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Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa "...pois nenhuma grande descoberta jamais foi aceita de imediato. Pelo contrário, na Medicina, parece que o reverso é verdadeiro, e todos devem passar por um período de aprovação e até censura antes que o que parece ser a verdade óbvia seja reconhecido por todos...Mas essas aceitação tão lenta impede que as descobertas verdadeiras sejam conhecidas e amplamente aceitas mais cedo, e muitas vidas são assim sacrificadas desnecessariamente." Frank Slaughter Sobre o Autor: Prof. Alexander Raspa da Silva - Fisioterapeuta graduado pela Unicid - Cirurgião-dentista graduado pela Umesp - Mestre em fisiopatologia pela faculdade de medicina USP - Especialista em dor orofacial e DTM pelo Conselho Federal de Odontologia - Lato Senso em Fisiologia pela faculdade de medicina ABC - Lato Senso em Patofisiologia pela faculdade de medicina ABC - Especialização em acupuntura pelo IBRAHO - Professor de Patologia geral e sistêmica da UNICID - Professor do primeiro estágio supervisionado em dor e disfunção cérvico-crânio-mandibular em curso de graduação para fisioterapeutas no Brasil - Coordenou o primeiro curso de lato sensu em Atm, cabeça e pescoço para fisioterapeutas no Brasil - Professor da Associação Brasileira Científica de Fisioterapia - Presidente da Associação Brasileira Científica de Fisioterapia - Professor de Tai Chi Chuan, Chi Kung e Yoga - Mestre em Hapkido (4º. DAN) pela World Hapkido Association 2 Introdução A Medicina Tradicional Chinesa se baseia em conceitos Taoístas e energéticos, os quais enfocam o indivíduo como um todo e como parte integrante do universo. Para ela, o indivíduo é constituído por um conjunto

Fundamentos Da Medicina Tradicional Chinesa

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  • Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa

    "...pois nenhuma grande descoberta jamais foi aceita de imediato. Pelo contrrio, na Medicina, parece que o reverso verdadeiro, e todos devem passar por um perodo de aprovao e at censura antes que o que parece ser a verdade bvia seja reconhecido por todos...Mas essas aceitao to lenta impede que as descobertas verdadeiras sejam conhecidas e amplamente aceitas mais cedo, e muitas vidas so assim sacrificadas desnecessariamente."

    Frank Slaughter

    Sobre o Autor: Prof. Alexander Raspa da Silva

    - Fisioterapeuta graduado pela Unicid - Cirurgio-dentista graduado pela Umesp - Mestre em fisiopatologia pela faculdade de medicina USP - Especialista em dor orofacial e DTM pelo Conselho Federal de Odontologia - Lato Senso em Fisiologia pela faculdade de medicina ABC - Lato Senso em Patofisiologia pela faculdade de medicina ABC - Especializao em acupuntura pelo IBRAHO - Professor de Patologia geral e sistmica da UNICID - Professor do primeiro estgio supervisionado em dor e disfuno crvico-crnio-mandibular em curso de graduao para fisioterapeutas no Brasil - Coordenou o primeiro curso de lato sensu em Atm, cabea e pescoo para fisioterapeutas no Brasil - Professor da Associao Brasileira Cientfica de Fisioterapia - Presidente da Associao Brasileira Cientfica de Fisioterapia - Professor de Tai Chi Chuan, Chi Kung e Yoga - Mestre em Hapkido (4. DAN) pela World Hapkido Association 2

    Introduo

    A Medicina Tradicional Chinesa se baseia em conceitos Taostas eenergticos, os quais enfocam o indivduo como um todo e como parteintegrante do universo. Para ela, o indivduo constitudo por um conjunto

  • de energias, provenientes do cu e da terra, que fluem por todo do corpo, eque devem estar em constante equilbrio; quando isso no ocorre, temosento a manifestao de Patologias. A Lombalgia, uma afeco muitofrequente, resultante de diferentes tipos de desequilbrios energticos e/ouagresses externas, e que ha muito tempo a Medicina Tradicional Chinesatenta cuidar. Para isso, ela lana mo de vrios recursos, tais como aacupuntura, a moxabusto, a farmacopia, a diettica, o tai chi chuan, e o qigong, em funo das teorias sobre as quais se fundamenta.

    1. Introduo1.1 Conceitos bsicos :

    A palavra acupuntura introduzida no Ocidente pelos jesutas aoretornarem da China, provm do latim, onde acus significa agulha epunctura, picar. Consiste portanto, em picar agulhas em pontos especiaisda pele, a fim de se obter uma resposta teraputica bem determinada.

    Os chineses denominam esse mtodo de Zhen Jiu, que significaagulha e fogo; ou seja, o uso de um recurso trmico, alm da agulha, paraestmulos dos pontos. Atualmente fala-se em moxabusto, que consiste nacombusto de uma pequena quantidade de p de artemsia vulgaris ousinensis.

    1.2 Histrico da MTC : 3

    A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) to antiga quanto ahumanidade. Pode-se dizer que ela existe desde quando o primeiro homempressionou e massageou seu corpo instintivamente ao sentir dor.

    O primeiro nome que a tradio guardou foi Fu Hi (2953 ac) fundadorda civilizao chinesa, ao qual foi atribudo a inveno da caa, e docozimento dos alimentos. Atribui-se a ele a criao dos oito hexagramas dolivro das mutaes-I Ching.

    Seu sucessor foi o Imperador Cheng Nong (2838 ac) o qual ensinous pessoas plantas curativas e assinalou as txicas.

    Os conhecimentos foram transmitidos por meio oral at a dinastiaChou (1122 a 256 ac) quando do aparecimento do Huang Di Nei Jing SuWen. No se sabe quem foi seu autor, mas supe-se que tenha sido escritopor muitos mdicos, cuja autoria fora atribuda ao legendrio ImperadorHuang Di . Esse livro contm toda base filosfica, cincia do diagnstico e

  • tratamento por meio de agulhas e moxa.

    Quase toda MTC se baseia no Nei Jing, o qual desfruta de grandeautoridade, pela riqueza de observaes que contm seus ensinamentossobre preveno e tratamento de doenas. Quase todas obras posterioresforam inspiradas nesse livro.

    Nesse mesmo perodo, o famoso mdico Pien Chueh descreveu aressuscitao de uma pessoa considerada morta, com o uso de agulhas.

    Numerosas passagens difceis foram retomadas no Nin Jing, atribudoa Pienn Tsio (300 ou 500 ac).

    Outra bibliografia que resistiu ao tempo foi a de Chouen yu yi,contemporneo de Pien Tsio. Ele soube diagnosticar especificamente umacirrose heptica, uma hrnia estrangulada, um ataque de gota, umahemoptise justificando a teraputica indicada em cada caso.

    No perodo de desunio (221 - 589) foi descrita a regra de diagnosepelo pulso radial. No incio da dinastia Han, assinala-se a existncia de uma mulhermdica, e as primeiras mulheres mdicas foram reconhecidas oficialmenteno incio do sculo XIV da dinastia Yuan. Esse fato mostra-se de sumaimportncia, uma vez que uma paciente do sexo feminino no podia despir-se diante de um mdico. Normalmente, as chinesas utilizavam esttuas oubonecas para indicar a ele o local onde sentiam dor. 4

    No final da dinastia Han, foi escrito Chang Tsung Jing, livro quedescreve o tratamento da malria pela acupuntura, moxa, ervas e dequimioterpicos.

    Na dinastia T'ang (sec. VII a VIII) a medicina atingiu seu apogeu,dividindo-se em quatro especialidades. Primeiro vinham os mdicos epulslogos que tratavam da medicina interna e externa, doenas pediatricas, da boca, nariz e garganta. Depois vinham os acupuntores, seguidos dosmassagistas, que tambm utilizavam tcnicas respiratrias e de reduo defraturas; e por ltimo, os geomancistas e mestres em sortilgios.

    Na dinastia Sung (960 - 1279) o Rei Sung Jen Tsung foi curado pelaacupuntura e passou a dar-lhe grande importncia. Ordenou a um mdicofamoso, Wang Wei Yi, organizar escritos sobre o assunto, bem como mapase diagramas dos meridianos. Instituiu a primeira faculdade de acupuntura efoi confeccionado esttuas de bronze para exame dos estudantes.

    Na dinastia Ming (1368 - 1643 dc) foi publicado o Zhen Jiu Da Cheng

  • (grande perfeio das agulhas e da moxa) escrito por Yang jizhou, quefornece resumos de todas as obras conhecidas, desde o Nei Jing at seuaparecimento.

