforme as condições climáticas e o desenvolvimento da planta. A planta podada nestes períodos poderá ter sua atividade afetada, porém há vantagens econômicas. Dependendo das condições climáticas e tratos, a colheita tem início cerca de 4 a 5 meses após a poda de frutificação.

O melhor período de poda de frutificação, considerando-se apenas a produção de frutos, é nos meses de junho a julho. Porém, com o intuito de acelerar ou retardar a época da colheita, a figueira pode ser podada de maio a novembro, em condições climáticas e localização da cultura favoráveis. A planta podada nesses períodos pode ter sua produção afetada quanto à qualidade e quantidade, contudo, há vantagens econômicas.

10.3. DesbrotaAs plantas podadas brotam intensamente e, por galho podado, deve-se escolher um ou dois

brotos em posição, de modo que os ramos frutíferos cresçam na vertical, formando um círculo em volta do tronco; os demais brotos são eliminados.

10.4. Cobertura do solo A prática de cobertura do solo é indicada com espessa camada de capim seco, logo após a poda

de frutificação, antes do início da brotação. Essa prática oferece como vantagens o controle de plantas daninhas, evita a erosão do solo, mantém a umidade e ajuda no controle de nematóides.

9. Controle de pragas e doenças

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9.1 Pragas

  9.1.1 Broca-dos-ramos, Broca-da-figueira ou Broca-dos-ponteiros ( Azochis gripusalis ).

  O adulto é uma mariposa (Lepidóptera) com 30 mm de envergadura, as asas são marrom-amareladas, quase de cor palha, intercaladas com manchas estriadas marrom-escuras, dispostas longitudinalmente. A maior infestação verifica-se depois de novembro, podendo chegar até abril.

A mariposa põe os ovos sobre os ramos ou na base do pecíolo das folhas. As larvas atingem 25 mm de comprimento, têm coloração rosada e cabeça marrom. Inicialmente, as larvas se alimentam da casca tenra dos ramos onde se deu a eclosão. À medida que se desenvolvem, atinge a parte lenhosa dos ramos, restringindo-se seu ataque à medula. No local de penetração da broca, notam-se excrementos ligados por uma teia de natureza sedosa, que vai obstruir a entrada da galeria, protegendo a broca. No que se refere aos danos, como a broca tem o hábito de penetrar nos ramos, à medida que vai se aprofundando, as folhas vão murchando e os frutos atrofiam-se e secam, podendo comprometer a produção.

Os métodos culturais consistem em: a) fazer podas rigorosas dos ramos e queimá-los; b) esmagar as lagartas nas galerias usando arame e c) manter a cultura em terreno limpo.

Os métodos físicos consistem no uso de armadilhas luminosas, provindas de lâmpadas fluorescentes ultravioletas que exercem controle bastante eficiente. Utiliza-se uma armadilha para cada 7 ha. As armadilhas devem ser acionadas todas as noites, de setembro a março, pois atuam preventivamente na captura de adultos.

Os métodos químicos consistem em fazer pulverizações sistemáticas após os primeiros ataques, observados de novembro em diante, época de postura da praga. Podem ser utilizados os seguintes produtos: Dipterex-50 (300 ml/100 litros de água); Folidol-600 (100 ml/100 litros de água); Deltametrina-2,5CE (50 ml/100 litros de água). Estes produtos podem ser aplicados junto com a calda Bordaleza.

9.1.2 Coleobrocas

  Estas brocas são larvas de coleópteros que abrem galerias nos ramos e troncos da figueira. Causam a murcha e a seca dos ramos, folhas e frutos localizados acima da região do ataque. Os troncos atacados podem apresentar feridas e galerias, mas em todos os casos acabam secando e levando a planta ao definhamento e morte. As principais espécies que se constituem pragas da figueira são: Colobogaster cyanitaris, Marshallius bonelli, Trachyderes thoracicus e Teaniotes scalaris .

Para o controle das coleobrocas, devem-se destruir as larvas com canivete ou esmagando-as introduzindo-se um arame nas galerias. Como medida preventiva, recomenda-se mistura de um inseticida fosforado (por exemplo, Gusathion 400, na concentração de 150 ml/100 litros de água), pulverizando o tronco da figueira ou pode ser feito, ainda, o pincelamento do tronco após a poda com uma das misturas: inseticidas fosforado (Díptero-50, 1,0 Kg + fungicida cúprico (1 Kg + 10 litros de água) ou (10 Kg de cal + 2 Kg de enxofre + 1 Kg de sal + 100 litros de água). Pode-se, ainda, aplicar fosfina ou pasta para as larvas que fazem galerias profundas. O pincelamento dos ramos com calda a 10% de Carbofuran-350F sobre a casca no local de ataque também conferem bom resultado).

9.1.3 Cochonilhas  

As cochonilhas são bastante prejudiciais às plantas, pois vivem na superfície de diversos órgãos vegetais aéreos, onde se fixam e sugam a seiva dos tecidos, enfraquecendo a planta. As principais cochonilhas que causam danos à cultura da figueira são: Morganella longispina e Asterolecanium pustulans.

O controle das cochonilhas deve ser feito no período de entressafra, após a poda dos ramos, dada a dificuldade de se fazer o controle durante a brotação e a frutificação. Como muitas cochonilhas se reproduzem de setembro a novembro, deve-se efetuar a aplicação após o início da brotação. Devem ser feitas duas a quatro pulverizações com óleos emulsionáveis, juntamente com fosforados a cada 20 dias (por exemplo, Éxciton-50CE ou Feniton-50CE (150 mt litros de água).

9.1.4 Eriofiídeo-da-figueira (Aceria ficus) ou (Eriophyes ficus)

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São pequenos ácaros vermiformes que se desenvolvem nas gemas sobre as folhas mais novas e entre as sépalas das flores. É vetor de uma virose denominada "mosaico da figueira". Os sintomas resultantes diretamente da alimentação dos ácaros são a distorção foliar, com leves clorosos de bronzeamento. A ocorrência é em rebolirás e as plantas apresentam internódios curtos.

O controle consiste na pulverização com enxofre (por exemplo, Sulto-800 PM, 500g/100 litros de água), usando-se 500 litros de calda/ha.

  9.1.5 Cigarrinha-das-frutíferas (Aethalion reticulatum)

O inseto mede cerca de 10 mm de comprimento, apresenta coloração avermelhada, nervuras esverdeadas e salientes nas asas. Vive em colônias, nos ramos novos, constituídas de formas jovens (ápteras) e adultas (aladas), suga a seiva da planta e o excesso é expelido por via anal, atraindo formigas. O controle é feito através do controle para a broca da figueira.

9.2 Doenças  

9.2.1 Ferrugem (Cerotelium fici)

É uma doença difundida por todas as áreas em que se cultiva a figueira e é considerada a doença de maior importância da cultura. É uma ameaça séria e constante e, quando não controlada, pode ocasionar prejuízo de 50% ou mais na produção.

A doença caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas manchas verde-amareladas nas folhas, sendo que na página inferior delas, corresponde à área das lesões, formam-se pústulas recobertas por uma massa pulverulenta ferruginosa constituída de esporos do fungo. Em conseqüência do ataque, causa a queda prematura de folhas, fazendo com que os figos cresçam minguados, com péssima qualidade e caiam prematuramente. Isso provoca o depauperamento da planta. Se o ataque se der muito precocemente, pode impedir totalmente a frutificação.

O fungo sobrevive durante o período de repouso vegetativo da figueira nas folhas afetadas que permanecem no chão. O período de repouso vegetativo da figueira é relativamente curto (maio a agosto), havendo a possibilidade de se ter folhas doentes na planta até a época da poda, julho a agosto, quando o inverno não é muito frio nem seco. As condições ambientais favoráveis à infecção são a umidade e temperatura elevadas.

O controle da ferrugem deve começar com os tratamentos de inverno, poda, eliminação de todos os órgãos passíveis de se constituírem em fonte de inóculo primário para a estação seguinte, inclusive as

folhas caídas no chão, as quais devem ser queimados. Pulverizações com calda-sulficálcia a 32oBe na

proporção de 1:8 de água são úteis como preventivos. Na época da vegetação, desde a brotação até a maturação dos frutos, toda a folhagem, principalmente aquela em desenvolvimento, deve ser protegida com calda bordalesa a 1%, fazendo-se pulverizações quinzenais das plantas. Pode-se utilizar outros fungicidas a base de cobre insolúvel. A calda bordalesa é o produto mais utilizado pelos ficicultores devido ao preço e porque confere maior rigidez à casca do figo, um fator desejável para a comercialização.

9.2.2 Antracnose (Colletotrichum gloesporioides)  

Esta doença também é conhecida como podridão do fruto, pois pode causar a formação de manchas necróticas e o apodrecimento dos frutos em estágio adiantado de maturação, inutilizando-os ou reduzindo seu valor comercial.

A antracnose caracteriza-se pelo aparecimento de manchas deprimidas, mais ou menos circulares, sobre as quais se observa um crescimento branco constituído das hifas do fungo. As frutas são internamente flácidas e de gosto ruim, apodrecidas. O fungo persiste de um ano para outro no solo, nos restos de cultura. A disseminação dentro de uma cultura se dá pelos respingos de chuva.

Nas culturas onde é feito um bom controle da ferrugem, esta doença não constitui problema. Após a colheita, deve-se fazer a imediata destruição, pelo fogo, de todas as partes vegetativas atacadas pelo fungo. Além disso, podem-se fazer pulverizações com fungicidas à base de Maneb a 0,2%, a cada 12 a 15 dias, reduzindo o intervalo das aplicações em caso se chuvas e altas infestações.

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9.2.3 Murcha ou Seca da Figueira (Ceratocystes frimbriata)

Há cerca de uma década, vem sendo notada a ocorrência, principalmente na região de Valinhos (SP), de definhamento e seca da figueira, provocando queda na produtividade e na redução da área cultivada. Os sintomas são semelhantes aos observados em mangueiras atacadas pela doença de mesmo nome. Provavelmente, a doença tem como agente casual o fungo Ceratocystes frimbriata, o qual é transmitido pelo besouro (broca) Phloetribus picipennis Eggers. Os danos ocasionados pela doença são economicamente importantes, pois as plantas atacadas geralmente morrem e o plantio de novas mudas na mesma área torna-se inviável.

Para o controle, deve-se evitar a ocorrência de ferimentos nos troncos, para evitar a formação de portas de entrada para o fungo. Faz-se também a eliminação de plantas mortas ou em vias de secamento, queimando-as em local distante da cultura. No início do aparecimento do sintoma, faz-se poda e queima dos ramos atacados, tratando as áreas feridas com pasta cúprica.

O controle preventivo da broca é feito pulverizando o tronco e ramos com calda bordalesa, adicionada de inseticidas fosforados e espalhante adesivos após a poda drástica. Um exemplo de pasta a ser usada é o seguinte inseticida (Carbaryl 85%, 140g/100 litros de água) 1 kg de fungicida a base de cobre + 10 litros de água.

Como medidas de controle, recomenda-se eliminar todas as plantas doentes e adjacentes, colocar

cal virgem (0,5 kg/m2 de cova), e não fazer plantio no local durante um ano. Além disso, deve-se

queimar todo o material descartado pela poda, tratar com calda sulfocálcia no inverno, desinfestar ferramentas, aplicar inseticida junto com o fungicida (para matar o besouro), não utilizar estacas provenientes de regiões onde ocorre à doença, desinfestar as estacas, evitando o contato com o solo antes do plantio e não utilizar mudas de rebentos.

9.2.4 Podridão dos Figos Maduros

As podridões de figos maduros são causadas por dois fungos: Phytophthora sp e Rhizopus sp. Podem ser responsáveis por perdas de frutas no campo e no período pós-colheita, principalmente nos períodos muito chuvosos e quentes. As frutas destinadas para a mesa no período de maturação constituem ótimo meio para o desenvolvimento de diversos microorganismos que ocasionam podridões diversas, principalmente bolores e bactérias.

Para evitar o ataque destes fungos, deve-se evitar ferir as frutas, em locais de ocorrência de chuvas e altas temperaturas. Na colheita pode-se optar por colher figos verdes para a indústria ou usar cultivares que apresentem o ostíolo mais fechado. A execução sistemática das medidas fitossanitárias durante todo o ciclo da cultura diminui a ocorrência desta doença. Quando colhe-se frutos para a mesa, deve-se fazer a colheita o mais rápido possível, colhendo os frutos em estado "de vez".

A eliminação dos frutos estragados na planta ou caídos no chão é útil para a redução do potencial de inóculo. A colheita deve ser feita diariamente usando-se cestas apropriadas. Se necessário

pode-se fazer o armazenamento sob temperatura de 7oC e eliminação de todos os frutos que durante este

período, apresentarem-se com sintomas de ataque. No caso de se fazer colheita em dias chuvosos, deve-se usar ventiladores para secagem rápida dos frutos.

9.2.5 Nematóides  

A figueira é parasitada por dois gêneros de nematóides que são: Meloidogyne incognita, denominado nematóides das galhas e o Heterodera fici, denominado nemetóide dos cistos. Este último não causa formação de galhas. Atualmente, os nematóides são considerados o maior problema fitossanitário da ficicultura, especialmente nas regiões tradicionais produtoras de figos.

Os nematóides causam a formação a de galhas que obstruem o fluxo normal da seiva dos assimilados, fazendo com que diminua a taxa fotossintética e criando uma porta de entrada para outros microorganismos como fungos, vírus e bactérias. As raízes atacadas apodrecem e morrem, ao passo que a planta tenta reagir emitindo novas raízes para substituir as destruídas. Quando o ataque é intenso, a figueira é enfraquecida visivelmente e pode chegar a morrer, dependendo da intensidade do ataque. Além das galhas, têm-se outros sintomas como: deslocamento do córtex radicular, paralisação do crescimento da ponta da raiz, rachaduras, deformação das raízes e sintomas de deficiência nutricional na

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planta. A forma mais eficiente de controle é através da utilização de porta-enxertos resistentes. Porém,

estes ainda não são encontrados no Brasil, embora já estejam presentes nos EUA. É o caso da seleção de Ficus glomerata, que é compatível com as variedades comerciais.

O controle deve ser preventivo e como principais medidas de controle do nematóide, podem ser citadas:

a) uso de mudas sadias; b) usar terrenos livres de nematóides, evitando-se os arenosos; c) usar grande quantidade de matéria orgânica, incorporada e em cobertura; d) áreas infestadas devem ser isoladas do resto do figueiral por meio de valetas profundas. e) fazer arações pesadas para expor os nematóides à superfície; f) deve-se evitar ao máximo a entrada de solo de área contaminada. g) no caso de se utilizar controle químico, fazer duas aplicações no início do período chuvoso. h) para se prolongar a vida da planta e aumentar a produção, deve-se fazer adubações mais

pesadas, podas, pulverizações e cobrir o solo com uma cobertura morta, bem como plantar Crotalaria spectabilis entre as ruas e, se possível, utilizar o máximo de composto orgânico possível curtido.

  10. Colheita e Produtividade

O período de colheita vai depender da época de poda e do destino do fruto a ser produzido. De modo geral, colhe-se o fruto de novembro a maio. A produtividade normal varia de 20 a 22 t/ha de frutos maduros ou inchados, ou 10 t/ha de verdes em pomares adultos racionalmente conduzidos.

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CULTIVO DO MARACUJÁ

O Brasil destaca-se como maior produtor mundial ressaltando-se os estados do Pará (8.000 ha), São Paulo (4.300 ha) Minas Gerais (4.000), Bahia (3.500), Rio de Janeiro (2.500) como principais produtores nacionais.

1. Botânica/Descrição/Espécies Importantes

O maracujazeiro pertence à família Passifloraceae onde destaca-se o gênero Passiflora com 3 espécies importantes economicamente: o maracujá amarelo ou azedo ou peroba, o maracujá roxo e o maracujá doce.Entra em floração com 4-5 meses de vida. A flor é hermafrodita com estigmas localizados acima das anteras (dificultando a polinização); o fruto tem formato variado, pesa de 30 a 300g, com 9 cm de diâmetro e coloração variada (amarela, roxa, esverdeada e avermelhada). Quando maduro, o fruto desprende-se e cai ao chão. O fruto murcha após 6 dias de caído. O suco do fruto tem acidez elevada (maracujá amarelo), acidez média (maracujá roxo) e acidez baixa (maracujá doce), e sabor e aroma agradáveis.- As espécies importantes possuem as seguintes características:

Maracujá Amarelo: é a espécie mais cultivada (95% da área) no Brasil, a mais vigorosa, mais adaptada aos dias quentes. Planta com caule circular, apresenta polinização cruzada, predominantemente (responsável por frutificação tamanho do fruto e % de suco). O fruto completa seu desenvolvimento em 18 dias e amadurece em 80 dias (pós abertura da flor); tem formato ovóide (alguns oblongos), peso de 70-130g.. O fruto maduro possui casca fina, cor amarelo-canário, polpa ácida, suco amarelo a amarelo-alaranjado. A planta tem produtividade média entre 12-15t/ha. Os frutos têm 30% de rendimento em suco.

Maracujá Roxo: espécie mais indicada para regiões de altitude maior e climas frios. Frutos ovóides ou globosos, coloração purpúrea quando maduros, peso de 60 a 100 gramas, com rendimento e qualidade do suco semelhantes aos do maracujá amarelo e suco com maior % de açúcar e maior teor em sólidos solúveis (brix), acidez menor (suco mais "doce"), potencialidade de produção 30-40t./ha.

Maracujá Doce: Planta trepadeira, vigorosa, com caule quadrangular, as flores permanecem abertas durante o dia (abrem-se pela manhã e fecham-se à noite). Frutos ovais ou piriformes, peso 80 a 300g, polpa com sabor "doce acidulado" (enjoativo se tomado como refresco), próprio para consumo como fruto fresco. O rendimento em suco é menor que o do amarelo (14-20%), possui baixa acidez.

2. Floração/Polinização/Frutificação:

A flor do maracujá tem 5 estames e três estigmas em plano superior aos estames o que dificulta a polinização; a auto-fecundação é rara e produz frutos menores com poucas sementes. A polinização predominante é feita por insetos com pólen de outra flor (polinização cruzada). A produção de flores sempre se dá em ramos novos do ano que favorece podas. As flores (maracujá amarelo) abrem-se depois das 12 horas e fecham-se em torno das 18 horas e maracujá-doce entre 5 horas e 18 horas. O mais importante agente polinizador é a mamangava (abelha grande cor preta e amarela) insetos não sociais, com ninhos na madeira mole; a preservação da mamangava e incremento da sua população é feito pela construção de abrigos usando tocos secos de bambu e pelo plantio de plantas que produzem flores atrativas como hibiscus, Cássia, etc. Paralelamente os defensivos agrícolas só devem ser aplicados cedo, pela manhã. Em áreas acima de dez hectares recomenda-se a polinização artificial; o homem utiliza-se de dedeiras de flanela para a polinização nas épocas de maior floração em um dos lados da fileira de maracujazeiro entre as 13 e 15 horas.

Após a abertura da flor o fruto alcança máximo desenvolvimento no 18º dia, maturação completa no 80º dia e ponto de colheita entre 50º e 60º dia (máximo de peso, maior índice em Brix).

3. Clima e SoloO maracujazeiro é planta de clima quente e úmido (regiões de clima tropical e sub-tropical); a

planta não resiste à geadas e não frutifica sob temperaturas baixas.A temperatura: ideal para desenvolvimento e frutificação está em torno de 25-26ºC. A

precipitação pluviométrica ideal entre 1.200 mm a 1.400 mm bem distribuída ao longo do ano é a mais adequada. A UR do ar deve ser baixa; a luminosidade deve ser alta (planta necessita de 11 horas de

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luz / dia para entrar em floração para produção de frutos com ótimo aspecto, sobor e aroma (planta de dias longos).

A planta desenvolve-se em diferentes tipos de solos, preferencialmente os areno-argilosos, com bom teor de matéria orgânica, desde que sejam profundos, férteis e com boa drenagem e com pH entre 5,0 e 6,5.

4. Propagação do Maracujazeiro/Formação de Mudas:

A propagação utilizando-se sementes (produção de pé de franco) é o método usual para atender ao estabelecimento de pomares comerciais. Os métodos de propagação vegetativa são: estaquia, mergulhia e enxertia, ainda não bem estudadas, não são utilizadas para plantios comerciais.

Os frutos fornecedores de sementes devem ser oriundos de plantas sadias (sem pragas / doenças), de alta produtividade, precoces, vigorosas. Deve-se colher poucos frutos em várias plantas selecionadas (nunca abaixo de 20 plantas).

Depois de colhidos, os frutos são cortados em duas metades donde retira-se a polpa (com sementes) que é depositada em recipiente de vidro ou louça e deixada a fermentar ( sem adição de água) por 2 a 4 dias à sombra. Fermentada a polpa é lavada em água corrente sobre uma peneira, o que separa semente da mucilagem; coloca-se as sementes em recipiente com água mexendo-se para que fiquem em suspensão e elimina-se as que boiarem após 25 minutos. Escoa-se a água, coloca-se as sementes, em camadas finas sobre papel absorvente (jornal) ou tecido para secar à sombra por 2 a 3 dias.

