Fungicida de Contato- Calda Bordalesa

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    Fungicidas: aspectos gerais

    Erlei Melo Reis 1, Andrea Camargo Reis Bresolin 21Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo – RS2Agrosservice – Assessoria e Consultoria Agrícola - Caxias do Sul – RS

    1. Introdução

    As plantas cultivadas constituem a principal fonte nutricional do homem, das pragas e dosfitopatógenos. Portanto, quanto maior for a população de uma espécie vegetal e maior for sua áreacultivada, maior é o risco de ocorrência de epidemias de doenças de plantas. A diversidade deespécies na população de plantas tem sido reduzida, para que, em seu lugar, seja cultivada umaúnica, produtora de alimentos, na maioria das vezes, exótica e em grande área. Isso contribui pararomper o equilíbrio ecológico existente, o de baixa intensidade de doenças de plantas. Quantomaior a área cultivada, maior a disponibilidade alimentar (substratro) e maior será o potencial deinóculo dos patógenos daquela cultura. Dependendo das práticas culturais e das condiçõesclimáticas poderão desencadear-se epidemias com reflexos negativos na produtividade.

    Portanto, torna-se necessário o uso de medidas rápidas, práticas e eficientes no controle dedoenças de plantas. Entre essas, enquadra-se o controle químico ou quimioterapia. Os fungicidas,porém, não se constituem na única medida de controle de doenças de plantas têm-se, ainda, omelhoramento genético, as práticas culturais, a rotação de culturas e o controle biológico, etc.

    O controle mais eficiente de doenças de plantas, duradouro e econômico é obtido pelo somatóriode medidas de controle disponíveis e nunca de uma prática isolada.

    Por conceito, controle integrado é o uso conjunto de todas as medidas disponíveis para o manejodas doenças numa cultura tendo-se a preocupação econômica. Por outro lado, manejo integradode doenças preconiza o uso de todas as medidas d e controle disponíveis tendo-se em mente apreocupação econômica e ecológica do tratamento.

    Os agroquímicos, entre eles os fungicidas, têm participado decisivamente na produção dealimentos, contudo, devido ao seu uso descontrolado, em larga escala, mas, principalmente, por falta de conhecimento e consciência de seu manejo adequado, têm se tornado uma preocupaçãoconstante à saúde humana.

    Entre os vários grupos de substâncias químicas utilizadas na agricultura encontram se osfungicidas que, como um grupo, não apresentam potencial de toxidade aguda tão sério quanto osinseticidas, mas, mesmo assim, devem ser corretamente utilizados.

    Os fungicidas apresentam um nome comum, ex. calda sulfocálcica, um nome técnico, ex.azoxistrobina, clorotalonil, e etc. e um nome químico, ex. oxicloreto de cobre,pentacloronitrobenzeno, tiofanato metílico e etc. Os nomes técnicos e químicos devem ser escritos em português em respeito a nossa língua.

    2. Conceitos

    Fungicidas são substâncias químicas, de origem natural ou sintética que, aplicadas às plantas,protegem-nas da penetração e/ou do posterior desenvolvimento de fungos patogênicos em seustecidos.

    Fungicida: do latim,fungus = fungo +caedo = matar (matador de fungo); substância química quemata fungos.

    A palavra fungicida pode sugerir que estes compostos químicos matam todos os tipos de fungoscom maior ou menor seletividade. Porém, isso não é verdade, pois ainda não se dispõem de umúnico fungicida que mate todos os fungos indistintamente de suas posições taxonômicas.

    Por outro lado, os antigos fungos da Classe Oomicetos, hoje pertencentes ao Reino Stramenopila,constituem um exemplo de microrganismos controlados por um grupo diferenciado de "fungicidas"os chamados "mildiocidas". Devido ao reposicionamento sistemático dos Oomicetos, não sendomais fungos, uma palavra deverá ser proposta para identificar o grupo de substâncias químicasusados no seu controle, diferente de fungicidas. Uma proposta poderia ser "oomicida", umasubstância química letal aos Oomicetos.

    Uma substância química para ser fungicida não necessita obrigatoriamente matar o fungo.

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    Algumas controlam doenças inibindo o crescimento miceliano ou a esporulação. São chamadas desubstâncias fungistáticas e antiesporulantes.

