Fundamentos de Permacultura - Brasil e-book

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  • 1. Verso em Portugus (Brasil)Os Fundamentosda PermaculturaUm resumo dos conceitos e princpiosapresentados no livro Princpios e Caminhosda Permacultura Alm da Sustentabilidade,de autoria de David Holmgrenwww.holmgren.com.auHolmgren Design Services 200716 Fourteenth Street, Hepburn, Victoria, Australia 3461Traduo: Alexander Van Parys Piergili e Amantino Ramos de Freitas - Ecossistemas Design Ecolgico - www.ecossistemas.netEmail: [email protected] Graphic Design by Richard Telford. Ver 1. Reviso: Peter Webb e Guilherme Neves Castagna. Reviso Final: Alexander Van Parys Piergili

2. A FLOR DA PERMACULTURAA palavra permacultura foi cunhada por Bill Mollison e por mim em meados dos anos 70, para descrever um sistema integradoComeando com tica e princpios focados no campo crtico do manejo da de espcies animais e vegetais perenes ou que se perpetuamterra e da natureza, a permacultura est evoluindo pela aplicao progressiva naturalmente e so teis aos seres humanos1. de seus princpios integrao de todos os sete campos necessrios para asustentao da humanidade ao longo do perodo de declnio de energia.Uma definio mais atual de permacultura, que reflete a ampliao da abordagem implcita no livro Permacultura Um, : PaisagensAqicultura Agricultura orgnicaCultivo de verduras / Captao de guaMateriais de conscientemente desenhadas que reproduzem padres e relaesintegrada e biodinmicaplantas na florestae reusoconstruo naturais Extrativismoencontradas na natureza e que, ao mesmo tempo, produzemAgrossilviculturaConstruo peloe tcnicasHorticultura bio-intensivaBancos de sementesBio-arquiteturaproprietrioalimentos, fibras e energia em abundncia e suficientes paraflorestais integradascom a natureza Design passivo para prover as necessidades locais. As pessoas, suas edificaesenergia solarCaptao de gua e a forma como se organizam so questes centrais para a(keyline) Carvo e gaseificaoda madeira permacultura. Assim, a viso da permacultura de uma agriculturaManejo holsticode campospermanente ou sustentvel evoluiu para uma viso de uma culturaEVOLUO DO SISTEMATtulo nativo DE DESIGN DApermanentesustentvel. PERMACULTURACooperativas organizaes Design passivo para energiacorporativassolarO SISTEMA DE DESIGNResoluo Para muitas pessoas, inclusive para mim, o conceito de permacultura descrito acima tode conflitosPRINCPIOS FerramentasTICOS E DEmanuaisgenrico e global que torna sua utilidade reduzida. De forma mais precisa, vejo a permaculturaEco-vilas DESIGN DA como o uso do pensamento sistmico e de princpios de design que proporcionam a estruturahabitaesPERMACULTURA Transportecoletivaspor bicicletas conceitual para a implementao da viso ou do conceito descritos anteriormente. Para tanto,Contabilidade EMergticadeve reunir as diversas idias, habilidades e modos de vida os quais devem ser reinventados eReuso e reciclagemdesenvolvidos com o objetivo de nos tornar capazes de prover nossas prprias necessidades,Investimento ticoao mesmo tempo em que aumentamos o capital natural para futuras geraes.Educao em casa e PedagogiaAgriculturaWaldorf Num sentido mais limitado, mas tambm importante, a permacultura no se resume apenasApoiada pelacomunidade paisagem, ou mesmo s tcnicas da agricultura orgnica, ou s formas de produoLeitura dapaisagemsustentveis, s construes eficientes quanto ao uso da energia, ou ao desenvolvimentoProdutos decomrcio justodas eco-vilas, mas ela pode ser usada para projetar, criar, administrar e aprimorar esses eArte e msica todos outros esforos feitos por pessoas, famlias e comunidades em busca de um futuroWWOOFing Esprito de lugar Parto em casa e participativa aleitamentosustentvel. A Flor do Sistema de Design da permacultura mostra as reas chave queSistemas locaisMorte com dignidade Ecologia social erequerem transformao para a criao de uma cultura sustentvel. Historicamente, ade troca Sade preventivapesquisa de aes Yoga e outras disciplinaspermacultura tem focalizado o Manejo da Natureza e da Terra no apenas como uma fonte, sobre corpo/mente/espritoMedicina holstica mas tambm como uma aplicao de princpios ticos e de design. Esses princpios estosendo aplicados agora em outras esferas de ao, voltadas a recursos fsicos e energticos,assim como a organizaes humanas (frequentemente chamadas de estruturas invisveis nosAdaptado da introduo do livro Princpios e Caminhos da Permacultura Alm da Sustentabilidade Direitos reservados 200223 3. ensinamentos da permacultura). Alguns desses campos especficos, sistemas de design eoportunidades de manter ou encontrar meios mais diretos e sob seu controle de prover suassolues que tm sido associados com essa viso mais ampla da permacultura (pelo menos necessidades so extremamente limitadas. A exausto dos recursos naturais locais devido sna Austrlia) so mostradas em torno da periferia da flor. O caminho evolutivo em espiral, presses populacionais, inovaes nas tecnologias de extrao de recursos, conflitos tnicosiniciando com tica e princpios, sugere o entrelaamento desses domnios inicialmente noe migratrios, assim como sua explorao por parte de governos e empresas, reduziram anvel pessoal e local, evoluindo posteriormente para o nvel coletivo e global. A estrutura em produtividade e viabilidade de antigos sistemas sustentveis desenvolvidos ao longo do tempoforma de teia de aranha dessa espiral sugere a natureza incerta e varivel desse processopor alguns povos. Ao mesmo tempo, o crescimento na economia monetria proporcionoudeintegrao. mais oportunidades de trabalho no campo e nas fbricas, aumentando dessa forma a renda mensurvel da populao, mas falhando em contabilizar as perdas na qualidade de vida. OA REDE engodo das oportunidades oferecidas pelas cidades em rpido crescimento tem funcionadoA permacultura tambm uma rede de pessoas e grupos difundindo as solues de designcomo um falso atrativo, seduzindo as pessoas do campo a se mudar para a cidade. Essepropostas pela permacultura em pases ricos e pobres de todos os continentes. Embora no processo segue um modelo to velho quanto o personagem medieval Dick Wittington, queseja em grande parte reconhecida pelo meio acadmico e ou apoiada pelo poder pblico ouacreditava que as ruas da Londres antiga eram pavimentadas com ouro. Ao mesmo tempo,pelo setor empresarial, os permacultores vm contribuindo para um futuro mais sustentvelas verbas para sade, educao e outros servios foram todas drasticamente reduzidas pelosatravs da reorganizao de suas vidas e do seu trabalho em consonncia com os princpiosajustes estruturais impostos aos pases pelo FMI e Banco Mundial. Esse sistema falido dede design da permacultura. Dessa forma, esto criando pequenas mudanas locais que desenvolvimento social e econmico extraordinrio em sua onipresena e repetio.influenciam direta e indiretamente aes nos campos do desenvolvimento sustentvel,O mesmo sistema de poder que abusa e explora os menos poderosos favorece cerca de umagricultura orgnica, tecnologias apropriadas e planejamento de comunidades intencionais.bilho de pessoas da classe mdia, a maioria no Norte, que convivem com custos baixos, e at decrescentes em relao sua renda mdia, de alimentos, gua, energia e outros bens O CURSO DE DESIGN EM PERMACULTURA essenciais. Essa falha dos mercados globais em transmitir os sinais sobre o esgotamentoA maioria das pessoas envolvidas nessa rede completou um Curso de Design em permacultura dos recursos naturais e a degradao ambiental isolou os consumidores da necessidade de(PDC), que por mais de 20 anos tem sido mundialmente o principal veculo de inspirao e desenvolvimento de estilos de vida mais auto-suficientes e menos perdulrios, e anulou otreinamento. O aspecto da inspirao proporcionada pelo PDC atuou como uma cola social empenho na busca de polticas pblicas que pudessem contribuir para essas adaptaes tounindo participantes de tal modo que a rede mundial pode ser descrita como um movimentonecessrias. A inundao de bens de consumo novos e baratos estimulou o consumo a umsocial. Um currculo foi estruturado em 1984, mas divergncias evolutivas quanto forma ponto de supersaturao, ao mesmo tempo em que medies de capital social e bem-estare ao contedo desses cursos, apresentados por diferentes professores de permacultura,continuam a cair dos picos de 1970.produziram experincias e entendimentos da permacultura muito variados e localizados.A aceitao covarde do crescimento econmico a qualquer custo e os poderosos interesses hoje vigentes por parte dos governos e do setor empresarial, que tendem a perder fora comImpedimentos disseminao da permacultura tal transio, deixam clara a natureza poltica radical da agenda da permacultura.Existem muitas razes pelas quais solues ecolgicas de desenvolvimento que incorporamos princpios de design da permacultura no tiveram um impacto maior nas ltimas dcadas.FOCO EM OPORTUNIDADES AO INVS DE OBSTCULOSAlgumas destas razes so: Enquanto os ativistas da permacultura esto criticamente cientes desses obstculos Uma cultura reducionista cientfica predominante que cuidadosa, se no hostil, aque se erguem contra suas aes, as estratgias da permacultura esto focalizadas em mtodos holsticos de pesquisa. oportunidades ao invs de obstculos. No contexto de ajudar na transio do consumismoA