Fundações rasas

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1.1 INTRODUOA apresentao do histrico da matria a queuni livro se prope, em seu capitulo inicial, obrigaa que este seja necessariamente conciso. Aconteceque fundaes (ou infra-estruturas) so coisas queno subsistem por si ss, so sempre fundaesde alguma coisa (superestruturas). Dai o histricocondensado precisar, tambm necessariamente,incluir algo sobre superestruturas, embora de maneiramais singela e mais concisa ainda. Se, mais,considerar-se que as prticas tanto de super comode infra-estruturas sempre tiveram fone conotaocultural, resulta claro, de tudo isso, que uma histriatia tcnica das fundaes deve ser maisconceituai do que factual; no sentido de que, ligada cultura do homem desde a pr-histria, foiformando seus conceitos como snteses de todauma vasta e multimilenar experincia construtiva.Este saber emprico foi se acumulando ao longodos tempos, e o fato de existirem, ainda hoje, muitasde suas construces, datadas de muitos sculos,mostra o valor e a importncia dessa experinciaacumulada. Sabemos que, salvo precursoras contribuiestratando de presses de terras (Vauban,Blidor e sobretudo Coulomb), s no sculo passadotal experincia recebeu significativas contribuiesde cincias afins (mesmo sem esqueceros valiosos subsdios gerais de sbiosVdoRenascimento, como Leonardo e Galileu e at daAntigidade, como Arquimedes, e s neste sculoXX foi cientificamente teorizada na engenharia.A chamada Geotecnologia, como coroamentode tudo isso e como parte da cincia e da arte doengenheiro, de nossos dias.1.2 PR-HISTRIA E HISTRIA ANTIGAMais sensvel ao clima que outros animais doPaleolitico, o homem procurou abrigar-se primeiroem grutas e cavernas e, onde no existiam, tratoude improvisar abrigos imitando-as, pois algunstinham os seus pisos a mais de 2 m abaixo donvel do terreno adjacente, enquanto outros eramescavaes verticais, como poos rasos. Assim, provvel que, no Neoltico, quando o homem quena idade anterior j aprendera a lascar a pedra e.agora sedentrio, construiu suas primeiras cabanas.j tivesse alguma noo emprica sobre a resistnciae a estabilidade dos materiais da crostaterrestre. Tais choupanas eram de madeira, levesportanto, mas quando construdas beira dos lagos,sobre estacas elevadas as pai a fitas . devem terproporcionado idias adicionais sobre a resistnciado solo. Cabanas feitas de pedra eram mais raras,s onde no havia madeira ou em stios batidospor ventos intensos. Novas experincias devem terproporcionado as construes megalticas da Idadedo Bronze, como as de Sronehenge. mas principalmentenos zigurates dos sumiios e seus sucessoresna Mesopotmia. J antes, no Neoltico, ohomem usara principalmente a terra para construirpequenos montes chatos e largos, em geralpara jazigos, conhecidos na Europr. como tumnli.mas encontrados tambm nas Amricas pr-histricas.No Brasil, coisas semelhantes foram ossambaquis ou casqueiros. Todavia, ainda no incioda Idade do Ferro, as construes de madeira eramcomuns, mas o fato importante da idade dos metaisfoi que estes propiciaram as ferramentas para o tratodos materiais e para perfurar o s o b (encontradastambm entre os Incas), facilitando a introduodas precursoras das estacas de hoje. A propsito daspalafitas, acredita-se hoje que no ficavam sobre estacasdentro d gua, mas sobre andas (espcie de "pernasde pau") s margeas dos lagos, pois foram encontradasvrias de suas plataformas superpostas, sugerindoreconstruo aps ruptura uii apodrecimentode suas pernas de sustentao. Essa prtica desuperposio, mas como aproveitamento de algo jfeito, estendeu-se a fundaes de obras da Antigidade,como se ver.Nos antigos imprios do Oriente Prximo, osmateriais de construo passaram a ser o