Se não utilizadas após sua obtenção as sementes podem ser armazenadas em sacos plásticos (donde retira-se a maior parte do ar) por três meses em condições ambientais. Para armazenamento por até 12 meses as sementes são colocadas em sacos de papel, estes colocados em sacos plásticos e mantidos na parte inferior de geladeira doméstica (5ºC-10ºC). Antes do armazenamento a semente pode ser tratada com mistura de 1 g de oxicloreto de cobre + 1 g de carbaryl por kg de semente. A germinação da semente pode dar-se entre 15 a 30 dias pós semeio (2 a 4 semanas).

Os recipientes são sacolas de plástico com furos no terço inferior com dimensões 14 cm X 28 cm X 0,02 cm (espessura) ou próximas com capacidade para 8 a 12 litros

O substrato para enchimento das sacolas pode ser constituído por: terra de barranco (2 partes), esterco de curral bem curtido (2 partes) uma parte de material volumoso curtido (serragem, bagaço de cana ) ou três partes de terra (de mata), 1 parte de esterco de curral e 1 parte de areia; a cada metro cúbico de substrato, adicionar 2 quilos de calcário dolomítico, 1,0 Kg de superfosfato simples e 0,5 Kg de cloreto de potássio. O enchimento deve ser feito 30 dias antes do plantio.

A semeadura é feita colocando-se 3 sementes por sacola a 1cm de profundidade cobrindo-as com o substrato. Dependendo da temperatura rega-se 2 vezes/dia até a emergência da plantinha.

A cobertura deve ser retirada gradativamente, a partir do aparecimento da 1ª folha verdadeira; uma semana antes do plantio as mudas deverão estar em pleno sol. Efetuar desbaste cortando com tesoura, plantinhas mais fracas, quando as plantinhas tiverem 2 folhas verdadeiras, deixando a mais vigorosa. As plantinhas devem ser conduzidas em haste única.

Controlar pragas (lagartas de folhas, besourinhos) com pulverizações preventivas com malatiom 50 E; caldas de mancozeb (20g./17l. água) podem ser pulverizadas em cada 10m2 a cada 15 dias. - Entre 60/80 dias (verão/inverno) pós-emergência, planta com 25 a 30 cm de altura, entre a formação da 7ª folha verdadeira e emissão da 1ª gavinha, a muda estará apta ao plantio em campo.

5. Adubações

Época Esterco de Curral Uréia Superfosfato

Simples Cloreto de Potássio

Plantio na cova 30 Kg 44 g 166 g 37 g1o Ano na floração - 44 g 250 g 31 g1o Ano 90 dias após floração - 44 g - 31 2o Ano floração - 89 g 376 g 42 g2o Ano 90 e 180 dias após floração

- 89 g - 42 g

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Micronutrientes: pode aplicar 20g. de sulfato de zinco e 10g. de borax na cova junto à adubação de fundação (da cova) ou podem ser usadas formulações completas de micronutrientes (FTE) na dose de 50g./planta; ainda pode usar a solução de 0,3% de sulfato de zinco, 0,1% de ácido bórico, 0,5% de uréia e se necessário, 0,01% de molibidato de amônio em pulverização foliar.Se deseja-se produzir no 3º ano reduzir as quantidades de adubo para ¾ da do 2º ano.

6. Implantação do Pomar

Plantar, de preferência, em terrenos planos a levemente ondulados; coletar amostras de solo a 0-20cm. e 20-40cm. de profundidade com antecedência hábil (150 dias antes plantio) e enviar a laboratório.

O solo deve ser arado a 20-30 cm de profundidade e, em seguida fazer a gradagem. Em caso de calagem em área total, aplicar metade da dose antes da aração e a outra metade antes da gradagem.

Para grandes áreas usa-se espaçamento de 5 ou 3m entre plantas por 3m entre fileiras; para pequenas áreas 3 m entre plantas por 2,0 a 2,5 m entre fileiras. Orientar plantio sentido Norte-Sul.

Construir espaldeira vertical (com 1 a 3 fios de arame),ou espaldeira em T (com 2 a 3 fios de arame). Espaldeira vertical: é uma cerca formada por postes (mourrões, estacas) com 2,5 m de comprimento, enterrados 50cm no solo espaçados de 5 em 5m, com 1, 2, 3 fios de arame liso nº 12 - superior deve ficar a 2,0 m de altura do solo e os outros 40 cm espaçados entre si. As linhas de plantio devem ter 60m. de comprimento deixando espaço de 3-4m. para movimentação do pomar.

Os mourões de calibre maior devem ser colocados no meio e nas extremidades da espaldeira. O arame superior deve ser fixado 10cm abaixo do topo do poste.

As covas devem ser abertas nas filas entre as estacas da espaldeira, com dimensões 40cm. x 40cm. x 40cm.. Na sua abertura separa-se terra retirada dos primeiros 15cm. de profundidade. Essa terra é misturada ao esterco, calcário e adubos químicos, lançada no fundo da cova.

O plantio deve ser feito no início da estação chuvosa em horas frescas do dia. irrigar com 15 litros de água e colocar tutor para conduzir o ramo principal até o arame mais elevado da espaldeira.

7. Tratos culturais1) Capinas2) Poda de formação - Aos 15 dias após o plantio, inicia-se a poda de formação, quando a planta deve ser conduzida em haste única, eliminando-se periodicamente as brotações laterais. Ao atingir altura de 10cm, acima do último fio de arame, eliminar o broto terminal para estimular o crescimento de brotos laterais. Esses brotos são conduzidos em sentido contrários na posição horizontal em direção aos fios sendo aí fixados. Na espaldadeira vertical tem-se 2 brotações opostas laterais por fio. Posteriormente, estes brotos deverão ser despontados para forçar o desenvolvimento de gemas laterais que formarão os ramos produtivos; as ramificações que surgem em direção ao solo devem ficar livres. Eliminar as gavinhas para facilitar o arejamento e penetração de luz.3) Poda de limpeza - No período da entressafra fazer a poda de limpeza retirando-se todos os ramos secos e/ou doentes. A poda de renovação tem sido recomendada com restrições pois não aumenta a produção.4) Irrigação - Gotejamento (4 gotejadores por planta espaçados de 50cm.), aspersão e em sulcos.

8. Pragas

a) Lagartas das folhas (Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae – Lepidópteras).Dione: adulto é borboleta amarelada com margens das asas pretas; a lagarta é escura, com 30 a 35mm. de comprimento e corpo coberto de espinho. Vive de forma gregária (em grupos). O adulto coloca ovos agrupadamente (70-130) na face inferior da folha.Agraulis : adulto é borboleta cor alaranjada com manchas pretas nas asas; adulto põe ovos, isoladamente na face inferior das folhas e no caule. A lagarta madura (30mm.) tem cor amarelada com corpo coberto por espinhos. As lagartas alimentam-se das folhas, retardam o crescimento da planta o que afeta a produção; desfolhamento sucessivos causam morte da planta. As lagartas da Dione podem raspar a casca dos ramos, também. Controle: em áreas pequenas catar e destruir ovos e lagartas; em áreas extensas há recomendação de pulverizações de calda contendo Bacillus thuringiensis (Dipel PM,

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Thuricide) em aplicações semanais. Outros lagarticidas indicados são carbaryl 85 PM (Carvim, Sevin) Triclorfom 50 S (Dipterex).

b) Broca da haste (broca do maracujazeiro): - Philonis passiflorae, Cooleoptera. Adulto é besouro cerca de 5mm de comprimento e coloração marrom com manchas amareladas no dorso; a fêmea ovipõe no ramo. A lagarta é branca, sem pernas, desenvolve-se no interior da planta formando galerias na haste e nos ramos. Externamente nota-se, na planta, aparecem dilatações nos ramos que podem partir-se longitudinalmente. Ataque à haste principal causa morte da planta. Controle: a ocorrência mais freqüente em plantios novos localizados em áreas recém-desbravadas, na periferia da plantação .Vistorias periódicas podem identificar focos iniciais de infestação quando se recomenda poda e queima de ramos atacados. Em infestação da haste principal utilizar fosfeto de alumínio (Gastoxim pasta) ou injeção com paration metilico (2ml.). Pode-se, também, pincelar haste principal com inseticida (ação de contato ou de profundidade).

c) Percevejos: Diactor bilineatus, Holumenia clavigera, Leptoglossus gonagra, Hemiptera.Diactor: cor verde-escuro com manchas alaranjadas e pernas traseiras com expansão em forma de folha. Holymenia: bastante ágil, tem cor escura com manchas alaranjadas, antenas pretas com extremidade branca.Leptoglossus: percevejo do melão-de-S. Caetano, cor marrom, ultimo par de patas com expansões laterais. Percevejos sugam a seiva de todas as partes da planta ocasionando queda de botões florais e frutos novos além de murchamento dos frutos desenvolvidos. Controle: em áreas pequenas com catação de ovos, formas jovens e adultos, manutenção do mato roçado, eliminação de melão-de-S. Caetano.Em áreas grandes pulverizações de caldas inseticidas, contendo fentiom 50 E a 0,1%, triclorfom 50 S a 0,24%, malathion 50 E a 0,25%, endolsulfam 35 E a 0,2%.

d) Mosca das frutas: Anastrepha spp., Ceratitis capitata, Diptera, Tephridae.Adultos da Anastrepha são amarelos com 2 manchas amareladas nas asas, 6,5 a 8mm. de comprimento; adultos da Ceratitis são amarelados com asas de tonalidade rosada e medem 4-5mm. de comprimento.As fêmeas ovipõe em frutos ainda verdes causando seu murchamento antes da maturação ou com destruição da polpa e queda de frutos.Controle: catação e enterrio de frutos atacados, plantio em áreas distante de cafezais; aplicar de 15 em 15 dias 100 a 200ml./planta, uma calda contendo 5kg. de melaço, 250ml. de Malatol em 100l. de água pulverizando de um lado da planta 100 a 200ml. da calda em 1 m2.

e) Outras Pragas: lagarta-da-teia, pulgões (Myzus, Aphis), abelhas (Irapuá e Apis mellifera), besouro de flores que podem ser controlados com carbaryl (lagarta, besouro) malatiom, diazinom (abelhas e pulgões). Além desses ácaros (plano, branco, vermelhos) atacam folhas e ramos tenros sugando a seiva; para seu controle indica-se enxofre molhável (Kumulus, Thiovit) triazofós (Hostathion 400) em pulverizações em ambas as faces da folha.Nematoides (Metoidogyne, Pratylenchus) atacam o sistema radicular.

9. Doenças

a) Tombamento (damping-aff) ou mela:Doença causada por fungos; caracteriza-se por lesão no colo da plantinha provocando seu

tombamento e morte. Excesso de água e sombreamento na sementeira favorecem a doença. Controle: manejo adequado da sementeira e uso de calda da mistura dos fungicidas PCNB+benomil+fosetyl-Al.

b) Antracnose Doença por fungo que ataca folhas causando manchas pequenas que juntam-se e tornam-se pardo-avermelhadas ; os ramos podem mostrar manchas alongadas que evoluem a cancros e morte dos ponteiros.Controle: aplicação em pulverização, de caldas contendo exicloreto de cobre + mancozeb ou benomyl.

c) Verrugose ou Cladosporiose: Doença por fungo com maior incidência em temperaturas amenas (15 – 22ºC) ataca frutos, brotações, ramos, gavinhas, pecíolo de folha geralmente em tecidos novos. Manchas circulares de 5mm. que se cobrem com tecido corticoso, áspero, de cor parda que podem deformar o fruto e enrugar a folha.

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Controle: doença não atinge a polpa do fruto; indica-se pulverizações com caldas fungicidas a base de cobre em aplicações semanais sob chuvas e quinzenais em épocas de chuvas esparsas.

d) Podridão do colo Doença no solo causada por fungo, que afeta o colo da planta e lesionando a parte interna do caule, pode penetrar para cima e em direção das raízes. Folhas tornam-se murchas, amareladas e há morte da planta.Controle: não plantar em solos compactados, sem aeração, e em solos contaminados pelo fungo. Evitar ferimento do caule nas capinas.Retirar lesões iniciais, raspar a área afetada e aplicar pasta bordaleza. No plantio mergulhar as raízes até 20cm. acima do colo em solução contendo o produto metalaxil (200g./100l. água).Ainda podem acontecer as doença; bacteriose, definhamento precoce, murcha (fusariose).

10. Colheita/rendimento O período de colheita varia de 6 a 9 meses após o plantio definitivo no primeiro ano (segundo a região e condições climáticas. O ponto de colheita é caracterizado pela coleta dos frutos no chão; antes da coleta efetuar passagem entre as filas e derrubar frutos maduros que não caírem ou presos entre os ramos da planta. A coleta de frutos é feita 2-3 vezes por semana ou 1 vez por semana.Após colheita os frutos perdem peso rapidamente à medida que permanecem no chão e ficam murchos dificultando a comercialização. O rendimento médio é de 8 a 10t. (1º ano), 15 a 20t.;ha (2ºano) e 12 a 14t./ha (3º ano).OBS. Fruto caído no solo tem idade acima de 80 dias; ele está maduro com 75 a 80 dias de idade. Para mercado de frutas frescas colha frutos ainda presos à planta e com 50 a 70 dias pós abertura da flor; o fruto deve ter preso a ele 1 a 2cm de pecíolo. Frutos coletados no solo devem ser destinados à indústria.http://www.seagri.ba.gov.br/Maracuja.htm

COEFICIENTES TÉCNICOS PARA O MARACUJAZEIROPRODUÇÃO: 1o ANO: 15 toneladas; 2o ANO: 20 toneladas

ESPECIFICAÇÃO UNIDADE 1o ANO 2o ANO

1.0 Preparo da área

Derrubada Homem dia-1 45 -

Retirada da Madeira, encoivaramento e queima Homem dia-1 15 -

Aplicação de calcário Homem dia-1 02 -

Gradagem Hora trator-1 02 -

Enleiramento Homem dia-1 27 -

2.0 Plantio

Marcação do terreno e abertura das covas Homem dia-1 20  

Enchimento e adubação das covas Homem dia-1 25  

Plantio e replantio Homem dia-1 8  

Construção das espaldeiras Homem dia-1 25  

3.0 Tratos Culturais

Condução (Tutoramento, amarrio, desbota e desponta) Homem dia-1 20 -

Controle de ervas daninhas (capinas, roço e espelhamento) Homem dia-1 120 50

Polinização Homem dia-1 10 15

Adubação de cobertura Homem dia-1 6 6

Irrigação Homem dia-1 40 40

Controle Fitossanitário (Pulverizações) Homem dia-1 36 36

4.0 Mudas e Insumos

Mudas + 10% para replantio Unidade 1.400 -

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Calcário dolomítico t 2 -

Esterco de Curral t 13 6

Uréia Kg 200 270

Superfosfato triplo Kg 270 140

Cloreto de potássio Kg 150 270

Inseticida L/Kg 5 5

Fungicida Kg 15 20

Espalhante adesivo L 2 2

5.0 Materiais

Arame liso no 12(p/1 fio) Kg 160 -

Arame liso no 14(p/2 fios) Kg 240 -

Estacas Unidade 1.400 -

Grampos (p/2 fios) Lg 12 -

Grampos (p/1 fio) Kg 6 -

Tutores Unidade 1.350 -

Sacos de amiagem Unidade 15 -

Tesoura de poda média Unidade 01 -

Embira Cento 5 -

Pulverizador Unidade 01 -

Carro de mão Unidade 01 -

6.0 Colheita

Colheita (irrigado) Homem dia-1 60 60

CULTIVO DO COQUEIROApresentação

O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira perene originária do Sudeste Asiático e introduzida no Brasil em 1553 pelos portugueses. A planta é considerada uma das árvores mais importantes do mundo, devido ser uma atividade que gera emprego e renda em vários países do globo, onde seus frutos podem ser consumidos in natura ou industrializado. Além disso, raiz, estipe, inflorescência, folhas e palmito geram diversos subprodutos ou derivados de interesse econômico. Além disso, o coqueiro é utilizado como planta paisagística para embelezar praças, canteiros públicos, chácaras e fazendas.Aspectos climáticosO Coqueiro se desenvolve bem em clima tropical, úmido e quente. Apresenta um período seco bem definido durante a estação de inverno, quando ocorrem precipitações inferiores a 50 mm/mês, nestes meses, junho, julho e agosto a média de precipitação é inferior a 20mm /mês. A média anual de precipitação varia de 1.400 a 2.500 mm/ano, e a média anual da temperatura do ar fica entre 24° e 26° , com temperaturas máximas entre 24° C e 26° C e mínimas entre 17° e 23° C..As áreas cultivadas com coco são predominantemente de solos do tipo Latossolo, que apresentam como características serem: profundos, bem drenados e geralmente ácidos. Apresentam fertilidade natural baixa, havendo necessidade de correção e adubação.Clima

Para o seu bom desenvolvimento, necessita de temperaturas médias anuais em torno de 27°C, sendo que, temperaturas menores que 15°C e superiores a 36° são prejudiciais. A umidade relativa ideal é de 80%. A precipitação ideal para o desenvolvimento e produção da cultura, está entre 1.500 a 1.600mm bem distribuídos durante o ano todo, com uma média de 130 mm/mês. Para precipitações inferiores a

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50mm/mês, durante 3 meses, recomenda-se o uso de irrigação, pois, o déficit hídrico é extremamente prejudicial à cultura, causando queda de frutos. Por outro lado, chuvas excessivas podem causar redução na incidência de luz, na polinização e na aeração do solo, podendo ainda provocar lixiviação de nutrientes. Locais com lençol freático raso (um a quatro metros) são recomendados para o coqueiro e não há necessidade de irrigação pois, as raízes da planta conseguem absorver água a esta profundidade.Luz, o coqueiro precisa de, pelo menos, 2.000 horas anuais, com um mínimo de 120 horas/mês, os dias nublados causam redução da fotossíntese e conseqüentemente redução na produtividade.SoloDeve se escolher áreas com textura areno-argilosa, ou levemente argilosa, com boa disponibilidade de água, boa aeração, profundidade mínima de um metro, e com ausência de impedimentos físicos ou químicos. Evitar solos rasos, pedregosos, extremamente argilosos e sujeitos a encharcamento. CULTIVARESO coqueiro pode ser anão, gigante ou híbrido. As variedades de coqueiro anão verde, vermelha e amarela são as mais recomendadas para a produção de frutos visando ao mercado de água de coco, sendo o anão verde o preferido pelo consumidores. As variedades vermelha e amarela estão associadas à idéia incorreta de que o fruto amarelo ou vermelho está maduro.As variedades anãs são de porte baixo, podendo atingir 12 m. São bastante precoces, iniciando a produção entre 30 e 36 meses de idade. Apresentam produção variando de 80 a 200 frutos/planta/ano, distribuída durante o ano todo. Estas variedades apresentam vida útil de 30 a 40 anos, e têm os frutos pequenos, com pouca polpa, apresentando água muito saborosa. Em Rondônia praticamente toda a produção esta voltada para a comercialização da água de coco, com predominância da variedade anã verde.Instalação do coqueiralO preparo do solo deve ser feito de forma convencional com uma aração e duas gradagens. Deve-se fazer a análise química do solo para avaliação da necessidade de calagem e adubação.Marcação da áreaFeito o preparo do solo, deve-se fazer a marcação e o piqueteamento da área observando-se o espaçamento de 7,5 m x 7,5 m, em quadrado (177 plantas/ha) ou em triângulo equilátero (205 plantas/ha). É comum encontrarmos espaçamentos de 8 x 7 metros os pomares do Estado que também é recomendado.Época de plantioA melhor época para plantio é o inicio da estação chuvosa. Em cultivo irrigado o plantio pode ser realizado em qualquer época do ano. A maioria dos pomares de Rondônia são plantados sem utilização de irrigação, o que causa redução de produtividade e atraso no início da colheita, uma vez que a Região apresenta cerca de 3 meses com precipitações inferiores a 50 mm.Aquisição de mudasAs mudas devem ser adquiridas de viveiristas idôneos que apresentem o certificado de origem destas. As mudas devem ser eretas, ter entre quatro e seis folhas, altura de 50 cm a 70 cm, com idade entre cinco e seis meses. Além disso, devem apresentar bom aspecto, com ausência de sintomas de deficiência nutricional, e de ataque de pragas e doenças. No Estado existem pouquíssimos viveiros registrados o que dificulta a implantação de pomares com mudas de boa qualidade, uma alternativa é a aquisição de sementes certificadas de outras Regiões (o Nordeste por exemplo) ou o produtor selecionar plantas de alto padrão genético de sua área para produzir suas próprias mudas. É bastante comum encontrar em Rondônia pomares formados com misturas de variedades, com cultivares híbridas, gigantes e anãs num mesmo local.PRODUÇÃO DE PLANTAS MATRIZESEscolha da planta matrizO coqueiro anão apresenta uma alta taxa de auto-fecundação, com isso, existe uma grande probabilidade da semente selecionada dar origem a uma planta bastante semelhante à planta matriz. Portanto, recomenda-se selecionar plantas com bom aspecto nutricional; em plena produção; precoces; com tronco reto; livres de sintomas de pragas e doenças; grande número de folhas (30 a 35); grande número de cachos, bem apoiados sobre as folhas e com pedúnculo curto; grande número de flores femininas; grande número de frutos (acima de 10) e frutos de formato redondo.Colheita dos frutos-sementesOs frutos-sementes devem ser colhidos quando estiverem totalmente maduros, o que ocorre após 11 a 12 meses após a abertura do cacho floral da planta. Não deve-se colher frutos caídos por apresentarem

