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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERTÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DO FEIJOEIRO COMUM
CULTIVADO SOB ESTRESSE DE FÓSFORO
TAYNAR COELHO DE OLIVEIRA
GURUPI
TOCANTINS - BRASIL
2012
TAYNAR COELHO DE OLIVEIRA
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DO FEIJOEIRO COMUM
CULTIVADO SOB ESTRESSE DE FÓSFORO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Tocantins, Campus Universitário
de Gurupi, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Produção
Vegetal - Área de concentração em Fitotecnia.
GURUPI
TOCANTINS - BRASIL
2012 ii
Trabalho realizado junto ao Programa de Mestrado em Produção Vegetal da Fundação
Universidade Federal do Tocantins, sob a orientação do Prof° Dsc Rodrigo Ribeiro Fidelis,
com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES)
Aprovada, 23 de Janeiro de 2012
Banca examinadora:
__________________________________________________________
Prof° Dsc Rodrigo Ribeiro Fidelis Professor da Universidade Federal do Tocantins
(Orientador)
__________________________________________________________
Prof° Dsc Hélio Bandeira Barros Professor da Universidade Federal do Tocantins
(Avaliador)
__________________________________________________________
Pesquisadora Dsc Joedna Silva
Pesquisadora do PNPD/CAPES na Universidade Federal do Tocantins (Avaliadora)
__________________________________________________________
Prof° Dsc Manoel Mota dos Santos Professor da Universidade Federal do Tocantins
(Avaliador)
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu a vida, força e coragem. Obrigada meu Deus por ter me
carregado nos braços nos momentos mais difíceis, principalmente, no ano passado
considerado o mais complicado e tribulado. O impossível Deus pode realizar...
Ao professor Rodrigo Ribeiro Fidelis, meu eterno agradecimento pela paciência, apoio,
disponibilidade e por ter acreditado neste projeto. Obrigada por todos os ensinamentos.
A todos os professores, especialmente aos professores Manoel, Tarcisio, Hélio, Joênes,
Susana e Ildon.
Agradeço a todos que contribuíram para a execução e desenvolvimento desta pesquisa,
Fabricio, Michel, Anderson, Rafael, Leila, Amanda, Nathan, Danilo, Rogel, Cássia,
Luiz, Sérgio, Vinícius, Elisângela, Gabriela, Eduardo, Dariana, Diogo, Chrystian e
Aroldo. A Joedna o meu agradecimento pela amizade, dedicação e disponibilidade em
ajudar sua equipe.
Agradeço a minha família por acreditar em mim. A minha mãe Antonia por ter
incentivado e me encorajado a buscar esse sonho, além da fundamental ajuda nas
avaliações de campo. As minhas amadas irmãs Gardênia e Virginia que dão show de
amor, amizade e companheirismo. Ao meu pai Marinho que com toda sua simplicidade
me ensinou a importância de buscar conhecimento. Ao meu primo Danilo pela preciosa
ajudar durante a condução dos experimentos. Ao meu namorado Marcos pelo carinho e
amor.
A todos os amigos e colegas do mestrado, em especial a Maria de Jesus, Leciany, Paula,
Fabiana e Douglas.
A todos os funcionários da universidade, especialmente a Érica e Ellen por sempre
serem atenciosas e prestativas.
Agradeço imensamente a todos que de uma forma ou outra contribuíram para que eu
conquistasse esta vitória.
Obrigada!
iii
“Eis o que diz o Senhor que criou (a terra), que a modelou e consolidou e cujo nome é
javé: Invoca-me, e te responderei, revelando-te grandes coisas misteriosas que ignoras”.
Jeremias 33, 2-3
“Quando eu era ainda jovem, antes de ter viajado, busquei abertamente a sabedoria na
oração: pedia-a a Deus no templo, e buscá-la-ei até o fim de minha vida”.
Eclesiástico 51, 18-19
“Para os montes levante os olhos: de onde me virá socorro? O meu socorro virá do
senhor criador do céu e da terra”.
Salmo 120, 1-2
iv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................. 1
CAPÍTULO I: EFEITO DO FÓSFORO NO DESEMPENHO AGRONÔMICO
DO FEIJOEIRO, NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS.....................................3
RESUMO...........................................................................................................................3
ABSTRACT......................................................................................................................3
INTRODUÇÃO.................................................................................................................4
MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................5
RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................7
CONCLUSÕES...............................................................................................................13
AGRADECIMENTOS....................................................................................................13
REFERÊNCIAS .............................................................................................................14
CAPÍTULO II: EFICIÊNCIA QUANTO AO USO E REPOSTA A APLICAÇÃO
DE FÓSFORO EM FEIJÃO COMUM EM SOLOS DE CERRADO.....................23
RESUMO.........................................................................................................................23
ABSTRACT....................................................................................................................23
INTRODUÇÃO...............................................................................................................24
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................25
RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................28
CONCLUSÕES...............................................................................................................36
AGRADECIMENTOS....................................................................................................36
REFERÊNCIAS..............................................................................................................37
CAPÍTULO III: INFLUÊNCIA DO FÓSFORO NA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE FEIJÃO COMUM ARMAZENADAS SOB
CONDIÇÕES NATURAIS ..........................................................................................41
RESUMO.........................................................................................................................41
ABSTRACT....................................................................................................................41
INTRODUÇÃO...............................................................................................................42
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................44
RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................45
CONCLUSÕES...............................................................................................................52
AGRADECIMENTOS....................................................................................................52
REFERÊNCIAS..............................................................................................................53
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................56
1
CARACTERÍSTICAS MORFOFISIOLÓGICAS DO FEIJOEIRO COMUM
CULTIVADO SOB ESTRESSE DE FÓSFORO
INTRODUÇÃO GERAL
O feijoeiro é uma leguminosa cultivada e consumida em todo território nacional,
exercendo influência marcante no desenvolvimento econômico e social. Os grãos
apresentam uma excelente fonte de proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais,
tornando-se um dos principais componentes da alimentação diária da população. Sendo
que, de acordo com a região do Brasil, existe uma preferência quanto ao tamanho e tipo
comercial de grãos, sendo predominantemente o feijão carioca, que é o mais consumido
no país.
As condições climáticas diversificadas do país favorecem o estabelecimento e
desenvolvimento do feijão durante todo o ano, podendo ser cultivado em três épocas
sendo que o diferencial das safras é o nível tecnológico empregado pelos agricultores. O
cultivo de feijão ainda é reconhecido como cultura de subsistência, este fato pode ser
facilmente observado pelas baixas produtividades de grãos. No entanto, nas
propriedades que empregam tecnologia e práticas agronômicas têm-se conseguido
elevar de maneira satisfatória o rendimento de grãos.
O cultivo do feijão ocorre nos principais biomas, onde o Cerrado brasileiro
apresenta grande potencial para a exploração da cultura. Os solos do Cerrado são
naturalmente deficientes em fósforo e apresenta alta acidez, porém, estas características
não são necessariamente, fatores que impossibilitam o cultivo do feijoeiro e também a
elevação da produtividade de grãos, quando se utiliza cultivares eficientes ao uso de
fósforo, adubação fosfatada adequada e correção da acidez de solo.
Diante da importância da cultura do feijão e da limitação do fósforo nos solos de
cerrado, o presente estudo foi realizado em duas etapas em condições de campo e no
laboratório. Desta forma, montaram-se dois experimentos em campo com alto e baixo
nível de fósforo simulando condições ideais e outro de estresse mineral às plantas,
objetivando identificar e selecionar os melhores cultivares de feijão comum para o
estado do Tocantins no sistema produtivo de baixo, médio e alto nível tecnológico. As
2
avaliações nos experimentos de campo possibilitaram a formação do primeiro e segundo
capítulos, um avaliando os aspectos fitotécnicos da cultura e outro identificando os
cultivares de feijão comum eficientes e responsivos a aplicação de fósforo. No terceiro
capítulo, avaliou-se em laboratório a influência do fósforo na qualidade fisiológica das
sementes de feijão comum produzidas em condição de campo.
3
CAPÍTULO I
EFEITO DO FÓSFORO NO DESEMPENHO AGRONÔMICO DO FEIJOEIRO,
NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS
RESUMO - O feijão juntamente com o arroz faz parte da alimentação diária de uma
boa parte da população brasileira, mostrando assim sua importância sócio-econômica no
cenário nacional. Possui excelentes propriedades nutricionais, sendo uma das fontes de
proteína mais consumida pela população. Desta forma, objetivou-se com esse trabalho
avaliar o desempenho de 19 genótipos de feijão comum em função do estresse de
fósforo, no sul do Estado do Tocantins. O delineamento estatístico adotado foi em
blocos ao acaso com 4 repetições. Para simular ambientes com baixo e alto nível de
fósforo, foram utilizadas as doses de 20 e 120 kg ha-1
de P2O5 no plantio. As
características avaliadas foram altura de planta, inserção da primeira vagem, diâmetro
de caule, número de vagens por planta, número de grãos por vagem, número de grãos
por planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Concluiu-se que o incremento
de fósforo promoveu maiores médias de altura de planta, altura da inserção de primeira
vagem, diâmetro do colmo, número de vagens por planta, número de grãos por vagem,
número de grãos por planta, massa de cem grãos e produtividade de grãos. Os genótipos
IAC-Una e IPR-Siriri obtiveram as melhores de produtividade de grãos no ambiente que
simulou condição ideal (120 kg ha-1
de P2O5).
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L; estresse mineral; Cerrado
EFFECT OF PHOSPHORUS ON AGRONOMIC YIELD OF BEAN CROP AT
SOUTH OF ESTATE OF TOCANTINS
ABSTRACT – The bean, together with rice are part of the daily nourishment of big
part of Brazilian population, thus highlighting its socio-economic importance on the
national scenario. The bean has excellent nutritional properties, being one of the most
consumed source of protein. Thus, the aim of this work was to evaluate the yield of 19
4
common bean genotypes about phosphorus stress at south of Estate of Tocantins. The
experimental design adopted was complete randomized blocks with 4 replications. To
simulate environments with low and high phosphorus level, were applied the doses of
20 and 120 kg ha-1
of P2O5 at sowing time. The evaluated characteristics were plant
height, first pod insertion, stem diameter, number of pods per plant, number of grains
per pod, number of grains per plant, one hundred grains mass and grain yield. It was
concluded that the increase in phosphorus level promotes greater averages of plant
height, first pod insertion height, stem diameter, number of pods per plant, number of
grains per pod, number of grains per plant, one hundred grain mass and grain yield. The
genotypes IAC-Una and IPR-Siriri obtained the best grain yield in the environment
which simulated ideal conditions (120 kg ha-1
de P2O5).
Key-words: Phaseolus vulgaris L; mineral stress; Cerrado
INTRODUÇÃO
O feijão, juntamente com o arroz faz parte da alimentação diária de uma boa
parte da população brasileira, mostrando assim sua importância sócio-econômica no
cenário nacional. Contudo, o feijão possui excelentes propriedades nutricionais, sendo
uma das fontes de proteína mais consumida pela população, isso pode está relacionado
por ser um produto acessível (Aidar et al., 2002).
No Brasil, a maioria do feijão comum produzido, concentra-se em áreas
relativamente pequenas principalmente na primeira e segunda safra, enquanto que, na
terceira safra o feijão é cultivado predominantemente em áreas médias a grandes (Aidar
et al., 2002).
O Brasil possui grandes extensões de áreas disponíveis para serem cultivadas,
especificamente, na região norte onde se concentra boa parte dessas áreas. Embora, o
cultivo do feijão comum seja bastante difundido no Brasil, faltam ainda informações a
respeito do seu cultivo em solos de terras altas do Cerrado. A produtividade média
nacional das três safras do feijão, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento de
aproximadamente 945 kg ha-1
(Conab, 2011). Neste sentido, Ramalho et al. (1993)
mencionam que diversas são as causas atribuídas à baixa produtividade da cultura do
5
feijoeiro no Brasil, entre elas, diversidade de sistemas de cultivo, utilização de
cultivares não adaptadas, suscetibilidade a pragas e fitopatógenos, baixo índice de
utilização de insumos e suscetibilidade a estresse ambiental.
No Estado do Tocantins, cultiva-se tradicionalmente no período de safra, arroz,
soja, milho e abacaxi nas áreas em solos de terras altas. Como nova alternativa de
cultivo no Estado, o feijão comum irrigado na entressafra em solos de terras altas, na
entressafra, vem ganhando destaque, visto que, a abundância hídrica e condições
edafoclimáticas conferem ao Estado grande potencial para utilização dessas áreas.