tijolocermico e a pedra, aquele na Mesopotmia e estano F.gito. Os terrenos que recebiam suas construesmaiores e mais pesadas em geral cediam e asconstrues miam ou eram demolidas, com po>-terior aproveitamento dos escombros, uma vez queno havia fundaes preparadas, como em pocasmais modernas se passou a fazer. Assim, obrascomo as de palcios e templos eram assentes sobrefundaes arrumadas com restos de outras estruturasou paredes, misturados com terra e tudosocado. Assim, as edificaes eram sucessivamentecolocadas umas sobre as outras, ou melhor, o restodestas, resultando, no tempo, um escalonamentode acordo com suas idades. No obstante, muitaspermaneceram ao longo dos sculos, a despeitode certos arqueologistas opinarem que essas fundaes,tanto cm qualidade como em profundidade,eram uma das caractersticas mais fracas datcnica construtiva de ento. Data dessa poca,cerca de 17 sculos A.C., o primeiro cdigo dcobras conhecido, ode Ha mura bi, rei da Babilnia.Nele as deficincias construtivas j apontadas serefletem nas duras penalidades a que estavamsujeitos os construtores cujas obras fracassassem.Dos imprios do Oriente Prximo, o seguinte seriao dos hititas, que nada deixaram digno dc registro.a no ser uma estrada calada na sia Menore, como precursores, um tipo de fundao dcblocos de pedra aparelhados e dispostos em camadas,muito mais tarde usado pelos gregos como nome de ortostatos.Dc um modo geral, cientes das dificuldades, principalmenteem terrenos fracos, procuraram osantigos, onde era possvel, como cm casas, aliviaras estruturas sobre as fundaes; estas iam desdefaxinas simples dc canios at fundaes feitascom tijolos secos ao sol (tijolos crus, cm oposioaos tijolos cozidos cm fornos que vieram depois)assentados com barro, muitas vezes em misturacom betume e mastique (Dcrry e Williams, 1%1).Com o tempo descobriram que aqueles tijolospodiam ser melhorados cm sua resistncia ( trao)bem como dc trincas de secagem, pela adiodc palhas sua massa (adobe), como tambmque, intercalando os mesmos canios entreas camadas dc tijolos, o conjunto passava a funcionarmelhor como bloco, principalmente nosrecalques. Os tijolos tambm evoluram, passandoa ser cozidos em fornos, como foi dito.Um tipo dc construo que se encontra desde oPaleoltico, estendendo-se pelo Neoltico e Antigidade, o agrupamento dc habitaes cm formacircular, escavado s vezes at 1 m abaixo donvel do terreno e com furos centrais ou perifricospara os postes (s vezes, ossos de mamute)que sustentavam o teto das cabanas. Nestes furosas fundaes individuais eram o prprio terrenoou sobre pedras, o que depois evoluiu para paredesde pedra de 60-80 cm de altura volta dascabanas, com fundaes corridas, portanto, Esteestgio construtivo curioso, pois se revela maiscomo estgio cultural do que histrico, uma vezque se estende desde restos encontrados na EuropaOcidental, Chipre, Rssia, China, Japo, atconstrues !>em mais modernas, bastante semelhantes,dc ndios sul-americanos e de lapcs.I.3.A. AS FUNDAES NA IDADE CLSSICAOs gregos, a despeito da beleza de sua arquitetura,pouco inovaram tcnica e materialmente, ano ser no uso do mrmore e da pedra calcria eno trato das pedras em geral, pois se preocupavammais com a funo das parles construtivas.Suas primeiras culturas, a cretense e a miccnica,diferiam em seus palcios, como o dc Cncssos,que no eram fortificados em Creta, potncia insular,mas o eram em Miccnas, no Pcloponeso.Com isso os palcios crctenses eram ampliaesde suas casas, chegando estas ate trs pavimentos,fundadas sobre pedaos de pedras, paredesde tijolos crus com pilares de pedras c demaisestruturas de madeira. Suas culturas seguintes continuarambasicamente a usar os mesmos materiais.madeira e pedra, esta quando nas fundaes,em