    Na dinastia Chin (l649 - l9l0 d.c.) Fan Pei Lan escreveu sobretratamentos combinados das ervas e moxabusto e selecionando pontossimples. Os governantes desta dinastia baniram a pratica da acupuntura, aqual continuou a ser praticada clandestinamente.

    A medicina ocidental provou sua eficincia em assuntos comoepidemia e operaes cirrgicas, o que atraa os estudantes. As escolas demedicina tradicional foram aos poucos, sendo abandonadas, e aps arevoluo de 1912 s restavam oito.

    De 1945 a 1949 ocorreram lutas entre as duas foras que disputavamo poder poltico: Chiang Kai Shek (revolucionrio) e Mao tse tung(comunista). Em primeiro de outubro de 1949 foi proclamada a RepblicaPopular da China sob a liderana de Mao Ts.

    No ano seguinte, desencadeou-se uma revoluo sanitria pelo Icongresso Panchins dos trabalhos da sade pblica, onde preconizou-se aprofilaxia, a ateno mdica voltada principalmente a operrios,camponeses e soldados, e ainda uma colaborao entre mdicos deformao ocidental e oriental. Dessa maneira, a medicina tradicional eraoficialmente reconhecida. 5

    Com a china saneada, reorganizaram estudos mdicos, construramfaculdades, escolas e colgios mdicos nas grandes cidades, e Mao tsdefiniu que a linha a ser seguida era a coexistncia da medicina popular e amedicina moderna.

    "Embora Mao ts tenha promovido a associao da MTC com amedicina do oeste, a china atual no adimite os conceitos taostas, queesto descritos nos textos clssicos sinomdicos, muito antigos, e noentanto, to atuais ....". (Dulcetti , 1993).

    Em l974, foi criado em Pequim um instituto de pesquisa cientfica emmedicina tradicional, e at 1958 j haviam 27 institutos semelhantes comobjetivo de determinar o valor da medicina popular atravs de metodoscientficos modernos.

    Em 1958 comeou-se a praticar analgesia por acupuntura. Realizou-se a primeira amigdalectomia sob analgesia por acupuntura, com sucesso.O mtodo extendeu-se para cirurgias bucais, tireoidectomia, herniorrafia,remoo de tumores cerebrais, cirurgias de trax, abdomem, pelvis e

  • extremidades. Os chineses surpreenderam o mundo ao mostratem pela TVum de seus compatriotas sorrindo sobre a mesa cirrgica enquanto erasubmetido uma gastrectomia atravs da analgesia acupuntural.

    1.3 As teorias bsicas da MTC

    1.3.1 Dao ou Tao

    Tao a realidade e a energia primordial do universo, o fundamento doser e do no ser. Conforme escreveu Chuang ts:

    "O Tao possui realidade e clareza, mas nenhuma ao ou forma.Pode ser transmitido, mas no recebido. Pode ser atingido, mas no visto.Existe por si e atravs de si. Existia antes do cu e da terra, na verdade, portoda a eternidade. Ele a razo da divindade dos Deuses e da criao domundo. Est acima do znite, mas no lhe inferior. Embora mais velho doque o mais idoso, no velho". 6

    Os chineses acreditavam na existncia de uma realidade ltima que subjacente e que unifica todas as coisas e fatos que observamos,denominada de Tao.

    O Tao o processo csmico no qual se achavam envolvidas todas ascoisas; o mundo visto como um fluxo contnuo, uma mudana contnua.

    Existem padres constantes nessas mudanas, que podem serobservados pelos homens. O sbio reconhece esses padres e dirige suasaes de acordo com eles. Assim, ele se torna "Uno com o Tao", vivendoem harmonia com a natureza e obtendo sucesso em tudo que realiza.

    Lao ts ensina que Tao (cujo significado pode ser "caminho") nopassa de um termo aceitvel para o que fora melhor chamado "oInominado". Nada lhe predica sem comprometer sua integridade. Dizer queexiste excluir o que no existe, apesar de o vazio ser sua verdadeiranatureza. As palavras limitam, e Tao no tem limites.

    A caracterstica principal do Tao a natureza cclica de seumovimento e sua mudana incessantes. Essa idia a que todos osacontecimentos na natureza apresentam padres cclicos de ida e vinda, deexpanso e contrao.

    A idia de padres cclicos no movimento do Tao recebeu uma

  • estrutura precisa com a introduo dos opostos polares Yin e Yang. Todasmanifestaes do Tao so geradas pela interrelao dinmica dessa duasforas polares.

    1.3.2 Energia Qi:

    H milnios foi desenvolvido no Oriente, um sistema filosfico,cultural, religioso e cientfico, relacionando uma energia com todas as coisase especialmente com os seres vivos. Essa energia conhecida como Ki noJapo, Qi na China, Prana na ndia e atualmente bioenergia no Ocidente.

    Os orientalistas que se referem aos escritos cosmolgicos efilosficos, traduzem Qi como sopro, o sopro original que originou Yin-Yang, mas os acupuntores preferem utilizar a palavra "energia".

    Qi d origem ao cu e a terra: os sopros ligeiros, mais Yang, sobem eformam o cu, enquanto os sopros pesados, mais Yin, descem e formam aterra. Entre o cu e a terra se encontra o homem, com energia prpria esubmetido s leis do cu e da terra. 7

    1.3.2.1. Os tipos de energia (QI) :

    Apezar da energia Qi ser nica, podemos classific-la em 3 tipos,segundo suas funes:

    A energia ancestral, ou, Yuan Qi, nasce da unio do vulo com oespermatozide e traz o cdigo gentico para cada ser. Ela decrescedurante a vida e seu esgotamento responsvel pela morte no acidental.Yuan Qi, se encontra principalmente na regio inferior do abdomem,estando presente tambm em todas clulas do corpo.

    A energia ancestral, aps o nascimento, ainda precisa ser completadapelo Qi da nutrio.

    A energia da alimentao Yong Qi, a energia essencial, provenientedo ar (Yeung Chi) e dos alimentos (Kou Chi).

    A energia defensiva, ou, Wei Chi, responsvel pela proteo edefesa do organismo, ou seja, imunidade.

    1.3.2.2. O Triplo Aquecedor :

  • O Triplo Aquecedor (T.A) ou Triplo Reaquecedor (T.R.) conhecidotambm como trs forneiros, trs queimadores e trs sedes de energia.

    Quanto ao T.A., devemos entender uma funo tripla que inclui osistema respiratrio, digestivo e gnito-urinrio.

    O T.A. tem por funo manter a vida pela integrao ao corpohumano da energia absorvida do ar e dos alimentos.

    O Yuan Qi passa pelo T.A., e em cada nvel ( superior, mdio einferior), atravessa as vsceras (Zang F), provocando atividade funcional decada uma delas. Desse modo, permite a digesto, a assimilao, adistribuio e a excreo das guas e dos alimentos.

    A sede supeiror se situa no trax acima do diafragma, e responsvel por assimilar a energia do ar; a sede mdia, se situa entre odiafragma e o umbigo, e sua funo produzir energia a partir da absoro 8

    dos alimentos e eliminar resduos da digesto para a sede inferior; a sedeinferior se situa entre o umbigo e o pbis. tambm conhecida comocampo de cinbrio. responsvel pela reproduo, eliminao de resduose elaborar a energia defensiva Wei, alm de conter a energia ancestral.

    1.3.2.3 - As energias perversas :

    Cada estao do ano tem uma energia prpria que lhe caracteriza eage predominantemente em cada uma das funes:

    No vero o calor ; na quinta estao a umidade ; no outono a secura;no inverno o frio e na primavera o vento. Sendo normais em suas estaes,estas energias so ditas "perversas" quando se manifestam em outraestao, porque afetam de maneira negativa as funes orgnicas,desequilibrando-as se a energia defensiva no estiver forte, provocandofenmenos Yang (excesso) quando atuam alm da estao e fenmenosYin (insuficincia) quando aparecem atrasadas.

    1.3.3 Teoria do Yin-Yang :

    A partir de uma energia nica, temos uma diferenciao em duasenergias: Yin e Yang, que so ao mesmo tempo opostas e complementares.

    Assim, o cap. 42 do Tao Te King, descreve a criao do mundo:

  • O Tao deu origem a um um deu origem a dois dois deu origem a trs trs deu origem aos 10.000 seres os 10.000 seres carregam o Yin nas costas e abraam Yang.

    O significado original das palavras Yin e Yang correspondia aos ladosensolarado e ensombrado , respectivamente de uma montanha.

    Todos os fenmenos da natureza so constitudos pelo movimento etransformao dos dois aspectos opostos do Yin e do Yang, como dia enoite, o tempo claro e o sombrio, o calor e o frio, a atividade e o repouso.

