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Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação
Denis MAIMONI
A sustentabilidade, permacultura e as bibliotecas comunitárias: possível implementação
São Paulo 2013
Denis MAIMONI
A sustentabilidade, permacultura e as bibliotecas comunitárias:
possível implementação
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, como exigência para obtenção do título de bacharel.
Orientadora: Profª. Evanda A. Verri Paulino
São Paulo 2013
M223s Maimoni, Denis A sustentabilidade, permacultura e as bibliotecas comunitárias: possível implementação/ Denis Maimoni. - 2013. 79f. : Il. color . ; 30cm Orientação: Evanda Verri Paulino Trabalho de conclusão de curso (bacharelado) – Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Fundação Escola de Sociologia e Política de são Paulo.
1. Biblioteca comunitária 2. Sustentabilidade 3. Permacultura 4. Infra-estrutura de bibliotecas 5. Bioconstrução
CDD: 022.3
Autor: Denis MAIMONI
A sustentabilidade, permacultura e as bibliotecas comunitárias: possível
implementação
Conceito: Banca Examinadora:
Professora: Fernanda Kelly Silva de Brito
Assinatura: _____________________________________________________
Professor: Henrique Mariano Coimbra Ferreira
Assinatura: _____________________________________________________
Professora: Maria Ignês Carlos Magno
Assinatura: _____________________________________________________
Data da Aprovação: ____/____/____
Em memória de Maria Aparecida Maimoni, minha mãe. Esteja onde
estiver, quero dizer que a amo e que a levo no coração. Tudo que sou devo
a ela. Por mais que tudo parecesse não dar certo, ela sempre me apoiava
em tudo que desejei realizar, me ensinou a ser justo com os outros, trilhar
meus caminhos, foi amiga e companheira.
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai Rafael Maimoni, e aos meus familiares, por tudo.
À coordenadora e amiga Valéria Valls, por me incentivar a iniciar e concluir a
graduação.
Aos professores Vânia Funaro, Henrique Ferreira, Maria das Mercês
Apóstolo, Concília Teodósio, Ivan Russef, Maria Ignês Magno, Tânia Callegaro,
Fernanda Brito, Renate Landshoff, Contador Borges, Mirella Kurata, Francisco
Lopes, Andréia Gonçalves, Roseli Gatti, Marta Bergamin, Adriana Thomé Yázigi
Abrão, Evanda Verri Paulino, que nos ensinaram com afinco a arte biblioteconômica.
Aos colegas de classe pela companhia, as amigas de classe Rebeka
Savickas, Ludmylla Carvalheri Sá, Graziela Magalhães dos Santos, Flávia de Deus,
Mariana Ferreira, Márcia Toyozumi, Magda Santana, Milena Braz e aos amigos
Adrian Parra, Florindo Peixoto Neto e Rafael Lopes dos Reis.
Aos funcionários e amigos da biblioteca da FESPSP pela força e auxílio em
especial a Rosa Maria Beretta, Silvia Terra, Marina Santos, Patrícia Dante,
Winderson Gomes, Roberta Matias.
Aos funcionários da FESPSP pela sua amizade e solicitude Uilton, Juliana,
Venina, Dalvina, Alexandre.
A Kioko Kusuki de Oliveira por ser amiga e mentora profissional, na qual me
espelho para continuar como bibliotecário.
A Edna Terezinha Rother minha coordenadora, e a galera da biblioteca que
me suportam Janaína Freire, Fran Soriani, Tânia Regina Gomes, Priscila
Nascimento, Mariana Caires Spakauskas, Sheila Silveira, Samuel Santos, João
Alvarenga, Regiane Alves, Denise de Moura, João Alvarenga, Conceição Segre,
Adriana Meneguelo, Renan Zeitoun, Alessandra Peniche.
Aos meus amigos de perto ou de longe, Rodrigo Guimarães, Robson
Guimarães, Wellington de Araújo Silva, Wainer Morrone Ciaranicoli, Márcio Torsoni,
Adriana Torsoni, Alex Souza, Karen Saito, Daniel Reis, Gustavo Santos, Toshio
Utida, Esdras Menezes Silva, Victor Barnabé, Ana Violeta Delgado, Debora Cristina,
Isabel Manuel, Luiz Oliva, Rodolfo Rodrigo, Marcos Enício...
A Silvania Severo, minha negra linda, por me motivar nas horas que pensei
em desistir e ser essa companhia maravilhosa.
A professora Vânia Funaro por acreditar que este trabalho pudesse
acontecer.
Ao professores Henrique e Fernanda pelo aceite como banca examinadora do
trabalho.
Em especial agradeço à orientadora Evanda Verri Paulino, por sua paciência
e conhecimento compartilhado comigo ao longo do desenvolvimento do trabalho, sei
que sem ela este trabalho não teria sido possível.
RESUMO
Este trabalho discorre sobre alternativas para o desenvolvimento de infraestrutura de
bibliotecas comunitárias baseada na sustentabilidade e permacultura. Apresenta os
conceitos de sustentabilidade e permacultura, trançando histórico da evolução da
consciência ambiental na sociedade, aborda as principais instituições que
desenvolvem projetos sustentáveis e aponta técnicas para instalação de bibliotecas
comunidades baseadas nestes princípios.
Palavras- chave: bibliotecas comunitárias; sustentabilidade; permacultura; infra-
estrutura de bibliotecas; bioconstrução.
ABSTRACT
This work discusses alternatives to the infrastructure development of community
libraries based on sustainability and permaculture. Introduces the concepts of
sustainability and permaculture, weaving historical evolution of environmental
awareness in society, addresses the key institutions that develop sustainable
projects and technical points for installing libraries communities based on these
principles.
Keywords: community libraries; sustainability; permaculture; infrastructure libraries;
bioconstruction.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Flor do sistema de design da permacultura .............................................. 27
Figura 2 - Adobe ........................................................................................................ 45
Figura 3 - Paredes com adobe .................................................................................. 45
Figura 4- Superadobe ............................................................................................... 46
Figura 5 - Paredes de superadobe ............................................................................ 47
Figura 6- Tijolo de solo-cimento ................................................................................ 48
Figura 7 - Construções com tijolo de solocimento ..................................................... 48
Figura 8 - Telhado de tubos de pasta de dente ......................................................... 50
Figura 9- Telhado verde ou Ecotelhado .................................................................... 51
Figura 10 - Piso de paletes usados ........................................................................... 53
Figura 11 - Esboço da bacia de evapotranspiração .................................................. 54
Figura 12 - Bacia de evapotranspiração .................................................................... 56
Figura 13 - Banheiro Seco......................................................................................... 57
Figura 14 - Esboço de um banheiro seco .................................................................. 59
Figura 15 - Esquema do sistema de captação de água da chuva ............................. 60
Figura 16 - Cisterna de ferrocimento ......................................................................... 61
Figura 17 - Exemplos de iluminação natural ............................................................. 63
Figura 18 - BookMountain na Holanda iluminada por luz natural .............................. 64
Figura 19 - Balcão confeccionado de livros usados .................................................. 66
Figura 20 - Estantes feitas de paletes ....................................................................... 67
Figura 21 - Mesa de paletes ...................................................................................... 68
Figura 22 - Cadeiras de paletes ................................................................................ 69
Figura 23 - Poltrona feita de paletes ......................................................................... 69
Figura 24 - Mesas e cadeiras feitas com pneus ........................................................ 70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Eventos ambientais ................................................................................. 20
Quadro 2 – IPEMA .................................................................................................... 37
Quadro 3- IPOEMA ................................................................................................... 38
Quadro 4- Morada da Floresta .................................................................................. 40
Quadro 5- Casa dos Hólons ...................................................................................... 42
Quadro 6 - IPEC ........................................................................................................ 43
Quadro 7- Cisterna de ferrocimento .......................................................................... 62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 15
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 15
2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 15
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 16
4 BREVE PANORAMA SOBRE SUSTENTABILIDADE .......................................... 19
4.1 Políticas Ambientais ......................................................................................... 23
4.2 Educação Ambiental ......................................................................................... 24
4.3 Permacultura ..................................................................................................... 25
5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA ............................................................................... 32
6 PROJETOS DE PERMACULTURA: UMA REALIDADE NO BRASIL .................. 36
6.1 Apontamentos sobre alternativas sustentáveis ............................................. 44
6.1.1 Parede .............................................................................................................. 44
6.1.2 Cobertura ......................................................................................................... 50
6.1.3 Piso ................................................................................................................. 52
6.1.4 Sistemas de saneamento básico ...................................................................... 54
6.1.5 Captação de água da chuva ........................................................................... 60
6.1.6 Iluminação natural ........................................................................................... 63
6.1.7 Mobiliário ......................................................................................................... 65
6.1.7.1 Balcão confeccionado com livros .................................................................. 65
6.1.7.2 Estantes feitas de paletes ............................................................................. 67
6.1.7.3 Mesas, cadeiras e poltronas feitas com paletes usados ............................... 68
6.1.7.4 Mesas e cadeiras feitas com pneus .............................................................. 70
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74
13
1 INTRODUÇÃO
A biblioteca comunitária, por se tratar de uma iniciativa da própria comunidade,
geralmente está em espaço improvisado de forma não adequada ao público e ao acervo.
Em alguns casos, podem ter o apoio de empresas que patrocinam o projeto. Em ambas,
as iniciativas buscam mobilizar forças e recursos para a adequação do espaço físico,
assim como para formação do acervo por meio de doação e compra de livros.
Ainda tratando-se de movimentos da comunidade, pode-se mencionar a
sustentabilidade que surgiu por volta da década de 50. Essas iniciativas mostram a
preocupação do homem com os problemas ambientais causados por suas próprias ações.
Bill Mollinson (1981)1 e seu aluno David Holmgreen também difundiram e difundem ideias
relacionadas à sustentabilidade, as quais se baseiam na cooperação entre homem e
natureza e são definidas como permacultura.
Seria possível agregar sustentabilidade e permacultura na implementação de um
projeto físico de bibliotecas comunitárias?