blocos rsticos ou aparelhados. Datam dessapoca as primeiras estradas caladas a pedra, canais,aquedutos e pontes, estas dc madeira, algumascom pilares de tijolos. de se notar que amadeira continuou a ser material importante, mesmoa partir do sculo VI A.C. quando a arquiteturagrega comeou a brilhar com seus prticos ecolunatas em seus palcios e templos travejadoscom vigas dc pedra, mas com tetos de troncosjustapostos e cobertos por colcho dc terra. Entretantoestes novos tipos construtivos eramconcentradores de cargas nas fundaes, que passarama ser feitas de blocos superpostos, cujaspartes superiores, aparentes, eram os chamadosortostatos. Estes se constituam de duas ou trscamadas de blocos alongados de pedras aparelhadascm ngulos retos, justapostos e, em geral,grampeados uns aos outros. A parte no visvelera formada por pedras menos aparelhadas e misturadas.por exemplo, com cascalho, mas o maisimportante que os ortostatos proporcionavammelhor distribuio das cargas nas fundaes, amavez que suas juntas verticais desencontradas tendiama uniformizar as presses, obviando, assim,recalques diferenciais. As fundaes menores, emvez de serem corridas, tinham sapatas isoladas (almofadasde pedra). Mas em lugares de terrenosfracos as escavaes recebiam, primeiro, uma camadadc terra misturada com cinzas de carvo (eat com este mesmo), uma camada de terraapiloada, ou mesmo uma mistura de calcrio molecom pedregulho. Muito mais raras eram as fundaescobrindo toda a rea de construo, em geralquando esta rea era toda carregada. Nesse casoeram formadas por camadas sucessivas de blocosou lajotas dc pedra apoiadas sobre uma camada defundo dc pedra e argila misturadas. Em alguns casosusaram estacas dc madeira, cravadas por mquinas.que se imagina sejam derivadas de mquinasdc guerra, usadas para perfurar muralhas e portes.Em Alexandria os gregos adquiriram mais aherana das tcnicas construtivas dos velhos imprios,mas foi cm Roma que a tcnica da construoem geral e das fundaes em particular avanou significativamente,pois estas passaram a recelx.*r maiscargas, em virtude de obras mais pesadas que asdos gregos. Isto se deu com a introduo do arco herana etrusca e da abbada, a preparao docimento romano a partir da mistura de pozolanacom calcrio, e da o concreto, pela adio depedaos de pedra ou de tijolos cozidos. Este novomaterial, o concreto, dadas suas excelentes condiesile moldagem, passou no s a ser empregadocm fundaes, como tambm na construode arcos e domos, entre estes o do impressionantePanteo de Roma (110-125 D.C.).Os arcos permitiram a construo de imponentesaquedutos e pontes que, juntamente comportos e as celebradas estradas e fortifcaes romanas,marcaram, pode dizer-se, o aparecimentoda engenharia civil e militar no mundo ocidental.Ao contrrio dos gregos que. com exceodo historiador Herdoto, pouco escreveramsobre construes, os romanos tiveram at umtratadista (no reinado de Augusto) da matria,na pessoa do engenheiro militar e arquitetoVitrvio ("De re architectura"). Sua obra traz,em vrios captulos, interessantes passagenssobre fundaes, em que trata desde suas questesmais simples como largura e profundidade esta maior do que aquela at preocupaocom a distribuio de suas cargas, como ainsero de uma base com dimetro de 1,5 vezo da coluna entre esta e a sua fundao, bemassim entre esta e a parede que sustenta etc.,denotando sempre preocupao com cargastransmitidas ao solo e a resistncia deste. Emduas passagens, v-se ter sido ele precursor dasfundaes por abbadas invertidas e dacompactao de terrenos fracos pela cravaode estacas de madeira, bem como do uso deensecadeiras para construir fundaessubaquticas. Tais ensecadeiras eram feitas deuma dupla fila de estacas (de troncos de rvores,mas