    A teoria do Yin e Yang classifica fenmenos e manifestaes segundovrios critrios, dentre eles : 9

    1 ) Conforme caracteres fsicos

    Tudo que animado, em movimento, exterior, ascendente, quente,luminoso, funcional, tudo que corresponde a ao Yang.

    Tudo que est em repouso, tranquilo, interior, descendente, frio,sombrio, material, tudo que corresponde a uma substncia (matria) Yin.

    2 ) Conforme a natureza da manifestao

    O cu est no alto, assim Yang; a terra por estar embaixo Yin.

    A gua de natureza fria, escorre, Yin. O fogo de naturezaquente, suas chamas se elevam, Yang.

    3 ) Conforme as transformaes

    Em princpio, o Yang transforma-se em Qi, e o Yin torna-se forma,matria.

    O Fato de pertencer a Yin ou Yang relativo, pois por um lado, Yinpode transformar-se em Yang, e vice-versa, e por outro lado, todosfenmenos podem se fragmentar em partes Yin e em partes Yang. Porexemplo, o dia Yang, mas a manh Yang dentro de Yang, e a tarde Yin dentro de Yang.

    A teoria Yin-Yang quando aplicada ao corpo humano, faz uma

  • diferenciao entre rgos (Zang) e vsceras (F) , sendo que os primeirosapresentam caractersticas Yin e os segundos, caractersticas Yang.

    Segundo George Souli de Mourant, as vsceras (F) cujo ideogramaChins denota a idia de "talher", so assim denominadas porquetransformam em energia e sangue os materiais que recebem do exterior. Ofato de estarem em relao com o exterior e fabricarem energia, ascaracteriza com sendo Yang. J os rgos (Zang) cujo ideogramarepresenta "tesouro", presidem a purificao e circulao do sangue;apresentam caractersticas Yin, por controlar a vida interna (Yin) e o sangue(Yin).

    Os rgos so representados pelo pulmo, corao, fgado, bao-pncreas, rim e circulao-sexualidade (o qual no um rgo real, massim uma funo que controla todas energias yin, alm das funescirculatrias e gnito-urinrias). 10

    As vsceras (F) so: estmago, intestino delgado, intestino grosso,vescula biliar, rim e triplo aquecedor.

    Entendendo-se que a doena resultado do desequilbrio Yin-Yang,os mtodos de acupuntura devem visar reestabelecer o equilbrio entre osdois elementos.

    As doenas que possuem caractersticas Yang, so agitadas, fortes,quentes, secas, hiperfuncionantes e agudas. As que possuemcaractersticas Yin, so calmas, fracas, frias, midas, hipofuncionantes ecrnicas.

    1.3.4. Teoria dos cinco elementos :

    Essa teoria considera que a natureza constituda de cincoelementos bsicos: madeira, fogo, terra, metal e gua, existindo entre elesuma relao de interdependncia e interrestrio gerrando assim um estadode constante movimento e mutao.

    Os elementos geram-se mutuamente na seguinte ordem: a madeiragera o fogo; o fogo gera a terra (sua combusto produz cinzas); a terra gerao metal (estes nascem na terra); o metal gera gua (quando se liquefaz); agua gera a madeira (pois a nutre); e a madeira gera o fogo (ao se queimar)fechando o ciclo, Ao elemento gerador, denominamos de "elemento me",e ao elemento gerado denominamos de "elemento filho". Por exemplo, amadeira filha da gua e me do fogo.

  • Esse constante movimento de gerao levaria o universo a umdesequilbrio. Para frear esse processo, temos a lei da dominncia agindosimultneamente :

    A madeira domina a terra (as razes das rvores a penetram); a terradomina a gua (absorvendo-a); a gua domina o fogo (apagando-o); o fogodomina o metal (fundindo-o); e o metal domina a madeira (a lmina domachado abate a rvore).

    Em certos casos, pode aparecer o fenmeno da contra dominncia,onde o dominado passa a dominar por uma deficincia do dominante, ouento, por um excesso do dominado o dominante passa a ser inibido. 11

    Qualquer fenmeno, objeto, ou manifestao existente na naturezapode cair dentro da esfera de algum desses elementos. Assim, por exemplo,as estaes, as cores, os tons musicais, os rgos, os sabores, e outros.

    H mais de 2600 anos j haviam descries da classificao dosrgos segundo os cinco elementos, no Livro de Ouro do Imperadoramarelo.

    Assim, o fgado pertence ao elemento madeira; o corao ao fogo; obao-pncreas pertence terra; o metal ao pulmo e os rins gua. Dessemodo, o Qi dor rins alimenta o fgado (madeira); este estoca sangue paraajudar o corao (fogo); o calor do corao vai aquecer o bao-pncreas oqual transforma a essncia (energia) dos alimentos que vai encher o pulmo(metal). o Pulmo purifica auxiliando os Rins (gua).

    Os estados psquicos tambm esto associados aos cinco elementos.Assim, a clera (raiva) ao elemento madeira; a alegria ao fogo; a reflexo aobao; a tristeza ao pulmo; e o medo aos rins.

    1.3.5. Teoria dos meridianos :

    Cada funo possui na superfcie do corpo uma srie de pontos, queligados entre si, constituem os meridianos.

    O ideograma utilizado desde a antiguidade para designar essas linhasde pontos, est composto por elementos que do a idia de alinhamento, epronuncia-se "Tsing".

    George Souli de Mourant, cita em seu livro texto as seguintesobservaes clnicas :

  • 1 ) Quando um rgo est alterado, existe uma srie de pontos quese tornam sensveis, e formam uma linha;

    2 ) Em pessoas sensveis, a linha dos meridianos so dolorosas;

    3 ) Muitos doentes, no momento da picada da agulha, referem sentiruma sensao que segue uma linha e que coincide com o trajeto domeridiano do ponto que fora picado.

    Os meridianos principais so em nmero de doze. So bilateraise correspondem a funo dos seis rgos (Zang) e seis vsceras (F). 12

    Para cada membro superior existe trs meridianos principais denatureza Yin e trs de natureza Yang, o mesmo ocorrendo em relao aomembro inferior, apresentando-se da seguinte maneira :

    - 3 meridianos Yin do membro inferior : Bao-pncreas, Fgado eRim;

    - 3 meridianos Yang do membro inferior : Estmago, Bexiga eVescula Biliar;

    - 3 meridianos Yin do membro superior : Pulmo, Circulao-Sexo, eCorao;

    - 3 meridianos Yang do membro superior : Intestino Grosso, IntestinoDelgado, e Triplo aquecedor (Anexo 2).

    Alm dos meridianos principais o corpo humano possui outras viasque no apenas ligam aqueles a vrias partes do corpo como tambmcobrem todas as reas externas e internas por onde circulam as energias.So conhecidos como meridianos secundrios, e se dividem em 4 tipos :

    1 ) Meridianos extraordinrios ou curiosos

    Esses meridianos so assim chamados porque no tmcomunicaes especiais com as vsceras. Alm disso, no hcorrespondncia nem reunio entre eles, so forro na parte externa. nissoque so diferentes dos meridianos regulares que cruzam e lhes pedempontos.

    Esto agrupados em 4 meridianos Yang :

    - Du Mai, Dai Mai, Yang Qiao Mai, Yang Wei Mai ;

  • e 4 meridianos Yin :

    - Ren Mai, Chong Mai, Yin Qiao Mai e Yin Wei Mai.

    Sua principal funo de reforar os liames entre os meridianosregulares, a fim de regularizar o Qi e o sangue. O excesso destes nos 12meridianos principais se escoa e se concentra nos 8 meridianosextraordinrios, onde guardado como reserva para ser distribudo quandoh insuficincia de Qi e de sangue nos Jing Mai. 13

    Cada um dos meridianos extraordinrios (ou ainda "VazosMaravilhosos") possui um ponto de comando situado num meridianoprincipal, da mesma forma que os outros pontos. Com excesso de Ren Maie Du Mai, os meridianos extraordinrios no possuem pontos prprios,sendo seus trajetos constitudos por pontos dos meridianos principais.

