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Fundação Casa de Rui Barbosa / CNPq
Projeto de Pesquisa para o Triênio 2010 - 2013
Resistência Negra e Formação do Underground Abolicionista: Uma Investigação de História Cultural (Rio de Janeiro, década de 1880).
Eduardo Silva
Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de janeiro.
Introdução
Este projeto tem por objetivo dar continuidade aos estudos da abolição da escravatura como
História Cultural. A abordagem proposta continua a se mostrar um campo extremamente
fértil de investigação. Continuamos a progredir na percepção do escravo – e da comunidade
negra e miscigenada de um modo geral – como agentes importantes de sua própria história.
Continuamos a avançar, particularmente, na percepção do movimento abolicionista não
apenas como um movimento político-parlamentar, mas como movimento social, secreto e
subversivo, inspirado na famosa “underground railway” dos Estados Unidos, e que também
atuava em rede nacional (e até internacional), com o objetivo explicito de solapar e destruir
as bases de funcionamento do sistema escravista.
Percebemos o tema, pela primeira vez, durante o Projeto sobre As camélias do Leblon
(Companhia das Letras, 2003), e continuamos a pesquisar consistentemente nessa direção
em trabalhos posteriores, como “O Quilombo do Leblon e o Underground Abolicionista”
(Anais da SBPH, 2005) e “Black Abolitionists in the Quilombo of Leblon, Rio de Janeiro:
Symbos, Organizers, and Revolutionaries” (Rowman & Littefield, 2007). Nesses e em
outros trabalhos procuramos aprofundar a pesquisa sobre a participação do negro na
conquista da Abolição, tanto negros da elite intelectual, como José do Patrocínio e André
Rebouças, quanto à participação do próprio escravo. Outro ponto importante levantado pela
2
pesquisa diz respeito à percepção do movimento abolicionista não apenas como movimento
político-parlamentar – o que sempre foi uma questão evidente e muita bem explorada pela
historiografia – mas também como um movimento “secreto” ou “subversivo”. Um dos
primeiros laboratórios do movimento foi o Quilombo do Leblon, mas seus efeitos não se
restringem ao bairro do Leblon. Ao contrário, o Quilombo do Leblon serviu de modelo e se
espalhou pelo país inteiro, atingindo, em maior ou menor grau, praticamente todas as
províncias. Movimento secreto e subversivo, portanto, de propaganda ideológica e ação
direta contra o status quo. Movimento de apoio a fugas de escravos e formação de
quilombos abolicionistas.
1. Pressupostos Teóricos e Estado Atual da Pesquisa
O presente projeto pretende aprofundar – sob os mesmos princípios teórico-metodológicos
– a questão da abolição não apenas como um evento político imposto de cima para baixo,
mas com uma luta que penetrou profundamente a sociedade, envolvendo diferentes setores
étnicos e sociais, com aparente predominância da comunidade negra e miscigenada. Trata-
se, evidentemente, de um macro-projeto de longa duração, já em pleno funcionamento, e
com resultados parciais substantivos sob a forma de artigos, capítulos e livros publicados.
A principio fomos atraídos e procuramos explorar o lado “subversivo” do movimento
abolicionista, aspecto que identificávamos, na época, como uma das lacunas mais evidentes
da historiografia. Aprofundamos a pesquisa, sobretudo, em busca de um movimento
“secreto” ou “subversivo” abolicionista, que tem origem no Rio, mas se estrutura
nacionalmente, com importantes ramificações e articulações em diversas províncias e até
3
no exterior. As principais conclusões nessa direção foram resumidas em artigos e capítulos
que publicamos nos últimos 3 anos. Nesses trabalhos exploratórios, procuramos aprofundar
exatamente alguns temas de investigação que foram apenas levantados pela pesquisa sobre
o Quilombo do Leblon. Novos problemas, como a questão da existência e dimensão
nacional do “underground” abolicionista. Como a questão da existência e a participação da
elite negra. Como a questão da participação fundamental dos próprios escravos. E,
finalmente, a questão da importância crucial da nova tecnologia de comunicação e
transportes – o jornal popular, os bondes urbanos, os trens a vapor, os navios a vapor e a
telegrafia elétrica – para a montagem, na década de 1880, de um verdadeiro underground
subversivo, o braço político dos quilombos abolicionistas, origem e sustentação da idéia
revolucionária de abolição imediata e incondicional.1
Em seguida, ainda em busca desse underground secreto e subversivo, procuramos
direcionar as pesquisas para a participação estratégica dos profissionais de teatro – atores,
atrizes, maestros e músicos – no movimento popular abolicionista. Como procuramos
mostrar, foi no jornal e no teatro que a idéia abolicionista ganhou plena expansão e
popularidade. No último período, além de proferir várias palestras sobre o tema,
publicamos uma comunicação sobre a participação fundamental dos artistas de teatro na
1 “O Quilombo do Leblon e o Underground Abolicionista, 1883-1888”, Anais da XXV
Reunião da SBPH. Rio de janeiro: SBPH, 2005, p.207-210; Idem, “O Processo de
Globalização e a Abolição da Escravatura”. In: Alfredo Eurico Rodrigues Motta (orgs.),
Educação, cultura e direito. Salvador, EDUFBA, 2006.