dotados de ponta de ferro., com o espaoentre filas preenchido por argila amassadaem cestos de junco bem arrumados. A gua interiorera esvaziada por rodas de alcatruzes. Adiferena do que hoje se faz est apenas no usode estacas-pranchas metlicas e de bombas, emvez de rodas. As fundaes e os pilares eramconstrudos dentro delas com cimento pozolnicoe muitos desses pilares eram protegidos por corta-guas a montante, para evitar o solapamentode suas fundaes por eroso. A construo defundaes, primeiro com tijolos crus e depois cozidos,devidamente travadas, e em seguida comconcreto de cimento, cresceu e culminou com fundaescomo a circular do Coliseu, uma laje com170 m de dimetro, e a do Panteo, assente sobreuma viga de fundao em forma de anel de concreto,mais larga que as paredes, mas que mesmoassim apresentou problemas, obrigando a reforos.Os romanos, como os gregos, tambm usaramestacas de madeira como fundaes. Vitrvio,ao lado de varias recomendaes, diz apenas quedeviam ser cravadas por mquinas.Do ponto de vista da geotecnologia moderna deassinalar-se que tanto Vitrvio (1 sc. A.C.), como Plnio(I sc. D.C.) reconlieceram a existncia do atiito nasareias, principalmente nas de gros angulosos.1.4 A TCNICA NA IDADE MDIA E AT ORENASCIMENTOIodos os progressos tcnicos alcanados durantea idade clssica foram, infelizmente, bastantedescurados nos tempos medievais, tanto cm cuidadoscom dimenses e situaes, como com materiais.Dai um nmero considervel de colapsos(cm conseqncia de situaes desfavorveis) deconstrues, a despeito da beleza de suas fachadas.Muitas excederam a capacidade de carga deseus terrenos de fundao e as que no desapareceramapresentam-se hoje danificadas por trincasou inclinaes, ao passo que outras recalcaramexcessivamente. Menciona-se, por exemplo, queem virtude das caractersticas puramente casuais,principalmente das fundaes dessas obras, ascorporaes de construtores comumcnte s davamgarantia de, no mximo, dez anos contra riscosde colapso. Esse declnio nas artes de construir, segundo certos historiadores, caractersticamarcante do que chamam de a idade das trevase que, na Inglaterra (Dcrry e Williams, 1961),a fabricaco de tijolos foi virtualmente uma arteperdida em favor da pedra. Outros dizem que omelhor, no Ocidente, veio significativamente deConstantinopla, isto , da ininterrupta tradioconstrutiva dos romanos. Exemplo: a igreja deSanta Sofia. Tambm significativamente, manuscritosde Vitrvio (Marco Vitrvio foi lio) foramachados cm MM c publicados em 1486.Entretanto, as construes medievais eram grandes,como atestam seus castelos, e alguns progressossempre se verificaram. Em algumas dessas obrasde porte que tinham suas fundaes sobre faxinas,estas evoluram para verdadeiros assoalhos demadeira no fundo das escavaes levadas at onvel d gua. Em outras obras, como pontes, cmvirtude mesmo dos problemas j referidos, os cuidadosde construo de fundaes eram agorafacilitados pelo bombeamento das ensecadeiras,pelos bate-cstacas acionados por iodas de p oude gua e tambm pelo uso do cimento pozolnicoitaliano, impermevel. Onde a correnteza tornavadifcil a construo de pilares, optava-se por umarco nico, que assim foi aumentando de vo ate70 m. Tambm progrediram as fundaes sobreestacas de madeira, principalmente em equipamentos:por volta de 1250, Villard de Honnicourt inventouuma serra para cortar cabeas dessas estacasdebaixo dgua e, em M50, Francesco DiGiorgio projetou um bate-estaca j prximo dosmodernos.Esses progressos foram se acentuando pelos finsdos tempos medievais e em seu tratado De reaetlificatoria", de M85, Alberti vai at a construode eclusas cm canais. Veio o Renascimento,tambm no campo cientfico e ento fulgiram osgnios de Leonardo e Galileu. Leonardo da Vinci,na