Função respitatória em bombeiros portugueses

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    1/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    349

    Funo respiratria em bombeiros portugueses*

    Pulmonary function in portuguese firefighters

    Recebido para publicao/received for publication: 06.08.01

    Aceite para publicao/accepted for publication: 07.01.10

    A G Almeida1

    R Duarte1

    L Mieiro1

    A C Paiva1

    A M Rodrigues1

    M H Almeida2

    C Brbara3

    ResumoIntroduo:Nos ltimos anos, Portugal tem sido afec-tado por muitos incndios florestais. O fumo produ-zido pela combusto de material orgnico respons-vel por efeitos a curto e longo prazo na funorespiratria de indivduos expostos.Objectivo:Caracterizar a funo respiratria de bom-beiros voluntrios portugueses no activo expostos afumo de incndio florestal.Mtodos: Estudo descritivo transversal. Aplicou-seum questionrio individual sobre hbitos pessoais eocupacionais e mediram-se parmetros espiromtri-cos, atravs do Piko-6, a uma amostra de convenin-cia de 209 bombeiros voluntrios.Resultados: Constatou-se uma elevada taxa de hbitostabgicos (42,9%). Encontrou-se uma prevalncia de pa-dro obstrutivo de 11,8%. Dos indivduos obstrudos,41,7% no fumavam, no tinham conhecimento de doen-a respiratria nem outra actividade ocupacional quecondicionasse risco de alteraes respiratrias e nega-

    Artigo Original

    Original Article

    AbstractIntroduction: Portugal has had a high rate of forestfires in recent years. Inhaled wood smoke can haveshort- and long-term effects on the lung function ofpeople exposed to it.Study objectives:To assess the lung function of ac-tive wildland (forest) firefighters.Methods:Cross-sectional study. A self-questionnaireon personal and work habits was used and spirometryvalues were obtained using Piko-6for a 209 peoplesample.Results: We found a high rate of smoking (42.9%)and an 11.8% prevalence of obstruction. 41.7% ofthe obstructed individuals were non-smokers, did notstate a knowledge of any respiratory disease, engagedin no other activity that could be related to lung func-tion decrease and did not wear airway protection ap-paratus. 85.7% did not use any airway protection ap-paratus when firefighting due to lack of suchequipment in their brigades.

    * Estudo realizado no mbito da disciplina de Sade Pblica do 6. ano da licenciatura em Medicina da Faculdade de Cincias Mdicas da Universidade Nova de Lisboa. / Study

    undertaken for the Public Health module, part of the 6th year of the BSc in Medicine, Medical Sciences School, Universidade Nova de Lisboa1Estudante do 6.oano da licenciatura em Medicina da Faculdade de Cincias Mdicas (FCM) da Universidade Nova de Lisboa (UNL). / 6thyear student, Medicine, Medical

    Sciences School, Universidade Nova de Lisboa (UNL).2Assistente do Departamento Universitrio de Sade Pblica da FCM-UNL. / Consultant, University Public Health Unit, Medical Sciences School, UNL3Professora Auxiliar Convidada da Clnica Universitria de Pneumologia da FCM-UNL, Coordenadora da Unidade de Fisiopatologia Respiratria do Hospital Pulido Valente. /

    / Guest Assistant Professor, University Pulmonology Unit, Medical Sciences School, UNL, Coordinator, Respiratory Physiopathology Unit, Hospital Pulido Valente.

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    2/16

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    3/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    351

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

    destes profissionais no utiliza o equipamentoprotector individual necessrio (incluindo a c-

    gula para proteco das vias areas)9. A exposi-o aguda e crnica a componentes qumicosdo fumo de incndios responsvel por reper-cusses fisiopatolgicas a curto e longo prazo2.A probabilidade de vir a desenvolver doenadepende no s da susceptibilidade individual,mas tambm da constituio do fumo, do tipo enmero de incndios e ainda do nmero de anosde combate activo a incndios10. Estas variveisde exposio podem ajudar a compreender asalteraes da funo respiratria descritas em es-tudos longitudinais internacionais. Peters et al.demonstraram um declnio mais rpido do queo esperado do volume expiratrio mximo noprimeiro segundo (FEV

    1) e da capacidade vital

    forada (FVC) em bombeiros de Boston ao lon-go de um ano, correlacionado com o nmerode fogos combatidos11.Com o objectivo principal de caracterizar a fun-o respiratria de bombeiros voluntrios por-tugueses no activo, expostos a fumo de incn-

    dio florestal, realizmos um estudo descritivo,transversal e observacional. Procurmos tam-bm relacionar os valores espiromtricos obti-dos com os valores tericos esperados, identi-ficar padres obstrutivos e caracterizar aamostra relativamente a factores individuais.