    Os bactericidas e os antibióticos com ação fungicida estão implicitamente incluídos no conceitode fungicida.

    O conceito de fungicidas tem sido ampliado com o advento de novas substâncias químicas quecontrolam doenças causadas por fungos, porém, não agem diretamente sobre o agente causal.Servem de exemplos os princípios ativos que aplicados às plantas ativam o sistema deautodefesa tais como, o acibenzolar metílico e o fosetil alumínio. Estas substâncias químicas nãoapresentam ação fungicida "in vitro" mas apenas "in vivo" por agirem como ativadores dosmecanismos de defesa das plantas.

    3 FungitoxicidadeNem todas as substâncias químicas são tóxicas aos fungos. A fungitoxicidade é a propriedadeque uma substância química apresente de ser tóxica aos fungos e estramenópilas emconcentração baixa. Para que uma determinada substância seja considerada fungicida, énecessário que satisfaça aos critérios propostos por Edgington & Klew (1971), os quais são: oscompostos químicos que apresentam DE50 < l mg/mL (l mg/mL = 1 ppm; uma parte por milhão;ou 1,0 mg/litro) são considerados altamente fungitóxicos; os com DE50 entre 1 e 50 mg/mL,moderadamente e os com DE50 > 50 mg/mL, não tóxicos.

    A DE50 (DE = dose efetiva) é a medida da toxicidade de uma substância química. A DE50 é aconcentração de uma substância capaz de inibir 50% do crescimento micelial ou da germinaçãode 50% dos esporos potencialmente viáveis. A DE50 é determinada "in vitro" sendo específica econstante para uma substância química para um determinado patógeno. A substância é fungicidaem concentração baixa. Um valor baixo da DE50 indica uma alta ação fungicida.

    Se a DE50 se alterar para maior, com o tempo de uso repetido de um fungicida num mesmo localvisando ao controle de um dado patógeno, pode indicar que esta ocorrendo seleção do fungo alvona direção da insensibilidade àquela substância química. Os mesmos mecanismos devariabilidade dos fitopatógenos em direção a virulência ou agressividade – quebra da resistênciagenética de plantas - pode levar a insensibilidade à fungicidas.

    Algumas considerações devem ser feitas em relação aos termos fungitoxicidade e sensibilidadede uma espécie de fungo a uma molécula fungicida. A fungitoxicidade é um atributo atrelado àmolécula e a sensibilidade relacionada à espécie do fungo. Portanto, o produto químico, por suascaracterísticas moleculares apresenta fungitoxicidade (é tóxico ao fungo, é fungicida e usado parao seu controle). Por outro, lado o fungo por suas características genéticas apresenta ou nãosensibilidade a uma dada molécula. Se o fungo for sensível ao fungicida, este apresentefungitoxicidade, caso contrário, é atóxico. Todos os fungos dentro do espectro de ação de umfungicida são considerados sensíveis. Se o fungicida não apresenta fungitoxicidade o fungo éconsiderado insensível e esse atributo depende das interações entre as características damolécula e da genética do fungo. Nem todos os fungos são sensíveis a todos os fungicidas(espectro de ação). Alguns fungos são sempre insensíveis a certas moléculas. Ex. Os fungos dafamília Dematiácea são insensíveis aos fungicidas benzimidazóis. Por outro lado, osbenzimidazóis não são fungitóxicos as Dematiáceas.

    Um fungo sensível a uma molécula, pode se tornar insensível, diz-se então que desenvolveu ouse tornou resistente.

    4. Classificação dos fungicidas – Uma nova abordagem

    Há várias maneiras de se classificar os fungicidas, por isso, à eles têm sido empregados váriosadjetivos: fungistático, antiesporulante (ou genestático), preventivo, protetor, de contato, curativo,erradicante, tópico, loco-sitêmico, de profundidade, mesostêmico, sistêmico etc. Emconseqüência a literatura dedicada a este tema é confusa.

    Os fungicidas podem ser classificados pelo menos sob cinco aspectos. Para facilitar acompreensão do tema apresenta-se, primeiramente, um esquema resumido do assunto.