cultura dominante do consumismo, impulsionada por medidas econmicas ignorante para a produo responsvel, a permacultura se apia na persistncia de uma equivocadas de bem-estar e progresso. cultura de autoconfiana e de valores comunitrios, e na preservao de uma srie deElites polticas, econmicas e sociais (globais e locais) que correm o risco de perder habilidades, tanto conceituais como prticas, a despeito dos estragos causados pela influncia e poder no caso de adoo de autonomia e autoconfiana locais. afluncia. A identificao desses recursos invisveis to importante em qualquer projeto deEsses e outros impedimentos a eles relacionados se expressam de forma distinta conforme as permacultura quanto avaliao dos recursos materiais e biofsicos.diferentes sociedades e contextos considerados.Enquanto a produo sustentvel (de alimentos e outros recursos) continua como objetivoPara a maior parte da populao da Terra, aproximadamente cinco bilhes de pessoas,primordial das estratgias da permacultura, podemos argumentar que a permacultura tem sidopara quem o custo das necessidades bsicas alto em comparao com sua renda real, as mais efetiva no pioneirismo do que vem sendo chamado de consumo sustentvel. Ao invs45 4. de estratgias pouco eficazes para encorajar compras por parte dos consumidores verdes, a o futuro to desafiador e to interessante quanto qualquer perodo da histria. Aceitandopermacultura trata essas questes atravs da reintegrao e comprometimento com os ciclos abertamente tal futuro como inevitvel, temos uma escolha entre uma temvel cobia, elegantede produo e consumo em torno do ponto focal da pessoa motivada e atuante no mbito de displicncia ou adaptao criativa.uma famlia e de uma comunidade local.O fundamento conceitual dessas hipteses provm de diversas fontes, mas eu reconheo umEmbora a permacultura seja uma estrutura conceitual para o desenvolvimento sustentveldbito claro e especial ao trabalho publicado pelo ecologista norte-americano Howard Odum2.que tem suas razes na cincia ecolgica e no pensamento sistmico, suas bases se A contnua influncia do trabalho de Odum na evoluo de minhas prprias idias explicitadaestendem a diversas culturas e contextos mostrando seu potencial para contribuir para a na dedicao e amplas referncias a ele em. Permacultura, Princpios e Caminhos Alm daevoluo de uma cultura popular de sustentabilidade, atravs da adoo de diversas solues SustentabilidadeII, assim como em artigos na obra David Holmgren: Coleo de Artigos eprticas e empoderadoras. Apresentaes 1978-20063. HIPTESES FUNDAMENTAIS Entre os trabalhos publicados recentemente sobre o pico de energia fssil e conseqentedeclnio, o livro de Richard Heinberg maravilhosamente intitulado A Festa Acabou4,A permacultura baseada em algumas hipteses fundamentais que so crticas para suaprovavelmente fornece a melhor viso geral das evidncias e questes, com reconhecimentocompreenso e avaliao. As hipteses nas quais a permacultura se baseou originalmenteapropriado para Campbell, Leherrere e outros gelogos especialistas em petrleo aposentadosesto descritas no livro Permacultura Um, e vale pena repeti-las: e independentes que, nos meados da dcada de 90 expuseram os verdadeira situao das O Homem, embora um ser diferente no mundo natural, est sujeito s mesmas leis reservas mundiais de combustveis fsseis e a natureza crtica do pico de consumo em cientficas (energia) que governam o universo material, incluindo a evoluo da vida.contraposio aos ltimos volumes de produo de leo e gs. A extrao de combustveis fsseis ao longo da era industrial era vista como a causa primria da espetacular exploso do crescimento populacional, da tecnologia e de cadaPRINCPIOS DE PERMACULTURA nova caracterstica da sociedade moderna. O VALOR E O USO DE PRINCPIOS A crise ambiental real e de uma magnitude que certamente transformar a sociedade industrial global moderna de modo sem precedentes. Nesse processo, o bem-estar A idia por trs dos princpios da permacultura que princpios gerais podem ser derivados e at mesmo a sobrevivncia da populao mundial em expanso esto diretamente do estudo do mundo natural e das sociedades sustentveis da era pr-industrial, e que esses ameaados. princpios sero aplicveis de forma universal de modo a apressar o desenvolvimento do uso Os impactos da sociedade industrial global no presente e no futuro, assim como ossustentvel da terra e dos recursos, seja num contexto de abundncia ecolgica e material ou impactos do nmero crescente de seres humanos na maravilhosa biodiversidade do em um contexto de escassez. planeta, so entendidos como muito maiores do que as grandes mudanas ocorridas nosO processo de prover as necessidades das pessoas dentro de limites ecolgicos requer uma ltimos sculos. revoluo cultural. Inevitavelmente, tal revoluo repleta de confuses, pistas falsas, riscos Apesar da inevitvel natureza singular das realidades futuras, o esgotamento fatal e ineficincias. Parece que temos pouco tempo para levar adiante essa revoluo. Nesse dos combustveis fsseis dentro de algumas geraes resultar num retorno gradualcontexto histrico, a idia de se ter um conjunto simples de princpios orientadores que aos princpios de design de sistemas observveis na natureza e nas sociedadespossuam aplicao ampla, mesmo universal, atraente. pr-industriais, e que se caracterizam por serem dependentes de recursos e Os princpios da permacultura so breves afirmaes ou slogans que podem ser relembrados energias renovveis (mesmo se a forma especfica desses sistemas for resultado decomo um check-list quando consideramos as inevitveis e complexas opes para o designIII circunstncias peculiares e locais). e evoluo de sistemas de suporte ecolgico. Esses princpios podem ser vistos comoSendo assim, a permacultura baseada na hiptese de uma progressiva reduo do consumo universais, embora os mtodos que os expressem possam variar enormemente, de acordode energia e recursos, e uma inevitvel reduo da populao humana. Eu chamo isso de com o lugar e a situao. Esses princpios tambm so aplicveis nossa reorganizaofuturo de energia decrescente para enfatizar a prioridade da energia no destino humano, e a pessoal, econmica, social e poltica, como ilustrado na Flor da Permacultura, embora amenos negativa, mas clara descrio do que alguns podem chamar de declnio, contrao,amplitude de estratgias e tcnicas que representam o princpio em cada domnio ainda estejadecadncia e morte. Esse futuro de energia decrescente pode ser visualizado como umaem evoluo.gentil descida depois de um divertido vo de balo que nos trs de volta a Terra, nossa casa. Esses princpios podem ser divididos em princpios ticos e princpios de design.claro que a Terra tem sido transformada pela ascenso energtica da humanidade, fazendoII Permaculture, Principles & Pathways Beyond Sustainability Livro de David Holmgren a ser lanado no Brasil.I Do ingls empowering, esta palavra no tem traduo para o Portugus, mas tem sido largamente utilizada como no texto. III N. do T. : Utilizaremos a palavra design sem traduo, dando o sentido de planejamento, concepo, projeto.67 5. PRINCPIOS TICOS DA PERMACULTURA PRINCPIOS DE DESIGNA tica atua como freio aos instintos de sobrevivncia e a outras aes pessoais e sociais em A base cientfica para os princpios de design em permacultura se situa geralmente no mbitobenefcio prprio, que tendem a direcionar o comportamento humano em qualquer sociedade.da cincia moderna da ecologia, e mais particularmente, dentro de um ramo da ecologiaOs princpios ticos so mecanismos que evoluram culturalmente de modo a promoverchamado de ecologia de sistemas. Outras disciplinas intelectuais, mais particularmenteinteresses pessoais menos egostas, uma viso mais inclusiva de quem e o que constituia geografia da paisagem e a etno-biologia, tm contribudo com conceitos que vem sendons, e uma compreenso de longo prazo das conseqncias boas e ruins das nossas aes.adaptados aos princpios de design.Quanto maior o poder da civilizao humana (devido disponibilidade energtica), e maior a Fundamentalmente, os princpios de design de permacultura se originam de uma maneira deconcentrao e a escala de poder ao alcance da sociedade, mais crtica se torna a tica paraperceber o mundo que geralmente descrita como pensamento sistmico e pensamentoassegurar uma sobrevivncia cultural, e at mesmo biolgica, de longo prazo. Essa viso em design (veja o Princpio 1: Observe e interaja).ecolgica funcional da tica a torna central no desenvolvimento de uma cultura de uso deOutros exemplos do pensamento sistmico incluem:energia decrescente.O Whole Earth Review e sua mais conhecida ramificao o Whole EarthComo os princpios de design, os princpios ticos no foram explicitamente listadosCatalogue, editados por Stewart Brand, fizeram muito para tornar pblico ona literatura inicial da permacultura. Desde o desenvolvimento do Curso de Design empensamento e o design sistmicos como uma ferramenta central na revoluoPermaculturaIV, a tica vem geralmente sendo coberta por trs princpios gerais ou mximas: cultural para a qual a permacultura uma contribuio. Cuidado com a Terra (solos, florestas e gua)As idias amplamente conhecidas e aplicadas de Edward De Bono7, que se Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, parentes e comunidade) enquadram na vasta rubrica do pensamento e