95
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS AS ATITUDES DO TERAPÊUTA NA TEORIA CENTRADA NA PESSOA TERESA CRISTINA OTHENTO CORDEIRO CARRETEIRO . Rio de Janeiro, setembro de 1981 ... _-- ._-- . " '.--_. T/rsop C315a ,>

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

AS ATITUDES DO TERAPÊUTA NA TEORIA CENTRADA NA PESSOA

TERESA CRISTINA OTHENTO CORDEIRO CARRETEIRO .

Rio de Janeiro, setembro de 1981

~,. ... _-- ._-- ~-. " • '.--_.

T/rsop C315a

,>

"!; '. ~. ~~"'-'"'F

C.ENTRO DE pQS-GRADUAÇÃó EM PSICOLOGIA INSTITUTO SUPERIOR DE ESTtJOOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

FUNDAÇÃd GETtltfb.VARGAS

> .,F<WJ.'IOOP}CPGP' . ~.

l

CENTRO DE pdS-GRADUAÇAO EM PSICOLOGIA INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

AS ATITUDES DO TERAPEuTA NA TEORIA CENTRADA NA PESSOA

por

TEREZA CRISTINA OTHENIO CORVEIRO CARRETEIRO

Dissertação submetida como requisito parcial para ob­tenção do grau de,

MESTRE EM PSICOLOGIA

Rio de ,Janeiro •. setembro ;de 1981·

AGRADECIMENTOS

À Ronald, pelo apoio nos momentos mais críticos.

À Monique Augras, orientadora do estudo, pelo in­

centivo através de suas apreciações e críticas.

À minha "família de trabalho" (Alice, Marcia, Ma­

gale e Rogério), amigos que contribuem na minha "vida profi~

sional" e "de coração".

Ao amigo Hermano, pela ajuda desde a pré-formação

deste trabalho

À Debora e Rita, responsáveis pela datilografia.

À Alexandre e Luciana, simplesmente, por

ALEXANDRE E LUCIANA.

iH

serem

• r

R E S U M O

Este trabalho procede a um exame arqueológico das

atitudes terap~uticas ao longo do desenvolvimento da teoria

rogeriana. Estuda-se o processo evolutivo que comp6e o referi do corpo teórico.

Inicialmente, g feita uma breve apresentação de Carl Rogers, precursor da Abordagen Centrada na Pessoa. São

discorridos aspectos pessoais e profissionais do autor assim

como suas principais cohtribuiç6es no campo da Psicologia cli nica.

A teoria é decomposta em tr~s fases principais: pre história da empatia, e empatia propriamente dita e da experi­

enciação Cexpe~iencLngr que correspondem a momento históricos

diferentes. Cada capítulo inclui o estudo pormenorizado de c~

da uma dessas fases e a análise é feita em torno de tr~s va­

riáveis principais: teoria da personalidade, processo terap~~

~ico e atitude~ do terapeuta. Ressalta-se, d~ modo especial, este filtimo tópico. Mostra-se como as posturas e "técnicas" do terapeuta se ampliam paralelamente aos progressos teóricos.

Na filtima fase, a da experienciação, apresentam- se as contribuiç6es de Eugene Gendlin, que permitem compreender

a abordagem rogeriana numa perspectiva fenomenológica.

Finalizando, faz-se 'uma conclusão onde sao sinteti­zados os marcos mais importantes do estudo, referente às ati­

tudes do terapeuta.

iv

S U N N A R Y

This study aims at an areheologieal examination of

therapeutieal attitudes in the development of rogerian theory.

A brief presentation of Carl Rogers, the forerunner

of the Person Centered Approaeh, is given first, showing his

personal and professional aspeets and his main eontributions

to Psyehology as well.

The theory is divided in three phases: pre-history of empathy, empathy and experieneing, eaeh phase eorresponding

to different historieal moments.

Eaeh ehapter ineludes a detailed study of eaeh phase

and.the analysis is õased on three main variables: personality

theory, therapeutieal proeess and therapist's attitudes. Speeial

emphais is is gi ven to the lat ter by showing how these a tti tutes

and " teehniques" of the therapist broaden paralel to the

theoretieal progresso

Eugene Gendlin's eontributions are presented in the

last phase, that of.experieneing, allowing an understanding of

the rogerian approaeh from a phenomenologieal viewpoint.

A conelusion gives the more important points with

relation to the therapist's attitudes.

v

S U H Á R I O

Agradecimentos ------------------------- iii

Resumo --------------------------------- iv Summary -------------------------------- v

INTRODUCÃO

CAPITULO I: PRINCIPAIS ASPECTOS DA VIDA E OBRA DE ROGERS

1. Rogers e o Pensament~ Existencial Humanista ------------ 03

2. Dados Pessoais e Desenvolvimento Profissional ---------- 04

3 .. d .. 2 . Slntese o CapItulo ------------------------------------ 1

CAP!TULO 11: A PR~ HISTdRIA DA EMPATIA

1. Definição de Psicoterapia e Consulta Psicológica ------- 15

2. O Processo Terapeutico e Suas Fases -------------------- 18

3. Restrições e Limites da Psicoterapia ------------------- 21

4. As Atitudes ~erapeuticas Diretivas e ~ão Diretivas ----- 23

5. O Alcance do Termo Não Diretivo ------------------------28

6. Principais Aspectos do Capítulo ------------------------ 29

CAP!TULO 111: A FASE DA EMPATIA PROPRlk\IE~TE DITA

1. A Universalidade da Tendência·à Atualização ------------ 33

2. A Relação da ~end€ncia Atualizante com as Atitudes

Psicoterapeuticas --------~----------------------------- 37

3. A Teoria da Personalidade ------------------------------- 43

4. Desenvolvimento do Processo Terapeutico ---------------- 51

5. Limitações da Teoria e da Pratica ---------------------- 53

CAPrTULO IV: "EXPERIENCIAÇÃO".: TERCEIRA FASE DA TEORIA CENTRADA NA PESSOA .

1 O C . t d fiE ". " -" 58 . oncel o e xperlenclaçao ------------------------

2. Reformulação no Conceito de Congruência --------------- 60

3. A Teoria da Mudança da Personalidade ------------------ 62

4. As Atividades do Terapeuta ---------------------------- 67

5. O Processo Terapeutico -------------------------------- 72

6. A Tendência ã Atualização e o Processo Criativo ------- 77

CONCLUSÃO ------------------------------------------------ 79

B I B L I OG RA F I A - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - :-.- - - - - ;... - - - - - - - - - - - - - - - - - - 8 4

INTRODUÇÃO

A obra de Carl Rogers, ou mais precisamente a Teo­

ria Centrada na Pessoa é bastante popular, mas pouco estudada.

A maioria dos. psicólogos ou profissionais ligados à Psicolo -

gia, quando criticam ou apoiam esta abordagem referem-se so­

mente a uma pequena parte da mesma, não tendo uma visão exten

sa de teoria em questão.

Este trab~lho surge com um duplo objetivo. O princ!

paI é poder trilhar a "história do psicoterapeuta" centrado

na pessoa, estudando seu papel e atitudes durante o processo

psicoterápico. O segundo ponto refere-se ao exame da teoria ,

visto que, o estudo do desenvolvimento das atitudes terapeut!

cas só tem sentido se, concomitantemente, também, forem estu­

dados as mudanças que ocorrem em seu corpo te~rico.

Rogers na década de 60 ao teorizar sobre as condi -

çoes que contribuiram para o crescimento do indivíduo, na re­

lação terapeutica, não referia-se somente à dimensão, estrit~

mente, de ajuda psicoterápica. Estava, também, espandindo es­

tas "condições facilitadoras" para o campo das relações so­

ciais. Pode-se, neste sentido, afirmar que a teoria Rogeriana,

além de desempenhar papel relevante na prática psicoterápica,

tem, ainda, fundamental importância na profilaxia dos "desa -

justes". Razão que corrobora a escolha do tema no referido tra

balho.

2.

Este estudo descreve e aprecia os marcos primor

diais da abordagem Rogeriana. Procede-se a anilise dos tr~s

perfodos que comp6e a dimensão te6rica. No primeiro (Pr6-his­

t6rio da E~IPATIA) analisam-se as principais atitudes do tera­

peuta, do cliente e aS "mudanças" que ocorrem com este duran­

te o trabalho terapeutico. São, tamb6m, discutidos os concei­

tos de psicoterapia' e aconselhamento.

Na etapa intermediária (El\IPATIA PROPRIAl\IE:JTE DI­

TA), estuda-se o conceito de self, a teoria da personalidade

e as principais atitudes do terapeuta.

:Jo Gltimo periodo sao analisadas as contriblliç6es

de Eugene Gendlin sobre a "Experienciação" e apresentados as

re~ormulaç6es te6ricas e práticas que sofre a abordagem.

~o capitulo final do trabalho apresenta-se as pri~

cipais caracteristicas da atitude terapeutica, desde sua pr6-

História até a fase da "Experienciação".

3.

CAPrTULO I: PRÜJCIPAI S ASPECTOS "DA "IDA E OBRA DE RO.GERS

1. ROGERS E O PEi'\SAt-lENTO EX I STENC IAL HU~JAN I ST A

Carl Rogers, psic6logo norte americano, nascido em

Chicago em 1902, "insere-se na corrente de pensamento humanís­

tico por acreditar na capacidade construtiva do ser humano no

desenvolvimento de sua vida e enfatizar o carater único e to-

tal de cada individuo. Sua crença na pessoa humana leva-o a

escrever:

Quanto ma-t.6 tJtaba.e.ho com a.6 peé.6 oa.6, tanto na te.fLa p-ta -tnd-tv-tdua.e. como no.6 gJtupO.6 de. encontJt~, ma-t~ Jte..6pe-tto te.nho pe.e.o homem, pe.e.o .6e.u va.e.oJt e. d-tgn-t dade. de pe.6.66a humana. E.6.6e. va.e.oJt que. v-tm a atJt-t~ bU-tfL ao .6e.Jt humano i a.e.go que. bJtota fLe.a.e.me.nte. da m-tnha e.xpeJt-t~nc-ta. N~o comece.-t com t~o a.e.ta con.6-t de.Jtaç.~o pe..e.a pe..6.6oa humana. (Evan.6, R., 7979:931-:

o desenvolvimento de suas concepçoes teóriças ali-

cerça-se, taillbgm, em valores salientados pelas correntes de

pensamento existencialista. Acredita que o movimento de auto­

realização comporta um crescente grau de compromisso do indi­

víduo em relação as suas escolhas.

o discurso Rogeriano nao destaca movimentos de de-

sespero e angustia, face ao ato de escolher, tal corno

correntes de pensamento existencial francesas.

a v-t.6~O do homem, no eX~.6tenc-ta.e.-t.6mo ameJt-tca­no ê c.e.aJtamente pO.6-tt-tva e aZ me co.e.oco .6em dúv-t­da a.e.guma. Acho que e.6ta v-t.6~O pO.6-ttiva pode .6eJt atJt-tbu-tda, ta.e.vez, ao 6ato de te.Jtmo.6 .6-tdo ma-t.6 a­óoJttunado.6 na v-tda. N~o 6omo.6 vZt-tma.6 d-tJteta.6 de

fazem

dua~ guenna6 mundiai~. Tem06 muito meno~ nazao p~ na conhecenm06 o de6espeno. E5tou cento de Que 6a tone~ cuttunai~ útten6e.ne.m" nL~,~o. (Evan6, R. 1979: 9 1 ) •

4 .

Segundo Maddi (Maddi, S. 1972), a abordagem Roge -

riana situa-se no modelo do preenchimento, na visão de atuali

zação, isto porque .postula uma força bisica de desenvolvimen­

to no homem, a qual esti sempre em constante desdobramento no

decorrer da vida.

2. DADOS PESSOAIS E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Rogers descende de uma família protestante, com

valores muito rígidos, onde eram proibidos divertimentos como

festas e jogos.

Seus pais valorizavam excessivamente o trabalho e

criaram os filhos dentro desta atmosfera. O autor relata (Ro-

gers, C. 1961) te-r se tornado uma criança solitiria que dedi-

cava seu lazer à leitura.

AtE seus vinte anos pensa serem os protestante pe~

soas diferentes. Acreditava rio protestantismo como a finica re

1igião "certa". Mas uma viagem que fez à China em 1922, levou­

o a modificar seus valores passando à acreditar que não exis-

te uma finica crença "correta".

Emancipei-me peta pnimeina vez da atitude netigio ~a de meu~ pai6 e vi Que jã.nao 06 podia 6eguin ~ E6ta independencia de pen6amento pnovocou um gnan de de~g06to e gnande6 ten6õe6 na6 n066a6 netaçõeJ,

ma.6 v.üta6 a.~ c.o;'.5a~ li d;'~tânc.[a, c.ompJte.e.nd;' que 60;' ne.6.6e momento, mai6 do que em qualqueJt outJto, que me .toJtYle;' uma pe.6.6oa ;'i1depeYldel1te. (RogeJt6 , C.1961:191.

s.

Aos doze anos sua família mudou-se para o campo

onde seus pais adquiriram uma fazenda. Uma das razoes que le-

vou-os a esta mudança foi o intento de afastar os filhos das

"tentações" urbanas.

No campo, Rogers interessa-se por zoologia e botâ­

nica, ciências que passou a estudar e pesquisar. O autor pen-

sa terem sido estes estudos que despertaram seu interesse pe­

la atividade científica, o qual o acompanhari ao longo de seu

desenvolvimento teórico.

Seus estudos universitirios, inicialmente, foram

feitos no "Union Theological Seminary", nesta ocasião tensio­

nava tornar-s~ pastor. Após ter cursado este Seminirio por

dois anos, desistiu de dedicar-se ã religião, pois sentia que

suas escolhas deveriam ser guia~as por si próprio e não por

uma crença religiosa.

TOJtYlava-.6e paJt~ m~m algo de hoJtJtZvel teJt de pJt06e6 .6aJt um c.eJtto YlumeJto de c.Jtença.6 paJta me podeJt man ~ teJt na pJt06;'.6.6ão. Eu queJtia enc.ontJtaJt um c.ampo no qual pude.6.6 e e.6taJt .6 egu.Jto de que. m;'nho. l;'b eJtdade de pen.6amento não .606JteJt.ta Jte.6tJt;'çõe.6. (RogeJt.6, C. 1961: 201.

Ao sair do Seminário transferiu-se para a Universi

dade de Columbia, vindo a sofrer influências da filosofia hu-

manistica de John Dewey. Na prática seu interesse voltou- se

cada vez mais para a psicologia clínica.

6.

Seu trabalho inicial como psicólogo clínico teve

lugar no "Rochester Guidance Center", o qual dirigiu por dez

anos. Este órgão cuidava de crianças e adolescentes delinquen-

tes, desprovidos de família ou recursos materiais. Na etapa

preliminar deste trabalho, o autor sofria forte influ~ncia de

concepçoes freudianas. A postura terapeutica que então adotava

era a do profiss ional que "conhece" o que acontece com o cl ien

te. Mas esta atitude lhe trouxe v&rios questionamentos devido

a insatisfações e fracassos que alguns casos de clientes lhe

trouxeram, levando-o a compreender:

... que, pana 6azen algo mai~ do que demon~tnan a minha pn5pnia elanivideneia e a minha ~abedonia, o melhon ena deixan ao paciente a dineç~o do movimen :to no pnoc.e.6~o :tenapeu:tic.o. (Rogen.6, C. 1961:231.-

A partir deste momento passa a formular posições

teóricas mais desvinculadas de escolas terapeuticas. Começa a

interessar-se por teóricos da psicologia do ego, os quais enf~

tizam a importância da "auto-imagem" no desenvolvimento do com

portamento. Entre es~es autores encontram-se Goldstein e

Sul1ivan.

Influencia-se também pelas idéias de Otto Rank, so

bretudo as concernentes à "relaç'ão terap~utica". Rank distan -

ciando-se do freudismo cl&ssico, focaliza a importância da si­

tuação presente, não se preocupando em interpretar as relações

passadas. Rogers, corrobora as idéias de Rank quando compreen­

de a relação psicoterapeutica como uma experiência de cresci -

mento.

Rogers permanece em Rochester por doze anos (1928/

7 •

1940), quando então resolve aceitar um convite da Universidade

de Ohio para lecionar, com dedicação exclusiva. Pensa que esta

oportunidade irá deixá-lo no desenvolvimento de suas ativida­

des teóricas. Já havia publicado seu primeiro livro em 1939.

"O Tratamento Clínico da Criança - Problema" (Rogers, C. 1980),

no qual descreve seu trabalho e idéias dos anos que permaneceu

em Rochester.

Rogers fixou-se cinco anos em Ohio (1940-1945) e

escreveu seu segundo livro: "Aconselhamento e Consulta Psicoló

gica" (Rogers, ·C. 1974), no qual começa a delinear as bases de

sua teoria psicoterapeutica.

Em Ohio ministra cursos dedicados à formação do

psicoterapeuta, nos quais objetivava propiciar aos alunos trei

namento teórico e prático usando pará este fim recursos de en-

trevistas gravadas, as quais, posteriormente, seriam analisa-

das e supervisionadas. Foi o primeiro psicoterapeuta a desen -

volver esta atividade. Sobre a questão, escreve:

Não conheço melhoh maneiha de· combinah a aphendiza gem vi~cehal pho6unda com a~ aphendizagen~ ~eóhi ~ ca~ e cogni~iva~ mai~ ab~~ha~a~, alem do~ ~hê~ pa~ ~o~ que mencionei: viveh ~o~almen~e a expehiência~ heouvZ-la de 60hma vivencial-cognitiva, e e~tudâ -la mai~ uma vez, ~endo em vi~ta toda~ a~ pi~ta~ ~n ~elec~uai~. (Rogeh~, C. 1978:40).

Percebe-se pela compreensao do texto que o autor ,

para efeito de aprendizagem do psicoterapeuta, recomenda um

desdobramento da experiência em cognição e vivencia, coincidig

do o momento da psicoterapia com o encontro destes dois polos

e o de estudo na enfase dos aspectos intelectuais.

, , •

8 •

Terminada a etapa em Ohio, Rogers tranfere-se para

a Universidade dê OYicago para ens'inar psicologia e montar um

Centro de Aconselhamento. Considera os anos aí passados (1945-

1957) os mais prósperos de sua vida, a nível de construção teó

rica. Neste período escreve "Terapia Centrada no Paciente" (R~

gers, C. 1974). A hipótese central de seu trabalho continuase~

do que não se pode "ensinar" diretamente a ninguém, mas sim a­

judar na faci1itagão da aprendizagem do outro. Esta hipótese é

tanto válida para psicoterapia como para a educação. Como pro-

fessor, Rogers dividia os alunos em vàrios pequenos grupos, de

modo que pudesse conhecer mais cada aluno e ajudar a desenvol-

ver um clima de liberdade na sala de aula.

Foi em Chicago que Rogers pela primeira vez entrou

em contato com as idéias de Kierkegaard e Buber, e sentiu ha-

ver entre este~ e ele, grande identidade de pensamento. Ressa!

ta as idéias de Buber ao salientar a importância do encon -

tro "Eu-tu", tão propagado pelo filósofo existencialista. Pe~

sa que a relação terapeutica situa-se nesta dimensão existen -

cial. O terapeuta ajuda ainda, o cliente a "ser ele próprio" ,

a desenvolver suas potencialidades, tornando-se cada vez mais

"aquilo que ele realmente é". Esta enfase no processo de "ser",

Rogers encontra apoio nas idéias de Kierkegaard.