O fósforo (P) é um nutriente essencial para o crescimento e produção das
plantas, cujas funções não podem ser executadas por qualquer outro nutriente,
desempenha papel importante no componente estrutural, tendo como função o
armazenamento e transferência de energia (Malavolta, 1994). As limitações na
disponibilidade de P no início do ciclo vegetativo do feijoeiro podem resultar em
restrições no desenvolvimento, das quais a planta não se recupera posteriormente,
mesmo aumentando o suprimento de P a níveis adequados (Grant et al., 2001).
Diversos trabalhos relatam a influência positiva do fósforo na produtividade da cultura
do feijoeiro (Fageria et al., 2003; Zucareli, 2005; Petrilli, 2007; Vian et al., 2011;
Zucareli et al., 2011).
Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito do fósforo no desempenho
agronômico do feijoeiro comum, no sul do Estado do Tocantins.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos (alto e baixo nível de P) foram conduzidos na entressafra do
ano de 2010, em solos de terras altas, na estação experimental da Universidade Federal
do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, localizado a 11º 43` 45``de latitude sul
e 49º 04` 07`` longitude oeste, a 280m de altitude. O clima da região é do tipo
mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco (Köppen, 1948). De acordo com
Embrapa (2006) o solo é classificado como Latossolo Vermelho – Amarelo distrófico,
textura média. O resultado da análise química e física do solo na camada 0-20 cm antes
da instalação do experimento foi: pH em CaCl2= 5,1; M.O (%)= 1,5; P (Mel) = 4,9 mg
dm-3
; K=25,5 mg dm-3
; Ca+Mg = 1,1 cmol dm-3
; H+Al = 1,4 cmol dm-3
; Al= 0,0 cmol
6
dm-3
; SB= 1,1 cmol dm-3
; V= 45,1%; 737,9 g kg-1
de areia; 26,1 g kg-1
de silte e 236,0g
kg-1
de argila.
O preparo do solo foi realizado de forma convencional, com uma aração e duas
gradagens em ambos os experimentos. Para realização deste estudo, foram usadas
sementes de dezenove cultivares de feijão comum dos grupos carioca, preto, mulatinho,
rosinha, rajado vermelho e pintado, provenientes do Instituto Agronômico de Campinas
(IAC) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Os genótipos avaliados foram IAC-
Centauro, IAC-Diplomata, IAC-Galante, IAC-Boreal, IAC-Carioca Eté, IAC-Una, IAC-
Carioca Tybatã, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IPR-Colibri, IPR-Eldorado, IPR-Siriri, IPR-
Tangará, IPR-139, IPR-Gralha, IPR-Tiziu, IPR-Graúna, IPR-Chopim e IPR-Corujinha.
Cada experimento foi conduzido em delineamento em blocos ao acaso com
quatro repetições. Desta forma, visando simular ambientes com baixo e alto nível de
fósforo, foram utilizadas as doses de 20 e 120 kg ha-1
de P2O5 no plantio,
respectivamente, na forma de super simples amoniacal (17% de P2O5 e 3% de N).
Utilizou-se ainda 70 kg ha-1
de K na forma de cloreto de potássio e para a adubação de
cobertura, 90 kg ha-1
de N, aplicadas 20 dias após a emergência da cultura na forma de
uréia.
Cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 4,0 m de
comprimento, espaçadas de 0,45 cm, visando obter um estande final de 12 plantas por
metro linear. Como área útil foi considerada as duas linhas centrais com 3,0 m de
comprimento cada.
As sementes foram submetidas ao tratamento com inseticida do grupo químico
Pirazol (50 g i.a./100 kg de sementes) e fungicida pertencente ao grupo químico
Benzimidazol e Dimetilditiocarbamato (45+105 g i.a./100 kg de sementes). Durante a
condução do experimento as aplicações de defensivos químicos em geral só foram
efetuadas quando indispensável para o bom desenvolvimento das plantas e, de acordo
com recomendação para cultura. O controle de plantas daninhas foi realizado até o
florescimento, através de capina manual. Aplicou-se uma vez o inseticida pertencente
ao grupo químico Organofosforado (500 g i.a./ha), aos 34 dias após a semeadura.
A irrigação foi realizada de acordo com as necessidades da cultura e seguindo
recomendação para Santo Antônio de Goiás - GO (Curi e Campelo Júnior, 2001).
Utilizou-se sistema por aspersão convencional com turno de rega de dois dias, tendo um
7
período de funcionamento de duas horas. A vazão dos aspersores utilizados com pressão
na base de 20 mca propiciou lâmina d’água de 5,2 mm/hora.
Para verificar o desempenho dos genótipos de feijão comum em função da
adubação de fósforo, amostraram-se cinco plantas aleatórias e representativas na área
útil de cada parcela e avaliaram-se as seguintes características: altura da planta -
medindo do colo da planta até o final da haste principal; altura de inserção de primeira
vagem - medindo do solo até o ponto de inserção da primeira vagem; diâmetro do
colmo - medindo-se do colo da planta com paquímetro digital; número de vagens por
planta - sendo obtido pela contagem do número total de vagens por planta; número de
grãos por vagem - obtido através do número total de grãos oriundos da planta e
dividindo o resultado pelo número total de vagens; número de grão por planta - obtido
através do número total de grãos oriundos da planta; massa de 100 grãos (g) - tomando-
se cem grãos da área útil pesando e corrigindo a umidade para 13%; produtividade de
grãos - feito através da massa de grãos da área útil em quilogramas, com correção para
13% de umidade transformando os dados para kg ha-1
.
Os dados experimentais foram submetidos à análise individual e conjunta de
variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi realizada sob condições de
homogeneidade das variâncias residuais. Para as comparações entre as médias dos
genótipos utilizou-se o teste Scott-Knott (1974) e entre as médias dos ambientes o teste
Tukey a 5% de probabilidade em ambos os testes. As análises foram realizadas com a
utilização do aplicativo computacional SISVAR versão 5.3 (Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando os dados da Tabela 1, observa-se efeito significativo da interação
genótipo versus ambiente para as características inserção da primeira vagem, número de
vagem por planta, número de grãos por planta, massa de cem grãos e produtividade de
grãos demonstrando que o ambiente influenciou de forma diferenciada nos genótipos
estudados. Desta forma, realizou-se o desdobramento dos fatores genótipos e ambientes.
Observa-se efeito não significativo da interação para as características altura de planta,
diâmetro do colmo e número de grãos por vagem, evidenciando que os fatores são
independentes, ou seja, os genótipos não são influenciados de forma diferente pelos
8
ambientes sendo, portanto, estudados isoladamente. Pode-se observar ainda a
significância para todas as características nos fatores genótipos e ambiente.
Os elevados coeficientes de variação (CV%) para o variável número de grãos
por vagem, número de grãos por plantas e produtividade de grãos, não são,
necessariamente, consideradas inadequadas para ensaios de condições de estresse
(Blum, 1988).
Para a característica altura de planta verifica-se que os cultivares que
compuseram o grupo estatístico de maior média foram IPR-139 e IPR-Chopim, com
65,63 e 64,35 cm, respectivamente (Tabela 2). O genótipo IPR-Eldorado foi o que
obteve a menor média, correspondendo a 32,93 cm. Nota-se também, que o incremento
do fósforo resultou em maior altura de planta. Os resultados corroboram com os obtidos
por Lynch et al. (1991) que também observaram menor crescimento de feijoeiro em solo
com baixa disponibilidade de fósforo. Fan et al. (2003) constataram que o cultivo do
feijoeiro em condições de deficiência de fósforo, reduz o crescimento e atrasa o
desenvolvimento radicular. Salgado et al. (2011) avaliaram o desempenho de genótipos
de feijão comum em Gurupi-TO e, encontraram variação de 67 a 108 cm de altura de
planta. Simone et al. (1992) revelaram que a planta ideal de feijão para colheita
mecanizada, precisa de altura superior a 50 cm. Um ponto importante a destacar da
altura de planta é que normalmente plantas altas apresentam maior índice de
acamamento, estando em relação à planta de menor porte propicia a maior ocorrência de
tombamento de plantas causada pela ação de vento, desta forma, evidencia-se que o
resultado deste estudo mostrou-se satisfatório para essa característica.
Com relação à altura da inserção da primeira vagem no ambiente de alto nível de
fósforo, constata-se que o cultivar IAC-Carioca Eté obteve a maior inserção de primeira
vagem, apesar de não diferir significantemente dos cultivares que apresentaram médias
acima de 19,90 cm (Tabela 2). O cultivar IPR-Eldorado foi a que apresentou menor
IPV, sem portanto, diferir dos que obtiveram média inferior a 18,75cm. No ambiente de
baixo nível de fósforo o cultivar Tangará teve maior média, sem portanto, diferir dos
cultivares que tiveram médias acima de 17,45 cm. Ainda assim, os valores são
considerados satisfatórios para a região, pois permite colheita mecanizada (acima de 12
cm). Desdobrando ambiente dentro de cultivares, observa-se que a maioria dos
cultivares não responderam ao acréscimo do P. Os cultivares IAC-Carioca Eté, IAC-
Carioca Tybatã, IPR-Siriri, IPR-Colibri, IPR-Chopim, IAC-Galante, IPR-Gralha, IPR-
9
Graúna e IPR-Corujinha, responderam positivamente ao incremento de fósforo com
aumento da altura de inserção de primeira vagem. Resultados semelhantes foram
obtidos por Zucarelli et al. (2006) que estudando doses de fósforo em feijoeiro,
encontraram altura de inserção da primeira vagem oscilando entre 18,6 a 22,6cm.
Palomino (2002) avaliou em dois anos consecutivos o comportamento de 15 cultivares e
13 linhagens de feijão, dentre elas, IAC Carioca Eté e verificou que a inserção de
primeira vagem variou entre 8 a 19 cm.
A característica altura da inserção de primeira vagem é de grande relevância para
a cultura do feijão, tendo em vista, que boa altura facilita os tratos culturais, além de ser
um dos principais requisitos para minimizar perdas na colheita mecanizada, pois evita o
contato direto das vagens com o solo, promovendo assim melhor estado fitossanitário
das sementes. De acordo com Yokomizo (1999), a altura de inserção de primeira vagem
deve ficar em torno de 12 a 15 cm para uma eficiente colheita mecanizada. Observa-se
que AIPV também pode incrementar no rendimento de grãos, portanto, torna-se
interessante aos melhoristas selecionarem genótipos que apresentam essa característica
próximo ao indicado para colheita mecanizada, pois permiti um melhor aproveitamento
da planta para formação de vagens.
Quanto à característica diâmetro do colmo (Tabela 3), observa-se que o
incremento de fósforo promoveu maiores diâmetro de caule. Os cultivares IPR-Chopim,
Tangará, IAC-Galante, IPR-Corujinha, IPR-Juriti e IAC-Carioca Tybatã, obtiveram
média de diâmetro de colmo variando entre 6,21 a 5,54 mm. Coelho et al. (2007)
apresentaram essa característica com pouca relevância para identificação de divergência
genética. Por outro lado, o diâmetro do colmo apresenta função importante no processo
de mecanização, visto que, o DC maior além de promover uma melhor sustentação da
planta, evitando assim índice elevado de acamamento.
Quanto ao número de vagens por planta (Tabela 3), observa-se para condições
de alto P que apenas IPR-Chopim e IPR Corujinha, com 16,80 e 15,53 vagens por
planta, respectivamente, sobressaíram-se significativamente em relação aos demais. No
ambiente com estresse de fósforo, verifica-se a formação de dois grupos estatísticos
com resultados variando entre 6,25 a 2,90 vagens por planta. Analisando os ambientes
dentro de cada cultivar, constata-se que todos os genótipos aumentaram o número de
vagem por planta com o incremento de P. Os dados corroboram com obtidos por Petrilli
(2007) que mostrou a influência das doses de fósforo no número de vagens, sendo que a
10
dose máxima resultou em maior número de vagem por planta. Outros trabalhos como
Fageria et al. (2003), Zucareli et al. (2006), Petrilli (2007) também relatam efeito
favorável da adubação de fósforo sobre o número de vagem por planta em feijoeiro.