arquitetura, na construo c at na engenharia,apresentou projetos de bate-estacas eensecadeiras. Galilco Galilei, no s reuniu tudoque a cincia do sculo XVI tinha trazido para aarte da construo, mas tambm pelos seus estudossobre a flexo de vigas acabou por fundar aResistncia dos Materiais. O livro sobre tcnicasconstrutivas mais conhecido dessa poca, escritopor Philibert de 1'Orme ( 1561), tratava at de fundaesfluviais e martimas e j se intitulava: invenespara a boa construo e a baixo custo".1.5 MARCOS ANTIGOS, MEDIEVAIS ERENASCENTISTASDas construes que resistiram aos sculos, muitasapresentam algum tipo de deformao causadapor suas superestruturas em suas fundaes,por deficincias destas, ou por condies desfavorveisem seus terrenos de apoio. Krisel(Krisel. 19S5) aponta quatro situaes gerais:solosmuito compressiveis, taxas de compresso do soleelevadas (500-1000 kPa), momentos de tombamentonas superestruturas e conseqente carregamentoexcntrico das fundaes, e obras edi fica das emcima de taludes naturais. As conseqncias foramdeformaes como rachaduras, afundamentos(recalques lotais), inclinaes (recalques diferenciais)e deslizamentos. Relacionam-se, a seguir,alguns exemplos mais notrios, bem comt cenascondies supervenientes no tempo e no espao.Pirmides A maior existente, a de Quops,no Egito, est fundada sobre rocha e no temrecalques tpicos, embora as camadas de pedramostrem ligeira eurvatura, atribudas a deformaoelstica dc sua base. Antes dessa grande pirmide(150 m de altura), quatro outras foramconstrudas: Saqquarah, Meidum e as duasDahsluir (sul e none). As duas primeiras foramassentadas sobre rocha, tendo Saqquarah, nos seus70 m de altura, seis seqncias de pedras fortementeescalonadas. A pirmide de Meidum, hoje, o resto do que teriam sido trs formas anteriorescom 92 m de altura. uma das pirmides maisestudadas. J a terceira, Dahsluir Sul, foi fundadasobre argila rija e sofreu deformaes. Ela teriasido uma nova tentativa de pirmide perfeita, isto. com seus lados retos e no em degraus, masacnhrm com reduo dc altura (140 m :i 105 m) eseus lados encurvados. Isso talvez tenha levado construo da Dahsluir Norte, uma pirmide perfeita.com dimenses mais modestas e fundadasobre rocha. Essas quatro estruturas representariamassim um desenvolvimento de cerca de umsculo, a partir de 2700 A.C.. que se coroou com agrande pirmide de Quops. As outras duas quecom ela so conhecidas como as trs pirmidesde Giz (a primeira das sete maravilhas do mundoantigo), respectivamente de Qufrem e deMiquerinos, so posteriores, nessa ordem, e menores.Vale lembrar que se a pirmide de Quopspoderia ser considerada como a maior construcoisolada antes do sculo XX, Sowers (Sowers, 1981),apresenta a pirmide de Tepanapa, cm Cholula,no Vale do Mxico, com quase o dobro na base,mas cerca da metade da altura daquela pirmideegpcia. Condies de fundao menos favorveisno Vale? (Ver Nota 1, em 1.11).Templos e castelos F.m contraposio ac queacaba de se ver, cita-se o pagode budista de PhraPatliom Chedi (Tailndia, c. 30o A.C.): com seovertical aproximadamente triangular, 115 m de alturae c. 5.000 MN de peso sobre uma base circularde 158 m de dimetro, fundado na argila mole deBangcoc, recalcou uniformemente 2.5 m. Dois outrospagodes, estes em forma de torres, so de mencionar-se: Suzliou (960 A.C.) e Longhua (977 D.C.),ambos na China. O de Suzliou inclinado, 'i7 mde alto, c. 50.000 kN de peso, sobre base octogonalde 5.2 ni de lado, fundado em argila de consistnciavarivel, cobrindo de 2,6 m a 5,8 m um taludenatural rochoso. Sua inclinao prossegue e, segundoKrisel (1985), a uma velocidade/ano vezesa da Torre de Pisa. requerendo estabilizao. Opagode de Longhua, com 40 m de altura, emborafundado em solo aluvial (representado