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AGROENERGIA – FUNDAMENTOS SOBRE O USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA NO MEIO RURAL 4 o Encontro de energia no Meio Rural Geraldo Lúcio Tiago Filho Departamento de Engenharia Mecânica – Programa de Pós Graduação em Engenharia da Energia Centro Nacional de Referência em PCHs - CERPCH Universidade Federal de Itajubá.- UNIFEI CEP 37 500 – 000 Itajubá, MG F. (035) 3629 1157 Fax: (035) 3629 1265 [email protected]. Eliane Framil Ferreira Programa de Pós Graduação em Engenharia da Energia Centro Nacional de Referência em PCHs - CERPCH Universidade Federal de Itajubá.- UNIFEI CEP 37 500 – 000 Itajubá, MG F. (035) 3629 1385 Fax: (035) 3629 1265 [email protected] RESUMO A UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), tendo como meta o atendimento às necessidades da comunidade rural, principalmente, àquelas distantes das linhas convencionais de distribuição de energia elétrica e, portanto, desprovida desse “bem social”, criou o curso de Agroenergia – fundamentos sobre o uso de fontes renováveis de energia no meio rural, com o objetivo de proporcionar ao homem do campo, através da construção do conhecimento, caminhos alternativos para a obtenção de eletricidade com enfoque, também, na racionalidade do seu consumo. Para chegar nessa racionalidade acredita-se na educação como um agente de transformação, capaz de incrementar a capacidade das pessoas de transformar suas idéias sobre a sociedade em realidades funcionais, além de proporcionar mudanças radicais de atitudes e comportamentos. Conhecendo a rotina diária do trabalhador rural e, conseqüentemente, a falta de tempo disponível para outros tipos de atividade, a equipe de trabalho do curso decidiu oportunizar a construção do conhecimento, sobre as fontes renováveis, aos filhos desse trabalhador que através do diálogo poderiam despertar nos adultos o interesse pelo uso de tais fontes contribuindo, desta forma, para a melhoria da qualidade de vida. As principais fundamentações sobre este assunto estão discorridas neste artigo. ABSTRACT UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), having as gol the assistance to needs to rural community, mostly, to those far from the electric power distribution conventional lines created Course of Agroenergia – the use of renewable energy fontes of in the rural areas, with the goal of providing to the man of the country, through the construction of the knowledge, alternative ways for the electricity obtainment with focus, as well, in the rationality of his consumption. To arrive at this rationality it believes in education as a transformation agent, able to increase people's capacity of transforming their ideas on the society in functional realities, besides providing radical changes of attitudes and behaviors. Knowing worker's rural daily routine and, consequently, the lack of available time's for other kinds of activity, the working team of the course decided The main principles about this curse are presented in this paper.

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AGROENERGIA – FUNDAMENTOS SOBRE O USO DE FONTESRENOVÁVEIS DE ENERGIA NO MEIO RURAL

4o Encontro de energia no Meio Rural

Geraldo Lúcio Tiago FilhoDepartamento de Engenharia Mecânica –

Programa de Pós Graduação em Engenharia da EnergiaCentro Nacional de Referência em PCHs - CERPCH

Universidade Federal de Itajubá.- UNIFEICEP 37 500 – 000 Itajubá, MG

F. (035) 3629 1157 Fax: (035) 3629 1265 [email protected].

Eliane Framil FerreiraPrograma de Pós Graduação em Engenharia da Energia

Centro Nacional de Referência em PCHs - CERPCHUniversidade Federal de Itajubá.- UNIFEI

CEP 37 500 – 000 Itajubá, MGF. (035) 3629 1385 Fax: (035) 3629 1265 [email protected]

RESUMO

A UNIFEI (Universidade Federal deItajubá), tendo como meta o atendimento àsnecessidades da comunidade rural, principalmente,àquelas distantes das linhas convencionais dedistribuição de energia elétrica e, portanto,desprovida desse “bem social”, criou o curso deAgroenergia – fundamentos sobre o uso de fontesrenováveis de energia no meio rural, com oobjetivo de proporcionar ao homem do campo,através da construção do conhecimento, caminhosalternativos para a obtenção de eletricidade comenfoque, também, na racionalidade do seuconsumo.

Para chegar nessa racionalidade acredita-sena educação como um agente de transformação,capaz de incrementar a capacidade das pessoas detransformar suas idéias sobre a sociedade emrealidades funcionais, além de proporcionarmudanças radicais de atitudes e comportamentos.

