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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO “Paulo Freire: um pensar sobre a educação além das margens do educar” Por: Mariana Delesderrier Natally do Ó Renata Paula Tiago Tinoco Vanessa Santiago Yasminni Bianor Trabalho apresentado à professora Ângela Santi, na disciplina de Fundamentos Filosóficos da Educação, como

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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

“Paulo Freire: um pensar sobre a educação além das margens do educar”

Por:

Mariana Delesderrier

Natally do Ó

Renata Paula

Tiago Tinoco

Vanessa Santiago

Yasminni Bianor

Faculdade de Educação – Primeiro semestre de 2011

Trabalho apresentado à professora Ângela Santi, na disciplina de Fundamentos Filosóficos da Educação, como cumprimento de avaliação.

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1. Introdução:

O estudo da metodologia freireana gera reflexões sobre pensamentos e afirmações de um

modo singular. Em um movimento espiralado, que leva ao pensar e repensar, progressiva e

repentinamente, há a visão de um ponto de partida à vida humana individual, dentro de uma

comunidade, de uma cultura, em convivência com o outro.

Paulo Freire tem história humilde e, talvez por isso, desenvolveu idéias e conceitos capazes

de somar em sua pedagogia aspectos conflitantes proporcionando aos seus educandos a capacidade

de pensar e contextualizar sobre diversos assuntos relacionados à sua vida.

A Educação de jovens e adultos foi tratada de diversas formas no decorrer do tempo,

possuindo características próprias dentro de cada contexto sócio-político. Portanto, possui papel

determinante no contexto histórico do país.

Fica perceptível que todos que tiveram e têm conhecimento de seus propósitos, refletem

sobre os seus, assumindo uma postura menos ingênua e mais consciente diante da educação de

jovens e adultos. Paulo Freire criou uma pedagogia tão paradoxalmente simples, que desvela, de

forma ainda mais singela, algo tão imenso e profundo: a importância da vida humana e o valor do

outro no processo pedagógico. Freire nos ensina a olhar o outro, olhando para nós mesmos.

“somos dotados de razão, mas a razão é só uma potencialidade e precisa ser desenvolvida no

decorrer da vida.” (Paulo Freire)

2. Para falar de história.

2.1. Paulo Freire.

PAULO Reglus Neves FREIRE nasceu no Recife, na Estrada do Encanamento, em 19 de

setembro de 1921. Em Jaboatão (Recife) concluiu o curso primário. Mas, na época, não havia como

prosseguir sua formação escolar, salvo no Recife. Iniciou o curso ginasial no Colégio 14 de Julho, no

bairro de São José. Sem recursos para continuar os estudos em uma escola paga, interrompeu o curso

no final da primeira série. Insistentes pedidos seus reforçaram a luta de Dona Edeltrudes, sua mãe,

que fez várias tentativas para conseguir uma escola onde Paulo pudesse estudar gratuitamente. Após

diversas viagens frustradas ao Recife, afinal dona Edeltrudes encontrou no Professor Aluízio Pessoa

de Araújo, do Colégio Oswaldo Cruz, a compreensão que possibilitou a Paulo Freire dar

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continuidade a sua formação escolar. Ali concluiu o curso secundário, iniciado no Colégio 14 de

Julho, e realizou o pré-jurídico, conforme o modelo então vigente

No Colégio Oswaldo Cruz, após algum tempo como censor, Paulo iniciou a carreira de

magistério, como professor de português. Em 1943 ingressou na Faculdade de Direito do Recife. No

ano seguinte, casou-se com Elza Maria Costa de Oliveira, professora primária, que exerceria um

papel fundamental na vida e na construção das idéias e das práticas de Paulo Freire. Em 1947 aceitou

o convite para ocupar a direção de uma divisão de educação e cultura do SESI.

Nos anos 50, o fazer administrativo e a ação pedagógica (cuja clientela era formada

preponderantemente por trabalhadores na indústria), inerentes ao seu cotidiano no SESI, o magistério

na Escola de Serviço Social de Pernambuco e na Escola de Belas Artes, da Universidade do Recife,

onde lecionava História e Filosofia da Educação, foram as referências regulares de trabalho que

provocaram sua criatividade e alimentaram a construção de seu pensamento. Os anos 50 foram

particularmente importantes para a solidificação do pensamento de Paulo Freire, no tangente a

leituras e reflexões.