    Os quatro vasos Yang atuam sobre as doenas externas e os quatrovasos Yin sobre as doenas internas. Os pontos de comando destes vasosservem para abrir um tratamento , conforme sua sintomatologia :

    - Du Mai - "Vaso Governador" ( ID 3) - Nevralgias, distrbios motoresdas extremidades, contraturas da nuca ou maxilares, ttano, olhosvermelhos, amigdalite, bruxismo, tosse com catarro, e surdez;

    - Yang Qiao Mai - ( B 62) - contraturas em geral, hemiplegia, paralisia,afasia, dores da nuca e das costas, e lumbago;

    - Yang Wei Mai - ( TR5 ) - esgotamento, expectorao de sangue,dores de cabea, dores e doenas dos olhos e ouvidos, dor e edema dopescoo e da nuca, gnglios da nuca, abcessos na boca, dores nos molaresinferiores, e artrite dos dedos ou artelhos;

    - Dai Mai - (VB 41) - Todos os vazios (insuficincias) e esgotamentos,reumatismo articular agudo, artrite do calcanhar, vermelhido e edema nospulsos e/ou joelhos e/ou nos malolos externos, paralisis flcida, tremoresou contraturas dos ps e das mos, dores nas costas, ombros, braos oumembro inferior;

    - Yin Wei Mai - ( CS 6) - amnsia, fuga das palavras, ansiedade,distrbios do crebro, riso desordenado, epilepsia, indigesto, plenitudesinternas, constipao espasmdica, hemorridas;

    - Chong Mai - ( BP 4 ) - dores precordiais, dor de estmago,aerogastria, aerocolia, soluos, febres palustres, ictercia de todos tipos;

  • - Ren Mai - "Vaso da Concepo" - ( P7 ) - doenas das viasrespiratrias; coriza, espirros, bronquite, asma, ondas de calor, meningitenas crianas, diabetes, intoxicaes alimentares e medo nas crianas; 14

    - Yin Qiao Mai - ( R6 ) - espasmo da bexiga, urina espessa ousanguinolenta, mico frequente, constipao nas mulheres, perda seminal,esgotamento dos idosos e das mulheres, aborto espontneo, intoxicaonas mulheres, dores no ventre ps parto, e metrite.

    2 ) Meridianos distintos (Jing Bie):

    So em nmero de 12, partem dos 12 meridianos principais edependem deles. Tm ao importante, que consiste em ligar os meridianosprincipais aos rgos internos.

    3 ) Meridianos de ligao ou Luo Mai:

    Se dividem em dois tipos:

    a ) as ramificae mais grossas - H no total 15 Bie Luo, sendo 12meridianos principais, os meridianos Du Mai e Ren Mai, e o grande Luo dobao. O Bie Luo liga um meridiano Yin e um meridiano Yang;

    b ) a circulao na superfcie apela para ramificaes cada vezmenores dos Luo, chamadas Fu Luo e Yun Luo (Anexo 2). (Auteroche etNavailh , 1986). 4 ) Meridianos tendino-musculares :

    Sua funo principal proteger o corpo das influncias externas.Possuem a energia defensiva, que circula nos meridianos Yang de dia, enos meridianos Yin noite, obedecendo a seguinte ordem :

    B - VB - E - ID - TR - IG - BP - F - R - P - CS - C

    Principais afeces provenientes do comprometimento destesmeridianos :

    - Reumatismo agudo, algias e contraturas, contuses, lesesmusculares ou ligamentrias ;

    - Neurites, mialgias, tendinites;

    - Afeces cutneas;

  • - Afeces ceflicas : nevralgias, paresias ou paralisias faciais, tiquesnervosos, rinites, sinusites, conjuntivites, afonia e catarros. 15

    Sintomatologia :

    a ) Plenitude - hipersensibilidade, dor espontnea ou a palpaosuperficial, rubor, calor, espasmos, contraes, edemas, formigamento,

    b ) Insuficincia (ou vazio) - hipossensibilidade, frio, paresia ouparalisia motora, palidez dos tegumentos, atonia ou atrofia muscular, dor apalpao profunda.

    1.3.5.1. A circulao energtica nos meridianos A energia, aps sua elaborao pelas 3 sedes (T.A.), surge no circuitodos meridianos ao nvel dos pulmes, e segue o seguinte trajeto :

    Dos pulmes a energia (Yong Qi e Yuan Qi) passa para o Intestinogrosso, e deste seguindo para o estomago, bao-pncreas, corao,intestino delgado, bexiga, rim, circulao-sexo, triplo aquecedor, vesculabiliar e finalmente para o fgado. Percorre este trajeto em 24 horas,demorando 2 horas em cada meridiano.

    Paralelamente, ocorre uma segunda circulao. Esta inicia-se s 3horas da manh ao nvel do pulmo e continua nos 2 meridianos Du Mai eRen Mai, onde tambm circula durante 24 horas.

    Ao estudar e observar o funcionamento dos meridianos e rgos,verificou-se que eles possuem um aumento da atividade durante duas horaspor dia, sendo possvel comprov-la com o simples exame do pulso radial.

    Os horrios de maior atividade so :

    Pulmes - das 3 s 5 hs

    Intestino grosso - das 5 s 7 hs

    Estomago - das 7 s 9 hs

    Bao-pncreas - das 9 s 11 hsCorao - das 11 s 13 hs

    Intestino delgado - das 13 s 15 hs

    Bexiga - das 15 s 17 hs

    Rim - das 17 s 19 hs 16

  • Circulao-sexo - das 19 s 21 hs

    Triplo aquecedor - das 21 s 23 hs

    Vescula biliar - das 23 a 1 h

    Fgado - da 1 s 3 hs

    interessante observarmos que os pacientes hepticos e asmticospor problemas de fgado, tm seus piores perodos entre uma e trs damanh, e para os cardiopatas, aproximadamente ao meio dia.

    1.3.5.1. Trajeto dos meridianos principais :

    Meridiano do pulmo: Inicia-se a uma distncia abaixo da fossa subclavicular, desce aolongo da face antero-lateral do brao, face radial e palmar do antebrao,passa sob a artria radial, e termina no ngulo ungueal externo do polegar.

    Meridiano do intestino grosso :

    Inicia-se no leito ungueal externo do dedo indicador, sobe pelo dorsoradial da mo, entre os msculos extensor longo e curto do polegar. Sobeat o dorso lateral do cotovelo, continua no brao pela borda lateral domsculo bceps braquial e trceps braquial at o ombro. Segue para a regiosupraescapular, volta para a fossa supraclavicular, sobe pela borda lateraldo msculo esternocleidomastideo at a mandbula, cruza o plano sagitalmediano acima do lbio superior at o seu ltimo ponto, que fica nocruzamento da linha inferior do nariz e da linha nasolabial.

    Meridiano do Estmago :

    Se origina lateralmente asa do nariz, penetra pelo arco dentriosuperior e sai pela plpebra inferior do olho, onde se localiza o primeiroponto desse meridiano. Desce pelo pelo ngulo da boca at a mandbula.Um ramo sobe, passando pelo ngulo mandibular, arco zigomtico na frentedo ouvido , testa (osso frontal), at a implantao de cabelo. O ramoprincipal desce pelo lado antero-lateral do pescoo ao longo do lado medialdo msculo esternocleidomastideo at a fossa supraclavicular, onde sedivide em dois ramos. Um superficial e outro profundo. 17

  • O ramo profundo desce ao longo do esfago, passa pelo diafragmaat a regio do estmago, e tem um ramo que o liga com o rgo bao-pncreas.

    O ramo superficial desce pela linha do mamilo, atravessa a lateral domsculo reto abdominal at a regio inguinal, na lateral do osso pbico.Desce pela borda medial da artria femural, seguindo pela regio antero-lateral da coxa, desce pela borda lateral do msculo reto femural , passalateralmente patela, atingindo a face antero-lateral tibial, at o dorso dop, entre os tendes do msculo extensor longo do hlux e extensor longodos dedos, passa entre o segundo e terceiro metatarso, chegando aosegundo artelho no ngulo ungueal externo.

    Meridiano do bao-pncreas :

    Comea no ngulo ungueal interno do Hlux, sobe ao longo do ladomedial do mesmo, primeiro metatarso, at o malolo interno. Continua pelaborda pstero-medial da tbia, passa pela face medial do joelho, e sobe pelolado medial da coxa at a regio da virlha, de onde percorre a regioantero-lateral do abdomem e pela face lateral do trax at o nvel da axila.

    Meridiano do corao :

    O ramo principal sai do corao e sobe pelo pulmo at o centro dafossa axilar onde situa-se o primeiro acuponto do meridiano. Desce na facemedial do brao, epicndilo medial do cotovelo e pelo lado medial domsculo flexor ulnar do carpo. Passa pelo pulso entre o quarto e quintometacarpo da mo e chega em seu ltimo ponto, situado no ngulo unguealexterno do quinto dedo.