Muito se fala de sustentabilidade, mas o que seria esse termo? Habilidade de se
sustentar ou atitudes para a redução dos impactos causados à natureza?
Há anos, o homem modifica o meio ambiente explorando recursos naturais na
busca de alimento, praticidade, comodidade, produção de bens e obtenção de lucro, entre
outros objetivos. Porém, essas modificações implicam em sérias conseqüências à flora, à
fauna, ao próprio homem e ao planeta Terra como um todo. Essas interferências podem
levar à extinção de plantas e animais, acabar com os recursos naturais renováveis, não
renováveis, poluir o solo, a água e o ar através dos resíduos que o homem gera
diariamente.
A carência de conscientização e de educação ambiental, em grande parte de
sociedade, indica a necessidade de ações que visem uma educação ambiental
1 Bill Mollinson conhecido por criar juntamente com seu aluno o termo permacultura.
14
participativa. Dentre elas, pode-se destacar a implementação de bibliotecas comunitárias
sustentáveis que atendam quesitos de sustentabilidade no que diz respeito a sua
infraestrutura. O envolvimento da comunidade é imprescindível para que a biblioteca se
torne um lugar de referência em edificações sustentáveis.
O presente trabalho tem como tema principal a infraestrutura de biblioteca
comunitária agregada à sustentabilidade e à permacultura.
A primeira parte apresenta conceitos de sustentabilidade e permacultura, assim
como, um breve panorama das políticas ambientais existentes.
A segunda parte do trabalho aborda o surgimento da biblioteca comunitária, seu
desenvolvimento no Brasil, definição de infraestrutura e forma de implementação deste
tipo de biblioteca. Além disso, aponta o modo como estas bibliotecas podem agregar
elementos de sustentabilidade e permacultura a sua infraestrutura, mostrando sua
relevância nos dias de hoje.
A terceira parte apresenta instituições que desenvolvem projetos que utilizam a
permacultura no Brasil. Esses projetos trazem apontamentos sobre possíveis alternativas
baseadas nos conceitos da permacultura a serem utilizados na infraestrutura da biblioteca
comunitária. E a partir desses apontamentos, refletir sobre o envolvimento da
comunidade na implementação deste tipo de biblioteca, se será possível obter custo
reduzido e menor impacto ambiental.
15
2 OBJETIVOS
Há falta de bibliotecas comunitárias que atendam os quesitos de baixo custo e que
tenham uma ética sustentável a sua infraestrutura. Cria-se com isto, a necessidade de
informar e conscientizar a população da importância de se pensar no meio ambiente.
2.1 Objetivo geral
Apontar alternativas para o desenvolvimento de uma infra-estrutura de bibliotecas
comunitárias baseada na sustentabilidade e permacultura.
2.2 Objetivos específicos
Refletir o termo sustentabilidade com destaque para políticas e educação
ambiental;
Esclarecer o conceito da permacultura no meio urbano;
Levantar as instituições que desenvolvem projetos que utilizam a permacultura em
sua infra-estrutura;
Apontar alternativas sustentáveis para melhorar a infra-estrutura das bibliotecas
comunitárias
16
3 METODOLOGIA
O interesse pelo tema se deu durante o curso de Ciências Biológicas, onde sempre
houve a preocupação com questões voltadas à sustentabilidade.
Durante o curso falou-se muito em sustentabilidade, conservação, leis ambientais,
meio ambiente e animais, porém, não sobre a permacultura, termo esse que só foi
descoberto no curso de Biblioteconomia, durante as aulas de pesquisa por meio de
busca booleana. O aprofundamento no tema levou a perceber a possibilidade de usar os
conceitos e técnicas para situações relacionadas a bibliotecas.
A ideia inicial do Trabalho de Conclusão Curso (TCC) vem desde o primeiro ano no
curso de Biblioteconomia, no qual surgiu a oportunidade de colocar o tema em prática
durante do I Seminário de Iniciação Científica da FESPSP, com o incentivo da professora
Vânia Funaro. Foi apresentado um projeto de iniciação com o tema “A sustentabilidade
e as bibliotecas comunitárias: possível implementação”, junto a uma colega de
classe, Rebeka Savickas. O trabalho em questão procurou responder a quatro perguntas
sobre o tema: Como? Quando? Onde ? Porquê?
Como?
Aliando os conceitos de Bibliotecas comunitárias aos projetos de Sustentabilidade
e Permacultura chegaremos à redução de custos de implementação e impactos ao meio
ambiente.
Quando?
Boa vontade há, porém é necessário o apoio de políticas governamentais, Organizações
não governamentais (ONG’S) e um projeto de implementação realizado por um
bibliotecário.
Onde?
A ideia de sustentabilidade tem que ser inserida em todas as bibliotecas comunitárias.
17
Por quê?
Existência de carência da infra-estrutura das bibliotecas comunitárias e
necessidade de:
Apoiar à educação e conscientização ambiental;
Facilitar o acesso da comunidade à informação e conhecimento;
Transmitir o conceito de Permacultura na sociedade urbana.
Após esse seminário, o projeto ficou durante um tempo parado devido ao grande
número de trabalhos e falta de tempo para sua realização. Durante a disciplina de
Métodos e Técnicas de Pesquisa foi retomado e utilizado como pré-projeto.
Para a busca de informação foram utilizados como palavra-chave os termos:
permacultura, sustentabilidade, desenvolvimento ambiental e educação ambiental. Foram
consultados, em sua maioria, textos no formato PDF, em fontes de informação como:
- Portal de Periódicos CAPES;
- Scielo;
- IBCIT;
- Repositórios institucionais;
Já nas buscas por Biblioteca Comunitária foram consultados textos em PDF, assim
como livros, periódicos em grande parte encontrados na própria biblioteca da FESPSP,
literatura cinzenta e, em outros casos, nas fontes:
- Scielo;
- Portal de Periódicos CAPES;
- BDTD -http://bdtd.ibict.br/
As palavras-chave usadas foram: biblioteca comunitária, infraestrutura de
biblioteca.
As buscas de projetos que utilizassem a permacultura como foco foi feita através
do buscador Google que remeteu os seguintes sites:
- IPEMA - http://www.ipemabrasil.org.br/
18
- IPOEMA- http://www.ipoema.org.br/
- Morada da Floresta- http://www.moradadafloresta.org.br/
- Casa dos Hólons- http://www.permaculturaurbana.org/casadosholons/iqx/
- IPEC- http://www.ecocentro.org/
Com relação a projetos sustentáveis foram consultados alguns livros e sites foram
consultados e se encontram relacionados na bibliografia. As palavras-chave foram:
bioconstrução; bioarquitetura e arquitetura sustentável.
Além destas fontes, um TCC merece destaque especial: “Projeto de biblioteca
física especializada em meio ambiente”, pois serviu de base e incentivo para a construção
da pesquisa aqui desenvolvida.
A orientação dada pela professora Evanda Verri Paulino foi de extrema importância
para o desenvolvimento deste trabalho, que foi elaborado seguindo as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) referentes à normalização de
trabalhos acadêmicos, assim como, o manual fornecido pela instituição para elaboração
de trabalho de conclusão de curso na Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da
Informação.
19
4 BREVE PANORAMA SOBRE SUSTENTABILIDADE
Com a Revolução Copérnica no século XVI, o homem percebeu que a Terra não
era o centro do Universo e que ela é frágil devido à ação do homem em desacordo com a
ordenação natural, sendo devastada, degradada e modificada, muitas dessas alterações
acarretando ameaças à vida (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 1988).
A partir da Revolução Industrial, a população que antes era rural, migra para as
zonas urbanas, abandona o campo em busca de uma condição melhor de vida. Esta
mudança de estilo de vida acarretou um aumento demográfico intenso e mudanças na
urbanização, exigindo um abastecimento maior de alimentos e bens de consumo que só
foram possíveis devidos aos avanços tecnológicos (TETRA PAK,1998). O uso dos
recursos naturais passa a não somente suprir as necessidades básicas, como também a
produção de produtos para fins de bens e capital. Entretanto, para suprir estas
necessidades, ocorreu uma crescente industrialização concentrada em cidades e a
mecanização da agricultura para sistemas monoculturais, houve desmatamento para
criação de gados de corte, exploração dos recursos energéticos, como carvão mineral e
petróleo entre outros minérios. Em consequência desse movimento, a Terra foi alterada,
houve o comprometimento do solo, ar e água, que, em muitos casos, pode ser irreversível
(ROSS, 2001).
Os seres humanos são os responsáveis por essa situação:
Eu não acho que ninguém tenha sumarizado o que está havendo sobre a face da Terra. Para podermos mudar nosso modo de vida, parece que precisamos aterrorizar-nos, prevendo maremotos e catástrofes. Então a onda passa, e o foco das preocupações pode mudar. Mas o que está acontecendo é algo pelo que nós, como seres humanos, somos pessoalmente responsáveis. É algo bem geral; quase tudo que dissermos aplica-se em todo lugar. (MOLLINSON, 1981, p. 4).
O autor afirma também que os sistemas naturais estão começando a falhar, o solo,
as florestas, a atmosfera e os ciclos de nutrientes. E somos nós os culpados por isso! E
crítica que no mundo ocidental, com exceção das áreas tribais, nenhum sistema de
agricultura sustentável ou manejo de florestas pode se manter por si. Isso acarreta no
desequilíbrio dos sistemas.
20
Diante dessas questões, surgiram vários eventos que tiveram como objetivo alertar
os cidadãos do globo sobre os problemas ambientais para conscientizá-los da importância
de mudar de atitudes para preservar a natureza. Entre estes eventos, abaixo serão
citados os mais significativos:
Quadro 1 - Eventos ambientais
Título: Manifesto para sobrevivência
Ano: 1970
Local: Estocolmo, Suécia
Conclusões: “Manifesto para Sobrevivência” onde insistiam que um aumento
indefinido de demanda não pode ser sustentado por recursos finitos.
Título: Conferência de Estocolmo
Ano: 1972
Local: Estocolmo, Suécia
Conclusões: Os principais resultados formais do encontro constituíram a Declaração
sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo que expressa a convicção de
que “tanto as gerações presentes como as futuras, tenham reconhecidas como direito
fundamental, a vida num ambiente sadio e não degradado. O evento foi importante
para o início das ações ambientais, assim como, a difusão das questões ambientais
no meio científico e social.