design sistmicos. Partilha justa (estabelecer limites para o consumo e reproduo, e redistribuir oAssim como a disciplina acadmica da ciberntica8, o pensamento sistmico excedente).um assunto esotrico e difcil, intimamente associado emergncia das redes deEsses princpios foram destilados de uma pesquisa em tica comunitria, como adotada porcomputadores e de comunicao e a muitas outras aplicaes tecnolgicas.culturas religiosas antigas e grupos cooperativos modernos. O terceiro princpio, e mesmo o No considerando a energtica ecolgica de Howard Odum, a influncia do pensamentosegundo, podem ser vistos como derivados do primeiro. sistmico em meu desenvolvimento da permacultura e seus princpios de design no surgiuOs princpios ticos vm sendo ensinados e utilizados como fundamentos ticos simples de um estudo profundo da literatura, porm mais atravs de uma absoro osmtica dee relativamente inquestionveis para o design em permacultura dentro do movimento e idias no ter cultural, que toca a minha prpria experincia no design de permacultura.no mbito ampliado da nao global de pessoas de mesma opinio. De maneira mais Alm disso, acredito que muitos dos insights do pensamento sistmico tem mais paralelosampla, esses princpios podem ser observados como comuns a todas as culturas de lugar compreensveis nas estrias e mitos das culturas indgenas, e em menor grau, notradicionais que ligaram as pessoas terra e natureza ao longo da histria, com a notvelconhecimento de todas as pessoas ainda conectadas terra e natureza.exceo das sociedades industriais modernas.Os princpios de permacultura, tanto ticos como de design, podem ser observados atuandoEsse foco da permacultura em aprender de culturas tradicionais e indgenas baseadoao nosso redor. Costumo argumentar que sua ausncia, ou aparente contradio pela culturana evidncia de que essas culturas existiram em relativo equilbrio com o meio ambiente,industrial moderna, no invalida sua relevncia universal para a descida rumo a um futuro dee sobreviveram por mais tempo do que qualquer um de nossos recentes experimentosbaixa energia.emcivilizao5.Enquanto a referncia a um conjunto de estratgias, tcnicas e exemplos a maneira pela claro que, na busca de uma vida tica, no devemos ignorar os ensinamentos dasqual a maioria das pessoas vai se ligar permacultura e utiliz-la, esses so especficosgrandes tradies filosficas e espirituais das civilizaes cultas, dos grandes pensadores escala dos sistemas envolvidos, ao contexto cultural e ecolgico, e ao repertrio dedo iluminismo cientfico e dos tempos atuais. Mas na longa transio para uma cultura habilidades e experincias das pessoas envolvidas. Se os princpios devem proporcionarsustentvel de baixa energia necessitamos considerar, e tentar entender, um quadro mais uma orientao na escolha e desenvolvimento de aplicaes teis, ento devem incorporaramplo de valores e conceitos do que aqueles que nos foram apresentados pela histriaconceitos mais gerais de design de sistemas, ser expressos numa linguagem que acessvelcultural recente6.a pessoas comuns e em consonncia com fontes tradicionais de sabedoria e bom senso.Organizo a diversidade do pensamento permacultural em 12 princpios de design. O meuconjunto de princpios de design diverge significativamente daqueles utilizados pela maioriaIV N. do T. : Conhecido mundialmente como PDC. dos professores de permacultura. Parte disso se deve simplesmente a uma questo89 6. de nfase e organizao; em alguns casos pode indicar diferena de contedo. Issosistema pr-concebido vindo de fora. Ademais, uma diversidade de tais modelos locais gerarno deve causar nenhuma surpresa, pois a permacultura ainda muito nova e no estnaturalmente elementos inovadores que podem promover uma fertilizao cruzada comtotalmenteconsolidada.inovaes similares de outros locais.O formato de cada princpio de design uma afirmao de ao positiva com um coneMais do que a adoo e duplicao de solues que se mostraram satisfatrias, o foco desteassociado, que funciona como um lembrete grfico que codifica alguns aspectosprincpio principalmente facilitar a gerao de pensamento de longo prazo independente, atfundamentais ou exemplos do princpio. Associado a cada princpio est um provrbiomesmo hertico, necessrio para se criar novas solues. No passado, foram a academia etradicional que enfatiza o aspecto negativo ou de precauo do princpio.a afluncia urbana que toleraram e at mesmo apoiaram esse tipo de pensamento, enquantoCada princpio pode ser visto como uma porta de entrada ao labirinto do pensamento a cultura agrria tradicional o suprimiu de maneira cruel. Nos estgios finais e caticos dasistmico. Qualquer exemplo utilizado para ilustrar um princpio tambm incorporar outros,sociedade opulenta ps-moderna, os sistemas de autoridade do conhecimento so menosde modo que os princpios so apenas simples ferramentas para o pensamento para nosclaros e as oportunidades para esse pensamento independente e mais sistmico estoajudar na identificao, design e evoluo de solues de design.distribudas de forma difusa atravs da hierarquia social e geogrfica. Nesse contexto, no podemos contar com rtulos e condutas como sinais de autoridade e valores quando avaliamos qualquer soluo futura de design. Assim, em todo e qualquer nvel temos que confiar cada vez mais nas habilidades de observao e interao cuidadosa para encontrarmos a linha de conduta mais apropriada. PRINCPIO 1: OBSERVE E INTERAJA O provrbio a beleza est nos olhos do observador nos lembra que o processo de A beleza est nos olhos do observador observao influencia a realidade e que devemos agir cautelosamente quanto a verdades eO bom design depende de uma relao livre e harmnica entre a natureza e as pessoas, valoresabsolutos.na qual a observao cuidadosa e interao atenta proporcionam a inspirao do design,repertrios e padres. No algo gerado isoladamente, mas atravs de uma interaocontnua e recproca com o objeto de observao.A permacultura utiliza essas condies para desenvolver, de maneira consciente e contnua, PRINCPIO 2: CAPTE E ARMAZENE ENERGIAsistemas de uso da terra e de vida que possam sustentar as pessoas atravs da era de Produza feno enquanto faz solenergiadecrescente. Vivemos em um mundo de riquezas sem precedentes resultantes da coleta dos enormesEm sociedades de caadores-coletores e em sociedades agrcolas de baixa densidade, o estoques de combustveis fsseis criados pela Terra ao longo de bilhes de anos. Temosambiente natural atendia a todas as necessidades materiais, com os esforos humanosutilizado parte dessas riquezas para aumentar nossa colheita dos recursos renovveis dasendo empregados principalmente para a colheita. Em sociedades pr-industriais com altaTerra em propores insustentveis. A maior parte dos impactos adversos desta excessivadensidade populacional, a produtividade agrcola dependia de grandes e constantes aportes de colheita ficar mais evidente na medida em que a disponibilidade de combustveis fsseis formo de obra9.diminuindo. Em linguagem financeira, estamos consumindo o capital principal de tal formaA sociedade industrial depende de grandes e contnuos aportes de energia proveniente irresponsvel que levaria qualquer empresa falncia.de combustveis fsseis para prover seus alimentos e outros bens e servios. Designers Precisamos aprender como economizar e reinvestir a maior parte da riqueza que estamosde permacultura utilizam a observao cuidadosa e interao atenta para fazer uso mais consumindo ou desperdiando atualmente, de modo que nossos filhos e descendentesefetivo das capacidades humanas e reduzir a dependncia de alta tecnologia e de energias possam ter uma vida razovel. O fundamento tico para este princpio dificilmente poderia sernorenovveis.mais claro. Infelizmente, noes convencionais de valores, capital, investimento e riqueza noDentre as comunidades agrrias mais conservadoras e socialmente unidas, a habilidade so teis nessa tarefa.de algumas pessoas de dar um passo atrs, observar e interpretar mtodos tradicionaisConceitos inapropriados de riqueza nos levaram a ignorar oportunidades para capturare modernos de uso da terra uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de sistemasfluxos locais de formas renovveis e no-renovveis de energia. Identificar e atuar nessasnovos e apropriados. Enquanto uma mudana completa dentro das comunidades sempre oportunidades pode suprir a energia com a qual poderemos reconstruir o capital principal, bemmais difcil, por uma srie de razes, os modelos desenvolvidos localmente, com razes como nos proporcionar renda para nossas necessidades imediatas.no melhor design tradicional e ecolgico, tm mais chances de obter sucesso do que um10 11 7. Algumas destas fontes de energia incluem: Sol, vento, e fluxos de escoamento superficial de gua, Recursos desperdiados de atividades agrcolas, industriais e comerciais.PRINCPIO 3: OBTENHA RENDIMENTOOs estoques mais importantes com valor futuro incluem:Voc no pode trabalhar de estmago vazio Solo frtil com alto teor de hmusO princpio anterior focalizou nossa ateno na necessidade de se utilizar as riquezas Sistemas de vegetao perene, especialmente rvores, produo de alimentos e outrosexistentes de modo a se fazer investimentos de longo prazo no capital natural. Contudo,recursos teis,no faz sentido nos esforarmos em plantar uma floresta para nossos