Foi também em sua permanencia em Chicago, que veio

a submeter-se a psicoterapia.

Ap~endi que pode~ia eon6ia~ não ~ã no~ eliente~ , na equipe, no~ aluno~, ma~ também em mim me~mo ... Não 60i uma lição 6âeil, ma~ ext~emam~nte valio~a e pe~manente. (Roge~~, C. 1977:2031.

9.

Conv~m notar que na etapa de sua vida onde Rogers

diz ,ter sido a mais fecunda teoricamente coincide, ser um pe -

ríodo de grande aprimoramento pessoal. Talvez, possa-se dizer

que a realização que sentiu nesta ~poca deva-se a uma busca

mais globalizante, tanto no sentido pessoal como profissional.

Os anos que se seguem'at~ 1963, Rogers passa a tr~

balhar na "Universidade de Wisconsin". Inicialmente seu traba­

lho tinha carater temporário, mas acaba sendo convidado de for

ma permanente. Rogers, como não queria deixar a Universidadede

Ohio, fez várias exigencias, que na ~poca considerava impossí­

veis de serem aceitas, tais como: trabalhar com psicólogos e

psiquiátras, participando da formação dos mesmos e fazer psic~

terapia e pesquisas com sujeitos normais ,e psicóticos.Para sua

surpresa, a Universidade mostrou-se favorável as suas condi­

çoes. Neste, período, junto 'com outros autores publica uma obra

sobre' esquizofrênicos hospi talizados, "Rela t ionship and i ts

impact: A study of psychotherapy with. Schizophrenics". CRogers

Ced.), 1967).

Foi ainda nesta etapa que publicou "Tornar-se pes­

soa", CRogers, C. 1961) um de seus livros mais conhecidos. Es­

te exemplar ~ composto de uma coletânea de artigos, escritos no

período de 1951/1961, proferidos em conferências ou publicados

em revistas especializadas. No livro Rogers reconhece que o te

rapeuta deve estar presente "como pessoa" para que o relaciona

mento terapeutico seja eficaz.

À partir de 1964 _ até os dias a.tuais, transfere- se

para La Jol1a, California, e a'bandona a vida universitária. Suas

r.

10.

pretensões em relação a psicologia clfnica tornam-se distintas

das anteriores e dedica-se ao trabalho com pessoa5 "normais",

principalmente em experiências de grupos. Estas experiênciasd~

nomina de "grupos de encontro", os quais tem por objetivo pro-

piciar uma experiencia intensiva em grupo,durante um período

de tempo previamente determinado. Para Wood, "0 adve.nto do g,'t~

po de. e.ncontJl.O tottnou pouco p0-6-61vel 6aze.tt uma d-i-6t-inção ptte..c;{

-6a e.nttte. "Te.ttap-ia"- e. "Ctte.-6c-ime.nto",,(l~(tIood, J. 1980:41.

Nos anos 70, Rogers e outros terapeutas de orient~

çao centrada na pessoa, começaram a trabalhar com grupos bas-

tantes numerosos, os quais são chamados de "Workshop". Inicial

mente estes grupos eram compostos de cinquenta a cem pessoas

e tinham finalidade de treinar facilitadores(2) de grupos, se-

guindo um programa previamente elaborado pela equipe organiza-

dora. Com o passar do tempo, estes grupos passaram a ser menos

estruturados pelos profissionais organizadores, passando os

participantes, cada vez mais a serem responsáveis pela progra-

mação dos mesmos.

Rogers acredita que as condições capazes de favor~

cer o processo de crescimento do indivíduo são as mesmas que

auxiliam no processo de grupo, tanto terapeutico, tomo educa -

cional ou comunitário, daí sua enfase atual no trabalho com

grandes grupos.

(1) ••• the adve.nt 06 the encountett gttoup -it wa-6 no longe.tt pO-6--6-ible to make a -6hattp d-i-6t-inct-ion be.twe.en "the.ttapy" and "gttowth".

(2) Nota do autott: - palavtta tttaduz-ida dO-6 textO-6 de Rogett-6 -"6ac-il-itatott-6". E-6p~c-ie de. P-6-icote.ttapeuta de gttupo. Aquele que aux-il-ia na 6oJtmação de um "cl-ima de gttupo", onde. 0-6 paJtt-ic-ipan te-6 pO-6-6am -6ent-itt--6e ii vontade paJta exptte-6-6att--6e "l-ivttemente."~

11.

A Obra Rogeriana encontra grande repercussao na

irea Educacional. Sobre este tema escreve o livro "Liberdade

para Aprender" (Rogers, C. 1973). O autor considera que o pro-

fessor deva ser o facilitador da experi~ncia do aluno, auxili-

ando-o no desenvolvimento do seu processo de aprendizagem. As

metodologias que cada professor encontra na facilitação do en­

sino são distintas: Mas, Rogers acredita que elas são fecundas

quando se pautam na confiança pelo aluno. Ou seja, reconhece a

capacidade do "aprendiz" de escolher, desenvolver e aprimorar

as aprendizagens que lhe são significativas, isto ~, as que t~m

influ~ncia expressiva sobre seu comportamento.

Rogers afirma que os mesmos princípios facilitado

res da psicoterapia tamb~m o são para a atividade pedagógica .

Comentando sobre o processo de aprendizagem escreve:

A apfLe.ndizage.m au-to-ú1ic.iada que. e.nvolve. -toda 'a pe.~ 60a do apfLe.ndiz - 6e.U6 6e.n-time.n-to6 -tan-to quan-to 6ua in-te.ligê.nc.ia - e: a mai.6 dUfLáve.l e. impfLe.gnan-te.. Ve..6-c.obfLimo6 i660 e.m P6ic.o-te.fLapia, onde. a apfLe.ndizage.m mai6 e.6ic.az e: a da pe.66oa que. .6e. de.ixa e.nvolve.fL, -to -talme.nte., pOfL 6i me.6ma. (Roge.fL6, C. 1973: 158).

O autor nos dias atuais vive em La Jolla e vem uni-

camente se dedicando a escrever e a facilitação de grupos comu

nitários. Em seu recente livro "Sobre o Poder Pessoal"(Rogers,

1978) enfoca seu interesse pela política. Estuda este tema em

relação à virias "instituições" tais como, família, casamento,

educação e mostra a aplicabilidade da "filosofia" centrada na

pessoa a estas áreas.

Referindo-se à política.o autor critica a maneira

12.

como o sistema social "pensa" o indivíduo e afirma que a ten -

dencia a atualização contraria a maneira como se estrutura a

'sociedade. Comenta:

N0440 4i4tema educacional, no~~a~ o~ganizaç~e4 in­du~t~iai~ e milita~e4 e muito~ out~o~ a4pecto~ de no~~a cultu~a a~~umem o ponto de vi4ta de que a na tu~eza do indivZduo é tal que não ~e pode conóia~ nele - ele deve ~e~ guiado, in4thuZdo, ~ecompen~a­do, punido po~ aquele4 que 4ão mai~ ~~bio~ ou po~-4uem ~tatu~ ~upe~io~ . ... Po~tanto, a ~imple~ de~­c~i.ção da p~emi~~a óundamelltal da te~apia cent~ada -no-cliente 4ignióica óaze~-~e uma aói~mação polZ­tica conte~tado~a. (Roge~~, C. 1978:18).

3. SINTESE DO CAPITULO

Pode-se concluir pela leitura qeste capítulo que a

vida e obra de Carl Rogers situam-se num contínuo de maior a

menor estruturação e direçãó.

No início de sua vida foi muito influenciado por va

lores pr~-estabelecidos, tais como os ditados por seus pais e

pela religião, mas passa paulatinamente a modificar-se nesses

aspectos. Percebe que a eficácia ou não de um "valor" nao pro­

vem do exterior, mas ~ legitimada pela experiência de cada in­

divíduo.

O mesmo ocorre em sua vida profissional. Nas eta-

pas preliminares de seu trabalho supunha que conhecimentos so­

bre o psiquismo do indivíduo, enquanto·esp~cie, o levaria a a­

judar seus clientes. Mas, vem a aprender a importância de com-

preender-se a particularidade de cada pessoa. Esta mudança fa-

voreceu que sua presença na relação terapeutica fosse marcada

13.

por menos abstrações e mais pessoalidade. O mesmo ~ notado em

relação aos livros que o autor es~reve. Nos dois primeiros, to

dos os relatos são feitos num tom impessoal, nos

passam a ser feitos em primeira pessoa.

posteriores

Houveram tamb~m mudanças na escolha do cliente com

quem trabalhar. O trabalho psicoteripico de Rogers inicialmen­

te era feito com clientes individuais, posteriormente com gru­

pos terapeuticos e atualmente com' grupos comunitirios. Nota-se

que houve uma ampliação do conceito "terapeutico". No inicio,

quem frequentava um "setting" terapeutico era o cliente ou se­

ja o que precisava de ajuda. E quem ajudava era o terapeuta. A

tualmente com o surgimento dos grupos o poder de ajuda não e

mais centralizado no terapeuta, mas no grupo, neste sentido ca

da pessoa é faci1itadora do seu crescimento e do grupo. A mu -

dança do vocibu10 "terapeuta de grupo" para "facilitador de

grupo" contém u~a descentralização de "poder"'. Acr·edita que e

o grupo que tem o poder da mudança, sendo que cabe ao facilita

dor ajudar no "aparecimento" deste poder.

A abordagem centrada na pessoa, no que se refere a

psicoterapia, sofre modificações e evoluções que sao bastante

evidenciadas, principalmente, nas três obras a saber: "Psicote

rapia e Consulta Psicológica" (Rogers, 1974); "Terapia Centra­

da no Paciente" (Rogers, 1974) e "Tornar-se Pessoa" ( Rogers ,

1961). Cada uma destas obras referem-se a diferentes estigios

do pensamento Rogeriano, denominadas respectivamente, de

INSIGHT; CONGRUENCIA e EXPERIENCIAÇÁO. O presente trabalho es­

tudara cada uma destas etapas.

14.

CAP!TULO 11: A PRl1 HISTCRIA DA EHPATIA

Este capítulo analisa a principal obra de Rogers,

que aborda os prim6rdios da construç~o te6rica Centrada na Pes ~

·soa voltada para a psicoterapia. Esta etapa e frequentemente

chamada de N~a-Diretiva ou do Insight e tem como fundamental

publicaç~o o livro "Psicoterapia e Consulta Psico16gica" (Ro­

gers, C. 1974). La Puente,ao referir-se a este período, comen-

ta:

P4e~temo~ atenç~o que ne~te momento Roge~~ n~o no~ p40põe uma "teo~ia", c.omo na~ã na etapa po~te~io~, O que ele p~etende naze~ dU4ante e~te~ ano~ ~ ~e -6l eti4 ~ o b~e o~ n ato!) po~ ele o b~ e~vado de "uma 60~ma um tanto ~impli6ic.ada", ba~tante te~~a a te~ 4a, ~em 6aze~ eluc.ub~açõe6, ma~ ao c.ont~ã~io, 6~ mantendo o mai6 p~õximo po~~Zvel da ta~ena te~apeu tic.a.U) lLa PiLente, M., 1970:97l," -

.~_._.- --dt . Antes da publicaç~o acima referida, o autor já ha-

via editado a obra "O Tratamento Clínico da Criança-Problema '1

(Rogers·,"" C:--r979), na qual re1ata sua expeTlencia com crianças

e principalmente adolescentes, na época em que trabalhou no

"Rochester Guidance Center". Sua principal tarefa consistia em

manipular as condições em que os c1ientes~viam, objetivando

melhorar seus aj ustamentos. Procedia, a um di,:?

nôstico da situaç~o da criança e à partir olvia um

plano de tratamento, o qual incluia vária~ ireas de atuação

(lJ"Rema~quon6 qu'~ c.e moment-l~ Roge~6 ne nOU6 p~op06e pa6 une "th~otUe"., c.omme ille ne~a dan6 l'~tape 6uivante. Ce qu' il entend 6ai4e pendant c.e6 ann~e6, c.~e6t ~~nl~c.hi~ 6U4 le6 6ait6 ob6e4v~6 "in ~omewhat ove46impli6ed 604m", t4ê.6 te44e ã. te44e, 6an6 6ai4e d'~luc.ub4ation6, mai~ tout au c.ont4ai4e, en ~e maintenat le plu~ p4ê.~ pOfj6ible de l'ent4etien th~4apeuti -que". (La Puente, M. 1970.97).

15.

tais como, escola, família, instituições, onde a criança esti-

vesse morando. Posteriormente o próprio autor critica este pe­

ríodo de sua produção teórica, dizendo:

Realizei e~tudo~ diagn~~tico~ de c~ia"ça~ e elabo­~ei ~ecomendaç~e~ pa~a o t~atamento de ~eu~ p~obl! ma~; em 1928, de~envolvi um i"vent~~io pa~a a ava­liaç~o do mundo inte~io~ da c~iança, que - VeU6 me pe~doe - continua a ~e~ vendido ao~ milha~e~. (Ro-9 e~~, C. 1 9 7 7 : 2 9 ) •

Atribuimos, principalmente, a dois fatores as cri­

ticas que o autor faz a este período. Primeiro, ele procura e~

contrar uma gama bastante variada de recursos terapeuticos mul

to dos quais irá criticar mais tarde, devido à estrutura de PQ

der que eles contêm. O segundo é relativo à atitude terapeuti­

ca se basear numa postura diagnóstica, o que posteriormente f~

rá críticas acirradas por achar que "~omeHte o cliente é. capaz

de adqui~i~ um conhecimento completo da dinamica de ~eu compo~

tamento e de ~ua pe~cepç~o". (Roge~~, C. e Kinget, 1975, voi.

2:212).

1. PEFINIÇÃO DE PSICOTERAPIA E CONSULTA PSICOL6GICA

Ainda hoje, encontram-se autores e leigos, que de-

nominam e restringem a obra Rogeriana como consulta ou aconse­

lhamento psicológico, retirando-lhe, muitas vezes, a vertente

psicoterápica.

O vocábulo "aconselhamento" em linguagem vu1-

gar, dá a impressão de que, quem presta aconselhamento ofere-

16.

ce ao aconselhando, corise1hos e definiç6es, o que como se de­

preenderá é imcompatíve1 com a orientação rogeriana.

Convém lembrar que os termos Aconselhamento ou Con

su1ta sao traduzido do inglês da palavra "counse1ing" que pro­

vém do verbo "to counsel" cuja tradução é tanto prestar consul

ta como aconselhar. Verifica-se qUe a palavra "counse1ing" es-

colhida pelo autor para delimitar o que é aconselhamento, pre~

ta-se a partir de sua definição a ambiguidades semãnticas, mas

estas serão'esclarecidas dentro da obra rogeriana na própria

apresentação teórica. Conclui-se, portanto, que os que criti -

cam a ,abordagem rogeriana referindo-se a aconselhamento como

sendo diretivo e superficial, estariam, provavelmente, enfoca~

do à acepção semãntica e não teórica, o que mostra um conheci-

mento pouco profundo do tema em questão.

o autor faz as seguintes definiç6es com relação a

aconselhamento e consulta psicológica:

Exi~~em mui~a~ de~ig~açõe~ que ~e podem apli~a~ a e~~e~ p~o~e~~o~ de e~~~evi~~a~. Podem de~ig~a~- ~e a~~avê~ de urna exp~e~~ão ~imple~ e de~~~i~iva ~omo "e~~~evi~~a~ de ~~a~ame~~o~". Com mui~a 6~eque~~ia ~ã.o ~hamada~ "~on~ul~a~ p~i~olõgi~a~", exp~e~~ão a que ~e ~e~o~~e ~ada vez mai~, e~pe~ialme~~e ~o~ meio~ pedagõgi~o~. Tai~ ~o~~a~o~, a~ende~do ~ ~ua 6i~alidade ~u~a~iva e ~e~upe~ado~a, podem de~ig~a~ ~e ~omo p~i~o~e~apia, ~e~mo mai~ 6~eque~~eme~~e u­~ilizado pelo~ a~~i~~e~~e~~o~iai~, p~icõlogo~ e p~iquiã~~a~ clZ~ico~. No~ capZ~ulo~ ~eguin~e~ pode mo~ u~a~ e~~a~ exp~e~~õe~ mai~ ou me~o~ ~omo ~i~o~ ~imo~, poi~ ~oda~ pa~e~em ~e6e~i~ o me~mo mê~odo de ba~e - uma ~ê~ie de co~~a~o~ di~e~o~ com o i~divZ­duo, com o obje~ivo de lhe o6e~ece~ a~~i~~ê~cia na al~e~açã.o da~ ~ ua~ a~i~ude~ e compo~~ame~~o~. (Ro-g e~~, C. 1974: 1 5 ) • '

Como se pode verificar, a expressa0 p·sicoterapia r~

· -

I.

17.

fere-se ao processo psi~oteripico. e a expressa0 consulta psico

lógica enfoca os virios momentos que permeiam este processo ,

sendo portanto temporal a distinção entre os dois termos. Um ,

consulta psicológica, tem carater mais estitico e o outro, psi

coterapia, dimensão mais dinâmica.

à duas denominações, psicoterapia e entrevista de

aconselhamento, o autor chama de método de tratamento direto,

isto é, quando existe um contato direto entre psicoterapeuta e

cliente e a relação psicoterapêutica vai favorecer mudanças no

cliente.

.Em paralelo i este método o autor descreve também

os métodos que denomina indireto ou de tratamento pelo ambien­

te, os quais define como:

Metodo~ de ajuda4 o~ indivZduo~ que ~e eneont4am em dióieu.tdade~ - p4ob.tema.6 de eompo4tame.nto, 64aea.6 -.60.6, pe4tu4óaçõe.~ emoeionai~, neU40.6e..6, de.tinquên -eia, inóe.tieidade eonjuga.t . ... são inÚme4a.6 a.6 &04 ma.6 que. e.6te. t4atamento pode a.6.6Umi4. Pode ine.tui~­todo.6 0.6 meio.6 pO.6~Zvei.6 pe.to~ quai.6 o ambiente SZ­.6ico e p.6ieo.tôgieo do indivZduo o pode .teva4 a uma adaptação ~ati.66atô4ia. Pa4a um .6e4á o inte4namento numa ea~a de 4epOU.60, pa4a out40 a mudança de e~eo­.ta ou ainda a t4an.6óe4êneia de um ~e4viço indu~~a.t pa4a out40, enquanto que pa4a uma e4iança pode im­p.tiea4 ti4á-.ta ã óamZ.tia e ·eo.toeá-.ta num .ta4 ou nau t4a l..n.6t1..tu..1..ção. (Roge4.6, C., 1974: 25).

Nestes tipos de tratamento a caracteristica princi

paI é a nao participação do cliente em relação a mudanças, ini

cialmente do ambiente físico. Acredita-se que modificações am­

bientais propiciarão melhor adaptação do cliente.