Quanto ao número de grãos por vagens (Tabela 4), houve composição de 2
grupos estatísticos. O cultivar IPR-Tiziu apresentou melhor desempenho, apesar de não
diferir significantemente dos cultivares que apresentam médias acima de 2,8 grãos por
vagem. Contudo, os cultivares tiveram melhor desempenho no ambiente do alto nível de
fósforo quando comparados ao ambiente de baixo P. Resultados semelhantes desse
estudo também foram verificados por Salgado (2011) e Petrilli (2007).
Para a característica número de grãos por planta no ambiente de alto fósforo
(Tabela 4), observam-se diferenças significativas entre os cultivares, sendo que o IPR-
Corujinha e IPR-Chopim, com 58,67 e 56,94 grãos por planta, respectivamente,
sobressaíram-se em relação aos demais cultivares. No ambiente de baixo nível de
fósforo, observa-se que sete cultivares formaram o grupo de maior média de número de
grãos por planta com valores oscilando de 21,02 a 14,42. Apenas o cultivar IAC-Boreal
não respondeu ao incremento do adubo para essa caracteristica. Petrilli (2007) avaliando
nove doses de fósforo obteve no máximo 52 grãos por planta na maior dose aplicada
(400 mg dm-3).
Com relação à massa de cem grãos (Tabela 5), verifica-se que tanto no ambiente
de alto como no de baixo nível de fósforo, observa-se performance distinta entres os
cultivares avaliados, sendo que o IAC-Boreal foi aquele que sobressaiu-se em ambos os
ambientes. Isto se deu provavelmente, devido a característica genética do própria
cultivar, que constitui de grãos maiores, por isso enquadra-se na classe de sementes
especiais. Observa-se que o segundo grupo estatístico de maior média compôs de três
cultivares um do tipo de grão mulatinho (IAC-Galante) e dois do tipo carioca (IPR 139
e Tangará). O cutlivar IAC-Carioca Eté teve menor massa de cem grãos com 21,06 g,
apesar de não diferir significantemente dos cultivares com média inferior a 24,42 g. No
ambiente de baixo nível de fósforo formaram três grupos estatísticos, sendo que o
cultivar IPR-Tiziu apresentou a menor massa de cem grãos (20,12 g) apesar de não
diferir dos cultivares que tiveram abaixo de 22,91g. Quanto ao desdobramento de
ambientes dentro de cultivar, constata-se que a maioria dos cultivares analisados não
responderam positivamente ao incremento de fósforo, ou seja, não houve aumento da
massa de grãos com o incremento do adubo. Observa-se inclusive que, para o IPR-
11
Saracura o incremento de fósforo mostrou-se prejudicial, ocasionou redução na massa
de grãos. Os cultivares IAC-Boreal, IAC-Galante, IAC-Centauro, IPR-juriti e IPR-
Eldorado tiveram suas massas aumentadas, com o incremento de P. Estes resultados
estão de acordo com os obtidos por Vidal e Junqueira Neto (1982) e Petrilli (2007) que
também obtiveram aumento da massa de 100 grãos em função da adubação fosfatada.
Zucareli (2005) observou que o incremento de P na planta de feijão interfere
positivamente no número de vagens e a massa de sementes. Salgado et al. (2011),
avaliaram o comportamento do feijão do grupo carioca e preto encontraram massa de
100 grãos variando entre 27,16 e 38,7 g. De acordo com Ramalho e Abreu (2006), o
mercado consumidor tem preferência por grãos médios do tipo carioca cujo tamanho
corresponde à massa de 23 a 25 gramas por 100 grãos.
Quanto à produtividade de grãos (Tabela 5), pode-se observar a formação de
três grupos estatísticos no ambiente de alto nível de fósforo. Os cultivares IAC-Una e
IPR-Siriri apresentaram superioridade em relação aos demais com produtividade de
1.861 e 1.799 kg ha-1
, respectivamente. No entanto, oito dos 19 genótipos compuseram
o terceiro grupo estatístico que tiveram o pior desempenho com produtividade de grãos
oscilando entre 1.293 a 907 kg ha-1
. Isto provavelmente está relacionado com a
característica genética dos cultivares, que por sua vez, não se adaptaram as condições
ambientais que foram expostas. Os resultados dessa pesquisa assemelham-se aos
obtidos por Afférri et al. (2008); Salgado et al. (2011) nas condições do Estado do
Tocantins, que encontraram médias de rendimento de grãos oscilando entre 316 e 3.132
kg ha-1
. Desta forma, pode-se observar ainda que 18 dos 19 cultivares estudados em
condições ideais de P superaram a produtividade média nacional de grãos de 945 kg ha-1
(Conab, 2011).
No ambiente de baixo nível de fósforo os genótipos não apresentaram diferenças
significativas quanto à produtividade de grãos, que variou entre 789 a 416 kg.ha-1
.
Desdobrado ambientes dentro de cada cultivar constata-se que apenas o IAC-Boreal não
aumentou a produtividade de grãos com o incremento de P, devido provavelmente, a
natureza genética do genótipo, sendo rústico e não respondendo ao acréscimo do
nutriente. Fageria e Santos (1998) trabalhando com níveis de fósforo aplicado a lanço
em várzeas tropicais verificaram influência positiva na resposta de fósforo em feijão
comum. No presente trabalho, quinze dos 19 cultivares apresentaram acréscimo na
produtividade acima de 100% com o incremento do fósforo. Os cultivares que tiveram
12
maiores incrementos na produtividade com o aumento da adubação fosfatada foram
IAC-Galante (232,91%), IPR-Siriri (216,18%), IAC-Carioca Eté (206,56%), IAC-Una,
(160,58%), IAC-Diplomata (156,65%), IPR-139 (141,80%), IAC-Centauro (123,35%),
IPR-Corujinha (133,40%), IPR-Juriti (130,82%), IAC-Saracura (118,74%), IPR-
Chopim (115,80%), IPR-Eldorado (112,88%), IAC-Carioca Tybatã (112,29%), IPR-
Graúna (102,97%) e Tangará (100,21%). O cultivar IAC-Boreal foi aquele que obteve
menor acréscimo de 44,92% na produtividade com o aumento da dose de fósforo.
Zucareli et al. (2006) avaliando seis doses de fósforo também encontraram incremento
na produtividade de até 26% com acréscimo do nutriente.
13
CONCLUSÕES
O incremento de fósforo promoveu melhoria para a maioria do cultivares nas
características altura de planta, altura da inserção de primeira vagem, diâmetro do
colmo, número de vagens por planta, número de grãos por vagem, número de grãos por
planta massa de cem grãos e produtividade de grãos.
Os genótipos IAC-Una e IPR-Siriri obtiveram as melhores de produtividade de
grãos no ambiente que simulou condição ideal (120 kg ha-1
de P2O5).
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Tocantins – UFT e a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.
14
REFERÊNCIAS
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Agricultura Luis de Queiroz, Piracicaba, 1999.
18
ANEXOS
Tabela 1. Resumo da análise de variância das características altura de planta (AP), inserção da primeira
vagem (IPV), diâmetro do colmo (DC), número de vagens por planta (NVP), número de grãos por vagens
(NGV), número de grãos por planta (NGP), massa de 100 grãos (M100) e produtividade de grãos (PG), de
dezenove cultivares de feijão comum, cultivadas em ambiente de alto e baixo nível de fósforo. Gurupi -
Tocantins, 2010
Fonte de
Variação
QUADRADO MÉDIO
GL AP IPV DC NVP NGV NGP M100 PG
Bloc/Amb 6 47,94ns
7,53ns
0,56ns
4,13* 0,70
ns 53,29
ns 1,74
ns 142440,81
**
Genótipo(G) 18 582,05**
36,31**
2,80**
24,38**
1,29**
429,87**
245,98**
162379,17**
Ambiente(A) 1 9645,61
** 431,69
** 36,19
** 1182,51
** 5,85
** 16001,70
** 118,29
** 22932200,27
**
G x A 18 57,24ns
10,90**
0,42ns
9,26**
0,89ns
170,54**
6,45**
98503,30*
Resíduo 108 62,39 5,18 0,45 1,80 0,56 49,00 3,19 52717,37
Média 49,9 18,37 5,12 7,17 3,08 23,03 24,53 999,81
CV(%) 13,25 12,39 13,12 18,73 24,44 30,39 7,29 22,91 ns
não significativo; **
significativo para P ≤ 0,01; *Significativo para P ≤ 0,05 pelo teste F.
19
Tabela 2. Médias das características altura de planta (AP) e inserção de primeira vagem
(IPV), de dezenove cultivares de feijão comum, cultivados em ambiente de alto e baixo
nível de fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
Genótipos
AP (cm) IPV (cm)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 52,12 34,60 43,36d 18,20bA 18,52aA 18,36
IAC- Diplomata 58,47 36,55 47,50d 22,80aA 20,25aA 21,52
IAC- Galante 56,20 47,33 52,65c 22,93aA 15,46bB 19,73
IAC- Boreal 49,00 38,00 42,88d 21,00aA 18,32aA 19,51
IAC-Carioca Eté 67,52 44,15 55,84c 25,00aA 18,75aB 21,87
IAC- Una 50,30 35,70 43,00d 18,50bA 15,75bA 17,12 IAC-Carioca Tybatã 70,85 46,50 58,67b 21,20aA 17,45aB 19,32
IPR- Saracura 60,32 41,25 50,79c 18,13bA 16,17bA 17,15
IPR- Juriti 59,67 53,35 56,50c 16,52bA 15,15bA 15,83
IPR- Colibri 48,80 33,45 41,12d 21,40aA 15,95bB 18,67
IPR- Eldorado 41,27 24,60 32,93e 14,80bA 12,85bA 13,82
IPR- Siriri 49,50 33,95 41,72d 19,90aA 16,65bB 18,27
Tangará 57,70 47,35 52,52c 21,87aA 22,15aA 22,01
IPR- 139 68,87 62,40 65,63a 20,86aA 18,95aA 19,90
IPR- Gralha 59,35 36,95 48,15d 18,35bA 15,00bB 16,67
IPR- Tiziu 64,40 53,35 58,87b 18,75bA 15,65bA 17,20
IPR- Graúna 53,75 36,15 44,95d 18,60bA 14,45bB 16,52
IPR- Chopim 75,80 52,90 64,35a 21,30aA 15,60bB 18,45
IPR- Corujinha 55,60 40,15 47,87d 21,05aA 13,35bB 17,20
Média 57,86A 41,93B 20,06 16,69 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott e
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
20
Tabela 3. Médias das características diâmetro de colmo (DC) e número de vagens por
planta (NVP), de dezenove cultivares de feijão comum, cultivados em alto e baixo nível de
fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
Genótipos
DC (mm) NVP (und)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 4,72 4,20 4,46c 7,60dA 2,90bB 5,25
IAC- Diplomata 5,20 3,95 4,55c 8,20dA 3,00bB 5,60
IAC- Galante 6,22 5,20 5,78a 7,60dA 3,70bB 5,65
IAC- Boreal 5,87 4,76 5,25b 5,80eA 3,40bB 4,60
IAC-Carioca Eté 5,90 4,15 5,02b 8,80dA 4,10bB 6,45
IAC- Una 5,37 3,75 4,54c 8,70dA 4,65aB 6,67 IAC-Carioca Tybatã 6,27 4,80 5,54a 10,07cA 4,15bB 7,10
IPR- Saracura 5,37 4,35 4,85c 9,53cA 4,00bB 6,76
IPR- Juriti 5,72 5,57 5,66a 11,00cA 6,10aB 8,55
IPR- Colibri 4,37 3,80 4,07c 9,33cA 5,35aB 7,34
IPR- Eldorado 4,77 3,50 4,12c 9,26cA 3,35bB 6,31
IPR- Siriri 5,37 4,27 4,82c 9,90cA 4,30bB 7,10
Tangará 6,40 5,27 5,82a 8,10dA 3,66bB 5,88
IPR- 139 5,52 5,10 5,30b 8,20dA 4,15bB 6,17
IPR- Gralha 5,35 4,97 5,17b 10,87cA 5,50aB 8,18
IPR- Tiziu 5,52 4,80 5,13b 10,70cA 4,85aB 7,77
IPR- Graúna 5,97 4,82 5,40b 13,40bA 4,85aB 9,12
IPR- Chopim 6,42 6,00 6,21a 16,80aA 5,15aB 10,97
IPR- Corujinha 6,42 5,05 5,72a 15,53aA 6,25aB 10,89
Média 5,61A 4,63B 9,96 4,39 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott e
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
21
Tabela 4. Médias das características número de grãos por vagem (NGV) e número de grãos
por planta (NGP), de dezenove cultivares de feijão comum, cultivadas em alto e baixo nível
de fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
Genótipos
NGV (und) NGP (und)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 3,50 2,86 3,18a 26,03dA 8,22bB 17,12