netos se no temos o Corpos e tanques de gua,suficiente para nos alimentarmos hoje. Edificaes com utilizao passiva da energia solarEste princpio nos adverte que devemos planejar qualquer sistema para que ele nosA restaurao ecolgica projetada uma das expresses mais comuns do pensamentoproporcione auto-suficincia em todos os nveis (incluindo ns mesmos), utilizando energiaambientalista em paises ricos, sendo um elemento vlido no design permacultural quandocapturada e armazenada eficientemente para manter o prprio sistema e capturar maisconsidera as pessoas como parte integral dos sistemas restaurados. Ironicamente, emenergia. De modo geral, flexibilidade e criatividade para encontrar novas maneiras para obtermuitos pases ricos e em desenvolvimento, o abandono de paisagens rurais marginaisrendimento sero caractersticas bsicas na transio do crescimento para a o declnio.devido queda nos preos das commodities e substituio por sistemas intensivos emutilizao de combustveis fsseis subsidiados, criou uma natureza silvestre moderna em Sem uma produo til imediata e verdadeira, qualquer coisa que projetarmos eescalas bem maiores do que a restaurao ecolgica projetada. Esse abandono tem algunsdesenvolvermos tender a enfraquecer at a morte, enquanto que elementos que geramefeitos negativos, como o colapso do manejo tradicional de gua e de sistemas de controle uma produo imediata proliferaro. Quer consideremos a natureza, foras de mercadode eroso e tambm um aumento nos incndios florestais, mas em outros lugares permitiuou a ganncia humana como causas, os sistemas que de maneira mais efetiva obtm umque a natureza reconstrusse o capital biolgico do solo, as florestas e a vida silvestre sem resultado, e utilizam esse resultado mais efetivamente para atender s necessidades denecessidade de insumos baseados em recursos no-renovveis. sobrevivncia, tendem a prevalecer sobre alternativas10.Enquanto que na reconstruo do capital natural, modelos de baixo custo e modelos baseadosProduo, lucro ou renda funcionam como uma recompensa que encoraja, mantm e/ouem combustveis fsseis subsidiados sejam expresses importantes deste princpio, reproduz o sistema que gerou o rendimento. Desse modo, sistemas bem sucedidos sepodemos tambm pensar na experincia prtica, know-how e tecnologias coletivas em disseminam. Em linguagem de sistemas, essas recompensas so chamadas de circuitos desoftware resultante de geraes de afluncia industrial como um enorme estoque de riquezas, retroalimentao positiva, que amplificam o processo ou sinal original. Se formos srios aque pode ser redirecionado para auxiliar a criar novas formas de capital apropriadas para uma respeito de solues de design sustentveis, ento deveremos ter como alvo recompensasera de consumo de energia decrescente. Muito do otimismo a respeito da sustentabilidade que encorajem o sucesso, crescimento e reproduo dessas solues.est relacionado com a aplicao de tecnologia e inovao. As estratgias permaculturaisEnquanto isso evidente para fazendeiros e empresrios, h um padro cultural consistentefazem uso dessas oportunidades, enquanto mantm um ceticismo saudvel baseado nano qual a riqueza crescente conduz a ambientes artificiais e cosmticos em detrimentopremissa de que a inovao tecnolgica pode ser freqentemente um cavalo de Tria,de ambientes funcionais e produtivos. A viso original da permacultura promovida porrecriando os problemas em novas formas. Independentemente da necessidade de se avaliar oBill Mollison, de paisagens urbanas cheias de alimentos e outras plantas teis ao invs deuso de tecnologia para construir novos ativos, a inovao tecnolgica um estoque de riqueza ornamentais sem nenhuma utilidade, prov um antdoto a esse aspecto equivocado daem si mesma, que se depreciar progressivamente durante a descida energtica, ainda que nossa cultura. Mesmo em pases mais pobres, o objetivo de projetos de desenvolvimentoem menor proporo do que ativos fsicos e infra-estrutura. mal avaliados permitir que as pessoas escapem da necessidade de manter ambientesO provrbio produza feno enquanto faz sol nos faz lembrar que temos tempo limitado para funcionais e produtivos, atravs de uma participao total na economia monetria ondecaptar e armazenar energia, antes que a abundncia sazonal ou ocasional desaparea. obter rendimentos torna-se um processo estreito e destrutivo ditado pelas foras daeconomia global. O modelo de sucesso novo rico, no qual o funcional e o prtico so banidos,necessita ser substitudo, com reconhecimento honesto das fontes de afluncia e medidasreais de sucesso. Em pases mais desenvolvidos, tanto sob modelos capitalistas comosocialistas, uma cultura de pessoas assalariadas por geraes resultou numa extraordinriadesarticulao entre atividade produtiva e as fontes de nossa subsistncia. Auxiliandocidados australianos urbanos de classe mdia a enfrentar o desafio de um estilo de vida1213 8. rural mais sustentvel, expliquei que isso como se tornar um empresrio. Um dos eventuais e evitar as conseqncias mais duras do feed back negativo do meio externo. Os cangurusspin-offs do Racionalismo Econmico amplamente equivocado das dcadas recentes teme outros marsupiais abortam o desenvolvimento de embries se as condies da estaosido o restabelecimento parcial da conscincia quanto necessidade de qualquer sistema ser climtica aparentarem ser desfavorveis. Isso reduz o estresse que iriam sofrer a populao eplanejado para ser produtivo de alguma forma. o meioambiente.As sociedades tradicionais reconheciam que os efeitos dos controles do feed back externonegativo demoravam em surgir. As pessoas precisavam de explicaes e alertas, como naexpresso bblica os pecados dos pais recaem sobre os filhos at a stima gerao, e as leisPRINCPIO 4: PRATIQUE A AUTO-REGULAO E ACEITE FEED BACK do carma, que funcionam num mundo de almas reencarnadas.Os pecados dos pais recaem sobre os filhos at a stima gerao Na sociedade moderna, aceitamos naturalmente a enorme dependncia que temos em relaoEste princpio trata dos aspectos da auto-regulao do design da permacultura que limitam a sistemas de larga escala, muitas vezes remotos, para atender nossas necessidades e, aoou inibem crescimento ou comportamento inadequado. Com um melhor entendimento mesmo tempo, queremos ter uma grande liberdade no que fazemos sem controle externo.de como atuam na natureza os feed backs positivos e negativos, podemos desenhar Num certo sentido, nossa sociedade age como um adolescente que quer ter tudo, ter tudosistemas que so mais auto-regulveis, portanto reduzindo o trabalho despendido em aesagora, sem pensar nas conseqncias. Mesmo nas comunidades mais tradicionais, antigoscorretivasdesagradveis. controles e tabus perderam muito de sua fora, ou no funcionam mais do ponto de vistaecolgico devido a mudanas no meio ambiente, aumento da densidade populacional eFeed back11 um conceito de sistemas que se popularizou por meio da engenharia eletrnica. avanos tecnolgicos.Princpio 3: Obtenha rendimento descreveu o feed back de energia de certos estoques paraauxiliar na obteno de mais energia, um exemplo de feed back positivo. Isso pode ser O desenvolvimento de comportamentos e culturas que sejam mais afinados com os sinaisinterpretado como se fosse um acelerador a impulsionar o sistema na direo de energiade feed back da natureza para evitar explorao abusiva dos recursos naturais um doslivremente disponvel. Da mesma forma, o feed back negativo o freio que evita a queda desafios do movimento ambientalista. O feed back negativo precisa ser bem dirigido e fortedo sistema em buracos de escassez e instabilidade devido ao uso excessivo ou mau usoo suficiente para resultar em mudana corretiva, mas no to forte que venha a prejudicardaenergia. ainda mais o desenvolvimento do sistema. Por exemplo, a coleta e uso da gua da chuvanuma casa desperta a conscincia de que existem limites tanto para o rendimento quantoSistemas auto-regulveis e que se mantm por si prprios podem ser considerados como opara a qualidade. Se a chamin do fogo a lenha provoca um gosto de fumaa na gua, esseClice Sagrado da permacultura: um ideal que sempre perseguimos mas que possivelmente feed back negativo vai estimular uma ao corretiva. O objetivo usual de se projetar sistemasjamais atingiremos de forma plena. Muito desse ideal alcanado pela aplicao dos sustentveis com risco zero de feed back negativo como se tentar criar filhos sem exposioprincpios de design de Integrao e Diversidade (8&10), mas tambm favorecido quando a riscos imunolgicos e de acidentes; isso resulta em riscos mais graves no futuro. Ficacada elemento dentro de um sistema se torna to auto-suficiente e independente quanto claro que a ampla aceitao de riscos oriundos de feed back negativo tem que ser controladaeficiente do ponto de vista da energia. Um sistema composto de elementos auto-suficientes por princpios ticos e aplicados primeiramente a ns mesmos, famlias e comunidadese independentes mais robusto para enfrentar turbulncias. O emprego de variedades de(nessa ordem), ao invs de externaliz-los como normalmente acontece nas economias deplantas e raas de animais mais resistentes, semi-domesticados e com capacidade de se largaescala.reproduzirem, ao invs de outras muito melhoradas e dependentes da tecnologia, umaestratgia clssica da permacultura que