Mas nesta fase da teoria Rogeriana o .objetivo prig

18.

cipal ~ o enfoque psicot~r5pico, consequentemente m~todos de

tratamento direto, onde a 6tica pSicoter5pica visa promover

maior crescimento e independ~ncia emocional do cliente em rela

ção ao terapeuta e ao seu mundo. O cliente é percebido na sua

totalidade e não como doente ou portador de problemas, daí a

atenção terap~utica ser focada no desenvolvimento do sujeito .

O terapeuta acredita e confia no "potencial" dos indivíduos p~

ra alcançar maiores graus de maturidade no processo da vida.

Pensa ser importante seu papel, ajudando o sujeito a liberar

suas potencialidades.

Nesta época Rogers já começa a perceber que a desa­

daptação psicol6gica decorre de um bloqueio da afetividade, o

que o leva ~ enfatizar os elementos afetivos no discurso do

cliente.

Acredita que o acento da 6tica ter~p~utica deve re­

cair nas estruturas afetivas do presente imediato, pois estas

estruturas, quando importantes, tem um carater atemporal, rev~

lando-se tanto na hist6ria passada como na presente. A escolha

de se trabalhar com o presente faz-se útil, pois no momento em

que o indivíduo vive um sentimento e este é objeto de trabalho

na relação terapêutica, dito sentimento torna-se mais vivo, fi

cando sua afetividade mais evidenciada.

2. O PROCESSO TERAPEUTICO E SUAS FASES

Rogers, ao descrever as fases do processo terapeu -

19.

tico, formula, de maneira pouco sistemática as qualidades que

o terapeuta deveria ter e que na fase seguinte, após

reformulações, denominará de empatia ..

algumas

Desde o primeiro contato do cliente com o terapeu-

ta, este objetiva "ajudar" o primeiro a responsabilizar-se por

si próprio, inclusive por suas dificuldades. Deve ficar claro

para o cliente, que o terapeuta não tem respostas para seus

problemas, que soluções partirão dele a medida que tiver maior

clareza sobre seu processo de vida, o que sera favorecido pela

relação terapeutica.

Com o desenvolvimenio da terapia, o terapeuta pas­

sa a estimular a livre ~xpressão do cliente, sendo esta alta -

mente favorecida pela atitude de interesse e aceitação de quai~ . .

quer sentim~ntoi vividos pelo sujeito, inclusive os negativos.

Sobre esta questão o autor escreve:

o con~elheiho aceita e heconhece o~ ~entimento~ po ~itivo~ que ~e exphimem, da me~ma maneiha que ace~ tava e heconhecia o~ ~entimento~ negativo~. O~ ~en timento~ po~itivo~ não ~ão aceito~ com aphovaç.ão ou. elogio~. o~ valOhe~ mOhai~ não entham ne~te tipo de tehapia. o~ ~entimento~ po~itivo~ ~ão aceito~ nem mai~ nem meno~ do que o~ ~entimento~ negativo~, co mo uma pahte da peh~onalidade. Ê e~ta aceitaç.ão ~ tanto do~ impul~o~ de imatuhidade como o~ de matu­hidade, da~ atitude~ aghe~~iva~ e de ~ociabilidade, de ~entim~nto~ de culpa e de exphe~~~e~ po~itiva~, que dá ao indivZduo opohtunidade pela'phimeiha vez de compheendeh a ~i phã phio como ê.. . (R o 9 eh~, C. , 1974:51-52).

o terapeuta responde aos aspectos afetivos do que

lhe é comunicado e não ao conteúdo intelectual. Sua atitude in

clui a não valorização da experiência do c·liente. Ou sej a, nao

lhe cabe valorizar determinados aspectos da experiência do su-

2 () •

jeito e desvalorizar outros. Mas, € de sua compet~ncia agili -

zar a capacidade de auto aceitação do cliente.

Rogers acredita que a aceitação, favorece um rela­

xamento das atitudes de defesa. O cliente passa a compreender­

se melhor, adquirindo novas percepções sobre si próprio. A es­

ta reestruturação perceptiva que acompanha o movimento de aut~

aceitação o autor denomina de INSIGHT. Geralmente após este mo

mento do processo segue-se outra fase denominada AÇOES POSITI­

VAS, sendo a atuação do cliente na realidade objetiva, de pos­

se da nova compreensão de si próprio. Este processo nao e sug~

rido pelo terapeuta, mas surge "espontaneamente" no cliente.

Grande parte das vezes, estes momentos são acompanhados de ati

t~des ambivalentes, v~sto estar o cliente" duvidando de sua ca­

pacidade de mudança. Contudo, i medida que a pessoa se aprofu~

da no processo de auto-conhecimento, as ações positivas tornam­

se cada vez mais integradas.

Nota-se que as proposições do autor, no que se re­

fere a atitudes terapeuticas, comportam incoerencias. Ao mesmo

tempo que afirma "dever" a resposta terapeutica conter uma i­

senção de valor, esta empregando uma refer~ncia valorativa qu~

do agrupa as atitudes do sujeito em "agressivas" e de "sociabi

lidade".

Observa-se, ainda que em paralelo a "recomendação"

da prática terapeutica não incluir atitudes valorativas, a teo

ria que respalda tal "praxis" cont€m conceitos bastante impre.&

nados de concepçoes de valor, tais como ações positivas.

l

21.

Poder-se-ia contra~arg~mentar tal crítica di::endo

que, nesta época, o autor está "descevendo fatos observados"

e a observação confirma que o desenvolvimento de um processo

terapeutico, bem sucedido, propicia o surgimento de açoes posi

tivas. Caberia então perguntar se os critérios empregados para

denominar ações, com6 positivas, não continuariam sendo crité-

rios valorativos?

3. RESTRIÇOES E LIMITES DA PSICOTERAPIA

A Psicoterapia pode somente ser eficaz quando o

cliente estã sob tensão e almeja encontrar urna solução para os

problemas que atravessa. Rogers cita exemplos onde a atuação

terapeutica direta nao e eficaz inicialmente, mesmo quando a­

tendida a condição de tensão emocional, sendo-necessárias, an-

tes de tudo, modificações ambientais. ~estes casos o sujeito

encontra-se submerso 'em circunstâncias ambientais desajustado­

ras e desfavoráveis.

Rogers enfatiza a importância de empregar os pri-

meiros contatos para avaliar se ri cliente deve ou não se subme

ter ã uma psicoterapia. Cita:

o con~elhei~o deve, no inIcio do~ ~eu~ conta­to~ com o paciente, ap~e~ia~ a óo~ça do indivIduo ou a ~ua capacidade pa~a a~~umi~ a~ açõe~ que al­te~em o ~u~~o de ~ua vida, devendo também julga~ ~ e a ~ituaçã.o é ~ ~ cetIvel de ~ e~ alte~a.da, ~ e a-6 ~ati~óaçõe~ alte~nativa~ e o~ out~O-6 meio~ de li­da.~ com a -6ituaçã.o ~ã.o po~~Ivei~. (Roge~~,C.1974:72J.

Considera ser ineficaz a psicoterapia quando são escassas "as

capacidades" de mudança no indivíduo.

22.

Nesta fase, outro fator importante para a admiss50

do cliente, criança ou adolescente, ã psicoterapia é a indepeQ

, dência afetiva ou espacial do controle familiar, fato que tam­

bém se observa no cliente adulto. Os clientes, crianças ou adQ

lescentes, que se situam no que foi exposto podem submeter- se

a tratamentos ~ficazes quando os pais também recorrem a proce~

sos psicoterápicos, com terapeutas diferentes daqueles que tr~

tam aos filhos. Os pais ao iniciarem as entrevistas de consul­

ta psicológica, também passam pelos mesmos critérios avaliati -

vos e seletivos até aqui discriminados.

Outro ítem de seleção é a idade e o nível de inte­

ligência. Pessoas com baixo nível intelectual não se benefici­

am da situação psicot~r~pica. Para sujeitos de idade inferior

a dez anos também não é eficaz a psicoterapia, pois esta com -

porta somente o aspecto verbal da comunicação. Neste caso é a­

conselhável a psicoterapia ludoterápica que trabalha com os as

pectos verbais e lúdicos. Nos casos de indivíduos de idade su­

perior a cinquenta anos, é aconselhável analisar cuidadosamen­

te seu nível de plasticidade em relação a mudanças assim como

suas condições ambientais, antes de iniciar a psicoterapia.

O autor exclui a possibilidade de psicótico parti­

cipar de um tratamento, justificando ter este pouco contato com

a realidade e não ser capaz de comunicar seus conflitos e ten­

soes.

Convém notar que Rogers nao esclarece como se deve

proceder na prática terapeutica, quando se' verifica que deter-

minada pessoa nao preenche as condições básicas para partici -

par de um tratamento psicoterápico. Fica também incerto se -e

feito um "contrato breve" com o cliente antes de admiti-lo de-

finitivamente para a psicoterapia ou se este é um crit~rio que

.0 terapeuta tem para si e só o comunica ao cliente quando este

não corresponde as condições necessárias para que se processe

a psicoterapia.

Cabe fazer algumas considerações sobre o cliente

que nesta ~poca era considerado "adequado" para psicoterapia .

Ao mesmo tempo que o autor aponta sua confiança no ser humano

dizendo:

..• há uma eon6iança muito mai~ p~o6unda no indivI duo pode~ o~ienta~-~e pa~a a matu~idade, pa~a a ~aude e pa~a a adaptação. A te~apia não ê uma 6o~­ma de 6aze~ algo ao indivIduo ou de induzI-lo a 6a ze~ algo ~ob~e ~i me~mo. E ante~ um p~oee~~o de II be~tá~lo pa~a a matu~~ção e um de~envolvimento no~ mal , de ~emove~ ob~tâeulo~ que o impeçam de avan~ . ça~. (R o g e~~ , C. 1 9 74 : 4 1 ) .

Parece duvidar tamb~m desta confiança quando limi- ,.

ta o cliente que pode submeter-se a abordagem centrada na pes­

soa. Veremos no capitulo seguinte que estes limites serão ex -

tintos na fase posterior, podendo uma gama muito maior de pes-

soas se beneficiar desta abordagem.

4. AS ATITUDES TERAPEUTICAS DIRETIVAS E NÃO DIRETIVAS

Rogers ao definir o seu método terapeutico expoe

também, o que ele considera excluído de sua' perspectiva teórica.

24.

Deste modo usa as denominações Não Diretiva e Diretiva. Emprega

a primeira para designar as "posturas" do terapeuta que identi­

fica com sua proposta teórica. E a segunda para referir-se aos

procedimentos que opõe-se a perspectiva anterior.

Dentro de qualquer comunicação verbal podemos sem -. .

pre identificar dois níveis: um que se direciona ao conteúdo do

que e expresso e outro que se situa no nível de sentimento da

comunicação. A abordagem não diretiva volta-se para este segun­

do nível, ou seja, o de sentimento. Rogers justifica o emprego

desta perspectiva apontando que os problemas que levam um indi­

víduo a recorrer a "c..ol1.6ulta. p.6ic..olõgic..a." .6ão 0.6 que. te.m pOfL bE:,

.6e. "6a.tofLe..6 a.6e.tivo.6 il1c..ol1.6c.ie.l1te..6"". (Roge.fL.6, C. 1974:J44J,nao

sendo recomendado, portanto, trabalhar-se com os aspectos de

conteúdo. Se assim procedess~ estar-se~ia hipotetizando que a

natureza do problema apresentado é cognitiva.

Nota-se que Rogers emprega o termo "inconsciente "

quando se refere à desadaptação do indivíduo, demonstrando

influ~ncia que'ainda sofria nesta fase da Psican~lise. Mas

empregar este conceito não apresenta o corpo teórico no

ele se inscreve, o que demonstra uma imprecisão teórica.

a

ao

qual

Ao se focalizar os sentimentos "expressos" possibi-

lita-se que a enfase recaia nos elementos afetivos da comunica­

ção do cliente, o que não acontece quando o acento terap~utico

dirige-se aos aspectos de conteúdo. Pode-se dizer que a atitude

Nâo Diretiva preocupa-se com "o como" o cliente vive determina-

da dificuldade, enquanto que o método Diretivo ocupa-se com "o

quê" é vivido.

25.

O desenvolvi~ento que o discurso do cliente assume

em ambas as perspectivas ~ diferentes, assim corno a dimens50do

poder do terapeuta. No enfoque diretivo ~ o psic6logo que vai

escolher quais aspectos de conteúdo sao mais importantes de s~

rem trabalhados, fato que contribui para um bloqueio da expre~

sao afetiva d6 cliente. Corre-se tamb~m o risco de ao escolher­

se determinado conteúdo estar se baseando num ponto de vista

auto-referente. O mesmo nao ocorre no m~todo não diretivo qua~

do a atuação terapêutica mantem-se permanentemente voltada aos

sentimentos do cliente,no alcance de sua compreensão e grada­

tivo aprofundamento. Neste caso ~ o cliente que escolhe "o quê"

comunicar.

Pesquisas (Rogers, C. 1974: 154) mostram que ã medi.

da que o trabalho terapêutico não diretivo avança, o cliente

adquire maior liberdade de expressar seus sentimentos, sendo,

portanto, menos necessário a participação ativa do terapeuta.

Os mesmos resultados não foram obtidos quanto ã prática direti

va, onde a participação do terapeuta na fase inicial e final

da terapia mantem-se a mesma, o que se pode entender pelo fato

dele, em ambas as fases do tratamento, assumir o curso da en -

trevista, orientando o cliente na melhor solução a tornar na re

solução do "problema" em questão. Esta atitude propicia que o

cliente nao assuma totalmente a responsabilidade pela resolu -

ção de suas dificuldades, por "saber" que o terapeuta irá fa­

ze-lo.

A técnica nao diretiva empregada pelo autor nesta

ocasião é a denominada CLARIFICAÇÃO DE SENTIMENTOS, e consis -

tia em:

ajuda~ no p~oce~~o de cla~i6icaç~o do~ ~entimento~ e 6avonece~ a liv~e expneJ~aO, uma nova compneen -~ão vinã. po~ ~i e. podenã. -!>en neconfzecida pelo con­~elhei~o quando ,!>U~9i'L. (Roge~~, C. 1974:210J.

26.

Impunha-se, também, para a execuçao desta técnica,

algumas restrições no comportamento do terapeuta, tais como

auto-restrição e não iniciativa de ação. Isto expre~sa que o

terapeuta deveria evitar qualquer- expressão que pudesse acele-

rar o processo do cliente. Acrescenta o autor:

~e~i~ti~ a e~ta tentação de inte~pne!an_dema~iado dep~e~~a, ~econhece~ que a comp~een~ao e urna expe ~iê.ncia a ~ealiza~ e não uma expe~,lê.ncia que po~-=­~a ~e~ impo~ta, ~ um pa~~o impo~tante no pnagne~­~o do con~ethei~o. (Roge~~, C. 1974:220J.

Infere-se pela leitura do trecho acima exposto, a

influencia que o autor sofria da Psicanálise, quando usa a pa-

lavra "interpretar" como sinônimo da técnica de "clarificação

dos sentimento".

Uma das limitações que se impunha ao terapeuta nao

diretivo é a de não fazer alusão aos sent imentos que ainda não

foram verbalmente expressos pelo cliente. Isto porque se fos -

sem salientados os sentimentos nao presentes verbalmente, pod~

ria deflagrar no cliente um processo defensivo, quando tais

sentimentos encontram-se excessivamente reprimidos. Pode tam­

bém ocorrer que estes não estejam reprimidos e neste caso qua~

do enfocados pelo terapeuta aceleram o processo.

Aprende-se da leitura do texto rogeriano que a ca~

tela em nao enfocar sentimentos não expressos verbalmente, prc~

2. 7.

ta-se a uma medida prevent i va, pois para se evi t ar at i tudes de

defesa restringe-se qualquer inteivenç~o a sentimentos nao-ex­

pressos. Conv~m questionar se tal cautela n~o conteria tamb~m

um descr~dito na percepçao do terapeuta, pois lhe sendo inter­

dito de exprimir o n~o verbalizado, desconfiáva-se de sua cap~

cidade de poder avaliar o quanto cada uma de suas intervenções

propicionaria ou dificultaria o processo de crescimento do cli

ente.

o autor acreditava que o processo de resistência à

terapia, enfatizado pela psicanálise surgisse pelo manejo ina­

dequado da t~cnica terapêutica, ou seja, quando o psic6logo o~

jetivasse acelerar o processo terapeutico. Esta e mais uma ra-

z~o pela qual o profissional devesse restringir sua resposta

somente aos sentimentos verbalmente presentes no discurso do

cliente.

Pode-se questionar se ao responsabilizar-se o tera

peuta pelo processo âe defesa que venha a "surgir" com o clie~

te, não se estaria isentando, deste último, sua parcela de res

ponsabilidade, no surgimento de qualquer sentimento que possa

vir a vivenciar.

Lembramos Richard Evans, ao escrever sobre o autor:

ele é incapaz de neconhecen tanto a coexi~tên­cia do~ opo~to~ como a enonme complexidade do~ a~ -~untOJ humano~ . ... Há uma e~pêcie de onipotencia e otimi~mo na obna de Rogen~, uma cnença em que tudo ê pOJ~Zvel com o~ in~tnumento~ da tenapia centnada no "cliente". (Evan~, R. 1979:321.

g a esta onipotencia que Evans se refere, que pen-

28.

samos equivalar-se ao excesso de responsabilidade "implicitame~

te" atribuido ao terapeuta.

s. O ALCANCE DO TERMO NÃO DIRETIVO

A nao diretividade como atitude terapeutica refere-

se a explicitação dos significados de sentimentos e emoções do

cliente. Nota-se, portanto, ser a enfasc dada ao lado afetivo e

não ao factual.

Marion Kinget aborda o terna em questão dizendo:

E vehdade que, num eeh~O 6en~ido, a nao diheçao nao exi6~e. Na heafidade, eonvé:m di6~inguih enthe "nao dah dihetiva6" e "nao teh dihe Çao" - ou mai6 ,~im pfe6mente, enthe dihetiva6 e diheÇaO. O ~ehmo "dihe ~iva6" impL[ea em eon6efh.o6, iMthuçõe6, ,5uge/~tõe/5-e~e, enquan~o que "diheÇaO" 6ugehe a idé:ia de oJÚen ~aÇao ou 6eja de 6igni6ieaçao.

Na pJÚmeiha aeepÇao - aU6 êneia de dihe~iva6 - nao há. dúvida de que a nao-diheÇaO exi6te .... E eX~haohdi ná.JÚamente dJ..{:{eif de 6e fevah adiante vá.hia6 6e6-: 6õe6 6 em 6 e eaih l1a6 ahmadifha6 da tendêneia - mui­~o humana - de ie eon6hon~ah o in~ehfoeutoh eom o 6eu ponto de vi6~a, eom 6eu6"phophio6 vafOhe6 e opi niõe6. 16 ~o 6 e phatiea, impfJ.. eitame nte, pefo 6impfe6 j o 9 o de q ue6 tõ e6, de a~i~ude6 6 U~i6, não vehb U6, de aeohdo, de6aeohdo, dúvida, eneohajamen~o, ete. (RogeM, c. e Kinge~, M., 1975:36-37).