    Material e mtodos

    AmostraDe 23 de Dezembro de 2005 a 8 de Janeirode 2006 foram inquiridos 209 bombeirosvoluntrios que combatiam activamente in-cndios florestais.Foram includos na amostra bombeiros volun-trios no activo, caucasianos, do sexo masculi-no, com um mnimo de 21 anos e de 5 anos de

    cluding the respiratory protection helmet)9.Acute and chronic exposure to the chemi-

    cal components of smoke from fires hasboth short and long term physiopatholoig-cal repercussions2.The probability of a disease onsetting de-pends not only on individual susceptibi-lity but also on the constitution of thesmoke, the type and incidence of fires andthe number of years spent in active fire-fighting service10. These exposure varia-bles can add to our understanding of thelung function impairment described in in-ternational longitudinal studies. Peters etal. show there is a faster than expecteddecrease in Forced Expiratory Volume atthe first Second (FEV

    1) and in Forced

    Vital Capacity (FVC) in Boston firefigh-ters during the course of a year in andthat this correlates with the number offights fought 11.We undertook a descriptive, transversaland observational study whose main aim

    was to characterise the lung function ofactive Portuguese firefighters who wereexposed to smoke from forest fires. Weaimed in addition to compare the spiro-metric readings obtained with the expec-ted theoretical values, identifying obstruc-tion and characterising the samplesindividual factors.

    Material and methods

    Sample

    Between December 23 2005-January 8 2006we selected 209 firefighters active in fightingwildland (forest) fires. The sample was com-posed of active firefighters, Caucasian, male,minimum age 21 years old, with minimum 5

    A exposio aguda

    e crnica acomponentes

    qumicos do fumo

    de incndios

    responsvel por

    repercusses

    fisiopatolgicas a

    curto e longo prazo

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    4/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    352

    combate activo a incndios florestais. Excluram--se todos os que sofreram sndroma gripal na

    semana anterior recolha dos dados.Depois da aplicao dos critrios de seleco,obteve-se uma amostra de 203 bombeiros.

    Recolha de dados

    Os dados foram recolhidos em 18 corporaesatravs de: questionrio individual auto-preen-chido com assistncia, pesagem com balanaSOEHNLEdevidamente calibrada, obtenoda altura da amostra de acordo com o respecti-vo bilhete de identidade de cidado nacional,trs medies espiromtricas de FEV

    1, do volu-

    me expiratrio mximo aos 6 segundos (FEV6)

    e ainda da razo FEV1/FEV

    612-14atravs do

    PIKO-6 da Ferraris Respiratory Europe.Os valores de referncia da funo respiratriaforam obtidos com o recurso ao software infor-mtico Vmaxverso 4.04, SensorMedics, Ther-mo Electron usado no laboratrio de estudo dafuno respiratria do Departamento de Pneu-mologia do Hospital de Pulido Valente. A esco-

    lha do Piko-6, em detrimento de um espir-metro convencional, assentou no facto de setratar de um aparelho porttil de fcil utilizao,baixo custo e com uso recomendado em cuida-dos primrios de sade15-17.

    Piko-6

    O Piko-6 um medidor electrnico de fluxoexpiratrio, sendo o ltimo modelo de umalinha de espirmetros concebido para medir

    FEV6e tendo evoludo directamente da linhaKoKo Peak Pro6 e KP+6 meters da Ferraris-Respiratory18. Mede FEV

    1e FEV

    6em inter-

    valo de 0.15-9.99 L (0.01 L de resoluo) comuma exactido de 4% ou 0.1L e mostra tam-bm o resultado da razo FEV

    1/FEV

    6. Ava-

    lia a qualidade da manobra de expirao for-ada num factor de qualidade (factor Q).

    years of active forest firefighting. We exclu-ded from our sample individuals who had

    complained of flu syndrome the week priorto data collection. This left us with a sampleof 203 firefighters.