4
conquista da abolição, que pode ser consultado on-line, além de um capítulo plenamente
desenvolvido a ser publicado pelo Centro de Pesquisas da FCRB, em obra coletiva voltada
para o estudo de diferentes aspectos do Rio de Janeiro da passagem do Império para a
República.2 Ainda sobre a participação de intelectuais, preparamos um estudo introdutório
geral aos “panfletos abolicionistas”, isto é, uma preciosa coleção de poemas recolhidos nas
ruas do Rio de Janeiro durante os festejos do 13 de maio de 1888. Não são versos
meramente comemorativos, são documentos históricos únicos: a primeira reação da
intelectualidade brasileira, ainda sob forte emoção, frente à Abolição da escravatura, o
marco inicial do Brasil contemporâneo. Vinte e nove poemas escritos sobre o no fato
histórico, por alguns participantes da própria campanha, gente como Machado de Assis,
Artur Azevedo, Rodrigo Otávio, Afonso Celso e muitos outros(as) de igual importância.3
2. Expansão do Underground: Novos Objetos
Apesar de relativamente bem cumpridas as etapas anteriores, a pesquisa tem apresentado grande resistência
ao fechamento. Longe de se esgotar, o estudo da articulação da resistência negra com o underground
abolicionista tende a se expandir. No cotidiano natural da pesquisa, como todos sabemos, a cada passo
surgem novos e promissores caminhos que nos sentimos obrigados a percorrer e sem os
quais não poderíamos concluir a pesquisa em termos de síntese e real compreensão do
2 “Resistência Negra, Teatro e Abolição da Escravatura”. In: Anais da XXVI Reunião da SBPH, disponível no
site sbph.org (maio de 2007). Idem. “Os Artistas de Teatro e o Movimento Popular Abolicionista”. Capítulo a
ser publicado na coletânea Rio Capital Imperial. Centro de Pesquisa da FCRB, no prelo.
3 “Sobre Versos, Bandeiras e Flores”. In: Renato Pinto Venâncio (org.). Panfletos abolicionistas: o 13 de
maio em verso.Belo Horizonte, Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, Arquivo Público Mineiro,
2007, p. 16-40.
5
processo histórico. Dentro desse quadro, o objetivo específico do presente projeto é
produzir duas novas investigações de história cultural, sobre dois novos e até então
insuspeitos braços políticos do Quilombo do Leblon, por um lado, a Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário, no Centro do Rio de Janeiro, e, por outro, a imigração portuguesa. Os
dois novos estudos devem completar nosso projeto mais amplo de estudar a participação
efetiva da sociedade -–em seus mais diversos setores – na conquista da Abolição.
Apresentamos a seguir, resumidamente, o quadro mais geral dos novos objetos - ou ramos
do underground - propostos para investigação:
2.1 – A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos e
o Underground Abolicionista: uma investigação sobre o braço político do Quilombo do Leblon
Tema e justificativa. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos
Homens Pretos exerceu papel fundamental na luta pela libertação dos escravos no Brasil.
Primeiro, dentro do projeto reformista-emancipador tradicional, empenhou-se para libertar
seus próprios membros. Depois, num segundo momento, sobretudo a partir de 1880,
engaja-se no projeto revolucionário-abolicionista, articulado pela Confederação
Abolicionista, e passa a se constituir em um dos centros mais importantes da agitação
subversiva que, em poucos anos, destruiria o sistema escravista no Brasil.
Contextualização histórica e hipóteses de trabalho. A pesquisa corrente tem mostrado o
envolvimento decisivo de algumas irmandades religiosas com o movimento popular
abolicionista. Os Irmãos do Rosário e São Benedito não só compareciam em massa aos
comícios de propaganda, como apoiavam secretamente fugas de escravos e formação de
6
quilombos aliados ao movimento político abolicionista. Primeiro pensavam em libertar
apenas os “irmãos cativos”; depois, ampliam a própria percepção e passam a lutar pela
libertação de todos os cativos de uma só vez, fossem ou não irmãos do rosário. Na década
de 1880, quando se estrutura um movimento verdadeiramente abolicionista, torna-se cada
vez mais evidente o envolvimento da Irmandade com o que estamos chamando, por
economia conceitual, underground abolicionista.4
Além de arquitetarem fugas para o Leblon, os Irmãos do Rosário e São Benedito também
ajudavam, na calada da noite, a embarcar fugitivos para outras províncias do Império,
sobretudo para o Ceará, que consideravam “a terra da luz”.
No auge da luta, a Irmandade passou a utilizar até o dinheiro das contribuições e esmolas
para financiar a imprensa abolicionista mais radical, primeiro o jornal Gazeta da Tarde,
depois o jornal Cidade do Rio, ambos dirigidos por José do Patrocínio. As pesquisas
preliminares têm apontado, em síntese, para o seguinte roteiro: a Irmandade apoiava
4 Além de ressaltar sua origem no “underground railway” norte-americano, trata-se de um conceito
consagrado na literatura especializada e na própria linguagem contemporânea. Tanto Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, no Novo dicionário da Língua Portuguesa (2a. ed, p.1737), quanto o Diconário Houaiss da
língua portuguesa (2007, p.2804) reconhecem o vocábulo como de uso corrente e necessário no Brasil.
Segundo Houaiss trata-se de vocábulo tomado à língua inglesa para significar qualquer “Organização
secreta que luta contra um governo estabelecido ou forças de ocupação”; ou, mais precisamente, “movimento
ou grupo que atua fora do establishent, geralmente refletindo pontos de vista heterodoxos, vanguardísticos ou
radicais”.
7
secretamente (inclusive com doações em dinheiro) os jornais de José do Patrocínio e a
Confederação Abolicionista, que, secretamente apoiavam o Quilombo do Leblon.