    A presente classif icação cobre principalmente os fungicidas utilizados nos órgãos aéreos dasplantas. Logicamente que um dado fungicida pode ser classificado em um ou mais dos diferentesaspectos abordados.

    4.1 Quanto a mobilidade e/ou posicionamento na planta

    Os fungicidas podem ser classificados primeiramente em relação ao seu posicionamento naplanta; se permanecem em sua superfície após a deposição ou se podem ser absorvidos etranslocados pelo sistema condutor para locais distantes da deposição.

    4.1.1 Tópicos ou imóveis

    São os fungicidas que aplicados nos órgãos aéreos não são absorvidos e translocados,permanecem na superfície da planta no local (do grego topykos = lugar) onde foram depositados.São chamados, também, de não sistêmicos.

    4.1.2 Mesostêmicos

    Este termo foi criado para abrigar o novo grupo de fungicidas as estrobilurinas.

    Uma substância química é mesostêmica quando apresenta afinidade com a superfície foliar podendo ser absorvida pela camada de cera, formando um depósito na superfície do órgãosuscetível. Posteriormente, o produto pode ser redistribuído na superfície da planta por sua fasevapor. A substância mesostêmica penetra os tecidos apresentando atividade translaminar, porém,com translocação vascular (via xilema ou floema) mínima ou inexistente.

    O termo mesostêmico foi criado tendo como base a região de sua atuação o mesofilo foliar. Omesófilo é o tecido fundamental da folha, que se localiza entre as epidermes superior e inferior. Éum tecido especializado em realizar a fotossíntese.

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    Os fungicidas mesostêmicos são penetrantes com ação de profundidade ou movimentotranslaminar.

    Por exemplo, os fungicidas do grupo das estrobilurinas apresentam propriedades mesostêmicas.Fungicidas com esta propriedade não são sistêmicas, porém, formam (a) um depósito livre quepode ser redistribuído pela água; (b) um depósito mais coesivo na superfície da folha, resistenteàs intempéries; (c) um depósito fortemente associado com a camada de cera cuticular, muitoresistente à remoção ou lixívia pela chuva, possibilitando um efeito residual longo; a redistribuiçãona superfície foliar ocorre através da absorção contínua a partir da camada de cera cuticular dasfolhas para o interior do órgão e também através da fase de vapor e reabsorção pela cera cuticular e (d) uma fração que penetra o tecido foliar.

    Portanto, os fungicidas mesostêmicos apresentam características lipofílicas, cujos depósitos

    aderem fortemente à camada de cera da cutícula, apresentam maior resistência a remoção pelaágua da chuva ou irrigação do que os protetores.

    Os principais fungicidas mesostêmicos são: azoxistrobina, cresoxim metílico, picoxistrobina,piraclostrobina e trifloxist robina.

    4.1.3 Loco-sistêmicos, de profundidade ou translaminares

    O termo sistêmico pode induzir à idéia de que o fungicida, com esta propriedade, pode ser translocado para qualquer parte da planta independentemente de sua espécie botânica. Por exemplo, em gramíneas a translocação é completa dentro da folha, da base para o ápice. Por outro lado, muitos fungicidas móveis, em plantas de folhas largas, apresentam uma ação loco-sistêmica, ou seja, são translocados somente a pequenas distâncias dentro da folha a partir doponto de deposição, necessitando, por isso, de boa cobertura, para que seja obtida eficiênciamáxima no controle.

    A ação de profundidade ocorre quando o fungicida é aplicado numa das superfícies da folha e étranslocado para a outra superfície. Também pode ser denominada de ação translaminar.

    Como exemplo citam-se as estrobilurinas e os triazóis.

    4.1.4. Sistêmicos ou móveis

    São aquelas substâncias absorvidas pelas raízes e pelas folhas, sendo, posteriormente,translocados pelo sistema condutor da planta via xilema e floema. Translocação é o movimento docomposto químico dentro do corpo da planta para tecidos distantes do local da deposição. Atranslocação via xilema ou acropetal é a mais comum, como ocorre com os benzimidazóis etriazóis. Os triazóis, translocam-se principalmente via xilema, porém apresentam umatranslocação parcial via floema. O movimento via floema, ou basipetal é mais difícil, e somente ocomposto fosetil alumínio apresenta esta propriedade. Por isso, os fungicidas sistêmicos diferemdos não sistêmicos por sua habilidade de serem redistribuídos dentro dos órgãos tratados,principalmente folhas.