Toda atitude clínica que se embasa em uma teoria

segue uma direção, da qual nao escapa a abordagem centrada na

pessoa. A não-diretividade requer que o terapeuta nao imprima

um significado à experiência do cliente, mas que o ajue a encon

trar seu próprio significado, isentando-se de seus juízos de

valor. Mas, como mostra Marion Kinge-t esta "isenção" de juizos,

29.

na pritica, segue certa relativi~ade. Por maior que seja a

intenção do psicólogo de "eximir-se" de si próprio, sua "cxis

tencia humana", continua fazendo-se presente em cada um de

seus atos. Rollo May compartilha desta id~ia quando afirma:

N~o exl6te tal eol6a eomo vehdade ou healldade pa ha um 6eh humano, a meno,~ que e6te pahtlelpe de:: la, tenha eon6el~nela dela, tenha ee~ta helaç~o e o mel a . ( Ma y, R . 1 9 7 6 : 1 6. O 9 h-<- fi o e H o~~ o) .

6. PRINCIPAIS ASPECTOS DO CAPITULO

A atitude terapeutica nesta fase consistia na acei-

tação de qualquer sentimento expresso pelo cliente, atrav~s

da criação de um clima compreensivo.

Esta compreensao para o autor vai assumir nuances

diferentes, dependendo da fase do processo que o cliente este

ja atravessando. Na.fase inicial, a criação de uma relação a­

mistosa com o cliente ~ evidenciada pelo acolhimento caloroso.

A estruturação da relação depende do acolhimento e da delimi-

tação feita pelo terapeuta ao cliente, do que seja a relação

e qual a função que compete a ambos. A definição da situação

de ajuda, pode ser verbal ou subjacentes a atitude do profis-

sional. Estabelecida a relação, o terapeuta envida todos seus

esforços em ajudar a expressão dos sentimentos do cliente, e­

vitando quaisquer desvios que possam distancii-lo deste obje­

tivo.

30.

Rogers considera que a "permissividade e ·ausencia

de direção, contribuem no alcance da liberdade de expressa0.

Os sentimentos do cliente, vao assumir ao longo do

processo terapeuticos várias expressões tais como "posi tivas",

"negativas" e "ambivalentes". A todos estes aspectos o autor

considera que deva haver acolhimento por parte do terapeuta.

A modalidade técnica que efetiva a compreensao e a

resposta de clarificação dos sentimentos. Consiste em esclare

cer ou elucidar o sentido das expressões do cliente, visando

este objetivo o terapeuta expõe com brevidade e de um modo

muito claro, as atitudes que sustentam o que é expresso pelo

cliente.

A aplicação desta técnica acarreta a observancia de

constante atenção ao aspecto verbal da comunicação. Estes pr~

cedimentos Rogers considera pertencerem aos métodos

de tratamento.

diretos

A técnica de clarificação dos sentimentos encerra

limites, alguns deles serão mais tarde (1974) criticados pelo

próprio autor. O terapeuta parece estar mais embuido em sua

função técnica, de clarificar os sentimentos do cliente e mos

trar-se compreensivo, do que de participar efetivamente da re

lação.

Outro limite refere-se a enfase dada ao lado verbal

31.

da comunicação, nao sendo, n~sta época relevadas as expres

sões não verbais.

Gondra (1975), referindo-se a função do terapeuta

neste período, critica sua passividade dizendo:

... a pouea impontaneia que ~e atnibui na ~elaç~o te~apeutiea ao~ elemel1to~ maL.s pe~~ oai~ do te~a -peuta. Sua 6ul1ç~0 de eatalizadon I1~O o penmite le van nada p~opJt.io pana a te~apia, e a ab~tei1ç~o e.-=­xige. uma 6e~~ea di~eiplil1a e um eOHt~ole de. toda a ~ua e.~pontane.idade. (Gondna, 1975:61). (1)

Outra modalidade terapeuticà também citada nesta fa

se, mas pouco enfatizada, consiste, como vimos, de manipula -

ções ambientais feitas pelo terapeuta, ou seja, metodos de

tratamento direto.

Neste período devido a amplitude de atitudes tera -

peuticas (diretas e indiretas), pode-se notar uma ambivalen -

cia do autor nó que se refere ao potencial de crescimento do

ser humano. Ou seja~ s6 em alguns casos ou sob determinadas

condições pode-se acreditar na ptesença deste movimento de

crescimento.

Rogers, posteriormente., irá cri ticar a ambivalência

que atribuia à sua concepção do "princípio de crescimento" do

indivíduo, neste período te6rico ao escrever:

( 1 ) li ~ua 6uneion de eatalizad04 no le penmite. apontan nada

pnõpnio a la tenapia, y la ab~teneiõn le exige uma 6énne.a di6eiplina y un eontnol de. toda ~u e6pontaneidad y libe~tad"

... embo~a o eon~elhei~o e~tive~~e inteleetual -mente p~eoeupado eom a~ po~~ibilidade~ da te~a -pia nao di~etiva e ap~ende~~e um poueo da~ ~ua~ têeniea.ó. Começ.a a. aeOlló e.e.lta.~ o~ paeiente-6 eom uma. hipõte~e de ~e-~peito muLto limita.da, que de alg uma ma.11 ei~a. -6 e po de~ia ó o~m ula.~ 110 ~ ~ eg u{'l1-te-~ te~mo-ó: "ponho eomo hipõte~e que o ind-tv<.duo tem uma. eapa.eida.de limita.da. pa.~a. óe eomp~eellde4 e pa. ~a. ~e ~eo~ga.niza~ a. -6i me.ómo, num deteftmil1a.do gJtá.u e em ~e.~tO-6 tipo-6 de -6 ituaç.õ e-6. Em muita.ó -6 itua.­ç.~e-6 e. eom muito-6 paeiente-6 eu, eomo Ob6e.~va.do~ de óo~a., ma.i~ objetivo, p0-6-60 eonheee~ mai-6 pe~­óeita.mente. a. ~itua.ç.ao e o~ient~-.e.o da me.lho~ me­Yl.ei~a.". (Roge.~~, C. 1974:37).

32 .

Pode-se inferir, pela leitura do capítulo e do te~

to acima exposto, haver, nesta €poca~ uma correlação entre a

maneira como era percebido o cliente ("capacidade limitada

para se compreender") e a atitude terapêutica. Ou seja, a me

dida que yia-se com certas restriç6es as possibilidades de

desenvolvimento da pessoa humana, precisava o terapeuta, na

prática, deter o poder de rearrumar o discurso do cliente e

enfatizar as variáveis emocionais. Pela lei tura .de "entrevis

tas psicoterápicas" deste período teórico percebe-se que pe­

la frequência (número excessivo) com que são feitas interven

ções de clarificação na relação terapêutica esta se menospr~

zando as capacidades de mudança do próprio cliente.

Se por um lado a clarificação de sentimentos con­

tribuía para auxiliar a auto-compreensão do cliente, por ou-

tro "retirava" o terapeuta da "cena terapêutica", colocando-

o à margem da relação, no papel de t€cnico. não havendo lu-

gar para sua pessoalidade.

I -,

33.

CAPfTULO 111: A FASE DA E~PA1IA PROPRIMIENTE DITA

Esta etapa é também chamada de CENTRADA NO CLIENTE

ou da CONGRUENCIA e é marcada pela publicação do livro "Tera­

pia Centrada no Paciente" (Rogers, C. 1974). Nesta obra se ar-

ticulam de maneira mais sistemática as principais idéias do au

tor, principalmente as que se referem às atitudes psicoterápi-

cas, de especial modo à empatia. E, também, rigorosamente res­

saltada a relação destas atitudes coma tendência à atualização.

Neste período, as formulações sobre o processo te-

rapeutico se aparesentam de forma mais teórica.

A fase insere, ainda, uma exposição da teoria rog~

riana sobre a personalidade e a conduta.

1. A UNIVERSALIDADE DA TENDENCIA À ATUALIZACÃO ,

Toda a obra rogeriana alicerça-se sobre o pressu -

posto básico da tendencia à atualização ou ao crescimento. Sen

do que nesta etapa a infase nesta tendencia atinge seu - . aplce.

Esta capacidade já foi extensamente comentada pelo autor na

fase anterior. Mas muitos aspectos da prática clinica par~

ciam desconsiderar a existincia de tal pressuposto, visto que

restringia a psicoterapia somente a alguns indivíduos.

Um dos marcos desta segunda fase é a extinção de

limites na aplicabilidade da teoria psicoterápica rogeriana

34.

sua prática agora abrange:

Ve~de a~ e~iança~ eom leve~ alte~aç~e~ do eompo~­tamento ati ao~ adulto~ p~ie;tieo~, de6de o pe~ -~oal que ~eeebe alguma ajuda em dua~ ent~evi~ta~ ati ao~ indivZduo~ que ~o6~em uma ampla ~eo~gani­zação da pelt~ onalidade em eento e eÚlquenta entlte vi~ta~ ... (Rogelt~, C. 1974:25).

A supressao dos limites, antes existentes, na pra­

tica psicoterápica, mostra como neste estágio o autor passa a

afiançar-se mais no poder constrU"tivo do ser humano, indepen -

dentemente de j dade ou grau de "saude-psicológica". Percebe-se

que aumenta a confiança no homem enquanto espécie e não somen

te em alguns indivíduos, como sugere a etapa anterior.

diz:

Salienta sua crença na pessoa humana quando nos

To~na-~e evidente, não apena~ na tend~neia ge~al do~ paeiente~ em move~em-~e na di~eção do elte~ei mento quando o~ óatolte~ da ~ituação ~ão elalto~ ~ ma~, de noltma mai~ dltamatiea, em muito~ ea.6o~ glta ve~ em ~ue o indivZduo e~ta a bei~a da p~ieo~eou do .6uie~dio. Aqui o te~apeuta tem uma eon~eienda muito viva de ~ue a úniea &o~ça que pode Itadiea~ mente eonóia~ e a tendeneia o~ganiea pa~a ume~e.6 eimento e um mo vimento de avanço. ( Ro 9 e~~ , C-: 1974:38).

Neste período o autor melhor sistematiza a tenden-

cia de base do ser humano. Mostra seu duplo desdobramento. Por

um lado a capacidade de perseguir fins que lhe são próprios,

Isto -e, aqueles que auxiliam no desenvolvimento. Por outro, o

fato de auto regular-se, ou seja, modificar sua estrutura in-

terna, objetivando alcançar estes fins. A finalidade do "orga-

nismo" é buscar aquelas interações-que contribuam para seu en-

riquecimento. A capacidade de auto-regulação atua sempre que o

35.

"organismo" está distanciando-se deste objetivo.

La Puente ao referir-se ao tema cita:

A noçã.o JtogeJt..tana de de.~ el1vo.tv..tmento (GJr.owtft) de.­~..tgna, po..t~, um conjunto de. do..t~ ~..t~te.ma~ acop.ta­do.6: um .6..t~te.ma mot..tvac..tol1a.t uH..t1..tcado, a te.nden­c..ta atua.t..tzante., e. um .6e.gundo ~..t.6te.ma de. ava.tia -çã.o da e.xpe.Jt..t(?)1c.{,a, que. 6unc..toHa como fte.gu.tadoft do pJt..tme...tJto. (La Pucnte, M. 1976:43).

Esta tendencia do org~nismo(l) busca conservá-lo

assimilando aquilo que o desenvolve ou defendendo-se do que o

ameaça. A constante maturação do organismo encerra uma diferen

ciação de funções, isto é, o indivíduo passa a conhecer-se ca-

da vez mais, distacando-se do constante controle das forças e~

ternas. Rogers diz que isto é tanto verdadeiro quando se trata

de processos organicos como, quando relaciona-se a funções não

orgânicas, tais como escolha dos objetivos de vida. Os quais

não se processam de maneira simples mas através de luta e so-

frimento. Compara o processo de desenvolvimento com o da crian

ça quando aprende a andar, a qual cai e torna a 1evantar-se.~a

criança apesar da dor ocasionada pela queda, ocorre a necessi-

dade de aprender mais, de buscar realizar-se com a marcha. O

mesmo acontece com o indivíduo que não paralisa o seu processo

de crescimento ao encontrar obsticu10s.

A tendencia atua1izante segue um crescimento cons-

tante e direcional, visto ser este processo sistematico e orde

nado.

,(1) Roge.Jt.6 U.6a o te.Jtmo.6 oJtgan..t.6mo pa~a fte.Óe.Jt..tJt-.6e. a totaf..tdade. do ..tnd..tvIduo que. inte.ftage. com o Oomb..te.nte..

36.

Rogers considera que a natureza humana, ou seja suas

potencialidades inerentes, ~ compatível com o processo social.

Acha que o comportamento destrutivo somente aparece em função

de uma expressão distorcida da tendencia de base, quando as

condições do meio em que o indivíduo vive agem desfavoravel -

mente, levando-o a desenvolver comportamento agressivos, como

meio de defesa.

Maddi faz restrições à referida tendencia critican­

do o silêncio do autor quanto ao conteúdo das potencialidades

que a compoem.

Pela leitura de Rogers (1974) pode-se inferir que

as capacidades constituintes da "Tendencia à Atualização" si­

tuam-se em um contínuo da dor ao prazer. As capacidades refe­

ridas à dor, o organismo não "desenvolve plenamente". O indi­

víduo visa buscar ou criar interações que favoreçam seu desen

volvimento em direção a movimentos de prazer. As

que o ameaçam tendem a ser evitadas.

interações

~ importante questionar o carater existencialista e

essencialista da tendência em questão. Rogers, ao afirmar que

"o o~g~ni~mo nao de~envolve plen~mente ~u~ e~p~cid~de p~~~ ~u

pou~~ ~ do~, ... e ~u~ c~p~cid~de de te~~o~ ... " (Roge~~

1974:472), está referindo-se a vertente essencialista da ten­

dencia à realização. Ao mesmo tempo quando reflete sobre a

pratica psicoterápica da teoria em questão verifica nunca ter

encontrado ningu~m que "e4colh~ delibe~~d~mente ~ dependenci~

37.

e.6 c. o.th a. de.t.<. b e.Jt a. da..tm e Ht e' t e!t a. d.<.Jte ç. ã.o .<.nt e 9 !ta. do de .6.<. m e~ 111 o

.6ubmet'<'da. ã qua..tque.!t out!to" (R09e:!t,~, 1974:474). Neste momento

~ a existencia, englobando seus parãmetros de responsabilida­

de na escolha que esta sendo enfocada.

Conclui-se, portanto, que a tendencia a atualização

contem duas vertentes, essencialista e existencialista, as

quais ocorrem no "organismo" de maneira complementar. Enquan­

to a primeira refere-se ao movimento de crescimento, a quali­

dade deste desenvolvimento ~ pr6prio da existencia humana.

Este trabalho considera que a prática psicoterápica

Centrada na Pessoa vai privilegiar a dimensão existencial. En

tretanto, no discurso Rogeriano, não ficam esclarecidos que

esp~cie de limitações ocorrem pela interação das duas dimen -

soes (essencialista e existencialista).

A teoria nao esclarece se a base inata da tendencia

a atualização (potencialidades) funciona como limitação ou,

se o existente no seu processo de criação recria continuamen­

te estas potencialidades.

2. A RELAÇÃO DA TENDENCIA ATUALIZANTE COM AS ATITUDES

PSICOTERAPEUTICAS.

As atitudes psicoterapicas rogerianas alicerçam-se

, sobre o postulado da tend~ncia i itualização.

38.

o organismo humano nao se desenvolve independente

de seu meio. Quanto mais "adequadas" forem as condições do

meio, melhor também sera o seu desenvolvimento. Rogers ao ex­

plicitar as atitudes psicoterapicas pensa no papel do psicot~

rapeuta como agente de mudança, ou seja como propriciador das

qualidades que favorecem ao crescimento, isto é, ã atualiza -

ção da tendência básica.

Discutindo o papel do terapeuta prefere empregar os

termos "tornar efetivo" ou "realizar"·ao invés de "técnica" ,

pois pensa que esta última seria mais intelectualizada.A atua

çao terapeuta faz-se no sentido de auxiliar que o potencial

de crescimento se "torne efetivo". Assim, não se assume ares

ponsabilidade pelo processo do cliente, pois neste caso a te-

rapia seria centrada no terapeuta, nem se adota uma postura

de "laissez-faire", que corresponde a um pap~l passivo e indl

ferente. A atitude terapeutica acompanha cada uma das manifes

tações do cliente, através do genuino interesse e atenção.

Rogers, sistematiza as atitudes terapeuticas atra -

vés de três condições, que denomina de "necessarias e sufici­

entes" na construção de uma relação terapeutica. São elas, em

patia, aceitação positiva incondicional e congruência.

As técnicas da etapa anterior, destinadas a promo -

ver e compreensao do cliente, são substituida pela empatia

que consiste em:

A44umi~, na medida em que 6o~ Qapaz, o qua­d~o de ~e6e~~nQia i"te~io~ do paQiente, de Qap­ta~ o paQiente tal qual ele 4e v~ a 4i me~mo , de abandona~ toda4 a4 pe~QepçÕe6 que 4e ~e6i~am a um quad~o exte~io~ ... (ROgeJlJ~, C., 1974:43)

39.

Rogers chama a atenç~o pela distinção que hi entre

"identificação por empatia" e "identificação emocional". No

primeiro o terapeuta assume o quadro de referência interna do

cliente, como se fosse seu. A expressão "como se" significa

que o terapeuta não perde a dimensão da sua individualidade.

o mesmo não ocorre na "identificação emocional", onde terape~

ta e cliente estariam imbuidos do mesmo processo emocional .

. Qualquer compreensao para o autor pode assumir dois

caminhos, externo ou interno. A primeira, externa, Rogers ta~

bém denomina de "compreensão em relação a", e nesta a atenção

terapeutica situa-se fora do processo de sentimento do clien-

te. Contudo a compreensao interna, chamada por Rogers de "com

preender com", ap~eênde o processo de sentimento do cliente.

Aqui o terapeuta funciona como um "ai ter-ego".

Experimentando descrever a atitude empitica do pon-

to de vista mais íntimo, Rogers comenta:

Pa~a me pode~ 4e~ útil, vou pô~-me a mim de lado - o eu da inte~ação habitual- e ent~a~ dent~o do 4eu mundo de pe~Qepção tão Qompletamente quanto 6o~ Qapaz. Num Qe~to 4entido vou to~na~-me pa~a 4i um out~o eu - um alte~ ego da4 4ua4 p~õp~a4 atitude4 e 4entimento4 - uma opo~tunidade 4egu~a de 4 e di4 Qe~ni~ mai4 Qla~amente, de 4 e expe~imen ta~ a 4i p~õp~io de uma óo~ma mai4 ve~dadei~a e mai4 p~oóunda, de e4Qolhe~ mai4 4ignióiQativamen te. (R o 9 e~4, C., 1974: 48 J • -

40.

·A compre~nsao empâtica. deve se dar com a mesma in­

tensidade que e expressa pelo cliente. Quanto mais sensivel o

terapeuta estiver sendo, maior estará também sendo a sua cap~

cidade aperceptiva.

A empatia possui dois níveis; o primeiro refere-se

a compreensão empática propriamente dita, e o segurido i trans

missão ao cliente desta compreensão. Esta comunicação deve

ser clara.e conter os ~lementos que propiciem mostrar ao cli­

ente que seus sentimentos estão sendo captados e compreendi -

dos. A contrapartida na efetivação desta atitude situa-se na

percepção pelo cliente do que lhe é comunicado.