    Data collection

    Data were collected in 18 brigades viaself-evaluation (with assistance) question-naires, weighing subjects using correctlycalibrated SOEHNLEscales, measuringindividuals using their heights taken fromtheir Identity Card details, three FEV

    1spirometric readings, one Forced Expira-tory Volume at six Seconds (FEV

    6) and

    the FEV1/FEV

    6ratio12-14using the FER-

    RARIS Respiratory Europe PIKO-6.Reference lung function values were ob-tained using the IT software Vmaxver-sion 4.04, SensorMedics and ThermoElectron, used in the Lung FunctionStudy lab of the Pulmonology Unit ofHospital Pulido Valente. Piko-6was cho-

    sen over a conventional spirometer as itis a portable, easy-to-use and low-costunit recommended in primary healthcare15-17.

    Piko-6

    The Piko-6 is an electronic expiratoryflow measurement device, the latest mo-del of a line of spirometers designed toread FEV

    6.It has evolved directly from

    the FerrarisRespiratory18

    KoKo PeakPro6 and KP+6 line of metres. It readsFEV

    1and FEV

    6at 0.15 9.99 L (0.01 L

    resolution) intervals with 4% or 0.1Lprecision and it also shows the FEV

    1/

    FEV6ratio results. It assesses the quality

    of the forced expiration manoeuvre via aquality factor (Factor Q).

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    5/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    353

    Relativamente ao modelo anterior, Piko-1tema vantagem de fornecer o FEV

    6e a razo FEV

    1/

    /FEV6. Dada a maior reprodutibilidade doFEV

    6, o FEV

    1/FEV

    6 um bom parmetro e,

    eventualmente, mais adequado do que o FEV1/

    /FVC no diagnstico de padro obstrutivo, es-pecialmente no rastreio a populaes de alto ris-co para doena pulmonar obstrutiva crnica(DPOC) nos cuidados primrios12,13. O NLHEP(National Lung Health Education Program) pro-ps, nas suas recomendaes de 2000, o uso doFEV

    6e da razo FEV

    1/FEV

    6. Hankinson et al.

    publicaram valores de referncia e limites infe-riores do normal para estes, tornando possveluma comparao entre FEV

    6e FVC14.

    Tratamento de dados

    O tratamento de dados foi realizado a partir deuma base de dados criada no softwareEpiInfo.Caracterizmos a amostra em estudo numaprimeira fase atravs da anlise descritiva decada varivel e, posteriormente, da anlise bi-variada. Foram aplicados os testes estatsti-

    cos: t-student e qui-quadrado de forma a serpossvel testar associaes entre variveis.

    Variveis

    Comemos por caracterizar a idade e o nme-ro de anos de combate a incndios florestais.Calculmos o ndice de massa corporal (IMC)para cada inquirido, dividindo o peso (emquilogramas) pela altura (em metros) ao qua-drado. Definimos trs classes: normopon-

    deral (IMC

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    6/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    354

    ex-fumador todo aquele que havia abandona-do o consumo de tabaco h pelo menos um

    ano. Operacionalizou-se esta varivel em 3 clas-ses:14 cigarros/dia; 15-34 cigarros/dia;35cigarros/dia20. Foi considerado no fumadoraquele elemento que nunca havia fumado.Caracterizmos, igualmente, os hbitos etli-cos da amostra, agrupando os inquiridos emquatro classes: no bebe (0g/dia), consumodesejvel (14g/dia), consumo elevado (15--59g/dia) e consumo excessivo (60g/dia)21.Relativamente actividade de combate a fo-gos florestais, inquirimos sobre a existnciade histria de intoxicao, o uso de cgulacomo material protector das vias respirat-rias e os motivos do uso ou no da mesma.De forma a averiguar a actividade ocupacio-nal extra-bombeiro, questionmos a profis-so e as actividades de lazer.Os elementos da amostra foram ainda in-quiridos sobre o conhecimento da existn-cia prvia de patologia respiratria.Para cada inquirido foram efectuadas trs medi-

    es espiromtricas do FEV1e do FEV6, tendosido escolhida a medio que apresentava omaior volume de FEV

    1e FEV

    6, em litros. Obti-

    vemos o valor terico esperado para cada inqui-rido conforme raa, sexo, idade, altura e peso deacordo com a equao de regresso linear daComunidade Europeia do Carvo e do Ao(CECA)22e determinmos a percentagem dovalor obtido relativamente ao esperado.O padro obstrutivo foi considerado presen-

    te se existissem os seguintes critrios: relaoFEV1/FEV

    6

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    7/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    355

    anos e referiam uma mdia de 15,4 9,0anos de combate a incndios florestais.