Conhecendo a rotina diária do trabalhadorrural e, conseqüentemente, a falta de tempodisponível para outros tipos de atividade, a equipede trabalho do curso decidiu oportunizar aconstrução do conhecimento, sobre as fontesrenováveis, aos filhos desse trabalhador que atravésdo diálogo poderiam despertar nos adultos ointeresse pelo uso de tais fontes contribuindo, destaforma, para a melhoria da qualidade de vida.

As principais fundamentações sobre esteassunto estão discorridas neste artigo.

ABSTRACTUNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), havingas gol the assistance to needs to rural community,mostly, to those far from the electric powerdistribution conventional lines created Course ofAgroenergia – the use of renewable energy fontesof in the rural areas, with the goal of providing tothe man of the country, through the construction ofthe knowledge, alternative ways for the electricityobtainment with focus, as well, in the rationality ofhis consumption.To arrive at this rationality it believes in educationas a transformation agent, able to increase people'scapacity of transforming their ideas on the societyin functional realities, besides providing radicalchanges of attitudes and behaviors.Knowing worker's rural daily routine and,consequently, the lack of available time's for otherkinds of activity, the working team of the coursedecidedThe main principles about this curse are presentedin this paper.

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PANORAMA ATUAL DO AMBIENTE

Segundo, BRAGA et all (2002)o desenvolvimento da sociedade ocorreu de formadesordenada e sem planejamento pela falta deconsciência do homem em relação aos limites deocupação do solo. Com isso, teve início adegradação ambiental resultando em impactosnegativos significantes, comprometendo aqualidade de vida. Dentre os vários impactoscolocados por FERRARI TOMÉ (2002), em seuartigo “Alerta geral na biosfera”, pode-se ressaltar:

• o desmatamento resultante de cortesdesordenados e queimadas, favorecendo odesenvolvimento da erosão, a desertificação, aextinção de nascentes e cursos d’água;

• a queima de combustíveis fósseis,principalmente, por veículos e indústrias quecontribuem para o aumento excessivo da emissãode gases responsáveis pela formação do efeitoestufa, chuva ácida, inversão térmica e destruiçãoda camada de ozônio;

• a caça predatória extinguindo, desta forma,parte da fauna e da flora;

• a poluição das águas pelo lançamento desubstâncias orgânicas e inorgânicas resultantes,principalmente, do esgoto doméstico, efluentesindustriais e uso indevido de agrotóxicos;

• a prática agrícola aleatória, feita ao longodos anos, sem a preocupação com a capacidadeprodutiva dos solos, ou seja, sem reposição denutrientes e matéria orgânica, levando-o à exaustão,empobrecimento em um curto espaço de tempo; e

• o aumento de resíduos sólidos de difícildecomposição, seja pela ação física quanto pelabiológica, acarretando no desperdício de matéria-prima, produto final e energia, além de contribuirpara a ocorrência de enchentes.

Conforme o IBAMA (1999) o futuroparece cada vez mais problemático há, pois umapremência em criar condições para um futurosustentável tentando, desta forma, minimizar osproblemas ambientais. Surge, neste contexto, otermo desenvolvimento sustentável que, de acordocom a Comissão do Desenvolvimento e MeioAmbiente (1987) significa: “Atender, satisfazer asnecessidades da geração presente semcomprometer a capacidade e habilidades dasgerações futuras de atenderem suas própriasnecessidades.”

Assim, os recursos naturais devem serutilizados de forma consciente pelo homemevitando a escassez, principalmente, da água que éum dos elementos responsáveis pelodesenvolvimento sócio-econômico-tecnológico dopaís, uma vez que grande parte da energia elétricagerada advém de fonte hidráulica.

DESENVOLVIMENTO RURAL

O homem que vive no campo, muitasvezes desprovido de informações, desconhece ariqueza dos recursos naturais existentes ao seuredor e tenta buscar a melhoria da qualidade de vidamigrando para os centros urbanos. Quando sedepara com a falta de emprego e dificuldade deacesso a moradia, tende a voltar para o lugar deorigem, ou seja, à propriedade rural.