Referindo-se a qualidade empatica Gondra (1975), cri

tica a limitação que esta atitude acarreta na relação com o

cliente, visto que ela "exige" do terapeuta -fal ta de compro -

misso com sua pessoalidade, deixando pouco lugar para que ha­

ja naturalidade na relação.

A empatia nao é uma "técnica", mas uma atitude, e

isto significa que o terapeuta não pode mostrar-se empático;

ele sente-se empático. A efetividade desta atitude terapeuti­

ca, relaciona-se com o que Rogers denominou de CONGRUENCIA,

que é a capacidade de autenticidade do terapeuta. Este só po­

derá acreditar no potencial de reorganização e construção con

sistente da pessoa .humana se ele tem para si próprio esta cre~

ça. O terapeuta só poderá aceitar e compreender o outro se es­

tas atitudes são efetivas na sua relação consigo próprio.

••. A elaboAaçio ~a maneiAa' de olhaA a~ pe~~oa~, que e~tã ~ubjacente ã ~ua teAapia ê um pAoce~4o continuo, e4tAeitamente ligado ã pAóp4ia luta do teAapeuta pelo ~eu de-6e.nvolvimento e integAação ~ocial. !RogeM, C., 1974:35).

41.

Rogers acentua pela passagem acima descrita que an­

tes do profissional ter um compromisso para com seu cliente ,

ele tem um compromisso para consigo próprio, na sua maneira de

lidar com sua vida.

A congruência terapeutica refere-se, ainda, a conj~

gaçao entre o mundo de representações do terapeuta, com o seu

comportamento exterior.

Pode-se questionar esta afirmação .perguntando-se,se

o terapeuta nãQ estaria sendo concebido em termos ideais; Ro­

gers minimiza parte desta crítica ao limitar a congruência pe-

lo menos à hora terapeutica.

A última atitude é denominada de ACEITAÇÃO POSITIVA

INCONDICIONAL, sendo a transmissão ao cliente de "atitudes" de

compreensão, respeito, aceitação, as quais implicam insençãode

apreciações.

Quando, o con~elhei4o e-6tã a pen~a4 em teAmo~ ap4euativo-6 queA a apAeciação ~eja. objetivamente adequada. ou na.o, e5tã de alguma. maneiAa. a ~-6UmiA um quadAo mental pAedieativo, e~ta a ve4 o indivZ duo mai~ como objeto do que como uma. pe~~oa, e, ne~~a medida, e~tã a 4e~peitã-lo meno~ como pe~ -~oa. lRogeM, C., 1974: 58).

Rogers ao ci tar as ati tudes terapeutic.as "prej udi -

42.

ciais" comenta aquelas onde o terapeuta "sem dar-se conta" a-

tribui ao cliente significados seus. Diz que na abordagem cen­

trada na pessoa estas distorções são difíceis de ocorrer pois,

neste contexto não são feitas apreciações.

Quando a ap/te.c.iaç.ão do pac.ie.nte. ou dal> -6 ua,!' e.xp/te.-6 -6õe.-6 é. Qua.6e. ine.xi.6te.nte., a de.60/tmaç.ão do c.on.6e.the.i /to te.m pouc.a.6 opo/ttunidade..6 de. .6e. mani6e..6ta/t ou -6e. Que./t de. e. xi,!' ti/t.

Completando expoe:

Numa /te.taç.ão te./tape.utic.a e.m QUe. a te./tape.uta p/tOc.u­/ta mante./t--6e. a -6i me..6mo de. 6o/ta, c.amo uma pe..6.6oa di.6tinta, e. e.m QUe. todo o e.-66o/tç.o ~ 6e.ito pa/ta c.am pJLe.e.nde.JL o outJLO tão c.ompte.tame.l'lte. QUe..6e. to/tna Qua

.-6e. um e.go do pac.ie.nte., a.6 di.6:to/tç.õe..6 pe..6.6 oai-6 e. 0-:6 de.-6aju-6tame.nto.6 oc.o/t/te.m c.om muito me.nO-6 6ac.itida -de.. (Roge.u, C., 1974:55).

Nota-se pelas afirmações acima que a "obediencia"

da atitude de consideração positiva incondicional, segundo Ro-

gers, protege o terapeuta de atitudes prejudiciais~ infere- se

pelo exposto, que o autor estaria, "sem perceber", atribuindo

ao terapeuta um status bastante superior ao do cliente, enqua~

to efetivando as "atitudes de ajuda" poderia distanciar-se da

sua pessoalidade, possibilitando que no momento terapeutico so

atuasse parte de si pr6prio, ou ieja a sua compree~sao.

Neste período, ficam ampliadas as modalidades de a-

tuações terapeuticas, sendo que várias intervenções podem ser

empaticas e não somente a do reflexo de sentimentos, como pre-

conizava a etapa anterior.

Anteriormente, a atuação terapeutica e.nfocava somen

43.

te o conteúdo verbal, mas nesta fase há maior atenção a totali

dade da comunicação, englobando os aspectos verbais e nao ver­

, bais.

Os desdobramentos da "condições necessárias" em em­

patia, consideração positiva incondicional e congruência ocor­

rem para melhor sistematização teórica, sendo que na prática

estas distinções não existem. Sendo a consideração positiva i~

condicional e a congruência, atitudes complementares da quali­

dade empática.

A denominação "centrada no cliente" que esta fase

assume, deve-se a estreita conexao com as atitudes básicas e

a tendência a atualização. Acreditando-se. que o ser humano po~

sa desenvolver-se continuamente na busca de constante maturida

de, é preciso fornecer-lhe 'condições 'propícias neste se~tido ,

sendo estas condições denominadas necessárias e suficientes.

3. A TEORIA DA PERSONALIDADE

A Teoria da Personalidade Rogeriana surge da práti­

ca clínica, como se verá no próximo tópico, sendo seu fundame~

to a hipótese do desenvolvimento. Esta teoria mostra como se

edifica o processo de crescimento e de que maneira este pode

ser modificado no decorrer da história do ser humano. Rogers a

apresenta não corno uma teoria fechada. mas aberta e sujeita a

reformulações.

Baseia sua formulação teórica no conceito de

definindo-o como:

••• uma. c.oIl6-tgulta.ç.ão oltga.n-tza.da. de peltc.epç.õe,~ do ego a.c.e~~lve-t~ a. c.on~c.-tenc.ia.. f 6oltma.do pOIt ele­mento~ ta.i~ c.omo a.~ peltc.epç.õe.,~ da.~ c.a.lta.c.,telti~ti-c.a.~ e da.~ c.a.pa.c.ida.de.~ plt~plt-ta.~, 04 c.ollte.~do~ da. peltc.epç.~o e o~ c.onc.e.ito~ do e.go e.m Itela.ç.~o c.om 04 outltO~ e c.orn o a.mbie.nte; o~ va.lolte~ que. ~e c.a.pta.m c.omo e.~ta.ndo a.~,~OC.-ta.dO.6 a. e.x.pettie.nc.ia. e. a. objeto~; o~ o6je.tivo~ e. idea.-t4 c.a.pta.do~ c.omo v~­lênc.ia. po~-ttiva. ou nega.tiva.me.nte.. (Rogelt,~, C. 1974: 143).

-l·L

ego,

A experi~ncia total do indi~íduo inclui as motiva -

çoes psicológicas e do organismo, enquanto parte física denoml

na de "organísmica"; neste contexto o ego se coloca como uma

diferenciação desta experi~ncia.

o ego tem necessidade de atenção positiva por parte

dos outros e de si próprio. Estas duas modalidades de atenção

acham-se intimamente ligadas ao seu desenvolvimento. Rogers

considera que o "outro" (significativo) pode influ~nciar o pr~

cesso de auto-avaliação da pessoa. Quando a experiência do su­

jeito é considerada pelo outro-significativo de maneira seleti

va, forma-se o que o autor chama de "condições de valor", pro-

piciando ao indivíduo também valorizar sua experi~ncia deste

modo. Surgem, então, incongruências entre a maneira globalizan

te de vivênciar a experiência e a de simbolizá-la. O autor dei

xa entender que este processo apesar de ser vigente durante t~

do o processo de vida do ser humano é mais pregnante na infân-

eia. Nesta etapa de desenvolvimentQ, a criança, sofre mais in­

fluência.e, também, é mais dependente do ambiente externo.

45.

Rogers chama de cqmpo fenomenal, aquele onde inci -

dem todas as experiências vivenciadas pelo organismo, quer es­

tas sejam registradas ou não na estrutura do ego. A estas exp~

riências denomina de viscerais ou sensoriais. O ego registras~

mente ~arte das experiências do campo fenomenal, apesar de po~

suir em potencial capacidade para englobar a totalidade.

O caminho que a experiência visceral toma e diverso

e ela pode:

a) ~ ser registrada na estrutura do ego, tal como foi viven

ciada. Neste caso houve uma simbolização adequada e diz -

se haver uma congruência entre a experiência visceral e

sua simbolização.

b) - ser ignorada, pois é irrelevante à estrutura do ego.

c) - ser distorcida, por ser imcompatível com a estrutura do

ego.

No primeiro grupo encontram-se as experiências que

reforçam a estrutura egóica, isto é, favorecem a sua manuten -

çao ou seu desenvolvimento. Estas experiências são simboliza

das pois não são ameaçadoras.

No terceiro grupo, encontram-se as experiências que

nao podem ser simbolizadas tal como são experimentadas, pois

constituem ameaça e estrutura do ego. Nestes casos entre a a­

preensão da experiência no campo fenomênico e a maneira como

ela é simbolizada, interpõe-se um l!lecanismo de defesa que Ro­

gers chama de subcepção. Significa que o indivíduo ao nível da

46.

experi~ncia visceral di~crimina estímulos como ameaçadores e

os reprime ou distorce, a nível da simbolização. Aqui a viv~n­

cia do indivíduo ~ dita incongru~nte. O mecanismo de repressão

atua constantemente objetivando afastar a experi~ncia visceral,

da "adequada" simbolização na estrutura do ego. Quanto maior

for a atuação desta defesa, maior támb~m será a viv~ncia de an

siedade.

A an6iedade pode 6e~ a ten6~o mani~e!tada pelo con­c.eito oJtganizado do ego quando a.6 ".6ubc.epç.õe6" indi c.am que a 6im6ofizaç.~o de dete!tll1inada6 expeJtiê.llc.ia~~ -6e~iam de6tJtutiva6 paJta a oJtganizaç.~o. (RogeJt-6, C., 1974:490) •

A intensidade-da ansiedade relaciona-se em função

direta com o significado de experi~ncia distânciada ou negada,

isto ~, quanto mais-ameaçadora for para o ego a experi~ncia ne

gada ou distorcida maior tamb~m será a ansiedade produzida.

As desadaptações psicológicas acham-se ligadas ao

conceito de incongru~ncia, isto ~, se as experi~ncias distorcl

das são qualitativamente importantes, a vivencia do indivíduo

de insatisfação tamb~m torna-se muito intensa.

A adaptação psicológica relaciona-se com a nao dis-

torção de experi~ncias. Favorece que as viv~ncias

tornem-se acessíveis ã consci~ncia, propiciando ao

viscerais

indivíduo

uma imagem egoica o mais próximo possível do seu campo fenom~-

nico.

Kinget explica o conceito de disponibilidade ã cons

ciência dizendo:

,

nao que.Jz. dize.Jz., ab~·olutçlJne.Hte., que. o úldivZduo Jz.e.pJz.e.,~e.nta a ~i me.,!'mo, c.laJz.a e. c.OI1~c.ie.Hte.me.nte., to do~ o'!, pJz.oc.e.!'~o,!' que. nele. ~e de~el1,'Lolam. ... Ao c.ont/tã.Jz.io , ~ e.u,!' ~ e.ntime.l1to!' e. .!J elu açõe!' pode.m ,~e.Jz. ou ~ubje.tivame.l1te. vivido!' {e. e.xphe,!'!'o~ no c.ompo/tta me.ntol .6e.m ,!'e.,'L c.la./ta.mellte /te6le.tido!',ou .rú.c.'<'da. e objetivame.nte. /te.p-'Le..6enta.do,!' na c.oll~c..<.êllC.,('a.. ( Ro-ge.M, C., e. K.<.nget, 1975:261, vol. 71.

47.

Rogers considera que a pessoa congru~nte € mais

criativa e consegue lidar melhor com a realidade do que a nao

adaptada. Isto deve-se ao fato dela não precisar concentrar

"energia" no processo defensivo. A maioria dos valores destes

indivíduos acham-se em contato direto com a experi~ncia, e nao

com a estrutura do ego. Isto €, não e a estrutura do ego que

vai dar legitimidade ã experi~ncia, mas é está que influencia-

rá o ego. Neste sentido surge o conceito de ABERTU~~ A EXPERI­

ENCIA, como um dos indicadores da "adaptabilidade" do indiví -

duo. A estrutura do ego é fluida, estando sempre passível a 50

frer reformulações, pelo aspecto dinâmica da experiência.

No segundo grupo de experi~ncia encontram-se aque-

las que poderiam a qualquer momento aparecer no campo da cons­

ciência. Elas compõem o fundo, usando-se o conceito da gestalt,

do campo fenom~nico. De acordo com a relevância do momento, es

tas experi~ncias podem assumir posição figuraI, e nao acarre -

tam nem satisfação nem ameaça ao conceito de ego.

Rogers mostra como é o desenvolvimento da formação

da personalidade. A proporção que a criança interage com o am-.

'biente externo passa a formar conceitos sobre si mesmo, e so-

bre o meio que a ci~cunda, e ainda sobre a interação de ambos.

1 1

48.

o conjunto de tais conceitos funcionam como "princípios orien-

tadores" do processo de vida da criança. Muitos destes princí-

pios são não verbais e podem não encontrar-se presente na

"consciência". Associado ã eles encontra-se a necessidade de

"valorização organismica direta", ou seja valorar o dado vivi­

do atrav€s da ~xperiência imediata.

As apreciações que a criança faz, cont€m componen -

tes experimentados como positivos, quando a vivência contribui

para o seu desenvolvimento. E componentes vividos como negati­

vos, quando não existe contribuição para o desenvolvimento, ou

seja as vivências ditas "negati,,:as" sao as que causam ameaças.

Salientam-se, neste caso, as situações ameaçadoras por parte

dos, adultos significativos. De acôrdo com o grau de significâ~

cia do adulto para co~ a c~iança, el~ tende a abondonar a exp~

riência que faz de determinada situação para adotar o signifi­

cado que é atribuido pelo mundo externo ã dita situação. Este

processo, como já foi citado,Rogers denomina distorção.

o fator afetivo direciona o destino das diferentes

simbolizações que o indivíduo fará de suas experiências.

Rogers ressalta este aspecto dizendo:

Um do!> plÚme..i.JLol> e ma.-i..!>' ..i.mpoJL;ta.n;te!> Mpec..;tOl> da. ex-pelÚênc....i.a. do ego óei;ta. pela. c..JL..i.a.nça. vulga.JL ê o de l>eJL a.ma.da. pelol> pa.-i..l>. ApJLeende-l>e a. l>~ mel>ma c..omo a.mável, d..i.gna. de a.moJL, e a. JLela.ção c..om Ol> pa...i.l> e uma. JLela.ção de a.óe..i.ção. ExpelÚmen;ta. ;tudo ..i.l>;to c..om ~a.;t..i.!>óa.ção. El>;te ê um elemen;to l>..i.gn..i.ó..i.c..a.;t..i.vo e nu­c..lea.JL da. el>;tJLu;tUJLa. do ego no ..i.nZc....i.o de l>Ua. óOJLma.ção. lRogeM, C., 1974:482).

'T

49.

Rogers distingue tr~s etapas no desenvolvimento da

,personalidade do indivíduo, tomando por base a situação da

criança.

A) A PERSONALIDADE QUE SE ORGANIZA.

A criança possui dois sistemas que funcionam inte -

grados. A tend~ncia atualizante, Rogers denomina de "sistema

motor", que visa ao pleno desenvolvimento do organismo. Há ta~

bém o "sistema regulador" que funciona de modo complementar do

primeiro, visando distinguir experi~ncias que desenvolvam o

"organismo".

O sistema regulador sofre no seu interior desdobra-

mentos. A criança tem "neces"sidade de "auto consideração, esta

por sua vez encontra-se estreitamente vinculada à necessidade

de consideração positiva por parte de outras pessoas. O siste­

ma regulador satisfaz-se de maneira dupla: o indivíduo ao sa­

tisfazer a necessidade de "consideração positiva" do mundo ex­

terno, satisfaz também sua "auto..:consideração posi tiva", ao

que o autor denomina de "complexo de consideracão".

A consideração que as outras pessoas atribuem ao

indivíduo, "consideração positiva", pode ser "incondicional" ,

neste caso a necessidade de "auto-consideração" se desenvolve

"plenamente". Pode, também, ser "condicional", ou seja sujeita

"a condições de valor. Esta modalidade, quando muito intensifi­

cada, pode provocar uma desintegração na personalidade do su­

jeito, como se verá ~a pr6xima etapa.

50.

B) - A PERSONALIDADE QUE SE DESORGANIZA.

O desenvolvimento da personalidade assume esta .

perspectiva quando a "consideração positiva" está sujeita a

condições de valor. Isto propicia que as experiências sejam

simbolizadas distorcidamente, surgindo o estado de "incongr~

ência". Pode-se dizer que o "conceito de ego" encontra-se a-

meaçado pois as experiências distorcidas podem introduzir-se,

de repente, de maneira diferente do modo como foram primeira

mente simbolizadas. E importante enfatizar que ameaças ocor-

rem quando as experiências distorcidas sao qualitativamente

importantes yara o conceito de ego.

Como viu-se, na ocorrência de ameaças, surge o es

tado de ansiedade. As primeiras, quando não podem mais ser

controladas p~las f6rças do conceito do ego, acarretam a de­

sintegração do organismo.

C) - A PERSONALIDADE QUE SE REORGANIZA.

Para que ocorra a reorganização da personalidade

é necessário que a auto-consideração seja incondiconal, ou

seja, nao sujeita a condições de valor. Pórtanto, segundo Ro

gers, sao necessárias condições interpessoais propícias, ou

seja, "consideração positiva incondicional". Neste sentido

a relação terapeutica surge como necessiria pois o terapeuta

em sua prática efetivará atitudes que visam auxiliar e promo

ver o desenvolvimento do indivíduo.

rr

SI.

A organização da personalidade implica necessaria -

mente em uma modificação do conceito do ego.

4. DESENVOLVDIENTO DO PROCESSO TERAPEUTI CO

Neste item serao salientados os vários movimentos

emocionais que ocorrem durante o tempo em que o cliente encon­

tra-se submetido a uma psicoterapia.

Geralmente, no início de uma psicoterapia, a explo­

ração do sujeito situa-se mais a nível dos aspectos externos

que compoe sua vida~ Mas com o'desenvolvimento do processo te­

rapêutico, passam a haver mudanças e, a exploração que o clien

te faz de si, passa a conter mais aspectos ligados ao ego. Po­

de-se dizer que os questionamentos do sujeito esta~iam pauta -

dos pela questão: Quem sou eu?