O Projeto Reformista-Emancipador. Nas linhas que seguem, para maior clareza, vamos identificar a
participação da Irmandade, ao longo da história, através de duas diferentes fases de resistência ao sistema
escravista. Primeiro, o projeto reformista-emancipador tradicional e, em seguida, o projeto que podemos
chamar revolucionário-abolicionista.
Libertar e apoiar seus membros foi, desde o início, um dos objetivos principais da Irmandade. No
Compromisso de 1831 – isto é, no próprio estatuto da Irmandade – aparece claramente, já no primeiro
capítulo, o dever de “libertar da escravidão os irmãos cativos”.5 A obrigação afetava a todos os membros
da Irmandade, fossem escravos ou livres, fossem homens ou mulheres. Todos tinham o dever de
contribuir para que esse importante objetivo pudesse ser alcançado. Dentre os muitos deveres da Mesa
diretora, por exemplo, constava explicitamente a obrigação de “extremar-se na liberdade dos irmãos
cativos”.6 Também o irmão procurador da caridade tinha, entre seus deveres estatutários, o
de “promover a liberdade dos irmãos cativos no tempo competente e procurar o benefício
destes infelizes, diligenciando para isso algumas esmolas”.7
Tudo isso é muito interessante porque nos mostra como a conquista da liberdade era um
ponto sumamente importante. Não apenas na percepção de hoje, mas na percepção dos
5 Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos ereta na sua
mesma igreja nesta Corte do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Imprensa do Exército, 1968, Cap. I, parágrafo 4.
6 Ibidem, Cap. III, parágrafo 14.
7 Ibidem, Cap. IX, parágrafo 95.
8
homens que compunham a Irmandade, isto é, dos próprios escravos, libertos e homens
livres de cor.
Em se tratando de liberdade, como os irmãos do rosário bem sabiam, todo cuidado é pouco.
Desde o início, para evitar qualquer confusão ou desvio de finalidade, foram criados dois
cofres distintos: (1) o “cofre da Irmandade” propriamente dita, onde se guardavam as
alfaias de ouro e prata e o dinheiro das despesas gerais; e, separadamente, (2) o “cofre dos
cativos”, onde era recolhida uma parte significativa das anuidades pagas por cada membro
da Irmandade. Da contribuição anual de duas patacas, que todos pagavam, uma pataca e
meia ia para o cofre da Irmandade e meia pataca para o cofre dos cativos, “para o fim de se
forrarem cada ano um ou mais irmãos cativos”.8 Hoje em dia, meia pataca pode parecer
pouco, mas representava ¼ , ou seja, 25% da contribuição anual.
Outra fonte de rendas para a libertação dos irmãos cativos era a contribuição espontânea da
comunidade negra, branca e mestiça que freqüentava a igreja. Para tanto, havia em algum
ponto da igreja, provavelmente na entrada principal, uma grande caixa de esmolas com os
seguintes dizeres: “Caixa para libertar os irmãos cativos”. Para maior segurança, essa caixa
era “chapeada por fora e por dentro”, e possuía três fechaduras diferentes, ficando uma
chave com o irmão de Nossa Senhora, outra chave com o escrivão e ainda outra com o
procurador da caridade.9
8 Ibidem, Cap. XXIII, parágrafo 217.
9 Ibidem, Cap. XXII, parágrafo 218.
9
Também para evitar possíveis desvios, o Compromisso proibia expressamente o uso das
esmolas recolhidas na caixa dos cativos, para qualquer outro fim que não fosse a compra de
cartas de alforria. “O dinheiro que houver no cofre e caixa dos cativos somente servirá para
libertar cativos e nunca, e por nenhum caso, poderá dele servir-se a Irmandade, seja
qualquer que for a sua urgência”.10
A idéia de “libertar da escravidão os irmãos cativos” não se limitou ao Compromisso de
1831, mas também mereceu tratamento minucioso no regimento interno de 1883. O
Regimento aprofunda o interesse pela liberdade e autoriza a Irmandade a tirar de sua
própria renda a quantia necessária para libertar dois irmãos cativos por ano, sendo um de
cada sexo.
Como podemos observar, mesmo nessa primeira fase, dentro ainda do projeto reformista-
emancipador, não se trata de uma liberdade simplesmente dada de presente aos irmãos
cativos. As regras da Irmandade exigiam a participação ativa e o empenho constante dos
próprios interessados, trabalhando duro, juntando seu pecúlio individual e, muito
importante, se mantendo sempre quite com a Irmandade.11 Quando acontecia de dois
irmãos cativos terem pecúlio igual, a coisa devia ser decidida na sorte mesmo.12
10 Ibidem, Cap. XXIII, parágrafo 222.
11 Ibidem, Regimento, Art. 62.
12 Ibidem, Regimento, Art. 79.
10
O sistema funcionava relativamente bem, mas os problemas eram enormes. As cartas de alforria custavam
caro, o trabalho era pesado, a esmola era sempre curta para as necessidades e, por isso mesmo, o processo
reformista-emancipador era lento. Muito lento e exasperante. Mas o povo não desistia, amparado por uma
religiosidade ancestral e por uma fé verdadeiramente inquebrantável na Senhora do Rosário e seu humilde
servo São Benedito, o preto. A fé era praticamente geral dentro da comunidade negra. Mesmo
Dom Obá II d’África, que era um príncipe de sangue e, por isso mesmo, obrigatoriamente
ligado ao culto dos orixás por força de tradições dinásticas muito antigas e poderosas,
mesmo Dom Obá reconhecia abertamente os inúmeros feitos e o poder de São Benedito.