    A pesquisa química de síntese de novos fungicidas concentra-se hoje no desenvolvimento deprodutos sistêmicos com translocação acro e basipetal.

    Uma vez no interior da planta estes fungicidas conferem uma ação protetora mais prolongada doque os fungicidas residuais (15 a 25 dias); não ficam expostos a lixívia e a foto-decomposição,não requerendo, por isso, aplicações tão freqüentes. Também, tem sido observado que após aaplicação, por exemplo, de triazóis sistêmicos em cereais de inverno, e tendo secado a superfíciefoliar, pode chover uma hora após a pulverização sem comprometer, negativamente, a eficiência.Isso demonstra que a absorção destes fungicidas via cutícula deve ser rápida.

    Os fungicidas sistêmicos aplicados em semente, não são absorvidos nem translocados nesseórgão, pois as sementes não apresentam sistema condutor. Os fungicidas permanecem nasuperfície e quando a semente semeada germina, são absorvidos via solo pela radícula etranslocados via xilema para os órgãos aéreos da plântula. No caso daqueles que controlamcarvões, dos cereais de inverno, agem via xilema, no momento que o micélio do fungo encontrar-se no meristema apical da plântula. No caso dos que controlam oídios e ferrugens em cereais deinverno o processo de absorção é também via radicular e a translocação via xilema. O períodoprolongado de proteção deve-se a liberação lenta a partir da superfície da semente e sua absorçãovia radicular. Isso possibilita a proteção das plântulas do ataque deBlumeria graminis (agente do

    oídio da aveia, da cevada e do trigo) por um período superior a 60 dias (Ex. triadimenol.).Outros compostos, como o fosetil alumínio, são pulverizados na folhagem de plantas cítricas e demacieira, sendo translocados, posteriormente, para o sistema radicular, via floema, onde controlafungos do gênero Phytophthora , agente causal de podridão radicular.

    4.2 Quanto ao momento da aplicação e as sub-fases do processo infeccioso interferidas

    Os fungicidas ainda podem ser classificados como preventivos, curativos e erradicativos (Hewitt,1998). Isso diz respeito as sub-fases da infecção que o fungicida atua. A infecção compreende assubfases de deposição, germinação do esporo, penetração do tubo germinativo do fungo e o inícioda colonização do hospedeiro. Colonização é a invasão e extração dos nutrientes dos tecidos dohospedeiro.

    4.2.1 Preventivos. No caso de fungicidas preventivos a ação é protetora ou de pré-penetração. Ofungicida inibe a germinação impedindo a penetração do fungo nos tecidos do hospedeiro.

    4.2.2 Curativos. Os fungicidas curativos têm a ação confinada à pós-infecção. Nesse caso jáocorreu a penetração (pós-penetração) e ainda não são vistos os sintomas (pré-sintoma). Osefeitos são semelhantes aos produzidos pelos fungicidas protetores tópicos, ou seja, não ocorremsintomas.

    4.2.3 Erradicativos. No caso dos fungicidas erradicativos a atividade descreve os efeitos doproduto químico no estágio pós-sintoma, como por exemplo, a ação inibitória do crescimentomicelial dos oídios ou da morte das estruturas dos fungos que causam doenças comumentedenominadas de ferrugens. A cura refere-se somente a morte do fungo. Nesse caso não ocorre a

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    regeneração ou a recuperação de células ou dos tecidos mortos. A morte de células e tecidos dohospedeiro, em geral, é irreversível, em fitopatologia.

    Tanto os fungicidas tópicos como os sistêmicos podem apresentar ação curativa e erradicativa,porém é mais comum nos sistêmicos. A maioria dos fungicidas triazóis apresenta açãoerradicante contra fungos dos gêneros Erysiphe, Phakopsora, Puccinia, Uromyces, etc. (nosórgãos aéreos) e Ustilago (infectando o embrião da semente de cereais de inverno); matam ospatógenos, porém os tecidos injuriados, folhas principalmente, não se regeneram. Os fungicidassistêmicos podem ter ação protetora, curativa e erradicante.