    Meridiano do Intestino delgado :

    Inicia-se no ngulo ungueal interno do quinto dedo, sobe pela faceulnar da mo, punho, e antebrao. Passa pelo lado medial do olcrano,subindo pelo lado ulnar do msculo trceps braquial at a borda pstero-lateral do ombro. Passa ao longo da escpula e cruza at a fossasupraclavicular, sobe o lado postero-lateral do msculoesternocleidomastoideo, vai at o ngulo lateral do olho, e termina na frentedo ouvido,na depresso que se forma atrs da articulao tmporo-mandibular quando a boca est aberta.

    Meridiano da bexiga : 18

  • Inicia-se no ngulo medial dos olhos, sube pela regio frontal, parietale occipital do seguimento ceflico. Da nuca, ao nvel da implantao doscabelos, se divide em dois ramos. Um desce ao longo dos msculosparavertebrais at a regio sacro-ilaca, musculatura gltea, por trs dacoxa at a fossa popltea. O outro desce pelo lado medial da escpula, atos glteos, passa por trs da regio trocanteriana e desce pelo msculobceps femural at a fossa popltea, onde se une ao primeiro ramo. Desce aregio posterior da perna pelo msculo gastrocnmio, passa entre o tendode aquiles e o maleolo externo, at a borda lateral do p, terminando nongulo ungueal externo do quinto dedo.

    Meridiano dos rins :

    Nasce na planta do p. Seu primeiro ponto fica psteriormente articulao metatarso falangeana entre o segundo e terceiro metatarso,ascende pelo lado nfero-medial da cabea do primeiro metatarso, seguindopelo lado medial do osso cubide, regio pstero inferior do maleolo mediale ao longo da borda medial do msculo gastrocnmio, na regio pstero-medial do joelho e medialmente coxa, ao longo dos msculos adutores egrcil, entra pela plvis aparecendo novamente no abdomem, correndo aolongo da face medial do msculo reto abdominal, at o trax, na depressoentre a clavcula e a primeira costela, lateralmente ao manbrio do esterno.

    Meridiano da circulao-sexualidade - CS :

    Inicia-se no trax, no quarto espao intercostal, a uma polegada parao lado do mamilo, e trs polegadas abaixo da linha axilar. Desce ao longoda borda medial do msculo bceps braquial, entre o meridiano principal dopulmo e o meridiano do corao, at a face medial do cotovelo. Continuaentre os tendes dos msculos palmar longo e flexor radial do carpo. Namo, ele passa entre o terceiro e quarto metacarpo e termina no terceirodedo, no angulo unguela externo.

    Meridiano do triplo aquecedor -TA : Esse meridiano comea no ngulo ungueal interno do quarto dedo damo, sobe pela face dorsal da mo, entre o quarto e quinto metacarpo,passa pelo punho bem no centro do punho e do antebrao (entre os ossosrdio e ulna). Passa pelo olcrano, corta o trceps posteriormente at aregio posterior do ombro. Sobe pela regio supraescapular e nuca, 19

    contorna posteriormente a regio auricular e termina lateralmente aosuperclio, onde se liga ao meridiano da vescula biliar (Anexo 10, fig.2).

  • Meridiano da vescula biliar : Tem incio a 0.5 polegada da borda lateral do ngulo externo do olho;passa a frente do ouvido pela lateral da extremidade ceflica, e desce pelalateral do msculo trapzio at a regio supraescapular. Segue para frentedo ombro, lateralmente no trax at o glteo na regio trocanteriana, ondese liga com o msculo da bexiga. Desce pela borda lateral da coxa, perna eface ntero-lateral do tornozelo at a face dorsal do p, onde passa entre oquarto e quinto metatarso at o ngulo ungueal externo do quarto dedo.

    H outro ramo que se separa no lado dorsal do p, passa entre oprimeiro e segundo metatarso at o ngulo ungueal lateral do hlux, ondese liga ao meridiano do fgado.

    Meridiano do Fgado:

    Tem incio no ngulo ungueal interno do Hlux, sobe passando entreo primeiro e segundo metatarso. Passa a uma polegada a frente do maleolointerno, na borda medial do tendo do msculo tibial anterior. Cruza omsculo baco pncreas no ponto Bp6 e sobe pela face antero-medial daperna. Segue pelo lado medial do joelho e coxa para a regio genitalexterna e supra pbica. Sobe pela lateral do abdomem at a reborda costal,na borda inferior do ponto final da dcima primeira costela, e termina noespao entre a sexta e stima costela, na linha mamilar.

    1.4. Acupontos

    1.4.1. Conceitos

    O termo tradicional chins que designa o ponto de acupuntura XuDo. Xu tem significado de caverna, fossa, depresso; e Do significa avia, energia espiritual ou csmica. Xu Do significa portanto, a "caverna doDo". Outro sinnimo para o acuponto Qi Xu , ou seja, o ponto daenergia vital, onde "mora o Qi".

    Atravs do ponto ocorrem mudanas e transformaes, ou trocasenergticas do homem com o cu e a terra. O dicionrio da MedicinaTradicional Chinesa conceitua acuponto da seguinte maneira : 20

    " So pontos situados na superfcie do corpo onde o Qi dos rgosinternos e dos meridianos fluem" . Esse conceito complementado emoutro captulo, pelo termo Dao Qi :

    " Atravs da interconexo fisiolgica entre rgos e canais,

  • mudanas patolgicas dos rgos podem se refletir nos pontos. Estes stiosde estimulao regulam o balano do Qi (Yin/Yang) e sangue (Xu),desobstrue os canais e elimina fatores patgenos (ditos "energia perversaou xi"), refora a resistncia orgnica e regula a insuficincia (Xu) e osexcessos (Shi) ".

    Souli de Mourant cita alguns fatos observados :

    1) Alteraes orgnicas ou funcionais despertam em certos pontosda pele, uma sensibilidade dolorosa, a qual deixa de existir quando apatologia se resolve. Esses pontos so sempre os mesmos para cadamolstia;

    2) Esses mesmos pontos, quando estimulados (via agulhas ou no),proporcionam um retorno a normalidade (temporria ou definitiva) dofuncionamento do rgo correspondente.

    O ponto de acupuntura apresenta uma ao local (na rea proxima aolocal do acuponto), a distncia (ao sobre rgos internos e no meridianocorrespondente) e uma ao no psiquismo.

    1.4.2. Mtodos para localizao dos acupontos :

    Existem vris mtodos para localizao dos pontos :

    a ) Polegada Chinesa, ou Cun (l-se Tsun).

    O Cun equivale a distncia medida entre as duas pregas dafalange mdia do terceiro metacarpo do paciente; trs Cun's equivale aocomprimento que vai da articulao interfalangeana mdia do dedoindicador ao dedo mnimo do paciente;

    b ) Diviso do corpo em partes proporcionais. Por exemplo, oantebrao dividido em doze partes (12 cun's); a distncia entre doismamilos dividida em 8 partes. Esse um mtodo simples e preciso; 21

    c ) Estruturas anatmicas. bastante prtica e exata para localizaros pontos.

    Segundo G.S.de Mourant as descries chinesas para localizaodos pontos no so muito precisas, portanto acrescenta os seguintes tens a

  • serem observados na procura do ponto :

    1 ) Todos pontos se encontram no fundo de pequenas cpulas oudepresses, o que condiz com seu ideograma Xu (caverna, cavidade);

    2 ) Com a presso do dedo, o enfermo perceber uma dor;

    3 ) A pele do ponto apresentar uma alterao, uma espcie derugosidade, a qual no se observa em suas adjacncias. Essa alteraodeve ser sentida pelo tato ;

    4 ) As pessoas sensveis percebero uma resposta ao longo domeridiano, quando pressionado o ponto.

    1.4.3. Nomenclatura :

    Cada ponto possui originalmente um nome em chins, cada qual comum significado especial. Entre eles,alguns nomes recordam a posioanatmica, por exemplo o ponto H-gu (Ro Kou) que significa "fundo dovale", porque se encontra no ngulo formado pelos dois primeirosmetacarpos. Outros nomes, recordam a sua ao, por exemplo, o pontoFou-Leu, que significa "brotar de novo", porque estimula a secreo renal.Outros nomes ainda, so dados pelo uso que se faz da regio onde seencontram. Por exemplo, o ponto Chao Chang (Shao Shang) que significa"pequeno mercador" ou "pequeno comerciante" porque situa-se na falangedistal do polegar, com o qual se faz o gesto que simboliza "quanto custa ?".

    Em Tquio, no ano de l995, aconteceu o I Congresso Mundial deAcupuntura, onde foi estabelecida uma nomenclatura internacinal para osacupontos. A partir de ento, os pontos foram identificados pelo nmero dasequncia no trajeto do respectivo meridiano, mais o nome ou abreviaturada funo correspondente. Por exemplo, o IG 4 o quarto ponto domeridiano do Intestino Grosso.