“Santo preto milagroso”, escreveu ele certa feita. Por mérito próprio, “teve o direito de
cozinheiro de Deus ser”.13
O Projeto Revolucionário-Abolicionista. Na década de 1880, quando surge um movimento
propriamente abolicionista, a luta aberta por liberdade imediata e incondicional, atualizou-
se rapidamente o pensamento e atuação da Irmandade, que passa a constituir-se em uma das
bases de apoio do movimento abolicionista mais radical, aquele que promovia secretamente
fugas de escravos e formação de quilombos.
A partir de 1880, podemos perceber uma mudança sensível no modo de atuação da
Irmandade. Até então agiam os irmão do Rosário e São Benedito dentro dos quadros do
pensamento emancipador tradicional. A partir de então, além das alforrias que obtinha
publicamente, seguindo todos os trâmites e determinações do velho Compromisso, a
13 Eduardo Silva. Dom Obá II d’África, o príncipe do povo: vida, tempo e pensamento de
um homem livre de cor. São Paulo, Companhia das Letras, 1997, pp.169 e 233.
11
Irmandade transforma-se secretamente no quartel-general do underground popular
abolicionista.
Passa a Irmandade a realizar certos “serviços secretos”, como a promoção de fugas de
escravos. E, talvez ainda mais importante, sempre por detrás dos panos, passa a
subvencionar a imprensa abolicionista mais radical, primeiro o jornal Gazeta da Tarde,
depois o jornal Cidade do Rio, ambos dirigidos por José do Patrocínio.14
Em suas “Memórias Sobre a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos
Homens Pretos do Rio de Janeiro”, publicada em 1928, também o Capelão Cônego Dr.
Olympio de Castro faz menção ao papel da Irmandade no movimento popular abolicionista.
Quarenta anos depois da Abolição, o fato ainda estava vivo na memória coletiva da
Irmandade. Ficamos sabendo, então, que os irmãos não agiam por conta própria ou
isoladamente, mas “sob inspiração” da Irmandade: “Muitos dos seus membros, sob sua
inspiração, formaram ao lado de José do Patrocínio, João Clapp, Nabuco e Luiz Gama, já
tomando parte nos comícios, já cooperando eficazmente nos casos em que se fazia mister o
movimento estratégico, uma ação decisiva, uma deliberação de emergência”.15
14 Evaristo de Moraes. A campanha abolicionista, 1879-1888, 2a. ed., Brasília, Editora da
Universidade de Brasília, 1986, p.235-236.
15 Compromisso... Cit, p.56.
12
A Irmandade participou da campanha secretamente, portanto, constituindo-se em “um dos
gloriosos centros de ação”, isto é, um dos centros do underground abolicionista que se
estabeleceu nos últimos anos da escravidão no Brasil. Exatamente por isso, uma vez
terminada a luta, com a grande vitória do dia 13 de maio de 1888, em seu velho consistório
– um dos centros da conspiração - foram guardados para a memória das gerações futuras,
todos os estandartes - os símbolos máximos – das associações que participaram diretamente
da luta, sem faltar o mais simbólico de todos, o glorioso estandarte da Confederação
Abolicionista, o braço político do Quilombo do Leblon. “Os estandartes pertencentes à
Confederação e às associações confederadas – confirmou um dos militantes mais
empenhados na luta, homem de confiança de José do Patrocínio – acham-se depositados na
igreja de Nossa Senhora do Rosário desta Capital”.16
E este fato era, aos olhos dos contemporâneos, o reconhecimento concreto e palpável, a
prova mais evidente e definitiva da contribuição fundamental da Irmandade nas lutas pela
abolição. Sim, a Irmandade apoiava secretamente (inclusive com doações em dinheiro) os
jornais de José do Patrocínio e a Confederação Abolicionista, que, secretamente apoiavam
o Quilombo do Leblon.
Outras Irmandades Negras e o Underground Revolucionário. Podemos dizer, portanto, que
a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Rio de Janeiro, exerceu
16 Ernesto Senna. Rascunhos e perfis (notas de um repórter). Rio de Janeiro, Typ. Do Jornal
do Commercio, 1909, p.701.
13
papel semelhante ao que teve, em São Paulo, a Confraria de Nossa Senhora dos Remédios.
O provedor da Confraria de Nossa Senhora dos Remédios, Dr. Antônio Bento de Souza e
Castro, um juiz de Direito, foi o sucessor de Luiz Gama, um simples rábula, na liderança do
movimento abolicionista. A diferença é que Luiz Gama, o rábula, lutava na Justiça,
enquanto Dr. Antônio Bento, um Juiz de Direito, partiu para a luta aberta, organizando com
os irmãos do Rosário e outras confrarias negras, uma verdadeira vanguarda revolucionária
ou tropa de choque antiescravista, os legendários “caifases de Antônio Bento”.
Os caifases, homens negros e pardos, muitos deles ex-escravos, passavam perfeitamente
despercebidos no ambiente escravista. Penetravam nas fazendas sem levantar suspeita,
planejavam fugas, garantiam apoio e esconderijo por alguns dias na capital - às vezes na
própria igreja – e encaminhavam os fugitivos, com a cumplicidade do pessoal ferroviário,
para o quilombo do Jabaquara, na cidade portuária de Santos. No Quilombo do Jabaquara o
fugitivo garantia não apenas a “liberdade”, em termos meramente abstratos, mas a
possibilidade concreta de arranjar trabalho na estiva, embarcando café para exportação, e
outras atividades relacionadas ao porto.