IAC- Diplomata 3,60 2,62 3,11a 30,31cA 8,03bB 19,17
IAC- Galante 2,70 2,22 2,46b 21,04dA 8,21bB 14,62
IAC- Boreal 2,61 2,13 2,37b 14,79dA 7,08bA 10,94
IAC-Carioca Eté 3,37 2,30 2,83b 30,54cA 9,47bB 20,01
IAC- Una 3,11 3,10 3,11a 27,14dA 14,42aB 20,78 IAC-Carioca Tybatã 2,78 2,56 2,64b 27,52dA 10,53bB 19,02
IPR- Saracura 3,72 2,76 3,24a 36,12cA 11,20bB 23,66
IPR- Juriti 3,90 3,34 3,62a 43,26bA 20,49aB 31,88
IPR- Colibri 3,33 3,36 3,35a 31,15cA 18,11aB 24,63
IPR- Eldorado 3,12 3,18 3,15a 29,28cA 10,64bB 19,96
IPR- Siriri 3,55 2,45 3,00a 35,09cA 10,43bB 22,76
Tangará 3,07 2,99 3,03a 24,62dA 11,02bB 17,82
IPR- 139 2,85 2,04 2,44b 24,11dA 8,77bB 16,44
IPR- Gralha 3,22 3,14 3,18a 35,81cA 16,98aB 26,39
IPR- Tiziu 3,08 4,80 3,94a 32,75cA 21,02aB 26,88
IPR- Graúna 3,60 2,76 3,18a 47,37bA 12,53bB 29,95
IPR- Chopim 3,42 3,51 3,46a 56,94aA 18,06aB 37,50
IPR- Corujinha 3,75 2,66 3,20a 58,67aA 17,42aB 38,04
Média 3,27A 2,88B 33,29 12,77 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott e
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
22
Tabela 5. Médias das características massa de 100 grãos (M100) e produtividade de grão
(PG), de dezenove cultivares de feijão comum, cultivadas em de alto e baixo nível de
fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
Genótipos
M100 (g) PROD (kg ha-1
)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 24,42dA 21,56cB 22,99 1.481bA 663aB 1.072 IAC- Diplomata 23,61dA 21,71cA 22,66 1.504bA 586aB 1.045
IAC- Galante 28,24bA 23,59bB 25,92 1.388bA 416aB 902
IAC- Boreal 49,05aA 43,76aB 46,41 907cA 626aA 767
IAC-Carioca Eté 21,06dA 20,36cA 20,71 1.400bA 456aB 928
IAC- Una 23,87dA 22,10cA 22,99 1.861aA 714aB 1.287 IAC-CariocaTybatã 23,73dA 21,50cA 22,62 1.103cA 519aB 811
IPR- Saracura 21,68dB 24,29bA 22,99 1.505bA 688aB 1.096
IPR- Juriti 25,10cA 21,19cB 23,14 1.586bA 687aB 1.136
IPR- Colibri 23,03dA 22,91cA 22,97 1.503bA 789aB 1.146
IPR- Eldorado 26,25cA 22,82cB 24,53 1.124cA 528aB 826
IPR- Siriri 24,92cA 23,55bA 24,23 1.799aA 569aB 1.184
Tangará 26,82bA 26,32bA 26,57 1.149cA 574aB 862
IPR- 139 27,57bA 25,78bA 26,67 1.208cA 499aB 854
IPR- Gralha 23,15dA 22,23cA 22,69 1.293cA 681aB 987
IPR- Tiziu 21,69dA 20,12cA 20,91 1.284cA 650aB 967
IPR- Graúna 23,87dA 21,84cA 22,86 1.286cA 633aB 960
IPR- Chopim 22,21dA 21,65cA 21,93 1.432bA 663aB 1.048
IPR- Corujinha 22,61dA 22,08cA 22,34 1.554bA 666aB 1.110
Média 25,41 23,65 1.388 611 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott e
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
23
CAPITULO II
EFICIÊNCIA QUANTO AO USO E RESPOSTA A APLICAÇÃO DE FÓSFORO
EM FEIJÃO COMUM EM SOLOS DE CERRADO
RESUMO - No Brasil, o cultivo de feijão é bastante difundido, porém, a produtividade
média nacional ainda é baixa, consequência da tecnologia empregada, condições
climáticas e utilização de materiais não adaptados para a região. Objetivou-se com este
trabalho selecionar genótipos de feijoeiro eficientes e responsivos a utilização de P. Para
a realização da pesquisa foram utilizados dezenove genótipos de feijão, cultivados em
ambientes de baixo e alto nível de fósforo com 20 kg ha-1
e 120 kg ha-1
no plantio,
respectivamente. O delineamento estatístico adotado foi o de blocos casualizados, com
quatro repetições. Concluiu-se que existe variabilidade quanto à eficiência e reposta a
aplicação de fósforo entre os cultivares. Os genótipos IAC-Una, IPR-Saracura, IPR-
Juriti, IAC-Centauro e IPR-Corujinha foram identificados como eficientes quanto à
absorção de fósforo e responsivos a sua aplicação, sendo portanto, recomendados para
cultivo em baixa, média e alta tecnologia. Os genótipos Tangará, IPR-Eldorado, IAC-
Carioca Tybatã e IPR-139 foram classificados como não eficientes e não responsivos,
não sendo recomendados para cultivo, e os maiores índices de clorofila a, b e total não
resultaram em elevação na produtividade.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., estresse mineral, clorofila, cerrado e produtividade
PHOSPHORUS USE EFFICIENCY AND RESPONSO TO PHOSPHORUS
APPLICATION IN COMMON BEAN ON CERRADO SOILS
ABSTRACT – In Brazil, the bean crop is widely spread, however, the national average
yield is still low, due to the low technology employed in the cropping systems, the
climatic conditions and the use of maladaptive genotypes to the region. The paper was
developed in order to select efficient and responsive bean genotypes to P use. The
research was carried out utilizing nineteen bean genotypes, grown on low and high
24
phosphorus levels, with 20 kg ha-1 and 120 kg ha-1 at sowing time respectively. The
experimental design was the completely randomized blocs design with four replications.
It was concluded that there is variability about phosphorus use efficiency and response
to phosphorus application among the studied cultivars. The genotypes, IAC-Una, IPR-
Juriti, IAC-Centauro and IPR-Corujinha were identified as efficient about phosphorus
absortion and responsive to its application, being therefore, recommended to be grow on
low, mid and high technological levels of cropping systems. The genotypes Tangará,
IPR-Eldorado, IAC-Carioca Tybatã and IPR-139 were classified as non-efficient and
non-responsive, thus, they are not recommended, and the greater chlorophyll index a, b
and total did not resulted on increases on yield.
Key-words: Phaseolus vulgaris L; mineral stress; chlorophyll; cerrado; yield
INTRODUÇÃO
No Brasil, o cultivo do feijão comum desempenha papel importante no
desenvolvimento social e econômico, seus grãos apresentam excelente fonte de proteína
e vitaminas, constituindo assim um dos alimentos básicos da dieta da população. O
crescimento acelerado da população e, consequentemente, a maior demanda por
alimentos, tem contribuído para realização de pesquisas científicas envolvendo a cultura
do feijão, com intuito de suprir a necessidade de alimentos, principalmente, com a
elevação da produtividade de grãos.
No país, a produtividade média nacional ainda é baixa, consequência da
tecnologia empregada, condições climáticas e utilização de materiais não adaptados. De
acordo com Moda-Cirino et al. (1989) a escolha de cultivares adaptados à determinada
região é um dos principais fatores que determinam o sucesso de uma lavoura. No
Tocantins, apesar do clima favorável para desenvolvimento da cultura, ainda não é
tradicionalmente cultivado. Conforme os dados da CONAB no Estado do Tocantins na
safra 2009/2010 e safra 2010/2011 a produtividade média de grão foi de 1.051kg ha-1
e
2.139 kg ha-1
, respectivamente, superando a média nacional de 945 kg ha-1
.
No Tocantins predominam-se os solos de cerrado que tem como característica
pouca disponibilidade de fósforo em condições naturais, além da alta concentração de
25
alumínio, resultando assim em elevação na acidez do solo. Segundo Malavolta (1972)
esse nutriente é o que mais tem aumentado a produção de grãos do feijão. Zucareli
(2005) constatou que o aumento do P na planta do feijoeiro está aumentando o número
de vagem e a massa das sementes, que são as principais características determinantes no
aumento da produtividade.
O fósforo é um dos nutrientes que mais influência na produtividade das culturas,
sendo que a deficiência de P resulta em decréscimo da fotossíntese (Brooks, 1986), isto
ocorre provavelmente em razão do aumento da concentração de amido na folha
(Fredeen et al., 1989). Esse aumento é acompanhado pela atividade da pirofosforilase
do ADPG, uma enzima regulatória chave envolvida na síntese de amido cloroplastídico
(Li et al., 1998).
A utilização do aparelho portátil clorofilômetro permite a obtenção de um índice
relativo da clorofila na folha (IRC), com base na intensidade da coloração verde, o qual
se correlaciona com o teor de clorofila e o de N na folha (Godoy et al., 2008), além
disso, é um método rápido, barato e preciso na determinação do estado nutricional de
plantas (Peng et al., 1993).
Neste sentido, o uso de cultivares eficientes e responsivos a utilização do
nutriente podem ser um aliado para elevação da produtividade e redução do custo de
produção, principalmente para solos do cerrado que possuem baixa fertilidade química.
Diversos trabalhos indicam diferenças entre os genótipos de feijão quanto à absorção e
utilização do fósforo (Fageria, 1998; Singh et al.,1989; Yan et al., 1995). Desta forma,
Clark e Duncan (1991) relataram que a absorção e utilização de nutrientes pelos
cultivares são controladas geneticamente e, Costa et al. (2004) relatam que a existência
de variabilidade genética é indispensável para o êxito de programas de melhoramento.
Diante do exposto, objetivou-se com esse trabalho selecionar genótipos de
feijão comum eficiente quanto ao uso e resposta a aplicação do fósforo em solos de
Cerrado.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos (alto e baixo nível de P) foram conduzidos na entressafra do
ano de 2010, em solos de terras altas, na estação experimental da Universidade Federal
26
do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, localizado a 11º 43` 45``de latitude sul
e 49º 04` 07`` longitude oeste, a 280m de altitude. De acordo com Embrapa (2006) o
solo é classificado como Latossolo Vermelho – Amarelo distrófico, textura média. O
resultado da análise química e física do solo na camada 0-20 cm antes da instalação do
experimento foi: pH em CaCl2 = 5,1; M.O (%)= 1,5; P (Mel) = 4,9 mg dm-3
; K =25,5
mg dm-3
; Ca+Mg = 1,1 cmol dm-3
; H+Al = 1,4 cmol dm-3
; Al = 0,0 cmol dm-3
; SB = 1,1
cmol dm-3
; V = 45,1%; 737,9 g kg-1
de areia; 26,1 g kg-1
de silte e 236,0g kg-1
de argila.
Cada experimento foi conduzido em delineamento em blocos ao acaso com
quatro repetições. Para simular ambientes com baixo e alto nível de fósforo, foram
utilizadas as doses de 20 e 120 kg ha-1
de P2O5 no plantio, na forma de super simples
amoniacal (17% de P2O5 e 3% de N), utilizou-se ainda 70 kg ha-1
de K na forma de
cloreto de potássio e para a adubação de cobertura, 90 kg ha-1
de N, aplicadas 20 dias
após a emergência da cultura na forma de uréia.
O preparo do solo foi realizado de forma convencional, com uma aração e duas
gradagens em ambos os experimentos. Para realização deste estudo, foram usadas
sementes de 19 cultivares de feijão comum dos grupos carioca, preto, mulatinho,
rosinha, rajado vermelho e pintado, provenientes do Instituto Agronômico de Campinas
(IAC) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). Os genótipos avaliados foram IAC-
Centauro, IAC-Diplomata, IAC-Galante, IAC-Boreal, IAC-Carioca Eté, IAC-Una, IAC-
Carioca Tybatã, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IPR-Colibri, IPR-Eldorado, IPR-Siriri, IPR-
Tangará, IPR-139, IPR-Gralha, IPR-Tiziu, IPR-Graúna, IPR-Chopim e IPR-Corujinha.