    O Quadro I representativo da caracteriza-o demogrfica e de factores individuais daamostra de convenincia.Relativamente caracterizao da actividade decombate a incndio florestal, conforme se cons-tata no Quadro II, a maioria dos indivduos tinhamais de 10 anos de combate e no utilizava, namaioria dos casos, meios de proteco das viasrespiratrias, havendo mesmo a registar carn-cia de cgulas em algumas corporaes.A anlise da amostra permitiu constatar queuma reduzida percentagem de indivduos(5,9%), atravs da sua ocupao profissio-nal, estava sujeita a factores de risco para

    Quadro I Caracterizao de variveis demogrficas e

    de factores individuais (n=203)

    Idade

    21 a 30 anos 34,0%

    31 a 40 anos 25,6%

    41 a 50 anos 25,6% > 50 anos 14,8%

    Hbitos tabgicos

    No fumador 41,3%

    Ex-fumador 15,8%

    Fumador 42,9%

    < 14 cig/dia 26,4%

    15 a 34 cig/dia 69,0%

    > 35 cig/dia 4,6%

    Hbitos etlicos

    No consome 31,5%

    Consome 68,5%< 14 g/dia 49,6%

    15 a 59 g/dia 46,0%

    60 g/dia 4,4%

    IMC

    < 25 kg/m2 26,6%

    25 a 30 kg/m2 54,7%

    30 kg/m2 18,7%

    Table I shows the samples demographiccharacterisation and individual factors. Ta-

    ble II shows the forest firefighting activityand that the majority of subjects had overten years of service and in the main did notuse respiratory protection measures. Subjectsreferred to a lack of respiratory protectionhelmets in some brigades.Analysing the sample shows that the profes-sional occupational of a slight percentage ofsubjects (5.9%) brings them into contact withlung disease risk factors. A minority of sub-jects (8.4%) referred to awareness of an out-side respiratory condition.Analysing the lung function showed that11.8% (24/203) of the subjects studied pre-

    Table I Demographic variables and individual factors

    (n=203)

    Age

    21 - 30 years old 34.0%

    31 - 40 years old 25.6%

    41 - 50 years old 25.6% > 50 years old 14.8%

    Smoking habits

    Non-smoker 41.3%

    Ex-smoker 15.8%

    Smoker 42.9%

    < 14 cig/day 26.4%

    15 -34 cig/day 69.0%

    > 35 cig/day 4.6%

    Alcohol consumption

    Non-drinker 31.5%

    Drinker 68.5%< 14 g/day 49.6%

    15 -59 g/day 46.0%

    60 g/day 4.4%

    BMI

    < 25 kg/m2 26.6%

    25 -30 kg/m2 54.7%

    30 kg/m2 18.7%

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    8/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    356

    doena pulmonar. Havia ainda uma minoriados inquiridos (8,4%) que referia ter conhe-

    cimento de patologia do foro respiratrio.A anlise da funo respiratria demonstrouque 11,8% (24/203) dos indivduos estudadosapresentava critrios de obstruo brnquica(Quadro III). Neste quadro encontra-se umaanlise detalhada da funo respiratria em re-lao com a idade, os anos de combate, o usode cgula e a ocorrncia de um episdio deintoxicao aguda por fumo de incndio.Distribuindo os elementos da amostra com

    padro obstrutivo por duas faixas etrias(< 40 e 40 anos), observmos para elemen-tos com uma idade igual ou superior a 40anos (a idade recomendada para o inicio dorastreio da DPOC26) uma prevalncia de14,0% (12/86), enquanto para os elementoscom idade inferior a 40 anos a prevalnciaera de 10,3% (12/117) (Grfico 1).