Título: Encontro Internacional em Educação Ambiental
Ano: 1975
Local: Belgrado, Iugoslávia
Conclusões: A UNESCO promoveu o encontro que resultou no PIEA (Programa
Internacional de Educação Ambiental), juntamente com a “Carta de Belgrado”, que
propõe os princípios orientadores da educação ambiental em níveis nacional e
mundial; falou também sobre a satisfação das necessidades e desejos de todos os
cidadãos; propôs uma nova ética de desenvolvimento baseada na reforma dos
sistemas educacionais e a não exploração de uma nação às custas do
desenvolvimento de outra; sugeriu que os temas como a erradicação da pobreza,
fome, analfabetismo, a poluição, a exploração e a dominação devem ser tratados
juntos.
21
Título: Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental
Ano: 1977
Local: Tblisi (ex-URSS)
Conclusões: Através da Carta de Belgrado (1975) e Declaração de Tblisi definiu-se
pela primeira vez Educação Ambiental e seus objetivos, as características, assim
como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. No Brasil, o
Conselho Federal de Educação tornou obrigatória a disciplina Ciências Ambientais em
cursos universitários de Engenharia.
Título: Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativas ao Meio
Ambiente
Ano: 1987
Local: Moscou, Rússia
Conclusões: Ressalta a importância da formação de recursos humanos nas áreas
formais e não formais da Educação Ambiental e na inclusão da dimensão ambiental
nos currículos de todos os níveis.
Título: Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO 92
Ano: 1992
Local: Brasil, Rio de Janeiro
Conclusões: Socializar os resultados das experiências nacionais e internacionais de
Educação Ambiental, discutir metodologias e currículos. Do encontro resultou a Carta
Brasileira para a Educação Ambiental; Carta da Terra; Convenções sobre
Biodiversidade, Desertificação e Mudanças Climáticas; Declaração de princípios sobre
florestas; Declaração do Rio sobre ambiente e desenvolvimento e a Agenda 21.
Título: Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e
Consciência Pública para a Sustentabilidade
Ano: 1997
Local: Thessaloniki, Grécia
Conclusões: Houve o reconhecimento que, passados cinco anos da Conferência Rio-
92, o desenvolvimento da Educação Ambiental foi insuficiente.
Título: Protocolo de Kyoto (1997)
Local: Kyoto, Japão
Conclusões: Este protocolo teve como objetivo firmar acordos e discussões
22
internacionais para conjuntamente estabelecerem metas de redução na emissão de
gases do efeito estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países
industrializados, além de criar formas de desenvolvimento menos impactantes àqueles
países em pleno desenvolvimento, promovendo assim, o desenvolvimento
sustentável.
Título: Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável -
RIO+20
Ano: 2012
Local: Rio de Janeiro
Conclusões: Renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável.
Nesta conferência os temas principais foram a “economia verde na erradicação da
pobreza e desenvolvimento sustentável”, e também estrutura “institucional para o
desenvolvimento sustentável”.
Fonte: Brasil (2008) e Entenda Rio+20 (2012)
Os objetivos comuns a todos esses eventos são a sustentabilidade e a
conservação da natureza. Dessa forma, baseados nestes eventos, o desenvolvimento
sustentável deve ser aquele que atende a todas as necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias
necessidades (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E ESENVOLVIMENTO,
1988).
Entretanto, para que aconteça um desenvolvimento sustentável, deve-se confrontar
o tema sustentabilidade com o paradigma da “sociedade de risco”. Isso implica a
necessidade de se multiplicar as práticas sociais baseadas no fortalecimento do direito ao
acesso à informação e à educação ambiental em uma perspectiva global (JACOBI, 2003).
Sachs (2008) defende que os cientistas naturais e sociais devam trabalhar juntos
objetivando o respeito à natureza e sua biodiversidade, aproveitando seus recursos de
modo sábio.
23
4.1 Políticas Ambientais
A degradação do meio ambiente é uma preocupação que aflige diversas nações.
Desde que foram realizadas as principais conferências ambientais, o assunto passou a
ser tratado com mais seriedade, surgindo assim, as políticas ambientais, as legislações
que regem e controlam o manejo e usos dos recursos naturais, fauna e flora.
Segundo o artigo 225 da Constituição Federativa do Brasil de 1988 “todos têm o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
As políticas ambientais no Brasil, segundo Cunha e Coelho (2005), são de três
tipos:
Regulatórias
Dizem respeito às elaborações de legislação específica para controlar o uso e
acesso ao ambiente natural de acordo com a lei.
Um exemplo atual de política ambiental regulatória é a Lei No 9.985, de 18 de julho
de 2000 (BRASIL, 2000), que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC), objetivando a conservação da natureza e criando várias categorias de
unidades de conservação com finalidades diversas.
Estruturadas
Implicam na intervenção do poder público ou das Organizações não
governamentais (ONG’S) na proteção do meio ambiente. Dessa intervenção criaram-se
as unidades de conservação: Parques Nacionais (PN), Áreas de Proteção Ambiental
(APA), entre outras, sendo elas públicas ou reconhecidas pelo Poder Público, tendo
incentivos através de instrumentos econômicos que privilegiam práticas ambientalmente
desejáveis.
24
Indutoras de comportamento
Referem-se às ações que influem no indivíduo ou no coletivo em prol do
desenvolvimento sustentável com incentivos a planos de financiamento ou de políticas
fiscais e tributárias. O exemplo desse tipo de política encontra-se nas certificações
ambientais que almejam a modificação do comportamento do consumidor e de
organizações.
Pensar nestes tipos de políticas é perceber que cada uma foi implementada de
acordo com sua época e ênfase que a sociedade dá ao meio ambiente.
4.2 Educação Ambiental
O termo “educação ambiental” foi utilizado aproximadamente no ano de 1948,
especificamente no Encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza em
Paris, porém o termo se tornou mais evidente e entrou na agenda internacional após a
Conferência de Estocolmo em 1972, assim como no ano de 1975, em Belgrado, na “Carta
de Belgrado”, e em 1977, na “Declaração de Tblisi”, despertando para as necessidades
de promover esforços educacionais para o desenvolvimento sustentável, onde tenhamos
uma sociedade mais justa, sustentável e de paz. (BRASIL, 2007).
Este aspecto está implícito na Declaração de Tblisi:
A educação ambiental deve ser dirigida à comunidade despertando o interesse do indivíduo em participar de um processo ativo no sentido de resolver os problemas dentro de um contexto de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de responsabilidade e o esforço para construir um futuro melhor. Por sua própria natureza, a educação ambiental pode, ainda, contribuir satisfatoriamente para a renovação do processo educativo. (UNESCO, 1977, p. 1).
25
Gadotti (2010) menciona na Carta da Terra2 os conceitos de educação ambiental
no contexto formal e não formal, sendo ela utilizada na educação para os direitos
humanos, para a paz e em novos esforços educacionais. Estes novos esforços têm como
objetivo a sustentabilidade designada de várias maneiras: como educação para o
desenvolvimento sustentável, educação para a sustentabilidade e, até mesmo, educação
ambiental para o desenvolvimento sustentável.
A Educação Ambiental, bem compreendida, deverá constituir uma educação geral permanente que reaja às mudanças produzidas num mundo em rápida evolução. Essa educação deverá preparar o indivíduo através da compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhe os conhecimentos técnicos e as qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva que vise melhorar a vida e proteger o ambiente, valorizando os aspectos éticos (UNESCO, 1977, p.1).
Nesse sentido, Jacobi (2003), mostra que a educação ambiental assume cada vez
mais importância na transformação dos indivíduos em co-responsáveis pelo
desenvolvimento sustentável; ela é condição necessária para evitar a degradação
socioambiental. Para formação da cidadania e qualidade de vida é necessário, entretanto,
que as informações adequadas sejam veiculadas nas grandes mídias, internet e
ciberespaço.
4.3 Permacultura
Permacultura é uma palavra formada pela união de “permanente” e “agricultura” e
representa uma nova maneira de pensar e organizar as atividades produtivas, formando
sistemas multifuncionais eficientes e duradouros. Vai além da agricultura ecológica, pois
engloba também economia, aproveitamento de energias, ética, sistemas de captação e
tratamento de águas e bioarquitetura (MEDEIROS, 2008).
2 Criada na ECO 92 através da Agenda 21 essa carta faz recomendações para os países quem têm
responsabilidade compartilhada de proteger e restaurar a Terra para permitir o uso sábio e eqüitativo dos recursos naturais, assim como realizar o equilíbrio ecológico e novos valores sociais, econômicos e espirituais.
26
Poderíamos definir Permacultura, literalmente, como Cultura Permanente. Esse conceito foi desenvolvido nos anos 70 por dois australianos: David Holmgren e Bill Mollison, e foi resultado da criação e desenvolvimento de pequenos sistemas produtivos organicamente integrados (a casa, o entorno, as pessoas...) proporcionando responder as necessidades básicas de uma maneira harmoniosa. (IPEMA, 2010)
Neste sentido, considerar e pensar sobre os conceitos de permacultura como
cunho de harmonia entre os sistemas ecológicos é corroborar com o artigo 225 da
Constituição Federal de 1988 de não comprometer as gerações futuras. (BRASIL, 1988).
Os princípios e conceitos da permacultura usados por Mollinson e Holmgren
surgiram da observação dos sistemas naturais e das sociedades sustentáveis da era pré-
industrial. Podem ser aplicados de forma universal em tempo de abundância ecológica e
material ou até mesmo em momentos de escassez. (MOLLINSON, 1981).
São aplicáveis, também, à reorganização pessoal, econômica, social e política.
Estes princípios são baseados na “flor do sistema de design da permacultura” (Figura 1)
idealizados por Holmgren (2007) que sintetizam os conceitos abordados na permacultura
para sustentar a humanidade em período de declínio da energia.