Cada parcela experimental foi constituída por quatro linhas de 4,0 m de
comprimento, espaçadas de 0,45 cm, visando obter um estande final de 12 plantas por
metro linear. Como área útil foram consideradas as duas linhas centrais com 3,0 m de
comprimento cada.
As sementes foram submetidas ao tratamento com inseticida do grupo químico
Pirazol (50 g i.a./100 kg de sementes) e fungicida pertencente ao grupo químico
Benzimidazol e Dimetilditiocarbamato (45+105 g i.a./100 kg de sementes). Durante a
condução do experimento as aplicações de defensivos químicos em geral só foram
efetuadas quando indispensável para o bom desenvolvimento das plantas e, de acordo
com recomendação para cultura. O controle de plantas daninhas foi realizado até o
florescimento através de capina manual. Aplicou-se apenas uma vez o inseticida
27
pertencente ao grupo químico Organofosforado (500 g i.a./ha), aos 34 dias após o
plantio.
A irrigação foi realizada seguindo recomendação para Santo Antônio de Goiás -
GO (Curi e Campelo Júnior, 2001). Utilizou-se um sistema de irrigação por aspersão
convencional com turno de rega de dois dias, tendo um período de funcionamento de
duas horas. A vazão dos aspersores utilizados com pressão na base de 20 mca propiciou
lâmina d’água de 5,2 mm/hora.
Para diferenciação das cultivares, foi utilizada a metodologia proposta por
Fageria e Kluthcouski (1980), que sugerem a classificação dos cultivares quanto à
eficiência no uso e resposta a aplicação do fósforo (eficiência e resposta - ER). Onde a
utilização do nutriente é definida pela média de produtividade de grãos em baixo nível.
Enquanto que, a resposta à utilização do nutriente é obtida pela diferença entre a
produtividade de grãos nos dois níveis dividida pela diferença entre as doses, utilizando
a seguinte fórmula:
αP = (PNN – PBN)/DEN,
onde:
αp = Índice de reposta;
PNN = Produção com nível ideal de nutriente;
PBN = Produção com baixo nível do nutriente, e;
DEN = Diferença entre as doses (kg ha-¹)
Foi utilizada uma representação gráfica no plano cartesiano para classificar os
cultivares. No eixo das abscissas (x), encontra-se a eficiência na utilização do fósforo e
no eixo das ordenadas (y), a resposta à sua utilização. O ponto de origem dos eixos é a
eficiência média e a resposta média dos cultivares. No primeiro quadrante é
representado os cultivares eficientes e responsivos (ER); no segundo, os não eficientes e
responsivos (NER); no terceiro, os não eficientes e não responsivos (NENR) e no
quarto, os eficientes e não responsivos (ENR).
Para a quantificação dos índices de clorofila existentes nas folhas, foi utilizado o
método indireto. Assim, as leituras foram realizadas no florescimento pleno, sempre na
primeira folha completamente expandida (do topo do dossel para a base). Foram
realizadas três leituras por planta em cinco plantas por parcela, totalizando 15 leituras,
28
com clorofilômetro marca ClorofiLOG® modelo CFL 1030, o qual fornece medições
dos índices das clorofilas a, b e total (a+b), expressas em unidades chamadas Índice de
Clorofila Falker (ICF), resultados em unidades adimensionais (Falker, 2008). Os dados
de produtividade de grãos foram feito através da massa de grãos da área útil em
quilogramas, com correção para 13% de umidade transformando os dados para kg ha-1
.
Os dados de produtividade de grãos e clorofila foram submetidos à análise
individual e conjunta de variância, com aplicação do teste F. A análise conjunta foi
realizada sob condições de homogeneidade das variâncias residuais. Para as
comparações entre as médias dos genótipos, foi utilizado o teste de Scott-Knott e entre
as médias de ambientes o teste Tukey a 5% de probabilidade. Utilizou-se para tais
análises o programa estatístico SISVAR versão 5.3 (Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na metodologia de Fageria e Kluthcouski (1980) identificou-se como
eficientes ao uso de fósforo os cultivares IAC-Una, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC-
Centauro, IPR-Corujinha, IPR-Colibri, IPR-Gralha, IPR-Chopim, IPR-Tiziu, IPR-
Graúna e IAC-Boreal, pois apresentaram as maiores médias de produtividade de grãos
em ambiente de estresse de P e, portanto, estão representados no primeiro e quarto
quadrantes da Figura 1. Segundo Grahan (1984) a eficiência pode ser definida com a
produção relativa de um genótipo em solo deficiente em comparação com a produção
no nível ótimo de nutriente. Fageria (1998) verificou eficiência de fósforo em cultivares
de feijão em solos do cerrado, apesar dos genótipos apresentarem comportamento
diferenciando quanto à eficiência. Resultados semelhantes foram obtidos por Yan et al.
(1995) que identificaram diferença entre genótipos de feijão na absorção e utilização de
P. Em diversos trabalhos com culturas anuais foi verificado a existência de variabilidade
genética quanto a eficiência de fósforo (Fidelis et al., 2009; Fidelis et al., 2010; Rotili et
al., 2010).
Quanto à resposta a aplicação de P, constatou-se que os cultivares IAC-Una,
IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC-Centauro, IPR-Corujinha, IAC-Diplomata, IPR-Siriri,
IAC-Carioca Eté e IAC-Galante foram classificados como responsivos, estando
representados no primeiro e segundo quadrantes da Figura 1. Desta forma, os cultivares
29
que apresentam alto índice de resposta, torna-se interessantes, pois, respondem ao
incremento do fósforo quando se promove a melhoria do ambiente. Estes cultivares
apresentaram valor de índice de resposta variando entre 12,30 a 8,17 (Tabela 1). O
cultivar IPR-Siriri foi o que obteve maior índice de resposta (12,30), ou seja, obteve
acréscimo de 12,30 quilogramas de grãos para cada quilograma de P aplicado. Enquanto
que, nesse grupo o cultivar IPR-Saracura foi aquele que apresentou menor reposta
(8,17) correspondendo assim, a 8,17 quilogramas de grãos para cada quilograma de P
aplicado. Estes resultados corroboram com os obtidos por vários autores, que estudando
a cultura do feijoeiro verificaram respostas positivas a aplicação de P (Fageria, 1998;
Silva et al., 2001; Zucareli et al., 2011).
Os cultivares IAC-Una, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC-Centauro e IPR-
Corujinha foram considerados eficientes quanto à absorção e responsivos a aplicação de
P. Com base nessas informações, recomenda-se o cultivo desses materiais nas
propriedades agrícolas que utilizam desde baixo até alto nível tecnológico,
demonstrando uma possível adaptação, pois além de produzir em ambientes com
estresse mineral, também respondem ao incremento da adubação com fósforo (primeiro
quadrante da Figura 1). Estes resultados corroboram com os obtidos por Fageria (1998)
e Lana et al. (2006) que também identificaram cultivares de feijão comum eficientes e
responsivos à aplicação de fósforo.
Os genótipos IAC-Diplomata, IPR-Siriri, IAC-Carioca Eté e IAC-Galante foram
classificados como não eficientes e responsivos, pois produziram abaixo da média dos
genótipos sob ambiente de baixo nível de fósforo, entretanto, tiveram valores de índice
de resposta acima da média geral (segundo quadrante da figura 1). Os cultivares que
foram classificados nesse grupo são indicados para agricultores que utilizam alto nível
tecnológico, pois a melhoria do ambiente promove acréscimo na produção. Fageria
(1998) também encontrou cultivares de feijão não eficientes e responsivos a adubação
fosfatada.
Os cultivares Tangará, IPR-Eldorado, IAC-Carioca Tybatã e IPR-139
compuseram o grupo não eficiente e não responsivo, pois, produziram abaixo da média
do ambiente de baixo nível de fósforo (611,39 kg ha-1
) e também apresentaram índices
de resposta inferiores a média dos cultivares (7,77) podendo ser visualizada no terceiro
quadrante (Figura 1). Cultivares classificadas como não eficientes e não responsivos não
são recomendadas para serem semeadas em propriedades agrícolas, nem mesmo para
30
aquelas que utilizam baixo nível tecnológico. Fageria (1998) também encontrou outros
cultivares de feijão não eficientes e não responsivos ao elemento fósforo.
No quarto quadrante da Figura 1 encontram-se os cultivares eficientes e não
responsivos IPR-Colibri, IPR-Gralha IPR-Chopim, IPR-Tiziu, IPR-Graúna e IAC-
Boreal das quais produziram acima da média no ambiente com baixa dose de P e abaixo
da média geral do índice de resposta (7,77). Evidenciando assim, que não responderam
satisfatoriamente ao incremento do nutriente, e, com isso, os cultivares desse grupo são
indicados apenas para o cultivo em propriedades que adotam baixo nível tecnológico,
principalmente para agricultores familiares que normalmente possuem recursos
financeiros reduzidos. Fageria (1998) estudando genótipos de feijão comum identificou
Aporé, Goytacazes, Carioca-MG, Carioca IAC, Serrano, Roxo 9 e Safira como
eficientes e não responsivos.
Figura 1. Eficiência no uso e resposta a aplicação de fósforo em genótipos de feijão
comum, pela metodologia de Fageria e Kluthcouski (1980).
IPR- Tiziu
IPR-Gralha
IPR-Saracura IPR-Juriti
IAC-Galante IAC-Eté IAC-Diplomata
IPR-Siriri
IAC-Tybatã
IAC-Boreal 0
5
10
0
15
0 200 400 600 800 1000 1200
I Eficientes e Responsivos
II Não Eficientes e Responsivos
III
Não Eficientes e Não Responsivos IV
Eficientes e Não Responsivos
IAC-Centauro
IAC-Una
Tangará IPR-Eldorado
IPR-139
IPR-Graúna
IPR-Colibri
-5
IPR-Corujinha
IPR-Chopim
31
Considerando a carência de informações a respeito da absorção e utilização do
fósforo em feijão comum, cultivadas em terras altas no Estado do Tocantins, e
principalmente, a expressividade do público beneficiado por estudos como este, nota-se
a importância da utilização desta metodologia específica para estresse mineral, pois de
uma maneira simples possibilita a identificação de genótipos eficientes quanto ao uso e
resposta ao fósforo. Através desses resultados, pode-se identificar os melhores
cultivares para a região de acordo com o nível tecnológico empregado pelos
agricultores, permitindo assim, obtenção de maiores produtividades e menores custos de
produção.
Tabela 1. Médias de eficiência, índice de resposta e diferença de produtividade de
grãos de dezenove genótipos de feijão comum, cultivados em alto e baixo
nível de fósforo. Gurupi-Tocantins, 2010
Genótipos
Eficiência
Índice de Resposta
(αp)
Diferença de
produtividade de grãos
Kg ha-1
Kg ha-1
IAC- Centauro 663,14 8,18 818,01
IAC- Diplomata 586,12 9,18 918,17
IAC- Galante 416,95 9,71 971,12
IAC- Boreal 626,52 2,81 281,44
IAC- Carioca Eté 456,86 9,44 943,71
IAC- Una 714,17 11,47 1146,88
IAC-Carioca Tybatã 519,77 5,84 583,69
IPR- Saracura 688,27 8,17 817,26
IPR- Juriti 687,25 8,99 899,08
IPR- Colibri 789,33 7,14 713,72
IPR- Eldorado 528,14 5,96 596,17
IPR- Siriri 569,06 12,30 1230,24
Tangará 574,36 5,76 575,60
IPR- 139 499,93 7,09 708,91
IPR- Gralha 681,91 6,12 611,54
IPR- Tiziu 650,63 6,34 633,90
IPR- Graúna 633,92 6,54 652,81
IPR- Chopim 663,95 7,69 768,92
IPR- Corujinha 666,14 8,89 888,77
Média 611,39 7,77
Na Tabela 2, encontram-se as médias de índices de clorofila a nos ambientes de
alto e baixo nível de fósforo. Observa-se que não houve significância na interação
32
genótipos versus ambientes, ou seja, a dose de fósforo não influenciou de forma
diferenciada os genótipos avaliados. O cultivar IPR-Eldorado obteve maior índice de
clorofila a com 37,09 apesar de, não diferir dos cultivares que apresentaram índice
superior a 35,80. Enquanto que, o cultivar IAC-Carioca Eté foi aquele que obteve o
menor índice de clorofila a. Comparando os ambientes, nota-se que o estresse mineral
resultou em maiores índices de clorofila a. Martins e Pitelli (2000) também constataram
decréscimo dos índices de clorofila com aplicação de fósforo. Vale e Prado (2009)
observaram que a dose a 50 mg dm-3
de P foi suficiente para proporcionar alta
concentração de N, visto que, o aumento dessa dose promoveu decréscimo de
nitrogênio. Bull et al. (1998) e Souza et al. (2011) verificaram que a concentração de
clorofila aumentou com as doses de P, sendo que à elevação de N no tecido foliar foi
proporcionada pela adubação fosfatada, favorecendo a síntese de clorofila.