    Quadro II Caracterizao da actividade de combate a

    incndios florestais (n=203)

    Anos de combate

    5 a 10 anos 40,9%

    11 a 20 anos 30,5%

    21 a 30 anos 20,2%

    > 30 anos 8,4%

    Sofreu intoxicao

    No 68,0%

    Sim 32,0%

    Recorreu a cuidados de sade

    No 64,6%

    Sim 35,4%

    Uso de cgula

    Sempre 14,3%

    Nunca 85,7%

    Justificao

    Motivo pessoal 28,7%

    Inexistncia de material 22,4%

    No responde 48,9%

    sented bronchial obstruction criteria (TableIII). This table shows a detailed analysis of

    lung function correlated with age, years offirefighting service, use of respiratory pro-tection helmet and an episode of acutesmoke inhalation intoxication.Distributing those subjects with obstructioninto two age groups ( 30 years 8.4%

    Prior smoke intoxication

    No 68.0%

    Yes 32.0%

    Medical care necessary

    No 64.6%

    Yes 35.4%

    Use of respiratory protective helmet

    Always 14.3%

    Never 85.7%

    Reason

    Personal 28.7%

    Lack of equipment 22.4%

    No answer 48.9%

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    9/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    357

    Quadro III Caracterizao da funo respiratria

    n (%) FEV1 % do esperado FEV1/FEV6

    (Mdia DP) (Mdia DP)

    Idade21-25 28 (13,8) 85,31 0,16 0,86 0,1226-45 124 (61,1) 82,96 0,16 0,86 0,12> 45 51 (25,1) 83,07 0,27 0,80 0,15

    Anos de combate5-10 83 (40,9) 83,06 0,17 0,86 0,1311-20 62 (30,5) 83,00 0,18 0,84 0,1421-30 41 (20,2) 81,22 0,21 0,83 0,12> 30 17 (8,4) 90,75 0,26 0,82 0,12

    Usa cgulaSempre 29 (14,3) 87,13 0,14 0,86 0,09Nunca 174 (85,7) 82,68 0,20 0,84 0,14

    Sofreu intoxicaoNo 138 (68,0) 83,74 0,20 0,85 0,15Sim 65 (32,0) 82,41 0,18 0,83 0,13

    Padro obstrutivoNo 179 (88,2) 87,16 0,16 0,88 0,08Sim 24 (11,8) 54,60 0,17 0,57 0,11

    Total 203 (100) 83,31 0,19 0,85 0,13

    p

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    10/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    358

    Analisando estes bombeiros com obstruodas vias areas, no que diz respeito aos hbi-tos tabgicos, verificmos que 54,2% (1\3//24) negava hbitos tabgicos. Dos restantes11 elementos, 16,7% eram ex-fumadores e29,2% fumadores habituais.

    Ao cruzar os dados destes indivduos (compadro obstrutivo) com o facto de usaremmaterial protector das vias respiratrias, desta-camos que 95,8% no usava cgula, ou seja,apenas um bombeiro referiu o seu uso. Igual-mente questionados sobre o conhecimento dedoena respiratria, verificmos que apenas12,5% (3 casos) referiu a sua existncia, cor-respondendo apenas um caso a doena das viasrespiratrias inferiores (asma brnquica) e os

    restantes a doena das vias respiratrias supe-riores. Destes trs elementos, dois negavamhbitos tabgicos e um era fumador activo.Dos resultados obtidos atravs da caracteri-zao da actividade ocupacional, verificmosque, daqueles que apresentavam padro espi-romtrico obstrutivo, trs elementos referiramactividades que poderiam condicionar a fun-

    Grfico 1 Padro espiromtrico obstrutivo em funo do grupo etrio Graphic 1.Spirometric obstructive pattern by age group

    tory protective equipment showed that95.8% did not use the respiratory protec-tion helmet (only one firefighter men-tioned using one.) Equally, when ques-tioned as to their awareness of respiratorydisease, only 12.5% (3 cases) mentioned

    it. One case corresponded to a disease ofthe lower airways (bronchial asthma) andthe rest to diseases of the upper airways.Two of these three subjects were non-smokers and one a routine smoker.The results gleaned in characterising oc-cupational activity showed that three ofthe subjects with a spirometric obstruc-tive pattern cited activities which couldimpact on lung function; carpentry, me-

    talworking and painting. Two of thesethree were routine smokers and one anon-smoker.In sum, out of all subjects with obstruction,41.7% did not and had never smoked, hadno awareness of an outside respiratory con-dition or any occupational activities whichcould impact on lung function.