27
Figura 1 - Flor do sistema de design da permacultura
Fonte: Permacultura na Meruoca [2010]
Ao observar-se a imagem acima, se percebem elucidado ao centro da figura três
princípios gerais éticos:
Cuidado com a Terra (sol, floresta e água);
Cuidado com as pessoas (cuidar de si mesmo, parentes e comunidade);
Partilha justa (estabelecer limites para consumo e reprodução, e distribuir o
excedente).
Esses princípios são considerados em nível pessoal, podendo ser observados
como comuns às culturas de lugar que ligam as pessoas à terra e à natureza,
diferentemente das sociedades modernas (HOLMGREN, 2007). Além desses três
princípios éticos, o autor também menciona, como é possível visualizar na imagem acima,
28
sete princípios que envolvem a atuação direta do homem no ambiente, de modo a utilizar
a natureza a favor dele, não a alterando muito.
Posse da Terra e Governo Comunitário;
Manejo da Terra e Natureza;
Espaço Construído;
Ferramentas e Tecnologias;
Educação e Cultura;
Saúde e Bem-Estar Espiritual
Economia e Finanças.
Quando estes princípios são observados em conjunto podem favorecer a
humanidade em épocas de abundância e ou escassez. Como exemplo, podemos citar a
relação de dois deles: “Manejo da terra e natureza” e “Economia e Finanças”. Ao tratar e
respeitar o solo, a produção será maior e constante, permitindo que após o consumo para
subsistência sobre um excedente que poderá gerar lucro.
O terceiro nível que envolve a figura representa os doze princípios que, quando
observados e respeitados, trarão para natureza e para o homem a harmonia necessária
que garante a sobrevivência da humanidade no Planeta Terra.
Estes princípios vão além da atuação local do homem, atingindo uma consciência
global.
Princípio 1: “Observe e interaja”
Nas sociedades pré-industriais, o ambiente natural atendia todas as necessidades
materiais com um grande aporte de mão-de-obra. Hoje, nas sociedades modernas, há
necessidade de grande quantidade de energia proveniente de combustíveis para prover
alimentos e serviços. A permacultura observa esses aspectos, no sentido de reduzir a
dependência de alta tecnologia e de energias não renováveis.
29
Princípio 2: “Capte e armazene energia”
O significado desse princípio é reduzir o consumo de combustíveis fósseis para que não
falte para as gerações seguintes. O atual conceito de riqueza leva o homem a ignorar
oportunidades de captar fluxos locais de formas renováveis e não-renováveis de energia,
para suprir suas necessidades imediatas. Não são aproveitados e ou respeitados o sol, o
vento, o fluxo de escoamento de água, o solo fértil, a vegetação perene como produção
de frutos e outros recursos úteis, assim como corpos e tanques de água e edificações
com utilização passiva de energia solar.
Princípio 3: “Obtenha rendimento”
Todas ações devem ser planejadas para que as gerações futuras não sejam
prejudicadas, mas este planejamento deve criar sistemas que proporcionem a auto-
suficiência em todos os níveis e que gere excedentes para ser partilhado ou
comercializados.
Princípio 4: “Pratique a auto-regulação e aceite feed back”
Na permacultura, a auto-regulação limita ou inibe crescimento ou comportamento
inadequado. Cada elemento dentro do sistema se torna auto-suficiente e independente
quando é eficiente do ponto de vista energético. O emprego de diversas espécies de
plantas no manejo da terra e a presença de raças de animais mais resistentes, semi-
domesticados e com capacidade de auto reproduzirem sem a necessidade de melhorías
tecnológicas, significa economia de energia e conservação do sistema ambiental.
Princípio 5: “Use e valorize os seres e recursos renováveis”
Segundo o autor, os recursos deveriam ser vistos como “renda”, enquanto que recursos
não renováveis deveriam ser considerados como “ativos financeiros”, ou seja, gastar os
ativos financeiros é insustentável para qualquer sistema, por isso é necessário manter o
uso da renda e só utilizar os ativos financeiros para restabelecer o sistema.
Princípio 6: “Não produza desperdícios”
A minhoca é um ícone adequado para exemplificar este princípio porque sobrevive
através do consumo de resíduos vegetais existentes no solo (desperdícios); fazendo isso,
30
ela produz o húmus que melhora o próprio solo para ela, para outros microorganismos
que vivem na terra e para as plantas. Dessa forma, a minhoca, assim como outros
organismos, são partes da rede onde o que uns produzem serve de insumo para outros.
Princípio 7: “Design partindo de padrões para chegar aos detalhes”
Para se ter um sistema viável deve-se analisar os padrões naturais de cada região para
que as intervenções respeitem suas características, permitindo o funcionamento natural
do sistema.
Princípio 8: “Integrar ao invés de segregar”
Ao invés de seguir modelos que simplifiquem os sistemas e variedades ambientais
(monoculturas), deve-se optar por um arranjo adequado entre plantas, animais, obras de
terra e outros tipos de infra-estrutura (sistemas agroflorestais), de modo que o próprio
sistema se auto regule sem muita intervenção humana. A ação do homem só serviria para
o restabelecimento do equilíbrio do sistema.
Princípio 9: “Use soluções pequenas e lentas”
Em reflorestamento, por exemplo, é necessário dar preferência ao uso de espécies
pioneiras de rápido crescimento, pois elas preparam o solo para a germinação das
espécies de mais lento crescimento; soluções simples como essa auxiliam muito nas
soluções básicas.
Princípio10: “Use e valorize a diversidade”
Hoje a monocultura se torna vulnerável à praga, erosões e uso excessivo de agrotóxicos.
Uma solução simples é a policultura, que reduz a vulnerabilidade a pragas, variações
climáticas desfavoráveis e flutuações de mercado, além disso, diminui a dependência nos
sistemas de mercado e reforça a auto-suficiência e autoconfiança da família e da
comunidade, pois proporcionam uma gama maior de bens e serviços.
Princípio 11: “Use as bordas e valorize os elementos marginais”
É necessário analisar o sistema em todos os seus aspectos e considerar as bordas ou
áreas consideradas marginais, como parte integrante do sistema.
31
Princípio 12: “Use criativamente e responda às mudanças”
A permacultura diz respeito à durabilidade de sistemas vivos naturais e da cultura
humana; sua durabilidade depende de certo grau de flexibilidade e mudança, exigindo do
homem uma compreensão dos fenômenos que acontecem ao seu redor, intervindo de
forma consciente com um design mais evoluído, pensado a curto e longo prazo, e que
não altere o sistema de modo drástico como acontece quando não há planejamento.
O homem, por exemplo, quando canaliza um rio tirando a mata ciliar e impermeabilizando
ao seu redor, está criando possibilidades de futuras catástrofes, como enchentes e
deslizamentos de terras. Para se alterar determinado sistema deve se pensar muito antes
e optar por soluções que tenham o menor impacto ou se possível nenhum.
As reflexões sobre sustentabilidade, incluindo educação ambiental, políticas
ambientais e permacultura possibilitam traçar os problemas gerados nos sistemas
naturais pelo homem e por sua cultura, colocando o próprio homem como responsável
pelas ações que irão garantir a manutenção e sobrevivência com qualidade de vida
humana no planeta.
A educação ambiental participativa deve ser considerada como fundamental neste
processo.
A biblioteca comunitária, especialmente a biblioteca comunitária com infra-estrutura
sustentável, é o que este trabalho se propõe apresentar como colaboração para o
crescimento do ser humano e evitar que ele se autodestrua por falta de conhecimento e,
consequentemente, por falta de consciência sobre a utilização dos recursos naturais de
forma adequada, tendo como base o conceito dos três R3: reduzir, reutilizar e reciclagem.
3 A política dos 3R’s é um conjunto de ações sugeridas durante a Conferência da Terra, realizada no
Rio de Janeiro em 1992, e o 5° Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento, realizado em 1993. Os 3R’s consistem nos atos de Reduzir, Reutilizar e Reciclar o lixo produzido. Fonte: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=338
32
5 BIBLIOTECA COMUNITÁRIA
Segundo Almeida Júnior (1997), o termo biblioteca comunitária é utilizado para
amenizar as idéias que acompanhavam a proposta de bibliotecas populares. Não havia e
não há um delineamento claro e objetivo dessas bibliotecas. Designou-se esse termo
àquelas bibliotecas alternativas que atuavam junto aos segmentos mais pobres das
grandes cidades, principalmente nas periferias, mas pouco se diferenciava das bibliotecas
públicas tradicionais que, com freqüência, utilizam “serviços de extensão”, ou seja, carros-
biblioteca e caixa-estante enviados para locais onde não chegam os serviços
bibliotecários formais.
Biblioteca popular, segundo a Comisión Nacional de Bibliotecas Populares [2013],
é uma associação criada por iniciativa de um grupo de moradores de uma comunidade,
sendo considerada uma extensão bibliotecária de forma ampla, livre e pluralista, pois
oferecem seus serviços, espaços de consulta e atividades culturais e de leitura. São
dirigidas e sustentadas pelos seus sócios que desfrutam da informação, educação,
recreação, animação sócio-cultural, sempre utilizando sua coleção bibliográfica e
multimeios que são disponibilizados ao público. Para a sua instalação, os moradores da
comunidade devem conhecer a localidade, necessidades, analisar a viabilidade de fundar
e manter uma biblioteca com essas características apontadas. Para que esse projeto seja
concretizado, muitos encontros devem acontecer, discutindo e buscando as decisões
necessárias sobre acordos com outras instituições oficiais ou privadas que possam
contribuir com o projeto.
Os termos biblioteca alternativas e bibliotecas populares, em muitos países, são
utilizados como sinônimos de biblioteca comunitária.
[...] nessas bibliotecas, grande parte do público inscreve-se em uma realidade social complexa e desamparada de outras formas de acesso à cultura, visto que não existe, por parte dos governos, iniciativas efetivas de atuação junto a essas comunidades; assim, as bibliotecas chamadas de alternativas instalam possibilidade de movimentos, deslocamentos, rupturas aos sujeitos que dela se aproximarem. (BASTOS; ROMÃO, 2010, p. 6).