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baixo poder germinativo. O ponto de colheita é reconhecido pelo secamento e coloração marron do fruto, depois da ocorrência de perda acentuada de peso do fruto, que passou de 2kg, quando verde, para 1,0 a 1,5 kg quando no ponto ideal.Preparo das sementesOs frutos-sementes após a colheita devem ser estocados ao ar livre e na sombra, durante 10 dias, para terminar o processo de maturação. Embora tenha alguns autores que recomendam o entalhe do fruto, ou seja o corte de uma parte da casca fibrosa do fruto, visado aumentar a hidratação e germinação da semente, existem dados de pesquisa mostrando que esta prática não trouxe ganhos significativos na germinação das sementes, sendo portanto uma prática não recomendada, uma vez que aumenta o custo de produção das mudas.Implantação do viveiroO viveiro deve ser instalado em área de topografia plana, próximo da fonte de água, em local ventilado, de fácil acesso, longe de coqueirais velhos e doentes, além disso deve-se preferir locais com solos de textura média a arenosa e bem drenados.Dimensões do canteiroO canteiro deve ter entre 1,0 e 1,5 m de largura, 15 cm de profundidade e comprimento variável, em função do número de sementes e tamanho da área. Recomenda-se deixar um espaço entre os canteiros de 0,5m para facilitar o trânsito de pessoas no viveiro. Além disso, o viveiro deve ser instalado a pleno sol, sem necessidade de cobertura.Posição das sementesAs sementes são colocadas no viveiro, na posição vertical, com a região de inserção no cacho, voltada para cima. Alguns autores recomendam a colocação das sementes na posição horizontal, entretanto, pesquisadores observaram que a utilização de sementes na posição vertical, apresentaram vantagens, como: maior facilidade de transporte, redução do problema de quebra de coleto, dispensa o entalhe, permite maior número de sementes/m², possibilita melhor centralização da muda na cova, favorece um maior enraizamento da planta no campo e permite o plantio da muda em maior profundidade. Um problema seria um maior gasto com mão de obra para "equilibrar" a semente na posição vertical. IrrigaçãoAs sementes no viveiro necessitam de cerca de 6 a 7mm de água por dia, isto corresponde a 6 a 7 litros de água/m²/dia. Recomenda-se que a irrigação seja diária e em dois turnos, de manhã e a tarde.Descarte de sementes e mudasPesquisadores mostraram que existem uma correlação entre início de germinação e precocidade de produção. Neste sentido, recomenda-se eliminar as sementes que não germinarem até 120 dias após o plantio. Nesta oportunidade elimina-se também as mudas raquíticas, deformadas, estioladas, albinas e de aspecto ruim. Todo o material descartado deve ser queimado. Tipos de produção de mudasBasicamente existe duas maneiras de se produzir as mudas do coqueiro, 1- coloca-se a semente no germinador, deste para o viveiro e depois para o campo, ou 2- a semente fica no germinador e depois vai para o campo. O mais utilizado em Rondônia e de uso mais frequente atualmente juntos aos cocoiculturores do Brasil é o segundo método que permite um menor gasto com mão de obra, leva-se uma muda mais jovem para o campo, facilitando o seu pegamento. A seguir detalharemos os dois métodos. Produção de mudas: Germinador – Viveiro - Campo.Este método consiste na produção de mudas que passam por duas fases antes de ir para o local definitivo. Na primeira, as sementes são colocadas para germinar e depois repicadas no viveiro.Germinador: nesta fase as sementes são distribuídas no canteiro na densidade de 25 a 30 sementes/m² e cobertas com 2/3 de sua altura com terra. Em seguida, na medida do possível, cobre-se o 1/3 restante com palha de arroz ou serragem. As sementes iniciam a germinação entre 40 e 60 dias após o plantio no germinador. Quando a brotação apresentar cerca de 15 cm deve ser repicada para o viveiro.Viveiro: no viveiro, o solo deve ser preparado com antecedência, utilizando-se o método tradicional, 1 aração e 2 gradagens. Além disso, recomenda-se fazer a análise de solo e se necessário fazer a calagem do solo. A área deverá ser piqueteada, num espaçamento de 60 x 60cm, em triângulo equilátero, para se realizar a repicagem das mudas. Estas deverão ser plantadas, se possível, em dias nublados, tendo as raízes cortadas a 2 cm da semente. A repicagem deve ser feita tomando-se o cuidado de não enterrar o coleto da planta. As mudas permanecerão no viveiro por 4 a 5 meses. Por ocasião do transplantio

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eliminam-se as mudas raquíticas, com poucas folhas e que apresentarem baixo desenvolvimento. Neste método produz-se 3 mudas/m² de canteiro.Produção de mudas: Germinador – Campo.Este método consiste na produção de mudas do germinador direto para o campo. As sementes são distribuídas nos canteiros na densidade de 15 sementes/m² e também cobertas com 2/3 da sua altura com terra, e o restante com palha de arroz ou serragem. As mudas permanecerão no germinador por 5 a 7 meses quando, também, deve-se fazer um descarte das mudas mais fracas. Neste método produz-se de 10 a 15 mudas/ m² de canteiro.Padrão da mudaA muda de boa qualidade é ereta, com 4 a 6 folhas, altura de 50 a 70 cm, mais de 11 cm de diâmetro do coleto, cor uniforme, sem deformações e ausência de sintomas de ataques de pragas e doenças.AdubaçãoSementeiraQuando se opta pelo método germinador-campo, o solo deste germinador deve ser adubado, para isso geralmente, aplica-se em solos pobres, por m², antes de se colocar as sementes, 5 litros de esterco de curral curtido, 200 g de superfosfato simples, 100g de cloreto de potássio, 5 gramas de FTE BR 12 (micronutrientes) e calcário, na quantidade a ser calculada, conforme resultado da análise de solo. Após esta adubação deve-se fazer uma incorporação deste material, a 5 cm de profundidade.ViveiroCaso se opte pelo sistema germinador-viveiro-campo, o solo do germinador não precisa ser adubado, mas, sim o solo do viveiro. Neste sentido, deve-se aplicar por planta a quantidade de 30 gramas de uréia, 60 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio, esta adubação deverá ser aplicada 30 dias após a repicagem das mudas. Após 60 dias aplica-se 50 gramas de uréia mais 30 gramas de cloreto de potássio. Tratos culturaisControle de plantas daninhasO viveiro deve ser mantido livre de plantas daninhas, pois, algumas são hospedeiras de insetos vetores ou de fonte de inóculo de doenças do coqueiro. O controle deve ser realizado dentro do viveiro e numa faixa de no mínimo 10 metros de largura ao redor das plantas. Os herbicidas recomendados para a cultura são: Paraquat dicloreto (extremamente tóxico) e Gliphosato (altamente tóxico). Controle de pragas e doençasPara obtenção de mudas de bom padrão, necessário se faz o monitoramento periódico das mudas visando identificar o ataque de pragas e doenças e realizar o seu controle. COVAA cova de plantio deve ter as dimensões de 0,80 x 0,80 x 0,80 m, para solos arenosos e 0,60 m x 0,60 m x 0,80 m para solos argilo-arenosos, Estas covas podem ser abertas manualmente ou com broca acoplada ao trator com bitola de 50 cm, terminando-se a abertura, com o auxílio de uma pá reta, por exemplo, para chegar às dimensões desejadas evitando-se o espelhamento (compactação  das paredes da cova). Deve-se separar a terra retirada dos primeiros 40cm da cova e misturar com 800 g de superfosfato simples + 30 a 50 litros de esterco bovino + 30 g de FTE BR 12 (ou 20 gramas de bórax + 20 gramas de sulfato de cobre). Esta recomendação de adubação refere-se a solos de baixa fertilidade; em solos mais férteis deve-se fazer uma redução proporcional à fertilidade.PlantioRealizar o plantio 30 dias após o enchimento das covas. O plantio deve ser feito de preferência em dias nublados e no início do período chuvoso. As mudas devem ter suas raízes podadas, ficando com dois cm de comprimento, e ser colocadas no centro da cova, cobertas por uma camada de terra suficiente para cobrir as sementes, mas não o coleto. Deve-se fazer uma leve compactação da terra ao redor da muda para melhor fixação da planta. ADUBAÇÃO DE COBERTURA

Durante o primeiro ano da cultura deve ser feita a adubação de cobertura com 500g de sulfato de amônio mais 200 g de cloreto de potássio (adubação recomendada para solos de baixa fertilidade). Esta mistura de adubos deve ser espalhada em volta das plantas, a uma distância de 30 cm a partir do coleto e, em seguida, incorporada ao solo com auxílio de enxada. Esta adubação deve ser parcelada, sendo que, para plantios de sequeiro, aplica-se 20 %, 30 dias após o plantio, 60 %, após 90 dias e 20 %, 150 dias

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após o plantio. Para os plantios irrigados, esta adubação pode ser dividida em quantidades iguais, aplicadas 6 vezes por ano, começando 30 dias após o plantio definitivo.

ADUBALÇÕES SUBSEQÜENTESOs fertilizantes devem ser espalhados em volta da planta e incorporados ao solo dentro de uma faixa circular, cuja área é crescente em função da idade e da projeção da copa da planta. Nos primeiros três anos de idade da planta deve-se adubar numa faixa entre 30 cm e 100 cm da estipe da planta. Em coqueiros entre quatro e dez anos em diante, a faixa fica entre 50 e 100cm e, finalmente, em coqueiros adultos a faixa deve ficar entre 150cm e 200cm. A adubação dos anos subsequentes deve ser realizada de acordo com as Tabelas 3 e 4. Em plantios de sequeiros, esta deve ser parcelada em 3 vezes, no início, meio e próximo do final da estação das chuvas. Para os plantios irrigados, divide-se a adubação em 6 parcelas iguais por ano.A adubação com fósforo deve ser feita uma vez por ano, no início da estação chuvosa. Nesta oportunidade, aplica-se também 50 litros por cova de esterco bovino. Em Rondônia existe pouca tradição em se realizar adubações de cobertura no coqueiro, entretanto as salutares exceções tem trazido resultados satisfatórios.DEFICIÊNCIA NUTRICIONALOs principais sintomas de deficiência relatados pelos produtores é com relação ao boro e o cobre.Deficiência de boroA deficiência de boro se caracteriza pela redução do tamanho dos folíolos, presença de folíolos unidos, folhas novas retorcidas, ausência de folíolos na base da ráquis, deformações e escurecimento do ponto de crescimento, paralisando o desenvolvimento da planta.A correção é realizada aplicando-se três vezes, espaçadas em 30 dias cada uma, 20 g de bórax em coqueiros jovens e 30 g em coqueiros adultos. Esta adubação deve ser realizada na projeção da copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.Deficiência de cobreA deficiência de cobre se caracteriza pelo arqueamento da folhas mais novas, seguido de um secamento da extremidade dos folíolos.A correção é realizada aplicando-se 100 g de sulfato de cobre por coqueiro na projeção da copa da planta e quando ocorrer umidade no solo.TRATOS CULTURAISConsorciaçãoPode ser utilizado o consórcio no período do plantio até 3 anos e após 20 anos de implantação da cultura. Recomenda-se, principalmente, olerícolas e o feijão. Deve-se evitar banana, cana de açúcar, mamão e abacaxi por servirem de alimento para a broca do olho do coqueiro. Também deve-se evitar o consórcio com gramíneas (arroz, milho, pastagens) na implantação do coqueiral pois as mudas são muito suscetíveis à doença helmintosporiose e estas gramíneas além de serem altamente agressivas, servem de fonte de inóculo para a referida doença. IrrigaçãoSendo o coqueiro uma planta que apresenta produção contínua durante o ano todo, qualquer estresse pode acarretar queda de produção no coqueiral. Por isso, recomenda-se irrigação em áreas que não apresentem uma boa distribuição de chuvas durante o ano todo. A escolha do sistema de irrigação a ser utilizado, depende das condições locais de clima, topografia e solo, bem como da disponibilidade de água e da capacidade de investimento do produtor. Controle de plantas daninhasAs plantas daninhas devem ser controladas. Para isso recomenda-se o coroamento das plantas, que consiste em manter limpo uma área circular em torno da estipe do coqueiro. O raio do coroamento varia com a idade da planta, sendo de 1,0 m nas plantas de até 3 anos; 1,5 m nas plantas de 3 a 10 anos ; e 2,0 m nas plantas com mais de 10 anos de idade. O coroamento pode ser manual ou com o uso de herbicidas. Nas entrelinhas recomenda-se fazer a roçagem.CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

Tabela 1 - Principais pragas de importância econômica e seu controle. Nome Vulgar

Nome Científico

Danos Controle

Ácaro Eriophyes Atacam folhas novas de plantas no Em plantas jovens deve-se eliminar e

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guerreronis viveiro, causando seca total das folhas e morte do broto da planta.

A flecha, após secar, não se destaca da planta. Causam necroses na superfície dos frutos, os quais

podem ficar imprestáveis para a comercialização.

queimar as plantas atacadas, aplicar acaricida em todo o viveiro/coqueiral.

Usar: Vamidothion (Kilval 300) ouAldicarb (Temik 100 ou Temik 150)

Barata do coqueiro

Coraliomela brunnea

A larva se aloja na flecha das plantas, alimentando-se dos

folíolos ainda fechados, causando redução foliar, prejudicando o desenvolvimento do coqueiro.

Eliminação de adultos através da catação manual. Pulverização com

produtos químicos, dirigida às folhas centrais nos primeiros sintomas.Usar: Carbaryl (Sevin 480 SC ou Agrivin 850 PM) ou Triclorfon (Dipterex 500 ou Triclorfon 500

Defensa).Broca do estipe do coqueiro, broca do tronco do coqueiro,

rhina 

Rhinostomus barbirostris

No interior da planta, a larva forma inúmeras galerias, que podem

causar quebra de folhas e morte da planta. O dano também pode

causar enfraquecimento da planta, que pode tombar pela ação de

ventos.

Catação e eliminação das posturas e das larvas. Eliminação e destruição das

plantas muito atacadas. Injeção de produtos nos orifícios recém - abertos pelas larvas. Usar Malation (Malatol

1000 CE) ou Triclorfon (Dipterex 500 ou Triclorfon 500 Defensa).

Broca do olho do coqueiro

Rhynchophorus palmarum

É vetor da doença Anel Vermelho do Coqueiro. O inseto faz a

oviposição no broto da planta. As larvas se alimentam da parte

interna do estipe e fazem galerias em todas as direções, culminando com a morte da planta. O sintoma externo é a má formação de folhas

novas.

Deve-se cortar e queimar as plantas atacadas. Para os insetos adultos

confeccionar armadilhas com iscas atrativas. Não cortar as folhas ainda

verdes; Evitar o consórcio com mamão, abacaxi e banana, que também

atraem o inseto.

Broca do pedúnculo

floral

Homalinotus coriaceus

Sulcos superficiais no estipe. O inseto adulto provoca a queda de

flores e frutos novos.

Limpeza da copa (folhas e cachos secos). Pulverizações com

Malation(Malatol 1000 CE)Cochonilha transparente do coqueiro

Aspidiotus destructor

Os folíolos vão ficando amarelos pela ação sugadora do inseto,

secando em seguida.

Realizar o controle quando verificar-se 5 a 10% das plantas com 3 folhas

muito atacadas, Usar Dimethoato ouAldicarb (Temik 100 ou Temik 150).

Lagarta das folhas

Brassolis sophorae

Pode causar desfolhamento total da planta

Localização e destruição das lagartas

Pulgão preto do coqueiro

 

Cerataphis lataniae

Em coqueiros jovens, causa retardo do início de produção. Em coqueiros adultos, provoca

abortamento de flores femininas, queda de frutos pequenos e/ou

frutos em desenvolvimento.

Pulverização das plantas infestadas com produtos sistêmicos. Carbosulfan

– (Marshal 200 SC).

  Tabela 2 - Principais doenças de importância econômica e seu controle.

Nome vulgar Nome cientifico Danos ControleAnel vermelho Rhadinaphelenchus

cocophilusÉ uma doença letal

ao coqueiro. A planta fica com

aspecto de guarda-chuva fechado. O

 

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sintoma característico da doença é interno.

Ao se cortar a estipe, observa-se

um anel, de coloração vermelha.

Helmintosporiose Drechslera incurvata Manchas marrons e ovaladas nas folhas,

que podem coalescer, formando

lesões maiores

AduNão fazer sementeiras em locais de plantas doentes. Não usar sementes de áreas

contaminadas. Erradicação e queima das plantas doentes e controle do

inseto vetor (Rhincoporus) através de

armadilhas.bação nitrogenada equilibrada,

controle de ervas daninhas, plantio no viveiro que

permita uma boa aeração. Pulverizações com

fungicidas. Usar: Captan (Captan 500 PM ou

Captafol). Mancozeb (Dithane PM, Manzate BR

ou Fungineb 80), Tebuconazole (Folicur

PM)Murcha de Fitomonas Protozoário Phitomonas

sp. 

Queda parcial ou total de frutos

imaturos, queda de flores,

empardecimentos e ressecamento das

espiguetas na inflorescência,

inflorescência não aberta fica com coloração cinza

amarronzado, nas folhas basais os

folíolos terminais ficam amarelos

seguidos de empardecimento rápido, quebra da

ráquis e apodrecimento do meristema central

Controle: Erradicação e queima de plantas afetadas,

coroamento, corte das folhas que tocam o chão,

controle do percevejo.Produtos Momocrotofos,

Deltametrine

Queima das folhas . Botryosphaeria cocogena

Lesão marrom-avermelhada em "V". Esta lesão

evolui e pode causar a morte prematura

das folhas,

Realizar o manejo cultural e as adubações adequadas. Eliminar e queimar folhas

mortas. Amarrar ou escorar, quando possível,

os cachos. Em ataques

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provocando a diminuição da área foliar e, como as folhas servem de

apoio para os cachos, também podem causar a

queda dos frutos. 

mais severos, pulverizar com fungicidas

Usar: Benomyl 0,1% (benlate 500) +

Carbendazin (Derosal)

Lixa Sphaerodothis acrocomiae – Lixa grandePhyllachora torrendiella

– Lixa pequena

Lixa grande – pontos marrons

ásperos, nas folhas mais velhas que se

destacam facilmente. A

doença não causa necrose das folhas.

Lixa pequena – pequenos pontos negros e ásperos

que não se destacam facilmente. A

doença provoca seca prematura das

folhas.

Difenoconazole (6x de 15

COLHEITA E PÓS-COLHEITAColheitaO coqueiro anão inicia a produção com cerca de 30 a 36 meses, sendo que, esta será contínua com produção de 12 a 16 cachos por ano e uma média de 8 a 20 frutos por cacho. A expectativa de produção de frutos por planta durante o ano é mostrada na tabela 7.Tabela 3 - Expectativa de produção de frutos do coqueiro anão verde, em função da idade da planta, em plantios de sequeiro e irrigado.