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    11/16

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    12/16

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    13/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    361

    Padro obstrutivo

    Neste estudo, para a avaliao da funo pul-

    monar foi utilizado o Piko-6, que fornece arazo FEV

    1/FEV

    6como mtodo alternativo

    para identificao da obstruo brnquica, re-lativamente convencional razo FEV

    1/FVC

    recomendada pelasguidelinesGOLD28. Apesarde no ser a metodologia recomendada, a suautilizao no parece ser limitativa, uma vez queexistem estudos12,16,17que demonstram que arazo FEV

    1/FEV

    6, no s to boa, como

    mesmo mais precisa do que a razo FEV1/FVC,

    na deteco de obstruo das vias areas, so-bretudo no que se refere ao despiste de DPOCem populaes de alto risco, no mbito doscuidados primrios de sade. De facto, o usodo FEV

    6em vez do FVC apresenta como van-

    tagens a exigncia de um menor esforo expi-ratrio por parte do doente, uma menor varia-bilidade dos resultados, que oferece vantagensno tratamento estatstico, e uma menor neces-sidade de espao para armazenamento de da-dos, que se torna importante no tamanho e

    portabilidade dos aparelhos.Segundo a Sociedade Portuguesa de Pneu-mologia (SPP), a prevalncia de DPOC emPortugal na populao em geral de 5,3%,suspeitando-se, no entanto, que se trata deuma patologia subdiagnosticada. Sabe-se ain-da que a prevalncia aumenta com a idade e maior no sexo masculino26.A prevalncia de 11,8% de obstruo brn-quica na amostra estudada, conforme se

    constata pelos resultados, no pode ser ex-clusivamente explicada, nem pela existnciade patologia respiratria, nem pela activida-de ocupacional extra-bombeiro.Apesar de nos termos deparado com umaelevada prevalncia de hbitos tabgicos, de notar que em 41,7% dos casos no pos-svel justificar a obstruo brnquica sem ser

    boon is the lower variability of its resultswhich confers an advantage in statistical

    handing. It also needs less data storagespace, making the equipment smaller andmore portable.The Portuguese Society of Pulmonology(SPP) puts the COPD rate for the generalpublic in Portugal at 5.3%, suspecting, how-ever, that COPD is an underdiagnosed pa-thology. It is known that the rate increaseswith age and is higher in males26.The 11.8% rate of bronchial obstruction inour sample, seen in the results, cannot besolely explained by existing respiratory con-ditions or by non-work related occupationalactivity.While we saw a high rate of smoking, it isstressed that in 41.7% of the cases the bron-chial obstruction can only be explained byexposure to forest fire smoke as these sub-jects were non-smokers with no previouspathology or professional or leisure-relatedexposure. Accordingly, professional expo-

    sure to forest fire smoke was a leading riskfactor for the development of obstructionin these subjects. The widespread lack of useof the respiratory protection helmet mustbe highlighted as an additional and aggra-vating factor.

    Conclusions andrecommendations

    The sample we studied had high rates ofsmoking. There was a lack or under use ofrespiratory protection equipment in severalbrigades. A rate of obstruction higher thanthat of the national rate of COPD was seenin our study with a marked frequency ofcases in subjects aged less than 40 yearsold.

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    14/16

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    15/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    363

    AgradecimentosOs autores agradecem a ajuda prestada pela

    empresa AstraZeneca realizao deste estu-do, atravs do fornecimento de material paraa realizao dos testes de funo pulmonar.

    Bibliografia / Bibliography1. www.snbpc.pt2. Betchley C, Koenig JQ, Belle GV, Checkoway H,Reinhardt T. Pulmonary Function and RespiratorySymptoms in Forest Firefighters. Am J Ind Med 1997;31:503-9.

    3. DGS: Circular Informativa N43/DSA: Riscos As-sociados ao fumo produzido pelos Incndios de Agos-to/2003, em www.dgsaude.pt.4. Large A et al.The Short-term Effects of smoke Ex-posure on the Pulmonary Function of Firefighters. Chest1990; 97: 806-9.5. Baris D, Garrity TJ, Telles L, Heineman EF, Olshan A,and Zahm SH. Cohort Mortality Study of Philadelphia.Am J Ind Med 2001; 39:463476.6. Liu D, Tager IB, Balmes JR, Harrison RJ. The effectof smoke inhalation on lung function and airway res-ponsiveness in wildland fire fighters. Am Rev Respir Dis