por siltes eargilas moles), com presso admissvel de no maisque 80 kPa, no apresenta deformaes. Em virtudedisso, na dcada de 50, foi feita uma investigaorestrita que revelou uma base de alvenaria detijolos sobre leito de madeira, este por sua vez sobreestacas de madeira com reduzido espaamentoe profundidade desconhecida. De acordo comKrisel (1985), esta seria uma das primeiras fundaesem faxina cobrindo toda a rea de apoio eainda sobre estacas que se construiu no mundo. Omaior templo budista existente, Borobodur (.lava,c. 800 D.C.), apresenta a peculiaridade de no sse apoiar mas tambm encobrir um outeiro de tufot apeado por argila, atravs de terraos escalonadose muros de arrimo. Teve problemas de estabi idadedevido ao clima chuvoso, principalmente comos muros de arrimo e sua restaurao, incluindodrenagem adequada, foi custeada pela Unesco.cujaequipe tcnica incluiu, naturalmente, engenheirosgeotcnicos.No Ocidente, devido a cargas excntricas nasfundaes (mas s vezes tambm defeitos estruturaiscomo observa Krisel (1985) sobre o col.psodas igrejas de Cluny III e Beauvais), so notves asdeformaes sofridas pelas Igrejas de Santa MariaIa Real dei Sur (Espanha), Vzeley (Frana) e IiigiaSofia (Istambul). Especial por suas caractersticasgeotcnicas, o mosteiro de York (Inglaterra), dizKrisel (1985), alm de um subsolo bem conhecido,apresentou problemas como o colapso da torreprincipal, tombamento de paredes, recalquesdiferenciais devidos tanto a altas concentraesde cargas como a reas pr-adensadas por construesanteriores. Igualmente especial por sua posioa 100 m dc altura sobre o topo e ngremesencostas a abadia do Monte Saint Michel (entrea Normandia e a Bretanha). Suas fundaes noso conhecidas, mas o monte de granitofeldsptico c granulito sobre os quais se apoiam,do lado externo, notveis muros de an imo de conirafortes,maravilhas, como diz Krisel (1985), queparecem continuao das prprias encostas.Torres e campanrios Muitas construes emforma de torre eram. na maioria, campanrios e,por semelhana, minaretes e at obeliscos. Maissensveis aos problemas construtivos j apontados,vrias dessas torres se inclinaram e muitas desabaram;uma foi demolida em 1892 a Torre Nova deSaragoa, c.1500 D.C., altura de 56 m e inclinaode 4,6%. O curioso com relao a esta torre queteve problemas estruturais, pois suas fundaeseram perfeitas. Das que ruram. Krisel (1985) citanmeros impressionantes: de 200 s em Bolonha,apenas 30 permaneceram; em Veneza, a mesma coisac tambm algo semelhante na Espanha. Todavia.so as torres inclinadas as que despeitam maisinteresse geral, seja pelo resultado inesperado eduradouro de sua construo, seja pela sua beleza,como a de Pisa. Entretanto, o carter instvel demuitas delas torna difcil a obteno de dados, principalmentede seus terrenos de fundao. Salxr-se,por exemplo, que a taxa de inclinao da Torre dePisa aumenta quando se fazem sondagens nas suasproximidades. Esses subsolos variam desde 5 m deturfa at argilas firmes mas com lentes de gesso emprocesso de dissoluo. A primeira condio afetaa torre da igreja de Santa Catarina em I lambuigo,do XIII sculo, fundada sobre base de madeira suportadapor estacas de madeira que atravessam aturfa at a areia subjacente; com srios recalques einclinao de 6% foi subfundada em 1968. o queestabilizou a inclinao e minimizou os recalques.A segunda condio a da Torre de Asinclli, doano de 1100 em Bolonha, com 97 m de altura ebase de 9 m x 9 m sobre bloco de fundao de 5 mde altura e 10,4 m x 10,\ m e que se supe sobreestacas; sua inclinao de 6.5 seg/ano. Sua vizinha,a apenas 11 m de distncia e metade de suaaltura, a Torre de Gerisenda j se inclinou, entretanto,quase trs vezes mais. Outras torres inclinadasso: ainda na Itlia, a