    Alguns fungos fitopatogênicos, principalmente os oídios (Ordem Erysiphales), após penetrarem ohospedeiro, desenvolvem-se externamente na superfície da planta sendo por isso controláveismesmo por fungicidas erradicantes tópicos como os sulfurados.

    O fosetil alumínio por sua ação erradicativa paralisa a ação parasitária (colonização) dos fungoscausadores de podridões radiculares de plantas cítricas e de macieira (causadas por Phytophthoraspp.) pela ativação do sistema de autodefesa das plantas.

    Evans (1973) considera sinônimos curativo e erradicante.

    4.3 Quanto à absorção do fungicida pelos esporos

    Hosfall (1957) em seu livro Princípios da ação fungicida, classifica os fungicidas protetores emdois grupos: contato e residual.

    Esta classificação refere-se que para ser absorvido pelo esporo dos fungos, é requerida agerminação do propágulo ou não (esporos de fungos e de estramenópilas).

    4.3.1 Contato

    Fungicida de contato é aquele que visa atingir o fungo em sua fase de repouso, tanto antes como

    após o fungo ter encontrado o sítio de infecção. São aqueles compostos aplicados quando osesporos ou inóculo esta presente na superfície da planta na estação de dormência das espéciesfrutíferas que entram em repouso no inverno, derrubando as folhas e permitindo a aplicação deprodutos fitotóxicos. Ao entrar em contato com qualquer tipo de inóculo de fungos (esporos,esporos dormentes, micélio) são absorvidos matando o fungo. Não requerem a germinação.

    Portanto, são aquelas substâncias químicas que, ao entrarem em contato com a parede celular dos esporos, mesmo os de dormência, penetram-na. Não é requerida a germinação do propágulocomo nos fungicidas protetores e são usados em fruticultura, nas espécies vegetais perenes defolhas caducas em tratamento de inverno ou em tratamento de solo. Estes produtos, se aplicadossobre os órgãos verdes, são fitotóxicos. Têm por objetivo destruir o inóculo na superfície da plantaantes que ocorra a germinação do propágulo. Servem de exemplos: calda sulfocálcica a 4 °Bé,calda bordalesa e os cúpricos em doses mais altas.

    O termo contato tem sido erroneamente empregado como sinônimo de protetor, ou de nãosistêmico.

    A classificação de um fungicida como erradicante tem sido empregada também nos casos em queum fungicida determina a morte do fungo quando aplicado, em órgãos aéreos, pós-sintoma.

    4.3.2 Residual ou protetor

    Um fungicida residual é aquele que é aplicado numa camada prévia, tóxica na superfície dohospedeiro, a espera do propágulo móvel dos fungos, os esporos.

    Recebem esta denominação os fungicidas utilizados no controle de doenças do Grupo V deMcNew(1962), aquelas que interferem no processo fotossintético. São aplicados aos órgãosaéreos das plantas, formam uma camada protetora tóxica na superfície da planta. Deste modo,quando o inóculo (esporos) é depositado nos tecidos suscetíveis e germina, o tubo germinativoentra em contato com o tóxico, absorvendo-o, o que determina posteriormente, através demecanismos bioquímicos, a morte do protoplasma. A ação residual tem por objetivo evitar apenetração, impedindo, a infecção que iria ocorrer no futuro. Portanto, os fungicidas residuaisagem, evitando ou diminuindo a taxa de penetração do patógeno nos tecidos do hospedeiro, reduzo número de penetrações ou de lesões futuras.

    Os fungicidas assim classificados são tópicos e são depositados na superfície da planta antesdos esporos. Permanecem na superfície da planta a espera, por isso são lavados ou removidospela água da chuva; sofrem redistribuição por orvalho ou chuva; são absorvidos pelo tubogerminativo necessitando para tal a germinação do esporo; Usos e aplicação: pulverização deórgãos verdes para a proteção.

    Os fungicidas protetores tópicos são removidos da superfície tratada pela ação da chuva. Emtomate tem é relatado que uma precipitação pluvial de 13 mm remove esse tipo de fungicidas eem maçã 23 mm.