Ano de Plantio Lavoura de sequeiro(frutos/planta/ano)

Lavoura Irrigada(frutos/planta/ano)

1 0 02 0 03 20 504 35 805 50 1206 70 150

7 e seguintes 80-100 150-200O ponto ideal de colheita do fruto está associado a diversos indicadores relacionados à planta, ao fruto e às características de produção. Depende também de determinadas propriedades química e sensorial, ligadas aos aspectos nutritivos, alimentares e de saúde humana. Os frutos dos coqueiros anão destinados ao consumo in natura de água de coco devem ser colhidos, principalmente, entre o sexto e o sétimo mês, após a abertura natural da inflorescência. Nessa idade ocorrem os maiores pesos de fruto, as maiores produções de água de coco, os maiores valores de frutose, glicose e grau brix, e o melhor sabor da água de coco, além de ser rica em minerais, principalmente em potássio. A água proveniente de frutos com idade em torno de cinco meses, é menos doce (menores teores de glicose e frutose e menor grau brix), enquanto na dos frutos com oito meses de idade, já ocorrem quedas nos teores de glicose e frutose e no grau brix, e aumento no teor de sacarose e no de gordura, ocasionando um sabor rançoso a água de coco.O coco para consumo in natura na culinária ou para uso agroindustrial na fabricação de alimentos, deve ser colhido com onze a doze meses. Estes frutos apresentam cor castanha, com manchas verdes e pardas irregulares, com peso inferior ao coco verde. Para a produção de alimentos "light" em gordura seja na

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culinária ou na agroindústria, recomenda-se utilizar a polpa do coqueiro anão por possuir menos da metade do teor de gordura da polpa tanto do coqueiro gigante quanto do híbrido.Para realizar a colheita de coqueiros com grande altura o colhedor ou "tirador" deve utilizar "peias" de couro ou nylon para subir nas plantas. O uso de esporas deve ser evitado visto que estas causam ferimentos no tronco do coqueiros, o que pode transmitir doenças letais às plantas. Chegando ao topo da árvore, o tirador amarra uma corda no pedúnculo do cacho e o secciona com um facão. Com isso, a queda do cacho é evitada já que a corda o está segurando. Aproveita-se este momento para realizar a limpeza das copas, desbastando as folhas velhas, que são cortadas também com o facão. Não é recomendado cortar folhas ainda verdes, pois pode ocorrer a atração de insetos causadores de doenças.O coco verde merece cuidados para ser aceito pelo consumidor, visto que ele será consumido in natura e o seu aspecto visual é um fator limitante para a sua comercialização. Logo depois de colhidos, os cachos devem ser limpos, eliminando-se as ráquiles ou rabichos do coco para que estas não atritem com a casca do fruto no transporte, causando feridas e escurecimento no mesmo. Em Rondônia é comum encontrar carrinhos onde a água de coco é comercializada em copos descartáveis, onde a aparência visual do fruto não tem tanta importância para o consumidor.PÓS-COLHEITAApós a colheita, os cachos devem ser transportados com a máxima atenção, para evitar danos tanto mecânicos provocados pelo impacto quanto a ruptura do endocarpo, ocasionando a perda da água. Além disso, eles devem ser deixados à sombra dos coqueiros até o momento de serem transportados para a comercialização.A qualidade da água é extremamente afetada pelo tempo decorrente entre a colheita e o consumo final. Sendo assim é necessário alguns cuidados para prolongar a vida útil dos frutos:

Os frutos (cachos) devem ser manuseados com cuidado e o transporte efetuado o mais rápido possível, em veículos cobertos com lonas de cor clara e em horários de temperatura amena;

Deve-se ainda forrar o caminhão com palha ou serragem para evitar danos mecânicos aos frutos das camadas inferiores;

Não sendo possível o transporte logo após a colheita, recomenda-se que os cachos sejam armazenados em galpão fresco, bem arejado e seco, por, no máximo dois dias;

Se o mercado exigir o fruto a granel por unidade, proceder à retirada dos frutos do cacho com o auxílio de uma tesoura de poda, tomando o cuidado para não arrancar o pedúnculo e o cálice floral, estruturas que formam uma proteção natural contra a entrada de fungos e bactérias que deterioram a água;

Recomenda-se que os frutos cheguem ao distribuidor no prazo máximo de três dias após a colheita;

Na maioria das vezes o fruto exige armazenamento no local de consumo, onde devem permanecer ainda nos cachos, em locais com boa ventilação, evitando-se a exposição aos raios solares e a temperaturas elevadas. Quando armazenados à temperatura ambiente, acima de 20ºC os cocos devem ser consumidos no período máximo de 10 dias após a colheita. Em câmara fria a 12ºC esse período pode ser prolongado por mais 15 a 20 dias, após o qual iniciam os processos de deterioração que comprometem, principalmente, a acidez da água.Tabela 4 – Coeficientes técnicos para implantação de 1 ha de coqueiro.

Especificação Quantidade UnidadeAno 1

InsumosCalcário

Superfosfato simplesUréia

Cloreto de potássioEstercoMudas

Inseticida granuladoInseticidaFungicidaServiços

Roçagem e limpeza da área

  2

1026141

1.000226111 

15

  T

KgKgKgKg

UnidadeKg

LitroLitro

 D/h

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Marcação da áreaPreparo das covasPlantio/replantio

CoroamentoAplicação de agrotóxicosAdubações de cobertura

1026

1054

D/hD/hD/hD/hD/hD/h

Ano 2Insumos

Superfosfato simplesUréia

Cloreto de potássioEsterco

InseticidaFungicidaServiços

CoroamentoRoçagens

Aplicação de agrotóxicosAdubações de cobertura

  

143184163

100011 

10254

  

KgKgKgKg

LitroLitro

 D/hD/hD/hD/h

Ano 3Insumos

Superfosfato simplesUréia

Cloreto de potássioEsterco

InseticidaFungicidaServiços

CoroamentoRoçagens

Aplicação de agrotóxicosAdubações de cobertura

Colheita

  

163204163

100011 

102545

  

KgKgKgKg

LitroLitro

 D/hD/hD/hD/hD/h

FONTE: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/

CULTURA DO ABACAXI

http://www.seagri.ba.gov.br/Abacaxi.htmAspectos Gerais:Originário das Américas o abacaxizeiro é cultivado na Ásia, África, América (Norte, Central, Sul) ; Tailândia, Filipinas, Brasil, China e Índia destacam-se como países principais produtores (1994). No Nordeste- com produção de 1.036.415t. (1998) - sobressaem-se Paraíba(237.551t.), Bahia(168.518t) e Rio Grande do Norte(88.726t.) como estados maiores produtores ; neste ano o Nordeste do Brasil contribuiu com 49% da produção nacional. Na Bahia a produção (67%) concentra-se nas regiões econômicas do Paraguaçu, Sudoeste e Litoral Norte onde aparecem os municípios de Coração de Maria, Santa Ines, Inhambupe, Cravolandia, Irajuba e Entre Rios com produções expressivas. As regiões Oeste e Baixo Médio São Francisco mostram-se promissoras para a cultura do abacaxi.Botânica/Descrição da Planta/ Variedades:O abacaxizeiro é classificado como Ananas comosus (L, Merril), Bromeliaceae, Monocotiledonae; os indígenas brasileiros chamavam-no de ibacati (fruta cheirosa). Em língua espanhola é conhecido como "piña", no inglês "pineapple" e "ananás" por franceses, italianos, holandeses, alemães. Planta perene, arbusto baixo, tem raízes profusas pequenas que alcançam até 15 cm de profundidade, caule (haste) com gemas (cicatrizes de folhas) que garantem a reprodução da planta. Folhas planas, esverdeadas, com parte superior em calha dispostas em espiral em torno da haste central que, no termino do

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desenvolvimento, dá origem a 150 a 200 flores brancas ou branco-roxas em espigas. Estas originam 100-200 frutos pequenos (bagas), com pontas na casca, colados entre si e dispostos em torno do eixo central (coração). O fruto inteiro (infrutescencia) tem forma cilíndrica ou cônica (frutos maiores na base), com rebentos na base e coroa de folhas no ápice. A polpa do fruto é sucosa, aromática, saborosa, com leve acidez, cor amarela ou amarelo-pálida (branca). É rica em açucares (75% peso fresco), em sais minerais (cálcio, fósforo, magnésio, potássio, sódio, cobre, iodo) em vitaminas (C, A, B 1, B2, Niacina); 100 g de polpa contêm 52 calorias; tem valor alimentar, portanto. Ainda o fruto contêm o enzima bromelina. Dentre as variedades, a mais cultivada é a Smoth Cayenne, por suas características agro-industriais. Smooth Cayenne: porte baixo, folha verde-escuro com 1 m de comprimento, fruto grande, forma cilíndrica com até 2,5 kg de peso, com 9-10 rebentos na base, com polpa amarela. Sensível às doenças fusariose e fasciação.Pérola: planta de crescimento ereto, folhas com 65 cm de comprimento, fruto cilíndrico (levemente cônico no ápice) com cor verde-amarelada, 3-8 rebentos na base, polpa amarelo-palida com baixa acidez. Sensível à fusariose e à fasciação. Perolera: planta com folhas verde-escuras sem espinhos, fruto com peso médio de 1,78 kg, forma cilíndrica, cor externa amarela, polpa amarela. Apresenta resistência à fusariose e menor sensibilidade à fasciação .Primavera: fruto cilíndrico, peso 1,25 kg, polpa branca, folha verde-claro sem espinhos. Apresenta resistência à fusariose e menor sensibilidade à fasciação.Necessidades para o Cultivo:As regiões que mais se prestam ao cultivo do abacaxizeiro estão situadas entre os paralelos 25º N e 25º S embora a planta adapte-se à vários ambientes.Clima:Tem grande influencia sobre crescimento, desenvolvimento e produção do abacaxizeiro; a temperatura media anual mais adequada situa-se em torno de 24ºC (limites em 21ºC e 32ºC). A planta requer temperaturas altas (29-30ºC) para produção de raízes e folhas.Chuvas (pluviosidade):Sua ausência na frutificação atrasa o desenvolvimento do fruto e reduz produção de mudas além de causar problemas na floração, reduzindo rendimento da cultura. Em áreas com boa distribuição de chuvas o total de 1.000 mm a 1.500 mm anuais satisfaz as necessidades da planta . Estudos (Havaí) determinaram a necessidade diária de água do abacaxizeiro em 1,5-3,0 mm de água (45-90 mm mês/planta).Umidade Relativa do Ar:A umidade relativa média está em torno de 75%. Mudanças bruscas no nível de umidade podem causar fendilhamento do fruto e altos níveis de umidade propiciam a incidência de doenças.Luminosidade (radiação solar):Atua no crescimento vegetativo e na qualidade do fruto (composição, coloração); luminosidade intensa pode queimar o fruto interna e externamente. A insolação requerida aceitável para desenvolvimento e produção do abacaxizeiro é de 1.200 - 1.500 horas/ano e ótima entre 2.500 a 3.000 horas/ano. Por fim o abacaxizeiro é tido como planta de dias curtos; em dias curtos a floração da planta dá-se mais rapidamente.Ventos:Quando fortes e secos podem danificar a planta (ressecamento). Ainda ventos fortes podem provocar tombamento da planta e dificultar tratos sanitários. Solos:Com sistema radicular relativamente superficial e frágil o abacaxizeiro só explora a profundidade de 15 a 20 cm no solo. Assim fatores como aeração e drenagem são importantes na seleção de área para implantação da cultura pois a planta não tolera encharcamento do terreno. Solos de textura média a leve, que assegurem boa drenagem, ainda que argilosos, são indicados para a implantação do abacaxizal. O pH ideal situa-se na faixa 4,5 a 5,5. Deve dar preferencia a terrenos planos a ligeiramente declivosos (5% de declividade).Em exploração comerciais o suprimento de nutrientes através da adubação, é prática quase obrigatória.Plantio:Obtenção de mudas: O abacaxizeiro é propagado via mudas que podem advir de:

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Rebentos: filhotes-rebentos (encontrado preso ao pedúnculo na base do fruto); filhote-rebentão (encontrado no ponto de união do pedúnculo do fruto com o caule e rebentão (encontrado na parte inferior do caule).Coroa : roseta de folhas situada na parte superior do fruto.Secções do caule (talo): provém do caule seccionado e estimulado a brotar e enraizar.Em qualquer dos casos a muda deve ter origem em plantas sadias, vigorosas, de boa produção. A muda deve ser também sadia, vigorosa, tamanho uniforme (nunca abaixo de 25 cm de comprimento). As que apresentarem sinais de ataque de pragas e doenças, podres, com goma, devem ser sumariamente eliminadas pelo fogo.Para plantio as mudas devem ser separadas por tamanho e tipo (filhote, filhote rebentão e coroa). Obtenção de mudas e rebentos:Para melhorar a qualidade dos rebentos e prepará-los para o plantio destacam-se as operações de ceva e cura.Ceva: consiste em deixar o rebento preso a planta-mãe pós colheita do fruto - durante o tempo necessário para que ele alcance o tamanho adequado para o plantio, em período de 2,5 a 3,0 meses, sob irrigação.Cura: objetiva a cicatrizar tecidos feridos - da muda na sua colheita, a eliminar excesso de umidade do material e melhorar a eficiência da seleção de mudas. O processo consiste em expor as mudas - com base para cima - a ação dos raios solares durante o período de 7 a 15 dias.Após ser efetuada a seleção por sanidade, tipo e tamanho - as mudas podem ser armazenadas/conservadas em local fresco, seco e sob sombra. Apoiadas umas as outras, na posição vertical com base para baixo elas são preservadas por meses. Na Bahia (Litoral Norte, Paraguaçu) usa-se muda tipo filhote em geral.Obtenção de mudas por seccionamento de caule:Operação que leva 11 a 12 meses e feita com caule (talo) de planta que já produziu fruto, após arranquio da planta, desbaste das folhas, eliminação do sistema radicular e da parte apical. O caule é cortado em pedaços compridos ou em discos; elimina-se pedaços internos e externos que mostrem sinais de doenças. Os pedaços sofrem tratamento com calda decorrente da mistura de fungicida (Triadimefon-Bayleton 40 g/100 l água) e inseticida-acaricida (etiom-Ethion 50 - 75 ml/100 l água ou monocrotofós - Nuvacron 90 ml/100 l água) por imersão durante 3 a 6 minutos.As secções tratadas são plantadas em canteiros de terra com dimensões 120 cm ( largura) x 10 cm (altura) e comprimento variável. O espaçamento de plantio é 10 cm x 10 cm (100 secções por m2 ). Adubações, capinas e tratos sanitários ( mesma calda acima) e irrigações fazem-se necessários. Quando a plantinha atingir a 25 cm de altura estará apta ao plantio em campo. Este processo pode proporcionar um rendimento de 85% de mudas sadias; um hectare de viveiro produz 488 mil mudas.Escolha da área para plantio:Deve-se levar em conta: disponibilidade e custo da mão-de-obra( pelo menos 170 homens/dia para 1 hectare), vias de acesso a área e para escoamento da produção, existência de mananciais de água, proximidade de centros consumidores(mercados e indústrias). Além disso a área deve satisfazer às necessidades da cultura.Preparo do solo:Em áreas não cultivadas, se necessário, efetuar as operações de roçagem, destoca encoivaramento e queima da coivara; em áreas anteriormente cultivadas com abacaxi o resto de cultura deve ser eliminado, com boa antecedência ao plantio, mediante sua incorporação ao solo e sua queima( caso de pequenos produtores).Em seguida deve-se proceder a aração - à profundidade mínima de 30 cm - que deve ser seguida por duas gradagens.Sistema de plantio/Espaçamento: O abacaxizeiro pode ser plantado em sistemas de filas simples, de filas duplas, triplas, quádruplas e quíntuplas. Os mais comuns são fileiras simples e fileiras duplas. A escolha do sistema condiciona-se à disponibilidade da área, à característica física da variedade a plantar, à disponibilidade de mão-de-obra, ao tipo de solo, à topografia do terreno, entre outros.Fileira simples facilita tratos culturais em abacaxizais com variedades de folhas espinhosas. O de fileiras duplas abriga maior número de plantas por unidade de área, melhor sustentação das plantas e evita tombamentos na frutificação. As plantas das duas fileiras juntas devem ser plantadas em espaços desencontrados(plantio em quincôncio).

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Os espaçamentos preconizados, em geral, são os seguintes:Fileiras simples; 80 cm -120 cm entre filas e 30 cm a 40 cm entre plantas, o que proporciona populações entre 48 mil a 20 mil plantas por hectare.Fileiras duplas; 70 cm a 90 cm entre filas duplas, 30 cm a 40 cm entre filas simples e 22 cm a 35 cm entre plantas na filas, o que proporciona populações em torno de 75 mil a 40 mil plantas/hectare.

Na Bahia(Litoral Norte) pratica-se o espaçamento de 60 cm x 30 cm x 30 cm.Obs. : plantas sem espinhos nas folhas - variedades Smooth Cayenne, Perolera e Primavera - permitem utilização de espaços menores. As Pérola e Jupi - com espinhos nas folhas - só admitem espaçamento mais largo.Quando a produção destina-se a fins industriais - espaçamentos maiores(para frutos acima de 1,5 kg de peso) - e para consumo in natura - espaçamentos menores (para frutos com peso 1,0 - 1,5 kg).IÉpoca de Plantio:Na Bahia a época de plantio estende-se de janeiro a março (região Litoral Norte) e de janeiro a junho (região do Paraguaçu) sempre em função das chuvas. Todavia a depender da disponibilidade de mudas, das condições de umidade no solo e época em que se deseja colher o fruto ,o plantio pode ser feito em outras épocas do ano. Em meses muito chuvosos não se deve plantar o abacaxi.Plantio propriamente dito: Pode ser feito em covas, fendas ou em sulcos; prefere-se sulcos (quando dispõe-se do sulcador) para áreas grandes e covas (pode-se usar coveador mecânico ou pá). Sulcos ou covas devem ter profundidade para evitar tombamento da muda); a fenda é aberta com enxadeta e a muda é colocada inclinada nela.Em cova ou sulco a muda é colocada na posição vertical, chega-se terra a ela (sem deixar cair terra no centro da roseta foliar).As mudas são plantadas em quadras ou talhões separados segundo seu tipo, pêso ou tamanho. Nos terrenos planos sulcos ou covas são abertos no sentido do maior comprimento de área ( aumenta rendimento das máquinas). Em terrenos com declive o plantio deve ser feito usando curvas de nível ou outro método conservacionista. Também planta-se em camalhões com 100 cm de largura na base, 70 cm de largura no topo e 15 cm de altura.Correção da acidez do solo/adubações:Através da análise de solo são determinados os níveis de alumínio trocável, cálcio, magnésio, nitrogênio, fósforo e potássio além do pH do solo. As recomendações decorrentes indicam as quantidades de calcário dolomitico a aplicar ao solo, (com antecedência mínima de 60 dias ao plantio) para seu objetivo maior que é elevar os teores de cálcio e magnésio mantendo o pH entre 4,5 e 5,5 (faixa adequada para o cultivo).Adubação do abacaxizeiro:Importante seguir as recomendações de adubação da análise de solos. As indicações de adubação para a Bahia pressupõem a operação de indução floral entre o 9º ou 10º mês pós plantio. As adubações deverão ser feitas em cobertura entre o 1º e 2º mês, entre o 5º e 6º mês e entre 8º e 9º mês, em períodos de bom nível de umidade no solo. Importante manter relação N/K2O(nitrogênio/potássio) entre 1,5 a 2,5. Havendo adubos orgânicos - estercos, tortas vegetais (mamona, cacau) - sua utilização é recomendada nos solos de solos de textura leve e pobres em matéria orgânica e devem ser aplicados 30 dias antes do plantio ou na 1º cobertura. As fontes de nutrientes mais comuns são: uréia, sulfato de amônio, superfosfato simples (preferido por fornecer enxofre também), fosfatos mono e di-amonio, superfosfato triplo, cloreto de potássio e sulfato de potássio. Adubos minerais sob forma solida são aplicados no solo junto à planta ou nas axilas das folhas basais devendo-se chegar terra ao pé para cobrir adubos no solo. Adubos via líquida podem ser aplicados às folhas nas estações secas ou para suplementações de nitrogênio e potássio, (em horas frias do dia). A concentração da solução a aplicar não deve exceder a 8%.(uréia a 3%).Controle de ervas daninhas:Manter o abacaxizeiro livre de ervas daninhas notadamente nos 6 primeiros meses pós plantio; a limpeza pode ser feita por enxada ou por aplicação de herbicidas . Na capina fazer a amontoa (chegar terra ao pé da planta com o cuidado de não jogá-la na roseta). Herbicidas são indicados para grandes plantios e períodos chuvosos, em duas etapas: 30 a 60 dias e 90 a 120 dias pós plantio em pré-emergência das ervas. Alguns produtos à base de diuron, bromacil, simazina tem sido recomendados.Irrigação:

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Em zonas com escassez de chuvas e onde os períodos secos superem 3 meses a irrigação faz-se necessária. A demanda de água pelo abacaxizeiro é de 1,5-3,0 mm/dia, as exigências hídricas aumentam a partir do 2º mês de vida e intensificam-se a partir do 5º mês até o 10º mês; 60 mm a 100 mm/mês é a quantidade de água recomendada para irrigação, utilizando-se o método de aspersão.Indução floral:Para antecipar o início da floração e mais tarde a colheita aplica-se substâncias químicas-fitoreguladoras como carbureto de cálcio, acetileno e etephon - na roseta foliar ou em pulverizações foliares- . As dosagens são 1 a 2 gramas de carbureto na roseta foliar em dias chuvosos, ou 50 ml de solução de etephon (de solução com 20 ml do etephon, 30 g de cálcio virgem e 2% de uréia diluídos em 100 l de água) pulverizados sobre a planta. As aplicações devem ser feitas em horas frescas do dia ou à noite (entre 20 horas e 5 horas). Entre 7 e 14 meses as plantas podem sofrer indução floral.Consorciação/Rotação:Como cultura principal o abacaxizeiro é consorciado com feijão, feijão macassar, mandioca, milho, amendoim; como cultura secundária pode ser consorciado ao abacate, citros, manga, coco, mamão.A rotação de culturas é feita com soja, sorgo, feijão macassar, outras, em alguns países.Pragas :Cochonilhas, ácaro vermelho e broca-do-fruto são pragas mais comuns na Bahia.Cochonilha do abacaxi: Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1939), Homoptera, Pseudococcidae. Também conhecida como piolho-branco é um inseto pequeno, sem asas, coberto por camada pulverulenta branca. Também encontrada na batatinha, amendoim, bananeira, milho, soja, outras. É responsável pela transmissão da doença murcha-do-abacaxi (causa sérios danos à variedade Smooth Cayeime). Vivem em colônias nas raízes e axilas das folhas sugando a seiva; com aumento populacional o inseto ataca flores e frutos. Vivem em simbiose com formigas doceiras, atacam o abacaxizeiro a partir do 2º mês de vida. O controle pode ser feito pela aplicação de produtos químicos à base de paration etílico ou metílico (Folidol ou Rhodiatox na dosagem de 90 ml/100 l água) ou dimetoato (60 ml/100 l água). Aplica-se pulverização preventiva - 60 ml da calda por planta- entre 60 a 150 dias pós plantio. Em períodos chuvosos usar inseticidas granulados sistêmicos de solo na dose de 0,5 a 1 g por planta (dissulfoton, aldicarbe) do produto comercial no solo junto a planta.Tratamento de mudas, com dosagens acima de paratiom ou diazinom ( 90 ml/100 l água) podem ser feitos mergulhando as mudas por 3-5 minutos.Broca-do-fruto: Thecla basilides (Geyer, 1837) Lepidoptera, Leycaenidae. Causa grandes danos em várias regiões produtoras com nível de infestação em 80%. Adulto é pequena borboleta cinzenta-escuro brilhante, com manchas circulares alaranjadas nas asas posteriores; larva (forma jovem) é lagarta que, desenvolvida, tem cor amarelo-escuro, corpo ligeiramente achatado com aspecto de lesma. As borboletas põem ovos brancos na parte superior e média da inflorescencia e no pedúnculo. A lagarta ataca a inflorescencia, flores, mudas, folhas e frutos. O fruto atacado exsuda resina líquida que se solidifica com o ar. A lagarta empupa na parte inferior da folha.Controle- Pulverizações com os químicos carbaryl 85 M(260 g em 100 l de água) paration metílico ou diazinom (90 ml em 100 l de água) ou Bacilus thuringiensis ( Dipel PM -600 g/hectare) aplicando-se 30 a 50 ml da calda por inflorescencia. As pulverizações devem ser feitas no "olho" da planta desde o aparecimento da inflorescencia - 45 dias pós indução floral até 40 dias depois em intervalos de aplicações de 15 dias (10 dias para o Dipel).Doenças:Entre as principais estão a fusariose e a podridão-negra-do-fruto.Fusariose - causada pelo fungo Fusarium subglutinans, responsável pela perda de 30% da produção brasileira. O fungo infecta todas as partes da planta provocando exsudação de substância gomosa na área afetada. A planta atacada exibe encurtamento e curvatura do caule (lado da lesão). Fruto exsuda goma através da cavidade floral e a polpa apodrece.Controle - Emprego de mudas sadias, nos novos plantios (mudas de seccionamento do caule), de plantas que geraram frutos sadios; em áreas de incidência de fusariose, proceder seleção rigorosa de mudas. Eliminação de restos de antigas culturas e inspeções permanentes com eliminação de plantas doentes concorrem para diminuir a infecção .Pulverizações, com início aos 45 dias pós indução floral e com intervalos de 10 dias (quatro vezes), com produtos químicos à base de benomyl (Benlate), thiabendazol (Tecto), tiofanato metílico (Cerconil) na dosagem de 250 a 300 g/100 l de água.

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Podridão-negra-do-fruto: Causada pelo fungo Thielaviopsis paradoxa provoca perdas significativas a frutos destinados à exportação. Essas perdas dão-se entre colheita e processamento. Podridão mole na polpa cor amarela-intenso evolui para decomposição da polpa que se liqüefaz; externamente há exsudação do suco que resulta em fruto ôco. Controle - Colher frutos com um segmento de pedúnculo (2 cm), evitar ferimentos no fruto, armazenar frutos a 8°C e manter essa temperatura no transporte, eliminar restos de antigas culturas nas proximidades de área de estocagem/manuseio de frutos.Imergir pedúnculo numa calda fungicida - para proteger corte de colheita - em caldas de benomyl (Benlate a 0,8%) e triadimefon (Bayleton a 0,4%).Colheita/Rendimento/Embalagem/Transporte:Colheita - A maturação é avaliada pela coloração da casca que passa do verde ao amarelo, progressivamente. Com aproximação da maturação a cor passa a bronzeado, os "olhos" passam de pontiagudos a achatados e o espaço entre "olhos" estendem-se, superfície do fruto fica mais lisa.Fruto para indústria é colhido maduro; para consumo in natura é colhido "de vez". A colheita é feita com facão, e os frutos são acondicionados em cestas, balaios.Frutos de plantas que sofreram indução são colhidos entre 12 e 14 meses pós plantio; frutos de plantas sem indução são colhidos aos 18 meses. Rendimento - O rendimento médio - 1 colheita - está em 80%; No espaçamento 0,8 m x 0,3 m, 41.600 plantas/hectare, com rendimento de 80% obtêm-se 33.200 frutos comercializáveis (75% frutos de 1ª qualidade e 25% frutos inferiores).Embalagem/Transporte - Colhidos os frutos são levados a galpões, selecionados quanto qualidade e sanidade, classificados por tamanho/peso (segundo destino); após tratamento contra podridões são embalados em caixa de papelão ou de madeira (520 mm x 290 mm x 290 mm) para exportação ou à granel para mercados ou indústrias.No transporte para exterior os porões de navio devem estar com 85 - 90% de umidade e 8 - 12°C de temperatura em seu ambiente. Luiz Epstein - 1999

CITROS: principais informações e recomendações de cultivo[1], [2]

 Dirceu de Mattos Junior, José Dagoberto De Negri, José Orlando de Figueiredo e Jorgino Pompeu

Junior  Introdução 

Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gênero Citrus e outros gêneros afins (Fortunella e Poncirus) ou híbridos da família Rutaceae, representado, na maioria, por laranjas (Citrus sinensis), tangerinas (Citrus reticulata e Citrus deliciosa), limões (Citrus limon), limas ácidas como o Tahiti  (Citrus latifolia) e o Galego (Citrus aurantiifolia), e doces como a lima da Pérsia (Citrus  limettioides), pomelo (Citrus paradisi), cidra (Citrus medica), laranja-azeda (Citrus aurantium) e toranjas (Citrus grandis).

São originários principalmente das regiões subtropicais e tropicais do sul e sudeste da Ásia, incluindo áreas da Austrália e África. Chegaram ao Brasil trazidos pelos portugueses, no século XVI.

Suas árvores atingem em média quatro metros de altura; a copa é densa, de formato normalmente arredondado. As folhas são aromáticas, assim como as flores,  pequenas e brancas, muito procuradas pelas abelhas melíferas e matéria-prima da água de flor de laranjeira. Os frutos são ricos em vitamina C; possuem ainda vitaminas A e complexo B, além de sais minerais (cálcio, potássio, sódio, fósforo e ferro).

A produção mundial de citros é de aproximadamente 102 milhões t por ano, e é oriunda de extensa área cultivada, com 7,3 milhões ha. Os maiores produtores de laranjas são o Brasil e os Estados Unidos, que juntos representam cerca de 45% do total mundial.

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No Brasil, a produção de citros ocorre principalmente no Estado de São Paulo, onde encontram-se cerca de 85% da produção brasileira de laranjas (14,8 milhões t; 700 mil ha); também, na ordem de aproximadamente 1,5 milhão t, destaca-se a produção de Tahiti e tangerinas, como a Ponkan e o tangor Murcott.

 Clima Os citros preferem climas com temperatura entre 23 e 32 °C e umidade relativa do ar alta. Acima

de 40 °C e abaixo de 13 °C, a taxa de fotossíntese diminui, o que acarreta perdas de produtividade. Os frutos produzidos nos climas mais frios, em geral, são mais ácidos e apresentam coloração da casca e do suco mais intensa. Nos climas mais quentes os frutos são mais doces.

 SoloSolos profundos e permeáveis, com boa fertilidade, pH entre 5 e 6, permitem maior

desenvolvimento das pllantas e maior produção de frutos. Constituem condições desfavoráveis às plantas, solos pouco profundos, de textura muito argilosa que favoreçem o encharcamento, comum nas porções baixas do terreno, ou compactação de camadas subsuperficiais que limitam o desenvolvimento do sistema radicular; solos arenosos e pedregosos, cuja capacidade de retenção de água é baixa.

 Principais variedades de copas As variedades cítricas têm ciclo de desenvolvimento que varia de 6 a 16 meses entre o

florescimento (que ocorre, para a maioria das variedades, na primavera) e a maturação dos frutos, dependendo da espécie ou variedade e das condições de solo e clima do local de cultivo. Assim, podem ser agrupadas de acordo com a principal época de maturação do seu grupo como precoces, meia-estação e tardias (Quadro).

 Laranja Bahia e Baianinha - precoces: Conhecidas como laranjas-de-umbigo por apresentar um “umbigo” no fruto, do lado contrário do pedúnculo. Os frutos não apresentam sementes, a casca é bem amarela, a polpa suculenta e sabor ácido e adocicado. Contém bastante vitamina C. A Baianinha tem o fruto menor. Laranja Lima e Piralima - precoce, e Lima Tardia: Têm casca fina, amarela esverdeada. De todas as variedades, é considerada sem acidez, sendo por isso indicada para bebês, crianças e idosos. É doce e suculenta, ótima para ser consumida ao natural. Laranja Hamlin - precoce à meia estação: O fruto, pequeno, tem casca fina e cor amarelada, tem baixo teor de suco, poucos açúcares e ligeiramente ácido. Presta-se principalmente para a produção de suco concentrado. As árvores dessa variedade são bastante produtivas. Westin e Rubi - meia estação: Frutos bastante esféricos, com casca pouco espessa, cor laranja intensa,

com suco bastante saboroso, servindo para o consumo ao natural ou industrializado. A planta é produtiva.

 Laranja Pêra - meia-estação: Formato mais alongado, de casca lisa, fina e amarela. Polpa suculenta, sabor adocicado e levemente ácido. Muito consumida in natura e utilizada no preparo de sucos. Laranjas Valência, Natal e Folha Murcha - tardias: apresentam frutos ovalados, a casca é ligeiramente grossa, tem suco de coloração amarelo forte e adocicado. São consumidas in natura e no preparo de sucos. Tangerina Cravo - precoce: os frutos são bastante saborosos, aromáticos, apresentam casca de coloração alaranjado intensa, de tamanho médio. Mexerica-do-Rio - precoce: os frutos são medianos, muito aromáticos, têm casca fina e lisa, são fáceis de descascar e paladar bastante agradável. 

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Tangerina Ponkan - meia-estação: mais popularmente conhecida no mercado, apresenta frutos grandes, fáceis de descascar, com gomos que também se separam facilmente. Tem paladar bastante agradável. Tangor Murcott - tardia: híbrido de tangerina e laranja; frutos achatados, casca fina e aderente, com muitas sementes, cor do suco alaranjado intensa, doce e excelente para o consumo in natura e no preparo de sucos. Lima ácida Tahiti: popularmente conhecido como “limão”, apresenta fruto ligeiramente ovalado, com casca verde intenso quando consumido, não apresenta sementes e é utilizado em culinária e preparo da caipirinha.  Lima ácida Galego: Frutos pequenos, arredondados, com casca fina e ligeiramente amarela quando maduro, com muitas sementes. O suco é excelente para preparo de temperos, limonadas, torta de “limão” e caipirinha. Limão Siciliano: fruto ovalado, grande, de casca grossa e amarela, bastante aromático, com acidez agradável, o que o torna bastante apreciado na cozinha. Pomelo Marsh Seedless (grapefruit): fruto arredondado, grande, com casca fina e polpa com sabor amargo. É pouco apreciado no Brasil. É consumido como fruta fresca ou no preparo de sucos.

  QUADRO - Épocas principais de colheita das principais variedades cítricas no Estado de São

Paulo

Variedade jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

LARANJAS Lima e Piralima x x x X X X X X X X x x x Hamlin x x X X X X X X X x Bahia e Baianinha x x X X X X X X X x Westin e Rubi x x x X X X X X X X Lima Tardia x x x x x x x X X X X X X X X x x x x Pêra x x x x x x x x x x x x X X X X X X X X X x x x Valência e Natal x x X X X X X X X X X Folha Murcha X X X X X X X XTANGERINAS Cravo x x x X X X X X X x Mexerica-do-Rio x x X X X X X X x Ponkan x x x X X X X X X x Murcott x X X X X X X x x x x xLIMAS E LIMÃO Galego X X X X X X x x x x x x x x x x x x x x x x X X Tahiti X X X X X X X X x x x x x x x x x x x x x x X X Siciliano x x x x x x x X X X X X X X X x x x x x x xPOMELO Marsh Seedless x x x X X X X X X x x x x x x xX = safra principalx = safra extemporânea

 Principais variedades de porta-enxertos 

Limão Cravo e Limão Vokameriano: apresentam boa adaptação a solos arenosos e ligeiramente ácidos. Têm alta tolerância à seca, boa resistência à gomose de tronco e de raízes, mas são suscetíveis ao declínio dos citros e a morte súbita dos citros. Induzem maturação precoce dos frutos. O limão

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Volkameriano é incompatível com a laranja Pêra, com a qual forma plantas pouco produtivas e de vida curta. Tangerinas Cleópatra, Sunki e Suen-kat: Melhor desempenho quando plantadas em solos argilosos. Média tolerância à seca, e média resistência à gomose de tronco e de raízes. Pouco afetadas pelo declínio e tolerantes à morte súbita dos citros. Iniciam a produção de frutos um a dois anos mais tardiamente que as plantas enxertadas nos limões Cravo e Volkameriano. Os frutos produzidos sobre essas três tangerinas são menores e amadurecem mais tardiamente que os obtidos sobre os demais porta-enxertos. Citrumelo Swingle: bom desempenho em solos arenosos e argilosos. Possui boa tolerância à seca, alta resistência à gomose de tronco e de raízes. Favorece a produção de frutos de alta qualidade. É pouco afetado pelo declínio e tolerante à morte súbita dos citros. Induz maturação dos frutos mais tardia que a apresentada pelo limão Cravo. É incompatível com a laranja Pêra e o tangor Murcott formando plantas pouco produtivas e de vida curta. Às vezes mostra sintomas de incompatibilidade com a laranja Bahia e a lima da Pérsia.  Trifoliata: melhor performance quando plantado em solos argilosos. Média tolerância à seca, alta resistência à gomose de tronco e de raízes. Suscetivel ao declínio e tolerante à morte súbita dos citros. Induz maturação dos frutos mais tardia que a apresentada pelo limão Cravo. Incompatível com laranja Pêra e tangor Murcott. 

 Plantio As mudas de citros, produzidas por viveiros credenciados, normalmente apresentam haste única,

normalmente com 50 cm de altura, que precisam de cuidados para formação das “pernadas”, que são feitos com a seleção de três a quatro brotos lançados após pegamento no campo. Para o plantio de pomares comerciais, depois de preparar o terreno, é realizada a sulcação, com aplicação de calcário e fertilizantes, e o alinhamento das covas; em pomares domésticos, pode-se abrir covas com  0,4 m x 0,4 m x 0,4 m, misturando-se à terra, calcário e fertilizante orgânico. As mudas podem ser plantadas alinhadas, com espaçamento de cerca de 7 a 6 m entre linhas (ou ruas) por 5 a 3 m na linha. Os espaçamentos maiores são utilizados para plantas de grande porte como o limão e outras variedades vigorosas e os menores para as tangerinas, como a Ponkan.

A escolha de variedades é feita em função da expectativa de comercialização do produto no mercado, quer seja para a indústria ou para o mercado de fruta fresca. São estabelecidos talhões com área de até 10 hectares, onde são plantadas uma única combinação de copa e porta-enxerto, o que viabiliza o manejo, tratos cultuais e colheita. Em chácara e quintais, é possível plantar árvores de diversas variedades para garantir produção durante o ano inteiro (veja quadro de épocas de colheita). O plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa, de preferência em dias nublados. Ainda, é possível fazer o plantio o ano todo, dependendo do tamanho do pomar a ser plantado e da possibilidade para fazer a rega das mudas.

 Tratos culturais Nos primeiros dois anos, após plantio das mudas, ocorrem brotações abaixo da bifurcação da

copa e na região do porta-enxerto. Estas devem ser eliminadas manualmente assim que aparecerem. São retirados também ramos mortos ou doentes e mal dispostos nas árvores adultas.

Para o bom desenvolvimento dos pomares, é necessário a avaliação da fertilidade do solo e nutrição das plantas, por meio de análises periódicas de amostras de solo e folhas, e registro de níveis de produtividade. O manejo da calagem e adubação, daqueles comerciais, é estabelecido com o conhecimento do histórico dessas informações.

Para pomares caseiros, a adubação pode ser feita com fertilizantes minerais (tipo NPK 10:10:10) ou orgânicos (tipo estercos curtidos); deve ainda ser realizada durante a primavera e o verão. As doses variam bastante com a idade das plantas e a produção de frutos, bem como as formulações encontradas no comércio. Pode-se aplicar três a quatro vezes no período indicado, para plantas pequenas de 200 a 400 g/planta/parcelamento da fórmula 10:10:10 ou quantidade equivalente de outro fertilizante; para plantas adultas utiliza-se de 500 a 1.000 g. Recomenda-se espalhar o fertilizante ao redor da planta para evitar a concentração do produto na superfície do solo e a “queima” de raízes e folhas.

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É interessante aplicar, parte do fertilizante na forma orgânica. Ainda, a cada dois ou três anos, aplicar cerca de 2.000 g de calcário por planta, para corrigir a acidez do solo e fornecer cálcio e magnésio.

O controle do mato deve ser feito com o uso de herbicidas e roçadeiras, para: i) reduzir a competição entre espécies pelo uso da água e de nutrientes, e os possíveis prejuízos à produção de frutos, ii) aumentar os nichos de ocorrência de inimigos naturais de pragas e doenças e iii) melhorar a conservação do solo. O plantio de um cultura intercalar é recomendado, desde que sejam seguidos critérios, tais como, porte baixo das espécies escolhidas, manutenção de 1,0 a 1,5 m livre a cada lado da planta cítrica, eficiência no controle fitossanitário de ambas as espécies, compatibilidade no emprego de defensivos etc. Alguns exemplos de cultivos intercalares podem ser: milho-pipoca, quiabo, berinjela, abacaxi e mamão, que podem apresentar interesse econômico, ou adubos verdes, como lablabe, guandú, crotalária e mucuna-anã, que apresentam retorno indireto pelos benefícios trazidos ao solo.

As tangerineiras, normalmente, requerem o desbaste ou raleio de frutos jovens (até 3 cm de diâmetro) para garantir o bom desenvolvimento da planta e qualidade dos frutos.

 Pragas e doençasA laranjeira e os outros citros são atacados por ácaros, cochonilhas, coleobrocas (besouros que

perfuram tronco e ramos), pulgões, moscas-das-frutas, lagartas, cochonilhas e formigas. As doenças mais comuns são causadas por fungos: verrugose (lesões nas folhas e brotos), gomose (afeta os ramos, raízes e caule), melanose (lesões nos frutos, folhas e ramos), rubelose (ramos e tronco), mancha preta (frutos), e bactérias: cancro cítrico (folhas, ramos e frutos), clorose variegada dos citros (folhas e frutos) e huanglongbing (HLB) = ex-greening (folhas e frutos). O cancro cítrico e o HLB, são doenças denominadas quaternárias A2 e, por força de lei, as plantas infectadas devem ser arrancadas dos pomares, inclusive dos pomares domésticos.

A manutenção do pomar em bom estado fitossanitário requer vigilância sistemática e efetiva ao aparecimento de problemas. Assim, amostragens ou inspeções periódicas (semanais ou quinzenais) devem ser efetuadas nas plantas para detecção de qualquer praga no início de seu ataque. Assim, diagnosticado o problema, recomenda-se buscar orientação técnica para tomada de medidas de controle. No caso de doenças, a prevenção é a forma mais utilizada de controle, devendo também ser orientada por um técnico. Existem no comércio diversos produtos agroquímicos (defensivos), cada qual com especificidade de controle, seletividade a inimigos naturais e toxicidade ao aplicador e ao consumidor. A escolha correta do defensivo é importante no sucesso da pulverização.

 Colheita A evolução da maturação das frutas cítricas pára após a colheita. Por isso é conveniente esperar

até que as laranjas estejam maduras, para a colheita, quando os frutos tendem a ser mais doces e menos ácidos. A laranjeira, e outras variedades, começam a produzir no terceiro ano, se forem reunidas as condições ideais de clima e solo. A produção de frutos aumenta até o 10o ano, quando as árvores são consideradas adultas. Produz bem até os 20 anos. A safra é anual e dura, para cada variedade, entre dois e quatro meses. A produção média de uma árvore fica em torno de 100 quilos. 