O advento dos anos 60 encontrou Paulo Freire com todo o delineamento de um pensamento

político-pedagógico dialógico e libertador, conducente a atitudes indicativas da autonomia e do

intercâmbio dos saberes entre o aprendiz e o educador. Com o golpe de Estado de 1964, Paulo Freire

foi preso no dia 16 de junho, acusado de atividades subversivas. Permaneceu 70 dias detido, parte em

Olinda, parte no Recife, mas em diversas celas, logo após foi exilado.

Durante 10 anos, de fevereiro de 1970 a junho de 1980, Freire encontrou em Genebra, no

Conselho Mundial das Igrejas, endereço estável. Professor na Universidade de Genebra, com

liberdade para desenvolver experiências fora da Suíça, Paulo Freire partiu para o mundo (sempre

retornando a Genebra): fez-se presente com sua palavra e ação na Ásia, Oceania, América e,

sobretudo, na África de língua portuguesa (Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe, Guiné-

Bissau). Paulo Freire tinha 43 anos de idade quando partiu para o exílio. Retornou quase 16 anos

após. Em junho de 1979 obtivera seu primeiro passaporte brasileiro. Passou o mês de agosto no

Brasil. Mas, somente no ano seguinte voltaria para ficar.

Em São Paulo, encontrou as condições de trabalho e a liberdade de ação que não encontraria

no Recife. Devido à possibilidade aberta pela Lei da Anistia e pelo espírito democrático da Reitoria

da PUC, pôde ficar para trabalhar, amar e criar em seu próprio país. De setembro de 1980 ao final do

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ano letivo de 1990, foi professor da UNICAMP. De 01 de janeiro de 1989 a 27 de maio de 1991,

Paulo Freire ocupou o cargo de Secretário da Educação da Cidade de São Paulo.

Paulo Freire fez diversas visitas ao Recife e, também, ao Cabo de Santo Agostinho. Vinha,

quase sempre, para falar aos professores e professoras de várias entidades, principalmente atuando

em programas de alfabetização. Em fevereiro de 1997, Paulo Freire fez sua última visita ao Recife.

Veio a convite do SESI. Em 22 de abril de 1997, Paulo Freire proferiu, na PUC de São Paulo, sua

última aula.

Paulo Freire faleceu de infarto, em São Paulo, no dia 2 de maio de 1997 aos 75 anos de idade.

2.2. Contexto histórico: educação jesuítica à pedagogia freiriana.

A história da educação no Brasil se iniciou em 1549 com a chegada dos jesuítas. Movidos por

um intenso sentimento religioso e a enorme vontade de difundir suas crenças, durante mais de 200

anos eles foram os únicos educadores do país.

Em 1749 os jesuítas foram expulsos e a educação encontrou um imenso vazio que só viria a

ser preenchido em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da família Real para

o Brasil - Colônia. Nesse período a educação e a cultura tomaram novos impulsos com a criação de

instituições científicas e culturais de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como o curso

de Medicina. Apesar da obra de D. João ter sido importante em muitos aspectos, ela se voltou

primordialmente para satisfazer às necessidades de formação profissional da corte, dando

continuidade a marginalização do ensino primário.

Em 1822 a Independência do país trouxe diversas mudanças sociais, políticas e econômicas,

esboçando-se, inclusive na educação. Com a constituição de 1824 o Império comprometia-se a

assegurar “instrução primária e gratuita a todos os cidadãos” o que determinou a criação de escolas

de ensino primário em todas as cidades. Já na Primeira República com a Constituição de 1891, na

qual implementava o federalismo – autonomia política para cada província – a educação foi “deixada

de lado” já que não existia mais um poder “maior” que a assegurava. Com isso, a disparidade entre a

elite e as classes populares foi se acentuando.

Já no período de Vargas, com a criação da constituição de 1934 a educação tomou novos

rumos; Ela previa o Plano Nacional da Educação no qual visava à manutenção e coordenação da

educação pelo governo federal e tornava o ensino primário gratuito e obrigatório.