    Os fungicidas protetores residuais quando em contato com a parede celular dos esporos, não lhessão tóxicos, pois não têm ação de contato. Por exemplo, se o esporo de um fungo for imerso nasuspensão de um fungicida protetor e rapidamente removido e lavado, este fungicida não lhe serátóxico, pois não é absorvido pela parede celular do esporo.

    Uma vez ocorrida a penetração do patógeno na planta, os produtos protetores ou residuais nãotêm a potencialidade de impedir a invasão posterior dos tecidos pelo fungo, isto é não tem açãocurativa ou erradicativa.No caso dos fungicidas protetores aplicados em sementes, eles permanecem na sua superfícieprotegendo-as do ataque dos fungos presentes no solo formando uma camada protetora nasuperfície, mas principalmente, impedindo que os fungos infectantes de raízes, associados ‘asemente e na forma de micélio em seu interior, alcancem a superfície da semente e colonizem osórgãos aéreos ou radiculares. Caso alcancem o coleóptilo poderão colonizar a plúmula e por estasduas vias alcançarem a superfície do solo e daí serem disseminados aos demais órgãos aéreos.

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    Tais fungicidas evitam a transmissão ou passagem do fungo do interior do endosperma para osórgãos aéreos. Esse processo não requer a germinação de propágulos. Devem ser diretamenteabsorvidos pelo micélio assim que este atinja a superfície da semente após a absorção de águano solo. Quando a semente absorve água do solo, através do processo de embebição egerminação, o patógeno também reassume suas atividades vitais procurando sair da sementepara os órgãos aéreos aonde cumprirá sua função vital.

    Os fungicidas sistêmicos apresentam também ação protetora nos órgãos tratados.

    4.4. Quanto ao mecanismo, ou modo de ação, ou modo bioquímico de ação

    Nesta abordagem, como em geral há muita confusão na literatura quanto ao uso das expressõesmodo e mecanismo de ação, aqui foram agrupados com o modo bioquímico de ação e

    considerados sinônimos. Por exemplo, Nene & Thapliyal (1971) e Copping (1994), referem-se aomecanismo de ação como modo de ação.

    As substâncias fungicidas são absorvidas pela célula do fungo, geralmente através do tubogerminativo (fungicida protetor) ou penetram diretamente à célula como os de contato.

    As células dos fungos são mecanicamente protegidas pela parede celular. O protoplasma éenvolvido pela membrana plasmática cuja semi-permeabilidade seleciona os compostos quepodem ser absorvidos ou não pela célula. Portanto, para que um fungicida possa matar ou inibir ocrescimento de um fungo deve ser capaz de passar esta barreira e atingir o interior da célula –protoplasma.

    Uma vez dentro da célula passam a agir sobre as organelas celulares interferindo em suasfunções podendo, finalmente, determinar sua morte.

    A célula é a unidade estrutural fundamental de todos os organismos v ivos. As principais organelascelulares afetadas pelos fungicidas são a membrana plasmática, as mitocôndrias, o retículoendoplasmático, os ribossomos e o núcleo.

    Em geral os fungicidas agem nos processos respiratórios, na função da membrana, na sínteseprotéica, nos processos nucleares e na pigmentação

    5. Depósito, período de proteção, período de carência e resíduo

    Depósito ou resíduo é a quantidade seca de fungicida depositado na unidade de área da planta,parte da planta ou entre superfície, numa dada aplicação. Ou em outras palavras, é a quantidade(mg/área) que resta na superfície após a evaporação da água utilizada como veículo de aplicação.Em geral o termo resíduo refere-se a quantidade que resta após a última aplicação e queacompanha o produto agrícola até o consumo.

    Período de proteção: ação residual ou ação protetora – é o período de tempo (horas ou dias), noqual o fungicida permanece ativo na planta agindo como protetor. A ação protetora depende daconcentração que decresce em função do tempo decorrido após a aplicação. A vida do depósitodo fungicida é função de sua resistência à lixívia, à hidrólise, à sublimação e à fotodecomposição.

    Período de carência: tempo em dias antes do início da colheita em que devem ser suspensas asaplicações do fungicida afim de evitar que resíduo em concentração tóxica chegue ao consumidor.

    6. Bibliografia consultada

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    Revista Plantio Direto, edição 97, janeiro/fevereiro de 2007. Aldeia Norte Editora, Passo Fundo, RS.

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