CURIOSIDADES

O uso da enxertia visa utilizar as caracteristicas do porta-enxerto para melhorar a produção e a qualidade dos frutos, aumentar a longevidade das plantas, reduzir a altura da árvore e o tempo necessário para início da produção, e aumentar a resistência das plantas à doenças (ex.: gomose, nematóides) e estresses (ex.: deficiência hídrica e nutricional).

Os “limões” Galego e Tahiti, popularmente conhecidos, na verdade são variedades de limas ácidas. O Tahiti apresenta a casca verde quando maduro enquanto que o limão (verdadeiro), do tipo Siciliano, é amarelo. A Kunquat ou Kinkan é uma fruta bastante pequena, com cerca de 3 cm de comprimento, possui casca comestível e é muito apreciada para o preparo de doces e compotas. Pertence ao chamado gênero próximo dos citros = Fortunella, e tem sua origem no Japão.

Visite a página na página www.centrodecitricultura.br para maiores detalhes [1] Texto preparado para a versão eletrônica do Boletim Técnico 200 (IAC). 17 de março de 2005.

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[2] Autores: Engenheiro Agrônomo, Pesquisador Científico. Instituto Agronômico - Centro APTA Citros Sylvio Moreira. Rod. Anhanguera, km 158. CEP 13.490-970, Cordeirópolis (SP) 

Cultura - Laranja

Aspectos Gerais:A planta tem origem provável na Ásia - Índia, China, países vizinhos de clima subtropical úmido - daí foi para a Europa e para o Brasil trazida por portugueses no século XVI.O cultivo da laranjeira está disseminado por mais de 60 países e, na produção mundial de cítricos, a laranja participa com 69%. Em 1994 foram produzidas 58.731.000 toneladas participando o Brasil com 31,6%, E.U.A com 16,2%, China com 10,5%, Espanha com 4,42% e México com 4,4% (FAO). Em 1993/94, no mercado internacional, a laranja in natura ofertou 4,4 milhões de toneladas; a Espanha (33%) e E.U.A (14%) lideram esse mercado. No de processados de citros o Brasil destaca-se como maior exportador mundial de suco concentrado suprindo 80% da demanda mundial.No Brasil a citricultura é significativa para os estados de São Paulo (80% da oferta nacional), Sergipe (4,8%), Bahia (3,8%) e Minas Gerais (3,8%); em 1994, o país produziu 17.420.377 toneladas de frutos em área próxima a 900.000 hectares (IBGE).Em 1994 a Bahia produziu 668.873 toneladas de frutos, em área colhida de 42.748 ha. com rendimento de 15.647 kg/ha (80% da variedade Pera); as principais regiões econômicas produtoras foram Litoral Norte, Recôncavo Sul, Nordeste e Sudoeste (juntas alcançaram 90% da produção). Destacaram-se, entre os municípios maiores produtores, Rio Real (44%), Inhambupe (7%), Cruz das Almas (6%), Sapeaçu (5%) e Alagoinhas (4%), (IBGE - PAM).A produção baiana destina-se ao consumo da fruta fresca e a agroindustria; o suco concentrado é quase todo exportado para a Europa (Alemanha, Inglaterra), E.U.A, e Canadá (1994/95 - Promoexport).Botânica/Descrição/Variedades:Cientificamente a laranja-doce é conhecida como Citrus sinesis e a laranja-azeda como Citrus aurantium, ambas Dicotyledonae, Rutaceae. Na laranja-doce destacam-se as variedades Pera (maturação semi-tardia), Natal (tardia), Valencia (tardia), Bahia (semi-precoce), Baianinha (semi-precoce); Lima, Piralima, Hamlim (semi-precoce), a espécie laranja-azeda é representada pelas laranjas-da-terra.A laranja doce tem porte médio, folhas tamanho médio com apice ponteagudo base arredondada, pecíolo pouco alado, flores com tamanho médio, solitárias ou em racimos, com 20-25 estames, ovário com 10-13 lóculos. Sementes ovoides, levemente enrugadas e poliembrionicas.A laranja azeda tem porte médio a grande, folha com lâmina estreita, ponteaguda, base arredondada, flores grandes, completas; fruto ácido e amargo, de difícil consumo. Dos brotos, folhas e casca do fruto retira-se uma série de óleos essenciais, aromáticos, de alto valor em perfumaria e farmacopeia. Composição por 100 g. da fruta fresca é: calorias (63), glicídios (9,9 g), proteína (0,6 g), lipídios (0,1), calcio (45 mg), fósforo (28 mg), ferro (0,2 mg), magnésio (26 mg), Vitamina A (14 mcg), Vitamina B (40 mcg), Vitamina B2 (21 mcg), Vitamina C (40,9 mcg), potássio. Utilização da laranjeira:Folhas : Contém óleo essencial utilizado em indústria.Flores : Procuradas para ornamentação diversa; é melífica.Fruto : O sumo da laranja-doce é utilizado, em nível caseiro, para preparo de sucos, refrescos e sorvetes; na indústria o sumo compõe sucos concentrados e refrigerantes. A casca da laranja-da-terra é utilizada para o preparo de geléias, doces (em calda, cristalizados), bebidas. Necessidades da Planta: Clima - A faixa de temperatura para vegetação está entre 22ºC e 33ºC (nunca acima de 36ºC e nunca abaixo de 12ºC) com média anual em torno de 25ºC; sob altas temperaturas a laranjeira emite, ao longo do ano, vários surtos vegetativos seguidos de fluxos florais que possibilitam maturação de frutos em várias épocas.O ideal anual de chuvas está em 1.200 mm. bem distribuidos ao longo do ano; deficit hídrico deve ser corrigido com irrigação artificial. A umidade do ar deve estar em 80%.Clima influe na qualidade e composição do fruto (teor de suco, de sólidos, maturação, volume de frutos, outros).Solos : Embora possa desenvolver-se em vários tipos de solos- de arenosos a argilosos desde que sejam profundos e permeáveis- a laranjeira prefere os solos areno-argilosos e até argilosos porosos, profundos e bem drenados. Evitar solos rasos e sujeitos a encharcamentos; pH na faixa 6,0 a 6,5. Formação do Pomar:

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A muda de laranjeira: deve ser obtida a viveiristas credenciados por órgãos oficiais. Deve ser enxerto (por borbulhia) maduro vigoroso, enxertia a 20 cm de altura do solo, com 3 a 4 brotações (ramos) a 60cm. de altura (espaçados para formação da copa) distribuidos em espiral em torno do caule e sistema radicular abundante. As mudas raíz nua devem ter raízes barreadas (com barro) para transporte.Para compor o pomar: sugere-se plantio de variedades Lima e Hamlin (10%), Baianinha (15%), Valencia e/ou Natal (15%) e Pera (para sucos), com 60%.Localização do pomar: próximo a estradas e mercado consumidor, de fácil acesso. O terreno deve ser plano a ligeiramente ondulado; em áreas com declividade até 5% alinhar plantas em nível e em terrenos com declividade superior usar outras práticas conservacionistas além das curvas de nível. O plantio, em terreno plano, deve ser feito em retângulo.Preparo do solo: se possível retirar amostras de solo e enviar a laboratório de análises, com boa antecedência ao plantio (150 dias) para recomendações para corretivos e adubos.As operações de preparo de solo passam por desmatamento, destoca, queima, controle de formigas e cupins, aplicação de corretivo, aração e gradagens. A destoca pode ser feita em período de 2 a 5 anos (segundo extensão da área de plantio) e o produtor poderá cultivar lavouras de ciclo curto entre os tocos.A aplicação do corretivo (calcário dolomítico) deve ser feita antes da aração (metade da dose) e antes da primeira gradagem (segunda metade) a 60 a 90 dias antes do plantio.Os espaçamentos recomendados para o plantio são: 6 m x 4 m (Baianinha, Valencia) que proporciona 416 plantas/hectare e 6 m x 3 m (Pera, Natal e Rubi) o que proporciona 555 plantas por hectare. Covas/adubação básica: as covas devem ter dimensões de 60 cm x 60 cm x 60 cm e na sua abertura separar a terra dos primeiros 15-20 cm de altura. A abertura deve ser feita 30 dias antes do plantio. Em plantios extensos sulcos podem ser feitos com sulcador de cana segundo as linhas de nível (terrenos acidentados). Caso não haja recomendação de análise de solo colocar 1 kg de calcário dolomítico no fundo da cova e cobrir com um pouco de terra logo após a abertura da cova em seguida misturar 200 g de superfosfato simples, 15-20 litros de esterco de curral curtido à terra separada e lançar na cova.Plantio:No período chuvoso típico da região ou em qualquer época, com auxílio da irrigação, efetuar o plantio; escolher dias nublados, sem ventos e com temperatura amena.No plantio colocar colo da muda 5 cm acima da superfície do solo; as raízes das mudas nuas devem ficar estendidas (sem dobras) e os espaços entre as raízes cheios com terra. Comprime-se a terra a medida que se enche a cova, faz-se "bacia" com terra e cobre-se a bacia com palha ou maravalha ou capim seco (sem sementes); se houver ventos fortes tutora-se a muda. Tratos Culturais:- Caso não haja chuvas no pós-plantio irrigar a cova com 20 l. de água por semana.

Eliminar brotações (ainda novas) que se apresentem abaixo do ponto de enxertia notadamente nos primeiros 2 anos de vida.

Podar ramos secos, doentes, ramos ladrões vegetativos; efetuar limpeza do tronco e ramos grossos (com escova) caiando em seguida com calda bordalesa a 3%.

Capinar, nas ruas de plantio e na época seca, com grade de disco e com ceifadeira no período chuvoso. Em coroamento sob copa da planta, capinar com enxada (época seca) ou com foice ou estrovenga no período chuvoso.

Se o custo permitir plantar leguminosas (mangalô, feijão-de-corda, feijão-de-porco) nas ruas. Adubação:

Deficiências de micronutrientes mais comuns (Cruz das Almas) são de zinco e manganês; são corrigidas com aplicações em pulverização foliar, com solução contendo 300 g de sulfato de zinco e 300 g de sulfato de manganês em 100 litros de água.Caso não haja recomendações de laboratório para adubações sugere-se a utilização das quantidades da Tabela 1. Aplicar as doses logo após o início do período chuvoso e, pouco antes do seu fim. 60 dias e 90 dias pós plantio aplicar 50 g. de uréia fertilizante por cova e por vez. Aplicar sob a copa da planta com leve incorporação (2/3 para dentro e 1/3 para fora da projeção da copa).Tabela 1 - Adubação de Laranjeira (por pé)

Ano Início das chuvas Fim das chuvas

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  Esterco Ureia S.S (1) KCl (2) Ureia KCl (2)

2º 20 l 100g 200g - 100g -

3º 25 l 150g 300g - 150g -

4º 30 l 200g 400g 40g 200g 40g

5º 30 l 250g 500g 200g 250g 200g

6º 35 l 250g 500g 200g 250g 200g

7º 35 l 350g 650g 250g 300g 200g

8º 40 l 350g 650g 250g 300g 200g

9º(3) 45 l 500g 1000g 300g 500g 250g

(1) Superfosfato Simples(2) Cloreto de Potássio(3) Em dianteConsorciação:O uso de culturas intercalares é indicado; sugere-se culturas de amendoim, batata-doce, inhame, feijão, abobora, abacaxi, mamão e maracujá. Deve-se preferir culturas de baixo porte e de curta duração; a linha mais externa do seu plantio deve ficar a 1,5 a 2,0m. da linha de plantio da laranjeira. O seu plantio deve ser orientado no sentido leste-oeste e a cultura deve ser adubada.Tratamento Sanitário:Tratos culturais adequados (para equilibrio populacional entre pragas x inimigos naturais), idade das plantas no pomar (até 4 anos exige aplicação de químicos), inspeção periodica do laranjal (verificar presença de pragas, grau de infestação, presença de inimigos) aplicações de químicos em focos, periodo do dia a efetuar tratamento, dentre outros, são procedimentos imprescindiveis para eficiência do controle de pragas/doenças.Pragas:Inumeras pragas atacam a laranjeira a saber:Acaros: da falsa ferrugem, das gemas e da leprose e que podem ser controlados com produtos a base de enxofre, de quinometionato e de dicofol.Coleobrocas: que podem ser controladas com fosfina pasta, paratiom, DDVP em injeção (orifício do caule).Pulgões: controlados com paratiom ou acefato ou pirimicarb.Mosca-das-frutas: controlar com fentiom ou tricloform ou malatiom.Cochonilhas: de placas (Orthezia), de escamas (farinha, virgula) cabeça-de-prego, são controladas por aplicação de oleo mineral + inseticidas fosforados (paratiom, malatiom, diazinom).Na Bahia as pragas mais importantes sâo:Broca-da-laranjeira: Cratosomus flavofosciatus (Guerim, 1844) Coleoptera, Curculionidae.O adulto é besouro com forma convexa, tem 22mm. de comprimento e faixas e manchas amarelas no dorso; a fêmea faz orifício no tronco da planta e aí deposita um ovo. Eclodindo o ovo libera larva (lagarta) volumosa, esbranquiçada e sem patas que broqueia o tronco e ramos grossos abrindo galerias longitudinais. Os sinais de ataque são galerias e orifícios que expelem serragem em forma de pelotas.Controle:

Limpeza do(s) orifício(s) e destruição mecanica (com arame da larva). Desobstrução do orifício e aplicação através dele de fosfina pasta (1cm.) ou de paratiom metil

(2cm3.) em injeção. Vedar orifício com argila ou cera-de-abelha. Iniciar controle logo que apareça serragem no solo.

Plantio no pomar (evitar excesso de população) da planta Maria Preta que atrai os besouros. Capturar o inseto na Maria Preta e exterminá-lo.

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Cochonilhas: Cabeça-de-prego: Chrysomphalus ficus (Ashmead. 1880)Escama farinha: Pinnaspis aspidistrae (Signoret, 1869)Escama virgula: Mytilococcus beckii (Newman, 1869) Homoptera, Diaspididae.De placas: Orthezia praelonga (Douglas, 1891), Homoptera, Ortheziidae.Todas alimentam-se da seiva da laranjeira e podem eliminar secreções açucaradas que atraem formigas e fungos (fumagina).Cabeça-de-prego: inseto provido de escama circular, cor violácea escura, que ataca folhas e frutos.Escama farinha: inseto com carapaça alongada que vive no tronco, haste e folhas que tomam aspecto esbranquiçado.Escama vírgula: carapaça de forma em vírgula, cor marrom claro, vivendo em folhas e frutos.De placas: corpo provido de placas ou laminas cereas, esbranquiçadas, com cauda alongada (ovisaco); vive em folhas e ramos.Controle:

Capinar sob-copa da planta e aplicar aldicarb a 1,5cm. de profundidade no solo; pulverizar plantas infestadas com fosalone ou dicrotofos para a cochonilhas de placas.

Para as outras escovar tronco e ramos e aplicar calda, contendo óleo mineral e inseticidas dimetoato ou malatiom ou metidatiom.

OBS: não misturar enxofre e óleo mineral, não aplicar óleo em horas quentes do dia e sobre frutos com menos de 5cm. de diâmetro e a menos de 50 dias de colheita.Doenças:

Estiolamento: (Damping-off) - Sementeira (fungos). Sementes apodrecem sem germinar plantas novas ficam amareladas (colo apodrecido), tombam e morrem.Controle: aplicação de PCNB (regar superfície de canteiro com 2 l. de calda/M2), ou aplicar benomyl ou quintozene preventivamente, semeando-se 48 horas depois.Verrugose: Sementeira e viveiro (fungo). Lesões em folhas e brotos impedem o crescimento apical da planta; afeta alguns porta enxertos.Aplicar benomyl, logo no aparecimento dos sintomas; 15 dias após aplicar mancozeb ou oxicloreto de cobre.Gomose: Pomar (fungo). Afeta casca e parte externa do lenho nas raízes, tronco (colo) e até ramos. A região afetada apresenta goma marrom; planta pode morrer. Pulverizar com Fosetyl ou Metalaxil em intervalos de 20 dias; raspar parte doente e pincelar com pasta bordalesa.Melanose: Pomar (fungo). Pequenas lesões arredondadas, coloração escura, recobrem grandes áreas de frutos, folhas e ramos. Podar galhos secos e pulverizar, pós florada, com benomyl ou oxicloreto de cobre.Colheita/Rendimento/Comercialização:Colheita - Evitar machucar o fruto, romper a sua casca e o apodrecimento.Usar escada (madeira leve e arredondada) sacolas de colheita (de lona, com fundo falso) com capacidadede 20Kg., tesoura ou alicate de colheita, (lâminas curtas e pontas arredondadas) e cestos ou caixas plásticas com capacidade de 27Kg.- No ato de colher rejeitar frutos orvalhados ou molhados, evitar derrubar fruto ao solo, colher frutos no mesmo estágio de maturação e evitar exposição do fruto ao sol. Um homem pode colher 10 mil frutos/dia.Rendimento - Considerando-se início de produção aos 4 anos de vida colhe-se 100 frutos por laranjeira/ano, 150 frutos (5º ano), 200 frutos (6º ano), 250 frutos (7º ano), 300 frutos ( 8º ano), em geral. Pés safreiros (10 anos), podem produzir 350 frutos (Bahia), 420 frutos (Baianinha) e 580 frutos (Pera).Comercialização - Há forte presença de agente intermediario com poucos produtores vendendo diretamente ao consumidor; empresas fornecem, sob contrato, laranjas à rede de supermercados. A laranja Pera deteve em 1990, 82,24% dos frutos comercializados na Bahia; a oferta cresce de maio a setembro quando alcança o pico (69% do total anual colhido).

CULTURA - MAMÃOAspectos Gerais:

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O mamoeiro - Carica papaya L. Dicotyledonae, Caricaceae - tem como origem provável uma região entre noroeste da América do Sul e sul do Mexico (América Tropical).A produção mundial de mamão foi de 6.200.000 toneladas em 1994, sendo Ásia (46%), América do Sul (33%) e Africa (12%) principais responsáveis pela produção mundial. O Brasil destacou-se como maior produtor com 29% da oferta mundial, seguido pela Índia (24%), Tailandia (*8,8%), Nigéria (8,1%) (FAO).Dentro do Brasil a região Nordeste ocupou o 1º lugar no ranking nacional em 1993 com 54% da oferta de mamão (869.000 toneladas em área colhida de 49.940 hectares - IBGE).Em relação ao Brasil a Bahia contribuiu, em 1993, com 50% da produção (888.000 t), e com 61% da área colhida (17.537 ha). No mesmo ano foi responsável por 94% da produção nordestina.As principais regiões economicas baianas produtoras de mamão (IBGE - 1994), foram Extremo Sul (858.000 t), Baixo Médio São Francisco (12.825 t.) Oeste (7.365 t.). Os principais municípios produtores (média 1990-94), foram Nova Viçosa (20%), Mucuri (17%), Porto Seguro (12%), Itabela (9%), Prado, Teixeira de Freitas.A produção regional destina-se aos mercados do Sul e Sudeste (São Paulo, Rio de janeiro e Rio Grande do Sul). Em 1994 a Bahia exportou 690 toneladas (US$ 380 ml) dirigidos aos Paises Baixos (87%), Suíça (9%) e Uruguai.Descrição / Variedades: O mamoeiro é uma planta herbácea, altura entre 2 e 10m., podendo viver até os 20 anos. Sistema radicular superficial com raízes brancas e pouco abundantes, caule geralmente único, fibro-esponjoso, verde a cinza-claro, fácil de quebrar e encimado por coroa de folhas terminal (em capitel). Folhas grandes, alternas, lobadas com peciolo longo (25-100cm.), ôco e frágil; flores masculinas ou femininas ou hermafroditas (em indivíduos distintos), cor branco-amarelada a amarela com ovário com formato arredondado ou alongado (cilindrico). Fruto é uma baga, nasce do caule ou de pendúculo longo (macho) é arredondado, cilindrico ou periforme e amarelo ou alaranjado quando maduro; polpa de consistência suave e sucosa, cor salmão, vermelha e até amarela com até 1.000 sementes negras que se inserem na cavidade interna do fruto.A composição por 100g. de polpa é: calorias 32, água 90g., carboidratos totais 8,3g., fibra 0,6g., proteínas 0,5g. gorduras 0,1g., calcio 20mg., ferro 0,4mg., fósforo 13mg., caroteno 110mg., Vit. B1

0,03mg., Vit. B2 0,04,g., Vit C 46mg.O sexo da flor do mamoeiro determina a existencia de mamoeiros masculinos (mamão macho) mamoeiro femininos e mamoeiros hermafroditas. As flores podem ser unisexuais - masculinas ou femininas - e bisexuais (hermafroditas).

Plantas masculinas: Com flores distribuidas por inflorescências de pendúculos longos e pendentes (pendulas); órgão reprodutor masculino existente, ativo e órgão reprodutor feminino rudimentar mas que pode tornar-se funcional produzindo mamões deformados - mamão-macho, mamão-de-calo ou mamão-de-corda - sem valor comercial.