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Tempos depois, diante de um país conturbado e abalado em suas estruturas devido a Guerra

Fria, o presidente João Goulart instaura as reformas de base. Além de abranger os campos sociais e

políticos, esse novo plano também se entendia para a educação, criando o Plano Nacional de

Alfabetização, que tinha por objetivo erradicar o problema no Brasil levando em conta os métodos de

Paulo Freire. Esse educador e filósofo destacou-se com seu método inovador de alfabetização no

qual ensinou em apesar 45 dias 300 alunos do Rio Grande do Norte a ler e escrever.

Porém em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu

essa iniciativa. Paulo Freire foi preso 70 dias sendo considerado com um traidor e logo em seguida se

exilou na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos.

Paulo Freire criou um método no qual visava “colocar o oprimido como sujeito da sua

aprendizagem e da transformação da sua realidade”. Criou uma metodologia que visava à leitura do

mundo, a liberdade, o diálogo e a aprendizagem significativa para uma educação transformadora. Ele

acreditava que a educação era um caminho a ser trilhado pelo próprio educando e não por um

método já previamente estabelecido. Para ele a escola tinha que se aproximar do aluno em termos

vocabulares e de conteúdo, para inserir o aluno em sua própria realidade e permitir que ele, por si só,

buscasse o aprendizado e fosse capaz de ter uma visão crítica diante a sociedade na qual ele vivia.

3. Concepção sobre educação bancária.

Paulo Freire não se limitou em analisar a pedagogia e a educação, mas também sugeriu uma

teoria de como ambas devem se relacionar. Partindo desse pressuposto, ele expõe a “Concepção

Bancária de educação”, criticando o modelo de educação instaurado no sistema capitalista.

Nessa concepção, ele expõe a dicotomia “depositante versus depositário”. Na qual,

depositante é o ‘educador’ e depositário é o ‘educando’. Ao enfatizar a contradição educador-

educando, aumenta a domesticação do homem. Pois a não separação dessa contradição resulta:

O educador fala; o educando escuta.

O educador prescreve; o educando segue a prescrição.

O educador escolhe o conteúdo dos programas; o educando o recebe na forma de

‘depósito’.

O educador é sempre quem sabe; o educando, aquele que nada sabe.

O educador é o sujeito do processo; o educando é seu objeto.

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Segundo essa visão, o educando é como se fosse uma “caixa” onde o educador “deposita” sua

contribuição. Uma caixa que vai se preenchendo com pedaços de mundo que se transformam em

conteúdos de consciência. Como se o conhecer fosse o resultado de um ato passivo de receber

doações ou imposições de outros. Portanto, essa concepção mecanicista se alicerça nos princípios de

dominação e alienação transferidos do educador para o aluno através do conhecimento arquivado,

imposto e alienado.

Na realidade, a concepção bancária termina por arquivar o próprio homem, tanto aquele que

faz o depósito como quem o recebe. Nega o homem como um ser de busca constante. Nega a sua

criatividade, submetendo-se a esquemas rígidos de pensamentos. Nega seu poder de admirar o

mundo. Deste modo, os educandos inquietos, criadores e resistentes a coisificação são vistos, por

essa concepção, como inadaptados, desajustados ou rebeldes.

4. Educação libertadora.

5. A pedagogia de Paulo Freire.

Seu método de ensino demonstra que dentro de um sistema de dominação, que castiga os

menos favorecidos e atende aos interesses das minorias, é necessária uma pedagogia que

conscientize e liberte tanto o opressor quanto o oprimido, oportunizando a este se enxergar como

sujeito de sua história, buscando a melhoria das condições de vida e a garantia da sua

reprodutividade. O que move a vontade de mudar, de lutar, é o desabrochar da consciência ético

crítica.

O educador não pode apenas alfabetizar e furtar ao educando as informações necessárias para

que ele obtenha consciência da direção de sua vida e da sua miséria, sabendo as causas da sua

produção. Muitas vezes, um iletrado se acha acomodado às estruturas que o oprimem, educar é

promover a saída do mundo fechado, para outros mundos e, ao voltar, redescobrir o seu lugar. É um

processo individual subjetivo, que deve provocar o educando, para que ele reconheça dentro de si,

valores adormecidos, que, muitas vezes não são reconhecidos, nem por ele próprio. Os processos de

provocação, de conscientização, de diálogo, contidos na Pedagogia de Freire, desacomodam, geram a

dúvida, buscando levar o educando a elevar-se a uma situação mais elaborada, a uma realidade além

e superior, a transcender pela educação.