Um homem chamado Israel. No Rio de Janeiro, um dos elos mais efetivo entre a Irmandade
e a Confederação Abolicionista; isto é, entre a Irmandade, o jornal de Patrocínio e o
Quilombo do Leblon, foi o escravo, depois liberto, Israel Antônio Soares. O presente
Projeto pretende investigar a fundo em busca dessa figura humana e sua participação no
movimento abolicionista. Israel Soares e seus companheiros da Irmandade podem ser
considerados os “caifases de São Benedito” ou “caifases do Rio de Janeiro”. Isto é, tiveram
14
atuação decisiva no estabelecimento do underground abolicionista na cidade, seja apoiando
comícios de propaganda, seja financiando a imprensa militante, seja facilitando fugas para
os quilombos abolicionistas, seja embarcando fugitivos para outras províncias do Império,
sobretudo para o Ceará, onde a escravidão fora abolida em 1884.17
Evaristo de Moraes, que o conheceu nos tempos heróicos da propaganda, nos deixou, em
poucas linhas, um dos melhores depoimentos sobre essa figura humana extraordinária:
“Contava Israel Soares, com quem muitas vezes conversamos a respeito da sua vida, que
aprendera, ao mesmo tempo, a ler e a sustentar o direito à liberdade, nas publicações
abolicionistas!...”.
“Era orador espontâneo e facilmente despertava a piedade dos ouvintes, falando na própria
desventura de ter conhecido tão intimamente a escravidão”.
“Buscou, entre as [moças] da sua raça e da sua cor uma companheira, [...]; libertou-a,
casou”.
“À custa de inauditos esforços e sacrifícios formou em medicina um filho [...] e morreu em
1916, sendo juiz (presidente) da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São
Benedito”.18
17 Compromisso... Cit., p.165.
18 Evaristo de Moraes, op. cit., p..236.
15
A atuação de Israel Soares e seus irmãos do rosário ficou fortemente marcada por vários
anos na memória coletiva da Irmandade. “Dentre os pioneiros dessa cruzada cívico-
religiosa – escreveu o Reverendo Capelão Olympio de Castro em 1928 -, [...] destacamos
José do Patrocínio e Israel Soares: aquele [Patrocínio], concretizando a Abolição, tem no
velho templo a evocar-lhe a obra de propaganda, o estandarte da Cidade do Rio, [...]; este
[Israel Soares], que o acompanhou naquela propaganda, e a quem se deve a restauração
moral da Irmandade, [...], tem a perpetuar-lhe a memória um retrato na Galeria do corredor
da Sacristia ao lado do Governador Vahia Monteiro (Juiz da Irmandade em 1728) e
Abrahão do Espírito Santo (Juiz em 1858)”.
Na Galeria do corredor, além dos retratos a óleo desses grandes homens da Irmandade, o
Capelão Olympio de Castro mandou pendurar também, devidamente emoldurados, alguns
versos de autoria do próprio Israel Soares. O comandante-em-chefe dos “caifases de São
Benedito”, já no fim da vida (1914) parece uma criança a encantar-se ainda com “o hino
bendito” da Liberdade:
“Se me perguntares que gente é essa,
Que canta solene o hino Bendito,
De pronto direi: São os filhos da Virgem,
Os caros confrades de São Benedito”. 19
19 Compromisso... Cit., p.56.
16
Obstáculos e possibilidades de pesquisa: os próximos passos. Retratos a óleo, versos
revolucionários, estandartes subversivos, todas essas relíquias, todos esses suportes de
memória da comunidade negra, toda essa documentação histórica do underground,
infelizmente, desapareceu da noite para o dia, num incêndio arrasador ocorrido em 1967.
Dessa imensa catástrofe para a História do Brasil restaram apenas – milagrosamente - dois
autênticos estandartes abolicionistas, os últimos sobreviventes daquela memorável
campanha, guardados até hoje no modesto Museu do Negro que se abriga em uma das salas
da igreja. Apesar de tema fascinante de pesquisa, o aprofundamento da participação da
Irmandade no underground abolicionista apresenta ainda dificuldades que precisam ser
enfrentadas não apenas com sólido cabedal teórico-metodológico, mas provavelmente com
uma dose extra de pesquisa em instituições como FCRB, IHGB, AN, BN, Arquivo da Cúria
Metropolitana e outros que se fizerem necessários.
2.2 – O Imigrante Português e o Underground Abolicionista: ainda sobre o braço político do Quilombo do Leblon
Tema e justificativa. O objetivo é investigar a participação de imigrantes portugueses na
luta pela abolição da escravatura. Não na luta política oficial, parlamentar, mas na luta
secreta, no abolicionismo popular ou underground abolicionista. Em seguida pretendemos
pesquisar também sobre a construção da imagem desse mesmo imigrante português através
17
de um debate ideológico muito azedo e profundamente revelador, que surge imediatamente
após a Abolição da escravatura. O debate pode ser resumido da seguinte forma: Se a
escravidão era tão ruim, por que não a abolimos antes? Afinal, de quem seria a culpa de
termos vivido tantos séculos sob um regime tão horroroso? A quem podemos
responsabilizar social e historicamente pela escravidão? Aos malvados portugueses que a
introduziram na colonização, ou aos pobres brasileiro, que “apenas” deram continuidade
“natural” a uma situação preexistente?
O tema me foi sugerido, pela primeira vez, quando deparei com a intrigante história do
imigrante português José de Seixas Magalhães, estabelecido com fábrica e comércio de
malas e objetos de viagem, na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade. O maleiro Seixas,
além de dedicar-se à indústria e ao comércio, exercia também o cargo de “procurador” da
Confederação Abolicionista. Na verdade, ele era um dos membros mais ativos do
underground abolicionista, exercendo a estratégica função de elo secreto entre o Quilombo
do Leblon e o movimento político abolicionista.