exemplifica este princpio. Numa escala maior,A hiptese de Gaia12 de que a Terra um sistema auto-regulado, tal como um organismo vivo,agricultores auto-suficientes e independentes antigamente eram reconhecidos comotorna a Whole EarthV uma imagem adequada para representar este princpio. A evidnciaa base de um pas forte e independente. A economia globalizada dos dias atuais leva a cientfica da notvel homestase da Terra ao longo de centenas de milhares de anos realauma instabilidade maior, onde os efeitos se propagam rapidamente em todo o mundo. A o fato de que a Terra o arqutipo de um completo sistema auto-regulado, que estimulou areconstruo da auto-suficincia, tanto no nvel do elemento como no nvel do sistema,evoluo e alimenta a continuidade das suas formas de vida e subsistemas.aumenta a resilincia. No mundo de energia decrescente, a auto-suficincia vai ser maisvalorizada na medida em que a capacidade de fornecer insumos em grandes quantidades e deforma contnua diminuir e se reduzirem as economias de escala e de especializao.Os organismos e as pessoas tambm se adaptam ao feed back negativo dos sistema delarga escala da natureza e das comunidades ao desenvolver auto-regulao para neutralizarV Whole Earth a primeira imagem da Terra vista do espao.14 15 9. as possibilidades harmoniosas de interao entre seres humanos e a natureza. Na histriada prosperidade do homem baseada no uso dos servios da natureza sem envolver consumo,no existe exemplo mais importante do que o da domesticao e uso do cavalo e de o outrosPRINCPIO 5: USE E VALORIZE OS SERVIOS E RECURSOS RENOVVEIS animais para transporte, cultivo do solo e outras inmeras aplicaes que demandam esforo Deixe a natureza seguir seu cursofsico. Uma relao mais estreita com animais domsticos, como no caso do cavalo, tambmnos proporciona um contexto de empatia para que nossas preocupaes ticas incluam aOs recursos renovveis so aqueles que so renovados e repostos por processos naturaisnatureza. Por outro lado, nas culturas onde os animais so ainda smbolos de riqueza e poder,ao longo de perodos de tempo razoveis, sem a necessidade de grandes insumos no os servios renovveis mais fundamentais proporcionados pela flora e fauna do solo tm querenovveis. Em linguagem financeira, recursos renovveis deveriam ser vistos como renda ser reconhecidos, valorizados e usados. Tanto nas comunidades ricas como nas pobres, o uso(juros do capital), enquanto que recursos no renovveis deveriam ser considerados como de dejetos humanos como uma fonte renovvel de fertilidade, depois de tornados inofensivosativos financeiros (capital principal). Gastar nosso capital principal para viver o dia-a-dia pelo servio ecolgico de micrbios numa latrina de compostagem, uma das aplicaes maisinsustentvel em qualquer lngua. O objetivo do design da permacultura deveria ser como usarimportantes e universais deste princpio.da melhor forma os recursos naturais renovveis para administrar e manter os rendimentos,mesmo se for necessrio algum uso de recurso no renovvel para estabelecer o sistema.O provrbio Deixe a natureza seguir seu curso nos faz lembrar de outro aspecto desteprincpio que a busca do controle total sobre a natureza por meio do uso de recursos eA piada que diz que a corda do varal de roupas um secador solar divertida porque comtecnologia no apenas caro; pode tambm levar a uma espiral de interveno e degradaoela reconhecemos que fomos ludibriados a usar geringonas complexas e desnecessriasdos sistemas e processos biolgicos que j representam o melhor equilbrio entrepara executar tarefas simples. Ainda que qualquer um de ns reconhea que a secagem deprodutividade e diversidade.roupas no varal est muitos furos acima da secadora eltrica de tambor quando se trata desustentabilidade, poucas pessoas aceitam a madeira como um combustvel adequado aomeio ambiente. Todas as florestas geram excedentes de madeira de baixa qualidade como umPRINCPIO 6: NO PRODUZA DESPERDCIOSsubproduto do manejo sustentvel que, quando convenientemente secas (secagem solar, deNo desperdice para que no lhe falteUm ponto na hora certa economiza novenovo), pode ser usada como insumo energtico local para calefao e coco de alimentos emfoges bem projetados. Da mesma maneira que a madeira no satisfaz todos os requisitosEste princpio rene os valores tradicionais da frugalidade e cuidado com os bens materiais, aque possamos exigir de um combustvel, as plantas medicinais podem no suprir uma preocupao moderna com a poluio, e a perspectiva mais radical que v os desperdcios comofarmacopia completa, mas podemos, em muitos casos, tratar com xito muitas enfermidadesrecursos e oportunidades. A minhoca um cone adequado para este princpio porque sobrevivecom remdios obtidos de plantas cultivadas localmente. Fazendo isso, evitamos muitosatravs do consumo de resduos vegetais existentes no solo (desperdcios), convertendo-os emefeitos colaterais indesejveis, tanto internos como externos, de uma produo de remdioshmus que melhora o prprio solo para ela, para microorganismos que vivem na terra, e para ascentralizada, aumentamos nosso respeito pela natureza e nos sentimos mais confiantes em plantas. Dessa forma, a minhoca como todos os organismos vivos parte da rede onde o quemanter nossa prpria sade. uns produzem serve de insumo para outros.Os servios renovveis (ou funes passivas) so aqueles que obtemos de plantas, animais, Os processos industriais que servem de base para a vida moderna podem ser caracterizadossolo e gua vivos, sem consumi-los. Por exemplo, quando usamos uma rvore para obterpor um modelo de insumo-produto, no qual os insumos so materiais naturais e energia e osmadeira estamos usando um recurso renovvel, mas quando usamos a rvore para termos produtos so coisas e servios teis. Contudo, se dermos um passo atrs desse processo esombra e abrigo, desfrutamos dos benefcios da rvore viva que no implicam consumo nem buscarmos uma viso de longo prazo, podemos observar que todas essas coisas teis acabamcoleta de energia. Esse entendimento simples bvio, mas tambm poderoso no redesenhovirando lixo (a maior parte em aterros sanitrios) e que mesmo o mais insignificante dosde sistemas onde funes muito simples se tornaram dependentes do uso no renovvel e servios redunda na degradao de recurso e energia em resduos inaproveitveis. Esse modelono sustentvel de recursos.poderia ento ser mais bem caracterizado como consumir/excretar. A viso de pessoas comoOs designs clssicos da permacultura usam galinhas ou porcos para preparar o terreno para simplesmente consumidores e excretores pode ser biolgica, mas no ecolgica.plantio, dispensando o uso de tratores e cultivadores mecnicos, bem como de pesticidas e O provrbio no desperdice para que no lhe falte nos lembra que fcil agirmos semfertilizantes artificiais. Nesses sistemas, um pequeno manejo de cercas permite um uso mais responsabilidade e causar desperdcios em tempos de abundncia, mas esse desperdcio podesofisticado da atividade pecuria para mltiplas funes. ser a causa de privaes futuras. Esse fato de suma relevncia num contexto de declnio deO design da permacultura deveria fazer o melhor uso possvel de servios naturais que no energia. As atuais oportunidades para se reduzir desperdcios, e de fato se viver deles, no tmenvolvam consumo para minimizar nossas demandas consumistas de recursos, e enfatizarprecedentes na histria. No passado, apenas os mais miserveis podiam sobreviver a partir de16 17 10. desperdcios. Hoje, deveramos reconhecer aqueles que reusam criativamente os desperdciosse nos apresentam em todos os campos da atividade humana. Esse problema de enfocarcomo a verdadeira essncia de uma vida com mnimo impacto na Terra. Alm dos desperdcios a complexidade do detalhe resulta no design de elefantes brancos que so grandes ee resduos domsticos e industriais, a vida moderna criou novas classes de desperdcios vivos imponentes mas que no funcionam, ou monstros sagrados que consomem toda nossa(plantas e animais daninhos indesejveis) que proliferam em nossas mentes tanto quanto ao energia e recursos, sempre ameaando escapar do nosso controle. Os sistemas complexoslongo das paisagens de naes ricas.que funcionam tendem a evoluir a partir de sistemas simples que funcionam, de forma que,Bill Mollison definiu como substncia poluidora um produto ou subproduto de qualquer encontrar o padro adequado para aquele design mais importante que entender todos osdetalhes dos elementos do sistema.componente do sistema que no est sendo usado de maneira produtiva por qualquer outrocomponente do sistema13. Essa definio nos estimula a buscar meios de minimizar a A idia que originou a permacultura foi a floresta tomada como modelo para a agricultura.poluio e os desperdcios atravs do projeto de sistemas que faam uso de todos os produtosAinda que no seja nova, a falta de sua aplicao e de desenvolvimento em muitas culturase subprodutos. Respondendo perguntas sobre o ataque de caramujos em jardins ondee bioregies se constitui numa oportunidade de se aplicar um dos modelos mais comunspredominavam plantas perenes, Mollison sempre afirmava que o problema no era o excesso de ecossistemas ao uso do solo pelo homem. Apesar de existirem ainda muitas crticas ede caramujos, mas a falta de patos. Analogamente, pragas de gramados e de espcies florestais