Ocorrem também mudanças da referência externa, am -

biental, para a referência interna. Rogers relaciona estas mu­

danças com as atitudes do terapeuta, pois a medida que seu in­

teresse centra-se na compreensão do mundo de experiências in­

ternas do sujeito, ele propicia que o sujeito também se explo­

re nesta direção.

Com o desenvolvimento do processo terapêutico, vai

sendo reestruturado o conceito de ego, visto que os elementos

que não tinham acesso ã consciência passam paulat.inamente a

52.

tê-lo, favorecendo modificações quanto ao "tempo", que é usado

pelo cliente na exploração de si próprio. Inicialmente, o indi.

víduo enfoca o passado, mas, com a continuação do processo pa~

sa cada vez mais a trabalhar sobre o tempo presente. Parece

que esta enfase no presente refere-se a necessidade do indiví-

duo de auto-explorar-se, e, quanto menos ameaças estão circun­

dando o conceito do ego, mais disponível ele estará para con -

cretizar esta exploração.

A apreensao que o sujeito faz de si próprio tende

a situar-se mais em bases realistícias, isto é, bastante próxi

mas da realidade experimentada.

As noçoes de ego real e ideal de ego, acham-se bas­

tante próximas. No início da terapia estas duas noções encon -

tram-se consideravelmente afastadas, isto porque a pessoa ao

avaliar-se de maneira distanciada da realidade, também traçava

para si ideais afastados.

o autor ao referir-se a questão comenta:

Com o avanço da te~apia, o paciente comp~eende que e~tã a p~o~u~~~ vive~ de aco~do com que o~ out~b~ pen~am, que nao e~ta a se~ o ~eu ego 4eat e que e~ tã cada vez meno~ ~ati~óeito com a ~ituação. (Ro ~ ge~, C., lQ74:1561.

Esta percepçao acarreta inicialmente uma sensaçao

de insegurança, pois o indivíduo constata que os valores que

ele antes tinha como "certos", foram extintos. Gradativamente,

passa a apoiar-se em sua experiência para a construção de

r

53.

seus valores, passando a adquirir maior confiança em si -pro-

prio.

Rogers constata uma evolução no conceito de crítica

do indivíduo. O sujeito inicia a terapia enfatizando muito a

modalidade .negativa .deste aspecto. Mas, com a continuação do

processo passam a haver mudanças. As avaliações que.o indiví­

duo faz de si próprio tornam-se cada vez menos apreciativas e

mais compreensivas.

O término da terapia bem sucedida realça a confian­

ça e a aceitação do indivíduo em si próprio, como avalista da

sua experiência.

S. LIMITAÇOES DA TEORIA E DA PRÁTICA

A etapa d~ teoria rogeriana Centrada no Cliente

caracteriza-se, pottanto, pela r~lação terapêutica fundada nas

atitudes, denominadas por Rogers, "necessárias e suficientes",

aceitação positiva incondicional, congruência e empatia. Den -

tre estas a empatia possui papel' central. Pressupõe que o ter~

peuta tenha uma atenção constante aos sentimentos expressos p~

lo cliente, esforçando-se continamente para compreendê-los e

demonstrar tal compreensão ao cliente.

Gondra avalia esta fase criticando as limitações que

ocorrem na relação psicoterápica:

Ape~a.lL de~:ta nova concepção. ~UpOlL um pa~~o mai.s a­dian:te, não 6e pode, :todavia, 6alalL de uma plena lLelação in:telLpe~6oal en:tlLe :telLapeu:ta e cliente. (GondlLa, 1975:89) (1)

54.

o terapeuta, segundo Gondra (1975), ao colocar- se

como um " a lter-ego", mantem-se afastado da relação, impossibi­

litando que esta se estruturem como um diálogo entre duas pes­

soas. Ao contrário, favorece um diálogo do cliente com ele pro

prio.

A empatia, juntamente com as demais atitudes tera -

p~uticas, deixa pouco espaço para uma participação mais livre

do terap~uta. Esta restrição da liberdade acontece, apesar das

constantes' alusões feitas pelo autor ã qualidade empática, re­

forçando seu caráter da atitude em detrimento do aspecto técni

co. A etapa posterior, ultrapassará esta limitação, pois a re­

lação será marc::ada por maior "presença" do terap~uta.

Pode-se perceber que este período existe grande coe

r~ncia entre as proposições teóricas. Há estreita relação en­

tre Teoria de Personalidade, Processo Terap~utico e Atitudes Te

rap~uticas.

Rogers, acredita que a desestruturação da personali

dade ocorre quando as condições do ambiente são "condicionadas",

isto é, não havendo oportunidades de ressaltar e compreen.d~r o

U1Ape~alL de que e~ta nueva concepciõn ~upone un pa~o hacia ade . lan:te, todavia não pode habla~e de uma plena lLelaciõn in:te~

pe40nal en:tlLe :telLapeu:ta y il cliente".

55.

indivíduo como "ele é". Portanto, o terapeuta só poderá auxi.

liar o cliente quando lhe propiciar um "clima", no qual ele sin

ta que há liberdade de expressão e compreensao. As atitudes te­

rapêuticas auxiliam grandemente na construção desta atmosferaoo

aceitação.

Gendlin (197) critica a explicação teóricamente, a

mudança é impossível de acontecer. Rogers entende que para h~­

ver mudanças, é necessário que as experiências não sejam ma:s

negadas ou distorcidas, podendo fazer 'parte da "estrutura ~o

self" .

Gendlin combate os modelos teóricos que explicam

segundo ele, a mudança pelo paradigma da repressao (no qual i~­

clui Rogers) dizendo:

••• na4 p4~me~4a4 4elaçôes 6amilia4e~ o ~nd~vZduo ~n tJtojeta c.euo~ val04es e, segundo e~.te. modelo ~e.tia: amado .6 e. ~ e.n.t~J.is e. e ~ e c.ompaJt.tMh'e de de.teJtm~nadaJ.i ma ne~4a4. ÁJ.i expeJt~ênc.~M q ue c.on.tJtad~z~am e.~.tM e.x~ -­gênúM ~06Jte ele, n04a.m "Jte.pJtimidM" (FILe.ud), ou "negada4 li c.onhc.iênc.~a" (Roge.Ml, ou "peJt.tenc.~am ao não-e.u" (Sull~vanl. Mai-t,' taJtde., quando o ~nd~vZduo he de640n.ta c.om expe.Jtiênc.iaJ.i de. natuJteza c.on.tJtad~.tó4~a a eJ.i.ta, deve ou diJ.i.toJtc.ê-las ou pelLmanec.e.4 .to.talmen­.te inc.on-t,c.iente de.las". (HaJt.t Toml~nh'on, 1970:1311.(1)

(11"ln a ~nd~vidual'J.i e.aJtlrJ JtelationJ.i he ~ntlLoje.c..te.d c.e.4.ta~n valueJ.i ac.c.olLd~ng .to wliic.1i he. lias loved onll} ~6 he 6el.t and behave. ~n c.e.IL.tain waljJ.i. Expe.lLie.nc.e.J.i whic.h c.on.tlLadic..te.d .the. demandJ.i on him c.ome .to "1Le.p4esse.d" L FILe.udI, OIL "de.nie.d awalLeneJ.iJ.i" (Ro ge.M}, OJt "no.t me" CSull~vanl. La.telL, whe.n .the ~nd~v~dual e.nc.oun.te4J.i expeltie.nc.eJ.i 06 .th~-t, c.on.t4ad~c.tinJ -t,oJtt, he muJ.i.t ei.theJt d~s.tolL.t them OJt Jtemain .to.talll} unawa4e. 06 .them".

56.

o autor continua questionando como pode ocorrer a

nova conscienteização quando já foi

"demon~.:ffLa~o c.~mo qua~que~ c.o-i.~~ q~e v-i./.\~ tfLaz~fL ta-i.,s expefL~enc.~a4 a c.on4c.~enc.~a 4efLa d~,stofLc.~da, nao po­dendo, pOfLtanto, c.on,s-i.defLafL uma expl-i.c.a~ão a6-i.Jz.maJz. que a mudanç~ da pe~onalidade ê um tOfLnafL-4e c.on4 -c.-i. e nt e. • • " ( 1) ( H afLt, Tom li n4 o n , 1 9 7 O : 1 3 2) •

E importante salientar que as críticas deste autJr

referem-se unicamente ao lado teórico.

{11 "Onc.e we have 4hown how anqthi..ng will be di4tofLted wh-i.c.h tend4 to bJz.-i.ng the,se expeJz.i..enc.e4 to a.wafLene~4, we c.annot then c.on4-i.defL i..t an exok-i.nati..on to ,s-i.mplq aóóefLt that peJz.4onali..tq c.hange -i.4 ••• a bec.oming awa.fLe".

CAP!TULO IV: ""EXPERIENCTACÃO""; TERCEIRA "FASE DA TE"ORIA

"CENTRADA NA PESSOA

57.

"A pa.tavJta. - pJti.nc1pi..o EU-Tu nun.dame.m:a o mundo da.1Le1.a.Ç-a.O". (Bube.IL, }977:6J.

A fase atual da teoria Rogeriana é denominada de

"Experienciação,,(l) e tem como principal publ~cação o livro

Tornar-se Pessoal (Rogers, C. 1961).

Nesta etapa o autor sofre acentuada influência do

psicólogo e colaborador vienense Eugene Gendlin, no que se re

fere à Teoria da "Experienciação". Auxiliado pe los conceitos

teóricos desse autor começa a pensar a terapia como um proce~

so,·que se passa num movimento continuo, de menor à maior fIe

xibilidade.

Dois pontos sao considerados marcos importantes ne~

te período da teoria rogeriana. O primeiro refere-se às atitu

des terapeuticas, nas quais se destaca a necessidade de maior

pessoalidade do terapeuta, do que havia na etapa anterior. O

outro ponto aborda a nova conceituação teórica, "experiencia­

ção", que acarreta também reformulações tanto no plano teóri­

co quanto no prático.

(l)Ro~e.mbe.lLg (19771 tlLaduz e.~te. conce.ito como viv~ncia, La Pue.nte. (19701 e. Gondh4 (1975) não o tlLaduze.m e.mplLe.gando c plLôplLio vocabulo e.m ingl~~ "e.xpe.IL-<:e.nc-<:ng" , nô~ plLe.6~lLimo~ tlLaduzi-lo clLiando o te.lLmo "e.x.pe.lLie.nciaç-a.o". (Ve.1L ~e.~~iio I de.~te. cap1.tulo).

58.

1. O CONCEITO DE ·'tEXPERIENCIACÃO" ,

Gendlin (1970) explica o termo "experiencia

ção" , divindo-o nos seguintes aspectos:

a) a experiência é considerada como um processo e-

xistencial que ocorre com o ser humano. Seria um fluxo de sen

timentos que acompruiliam constantemente o indivíduo.

Neste contexto a experiencia é vivida na sua dimen

sao sentida a qual é pré-lógica. Ou seja, pertence a uma or -

dem distinta da lógica, mas não se opõe à mesma. ~ fonte de

significados, os quais surgem da interação entre processo sim

bólico e experienciação.

b)"p~oce~~o do conc~e~o, ~en~imen~o~ co~po~almen~e

~en~ido~, o~ quai~ con~~i~uem a ma~ê~ia b~~ica do~ nenâmeno~

p~icol5gico~ ·e da pe~~onalidade". (I)

Gendlin acredita que a personalidade é formada ba-

sicamente por um fluxo de sensações sentidas corporalmente.

Esta dimensão experiencial acha-se constantemente

presente na existencia do indivíduo. A "experienciação" inte­

rage com objetos, ações e palavras, permitindo assim que o in

divíduo reaja ao meio ambiente.

( 1 ) " i4 ~ne· p~oce~~ on conc~e~e, bodily neeling~ which con~~i~u~e~ ~he ba~ic ma~~e~ on p8ycnological and pe~~ona.li~y phenomena" lHa~~ Toml.tn~on, 1970:1381.

59.

Os significados sentidos (ó elt meaning) se encon -

tram na "experienciação", e Gendlin os denomina de implícitos,

(implicitl, os quais são incompletos, inacabados. O autor po~

sibilita-nos melhor entender este aspecto pela comparação que

faz com o processo orgânico:

Ante.6 da .6imb oli za~ão, 0.6 .6 igni óicado.6 ".6 entido.6" .6ão incompleto.6. Sao anãlogo.6, digamo.6, ao movi -mento mU.6culaJt no e.6tâmago que pO.6.6a chamaJt "óome". E.6ta .6en.6ação, ceJttamente, .6igniáica alguma COk -.6a .6obJte co~eJt, ma.6 não "contem" comeJt. PaJta .6eJt ainda mai.6 gJtãóico, o .6entimento de nome nã.o ê um comeJt Jtepltimido. (1) (HaJtt -Tomlin.6oij, 1970: 140).

Os significados imp1icitos quando interagem com

simbolos(2) tornam-se exp1íciios (explicit). O autor conside­

ra haver urna interação (inteJtactionJ entre significados imp1i

citos e explícitos mas não urna equação, isto porque o nível

implícito contém muito mais significados que o nível explíci-

to. A explicitação não esgota a dimensão imp1icita.

"Experienciação" é um construto fenomenológico e

existencial, pois faz referencia ao processo de sentimento hu

mano. Devido ao seu carater pré-logico é dificil encontrar -

se urna definição precisa para ele.

(1) .. "BeóoJte .6ymboliza.tion, the "óelt" meaning.6 aJte incomplete. They aJte analogou.6, let i.6 .6ay, to the mU.6cle movement ~n my .6tomach which 1 can call "hungeJt". Thi.6 .6en.6ation ceJttainly "mean.6" .6omething about eating, but it doe.6 not "contain" eating. To be even mOJte gJtaphie, the 6eeling 06 hungeJt i.6 not a JtepJte.6.6ed eating".

(2)Simbolo.6 aqui .6ão con.6ideJtado.6 como: palavJta.6, .6ituaçõe.6 coi~a.6, acontecimento.6, compoJttamento, inteJtaçõe.6 inteJtpe~­.6 o a~~, et c •

~ -. --_.~---~ .. _"-- --- ~ ---

60.

2. REFORMULAÇÃO NO CONCEITO DE CONGRUENCIA

A Teoria Rogeriana (2a. fase) acredita ser a con -

gruência a equação entre o que ê simbolizado na consciência e

aquilo que ê experienciado visceralmente. Sendo a incongruen-

cia a divergencia entre estas duas dimensões.

Gendlin, entretanto, começa a questionar estas a-

firmações e pensa que, por definição, torna-se impossivel me-

dir o grau de congruência do organismo, pois as experiencias

nao simbolizadas sao inacessiveis ao estudo empírico.

Rogers acredita que a experiencia pode ser simbo-

lizada na consciência, exatam~nte como ocorre a nível visce -

ral, quando nenhum processo defensivo atua neste caminho. Sua . .

postulação de congruencia equivale a pensar na existencia

de um super sistema no interior do organismo, o qual selecio­

na as experiências que serão acessíveis ã consciência.

Gêndlin critica o conceito Rogeriano de Subcepção,

(ver capitulo anterior) e afirma:

A ~ubeepção ~u~e~ta o p~oblema do eonhee~mento ~n­eon~eiente que anteeede e dupl~ea o eon~e~ente.Cog n~çõe~ altamente ~~~~ene~ada~ a nIvel ~neon~ eiente pa~eeem ~elee~ona~ o que depo~~ pode~i pe~eebe~-~e a n~vel eon~e~enteo Pa~eee eomo ~e, ante~ da pe~ -eepção e da d~6e~ene~ação (i~to é, ante~ de eonhe­ee~J, no~~a~ p~õp~~a~ ob~e~va~õe~ 60~~em een~u~a­da~ e ~eiee~onada~ po~ um homuneulo que, no~ ba~t~ do~e~, também eonheee, ~endo o p~~me~~o a 6azê-io­e, 6~equentemente eom ma~o~ ~e6~namento ~ntelee -tual que po~~u~ a pe~~oa eon~e~ente. (Gendl~n, 1962:53) (11

(1) "Subeeption Jt.iLÚ,~ the p~obiem 06 unawMe eogMtion p~eeecUng and dupUea-Üng awcvr.e eog~on. H~ghiy ~66~entiated eogMtioM on an

~ -.. _._-------. ----~ ---

61 .

Gendlin, ao pen$ar que a experiência explícita nao

se reduz a'implícita, por serem de natureza diferentes, modifi

ca a formulação do conceito de congruência. Este, passa a refe

rir-se ao modo' do indivIduo "experienciar" a si mesmo.

Gondra comenta a reformulação do conceito, dizendo:

A con~~u~ncia se inte~~~eta ago~a como con4ci~ncia plena da "ex.pe~ienc..iaçã.o", c.omo um mo do no voe maL~ pie no de vivenc..iaJt a 4;; mesmo. Nã.o 4 e t~ata de uma' con4ciênc.ia meJtamente ;;ntelec.tual do 4entimento,ma~ de algo muito mais subjetivo e vivencial. TJtata-4e de um 4entiJt pJt06undo, pleno, o pJtõp~io pJtOc.e44o de expe~iênc.ias do momento. CGod~a, 1 9 7 O: 2811 • (7 I

Gendlin insiste na maneira experiencial, (manne~ 06

expe~ienc.ingl, e deste modo entende a congruência como uma au-

to-consciência plena da "experienciação". No "modo de experieg

ciar" encontram-se todos os significados implicitos do proces­

so vivencial.

A pessoa congruente seria aquela que forma seus valo

res pela interação constante com a "experienciação" .

••• WtaWalLe leve! stem to .se!ect what ma.y then (l1gainl be peJtCuved on an awaJLe levei. 16 tfú.5 ,Új .60,' tfien theJte L6 a dupUcation 06 di66eJtenilation . dnd peJtcept,ton. It c.oald seem that be60~e one pvz.cuvu and di66eJte.nüa..tu (tha.t i.6, cogn..[zul, one' .6 06.6eJtvationê Me censoJted and .6eiected by a u.tt1..ema.n in the mac.hineJty wfio a1..6o cognizu, and dou .60 61Mt, and 06ten wU;h mOJte inteUectuaf.. ~e6iniment than the COnêUOU.6 peJL60n p0.6.6e64U".

(11"LI1 cong~uenc.i4 se inte~p~et4 4&0~a c.omo c.oncienci4·piena del "expe~ienc.-Lng", eé deci~, como nuevo tj mã.6 pleno modo de vivenciase a si mi4mo. No set~ata de uma conciencia me Jtamente intelectual dei sentimento, .6ino de algo muc.ho mã4 éu6jetivo tj vivencial. Se t~ata de um éenti~ p~o6undo, con cJteto, pleno, el pJtopJt.-LO pJtocesso de expeJtienci4.6 del mo-­mento" •

62.

Rogers em vários momentos reconhece as contribui -

çoes de Gendlin, como ele nos diz numa entrevista que concede

ao psicólogo Joseph Hart:

... ~~to t~ouxe alguma~ mudanç~ no modo de t~ab~ lha~, e ex~~tem ce~tamente ~novaçõe~ na te~ap~a t~a1~da~ po~ pe~~oa~ como G(!.Y7dlúl., você e out~o~" ( H a~t, T o ml~n~ 011, 197 O : 5 1 8) • I 7)

3. A TEORIA DA MUDANCA DA PERSONALIDADE ,

Esta teoria parte do conceito de "experienciação",

e mostra corno se desenvolve este conceito e quais as modalida

des de interação que podemos ter com ele.