O médio empresário Seixas é um caso interessantíssimo, mas existem muitos outros. O
Quilombo da Penha também tinha como principal intermediário um português, o hoje quase
esquecido Padre Ricardo, um dos precursores, talvez, da teologia da libertação. Segundo o
depoimento de um militante do underground, Padre Ricardo nasceu em Coimbra e formou-
se em teologia pela Escola da Rainha do Mondego. Vindo pregar no Brasil, segundo depõe
18
Brício Filho, “inscreveu fulgidamente seu nome na galeria dos nossos notáveis e
inesquecíveis libertadores”.20
O intermediário entre o Quilombo do Jabaquara, em Santos (SP), e o movimento
abolicionista também era cidadão português, um certo Santos Garrafão, um homem
realmente simples, do qual a História só guardou o apelido. O Santos, como bom lusitano,
gostava do bom vinho e, talvez por exceder-se no gosto, acabou adquirindo, imposto pelos
próprios quilombolas do underground, o apelido ou codinome de Santos Garrafão.
Contexto Histórico e Quadro teórico-metodológico. Na medida em que a pesquisa nos
permite penetrar o movimento abolicionista como história cultural, fica também cada vez
mais clara a participação importantíssima, estratégica mesmo, de alguns elementos da
colônia portuguesa, seja como intermediários entre os quilombos e a sociedade mais ampla,
como acabamos de ver, seja exercendo outros papéis de vanguarda dentro do underground
abolicionista.
Muito ainda há que pesquisar, mas já não estamos inteiramente às cegas. Na estação central
da Estrada de Ferro D. Pedro II, por exemplo, os abolicionistas podiam atuar mais ou
menos à vontade, dando apoio aos fugitivos que chegavam ou partiam, graças à
cumplicidade de alguns ferroviários simpáticos à causa, dentre eles, em lugar de destaque,
o português João Carlos Niemeyer. Conforme o depoimento de um contemporâneo,
20 Depoimento do jornalista Brício Filho sobre o quilombo do Leblon (1928). In: Eduardo Silva. As
camélias do Leblon... Cit., Apêndice F, pp. 102-107, citação à p.103.
19
também participante do movimento, “O nome desse dedicado amigo dos escravos não pode
ser esquecido. Serenamente, ele arriscava o seu emprego, permitindo a livre ação dos
abolicionistas na gare, de onde às vezes, eles arrancavam os escravos em trânsito”. 21
Uma Militância Dividida: Emancipadores e Abolicionistas. A pesquisa ainda precisa
enfrentar algumas questões ideológicas dentro da própria colônia lusitana. É claro que não
podemos romanticamente pensar que todos os portugueses fossem igualmente
revolucionários e pretendessem explodir com a velha ordem escravista. Na verdade o
Seixas, o Santos Garrafão, o João Niemeyer, formavam um grupo relativamente pequeno, e
penso que seria provavelmente assim em qualquer sociedade. Muitos outros portugueses
achavam tudo normal e possuíam tranqüilamente escravos para lhes atender nos serviços
caseiros e no estabelecimento comercial. E mesmo, para considerarmos apenas os
portugueses que favoreciam a luta pela liberdade, há que distinguir entre os reformistas e os
verdadeiramente revolucionários. Na colônia portuguesa nós podemos encontrar, portanto,
os mesmos interesses e a mesma divisão geral que prevalecia na sociedade brasileira
propriamente dita. Tanto que, logo nos inícios da campanha, em 1883, foram criadas duas
associações portuguesas contra a escravidão. A Congregação Emancipadora Luso-
Brasileira, por um lado, e a Sociedade Abolicionista Luso-Brasileira, por outro22.
21 Evaristo de Moraes, op. cit., p.139 e 363 n.108.
22 Almanaque administrativo, mercantil e industrial do Império do Brasil para 1884. Rio de
janeiro, Eduardo von Laemmert, 1884, Parte IV, p.1152; Idem, Ibiden, p.1172.
20
A primeira, como o próprio nome indica – “Congregação Emancipadora” - favorecia uma
solução mais negociada entre senhores e emancipadores, prevendo o pagamento de uma
indenização considerada justa aos proprietários. A segunda, a Sociedade Abolicionista
Luso-Brasileira, ao contrário, pretendia apoiar soluções muito mais radicais, como a
proposta de liberdade imediata e incondicional e, de bom grado, apoiaria a formação de
quilombos abolicionistas.
O Projeto reformista-emancipador e o projeto revolucionário-abolicionista atraiam setores
diferentes dentro da colônia portuguesa. A Congregação Emancipadora, por exemplo,
parece ter recebido muito mais atenção dos patrícios endinheirados do que sua concorrente
abolicionista. Por isso, logo conseguiu instalar-se com todo conforto na rua Uruguaiana,
número 81, quase esquina com rua do Ouvidor, no centro político do país. No mesmo
espaço de tempo, a Sociedade Abolicionista Luso-Brasileira, com suas idéias subversivas
de não pagar indenização aos proprietários, nunca logrou um endereço tão nobre ou mesmo
um endereço fixo qualquer que pudesse chamar de seu.