Plantas femininas: Apresentam flores femininas, amarelas, isoladas ou em grupo de 2 a 3 que se inserem diretamente no caule. Os frutos decorrentes são arredondados a ligeiramente ovais. Um pomar com plantas femininas mecessita de mamoeiros masculinos - em 10-12% dos indivíduos - uniformemente distribuidos no pomar para assegurar a produção.

Plantas hermafroditas: Apresentam flores com órgãos masculinos e femininos na mesma flor e não dependem de outras para a fecundação. Tem forma alongada (elongata) ou arredondada (pentandrica) e seus frutos podem ser cilíndricos (preferidos comercialmente) ou arredondados.

Vários fatores induzem variabilidade nas flores ao longo do ciclo da planta; os frutos em decorrência podem apresentar-se em formas diversas. Assim flores hermafroditas podem tornar-se femininas, e masculinas tornarem-se hermafroditas (produzindo o mamão-macho); as flores femininas são mais estáveis. O sexo da planta é identificado após a emissão das flores.A variedade comercial é caracterizada por haste vigorosa com pequena distancia entre nós, entra em floração 3 a 6 meses após semeio, precoce, porte baixo e maturação do fruto em 5-6 meses pós floração, ausência de ramificação lateral. Algumas variedades de interesse comercial são:Sunrise Solo: procedente do Havaí é planta precoce, frutos periformes ou arredondados, com peso de 400-600 g, polpa laranja-avermelhada de excelente sabor indicada para consumo in natura e pode produzir 37 t/ha/ano.

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Formosa: híbrida de origem chinesa, frutos com peso de 0,8 a 2,5 kg, polpa amarela ou avermelhada, com produção acima de 70 t/ha/ano.Tainung nº 1: Híbrido altamente produtivo (mamão da Costa Rica X Sunrise Solo), frutos redondos ou alongados, polpa laranja-avermelhada, de ótimo sabor, produtividade média 60 t/ha/ano.Improved Sunrise Solo CV. 72/12: Precoce (8 meses pós plantio), produtivo, inserção das primeiras flores a 60 cm de altura, fruto periforme a ovalado com 450 g de peso, polpa vemelho-alaranjada, produção abaixo da Sunrise Solo.Usos do Mamoeiro: Planta: Produz látex que contém papayna (enzima proteolítico) com propriedades digestivas; o látex é extraído, principalmente, do fruto verde e contém 0,15 a 3,75% de papayna empregada em culinária (digestão, amaciamento de carnes), em indústria (de cerveja, queijo, chicletes, couro) e em farmacéutica (produtos para dispepsias). Da semente, folha e fruto extrai-se um alcalóide - a carpaina - empregado em medicina como ativador do músculo cardíaco.Fruto: a polpa suave, saborosa e aromática é consumida, ao natural, só ou em mistura com polpas de outros frutos, sob forma de purês, cremes gelados, cubos cristalizados, sucos. Processada a polpa compõe doces, geléias, compotas, polpa congelada, aguardente.

A polpa do fruto desenvolvido e ainda verde é utilizada como legume em culinária doméstica. A semente é usada na propagação comercial do mamoeiro ( formação de mudas).

Necessidades da planta:Clima: temperatura entre 22 e 26ºC (21 a 33ºC), chuvas entre 1.500 a 1.800 mm (1.200 a 2.000 mm) anuais, umidade relativa do ar entre 60% e 80%, luminosidade acima de 2.000 horas/luz/ano, ventos moderados, brandos e altitude ideal de 200 m. (nunca acima de 800 m).Solos: De preferência areno-argilosos, planos a levemente ondulados, porosos, profundos (2 m a mais), sem impedimentos na sub-superfície, ricos em matéria orgânica, e com pH 5,5 a 6,7. Evitar solos em baixadas ou sujeitos a encharcamento e os pedregosos.Propagação: Propagação/Sementes: O mamoeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia; comercialmente é multiplicado por sementes. As plantas fornecedoras de sementes devem ser hermafroditas, (elongata) em plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom estado sanitário, baixa altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade, entre outras características.Frutos fornecedores devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente e sementes retiradas com colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar mucilagem) e dispostas em camadas finas sobre jornal para secar à sombra por 2 a 3 dias. Em seguida são tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan 3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada na parte inferior da geladeira (6ºC), se necessário. Formação de mudas:Característica do viveiro: a céu aberto, com cobertura a 2 m de altura, ou a 80 cm de altura (bambu, folhas de palmeira, etc...). As ripas ou a maior dimensão do viveiro devem estar orientados no sentido Norte-Sul; a cobertura deve permitir que as mudas recebam, inicialmente, 50% de sol e gradualmente permite-se mais e mais entrada de luz solar até o transplantio.Os canteiros devem ter 1 m a 1,2 m de largura e comprimento variável; entre os canteiros deve exister rua com 50-60 cm de largura.O viveiro deve estar em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de plantio de mamoeiros, próximo a fonte de água e em terreno plano a levemente ondulado.Preparo das mudas:Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno preto com furos, tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno deve ter dimensões 7 cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura x espessura). O substrato - mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata (terriço): areia lavada; esterco de curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato deve sofrer fumigação com brometo de metila e depois, cada m³ da mistura, deve receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de superfosfato simples, 10 kg de calcário dolomítico.- Com sementes de flores hermafroditas lança-se 3 sementes por recipiente (6 a 8 sementes de origem descnhecida) e 2 sementes da variedade Formosa; lançadas ao recipiente as sementes devem estar distantes entre si por 1 cm e serem cobertas com 1 - 1,5 cm de terra peneirada; irriga-se sem encharcar e cobre-se levemente a superfície com palha (arroz, outra). A germinação deve dar-se após 10 a 20 dias.

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- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2 vezes por dia (micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar os turnos de rega. Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando a mais vigorosa. Aplicações quinzenais de calda contendo triclofron 50S, (240ml/100l. de água) e mancozeb (150g./100l.) de água podem prevenir o aparecimento de pragas e doenças 30 a 40 dias pós emergência das plantinhas, plantinha com 15-20cm. de altura, torna-se muda apta ao plantio em local definitivo. Rejeitar mudas fracas e afetadas por doenças ou pragas. Com solução de ureia a 0,1% fazer aducação foliar se as folhas mais velhas amarelecerem.Preparo do solo:Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias após consistem no preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de formigas e grilos e antes e depois da aração a calagem.Espaçamentos/Coveamento/Adubação:O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples os espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m; No sistema duplo os espaçamentos podem ser de 36m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x 2,5m.Em terreno declivoso as linhas de plantio devem seguir as curvas de nivel; em terreno plano a linha de plantio são marcadas no sentido da maior dimensão (comprimento).- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos 30 a 40cm de profundidade (grandes plantaçõs).- A adubação básica na cova pode ser constituida pela mistura de 6,5 kg de esterco de curral bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio + 400g. de superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra retirada dos primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova. Usando tortas aplicar adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise do solo aplicar 300g. de calcario dolomitico no fundo da cova.Plantio:O plantio deve ser efetuado no início do período chuvoso, em dia fresco e nublado, com solo úmido. No plantio retira-se o envoltório plástico e o torrão é plantado ao nível do solo. Plantios da variedade Formosa, recebem 1 muda/cova; para as outras variedades 3 mudas por cova. Cobrir o solo, em volta da muda, com palha ou capim seco (s/sementes).Tratos Culturais:Controle de ervas daninhas: pode ser feito com capinas manuais ou mecanicas (grades ou roçadeira - grades até primeiros 6 meses). Deve-se evitar lavras profundas. Capina química (herbicida) pode ser usada; o uso do controle conjunto (químico - mecanico) parece ser melhor opção.Irrigação: o consumo anual de água pelo mamoeiro oscila entre 1.200 e 3.100mm.; há maior exigência hidrica quando as plantas são jovens. Com deficit hídrico na produção aparecem áreas do tronco sem frutos.Desbaste de Plantas: no início da floração 3-5 meses pós plantio, efetuar desbaste deixando 1 planta por cova, sempre com flores hermafroditas. Para mamoeiros do grupo Formosa desbasta-se plantas masculinas.Desbrota: brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminadas quando ainda pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.Desbaste de Frutos: no início da frutificação desbasta-se frutos defeituosos e de pequeno tamanho; é uma operação períodica (uma vez por mês) em frutos pequenos e verdes; Deixar 1 a 2 frutos por axila da folha.Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.Adubação pós-plantio: (em cobertura c/ incorporação): no primeiro ano aplicar por planta/vez, aplicar 40g. de ureia + 55g. de superfosfato simples + 15g. de sulfato de potássio aos 30, 60, 90, 120 e 180 dias pós plantio.No segundo ano, a cada 3 meses, aplicar por planta e por vez, mistura de 50g. de ureia, 65g. de superfosfato e 20g. de sulfato de potássio.Consórcios:Milho, feijão, arroz, batata-doce, amendoim, adubos verdes consorciam-se com mamoeiro (este cultura principal). Evitar abobora, melão, melancia, pepino. O mamoeiro é usado como cultura intercalar em culturas de macadamia, café, abacate, manga, citros, coco, goiaba, entre outras.Pragas:

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- Ácaro branco: Polyphagotarsonemuis latus (Banks 1904), Tarsonemidae; Conhecido como ácaro tropical ou ácaro da queda do chapéu. Ataca a superfície inferior de folhas novas e brotações laterais. A folha torna-se amarelada, pálida, coriacea e por fim a lamina rasga-se. Há perda do ponteiro (queda do chapéu), paralização do crescimento e até morte da planta.Controle: desbastar brotações laterais, aplicar acaricidas visando ponteiros e brotações laterais. Produtos indicados: enxofre molhável 80 PM (300g./100l.), dimetoato 5.E (75g./100l. água).- Ácaro rajado: Tetranychus urticae, ácaro vermelho: Tetranychus desertorum - Acari, Tetranychidae; vivem nas folhas mais velhas, face inferior, nas nervuras mais próximas ao pecíolo onde tecem teias, efetuam posturas. Provocam amarelecimento, necrose e perfuração na folha. Há desfolha da planta afetando o desenvolvimento e estragos nos frutos por ação direta dos raios solares. Controle: aplicar acaricidas indicados para ácaro branco visando face inferior das folhas e a eliminação de focos iniciais da praga.Outras pragas: Cigarrinha (Empoasca sp.): ao sugarem a seiva causam amarelecimento e encurvamento das folhas mais velhas que podem cair sob ataques severos. Controla-se cigarrinha com pulverizações de triclofrom 50 S (240 ml./100 l. de água).Lagarta de folhas: infestações severas são controladas com Bacillus thuringuensis 3,2 PM (250-500g./ha).Lagarta rosca: controle idêntico ao acima.Mosca-das-folhas: monitoramento com frascos caça-moscas e pulverização com iscas toxicas (produtos a base de malatiom, fentiom, triclorfom).Doenças:Podridões de Phytophthora - palmivora P. parasitaEm solos argilosos e mal-drenados e em condições de umidade e temperatura elevadas há o apodrecimento do colo e raízes, amarelecimento de folhas e queda de frutos.Controle: erradicar plantas afetadas, evitar plantio em solos pesados e controle químico com Fosetyl-Al.Viroses: Mosaico - caracterizada pelo amarecimento das folhas mais novas que se tornam rugosas seguindo-se clareamento das nervuras; posteriomente a lamina da folha apresenta porções amarelas misturadas com verdes (mosaico).Controle preventivo: treinar pessoal para reconhecimento da doença, localizar viveiros em áreas bem distantes de mamoais, erradicar e ou evitar o plantio de solanaceas (beringela, pimenta, fumo), brassicaceae (repolho, couve), abobora, melão, melancia, pepino, próximo de áreas com momoeiros, vistoriar plantio 2-3 vezes por semana erradicarndo plantas doentes.Antracnose: causada pelo fungo Colletotrichum gloesosporioides, ocorre em frutos em qualquer fase do seu crescimento (tem preferência por frutos maduros). Pontos negros aparecem e transformam-se em lesões deprimidas com até 5cm. de diâmetro. Lesões velhas produzem esporulação rósea intensa. Controle: enterrar frutos atacados, colhé-los ainda verdoengos, desinfetar galpões e vasilhames de transporte e pulverizar frutos quinzenalmente com fungicidas à base de cobre ou mancozeb (3-8l. calda/planta).Ainda cita-se doenças: tombamento (sementeira), varíola (folhas, frutos), oidio.Colheita:O mamão completa a maturação 4 a 6 meses após a abertura da flor; todavia os frutos devem ser colhidos antes da maturação total. Para comercialização os frutos devem ser colhidos quando apresentam estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Destinados a exportação ou armazenamento por período longos devem ser colhidos no momento em que a coloração da casca passa do verde escuro para o verde claro (sementes negras, início de coloração rósea da polpa).O mamão é colhido manualmente (torção) até ruptura do pedúnculo; para indivíduos de porte alto utiliza-se o "canguru" (equipamento ligado ao hidraulico do trator) ou a vara de colheita (de bambu com copo de borracha - pressionado contra ápice do fruto até a ruptura do pedunculo - semelhante a desintupidor de pia).Para evitar vias de penetração de fungos cortar o pedunculo do fruto à faca sem torcer o fruto. Operários devem usar luva e blusa com mangas compridas (prevenir contato com o latex).O rendimento esta indicado em variedades de mamoeiros.Beneficiamento dos Frutos:Tratamento dos frutos pós-colheita visando prevenção contra doenças fungicas e mosca-das-frutas (tratamento termico a 47ºC por 20 minutos e rapido resfriamento) para mosca - e de thyabendazol ou benomyl para fungos.

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- Classificação pelo tamanho em pequenos, médios e grandes, etiquetagem (nome/endereço do produtor) embalagem em caixa de madeira ou de papelão (exportação).- Frigoconservação entre 13ºC e 16ºC.http://www.seagri.ba.gov.br/Mamao.htm

CULTIVO DA BANANA (Musa sp.)1 - INTRODUÇÃOO Estado de São Paulo, considerando-se a safra de 1991, participa com quase 12,0% da produção total do país, com aproximadamente 65 milhões de famílias em produção, numa área de 43 mil hectares, com uma produtividade média de 22,5 t/ha, sendo que historicamente, a tradicional região produtora de bananas do Litoral Paulista é responsável por aproximadamente 95% da produção do Estado. No entanto, tem-se observado o crescente interesse por essa cultura por produtores do Planalto Paulista como forma de diversificação de atividades.Adequar técnicas de cultivo às novas necessidades; aumentar produtividade (pois é possível atingirmos valores acima de 40 t/ha); diminuir perdas em todo o processo produtivo e de comercialização e, principalmente, melhorar a qualidade final do produto com consequente estímulo ao consumo, são objetivos a serem conquistados pela bananicultura, pois embora considerada como fruta de preferência popular e como a mais importante fruta tropical, o consumo em algumas regiões é irrisório, apesar, inclusive, de seu alto valor nutritivo, como alimento energético e como fonte de vitaminas (A e C) e minerais (Fe e K).2 - CLIMA E SOLOA banana, originária de clima tropical úmido, exige temperaturas que não estejam abaixo de 10 ºC e que não se elevem acima de 40ºC. Os melhores limites térmicos para o bom desenvolvimento desta cultura está entre 20 e 24ºC, podendo-se desenvolver satisfatoriamente em locais cujos limites de temperatura sejam 15 e 35ºC. As melhores condições para uma boa produção se encontram em regiões com temperaturas elevadas o ano todo e cujas médias mensais estejam entre 24 e 29ºC.As baixas temperaturas podem ocasionar a "queima" da planta, ou dos frutos em crescimento ("chilling" ou "friagem", impedindo que o fruto atinja o seu máximo crescimento, tornando-o pequeno e de maturação incompleta), devendo-se pois evitar locais sujeitos a geadas e ventos frios.Para o desenvolvimento da cultura de banana, as precipitações pluviométricas devem estar acima de 1200 mm/ano e bem distribuídas (100-180 mm/mês) para não haver períodos de déficit hídrico, principalmente quando a formação da inflorescência ou no início da frutificação.Nota-se que sobre as condições ideais de clima para a banana, o desenvolvimento de doenças fúngicas, como por exemplo "Mal-de-Sigatoka", se vê favorecido, devendo-se também levar em conta este aspecto na escolha do local de instalação de um bananal.Com relação a altitude e latitude, estas quando maiores, aumentam os ciclos de produção, principalmente para os cultivares Nanica e Nanicão.Também a luminosidade é importante para o desenvolvimento da bananeira, sendo desejável que receba entre 1000-2000 horas de luz/ano, pois a luminosidade afeta o ciclo, o tamanho do cacho e a qualidade e conservação dos frutos.Quanto ao vento, este pode causar o fendilhamento de folhas ou até o rompimento do sistema radicular, alongamento do ciclo e tombamento de plantas. Assim, para minimizar seu efeito, torna-se importante a implantação de quebra-ventos no bananal, associando o plantio de cultivares de porte mais baixo.Isto posto, esclarecemos que, em condições de clima favorável, a bananeira apresenta hábito de crescimento contínuo e rápido, condição esta indispensável para a obtenção de cachos de alto valor comercial, enquanto que em condições adversas de clima (baixas temperaturas e déficit hídrico) a planta pode passar por um período de paralisação de desenvolvimento.Nas bananeiras, a maior porcentagem (70%) das raízes se encontram nas primeiros 30 cm do solo, no entanto este deve permitir que as raízes consigam penetrar, no mínimo, 60 a 80 cm de profundidade. Assim, os solos preferidos são os ricos em matéria orgânica, bem drenados, argilosos ou mistos, que possuam boa disponibilidade de água e topografia favorável. Os solos arenosos, além da baixa fertilidade e da baixa retenção de umidade, favorecem a disseminação de nematóides, devendo pois receber maior atenção.3 - CULTIVARES

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‘Nanicão’: cultivar que por apresentar melhor conformação de cachos e de frutos substituiu em muitos casos a ‘Nanica’, sendo pois hoje o cultivar mais plantado no Estado de São Paulo, dominando o mercado interno e de exportação. O bom clone do cultivar nanicão deve ter:a cultura máxima de 3 metros cacho com 11 a 13 pencas e polpa ligeiramente amarelo-dourada (melhor paladar e aroma).‘Grande Naine’: possui grande semelhança com o cultivar Nanicão, porém o porte é um pouco mais baixo. tem sido o cultivar mais plantado no mercado externo. Possui alta capacidade de resposta em condição de alta tecnologia, porém não tem a mesma rusticidade do cultivar Nanicão.‘Nanica’: semelhante à ‘Nanicão’, de porte mais baixo frutos menores e mais curvos, e apresenta problema de "engasgamento" no lançamento dos cachos no inverno.‘Prata’: Com limitação de cultivo devido ao "Mal-do-Panamá", restrita a áreas reduzidas.‘Prata Anã’: Enxerto ou Prata-de-Santa-Catarina: porte médio /baixo, planta vigorosa e frutos idênticos aos do cultivar ‘Prata’. É tolerante ao frio e mediamente tolerante a nematóides.‘Terra’: plantio limitado e de difícil manejo, devido a altura e fácil tombamento, por ser muito suscetível ao ataque da broca-da-bananeira, necessitando de um adequado escoramento.‘Maçã’: ótima qualidade e excelente aceitação no mercador consumidor, porém com séria limitação para seu cultivo devido ao "Mal-do-Panamá"‘Mysore’: Pode substituir a ‘maçã’, devido a semelhança entre seus frutos e apresentar tolerância ao "Mal-do-Panamá".Ouro: De cultivo restrito, altamente susceptível a "Sigatoka".De forma geral, as recomendações técnicas aqui relatadas, referem-se basicamente à cultura do nanicão, diferindo para as demais em alguns pontos, como espaçamento, produtividade, mercado e tolerância a pragas e doenças. (consultar Quadro 1).