A prática pedagógica proposta por Freire, se concretiza dentro, com e a partir do grupo,

considerando as condições locais, culturais e reais, parte da vontade do alfabetizando de querer

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aprender a ler o mundo, causando uma reflexão sobre este mundo e gerando a esperança na

transformação.

Paulo Freire parte da individualidade, a unidade primeira vital e humana, relacionando-a com

os outros indivíduos, ajudando a construir significados locais e culturais, para atingir o valor

universal.

Segundo Cabral, Paulo Freire em seu livro pedagogia do oprimido, fala da concepção

bancária da educaçãocomo instrumento da opressão, caracterizada como um depósito, para com o

povo. Esta pedagogia caracteriza-se por relações fundamentalmente narradoras e dissertadoras entre

um sujeito narrador, o educador, e objetos ouvintes, os educandos, por falar da realidade como algo

parado, estático, compartimentado e completamente alheio à experiência existencial dos educandos e

por recorrer à palavra esvaziada da dimensão concreta que devia ter. (Cabral 2005).

“A educação problematizadora caracteriza-se pela intencionalidade, afirmandoe

fundamentando que alfabetizar é conscientizar,enquanto capacidade de admirar,objectivar,

desmistificar e criticar arealidade envolvente do mundo no qualo homem ao descobrir-se seu

construtordescobre-se sujeito da cultura e comotal se afirma como sujeito livre contraqualquer

regime de dominação que visaa massificação, numa luta pela transformaçãoe conquista e

efectivação da sualiberdade alcançada pela práxis.”(Cabral – 2005)

6. O sistema Paulo Freire de alfabetização.

No método de alfabetização que criou, a leitura é apenas uma parcela de aprendizagem, frente

às novas perspectivas de vida, que vão sendo delineadas pela conscientização. Aqueles que são

alfabetizados por este método passam a crer no poder de transformação, partindo da leitura do seu

mundo para a leitura da palavra. A conscientização é fruto de um compromisso histórico, é ato de

ação e reflexão, exigindo que os homens assumam o papel de sujeitos da história, que lutem pela sua

existência, não se acomodando às condições em que se encontram; a conscientização convida o

homem a assumir uma posição frente ao mundo.

Sua proposta apresenta um enfoque político, relacionado à identidade cultural do

alfabetizando no processo emancipatório de luta, na procura de diminuir o distanciamento cultural e

social do analfabeto, vivente de um mundo letrado, na busca de seu espaço por uma vida melhor, que

minimize a violência cultural da exclusão, da discriminação, da opressão. O método foi usado por

ele, primeiramente em Angicos e também em São Paulo, quando criou o Movimento de

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Alfabetização de São Paulo, em 1990. Para esse educador brasileiro é preciso inicialmente, na

alfabetização, fazer olevantamento do universo vocabular do estudante a fim de identificar as

palavras geradoras, as palavras de uso mais freqüente.

É evidente que as palavras geradoras variam conforme o meio natural. Em Pernambuco,

Freire identificou as seguintes palavras: tijolo, voto, siri, palha, biscate, cinza, doença, chafariz,

máquina, emprego, engenho, mangue, terra, enxada, classe. Nas favelasdo Rio de Janeiro, foram

outras as palavras sugeridas para a alfabetização: favela, chuva, arado, terreno, comida, batuque,

poço, bicicleta, trabalho, salário, profissão, governo, mangue, engenho, enxada, tijolo, riqueza. Essas

palavras geradoras eram retiradas de umcontexto histórico narrativo em que os educadores e

educandos discutiam as suas realidadesde vida. Eram palavras ricas de sentido e “grávidas de

mundo”, não podendo serreduzidoesse método ao silabismo fonético do (ta, te, ti, to, tu).

Depois do levantamento vocabular, os “círculos de cultura” oferecem aoportunidade de

debate, de problematização, de conscientização. A Alfabetização para elenão é puramente mecânica,

decifração de códigos ou de sinais gráficos, mas, enquanto sedesenvolve o processo de aquisição da

leitura e da escrita, que é aprendizagem designificados, dá-se primordialmente, a conscientização. O

professor, nesse processo, é umanimador, evitando toda forma de autoritarismo, promovendo a

interlocução e o diálogo.