limitaes nesse modelo da floresta, ainda um poderoso exemplo do pensamento segundoresultam em devastao causada por incndios em algumas regies, enquanto pragas de padres que continuam a informar o conceito de permacultura e outros afins, como jardimherbvoros levam a excesso de pastoreio em outras. Formas criativas e inovadoras de tratarfloresta, agrossilvicultura e floresta anloga.esses picos de abundncia uma das caractersticas do design em permacultura.O emprego de zonas de intensidade de uso em torno de um centro de atividades, como oUm ponto na hora certa economiza nove nos faz lembrar do valor de uma manuteno a tempocaso da sede de uma fazenda, para a localizao de elementos e subsistemas um exemploe a hora na preveno de desperdcios e do trabalho envolvido nos esforos significativos deda forma de trabalho de padres para detalhes. Analogamente, fatores ambientais como sol,restaurao e reparo. Apesar de ser muito menos interessante do que buscar maneiras de usar vento, enchentes e incndios podem ser dispostos em setores ao redor do mesmo ponto focal.Esses setores tem um carter que ao mesmo tempo bioregional e especfico para o localabundncias indesejadas, a manuteno daquilo que j temos vai se tornar um assunto atual econsiderado, que o designer da permacultura vai levar em conta para melhor entender o local ede grandes propores num mundo com energia em declnio. Todas as estruturas e sistemas seorganizar os elementos de design apropriados de forma a obter um sistema vivel.depreciam em valor e todos os sistemas ecolgicos e sistemas humanos sustentveis dedicamrecursos para manuteno na hora certa. O uso de piscines e de outras obras de terra para distribuir e direcionar a gua deescoamento superficial tem que ser baseado nos padres primrios do terreno. Por sua vez,essas obras de terra vo criar zonas acumuladoras de umidade que iro definir os sistemas deplantio e manejo.PRINCPIO 7: DESIGN PARTINDO DE PADRES Enquanto que os sistemas tradicionais de uso da terra nos fornecem muitos modelos paraPARA CHEGAR AOS DETALHESo design de sistemas completos, as pessoas imersas na cultura do local necessitam uma s vezes as rvores nos impedem de ver a florestanova experincia que lhes permita enxergar sua paisagem e suas comunidades de uma novaOs primeiros seis princpios tendem a considerar os sistemas de uma perspectiva de baixomaneira. Em alguns dos projetos pioneiros de Landcare na Austrlia na dcada de 80, opara cima dos elementos, organismos e pessoas. Os demais seis princpios tendem a sobrevo de suas reas deu aos fazendeiros uma viso e uma motivao para que iniciassemenfatizar a perspectiva de cima para baixo dos padres e relaes que tendem a emergirum trabalho srio de combate ao desmatamento progressivo e conseqente degradao daspor meio da auto-organizao e co-evoluo dos sistemas. Os traos comuns dos padres terras. Vistas do ar as divisas que demarcavam as propriedades no formavam um padroobservveis na natureza e na sociedade nos permitem no apenas entender o que muito distinto, enquanto que os padres naturais das micro bacias ficavam bem visveis.enxergamos mas tambm usar um padro de um contexto e escala para no design em outros.Analogamente, o contexto social e da comunidade mais amplo, ao invs de fatores tcnicos,O reconhecimento de padres um resultado da aplicao do Princpio 1: Observe e interaja, pode freqentemente determinar se uma dada soluo vai ter sucesso. A lista de projetos desendo necessariamente o precursor do processo de design.cooperao internacional que tm falhado devido ignorncia desses fatores de maior escala bem grande.A aranha na sua teia de linhas concntricas e radias mostra um padro claro, mesmo queos detalhes variem sempre. Este cone evoca o planejamento de reas por zonas e setores O provrbio vezes as rvores nos impedem de ver a floresta nos faz lembrar que os oaspecto mais conhecido e talvez mais amplamente aplicado em design de permacultura. detalhes tendem a desviar nossa percepo da natureza do sistema; quanto mais perto nosaproximarmos, menor ser a nossa capacidade de entender a questo como um todo.A modernidade se orientou no sentido de desarrumar qualquer intuio ou bom sensosistmico que pode ordenar a imensa variedade de opes e possibilidades de design que1819 11. Cada elemento exerce muitas funes. Cada funo importante apoiada por muitos elementos.PRINCPIO 8: INTEGRAR AO INVS DE SEGREGARMuitos braos tornam o fardo mais leve As conexes ou inter-relacionamentos entre os elementos de um sistema integrado poder variar bastante. Alguns podem ser predatrios ou competitivos, outros so cooperativos,Em todos os aspectos da natureza, desde o funcionamento interno dos organismos at ou mesmo simbiticos. Todos esses tipos de inter-relacionamentos podem ser benficosecossistemas inteiros, encontramos as conexes entre coisas que so to importantesna construo de uma comunidade ou sistema integrado forte, mas a permaculturaquanto as prprias coisas. Dessa forma, o objetivo de um design auto-regulado e funcional enfatiza fortemente a construo de inter-relacionamentos benficos e simbiticos. Essadispor os elementos de tal maneira que cada um deles satisfaa as necessidades e aceite os recomendao se baseia em duas crenas:produtos dos demais elementos14. Temos uma disposio cultural para enxergar e acreditar em inter-relacionamentosNosso vis cultural de focalizar a complexidade dos detalhes nos leva a ignorar a complexidade predatrios e competitivos, deixando de lado os inter-relacionamentos cooperativos edos inter-relacionamentos. A nossa tendncia sempre optar pela segregao dos elementossimbiticos, na natureza e nas culturas.15como a estratgia padro de design para reduzir a complexidade dos relacionamentos. EssasOs inter-relacionamentos simbiticos e cooperativos sero mais adaptativos numsolues surgem em parte devido ao nosso mtodo cientfico reducionista que separa osfuturo de energia decrescente.elementos para estud-los isoladamente. Qualquer considerao de como eles funcionam A permacultura pode ser vista como parte de uma longa tradio de conceitos que enfatizamcomo parte de um sistema integrado tem sempre por base as concluses tiradas do seuos inter-relacionamentos mutualistas e simbiticos em relao aos demais que soestudo quando isolados do sistema. competitivos e predatrios.Este princpio focaliza mais detalhadamente os vrios tipos de relacionamento queA disponibilidade decrescente de energia vai deslocar a percepo geral desses conceitos deaproximam os elementos em sistemas mais estreitamente integrados, e os mtodos deum idealismo romntico para uma necessidade prtica.design mais avanados de comunidades de plantas, animais e pessoas para obter benefciosdessesrelacionamentos.A habilidade de um designer para criar sistemas que sejam estreitamente integrados depende PRINCPIO 9: USE SOLUES PEQUENAS E LENTASde uma ampla viso de uma srie de inter-relacionamentos do tipo encaixe perfeito, comoQuanto maior, pior a queda Devagar e sempre ganha a corridanas peas de um quebra-cabeas, que caracterizam as comunidades sociais e ecolgicas.Tanto quanto num design pr-definido, temos que antecipar, e acomodar, as relaes sociais e Os sistemas devem ser projetados para executar funes na menor escala que seja prtica eecolgicas efetivas que se desenvolvem a partir da auto-organizao e crescimento. eficiente no uso da energia para aquela funo. A escala e a capacidade humanas deveriam serO cone deste princpio pode ser visto como uma viso de cima para baixo de um crculo a unidade de medida para uma sociedade sustentvel democrtica e humana. Este princpiode pessoas ou elementos formando um sistema integrado. O centro aparentemente vazioj se encontra razoavelmente bem compreendido como resultado do trabalho pioneiro derepresenta o sistema abstrato integral que surge da organizao dos elementos e que tambm E. F. Schumacher16. Sempre que fizermos qualquer coisa de natureza auto-suficiente elhes d forma e carter. independente - produzir alimentos, consertar um eletrodomstico, manter nossa sade, estamos fazendo um uso eficaz e poderoso deste princpio. Sempre que fizermos nossasQuando se tem um arranjo adequado de plantas, animais, obras de terra e outros tipos compras de pequenos comerciantes locais ou contribuirmos para as questes ambientais ede infra-estrutura, possvel se desenvolver um grau mais elevado de integrao e auto- da comunidade local, tambm estaremos aplicando este princpio. Apesar do sucesso dasregulao sem a necessidade de intervenes humanas constantes para manejo corretivo. tecnologias intermedirias e apropriadas na abordagem de necessidades locais em projetosPor exemplo, a criao de galinhas sob florestas pode ser usada para coletar a serapillheira de desenvolvimento, nas ltimas dcadas a disponibilidade de energia barata continuouem sistemas de jardim a jusante, desde que adequadamente localizados. Espcies daninhas a subsidiar sistemas de larga escala. O fim da energia barata vai deslocar as economiasarbustivas e lenhosas existentes em sistemas de pastagens muitas vezes podem contribuir de escala naturais em favor dos sistemas pequenos, enquanto as diferenas relativas naspara a melhoria do solo, biodiversidade, usos medicinais e outros usos especiais. A rotao economias de escala entre vrias funes vo permanecer.adequada dos animais nas