Quadro 1- CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS CULTIVARES DE BANANACultivar

Porte Espaçamento metros

1

Tolerância

Mal-do-Panamá

Resistência Mal-de-Sigatoka

Resistência à Broca

Tolerância a Secas

Tamanho e peso cacho

Produtividade

Mercado

Nanicão

Médio

(2,2-3,2 m)

2,0-2,52,2-2,22,5-2,5

Alta Tolerânc

ia

Altamente Suscetível

Suscetível Medianamente

Tolerante

Médio a grande15 - 45

Kg

30-60 t /ha/ano

"in natura";compotas;doce em massa

Grande Naine

Médio

(2,5 a

3m)

2,0-2,52,2-2,22,5-2,5

Alta Tolerânc

ia

Altamente Suscetível

Suscetível Medianamente

Tolerante

Médio a grande15 - 45

Kg

30-60 t /ha/ano

"in natura";compotas;doce em massa

Nanica

Baixo

(2,0 m)

2,0 - 2,02,0 - 2,52,2 - 2,2

Alta Tolerânc

ia

Altamente Suscetível

Medianamente

Suscetível

Medianamente

Tolerante

Pequeno a médio

15 - 30Kg

30 - 40 t/ ha/ano

"in natura"; doce

Prata Alto(4-7 m)

2,5 - 3,0 Baixa Tolerânc

ia

Relativamente

Resistente

Relativamente

Resistente

Tolerante Pequeno6 - 15Kg

15 - 30 t /ha/ano

"in natura"; doce

Prata Anã

Médio

(2,5-3,2)

2,5- - 2,5 Baixa Tolerânc

ia

Relativamente

Resistente

Relativamente

Resistente

Tolerante Médio15-25 Kg

20-35 t /ha/ano

"In natura"; doce

Terra Aalto

(3-5

2,5 - 4,03,0 - 3,03,0 - 4,0

Média Tolerânc

ia

Altamente Resistente

Suscetível Tolerante Médio a grande20 - 30

20 - 30 t /ha/ano

fritar

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m) KgMaçã Médi

o(2,5-3,5 m)

2,5 - 2,5 Intolerante

Relativamente

Resistente

Suscetível Tolerante Pequeno6 - 15 Kg

25 t /ha/ano "in natura"

Mysore

Alto(5 m)

3,0 - 3,0 Tolerante

Resistente Suscetível Tolerante Pequeno a médio

15 - 20kg

20 - 25 t /ha/ano-

"in natura"

Ouro Médio

(2,5 m)

2,0 -,52,5 - 2,5

Baixa Tolerânc

ia

Altamente Suscetível

Suscetível Baixa Tolerância

PEQUENO

8 Kg

10 - 15 t/ ha/ano-

"in natura"; fritar,compota

OBS.: 1- Espaçamentos maiores para solos com maior fertilidade.2- Quando tolerantes, sem deficiência hídrica na estação vegetativa4 - PREPARO DO TERRENOO preparo do terreno segue o procedimento normal adotado para outras culturas: limpeza do terreno, aração, gradagem, subsolagem e abertura de sulcos ou de covas para o plantio.Aconselha-se a realizar previamente uma análise de solo, e se houver necessidade realizar a calagem com antecedência, realizando-se uma gradeação para incorporação do corretivo, pois esta é a oportunidade de se fazer uma aplicação de calcário significativa.Conforme as condições locais, do terreno ou da cobertura vegetal do mesmo, algumas variações podem ser adotadas no preparo do terreno, com o objetivo de melhorar o potencial de instalação do bananal.5 - PLANTIO5.1- ÉpocaO plantio, deve ser iniciado com as primeiras chuvas, sempre que possível e, evitando-se começá-lo nos meses de baixa temperatura, e também em função do período em que se pretende colocar o produto no mercado.5.2- EspaçamentoUm bananal "fechado" acarreta alongamento do ciclo de produção em até alguns meses e leva a formação de frutos menores, por isso a importância quanto ao espaçamento.Também, é essencial um bom planejamento do bananal, com o perfeito dimensionamento dos talhões e carreadores, buscando possibilitar a melhor execução dos tratos culturais e controle de doenças, inclusive mecanicamente e, facilitar o escoamento da produção.O espaçamento pode ser influenciado pela disponibilidade de mudas, pela fertilidade do solo e pelo manejo do bananal, mas de forma geral os espaçamentos para os diferentes cultivares estão colocados no Quadro 1.5.3- Mudas5.3.1- TiposA bananeira é propagada vegetativamente, a partir de seu rizoma, quer brotado ou não brotado:a) rizoma não brotado:-inteiro; subdividido ao meio ou em 4 partes (com peso nunca inferior a 500g cada);b) rizoma brotado ou inteiro:- chifrinho: rebento recém brotado, com 20 cm de altura, com 2 a 3 meses de idade e com aproximadamente 1 kg;-chifre rebentos: em estágio médio de desenvolvimento,medindo de 50-60 cm de altura, pesando entre 1-2 kg;.-chifrão: rebento apresentado a primeira folha normal, pesando entre 2-3 kg;-muda alta (muda replante): rebento bem desenvolvido, com mais de 1 metro de altura e pesando entre 3-5 kg. Usado como replante das falhas em bananais formadas ou em formação.As mudas de rizoma não brotado apresentam desenvolvimento mais lento e conseqüentemente o primeiro ciclo de produção é mais longo. Observa-se ainda, na prática, que o desenvolvimento das mudas do mesmo tipo é tão mais rápido quanto maior for o seu peso.É possível ainda, obter-se mudas a partir do desenvolvimento de meristemas (gemas laterais e apical) por meio de multiplicação de tecidos em laboratórios de biotecnologia.

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5.3.2- Preparo e tratamento das mudasA princípio é imprescindível que o bananal fornecedor de mudas não tenha sintomas de vírus, Mal-do-Panamá e se possível, não apresentar sinais de nematóides e da broca-da-bananeira.Tão logo possível após a extração, o material de plantio deve ser submetido a uma limpeza (toalete ou escalpelamento) retirando-se todas as raízes, limpando-se as partes necrosadas, secas e a terra aderente, tomando-se cuidado para evitar qualquer lesão às gemas.Esse material pode ser então submetido a um tratamento químico específico, a base de carbofuran líquido à 0,4% por um período de 15 minutos, devendo-se para este tratamento utilizar-se dos equipamentos de proteção individual (EPIs) pois o produto é altamente tóxico. Pode-se ainda como opção submeter o material a um tratamento com 2 litros de água mais um litro de hipoclorito de sódio por 10 minutos.5.4- PlantioPara o tipo de muda, pedaço de rizoma, colocá-la no fundo da cova, no caso do Planalto Paulista, cobertura com 15-20 cm de terra.Em terrenos pesados e mais úmidos, como nas condições do Litoral, plantar mais raso, e cobrir com 5cm de terra.6 - TRATOS CULTURAIS6.1- Controle de Plantas daninhasO bananal deve ser mantido no limpo através de roçadas mecânicas ou capina manual superficial, visto que a concorrência com o mato resulta em atraso no desenvolvimento, diminuição no vigor e queda na produção, não se devendo gradear ou passar rotativa, dada a superficialidade das raízes.No controle químico, podemos utilizar herbicidas de pós ou pré-emergência nas dosagens especificadas para cada produto, em função do tipo de solo e das espécies infestantes.O número de capinas fica a critério das condições climáticas, fertilidade do solo e do espaçamento utilizado, sendo que num bananal bem formado, as plantas daninhas são problemas nos primeiros meses, quando então o controle deve ser realizado.6.2- DesbasteÉ uma das operações mais importantes no manejo do bananal, e consiste em favorecer o maior e mais rápido desenvolvimento do único rebento (filho ou guia) deixado junto a planta mãe, e que será responsável pela próxima safra. Esse desbaste pode ser feito utilizando-se a ferramenta "lurdinha" (vazador), ou apenas com cortes dos rebentos.O primeiro desbaste, que irá eleger a planta mãe, deve ser realizado quando os brotos atinjam 60cm. O desbaste deverá ser realizado periodicamente, visando manter mãe e filho, até o lançamento da inflorescência pela planta-mãe, nesta fase escolhe-se um novo broto junto ao filho que passará a ser o "neto". O número de desbastes varia de 3 a 5 vezes/ano.O desbaste também poderá ser conduzido de forma a se controlar a época de produção, objetivando-se a colheita de cachos na época de melhores preços.6.3- Corte de Pseudocaule após a colheita.Após o corte do cacho por ocasião da colheita, permanece o pseudocaule que deverá ser cortado o mais alto possível, permitindo a translocação dos seus nutrientes e hormônios para o rizoma, o pseudocaule pode ser eliminado totalmente 40-60 dias após a colheita.6.4- Limpeza do Bananal (retirada de folhas secas)Periodicamente, aconselha-se a retirada das folhas secas, já sem função na planta, cortando-as junto ao pecíolo, de baixo para cima e enleiradas nas entrelinhas do bananal.Em regiões sujeitas ao frio, esta operação deverá ser efetuada antes do inverno, visando permitir um maior escoamento da massa de ar frio do bananal.6.5- PodaPode ser realizada com o objetivo de deslocar a produção, concentrando-a numa época de preços mais favoráveis, o que ocorre normalmente no final do ano.Também pode ser utilizada para recuperar uma lavoura atingida por geada, inundação, granizo, vento, que tenha comprometido as plantas mais velhas e a produção pendente.6.6- Outros tratamentos- Eliminação do coração: quebra-se a ráquis masculina ("rabo-do-cacho") junto ao botão floral, quando houver entre ele e a última penca, cerca de 10-12 cm. Este procedimento visa acelerar o desenvolvimento ("engordamento") das bananas, aumentar o comprimento dos últimos frutos, aumentar o peso do cacho e provocar a diminuição de trips e traça-da-bananeira.

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- Retirada dos pistilos (despistilagem): faz com que a proximidade distal do dedo fique mais cheia, melhorando seu aspecto visual, além de ser um eficiente método de controle da traça-da-bananeira. Na prática, este procedimento não vem sendo realizado a nível de campo, pelo seu alto custo de realização, necessitando entretanto ser realizado no tratamento pós-colheita.-Ensacamento do cacho com plástico polietileno7 - ADUBAÇÃOA adubação, calagem e fosfatagem devem ser feitas baseadas nos resultados da análise do solo e foliar e de acordo com os períodos de maior demanda pelos nutrientes, como por exemplo na fase de crescimento vegetativo e de "lançamento" do cacho onde ocorrem maiores demandas de Nitrogênio (N), enquanto que por ocasião da "engorda" dos frutos é maior a demanda de potássio(K).A retirada de nutrientes por tonelada de cacho é de aproximadamente: N=2,0 kg; P2O5: 0,6 kg; K2O=6,4 kg; CaO= 0,4 kg: e MgO: 0,9 kg.Todos os restos da cultura devem permanecer dentro do bananal como fonte de matéria orgânica (salvo aquelas de plantas doentes), podendo-se inclusive em solos arenosos acrescentar outros materiais de baixo custo com a finalidade de melhorar a qualidade física do solo.Na calagem, antes do plantio, recomenda-se utilizar calcário dolomítico com um mínimo de 16% de MgO, com o objetivo de evitar o desequilíbrio em Ca, Mg, e K que pode provocar um problema fisiológico ("azul da bananeira") que pode anular por completo a produção. Aplicar antes do plantio, 10 litros por cova de esterco de curral ou 2 litros de esterco de aves ou 1 litro de torta de mamona, especialmente em solos arenosos, recomendando-se ainda, como prática importante, a fosfatagem na dosagem de 100 a 200 kg/ha de P2O5 ou de 40-50g de P2O5/cova.As adubações dos bananais em formação e em produção seguem as recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo do Instituto Agronômico de Campinas (Boletim Técnico nº 100).As adubações deverão ser parceladas, realizando-as nos meses de setembro-dezembro-abril, com solo úmido, procurando-se distribuir os adubos na "parte da frente" da bananeira, no sentido do caminhamento do bananal, onde estão os brotos que ficarão para a próxima produção, a uma distância de 20-40 cm, formando um semicírculo.Quanto aos micronutrientes, torna-se interessante a aplicação de fertilizantes fornecedores de zinco, cobre, boro, ferro e outros .8 - PRAGAS E DOENÇAS8.1- Pragas8.1.1- "Moleque" ou Broca-da-Bananeira" (Cosmopolites sordidus)Praga bastante disseminada, atingindo praticamente todos os bananais. O inseto adulto é um besouro preto, de hábito noturno, suas larvas são responsáveis pelas perfurações que aparecem no rizoma, destruindo internamente o tecido da planta, prejudicando o seu desenvolvimento. As folhas amarelecem, os cachos ficam pequenos e as plantas sujeitas ao tombamento.Para o seu controle recomenda-se a limpeza das mudas, com uma toalete completa, onde se escalpela todo o seu rizoma, eliminando por completo os sinais de sua presença.O controle, ainda, é realizado com o monitoramento da praga, utilizando-se de iscas tipo queijo ou telha, onde acrescenta-se um inseticida na dosagem de 2-3g/isca, fazendo-se 25 iscas/ha.Recentemente tem-se realizado o controle biológico da broca utilizando-se o fungo Beuveria bassiana, no mesmo sistema de iscas, agora utilizando 20-25g do fungo/isca na proporção de 100 iscas/ha.8.1.2- NematóidesOs nematóides que ocorrem na cultura da banana são classificados segundo as lesões que provocam:a) lesões profundas (Radophulos similis - nematóide "cavernícola" e Pratylenchus musicolab) lesões superficiais (Helicotylenchus spp)c) lesões tipo galha (Meloidogyne spp).Os nematóides parasitam o sistema radicular e rizomas das bananeiras, são responsáveis por expressivas quedas de produção nos bananais em decorrência da existência de condições propícias para o desenvolvimento de altas populações, como terreno arenoso e períodos secos.São encontrados em quase todas as plantações do Estado de São Paulo, podendo reduzir as raízes a apenas 10% do seu comprimento, levando ao tombamento de plantas, além disso abrem nas raízes e no rizoma, portas de entrada para outros parasitas.O melhor método de controle é não permitir a entrada de nematóides em novas áreas, para isso necessita-se de mudas de origem sadia. Para complementar recomenda-se realizar uma boa "toalete" do rizoma das mudas, eliminando toda e qualquer mancha escura,e fazer tratamento das mudas.

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Nos tratamentos rotineiros, podemos aplicar nematicida via solo (não realizando o tratamento em plantas com cachos) ou logo após a colheita dentro da planta-mãe com auxílio da lurdinha.Outras formas de atenuar os problemas com a presença de nematóides são as de manter as plantas com nutrição correta e bem conduzidas.8.1.3- Outras pragasOutras pragas ocorrem ocasionalmente na cultura da banana como por exemplo:

-Trips: Pequenos insetos que causam danos na casca dos frutos. A eliminação dos "corações" exercem um certo controle na população. -Traça-dos-frutos-da-bananeira (Opogona sacchari): a larva penetra no fruto, abrindo galerias, causando o apodrecimento e o amarelecimento deste, com o resto do cacho ainda verde. Seu controle pode ser feito com despestilagem ou pulverizando-se com produtos recomendados, com jato dirigido ao cacho recém-formado, -Lagartas: provocam prejuízos na área foliar, com desfolhamento ou abertura de galerias no parênquima foliar. Seu controle quando necessário pode ser realizado quimicamente com resultados satisfatórios.

8.2- Doenças8.2.1- "Mal-de-Sigatoka" (Mycosphaerella musicola - fase perfeita; Cercospora musae - fase imperfeita)Os sintomas ocorrem nas folhas, iniciando-se por pontuações com leve descoloração, passando por estrias cloróticas e manchas necróticas, elípticas, alongadas e dispostas paralelamente as nervuras secundárias, apresentado estas lesões á parte central acinzentada e as bordas amarelecidas, essas lesões podem coalescer comprometendo uma grande área foliar.É um problema fitossanitário limitante para os cultivares Nanicão, Nanica e Grande Naine sendo imprescindível um programa de controle fitossanitário. O cultivar Ouro é ainda mais susceptível, já os cultivares Maça e Prata são considerados medianamente resistentes e o ‘Terra’ ainda mais resistentes.Para o seu controle recomenda-se pulverização sobre as folhas, em baixo volume, atingindo as folhas novas, com óleo mineral "Spray oil" entre 12 e 18 litros/ha.O período de controle deverá ser de setembro a maio, pois o fungo necessita de temperatura e umidade alta para se desenvolver, num intervalo de aplicação de 20-22 dias, podendo este prazo ser dilatado quando utilizado óleo mais um fungicida sistêmico triazóis, benomyl e benzimidozóles.As aplicações são feitas por atomizador costal, atomização via trator e aplicações aéreas.8.2.2- "Mal-do-Panamá" (Fusarium oxysporum f. sp. cubense)Os cultivares de interesse comercial apresentam taxas variáveis de tolerância, assim apresentam alta tolerância os cultivares: ‘Ouro’, ‘Nanica’, ‘Nanicão’; mediana tolerância: ‘Terra’; baixa tolerância: ‘Prata’ e intolerante: ‘Maça’.Esta doença, sendo limitante para o cultivar Maça, fruta de grande preferência de consumo, motivou a migração de seu cultivo do Estado de São Paulo.Apesar da tolerância do cultivar Nanicão, desequilíbrios nutricionais (P, Ca, Mg e Zn), parasitismo de nematóides, ou períodos elevados de estiagem, podem levar ao aparecimento de sintomas da fusariose.Não existe controle para a doença, e no caso da escolha por variedades suscetíveis, buscar locais onde não ocorreram plantios anteriores e utilizar mudas sadias e de qualidade.8.2.3- "Moko" ou "Murcha Bacteriana" (Pseudomonas solanacearum)Doença bacteriana que se encontra no Brasil apenas na região Norte, onde já é bastante difundida, e no Nordeste. A planta infectada morre em poucas semanas, sua incidência se dá em reboleiras, com as folhas caídas e secas ("guarda-chuva fechado"), os frutos apresentam a polpa com manchas negras distribuídas no seu interior. Como único método de controle, preconiza-se um rigoroso programa de erradicação das plantas doentes.No Estado de São Paulo, não foi constatada a presença dessa doença, devendo-se pois atentar-se para não permitir a entrada desse patógeno nas nossas regiões produtoras.8.2.4- Viroses (vírus do mosaico do pepino)Embora já constatada em nossas condições de cultivo, até o momento não tem causado problemas de sérias proporções, devendo-se no entanto manter a atenção quanto a esta doença.8.2.5- Doenças de frutosSão algumas as doenças fúngicas que normalmente não chegam a afetar a qualidade da polpa, no entanto, como são causados por fungos manchadores de frutos, leva a perda de valor comercial devido a defeitos e má aparência.

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Como exemplo citamos:- ponta-de-charuto: causado por uma associação de fungos- doença-das-pintas (Pyricularia grisea).De maneira geral, essas doenças não tem sido problema limitante, no entanto, em bananais limpos, bem arejados e com bom manejo, diminuem as possibilidades de ocorrência.8.2.6- Doenças Pós-colheitaPodem ocorrer podridões, seja no engaço, na coroa ou almofada ou nos frutos. Para evitar tais problemas que resultam em diminuição no valor comercial do produto, deve-se atentar a uma colheita cuidadosa e no ponto correto, proceder a limpeza das pencas, a lavagem dos frutos com detergente e posterior imersão em solução fungicida (benomyl e thiabendazóle) e o acondicionamento nas embalagens adequadamente.9 - COLHEITA E COMERCIALIZAÇÃOConsidera-se que a banana está apta para a comercialização quando os frutos se encontram fisiologicamente desenvolvidos, ou seja, que atingiram o estágio de desenvolvimento característico da variedade.No entanto, esta não pode ser colhida madura, pois como fruta muito sensível ao transporte e por não se conservar por muito tempo, seu amadurecimento pós-colheita deve se processar em câmaras de climatização, onde são submetidas à maturação sobre controle de temperatura, umidade e ventilação, conseguindo-se um produto final de melhor qualidade e uniformemente amadurecido, de maior valor comercial.Para determinar o ponto de colheita, deve-se levar em consideração a distância e a que mercado se destina a fruta. De modo geral como parâmetros que podemos adotar para determinar o ponto-de-colheita da banana, estão o grau fisiológico do fruto, que se baseia na sua aparência visual (magro; 3/4 magro; 3/4 normal; 3/4 gordo e gordo) ou no diâmetro da fruta, onde se mede o diâmetro do dedo central da segunda mão.(magro = 30mm; 3/4 magro=32mm;3/4 normal =34mm 3/4 gordo 36mm e gordo 38mm).De forma geral, os frutos devem ser colhidos ainda verdes, porém já desenvolvidos e as "quinas" longitudinais pouco salientes (3/4 gordo). Para o mercado externo, prefere-se colher frutos um pouco mais magros que para o mercado interno.Os cuidados na colheita devem ser os mais atendidos, no sentido de se evitar bater os frutos, não permitir sua exposição prolongada ao sol etc., desde a colheita do cacho, até seu transporte e o manuseio no "packing house".Após a colheita, o produto pode ter vários destinos e diferentes modalidades de comercialização, seja na comercialização direta dos cachos, seja em embalagens que devem obedecer a portaria específica do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, que padroniza de acordo com o mercado a que se destina (interno e externo) e com a cultivar, os diferentes tipos de embalagem para banana (torito, caixa "M", caixa de papelão).Quanto ao mercado, observa-se a disponibilidade de frutos durante todo o ano, entretanto com flutuações de preço em função da oferta/demanda em algumas épocas do ano.Para pensarmos seriamente em exportação, não apenas para nossos tradicionais importadores, Uruguai e Argentina, temos que estar dispostos a reverter a situação que nos separa de países como o Equador, que apesar da palatabilidade inferior de suas bananas e com preços equivalentes, quando comparamos com o Brasil, apresentam uma qualidade e uma apresentação extremamente superior, inclusive comercializando seus frutos em forma de "buquê" (5-7 frutos), prática esta que já vem sendo realizada pelos produtores nacionais.Hoje, tem-se incentivado a prática de tratamentos pós-colheita, com manuseio de frutos em casas de embalagem, nas áreas de bananicultura do Estado, como forma de melhorar a qualidade final do produto. Além disso temos que pensar num trabalho de marketing salientando as propriedades da banana como alimento com o objetivo de se estimular seu consumohttp://www.agrobyte.com.br/banana.htm

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