Gendlin acredita que a personalidade está sempre

se modificando. Parte da experienciação e de conceitos consi­

derados, por ele, como explanatórios (os quais aplica ao pro-

cesso experiencial) para explicar a mudança.

Para este autor a ocorrrencia de modificações im -

portantes na personalidade se dã, quando:

a) o processo de sentimento, que ocorre com os

indivíduos, é intenso;

b) o indivíduo situa-se no contexto de um relacio-

namento pessoal.

(1) ••• " that b~ought about qu~te a 6ew change~ ~n mode 06 wâ~~~ng, and the~e ce~ta~nly we~e ~nnovat~on~ ~nthe~apy by people l~~e Gendl~n and you and othe~~".

6.3.

Gendlin define a "experienciaçã,o" como o " processo

que 6corre corporalmente. "E uma ma88a ape~eeptiva a qual n6~

podemo~ aponta~ ~nte~namente" (Gendlin, 1962:271(1)

O dado sentido C6elt datumJ internamente pode ser

referido diretamente, quando i?to ocorre, o autor o denomina

de referente direto (di.Jteet ~en e~ent r .

Em qualque~ momento que de~eje, algu~m pode Jte­ne~i~-~e diJtetamente a um dado ~entido inte~na -mente. Chama "Jte6eJtente diÍteto" o modo de ~eJt di Jtetamente ~e6eJtido de~ta expeJtiine~a. [Ha~t -T omlin~ o n, 1 q 7 a: 138 I ( 2 )

Existem ainda outros modos de experienciar, visto

que situações, ações e eventos podem interagir com o fluxo de

sentimentos internamente sentido • Mas sempre que há uma aten

ção reflexiva chamamos este modo experiencial de referencia di

o referente direto possui significados os quais cha

mamos de significados sentidos. A maior parte do que pensamos,

o fazemos por significados sentidos. Os simoolos verbais, lo­

go explicitos, são empregados somente para pequena par~e do

nosso pensamento.

(l)"lt iti .th~ 6elt appe~eep.tive mati8 to ,whieh. we ean inwa~dly poin.t". (Gendlin 1 q 62 i 2 7I

(2)"~t any momen.t fie witihe8, one edn lLenelL dilLee.tly to an inwalLdly 6elt datum. ExpelLieneirig, in the mode 06 b~in'g dilLeetllj lLe6eILJted 601L in th-ts- Wdlj, r ,telLm .the "dilLeet lLe6 elLent" •

64.

P04 exempio, quando pen~4mo4 ~ob4e um p4obiema, devemo4 pen~a4 ~ob~e um óom núme~o de·cOn~~de4a ç.oes coniuntas. Na.o podemo~ p~oce.de~ a~~,,(:m ve4~ ôalmente. Ve óato, nã.o pod~'amo,s' pensa.~ ~064e o ~.i:gn,tó~cado desta.6' con.6'ide!r.aç.oe-5' de modo a,lgum ~e t~ve.6,-5'emo.6 de ói.c.a!r. !r.evendo 0-5' .6Zmboio.6 ve~­bais ~epetidamente. Contudo, pa!r.a pensa!r. o p~o­blema, devemo-5' U-5'a!r. 0.6 si'gn.i:ó.i:cado.6 '.6'entido.6 devemo-5' pen-5'a!r. c.omo "i.-5'to" [que vetr.bal.I.zamo.6 p4e v..iamenter -5'e !r.eóltc..ionlt a "aquilo" [que também -ve!r.6ai..izamo.6 p~evia.ment~r. Patr.a pen-5'a~ "..i.6to" e "aqui:lo", emp!r.egamos seus s~'gnió~cado.6,6'en:t.~do.6. (Ha!r.t, TomLinsOn, Ig7(Ji 139}. (1) ,

Consciência para Gendlin abarcar tanto os signific~

dos implícitos quanto os explifíctos. "Q.ualque!r. co..i~a denom..i­

nada -<.)npl-éc..i:to é sen.t...i.da na con~'c.;[:ência". CHa4t, TO'1nl..in.6on ,

Quando o "funcionamento" da pessoa se dã de uma ma­

neira plena, a consciencia ê um reflexo da "experíenciação".

Rogers concorda com Gendlin ao afirma:

Na pe-5's'aa que está. óunc.ionando bem, a con~c..iên­c.ia tende lt se!r. aigo 4eóiex~,,0, ao ..invés de um penet4a.nte ponto ilum~nado de atenç.a.o óocai..i.za­da. Talvez seja ma.i:.6 exato d..i.'ze4 que em tai pessoa a c.on.6c.~ênc.ia é simplesmente um 4eóiexo de algo do óluxo- do o!r.ganismo, naquele exato mo menta. Somente qu.ando o óuncionamento e. ..in:t.e4 -:­~ompido s1l4ge uma pe!r.cepç.ã.o nigo~o~a.mente au:t.o­c.on!i'c...iente. CRogeJr.s, C. lq77:231[

(1) ~F04 exa.mple, wh.en (tTe tMnk. about a p4obiem, we mU.6t tli-trr.k aéout qu~te a rr.um6e!r. 06 corr.si;de4at.i.orr.~ toge.the!r.. ore carr.not do so ve~b alI!!. Tn 6act!i' w'e couid not th..ink. about the meanirr.g 06 tnese c.orr.sidvr.atiorr.s at ail ..i6 we had to keep ~ev~eW'.i.rr.g tne. ve4ó'ltl s'qmbols ove4 arr.d ove!r.. ore maq 4e viow tliem ve!r.óallq. howev e!r., to .tliirr.k. -u.po rr. the p!r.oólem we must use the 6elt mearr...irr.gs - we must think. -o 6 ".t.h..i.s" (wli.i.c.Ji p~ev.i:ouslt( veIL6ai..i.'zed[ 4eiate~ to. "that" (orh..i.ch we also, pJr.eviou~lCf' ve~6ali'zedr. To.t.h.irr.k "th..i.~" drr.d "that", we employ theilL 6elt mearr.irr.gs";

6 S.

Como verifica-se, os significados implicitos sao

incompletos só ã medida que eles interagem com simbolos, even

tos, etc. ~ que eles se completam e neste sentido diz-se que

explicitar é levar adiante(~ahhy 60hwahdJ um processo sentido

corporalmente.

No' processo de "experienciação" Gendlin distinguem

duas espécies de dados, os primeiros são aqueles que cncon-

tram-se em processo, em constante mudança, e os outros os que

estão congelados, Cóhozen whole~J ou seja não se processam

Neste caso a experiencia está ligada ã forma e nao funciona

implicitamente. Quando esta experiencia começa a processar-se,

diz-se que houve uma reconstituição (he~on~~itutingJ do pro -

cesso. O indivíduo que recorre ã uma psicoterapia possui rnui-

tos aspectos do processo presos ã estrutura. Ou seja, a rnanei

ra que ele· está se contact'ando não promove mudança .

•.• a expehien~iação na~ ~otalidade~ ~ongetada~ não óun~iona em intehação ~om o~ detaihe~ phe~en te~, a e~thutuha não ê modi6i~ada pelo phe~ente~ VaI pehmane~eh a me~ma, hepetih-~e em muita6 6i­~uaçõe6 6em nun~a mudah. Enquanto a maneiha de expeh~en~iah pehmane~eh ligada a e6thutuha, a6 phõph~a6 .e6thutuha6 não 6ão modi6i~âvei6 pela6(1) 0~Ohhen~.<..a6 phe6ente6. (Haht; Toml.<..n6on, 1970:154)

o autor nao aponta nenhuma explicação sobre os fa-

tores ou circunstancias, que favorecem o congelamento de deter

minados aspectos do processo.

A outra modalidade processual é aquela em que a "ex

perienciação" esta sempre em andamento, (on goinglfunciona i!!!

. (1 ),'. •• exp~enúng doM no~ óundion in ~ehawon wUh phMent detcú.t6, ~e .6~&uhe i6 not mocü.Med by the phMent. Hen~e, U hemain.6 the 6ame, U hepeat..6 ilie1.ó in many 6Uualion6 wiliout eVeh ~hanging. So iong M the manneh 06 exp~enúng hemain6 6~dUhe bound, the .6~UUhe them ~ei.VM .ahe no~ mocü.6-i.a.ble by phMent a~CWLen~M".

r

plicitamente. Neste caso a interação com o aspecto conceitual

permite a explicitação do significado sentido'. Aqui diz-se que

o processo experiencial foi Tev'ado'a'diante.

Gendlin denomina de Focalização C6oeu&ingJ ao np~o_

ee.6.60 que ~e.6uita, quando o -i:ndiv1.duo atende ao ~e6e~ente, d-l~e

to do expe~-i:ene-la~n. (1J A focalização implica uma atenção re-

flexiva e tem quatro fases. A psicoterapia se passa fundamen -

talmente dentro desta modalidade. As fases que a compõe são:

1) Referencia direta em Psicoterapia (d-l~eet ~e6e~enee -ln'

p.6yehothe~apy.

~ quando existe uma focalização a um referente sen­

tido. Estudo com psicogalvanometro mostra que à medida que o

referente sentido é focalizado, há um alivio de tensão no orga

nismo.

2) - Desdobramento lun60idingl

Atguma.6 veze.6', ao noeat.tzaJt um ~e6eJtente dhtetamente .6enti.do, há. um p~oee.6.6o gJtaduat, pa.6'.6'O a pa&&o, de vi~ a eonheee~ expliet~ta.mente o que e. (HaJtt , Tomt..én.6on, 1970: 1141. 21

o processo de desdobramento, pode ocorrer de manei-

ra intensamente vivida, ou de modo suave quase que impercepti-

velo

(7 In p~oee&.6 whi.en en.6'ue.6' when the indi.vidual attend.6 to the

de~eet ~e6eJtent 06 expe~ieneing". (Ha~t, Tomtin.6'on, 1970:1411.

C21nSometime.6', in 60eu.6.tng on a d.tILeetty 6ett ~e6eILent, the~e i8 a gILaduat 8tep-6Y-8tep p~Oee.64 06 eoming know expli.ei.ty wnat it .t.6 n • '

6 r; •

3) - Aplicação Global (Global appl~ca~~onL

Neste momento o individuo passa espontaneamente afazer

uma série de associações.

Gendlín distingue a aplicação global da modalidade

de resolver problemas. Ele a situa no, plano do melhor compre­

ensao.

4) - Movimento do referente CRene~ent movement[

Como consequencia do processo de focalização o ref~

rente modifica-se, esta mudança é chamada movimento do refe -

rente. Após esta etapa recomeça-se 'â fase um do processo.

A direção que as novas focalizações terão

do referente modificado.

depende

o processo de focalização pode ou nao seguir a or­

dem aqui apresentada. E podem não OCOTreT algumas etapas pr~

cessuais, entretanto, sempre está presente a referência 'dire­

ta e o movimento do referente.

4. AS ATITUDES na TERAPEUTA

Rogers. nesta etapa. continua enfatizando as me s,mas

atitudes que sublinhava no período anterior. Mas recebendo as

68.

contribuições da teoria da "experienciação" passa a salientar

a necessidade do processo experiencial ser focalizado.

Referindo-se a empatia comenta:

S~gn~6~ca 6~equentemente aval~a~ com ele/ela a p~e c~~ão do que ~ent~mo~ e no~ guia~mo~ pela~ ~e~po~~ ta~ obtidas. Pa~~amo~ a ~e~ um companhe~~o con6~an te des~a pe~~oa em ~eu mundo ~nte~~o~. Mo~t~ando õ2> po~~Zve~~ s~gn~6~cados p~esentes no 6luxo de ~ua~ v~venc~as, ajudamos a pe~&oa a 60cal~za~ e&ta moda l~dade ut~l de ponto de ~e6e~~ncla,a v~venc~a~ oi h~gn~6~cado~ de bo~ma ma~s plena e p~og~ed~~ ne~ta v~vênc~a. (Roge~~, C., 1977: 73J, [o g~~6o e. no~~ol.

Nota-se pelo trecho citado que, o autor, através

da qua~idade empâtica, focalizará sua atenção no fluxo de vi-

vencias, que ocorrem no individuo. O que significa considera-

ção ao processo experiencial.

Em 'outra passagem refere-se ao conceito de "experi

enciação" dizendo:

000 du~ante todo o tempo ~e ve~6~ca no 0~gan~4mo hijmano um 6luxo de v~vênc~a ao qual o ~nd~vZduo po de se volta~ ~epet~da6 vezes, u6ando-o como pont~ de ~e6e~enc~a pa~a de6c06~~~ o &~9n~n~cado de ~ua eX~6tenc~a. (R0ge~6, C. 1977:12[

Aqui, além de serem ressaltados as qualidades ne­

cessarias e suficientes, também é igualmente sublinhada a.ma­

neira como se deve exercitá-la ou seja, através da focaliza -

ção. A qual passa a constituir-se no instrumento primordial do

terapeuta. Pode-se dizer que esta. refere- se a modalidade "têE,

nica" , enquanto as condições de empatia, aceitação positiva

incondicional e congruencia, abordam a vertente relacional. A

atitude terapeutíca seria a complementação de ambas as modali

dades.

,- - .- - -. - --_.- _ .... -_. · .. -

69.

A "experienciação" tem natureza interativa, uma re-

lação direta com o outro, não sendo portanto pura subjetividade

sem objeto. Gendlin considera terapêutico a relação que promove

progresso na "experienciação" do sujeito. Esses avanços favore­

cem que hajam mudanças nos conteúdos da personalidade.

Gondra reforça a necessidade da interação mostrand~

A~ ~~tuaçõe~, palav~~, e açõe~ de out~a pe~~oa ~n­te~atuam c.om o "expe~~enc.ing" e o óazem p~o9~ed~~ . E c.omo a en6e~m~dade p~lquic.a vem a be~ um e~tanc.a­mento ou c.ongelamento do "ex.pe~.-i.enc.~ng", entã.o a ação de out~a pebboa ê nec.e~~ã~~o pa~a ~upe~a~ e~ta pa~ada e óaze~ p~og~edi~ a v~da pb~qu.-i.c.a do ~uje~to. (Go_nd~a, 1975:277).

2 principalmente, no momento em que o processo esta

estancado que faz-se necessário a intervenção terapêutica. Con­

vém perguntar se somente um terapêuta poderia auxiliar neste pro

pósito. Rogers pensa que qualquer relação pode ter característi

cas terapêuticas. Gendlin em seu mais recente livro nos diz:

o te~apeuta não ê nec.e5bã~~o na 6oc.al~zaçã.o. Voc.ê pode at~ng.-i.~ Ob ~ebultadob da 60c.al~zação po~ vo­c.ê, ou c.om um am~90 que b~6~ c.omo e quando 6~c.a~ qu~eto. lGendl~n, 1q78:11fl21-

( 1 J "La..6 4.-i.tuac.~one~, pala6~a.5, fj ac.c..io ne-5 de ot~a peM o ne i.nte­~ac.tú.an c.on el "ex.pe~enc..in9" fj lo ha.c.en p~og~e~a~. Y c.omo la en6e~medad pblqu~c.a viene a .5e~ un e4tanc.am~ento o c.on -gelaúõ n dei "ex.pe~enc..-i.ng", ento nc.e~ la ac.c.~õ n de ot~a peMona e5 nec.e5a~~a ~a~a .5upe~a~ e~ta detenc..-i.õn fj hac.e~ plLog~e55a~ la v~da p51qu~c.a dei 5ujeto" ..

(21 "A the~apLtd ~~ not nec.e5~ a~y ~n 60 c.u5~ng. Bfj you~ ~ el6, OlL w.i.th a 6~end who knOW5 how and when to keep quiet, fjou c.an ac.h.ieve 60c.u5ing ~e5ult5'''.

-- _. -+ ----. -~ - -_.

70 •

Isto nao significa que o autor esteja excluindo o

terapeuta do processo de focalização, o que ele esta fazendo

ê ampliando a perspectiva terapeutica do domínio exclusivo des

te profissional.

Gendlin define a focalização como "o p~oce~~o no

qual você ent~a em contato de uma manei~a e~pecial com a con~ " ("1 J

ciencia inte~na do co~po". [Gendlin, 1 9 78: 11 I." Este proce~

so é sempre iniciado pela referencia direta. ~ através desta

modal idade que o terapeuta 'Ia tua" no proces so experiencial do

cliente. Os demais movimentos que' compõe a focalização, desdo

bramento, aplicação global, mudança do referente, sao modali­

dades que o terapeuta "acompanha" no cliente, mas ele não in­

terfere diretamente.

Gendlin atribui mais importancia que Rogers, ao

aspecto da intervenção do terapeuta em sua relação com o cli-

ente.

A~s.[m a mudança da pe~~onalidade em nõ~, não e o ~e~ultado de no~~a pe~cepção da~ atitude~ ou e~­timativo~ po~itivo~ do out~o pa~a cono~co. t ce~ to que atitude~ de ~ejeição não ajudam a 6aze~ a vança~ no.6~ o~ .6igni6icado~ .6 entido~. Ma~ i~to nãõ ê devido a valo~ização negativa como tal, ma~ ao 6ato que a ~ejeição ~imple~mente igno~a o~ ~igni 6icado~ implicito.6 em meu~ ~ entimento~. . .. O que dete~mina~â o p~oce~~o de mudança não .6ão e~ta.6 pe~cepç5e~, ma.6 o tipo de p~oce~.6o que na ~eal~­dade e~ta oco~~endo. lHa~t, Tomlin~on, 1970:160) .l2)

{7 J " ••• p~oce.6.6 in which you make contact w.[th a ~pec.i.al kind 06 inte~nal bodily awa~ene~.6.

(2 ) "Thu~, pe~~onal.i.ty change in U.6 i.6 nota a ~e.6ult 06 ou~ pe~ceving anothe~'.6 pO.6itive appa~ai.6al.6 06 U.6 o~ attitude.6 towa~d u~. It ~ :tJw.e that ~ejecti.ng a..ttULLde~ towMd /J.6 Me unUkely to c.aNuJ 60!tWaJr.d o~ imp.U.eU meaning.6 ••• Not thuepe!l.cepUoM, but :the mann~ 06J?'WCU.6wh1.ch .i..6 aC:tu.ttU!(o.c.cuJt.1l.i.ng wm dit~i.n.e whe:th~ peMot1iiUty díângu ~uült6. ._

71, •

Esta terceira fase da teoria rogeriana é" ainda mar

cada por maior ênfase nos aspectos pessoais do terapeuta. Ro-

gers (1961) ressalta constantemente que o terapeuta deve ser

ele mesmo na relação com o cliente, querendo com isto salien­

tar o aspecto da congruenci~ e, consequentemente, da esponta­

neidade. Refere-se, também, a congruencia empregando os ter -

mos autenticidade, genuinidade e transparencia.

Pensa na autenticidade do terapeuta como auxilian­

do a tornar a terapia eficiente. "Não ~omen~e ~enho ace~~o M~

meu~ ~en~imen~o~ e expe~iencia~, ma~ ~ou capaz de vive~ e ~e~

e.6te~ ~en~imen~o~ no ~elaciona.men~o". (Bu~~on, A.:Z05).