Para que aconteça o desenvolvimento,também, na zona rural faz-se necessário que ohomem do campo tome conhecimento do grandepotencial que o ambiente ao seu redor podepropiciar, ou seja, aproveitar as fontes renováveisde energia como o sol, vento, água e resíduosorgânicos de maneira sustentável para obter energiaelétrica fundamental ao atendimento de váriasnecessidades diárias, na propriedade, como:refrigeração, uso de máquinas agrícolas;iluminação; aquecimento de água; lazer; etc.

Para que o curso fosse contemplado nocontexto atual precisou-se fundamenta-lo em algumsetor da sociedade no caso, em particular, aeducação que de acordo com SCHMITZ (1993) éalgo profundamente significativo. Pode-se dizer,ainda, que a “educação representa o processo vitale consciente de contínua retomada de consciênciade si mesmo, para o homem continuar a aprofundara própria personalidade, e procurar novoscaminhos de auto-realização e de integraçãocriativa e responsável na sociedade em que estáinserido”. Como o homem do campo tem seushábitos já moldados pela vivência social,dificilmente acredita na possibilidade de mudanças,de inovações criando, desta forma, certa resistênciadiante do novo, além de faltar-lhe disponibilidadede tempo e incentivo na busca por tecnologiasalternativas, visando uma vida mais satisfatória.

De acordo com DELVAL (1997)desenvolvemos formas de pensamento fora daescola, porém, a mesma adiciona novosconhecimentos, iniciando o pensamento científico ecultural. Por isso, houve a necessidade deapresentar as tecnologias alternativas no decorrerdo curso que oferecesse embasamento para aprodução, assimilação e acomodação doconhecimento. A criança questiona o tempo todosobre o que acontece em torno dela, especialmente,se a instigarmos, se lhe suscitarmos a curiosidadepor meio de perguntas. Ela tem idéias a respeito dascoisas, de boa parte do conhecimento científico,idéias que ela constrói espontaneamente ao longode seu desenvolvimento, como também formulamexplicações.

Assim, a aprendizagem deve ser encaradacomo um processo onde a criança seja o sujeito daconstrução do conhecimento, pois ela só iráaprender de forma significativa quando faz alguma

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coisa, quando opera mentalmente. Portanto, acriança seria nesse curso um elo importantíssimo deligação entre o conhecimento construído e o adulto,motivando-o a repensar sua postura e sua prática.

ATRIBUIÇÕES DO CURSO PARA OPAÍS

Baseado em dados estatísticos estima-seque, atualmente, 80% da população vive em áreaurbana e 20% na área rural. Sem acesso a energiaelétrica existem de 4 a 5 milhões de domicílios ouaproximadamente 20 milhões de pessoas, sendo amaioria em regiões remotas. Assim surge aimportância de conhecer como as fontes renováveispodem minimizar essa carência energética indo deencontro a meta do governo que é a busca poralternativas visando a sustentabilidade euniversalização do setor elétrico.

Com o uso das fontes renováveis parageração de eletricidade, o país pode se beneficiarconsiderando os seguintes aspectos:

• uso de fontes gratuitas; de certa formaabundante no ambiente; consideradas renováveis;menos poluidoras e com menor índice de impactoambiental;

• favorecimento de sistemas independentes,pela facilidade de serem sistemas isolados;

• diminuição da total dependência desistemas hídricos para geração de energia elétrica,principalmente, no período de escassez das chuvasevitando, assim, a ocorrência de futurosracionamentos; e

• ampliação do mercado industrial ecomercial de produtos referentes a cada fonte deenergia e, conseqüentemente, necessidade deaumentar a mão-de-obra existente trazendo maisemprego ao país.

Em contrapartida, há aspectos queimpedem o “boom” do mercado alternativo deenergia, tais como:

• falta de investimento em pesquisa,desenvolvimento e instalações de energiasprovenientes de fontes renováveis, cujo apoio dogoverno é imprescindível;

• falta de credibilidade, convicção por partede alguns membros da sociedade diante do uso defontes renováveis que pensam, muitas vezes, emretorno imediato de investimento e esquecem que oque se tem a ganhar é um futuro mais limpo, comenergia para suprir o aumento da demanda, além deevitar problemas com racionamento ou apagão;

• agilidade na aprovação de diretrizes,decretos, leis que regulamentam com objetividade osetor elétrico brasileiro diante do contexto onde estáinserido;

• falta, às vezes, de clareza na definição demetas precisas e eficazes para incentivar parceriascom o setor privado.