O presente Projeto pretende investigar todos esses casos a fundo. No caso da Sociedade
Abolicionista Luso-Brasileira, não apenas as posições ideológicas eram muito radicais,
mas a própria composição da diretoria levanta suspeitas que precisam ser averiguadas. Na
verdade dava a impressão de tratar-se de uma sociedade mais afro-brasileira em sua
composição étnica, do que exatamente luso-brasileira. A começar pelos postos-chave de
Presidente e Orador oficial, ocupados pelos conhecidos abolicionistas negros, Vicente de
Souza e Paula Ney. Dr. Vicente de Souza, médico de formação e professor de Latim do
21
Colégio Pedro II, um homem de idéias muito avançadas até para os dias de hoje, lutava não
apenas contra escravidão e contra a monarquia, mas contra o próprio capitalismo, sendo um
dos pioneiros tanto do movimento abolicionista quanto do movimento socialista no
brasileiro.
E o Orador oficial da Sociedade Abolicionista Luso-Brasileira não era senão o jornalista
cearense Paula Ney, que os contemporâneos descreviam como um homem de pele muito
morena e cabelos negros. Paula Ney, na verdade, era um velho aliado, uma espécie de
braço direito de José Carlos do Patrocínio, proprietário e redator–chefe dos principais
jornais abolicionistas – primeiro, Gazeta da Tarde, depois, Cidade do Rio - e centro motor
do underground e do movimento popular abolicionista.
Um debate divide a sociedade. A pesquisa pretende examinar um outro aspecto da questão.
Ao mesmo tempo em que alguns portugueses tiveram um papel relevante na luta pela
abolição, também não podemos esquecer que foram exatamente os portugueses que
introduziram a escravidão no Brasil, escravizando tanto os chamados “pretos da terra”
(índios) quanto os “pretos de guiné” (africanos). Mas, depois da Abolição (imediata e
incondicional), a própria idéia de escravidão, que parecia tão sólida e resistiu aos séculos,
começou a se dissolver no ar. Depois da assinatura da lei, no tempo da festa que se seguiu
por uma semana, no tempo mítico da igualdade e da confraternização, como mágica, já
ninguém era ou jamais fora partidário da escravidão no Brasil.
22
Trata-se de um fenômeno social que precisa ser estudado. No arrebatamento da festa, na
alegria da dança e da cantoria, alguns abolicionistas começam a perceber o
desaparecimento não apenas da sociedade escravista, mas do próprio passado do país. “A
própria lembrança das agonias passadas desfez-se como a bruma ante os raios de um sol
festivo”, notou um jornalista já no quinto dia de festa. 23
Muita coisa havia mudado no Brasil de uma hora pra outra. Nem os próprios fazendeiros
queriam mais ser escravistas ou escravagistas. Muito pelo contrário, exatamente os grandes
fazendeiros começam a ser vistos como os verdadeiros heróis da abolição. A histórica
conversão dos grandes cafeicultores paulistas às idéias abolicionistas, em fins de 1887 –
quando a situação já estava perdida e era impossível estancar as fugas em massa dos
cativos – passou a ser vista como o ponto verdadeiramente crucial de todo o processo
abolicionista. Assim, antes mesmo que a festa terminasse, para que a “Justiça da história”
se fizesse inteira, contemporâneos de elite passam a lembrar o papel fundamental da
chamada “sacrossanta trindade” dos grandes cafeicultores paulistas, tendo a frente o
conselheiro Antônio Prado, “com o prestígio de seu grande nome e fortuna”; O coronel
Leôncio de Carvalho, que reuniu vários fazendeiros em torno da Associação Libertadora,
uma entidade, digamos, patronal que negociava a contratação de mão-de-obra assalariada
diretamente com os caifases de Antonio Bento; e, por fim, o coronel Raphael de Barros, um
23 Gazeta de Notícias. Rio de janeiro, 18 maio 1888, p.1, "As festas de ontem”.
23
homem que, no fim do processo, passou a defender não apenas idéias abolicionistas, mas
até republicanas.24
Os Imigrantes Portugueses e a Culpa da Escravidão. Se, depois da Abolição, os próprios
fazendeiros não aceitavam mais a pecha de escravistas, muito menos a queriam para si os
imigrantes portugueses. Estes, na verdade, já estavam cansados de sofrer com a retórica
abolicionista, sempre pronta, anos e anos, a verberar a “infeliz herança” da colonização
portuguesa, como que tirando a culpa dos próprios ombros e a colocando nos ombros do
vizinho lusitano. Doía aos bons portugueses ouvir a própria Princesa Isabel fazer uso desse
palavreado, oficialmente, na fala do trono de 1887, ao propor que o Brasil abolisse a
escravidão, ou, como colocou a princesa, se desfizesse o mais rápido possível da “infeliz
herança, que as necessidades da lavoura haviam mantido”. Querendo ou não, a princesa
tirou o peso das costas dos fazendeiros e o jogou no distante Portugal. Os brasileiros não
eram escravistas por gosto, mas apenas por necessidade.
Então seriam os portugueses culpados de haver escravos no mundo? Era já impossível
sofrer tal acusação sem protesto. O jornal Gazeta Lusitana, o “órgão do povo português no
Brasil”, por exemplo, fez questão de esclarecer que lutava não apenas pelo fim da
escravidão, mas pelo fim da própria sociedade de classes. Além de abolicionista a Gazeta
Lusitana era também socialista. “Sempre bateu-se pela liberdade não só dos pretos, com de
24 Gazeta de Notícias, 20 maio 1888, p.3, “Abolição: para a verdade da História”.
24
todos – o que ainda está e estará fazendo enquanto houver espoliação do homem pelo
homem”.25
Para os que queriam insistir na velha retórica, o pior é que os portugueses pareciam Ter a
história a seu favor. Podiam, pelo menos, exibir certa agilidade para resolver o problema,
pelo menos se comparados aos brasileiros. Podiam lembrar, por exemplo, o alvará
abolicionista expedido em 1773 pelo Marquês de Pombal, um documento que “faria honra
a qualquer estadista”. Podiam lembrar o pioneirismo de uma trisavó da própria princesa
Isabel, a virtuosa rainha a senhora Dona Maria I, dita a louca, que, certa feita, mandou
libertar todos os escravos da longínqua ilha de Santo Antão, no Cabo Verde, que passaram
a pertencer à Coroa portuguesa depois da condenação do Duque de Aveiro.