pastagens pode freqentemente controlar essas espciesdaninhas sem elimin-las totalmente, preservando seu lado benfico.Por outro lado, a idia de que a movimentao de materiais, pessoas (e outros seres vivos) deveria ser um aspecto secundrio de qualquer sistema uma idia nova para a modernidade.Ao desenvolver a conscientizao da importncia dos inter-relacionamentos no design de A convenincia e o poder proporcionados por uma mobilidade maior e pela tecnologia dasistemas auto-suficientes, duas afirmaes presentes nos ensinamentos e na literatura de informao tem sido um cavalo de Tria, destruindo comunidades e aumentando aspermacultura so de importncia fundamental:20 21 12. demandas de energia. Mobilidade e velocidade nos pases ricos tm se tornado to prejudiciais A grande diversidade de formas, funes e interaes na natureza e na humanidade so a fonteque movimentos do tipo Alimento Lento e Cidades Lentas j surgiram. A revoluo das da complexidade sistmica que evolui ao longo dos tempos. O papel e o valor da diversidadecomunicaes e dos computadores deu novo mpeto s idias de que velocidade uma boa na natureza, cultura e permacultura so dinmicos, complexos e, s vezes, aparentementecoisa mas, de novo, lados negativos caractersticos tm surgido como as avalanches de contraditrios em si mesmos. A diversidade necessita ser vista como o resultado do equilbrio emensagens indesejadas (spams) que ameaam as amenidades do e-mail.da tenso existente na natureza entre variedade e possibilidade de um lado, e de produtividadeMuitos outros exemplos prticos nos oferecem uma viso mais equilibrada de oposio e fora do outro.atrao de processos mais velozes e sistemas de larga escala. Por exemplo, a rpida respostaHoje se reconhece amplamente que a monocultura uma causa importante da vulnerabilidadedas culturas agrcolas aos fertilizantes solveis , muitas vezes, pouco duradoura. Esterco e a pragas e doenas e, portanto, do uso indiscriminado de agrotxicos e de energia para seuminerais rochosos naturais geralmente proporcionam uma nutrio para a planta que maiscontrole. A policultura17 uma das mais importantes e amplamente reconhecidas aplicaes doequilibrada e prolongada. Um bom resultado de um pouco de fertilizante no significa queuso da diversidade para reduzir a vulnerabilidade a pragas, variaes climticas desfavorveismaiores quantidades levaro a melhores resultados.e flutuaes de mercado. A policultura tambm reduz a dependncia nos sistemas de mercadoEm reflorestamento, as espcies de rpido crescimento muitas vezes tm vida curta,e refora a auto-suficincia e autoconfiana da famlia e da comunidade, pois proporciona umaenquanto que outras espcies, mais valiosas e de crescimento aparentemente mais lento,gama maior de bens e servios.depois da segunda ou terceira dcada aceleram o crescimento e acabam superando as deContudo, de forma alguma a policultura a nica aplicao deste princpio.rpido crescimento. Um pequeno plantio submetido a desbaste e poda das rvores pode gerar A diversidade dos vrios sistemas de cultivo reflete as caractersticas peculiares da naturezauma renda total maior que uma plantao maior sem manejo. e situao do local e do contexto cultural. A diversidade das estruturas, tanto a de entes vivosEm nutrio animal, os animais que so alimentados com doses concentradas de nutrientes como as construdas, um aspecto importante deste princpio, assim como a diversidademuitas vezes se tornam mais susceptveis a doenas e apresentam uma longevidade menor entre espcies e populaes, inclusive comunidades humanas. A conservao de peloque animais criados mais naturalmente. Excesso de animais em reas de pastagem umamenos algumas da grande diversidade de idiomas e culturas no planeta possivelmente todas causas mais freqentes da degradao das terras, mas um nmero pequeno de animais importante quanto conservao da biodiversidade. Apesar do forte impacto no homem e nabem manejados pode ser benfico ou mesmo essencial para agricultura sustentvel.biodiversidade das respostas inadequadas e destrutivas ao declnio do uso de energia, no longoNas cidades com grande densidade populacional, a aparente convenincia e velocidade dos prazo o declnio de energia ir desacelerar o motor econmico da destruio da diversidadeautomveis congestionam o trnsito e prejudicam a qualidade de vida, enquanto as bicicletas,e estimular uma nova diversidade em nvel local e bioregional. Embora muitos movimentosmais eficientes quanto ao consumo de energia, proporcionam liberdade de deslocamentosociais e ambientais somente reconheam a diversidade biolgica e cultural pr-existente, asem barulho ou poluio. As bicicletas podem tambm ser fabricadas de maneira maispermacultura tambm est ativamente engajada em criar novas biodiversidades bioregionais aeficiente e montadas em fbricas locais menores do que exigem as economias de escala da partir da fuso dos elementos que herdamos da natureza e da cultura.indstriaautomobilstica.O provrbio No coloque todos seus ovos numa nica cesta incorpora o entendimento popularO provrbio Quanto maior, pior a queda nos faz lembrar de uma das desvantagens do que a diversidade proporciona um seguro contra as peas que a natureza e a vida cotidianatamanho e crescimento excessivo. Por outro lado, o provrbio Devagar e sempre ganhanospregam.a corrida um dos muitos que estimulam a pacincia, ao mesmo tempo em que traz umareflexo sobre uma verdade comum na natureza e na sociedade.PRINCPIO 11: USE AS BORDAS E VALORIZE OS ELEMENTOS MARGINAISNo pense que est no caminho certo somente porque ele o mais batido PRINCPIO 10: USE E VALORIZE A DIVERSIDADENo coloque todos seus ovos numa nica cestaO cone do sol subindo no horizonte e um rio em primeiro plano nos mostra um mundocomposto por contornos e bordas.O spinebill (pssaro australiano do gnero Acanthorhynchus que se alimenta de mel) eOs esturios nas zonas da mar constituem uma interface complexa ente a terra e o mar eo beija-flor tm bicos longos e capacidade para se manter imveis no ar uma perfeitapodem ser vistos como um grande mercado ecolgico de trocas entre esses dois grandescombinao para sorver o nctar de flores longas e delgadas. Essa extraordinria adaptaodomnios de vida. A gua rasa permite a penetrao da luz solar que possibilita o crescimentoco-evolucionria simboliza a especializao da forma e da funo na natureza.de algas e plantas, proporcionando tambm reas onde as aves aquticas e outros pssaros2223 13. buscam alimento. A gua doce dos rios que drenam as micro bacias escoa sobre a guasalgada, que mais densa e que oscila para l e para c entre as mars, redistribuindoPRINCPIO 12: USE CRIATIVAMENTE E RESPONDA S MUDANASnutrientes para as inmeras formas de vida que pululam nesse habitat.A verdadeira viso no enxergar as coisas como elas so hoje, mas como sero no futuroDentro de cada ecossistema terrestre, o solo vivo, que pode ter apenas alguns centmetros deprofundidade, uma borda ou interface entre o subsolo mineral, sem vida, e a atmosfera. ParaEste princpio tem duas vertentes: realizarmos um design levando em conta as mudanastodo tipo de vida terrestre, inclusive para ns humanos, essa a mais importante de todas de uma forma deliberada e cooperativa, e respondermos criativamente ou adaptarmos oas bordas. Apenas um nmero limitado de espcies resistentes pode viver em solos rasos,design s mudanas de larga escala do sistema que escapam ao nosso controle e influncia.compactos e pouco drenados que apresentam uma interface insuficiente para a vida. SolosA primeira vertente ilustrada pela acelerao da sucesso ecolgica dentro de sistemasprofundos, bem arejados e drenados so como uma esponja, uma tima interface que tem de cultivo, que a expresso mais comum deste princpio na prtica e na literatura decapacidade de manter plantas saudveis e produtivas. permacultura. Por exemplo, o uso de rvores fixadoras de nitrognio de rpido crescimentoAs artes marciais e as tradies espirituais de pases orientais consideram a viso perifrica para melhorar o solo, e para proporcionar sombra e abrigo para rvores produtoras de alimentocomo sendo um sentido crtico, alm dos nossos cinco sentidos, que nos conecta ao mundode crescimento mais lento, mostra um processo de sucesso ecolgica de espcies pioneirasbem diferente do mundo que enxergamos com nossa viso focalizada. Qualquer que seja oat espcies clmax. A remoo gradual de algumas ou de todas as rvores fixadoras deobjeto da nossa ateno, temos que lembrar que na borda de alguma coisa sistema ou nitrognio para rao animal ou para fins energticos ao longo da maturao dos plantiosmeio, que acontecem os eventos mais interessantes; o design que v a borda como umailustra o xito desse sistema. As sementes existentes no solo e que so capazes de germinaroportunidade ao invs de um problema tem maior probabilidade de xito e de ser mais flexvel.depois da ocorrncia de desastres naturais ou de uma mudana no uso do solo (por exemplo,Nesse processo, descartamos as conotaes negativas associadas palavra marginal para numa cultura anual) fornece a garantia do restabelecimento do sistema no futuro.podermos entender o valor dos elementos que contribuem apenas de maneira perifrica Esses conceitos tambm tm sido aplicados para facilitar a compreenso de como asfuno ou ao sistema.mudanas sociais e organizacionais podem ser estimuladas de maneira criativa. DaEm