    1.4.4.1. Caractersticas Histolgicas : 22

    Segundo pesquizas de Niboyet e Rabischong sobre levantamentosefetuados no coelho e no homem, o ponto de acupuntura tem uma estruturahistolgica particular.

    Foi evidenciado, um adelgaamento do epitlio, uma modificao nasfibras colgenas, o que explicaria o fato do ponto ser palpado sob forma decpula, a existncia de redes vasculares espiraladas entrelaadas por umadensa rede de fibras nervosas amielnicas de tipo colinrgicas.

  • A penetrao da agulha no acuponto, provoca por ao mecnica, umafastamento das fibras colgenas, o que explica a reteno da mesma notecido, at o momento do relaxamento das fibras do tecido conjuntivo.

    1.4.4.2. Caractersticas bioeltricas :

    Em 1963, Niboyet em sua tese de cincias, demonstrou que aresistncia eltrica do acuponto sempre inferior quela da pelecircunvizinha.

    A anlise comparativa dos cortes histolgicos feitos na pele dehumanos, nos acupontos, aps pesquisa bioeltrica mostrou duas vezesmais papilas drmicas na regio do ponto de acupuntura em relao outras reas.

    O aumento da densidade das papilas drmicas com capilares eterminaes nervosas sobre a regio do ponto pode explicar o aumento dacondutividade na pele.

    1.4.5. Classificao :

    Existem vrias classificaes para os acupontos, dependendo da suafuno energtica. Assim sendo, podem ser classificados em pontos decomando, pontos dos cinco elementos ou pontos shu antigos, pontosespeciais e pontos extra meridianos.

    1.4.5.1.) Pontos de comando - so pontos capazes de modificar ocomportamento do meridiano ou a funo do rgo correspondente. So 23

    classificados em ponto de tonificao, sedao, fonte, passagem ou lo,assentimento e alarme.

    1.4.5.1.1.) Ponto de tonificao : promove o aumento de energia nomeridiano e estimula a funo do rgo correspondente.

    1.4.5.1.2.) Ponto de sedao : diminue o caudal de energia nomeridiano e seda, acalma a funo do rgo correspondente.

  • 1.4.5.1.3.) Ponto fonte : um ponto de funo ambivalente, pois podeaumentar ou diminuir o caudal de energia do meridiano e a funo do rgocorrespondente, dependendo das necessidades que o organismo impe.

    1.4.5.1.4.) Ponto de passagem (ou Lo) : ponto de ligao de ummeridiano principal com seu acoplado atravs de um meridiano secundrio; 1.4.5.1.5.) Ponto de alarme (ou Mu) : so pontos que se situam naface anterior (ventral) do tronco e tornam-se dolorosos ou sensveis quandohouver afeco dos rgos internos;

    1.4.5.1.6.) Ponto de assentimento (Y) : so pontos que se localizamna face dorsal do corpo, sobre o ramo interno do meridiano da Bexiga.Atuam diretamento sobre os rgos internos por intermdio do SNV.

    1.4.5.2.I ) Pontos dos cinco elementos ou 66 pontos shu antigos :

    Atravs desses pontos possvel transferir a energia de uma funo(rgo-vscera) para outra. Esto situados nos membros superiores entre ocotovelo e a ponta dos dedos, e nos membros inferiores entre os joelhos e aponta dos artelhos.

    Esses pontos surgiram da analogia feita entre o meridiano e corrente de um rio, desde a nascente at sua foz, onde se misturam aomar. So eles :

    1.4.5.2.1. ) Ting : "poo; onde brota a gua". Ficam situados nasextremidades dos dedos e dos artelhos;

    1.4.5.2.2. ) Iong : "regato, pequeno filete de gua". Localizam-se nasarticulaes falangeanas;

    1.4.5.2.3. ) I : "riacho, pequeno rio". Esto situados nos metacarpose metatarsos; 24

    1.4.5.2.4. ) Iunn : "origem". Existem apenas para funes Yang. Asfunes Yin usam o ponto Iu;

    1.4.5.2.5. ) King : "rio caudaloso". Situam-se nos punhos etornozelos;

    1.4.5.2.6. ) Ho : "foz; ponto de encontro do rio com o mar". Localizam-se na altura dos cotovelos e dos joelhos.

    Cada ponto shu corresponde a um elemento. Assim, para as funesYang temos :

  • Ting - metal; Iong - gua; I - madeira; King - fogo; Ho - terra;e para as fune Yin temos :

    Ting - madeira; Iong - fogo; I - terra; King - metal; Ho - gua.

    Aplicando-se a regra me-filho, onde tonifica-se o elemento gerador eseda o elemento gerado, pode-se determinar o ponto de tonificao e desedao para cada funo.

    Os 66 pontos shu antigos permitem intervir em funo das estaesclimticas do ano e de todos os ritmos que animam o cosmos.

    1.5. Diagnstico pelo pulso radial

    Pelo exame do pulso, o mdico chins constata toda perturbao doequilbrio energtico do indivduo, o que lhe permite aplicar uma teraputicaeficaz que consiste em restabelecer o equilbrio, trazendo ao organismo oelemento deficiente ou fazendo-o eliminar o excesso.

    Os pulsos esto situados sobre a artria radial, de ambos os lados, aonvel da apfise do rdio. (pontos P7, P8 e P9).

    Pulso Esquerdo Pulso Direito

    Nvel 1 (P9) 25

    superficial : Intestino delgado ................................Intestino Grosso profundo: Corao .............................................PulmesNvel 2 (P8) superficial: Vescula Biliar................................... Estmago profundo: Fgado .............................................. Bao mdio: ............................................................ PncreasNvel 3 (P7) superficial: Bexiga ................................................ T.A.

  • profundo: Rins .................................................... C.S.

    Entende-se por superficial o que se percebe com presso leve dodedo no local indicado; nvel mdio se percebe com uma presso poucomais acentuada; profundo com forte presso.

    1.6. Principais regras teraputicas :

    1.6.1. ) Regra me e filho :

    Essa regra baseia-se no princpio de que o rgo que fornece energia denominado elemento me, e o rgo que recebe energia de elementofilho; ou ainda, o rgo (ou funo) gerador a me e o rgo gerado ofilho. Quando desejamos tonificar uma funo , tonificamos o elemento me,e quando desejamos sedar uma funo devemos sedar o filho. Assim sendopodemos utiliz-la de vrias maneiras :

    a ) Na grande circulao de energia

    A energia flui sem cessar na seguinte ordem:Pulmo - intestino grosso - estmago - bao pncreas - corao - intestinodelgado - bexiga - rim - circulao sexo - triplo aquecedor - vescula biliar efgado. Assim sendo, para tonificarmos, por exemplo, o corao, teremosque tonificar o elemento me, que o bao pncreas.

    b ) Nos pontos de um mesmo meridiano. (pontos shu)

    Cada ponto est relacionado a um elemento, como j foi descrito.Aplicando-se a regra me filho no meridiano do corao, por exemplo,poderemos sed-lo usando o ponto I (filho), ou tonific-lo usando o pontoting (me). c ) No ciclo de gerao dos cinco elementos.

    Desse modo, se por exemplo, o corao est debilitado temos quetonificar sua me (fgado) e se est sobrecarregado devemos sedar seufilho (bao-pncreas). 26

    1.6.2. ) Regra meio-dia meia-noite

    Essa regra se baseia na disposio dos rgos e vsceras de acordocom a direo da corrente de energia e com o horrio de atividade mximade cada rgo : pulmo de 3 as 5 horas ; bexiga de 15 as 17 horas intestino grosso de 5 as 7 horas ; rim de 17 as 19 horas estomago de 7 as 9 horas ; Cs de 19 as 21 horas

  • bao-pncreas de 9 as 11 horas ; Ta de 21 as 23 horas corao de 11 as 13 horas ; vescula de 23 as 01 horas intestino delgado de 13 as 15 horas ; fgado de 01 as 03 horas A tonificao de qualquer rgo provoca a sedao do rgo que seacha em oposio horria. O mesmo vlido para sedao. Assim, atonificao do estmago provoca a sedao da funo de circulao-sexo,ou ainda, a tonificao do cs provoca a sedao do estmago.

    1.6.3. ) Regra esposo - esposa

    Essa regra baseia-se na disposio pulsolgica dos rgos e vsceras: pulso esquerdo pulso direito

    int. delgado int. grosso corao pulmo vescula biliar estmago fgado bao pncreas bexiga triplo aquecedor rim circulao sexo

    Os rgos do pulso esquerdo correspondem ao esposo e os do pulsodireito esposa. O esposo domina a esposa. Assim, a tonificao dointestino delgado seda o intestino grosso.