Os portugueses podiam lembrar também, para não ficar apenas na esfera da política oficial,
o exemplo de um cidadão comum, o benemérito Manoel Amaro Lopes, que já em 1876, na
Bahia, teria passado carta de alforria a seus oitenta escravos, cedendo-lhes inclusive terra
para viver. Por fim, para acabar com qualquer discussão, argumentava a Gazeta Lusitana,
que, “nós, portugueses, apesar do que se nos atribui de escravagistas; apesar da infeliz
herança que segundo a última fala do trono, legamos ao Brasil tivemos a felicidade de ver o
Sr. D. Pedro V de saudosa memória assinar, em 29 de abril de 1858, a lei que aboliu a
escravidão nas nossas colônias, vantagem civilizadora, que o Brasil poderia gozar a trinta
anos se não tivesse separado da mãe pátria”.26
25 Gazeta Luzitana; órgão do povo portuguez no Brazil. Rio de Janeiro, Domingo, 6 de maio de 1888, p.2,
“Agonia da Escravatura”.
26 Ibidem, 27 de maio de 1888, p.2.
25
A situação parecia realmente complicada para os contemporâneos. Exatamente por isso,
precisamos avançar as pesquisas na direção proposta. Depois da festa do 13 de Maio, os
fazendeiros não eram mais escravistas e a infeliz herança não era exatamente lusitana.
Depois da festa, na verdade, já ninguém fora jamais escravista no Brasil. “Agora todos são
abolicionista”, a tendência foi logo notada por um jornalista norte-americano. A velha
sociedade escravista como que se evaporou da noite para o dia. Talvez o mais completo
“esquecimento coletivo” já experimentado em qualquer época, a tal ponto que, apenas dois
anos depois da Abolição, ninguém podia lembrar, ou sequer acreditar na escravidão. E isso
como política oficial. “Nós nem cremos que escravos outrora / Tenha havido em tão nobre
país” , como afirma a letra do hino à República, escrita em 1890. Tal descrença na
existência de escravos, realmente prematura e surpreendente, só seria notada criticamente
quase noventa anos depois, quando o Professor Roberto Schwartz, para surpresa geral, viu
ali escondida não uma licença poética qualquer, mas uma pérola fina, uma prova definitiva
de nossas “idéias fora do lugar”.27
3. Fontes documentais
Neste projeto, como no anterior, as fontes documentais mais importantes já foram
praticamente levantadas. O fato de partirmos de uma boa base documental, contudo, não
anula a necessidade – presente em qualquer esforço de pesquisa – de algumas buscas
pontuais complementares. Dentre o material já razoavelmente trabalhado constam grandes
coleções de periódicos publicados na capital do Império – que continuam a representar as
26
fontes fundamentais do presente projeto -, além de documentos mais íntimos, como diários,
correspondências, livros de memória, discursos e obras literárias coevas (Ver, abaixo, o
item “Fontes e Bibliografia”).
4. Cronograma de Trabalho: Triênio 2010-2013
Os dois estudos propostos serão desenvolvidos seqüencialmente, envolvendo, em ambos os
casos, pesquisas complementares e atualizações bibliográficas. O quadro a seguir
discrimina as atividades de pesquisa e redação que serão desenvolvidas por trimestre:
Atividades Trimestres
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Estudo1: A Irmandade de N.S. do Rosário e S. Benedito do Homens Pretos e o Underground Abolicionista - Pesquisa complementar
x
x
x
x
x
27 Roberto Schwartz. Misplaced ideas; essay on Brazilian culture. London, Verso, 1992, pp.19-32.
27
- Redação final x x x x x
Estudo 2: O Imigrante Português e o Underground Abolicionista - Pesquisa complementar
- Redação final
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
FONTES E BIBLIOGRAFIA
1. Fontes Impressas
Listamos abaixo apenas os periódicos já devidamente levantados.
28
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Correio Assu, Rio de Janeiro, 1888.
Correio Imperial, Petrópolis, 1888.
Correio Mirim, Petrópolis, 1888.
Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 1887.
Domingo, Rio de Janeiro, 1888.
Echo das Damas, Rio de Janeiro, 1888.
O Fluminense, Niterói, 1888.
Gazeta da Tarde, Rio de Janeiro, 1880-1892.
Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 1887-1890.
Gazeta Lusitana, Rio de Janeiro, 1883-1889.
A Immigração, Rio de Janeiro, 1883-1890.
A Imprensa Fluminense, Rio de Janeiro, 21 maio 1888.
O Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 1880-1888.
O Mequetrefe, Rio de Janeiro, 1884-1888.
O Mercantil, Petrópolis, 1888.
O Paiz, Rio de Janeiro, 1886-90.
Revista Brazileira. Rio de Janeiro, 1881.
Revista do Clube de Engenharia, Rio de Janeiro, 1888.
29
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Revista Illustrada, Rio de Janeiro, 1880-1890.
O Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1887.
The Rio News, Rio de Janeiro, 1888.
A Verdade, Rio de Janeiro, 1888.
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