    1992; 146 (6):1469-73.7. Burgess JL et al.Longitudinal Decline in MeasuredFirefighter Single-Breath Diffusing Capacity of CarbonMonoxide Values A respiratory Surveillance Dilemma;Am J Respir Crit Care Med 1999; 159: 119-24.8. Chia KS, Jeyaratnam J, Chan TB, Lim TK. Airway res-ponsiveness of firefighters after smoke exposure. Brit JInd Med 1990; 47: 524-7.9. Relatrio da Liga Portuguesa de Bombeiros Volunt-rios. 2006.10. Sparrow et al.The effect of occupational exposureon Pulmonary Function a longitudinal evaluation of

    firefighters and non-firefighters. Am Rev Respir Dis 1982;125:319-22.11. Peters JM et al.Chronic effect of fire Fighting on pul-monary function. Am J Public Health 1977; 67:626-9.12. Swanney MP, Jensen RL, Crichton DA, Beckert LE,Cardno LA, and Crapo RO. FEV6 Is an Acceptable Sur-rogate for FVC in the Spirometric Diagnosis of AirwayObstruction and Restriction. Am J Resp Crit Care Med2000; 162: 917-9.

    13. Hankinson JL, Odencrantz JR, and Fedan KB. Spi-rometric Reference Values from a Sample of the Gene-ral U.S. Population. Am J Resp Crit Care Med 1999;159:179-87.

    14. Hankinson JL, Crapo RO, and Jensen RL. Spirome-tric Reference Values for the 6-s FVC Maneuver. Chest2003; 124: 1805-11.15. Fonseca J, Costa-Pereira A, Delgado L, Silva L, Ma-galhes M, Castel-Branco M, Vaz M. Pulmonary Functi-on Electronic Monitoring Devices: A Randomized Agre-ement Study. Chest 2005; 128: 1258-65.16. Enrighy PL, Connett JE and Bailey WC. The FEV1/FEV6 predicts lung function decline in adult smokers.Respiratory Medicine 2002; 96:444-9.17. Vandevoorde J, Verbanck S, Schuermans D, Kartou-nian J, and Vincken W. FEV1/FEV6 and FEV6 as an

    Alternative for FEV1/FVC and FVC in the SpirometricDetection of Airway Obstruction and Restriction. Chest2005; 127:1560-4.18. Crapo RO, Jensen RL, Final LDS. Piko-6 Letter Test Report; 12Julho2005; Ferrar isRespirator yPiko6.www.ferrarisrespiratory.com19. Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidadeem www.speo-obesidade.pt.20. Musk AW, Peters JM, Wegman DH. Lung Functionin Fire Fighters, I: A Three Year Follow-up of ActiveSubjects. Am J Public Health 1977; 67:626-9.21. Nutrition & Food Society, School of Biomedical and

    life sciences, University of Surrey, Guildford, Surrey UK.22. Quanjer PH, Tammeling GJ, Cotes JE, Pedersen OF,Peslin R, Yernault JC. Lung volumes and forced ventila-tory flows. Report working party: Standardization of lungfunction testing. Eur Respir J 1993; 6: 5-40.23. Murtagh E. et al.The prevalence of obstructive lungdisease in a general population sample: The NICECO-PD study. European Journal of Epidemiology 2005; 20:443-53.

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara

  • 8/14/2019 Funo respitatria em bombeiros portugueses

    16/16

    R E V I S T A P O R T U G U E S A D E P N E U M O L O G I A

    Vol XIII N. 3 Maio/Junho 2007

    364

    24. Quadrelli SA, Roncoroni AJ, Porcel G. Analysis ofvariability in interpretation of spirometric tests. Respira-tion 1996; 63(3):131-6.25. Sisson JH et al.Alcohol intake is associated with alte-red pulmonary function. Alcohol 2005; 36: 19-30.26. DGS: Programa Nacional de Preveno e Controloda DPOC; Circular Normativa 04/DGCG de 17/03/05,em www.dgsaude.pt

    27. DGS: Health in Portugal Basic Indicators 2000 deOutubro de 2003. Fonte: National Health Survey, MH-NIH; 1998/99; SAP em www.dgsaude.pt.28. Global strategy for the Diagnosis, Management, andPrevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease;Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease,Updated 2005; em www.goldcopd.org.

    Funo Respiratria em Bombeiros PortuguesesA G Almeida, R Duarte, L Mieiro, A C Paiva, A M Rodrigues, M H Almeida, C Brbara