33
Independente da nomenclatura utilizada para designá-las, estas bibliotecas
acontecem graças a iniciativas dos membros das comunidades que sentem necessidade
de se estruturarem para a busca de informação e conhecimento. É uma atividade que
engloba formas de ação comunitária, onde diversos atores sociais podem participar;
dentre estes pode-se mencionar as ONG’S, fundações sociais de empresas privadas e
até mesmo universidades (ALMEIDA; MACHADO, 2006).
A administração desta tipologia de biblioteca é feita pelos próprios membros da
comunidade, que se sentem valorizados; o acesso à informação atinge todos seus
moradores e seu acervo deve conter uma grande variedade de assuntos (VAZ, 2010).
É com este embasamento que a biblioteca comunitária é criada, gerida e
destinada à comunidade, existindo independentemente do governo, que por muitas vezes
não está atento a esta parte da população. Sua classificação de “comunitária” denota a
conquista de um direito à cidadania, à informação, conseguida pelo povo, por meio de
seus próprios esforços (VIEIRA, 2007).
A falta de políticas públicas voltadas às bibliotecas públicas e escolares, segundo
Machado (2009), leva a sociedade buscar caminhos alternativos para sanar os problemas
de acesso à informação e uso de livros. As bibliotecas comunitárias, originárias da luta da
sociedade, conforme dito anteriormente é resultado desta ação. Bastos, Almeida e Romão
(2011) afirma que este tipo de biblioteca abre oportunidades e pode servir como solução
para o problema de exclusão social, pois contribui para organização dos indivíduos e
grupos sociais no enfrentamento deste problema. Muito além de um lugar de consulta,
empréstimo, devolução de livros, a biblioteca é um centro de cultura, criação e lazer, onde
a informação é o insumo transformador.
Nesta linha de pensamento, também Machado e Vergueiro (2010, p. 6) expressam
claramente o conceito e finalidade da biblioteca comunitária:
[...] criada para resistir de forma subversiva à realidade e escapa das medidas e das categorias descritivas existentes, cria mecanismo que colaboram com o desenvolvimento social, potencializa os talentos dos indivíduos e das comunidades, além disso, se torna espaço público de emancipação onde a cidadania pode surgir de forma inovadora, criativa e propositiva.
34
Vieira (2007) menciona em seu trabalho que, no Brasil, várias bibliotecas nasceram
de iniciativas não governamentais. Como exemplo, cita a iniciativa de um senhor de
engenho, Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco, na Bahia, em 1811, que levou o nome de
Biblioteca Pública da Bahia; porém, o autor infere que pelos moldes que foi concebida e
gerida se assemelha muito ao que chamamos hoje de biblioteca comunitária, pois já
naquela época servia aos leigos e escravos analfabetos.
Em Minas Gerais, no ano de 1827, houve também a criação da biblioteca que
levou o nome de seu criador, Baptista Caetano de Almeida, que doou seus próprios livros
para que a comunidade tivesse acesso à informação e pudesse se desenvolver. Outro
exemplo a ser citado aconteceu em São Paulo, originado pelos alunos de Direito do Largo
São Francisco, que criaram um movimento baseado nos ideais iluministas, visando a
formação de bibliotecas populares; a ele foi dado o nome de Gabinetes de Leitura, e foi
disseminado pelo interior paulista.
No Brasil, durante o período da Primeira República, as bibliotecas populares eram
mais expressivas do que as públicas. Devido à ausência de percepção e interesse do
governo, os sindicatos, os operários, lojas maçônicas, sociedades de leitura e
associações de empregados se mobilizaram para a criação das bibliotecas populares. Daí
a sua característica mais significativa: ser dependente da própria comunidade. (VIEIRA,
2007).
O número de bibliotecas públicas ainda é considerado reduzido, segundo Almeida
Júnior (1997), e esta escassez impulsiona as comunidades da periferia a se organizarem
e buscar espaços para reunião de materiais informativos geralmente doados, e que
sirvam também de local de convivência e de formação de indivíduos mais conscientes e
participativos.
Considerando que sustentabilidade significa “habilidade de se sustentar”, podemos
afirmar que as bibliotecas comunitárias, por existirem graças ao esforço e participação de
seus componentes, podem ser incluídas as categorias sustentáveis.
35
Porém, quanto ao significado “atitudes para redução de impactos causados à
natureza”, poucas bibliotecas se enquadram neste aspecto.
Na busca de exemplos de bibliotecas sustentáveis, que assumissem este último
sentido de sustentabilidade, chegamos a instituições que desenvolve projetos em diversos
países, inclusive no Brasil. A redução dos impactos causados à natureza pode ser
conseguida por atitudes conscientes, éticas e diversificadas, que apontam soluções
viáveis e palpáveis à comunidade.
O foco deste trabalho é verificar como a permacultura pode ser aplicada na
sustentabilidade de bibliotecas comunitárias e a base para os apontamentos de
alternativas virá de projetos e cursos desenvolvidos pelas instituições brasileiras, pois
trabalham com a realidade física, ambiental, social e econômica do país.
36
6 PROJETOS DE PERMACULTURA: UMA REALIDADE NO BRASIL
Como vimos no capítulo 4, a permaculltura tem uma visão ampla dos sistemas
naturais e do homem, e que este deve intervir de forma planejada para que haja uma
harmonia. Por este motivo, o capítulo a seguir apresentará trabalhos desenvolvidos com
técnicas de permacultura no Brasil e no exterior, englobando os conceitos da
permacultura, seus ensinamentos e aplicações de ações manejo sustentável, bio-
construção, agricultura e permacultura urbana, na busca de atender as 4 necessidades
básicas do homem: habitações; oferta de água e saneamento; geração e oferta de
energia., Como afirma Jacintho (2007) no método de desenho e ocupação de solo
permacultural estão embutidos os conhecimentos de diversas áreas do conhecimento
humano, que vão desde a arquitetura e a engenharia, à bioquímica, passando pelas
ciências agrárias e biológicas.
Os trabalhos desenvolvidos pelas instituições abaixo apresentadas, projetos,
cursos ou atividades de conscientização, confirmam que a permacultura já é uma
realidade no Brasil. (Quadros 2, 3, 4, 5 e 6).
37
Quadro 2 – IPEMA
Nome IPEMA - Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica
Histórico É uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público sediada no
município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, e foi criada em 1999 e
atua na capacitação de pessoas na área de permacultura.
Missão A missão do IPEMA é fomentar e difundir a permacultura para a criação
de assentamentos humanos sustentáveis
Cursos Planejamento em Design em Permacultura (PDC)
Habitações Sustentáveis,
Planejamento de Agroflorestas;
Permacultura urbana;
Bioconstrução;
Planejamento de Ecovilas.
Projetos Projeto Juçara- utilização dos frutos da palmeira juçara para produção
de alimentos e uso na culinária; na sua cadeia produtiva, por meio do
manejo sustentável da juçara para geração de renda, associada a
atividades de recuperação da espécie e da Mata Atlântica e na
reconversão produtiva de áreas, contribuindo com a fixação de carbono.
Projeto Manejo Florestal Comunitário da Juçara e Cambuci- consiste
na continuidade das experiências de parceiros com objetivo de fortalecer
os arranjos produtivos, promoção do manejo sustentável da palmeira
juçara e outras espécies nativas na comunidade de Ubatuba-SP. É um
projeto financiado pelo Fundo Brasileiro para a Diversidade - FUNBIO,
por meio de uns acordos bilaterais entre Brasil e Estados Unidos pelo
Tropical Forest Conservation Act -TFCA.
Projeto Ecocapacitação Em Tecnologias Sustentáveis- tem como
propósito principal à difusão de técnicas construtivas de baixo custo como
estratégia para minimizar os impactos ambientais das construções ,
usando metodologias que abordem a educação ambiental.
Fonte: Instituto de Permeacultura, e Ecovilas da Mata Atlântica (2013)
38
Quadro 3- IPOEMA
Nome IPOEMA – Instituto de Permacultura: Organização, Ecovilas e Meio
Ambiente
Histórico É uma associação de direito privado sem fins lucrativos, que desde sua
fundação em Brasília no mês de março de 2005 tem formado anualmente
cerca de 500 educandos em Permacultura.
Missão Viver, aprender, ensinar e disseminar a Permacultura, prática que
envolve diversas dimensões da ocupação humana, como planejamento
de ambientes sustentáveis, bioconstruções, uso racional da água,
energias renováveis, sistemas agroflorestais, produção alimentar
ecológica e recuperação de áreas degradadas.
Cursos O Instituto oferece cursos de Permacultura (Design da Permacultura,
PDCinho, Permacultura Urbana, Educação em PC), além de
Bioconstrução (Bambu, Construindo com terra), Sistemas Agroflorestais
(Sistemas Agroflorestais, SAF Avançado, Sementes), Manejo
Sustentável da Água e Alimentação Natural.
Projetos Projeto Educação para a sustentabilidade no Jardim Botânico de
Brasília: realiza palestras e educação ambiental no Jardim Botânico.
Projeto Puroritmo – Festival da Cultura Consciente promove festival
que conscientiza sobre a permacutura e educação ambiental.
Projeto Permacultura: Caminho para a Harmonia: Elaboração de um
longa-metragem aprovado pelo Fundo de Apoio a Cultura da Secretaria
de Cultura do Distrito Federal – FAC/DF.
Projeto Rio São Bartolomeu Vivo: recupera áreas degradadas na bacia
do Rio São Bartolomeu com mudas de árvores nativas do Cerrado.
Plano de Manejo para o Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul: a área do
parque foi recuperada pelo instituto, que anteriormente sofreu impactos
ambientais. Hoje é conservada e utilizada para o desenvolvimento de
39
atividades voltadas à permacultura, educação ambiental e lazer.
Programa Carbono Orgânico: neutraliza as emissões de carbono de
eventos e atividades ao mesmo tempo em que recria florestas produtivas,
tornando fonte de alimento para agricultores.
Fonte: Instituto de Permacultura: organização, ecovilas e meio ambiente (2013).