Ghirlandina, em Modena,do ano de 1099; com 88 m de altura e recalque nouniforme tem, em virtude disso, se inclinado at2.6%; a Torre de Nevyansk, na Rssia; a tia catedrale da igreja Marien em l.ubeck. Alemanha; e o campanriode St. Moritz, na Sua. Este. sobre taludenatural j com movimento extremamente lento (rastejoou "creep"), agravou esse movimento, sofrendoa torre rotao e translao. Uma primeira tentativade sust-la, com a construo de um grande murode p de contrafortes, no deu resultado. Uma segundafoi a ancoragem desse muro por tirantes notalude, apenas com sucesso parcial, pois a zona deancoragem, ela prpria, est sujeita a movimentos.O minarete Al-Halxla, em Mossul (Iraque, XI sculo),com inclinao de 9% foi estabilizado atravsde subfundao por estacas-razes, a custo dc inclinaesadicionais durante a refundaco. Quanto aobeliscos, o mais alto at hoje levantado (,M m). ode Axum (Abissnia), sabe-se apenas que datai Io deantes de Cristo, encontra-se tombado e paitido, semque se sailxi se desabou ou foi denulxido.Torre de Pisa Este famoso monumento,construdo lentamente de 1174 a 1350. apresentou,j com cerca de 10 m de altira, inclinaesque, entretanto, pareceram se estabilizar em 1186.enquanto os recalques continuavam lentamente.Em 1838 a torre foi dada como em equilbrio, oque se mostrou ilusrio, como se ver. Com 5^ mde altura e 15.700 toneladas de peso, exibindoexcelente trabalho em pedra e em rejuntamentos(o que, quando pobres, causou problemas em outrasobras inclinadas), foi, entretanto, deficientementefundada, apoiada a pouca profundidade,atravs de uma fundao em forma de anel de 20m de dimetro sobre um depsito aluvial de areiasilto-argilosa, no qual descarrega mais de 5 kg/cur (514 kPa, segundo Krisel). Abaixo dessa camada,uma outra de areia com lentes de argilasobreadensada do lado sul. exatamente o lado dasinc linaes predominantes, inclinaes que, comomostraram medies a partir de 1935. se do tambmem outras direes, parecendo, por vezes,cclicas. Ao mesmo tempo, essa rotao, hoje daordem dos 10%, ocasionou um recalque de cercade 3 m. A uns 8 m abaixo das fundaes existeargila a cujo adensamento tambm se atribuiu oque vem acontecendo. Outra explicao, mais aceita, a falta de capacidade de carga da areia defundao, o que levou as autoridades a fazerem,segundo Kiynine (Nota 2, 1.11), injees de cimentode alta resistncia, mais de 1000 t. atravsde 361 furos de 2", ainda segundo Krynine. Almdisso, uma vala aberta at quase 2 m de fundo aoredor da torre mostrou a gua tio lenol em movimento.o que proporcionou outra explicao, queseria a da eroso. Medidas mais recentes mostrarammovimento do terreno para SW nas vizinhanasda torre e. ultimamente, arquelogos descobriramuma tendncia a deslizamento na direo.Io leito soterrado de um canal nas proximidades.De qualquer maneira, o bombeamento de guado subsolo na rea foi suspenso, o que restabeleceuo nvel tio lenol fretico. Notou-se, ento,estabilizao dos recalques, o que conduz seguinteconstatao: antes, o momento de lombamentoaumentando com a inclinao e o recalque,este concorria para aumentar o momento resistentesobre a parte enterrada da toire, contribuintio. assim, para uma certa constncia na velocidadede inclinao; com a estabilizao dosrecalques, o momento de tombaiv.ento continuaaumentando sem aquela contribuio resistente edai a tendncia do terreno adjacente se moveracompanhando a torre. A complexidade e a seriedadetia situao do monumento tm motivadoseu estudo por parte de notveis personalidadesgeotcnicas e por vrios grupos internacionais. Em1972 foi feita uma competio internacional pelaestabilizao tia torre, sem deciso, a despeito demuitas propostas. Depois desse insucesso, constituiu-se uma comisso italiana, presidida por M.