Tabela 2. Médias de índices Falker de Clorofila a e Clorofila b no período do
florescimento de dezenove genótipos de feijão comum, cultivados em alto e
baixo nível de fósforo. Gurupi-Tocantins, 2010
Genótipo
Clorofila a Clorofila b
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 32,18 34,48 33,33c 11,04 12,48 11,76b
IAC- Diplomata 35,20 34,90 35,05b
13,29 12,86 13,07b
IAC- Galante 33,35 36,24 35,80a 13,67 13,90 13,79a
IAC- Boreal 35,69 35,20 35,44b 14,44 12,97 13,70a
IAC- Carioca Eté 30,41 33,20 31,80d 9,96 11,45 10,70b
IAC- Una 34,42 34,19 34,31c 12,02 13,00 12,51b IAC-Carioca Tybatã 34,27 34,63 34,45c 12,65 13,07 12,86b
IPR- Saracura 34,84 37,23 36,04a 13,25 15,33 14,29a
IPR- Juriti 35,08 35,05 35,06b 12,89 12,28 12,59b
IPR- Colibri 34,65 35,51 35,08b 13,29 13,52 13,41a
IPR- Eldorado 37,74 36,44 37,09a 15,53 15,03 15,28a
IPR- Siriri 34,18 35,80 34,99b 12,63 13,02 12,82b
Tangará 35,21 36,81 36,01a 13,55 15,16 14,36a
IPR- 139 36,03 36,94 36,49a 14,14 14,80 14,47a
IPR- Gralha 35,00 34,51 34,76b 16,66 12,13 12,39b
IPR- Tiziu 33,57 34,72 34,15c 12,03 12,41 12,22b
IPR- Graúna 35,46 34,59 35,03b 14,02 12,92 13,47a
IPR- Chopim 35,49 34,89 35,19b 13,70 13,56 13,63a
IPR- Corujinha 36,07 35,54 35,80a 15,18 12,86 14,02a
Média 34,78B 35,31A 13,15A 13,30A
CV(%) 4,13 10,92 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-
Knott e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de
probabilidade.
33
Com relação ao índice de clorofila b, verifica-se que a dose de fósforo também
não influenciou de forma distinta os cultivares estudados (Tabela 2). O cultivar IPR-
Eldorado apresentou o maior valor do índice de clorofila b (15,28) apesar de não ter
diferido dos cultivares com valores acima de 13,41. O cultivar IAC-Carioca Eté foi
aquele que obteve o menor índice de clorofila b, porém sem diferir do que apresentaram
médias abaixo de 13,79. Não houve diferença significativa entre os ambientes para esta
característica. O índice de clorofila b, de forma similar ao índice de clorofila a,
apresentou para a maioria dos genótipos maiores valores no ambiente de estresse de
fósforo.
Na Tabela 3 estão apresentados os resultados do índice de Clorofila Total. Desta
forma, semelhante ao que aconteceu com o índice de Clorofila a e b, constatou-se a não
significância entre os fatores ambientes e genótipos. O cultivar IPR-Eldorado obteve
superioridade estatística com a média do índice de clorofila total de 52,38, não diferindo
dos cultivares que tiveram índices acima de 48,13. Enquanto que, o cultivar IAC-
Carioca Eté foi aquele que apresentou menor índice de Clorofila Total. Comparando os
ambientes, nota-se que não houve diferença significativa. Pode-se observar ainda que
para todos os cultivares o índice de clorofila a foi maior em relação à clorofila b, tal
observação ocorre devido a uma maior proporção do fotossistema I que é mais rico em
clorofila a, esse fator está diretamente relacionado com a capacidade das plantas em
maximizar a captura de luz em condições normais de luminosidade (Critchley, 1999), e
a clorofila b está localizada no complexo coletor de luz do FSII onde sua concentração é
maior (Keutgen et al., 1997). Neste sentido, Souza et al. (2011) relataram maior
proporção relativa de clorofila b em ambientes sombreados, que pode estar associada à
sua degradação mais lenta em relação à clorofila a.
Os resultados dos índices de clorofila não foram conclusivos no que diz respeito
à relação do índice com a eficiência e resposta na utilização de P, como pode ser
observado com os cultivares IPR-Eldorado, IPR-139 e Tangará que obtiveram os
melhores índices de clorofila a, b e total, sendo iguais estatisticamente, porém, foram
classificados como não eficientes e não responsivos. Verifica-se ainda que o cultivar
IAC-Siriri obteve o maior índice de resposta (12,3) tendo o maior aumento de
34
produtividade com incremento de fósforo (1.230 kg ha-1
), apesar de não ter os maiores
índices de clorofila a, b e total.
Não houve uma relação direta dos valores de clorofilas no que diz respeito à
produtividade de grãos, sendo que para a maioria dos genótipos os maiores índices de
clorofila não resultaram, necessariamente, em melhores produtividades de grãos.
Tabela 3. Médias de índices Falker de Clorofila Total e produtividade de grãos (PG)
de dezenove genótipos de feijão comum, cultivados em baixo e alto nível de
fósforo. Gurupi-Tocantins, 2010
Genótipos
Clorofila Total PG (kg ha-1
)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 43,22 46,97 45,20c 1.481bA 663aB 1.072
IAC- Diplomata 48,49 47,77 48,13a 1.504bA 586aB 1.045
IAC- Galante 49,03 50,15 49,59a 1.388bA 416aB 902
IAC- Boreal 50,13 48,17 49,15a 907cA 626aA 767
IAC- Carioca Eté 40,38 44,65 42,51c 1.400bA 456aB 928
IAC- Una 46,45 47,20 46,82b 1.861aA 714aB 1.287 IAC- Carioca Tybatã 46,92 47,71 47,32b 1.103cA 519aB 811
IPR- Saracura 48,10 52,57 50,33a 1.505bA 688aB 1.096
IPR- Juriti 47,98 47,33 47,66b 1.586bA 687aB 1.136
IPR- Colibri 47,95 49,03 48,49a 1.503bA 789aB 1.146
IPR- Eldorado 53,27 51,48 52,38a 1.124cA 528aB 826
IPR- Siriri 46,82 48,82 47,82b 1.799aA 569aB 1.184
Tangará 48,77 51,97 50,37a 1.149cA 574aB 862
IPR- 139 50,18 51,74 50,96a 1.208cA 499aB 854
IPR- Gralha 47,66 46,65 47,15b 1.293cA 681aB 987
IPR- Tiziu 45,61 47,14 46,37b 1.284cA 650aB 967
IPR- Graúna 49,48 47,52 48,50a 1.286cA 633aB 960
IPR- Chopim 49,20 48,45 48,83a 1.432bA 663aB 1.048
IPR- Corujinha 51,26 48,41 48,83a 1.554bA 666aB 1.110
Média 48,62A 47,94A 1.388 611
CV(%) 5,66 22,91
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste
Scott-Kontt e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5%
de probabilidade.
Quanto à produtividade de grãos, constatou-se que a interação influenciou de
forma diferenciada nos cultivares estudados. Visto que, os genótipos no ambiente de
alto nível de fósforo obtiveram produtividade variando entre 1.861 a 907 kg ha-1
. Os
cultivares IAC-Una e IPR-Siriri foram o que apresentaram superioridade estatística em
relação aos demais com produtividade de grãos de 1.861 e 1.799 kg ha-1
,
respectivamente. O cultivar IAC-Boreal obteve a pior performance com produtividade
de grãos de 907 kg ha-1
, apesar que, não diferiu dos cultivares com valores abaixo de
35
1.293 kg ha-1
. Conforme os dados da Conab (2011), a produtividade média nacional é
de 945 kg ha-1
, desta forma, dezoito cultivares superaram a média nacional no ambiente
sem estresse de fósforo, o que demonstra o potencial produtivo da região para cultivo
dessa cultura.
No ambiente com estresse de fósforo, os genótipos não apresentaram diferenças
significativas quanto a produtividades de grãos que, variou entre 789,33 a 416,95 kg ha-
1 e, nenhum dos cultivares obteve produtividade acima da média nacional. Avaliando o
desdobramento do ambiente dentro cultivar, evidencia-se que apenas o cultivar IAC-
Boreal não respondeu significantemente ao incremento de P. Esta observação pode está
diretamente ligada à característica genética do cultivar, demonstrando assim uma maior
rusticidade.
De maneira geral, o acréscimo do nutriente promoveu resposta satisfatória na
produtividade de grãos, que oscilaram de 232,91 a 44,92% para os cultivares analisados.
Estudos realizados por diversos autores confirmam os resultados obtidos nessa pesquisa,
com aumento gradativo da produção em virtude a dose de fósforo aplicada (Zucareli,
2005; Miranda et al., 2000; e Petrilli, 2007).
36
CONCLUSÕES
Existe variabilidade quanto à eficiência e reposta à aplicação de fósforo entre os
cultivares.
Os genótipos IAC-Una, IPR-Saracura, IPR-Juriti, IAC-Centauro e IPR-
Corujinha foram identificados como eficientes quanto à absorção de fósforo e
responsivos a sua aplicação, sendo portanto, recomendados para cultivo em baixa,
média e alta tecnologia.
Os genótipos Tangará, IPR-Eldorado, IAC-Carioca Tybatã e IPR-139 foram
classificados como não eficientes e não responsivos, não sendo recomendados para
cultivo.
Os maiores índices de clorofila a, b e total não resultaram em elevação na
produtividade.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Tocantins – UFT e a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.
37
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41
CAPÍTULO III
INFLUÊNCIA DO FÓSFORO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE
SEMENTES DE FEIJÃO COMUM ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES
NATURAIS
RESUMO - Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a influência do
fósforo na qualidade fisiológica de sementes de feijão comum cultivado em solos de
terras altas no Estado do Tocantins. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Análise
de Sementes da Universidade Federal do Tocantins - Campus Universitário de Gurupi.
Utilizou-se sementes de 19 genótipos de feijão comum cultivados em dois ambientes,
um simulando condição de estresse de fósforo (20 kg ha-1
) e o outro simulando
condições ideais (120 kg ha-1
). O delineamento estatístico adotado foi a de blocos ao
acaso, em esquema fatorial 19 x 2, sendo 19 genótipos e dois níveis de P, com quatro
repetições, sendo esses dados analisados por meio do teste Scott-Knott e Tukey, com
5% de probabilidade. A qualidade fisiológica das sementes de feijão comum foi
realizada por meios dos testes padrão de germinação, primeira contagem, tetrazólio e
massa de mil sementes. Entre os cultivares houve desempenho diferenciado quanto à
qualidade fisiológica de sementes de feijão; para maioria dos cultivares o incremento de
fósforo não resultou em melhoria na qualidade fisiológica as sementes produzidas; e os
genótipos IAC-Carioca Tybatã, IAC-Carioca Eté e Tangará produziram sementes de
melhor qualidade fisiológica.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L.; Estresse abiótico; Germinação; Viabilidade.