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DEAPRENDIZAGEM

Segundo SCHMITZ (1993) é importante acriação de um ambiente em que se dê o encontrohumano em todas as suas dimensões e esteambiente pode ser a escola, não necessariamentecomo existe hoje, mas como um ambiente em quecrianças, adolescentes e adultos, trocandoexperiências, possam mutuamente auxiliar-se acrescer e adquirir novas experiências, numapalavra, educar-se. Assim, pode-se dizer queambientes de aprendizagem são lugares destinadosao processo de construção do conhecimento. Noatual contexto em que vivemos o espaço da PCHLuiz Dias, de propriedade da CEMIG e cedido paraa UNIFEI através de comodato, tornou umexcelente ambiente por estar rodeado de recursosnaturais disponíveis e, também, por ter uma usinade geração de energia elétrica, proveniente de fontehidráulica, 24h/dia facilitando a aquisição deconceitos físicos de eletricidade.

No entanto, nada melhor para o processode aquisição do conhecimento do que aaprendizagem contextualizada e significativa.Somente, desta forma é que o aluno será capaz deemancipar-se socialmente buscando cada vez maisa melhoria da qualidade de vida.

As figuras 1 e 2 mostram parte do que hána área, onde se encontra a PCH Luiz Dias,reforçando o porquê de ser um ambiente rico esignificativo de aprendizagem.

Casa de máquinas PCH Luiz Dias

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Vista parcial da escola e de parte de um dosalojamentos

CARACTERIZANDO A PCH LUIZ DIAS

A PCH Luiz Dias está localizada no rioLourenço Velho, na sub-bacia hidrográfica do rioSapucaí - bacia do rio Grande - no município deItajubá. O acesso a ela se dá no quilômetro 8 darodovia Itajubá-Maria da Fé, num trajeto de 4 kmem estrada de terra.

O sítio hidrológico é constituído por 38,96hectares de terras rurais, com vegetação de espéciesda Mata Atlântica, onde habitam animais silvestrescomo pacas, capivaras, lobos, macaco-sagüi etucanos.

Pela caracterização acima pode-se notarmais um motivo forte para que o curso deAgroenergia aconteça no local, assim como,instigar a idéia de que a sustentabilidade pode serconseguida se, realmente, os recursos naturaisforem usados conscientemente.

RELAÇÃO DO PAEDA COM O SÍTIOHIDROLÓGICO DA PCH LUIZ DIAS

A UNIFEI, em parceria com a CEMIG,concebeu a criação de um centro de excelência emenergia renovável e meio ambiente a funcionar nosítio hidrológico da PCH Luiz Dias, denominadoParque de Alternativas Energéticas para oDesenvolvimento Auto-sustentável (PAEDA).

Dentro das diversas atividades propostaspara este centro, está a constituição de diversasbancadas de pesquisa e demonstração das diferentesformas de aproveitamento energético convencionalou não-convencional. Tais bancadas serãoutilizadas por alunos, desde o ensino fundamentalaté os de graduação e pós-graduação. Aos primeiroscabe a intenção de visualizar e conhecer novastecnologias e aos outros o despertar de interessepara o desenvolvimento de novos equipamentos emetodologias para a geração, distribuição econsumo de energia, enfatizando as tecnologiasalternativas de geração, de forma a demonstrar o

aproveitamento de recursos naturais renováveis deenergia.

O PAEDA teve sua concepção baseadainicialmente no Centro de Tecnologia Alternativa(CAT) na cidade de Machynleth – País de Gales eno Museu da Ciência em Paris, onde o visitantepode interagir com as instalações e bancadas. Teráum programa de visitas para todos que direta ouindiretamente se demonstram interesse pela questãoenergética e ambiental. Essas visitas serãomarcadas em dia e horário previamentedeterminados, onde os visitantes conhecerão demaneira prática as formas de geração de energia,com suas características e particularidades, desde amais rudimentar até as mais complexas e modernas.Ainda dentro das atividades do PAEDA merecedestaque, também, os projetos ambientais como acriação de canteiros com mudas de espéciesnativas; do reflorestamento do terreno da UsinaLuiz Dias; da mata ciliar do rio Lourenço Velho; dapiscicultura para reprodução de peixes da região edo percurso de trilhas ecológicas visando oreconhecimento e preservação da fauna e floralocal. Para finalizar deve haver palestras, vídeo edistribuição de cartilhas sobre conservação egeração de energia no campo e educação ambiental,visando a conscientização do visitante sobre aimportância de harmonizar o desenvolvimento e oprogresso com o ambiente alcançando efetivamentea sustentabilidade, ou seja, leva-lo a perceber que“o uso correto dos recursos energéticos hojegarantirá a continuidade no amanhã” possibilitando,desta forma, o uso desses recursos pelas geraçõesfuturas.