Muitas vezes expressa ao cliente os seus sentimen­

~os pessoais, quando estes são pertinentes à relação terapeu-

tica.

A-expressão de sentimentos do terapeuta, além de

ser um fator de incremento da relação, funciona também como

aprendizado para o cliente. "Meu cliente ago~a p~ovavelmen~e

pode 6ala~ de modo ma~.6 adequado po~que ou~ei 4e~ ve~dadei~o

c.om ele". (Bu~~on, R. 1978.2061.

Concluindo, Rogers fala sobre a congruencia:

Se~ genuZno ê ~e~ eu-me.6mo, .6e~ quem eu ~ou, no ~! lac.ionamen~o, ~em ma~ca~a.6, e compa~~ilha~ c.om a out~a pe~~oa minha.6 pe~c.epçõe.6 ~en~ida~, ~e~ponden do ao.6 meu~ p~ôp~io.6 p~oce.6.6o.6 de expe~imen~ação pa~a mante~ em 6oco a p~oc.u~a de um .6~gni6ic.ado~en t.i..do po~ meu c.l.i..ente. (Bu~ton, R., 1978:2081. -

-- - - -------- -_._-~_ .. _----- ------ -. __ .-

72.

5. O PROCESSO TERAPEUTICO

Rogers (1961) vai pesquisar como ocorrem as modifi­

caçoes na personalidade. A mudança será pensada como fazendo

parte de um processo contínuo.e nao como uma entidade. Irá es

tudar o movimento que ocorre no processo terapeutico, ou seja,

o que vai da rigidez para a fluidez, distinguindo sete fases.

Descrever-se-:-á brevemen te cada uma des sas fase s , coo

suas respectivas caracteristicas.

la. FASE

O cliente nao comunica sentimentos pessoais, sua co

municação centraliza-se basicamente sobre situações externas.

A relação pessoal é experimentada como perigosa.

Não há vontade de mudança.

Acentua-se aqui o processo descrito por Gendlin, co

mo preso ã estrutura.

g muito dificil que a terapia chegue a níveis satis

fatórios, visto que a mudança não é almejada. Geralmente, ne~

tes casos o cliente não procurou a terapia por si próprio.

73.

2a. FASE

o indivíduo ingressa neste período quando " e. c.a.

pa.z, dU4a.nte. a. p~me.i4a. 6~e. de. p04 ~~ p4Õp~O 6a.ze.n a. e.xpe.4iê~

c.ia. de. que. é. tota.lme.nte. a.c.e.ito" ••• " (Roge.~, C., 1961:115).

E difícil compreender o que Rogers quer dizer por

"totalmente aceito". As próprias características da la. fase im

possibilitam que o sujeito se sinta "totalmente aceito". Sabe -

se que uma das caracteristicas do processo preso é estrutura -e

de nao interagir com os detalhes presentes na relação. Quando

este modo de "experiênciar" tem prepoderância sobre o movimento

experiencial, o indivíduo poderá sentir-se "completamente acei-

to"?

As caracteristicas deste período sao:

a) - o indivíduo passa a fazer alguma referência a tópicos pes-

soais;

b) - os problemas mencionados, continuam. a ser entendidos sem

nenhuma relação com o sujeito. Não há, tampouco, tomada de

responsabilidade pelos mesmos;

c) - a experiência se organiza segundo aspec~os ligados ao pas­

sado, logo as construções pessoais são rígidas.

. --

74.

3a. FASE

Passa a haver maior expressa0 simb6lica. O indivi -

duo começa a referir-se a si próprio como se fosse um objeto.

o sujeito passa a exprimir sentimentos e

passadas. A aceitação dos sentimentos é pequena.

opiniões

Começa a haver pequeno reconhecimento 'das incoeren-

cias.

Para Rogers , a maioria dos clientes encontra- se

nesta fase quando busca auxílio psicoterapeutico.

4a. FASE

O marco desta fase é uma maior fluencia dos senti -

mentos. Os sentimentos não atuais são descritos com bastante

clareza.

Alguns sentimentos começam a ser comunicados no pre­

sente. Mas este movimento ê acompanhado de grande desconfiança

e pouca aceitação. Uma parte da experiencia passa a ser deter-" minada pelos sentimentos presentes.

Surge a necessidade de que a simbolização dos senti

mentos se faça de maneira precisa.

--- , . ~-.-._.- ----- -- ---'-~"--'

75.

5a. FASE

Há uma expressa0 livre dos sentimentos, da manei-

ra como eles são experienciados no presente. Estes momentos

são também acompanhados de sentimentos de insegurança.

Apesar do receio que acompanha o experienciar pl~

namente os sentimentos, surge uma vontade de vivenciá-los ca

da vez mais. Isto favorece que a experiência seja maleável ,

apesar de haver, como mostra Rogers, "um pe.queno -i..nteltva.lo e.!!;

tlte o a.c.ontec.-i..mento "oltga.n-i...6mo" e .6 u.a. plena. v-i..vênc.-i..a. .6 u.b j et:f -

va." (Rogelt.6, C., 1961:123)..

o cliente começa a fazer apêlos sempre constantes

à referência direta, objetivando tornar mais claros e dife -

renciados seus sentimentos.

Crescem o sentido da aceitação e da responsabili-

dade:

6a. FASE

Os sentimentos, cada vez menos, estão presos à es

trutura, podendo ser mais plenamente vivenciados.

Se na fase anterior havia ainda tlm pequeno lapso

entre a experiência organismica e a simboli zação, nes ta fase es

- ,-- ._-- --- ------"- . --_._---<_._--- ---------

76.

te lapso torna-se quase inexistente. Cada vez mais, o proces­

so orginico e os simbolos passam a interagir, o que significa

que, a experiencia do indivíduo torna-se mais rica.

A aceitação acompanha o processo de vivencias. Para

lelamente há uma descontração fisiológica.

7a. FASE

Caracteriza-se pelo ponto máximo de fluidez do pro-

cesso experiencial.

Os movimentos da fase anterior, no estagio atual

acham-se mais estabilizados.

A aceitação pessoal torna-se crescente e existe ain

. da um sentimento permanente de crença na evolução pessoal.

Os sentimentos sao vividos de maneira plena, em cons

tante interação com a modalidade orginica.

Referindo-se ao ego nesta fase Rogers diz:

o eu to~na-~e cada vez ma~~ a con~c~enc~a ~ubjet~va e ~e6lex~va da expe~~ênc~a. O eu ~u~ge cada vez me­no~ 6~equentemente como um objeto pe~cepc~onado e mu~to ma~~ 6~equentemente como alguma co~~ a cuj o p~o ce~~o ~e acompanha com con6~anç.a. (Roge~~, C., 1961: 134 J •

Rogers acredita que na conclusão da t~rapia, nao .. e

77.

necessário que o paciente percorra todas estes fases, pois ca

da indivíduo tem motivações diferentes. Para ele, estas fases

seguem uma hierarquia de ocorrencia.

Geralmente pode~se situar o comportamento global de

um sujeito dentro de uma determinada, fase.

É ~nve~o~~met que numa e~6e~a de ~ua ex~~t~ne~a o pae~ente man~6e~te uma 6~x~dez totat e numa out~a e~6e~a uma mob~t~dade ab~otuta. (Roge~~, C., 1961: 114) •

Rogers através deste estudo hipotetiza que se a te­

rapia tem sucesso o comportamento do indivíduo se expressa de

forma ascendente, logo a tendencia ã atualização do

estaria al~ançando níveis cada vez mais complexos.

6. A TENDENCIA Ã ATUALIZAÇÃO E O PROCESSO CRIATIVO

sujeito

Neste periodo Rogers detalha mais a tendencia de ba

se do organismo, considerando-a a motivação do processo cria­

tivo. A criatividade ê um esforço do organismo para se tornar

mais plenamente aquilo que ele ê.

Rogers correlaciona o conceito de abertura ã expe -

riencia com processo criador construtivo, ou seja socialmente

construtivo.

Para o autor a criatividade é pato15gica quando "o

.i.nd.i.v1.duo nega ã: .6ua eon.6e~ene~a. (ou ~eeated .6e .6e p~e6e~~~ e!

78.

te'teJLmoJ vMta ã.JteM da .6u.a expeJL,iên.c.,ia ••• ". '(RogeJL.6, C.,1961:

303 J •

Como se verifica Rogers, distingue duas formas de

criatividade, a construtiva e a patológica, ambas tem implica -

ções sociais, sendo que a primeira auxilia atitudes de sociali­

zação construtiva e, a segunda iquelas .consideradas negativas.

Nota-se, portanto que ao referir-se ao processo criador Rogers

esta 'enfocando a relação homem-ambiente.

A abertura i experiência favorece que esta seja ava

liada em termos flexiveis. O organismo por viver em constante

interação com o ambiente está continuamente se modificando. Es­

te processo de mudança é expressão da tendência ã realização.

No indivíduo criativo, a sua criação (os sub produ­

tos e produtos) é avaliada continuamente, i partir de si pró

prio, sendo o indivíduo é seu próprio centro de apreciação.

CONCLUSÃO

Uma p4~cote~ae~a deve 4e~ uma tentat~va ob4t~mada de dO~4 ~nd~v~du04, com v~4ta a ~econqu~4ta~, a­Vê4 da4 4 ua4 ~elaç.Õe4 mútua4, atotal.i..dade do e.6tado humano. (La.i..ng, 1972: 52) .

79.

A Teoria Centrada na 'pessoa tem um postulado finico

a Tendencia·à Atualização. Sobre este aspecto se ergue toda a

construção teorica.

As atitudes terapeuticas sofreram modificações a me-

dida que tamb~m se modificaram as ~aneiras de se conceber a

p~ssoa humana. na teoria em questão.

Na primeira fase da teoria. Rogers admitia que somen­

te alguns indivíduos poderiam se beneficiar desta psicoterapia,

ficando excluidos do tratamento grande numero de pessoas. O

que mostra uma desconfiança no poder de desenvolvimento de cer

tos homens. Nesta etapa uma s~rie de recomendações pautam o

comportamento do terapeuta. Existindo várias atitudes conside­

radas inadequadas, tais como dar conselhos, exprimir opiniões,

sentimentos, fazer perguntas e dar interpretações. Restava ao

terapeuta criar uma atmosfera de aceitação on~e o cliente fos-

se auxiliado a esclarecer-se sobre seus sentimentos. A nível

da personalidade do cliente esta atitude promovia o alcance de

"insight" e posteriormente, de ações positivas, que ocorriam

na relação do sujeito com o mundo.

As atitudes terapeuticas desta fase sao chamadas não

diretivas, nome que também, é denominado a própria fase .

••. 4ep4e~enta uma nea~ão cont4a e4~a cent4al~za~ão no~ pnoblema4 e d~a9nõ~t~co4, po~~ ba4 e~a-.ó e no ptin clp~o que,· no acon.óelhamento, o on~entando deve ~e~ encanado como· uma pe.ó~oa e não como um pnoblema. (S ch e 6 6 en, R., 1 964: 6 J ) •

80.

Cu mo pode-se apreender haviam procedimentos nao di­

retivos quando o sujeito já estava participando do processo te­

rapêutico. Mas na medida que escolhia-se o cliente, baseava- se

em critérios seletivos, portanto diretivos.

Esta fase parece surgir como forma contestatória a

alguns procedimentos terapêuticos empregados na epoca por ou­

tras abordagens, as quais Rogers denomina de Diretivas (ver ca-

pítulo 11 item 4).

Grande parte do que é definido, neste período, como

atitude nao diretiva refere-se àquelas modalidades de atuação

que deveriam ser excluídas da teoria em questão. Estas super-v~

lorizam o poder do terapêuta e enfatizam o lado factual do dis-

curso do cliente.

Convém destacar que uma teoria que, basicamente

preocupa-se em denotar condutas terapêuticas que não pertencem

a seu universo é limitada pela própria proposição. Sua compree~

são não se liberta do que ele pretende negar. A própria denomi-

nação da fase, Não-Diretiva, encerra esta questão.

A fase seguinte da obra rogeriana é chamada de Cen-

81.

trada no Cliente. Nessa época a tendência ã atualização sofre

modificações, também passa a ser melhor formulada. Infere-se

pelos escritos rDgerianos, que neste período o autor passa" a

acreditar mais nas potencialidades de crescimento dos indiví-

duos. Consequentemente, qualquer. cliente pode beneficiar-se do

processo terapêutico. As qualidades compreensivas, que Rogers

aludia no período anterior, passam a ser melhor explicadas. São

desmembradas, para efeito de maior"teorização, em três dimen

sões, aceitação positiva incondicional, congruência e empatia,

as quais denomina de "necessárias e'suficientes", e sao apresen

tadas não como técnicas, mas como atitudes.

A congruência é o conceito principal empregado por

Rogers para inferir o grau de "ajustamento" ou "desajustamento"

do indiv"íduo. O desenvolvimento do cliente, na terapia, vai a­

carretar uma mudança nesse conceito: no início o cliente recor-

re ã ajuda por se sentir ansioso, devido ao seu estado de inco~

gruência. Mas à medida que se aproxima da finalização do proce~

so terapêutico, existem menos distorções entre o que a pessoa

sente visceralmente e o que registra na estrutura egóica. Seu es

tado é mais congruente, portanto menos ansioso.

Na ultima etapa da abordagem, ou mais precisamente,

e etapa atual, surge o conceito gendeliano de "experiencing". A

compreensão deste termo permite entender a teoria rogeriana a

nível de seu carater experiêncial. Gendlin define a natureza fun

damental da "experienciação" como processo de mudança. O sig'ni­

ficado para Gendlin resulta da interação entre "experiencing" e

82 •

simbolos. O papel do terapeuta e ajudar no processo de constru­

çao desse significado.

Auxilia-se o cliente pelo processo de "focalização"

que é exercitado tendo como suporte as atitudes de base do tera

peuta (as mesmas do período anterior) .Gendlin, ao criar o con-

ceito de "experienciação", identifica-o como "lugar-interior "

ao qual o terapêuta deve estar continuamente atento. Desta me -

neira, pode "responder" ao cliente, ajudando-o e se "conectar"

ou se "reconectar consigo próprio".

Como pode-se concluir a atitude terapêutica sofre

várias reformulações. Sendo que estas se situam num contínuo de

men.or à maior espontane.idade. No início, o terapêuta tinha sua

liberdade muito controlada, não tanto pelo que devia fazer, mas

pelo que deveria ser evitado.

Na fase intermediária o papel do terapêuta torna-se

mais espontaneo. Destanciando-se da teorizações da etapa prece-

dente sobre o que não deve ser feito,' a teoria, neste momento,

vai enfocar como é a postura terapêutica. O "cumprimento" , as

condições necessárias e suficientes "exigem" do terapêuta uma

constante atenção à sua maneira de experiênci~r a relação com o

cliente e, ainda uma permanente observancia·à empatia.

A última fase é marcada pel~ expressa0 de maior con

gruência do terapêuta. Aqui seu papel é de permanente solicita-

çao a seu processo experiencial, na relação com o cliente. O

83.

instrumento que o ajuda, contiamente, a "referir-se diretamente

à experienciação do cliente" é sua própria vivência da relação.

A terapia ocorre num contínuo de colocações pessoais entre cli-

ente e terapeuta. A denominação de Terapia Centrada na Pessoa

que Rogers, recentemente começa a empregar aponta com clarezapa

ra o aspecto do Encontro Existencial.

Concluindo pode-se dizer que as reformulações teóri

cas da primeira para a segunda fase apresentam ruptura com al-

guns aspectos e continuidade com outros. Rompeu-se com as res -

trições feitas à tendência à Atualização, (la. fase) proclaman­

do-se sua extensão à qualquer pessoa C2a. fase). Rompe-se com a

explicação teórica sobre o que não é uma postura clínica desta

abordagem e come~a-se a enfocar o que é tal postura.

Começou-se na primeira fase a se apontar a importân

cia do cliente sentir-se compreendido e a 2a. etapa sistematiza

esta compreensão através de três modalidades (aceitação positi-

va incondicional, congruência e empatia).

Da 2a. para a 3a. fase nao se encontram rupturas.mas

explicações teóricas mais abrangentes. Continuam, a ser enfatiza

dos os aspectos teóricos que sustentam a fase anterior mas sao

anexados as contribuições da Teoria da Experienciação.

M.

BIBLIOGRAFIA

BUBER, M. Eu e tu. são Paulo; Ed. Cortez e Moraes, 1977.

BURTUN, A. Teorias operacionais de personalidade. Rio de Ja­

neiro, Ed. Imago, 1978.

DE La Puente, M. Car1 Rogers: de la psichotherapie à l'

Enseignement. Paris, EPSI. SA; 1970.

EVANS, R. Car1 Rogers: o hOMem e suas ideias. são Paulo, Ed.

Martins Fontes, 1979.

GENDLIN, E. Experiencing and the creation of meaning. New

York. The Free _Press of Glencoe, 1962.

Focusing. New York, Ed. Everest House, 1978.

GONDRA, J.M. La psicoterapia de Carl R. Rogers. Bilbao, La

Editorial Vizcaina, 1975.

HART, J. T. & TOMLINSON, M.T. New direction in c1ient centered

therapy. Boston, Ed. Houghton Miff1in Company, 1970

LAING, D.R. A psiquiatria em questão. Lisboa, Ed. Presença

1972.

MAY, R. A arte do aconselhamento psicológico. Petrópolis, Ed.

Vozes, 1976.

85.

~AGeS, M. Orientação não-diretiva em psicoterapia em psicolo­

gia social. são Paulo, Ed. Forense Universitirio, 1976.

ROGERS; C.R. Tornar-se pessoa. são Paulo, Ed. Martins Fontes,

1961.

Psicoterapia e consulta psicológica. são Paulo ,

Ed. Martins Fontes, 1974.

-------------- Terapia centrada no paciente. são Paulo, Ed. Mar

tins Fontes, 1974.

ROGERS, C.R. & KINGET, M. Psicoterapia e relações humanas. Mi

nas Gerais, Inter1ivros, 1975.

ROGERS, C.R. & ROSEMBERG, R. A pessoa como centro. São Paulo,

Edusp, 1977.

ROGERS, C.R. O tratamento clínico de criança-problema. São Pau

lo, Ed. Martins Fontes, 1979.

Sobre o poder pessoal. são Paulo, Ed. Martins Fon

tes, 1978.

The therapeutic relationship and its impact:

study of psychotherapy with schizophrenics. Winscoinsin

Ed. University of Winsconsin Press, 1967.

A

, .

SCHEEFFER, R. Aconselhamento psico15gico. Rio de Janeiro

,Ed. Fundo de Cultura, 1964 .

. '_.- -- --" ... _-­- -'~--- . - -----~------ - - -" -------_ ... _---. - - -- .

. - -". ---'-"-_ .. _--- " .. ----_.- -._.-. -.,_.

86. .

87.

A dissertação "As atitudes do terapeuta na teoria

centrada na pessoa" foi considerada O-t~s-i~~

Rio de Janeiro, \,. 6~~~h-O ~ V=rr,

~\~ \2-._~ ~~ ~~ Monique Rose Aimee Augras

Professor Orientador

Ruth Nobre Scheeffer Membro da Comissão Examinadora