40
Quadro 4- Morada da Floresta
Nome Morada da Floresta
Histórico Criada e localizada em São Paulo em 2007, atua no segundo setor com a
empresa social Morada da Floresta Soluções Ecológica LTDA e no
terceiro setor com Instituto Morado da Floresta, que recebeu a
qualificação de OSCIP em 2011.
Missão Diminuir os impactos causados no meio ambiente pela sociedade
contemporânea, compartilhando e disponibilizando conhecimentos e
soluções ambientais por via de produtos e serviços ecológicos que
diminuem a geração de resíduos, e ações educacionais voltadas à
preservação do planeta.
Cursos Oferece cursos, oficinas, palestras e atividades nas áreas da
Sustentabilidade, Permacultura, Alimentação Consciente, Partos
Naturais, Convivência Comunitária e outros.
Projetos Compostagem Empresarial: instalação de minhocários modulares com
capacidade para compostar e transformar em fertilizantes naturais
grandes volumes de resíduos orgânicos, provenientes tanto das
atividades industriais do ramo alimentício quanto de refeitórios para
funcionários. Capacita os funcionários encarregados do manejo dos
resíduos e assessoria para logística do fluxo de insumos e subprodutos
da compostagem. Realiza atividades relacionadas à conscientização e
educação ambiental para clientes, fornecedores, funcionários e seus
familiares.
Compostagem nas Escolas: Orienta a destinação correta dos restos de
alimentos provenientes de refeitórios, cantinas e lanches trazidos pelos
alunos. Oferece oficinas ecopedagógicas direcionadas às diferentes
faixas etárias. Distribui Kits pedagógicos de compostagem para utilização
em aulas de ciências.
Compostagem em Condomínio: orienta e realiza a destinação correta
dos resíduos orgânicos produzidos por edifícios e bairros particulares,
41
gerando adubo para utilização nas áreas verdes. Capacitam os
funcionários encarregados do manejo dos resíduos e jardineiros. Presta
assessoria para logística do fluxo dos insumos e dos subprodutos da
compostagem. Realiza atividades relacionadas à conscientização e
educação ambiental para condôminos, crianças, funcionários e
jardineiros.
Compostagem em Restaurantes: orienta a montagem de composteiras
destinadas ao processamento dos restos de alimentos com instalações
adequadas às normas sanitárias. Oferece capacitação aos funcionários
encarregados do manejo dos resíduos e assessoria para logística do
fluxo de insumos e subprodutos da compostagem e condutas de higiene.
Compostagem para Eventos: Faz a gestão dos resíduos orgânicos
gerados em feiras e exposições, shows, festivais, mostras artísticas e
competições esportivas, entre outros, minimizando o impacto ambiental e
a pegada ecológica do evento.
Compostagem em Hotéis: orienta a montagem de composteiras
destinadas ao processamento dos restos de alimentos provenientes dos
restaurantes e lanchonetes com instalações adequadas às normas
sanitárias. Capacita os funcionários encarregados do manejo dos
resíduos e assessoria para logística do fluxo de insumos e subprodutos
da compostagem e condutas de higiene. Produz adubo para utilização
nas áreas verdes. Oferece atividades relacionadas à conscientização e
educação ambiental para hóspedes, crianças, funcionários e jardineiros.
Compostagem Municipal: orienta sobre soluções ambientais para
gestão dos resíduos orgânicos sob responsabilidade do poder público
(provenientes de domicílios, empresas, feiras livres, centrais de
abastecimento, entre outros). Desenvolve programas socioambientais.
Fonte: Morada da Floresta (2013)
42
Quadro 5- Casa dos Hólons
Nome Casa dos Hólons
Histórico O Laboratório de Permacultura Urbana é uma experiência de re-design
de uma casa comum na cidade de São Paulo, encontrada praticamente
abandonada. Atualmente, o espaço tem funções ecopedagógicas e
terapêuticas.
Missão Considera fundamental associar a moradia com iniciativas
empreendedoras, propostas por um grupo ou por cada morador-
pesquisador.
Cursos Visita Ecopedagógica: organiza visita monitorada ao público, mostrando
os padrões de funcionamento da casa e conscientizando da importância
de se aprender permacultura e educação ambiental.
Biocapacitação: abrange técnicas integradas de Permacultura Urbana,
abordando os seguintes temas: horticultura, bio-construção e reutilização
de resíduos, sendo eles orgânicos ou não.
Bioatelier: ensina de forma prática as técnicas de bio-construção.
Projetos Projeto Casa dos Hólons: tem como objetivo formar localmente um
modelo de economia participativa através do empreendedorismo, unindo
sustentabilidade aos aspectos sócio-econômicos. A Casa enxerga como
fundamental, aliar a moradia com iniciativas empreendedoras propostas
pelos moradores. Estas iniciativas auxiliam a manter a Casa sustentável
financeiramente e permitem que o trabalho pedagógico proposto nas
vivências e cursos continue ocorrendo.
Fonte: Casa de Hólons (2013)
43
Quadro 6 - IPEC
Nome IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado)
Histórico O IPEC é uma ONG sem fins lucrativos que tem seu escritório no
Ecocentro, localizado na cidade de Pirenópolis, Goiás. Foi fundado em
1998, com a finalidade de estabelecer soluções apropriadas para
problemas na sociedade, promover a viabilidade de uma cultura
sustentável, oportunizar experiências educativas e disseminar modelos
no cerrado e no Brasil.
Missão Tem por missão promover valores verdadeiros e proporcionar
experiências educativas, práticas de estudos sustentáveis e
desenvolvimento de tecnologias e soluções apropriadas para a realidade
atual, por meio do Ecocentro IPEC, que é referência em permacultura e
bioconstrução.
Cursos Permacultura
Design e Consultoria (PDC)
Bioconstruindo
Re Plante, Agrofloresta
Design e Construção (ADC)
Curso de Permacultura
Bioconstrução para Crianças (PBCinho).
Projetos O instituto desenvolve o projeto através do Ecocentro IPEC transmitindo
e levando os princípios da Permacultura e da Bioconstrução, afirmando
um novo conceito de propriedade com responsabilidade, transformando a
realidade de muitos alunos e voluntários que têm acesso a estas
informações.
Fonte: Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado (2013)
44
6.1 Apontamentos sobre alternativas sustentáveis
A partir dos dados coletados nas instituições que desenvolvem a sustentabilidade
em seus cursos e projetos, é possível apontar técnicas e materiais de baixo impacto, para
auxiliar a comunidade na decisão da melhor solução para a instalação de uma biblioteca
comunitária na sua região, respeitando o conceito de sustentabilidade baseado na
permacultura. As alternativas sustentáveis escolhidas podem ser utilizadas em parte ou
em todo projeto e se referem à infraestrutura da construção. Esta decisão dependerá da
iniciativa da comunidade e das parcerias que forem estabelecidas, assim como do espaço
disponibilizado para implantação da biblioteca. A este tipo de construção que se utiliza
materiais de baixo impacto ambiental, adequadas ao clima local e tratamento de resíduos
se dá o nome de Bioconstrução, além disso, durante sua fase de projeto deve-se levar em
conta a escolha dos materiais e técnicas adequadas (BRASIL, 2008). É uma construção
considerada natural, que envolve aspectos estruturais básicos. São estes os mais
significativos:
Parede, cobertura e piso
Saneamento básico
Captação de água
Iluminação
Mobiliário
6.1.1 Parede
Três foram as técnicas escolhidas com referência à construção das paredes, por
levarem em conta o tipo de solo e materiais existentes no local, ferramentas comuns,
conhecimento simples sobre o processo de trabalho e facilmente adquiridos, necessidade
de equipe envolvida e rapidez de resultados.
45
Figura 2 - Adobe
Fonte: Eco Reto! (2010)
Em lugares onde o solo é argiloso se mostra de grande praticidade a fabricação
desse tijolo, que não requer que vá ao forno como o tijolo da construção convencional. É
uma mistura de barro, palha e água pisoteada até se transformar em uma massa
homogênea, posteriormente colocada em fôrmas de madeira e seca naturalmente.
Figura 3 - Paredes com adobe
Fonte: Dremastime (2013)
46
O adobe é uma técnica de construção natural onde o principal recurso utilizado para construí-lo é o barro, que é encontrado no próprio local da construção. O adobe foi utilizado por todas as grandes civilizações, podemos tomar por exemplo a Muralha da China, onde em boa parte de sua construção o bloco de adobe foi utilizado (INSTITUTO DE PERMACULTURA E ECOVILAS DO CERRADO, 2013).
Figura 4- Superadobe
Fonte: Instituto de Permeacultura e Ecovilas do Cerrado [2013]
O superadobe é mais simples de construir com terra comum, pois não é necessário
fazer qualquer teste com o material; não é preciso peneirar a terra, nem moldá-la e nem
acrescentar palha, como no adobe. As paredes são erguidas muito rapidamente, mas é
necessário uma equipe de pelo menos cinco pessoas (INSTITUTO DE PERMACULTURA
E ECOVILAS DO CERRADO, 2013).
47
Figura 5 - Paredes de superadobe
Fonte: Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado [2013]
As ferramentas utilizadas são simples:
- um pedaço de cano que servirá como funil (tubo de PVC de 250 mm é o ideal);
- pedaços de sacos de polipropileno (servem também sacos de adubo);
- soquetes e arame farpado (colocados entre as camadas);
- baldes;
- marretas de borracha para aprumar as fiadas.
É feito um grande saco para ser preenchido com terra, com a ajuda de um cano que funciona como um funil. Assim vão sendo formadas as “fiadas” (camadas) que depois devem ser bem socadas, cobertas por outra fiada e assim sucessivamente, até a parede ser completamente erguida (INSTITUTO DE PERMACULTURA E ECOVILAS DO CERRADO, 2013).
48
Figura 6- Tijolo de solo-cimento
Fonte: Construdeia (2013)
Figura 7 - Construções com tijolo de solocimento
Fonte: AO.VIVO.NET [2013]
49
Esta técnica usa areia com cimento, formando tijolos de solo-cimento que são
produzidos em prensas, dispensando a queima em fornos. Para que se tornem
resistentes, eles só precisam ser umedecidos. Além de grande resistência, outras
vantagens desse tijolo é o seu excelente aspecto estético, de fácil fabricação e
manipulação (FERREIRA FILHO, [2013]).