    1.6.4. Regra dos acoplados

    Dispersa-se o ponto Lo do meridiano em excesso e tonifica-se oponto Iunn do meridiano acoplado em insuficincia.

    1.7. Materiais e mtodos utilizados pela MTC

    1.7.1. As Agulhas 27

    Na idade da Pedra, espinhos de madeira, depois lascas de ossos ouslex afinados, eram utilizados para puncionar, tirar o ps do abcesso, oupara fazer sangrias. Segundo a tradio as primeiras agulhas vinham domar oriental e eram de pedra, longas e arredondadas, mas aps 45 sculosforam substitudas por agulhas de metal. O imperador Huang Ti ordenou oemprego de agulhas metlicas, substituindo as de estiletes e de Jade.

    Os diferentes tipos de agulhas eram resultantes da necessidade deestmulos diferentes, quer em funo da profundidade a que se deve enfiara agulha, quer pelos efeitos que se deseja obter. De maneira geral temostrs nveis de profundidade :

  • a )Superficial, atingindo a energia defensiva O e que corresponde ao cu ;b ) Mdio , relativo ao homem, nvel sntese em que se aumenta ou diminuia energia da funo ;c ) Profundo, atingindo a energia nutridora Yong.

    A tradio chinesa apresentava nove tipos de agulhas.So elas :

    1 ) Tsrann - "cabea de flecha" - tem 3.73 cm - usada para contatos rpidose superficiais, sem penetrar na pele, com o objetivo de ativar no local aenergia defensiva O;

    2 ) Iuann - "agulha redonda" - tem 3,73 cm - no propriamente umaagulha, pois sua extremidade tem forma de esfera, devendo ser de materialdieltrico (marfim, osso, teflon entre outros). Serve para massagear o pontoquando a picada ou a moxa so proibidas e para crianas;

    3 ) Ti - tem 8,15 cm - tem a ponta como um gro de milho, ou seja, suaponta de 1 milmetro encimada por uma bola que impede penetraomaior. Tem por objetivo tirar apenas uma gota de sangue, ao que tonificaa energia defensiva O;

    4 ) Fong - "agulha triangular" - tem 3,73 cm , com ponta talhada em trsplanos para fazer sangrar superficialmente, conseguindo um efeitodispersante, drenador;

    5 ) Prae - "agulha sabre" - tem 8.39 cm, no uma agulha e sim o bisturi,utilizada para abrir e drenar abcessos. Seu uso excepcional pelosacupunturistas tem o intuito de impedir que uma infeco produzarepercursses energticas mais profundas;

    6 ) Iuann li - "cabo redondo e ponta aguda" - tem 3.73 cm, uma agulhacurta de ponta muito fina, destinada a inseres superficiais em crianas ou 28

    em portadores de reumatismo agudo, quando a energia defensiva O deficiente

    7 ) Rao - tem 8.39 cm, seu comprimento permite penetrar na profundidademxima do ponto, agindo na energia Yong (nutridora) e drenar as energiasexternas agressivas que penetram em profundidade. muito fina e degrande flexibilidade ;

    8 ) Tchrang - "agulha que faz saltar" - tem aproximadamente 16 cm ;utilizada nos pontos muitos profundos, por exemplo das coxas e ndegasdos obesos;

  • 9 ) Rouo - "agulha de fogo" - tem 9.32 cm; a nica agulha de cobrevermelho (as demais so de ao), porque deve ser esquentada antes ouquando j est implantada no ponto. Sua ponta alongada enquanto a dasoutras so talhadas. Sua aplicao dolorosa mas de maior eficincia queas demais nos casos de problemas musculares, carncia de energia eparalisia.

    Quanto ao metal utilizado, nenhum texto chins faz meno a agulhasde ouro ou de prata. Segundo Van nghi, os metais no tem nenhuma aodiferente sobre a intensidade do estmulo da agulha. Entretanto, GeorgeSouli de Mourant afirma em seu tratado que a tradio oral chinesaconfirma experincias feitas em paris : metais coloridos, cobre ou ouro sotonificantes, Yang, e metais brancos so dispersantes, Yin.

    Qualquer que seja a natureza do metal, evidente que a escolha doponto certo o mais importante para o tratamento, sendo o restante deao secundria, servindo apenas para reforar a reao que feita sempreno mesmo sentido e dependente basicamente da funo do pontoestimulado.

    1.7.2. Tcnica da picada e retirada da agulha

    Para reforarmos a ao tonificante ou sedante de um ponto, existemregras que prescrevem a melhor maneira de inserir e retirar as agulhas.Quando a inteno tonificar, procederemos da seguinte maneira :

    a ) Inclinar a agulha no sentido da corrente do meridiano;

    b ) Picar no fim da expirao e retirar no incio da inspirao ;

    c ) Enfiar a agulha lentamente e retirar de maneira rpida ; 29

    d ) Realizar movimentos circulares com a agulha no sentido horrio ;

    e ) Tampar rapidamente o ponto ao retirar a agulha, e massagea-locom o polegar esquerdo ;

    f ) Massagear o ponto antes da picada ;

    g ) Picar superficialmente ; e

    h ) Agir no meridiano nas duas horas seguintes ao horrio depassagem da onda energtica.

  • Quanto as regras de sedao temos :

    a ) Inclinar a agulha no sentido contrrio corrente energtica;

    b ) Picar no incio da inspirao e retirar a agulha no incio daexpirao;

    c ) Enfiar a agulha rapidamente e retirar lentamente;

    d ) Rodar a agulha no sentido contrrio ao dos ponteiros do relgio;

    e ) Deixar livre o ponto depois de retirada a agulha ;

    f ) A puntura deve ser profunda ;

    g ) Agir no meridiano durante as 2 horas do horrio da onda mximade energia.

    Com relao profundidade das picadas, bvio que nos dedos, nosartelhos ou na cabea, onde o osso est maix prximo a pele, as agulhasno devem ser inseridas to profundamente como nas zonas musculares,onde chegam a atingir de dois a cinco centmetros. As agulhas pequenasservem para rosto e dedos, as mdias para membros e tronco e as grandespara as regies mais volumosas. Em crianas conveniente picarsuperficialmente e de maneira rpida.

    1.7.4. Moxabusto

    Moxabusto a denominao dada combusto de uma pequenaquantidade de p de artemsia vulgaris ou sinensis, como forma de estmulono ponto de acupuntura. 30

    Segundo o Nei King, "em todas afeces onde a acupuntura contraindicada, preciso usar moxas. A artemsia tem o poder de extrair a energiaYang do Yin ". As principais indicaes para o uso da moxa so paracrianas, velhos, e quando o doente estiver muito enfraquecido ou magro.

    As moxas podem ser usadas de duas maneiras : diretamente sobre oponto ou indiretamente, colocando-se uma camadas de gengibre, sal oualho entre a pele e a moxa.

    Para prepar-la, faz-se um pequeno cone com o p de artemsia(amassado com os dedos) que se coloca sobre o acuponto previamenteumedecido com uma gota d'agua (para melhor fixar o cone). A seguircolocamos fogo no cone. Quando a combusto se aproxima da base o

  • paciente percebe o ardor da queimadura e relata ao acupuntor. No ocidenteevitamos provocar queimaduras, retirando-se ento a moxa no momento emque se inicia uma sensao de calor intenso. No oriente porm, no dadomuita importncia ao fato, o que geralmente provoca uma cauterizao doponto.

    Para tonificar-se um ponto, devemos deixar que a artemsia queime, edepois massageamos o ponto com o dedo. Para obter-se uma sedao,devemos soprar o fogo, para que a moxa queime rapidamente. Com relaoao nmero de aplicaes por sesso, de 3 a 4 sedam , e de 7 a 10tonificam.

    1.8. Tratamentos complementares

    1.8.1. Tai chi chuan

    A expresso Tai chi chuan, ou Tai Ji quan, significa literalmente "boxeda suprema cumeeira". (Despeaux , 1981).

    O Tai chi chuan uma expresso corporal e uma arte marcial quederivou do pensamento do Tao e tem seu trabalho interior e energticobaseado nos conceitos e tcnicas da alquimia interna Taosta - Nei Tan. (Cheng , 1989).

    O Tai chi chuan se baseia na meditao taosta e no I ching, o livrodas mutaes. " dizer que Lao ts e Confcio deram as mos". (Severino ,1988).

    Definido modernamente como "a arte da meditao em movimento",os movimentos flexveis e lentos do tai chi chuan promovem a 31

    harmonizao das energias Yin e Yang atravs da coordenao entre aconscincia do movimento e a respirao, libera tenses corporais, e seuefeito teraputico se faz sentir sobre a sade fsica e mental. (Despeaux ,1981).