Recentemente, a UNIFEI através daFundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensãode Itajubá (FAPEPE) firmou um convênio com oSEN/MME para a efetiva construção do PAEDA.

CONSTITUIÇÃO DO PARQUE

A princípio o PAEDA será constituído dasseguintes unidades:

• Unidade de energia hidráulica –contará com vários grupos geradores hidrelétricoscom turbinas do tipo: Pelton, Michell Banki, Turgo,Hélice Tubular e BFT (Bomba funcionando comoturbina) com potências variando em cada uma de0,1 a 10 kW com reguladores de carga eletro-eletrônicos e geradores síncronos e assíncronos; umcarneiro hidráulico e uma roda d’água parabombeamento de água, tendo também uma rodad’água para geração de eletricidade em pequenaquantidade.

• Unidade de energia solar – comcoletores termo solar para aquecimento de água epainéis fotovoltaicos para geração de energia

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elétrica, bombeamento de água e, também,comunicação.

• Unidade de biogás – construção deum biodigestor tipo batelada que será utilizado parademonstrar a produção de gás a partir de materialorgânico.

• Unidade de energia eólica –montagem de bancada para demonstração doaproveitamento da energia armazenada nos ventospara fins como bombeamento de água ou geraçãode energia elétrica.

• Unidade de tecnologia ambiental –viveiros de mudas de espécies nativas, recuperaçãode matas ciliares, implantação de modelos defloresta energética, desenvolvimento de técnicas depaisagismo, censo de animais silvestres existentesno sítio da PCH, acompanhamento dos hábitos dosanimais. Enfim, programas de proteção a fauna eflora local.

• Unidade hidrométrica – avaliar edesenvolver uma modelagem adequada a pequenasbacias hidrográficas, como também analisar opotencial hidroenergético de uma região, de formaque coletando o nível e a vazão do rio, seja possíveltraçar uma curva chave H (altura) x Q (vazão)obtendo-se, assim, o comportamento do rio e o seuciclo de secas e enchentes.

• Unidade de treinamento – formadapor um prédio escolar com três salas de aula, comcapacidade de acomodação para, aproximadamente,vinte pessoas por sala.

• Alojamento – inclui uma residênciaque permitirá a acomodação de até dezesseispessoas a fim de serem organizadas visitas, como oDia no Campo, para a demonstração dastecnologias desenvolvidas no PAEDA.

OBJETIVOS NORTEADORES DOCURSO

Todo trabalho, para que se torne eficiente,deve ser pautado em ações que caracterizem o comofazer / como agir. Conforme SCHMITZ (1993)nenhuma atividade educacional poderá ser bem-sucedida sem objetivos e mais os objetivos gerais,interpretados em cada momento específico,fornecem todo material para os objetivosespecíficos, caracterizados como uma determinaçãodetalhada e minuciosa das circunstâncias em que osobjetivos gerais serão realizados, ou seja,especificação das atividades e dos resultadosimediatos a serem alcançados, e operacionaiscaracterizados como a determinação das técnicas,dos recursos e limites para alcançar os objetivosespecíficos é, pois a própria ação, delimitada eplanejada, envolvendo resultados, condições elimitações da ação e dos resultados, a partir clarodos objetivos específicos.

Baseado nesta definição, ao final do cursopretende-se que os alunos sejam capazes de:

• analisar o contexto vivido identificando asfontes renováveis em maior evidência no local;

• refletir continuamente sobre as açõescotidianas relacionando-as com a preservaçãoambiental;

• observar equipamentos usados na obtençãode energia elétrica através das fontes alternativas;

• elaborar conhecimento específico sobre asfontes alternativas expondo, posteriormente, àsoutras pessoas; e

• fazer uso de alguma fonte alternativa deenergia na propriedade construindo ou adaptandoequipamentos específicos para cada uma.