O método de alfabetização de Paulo Freire pretende integrar a leitura da palavra àleitura do

mundo, pois essa precede aquela. Lê-se a palavra e se aprende a escrever apalavra como

conseqüência de quem tem a experiência do mundo e de estar em contatocom o mundo e em

condições de mudá-lo.Esse educador brasileiro não é a favor de cartilhas que são elaboradas para

todo umpaís e que fatalmente ficarão distantes da realidade dos educandos. Para ele, as cartilhas

nãocontribuem com o processo de criação do adulto em processo de alfabetização. Afirma queas

palavras devem ser criadas e não “doadas”. O alfabetizando é o sujeito e não objeto daalfabetização.

As cartilhas, inevitavelmente, não favorecem a esta concepção.

Segundo Paulo Freire, a educação deve procurar desenvolver a tomada de consciência e a

atitude crítica, graças à qual o homem aprende a escolher e a decidir, libertando-o em lugar de

submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, como ainda faz com muita freqüência a educação em

vigor em um grande número de países do mundo. O homem ao mudar a sua realidade, também vai se

transformando, na medida em que ele se integra ao seu contexto e se compromete, vai construindo a

si mesmo. O homem, porque é homem, é capaz de reconhecer que não vive em um eterno presente, e

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sim em um tempo, feito de hoje, ontem e de amanhã; esta tomada de consciência de sua

temporalidade (que lhe vem de sua capacidade de discernir) permite-lhe tomar consciência de sua

historicidade.

A prática da liberdade é outro foco importante de sua pedagogia, que só se torna eficaz a

partir da participação livre e crítica dos educandos. Seu método é o da dialogicidade, que permite a

prática da liberdade aos não livres. A alfabetização é ligada à democratização da cultura,

alfabetização como ato de criação e re-criação; capaz de colaborar com a organização reflexiva do

pensamento, combatendo a inexperiência democrática.

Ao partir da realidade de vida do alfabetizando, da tomada de consciência crítica das

estruturas que o oprimem, a pedagogia toma um aspecto ético-crítico. A reflexão prática sobre a

própria comunidade permite que o alfabetizando adquira uma nova visão de mundo que evolui da

consciência mágica ou ingênua para a consciência crítica.

A compreensão antropológica da cultura é fundamental, faz com que o alfabetizando se

reconheça como um sujeito ético digno, como sujeito do seu processo de libertação, compreendendo-

se como fazedor de cultura, transformador, um indivíduo participante dentro de um processo social,

cultural, político e econômico. O alfabetizando se educa dentro do seu próprio processo histórico,

comunitário e real, adquirindo condições de transformar seu modo de viver e contribuir para a sua

inserção no mundo, distinguindo o mundo da natureza e do mundo da cultura.

7.Conclusão.

Estudar Freire nos leva a construir um novo olhar sobre a educação. Aprende-se a questionar

a atitude de educador, muitas vezes insatisfeito, curioso, preocupado com a grande parte de alunos

que vão à escola, mas que não conseguem aprender ou não se sentem motivados a fazê-lo. Com ele,

percebe-se a importância do amor nas relações pedagógicas, capaz de transformar a vida; a

importância da troca, do coletivo, da parceria em educação, o compartilhar com o outro; a

intersubjetividade, o diálogo; a humildade, o respeito ao indivíduo, às suas diferenças e à cultura de

cada um.

A escola ainda não soube se contemporaneizar e necessita de uma nova visão de mundo, uma

nova maneira de pensar e agir, se deseja dar a mão, principalmente, aos jovens e adultos que na

época adequada não encontraram nela seu espaço, e agora retornam a ela, com esperança, de ao

serem alfabetizados, terem um futuro melhor.

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8. Bibliografia.

CABRAL; ARLINDA. Reseña de “Pedagogia do oprimido” de Paulo Freire. Revista lusófona de

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Fonte WWW

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<http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/obras/artigos/6.html> (acesso em 10/10/2011)

MEDEIROS, L.M.B. Paulo Freire: construtor de uma Educação Transformadora. [On-line]

Disponível via WWW <http://br.monografias.com/trabalhos/paulofreire/paulofreire.shtml > (acesso

em 10/10/2011)

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