PHOSPHORUS INFLUENCE ON PHYSIOLOGICAL QUALITY OF COMMON
BEAN SEEDS STORED UNDER NATURAL CONDITIONS
ABSTRACT – This paper was developed in order to evaluate the phosphorus influence
over physiological quality of common bean seeds grown on upland soil in Estate of
Tocantins. The research was carried out on the Seed Analysis Laboratory of
42
Universidade Federal do Tocantins- Campus of Gurupi. Nineteen bean genotypes were
tested. They were grown in two environments, one simulating condition of phosphorus
stress (20 kg ha-1
) and another one simulating ideal conditions (120 kg ha-1
). The
experimental design adopted was the completely randomized blocs in a factorial scheme
19x2, being 19 genotypes and 2 levels of P, with four replications. The data was
analyzed and applied the Scott-Knott and Tukey tests, both with 5% of probability. The
physiological quality of common bean was analyzed through the standard germination
test, first count, tetrazolium test and one thousand grains mass. Among the cultivars
there was a differentiated physiological quality of bean seeds; for most cultivars, the
increases in the level of P did not result on better physiological quality of the produced
seeds; and the genotypes IAC-Carioca, Tybatã, IAC-Carioca Eté and Tangará produced
seeds of better physiological quality.
Key-words: Phaseolus vulgaris L; abiotic stress; germination; viability
INTRODUÇÃO
A obtenção de sementes com boa qualidade fisiológica exerce papel
fundamental no desenvolvimento da planta, contribuindo para a obtenção de plantas
mais vigorosas.
No Brasil, a produtividade nacional do feijoeiro ainda é considerada baixa,
sendo que uma das principais razões para esta baixa produtividade é a reduzida taxa de
utilização de sementes de qualidade (Yokoyama et al., 2000). Como no Cerrado a baixa
disponibilidade de fósforo é bastante conhecida e a maioria dos agricultores não podem
corrigir o solo totalmente, as condições de cultivo em anos sucessivos pode trazer
problemas, ocasionando assim baixa produtividade de grãos. Desta forma, é
indispensável a obtenção de informação relacionada sobre a influência do fósforo na
qualidade fisiológica de sementes de feijão.
A qualidade da semente é definida como o conjunto de atributos genéticos,
físicos, fisiológicos e sanitários que influenciam na capacidade do lote em originar uma
lavoura uniforme e constituída de plantas vigorosas (Popinigis, 1985). O componente
43
fisiológico pode ser influenciado pelo ambiente em que as sementes são produzidas
(Vieira et al., 1993). Diversos trabalhos (Vieira et al., 1987; Turkiewics, 1976;
Nakagawa, 1973) observaram menor potencial fisiológico de sementes de feijão
oriundas de plantas cultivadas em ambientes que apresentaram alguma restrição
nutricional quando comparada às plantas bem nutridas. A disponibilidade de nutriente
influi na formação do embrião e dos órgãos de reserva e na composição química da
semente, afetando, consequentemente, a qualidade da semente (Carvalho e Nakagawa,
2000).
Diversos são os fatores que afetam a qualidade das sementes, dentre eles, origem
da semente, a adubação, condições climáticas durante o ciclo da cultura e condições de
armazenamento (Zucareli, 2005). O fósforo é um dos nutrientes capaz de afetar o vigor
das sementes e consequentemente o potencial produtivo da planta (Silva et al., 2003).
Neste sentido, alguns trabalhos relatam que a deficiência nutricional de P reduz o
tamanho, massa e vigor das sementes (Vieira, 1986; Sá, 1994), encontrando nas
sementes e frutos grandes quantidades do nutriente, sendo este essencial para sua
formação e desenvolvimento (Potafós, 2002). A redução do número de semente
formada possibilita a planta aumentar o suprimento de nutriente por semente,
melhorando assim, a viabilidade da mesma (Grant et al., 2001). No entanto, Salum et
al., (2004) constataram que a qualidade fisiológica não foi alterada pela adubação
fosfatada.
A qualidade fisiológica pode ser avaliada por meio de vários testes, dentre eles, a
germinação e viabilidade das sementes. O teste de germinação é muito utilizado para
avaliar a qualidade das sementes, por apresentar condições ideais para pleno
desenvolvimento das plântulas, serem padronizado e apresentar ampla possibilidade de
repetição (Marcos Filho, 1999). A avaliação da viabilidade de sementes é feita através
do teste de tetrazólio com objetivo de identificar as sementes vivas ou mortas,
destacando-se pela rapidez na estimativa antecipada da germinação (Botezelli, 1998). A
determinação da massa de mil sementes permite a obtenção de informações referente ao
tamanho das sementes, densidade de semeadura, número de sementes por embalagem e
peso de amostra, importante para a realização da análise de pureza (Brasil, 2009).
Esta pesquisa foi desenvolvida com o objetivo de avaliar a influência do fósforo
na qualidade fisiológica de sementes de feijão comum sob condições de armazenamento
natural.
44
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Análise de Sementes da
Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi. Para realização
deste estudo, foram utilizadas sementes de dezenove cultivares de feijão comum dos
grupos carioca, preto, mulatinho, rosinha, rajado vermelho e pintado, provenientes do
Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
Os cultivares avaliados foram IAC-Centauro, IAC-Diplomata, IAC-Galante, IAC-
Boreal, IAC-Carioca Eté, IAC-Una, IAC-Carioca Tybatã, IPR-Saracura, IPR-Juriti,
IPR-Colibri, IPR-Eldorado, IPR-Siriri, Tangará, IPR-139, IPR-Gralha, IPR-Tiziu, IPR-
Graúna, IPR-Chopim e IPR-Corujinha, cultivados em dois ambientes, um simulando
condição de estresse de fósforo (20 kg ha-1
de P) e o outro simulando condições ideais
(120 kg ha-1
de P) na forma de super simples, na entressafra 2010.
Os tratos culturais foram realizados visando produção de sementes, sendo
efetuados mediante aplicação de inseticidas, enquanto que, o controle de plantas
daninhas foi realizado até o florescimento através de capinas manual.
As sementes foram colhidas na maturação fisiológica e os grãos foram secos
naturalmente, posteriormente obtiveram-se amostras das sementes de cada genótipo. As
avaliações referentes à qualidade fisiológica das sementes foram realizadas
aproximadamente há cinco meses após a colheita, sendo armazenadas em garrafas pets
em condição natural.
A qualidade fisiológica das sementes de feijão comum foi realizada através dos
testes Padrão de Germinação, teste de Primeira Contagem, Tetrazólio e Massa de mil
Sementes de acordo com os critérios estabelecidos nas Regras de Análise de Sementes
(Brasil, 2009).
Para a realização do teste Padrão Germinação, foram utilizadas 200 sementes de
cada cultivar, subdivididas em quatro amostras com 50 sementes, sendo que a
distribuição das sementes no papel toalha foi realizada por meio de placas perfuradas
contendo 50 orifícios de tamanho e forma das sementes. O volume de água, para
embebição das sementes, foi o equivalente a 2,5 vezes o peso do papel substrato,
contendo duas folhas de papel na base e uma na cobertura em cada amostra, sendo que
os rolos foram posicionados verticalmente em um germinador do tipo Mangeldorf,
45
regulado numa temperatura de 25°C ± 2ºC, e umidade relativa em torno de 99%,
durante todo o período do teste. As contagens das sementes foram realizadas aos quinto
e nono dias, após a instalação do teste. Após completar o período do teste foi avaliada a
porcentagem de plântulas normais, anormais e sementes dormentes ou mortas.
O teste de Primeira Contagem foi realizado juntamente com o teste de
germinação onde foi avaliada a porcentagem de sementes germinadas e não germinadas
verificadas no quinto dia após a instalação do teste.
Para realização do teste de Tetrazólio, foram utilizadas quatro repetições de 50
sementes para cada lote, sendo que o pré-condicionamento das sementes foi do tipo
embebição em água destilada colocadas em copos plásticos durante 18 horas. Esse
procedimento visou facilitar a penetração da solução nos tecidos, com posterior
seccionamento da semente de forma longitudinal. Depois do corte, as sementes foram
submersas em solução de 0,075% de sal de tetrazólio num período de quatro horas
submetidas a uma temperatura de 40 ºC. Foi constatada a porcentagem de sementes
viáveis, por meio da coloração dos tecidos das sementes.
A massa de Mil sementes foi obtida através da pesagem de quatro repetições de
100 sementes para cada lote, multiplicando a média dos resultados por 10, corrigida a
umidade para 13%, a pesagem foi com a balança analítica de precisão (Brasil, 2009).
O delineamento estatístico adotado foi o inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 19x2, sendo dezenove cultivares de feijão e dois ambientes de fósforo (120 kg
ha-1
e 20 kg ha-1
). As comparações entre as médias dos genótipos de todos os
parâmetros analisados foram efetuadas por meio do teste Scott e Knott (1974) e entre as
médias do nível de P pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As análises
foram realizadas com a utilização do aplicativo computacional SISVAR versão 5.3
(Ferreira, 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Encontram-se na Tabela 1 o resumo da análise de variância das características
primeira contagem, germinação, viabilidade e massa de mil sementes. Observa-se efeito
significativo da interação genótipos versus nível de P para os testes de primeira
contagem, germinação, e massa de mil sementes, evidenciando assim que o ambiente
46
influenciou de forma distinta na germinação e massa de mil sementes dos genótipos
avaliados. Desta forma, realizou-se desdobramento de um fator dentro do outro. No
entanto, para a viabilidade de sementes não houve significância da interação genótipos
versus nível de P. Pode-se observar ainda a significância para todos os testes nos fatores
genótipos e nível de P.
Tabela 1. Análise de variância, das médias da germinação das sementes por meio do teste de
primeira contagem (PC) e germinação (GE), viabilidade das sementes (TE) e massa de mil
sementes (M1000), de 19 cultivares de feijão comum, cultivadas em ambientes com baixo e alto
nível de fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
QUADRADO MÉDIO
Fonte de Variação GL PC GE TE M1000
Repetição 3 5,92ns
45,63ns
127,88**
105,68ns
Genótipos 18 125,94**
488,36**
24,90* 24598,33
**
Nível de P 1 398, 13**
1470,32**
160,10**
11829,03**
Genótipos x Nível de P 18 94,29**
267,15**
22,88ns
645,52**
Resíduos 111 15,27 63,36 13,95 317,63
Média 90,32 71,59 95,34 245,36
CV (%) 4,33 11,12 3,9 7,26 ns
não significativo; **
significativo para P ≤ 0,01; * significativo para P ≤ 0,05 pelo teste F.
Com relação à germinação de sementes no teste de primeira contagem,
observou-se que no ambiente de alto nível de fósforo que 13 genótipos, compuseram
grupo estatístico de maior média apresentando valores variando entre 98 a 90,5%
(Tabela 2). O cultivar que obteve menor média de germinação foi o IPR-Eldorado com
77,5%. No ambiente com baixo nível de fósforo, nove genótipos compuseram o grupo
estatístico de maior valor, com médias variando entre 98,0 a 90,0% de sementes
germinadas. O cultivar que apresentou menor germinação foi IAC-Diplomata com
81,5%, apesar de não diferir significantemente dos cultivares que tiveram médias abaixo
de 88,5%. Analisando níveis de P dentro de cultivar, constatou-se que o incremento do
fósforo resultou na elevação da taxa de sementes germinadas para sete genótipos, sendo
eles, IAC-Centauro, IAC-Carioca Tybatã, IPR-Corujinha, IPR-Saracura, IPR Siriri,
IPR-Chopim e IAC-Diplomata. Para o cultivar IPR-Eldorado este incremento mostrou-
se prejudicial, resultando na redução da taxa de germinação das sementes.