    Os movimentos do Tai Ji quan tem por base o crculo e o Yin-Yangpor utilizao; ou seja, em todo movimento, a alternncia do yin e do yangpassa a ser um crculo. Durante a prtica, as mos so a parte do corpo quemais descreve os crculos. Essa idia tambm se encontra no deslocamentodos passos. A ltima postura da sequncia de movimentos vai coincidir como ponto de partida, simbolizando o retorno origem. A idia de crculo estligada de continuidade; os movimentos so encadeados e ligados seminterrupo. O princpio de um movimento o fim do movimento precedente.

  • (Despeux , 1981).

    A meditao e o tai chi chuan so tcnicas especficas para obtenode estados mentais tranquilos, que podem auxiliar na cura e preveno dedoenas.

    Os movimentos do tai chi chuan devem ser feitos com o corpo emequilbrio e centralizado. Os autores classicos dizem que se a coluna estiverreta e centralizada, o Qi alcanar o topo da cabea. Dessa forma oequilbrio mantido e as dores nas costas e as leses aos membros podemser evitadas. (Liu , 1986).

    O Tai chi chuan na verdade a acupuntura em movimento.Originalmente eram praticados 108 movimentos que poderiam ser reduzidosa 60 como mtodo sntese. Provavelmente cada movimento objetiva nofsico estimular um ponto de acupuntura, sendo de observar que dividindo-se 108 por 12 (nmero de meridianos) obtm-se 9 como resultado, sendoesse o menor nmero de pontos de algumas funes (Corao e Cs).Podemos relacionar ainda, os 60 movimentos sntese com os pontos shu (5pontos shu vezes 12 funes igual a 60 ). ( Cordeiro , 1992).

    1.8.2. Chi Kun ou Qi gong

    O Chi kun derivado da alquimia taosta e foi introduzido emdiversas artes marciais e na medicina oriental como prtica preventiva ecurativa.

    A palavra Chi significa sopro vital, ar, ou ainda energia. Kun significaexerccio ou treinamento. Assim, Chi kun pode ser entendido como exercciorespiratrio e energtico, ou seja, exerccios respiratrios que estimulam a 32

    estrutura energtica. Com tal prtica, desenvolve-se os centros, os canais(Jing luo) e o campo energtico.

    Existem dois tipos bsicos de Chi-kun, com diferentes finalidades :

    a ) Chi kun para arte marcial - baseia-se no fortalecimento muscular esseo e no desenvolvimento do poder de concentrao. Tem como objetivoo combate, desestabilizando a fora e energia do adversrio. Essas prticasnem sempre so benficas ao corpo humano;

    b ) Chi-kun teraputico - tem a funo de equilibrar corpo, mente eemoo. Qualquer distrbio fsico, presso emocional ou mental causa aformao de congestionamentos energticos. O Chi kun tem como objetivoprevinir e tratar tais desequilbrios.

  • Existem duas tcnicas bsicas na prtica do chi kun :

    1 ) Tu-na chi-kun : trata-se de exerccios respiratrios sem grandespreocupaes em relao aos canais de energia. Atua sobre os sistemasrespiratrio e digestivo, expelindo e absorvendo o ar do interior do corpo.Trabalha principalmente com os movimentos do diafragma e com adilatao muscular do abdome, em conjunto com a respirao. Tem efeitode oxigenar, energizar e purificar todo o corpo, alm de estimular uma maiorcapacidade respiratria e digestiva; 2 ) Tao in chi-kun : so exerccios que visam manuteno,purificao e desbloqueio das energias nos canais de chi. Normalmente,no exige a manipulao de grandes quantidades de ar durante arespirao. Em geral, a canalizao do chi feita atravs de conduomental, massagem e de pancadas leves em partes do corpo. Ambas asformas (Tu na e Tao in) so utilizados nas prticas de apoio ao Tai chichuan.

    O Qi como a gua, necessita de movimento, no pode serbloqueado. Qualquer tentativa de restringir o movimento natural derenovao pode trazer o desequilbrio do corpo e da mente. Por essa razo,o Qi gong (Chi-kun) tem o propsito de recuperar a naturalidade do corpo eno o de construir um corpo artificial. (Cheng , 1989).

    1.8.3. Diettica

    uma das especialidades mdicas das mais antigas na China, a qualclassifica os alimentos como Yang ou Yin, segundo sua cor, forma e teor degua. Os taostas consideravam o regime alimentar muito importante paramanuteno da sade. (Beau , 1974). 33

    A energia dos alimentos, ou Kou chi, um fator influente no serhumano, sob enfoque energtico, fsico e psquico. Assim sendo, porintermdio da lei Yin-Yang e da lei dos 5 elementos possvel intervir nosdesequilbrios de maneira reguladora.

    Os cinco sabores e a correspondncia que eles mantm com osrgos segundo a doutrina dos cinco elementos constituem o fundamentoda diettica chinesa. Apresentamos abaixo, as correspondncias dossabores com os rgos :

    elemento rgo/vscera sabor

    madeira F / Vb cido

  • Fogo C / Id amargo Ta / Cs

    Metal P / Ig picante

    Terra Bp / E doce

    gua R/B salgado Em geral, o sabor correspondente do rgo tonifica se houverinsuficincia da funo. Se o rgo estiver em excesso o saborcorrespondente agravar o quadro e tambm atacar o rgo dominado,segundo o ciclo de destruio (Ko). (Faubert et Crepon , 1990).

    Quando uma funo est em excesso, os alimentos correspondenteao rgo dominado no ciclo Ko tero efeitos reguladores. Assim sendoteremos :

    rgo sabor sabor tonificante sedante

    F , Vb cido doce

    C , Id amargo picante

    Bp , E doce salgado

    P , Ig picante cido 34

    R,B salgado amargo

    A menos que haja uma doena grave, no se deve suprimircompletamente um sabor correspondente de um rgo. Um regimeequilibrado, aquele que garante uma parte igual para cada sabor.

    Segundo o So Ouenn (cap. V) o sabor dos alimentos Yin e aenergia Yang. Diz ainda, que alimentos de sabor forte so Yin, a que menos forte Yin no Yang. a energia que forte Yang; a energia menosforte Yang no Yin. (Faubert et Crepon , 1990).

    O sabor picante, relacionado com os pulmes, e o sabor doce,relacionado com o bao, se exalam e se transformam em Yang.Soportanto Yin de Yang. O sabor cido, ligados ao fgado e amargo ligados aocorao, descem e vo para o Yin. So portanto Yin de Yin.

  • O salgado smbolo da nutrio Yang, pode decomposto em doissabores : amargo, portanto Yin, e picante, portanto Yang.

    Excessos de Yin so corrigidos pelo acrscimo de Yang, e excessosde Yang so corrigidos pelo acrscimo de Yin. (Faubert et Crepon).

    1.8.4. A Farmacopia

    A farmacopia chinesa tradicional repousa no trabalho de um shomem que a ela consagrou 30 anos de sua vida : Li Che-tchen. ARepblica Popular Chinesa rendeu-lhe uma homenagem excepcional em1956, imprimindo um selo postal com sua efgie.

    Seu Compndio Geral da Matria Mdica compreende 56 captulosdos quais um ndice dos remdios e 3 esto reservados s ilustraes emnmero de 1.100. Cerca de 12 mil receitas e frmulas esto consignadasnestra obra e muitas foram recolhidas ao longo de suas andanas peloImprio. Mil e setenta e quatro substncias vegetais, 443 animais e 354minerais so especialmente estudadas tendo sido tirado o restante detratados semelhantes.

    As prescries levam em conta a preponderncia do Yin e do Yang e,atravs da ao de cada produto sobre os meridianos, a circulao deenergia em relao s estaes. 35

    Os chineses acreditavam que a natureza tivera o cuidado de chamar a ateno dos homens para os venenos e para os remdios que ela lhes pode proporcionar.

    Medicamentos de origem vegetal :

    Acnito; alcauz; artemsia; cana de acar; cnave; cnhamo indiano; efedrina; faveira; funcho; gengibre; hera; jinso; ltus; menta; penia; rabanete; rcino; romazeira; ruibarbo; taraxaco; verberna; violeta; e volbil entre outros.

  • Medicamentos de origem mineral :

    Arsnico; brax; calomelado; cinabre; enxofre; ferro; iodo; prolas e pedras preciosas, entre outros.

    Medicamentos de origem animal :

    Asno; boi; cigarra; ganso; morcego; lombriga; porco; sapo; serpente; tigre; veado, entre outros. (Beau , 1974).

    4 - Referncias Bibliograficas

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