Com isso, segundo SCHMITZ (1993) osobjetivos devem abranger todos os domínios davida humana, tais como:

• cognitivo – referindo-se ao domínio darazão, inteligência, compreendendo desde simplesinformações, conhecimentos específicos,intelectuais, até idéias, princípios, habilidadesmentais, análise, síntese, aplicação, etc;

• afetivo – com ênfase ao domínio devalores, atitudes, apreciações, decisões, ou seja,aprofundamento humano na situação da educação; e

• psicomotor – referindo-se mais ahabilidades operativas ou motoras.

No entanto, a proposta de trabalho docurso de Agroenergia é criar condições para que oaluno construa seu conhecimento, tornando-osignificativo.

ABORDAGEM DE CONTEÚDOS

No ano de 2000 o curso se baseou em umaprogramação de conteúdos, ministrados pormódulos, distribuídos da seguinte maneira:

• Energia hidráulica - importância daágua; distribuição no mundo; ciclo hidrológico;geração elétrica no Brasil; o que é vazão e altura dequeda; métodos para medir vazão e queda;máquinas hidráulicas – quais são e para queservem; microcentrais hidrelétricas – o que são,para que servem e quais seus componentes;características que definem a classificação comomicrocentral; recomendações para instalação demicrocentral; etc.

• Energia eólica - utilidade do ventodesde os tempos remotos; aproveitamento eólico;tipos de aerogeradores e suas respectivas funções;classificação do vento; instrumentos de medição develocidade e direção do vento; etc.

• Energia solar – consideraçõesiniciais; transmissão de calor; importância doaproveitamento da luz e calor do sol; captação daenergia solar (aquecedor e painel fotovoltaico), etc.

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• Bioenergia – conceito; biomassa etipos; utilização da biomassa; biogás;biofertilizante; etc.

• Ecologia – ecossistema, hábitat,relações dos seres vivos; cadeia alimentar;ar/água/solo; poluição e conseqüências diversas;lixo – o que é; reciclagem/redução/reutilização ecompostagem – o que cada termo significa; etc.

• Sistemas energéticos integrados – oque isso significa; análise das disponibilidadesenergéticas e coleta de dados na propriedade; etc.

A carga horária total do curso, no referidoano foi de 246 horas.

No término das atividades ocorreu aentrega de certificados aos alunos e “professores”pela participação, como mostra a figura abaixo.

Alunos do 1º curso de Agroenergia no CTCTÉCNICAS DE ENSINO

Neste curso, o professor deve ser omediador, facilitador do conhecimento buscando,conforme DEMO (2000) adequar teoria e prática naformação do aprendiz, proporcionando-lhecapacidade de elaboração própria, criação e,conseqüentemente, emancipação social.

O curso de Agroenergia, tanto o 1º quantoo 2º, ficou caracterizado por essa busca, interesse epreocupação da equipe de trabalho diante doconhecimento construído eassimilação/acomodação do mesmo pelo aluno.

Portanto, as técnicas utilizadas visandoassegurar tal conhecimento foram:

• Aula expositiva participativa – buscou-secontinuamente suscitar no aluno a participação paraa elaboração e/ou definição de conceitos sobre osassuntos abordados em cada módulo.

• Dinâmicas – utilizada no módulo de meioambiente, para interagir alunos e instrutores com omesmo, ou seja, faze-los perceber que um vegetalnão é apenas um vegetal, sem significado nenhum,mais sim como parte fundamental do ciclo da vida.Exemplo: associação da primeira letra do nome acaracterística de uma árvore local.

• Trabalho em grupo – para fixar um temadiscorrido ou as informações após a exibição de um

vídeo. Ao terminar o trabalho cada grupo deveriaexpor o que foi produzido aos demais, comodemonstrado na figura abaixo.

• Experiências x praticidade – apóstrabalhar algumas informações como: lixo (coletaseletiva); compostagem; fases da água; biodigestor;cata-vento; curva de nível; vazão; altura de queda;etc.; os alunos dentro do possível buscavamrelacionar teoria e prática, ou seja, aulas extraclasse, mas dentro do próprio espaço da PCH LuizDias.

Alunos usando método do flutuador para medirvazão num trecho do canal de adução da PCH LuizDias

• Aulas passeio – utilizadas com o intuito devivenciar outros espaços de aprendizagem como:Companhia de Saneamento Básico (COPASA),lixão de Itajubá, Centro Nacional de Referência emPequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos(CERPCH) e Laboratório Hidromecânico dePequenas Centrais Hidrelétricas (LHPCH) ambosna UNIFEI, pois há mais assimilação doconhecimento quando se ouve e vê algo que seencontra registrado nos livros, jornais, revistas, etc.