Outras opções de técnicas existem e são bastante usadas, como a taipa, o bambu,
até mesmo garrafa pet. A escolha depende da criatividade e envolvimento da
comunidade em reutilizar materiais disponíveis na região ou que teoricamente seriam
descartados, reduzindo o lixo nos aterros sanitários. E custo reduzido, ou, em alguns
casos, até nulo, porém necessita de colaboração da comunidade.
50
6.1.2 Cobertura
Para o processo de cobertura da construção, serão apresentados 2 tipos, um
considerando a importância reciclagem (fig.8), outro valorizando as condições ambientais
nos itens temperatura, ruído e aumento da biodiversidade, o Ecotelhado (fig.9). Condições
ambientais adequadas são imprescindíveis tanto para a preservação do acervo, quanto
para o conforto térmico dos funcionários e frequentadores de uma biblioteca.
Figura 8 - Telhado de tubos de pasta de dente
Fonte: Revista Linha Ecológica (2011)
A inovação resultante de inúmeras pesquisas na utilização da técnica de
reciclagem levou à produção de telhas onduladas feitas de tubos de pasta de dente,
normalmente jogados em aterros sanitários. Estas telhas são benéficas à saúde se
compararmos aos modelos da Brasilit, por exemplo, que contém amianto em sua
composição. Por ser um material inovador e de difícil disponibilidade na captação de
matéria prima para sua fabricação, o preço ainda é alto se comparado aos modelos
convencionais. Porém, este aspecto pode ser mudado se houver a cooperação da
comunidade, pois se trata de captar um produto que é descartado em todas as famílias e
constantemente.
51
Figura 9- Telhado verde ou Ecotelhado
Fonte: Ecotelhado (2010)
Para a implantação do Ecotelhado há necessidade de ter um telhado com
angulação. Nele é feita instalação placas de compensado na estrutura, devendo ser
impermeabilizadas para evitar a entrada de umidade na edificação, e instalação de drenos
de águas; é necessário colocar bases de contenção da terra, evitando assim a erosão.
Para a fixação da vegetação, a terra deverá ser adubada.
Nas estruturas com laje é preciso fazer a impermeabilização de todo o local onde
será aplicado o ecotelhado e colocar drenos de água para que não acumule água da
chuva, com sistemas de calha e contenção de terra.
Os benefícios do telhado verde incluem vários e importantes aspectos que vão
desde o aumento da biodiversidade, diminuição da temperatura do micro e macro
ambiente externo, conforto térmico e acústico para ambientes internos, diminuição da
52
amplitude térmica, até a contribuição para a maior durabilidade das edificações. Em
contra partida as desvantagens do ecotelhado são a manutenção periódica (poda,
limpeza); necessidade de reforço estrutural e impermeabilização. Pode ser implantado em
construções de pequeno ou grande porte (ECOTELHADO, 2010).
As grandes metrópolis do mundo sofrem muito com a questão de falta de áreas
verdes. A cobertura verde pode ser adotada não somente em bibliotecas, mas em todo
tipo de edificação.
6.1.3 Piso
Para confecção de pisos, a sugestão considerada mais adequada à proposta deste
trabalho, é a apresentada pela empresa Ideia Green que sugere o reaproveitamento dos
palletes de madeira utilizados para transportar cargas em indústrias e que são
descartados. O resultado final é bonito, com aspecto rústico, aconchegante e apropriado
para qualquer ambiente. Sua colocação é simples, com tecnicas conhecidas
popularmente.
53
Figura 10 - Piso de paletes usados
Fonte: Ideias Green (2012)
Como vemos na figura acima, o resultado fica com aparência de piso taqueado; só
basta que a comunidade capte este tipo de material para sua confecção.
54
6.1.4 Sistemas de saneamento básico
Os sistemas de saneamentos convencionais utilizam uma grande quantidade de
água para a higiene pessoal. Desse modo, serão mostradas 2 técnicas, dentre elas uma
que utiliza as águas cinzas e negras para alimentar o ciclo de bananeiras, conhecida
como bacia de evapotranspiração (fig.11 e 12), outra que não usa água para o tratamento
dos dejetos do vaso sanitário, chamada de banheiro seco (fig.13 e 14).
Bacia de Evapotranspiração
Segundo Timmermann et al. (2003), pode se classificar os efluentes domésticos
em dois tipos, como foi mencionado anteriormente:
Águas cinzas - carregam sabão e sujeira proveniente da pia, do chuveiro, não precisando
de um pré-tratamento. Basta permitir que ela infiltre no solo e que seja local onde tenha
plantas, para serem absorvidas e também evaporarem. É ideal para a exploração do ciclo
de bananeiras.
Águas negras - carregam os dejetos humanos, provenientes dos banheiros hidráulicos e
devem ser tratadas com mais cuidado, pois gera contaminação de solo, água supercifial e
lençóis freáticos.
A alternativa de construir uma bacia de evapotranspiração, por ser um sistema
fechado, possibilitará a não contaminacão.
55
Figura 11 - Esboço da bacia de evapotranspiração
Fonte:: Setelombas (2010)
Existe a alternativa de construir uma bacia de evapotranspiração que, por ser um
sistema fechado, possibilitará a não contaminacão.
56
Figura 12 - Bacia de evapotranspiração
Fonte:: Setelombas (2010)
Uma maneira de destinar nossos efluente do banheiro convencional sem poluir
principalmente os lençóis freáticos é a bacia de evapotranspiração. Como mostram as
figuras acima, é construída uma fossa com camadas de vários materiais, pedras, cacos
de tijolo e telhas, brita, areia e terra, terminando com plantas.
A Bacia de Evapotranspiração, conhecida popularmente como “fossa de bananeiras”, é um sistema fechado de tratamento de água negra, aquela usada na descarga de sanitários convencionais. Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em
57
nutrientes para plantas e a água só sai por evaporação, portanto completamente limpa (SETELOMBAS, 2010).
A bananeira é a planta considerada a mais apropriada, dando o nome a este tipo
de técnica, que permite a transformação dos resíduos em nutrientes e a evaporização da
água. Além disso, a planta produz frutos de excelente qualidade para os usuários. Este
tipo de sistema vai ao encontro da permacultura, onde cada elemento contribui com o
sistema a favor do homem e respeito a natureza.
Banheiro Seco
Embora o tratamento de águas negras seja uma solução ótima para a poluição dos
lençóis freáticos e rios, existe a possibilidade da não utilização de água para os dejetos do
vaso sanitário, conhecido como banheiro seco.
Figura 13 - Banheiro Seco
Fonte: Timmermann et al., (2003, p. 31).
58
Para a construção do banheiro seco, há necessidade de local mais alto onde haja
um desnível de 1 à 2m, pois isto favorece a construção da rampa que será também o
apoio da construção. A declividade da rampa deverá atingir 45º. O banheiro deve possuir
duas câmaras para uso alternado, a cada 6 meses, com um volume mínimo de 1 metro
cúbico em cada uma. A construção necessita ser de tijolo, sendo o banheiro montado
com dois assentos, correspondendo às duas câmaras (Figura 13); chapas fecham a parte
superior das câmaras, para o isolamento, aquecimento e ventilação, pois o funcionamento
deste sistema é feito por convecção de ar quente. Portas para inspeção e chaminés para
saída dos gases devem ser instalados.
Quanto às dimensões e materiais a serem usados na parte superior (sala do
banheiro), fica a critério do construtor e na opção dos materiais disponíveis. Recomenda-
se utilizar durante seis meses uma câmara e depois passar para a outra durante os
próximos 6 meses. Passado um ano, o material da primeira câmara poderá ser retirado,
pois o processo de compostagem no deposito terá ocorrido. O passo seguinte é
encaminhar este material para o minhocário onde será transformado em húmus e utilizado
como adubo natural nos cultivos (TIMMERMANN et al., 2003).
O sistema conhecido como banheiro seco ou banheiro séptico tem características
que respeitam o conceito de sustentabilidade aqui defendido e apresenta várias
vantagens:
- não usa água, e sim serragem para auxiliar na compostagem dos dejetos;
- produz adubo para jardins e pomares, livre de microorganismos patogênicos;
- permite instalar, ainda, em cima da chapa metálica, um aquecedor de água do
tipo serpentina.
O banheiro seco como não usa água, se mostra adequado aos climas secos, onde
a pluviosidade anual é pouca. Além disso, a cada 6 meses produz adubo rico em
nutrientes que poderá aumentar a produtividade dessas regiões que carecem tanto de
solo fértil.
59
Figura 14 - Esboço de um banheiro seco
Fonte: adaptado de SeteLombas (2006)
A exigência deste tipo de construção em local mais elevado acarreta problemas
relacionados à acessibilidade de cadeirantes, a não ser que sejam construídas rampas de
acesso ao sanitário.
É importante destacar que, por se tratar de sugestões para a construção de uma
biblioteca comunitária, deve-se considerar a existência da diversidade do público, com
suas necessidades especiais.
60
6.1.5 Captação de água da chuva
O sistema de captação de água visa armazenar o máximo de água nas épocas
chuvosas e utilizar pouco ou nenhum fornecimento da rede de abastecimento local, mas
varia de acordo com a pluviosidade de cada região (TIMMERMANN et al., 2003).
Figura 15 - Esquema do sistema de captação de água da chuva
Fonte: adaptado de Ecovila Clareando [2013]
As precipitações das chuvas no telhado são direcionadas pelas calhas e canos
para reservatórios, passando por filtros. Deve haver integração direta com banheiro e
copa, locais de maior uso de água. Sua utilização em outros serviços, como limpeza
geral, desenvolvimento de hortas, lavagem de carros etc faz parte dos objetivos deste
sistema.
61
Cisterna de ferrocimento
A construção de cisterna ferrocimento ou caixa de água, como é mais conhecida, é
uma alternativa muito utilizada no semi árido nordestino, pois ela é resistente, é opaca a
luz e com um bom fechamento garante a manutenção da qualidade da água por longos
períodos de tempo (TIMMERMANN et al., 2003).