trabalhos de desenvolvimento rural, o foco em cultura de alimentos, terras agrcolas de mesma forma como usamos uma gama mais ampla de modelos ecolgicos para mostrartima qualidade e em objetivos e valores claramente articulados no mbito das comunidadescomo podemos fazer uso da sucesso, agora vejo isso no contexto maior do nosso uso dasfreqentemente resulta numa subvalorizao, descaso e destruio de espcie silvestres e mudanas e da nossa resposta a elas.espaos marginais, paralelamente menor visibilidade para as necessidades das mulheres, A adoo de inovao satisfatria em comunidades freqentemente segue um padro similarpessoas deficientes e sem terra. Analogamente, o foco das polticas econmicas nas grandes ao da sucesso ecolgica na natureza. Pessoas visionrias e com idias fixas muitas vezesempresas e nas cidades em crescimento ignora o fato de que esses sistemas empregam so pioneiros em propor solues, mas geralmente h necessidade de que lderes maisos frutos de inovaes passadas e que as pequenas empresas e as localidades e sistemas influentes e mais respeitados assumam a inovao para que ela seja vista como apropriadamenores e menos ricos so a fonte de inovaes futuras.e desejvel. s vezes, preciso uma gerao inteira para que idias radicais sejam adotadas,Este princpio funciona com base na premissa de que o valor e a contribuio das bordas e os embora isso possa ser acelerado por meio da influncia da educao escolar no ambienteaspectos marginais e invisveis de qualquer sistema deveriam no apenas ser reconhecidos domstico. Por exemplo, mudas produzidas por crianas em viveiros da escola e levadas parae preservados, mas que a ampliao desses aspectos pode aumentar a estabilidade e acasa podem receber bons cuidados e se desenvolver em rvores frondosas e duradouras,produtividade do sistema. Por exemplo, aumentando-se a borda entre o terreno e a margem de enquanto mudas de outras origens poderiam ser descartadas ou destrudas por animais.uma represa pode-se aumentar a produtividade de ambos. O sistema de cultivo em alamedasA permacultura diz respeito durabilidade de sistemas vivos naturais e da culturae o reflorestamento em faixas podem ser considerados como sistemas nos quais a ampliao humana, mas essa durabilidade paradoxalmente depende em grande parte de certo grauda borda entre o campo e a floresta contribui para aumentar a produtividade. de flexibilidade e mudana. Muitas estrias e tradies trazem o tema que diz que dentroO provrbio No pense que est no caminho certo somente porque ele o mais batido nos da maior estabilidade esto as sementes da mudana. A cincia nos mostrou que o que lembra que as coisas mais comuns, bvias e populares no so necessariamente as mais aparentemente slido e permanente pode ser, no nvel celular e atmico, uma furiosa massasignificativas ou de maior influncia. de energia e mudanas, analogamente s descries de certas tradies espirituais. A borboleta, que a transformao de uma lagarta, o smbolo da idia de mudana adaptativa que mais estimuladora do que ameaadora. Embora seja importante integrar esse entendimento de fluidez e mudanas contnuas na nossa conscincia do dia-a-dia, a aparente iluso de estabilidade, permanncia e24 25 14. sustentabilidade se resolve pelo reconhecimento de que a natureza das mudanas dependeREFERNCIASda escala. Quando se considera qualquer sistema em particular, as mudanas rpidas, 1 B. Mollison, & D. Holmgren Permaculture One Corgi 1978 publicado em 5 idiomas.de pequena escala e durao dos seus elementos contribuem, na realidade, para uma 2 H.T. Odum Environment, Power & Society, John Wiley 1971 foi um livro que influenciou muitos ambientalistas chave nos anos 70, e foi aprimeira referncia citada em Permaculture One. As prodigiosas publicaes de Odum desde 3 dcadas atrs, assim como o trabalho deestabilidade de ordem mais elevada do prprio sistema. Vivemos e agimos num contextoseus alunos e colegas, continuaram a influenciar meu trabalho.histrico de rotatividade e mudanas em sistemas de mltiplas e grandes escalas; isso 3 David Holmgren: Coleo de textos 1978-2006 (e-book) Holmgren Design Services 2002. Artigo 11 O desenvolvimento do conceitogera uma nova iluso de mudanas sem fim, sem qualquer possibilidade de estabilidade ou de Permacultura e Artigo 25 Energia e eMergia: Reavaliando nosso Mundo so especialmente relevantes para explicar a influncia dotrabalho de Howard Odum na permacultura. Para uma avaliao e comparao recentes do conceito de eMergia de Odum para outrassustentabilidade. Um sentido sistmico e contextual do equilbrio dinmico entre estabilidade ferramentas de sustentabilidade veja Ecossystem, Properties and Principles of Living Systems as Foundation for Sustainablee mudana contribui para o design que evolucionrio mais do que acidental.Agriculture: Critical reviews of environmental assessment tools, key findings and questions from a course process por StevenDoherty and Tobjorn Rydberg (editores) Jan 2000.O provrbio A verdadeira viso no enxergar as coisas como elas so hoje, mas como sero 4Richard Heinberg The Partys Over: Oil, War and the Fate of Industrial Societies. New Society Publishers 2003.no futuro enfatiza que entender mudana muito mais que a projeo de grficos estatsticos 5 Para uma explorao das limitaes evolutivas das comunidades tribais / organizao tribal no mundo moderno ver Artigo 29 TribalConflict: Proven Pattern, Dysfunctional Inheritance em David Holmgren: Collected Writings 1978-2006 (e-book).mostrando tendncias. Tambm estabelece uma ligao cclica entre este ltimo princpio de6 Para uma articulao atual do valor das culturas indgenas e o valor de uma resposta eco-espiritual descida energtica ver Last Hoursdesign e o primeiro sobre observao. of Ancient Sunlight. Waking up to personal and global transformation de Thom Hartmann 1999. Harmony Books.7Mais conhecido por cunhar o termo pensamento lateral.CONCLUSO 8 Norbert Wiener Cybernetics: Control and Communication in the Animal and the Machine, 1948 o texto base. General Systematics, deJohn Gall (Harper & Row 1977), proporciona um guia acessvel e til para permacultores.O desenvolvimento sustentvel para atender as necessidades humanas, dentro de limites 9 Ver Farmers of Forty Centuries, de F.H. King, para uma descrio da agricultura chinesa e a virada do sculo XX como um exemplo desociedade sustentvel dependente do uso mximo do trabalho humano.ecolgicos, exige uma revoluo cultural maior que qualquer uma das mudanas profundas10 uma reformulao do princpio de mxima potnciade Lotka. H. Odum sugeriu que o princpio de mxima potncia (ou ao menos suaocorridas no ltimo sculo. O design e as aes da permacultura no ltimo quarto de sculoverso dele baseada na EMERGIA) deveria ser reconhecido como a quarta lei da Energia.11O retorno de parte dos produtos de um circuito aos insumos, de modo a afetar seu funcionamento / execuo.mostraram que essa revoluo complexa e multifacetada. Embora ainda continuemos a nos 12 J. Lovelock Gaia: A New Look At Life Oxford University Press 1979.debater com as lies de sucesso e fracasso do passado, o mundo de energia em declnio que13 B. Mollison Permaculture: A Designers Manual Tagari 1988.est surgindo vai adotar muitas das estratgias e tcnicas da permacultura, como meios bvios 14 B. Mollison Permaculture: A Designers Manual Tagari 1988.15A nfase de Charles Darwin nas relaes competitivas e predatrias da natureza se baseava em algumas excelentes observaes dae naturais de se viver dentro de limites ecolgicos, quando as riquezas reais diminurem. natureza selvagem, mas ele tambm foi influenciado pelas observaes da sociedade ao seu redor. A Inglaterra do incio da era industrialera uma sociedade em rpida mudana explorando novas fontes de energia. As relaes econmicas predatrias e competitivas estavamPor outro lado, o declnio de energia vai demandar respostas em tempo real para situaes transformando normas e convenes sociais anteriores. Os Darwinistas Sociais usaram o trabalho de Darwin para explicar e justificar onovas e adaptaes incrementais de sistemas inadequados existentes, bem como as melhorescapitalismo industrial e o mercado livre. Peter Kropotkin foi um dos primeiros crticos ecolgicos dos Darwinistas Sociais. Ele forneceuinovaes criativas aplicadas a problemas de design menores e mais corriqueiros. Tudo issouma extensa evidncia da natureza e da histria humana de que relaes cooperativas e simbiticas eram ao menos to importantesquanto a competio e predao. O trabalho de Kropotkin tem uma forte influncia no incio de meus pensamentos de desenvolvimentodeve ser feito sem os oramentos milionrios e o oba-oba normalmente associados sdo conceito de permacultura. Veja P. Kropotkin, Mural Aid, 1902.inovaes atuais do desenho industrial. 16 Veja E.F. Schumacher, Small is Beautiful: A study of economics as if people mattered. 1973.17 Policultura o cultivo de muitas espcies de plantas e/ou animais e variedades em um sistema integrado.Os princpios de design da permacultura jamais podero substituir o conhecimento tcnico eas experincias prticas de sucesso. Contudo, esses princpios podem oferecer uma estruturaconceitual para a gerao contnua de solues para situaes e locais especficos, que sonecessrias para se avanar alm dos xitos limitados do desenvolvimento sustentvel at umreencontro entre cultura e natureza.26 27