47
Tabela 2. Resultados médios da porcentagem de germinação das sementes após o teste de
primeira contagem e germinação de 19 cultivares de feijão comum, cultivados em
ambiente de alto e baixo nível de fósforo. Gurupi- Tocantins, 2010
Genótipos
Primeira contagem (%) Germinação de sementes (%)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 96,5aA 87,5bB 92,0 85,0aA 73,5aB 79,2
IAC- Diplomata 95,0aA 81,5bB 88,2 81,0aA 50,0cB 65,5
IAC- Galante 84,5bA 85,5bA 85,0 69,0bA 75,0aA 72,0
IAC- Boreal 95,5aA 95,5aA 95,0 68,0bA 52,5cB 60,2
IAC-Carioca Eté 97,5aA 93,0aA 95,2 89,5aA 80,0aA 84,7
IAC- Una 88,0bA 85,0bA 86,5 67,7bA 62,0bA 63,8 IAC-Carioca Tybatã 97,0aA 87,5bB 92,2 90,0aA 73,5aB 82,0
IPR- Saracura 98,0aA 84,5bB 91,2 78,0aA 64,5bB 71,2
IPR- Juriti 98,0aA 93,3aA 95,5 84,0aA 75,0aA 79,5
IPR- Colibri 94,5aA 98,0aA 96,2 80,0aA 84,0aA 82,0
IPR- Eldorado 77,5cB 90,0aA 83,7 58,0cB 70,0aA 64,0
IPR- Siriri 92,5aA 83,5bB 88,0 70,0bA 60,0bA 65,0
Tangará 95,5aA 94,0aA 94,7 89,5aA 67,5aB 78,5
IPR- 139 84,0bA 88,5bA 86,2 60,0cA 68,5aA 64,2
IPR- Gralha 88,0bA 90,0aA 89,0 65,0bA 67,5aA 66,2
IPR- Tiziu 95,0aA 91,0aA 93,0 82,5aA 72,0aA 77,2
IPR- Graúna 86,0bA 90,5aA 88,2 56,5cB 68,5aA 62,5
IPR- Chopim 90,5aA 82,0bB 86,2 75,5aA 76,0aA 75,7
IPR- Corujinha 93,5aA 85,0bB 89,2 73,0bA 62,5bA 67,7
Média 91,9 88,7 74,7 68,55
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott e
maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Quanto ao resultado da germinação de sementes no teste de germinação, pode-se
observar que na avaliação ao nono dia após instalação do experimento em nível ideal de
fósforo proporcionou a formação de três grupos estatísticos, sendo que 10 compuseram
o grupo estatístico de maior média de germinação variando entre 90,0 a 75,5%. Dentre
os cultivares que compuseram este grupo estatístico e que obtiveram resultados de
germinação acima do limite mínimo de 80% exigido para comercialização encontram-se
IAC-Carioca Tybatã, IAC-Carioca Eté, Tangará, IAC-Centauro, IPR-Juriti, IPR-Tiziu,
IAC-Diplomata e IPR-Colibri. Os cultivares IPR-139, IPR-Eldorado e IPR-Graúna
compuseram o grupo de menor média de germinação com valores variando de 60 a
48
56,5%. No ambiente com baixo nível de fósforo, 13 genótipos formaram o grupo
estatístico que apresentou maior média de germinação com valores oscilando entre 80,0
a 67,5%. Os cultivares IPR-Colibri e IAC-Carioca Eté apresentaram germinação
superior a 80%. Desdobrando nível de P dentro de cultivar, observa-se que a maioria
dos cultivares não responderam ao acréscimo do P. Para os cultivares IPR-Eldorado e
IPR-Graúna, o incremento de fósforo mostrou-se prejudicial e resultou em decréscimo
na taxa de germinação das sementes. Desta forma, verificou-se que os cultivares IAC-
Centauro, IAC-Carioca Tybatã, Tangará, IPR-Saracura, IAC-Boreal e IAC-Diplomata
foram favorecidos quanto à capacidade germinativa pelo incremento de P. Vieira (1986)
observou que os teores de P no solo onde as sementes foram produzidas não
influenciaram no teste de germinação. No entanto, Vieira et al. (1987) observaram
menor potencial fisiológico de sementes quando as plantas foram submetidas a estresse
de nutriente. Kikuti et al. (2006) constataram a falta de efeito positivo da adubação de
base na germinação de sementes em oito dos 25 genótipos de feijão comum avaliados.
Observa-se que bom desenvolvimento inicial detectado no teste de primeira
contagem, não resultou necessariamente em elevadas porcentagens de germinação aos
nove dias, pois as sementes ainda não tinham desenvolvido o suficiente para que se
pudesse diferenciar plântulas normais de anormais, sendo portanto, todas as sementes
quantificadas apenas como germinadas. Este aumento significativo de plântulas
anormais que acabou por resultar em baixas taxas germinativas nos ambientes estudados
pode ter sido maximizado pelo armazenamento das sementes sob condição natural,
comumente utilizado pelos agricultores familiares da região, em temperatura que podem
prejudicar a qualidade fisiológica das sementes, conforme pode ser visto na Figura 1.
Vale ressaltar que o nível de P influenciou de forma diferenciada na qualidade
fisiológica das sementes, demonstrando que para maioria dos genótipos o incremento de
fósforo não resultou em obtenção de sementes de melhor qualidade e que mesmo sob
estresse, as sementes de boa parte dos cultivares apresentaram qualidade fisiológica
satisfatória. Tais observações tornam-se interessantes aos agricultores familiares que
normalmente cultivam o feijão em condições limitantes de nutriente e armazenam suas
próprias sementes para a safra seguinte.
Diversos autores relatam a influência das condições adversas durante
armazenamento na qualidade das sementes. Fonseca e Silva (2004) constataram que o
Tocantins apresenta condições ideais para a produção de sementes de alta qualidade de
49
feijão na entressafra, porém, alguns fatores como à temperatura e umidade elevadas na
região não são favoráveis para o armazenamento de sementes em condição natural.
Martins-Filho et al. (2001) concluíram que a partir dos 120 dias de armazenamento de
sementes em condição natural com temperatura variando de 25 a 35ºC ocorre redução
significativa do vigor e germinação de sementes, sendo que a redução da taxa
germinativa está diretamente ligada ao aumento da atividade das enzimas. Segundo
Bragantini (2005) a temperatura influência na conservação das sementes armazenadas,
pois a maioria das reações químicas são aceleradas com o aumento da temperatura.
Santos et al. (2005) verificaram que durante o armazenamento de sementes em condição
natural a atividade de algumas enzimas mantêm-se estável ou diminui para os cultivares
mais vigorosos, pois a alteração do padrão destas enzimas evidenciam ocorrência de
eventos deteriorativos.
Figura 1. Precipitação acumulada (mm), temperaturas (ºC) mínima e máxima
verificadas durante o cinco meses de armazenamento de sementes de feijão em condição
natural. Gurupi-TO, 2010 (Fonte: Estação Climatológica de Gurupi-TO).
Estudo realizado por Rava et al. (2005) verificaram que as sementes de feijão
produzidas no Tocantins e, armazenadas em ambiente natural em períodos prolongados
ocasionaram um decréscimo significativo da germinação e somente as sementes
conservadas a 10±2°C mantiveram a germinação acima de 80% durante os cinco meses
de armazenamento. Santos et al. (2005) concluíram que existem cultivares com
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
0
50
100
150
200
250
300
out/10 nov/10 dez/10 jan/11 fev/11
Tem
pe
ratu
ra (
°C)
Pre
cip
itaç
ão (
mm
)
MESES
PREC Tª MAX Tª MIN
50
diferentes aptidões para a manutenção da qualidade fisiológica durante o
armazenamento.
Com relação os resultados de viabilidade de sementes obtidas por meio do teste
de tetrazólio (Tabela 3), observou-se a formação de dois grupos estatísticos, sendo que o
de maiores médias composto por seis cultivares (Tangará, IAC-Carioca Eté, IPR-
Chopim, IPR-Corujinha, IPR-Tiziu e IPR-Colibri) e o de menores médias composto por
13 cultivares.
Tabela 3. Resultados médios de sementes viáveis (tetrazólio) e massa de mil sementes
(M1000) de 19 cultivares de feijão comum, cultivados em ambiente de alto e baixo nível
de fósforo. Gurupi - Tocantins, 2010
Genótipos
Tetrazólio (%) M1000 (%)
Alto P Baixo P Média Alto P Baixo P Média
IAC- Centauro 97,5 92,0 94,7b 244,2cA 215,6cB 229,9
IAC- Diplomata 97,5 93,5 95,8b 236,1cA 217,1cA 226,6
IAC- Galante 96,5 94,0 95,2b 282,4bA 235,9cB 259,2
IAC- Boreal 95,0 96,0 95,5b 490,5aA 437,6aB 464,1
IAC-Carioca Eté 98,0 98,5 98,2a 210,6cA 203,6cA 207,1
IAC- Una 95,0 95,5 95,2b 238,7cA 221,0cA 229,9 IAC- Carioca Tybatã 95,0 89,5 92,2b 237,3cA 215,0cA 226,2
IPR- Saracura 98,5 87,5 93,0b 216,8cB 242,9cA 229,9
IPR- Juriti 96,0 94,0 95,0b 251,0bA 211,9cA 231,4
IPR- Colibri 95,5 97,5 96,5a 230,3cA 229,1cA 229,7
IPR- Eldorado 94,5 94,5 94,5b 262,5bA 228,2cB 245,3
IPR- Siriri 94,0 95,0 94,5b 249,2bA 235,4bA 242,3
Tangará 100 98,5 99,2a 268,2bA 263,2bA 265,7
IPR- 139 95,5 92,5 94,0b 275,7bA 257,8bB 266,7
IPR- Gralha 92,5 94,0 93,2b 231,5cA 222,3cA 226,9
IPR- Tiziu 98,5 95,0 96,7a 216,9cA 201,2cA 209,1
IPR- Graúna 94,5 94,5 94,5b 238,7cA 218,4cA 228,6
IPR- Chopim 97,5 97,0 97,2a 222,1cA 216,5cA 219,3
IPR- Corujinha 100 94,0 97,0a 226,1cA 220,8cA 223,4
Média 96,3ª 94,3B 254,3 236,5 Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste Scott-Knott
e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Observa-se que, apesar da elevada viabilidade das sementes detectada por meio
do teste de tetrazólio (Tabela 3), e confirmado pela primeira contagem (Tabela 2), a
germinação não foi considerada adequada, ou seja, de no mínimo 80% para a maioria
dos cultivares. Tal observação pode ser explicada pelo fato de que nem toda semente
identificada como viável foi capaz de originar plântulas normais, sendo que, os níveis
51
de vigor e temperatura são fatores que podem ter influenciado no aumento de plântulas
anormais.
Com relação à característica de massa de mil sementes, nota-se que no ambiente
de alto nível fósforo os resultados variaram entre 490,5 a 210,6g. O cultivar IAC-Boreal
apresentou superioridade com relação aos demais. Isto se deu provavelmente devido a
característica genética da própria cultivar, que constitui de sementes maiores, por isso
enquadra-se na classe de sementes especiais do grupo comercial rajado vermelho. No
entanto, 13 dos 19 cultivares estudados compuseram o grupo que apresentaram
inferioridade na massa de mil sementes. No ambiente de baixo nível de fósforo o
cultivar IAC-Boreal destacou-se dos demais cultivares com 437,6g de massa de mil
sementes, sendo que, o genótipo IAC-Carioca Eté foi o que apresentou a menor massa
de mil sementes com 203,6g, apesar de não diferir do cultivar IPR-Colibri com 229,1g.
Quanto ao desdobramento dos ambientes dentro de cultivares, observou-se que não
houve diferenças significativas para a maioria dos genótipos avaliados, sendo que os
cultivares IAC-Boreal, IAC-Galante, IAC-Centauro, IPR-Eldorado e IPR-Juriti
responderam positivamente ao acréscimo de P. Para o cultivar IPR-Saracura o
incremento de P mostrou-se prejudicial com redução no peso das sementes. Isto se deu
provavelmente pela natureza genética do genótipo, que não respondeu ao acréscimo de
P. Vieira (1986) encontrou sementes com maior massa em plantas cultivadas em solo
com altos teores de fósforo.
52
CONCLUSÕES
Entre os cultivares houve desempenho diferenciado quanto à qualidade
fisiológica de sementes de feijão.
Para maioria dos cultivares o incremento de fósforo não resultou em melhoria na
qualidade fisiológica as sementes produzidas.
Os genótipos IAC-Carioca Tybatã, IAC-Carioca Eté e Tangará produziram
sementes de melhor qualidade fisiológica.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Tocantins – UFT e a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.
53
REFERÊNCIAS
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Feijão. Santo António de Goiás, 2005. (Documentos/Embrapa Arroz e Feijão, ISSN
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Sementes de feijão: produção e tecnologia. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA, 2000.
56
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, o presente estudo forneceu subsídio para a indicação e recomendação
dos melhores cultivares de feijão comum para o Estado do Tocantins para os sistemas
produtivos de baixo, médio e alto nível tecnológico. Além de conhecer o efeito do
fósforo na qualidade fisiológica das sementes produzidas e armazenadas no Estado do
Tocantins. Deste modo, as informações contidas nesta pesquisa poderão ser utilizadas
de forma prática pelos agricultores da região para um melhor desenvolvimento e
estabelecimento da cultura, visto que, os agricultores familiares comumente cultivam o
feijoeiro em condições limitantes de nutrientes e armazenam as próprias sementes para
safras seguintes.