Figura 16 - Cisterna de ferrocimento
Fonte: TIMMERMANN (2013)
O quadro 7 apresenta segundo Timmermann et al. (2003) a capacidade das
cisternas cilíndricas de ferrocimento para armazenamento de água.
62
Quadro 7- Cisterna de ferrocimento
Fonte: TIMMERMANN (2013)
O sistema de captação de água e as cisternas são soluções usadas em ambientes
áridos de modo a armazenar ao máximo a água da chuva para os períodos de baixa
pluviosidade, atendendo ao princípio 2 da permacultura, “capte e armazene energia”.
Baseado ainda neste princípio, abaixo será tratado o aspecto do uso da energia
solar através da iluminação natural.
63
6.1.6 Iluminação natural
O aproveitamento da luz natural nas edificações é mais do que uma tendência
arquitetônica, é uma necessidade que gera a busca da economia de energia elétrica. É
possível planejar o posicionamento correto de janelas em relação às atividades internas e
implementar o uso de elementos vazados ou transparentes que permitam o
aproveitamento melhor da luz diária, fazendo uso consciente de energia somente no
período noturno.
Figura 17 - Exemplos de iluminação natural
Fonte: CECCHINI (2012)
64
Para Garrocho (2005), quanto à luz natural, os efeitos prejudiciais e benéficos são
inseparáveis; é difícil obter qualquer benefício do sol (economia de energia elétrica,
sensação de bem estar, entre outros) sem, ao mesmo tempo, se expor aos prejuízos que
ele pode causar (degradação do acervo pelo aumento da temperatura, desconforto
térmico, raio ultravioleta, entre outos). Mesmo assim, um projeto deve utilizar o máximo de
luz natural, criando um ambiente agradável e com iluminação eficiente e de acordo com
as características dos trabalhos que acontecerão naquele espaço.
As atividades desenvolvidas em uma biblioteca, por exemplo, principalmente de
leitura e pesquisa, exigem uma boa iluminação. Há necessidade, entretanto, de se
desenhar um layout adequado para que a luz não insida diretamente no acervo, visando a
sua preservação.
Um exemplo que une beleza arquitetônica e respeito à natureza com relação à
economia de iluminação artificial pode ser encontrado na Biblioteca Pública Book
Mountain, na Holanda, prédio construído com total predominância da iluminação natural.
Figura 18 - BookMountain na Holanda iluminada por luz natural
Fonte: Dezeen Magazine (2012)
65
O fator de iluminação natural, principalmente no Brasil que é um país que tem sol o
ano todo, é de extrema importância para as bibliotecas nas realizações de suas atividades
durante o dia; além disso, na edificações em geral, auxilia na economia de energia
elétrica.
6.1.7 Mobiliário
Ambientes bem organizados, com espaços diversificados para atender
necessidades decorrentes das funções de uma biblioteca, pesquisa, cultura, lazer e
socialização, exigem infraestrutura de mobilário, que muitas vezes não é possível obter
quando se propõe montar uma biblioteca comunitária, pelas dificuldades anteriormente
apresentadas.
Neste sentido, este trabalho busca apresentar alguns tipos de confecção de
mobiliário encontrados em sites, levando em conta a importância do reaproveitamento de
materiais considerados pela sociedade como lixo, ou sem utilidade.
6.1.7.1 Balcão confeccionado com livros
Um ideia inovadora surgiu a partir do reaproveitamento de livros antigos que iriam
ser descartados para confecção de um balcão de atendimento bem diferenciado. Este
exemplo foi encontrado em uma biblioteca de arquitetura, TU Delft, na Holanda.
66
Figura 19 - Balcão confeccionado de livros usados
Fonte: NEGRI (2010)
O balcão da biblioteca é a parte onde geralmente se acolhe os usuários e realizam-
se as atividades de referência, DSI (Disseminação Seletiva da Informação) e
processamento técnico. Nada mais justo de se pensar em um mobiliário que seja
agradável visualmente, que tenha um custo reduzido e que seja funcional para as
atividades cotidianas. Acima na (fig. 19) vimos que é possível dar destinação aos livros
que seriam descartados e agregá-los à confecção de um mobiliário exclusivo e com o
perfil de uma biblioteca comunitária.
67
Como vimos anteriormente que os paletes podem ser usados para o piso da
biblioteca, também podem ser usados para mobiliários como estantes, mesas, poltronas e
cadeiras.
6.1.7.2 Estantes feitas de paletes
Segundo o site Ideias Green (2012), as estantes de paletes de madeira podem ser
criadas em qualquer dimensão, esse fator é considerável, pois se pode produzir estantes
de acordo com a necessidade da biblioteca da comunidade.
Figura 20 - Estantes feitas de paletes
Fonte: Ideias Green (2012)
As estantes de paletes têm aspecto agradável, são fortes e apropriadas para o
armazenamento dos materiais da biblioteca.
68
6.1.7.3 Mesas, cadeiras e poltronas feitas com paletes usados
Paletes também podem ser reaproveitados em confecção de mesas, poltronas e
cadeiras que comporão as áreas de leitura e de trabalho.
Figura 21 - Mesa de paletes
Fonte: Ideias Green (2013)
69
Figura 22 - Cadeiras de paletes
Fonte: Ideias Green (2013)
Figura 23 - Poltrona feita de paletes
Fonte: Hernandez (2012)
70
O uso de paletes para mobilários apresenta um aspecto rústico e cumpre a função
como os móveis convencionais, confortáveis e duráveis, adequados a qualquer tipo de
ambiente, inclusive bibliotecas.
6.1.7.4 Mesas e cadeiras feitas com pneus
Uma solução para reduzir os impactos causados pelo descarte incorreto de pneus
usados pela sociedade é o reaproveitamento na confecção de mesas e cadeiras usadas
para as áreas de estudo e leitura.
Figura 24 - Mesas e cadeiras feitas com pneus
Fonte: SOUZA (2012)
71
Foram muitas as soluções encontradas nesta pesquisa visando a construção
natural, que leva em conta o respeito ao meio ambiente, o reaproveitamento de materiais,
baixo custo, a participação dos membros da comunidade com seus conhecimentos
específicos e, principalmente, a preocupação com as gerações futuras, colaborando para
a preservação do Planeta.
Estas soluções referentes à estruturação física, agregadas às características da
localidade, da própria comunidade, dos serviços e funções de uma biblioteca, possibilitam
a concretização de um espaço de aprendizagem e emancipação, onde a cidadania pode
surgir e cada indivíduo se tornar um sujeito tranformador.
72
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisar os autores citados no trabalho percebe-se o descaso com as
bibliotecas públicas por parte do governo, quer em quantidade, quer em qualidade do
acervo e da infraestrutura para seu funcionamento. Sendo assim, a população se
movimenta para sanar as lacunas deixadas pelo governo, se mobiliza e cria as bibliotecas
comunitárias, com a finalidade de ter um espaço de convivência, de desenvolvimento
social, cultura, lazer e principalmente de acesso à informação, condições estas que
possibilitarão o exercício da cidadania aos moradores da urbe.
A carência de educação e conscientização ambiental das comunidades em que
normalmente são inseridas estas bibliotecas leva a crer que é necessária à criação de
bibliotecas comunitárias sustentáveis, que atendam quesitos de sustentabilidade,
principalmente no que diz respeito à infra-estrutura. A existência de instituições que
desenvolvem projetos que oferecem cursos e que desenvolvem técnicas de bioconstrução
em edificações não agredindo a natureza pode ser uma oportunidade de ensinar-se
educação ambiental aos habitantes do entorno da biblioteca. Outro viés que demonstra
ser bem apropriado aos conceitos de conscientização ambiental e aprendizado é o
reaproveitamento de materiais recicláveis para confecção de mobiliário, que gerarão baixo
custo, além de favorecer o crescimento da percepção do quanto é possível melhorar
neste aspecto, desde que haja criatividade, envolvimento e pesquisa.
A relação entre a sustentabilidade, permacultura e as bibliotecas comunitárias se
mostra cada vez mais viável do ponto de vista de baixo impacto para o meio ambiente e
de custos, se comparados com as construções convencionais. Um dos aspectos
fundamentais encontrados tanto na permacultura quanto nas bibliotecas comunitárias são
as ações participativas em prol de um mesmo objetivo, sejam ele ambiental ou de
mobilização para o acesso a informação. É o encontro da co-responsabilidade pelo
desenvolvimento sustentável, buscando condições para evitar a degradação sócio-
ambiental, tanto quanto pela evolução do indivíduo, ao lutar pelo desenvolvimento do
conhecimento e, consequentemente, da cidadania.
73
Retomando o trecho abordado na página 34, que discute sobre o conceito de
sustentabilidade como “habilidade de se sustentar” ou “atitudes para redução de impactos
causados à natureza”, pode-se considerar que ambos sentidos estão agregados ao
projeto de bibliotecas comunitárias, pelo simples fato dessa tipologia de biblioteca surgir,
depender e se desenvolver pela participação e luta de seus componentes, assim como,
adotar soluções apresentadas na permacultura e bioconstrução que garantam a
durabilidade dos sistemas naturais.
É possível observar que, mesmo sem o apoio governamental e poucos recursos
financeiros, a comunidade, ao construir bibliotecas comunitárias com base nos conceitos
apresentados neste trabalho, estará encontrando seu caminho na busca pelo:
Espaço de convivência, lazer, cultura e informação
Desenvolvimento de habilidades de se sustentar
Respeito à natureza
Promoção da união entre os moradores
Este trabalho buscou, além de registrar informações técnicas sobre a construção
do espaço da biblioteca comunitária, observando a necessidade de reduzir os impactos
ambientais, contribuir para a conscientização, principalmente dos estudantes de
biblioteconomia, da importância de disponibilizar estas informações a todos os âmbitos,
público, privado ou comunitário, para que cada vez mais tenhamos exemplos de ações
que respeitem as dinâmicas da natureza.
É a busca pelo respeito à natureza. É a busca por uma “Ética Sustentável”.
74
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