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Alunos em visita ao LHPCH observando painelsobre PCH

Painel demonstrativo de energia elétricaNão poderia deixar de mencionar o uso de

recursos que tendem a concretizar a açãopedagógica. Estes recursos podem ser de qualquernatureza, desde que propiciem a construção doconhecimento pelo aluno. Referente ao curso usou-se: microscópio, placas de petri, frutas, latões, tintaslátex, sucatas diversas, cartolinas, pincéis, madeira,placas de zinco, tela, pneu velho, vidro, prego,martelo, pé de galinha, trena, cronômetro, nível decarpinteiro, tv/vídeo, retroprojetor, quadro negro,redes de plâncton, etc.

Contudo, outras técnicas de ensinopoderão vir enriquecer o curso, uma vez que oensino é contextual.

AVALIAÇÃO

A avaliação do curso foi feita através deuma reunião com os coordenadores, professoreslevando, também, em consideração relatos orais dosalunos sobre o andamento do curso. A conclusãoque se chegou foi que sempre deverá existir a interrelação entre teoria & prática e que mais conceitosdeveriam ser fornecidos aos alunos, principalmente,no que diz respeito a energia como, por exemplo,conversão e propagação da mesma relacionandoprocessos físicos e químicos. Tal fato repercutiu nareelaboração do curso, aprimorando-o.

Em 2001 o curso de Agroenergia ficouorganizado da seguinte forma:

• Introdução a energia – ressaltando aenergia como garantia de sobrevivência; o que éenergia, quais as formas de sua propagação, como éconvertida, qual sua importância no cotidiano ecuidados que devemos tomar com a eletricidade;conceito de corrente elétrica; etc.

• Microcentrais hidrelétricas – o quesão, para que servem e quais seus componentes;características que definem a classificação comomicrocentral; recomendações para instalação demicrocentral; etc. Este módulo estava integrado emEnergia hidráulica.

• Ecologia – além das informaçõescontidas no módulo de 2000, foi acrescentado oassunto trilhas ecológicas: o que são, qual aimportância e tipos; e em resíduos orgânicoscompostagem: o que é e como se faz.

• Segurança no trabalho – trata-se deconhecer o que são riscos ambientais; tipos deagentes que caracterizam os riscos; cuidados com aeletricidade; cuidados coletivos (EPC’s) e cuidadosindividuais (EPI’s); etc.

Os módulos de Energia solar, Energiahidráulica, Energia eólica, Bioenergia e Sistemasenergéticos integrados mantiveram as mesmasconsiderações do 1º curso.

Conseqüentemente, a parte teórica docurso foi ampliada aumentando, desta forma, acarga horária perfazendo um total de 260h.

Tem-se, pois a avaliação comodiagnóstica, formativa e somativa.

NOVAS EXPECTATIVAS

O curso de Agroenergia foi lançando eministrado por 2 anos atendendo, respectivamente,10 e 18 alunos da zona rural de Itajubá.

Através do processo de avaliação detectou-se pontos positivos e, também, negativos. Parasanar os pontos negativos, faz-se necessário arevisão da carga horária teórica e práticaprocurando adequa-las com mais coerência; a buscapor mais parcerias visando apoio econômico-financeiro, principalmente, na aquisição demateriais para a construção de kit’s didáticos-pedagógicos e mini bancadas como de: coletorsolar, biodigestor, monjolo, roda d’água, carneirohidráulico, etc. e também que este curso tenhaprojeção futura transcendendo o ensinofundamental. Conseqüentemente, todo trabalhodesenvolvido, ano após ano, passará por umaavaliação buscando cada vez mais a melhoria desua qualidade, uma vez que a teoria ministrada serávivenciada na prática social.

PALAVRA CHAVES

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Pode-se destacar do referido trabalho asseguintes palavras ou expressões:

• Qualidade de vida• Desenvolvimento sustentável• Fontes renováveis• Conhecimento• Ambiente de aprendizagem

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SCHMITZ, Egídio Francisco. “Fundamentos daDidática. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 1993

DELVAL, Juan. “Aprender a aprender”. São Paulo:Papirus, 1997.

“Educação para um futuro sustentável – Umavisão transdisciplinar para uma açãocompartilhada”. Edições IBAMA, 1999

DEMO, Pedro. “Pesquisa – Princípio Científico eEducativo” 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.